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Sunday, December 23, 2007

SONETOS 111 E 112

Minha alma tão voraz, desconhecida
Sorvendo mil pecados me amofina
Quem dera se encontrasse uma estricnina
Talvez tivesse a sorte resolvida.

A morte que se mostra como sina
Pudera reservar em outra vida
A cura procurada e descabida.
A mente que pairando se alucina

Encontra tão somente uma resposta
Que possa refazer sem sofrimento
Depois de ter cortado a carne em posta

Um
vento mais suave em liberdade
Batendo
na janela num momento
Demonstra bela estrela na amizade...

X

Amiga, qual fantasma que sem rumo
Vagueia pela noite em hora morta,
Batendo firmemente em tua porta
Na busca por apoio e certo prumo.

Meus erros reconheço, enfim, assumo
Nem mesmo esta certeza me conforta,
Mesmo arrependimento também corta,
A vida vai perdendo assim seu sumo.

Temendo que me atinja tal desgraça
Tocando bem mais fundo em minha pele,
Sobrando tão somente os meus destroços,

Fantasma que se esconde na carcaça
E a quem a própria vida já repele
Agarra tuas mãos em ermos poços...

X


Em nome da amizade que nos une
Eu peço mil perdões pelos enganos
A vida, na verdade já nos pune
E impede que sigamos velhos planos

Na fúnebre saudade que hoje trago
De um tempo mais sincero e mais feliz
Amiga, necessito o teu afago,
Não quero mais a morte que prediz

Quem sabe desfiar tantos segredos
Na astróloga vontade de saber
Aonde se encontraram nossos medos
Por onde salvarei meu bem querer.

Eu peço, encarecido, então, querida,
Que salves com perdão a amarga vida...

X


Não vejo mais promessas nem premissas
Apenas açucenas, cenas sãs,
Nas massas, nas remessas, nessas missas,
Que vagam pelas vagas, vastas, vãs.

Bem cedo os vendavais e as tempestades
Nas pestes tantas vestes santas ceias...
As mangas os ingás e as saudades
Das massas, das maçãs e das sereias...

Não vejo meu desejo noutro verso
Que inverso vai reverso e quase cheio...
Unidos pelos versos, universos
Que quase se quedaram corte ao meio...

Não quero mais os imãs nem rastejo.
Desejo teu desejo em meu desejo...

X

Eu vivo neste espaço mal servido
Entre as minhas pernas e meu sonho...
Demônios e fantasmas que duvido
Estejam nesse mundo que proponho.

Mas vestem solidão tal qual vestia
Aquela que não fora tão ingrata.
A noite transbordando em pleno dia
Invade e desanima quem maltrata.

Eu quero não poder ser mais assim,
Amante deste mundo tão raquítico
Vivendo sem saber sequer o fim,
De todos os meus mundos forte crítico.

Embaço essas respostas neste vento,
Levando bem mais forte o sentimento...

X


Penando sem ter pena de ninguém
Apenas quando iludo o coração
Sem coragem de ver se a noite vem,
Eu perco desse barco o seu timão.

E rudes meus caminhos perdem mar
Nas ânsias mais frenéticas por vida.
Ávida desta vida e tanto amar
Nas pedras e nas perdas, vai perdida...

Pensando que se pena sem ter nexo
Complexos diversos se convergem,
Vergéis de rara cor formando um plexo
Por onde nossas matas já se elegem

Fuligem de minha alma sem lareira
Que esquente e que me aqueça a vida inteira...

X

Peço-te, nos percalços desta vida,
Tantas vezes sofrendo essa saudade;
Que maltrata e talvez bem merecida,
Não deixa respirar felicidade...

Devolvo-te a promessa deste amor
Que já se adormeceu tão solitário
Não deixando nem escombros, nem sabor.
Rio sem ter o mar como estuário...

As sombras do que fomos perambulam,
Os olhos carregados já lacrimam...
Meus pés sem ter o chão, sonambulam.
De tanto que nos demos, não se rimam

Apenas o silêncio desabando,
Amores, andorinhas, triste bando..

X


Ao passares, cobiçada pelas ruas,
Não vês o meu olhar quase faminto.
Acendes um vulcão que esteve extinto
Dando a impressão, querida, que flutuas.

Sem olhar para trás tu continuas
E em cada passou teu, meus sonhos pinto.
O que pensam de um velho tão distinto
Imaginando a moça toda nua?

Bem sei que não teria qualquer chance
Mas te agradeço, enfim, de qualquer jeito.
Sentindo em cada passo num nuance

Que a vida permanece resistindo
E o sonho com certeza é meu direito.
E o mundo, enfim, deveras, é tão lindo...

X


Que eu não caia; querida, em teu rancor
Palavras que tu soltas a ferir
Quem teve insanidade de pedir
Tua clemência feita em puro amor.

Janela que entreaberta vem propor
Tua presença, alheio e sem fugir
Do sol que um dia veio refulgir
E este cenário raro a se compor.

Bem sei que voltarás e num instante
Repleta de vinganças odiosas
Podando as esperanças; frágeis rosas

Que cismam em tentar sobreviver
E o fogo em crueldade, delirante,
Virás em descaminhos, acender...

X

Quem fora, segue seu caminho, louco...
Meu movimento vai seguir meu canto.
Não poderei mais, nem mais quero...Encanto
Que vem, num grito, me deixando rouco...

Vida perturba, solidão, sufoco,
Nada mais triste que secar seu pranto...
Meus olhos miram nos teus olhos, tanto
Que me corrói, assim, matando um pouco

Do que restara de meus dias, Carla.
Quando te vejo, andando pela sala
Tua nudez transformando tudo...

Tua beleza, vai vagando a esmo.
Nesse reflexo, procurar eu mesmo,
A cada passo, mas não falo, mudo...

X


Nostalgia e dolência nesta tarde...
Carinhos imortais da amada bruma...
A noite me trará embora tarde,
O gosto da explosão, marinha espuma!

Quem ama não precisa deste alarde,
Espreita um caçador, um salto, o puma...
Olhar que no infinito, ferindo; arde,
Não pode descansar de forma alguma!

Espasmos da luxúria florescentes,
Noctívagos delírios vampirescos...
Meus sonhos, meus amores, são dantescos.

Aguardo, calmamente a minha morte.
No fundo, meus defeitos, indecentes,
Misturam-se num gozo louco e forte.

X


Amor que me deixou tantos cilícios,
Dos ócios meus pecados revestidos.
Mergulho por ferozes precipícios,
Abismos mais profundos, desvalidos.

Da morte que procuro, nem indícios...
Clareiras e cascatas dos sentidos
Denotam meus horrores e meus vícios...
Os prazeres, as dores, nos gemidos...

Carinhos congelados, meu velário...
Exponho minha entranha e meus desejos...
Da vida, meu farnel, meu relicário,

Carrego teus relevos u’a fornalha...
Troféus que levarei, teus falsos beijos,
Teu gozo me servindo de mortalha!

X


Nas melífluas carícias, os teus passos.
Nesse teu sonho diáfano, macio;
As mansidões serenas... Belo estio,
Carinhos, madrigais em nossos laços.

Quem fora resistência, passos lassos,
Caminha pela sala... Águas de um rio...
Fantasias que crias? Ouço e rio.
Nas nossas festas, praças, luzes, paços...

Nas tuas noites, nossa paz, concertos...
De todos os meus erros sem consertos,
Perder-te é o maior de tantos medos;

Amores que fazemos; mil sessões.
Já me deste os teus sonhos. Tais cessões
Desmascaram todos os segredos...

X

Amiga tantas vezes esbocei
O teu retrato em formas tão diversas
Bem sabes que no fundo eu procurei
Te conhecer usando estas conversas

Que já tivemos. Nunca te encontrei
Quebra cabeças mostra em suas peças
Além do que num dia imaginei
Em palavras e frases tão dispersas.

Os pântanos guardados dentro da alma
As rochas que protegem teu recanto.
Um poço já lacrado no passado

Porém tua presença sempre acalma
E venho agradecer, mas; entretanto,
Queria amiga estar sempre ao teu lado....

X


Parece tantas vezes ser fatal
A dor que nos atinge e tão-somente
Uma amizade mostra-se ideal
Como aliada sempre e firmemente.

Por isso, companheira e camarada
Encontro em teu apoio esta firmeza
Para enfrentar o medo e a geada
Numa esperança clara, uma certeza

De que a vida será bem mais feliz
A quem já sofreu tanto no caminho.
Cevando no meu peito a flor de lis,
Cuidando deste afeto com carinho.

Meu verso te agradece tanto, tanto,
Amor: doce refrão em nosso canto...

X

Perceba que minha alma está ferida,
Lacrada, destroçada pelo vento...
Mortalha caminhando em plena vida.
O luto não me sai do pensamento.

Levaste, sem saber, rumo e guarida;
Deixaste neste escambo, sofrimento...
Não vejo mais a lua Aparecida
Sumiste nos espaços. Peço ungüento.

Misturo meus delitos e meus erros.
Procuro teus olhares, altos cerros,
Não vejo nem sinal da criatura

Que tantas vezes trouxe-me ternura.
Procuro por teu rosto. Noite escura
Reflete meu olhar. Caricatura...

X

Quando chegaste, mansa; não a vi.
A vida preparando tal surpresa
Com pensar vagamundo, nem senti
O aroma que exalavas. Sendo presa

De problemas sutis, estava aqui,
Mas minha alma vagava enfim tão tesa
Que em ti não reparei nem percebi.
Talvez por um instinto de defesa

Já que amor é assunto delicado
P’ra quem sofreu bem mais do que o costume.
Depois de certo tempo, fui tocado

Pela beleza intensa de uma flor
Além da raridade do perfume.
Fui ver: desabrochou em mim o amor...

X

Teu silêncio transborda dentro da alma
E deixa-me calado em mansa espera.
Mesmo sem palavra, amor acalma
Legando à quietude a bruta fera.

Amanhã, novo dia nascerá
E assim talvez resolvas me falar,
Um sol em outro tempo brilhará
E a vida novamente irá dourar

Com pássaros voando em canto leve,
Com peixes refazendo a piracema
E o fumo da esperança embora breve
Fará ressuscitar um velho tema.

Amar é refazer eternamente
Um ciclo que se forma novamente...

X


Eu perdi o meu coração no empoeirado caminho deste mundo;
Mas tu o tomaste em tuas mãos.
Eu buscava alegria e apenas colhi tristezas;
Mas a tristeza que me enviaste tornou-se alegria em minha vida.
Os meus desejos se espalharam em mil pedaços;
Mas tu os recolheste e os reuniste em teu amor.
E enquanto eu vagava de porta em porta,
Cada passo meu estava me conduzindo ao teu portal.

Meu Coração

RABINDRANATH TAGORE



Meu coração perdido na poeira
Ao ser tomado amor, em tuas mãos,
Quem teve só tristeza; companheira,
Quem teve tantos dias sempre vãos

Verteu tua tristeza em alegria.
Espalhei meus desejos pelo mundo
Enquanto o teu amor os recolhia;
Dando um sentido mais profundo

À vida que eu tivera sem destino
Vagando porta em porta, descaminho
Agora ao perceber, quando me atino
Já vejo que não sou mais tão sozinho.

Pois cada passo, vagando pelo astral
Levava – doce amor – ao teu portal...

Obs Fantasia feita em soneto sobre obra de Rabindranath Tagore

X


Adentro na paixão, dura peleja
Por vezes na batalha saciado,
Meu dia vai além do que deseja
Um sonho que se mostra iluminado.

Por mais que dura, a vida, sempre seja
Quem dera se eu ficasse – amor – ao lado
Desta mulher que tenho desejado
E pela qual meu mundo já viceja.

A natureza se molda soberana
E trama o doce amor, em tal beleza
Que às vezes o destino nos engana

Encenando outros atos de outra peça.
Mas saiba que por fim tenho a certeza
E não há nada, amor que nos impeça...

X

Quem pensa tão somente em hierarquia
Pensando
ser assim superior
Não sabe quanto a campa se faz fria
Depois da morte nada tem valor.

A solidão futura, mais sombria
Última companheira a te propor
Um pouco de saudosa nostalgia
Distante de quem fora o teu amor.

Apraza- te um vazio tão profundo?
Pois saiba que na terra mais mesquinho
Encontra esta igualdade noutro mundo

Banquete para os vermes. Pequenez.
Por isso, quem viveu sempre sozinho
Carinhos que terá: primeira vez...

X

Altares dos meus sonhos, são imensos
Imersos em vazios sentimentos,
Remeto meus desejos nestes ventos
Amparo tantas dores, alvos lenços.

Tantos fiascos tive, tempos tensos,
Nas lâmpadas das almas nos tormentos
Envolto pelas trevas, sofrimentos
Amores são meus templos tão intensos.

Os gládios que levanto na batalha,
As hastas empunhando sem temor.
O canto de terror quando se espalha

Conclama tantas vezes, nunca pensa.
Porém já me avisando que este amor,
No fim da vida traz a recompensa.

X

Nos montes ascendendo perto ao céu
Com lumes e perfumes lua e rosa.
Amor que te dedico; e vaidosa,
Espero que mantenhas alvo véu

Pureza dentro d’alma em carrossel
Vagando
por destinos, olorosa
Se vences ou convences belicosa
Não quero teu destino, pois cruel.

Mas vago por teu colo, sem sentido.
Invado tuas vagas e vergastas
Por mais que me conheças decidido,

Sou farto e não me canso de loucuras
Amor quando em amores tu desgastas,
Preâmbulo de males e torturas.

X


Há tempos nossos sonhos reunidos
Bastião que se fez contra as desventuras
Lutando contra as formas de torturas
Que tocam nossos nervos e sentidos.

Os dias mais difíceis já vencidos
A tarde se promete em mil venturas
Porém os sanguinários temem curas
Invadem nossos sonhos distraídos

E mostram suas garras mais cruéis
Arrancando os pedaços desta gente.
Secando tantos potes, negam méis

Carinho tendo multiplicidade
Talvez inda nos reste, tão somente,
Na força soberana da amizade...

X

Quem quer os sacrifícios do cordeiro
Esquartejando uma alma em sangue frio
Não sabe quando amor é verdadeiro,
Mostrando-se cruel e mais sombrio.

Deixando por herança um podre cheiro
Que exala o ser humano, cão vadio,
Matando já de cara o seu herdeiro
Na profusão do nada e do vazio.

Nós somos agiotas desta Terra
Tão extorquida em saques violentos.
Porém, dentro do peito já se encerra

A solução que mostre esta verdade:
Os dias não serão tão virulentos
Somente se reinar uma amizade...

X

A vida se mostrando um labirinto
Tramada sobre as formas de um mistério.
Pois do útero materno ao cemitério
Vivemos tão somente por instinto.

Além do que procuro o que mais sinto
Se mostra sob o céu, um mar etéreo
Até que o golpe venha, enfim, funéreo
Das cores do ambiente eu já me pinto.

Quem anda na total obscuridade
Não sabe deste lume que virá
Em forma de carinho ou crueldade

A sorte noutras plagas vingará
Porém se tenho em vida uma amizade
A paz tão redentora chegará...

X

Se forem teus desejos que eu me perca
Da sorte que prenúncios adivinho.
Amores que vivendo vêm acerca
De tudo que perdi, humilde ninho.

Vencido por quem sabe ser não manso
Esparso minha voz por alamedas.
Deveras teu desejo eu não alcanço
Sem olhos, pois os meus há muito vedas.

Definho sem ter pasto, em desamor.
Calçado desta estúpida saudade
O fato de tentar viver sem por
Meus dedos na ferida, falsidade.

No manto que em espaços viverei
Amar demais será sempre uma lei.

X

É tanto amor assim que me alucina
As bocas se procuram, tiram saias.
Encontro de diversa melanina
Meus mares invadindo essas praias.

Vivemos nos encontros, noites-dias
O brilho do meu sol em tua lua.
Criamos desse amor, as fantasias
Belezas dessa deusa toda nua...

Minha rainha d’ébano, ternura...
Dessa boca vermelha, tão carnuda
O beijo mais voraz mansa brandura
Atiça todo sonho, se desnuda...

Nas garras dessa deusa, mansa fera,
Um misto de princesa e de pantera...

X

Meu pensamento envolto num lamento
Calando em seu tormento, minha voz.
Sagrando contumaz pressentimento
Que torna o meu viver, decerto atroz...

Que resta de meus sonhos? Quase nada...
O canto que te trouxe queda mudo.
A mão que acaricia a minha amada,
Retalha meu amor em quase tudo...

A vela da esperança então se apaga,
E nada do que fomos já me resta...
Dos mares que navego, louca vaga
Remete ao sentimento que me empresta...

Amor que em tal tormenta já soçobra.
Contento com os restos que me sobra...

X


Quem dera ser amigo deste amor
Que não me deixa nada senão mágoas,
Vasculho os universos sem rancor,
As lágrimas desbotam, turvas águas...

Quem sabe se esse amor, sendo meu par
Pareça e se despenque nessas tramas,
Que trazem minhas luas ao teu mar
E nossas amplitudes, mesmas chamas...

Beijando quem se beija por desejo
Ensejo neste beijo meus guardados,
Se versos não concebo nem versejo,
Os olhos que me deste, bem amados...

Quem dera se soubesses do perigo,
Fazer de louco amor, um seu amigo...

X

Envolto nos carinhos da tigresa
Que sempre me inocula mais veneno,
Quem sabe faz agora e já põe mesa,
Sabendo que este mundo é bem pequeno.

As cores que te prendem me retratam
Em formas mais carnais esse desejo
Se matam não mais sangram nem retratam
O canto de um passado em realejo.

Na rigidez das mãos que me carinham
Os cantos que fizemos deste barro
As noites sem teus seios se avizinham.
Amor que se pretende mais bizarro,

Acendo no teu carro minhas dores,
Jardins que nós plantamos: cadê flores?

X


Dementes os sentidos que te prendem
Atendem entre dentes e mordidas
Ácidas as peçonhas que pretendem
As serpes sempre são mal resolvidas...

Vestidos de bizarras tempestades
Que mentem tão somente quanto tentam
Sombrias as fagulhas de inverdades
Que logo quando nascem, me atormentam.

As carnes em dentadas dilaceras
Passando pelos dentes afilados,
Recebo os teus bafios, quais de feras
Destroços que desejas desfiados.

Não temo mais teu hálito nefasto
Pois tudo o que já fomos, nem pro gasto...

X

Rosas brancas vertidas em sanguíneas
Estorvam
meus caminhos pueris,
Quem sabe se seguisse essas alíneas
Talvez, em conseqüência, mais feliz.

Recordo dos pilares da existência
Quando em tramas inocentes não temia
Agora não concebo consistência
Na boca perfumada e tão macia...

As aves que trouxeram meus caminhos
Depuram cada vez mais a mortalha
Sabendo que me perco em tantos ninhos,
Apontam para o campo de batalha...

As rosas que enrubesces com desejo,
Forjando, martirizam meu versejo...

X


Os raios deste sol que não te alcançam
Se cansam de buscar o girassol,
E dançam simplesmente e se esperançam
Fazendo de seus braços novo sol.

Nas plêiades encontras outras chamas
Armadas sem saber de tantas luzes.
Embrenhas nas escoltas que reclamas
E matas sacrifícios vãos das cruzes.

No sonho que me dono e tu medonhas
Adornas os destinos, abandonos...
E sabes que nas noites que não sonhas
Amores com rumores querem donos...

E vamos transtornados ao futuro
Sombrio que navega em mar escuro...

X

Querida, noutro amor eu me encontrei,
Distante das mentiras que disseste.
Um mundo sem promessas; desfiei,
O vento que me sopra é inconteste.
Quem fora teu cativo, agora é rei,
A sorte finalmente assim, me veste.

Fugiste dos meus braços para além,
Bebendo noutras bocas a saliva
Que um dia demonstrara o nosso bem,
Matando uma esperança sempre viva.
Agora que encontraste um outro alguém
Espero tua vida sempre altiva..

Mas digo que jamais encontrarás
Amor como eu te dei. Mas vá em paz...

X

Na menina dos olhos de quem amo,
Eu vejo minha imagem refletida
Ecoa minha voz quando te chamo
Minha alma na tua alma vai perdida...
Nós somos mesmo galho e um só ramo,
Atadas nossas luzes, mesma vida.

Nascemos um para outro, não duvido,
Juntando nossos corpos, somos um.
Vivemos deste sonho repartido
Não nos afastaremos, modo algum.
Meu passo sem teu passo, desvalido,
Tu sabes que sem ti eu sou nenhum...

E vamos, mundo afora em mesmo prisma,
Jamais em nossos dias, qualquer cisma...

X

Por vezes necessito ser guerreiro
É quando a tempestade já se assoma
E torna o meu destino prisioneiro
E o nada num segundo enfim me doma.

Porém ao ter abraço verdadeiro
A vida se refaz em nova soma
E o mundo se mostrando companheiro
Com toda força chega e assim nos toma.

Meu coração não teme mais arenas
Distante dos vorazes cães, hienas,
Abutres que nos bicam sem parar.

Na força, com certeza, da amizade,
Encontro todo apoio e na verdade
Consigo bem mais forte caminhar..

X


Palavras que benditas vão inclusas
Nos versos de amizade que me trazes,
Tu moldas perfeição em poucas frases
Erguendo sempre um brinde às belas Musas.

Outras situações são tão confusas
Num misto de guerrilhas entre pazes,
Ditames quase sempre mais audazes
Em mentes que se mostram mais obtusas.

Esta energia move todo o mundo,
Fazendo um coração sentir profundo
O toque de um amor que sem receio

Perfaz uma esperança de um estio,
Trazendo tanta luz em céu sombrio
Levando uma pura alma a um santo veio...

X

Amigo me perdoe quando calo
O mundo parecendo uma mentira
Vencendo todo encanto de uma lira
De amores, na verdade sempre falo.

Quem vive neste mundo sem amá-lo
E como numa esfera volta e gira
Apenas tanta pena já me inspira.
Difícil de entender e perdoá-lo.

Amor que com certeza é bem sagrado
E deve ser assim eternizado,
Pois segue-nos do berço até sepulcro.

E toda sorte faz-se alvissareira
Numa amizade plena e verdadeira,
Que desta Terra deve ser o fulcro...

X

O mundo pra sorrir tem um motivo
Que é feito numa luz tão deslumbrante
De um dia com certeza alucinante
Trazendo um sentimento sempre vivo.

Um coração sincero perceptivo
Já sabe do que falo neste instante,
Há tempos Deus nos deu um ser gigante
Que pleno de bondade, de amor altivo

Percorre como um anjo, nossas casas,
Trazendo sempre o bem, sem querer nada,
Presença que garanto é desejada

Por todos que conhecem tantos bens.
Por isto é que esta data é bem marcada
E serve pra te darmos parabéns...

X


Nos cristais do sorriso, querida,
Meus desejos são tantos, eu sei.
Não me basta saber se vencida
Outra noite, sozinho, eu terei.

Mas se vens com teu canto mais puro,
Minha vida, sorri, pode crer.
O chão triste, tão trágico e duro,
Só amor pode assim, refazer.

Meus desejos, por certo infinitos,
Sem temor, solidão já se vai.
Quem já teve seus sonhos aflitos,
Sabe bem quanto amor sempre atrai.

Nas visões, os arcanjos alados,
Os meus beijos serão; todos, dados...

X

Nesta cova que herdaste por consolo,
Toda herança maldita que sobrou,
Vivendo deste imenso e seco solo,
Somente o que contigo carregou;
Amigo, neste mundo em que me imolo
Percebo que de nada adiantou

A cruz em que o cordeiro consagrado
Há tanto tempo morto, em sacrifício,
Deixada como um sonho abandonado,
Tornando-se pra muitos seu ofício.
No sangue há tanto tempo derramado,
A flor que mais cresceu foi a do vício

Espalhado pela terra, em tantas faces
Moldadas, escondendo mil disfarces...

X

Amada, no teu canto tão sensível,

A voz de uma esperança se faz forte.

Por vezes, não percebo quão incrível

A mansidão que traz amor e sorte.



Querida a tua mão toca, invisível;

Não há nada no mundo que conforte

Mais do que este carinho. Incorruptível

Sensação de alegria não comporte



O mundo. Minha amiga eu tanto te amo

Que nada levará meu sentimento.

Talvez esta emoção com que conclamo



A luta benfazeja pela vida;

Reflita nestes versos num momento;

Que a paz no amor jamais seja vencida!

X

Amor que se permite essa emoção
De ser o menestrel do sentimento,
Receba esse meu canto em oração,
Palavras que não são soltas ao vento...

São mansos como a noite, estes meus versos,
Pois sabem dos amores que mais sinto,
Vividos pelas noites, vão dispersos,
Bebendo nosso amor, que é doce e tinto.

As rimas que produzo sempre falam
De tudo que se vive, sendo puro.
Amores que no peito nunca calam,
A cada novo canto, novo apuro...

Amor tão perolado que rebrilha,
Em cada novo sonho, maravilha...

X

Levaste meu sorriso nos teus olhos
Sorrindo pelas ruas, sem juízo.
Não pude perceber, carrego antolhos
A fuga de quem teve em seu sorriso

Mentiras sacrossantas, santos óleos
Da santa que se deu em paraíso,
Colhendo da vingança em vários molhos
Escapa de meus dedos sem aviso.

Levaste os velhos planos que sonhei
Enganos que plantaste, eu recolhi.
Apenas o que vivo estava em ti

O
gosto da mortalha que deixaste
No coração que, em mãos, eu te entreguei;
Somente este cadáver; não levaste...

X

Amor eu te perdôo quando fujo
Nas noites em que quero outra aventura
Em braços diferentes quando surjo
Em busca de carinho e de ternura.

Querida eu te perdôo, sou sabujo
Que vive o tempo inteiro na procura
De um caso diferente, mesmo sujo
Na boca de quem morde com loucura.

Amor eu te perdôo tua espera
Por quem não voltará de madrugada.
Depois despisto amanso, acalmo a fera

Que insiste em transtornar: revolução.
Sabendo que virás desesperada,
Preparo para ti o meu perdão...

X

Felicidade, pérola tão rara
Que em meio a tantas ostras procuramos,
Da dor em que se gera, se antepara,
Explode em maravilha, quando amamos...

Quem dera se tivéssemos colar
De tantas raridades pela vida.
Ensina-me depressa como amar,
E venha junto a mim, minha querida...

Quem sabe poderemos ser felizes,
Embora o sofrimento seja duro,
O dia se renasce em mil matizes
Depois do negro céu, por certo escuro...

Amor que se cultiva em plena febre,
Se cuida que essa pérola não quebre...

X


Sinto quando tu falas tal perfume
Que em ondas formam frases e sentidos,
São tantas essas ondas, tanto lume,
Trazendo tantos sonhos esquecidos,

Beijando minha praia já me abraçam
Na areia onde me encontro te esperando,
Desejos nesta praia, as ondas traçam,
E vão tão de repente, dominando...

O teu falar me toma antiga calma
E mostra-me a umidade deste amor.
Que banha meu querer no corpo e na alma,
Invade tão depressa, em louco ardor...

Amor, ondas, areia tudo encanta...
Me banha tão feroz enquanto canta...

X


Na ausência deste amigo que partiu
Por distantes caminhos dos meus olhos...
Na ausência de flores que se viu
Dos antigos buquês, de tantos molhos...

Na ausência dessa luz em nossa noite,
No brilho que tu brilhas por quem és...
Das longas caminhadas, desse açoite
Que corta e que maltrata nossos pés...

Na ausência do canto em serenata
Que
em toda madrugada te acordava,
De pássaro canoro nesta mata
Que todo alvorecer anunciava.

Na ausência disso tudo, de calor...
O que salva: a presença deste amor!

X

Meu verso é carinhoso como o cardo
Encardo e sou birrento pra valer...
Depois de tanto peso e tanto fardo
Agora em liberdade, quero ver!

Sou caça que me caço e não me canso
Avanço e se quiser te mostro o ranço.
No fundo do quintal eu sempre danço
E se passo, passo a passo, não avanço...

No ritmo que embalava nossa dança
A moça se cansava e não dançava...
Agora que essa noite já me alcança
A moça que eu queria nunca amava...

Palavra que te quero mais feliz,
Dançando nessa dança, que te fiz...

X

Amor! Quando escutei a tua voz
Não pensei duas vezes. Te obedeço!
Mesmo que dolorida, duro, atroz,
No teu caminho; amor, me reconheço...

Quantas vezes, neguei o teu chamado...
Sozinho, arrependido, e tão vazio;
Procurava escutar, tempo passado,
Mas nada... tu voavas... Que fastio!

Depois de tanta dor e solidão,
Depois de tantas noites te esperando...
Amor, eu te buscando na amplidão,
E somente esse nada inda ecoando...

Amor, tua voz próxima de mim...
Serei, quem sabe... Então, feliz enfim?

X

Quando te vi; cansada viajante,
Eu nunca poderia adivinhar,
Que, na vida, tu foste tão constante.
Embora nunca pude te encontrar...

Eu bem sei de teus passos; uma errante
Companheira noturna do luar.
Sempre perto, sentida tão distante,
Navegante de todo céu e mar.

Amiga, bem tentei te conhecer,
Pois nunca me mostraste tua face,
Não pude nem querer saber por quê.

Pois só me permitiste teu disfarce.
Procuro e nada encontro, pois, cadê?
Muitas vezes, difícil te saber...

X


Ouvindo tua voz na noite fria
Me lembro do verão do nosso amor.
Do tempo que passamos no torpor
Que sempre prenuncia a fantasia.

A boca que beijava e me lambia.
Delitos do prazer, ondas, calor.
Espinhos que sangravam, dor e flor.
Gemidos e delícias, sinfonia...

O tempo não perdoa, tudo acalma.
Loucura se transforma em morna calma.
As noites se esqueceram desse estio...

Porém, na transparência, camisola.
Meu verso, em disparada, nos consola
E a noite se promete, louco cio...

X


Amor que tenho tanto, manso e puro,
Encanto que por Deus abençoado
Por uma paz celeste assegurado
Em mares e tempestas vai seguro.

Tenho nele a certeza que procuro
Do bem supremo sempre bem formado
Clareia todo negro rumo escuro
Trazendo a mansidão do bom futuro
Matando a solidão do meu passado.

Amor que nada sangra nem destrói
É sempre afirmação de belo estio
Impede a sensação do duro frio

É lua que não deixa a tempestade,
É rumo que me forja e me constrói,
Certeza de eternal felicidade...

X

Meu verso parecendo um passarinho
Em busca das mentiras que me deste.
Vagando pelo mundo estou sozinho,
Talvez uma saudade, o que me reste.

Vencido pelas pedras do caminho
Entôo meu cantar que me reveste
Das dores em litígio, vasto ninho;
Com fome e com certezas, pão e peste.

Destino sem sentido nem promessa
Escondo meus olhares nos teus seios
Nos olhos que me dás não se confessa

O tempo que passamos sem receios.
A vida sem querer, pegando peça,
Transforma em agonia meus anseios...

X


Pensamentos cortando meu poema
Em versos e palavras sem tormento
Aumento minha dor em pensamento
A
cada novo tempo que não tema

O tempo que se porta como lema
Não vaga minha vida sendo isento
Profana meu gentil comportamento
Nas ramas deste mar por certo rema.

Nem todas as virtudes que louvamos
Se encontram nos meus versos in natura.
A manga das camisas levantamos

Na luta que promete ser mais dura
O certo é que seguimos nos amando,
Amor que na verdade, mata e cura...

X


Amor sem ter juízo empresta seu tormento
E faz com que fortuna abandone quem ama
Amor trazendo paz empresta sua chama
Obriga-me, entretanto, achar contentamento.

E nada mais importa amar é ser isento
De tudo que minha alma, aos mundos já proclama
E mesmo assim, amor, em lágrimas reclama.
Amor faz do meu canto eco do pensamento.

Amando entenderás o meu verso em lamento,
É fogo que me queima enquanto a dor inflama
Amor se dispersando escuta a voz do vento

Amor é tão proveito envolto em tanta fama
Não deixe que esse amor se esqueça num momento
Que amor, na perdição, salvação de quem ama!

X


Às vezes vida passa e nada sobra
Senão uma saudade matadeira
Sentado na calçada, na cadeira
O vento da lembrança já me cobra

O canto que no peito inda soçobra
Fazendo de uma luz alvissareira
Esta marca que levo a vida inteira
E tudo num momento se recobra...

Sobrando pelo menos amizade
Embora nosso amor morresse cedo,
O tempo que vivemos liberdade

Foi bom, porém passou restando então
O mote principal de um novo enredo:
Uma amizade cheia de paixão....

X


O sonho que me deste, minha amiga,
Em versos que declamo nada meus,
São sonhos na verdade, tão ateus
Que em versos invertidos nada abriga.

Nas curvas e montanhas que se diga
Que nada mais inverno, nem meus breus
Não quero nem corbelha ou camafeus
Apenas sei meus versos numa intriga.

Na prece que negaste sem quermesse
Mereces meu perdão por nada crer.
Espero que das pressas se confesse

Os erros que vivemos por fazer.
Afrontas e vacinas qu’alma engesse
São versos que esqueci de te dizer.

X

Bem sei que morreremos abraçados
Os fados predestinam tal suplício
De tanto amor que tenho, velho vício,
Os braços estarão por certo atados.

Quem sabe qual Quasímodo, meus fados
Farão dessa Esmeralda precipício,
E tanto que te quero desde início
Talvez os nossos fim compartilhados.

Porém nossas sementes proliferam
E mordem quem deseja ser feliz.
Os olhos dos demônios que se deram

Invadem tantas glebas e plantios.
Mortalha que nos cobre, negro-anis
De noite se reparte em nossos cios...

X

Não tema atravessar a ponte estreita

Senão tu perderás uma bela ilha.

Andando é que se foge de uma espreita

Quem pára já sucumbe e nunca brilha.

A dor de uma derrota é mais aceita

Que o medo de seguir por uma trilha.

A trama que se faz, mesmo desfeita,

Não deixa que te prendam com anilha.

Aliás, se temeres, já perdeste,

É dura uma derrota para o nada.

Se a vida assim, amiga, percebeste;

Terás orgulho em cada cicatriz.

Melhor do que o vazio; derrotada.

Não tenha medo, então; de ser feliz!

X

Amores? Foram tantos que nem sei
Forrando todo o chão de folhas mortas.
Outonos que vivi, tantos passei
Abrindo e mal fechando velhas portas.

Das balas encontradas escapei.
As bocas que beijara; semi-tortas;
Nos mares tão distantes naufraguei,
Nos cais aonde, livre, não aportas.

Mas cortas os meus sonhos mais audazes
Mostrando em cada noite, luas, fases
E fazes deste sonho que eu quisera

Amor que se perdeu há tanto tempo.
Na boca desdentada da pantera,
Amar fora somente passatempo...

X

Eu, contigo aprendi a não sonhar,
A acreditar na dor, cruel saudade...
Olhar estrelas, cega claridade,
E nada mais, jamais poder amar!

Me ensinaste mentiras ao luar...
Fantasias cruéis, “felicidade”,
Coragem pra saber tal falsidade...
As marcas que deixaste, vou saudar!

Jamais t’ esquecerei, estejas certa...
Agradeço-te enfim, o ser poeta...
Saber cantar tristezas, assim rindo...

Ver as cores do mar, as fases da lua...
Muito obrigado, sinto-te tão tua,
A vida passa, então me vês sorrindo..

X

Depois de semear a tempestade
Por tempos mais distintos, minha vida,
Depois de discutir felicidade
Em hora tão marcada quão doída.

Depois de procurar com ansiedade
A porta que mostrasse uma saída
Depois de renegado assim, quem há de
Cobrar minha esperança adormecida.

O tempo que é senhor, portanto rei,
Aos poucos me mostrando nova dança
Que é feita deste sonho que encontrei

Contigo, minha amiga em aliança,
Depois de tanto fogo que espalhei,
Agora só espalho uma bonança..

X

Distâncias que percorro embalde são vencidas...
O canto que expressava agora vai calado...
Uma ave que voava as asas já feridas,
A noite representa o meu tempo passado...

Por vezes esperava as tuas mãos erguidas...
O gosto do teu beijo, o grito torturado...
A vida não passava, as dores incontidas...
Destino desvendado, amor virou meu fado...

Meu coração batendo afoito sem sentido...
Clarão que iluminava a noite dos meus sonhos...
Amor nunca chegava esboçado no olvido...

A lua clareando o velho e bravo mar,
Estrela que esvoaça os olhos meus tristonhos...
No beijo que eterniza esta certeza: amar!

X

Romântico, romântico, romântico!
Rasgando o coração, esqueço a vida...
No canto, teu encanto, no meu cântico,
A lua dos amores, sei perdida!

Nos céus explodirei; sincero, quântico.
No mundo dos meus sonhos, preferida,
Nos mares dos meus mundos, onde, atlântico,
Espero a tua volta em despedida...

Te procurei nas ânsias do viver,
A quimera expressando minha dor,
Singulares desejos sem prazer

Guardando esse infeliz como um vulcão;
Desesperança explode, qual tumor;
Meu peito, amargurado coração!

X


Meu Amor nunca esqueça de voltar
A noite que te leva não demore
Espero-te no próximo luar
Que o olhar dessa saudade não decore.

As rosas que colhi querem dizer
Do amor que nunca mais terei igual.
Das rosas uma flor a receber
Do amor um breve toque sensual...

Nos bares solitários sem a lua,
Casais em volta tramam seu encanto.
A mesa onde sentei, estando nua
Aguarda simplesmente... e nada... pranto.

E canto esta cantiga no fervor,
De quem aguarda a volta dum amor!

X

Uma amizade plena e duradoura
Nos faz já perceber o bom da sorte
Uma aliança assim nos dá suporte
E em plena claridade já nos doura.

A voz que se mostrou consoladora
Aplaca uma ferida, cura o corte,
E tantas vezes vence; redentora,
Tornando nossa mão mais firme e forte.

Tenaz e resistente, qual granito
Que enfrenta as tempestades que virão.
Alçando uma esperança ao infinito,

Redime-nos das dores inerentes.
Uma amizade imensa é solução;
E enfrenta as intempéries mais freqüentes...

X

Em teu corpo escrever mil poesias,
Usando minhas mãos; firme caneta,
Marcando com desejos, ardentias,
A boca vai trilhando qual cometa

Penetra cada ponto, nas magias
Que fazem nossa noite mais completa
Promessa de delícias, tantos dias,
Assim quem sabe, sinto-me poeta...

Relaxas, tranqüilizas, nem te moves...
Apenas um sorriso breve aflora,
Cicatrizes? Bem sei que assim removes

E deixa a poesia te invadir...
Querida, este terceto feito agora,
Não cansa de implorar. Quer repetir...

X

Amada, minha amiga verdadeira
Das horas complicadas e ferinas.
Minha alma dolorida e caminheira
Encontra tuas mãos quase divinas.

Na mesa que partilho uma esperança
O pão desta alegria que me trazes
Garante, com certeza uma festança
Além do que sabemos ser capazes

Se vamos isolados pela vida,
Se estamos divididos, passo a passo.
Por isso, amada amiga tão querida,
Atemos bem mais forte nosso laço

E vamos, destemidos, ‘té o fim,
Regando cada flor deste jardim...

X


Meu amor traz no peito bem marcado,
Com garras penetrando, bem profundo
Meu canto, de tristezas, compassado
Um grito, me trazendo o fim do mundo.

Amor meu, de teus beijos sou, me inundo
Meus abraços nos braços teus, atado
Vou, conheço o mergulho em que me afundo,
Nesse louco prazer, desesperado.

Quero, bem mais que tudo conhecer,
Os limites sem rumo da paixão,
Beijando, em tua boca conceber,

Tudo quanto pudera, o coração,
Quero aprender a ler nesse abc,
Vou perder-me nas trilhas, teu sertão...

X


Ah! Quando dispersei essa esperança
Em nome da certeza do futuro;
Não sabia que a vida não se cansa,
De fingir-se leal, porto seguro.

Ao tentar destruir esta aliança,
O claro sentimento fez-se escuro.
Tempestade abortando uma bonança,
A sorte se escondeu detrás do muro...

O mar que fora meu, virou deserto,
O frio de minha alma congelou.
A solidão feroz, ronda por perto,

A paz se fez distante, na batalha.
O nada simplesmente me sobrou,
No corte tão profundo da navalha!

X


Tornaste-me cativo de teus olhos,
Tão mansos, tão suaves, tão serenos.
Tornando meus caminhos mais amenos,
A flor felicidade traz em molhos...

Amar que sempre achei ser meu direito,
Agora não disfarço, num mergulho.
Saber-te, com certeza é meu orgulho.
Poder dizer ao mundo, satisfeito,

Que, em toda minha vida, tive sorte,
Encontro novo porto onde se aporte
A nau que já pensei ter naufragado.

Ao meu destino vou iluminado
Pelas luzes mais belas que já vi.
Que por favor divino, estão aqui!

X

Malícia nos teus olhos de menina,
Melancolia trazes, risos tristes...
Mistérios: tua lua cristalina...
Martírios dos amores que resistes...

Misantropia e luta, tua sina...
Molecagem, brinquedos, nada omites,
Metódica, trazendo luz divina...
Mediadora, os conflitos, dedos ristes,

Maciez travas beijos e mordidas...
Me manejas do modo que quiser,
Mansidão ultrapassa nossas vidas,

Meiguice rebentando quando quer,
Mazelas que consolas, reunidas,
Me mostram teu perfil, M, mulher...

X

A saudade desfralda abrindo uma asa
Sobre quem se afastou da vida há meses.
Encaro estas derrotas e reveses
Queimando o coração em forte brasa.

Lembranças que ficaram desta casa,
De amores que já foram siameses.
A dor que no começo vinha às vezes
Agora a todo instante já me abrasa.

A um tempo mais feliz eu me arremeto
E faço deste verso uma mortalha,
Quartetos e tercetos de um soneto

Cortando minha pele, na verdade,
A morte, sorridente já retalha
Um coração imerso na saudade...

X

Tantas vezes as dores enroscavam
Qual serpe numa cérvice infeliz.
Mesmo silente a vida tanto diz
Em palavras venais nos torturavam.

Os dias solitários que sangravam
Forrando uma pobre alma em cicatriz.
Meus olhos tão vazios já nevavam
E, cegos não sabiam de um matiz

Que o céu enfim promete pra quem ama
E tem a companhia deste amor.
Por mais que leve e branda seja a chama

Os laços da amizade são mais fortes
E trazem contra a dor de quaisquer portes
Um hálito divino e salvador...

X


O mundo se mostrando um labirinto
Mistérios que encontramos pela vida.
Angústia que se faz em despedida,
Vazio que decerto já pressinto.

Porém a natureza em seu instinto
Nos dá sem perceber uma saída
Mesmo que a sorte caia já vencida,
Um fogo de esperança eu sempre sinto

Vestido pelo amor tão benfazejo
De quem nos concedeu um braço forte.
Sanando com ternura qualquer corte,

Trazendo um belo cais que enfim prevejo.
Vencendo qualquer medo; cedo ou tarde
Contamos com poder de uma amizade

X

Teus olhos, meus faróis, e meu destino...
Na mansidão da noite que ilumina
A vida perseguindo nossa sina
O mundo que me fez o teu menino...

Se posso, meu compasso é desatino
Na tua mão tão fria determina
Estrada que se fez em fonte e mina.
Novo sonho, verdade não domino,

Apenas viverei a cada dia
O dia que não tive nem teria
Se não fossem teus olhos dominantes;

Meu barco e minha lua, um horizonte
Perdido e recontado, seio e monte;
Quando nessa noite somos dois amantes!

X


Tantas vicissitudes nesta vida,
Os pés tão calejados, descaminhos.
Sabendo que esta noite está perdida,
Vencendo velhos sonhos, tão daninhos.

Abismos escondidos que se afloram,
Roubando as esperanças que nasciam.
O roxo destes lírios que descoram,
Meus olhos tão tristonhos, não sabiam.

Mas vivo coração não quer o fim,
Reluta e tira o luto que vestira.
Mortalha abandonada, rasgo; enfim...
Transformo a solidão, tira por tira.

E solto minhas asas deste abismo,
Nos braços deste amor, com otimismo.

X


Nesta beleza rara, escultural,
Suave calmaria leva o mar.
Contorno de vitória triunfal,
No campo das batalhas do luar.

Beiras a perfeição, és divinal,
Uma sílfide leva-me a sonhar.
Beleza sem igual, fenomenal,
Tradução mais correta: verbo amar.

A boca carmesim, doce e pequena,
Os olhos exclamando: formosura,
Acena com propósito de cura.

As pálpebras fechadas: vera cena,
Dormita tão serena criatura.
Acordado, venero esta morena!

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