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Nas asas deste sonho eu me liberto
E bebo a fantasia do querer,
Aguando em esperanças o deserto
Concebo o que desejo e quero crer.
Decifro os teus sinais, caminho certo
Expresso com ternura o meu prazer
Portal do paraíso encontro aberto
A chave dos segredos; passo a ler.
Mistérios do passado, tuas sendas.
Ao mesmo tempo finges serem lendas
E quando me transtornam; sedução
Tu dizes que acertei em cheio o alvo
Porém eu só me encontro, assim, a salvo
Na massa em que se faz gostoso o pão.
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Na massa em que se faz gostoso o pão
Amassos e macias mãos velozes.
Em aço se fazendo tais algozes,
Adentram toda noite de verão
No quarto já fartando de emoção
Gemidos sussurrantes viram vozes,
Das calças lá se arrancam em caos coses
Fazendo um alvoroço em turbilhão.
Amor quando ouriçado faz fumaça
Parece tempestade sem ter freio.
Dançando em madrugada, plena praça
A mão invade a blusa e quer o seio.
Querida é bom viver, a vida passa,
Depois? Recordação virando esteio...
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Depois; recordação virando esteio
Não tendo quase nada do que fomos
O rio navegando em outro veio
Da fruta que tivemos, nem os gomos.
Guardando nos meus olhos teu retrato
Mentiras que somente o tempo diz.
O nó das ilusões quando eu desato
Prefere me dizer que eu fui feliz.
Saudade, na verdade já falseia
Mudando este cenário noutra vida
Enquanto a lua se mostrava sempre cheia
Toda esperança estava desvalida.
O quanto desvaria o coração
Um médico não mede, em precisão...
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Um médico não mede
Um
Remédio que se dá pro coração
Nem sempre na farmácia é encontrável.
Eu só sei te falar deste baião
Que fala de um sintoma demonstrável
Segundo já dizia Gonzagão
Amor é facilmente detectável.
Se enjoas da boneca e não quer chita
E todo o dia quer ser mais bonita
É fácil descobrir por que, menina.
Porém o tratamento, na verdade,
Sendo coisa da própria mocidade,
Não se encontra jamais na medicina...
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Não se encontra jamais na medicina
Sequer algo que possa traduzir
A chama que decerto se extermina
E ainda vai teimando em nos luzir.
Saudade maltratando em alvoroço
Pedaços do que fomos; coletando.
Se nela tantas vezes me remoço
Castelos dos meus sonhos desabando.
Ainda se mostrando como bóia
Não deixa que o naufrágio se perceba.
Depois de certo tempo é paranóia,
Desta água amarga a vida não mais beba,
Imagem do passado, decomposta,
Hormônios exalados, carne exposta.
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Hormônios exalados, carne exposta
Sangrantes os desejos e os carinhos.
Descubro tuas praias costa a costa
Invado tuas salas, escaninhos.
Arranco a carapaça em cada crosta
Sabores agridoces gins e vinhos
A mesa feita em cama sempre posta
Cabelos e destino em desalinhos.
Cativo deste amor que é redundante
Num círculo de fogo, vicioso.
Enredos que se formam num instante
Aonde a plenitude se completa
Repletos de nós mesmos, dor e gozo
Nos arcos onde somos também seta.
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Nos arcos onde somos também seta
Amor fazendo sempre confusão.
Quem dera se eu pudesse ser poeta
Talvez eu vislumbrasse solução.
Porém amor se torna sonho e meta
Deixando para trás a sensação
Da vida se mostrando mais completa
Embora traduzindo turbilhão.
Eu quero ser teu cais e teu saveiro
Vivendo este tormento alvissareiro
Em forças desiguais, somos mutantes.
Ao mesmo tempo enquanto tu não vens
Percebo as maravilhas das miragens
Nas bocas que encontrando; tão distantes.
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Nas bocas que encontrando, tão distantes,
salivas são trocadas, sem amor.
Quem dera se pudesse, por instantes
nelas perceber real calor.
Nos corpos misturados, cama e sexo,
apenas o prazer pelo prazer,
acordo, procurando qualquer nexo,
mas nada que permita-me entender.
Apenas tua face em cada rosto
espelhos onde busco mesmo a mim.
Quando em lençóis desejo cede, exposto,
mergulho sem limites, vou ao fim.
Depois da farsa inútil revelada,
desnuda, outra mulher... Não restou nada...
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Desnuda, outra mulher... Não restou nada
Daquela que se foi e quis voltar
Imagem nos meus olhos transtornada
Mentindo à fantasia nega o mar.
O quanto se demonstra disfarçada
Trazendo num momento um novo olhar
A boca que queria ser beijada
Mudando este cenário, faz chorar.
Depois de tanta festa, tempestades
Inundam com certeza o velho rio
Do quanto se mostrou em desvario
O rosto feito em mágoas não conquista
Saudade num momento ainda avista
Diademas estrelares, liberdades...
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Diademas estrelares, liberdades,
Orquestrando meus sonhos, passam breves,
Compotas de emoções, felicidades
Em cânticos noturnos, belos, leves...
Dos olhos de quem amo; claridades,
Palavras de carinho- eu peço- leves
Contigo para sempre – eternidades.
Que as dores nos maltratam como as neves.
Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Sou teu parceiro, tenha esta certeza,
A vida se apresenta em tal leveza,
Que mesmo sendo um barco de papel,
Que enfrenta a correnteza até o cais
Iremos, libertários. Asas. Céu...
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Iremos, libertários. Asas. Céu,
Vagando constelares esperanças.
Por mais que a noite venha tão cruel
O quanto se percebem novas danças
Fazendo desse sonho um carrossel
Trazendo nos meus olhos as lembranças
De um tempo mais gostoso, estende em véu
As rotas colidindo em alianças;
O tempo de viver felicidade
Entende ser possível claridade.
E ao fogo deste jogo nos compele.
Assim seguindo a roto da alegria
Seguimos mesmo em simples poesia
Atados: braços, olhos, corpo e pele.
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Atados: braços, olhos, corpo e pele.
Sem limites, vivemos sem fronteiras.
Ao ato de te ter amor compele
Em magas sintonias, feiticeiras.
Querer o teu querer e nisso ver
Um dia mais alegre e mais contente.
Um jeito de se dar e ter prazer,
Domina o sentimento. Já se sente
A brisa da manhã beijando mansa
A boca tão gostosa de quem amo.
Amor ao perceber nos dá fiança.
No rastro de teus passos; sigo, amor.
E à noite toda vez quando eu te chamo
Invade-me, querida, o teu sabor...
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Invade-me, querida, o teu sabor
Rondando a minha boca, inebriante
Vertendo sobre nós perfeito amor
Estende tal tesouro, diamante.
A vida não permite descalabros
Tampouco as ilusões; se são ferozes,
Os dias solitários e macabros
Impedem dos caminhos mansas fozes.
Pecado é não poder seguir em frente
Vivendo sem ter nexo em falso rumo.
O vento da paixão quando envolvente
Expressa o que eu desejo e sempre assumo
Um mundo onde viver traduza calma,
Tocando em emoção penetrando alma...
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Tocando em emoção penetrando alma
Um vento benfazejo, ora promete
A plena calmaria que me acalma
Enquanto esta alegria se repete.
Eu vejo nos teus olhos, meu farol,
E sigo cada passo que tu dás,
Amanhecendo assim um raro sol
Permite que se entenda amor em paz.
Vencendo as intempéries, nada temo,
Nem mesmo se vier tal solidão.
Da barca dos meus dias, forte remo
Toando com firmeza e sedução
Sabendo deste rumo claro e certo,
Nas asas deste sonho eu me liberto.
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