À janela, de noite te esperando, Na forma deste vento tão suave, Aos poucos tua voz já vem chegando, Nos sonhos, meus desejos, uma nave... O vento, calma brisa, me tocando, Abrindo o coração, encontra a chave E sem que eu sinta já chega me entranhando. Permito que este sonho sempre lave As dores do que fui e não sou mais, Não tenho mais as penas que sofria... Agora, que sou teu; encontro a paz, A paz que tantas vezes procurara... A voz que escuto, enfim, é tão macia, Desta mulher tão bela quanto rara... |
X
Reclamas quando falo em tanto amor,
Desculpe meu amigo, são meus versos
Reflexos do que sente um sonhador
Que paira por caminhos mais diversos
Daqueles que procuras por pudor.
Tive desilusões, mares imersos
Talvez não suportasse tanta dor
Se não tivesse sonhos mais dispersos
Falando de promessas esquecidas,
Dizendo deste esgoto em que vivemos,
Não sei se estas conversas repetidas
Fizessem tanto bem a quem procura
Nas cruzes e rancores que tivemos,
Achar a solução pra noite escura...
X
Na fonte dos desejos eu te vi,
No espelho; refletida nos meus olhos,
De tanto amar demais eu me perdi,
A solidão colhida quase em molhos.
Mas veio um vento doce que me disse
Se todo grande amor termina assim,
Qual fosse triste sina que cumprisse;
-Resista amor imenso, até no fim!
Meu canto no teu canto se propaga
A chama que nos queima não termina,
Apenas determina; não se apaga,
Acende no teu fogo. Uma menina
Que sabe muito bem o que bem quer,
Na cama me fascina: Que mulher!
X
Meus filhos são meus versos prediletos,
São feitos da alegria e da esperança
De sonhos mais perfeitos e diletos,
Limites onde a vista, minha, alcança...
Passeiam pela casa meus afetos
Brincando com pureza de criança.
Às vezes; nos meus sonhos incorretos,
Jogado n’algum canto da lembrança
Esqueço que também corria solto
Na casa dos meus pais, doce janeiro...
Nos braços da saudade vou envolto
E acordo com um grito ou um sorriso,
E o amor que é mais completo e verdadeiro,
Convida a padecer no paraíso!
X
Me lembro da presença delicada,
Tão mansa mas perfeita em sintonia
Daquela que com mãos de seda e fada
Aos poucos me domava em alegria...
Faz tempo que desejo, mãe amada,
Cantar nestes meus versos, poesia
À ti, mulher querida e dedicada,
Amiga e companheira, dia a dia...
Te sinto, mesmo longe, aqui tão perto,
Amor igual ao teu não recebi,
Estás em cada dia em que desperto
No sol que no meu mundo descortino,
Beleza sem igual encontro em ti,
Minha querida Osília Mannarino!
X
Refugos do que fomos no passado,
São vestes que não cabem. As despreze...
O tempo pode ser teu aliado,
Por isso, as diferenças, sempre pese.
Que o corte nunca seja aprofundado
Que a faca do que fomos não te lese,
Não digo que futuro é belo prado,
Somente quero defender a tese
De que a vida merece ser vivida
Com olhos no amanhã. A cicatriz
Já representa a cura da ferida.
Moinhos só se movem com agora,
Talvez pensando assim, seja feliz,
Não use o que passaste como escora!
X
Recebo teu carinho contumaz
Neste esplendor perfeito, tanto afeto.
A boca te beijando pede, audaz,
O beijo mais gostoso e predileto..
Estrelas tão serenas, noite traz,
Encanto deste canto predileto,
Eu quero ser do amor, no amor capaz,
De amor viver seguro, estar repleto...
Meu verso vai na busca do teu verso
Formando este universo todo nosso,
Unido sentimento, jamais disperso,
Provoca um maremoto no meu peito,
Falando em nosso amor, amor endosso
Sabendo: ser feliz, nosso direito!
X
Estrela dos meus sonhos mais bonitos,
Rainha deste céu que me ilumina.
Eu clamo por teu nome aos infinitos,
Tua alma generosa, perla fina...
Cintilas no meu céu, imenso brilho,
Sonatas ao luar, mil madrigais,
Meu peito que, antes, era maltrapilho,
Agora navegante dos astrais...
Aromas delicados, tua boca,
Na seda, em tua pele, a me perder...
Minha alma na tua alma já se enfoca
Reflete esta beleza do teu ser.
Tu és amante amada. Amor, querida...
Por certo és a mulher da minha vida!
X
“Ah! Se eu pudesse te abraçar, agora!”
Te juro, não soltava nunca mais!
Se a chuva vai caindo bem lá fora,
Saudade, no meu peito inda é demais!
Meu peito, desejoso, só te implora,
Não deixe-me sozinho, amor, jamais!
Vem cá, moça bonita. Tá na hora!
Meu barco precisando do teu cais!
Tu és a manga rosa do pomar
Que Deus celestial me preparou.
Jamais de amar demais, irei deixar,
Te quero noite e dia sem parar,
De noite balançando a rede. É gol!
Beijar, fazer amor? Só começar!
X
Teus braços me envolvendo tentadores, Me acalmam, produzindo sensações Que trazem os canteiros em mil flores Perfumes adorados das paixões... Te quero bem além de tantas dores Causadas pelas tristes ilusões Formadas por terríveis dissabores Que cortam e maltratam corações. Em teus braços, meus barcos acham cais Descansam da batalha, dia a dia, São mais do que promessa, são avais, Certeza de que a vida vale a pena. Por isso que; em ti, vejo a garantia De um tempo mais feliz que a vida acena... |
X
Paixão que se deslumbra violenta
Tragando cada sonho revelado;
Jamais se permitindo mansa e lenta
Demonstra-se no olhar mais transtornado...
Paixão que se transforma em vil tormenta
Neste incontido gesto do passado,
A boca se tornando mais sedenta
Da boca que se quer, extasiado...
Ao mesmo tempo ignóbil, anda tão frágil,
Ao mesmo tempo insana é paciente,
Permite-se ao convite e ao contágio,
Faz do meu coração pobre palhaço,
Embora se derrete em forno quente,
Cortante, no meu peito, invade o aço...
X
Quando te vi nascendo de meus braços |
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X
Os teus lábios, sedentos, sensuais,
Buscando, nos meus lábios, contraponto,
As línguas já procuram céus, astrais,
Deixando-me mais leve e quase tonto.
Querendo descobrir cada vez mais
Os tão doces delírios que eu apronto
Nos festins delicados e fatais
Das estrelas que tento e jamais conto...
Carinhos se procuram; sonhadores
Canteiros inundados pelas flores
Tão belas quão morena riso e graça,
Que passa e que entontece um trovador
No beijo que um futuro bom já traça,
Imerso em mil desejos, nosso amor...
X
Bebendo docemente em tua boca O gosto da aguardente inebriante, Vontade de te ter ficando louca, Não deixe que se acabe um bom instante; Angústia vai morrendo de tão pouca A lua se tornando radiante, A voz vem num sussurro, quase rouca, Deitada em nossa cama, minha amante... Bebendo toda gota do desejo Que explode numa dança sensual, Amar não necessita ter traquejo É só deixar fluir... Que o bom já vem, Todo dia, o prazer é ritual, Bebendo e me inundando em nosso bem... |
X
Das flores que plantei no meu canteiro
O cheiro sensual da rosa rubra
Desejo tão real e derradeiro,
Fazendo com que a sorte, enfim, descubra.
Perfumas minha mão de jardineiro,
Trazendo toda sorte que a recubra
No olor mais delicado e verdadeiro.
Não deixe que esta nuvem má encubra
A rosa sensual e perfumada
Que nasce no jardim mais bem cuidado.
Só pede meu carinho e quase nada
Além duma emoção pura e sincera.
Por isso, pela rosa apaixonado,
Renasce, no meu peito, a primavera!
X
Não quero em nosso amor, tal empecilho
Que possa transtornar o que persigo,
Permita-nos seguir o intenso brilho
Que sempre iluminou qual trilho amigo.
Não deixe esta saudade sempre-viva
Permita que esta rosa me inebrie,
Eu clamo o teu amor
Nas
Confie que esta vida sempre leve
Nós dois, apaixonados, para o céu,
Que toda esta tristeza seja breve,
Em pouco tu terás amor e mel.
Amor não se derruba com machado
Quando no coração vai bem cuidado...
X
A solidão é gume de um punhal
Cravado nas entranhas dum amor.
Por vezes o seu corte traz fatal
Desilusão em forma de temor.
Bem longe do que mostra ser normal,
Calando a voz de um frágil sonhador,
Carrega bem guardado no bornal
Espinhos. Aos milhares, matam flor.
Amiga da mentira, irmã da intriga,
A solidão é fera e sem pudor.
Criando com a morte, forte liga,
Com traços de total iniqüidade,
Somente um sentimento salvador,
Nos cura deste mal: uma amizade!
X
Quando na febre intensa te encontrei
Sentia esta presença qual delírio.
De todo o sofrimento que passei
Marcado pelos cortes do martírio,
Eu via uma esperança mais sublime
De uma felicidade tão imensa...
Permita que, por isso, eu tanto estime,
O teu amor que é minha recompensa!
Afago teus cabelos, beijo a boca,
Deitado no teu colo; sinto o céu...
Pois quem já vira a sorte longe e pouca,
Aos poucos, vai mudando o seu papel.
Na febre do desejo que me inflama,
Meu corpo quer remédio em tua chama...
X
Percorro tais caminhos de cristal |
X
Um beijo divinal roubado às pressas
Quando menos se espera me alucina...
Enchendo de esperanças e promessas
Meu sonho de ser teu, minha menina...
Depois de tantas horas de conversas
De amar, a resistência cedo mina,
Deixando as emoções logo às avessas
Beleza num futuro; descortina...
Ah! Como estou feliz e não sabia
Que amar seria assim, tão mavioso...
O canto que se empresta em fantasia
Mostrando como é bom poder amar,
Agora, caminhando vaidoso,
Já sei significado do luar!
X
Minha alma se aposenta em teus carinhos, Deitada em tua cama, gozo e dor, Guardando o sentimento em escaninhos, Me entrego ao teu desejo e teu furor... Abusas dos folguedos mais vorazes, Acendes a fornalha da loucura Mostrando teus delírios tão mordazes, Me morde e me maltrata com ternura. Sentindo-me um joguete nos teus braços, Dominas cada qual dos meus sentidos, Riscando em cicatriz, tatuas traços Nas costas, nos meus pés já combalidos... E vamos noite adentro em tal bailado; Sangrando nosso amor, apaixonado... |
X
Meu coração servido em iguaria Neste banquete imenso, dionísico, Devoras calmamente nesta orgia Aos poucos sei que vou morrendo em físico... Sou sobra do que fora um sonhador, Entregue ao teu desejo demoníaco, Mas saibas que sou teu adorador, Te quero com prazer paradisíaco... Servido como prato principal Na cama, o teu altar mais freqüentado, Latejos de desejo sensual, Me sinto, aos poucos, sendo devorado... Hedônica figura de serpente, Que quer me envenenar, e estou contente... |
X
Meu pensamento, nunca soberano, Jamais cuidou de ser do amor cativo, Depois de se perder em desengano, Criou esta ilusão de amor que vivo. Vencido pela força das quimeras, Amor levara sempre duros fardos, Sabendo quanto doem as esperas, Amor já se cortara em tantos cardos... Porém destes espinhos do caminho, Amor encontra a flor mais delicada, E sabe que se foi bem mais sozinho, Agora segue a vida iluminada Nos braços de quem mais valera pena, No colo extasiante da morena... |
X
Eu desculpo ao amor o meu tormento Bem sei que não se pode desejar A vida sem sequer um sofrimento, Porém nuvem não pára a luz solar Apenas ocultando por instantes Depois da chuva forte, volta o brilho, Às vezes com mais força agora que antes, Livrando um coração tão maltrapilho... Após a solidão veio a morena Que trouxe tal perfume ao meu jardim, A sorte benfazeja sempre acena Rompendo a tempestade, antes, sem fim. Mereço melhor sorte que viver Distante da alegria e do prazer! |
X
Eu agradeço amor por esta sorte
Que trouxe uma sem fim felicidade,
Quem fora simplesmente sangue e corte,
Agora se permite a imensidade.
Ganhando o paraíso, eu conheci
Das terras planaltinas, a princesa
Que se entregou ao manso colibri
Enchendo de alegria, a natureza,
Nas danças, nas andanças sem sentido,
Nos sonhos mais bonitos um castelo
Em pleno coração do reino erguido,
Imenso e gigantesco, calmo e belo,
Para homenagear a sensual
Princesa, este caboclo Taj Mahal...
X
Quem vive descontente não percebe
Que a luz eternamente vai brilhar
Naquele que amizade já concebe
Levando pelo braço como um par.
Amigo é como irmão que Deus nos deu
Um anjo que protege nas tristezas.
Um lume que clareia quando o breu
Esconde no porão tantas belezas.
Amigo é sempre mais que companheiro
Amigo compartilha nossas dores,
Embora nos defenda é verdadeiro,
Nos fala sem mentiras ou pudores...
Amigo, como é bom saber que estás
Trazendo esta harmonia, plena em paz...
X
Aos poucos desnudando essa pantera Que existe na mulher que desejei, Da flor que despetalo; a primavera, Se entorna na nudez que eu ansiei. Liberta adormecida e louca fera Que quer nesse prazer sulcar a lei Amando sem limites, vem à vera Sugando cada gota, me faz rei... As pernas se procuram no tapete Estendido na sala de jantar, Sedento... Esta vontade de beber-te Aumenta cada vez e muito mais... Devoro enquanto deixo devorar Amar e ter prazer nunca é demais! |
X
Sem lágrimas, suspiros, vãos tormentos Eu quero o nosso amor profundo, intenso. Tomando já de assalto os pensamentos, Desejos de viver amor imenso. Numa órbita perdida, sem destino, Sem ter sequer parâmetro, me perco, Se estás distante morro em desatino, As dores vão fechando todo o cerco. Mas quando recupero tua imagem Na mira dos meus olhos, quero o zoom, Amada, és minha bússola em viagem, Sem ter o teu carinho, sou nenhum... Por isso que te quero, sem demora, Quem sabe nunca mais deixa ir embora... |
X
Neste teu colo brônzeo, sedutor,
Preciso descansar o meu desejo
De ser bem mais que simples sonhador
Que quer futuro imenso onde prevejo
A sorte benfazeja e decidida
De ser além do amor, eternidade,
Viceja a doce flor, cerrando a vida
Nos braços em total felicidade...
Na tua pele bela e tão trigueira,
No teu sorriso mármore mais puro,
De quero aqui comigo, a vida inteira,
Espero poder ser o teu futuro.
Amada, em raridade, minha flor,
Quem dera colibri, teu beija-flor!
X
Fujo de mim, me encontro nos teus braços,
Que sabes, são meus portos, são meus cais.
Atados por potentes, fortes laços,
Distante dos teus braços, sou jamais...
Vagueio o pensamento por espaços
Vazios, sem saber se virás mais,
Mas quando te pressinto, e sigo os passos,
Percebo que viver é bom demais...
Amada não me deixe sem notícias,
Não posso mais seguir sem ti, sozinho,
Derrame uma avalanche de carícias,
Me afogue me cercando de carinho,
E vamos sempre avante sem perguntas,
Levando as nossas vidas, sempre juntas!
X
Na boca graciosa, o riso franco,
De quem sabe viver e ser feliz.
O sangramento na alma sempre estanco
Nesta alegria imensa que me diz
Que a vida, meu amor, já vale a pena,
Que mesmo a fantasia nos consola.
Por mais que esteja só, a vida acena
E toda uma tristeza se controla
Com palavras mais doces, mais sinceras,
Tu sempre conseguiu ser lenitivo,
Mesmo quando sozinho, entregue às feras,
Mesmo quando da dor eu fui cativo...
Por isso minha amada companheira,
Preciso estar contigo a vida inteira!
X
Quando eu estou sozinho e descontente;
A solidão batendo à minha porta,
Pensando: ser feliz é mais urgente,
Uma saudade imensa, amor comporta...
Procuro a solução que me sustente
De paz e de alegria. A dor se aborta
E torna-se mais frágil, de repente.
A vida, distraída não me corta...
Dos males que padeço, nem te falo,
Das dores que carrego, nem te digo,
Ao ver tanta tristeza, assim, me calo.
Mas sinto a tua mão, sinceridade,
É bom poder contar contigo, amigo.
A solução que espero: Uma amizade!
X
Nas cores que alumiam meu desejo,
Inúteis passarinhos quedam sós.
Se vejo não prevejo nem revejo;
Desejo e quero ouvir a tua voz...
Na sala do meu sonho, um azulejo
Quebrado, me prendendo tortos nós...
Se perco não me pelo nem pelejo,
Eu não quero ser algo ou ser algoz...
Caminho por teu ninho e tua senda...
Espero-te na curva do meu rio.
Nos desertos, ocara, taba, tenda,
Acabo vendo luz em mil amores...
Coração que não rebate mata o cio,
Eu quero, em teu desejo, tantas cores...
X
Sou quase o que não fora se quisesse |
X
Te via caminhando pelas ruas
O rosto transmudado me impedia,
De perceber as costas semi nuas
De quem compartilhara a fantasia.
Te via nas senzalas e botecos,
Em todos os quilombos e prisões.
Cruzando essas esquinas, tantos becos,
Imerso dentro em nossos corações.
Eu chamo-te de amigo e companheiro,
Tu me ensinaste assim, eu aprendi.
Depois que conheci teu verdadeiro
Rosto, essa imagem nunca mais perdi.
Adubo verdadeiro em bela flor,
Nascendo no canteiro deste AMOR!
X
O meu peito se afoga no desejo De ser o teu destino, sina e rumo. Sentir da sorte o gosto no bafejo E não perder a vida, leve fumo... Tu sabes, já faz tempo, eu te cortejo Pois quero te provar, delícia e sumo, Agora que percebo, nesse ensejo, Aos poucos, nessa idéia me acostumo... A febre de sonhar nunca me larga, Eu quero poder ser senhor, cativo, Amor crava sem dó, a doce adarga, Que traz prazer como uma hemorragia, Morrendo neste amor, estou mais vivo, Vivendo sem sofrer, morro alegria! |
X
Solto o teu cabelo, roço a nuca,
E sinto no arrepio, o teu desejo.
A barba que mal feita, te machuca,
De leve vai seguindo o bom cortejo...
Os olhos revirando, entreabertos,
As mãos se deliciam na procura,
Oásis vão jorrando nos desertos,
Aos poucos sensação de uma loucura
Sem par e com destino bem traçado,
Vasculham-se perfeitas emoções,
Neste furor intenso, apaixonado,
No peito, corações, palpitações...
Ouvindo o teu suspiro venturoso,
Um mar de amor se inunda em nosso gozo...
X
Um beijo divinal roubado às pressas
Quando menos se espera me alucina...
Enchendo de esperanças e promessas
Meu sonho de ser teu, minha menina...
Depois de tantas horas de conversas
De amar, a resistência cedo mina,
Deixando as emoções logo às avessas
Beleza num futuro; descortina...
Ah! Como estou feliz e não sabia
Que amar seria assim, tão mavioso...
O canto que se empresta em fantasia
Mostrando como é bom poder amar,
Agora, caminhando vaidoso,
Já sei significado do luar!
X
Perfumo o nosso leito com jasmim
E rosas escolhidas no canteiro
Regado por amores sem ter fim
Lagrimado no sonho derradeiro...
Que faço deste mundo sendo assim,
Se vais por outro sonho por inteiro,
Sem teu amor querida sou, enfim,
Um barco que perdeu o timoneiro...
Mas vejo uma esperança neste olhar
Sereno e sedutor atrás da porta.
Quem sabe poderemos navegar
Por mares bem mais calmos e serenos...
Assim nem a tristeza quase morta,
Nos cabe, com seus últimos venenos...
X
Kágado é bicho perrengue, Mas ateima até chegar: - Inda vem a te alcançar. (Minas Gerais) Bem sei que sou teimoso, meu amor, Meus versos não se cansam de chamar. Eu carrego o teu nome pr’onde for, Preciso, pra viver, do teu amar... Amar é ser assim, muito constante E não deixar jamais de persistir, Quem sabe o teu amor, vem num instante, Por isso nunca mais vou desistir... O tempo vai passar, vou criar ruga, Mas mesmo assim vivendo para ti, Com paciência, a pobre tartaruga, Depois de muito tempo chega aqui. Dizendo o meu amor, eu não me canso, Quem sabe, qualquer dia, eu não te alcanço? |
X
Já sou velho e tive gosto, morro quando Deus quiser; duas coisas me acompanham: Cavalo bom e mulher. (Paraíba) Tantas vezes passei por esta estrada Montando meu corcel, vulgo esperança, Nas mãos uma saudade e quase nada, No peito, a juventude, uma lembrança... E levo tantas flores para ti, Em cada flor um verso mais bonito De todos os canteiros recolhi, Os sonhos de um viver menos aflito. Sorrisos que eu carrego; sempre francos, Repito cada coisa que eu te disse, Os meus cabelos; sei que estão bem brancos, Mas embora eu perceba esta velhice, A vida me levando como quer, Montado no cavalo e na mulher!!! |
X
Garrafão tem fundo largo, botija não tem pescoço, pedaço de telha é caco, banana não tem caroço. (Minas Gerais) Não quero me iludir com nosso amor, Embora te deseje noite e dia, Eu sei que não suportas trovador Que tenta te cantar sem poesia... Arrisco estes versinhos já sem graça Tentando te falar: te quero bem, Porém sem um sorriso, nem disfarça E passa sem me ver, eu sou ninguém! Quem dera ser poeta pra dizer Tantas coisas bonitas; te falar De toda essa vontade de te ter, De como é bom poder te namorar... Porém eu nunca causo um alvoroço, Banana, meu amor, não tem caroço! |
X
Entre os suspiros do vento,
da noite ao mole frescor,
quero viver um momento,
morrer contigo de amor! (Álvares de Azevedo)
Sentindo este frescor do manso vento
Batendo na janela, minha amada,
Eu quero só viver mais um momento,
Depois deste momento, não há nada...
Suspiros vou ouvindo na janela
Chamando calmamente, diz seu nome,
A vida inteiramente sendo dela,
Renasce claramente. E logo some...
Esperando deitado nesta cama,
Vivendo ansiosamente quero ter
Calor que só se encontra em nossa chama,
Tão fácil de inflamar e de acender...
Me dê um só momento, por favor,
Viver tanto prazer: morrer de amor!
X
Com pena peguei na pena
com pena de escrever;
a pena caiu no chão
com pena de não te ver. (Piauí)
Onde estás meu amor que não te vejo,
Procuro-te nos céus, até na lua,
Tu és o pensamento que desejo
Na cama, madrugada, amada e nua...
Quando escrevo meus versos, meu amor,
Empresto o sentimento mais profundo,
Quero-te em cada canto, um sonhador;
Busco-te até no fim de um vasto mundo.
Minha amada; tem pena de quem sonha
Todo o tempo querendo o que se diz;
Contigo, minha vida vai risonha,
Escrevo estes meus versos, sou feliz...
A pena que caiu; se foi ao chão,
Tem pena, meu amor, de um coração!
X
A lua se entregando, imenso brilho,
Forrando a natureza em esplendor,
Formando com certeza um belo trilho
Para esse amante, triste e sonhador...
Ao ver tanta beleza busco exílio
Nos braços de quem sabe que o amor
É canto que merece um estribilho
Composto com carinho, sedutor...
No chão todo forrado por estrelas,
Essa deusa noturna se entregando,
Com toda uma ternura, sabe tê-las,
Testemunhas perfeitas, deste caso,
O sol já se aproxima, irradiando,
Deslinda-se na aurora, sem ocaso...
X
Quando a vida emprestar a solução
Ao caso que proponho e não resolvo;
Talvez encontre ali esta emoção,
A qual, tão simplesmente te devolvo...
Se trazes tanto amor quanto me dizes
Eu quero me enfurnar nos teus espaços,
Mas não me esqueço: somos aprendizes
Eternos destes sonhos, mil compassos.
Meu verso se atrelando nos teus cantos
Mais ocultos, se faz como promessa
De novo dia pleno em desencantos
Ouvindo simplesmente tal conversa.
Mas sei que estás distante, tão distante,
Talvez te alcance em lume radiante...
X
São tristes os caminhos desta vida
Para quem decidiu se entregar sem
Ao menos procurar saber-se tida
Como amada por outro certo alguém.
Amiga, cometeste o mesmo engano
Que eu. Tantas vezes tive como certa
A presença de quem, em desengano,
Minha alma pressentira a descoberta
Do amor. Porém te digo companheira
Que mesmo quando estamos enganados
Por essa sensação tão costumeira,
Devemos nos sentir recompensados.
Pois, por pior que sejam os espinhos,
Devemos procurar nossos caminhos...
X
Santos espasmos quero em nosso leito
De amor. Nestas convulsas sensações
Eu quero-me sentir tão satisfeito
Imerso na loucura de emoções...
Trilhando palmo a palmo este caminho
Deliciosamente descoberto;
Depois nas reentrâncias fazer ninho
E revezar escuro e céu aberto.
Eu quero o arfar dos seios desejosos
De mais e mais carinhos e carícias.
Dedos: exploradores talentosos
Sabendo deste mapa de delícias.
Eu quero ser enfim, um bandeirante
Em busca do tesouro deslumbrante!
X
Andando por estrada pedregosa
E dura, onde encontrara as tuas marcas
Deixadas num caminho, olor de rosa
Mostrando que, na vida, há flores parcas.
Bem sabes quanto é muito dolorosa
A sorte de quem perde vez nas arcas
Diluvianas sempre tenebrosas.
Quero ser timoneiro destas barcas.
Seguindo o teu caminho com cuidado
De quem, na vida, encontra tal tesouro
E sabe como deve ser guardado.
Tu és a raridade esmeraldina
Esculpida em cinzel banhado em ouro,
Por Deus, em carne humana, bela e fina...
X
Do dourado tão límpido que trazes
Neste olhar que me encanta qual farol
Lunar que não disfarça suas fases
E brilha neste astral bem mais que o sol;
Eu quero tal tesouro no momento
Mais feliz que percebo em minha vida
Acostumada a todo sofrimento
Que faz com que esta luz seja querida.
A sorte me enganara em tantas duras
Ilusões. Percebendo o teu olhar
Deslumbrando essas noites tão escuras
Incendiando as águas do meu mar,
Estou agradecido só por essa
Sorte que me deste, amor à beça...
X
Sonhos meus que te buscam pelas ruas De esperanças, na esquina do futuro; Não encontram teus passos, pois flutuas E nunca deixa rastros no chão duro. Porém, andando, espalhas teu perfume Inebriante em todas as vielas Por onde, desfilando, trazes lume Como fosse centelhas de mil velas... Encontro-te deitada, num vestido Transparente, mostrando os belos seios; Pelos quais, tanto tempo embevecido Representavam todos meus anseios... Aos poucos, desnudando-te de vez, Sinto por qual motivo o amor se fez... |
X
Se tantas vezes quis ser teu amigo,
Talvez não entendesse o meu recado,
Quem quer uma amizade, ceva o trigo
Na busca deste pão tão esperado.
Granando uma esperança mais bendita
Se sabe quanto é bom ter um alguém
Que tantas vezes, mesmo em dor aflita;
Nos acolher em paz, por certo, vem...
Vencidas as etapas mais confusas
Da vida entre guerrilhas e batalhas,
Um sentimento amigo não recusas;
Se temes estes cortes das navalhas...
Por isso companheira, seja amiga
De quem, em tantos sonhos já te abriga...
X
Tantas vezes me perco de mim mesmo
Sem saber se terei outra resposta,
Outras tantas, em vão, eu me ensimesmo
Apenas me enganando. A mesa posta
Na sala dos meus sonhos mais antigos
Servindo uma esperança num banquete;
Esquece a profusão de tais artigos
Que o amor já me legou, sem ter confete.
Após tua saída desta festa
Restou-me ser o que não mais queria,
Apenas por que o mal, sem dó, me infesta.
Sobrando essa esperança, uma iguaria
De raro paladar em minha mesa,
Talvez, no teu amor, a sobremesa!
X
Quem dera ser teu par. Ah! Quem me dera!
Dançarmos noite inteira sem parar,
De par em par, prazeres; sempre espera
Aquele que se queima no luar...
Sei dos teus seios nus em minhas mãos;
Sei desta sede imensa em sua boca,
Sei dos meus sonhos mortos, todos vãos,
Sei dessa saudade imersa, em ânsia louca...
Mas sei dessa esperança que se alcança
Na dança que seremos, nossos céus...
Sentindo essa emoção de ser criança
Desnudo, nessa danças, laços, véus...
Tomando esta nudez em minha cama,
Desvendo cada passo dessa trama...
X
Amor que sempre faz perder o siso,
Converte muito sonho em desventura,
Aos poucos se entornando em meu juízo
Arcando com tristeza em amargura.
Orgulho-me de ter sido flechado
Por quem outrora quis, e quero agora.
Mesmo que seja simples, encantado,
Meu peito nos teus beijos se decora...
Aguardo teu sinal, amor bendito,
Retorno sem temer à velha casa.
Deveras importante o nosso rito
Que forma essa fogueira onde se abrasa
O sonho de ser teu e seres minha,
Tanta potência em si, amor continha...
X
Quis alcançar teu sonho com meus sonhos, E nada conseguira desde então, Se fomos, no passado, tão tristonhos, Agora nos tocamos, emoção! Rondamos qual falenas, lamparina Buscando exterminar a fera treva Que aos poucos, dois amantes já domina E faz com que a tristeza sempre atreva A nos calar, deixando este resquício De amargo fel que invade nossa boca. Amar; porém, é santo e louco vício, E a resistência morre, ou resta pouca. Agora, que adormeces ao meu lado, Esqueço os tais tormentos do passado... |
X
Amor em desvario, já me assalta,
Roubando da razão, seu alicerce,
Minha alma, sem juízo e tão incauta,
Não quer um sentimento que a disperse,
Apenas a beleza do concerto
Que amor, em sinfonia, não despreza,
Se os erros do passando não conserto,
A vida penetrando em dura fresa...
Expondo minhas máculas sem medo,
Às vezes não concedo mais um til,
Amor sabe; do cofre, qual segredo,
Invade e traz surpresas, tão sutil...
Que faço deste amor; qual saltimbanco,
Que mata com sorriso, calmo e franco...
X
Os olhos que eu adoro, quando vejo, Nos brilhos os meus trilhos são formados, Criando uma afeição plena em desejo, Meus rumos são por isso, alavancados... Adoro o teu olhar, moça bonita, É guia que me traz eternidade, Não deixa, por favor, minha alma aflita, Não negue ao sonhador, felicidade... |
X
Procuro em flóreo sonho o seu vicejo
Etérea sensação tão linear,
Nos laivos e nos rastros tanto ensejo
Da fúlgida esperança de um luar.
Na palidez imensa do desejo
De ser além da vida aquém do mar,
Sentindo tais eflúvios do lampejo
Nesta certeza estúpida de amar.
Mascaro os meus delírios noutras sendas,
Escusas que te peço por meus erros,
Alguns; pura verdade, outros lendas,
Mas saiba que lutei. Insensatez...
Já legaste a mim, os meus desterros,
Por isso, derrocado, perco a vez...
X
Fugindo desta treva que em passado
Tão próximo se ergueu em nosso caso,
Eu vejo que inda sigo deslumbrado
Mesmo tendo sentido, perto, o ocaso
De nosso sentimento que, marcado,
Por essas rachaduras, como um vaso,
Que jamais poderia ser colado
Se não fosse essa sorte, num acaso.
Bem sei que os erros todos foram meus
Ao dar mais importância ao que não tinha,
Beirando, uma loucura, um triste adeus,
Sentindo toda a fria solidão
Que perto, percebia que já vinha;
As garras entranhando o coração...
X
Eu sinto tanto amor por mais que negue
O sentimento intenso que me toma,
Fazendo com que o sonho já me pegue
E leve para os braços de quem doma
O coração de quem já vive entregue
A tantas ilusões que a vida soma.
E sinto que em você, o sonho segue
No mar sem calmaria, que eu navegue...
Eu quero ser feliz, isso não nego,
Eu quero o teu amor, não negaria,
Sem teu amor, meu mundo morre cego,
Pois é o brilho que sei, que eu encontrei,
Trazendo a claridade, dia a dia,
No amor que esteja certa, eu não neguei...
X
Não quero ser teu dono não; amada,
Nem quero ser cativo deste amor,
Amar é não querer, em troca, nada,
Quem ama deve ser um doador...
Não sou o teu amor, estou contigo,
Não é a minha amada: estás aqui.
O verdadeiro amor só cede abrigo
Quem tem amor não ganha, nem perdi
Apenas simplesmente ser, estar,
Nem ter, poder, querer, ganhar, perder...
Amor é conhecer, compartilhar.
Individualidade em cada ser.
O verdadeiro amor não faz sofrer,
Existe simplesmente... Só por ser...
X
Eu canto esta amizade como fonte
De toda inspiração destes meus versos,
Abrindo com certeza, um horizonte
Em meio a tantos males tão adversos.
Amigo é companheiro que se conte
Pra atravessar milhares de universos,
Mesmo que a dor, no fundo já desponte
Amigo nunca deixa-nos dispersos...
Não quero construir uma parede
Que nos separe; irmãos, em nossas vidas,
De estar bem perto a ti, eu tenho sede.
Não quero a solidão. Fraternidade!
Eu quero as nossas almas reunidas
X
Não permita que tristes sejam nossos
Caminhos na procura da esperança.
Não quero que tu leves meus destroços
Recolhidos nas ruas. Isso cansa...
Eu quero o teu sorriso franco e aberto
Escancarado em tua bela boca,
Amiga não me traga descoberto
Céu, sem o qual a vida é cega e pouca.
Tua alma, em formosura, uma exceção
De tanta lucidez em mar revolto,
Permita que se trame uma emoção
Num coração deveras leve e solto.
Amiga, compartilhe em liberdade,
De todo esse vigor de uma amizade...
X
Saudade desta casa onde nasci; em Minas...
O cheiro do café de manhã, bem cedinho.
A boca desdentada em formas femininas
De minha vó cansada... Um vôo, passarinho...
Olhando pra janela, abertas as cortinas;
Percebo há quanto tempo abandonei o ninho,
Em busca do futuro, alcanço minhas sinas,
Mas vejo que hoje estou, por certo mais sozinho...
O tempo foi cruel, venceu as esperanças,
Minas tão distante, a casa abandonada...
Mas inda ouço o barulho, o correr de crianças
Que fazem desta casa um manso cais...
Saudade é como um mar que leva para o nada,
Mas esse mar mineiro, agora diz: jamais!
X
Sentindo os teus espasmos tão profusos
Entre meus braços; olhos revirados,
Perdemos os horários, sensos, fusos,
Misturas de sentidos, rumos, fados...
Soltando os nossos sonhos que, reclusos,
Estavam; já faz tempo, bem guardados,
Não falo em sentimentos mais escusos,
Amor nunca se encobre em vis pecados...
E tenho-te, rainha e sedutora,
Escravo desta noite que não pára,
Nem antes nem depois do que se fora,
Apenas me interessa este momento,
Solto travas, sem trevas; noite rara
De pura liberdade, sem tormento...
X
Sentindo tanto frio dentro da alma, Deixei de ser feliz por muito tempo, Tentei manter por vezes, minha calma, Mas viu em mim, somente um passatempo... Ela se foi, restando uma certeza De que a vida se renova em cada esquina. Depois que foi embora, uma limpeza Precisa ser bem feita. Uma faxina Que tire seu perfume desta cama, Que arranque estes retratos da parede, Tirando toda a cinza, brasa e chama, Não quero mais matar a minha sede Em gotas de veneno homeopático, Desculpe meu amor, eu sou bem prático... |
X
Parece troça, parece;
mas é verdade patente:
a gente nunca se esquece
quem não se lembra da gente.
Provérbio Popular
Diga-me: como faço pra esquecer
Aquela que chegou tão de repente
E trouxe uma alegria de viver
E já se foi embora, simplesmente...
Eu era tão feliz e não sabia,
Não tinha nem noção disso, querida,
Agora que só tenho a fantasia,
Só quero o teu amor, por toda a vida...
Mas sei que nada mais sentes por mim,
Seguiste tua estrada, o teu caminho,
Porém eu tanto tenho amor sem fim,
Que mesmo que eu encontre tão sozinho,
Eu te agradeço amada, e rogo em prece,
Quem ama de verdade, nunca esquece!
X
Bem sei quanto és ingênua, amiga. Não
Deixe que te maltratem deste jeito.
Ouvindo-te falar desta ilusão
Que pensas me deixar mais satisfeito,
Percebo quantas vezes a decepção
Irá fazer seu ninho no teu peito,
Companheira. Pedindo o teu perdão
Por achar que, talvez tenha o direito
De tocar na ferida que não cura.
Amiga, quantas vezes vais sozinha
Na noite solitária e bem escura
Passando pelas curvas do caminho;
Nunca forma um verão, uma andorinha;
Retorne, então, amada, para o ninho!
X
Desculpe se repito o mesmo tema, Falar de amor parece ser bem fácil, Embora, necessário ter, da gema A sensação dourada de ser grácil. Não vejo amor tão simples como um lema Por mais que tantas vezes eu disfarce-o Não mudo, nos meus versos, nem um trema, Nem quero e nem permito que isto embace-o; Portanto, meu amigo, mil escusas, Se tantas vezes canto em mesmo tom, Prefiro me encantar com belas musas, E demonstrar, sem medo, as emoções; Não digo que isso seja ruim ou bom, Que responda Vinícius ou Camões! |
X
Toda essa ansiedade é natural
Em quem sempre esperou que a fantasia
Em forma de desejo sensual
Se realizasse em ritos de alegria.
Às vezes eu procuro o mais normal
De todos os caminhos da harmonia
Pretensa que se faz neste jogral
Distante de uma vera sintonia...
Só sei que te aguardei a vida inteira
Disfarçando minha dor em outras bocas,
Mesmo sabendo que a real, a verdadeira
Mulher que estava, enfim, predestinada,
Entre todas, se bem que foram poucas,
Se encontrava em ti, minha doce amada...
X
Na mulher encantadora que em pureza
estende a mão sorrindo em sedução;
eu sinto a verdadeira sutileza
de quem sabe que estende uma ilusão
em forma de desejo e de promessa
dum sonho mais feliz e mais risonho
sabendo que se tenho tanta pressa;
mergulho sem saber no belo sonho
capaz de me tomar quase que inteiro
em versos, em palavras, na canção
que fala deste amor tão verdadeiro
sentido por quem sempre disse não
à todas as mentiras que tivera,
bem antes de saber da primavera!
X
Eu peço: venha escutar
o que eu tenho prá dizer...
Mas deixe o sino tocar
quando o dia amanhecer...
Eu tenho tanta coisa pra dizer,
Falar de um sentimento tão profundo
Que é capaz de montanhas, remover;
E atravessar correndo, todo o mundo...
Um sentimento nobre que domina
Transforma a solidão, mata a saudade,
Nos acarinha enquanto determina
A sorte de quem quer felicidade...
Eu tanto muita coisa pra falar
Mas tenho tanto medo de te ouvir.
Queria; se pudesse no luar,
Iluminar o rumo em teu porvir,
Eu tenho tanto medo de dizer...
Só falo... Quando o dia amanhecer...
X
Teu beijo me põe corado;
meu beijo te põe confusa.
- Quem nunca comeu melado,
quando come se lambuza...
Há muito que eu queria te beijar
Um sonho que carrego já faz tempo,
Vontade de poder te namorar,
Mas sempre aparecia um contratempo.
Às vezes tua mãe estava perto,
Em outras o teu pai não permitia,
A boca se secando num deserto,
Saliva mata a sede; ela pedia...
Minha amada, eu estou apaixonado
E cansado de ouvir tanta recusa...
Mas quando te beijei, fiquei corado,
Senti que tu estavas tão confusa,
Verdade: quem jamais comeu melado,
Quando come, querida, se lambuza!
X
Aceite as vermelhas rosas
que compõem este buquê.
Aqui, eu lhe envio onze.
A dúzia certa: é VOCÊ!
Domínio Público
São tantas as belezas dos jardins
Que um velho jardineiro cultivava,
São crisântemos, lírios e jasmins...
Nas manhãs, com presteza ele regava
As flores mais bonitas dos canteiros
Adubados com lágrimas, suor;
Carinhos tão gentis e verdadeiros
Daquele beija-flor, amante mor.
Mas as rosas vermelhas, preferidas,
Pois eram as mais belas que já vi,
Mesmo as outras que foram preteridas,
Sabiam que a nobreza estava ali.
Ao fazer destas rosas um buquê,
Logo vi: a mais bela era você!
X
Dançando nossa dança predileta
Nossos rostos colados, passo a passo,
Minha vida na tua se completa
Na plena sintonia deste abraço.
A noite vai passando... A fina seta
Do deus apaixonado, no compasso,
Atinge bem em cheio a sua meta,
E sinto mais firmeza no teu braço...
Amar é se entregar, eternamente,
Te juro, meu amor, te quero tanto...
Não deixe que esta dança, de repente,
Termine na saudade, em um adeus,
E vendo, tanto encanto neste canto,
Eu louvo a pontaria deste deus...
X
De manhã encilho o pingo,
Solto o poncho estrada fora;
canta o galo, chora a china
que o gaúcho vai-se embora. (Rio Grande do Sul)
Já estou de partida, minha prenda,
Nunca me prenda, eu tenho de partir,
A lua desfilando sua renda
Me diz que é necessário prosseguir...
Carrego na guaiaca esta saudade
Dos pampas e da china mais bonita,
Se nesta imensidão, barbaridade;
A minha alma pampeira já se agita.
E sinto o minuano me cortando
Qual fora uma lembrança deste amor,
É como neste amargo eu ir tomando
Os teus doces desejos, com calor...
O poncho vou soltando estrada a afora,
Lamento, meu amor, ter que ir-me embora...
X
A minha mão buscando no teu seio
Calor tão desejoso de prazer,
Procura nesta mina o rico veio
Que com certeza doura e faz perder
O rumo, meu juízo e minha sina,
Nestes carinhos loucos, tal riqueza
Que vem destas entranhas desta mina
Que leva nosso amor qual correnteza.
Espero o teu amor a cada instante
Vasculho nas paredes desta gruta,
Os traços tão sutis do diamante,
Polindo, com carinho, a pedra bruta.
Eu sei do nosso amor banhado em ouro,
Começo a achar o mapa do tesouro...
X
Atirei um céu aberto
na janela de meu bem:
Quando as mulheres não amam,
que sono as mulheres têm! (Manuel Bandeira)
Uma mulher sem amor à noite sonha
Quem sabe com corcel ou com seu rei?
A vida sem amor passa enfadonha
Por isso tanto amor te dediquei,
Atiro um céu aberto de esperanças,
Adentro esta janela, minha amada,
Prometo-te milhões de novas danças,
Da forma mais querida e desejada...
Eu sei que talvez nunca queiras ter
O meu amor tão terno e tão pacato,
Não creia que com isso possa ver
Na tua negativa, um desacato...
Não me deixe ao relento, ao abandono,
Pois sei tem, quem não ama, um calmo sono...
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