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Colhendo o que plantei em minha vida,
Canteiros e pomares da existência
Embora tantas vezes sem saída
Do nosso amor jamais terei ciência
Velhos farrapos poderão dizer
O que busquei e depois da chuva forte
Encontrarei talvez algum prazer
Ao superar a luta sem suporte
Mas tenho uma vontade que não cessa
De ter além dos sonhos, o carinho
Que tantas vezes fora só promessa
Fazendo no meu peito burburinho.
Enquanto houver forças irei assim,
Tentando cevar flores no jardim.
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Tentando cevar flores no jardim
Durante a minha vida eu me perdi,
O tempo vai chegando quase ao fim,
Saudades de viver o amor em ti.
Melancolia chega e trama o rumo
Distante destes braços sigo só.
Um solitário apenas, eu resumo
Meu verso destruído rompe o nó.
Desatando as correntes, não terei
Sequer um caminhar mais solidário
O passo se desvia em outra grei
A cada amanhecer vou temerário.
Estúpida canção que ainda escuto
Tornando o coração deveras bruto...
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Tornando o coração deveras bruto,
Distância de teus olhos, treva imensa.
Quem dera se pudesse ainda, astuto
Saber depois de tudo, a recompensa.
Contudo eu não terei outro caminho
Senão tentar a sorte em nova senda.
A mão que se profana em ledo espinho
Segredo feito em sonhos não desvenda
Atento a tais sinais eu jamais pude
Beber desta alegria imaginária
Secando em voz solene o meu açude
A morte se transforma em adversária
Saudades de teus lábios companheira,
Espalho o sentimento em vã esteira...
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Espalho o sentimento em vã esteira
O amor que um dia tive se evapora
Fazendo da emoção frágil bandeira
A vida se perdendo não demora.
A cada novo tempo de sonhar
Apenas derramando alguma estrela
Entendo ser possível caminhar,
Porém a solidão em mim se atrela
E vaga por meu corpo, solta a voz,
Amargas ilusões vão me tomando
O gosto desta boca é tão atroz,
Meus castelos de areia desabando
O verso refletindo esta agonia
Esgota em minha vida, a poesia.
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Esgota em minha vida, a poesia,
E nada do que eu quis poderei ter.
A mão que me açoitava noite e dia
Agora em minha morte vê prazer.
A noite anunciando em madrugada
A mesma tempestade que nos toca,
Bandeira da esperança desfraldada
Aos poucos se rompendo me desloca
Levando para o nunca mais terei
Deixando o verso triste e desvalido,
Quem dera, mas jamais encontrarei
No que me resta agora algum sentido.
Um câncer em metástases diversas
Tornando as alegrias mais dispersas...
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Tornando as alegrias mais dispersas,
Tristeza não se nega, volta à tona.
Escuto em entrelinhas as conversas
A fantasia aos poucos me abandona.
Sonífera ilusão não mais se dá,
Ávida de alegria a juventude
Esquece que outro dia nascerá
Jogando fora assim sua saúde.
Saúvas carcomendo o que restou
De um homem que sonhara ser feliz.
Sem ter nenhum sentido não mais vou
Buscar aquela estrela que eu bem quis
Erguendo ao horizonte o meu olhar
O temporal; percebo, vai chegar...
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O temporal; percebo, vai chegar
Nublando uma esperança doidivanas
Vontade de partir e de buscar
Paisagens que se formam soberanas.
Mas nada do que eu sonho realiza
Imagens são miragens, nada mais.
E mesmo que viesse calma brisa
Meus olhos não verão a luz jamais.
Resíduos do que fomos roubam cena
Escombros pesam sempre em minhas costas.
Nem mesmo uma esperança a paz ordena,
Em cicatrizes diversas, velhas crostas.
A fonte se perdendo em seca cala
A morte pouco a pouco toma a sala..
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A morte pouco a pouco toma a sala,
Os ratos passeando no porão.
Quem dera a fogo, a ferro, cruz e bala
Mas não vejo no fundo, solução.
Eu teimo em perceber o que não há
Retratos em farrapos dizem nada.
O quanto eu procurei aqui ou lá,
Apenas uma estrada destroçada.
Mergulho no oceano de nós dois
Abismos encontrando, resta o frio...
No quanto não concebo mais depois
Entendo que estarei sempre vazio.
E crio mil fantasmas; putrefeito
Sentimento invadindo um velho peito...
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Sentimento invadindo um velho peito
Reconta cada passo nesta andança
A gente vai levando desse jeito
Tentando restaurar uma esperança.
Estrelas que perdi jamais teria
Não fosse o teu carinho, mas não quero
Apenas reviver o antigo dia
Na fantasia agora eu me tempero
Morena fez a festa e foi embora
Metade carregou junto consigo
A sorte há tanto tempo não demora
Desnuda o que pensara ser abrigo
O vento que me ronda da incerteza
Expondo este vazio em minha mesa...
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Expondo este vazio em minha mesa
Eu sinto o gosto amargo do não ser.
A sorte deste sonho que despreza
Permite sem regalos de prazer
Que a gente não se queira nunca mais,
A sorte se desbota em cada esquina
Madrugadas em sonhos magistrais
Mergulham no teu colo de menina;
Insisto, mas caminhos eu não vejo,
Apenas pedregulhos disfarçados.
A fonte da alegria e do desejo
Não vale mais que fósforos queimados.
Aguardo algum sinal e nada vindo
Mesmo refrão insisto, repetindo...
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Mesmo refrão insisto, repetindo
Amores de fantasmas e odaliscas
O quanto percebera claro e lindo
Somaram com vazios, frias iscas.
Explicitando assim o que não via
Eu teimo em transformar qual alquimista
O nada em tentativa de alegria,
Porém a solidão jamais despista
Repondo cada gota deste fel
Pedaços do que fomos se esgarçando.
A sorte transtornando o meu papel,
Queimando uma ilusão em fogo brando.
Apago o que sobrou de uma esperança
Inválida expressão nega a fiança...
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Inválida expressão nega a fiança
E molda este cenário em pleno horror.
Aonde procurei a temperança
O vento se fez avassalador.
Atônica emoção ainda insiste
Crisântemos; aborta em meu jardim,
Quem dera se isso fosse troça e chiste,
Ainda poderia crer no fim.
À caça em que se deu fria pantera
Gerando a sobremesa da tristeza
Traduz a gargalhada da quimera,
Repondo meus fantasmas nessa mesa.
Habito estas masmorras, mas resisto,
Do sonho feito amor jamais desisto...
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Do sonho feito amor jamais desisto
Aguardo algum capítulo que traga
Quem sabe este sorriso, um falso visto
Calando a solidão temível draga.
A voz que se embargando nada diz,
O templo que buscara se esfacela,
Um riso que trouxesse outro matiz
Moldura uma esperança noutra cela.
Selando o meu corcel, o pensamento,
Viajo em Eldorados tão distantes.
O gozo que se mostra num momento
Em lábios e carinhos inconstantes.
No afã de ser feliz, eu me perdi,
Apenas solidão reconheci...
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Apenas solidão reconheci
Depois de tanto tempo em vã procura.
O quanto desejei e nada vi
Traduz toda agonia, a noite escura.
O som de uma guitarra dissonante
Tocando bem no fundo qual lamento
Trazendo tanto inferno ao mesmo instante
Sangrando num terrível sofrimento
Legado que carrego no meu peito,
Vestígios das estrelas nos meus pés
Queimando feito lava, contrafeito
Revivo novamente estas galés.
A sorte que hoje trago é merecida,
Colhendo o que plantei em minha vida.
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