Procurei a rosa
Nos espinhos encontrei
Promessa de dor...
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Lago assoreado;
Com os olhos rasos d’água,
Todos lagrimando...
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Canta o sabiá
Nas palmeiras poluídas..
Terá solução?
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O sol estrelar
Ao ventar ou explodir
Vira pirilampo?
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Pobre borboleta
Sem as asas quer voar...
Mas vento traz chuvas...
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A cobra rasteja
Carregando uma semente
Presa nos seus dentes...
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O vento soprando
Nos coqueirais, nas palmeiras...
Êxtase total...
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Noite
Pirilampos
Pensam ser estrelas...
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Um raio que cai
Espalhando
Ais
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Vento
Alagando
mata caranguejo?
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olho de água às cegas
no meio da tempestade
vira cachoeira
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Refém da saparia
O silêncio da lagoa
Morreu sinfonia...
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Do mármore frio
Porém em rara maciez
Belo multiforme.
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Ao escorrer, a água
Encontrando as corredeiras
Adivinha o mar.
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Frio que enregela
Mostrará depois de tudo
Mais belos matizes.
X
Na boca da noite
Bela lua engravidada
Parirá o sol.
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Cigarra cantando
Ao trazer a primavera
Floresce esperança
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Rastejante cobra
Quando se levanta traz
O poder do bote.
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Destino da estrela
A morte espetacular
Trágico poder.
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O outono prepara
Para este invernal caminho
De uma hibernação.
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Lua se espalhando
Ao deitar sobre este mar
Engravida um sonho.
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Morcego dormindo
De ponta cabeça sabe
Traduzir a vida.
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Nas pedras rolando
A tempestade mostrou
Poder de mudança...
X
O sapo coaxando
Vem chamando para a festa
Lua se enrubesce...
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A areia engravida
A pobre ostra maltratada
Beleza agradece..
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Aquela Garrincha
Ao namorar uma estrela
Virou astro Rei.
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A Maracanã
Encontrou naquele Galo
O canto mais alto...
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gambá quis a rosa
incompatíveis perfumes.
Virou cachaceiro...
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Pruridos da urtiga
Ao se espalhar pelo vento
Sabor de pó de mico..
X
O macaco prego
Saiu correndo depressa:
Tubarão martelo!
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Perereca pula
O sapo nem percebeu
Sorriso da traíra...
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No raí das cores
Os corais em mil matizes
caem estrelares...
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Chovendo verão
Na tempestade, alagados
Arrebentação.
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Pleno carnaval
Bem distante da alegria
Saudoso pavão...
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Andorinha voa
Em busca de outras paragens
Mas não faz verão
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helianto ao ver
a claridade do sol
fica hipnotizado
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pingo d’água foge
descendo pela cascata
beija grão de areia
X
anfíbios sem vida
nesta carne ressequida
espelhos da Terra
X
no último lampejo
charnecas silenciosas
descansam em paz
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cupins e baratas
passeiam pelo deserto
resistência heróica
X
decomposição
atingindo estes cadáveres
a vida sorri...
X
sinais de fumaça
se espalhando na floresta
não é fogo fátuo...
X
pedra em solidão
recebendo a ventania
desfaz-se: erosão.
X
carnívora fera
adormecendo em quietude
apascenta a selva
X
as nuvens passando
numa transfiguração
refletem a vida
X
mar em fogaréu
nos desertos se espalhando
herança vazia
X
grânulos de vida
esporos em liberdade
última esperança?
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geleira desaba
em gotas lacrimejando
causa inundação
X
estrela enamorada
mergulhando sobre o mar
amor meteórico
X
mar em tempestade
na procela interminável
praia é tão distante...
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seca e vendaval
natureza gargalhando,
simples reação...
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leão adormece
enquanto a leoa caça.
rei? Hiena ri.
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incêndio na mata
a floresta está chorando
em mil galhos verdes...
X
Esgoto sacia
Baratas, ratos e vermes,
Lauta refeição...
X
Ano vai passando
Carregando em suas costas
Erros cometidos.
X
As folhas caindo,
No outono vão desnudar
A alma do arvoredo..
X
Peixe voador
Invejando a gaivota
Vira refeição...
X
Vento assobiando
Ao espalhar as notícias
Dissemina pânico.
X
Nas ondas do mar
Em marulhos e procelas
Santa calmaria
X
Pássaro liberto
Esquecendo da gaiola
Qual prisão perpétua.
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Chocalhos avisam
Maravilhas infantis
Ou botes certeiros
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Bilhões de galáxias
E nelas bilhões de estrelas.
Pobre grão de areia...
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Terra
A
Feita em tempestade
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Rio busca a foz
Nesta luta contra o mar
A fecundação
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Sementes no chão
A chuva cai mansamente
Proliferação
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estrela do mar
busca na alga florescência
e asas pra voar
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a montanha escala
cada raio de luar
procurando estrelas
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corisco no céu
vai riscando em palavrões
pânico na mata
X
fogo na floresta
espalhando a novidade
o gado vem aí...
X
Vento cata-vento
Repercutindo num eco
A nova estação.
X
As asas libertas
De um canarinho da terra
Ainda que tardias.
X
Ar primaveril
Em perfumes espalhados
A vida refeita.
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Mesmo devagar
O jacaré no seco anda
Mas na areia atola...
X
No rastro de paca
Se tatu caminha dentro
Eros agradece...
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Piranha gulosa
Jacaré nada de costas
Campeão Olímpico!
X
Tico-tico sai,
O godero faz a festa
Viva o DNA
X
Formigueiro alerta
Aí vem tamanduá
Bicho linguarudo...
X
Nas ondas do mar
Caranguejo não é peixe
Ou será que ele é?
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Bacuraus, corujas
Vagam pela noite escura
Os olhos espreitam..
X
Claro que águia quer
O aquecimento global
Cevando cadáveres...
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Olho d’água cego
Abortando um grande rio
Mar vira sertão...
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Alecrim dourado
Nasceu sem ser semeado
E reina no campo...
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Estrela cadente
Ao passar pelo deserto
Viu extrema luz
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Galinho da Serra
Cantando numa gaiola
Saudades da mata
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A planta carnívora
Fazendo da podridão
Seu melhor perfume
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num sessenta e nove
minhocas hermafroditas
"dando se recebe"...
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Haikai meia nove
Uma estimulante idéia?
Um número a mais?
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Urubu rei
Na matilha de chacal
Terá primazia?
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Touro mesmo bravo
Leva a pecha de chifrudo.
Marido de vaca...
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galinha galinha
coitado deste galo.
Vai criar peru...
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Cuco caipira
O godero faz a festa
Pobre tico tico...
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Jabá jerimum,
Macaxeira e tapioca
Nem cachorro come...
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