2301
O quanto sou feliz contigo, amor
Permite que imagine um paraíso,
Jardim abrilhantando rara flor,
Destino que em bonança eu sempre viso.
Num átimo, a beleza sem igual
Tomando cada verso, dita o mote
Sorriso muitas vezes casual,
A lua assiste tudo em camarote
Beijando com seus lábios cor de prata
Acena com vontades e ciúmes.
A pele bronzeada me arrebata
Deitando sobre amor doces perfumes
Derramas teus farnéis feitos carinhos
Ao abrires – volúpia- os teus caminhos
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Ao abrires – volúpia- os teus caminhos
Adentro com total insanidade,
Penetro em cada canto com vontade
Querendo inebriar-me com teus vinhos
Roubados em altares toda tarde
Deitando nos lençóis, sedas e linhos,
Na fúria dos desejos sem alarde
Amores e prazeres são vizinhos.
Meus dedos percorrendo tua pele,
Mucosas, umidades, convulsão
Em arrepios goze se revele
E trame novamente esta viagem
Divina que em profana embarcação
Resgata uma procela em louca aragem...
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Resgata uma procela em louca aragem.
O amor que nos promete insensatez
Mudando num segundo a paisagem
Estampa a fantasia em tua tez
Riscando nossos céus, doce cometa
Trazendo as boas novas, rastro em luz.
Fantásticas viagens; acarreta
Enquanto ao paraíso nos conduz.
Farturas em divina providência,
Não cessam nem durante um vendaval;
Palavra que se diz em eloqüência
Num rito sem limites, sensual.
Sabendo no teu corpo, refrigérios,
Eu quero desvendar os teus mistérios...
2304
Eu quero desvendar os teus mistérios
Guardados entre as pernas, paraísos...
Chegando devagar sem dar avisos,
Descobrindo teus mares, teus impérios
E a noite em harmonia sem critérios
Descendo pelos corpos, beijos, risos,
Até chegar ao leito deste rio
Que inunda em tempestades faz a festa.
Recebo o teu perfume em que me guio
Ao penetrar conciso, a bela fresta
Num misto de prazer vontade e cio,
Amar sem ter limite. O que me resta.
Vencido ao adorar a vencedora,
Cativo, quero sempre a qualquer hora...
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Cativo, quero sempre a qualquer hora
Carinhos entre lábios e torturas
Sevícia feita algemas. Não demora;
Realça nossos sonhos e loucuras.
As bocas se procuram: dentes, unhas,
As mãos que se viajam sem fronteiras
Apenas as estrelas, testemunhas,
Nos lambem com seus brilhos, feiticeiras...
Descubro descaminhos entre sendas
Diversas tempestades nos rocios.
As pernas em tenazes, sem contendas,
Explodem fendas, furnas, nossos cios.
Na sede que se mata em luta intensa,
A noite nos trará tal recompensa
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A noite nos trará tal recompensa
Depois de um dia imenso em solidão,
Tu sabes quanto amar sempre compensa
Ainda mais se é feito com paixão.
Na nossa cama, em chama tão intensa
Fogueira das vontades, do tesão,
Deixando para trás a vida tensa
Nas tesas sensações, pura emoção...
No vale em que aprofundo expedições
Na busca de um tesouro, diamantes.
Dois corpos que se encontram, dois amantes
Promessa de loucura e tentações.
Fazendo desta cama a catedral
Na prece redentora e sensual...
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Na prece redentora e sensual
Certeza de total insanidade.
Deitando sobre a praia, no areal,
Encontro o que busquei: felicidade...
As ondas nos lambendo, coxas, pernas,
Os olhos do luar tão invejosos.
As bocas que se sabem sempre ternas
Sangrando pouco a pouco, tantos gozos.
Como dois animais bebendo a vida
Sem medo e sem pudores, peito aberto.
História em tais loucuras decidida
A chuva transbordando num deserto.
Enquanto a poesia, assim, declara
Acalantos de amor em noite clara.
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Acalantos de amor em noite clara,
Dedilho um violão, e ao pontear
Deitando nosso amor sob o luar
Sonhando com teu corpo que me ampara
Estrela que num brilho, fonte rara
De todos os desejos, vem tocar
Emoldurando um sonho, devagar,
Além do que talvez imaginara
Um coração que busca pela estrela
Raiada em madrugada seresteira.
Mulher, no fogo intenso, feiticeira
Cigana que desnuda em noite bela
Adentra minha cama e vem comigo
Fazendo do prazer, o nosso abrigo...
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Fazendo do prazer, o nosso abrigo,
Encontro as feras todas que eu buscava,
Vivendo sem limites, vou contigo
Viagem que permite intensa lava.
Amor sem servidão pleno em delícias
Cativa enquanto fere em beijo e fogo,
Vulcânica explosão, loucas sevícias
Tomando num momento, o nosso jogo.
Sem rogos, sem temores, mas audaz.
Voracidade em fúria desmedida,
Do quanto é necessária calma e paz
Loucura transtornado a nossa vida.
As noites entre chamas são eternas,
Num turbilhão de braços, coxas, pernas.
2310
Num turbilhão de braços, coxas, pernas
Misturas divinais
Um
Em toda esta loucura fabulosa
Quem dera se pudessem ser eternas
As noites em que amando, já se goza
Bebendo as maravilhas nas cisternas
Aonde nossa vida é mais formosa.
Em ritos de hedonismo, contrações;
Adentro as cercanias, gêiser, fogo.
Ardendo em teu prazer, me entrego ao jogo
As cenas se repetem, convulsões,
Florescem nossas flores
E
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E a dose sem limites, tu repetes
Pedindo novamente, sempre mais.
Nas camas, nas esteiras, nos tapetes
Meu corpo do teu corpo faz seu cais.
Gemidos e sussurros não poupamos,
Apenas deciframos mais enigmas
Nos poros e nos olhos nós sangramos
Marcando em cicatriz mansos estigmas.
A lua ejaculando raro brilho
Por sobre a imensidão desse oceano,
Aventureiro, estrelas quando trilho,
Enquadro cada imagem: sonho insano.
Enquanto a noite segue em fúria plena
Eu trago esta moldura em rara cena.
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Eu trago esta moldura em rara cena
De amores envolventes e sutis.
Felicidade é feita em noite amena
Alando nosso sonho, um aprendiz
Que vive em juventude luz serena
Alçando um canto livre, como eu quis.
A porta que se abriu já não se empena
E deixa a luz entrar, querendo um bis.
Estampas em teu rosto angelical,
Um riso que promete mais audaz.
Porém o verso manso e natural
De qualquer forma, amada me compraz.
Menina se mostrando sem igual,
Doce veneno em noite plena traz.
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Doce veneno em noite plena traz
Total insensatez, puro hedonismo,
A boca enternecida é mais voraz
Amor não se permite em egoísmo.
Lambendo nossas pernas, mar em ondas
As línguas desvendando tais fronteiras
Os dedos penetrando, loucas sondas,
Estrelas que guardei nas algibeiras
Redomas que rompemos vida afora
Resíduos de nós mesmos espalhados
Nos lumes e no brilho que decora
Espaços toda noite pesquisados.
Farturas entre fátuas esperanças,
Delícias que me dás enquanto alcanças...
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Delícias que me dás enquanto alcanças...
No caminho dos deuses encontrei
Aquela que por séculos busquei,
Chamando sem juízo, para as danças.
Princesa deste reino: o bem querer.
Numa alameda cheia de perfumes
Nos olhos perfeição de belos lumes,
Vontade de te ter e de saber.
O rumo das estrelas percorri
Sabendo meu amor que estás ali;
No rastro do cometa, luz e cor,
Mulher que por encanto um deus criou
Que em tramas sem limites demonstrou
O quanto sou feliz contigo, amor.
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