MATAR A POESIA
Entardece, o Sol beija o véu da Lua que espia, o poeta freme na dor
da delícia, na concepção do verso que sempre sabe, que sempre será.O
interior verte, das garatujas, os olhos se convencem, a beleza da alma
fecunda, dói.
KARINNA
Uma alma tão sensível? Não mais quero.
Prefiro ser um gélido granito...
Esquecer da ilusão, terrível rito,
Mantendo o coração, voraz e fero...
E quando em poesia me tempero,
Rasgando assim meu peito; imenso grito,
Alçando num momento este infinito,
Distante do que vejo; mas venero...
Não quero ter a dor que me inebria,
Nem mesmo ver as cores de uma aurora,
Calando o frio algoz, a poesia
O homem atrás dos óculos, sensato...
Aborto o sentimento que se aflora,
E o verso que me doma; esqueço e mato...
MARCOS LOURES
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