Bem sei querida, a dor que sentes; pois
Passei pelas estradas que passaste,
Conheço as cicatrizes do depois
Assim como o cansaço e o desgaste...
Vida que, em alegria, se compôs
Às vezes sente o peso que dobra haste
O corte tão profundo que te expôs,
Tal qual um fino caule, já dobraste...
Mas saiba que isto passa; minha amiga,
A cura? O próprio tempo se encarrega,
Por mais que tantas vezes se periga
Uma esperança; não desistas mais,
Ferida que se traz; nunca se nega,
Depois da cicatriz, retorna a paz!
X
No deslizar de mãos que se procuram,
Em busca dos prazeres mais intensos
Os lábios se mordendo se torturam
E os corpos vão ficando duros, tensos...
Eu vejo o teu desejo transbordando
Em loucas sensações de fuga e presa.
Meus olhos em teus olhos vão girando,
A noite se promete; forte e tesa.
Singrando por teus mares, perco o rumo
E morro no teu cais, mais delicado,
Bebendo um caudaloso e quente sumo,
Depois desta epopéia, extasiado,
Onde cansado, exausto, eu me domino
Adormecendo manso, qual menino...
X
Se chegue, moreninha, venha cá,
Esquece, pois esse homem não a quer,
Calor aqui, por certo, encontrará,
Vem ser minha menina, amor, mulher...
Escuta o que lhe fala o coração,
Não chore por alguém que não merece,
Aqui você vai ter a solução
Esquece o que passou. Ah! Vê se esquece...
Eu posso prometer somente amor
E basta pra quem sabe ser feliz,
A casa é muito humilde, mas calor
Demais aqui vai ter. Como se diz;
A casa é bem servida de carinho,
Só falta a moreninha nesse ninho!!!
X
Amigo, como é dura esta batalha!
A vida sempre traz uma surpresa,
Andamos neste gume da navalha
Coragem pode ser nossa defesa!
Quem sobe uma montanha já se talha
Com pedras e com cardos. A riqueza
Exige muita luta; mesmo a falha
Não deve ser devida a uma fraqueza.
As urzes do caminho valorizam
Tua conquista e glória nesta luta.
As dores em tocaia não avisam
Por isso com cuidado e destemor,
A cada novo dia uma disputa,
No final, tu serás um vencedor!
X
Querida, nosso amor nasceu pro vôo,
Não quero esse viver sem emoção,
De tantas ilusões eu me povôo
Amar além do mar... Que tentação!
Embora eu queira mais, eu te perdôo
Pois sei que tu nasceste para o chão.
Não queres ir comigo em meu revôo
Não sabes conceber esta amplidão
Que faz com que se ganhe liberdade,
Alçando mil espaços siderais,
Desculpe, sou falena em claridade,
E quero desta vida, muito mais...
Amor pra ser inteiro e de verdade
Não pode-se prender assim, jamais!
X
O amor que me condena é o que me cura
Da triste solidão e da tristeza,
Aplaca o sentimento de amargura
E forra todo o sonho com beleza.
Amor que se permite uma ternura,
É o mesmo que me dói, viva saudade,
Clareia nossa vida, quando escura,
Mas muitas vezes nega a claridade.
Transporta-me ao abismo mais profundo
Depois me mostra a face mais gentil,
Mudando de feição, transforma o mundo,
É frágil, mas destrói manso e voraz,
Amor é tão bondoso quanto vil,
Transforma o temeroso. O faz audaz...
X
Amor, por vezes cego, já se engana
Quando demais, a esmo, segue a sina.
Porém quando te vejo amor se ufana
Da sorte tão ditosa que destina
A quem, por vezes cego; não sabia
Que estava bem diante deste amor
Farol que me irradia a fantasia
Mostrando o meu futuro encantador
Ao lado da morena mais formosa
Que um dia Deus criou por sobre a terra,
Se sobressai das outras, olorosa,
Uma esperança doce já se encerra
No colo da morena sedutora,
Das dores que passei, a redentora...
X
Sem o medo voraz que não nos deixa
Seguir sempre adiante em densa mata.
Passando pelas dores sem ter queixa,
Minha alma se reflete e se retrata
Naquela que foi sempre quem queria,
No viço de um amor tão insensato
Que traz a vida inteira em alegria
Mostrando uma verdade em seu retrato
Mais fidedigno. Traz no seu semblante
A paz que necessito e que procuro,
Vibrando a forte luz mais deslumbrante
Na qual não me torturo e já me curo...
Tu és toda a certeza de vitória,
Amor em plenitude, infinda glória!
X
Eu quero te tocar em plenitude,
Perder toda a cautela que inda resta,
Sabendo que conquista é atitude,
Aproveitar janela aberta em fresta.
Eu sei que tu desejas o que quero,
Nós somos iguaizinhos neste caso,
Pois nem mais um segundo, amor, espero;
Não quero o nosso amor perdendo o prazo.
Tolice se não formos decididos,
Prevejo tanta coisa prá nós dois,
São tantos os caminhos preferidos
Que possam nos levar a tal prazer
Amada, nunca deixe pra depois,
O que, agora, nós temos que fazer!
X
Quero o sabor da manhã |
|
X
Nossos amares? Todos os lugares
Se nos meus próprios mares navegar;
Buscando nesse canto tanto mar
Tanto quanto possível for amares...
Tantos quanto seriam os luares
Se em teus mares, meu barco naufragar?
Comer só dessa fruta em teu pomar
Fazendo bem possível o que sonhares.
Te dou minhas manhãs para habitares
Neste mundo tão mágico, os meus dias;
Cansado de vagar querendo pares
Não quero mais espelhos, fantasias...
Só vejo as noites loucas, nesses bares
Onde derramas amor e poesias...
X
Minha vida vai louca, arrastando meu barco
Esperando o meu tempo, ouvido nas cantigas
Que o tempo tão voraz, me traz... Vozes antigas
Que renascem na voz. Representando um marco.
Cantar de uma ilusão amarga onde me embarco
Na solidão, a esmo, ouvindo essas intrigas
Ao final desta estrada. Amada, não perigas;
Pois minha solidão é sentimento parco...
Minha vida, insensata, adoça-se em teus beijos
Quem fora densa mata, adormece essa luta.
Invadindo meu mar, procuras meus desejos
Não posso me perder em meio à força bruta...
Eu quero, no meu sonho augúrios benfazejos
De poder; mais feliz; ter-te tão mansa, astuta...
X
Sinto o vento batendo no meu rosto...
Por sobre mil montanhas, vou pairando,
Meu dorso voa livre, vai exposto
Por cima destas nuvens flutuando...
Estrelas e cometas; quase toco,
E sinto este calor aconchegante
Mal posso abrir os olhos, perco o foco,
Só sinto esse vazio, deslumbrante.
As nuvens se sucedem, nunca param,
Apenas vão mudando de feitio.
As tuas mãos suaves já me amparam
Num travesseiro bom e tão macio...
Sentindo que retorno, manso ao solo,
Repouso, qual menino, no teu colo...
X
Eu quero a maciez de tua pele |
X
Ser tudo, ser seu sol... Sobreviver!
Sentido sentimento sem sentido,
Serei sempre sonhado? Sem saber;
Sou sombra. Sombreando sou sabido.
Sei sinas; sei sinais... Sobre o viver;
Soltando sem saber, serei sorvido?
Soldado sem serpentes, sei sorver?
Sol sem sertão. Sorver-te, sim. Servido?
Saberia ser sonho, se soubesse.
Sentiria saudades se sonhasse,
Sei, são somente sonhos, são sentidos.
Sonatas soltas, sórdidas... Sofridos:
Solidão sentimento; seus sonidos,
Seriam serenata, se sentisse...
X
PODEREI TRAZER OLHOS MAIS DISTANTES?
VÃO PERDIDOS, SEM RUMO, NAVEGANDO
PROCURAM POR TEUS OLHOS. FLUTUANDO...
NAS VAGAS SOMBRAS, LUZES VÃO BAILANDO,
NOS ÚLTIMOS COMPASSOS, DELIRANTES.
PERDER-ME, ALUCINADO, SABER QUANDO
PODER SER O QUE SONHO SER; BEM ANTES
DA DERRADEIRA DANÇA NOS TEUS BRAÇOS,
QUE ME CONDUZ VADIO POR ESPAÇOS
NOS COMPASSOS SERENOS DO TEU CANTO,
NO QUE ME DERA EM VIDA TANTO ENCANTO
NO QUE PUDERA SER MEU DESENCANTO,
MAS QUE, GLORIOSA, VIVE
X
Teu corpo no meu corpo está colado
Na dança atroz que vai queimando tudo;
Com toda a claridade, iluminado.
Roçando... Fico pasmo, quieto, mudo...
As mãos macias sabem deste agrado
Das delícias. Em todas, corte agudo
Na carne desejada, flor e cardo
Entrando devagar, rompendo escudo...
Quero insensatamente tresloucado
Beber do doce cálice da vida.
Quem fora torto, pálido, calado.
Procura em outros rumos a guarida.
Não trago mais os erros do passado,
Minha alma segue em ti, nave perdida...
X
As horas vão passando... Sinto algum
Desejo no bater manso do vento.
Às vezes imagino, ser nenhum
Poderia entrar pelo pensamento...
Andando por esquinas sou mais um...
Distante de qualquer dor ou lamento
Eu me embriago em ti. És o meu rum,
Te bebo com ternura e sentimento....
Nunca mais poderia planejar
Outro mar. Preguiçoso coração
Encontrou esse cais e quer ficar.
Pelos teus mares, luas e sertão,
Meu rumo e nexo, o sexo a trafegar;
Te sinto em pensamento, me tocar.
X
Teu fantasma rondando a minha cama...
Ouço tua voz... Tétrica, me chama...
Bem que tento fugir, mas não consigo
Pois me entranhaste tanto e estás comigo
Desde o primeiro instante feito chama
Que me queima e me fere; enfim, me inflama.
Há muito te conheço: és um perigo.
Bem sei de ti; porém não contradigo.
Se és amiga, convives companheira.
Mas quando me maltratas sem perdão,
Estraçalha o que fora a vida inteira.
Eu pressinto os teus passos pelo chão.
Em minha vida, amiga derradeira,
Sempre minha parceira: SOLIDÃO!
X
Quando te vi, amada viajante;
Eu nunca poderia adivinhar
Que, na vida, te mostras inconstante
Nas vezes em que pude te encontrar...
Bem sei que este teu passo é tão errante,
Companheira noturna do luar.
Mesmo perto, sentida tão distante
Navegante de todo o céu, do mar...
Amiga, bem tentei te conhecer
Mas nunca me mostraste tua face.
Não pude nem querer saber por que,
Pois só me permitiste o teu disfarce.
Às vezes ao tocar, te fiz perder...
Quando virás, enfim em mim; atar-se?
X
Eu nada mais pretendo senão ter
A mansidão de um lago em minhas mãos...
Depois de tantas vezes me perder
Em sonhos que se foram, quase vãos...
Eu sei que tu virás mulher amada,
Na boca desta noite que aproxima.
O canto mais sutil não diz mais nada
Talvez amor e dor sejam só rima.
Do outono que atravesso, essa lição:
Não deixe mais o medo te embalar;
Entregue-se corpo, alma e coração.
E vamos rumo ao sol comemorar
O retorno divinal da primavera
Matando a solidão, amarga fera!
X
Eu vejo este universo que reflete
Nos olhos de quem amo qual fornalha
Que ao mesmo tempo me repete
O sentimento calmo que agasalha...
Venci tolas etapas de ciúmes,
Em todas não fui mais que um simples tolo.
Quem quer saber de rosas e perfumes,
Precisa conhecer o desconsolo.
Agora que adormeço em tuas mãos,
Depois de tantas noites mais insones,
A vida vai se abrindo em negros vãos
Em sentimentos vários. Como um cone
Que se afunila sempre e vai tirando
A crosta, até no fim ir desnudando...
X
Interminável noite em minha vida;
Os maços de cigarro se sucedem
Na dança encharcada por bebida
Os olhos desejos não mais pedem...
O canto se findou sem contracanto
Morrendo sem ter paz, já não percebo
O gosto que fizera tanto encanto
Nem gesto de esperança, enfim, concebo...
Sou ermo vou sem remo e sem coragem,
A madrugada em lástimas transcorre.
Perdendo o meu caminho na viagem,
Apenas um silêncio me socorre.
O telefone toca. Quem me liga?
Clareia num segundo, a voz amiga...
X
É tarde quando o sono me domina,
Envolto em tantos medos e lamúrias.
A sorte que não veio me extermina
O vento se transforma, vem em fúrias...
Quase não reconheço meu sorriso,
De aberto e de tão franco morre triste...
Meu passo vai mais trôpego, impreciso,
Nem Minas que eu amava, não existe...
Restando a solução: morrer de tédio,
Morrer na solidão que eu cultivei.
Quem sabe o quanto é um remédio
Sou eu que tantos males enfrentei...
Mas vejo uma esperança derradeira,
No teu sorriso amigo, companheira...
X
Vesti a fantasia que me coube
A vida foi jogral, eu fui palhaço.
Quem sabe esta saudade inda me roube
Se bem que não deixou o menor traço
De vida que pudesse ser meu barco
Em busca de outros mares mais saudáveis.
O sonho que vivi, talvez bem parco,
Morreu em outros sonhos intragáveis...
A boca prometida nunca veio,
Nem menos o que fui, passou aqui.
Do canto que pensara ser esteio,
No seio de quem quis e já perdi...
Apenas me sobrando essa verdade
No gosto tão amargo da saudade...
X
Vamos dançar a noite que fizemos
Dos sonhos mais sinceros e serenos
No mar de tanto amor que nos perdemos
Os ventos, vagos ventos vão amenos...
Eu vim de mil amores em pedaços
Nos aços de meus olhos, frialdade.
Meus versos são meus vícios, mansos passos
Embaçam meus segredos, sem saudade...
Quem há de ser feliz sem ter amor?
Quanto arde a solidão, que é brusca fera,
Tu tens a maciez da bela flor
Que trouxe pro meu verso a primavera...
Bem sei que em nossos sonhos esse estio
Encharca de alegria olhos vazios...
X
O meu destino é corcel quase indomável
Que nada nem ninguém pode conter.
Às vezes tão sereno e tão amável
Por outras eu me perco sem saber...
Sou vésper e também sou o final,
Às vezes temerário ou temeroso,
Mas sempre quando estouro é natural
Que eu sofra mais de dor do que de gozo.
Solitário qual lobo que se vai,
Morrendo tão distante da matilha,
A sorte nos meus dedos já se esvai,
E busco em nosso amor caminho e trilha...
Quem sabe me acomodes ou me cures,
Mas eu te peço, amor, jamais tortures...
X
Bem sei que tanta dor já me acompanha Dos tempos de menino, o que me resta, Por mais que a dia venha a noite ganha E fecha novamente qualquer fresta. Mas tenho uma esperança na fragrância Que o vento trouxe em paz, de bem distante... Quem sabe se reverta o mal da infância E a vida seja enfim, de novo amante... Eu quero que este vento me responda Não use subterfúgios, seja franco, O mar que me inundou trazendo a onda Foi sonho que perdeu-se ou dia branco? Espero que esta noite o vento trague Um beijo que me toque e que me afague... |
X
Amigo, não se deixe mais levar
Por ondas tão distantes e profanas,
Ao mesmo tempo enfrentas céu e mar
Depois tão calmamente desenganas.
Bem sei que estas tempestas passageiras
Assustam quem jamais enfrenta a vida,
Mas saiba que amizades verdadeiras
Encontram facilmente uma saída.
Eu sou o mesmo que ontem te dizia
Das ondas tão difíceis, das marés,
Viver não é somente fantasias,
No chão é necessário fincar pés.
Tu sabes quem nós somos desde infância
Por isso não entendo essa inconstância...
X
Meu amor traz no seu peito bem marcado,
Por garras penetrantes; bem profundo,
Meu canto sem tristezas, compassado.
Já cabe dentro dele, todo o mundo!
Amor meu, por seus beijos sou; me inundo...
Meus abraços nos braços seus... Atado
Vou; conheço o mergulho e me aprofundo
Nesse louco prazer, desesperado!
Quero bem mais que tudo conhecer
Os limites sem rumo da paixão.
Beijando a sua boca conceber
Tanto quanto é capaz meu coração.
Quero aprender a ler nesse abc,
Cartilha que me ensina o que é paixão!
X
Vencidas as quimeras nesta vida
Encontro-me desnudo e sem vontade,
Cansado quase turvo e sem saída,
Espero teu apoio em amizade...
Mas vejo-te distante em teus problemas
Carrega o mesmo fardo, companheira.
Nos mantos que te vestem velhos temas
Que nos sugaram sempre a vida inteira...
Porém me dê teu braço, toma o meu,
E seguiremos leves. Bem mais fácil
Unirmos as lanternas neste breu
Por mais que cada brilho seja frágil...
Assim, somando forças, vamos prontos
Enfrentando quaisquer duros confrontos...
X
Não posso mais falar e nem pretendo |
X
Bem sabes dos meus erros e defeitos...
São tantos que nem mesmo eu sei contar,
Às vezes não vislumbro meus direitos,
Outras vezes nem posso imaginar.
Meus passos vão perdidos, sem sentido;
Tropeço em minhas pernas; vou ao chão...
Embora tantas vezes distraído
Não sinto quando firo. Mas, perdão!
Como um bando sem rumo, meus desejos
Atropelam demais, causam feridas.
Impetuosamente meus lampejos
Impedem que eu encontre as saídas...
Porém uma luz calma e tão sensata
Me guia pela escuridão da mata...
Tua distância, companheira amada,
Demonstra sem disfarce e sem pecado
O quando que sem ti, já não sou nada;
Meu canto vai seguindo, atropelado...
Tua distância, amiga, quanto enfada!
Se estás mais perto, estou abençoado.
Te espero em cada curva desta estrada
Onde sigo perdido, apaixonado...
Mas no fundo, estas milhas, tantas milhas
Vão me tornando, aos poucos, sem sentido...
Somente tu querida, forte; brilhas...
E longe, bem distante, essa esperança
Na curva desta estrada. Não duvido
Jamais pois meu olhar sempre te alcança!
X
X
O sol nascendo vai tragando a lua
E transformando escuridão em luz
Num sonho, minha amada andando nua,
O sol;beijando os seios, mais reluz.
Com seus cabelos soltos vem, flutua...
Tal efeito; delírio me produz.
Quisera minha vida ser só sua.
Quisera ser corcel, seu andaluz...
Não quero que isso seja uma ilusão
Dos sonhos e dos raios desse dia,
Quero ser bem mais que um simples não.
Nessa tela pintada em harmonia,
Serei raio solar, viva emoção,
Dourando suas trilhas... Fantasia...
X
|
|
X
A cruz abandonada no caminho
Traduz a sorte triste da paixão.
Não quero a sensação de estar sozinho,
Por isso risco trilhas, novo chão...
Quem fora tempestade no sertão,
A dona dos meus olhos, sem carinho...
Razão de vida mata o coração
Que teima... Vai morrendo, passarinho...
Esta cruz foi fincada por alguém
Que nunca poderia imaginar
Que simbolizaria o nosso bem...
Agora, novo sonho, novo mar...
Cansado de na vida ir sem ninguém,
Embarco em novo amor... Vou ao luar...
X
A tarde cristalina em belo ocaso,
Deitando sobre a terra seus mistérios.
Roçando nos seus raios ao acaso
Encontra os pensamentos mais etéreos...
Galopo sobre o lume deste sol
Buscando eternidade que não vinha.
Aos poucos transtornando o girassol
Beleza deste olhar que descaminha.
Confunde com teus olhos tanto brilho
Os raios desta estrela matutina...
Eu perdido, também me maravilho
Com todo esse esplendor que descortina
Na força sem igual do teu olhar,
Na tarde em minha vida, vem brilhar!
X
No túmulo da amada ao ver o nome
De quem jamais em vida pranteei,
Um vento frio corta e me consome
Lembrando da mulher que tanto amei.
Partindo; nada resta... Tudo some
Na poeira atroz, sobras do que sei.
U’a solidão terrível já me assome.
Que mundo tão cruel, que dura lei
Que leva junto a vida de quem ama
E faz sofrer assim, de tanto amor...
Ao apagar da vida morre a chama.
Oh! Meu Deus, me perdoe, por favor;
Não deixe que a saudade trace a trama
Que faz com que eu já pense a ti me opor!
X
No contrapé dessa saudade insana
Eu percebi que assim, tu titubeias.
Vencer todos teus medos tenho gana.
No final disso tudo; nossas teias
Emaranhadas. Mágica cabana
Onde meus doces sonhos incendeias.
Bem no fundo adorado amor se ufana
E percorre silente minhas veias...
Eu mal sei nomear seus artifícios,
E cedo assim aos seus loucos caprichos,
Trazer do amor a sorte em meus ofícios
É como procurar meus novos nichos
Delícias e prazeres são meus vícios,
Amor que jamais mede sacrifícios!
X
Amigo sei que a vida continua,
Também eu sei que tudo passará,
Porém com a distância alma flutua
E sei que outro caminho encontrará.
Mas saiba que agradeço todo dia,
O fato de poder ter conhecido
Alguém que me trazendo essa alegria
Demonstra com bondade o bem vivido.
Não deixe que isso morra. Também peço
Que sempre pense em mim com amizade,
Se a vida te aprontar algum tropeço,
Que saiba que tu tens a liberdade
De sempre procurar um ombro amigo,
Tu sabes que estarei sempre contigo!
X
Quantas vezes um copo esvaziado
Nos deixa uma impressão de meio termo.
Do tempo que perdemos, derramado,
O sentimento morre, vai longe, ermo...
Não deixe que isto ocorra, meu amigo,
A plenitude intensa nos protege,
Na luta mais constante, o teu abrigo
É canto que me toma e que nos rege.
A vida se apresenta traiçoeira,
A solidão nos bate sempre à porta.
Unindo nossa força costumeira
Nem mesmo uma tristeza já me importa.
Os teus braços atados com os meus,
Nos levam bem mais perto de Meu Deus...
X
Receba este meu verso como um beijo,
Em toda essa amplitude, sentimento,
Tu sabes quanto é louco o meu desejo;
Não paro de querer-te um só momento...
Meu verso que retrata minha história
Desfila em puro mel, te quer inteira,
Poder te amar, pra mim, suprema glória;
Na fúria mais gostosa e verdadeira...
Permita que a palavra amor te invada
E tome teus sentidos, te inebrie...
Eu tenho tanto amor por ti, amada,
Espero que este sonho te vicie
Nossos destinos? Quero-os atados
Nos versos que te dou, apaixonados...
X
Mal posso adormecer, te sinto aqui
Trazida pelo vento do querer.
Ah! Nessa imensidão te concebi
Sinônimo perfeito de prazer...
Meu pensamento; fixo, não pára,
O tempo inteiro quer te ter comigo,
A noite em solidão, nada me aclara,
Procuro em cada estrela o meu abrigo...
E vejo teu retrato neste céu,
Completa e tentadora sedução;
Aberto, sem ter nuvens, branco véu
Pintando o teu olhar, constelação...
Eu quero o teu amor. Cada segundo
Que passa sem te ter cala profundo...
X
Por mais que a vida seja tão difícil, Por maiores que sejam desventuras, Por mais alto que seja o precipício Desde o início perdidos sem ternuras, Na noite mais escura, sem ter lumes, No meio de uma guerra, dia-a-dia, Distante do rosal e dos perfumes, Escondidos, distantes da alegria... Mesmo que a tristeza nos consuma, Mesmo que esperança seja à toa. Mesmo em tempestade, em toda a bruma, Nos resta inda uma luz, que é forte e boa. Dá garra pra lutar, se de verdade, A força mais serena da amizade! |
X
Andando sobre as nuvens, boca e beijo,
Cultuo essa beleza rara e santa.
Sob a blusa... Teus seios... Antevejo
A viagem que alucina e que me encanta...
Sentindo o teu arfar me convidando
Ao nosso mais divino desenlace,
Me vejo, calmamente desnudando
E peço com carinho que me abrace.
E tudo se transcorre, corre a noite;
Em pétalas aberto este botão.
Meu mundo nos teus mares... Vem, acoite
E guarde sem temores, a emoção
De sermos muito mais que simples mentes
Unidos pelos corpos... Inclementes...
X
Se tanto te desejo no meu mundo
É por que vejo, em ti, a liberdade
Em cada beijo que me dás me inundo,
Arrancando do peito uma saudade.
Quando percebo em ti a claridade
De sonhos tantos, belos, me aprofundo;
Mergulho cego. Amar-me assim, quem há-de?
Nosso caso me traz amor fecundo.
O que fora, a princípio, lucidez,
Se torna pouco a pouco mais insano,
Sem a angústia voraz de pétrea tez;
Amar demais? Me torno mais capaz,
De um amor mais delicado e soberano
Sem martírio cruel, sem dor, jamais!
X
Por eu te amar demais, calo os tormentos,
Meus dias são fantásticas magias,
Transformo esse ruído em melodias...
Transporto para longe os meus lamentos.
Por te amar tanto, todos os momentos,
Minha vida se fez nas alegrias,
Não quero nem preciso dos alentos,
Até dor tem me dado uma alergia...
Quero sapatear no paraíso
E dançar toda dança dos mortais
Já sabendo que tudo o que preciso
Eu tenho, nem preciso mais de paz,
Eu não quero mais medos nem avisos,
O meu barco atracado no teu cais...
X
AH! COMO EU PODERIA TE DIZER
DA SENSAÇÃO CRUEL DESSA SAUDADE
DIZER-TE QUE, SEM TI, MELHOR MORRER!
VOU PROCURAR-TE
JAMAIS EU
INFORMAR ESSE LOUCO SEM POR QUE
AGORA QUE AS PALAVRAS SÃO NEFASTAS.
AGORA QUE
QUANTO MAIS ME APROXIMO, MAIS T'AFASTAS
MAS VEJO A ANGÚSTIA MAIS CRUEL, SORRIR.
SE, QUANTO MAIS DE DOR, MEU PEITO ABASTAS;
SUPLICO, POR FAVOR, O AMOR EM TI
X
Lembro-me dos teus olhos... Tanto frio... Certezas? Não as tenho, nem as sei... Amores são segredos... Vou vazio... Lembranças desse tempo onde fui rei. Agora que não temo mais; vadio; Confesso que não penso e nem pensei, Em meio a temporais, se inunda o rio Aonde muitas vezes naufraguei. Não quero mais nem ter um pensamento, A saudade doída me maltrata... Velhice vai chegando... Que tormento! Nem posso maldizer a vida ingrata Nem posso maltratar um só momento, Prazer que já se foi... Hoje me mata! |
X
Não quero mais reter este delírio Que teima em transformar todo o meu pranto Em serenata louca. Meu martírio: Querer receber ecos do meu canto! Quisera a mansidão de um alvo lírio, A sedução gentil sem desencanto. Podendo te enxergar, cura e colírio, Me salvando e trazendo o teu encanto. Não sei como viver na tua ausência, Não quero ser enfim, o fim da história; Pedindo, quero muito uma clemência Da vida. Foste canto, inda és glória. Não quero que me invada uma demência. Não quero uma saudade na memória... |
X
FALAR DE TUA AUSÊNCIA, MINHA AMADA |
X
Cheio de rosas, de jasmins e lírios, O meu jardim carece de uma flor Que traga em cheiro o meu querer. Delírios De quem se torna jardineiro, amor. Meu verso blues, minha canção tristonha Depois de tanto tempo se encontrando Na paz e na alegria de quem sonha Aos poucos novamente, se entregando. Espero que isso passe tão somente Assim como uma chuva de verão, A raridade enorme da semente Em mil desejos trouxe uma ilusão. Aguardo novo tempo em primavera Brotando em meu jardim. Ah! Quem me dera! |
X
A mansidão de um rio sem cascatas Descendo para o mar sem ter percalços, O vento desfilando sobre as matas... Os sonhos se mostraram todos falsos... As noites se passando, morrem frias, O sol jamais de novo irá brilhar? As mãos sem primavera estão vazias, O medo se espalhou e ganhou ar... Meu canto se perdendo, bem mais frágil, Restando quase um nada... Nada mais... Quem sabe talvez venha um bom presságio Em forma de canção. Mas tanto faz Talvez inda me reste um novo dia Trazendo uma esperança em poesia... |
X
Revelas atitudes tão diversas
Nestas situações mais complicadas.
As noites que vivemos vão dispersas
Em meio a tantas dores disfarçadas.
Não sabes quanto encantas. Nem percebes...
Eu vivo em teu amor, uma esperança.
Viajo o pensamento em calmas sebes,
Nirvana em fantasia, uma alma alcança.
Me hás dito que medito sempre em vão,
Malditos os momentos que perdi
Em ditos e desditas da ilusão,
Meus ritos mais doridos são por ti.
Mas amo, nunca nego essa verdade,
Se ver-te arde, prefiro a ter saudade...
X
Quando o vento triste da saudade Bateu em minha porta, solidão! Achei que não veria a claridade Morrendo na total escuridão... Perdi meu rumo. Quase perco a vida, Sem ter apoio, o barco naufragou... Não via para o caso nem saída, Meu canto de alegria se findou... Então eu percebi que estava só Coberto por cortina de fumaça Que embaça e que vai plena em tanto pó... A sorte transformada em desgraça. A tua mão amiga ao segurar, Um resto de esperança em meio ao mar... |
X
Não quero ter riquezas que se perdem |
X
Muitas vezes deixei de caminhar
Por medo desta pedra pontiaguda.
Depois de me perder e me encontrar
Contei e fui feliz com tua ajuda.
Amiga, te agradeço a cada dia
O fato de eu poder sobreviver.
Se trago algum resquício de alegria
A ti eu reconheço o meu dever.
Somos tantas vezes machucados
Por quem imaginávamos amigo.
Às vezes nos amores, magoados,
Não temos mais ninguém, que dê abrigo.
Mas tive tanta sorte nesta vida,
De ter tua amizade tão querida...
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Um rouxinol se esconde em pleno dia
Tal qual fosse a promessa que fizeste,
Amada, no teu canto a cotovia
Me afugentando lá de onde vieste...
As liras que cantei foram sinceras
No vento mais sutil, eu me entreguei,
Agora o que fazer das primaveras,
Se amar demais persiste como lei?
Talvez um novo canto, sem promessas
Talvez reste o vazio em desencanto
Meu barco naufragado me confessas
Que o tempo que passou talvez foi tanto...
Mas sei que um belo amor não morre assim,
Te espero, sempre espero. Amor, enfim...
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Preciso do teu braço, meu amigo. Meu sonho se esvaiu sem ter sentido, Meu mundo vai caindo sem abrigo Inverno vai chegando e eu partido... Não sei se fui feliz, talvez até; O amargo vai tomando meu sorriso, Perdendo totalmente a minha fé, Morrendo sem saber de paraíso... Amigo, tantas vezes me disseste Do brilho que falseia uma esperança. Do pouco que talvez inda me reste, O mar que procurei, vai sem lembrança... Mas peço-te querido camarada, Teu braço no final desta jornada... |
X
Estrela que busquei em pleno céu
Cantando nos meus versos este sonho.
Montado em fantasia, meu corcel,
Querendo uma alegria, vou risonho...
Mas nada do que quis foi verdadeiro,
Apenas esperança. Mas.... Quem sabe?
Mergulho no teu mundo e vou inteiro,
Talvez este vazio já se acabe...
Mas não. Eu não sou triste, canto até.
Me sinto bem contente por te amar,
Amanhã serás minha, eu tenho fé.
Não me canso e nem sofro a te esperar...
Pois sei que nosso rumo foi traçado,
Por um deus que é também enamorado....
X
Cismando pelas roças e sertões,
Debaixo desta lua inebriante.
As cordas dos sonoros violões
Janelas entreabertas... Lua amante.
Cantando nosso amor em serenata,
Em meio ao festival de grilos, sapos,
Saudade desse tempo me arremata,
O coração desfeito; restam trapos...
“A lira do cantor...” A noite bela...
Amada me esperando, com sorriso...
Abrindo o coração, abre a janela,
As portas para entrar no paraíso...
Vieste e logo foste, nada além,
Sobrou essa vontade de meu bem...
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Nos olhos teus eu vejo o meu reflexo
Assim como em tua alma sinto a minha,
Amor quando é demais, eu perco o nexo,
A vida noutra vida já se aninha...
O teu amor me vence e me conquista
Ao mesmo tempo em que te conquistei.
Ao sopro deste vento não resista
Por ele é que nasci e morrerei...
Sentindo a suavidade tão precisa
Pousando no teu colo, meu descanso,
A mão vai passeando, leve brisa,
E logo o teu caminho, eu sinto... Alcanço...
Meus olhos; vou fechando lentamente,
E sinto-te desnuda, de repente...
X
Paixão: um sofrimento que angustia
E faz calamidades sem motivos,
Aquece e de repente, é noite fria,
Explode em mil fantasmas emotivos.
Paixão, imensidão tão diminuta
Que perde e faz perder a quem encontra.
É látego tormento e nada astuta
É quase sempre pró, às vezes contra.
Dispara na mudez uma ofensiva,
Ao mesmo tempo cega e nada vê,
É mansa e tão cruel, é radioativa,
Em nada mais confia, em tudo crê.
Relâmpago que corta, retumbante,
E mata o que sustenta, inebriante...
X
Junto do mar, deitando meu cansaço,
Ao fechar os meus olhos, logo ouvi,
O vento delicado num abraço,
Pensei que te encontrei de novo, aqui...
As ondas se quebrando em alva areia,
Ouvindo este marulho, viajando...
Percebo como um canto de sereia,
Uma voz tão distante, me encantando...
Sentindo um leve toque nos meus lábios,
Em tal prazer imenso já me entrego.
Há muito que perdera os astrolábios,
Sem rumo, sem destino, não navego...
Os olhos... Vou abrindo, lentamente...
E sonho estar contigo, corpo e mente...
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Estendo os braços, te procuro amada
E sinto que fugiste. Para onde?
Procuro nas esquinas. Cadê? Nada...
Apenas o silêncio me responde...
De tudo o que queria, sei que o vento
Levou para distante dos meus braços...
Quem sabe a solidão com seu tormento
Já queira decretar; comigo, os laços...
Daquela primavera prometida
Não resta nem a flor que eu mais queria...
Meus versos se perdendo calam vida,
Aos poucos vou matar a poesia...
Somente uma saudade me acompanha
Desde o princípio ao fim, toda essa sanha...
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Passando pelo céu, vai viajante louca. Passageira a temer sabe das venturas Que na vida irá ter, quem vive para amar Mesmo que caminhando em noites mais escuras Buscando no luar farol que irá guiar Os passos a fugir bem longe de amarguras Minha alma te procura, amor, vai encontrar? |
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Morena, se tu soubesses
O quanto eu te quero bem,
Tu não rias, não brincavas,
Perto de mim, com ninguém.
Tanto ciúme, tenho da morena
Mais bela que encontrei na minha vida.
Às vezes de mim mesmo tenho pena
Por levar minha sina assim; sofrida...
Bem sei que tu és flor tão delicada,
E vives totalmente para mim.
Perdoe esta paixão desenfreada
Que tanto me maltrata e quer meu fim...
Mas que posso fazer se te desejo
Da forma mais intensa e mais cruel.
Eu tento controlar, mas quando vejo,
De novo vou fazendo um mau papel.
Só sei que quando estou apaixonado,
Não olho pra ninguém, nem para o lado...
X
Deitada no divã enlanguescida
O vento ter assoprando, delicado...
Percebo esta delícia em minha vida
E me sento; sereno, do teu lado..
Sentindo as vibrações que logo emanas
Roçando o teu cabelo com meus lábios...
Depois de minha ausência por semanas,
Meus dedos te vasculham; são bem sábios...
E quando, ao perceber que te entregaste
Aos meus carinhos; beijo tua boca,
Percebo que também o desejaste
E a tarde terminando, nua e louca...
Mulher por quem sofri, amei; um dia,
Amante, deusa e musa: poesia!
Essa é a minha homenagem a todos os poetas e poetisas por esse dia.
X
Morava num palácio esta princesa
Que um dia se tomou em fantasia
E quase se perdeu numa tristeza
Matando o seu amor, uma alegria...
Depois ao se encontrar sozinha um dia,
Sem ter mais esperanças, mas vaidosa
Rasgou o seu silêncio e me pedia;
De novo cultivasse aquela rosa
Regada com amor, neste jardim;
Porém tanta tristeza condenava
Pobre rosa a morrer antes do fim,
Bem antes do que dela se esperava.
A rosa em sacrifício se entregou,
Princesa descuidada, nem notou...
X
Quando eu era galo novo
Comia milho na mão.
Hoje eu sou galo velho
Cato com o bico no chão.
Eu sei que estou bem velho pra você,
Mas saiba que lhe quero noite e dia,
Às vezes me pergunto: Mas por quê?
Não posso ter no mundo uma alegria...
Morena como eu quero o seu querer,
Desculpe-me bem sei que não me quer,
Eu quero do seu lado, amor, viver
Depressa! Venha ser minha mulher!
Ao ver como estou velho me pergunto,
Por que quê o coração é de menino?
Se os dois envelhecessem sempre junto
Talvez eu não sofresse o desatino...
No tempo de rapaz eu nem pensava...
Eu juro! O seu amor não me escapava!
A trova é da região Nordeste de Minas
X
Quero uma ilha isolada no oceano
Banhada pelos sonhos e desejos
Distante deste mar de desengano
Coberta por carinhos e por beijos...
Dos prantos esquecida, sem tormenta,
Suaves suas praias, calmas ondas,
Ondina do prazer que se arrebenta
Refletindo o luar; luas redondas...
Um belo manto envolve sua areia,
Tem tudo o que mais quero e que preciso,
Nudez que tu desfilas qual sereia,
Tornando esse meu sonho, um paraíso.
Quem dera se tivesse a maravilha
Viver nesse esplendor, amor, minha ilha...
X
Amiga como é bom saber que estás
Feliz por que encontraste um novo amor.
A vida solitária sempre traz
Um gosto tão cruel, um amargor.
Pois que este amor te traga muita paz,
E um futuro melhor, encantador.
Quem ama se imagina mais capaz
Pela força que emana um grande amor.
Brindemos ao caminho de esperança
Que se abre a cada dia para ti.
Estreitemos assim nossa aliança
Sabendo que és feliz me convenci
Que Deus te clareou neste momento
Soprando em tua vida, um calmo vento...
X
Amada, faz um ano... Lembro bem,
Que a gente começou a namorar.
Durante tanto tempo sem ninguém
Sozinho, sem ninguém para encontrar!
Alguns dias depois, quase brigamos,
Ciúmes de quem fora teu amor.
Por mares tão difíceis navegamos,
Em busca deste cais encantador
Um ano de namoro e muita história,
Felizes, somos dois apaixonados.
Amar é se render a toda glória
É prova de que existe um Deus no Céu,
Muito obrigado e que sejam nossos fados,
Eterna seja assim, lua de mel!
X
Cuidando deste amor com fino trato
Fazendo da esperança um instrumento
Que traga uma alegria, no contato
E nunca mais se faça um juramento...
Eu te amo, isso me basta. É meu retrato
O rosto pleno em gozo, um sentimento,
Amar é mais que um sonho, já é fato
Que traz ao meu cantar, contentamento...
O canto derramado em minha voz
É canto de alegria em toda a glória,
Olvido o sofrimento mais atroz
E sigo meu amor qual peregrino
Refaço, desta forma a minha história,
E volto nos teus braços, qual menino...
X
O corte prometido, faca e lança,
Os olhos esquecidos se perderam,
A morte como resto de esperança
Os medos se encontraram, convenceram...
Restou um gosto amargo do quem fora
Se força fosse ser algo maior,
A parte que me cabe revigora
No sonho de ser mais e ser melhor...
Não valem um sorriso que não tenho
Não servem como alento nem castigo
Desse mundo impreciso de onde venho,
O resto do que sou mora comigo.
E tenho uma saudade absoluta
Do tanto que te amei, sem ter disputa...
X
Eu quero o manso gozo da pantera
Em laivos de ternura em calmaria.
No cheiro em ferormônio, louca fera
Se solta e me domina em fantasia...
Eu quero me arranhar em suas garras,
Sentir as suas presas sobre mim.
E preso no seu corpo por amarras
Deitar, virar refém, até no fim...
Eu quero o seu gemido, quero o risco
De me encontrar deveras dominado,
Por fêmea tão feroz, em salto arisco,
E me entregar já sendo devorado...
Pantera que me toca e me alucina,
Se entrega e ao mesmo me domina...
X
Coração de pedra dura,
da mais dura que houver;
eu jurei de te amar,
enquanto vida tiver.
Eu juro te amarei por toda a vida
Até por outras vidas se tiver.
A tua imagem sempre tão querida,
Mostrando esta beleza que é mulher.
O meu empedernido coração
Ao ver o teu encanto amoleceu,
Trazendo para a vida uma emoção,
O meu amor é todo, todo teu...
Enquanto respirar serás meu ar,
O sangue que me corre pelas veias.
Não deixo meu amor de te adorar,
As luas, nossas noites, sempre cheias...
Tu és o lenitivo para a dor,
Tu és o meu amor, encantador...
X
Quando escrevo teu nome me ilumino Encharcando a minha alma com perfumes Um sentimento imenso mal domino Dourando estes meus versos nos teus lumes. Mil vezes eu pensei que não virias, Depois de tantos erros cometidos, Clamando por teu nome em noites frias, Temendo a decepção: mal entendidos... É bom saber que posso confiar Em quem sempre me deu toda atenção, Eu sei quando é difícil me aturar, Mas peço, novamente, teu perdão. Amiga, magoei-te por demais, Agora, nos meus versos peço paz... |
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