Por isso, sem segredos, companheiro;
Devemos caminhar, cabeça erguida.
Se somos mais sinceros, verdadeiros,
Mais fáceis nossos passos pela vida.
Amigo não se esconda, seja franco.
O medo tantas vezes atrapalha.
O sangramento intenso sempre estanco,
No corte tão profundo da navalha.
Eu sinto que a verdade sempre vence
As tramas inventadas, as tocaias.
A vida, simplesmente, te pertence,
Depende de teus mares, tuas praias...
Assim, nunca se esqueça: liberdade
É feita na semente da verdade!
XXX
Te quero, minha amada, a cada dia,
Na forma mais suave e desejosa.
Nos versos que fazemos, poesia,
Em meu jardim, inteira, rubra rosa.
Te quero na solar, bela alvorada,
Desnuda do meu lado, nossa cama.
Vivendo deste amor, minha adorada
No fogo que nos queima, branda chama.
Que sempre se apimenta, no teu mel,
Que sempre se adoçando na garapa.
Me leva, sem juízo, para o céu,
Aos poucos, penetrando a dura capa.
Expondo, coração como se quer,
Nesta beleza enfim, minha mulher!
XXX
O AMOR
Amor, um sentimento insuperável,
Nos traz toda a alegria com tristeza.
É forte, gigantesco; mas instável,
Refletindo em nossa alma dor, beleza...
A força de um amor, locomotriz,
Nos traz uma certeza de encontrar
No céu desta esperança; tal matiz,
Que faz quem tanto sonha delirar...
Amor inconseqüente, sem juízo,
Acima da maldade e da bondade.
Inferno que nos leva ao paraíso,
Amar é sempre ter a mocidade.
Amor é soberano e sem igual,
Acima, sempre está, do bem, do mal..
XXX
Um piolho vagueia sem ter pressa, |
XXX
De tuas mãos divinas, tal carinho,
Que sinto, calmamente, me enlevar;
Arando o coração, preparam ninho,
Onde esperança, intensa, vai morar.
Eu quero cada fruto, cada flor,
Produto do cultivo, plantação.
Recebo em tuas mãos, o pleno amor,
Que faz no bem querer, adubação.
Decerto nas delícias do pomar,
As frutas delicadas, nossos filhos.
É vida que, insistindo, faz brotar,
Nossos caminhos, unos, nossos trilhos.
E já peço, em mãos postas, numa prece,
Essa beleza do amor que amadurece...
Xxx
Nem mesmo uma vontade de ficar
Apenas a distância tão sofrida
De quem quis aprender demais amar,
E foi-se numa estrada, vã, perdida...
Mas sinto que talvez, uma esperança,
Aporte nesta porta sem bater.
No vento que me trouxe, na lembrança,
O gosto e bom perfume do prazer...
Amada, por favor, te espero aqui.
Imerso na terrível solidão.
Esqueça se, meu rumo; já perdi,
Encontro em teu caminho, a salvação.
E peço, meu amor, esta alegria,
E traga, pros meus braços, novo dia!
Xxx
São tantas odaliscas e pierrôs
No baile da ilusão, que já passou...
Por certo, nas janelas e vitrôs
Um quadro na parede, o que sobrou...
Na doce fantasia do passado,
Confetes, serpentinas, marcha-rancho.
O quadro se mostrando esfumaçado,
As letras, misturadas, qual garrancho.
Me lembro deste beijo que te dei,
A colombina linda que se foi.
Na bela alegoria, já fui rei,
Nas ruas da emoção, bumba meu boi...
Agora nada encontro. Não faz mal,
Contigo, vivo eterno carnaval!
Xxx
Não preciso dizer quanto eu desejo |
Xxx
Amor assim demais, inesgotável, |
XXX
Amiga, não desista desta luta.
Pois saibas, ela sempre vale a pena;
Não deixe se vencer por força bruta
Não guarde, na lembrança, triste cena...
Eu sei que valerá toda a batalha,
Pelo futuro em paz que já sonhaste.
O corte tão profundo da navalha,
Por mais que cicatrize, traz desgaste.
Mas sinta que este vento nunca pára,
A força com que vem nunca termina.
O vento da esperança te antepara
A força de vontade é tua mina.
Querida, estou contigo, vais vencer.
Ninguém, no mundo, irá, mais, te deter!
XXX
A flor que desejo, |
XXX
Eu quero, no teu toque sensual,
O gosto delicado deste mel.
Estar deliciado, sol e sal,
E pontilhar de estrelas, nosso céu...
Eu quero te sorver gota por gota
Numa loucura bela e quase mansa.
Sentir a solidão, distante, rota.
Amor, tanto prazer, a vida alcança!
Eu quero teu perfume, minha rosa,
Esplendorosa flor do meu jardim.
Sabendo quanto, amor, é vaidosa,
Eu quero teu aroma, todo, em mim...
E quero que tu saibas; doce amante,
A fome de te ter, a cada instante...
XXX
Vivendo por um sonho, meu amor.
Nesta busca incessante, tanto alento.
Não tenho outra esperança nem temor,
Que a perda deste sonho, solto ao vento...
Eu quero teu carinho, tanto, tanto...
Eu quero a poesia de teus lábios.
Procuro a cada dia, o teu encanto.
Cadê a direção, sem astrolábios?
Apenas sei que quero teu carinho.
Apenas sei que vivo esta esperança
De ser teu companheiro, mesmo ninho.
De podermos dançar a mesma dança...
Pois tudo que mais quero e me proponho,
Podermos desfrutar do mesmo sonho!
XXX
Amiga, me perdoe se eu te adoro. |
XXX
Amor eterno; toma-me em teus braços; |
XXX
Tenho tantos irmãos que a vida trouxe, |
XXX
Te via nos pomares, laranjais,
Na morta casa viva nas lembranças;
O tempo que se foi não volta mais
Perdido no baú das esperanças...
Me recordo dos dias, das auroras;
Levando nos bornais peixes e rio.
A vida se renova sem demoras
Do que passou senão um leve fio
Que dói e que me corta, qual cerol.
E via em tuas pernas meu desejo
Aberto e se expandindo à luz do sol.
É só fechar os olhos que te vejo.
E vejo minha ausência de prazer
Quem dera se pudesse te prender...
XXX
Amada, não preciso te falar
Das ondas tão distantes, do oceano.
Nem dos raios mais belos do luar.
Não preciso falar do abandono
Nem tampouco, querida, do carinho...
Nem do medo de ser um ser tristonho.
Nem da noite que se abate sobre o ninho
Coberto por um céu negro, medonho...
Não preciso te falar deste prazer
Que sempre me trouxeste, sem cobrança;
Nem de todas as alegrias; vou dizer.
Pois entre nós, querida, mais que aliança.
Tudo que nós queremos, tanto amar,
Traduz-se simplesmente num olhar!
XXX
Não deixe tanta vida para trás |
XXX
Procuro o paraíso neste céu
Vasculho cada estrela, nada vejo.
Montado neste sonho, qual corcel
Espero pela cor do teu desejo...
Nos mares e na lua, não está,
Nos campos e montanhas, mas cadê?
Nos raios deste sol que brilhará,
Numa simples choupana de sapê;
No rio que escorrega para o mar,
Em todas cachoeiras e cascatas.
Em todo esse deserto, onde achar?
Nem mesmo nessas brenhas, nessas matas.
Depois de procurar, sem achar nada,
Descubro em tua boca, minha amada!
XXX
Minha cara, desejo amizade, |
XXX
Minha amiga te falo a verdade, |
XXX
Se te tenho, deitada, lasciva, |
XXX
Se perdoas meus erros, querida,
Tantos erros que tenho, bem sei.
Uma amiga; encontrei nessa vida,
Tanto tempo, por isso, busquei.
Um amigo perdoa outro amigo,
Na verdade, ninguém é perfeito.
Caminhando mais fácil comigo,
Cada qual com seu único jeito.
Minha voz agradece o perdão,
E te traz o meu canto feliz.
Amizade no meu coração
Alegria que tanto se quis.
Esperança virando verdade,
No carinho de nossa amizade!
XXX
Neste canto sereno, querida,
Minha glória é te ter junto a mim.
Nessa história seguindo, na vida,
Tenho o brilho de ser teu, enfim...
Se trouxemos as dores antigas,
Disfarçamos tão bem, meu amor.
Te preparo, nas novas cantigas,
Novo tempo sem mal, sem rancor.
Meu carinho por ti, gigantesco,
Meu amor não termina, jamais.
Pesadelo, terrível, dantesco,
Te perder, não terei, nunca mais...
Venha agora, comigo, sem medo;
Ser feliz, é o nosso segredo...
XXX
Meu tormento, meu bem, sempre dói, |
XXX
Eu não vou te deixar no caminho, |
XXX
Se aborreço-te tanto, querida,
Com palavras e gestos, perdão.
Muitas vezes tentei, nessa vida,
Agir livre, buscar solução.
Mas me engano sem ter, na verdade,
A vontade de ser mais cruel.
Meu amor, por favor, caridade,
Eu te quero, és meu sétimo céu!
Tua boca tão bela e sedosa,
Teus carinhos, vontade e prazer.
Teu perfume dengoso de rosa,
Alegria me traz, de viver.
Não te esqueço em nenhum vão momento,
Aborreço? Palavras ao vento...
XXX
Quando o sol mergulhando nas águas,
Refletindo seus raios dourados;
Meu amor se esquecendo das mágoas
Talvez venha mudar os meus Fados.
Esperança dançando comigo,
De viver o meu sonho de paz.
No teu colo procuro um abrigo,
Novo amor eu terei? Sou capaz.
Neste toque sutil, meu carinho,
Meu destino; te entrego, meu bem.
Quero um ninho, sou tal passarinho,
Desejando viver com alguém.
Este sol, companheiro dileto,
Vem trazer meu amor, meu afeto...
XXX
Quanto tempo; fiquei na esperança, |
XXX
Tantas vezes andei tão sozinho,
Sem ninguém que me desse querer.
Nas estradas somente esse espinho
Que penetra bem fundo a doer.
Cicatrizes; carrego em minha alma
Dos amores que vão e que vêm...
Nem o vento da noite me acalma,
Já cansei de viver sem ninguém.
Recebendo o sorriso da sorte;
Encontrei uma nova esperança
Com certeza, fiquei bem mais forte,
Coração; sem juízo, já dança...
Minha flor renovou primavera,
Neste peito infeliz. Quem me dera!
XXX
Eu quero esse mergulho no teu mar, |
XXX
Não quero mais quimera que me queime
Nem quero mais saudade que me alcance
Por mais que tanta vida sempre teime,
Sem ter amor, decerto, sem romance...
Amor é quase sempre tão temido,
E faz da solidão, um prato amargo.
Amor quando do amor vai esquecido.
Decerto o seu destino some ao largo.
Eu vi nestes teus olhos, a saudade
Dos tempo em que fomos mais felizes.
A vida se desfez da claridade,
Deixando na minha alma cicatrizes.
Eu quero o teu carinho, minha amada.
Sem teu amor, a vida? É quase nada...
XXX
Banhado no desejo de te ter |
XXX
Neste beijo gostoso, querida, |
XXX
Teu corpo, tentação que me domina, |
XXX
Pelas ondas do amor, simples toque |
XXX
Tua doce presença querida,
Me transforma num ser mais feliz;
Modifica meu rumo na vida,
Traz meu céu com mais lindo matiz.
Se tu queres o gosto da sorte,
Te ofereço meu braço gentil.
Nunca temas nem sina nem norte,
Nossa vida se torna febril.
Cada vez que te quero comigo,
Outra vez esperando voltar.
Não mais sei de verdade ou castigo,
Eu só canto meu canto de amar.
Primavera florida divina
Na beleza da deusa menina...
XXX
Quantas vezes tu perdes, querida, |
|
XXX
Não tema tais transtornos, tantos, trágicos.
São temas que traduzem tristes tramas.
Por mais que te entristeçam, tornam mágicos,
Os dias, harmonias, se bem amas.
Servindo se, bem vindo, quem te serve.
Sorvendo sentimentos, sem sofrer.
Se fores buscar flores, nessa neve,
Em troca, tanto espinho, podes ter...
Amigo, seu castigo passará,
Mas tente se entreter sem ter tristeza,
O tempo, em seus tentáculos dirá
Que morre tempestade em correnteza.
E flui, depois de tanto navegar,
Pras ondas tão serenas, manso mar...
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