O AMOR VIRÁ... |
|
X
Meu destino jogado |
X
O tempo vai passando e nada tento, |
X
AMOR DE MENINA
Abrigos desvalidos e sem força
Nos préstimos negados, desalento.
Por mais que uma esperança seja moça
Não cabe no embornal do pensamento.
A pele da menina quase louça
Rachando com o sol desabamento,
Dos olhos tantas águas formam poça
Depois irei dormir neste relento.
A casa da menina tem porteira
Ponteia uma viola noite e dia.
A lua se mostrando companheira
Amor faz mais folia e não reclama,
Meu Deus como teria uma alegria
Se a moça desse abrigo em sua cama.
X
TE AMO, TE AMO...
Não quero que renasça nem que morra
A sorte que te trouxe sem disfarce
Trazendo em nossa cama a tal Gomorra
Do beijo em que se fez tal entrelace
A vida sem te ter, vida cachorra
Gerando a cada dia um novo impasse
Não quero que outra lua me socorra
Nem ofereço assim uma outra face.
Apenas bebo a fonte, juventude,
Nos trajetos risonhos deste mar.
Tomando em cada tento uma atitude.
Quero sem limites, sempre amar,
Nas úmidas vertentes deste rio,
Enchendo um coração antes vazio.
X
Algumas vezes jóias lapidadas
No ourives predileto, o coração,
Se mostram quase sempre iluminadas
Mas outras vezes negra escuridão.
Tiaras, gargantilhas ou anéis
Rubis ou esmeraldas, perla ou jade,
Assim amores feitos mais fiéis
Durando por quem sabe eternidade.
Opalas, turmalinas e corais
Dourando minha vida em teu abraço.
Nos teus cabelos brilhos, sempre mais,
Acaricio e assim desembaraço.
No fundo em tanta jóia, em tal matiz,
O que mais quero, amor é ser feliz!
X
Meu verso enviesado pela sorte
De quem nasceu com fome de vingança;
Na ponta desta faca trago o norte
A mão que quer o beijo já te alcança;
Porém tu sentirás meu fino corte
Da boca que te morde seta e lança.
Não temo lábio doce que me entorte
Nem mesmo uma lambida da esperança.
Nascido em fardo amargo e tão pesado,
Carrego entre meus dentes de soslaio
Certeza de saber que ando de lado,
No coração sofrido, este balaio,
Que é mostra que se fez por ter amado
Quem luta e não se deixa ser lacaio.
X
Onde estiveste filho tão querido? |
X
Soprando em minha mente cada vento |
X
Esperando este trem que pára agora |
X
Desate a fantasia deste dia |
|
X
Querida, não me peça mais conselhos, |
X
Tu foste esta cabrocha que sonhei
No carnaval perdido da memória.
Recebo todo o vento que assoprei
Na morte sem sentido, sem história.
Agora o que fazer se não sou rei,
Se o rumo se perdeu, sem ter nem glória.
Do quanto tanto amor eu desejei,
Percebo que não resta nem escória.
Cabrocha, carnaval, morreram todos,
Apenas um batuque meio estranho
Surgindo doutros rumos, novos lodos,
Matando a colombina
Da
Cabrocha também tem anorexia...
X
Do pecado e veneno que bebemos
Em versos e delírios sem limites
Espelhos onde sempre nós nos vemos
Reféns de outras loucuras e palpites.
Não quero nem impeço que acredites
No fogo deste inferno que teremos
Nem sinto nem desejo que limites
As hóstias que não temos nem comemos.
Só falo deste amor, santo consórcio,
Que é feito de ternura imensidade,
Embora no passado, o meu divórcio,
Demonstre para a falsa santidade
Pecado que envenena quem não ama
Matando em nascedouro a vida, a chama..
Em homenagem ao Papa Bento XVI
X
Vou sonhando acordado pelas ruas,
Vestido de ilusões e fantasias.
As mãos que me acarinham não são tuas
Mas suas ao me ver sem agonias.
As horas que passamos, loucas, cruas
Os medos se renascem como os dias.
Parece que distante continuas
Mentindo nos desejos, melodias...
Mas quero que tu saibas que te adoro,
Embora não consiga mais sentir
O gosto tão profano onde decoro
Os sonhos, pesadelos e temores.
Quem sabe te encontrando no porvir
Renasçam destas sombras os amores?
X
Desejo meu querido companheiro |
X
As portas entreabertas do meu peito
Sem medo ou cadeado que as proteja
Faminto sentimento sem direito
Do vento benfazejo que preveja
A luta que vencida dará jeito.
Se tudo o que vier assim deseja
Amor que nunca mais foi satisfeito
A boca desdenhosa que me beija
Servida na bandeja dos meus sonhos
Trará talvez a paz que necessito.
Ao longe, bem distante, no infinito;
Guardado por carinhos mais risonhos,
Vencendo cada pedra do caminho,
Tragando este meu corpo em teu carinho...
X
AMOR DE BOSTA |
X
Batucando a saudade no meu peito
Sem jeito com trejeitos mais vadios,
Fingindo que este amor insatisfeito
Nos une por estrelas, mãos e fios.
Agora que encontras contrafeito
Vestido das mentiras perco os frios
Olhares de quem nunca teve jeito,
Tocando bem de leve tantos brios.
Saudade não me engana, vai embora,
Amor que já se foi não voltará;
A noite vem chegando e não demora
Percebe noutra boca um novo toque,
Da lua que por certo, brilhará,
Mesmo que seja amor ponta de estoque.
X
AMO VOCÊ |
X
Amar-te como amei? Somente um louco... |
X
Tu falas deste amor como se fosse
Um direito exclusivo, todo teu.
Não somos tão somente simples posse
O teu amor jamais será só meu...
O mundo que sonhavas, sempre doce
Se perde na amargura deste breu...
A vida ,sem saber, do amor que trouxe
Fez desse meu olhar pra sempre ateu.
Não quero que tu penses ser matriz
E não serei jamais a filial,
O que me importa, amada é ser feliz,
Buscando teu carinho, noite e dia.
Amar demais além do que é normal,
Encharca nossa vida em poesia...
BASEADO
X
Levaste teus rebentos pela vida, |
X
No vento das montanhas, meu olhar
Encontra o teu semblante qual miragem
Parece que arvoredo a balançar
Traz a marca dos braços, nova aragem
Bebendo cada gota do luar
Que cisma me levando em tal viagem
De fadas nesta serra a me tocar
Fazendo amar, sentir qualquer bobagem.
Minha boca ferida pelo frio
Sequiosa da tua, nada sente
Senão tal vento em corte mais macio
Penetrando meu peito sem aviso.
Assim ao fim de tudo, se pressente
Meu passo, desmedido e já sem siso...
X
Neste meu coração avarandado
Pousando toda sorte de esperança.
Batendo quase sempre compassado
Depressa vai mudando em nova dança
No verso que trouxeste do passado
Recebo este bafejo da lembrança.
De um tempo que se foi acomodado
Mas volta em teimosia de criança.
Andorinha voltando de viagem
Tomaste o coração quase em assalto.
Falar que amor morreu? Uma bobagem,
Amor não foi embora, aqui ficou
Matando este meu peito tão incauto
De susto; uma andorinha que voltou...
X
Até mais ver, querida companheira.
Não posso te dizer se volto mais,
Apenas te proponho a vida inteira
Na busca do que somos. Siga
Que
Prazeres e vazios sempre traz.
Mas nada disso importa. A verdadeira
Esperança não volta aqui jamais..
Não digo mais adeus, nem mesmo bye
Apenas até mais se mais houver.
Por mais que a tarde fria que se vai
Demonstre a novidade que não veio,
Além de todo o fim que se quiser,
Amiga, o tempo racha-nos ao meio...
X
Tanto bem que te quis... nada sobrou,
Somente um gosto amargo de saudade.
Além de todo o cais, já naufragou
O sonho de viver felicidade.
Como falar de amor se nada sou
Senão o vento frio. Na verdade,
Nem mesmo um bom caminho se trilhou
No amor da tão distante mocidade...
Fugir destas fronteiras da loucura.
Estupidez pensar que isto tem cura...
As luzes se apagando em fim de festa
Sedução destes sonhos sem por que.
Ilusão do que procuro, mas cadê?
O som da praia ao longe, o que me resta...
X
Ah! Quem me dera estar sempre a teu lado,
Na lua tropical , boleros e canções,
Bandoleons, violas, noites, fado..
Rodando nas loucuras das paixões...
Não me canso jamais, apaixonado,
Entregue a tais desejos seduções...
A noite vem e traz o teu recado,
Na boca, doces lábios, tentações...
Ah! Quem me dera o gosto do veneno
Bebido em tua boca, nos teus seios...
Delírio me tomando, vivo e pleno,
Tremendo todo o chão sob os meus pés...
A vida se entregando aos meus anseios,
Na dama que convida... os cabarés...
X
Eu ando, meu amor , à flor da pele,
Tristonho sem motivos aparentes.
Sorriso enviesado me repele,
Andando com a faca entre meus dentes.
Pavores e temores do vazio.
Saudades do que nunca percebera.
Tomado em sensação de imenso frio,
Matando num inverno a primavera.
Estou com os meus nervos combalidos,
Os olhos mais vermelhos anunciam
Hiperestesiados, os sentidos;
Assim nova paixão já denunciam...
Eu ando à flor da pele; por favor,
Não negue minha cura: o teu amor!
X
Surgindo constelares esperanças
Nos olhos da criança mais contente.
Escondem suas dores, suas lanças
Rangendo uma alegria reluzente
Nas águas mais serenas, sempre mansas
Do amor que se fizer bem mais urgente.
Com jeito de meninas tais lembranças
Cerzindo fantasias, finalmente.
Amor é quase sempre a liberdade;
Anúncio de outra vida mais feliz.
Nessa luta por solidariedade.
A vida que desfila
Se
Como o meu coração, pra sempre quis...
X
Na noite de esplendor, o belo mar
Tomando toda areia desta praia
Lambendo tuas pernas devagar,
Levanta mansamente tua saia.
Mostrando teus segredos, ao luar
Que espreita bem distante, de tocaia,
Por um instante chega a pratear
Fazendo com que a noite se distraia...
Espumas acarinham tuas pernas.
Delícias de lambida bem salgada.
As mãos do grande mar são tão ternas.
Tu te entregas aos loucos pensamentos,
Sorrindo, tua pele arrepiada,
Abrindo tuas coxas, beijos, ventos...
X
Vagas vagas, vergastas, vergalhões...
Em tantas plagas gastas ilusões
Não me afagas desgastas emoções...
E mesmo assim esmagas as paixões...
Sou éter, mas quem dera ser eterno.
Arremeter meu sonho/espera terno
Bem longe do que fora triste inverno
No alforje em que decoras meu inferno.
Guardo o medo, arremedo de uma sorte
Mais cedo do que sendo novo corte,
Segredo prosseguindo até a morte.
Não arredo, seguindo amor, seu norte.
Desgovernado em vagas madrugadas
Nas buscas, bruscas velas relevadas...
X
A morte se aproxima lentamente
Do rico leito, de edredons forrado;
De nada vale o médico ao doente
Nem o remédio que ele tem tomado.
Trazendo, no colo, pequenina filha.
Jogada ao chão, imundo, na calçada,
A vagabunda, suja e maltrapilha,
Vive, por certo, ali, do quase nada.
A sorte se mostrando traiçoeira,
Vestida de nobreza em dura morte,
Vestida de outra morte, numa esteira
Se faz sem esperanças, vidas passam...
No canto da agonia, bem mais forte;
Extremos que se tocam, se entrelaçam...
Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
X
Guardando o teu sorriso, minha irmã,
No vento que beijou-me mansamente
Com toda a claridade da manhã
Levada pela tarde totalmente...
A vida muitas vezes segue vã
Por mais que a gente lute, que se tente,
Por mais que seja a noite temporã,
Jamais a manhã chega novamente.
Amei demais, amores variados,
Com força e com loucura, hemorragias...
O fogo que queimou antigos prados
Deixou o teu sorriso na memória.
Agora a noite toma as cercanias
O amor bateu de novo... A velha história...
X
Desejo aos meus amigos muito amor
E a paz tão redentora enquanto vida.
Antes do final, sempre um sonhador;
Quero felicidade dividida
Entre todos aqueles cuja dor
Por um momento cala uma saída,
Numa delicadeza, mansa flor,
Em perfumes e luzes revertida.
Que não se preocupem mais comigo,
Carrego minha cruz e não reclamo.
A vida, com certeza é um perigo
Inda mais se negamos dono ou amo.
E saibam, companheiros, fui feliz
Das chagas e feridas, cicatriz...
X
Se já não me interessam teorias
Que falem deste amor ou algo mais,
Tornados derrubando fantasias
Inundam o meu porto, matam cais.
Se bem que nas manhãs que estão mais frias
Fazem falta estes sonhos matinais.
Mas além de todo amor que não querias,
Amor, broa e café. Vem logo e traz...
Depois tem tanta coisa por fazer,
Correndo sempre ganho o novo dia,
Adormecendo sempre o meu prazer.
Se Deus quiser, à noite estou aqui;
E qualquer coisa, finge que sabia
Do amor que foi demais e que perdi...
X
Tantas vezes mergulho em teu retrato |
|
X
No nada em que adormece bem vestida
Na leve transparência do vazio.
Percebo que essa mão tão distraída
Encontra este calor matando o frio.
Não fale que se mostra arrependida,
Galgando o pensamento em que me guio.
Menina esta delícia concebida
No gosto e neste gesto, me vicio.
Adormecendo enquanto mal disfarço
Num sonho tão perfeito, tal nudez.
No pouco de juízo então me esgarço
E deito em sua cama, o meu desejo.
Qualquer dia em total insensatez.
Delícia usufruída que prevejo...
X
Eu falo da pureza deste amor
Que traz uma inerente resistência
Contra qualquer noção de desamor
Que toque e que maltrate uma existência.
Amor que se faz riso em seu louvor
E mata o sacrifício e a penitência.
Amor que é plenitude e sonhador
Vivendo e renascendo da clemência.
Eu falo deste amor que é carpinteiro
E molda nossa vida em alegria.
Entorna em nosso céu rico tinteiro
Em cores maviosas, mil matizes...
Amor que nos foi dado
E
X
Bailando nossa sorte |
|
X
Não me fazes favor algum se me amas... |
X
A noite está tão fria... A chuva cai... |
X
Da dor que me elegeu como parceiro |
|
X
Amar e não saber se sou amado
Amando e prosseguindo quase a esmo.
O tempo que domina, meu passado,
Carinho que me negam, sempre o mesmo...
Vencido pela horrenda solidão,
Espero nos teus braços, ser feliz.
Quem dera se tivesse novo chão,
Andando por estradas que já quis...
A noite sem teu beijo desgoverna
Errante como um náufrago sem porto,
A vida nesse amor é sempre eterna
Viver sem teu amor, ser quase morto...
Por isso minha amada, alma te implora,
A volta de quem amo, redentora...
X
Milagre em primavera nosso caso, |
X
A dor da solidão maltrata tanto |
X
Sentindo este prazer intenso e raro
Que me proporcionas todo o gozo,
Persigo-te querida pelo faro
Entranho no teu mar voluptuoso.
Nossos corpos unidos, se misturam
Perdemos os limites sem pudores;
Deliciosamente se procuram
As bocas por caminhos redentores.
Vibrando dentro em ti, as sensações
E os olhos se reviram, buscam céu.
Provocam-se loucuras, convulsões;
Tua nudez; me entregas, sorvo o mel,
E bebo desta fonte, me vicio,
Em cada gota tua, delicio...
X
Inspirando nas musas, o meu canto,
Transmite tão somente o meu alento.
As lágrimas que caem, sentimento,
Expressam toda a dor deste meu pranto.
Mulher que sempre prezo e amo tanto
Não quero te cantar em sofrimento.
Amor é com certeza, o instrumento,
Que impede desses versos, meu espanto.
Mas, se não me quiseres algum dia,
Te juro que não posso suportar.
A noite que virá escura e fria,
Em pálidos tormentos, sem luar
Calando, pois, das musas, melodia,
Impedem teu amor de me salvar!
X
|
X
Falando desse amor de todo dia |
Falando desse amor de todo dia |
X
Eu estou tão cansado, meu amor.
Mas não pra deixar de te querer,
Vivendo a letargia em tal torpor
Apenas não esqueço de saber
De todo sentimento, sem favor.
Nas curvas do desejo e do prazer,
Pegando o meu navio, este vapor
Que leva o mundo inteiro. Bem querer...
Mas eu ando distante, velho barco...
Sem rumo, sem cais, porto ou mar final,
Comandante perdido, amor tão parco,
Vou solto pelas ruas, cão sem dono.
Vivendo como um bicho em abandono,
Rolando pelas pedras, afinal...
X
Coração vagabundo sem juízo, |
X
Na plataforma livre deste amor, |
X
A orquestra nos chamou. Meu coração |
X
Quisera te deixar querido filho,
Um mundo bem melhor de se viver.
Aonde uma esperança fosse o trilho
Que nos levasse sempre ao bom prazer.
Mas perdoe esta falta de futuro
Que é herança que te deixo, meu amado.
A falta de sorriso, o gesto duro,
O mundo por completo destroçado.
As matas destruídas, o calor
Que mata em tempestades ou de sede.
O reino que é formado em desamor.
Alegria? Um quadro na parede...
Mas peço se algum dia, isto mudar,
Não se esqueça jamais de me culpar.
X
Menina bela flor dos meus enganos... |
X
A rua escura e fria, sem ninguém...
Vontade de chorar o tempo inteiro.
Chamando por teu nome, nada vem.
Somente o vento frio é companheiro.
Sozinho, tão distante do meu bem.
Amor que foi-se embora, traiçoeiro.
Quem dera se eu tivesse amor de alguém,
O sonho então seria verdadeiro.
Mas essa dor cruel, essa agonia
Matando o que restou de uma ternura,
Mascara de tristeza a fantasia
Da vida que sonhara tão amiga,
Agora, morre envolta na amargura,
Ternura que acabou, demais antiga...
Homenagem à DOLORES DURAN
X
Começaria tudo novamente
Se fosse necessário, meu amor.
A vida vai rodando em minha mente,
No canto, riso e dança, sedutor.
Em minhas mãos, teu corpo tão febril,
A cuba libre; o sonho que nos resta,
Teu corpo delicado e mais gentil,
A música tocada pela orquestra...
Uma certeza imensa de um futuro
Melhor a cada dia, eternidade.
Olhar pra trás e ver amor tão puro
O coração vibrando sem parar
Mostrando com firmeza esta vontade,
De sempre, meu amor, recomeçar...
HOMENAGEM AO GRANDE GONZAGUINHA
X
Eu bem sei quanto vales, meu amor...
Uma noitada, um bar, cetins e rendas,
Das noites tão baratas, sem valor...
Dormindo em vários quartos, ruas, tendas
Porém, vaidoso, penso sedutor,
Te trago novamente tantas prendas,
E tenho o teu prazer...Um sonhador
Que em risos e mentiras já desvendas...
Meias verdades, camas e desejos.
O sol quando renasce já te expõe
E a dura solidão me recompõe.
Marcada a minha boca pelos beijos,
Mergulho no vazio desta vida,
Mas amo-te demais assim, querida....
X
Ah! Tire o teu sorriso do caminho
Que eu quero desfilar a minha dor,
Se nesta vida, amada eu sou espinho,
Jamais vou maltratar a bela flor...
Agora se meu canto é tão sozinho
Distante de teus olhos, meu amor,
Percebo como a vida sem carinho
Maltrata um coração que é sonhador.
Nos espelhos meus olhos rasos d’água
Refletem toda a dor e a triste mágoa
Da vida, que sem força continua...
Não quero ser espinho em tua vida,
Mesmo que a sorte/flor se vá perdida.
O sol não viverá perto da lua...
HOMENAGEM AO GRANDE NELSON CAVAQUINHO
X
Quantas vezes pensando no que fomos
Esquecemos o que inda irá chegar...
A vida apresentando tantos tomos
Por vezes nos ajuda a despertar...
Pois quando a minha vida foi roubada
Pelo bem que tanto quis mas não me quer.
Depois de mergulhar encontrei nada
Nem os olhos nem sombras da mulher
Que foi meu sofrimento e minha sina...
Que trouxe tanta luz e me cegou.
A mão que acaricia e me domina,
Perdido aqui, no canto, me deixou...
De nada do que tive, me arrependo...
De meus amores, todos, vou vivendo...
X
Se nem as rosas sabem passarinhos,
Perdidos pelos ares, sem sossego,
Não posso me conter em velhos ninhos,
Dos quais não tive nunca nem apego.
Na busca por carinhos, vôo cego,
Meus dias se mostraram mais sozinhos.
No fundo, tanto amor que enfim eu nego,
Bebendo mais vinagres do que vinhos...
Restando tão somente uma amizade
Daquela que se foi por outros mares.
Resquício do que fora claridade,
Mas mesmo assim intacta sensação
Maior, eu reconheço, que os amares,
Mais forte que a loucura da paixão...
X
Variando meu lema, busco a paz.
Não a paz simplesmente tão cordata,
Aquela que recende numa mata,
Aquela que só brisa mansa traz...
Essa paz que procuro, é bem capaz,
De morrer pesadelo em serenata;
Traz consigo essa fúria de cascata,
É meio Deus arcanjo e Satanás...
Minha paz construída em tuas ancas,
No requebro voraz, vem das carrancas,
Protetoras do Velho São Francisco.
Tem o temperamento mais arisco,
Não temendo sequer o próprio risco,
Traz o vermelho audaz, nas pombas brancas...
X
Tua beleza rara e transbordante
Eflúvio da esperança em formosura;
Vibrando neste amor tão radiante
Envolto num sorriso da ternura.
Da deusa radiosa, estou diante
Num sonho tão feliz de tal brandura
Que faz do meu viver, amor constante
Coberto em alegria, beijo e cura.
Tanta luz que irradias; lua rara
Em plenilúnio eterno, sedutor.
Adoça com desejos; vida amara.
Refaz o meu caminho, sina e sorte.
Ouvindo tua voz, tanto esplendor;
Meu coração dispara e bate forte...
X
O fogo que em teu corpo, amada, ardia
Chamando para as loas ao desejo.
Destino deste amor que se cumpria
Com toda claridade de sobejo.
É mais do que viver em fantasia
É lume de esperança que prevejo.
Da dor de uma saudade feita em neve,
Verão que no teu corpo já me inunda.
A mão que acaricia, mansa e leve,
Traz emoção sincera e tão profunda,
Que a lua deste amor não seja breve
No fogo e na paixão que se oriunda
Do coração sofrido de um poeta
Que em teus carinhos vive e se completa...
X
Cativo da saudade, o quê que faço
Se esta mulher não quer mais meu carinho;
Procuro sempre em vão, estendo o braço,
Depois é que percebo: estou sozinho!
Amor que nos levita, ganha espaço
Morrendo me levando ao descaminho...
Estrela que do mar, num rubro laço,
Deixou solitário passarinho...
Agora, na gaiola da saudade,
Olhando para a vida, sem sentido...
Amar demais será que é crueldade?
Pressinto o teu perfume, mas cadê?
Vazio, sem amor, vou desvalido;
Pergunto: minha amada, mas por quê?
X
Não me fale jamais do que não fomos,
Cicatrizes ambulantes, vasos rotos...
Pedaços de esperanças, ledos gomos.
Vencidos pelo tempo, dois abortos.
Apenas eu te peço mais um dia.
Outro dia, qualquer dia, que se sente;
Pois talvez somente isso bastaria,
A chance que eu queria, de repente...
Mas veja que esta estrela inda é teimosa
E banha em tantas luzes nossas cores.
Brilhando certamente em nova rosa,
Servindo de consolo aos bons atores
Que penam pelas ruas, botequim,
Salvando o nosso amor, princípio e fim...
X
Um simples trovador e nada mais
Cantando o meu amor inalcançável.
Sabendo que não vens; amor, jamais.
Meu sofrimento assim, interminável.
Destinado a viver em plena dor
Eu canto o sofrimento que não pára.
Quem me dera um momento encantador
Adoçando esta vida tão amara;
A dona dos meus olhos nem me vê,
O sonho se repete e tão sozinho,
Procuro toda noite por você,
Na busca de seu colo e seu carinho...
Apenas trovador, minha viola,
Distante dos seus braços, me consola...
X
Nas horas em que vejo tua imagem |
X
O VALOR DA AMIZADE
Não deixe que esta dor reste perene,
O tempo quando é feito conselheiro
Impede que o passado te envenene
Louvando um sentimento verdadeiro,
Matando uma ilusão que já se encene.
Do exuberante amor se feito inteiro,
Felicidade mostra um raro gene
Além do dia a dia, corriqueiro...
Mas quando amor é feito falsidade,
Do nada que sobrou, nem mesmo prece.
Não fie neste equívoco. A verdade
Somente a um preceito, ela obedece.
Apenas no tear do amor se tece
O valor mais supremo, o da amizade...
X
A FORÇA DA AMIZADE |
X
UMA AMIZADE
A flor mais bela e rara que encontrei
Em meio a tantas ervas mais daninhas,
Mostrando todo o sonho que plantei
Nas ilusões mais caras, todas minhas.
Ao vento do carinho me entreguei
Numa esperança toda de andorinhas...
Na cândida certeza de vitória
Meus passos tropeçaram, egoísmos.
Invés de mil sorrisos, os de glória,
Senti destes amores, cataclismos.
Mas antes que esta vida se maldiga,
Refeito destas dores; a verdade,
Te digo, minha amada, minha amiga,
Eu tenho esta esperança, uma amizade...
X
Despido dos desejos mais ferozes,
De amores e paixões desenfreadas
Matando estes cruéis, duros algozes;
Das sortes sem paz, desencontradas.
Meus sonhos se libertam, vão velozes
Na busca por auroras, alvoradas,
Sem medo dos tormentos mais atrozes
Das dores que se morrem, tão cansadas...
O viço adolescente que refaço
No verso e na esperança de verdade
Por onde meu caminho, amiga, eu traço,
É feito deste brilho que não cessa,
Além de toda a força da promessa,
Todo o poder imenso da amizade...
X
Jangada solta ao mar
Uma
Do dia que virá festa, alegria,
Na boca pescadora da sereia
O canto não se cala, de magia,
A pele bronzeada se incendeia
Irrompe todo o bem da fantasia
E a lua na varanda brilha cheia...
Se nas brancas velas de teu braço
Plantei milhões de estrelas coloridas.
Eu quero desfrutar de cada abraço,
Beber de tua boca, uma saliva.
Na pesca, mil espécies tão sortidas...
Mas guardas, entre as pernas, água viva...
X
Ao ver um beija flor, nesta manhã, |
|
X
Teu corpo tão gostoso, juvenil;
Nos seios volumosos, teu encanto.
Sorriso que convida , tão sutil;
Tu sabes; te desejo tanto, tanto...
Teus olhos maravilha em raro anil
Deitada sobre mim, um belo manto,
De tez tão delicada e mais gentil,
Tu sabes que te quero, e o tanto quanto.
No vício delicioso de te ter,
Lascivo, embriagado em tal loucura,
Nos rastros cristalinos do prazer
Sentir o teu perfume sobre mim.
A tentação gostosa configura
O mundo que sonhei, tão bom assim..
X
A noite na penumbra vem chegando |
X
Quem tanto já cantara não encanta
Nem canta mais falando deste canto
Que sempre toca e quase sempre espanta,
Ficando tão sozinho no meu canto...
Vieste sem pedir sequer licença
Tomando tanto espaço que nem sonhas...
Amar demais passou a ser doença,
Daquelas cujas dores são medonhas...
De quem me queixarei se tudo mente,
Em quem colocarei as esperanças...
Tragando minha sorte totalmente
Não restam nem as sombras das lembranças...
Cativo já procuro liberdade,
Buscando um novo amor pela cidade...
X
Olhar esta cidade da janela
Deste quarto de hotel, vejo as estrelas.
Nas luzes variadas se revela
As cores que preciso sempre vê-las.
Vagando pelos bares, ruas praças,
Meus olhos se encantando em tantos brilhos.
Em meio a confusões, carros, fumaças,
Procuro pelo amor, em tramas, trilhos...
Do Rio de Janeiro solto o grito
Através da vidraça deste quarto,
Na busca pelo rastro do infinito,
Do sonho transtornado, vivo e farto.
No fundo do meu peito o podre fruto
Do tempo que passou, em verso e luto.
Homenagem a Jards Macalé
X
Vagando pelo espaço te procuro, |
No comments:
Post a Comment