A seca em que se fez nossa lavoura
Não deixa-se notar uma esperança
E quando esta intempérie mais avança
Um corvo crocitando nos agoura,
Espero outra impressão que possa dar
À vida uma beleza mais suave,
Na audácia do vazio já se agrave
Tomando o meu canteiro e meu pomar,
Não posso mais viver esta ilusão
Tampouco quero amenas fantasias,
E quando o meu caminho em vão desvias
Momentos mais soturnos mostrarão
O quanto se perdeu nesta colheita,
Do amor que em luzes frágeis não se deita.
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