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Monday, February 1, 2010

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XVIII

Dormes... Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, à túnica estendida?

São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!

Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro... e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro

Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hálito sorvendo
Por que surge tão cedo a luz do dia?!

Olavo Bilac

Adormecida está maravilhosamente
O amor que em palidez encontro em lua clara,
A voz doce e serena, uma paixão declara,
Marmórea lividez um gozo audaz pressente.

Alabastrina tez, um ar quase dolente
Jogando-me aos teus pés, a vida enfim se aclara,
E tens em tua face alvura bela e rara,
Queria ter talvez o amor que me apascente.

Escuto a voz da noite em meio aos vários cantos,
Noturna melodia; a profusão de encantos
E a sorte se afastando a angústia de saber

Que estás aqui presente e não posso tocá-la,
A luz deste luar ao invadir a sala,
Trazendo em solidão, vontade de morrer...

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