Medo trago na bagagem,
Na barragem do segredo,
De enredo sei a coragem,
Na aragem do meu degredo...
Ostra traz na sua dor,
A riqueza delirante,
Tanto quanto meu amor,
Traz a dor a cada instante...
Nas cercanias da vida,
Encontrei a minha sorte;
Se não sei da despedida,
Como irei saber da morte?
Recebi tantas propostas
Para conhecer a lua.
Se não me deres resposta,
Minha vida será tua...
Meus velhos penduricalhos,
Carrego sem ter mais dó;
Dessas árvores, seus galhos,
Vão me deixando tão só...
Fiz meu ninho na mortalha,
Das dores fiz o meu mar.
Meu amor não me atrapalha,
Senão falha esse cantar...
Minha lábia foi pro brejo,
Meu olhar fugiu de ti;
Meu amor morreu no Tejo,
Desde o dia em que nasci...
Tenho cais, quero navio,
Tenho luta, quero guerra,
Tenho luz, quero pavio,
Quem tem seu amor não berra!
Vida traz tal saliência,
Que revela o bem querer;
Não vem me falar clemência,
O meu amor é você!
As teias vou ateando,
No campo das azaléias;
Nessas atas vou atando,
As asas dessas atéias...
A beleza que não salta,
Nem revolta quem não é;
A tristeza quando assalta,
Acaba com toda fé...
Na metade do caminho,
Cama dei para Luzia,
Ninho para meu benzinho,
O resto deixei pra Lia...
Mar trazendo maresia,
Vida trazendo vingança.
Desse pó a poesia,
Da minha espera, esperança...
Não temo trem nem tremor,
Nem quero vintém, tostão...
Nem amoras nem amor,
Violência e violão...
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