Crisântemos
Sombrios mensageiros das violetas,
De longas e revoltas cabeleiras;
Brancos, sois o casto olhar das virgens
Pálidas que ao luar, sonham nas eiras.
Vermelhos, gargalhadas triunfantes,
Lábios quentes de sonhos e desejos,
Carícias sensuais d´amor e gozo;
Crisântemos de sangue, vós sois beijos!
Os amarelos riem amarguras,
Os roxos dizem prantos e torturas,
Há-os também cor de fogo, sensuais...
Eu amo os crisântemos misteriosos
Por serem lindos, tristes e mimosos,
Por ser a flor de que tu gostas mais!
FLORBELA ESPANCA
Nefasta humanidade expondo-se deveras
Qual fora a flor pisada, amarrotada sorte,
Aonde poderia, apenas vejo a morte,
E o eterno renascer das pútridas panteras.
Carcaça do que fui, aquém do que inda esperas,
Mistérios mais sutis, a podridão do aporte
Por mais que isto te estranhe é gozo que conforte,
Ascendo ao nada ser, e volto às tais quimeras.
Efêmero e funéreo açoda-me o desejo
De ser eterno enquanto a morte que prevejo
Moldada num escárnio esgota-se em jardins.
Crisântemos já murchos; encontro lírios, cravos,
Meus dias do temor, ainda são escravos,
Dos vermes que virão, vidas feitas dos fins...
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