Vieste com sabor de redenção |
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As mãos que se passeiam lentamente |
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Não sei se tentarei ser mais explícito
Nem devo confessar o que não faço.
Eu tenho a sensação de ser solícito
Em cada novo verso, um velho abraço.
Meu velho camarada como é bom
Saber desta amizade que nos une.
Vivemos afinando o mesmo tom,
Pois sabes que um amigo bom nos pune
Nos erros cometidos é sincero,
Embora sem ferir, amigo é franco.
Por certo, companheiro, isso é que espero
Eu não quero sorriso falso e manco.
Se for preciso, amigo, esteja certo,
Senão é semear neste deserto...
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Se te quero pra mim tão sincera,
Te garanto que te quero o bem.
Solidão devorando qual fera,
A vontade de estar com alguém...
Sinto o frio queimando em minha alma,
Na saudade de quem me deixou.
A presença querida me acalma,
Acompanha meu canto ‘onde vou.
Sei que traz esperança de vida,
Apagando no peito esse mal.
Cicatriza a mais funda ferida,
Temperando, pimenta com sal.
Transbordando este cálice, vinho,
Num momento de paz e carinho...
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Vencendo as resistências que me impões
Penetro pelas sendas mais vorazes.
Extasiada; versos que compões
Permitem nossos sonhos mais audazes...
Na mansa sutileza que me mostras,
Meus sonhos invadindo cada porto.
Conheço teus atóis e suas ostras
Mergulho neste oásis, saio torto....
Areias e sereias sei de cor,
Na cor deste desejo, rubro sol
Que queima e me derrete; luz maior.
Esqueço do meu rumo em teu farol.
E quero enfim, no mar que dás morrer,
Envolto em tuas algas, teu prazer...
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Desculpe meu amor se te mostrar
A face que não sabes que inda tenho.
O gosto da amargura em meu olhar
Mostrando a realidade de onde venho.
Eu venho dos famintos campos tantos,
Nas terras das Gerais, exploração.
Sem seca mas distintos desencantos
Mostrando essa dureza em nosso chão.
Do povo tão sofrido, quase gado,
Vivendo na cruel semeadura.
Achando que viver é triste fardo,
A pedra que cultiva, sempre dura.
Eu venho das montanhas brasileiras
No sonho e na minha alma, as trincheiras!
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Na fome que se espalha no sertão,
Nos lábios ressequidos da criança.
Em meio a tão terrível procissão
Na busca insaciável, esperança...
Naqueles que comandam, coronéis
As facas, as tocaias miseráveis.
Amarras nestas pernas são cordéis,
O gosto destas lamas intragáveis.
O resto deste pão que vai cuspido,
As moscas que te beijam, camarada...
Depois deste cenário, ser carpido,
Da fome noutra fome escancarada...
Eu vejo este destino a se cumprir,
Enquanto um miserável existir!
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Permita que eu encontre Meu Senhor,
Amor que sempre quis por sobre nós.
Na beleza gentil do pleno Amor,
Que sejam, pois, atados nossos nós.
Amor tão infinito sem medida,
Perdão a todos sempre que ofenderem.
Sabendo desta Paz que é dividida
Entre o vencido e todos que vencerem.
Amor não se permite discutir,
Talvez um dia o homem veja assim.
Não basta o que queres só pedir,
Aprender dizer não, mas dizer sim.
Saber que somos todos um espelho,
No sangue que alimenta, tão vermelho...
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XXX
A fome nos guiava sem piedade.
Nos olhos miseráveis, esperança.
Desértica injustiça, na verdade,
Mostrando este flagelo numa lança..
Sabia que jamais iria ter
O gosto da pelúcia e do vinil.
A cama de capim nos vai dizer
Que o céu doutros lugares, mais anil...
Na fome de justiça, calejados,
Nessas barracas soltas nas estradas.
Os céus que nos olhavam, estrelados,
Extremas claridades desenhadas.
E vendo neste céu belos matizes,
Na cicatriz exposta, tão felizes!
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Perder a liberdade e ser cativo, |
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XX
Nos teus lábios calor, tanto desejo.
Eu te sinto tocando devagar
Neste beijo sereno que eu almejo
O mundo que antevejo, vai brilhar...
Neste ensejo divino uma esperança.
O bafejo da sorte que preciso,
Sabendo deste amor que já me alcança,
A sorte se aproxima sem aviso.
Eu sei que nada mais te importará
Senão este murmúrio em teu ouvido,
Quem sabe neste encontro surgirá
Um novo resplendor de amor, sentido.
Nas noites que teremos envolventes,
Sabor destes teus lábios, doces, quentes.
XXX
Aguardo esta resposta prometida
Aos versos que te fiz, apaixonados...
Eu quero teu amor por toda a vida
Embora tantas vezes, enganados...
Aguardo em tal resposta; dura verdade,
Que traga uma alegria, uma esperança.
De termos, finalmente, liberdade;
No sonho que carrego, de criança...
Aguardo teu amor com tanta sede
Qual fora um peregrino no deserto.
Deitar tão calmamente numa rede
Sabendo que terei amor por perto,
Manda-me uma resposta, qualquer uma;
Senão em versos tristes, vida esfuma...
XXX
Amor... Quando partiste, sem saber,
Deixaste no meu peito uma cratera.
Agora vou vivendo por viver
A solidão me toma, triste fera...
Não quero que tu penses que estou triste
Eu canto de alegria, nem percebo
Nem quero mais saber se a dor existe,
Um novo amor já tenho e assim concebo.
Os olhos são tristonhos? Nada disso!
Sorrio e me encanto por sorrir.
Amores que chegarem? Compromisso?
Ninguém pode pensar nem em pedir...
Não pense que fiquei tão desolado!
O lenço? Meu amor, estou gripado!
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Ser jovem? Não temer a tempestade. |
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Meus versos são meu jeito de cantar.
De expor meus pensamentos, minhas dores.
São feitos como um barco a navegar
No oceano
Autores desta peça em que eu atuo.
Verdugos dos meus medos, desatinos...
São asas sem as quais eu não flutuo.
São pedras, minhas urzes, desatinos...
Meus versos são verdades mentirosas,
São parte de mim mesmo, ou nada são.
Espinhos que preferem roubar rosas,
Noutras tantas são plenos de emoção.
Se sou ou se não sou alma completa,
Se vou ou se não vou, serei poeta?
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Meu verso que te faço, verso amigo; |
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Eu quero teu sabor de doce mel |
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Não quero nada em troca deste amor,
Não cobro nem consigo te privar.
Invés de capitão, navegador
Que junto com teus remos, corta o mar...
Não quero ser teu dono nem escravo,
Apenas teu meeiro nesta lavra.
Das águas em que banhas eu me lavo,
Amar é muito mais que uma palavra.
No andar em pareado, dividir;
Sem nada que te impeça e que me assombra
Procurar ofertar o que pedir,
E nunca procurar te fazer sombra.
Amar não é sugar o sentimento,
Sentindo em nossos passos; livre, o vento.
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Na tua mansidão emanas sonho. |
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Um soneto é soneto simplesmente, |
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Amar sem ter loucura? Não existe! |
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Quando te fiz meus versos de alegria |
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Percebo teu carinho aqui comigo, |
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Quero ter o carinho dileto
Desta amiga que tanto faz bem.
Um amor tão perfeito e completo,
Poucas vezes na vida ele vem.
Somos como cristais, diamantes,
Nossas vidas se tornam unidas.
Nas promessas de amor, deslumbrantes
Tantas vezes sofremos feridas...
Cicatrizes profundas deixadas
Pelas setas cruéis da saudade.
Minha amiga perceba que estradas
Muitas vezes não dão liberdade.
O que salva, querida,
A
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Eu quero te encontrar sábado à noite, |
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Suplico pelo amor que me garanta
A noite que desejo do teu lado.
A lua tão divina se agiganta
No canto que te canto apaixonado.
Reservo meu destino para o teu
Caminhando sozinho tanto tempo,
Na curva deste amor que se perdeu,
Amar me parecia contratempo...
Nas noites tão escuras, na penumbra,
Sobrando para os olhos, desventuras...
Agora que se esse lume se vislumbra
A vida se promete de venturas...
Suplico ao meu Bom Deus, por piedade,
Permita-me viver felicidade...
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Por mais que procuramos a saída
Por vezes nos parece complicado.
Mas saiba que melhor que seja a vida
Depois de certo tempo, novo cardo.
Teu fardo é sempre teu, meu camarada.
Não posso te ajudar a carregar.
Se queres ter o sol ou madrugada
Só não deixes ninguém vir enganar.
Pense, pois, no caminho que te espera,
Nas curvas e nas pragas, nos detalhes.
Tocaias que te fazem tantas feras,
As pedras nos maltratam, seus entalhes...
Contudo meu amigo, companheiro;
Por perto, eu estarei, o tempo inteiro!
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Quando sonhei contigo, minha amada,
Um sonho tão feliz, mesmo distante.
Procurando te encontrar na madrugada,
Minhas mãos te buscavam, cada instante...
Tu não sabes da metade desta estrada
Que tanto me fizera delirante,
Buscando nesta dura caminhada
A lua dos meus sonhos, deslumbrante...
Rolávamos estrelas, sol e lua,
Vivíamos desertos tão sedentos.
Minha alma sem ter medo, solta aos ventos,
Liberta no meu sonho. Os pensamentos
Trazendo uma esperança que flutua
Nesta mulher tão linda, calma e nua...
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se nada mais desejo neste mundo |
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Teu colo, corpo colado no meu
na dança atroz que vai queimando tudo
na claridade, louca luz no breu
tal que me deixa pasmo, quieto mudo
as mãos macias, sabem, sonho ateu
nas delícias, em todas, corte agudo
na carne dolorida que nasceu
somente para ser teu corpo e escudo.
quero insensatamente tresloucado
beber no doce cálice da vida
meu rumo torto, pálido, calado
repete em ti meus rumos sem guarida
cometo os mesmos erros do passado
minha alma segue em ti, nave perdida...
XXX
Quem dera ser poeta pra dizer
O quanto necessito ser feliz,
Invado a profundeza do meu ser
E vejo, neste sonho, o que mais quis...
Eu quero deleitar-me
Sentindo
Não quero mais o gosto da saudade
Nem quero mais viver insatisfeito...
Quero te querer sempre que der
E ter o teu caminho junto enfim.
Nos gestos insensatos da mulher
O mundo que sonhava, dentro em mim...
Eu quero esta ternura mais infinda,
Ao lado de quem amo, mulher linda!
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Amigo, te conheço d’outras eras,
Dos tempos em que tínhamos verdades
Que foram nossas flores, primaveras;
Mas agora somente são saudades...
Meus sonhos libertários permanecem
Do grito de justiça mais febril.
Meus olhos inda brilham e oferecem
Amor que sempre foi nosso fuzil...
Amigo, muitas vezes celerados,
Cantávamos os hinos da esperança.
Os medos esquecidos, isolados,
A noite foi chegando e nos alcança...
Que bom poder contar com teu abraço,
P’ra sempre, essa amizade, o nosso laço!
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Não quero te falar dos meus ardumes
Que trago dentro da alma. Já passaram...
Não vivo mais em torno dos queixumes
Agora novos lumes clarearam.
Sou frágil, mas não posso demonstrar,
A dor que inda carrego não discuto.
O verbo que conjugo em doce amar
Não deixa que minha alma esteja em luto.
Eu quero o teu sorriso salvador
Eu quero teu carinho que redime,
Bem sabes quanto sinto, meu amor,
Por certo te adorar nunca foi crime...
Só quero adormecer nos braços teus,
Sem medo de escutar, de novo, adeus...
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Guardada nestes claustros, esperança, |
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O resto da canção que te preparo
Com gosto deste sal que me entontece.
Sabor tão delicado quanto raro,
Delícia de martírio em meio a prece...
O resto da canção que te proponho
É vida que se faz em vida nova
Refém da maravilha deste sonho
Que sem sentido vem e me renova...
Eu quero a prescrição de mocidade
Curando este senil que já se arvora.
Amor quando estampando uma saudade
Nos olhos de quem ama se decora...
Eu sinto que terei utilidade
Nos sonhos que produzam liberdade...
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Não quero retirar do coração |
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Eu sinto o teu carinho manso e forte,
No toque mais suave e mais gentil.
A vida se promete em novo norte
Que faz do sofrimento ser sutil.
O gosto da amargura no desejo
Traduz uma esperança que buscamos,
Eu quero me embalar no doce beijo
No instante mais exato em que sonhamos...
Eu quero a sensação de ser mais teu
Vivendo em teu afago, uma esperança
De mergulhar no mundo que se deu
Num gesto que não sai mais da lembrança.
Eu sinto teu carinho, minha amada,
Nos versos que fizeram a alvorada!
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