Nas festas que sangramos, dois convivas. |
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X
Braços brancos abraçam sem brandura.
Das brumas, borboletas e bromélias.
Nas sebes emboscadas de corbelhas,
Beija, abelha, boninas com bravura.
Belezas se embasando na brancura,
De beatas bacantes, de camélias,
Não sabem que soçobram as Amélias
Em burlas belicosas, sobra jura.
Entretanto tentando sentir, tato,
Em fátuo sentimento de prazer
Fazendo tanto amor só por fazer
Retrato meu dilema em cada fato.
Se amar demais foi sempre meu retrato,
Rechaço, em novo fato, o bem querer.
X
Recebo estas palavras; teu lamento, |
X
Insano sofrimento ano que vem
Se vem não desanimo, mas não quero
Se quero não devendo ser sincero
Espero se vieres ir também.
Se sofro não te minto mais, meu bem.
Omito tanto queimo quanto fero
E vago sem sentidos no que gero.
O tempo em tempestade tempo tem.
Ao ver-me, por sinal, tão iracundo,
Não sabes dos ganidos do meu peito
Que sempre se ferindo vai fecundo
E taciturno cala sobre tudo.
Devendo tanto amor como um direito
De amores dos teus mares já me inundo.
X
Meu grito representa um instrumento
Que salva-me dos braços da loucura;
Envolto em desabafo com bravura
Espalha meus sentidos pelo vento.
Numa explosão mais forte, o sentimento
Ao mesmo tempo exponho e traço a cura;
Livrando-me da dor que me tortura;
No desabafo intenso, um bom ungüento.
Sou manso e no remanso é bom viver,
Mas sinto que por vezes incomoda
A placidez de quem amor açoda.
Depois que solto o grito posso ver,
Em calmaria branda que me invade,
Os olhos do meu peito, em liberdade.
X
Aborto um roseiral em primavera. |
X
O tempo vai passando e sem cuidados,
Demonstra nos castigos; os meus erros.
Rasgando as ilusões vai, aos bocados,
Cortando as minhas costas, frios ferros.
Meu destino arrojado em teu destino,
Secando uma nascente, mata o rio.
Polui um lago outrora cristalino,
Já não prossigo mais e nem confio.
Contento-me com pouco, esteja certa.
Não quero nem pedidos de desculpa;
A lua em negras nuvens encoberta
Demonstra obscuridade em tua culpa.
Amor que se fez tonto, sem enredo,
Morrendo e maltratando desde cedo.
X
Febre ardendo... Saudades... Solidão. |
X
Eu bem sei que me odeias. Tenho pena,
Pois pensava que fosses mais gentil.
De tudo o que vivemos; nada viu,
Nem sombra de saudade ainda acena.
Tua alma é tão vazia e tão pequena
Guardando um sentimento tolo, vil.
Matando toda a cor de um belo abril
Artista que destrói a tela, a cena.
Nas cores e nas folhas espalhadas,
Outono onde tu foste a minha luz.
Nas folhas dos cadernos arrancadas
Depois de tanto lume, tanta briga.
Sereno sentimento vira cruz.
Um coração menor; quanto ódio abriga!
X
Dourado sonho dominando tudo... |
X
Estrelas deslumbrantes, leves plumas, |
X
Pousando no meu peito um passarinho
Aos poucos, devagar, me dominando
Formando com carinhos, o seu ninho,
Ardendo em mansa chama, em fogo brando.
Mudando assim meu rumo, com carinho;
Aos Céus e ao Paraíso desviando.
A mão deste menino me guiava
Aos braços da mulher que Deus me deu,
Quem tanto quis e nunca mais contava
Em tantas alegrias converteu
O gelo, a neve em chama, brasa e lava;
Fornalhas que incendeiam todo o breu.
Nas mãos desta criança, fui ferido,
Pelas setas certeiras de Cupido.
X
Que faço se procuro e não me calo,
Embora saiba: amor, uma mentira
Na qual por ilusão, eu tanto falo.
A doce solidão fazendo mira
Trazendo em minha vida, o seu regalo.
Amor sem ter limites, verdadeiro?
Bem sei que não. Amor é corriqueiro
E morre mal começa no meu peito.
Um sonho assim imaterializado
Em nada se mostrando satisfeito,
Matando toda flor de simples prado
Desmente-se sem nexo em cada preito,
Resquícios de emoções do meu passado.
Amor quando demais, da dor o fulcro
Prepara em ironias, meu sepulcro!
X
“Beijei a ponta da faca” Saudade como faca penetrando Rompendo o que se fora carapaça. Aos poucos sem que eu veja, me tomando, Uma agonia imensa que não passa. O tempo corre lento, se arrastando, Toda alegria morre e se esfumaça, O mundo que sonhara desabando, O que restou de mim, a dor esgarça... Talvez essa saudade inda se cure, Chegando um novo amor. É, pode ser... Por mais que o mundo caia e me torture Um dia, no meu peito, nova dança, Que possa me encontrar e me trazer O vento tão suave da esperança... |
X
Moleque mais travesso e tão traquinas,
Criado em liberdade, sem juízo.
Olhando para as pernas das meninas,
Promessas de encantados paraísos.
Cavalo no galope, soltas crinas,
Na boca iluminando um bom sorriso,
Debaixo dos lençóis as mãos tão finas
No toque mais gostoso, assim, preciso.
Menino que cresceu em águas claras,
Morrendo na velhice sem remédio.
Feridas se transformam em escaras,
As horas de prazer, amigo, raras,
De noite a mocidade faz assédio,
A vida em contraponto é puro tédio...
X
Abarcando o teu barco em noite fria |
|
X
Maria se não fosse quem amava
Talvez eu não amasse mais Maria,
Maré quando depressa a mim chegava
Mostrava em fina areia que amaria
Quem mares sem temores maltratava
Tratava de saber minha agonia.
A faca penetrando em veia cava
Cavando quem amor não cevaria.
Calvário de quem ama, serpenteia
Na sala disfarçada de perfume.
A lua que não veio, maré cheia,
Estende o rubro pano das promessas.
Maria vê se deixa de ciúme
Pecados sei de ti e não confessas...
X
Entre viços, estrelas e perfumes,
Meus sonhos tolos, líricos; prossigo.
Viajo em cordilheiras, altos cumes,
Sem medo de aventuras e perigo.
Sem asas que me levem, que me aprumem
Em nuvens delirantes peço abrigo.
Meus olhos destemidos e proféticos,
Abrandam o calor das altas plagas
Os ideais distintos, hipotéticos
Prosseguem incansáveis ledas sagas
Em meio a tempestades olhos céticos,
Abrandam tuas mãos enquanto afagas
Obuses que derramas em meus passos,
Em pedras e em espinhos forjas laços.
X
Envolto em triste treva, tão sombria,
No corte da navalha e do machado,
Um canto quase inerte, amargo brado
Estúpida loucura que se erguia
Das turbas sanguinárias, vaga e fria
A mão que me tocara em triste enfado
Ressurge novamente aqui ao lado
Na nebulosa tarde que surgia.
Minha alma, no passado, era canora,
Em liberdade, encantos, passarinhos.
Que uma gaiola em farpas mostra agora
Qual cicatriz e sombras de outros ninhos
Guardados no suplício aonde aflora
A temerária senda, meus caminhos...
X
Ao vê-la se revela o mais velado
Sonho em que me transponho, nave insana.
Farturas de ternuras, cada cardo
Deixado nos caminhos, não me engana.
Vislumbro precipício onde me enfado
E fujo em alva lua, uma cigana
Que vaga pelo espaço iluminado
E morre nos meus braços, soberana.
Prevejo o que não quis ver os meus olhos,
Agudos pedregulhos, meu antolhos,
Impedem a clareza necessária.
Qual fossem mil corcéis, estrelas vagam
Imersas entre nuvens que as apagam.
Noite em látego açoite, temerária...
X
Quando, faz tanto tempo, eu esperava |
X
No sonho ressuscito uma criança
Que há tempos adormece dentro em mim.
Tomando-me de assalto vem assim
Na placidez da noite que se avança.
Cabeça vai rodando, o tempo dança
E traz do meu passado, flor, jardim,
Futuro se aproxima e sem ter fim
A roda se confunde, louca e mansa.
É nele que refaço a minha vida
Em dias que vieram e virão.
Voando sem tirar os pés do chão
Prevejo a própria vida a ser cumprida
E sou o que não fui e não serei,
Cativo, marinheiro, deus ou rei.
X
Quem dera se, de lágrimas isento,
Passasse a minha vida sem saber
Do verdugo voraz deste prazer
Que mina e já demanda sofrimento.
Amores quando soltos, bebem vento
E dormem envolvidos em lazer.
Procuro, nos teus seios, acender
O fogo que sossegue o pensamento.
Quem sabe a recompensa mais completa,
Cobiças e delírio tão dileto.
A vida remoçando em nova meta.
Desejos explodindo! Assim, repleto,
Marcado por Cupido, em doce seta
Renasço em teus carinhos, tanto afeto...
X
Quanto terror latente
nesse mar gelado
que desde sempre
levamos na alma.
António Castañeda
Em duros pesadelos, a noite passa
Expondo estas que verdades que eu carrego.
No dia, a claridade já disfarça
E oculto de mim mesmo, mudo e cego.
Porém o que fazer? Expor-me
Pública
Guardados na gaveta, exposta à traça;
Em falsa sensação à qual me apego,
Ressurgem toda noite a me assombrar.
Latentes, estas dores latejantes
Explodem num gelado e imenso mar.
Tomada sem ter tréguas por terror
Minha alma nas procelas perturbantes
Demonstra-se refém deste pavor...
X
Primavera trazendo suas flores...
As cores divinais da primavera
Prenúncios naturais destes amores
Da natureza em cio sem espera.
Assim também seguimos nossa vida,
Em fase diferente a mesma lua.
A sina necessita ser cumprida,
Estrada tão comprida, continua...
Crisálidas renascem borboletas
As flores já granando geram frutas.
Distantes viajantes, os cometas
Retornam e embelezam todo o céu.
Delicadeza em jóias, gemas brutas,
Do pólen da esperança um doce mel...
X
Qual fosse uma esperança que adormece |
X
A noite nos tomando, verão pleno, |
X
Tu freqüentas as minhas fantasias
Povoas madrugadas sonho e glória.
Nas noites solitárias, antes frias,
Mudaste todo o rumo desta história.
Revelas esperanças tantos dias,
A vida já não passa merencória.
Que bom se me quisesses, me dirias
Do amor que se perdeu, triste memória...
Eu quero que tu penses; necessito.
Tu és a redenção de minha vida.
Meu sonho mais gostoso e mais bonito,
Um rito de alegria em salvação,
Depois de tanto tempo, alma perdida,
Me encontro em tuas asas; Ah! Paixão!
X
Bendito seja o vento que te trouxe
Em meio a tempestades que passei.
Tua presença calma e sempre doce;
O mundo em que vieste me fez rei.
Tu trazes teu sorriso como fosse
A glória de quem ama, como amei.
Com força de quem quer já que remoce
A sorte que se fora em dura lei.
Te quero, benfazeja e mais serena,
Amiga amada, luz que enfim rebrilha.
Menina que sonhei; a vida acena
E traz uma esperança, maravilha,
De ter em cada dia em rara cena,
Uma alegria imensa em bela trilha...
X
Ajoelhado aos pés de minha amada, |
X
Ao ver-te caminhando em plena graça,
Rainha de meus sonhos, sedutora.
No véu de uma beleza que esvoaça,
Te quero, minha amada; vem agora.
Tesouro que buscara, não disfarça
Em brilhos redentores, sem demora,
O tempo do teu lado nunca passa,
Minha alma, te deseja e tanto adora...
Murmuro em cada verso esta esperança
De ter essa mulher sempre comigo.
Vivendo nossa vida, eterna dança,
Vibrando sem temores, esta emoção,
Do amor no qual navego e tenho abrigo,
Carinhos em feitio de oração....
X
Meus erros, da fortuna derivados |
X
Meu sonho vai vestido de saudades; |
X
Teus olhos cintilantes e venais
São partes inerentes, mas descarto,
Da dor que me promulgas, estou farto
E deixo teus olhares para trás
Se fomos não deixamos de ser mais
Assim tu pensarias, mas reparto
Os sonhos desde sempre, e sempre parto
Em busca do silêncio d’outro cais.
Alagas com teus risos minhas sendas.
E mordes com irônicas moendas,
Fazendo minha vida terebrante.
Mostrando-te meus cântaros vazios
Tocando assim teus nervos, olhos, fios
Cortando a nossa vida, num rompante!
X
Históra que me assombra, eu vô contá.
Dos tar de lubisome, bicho fei,
Que aparece nas noite de luá,
Mordeno todo o povo sem ter frei.
Um dia passeano num lugá
Dispois de tanto tempo, eu encontrei
Um bicho ansim piludo, de assustá;
Pois quage que, te juro, eu desmaiei.
A sorte foi que Juca de Maria,
Um cabra desses bão, trabaiadô,
Com espingarda em punho apreparô
O bote contra o bicho disgramado,
E bão de mira em boa pontaria
Dexô esse mostrengo ansim, capado...
X
Seu moço, te pregunto, me arresponda
Pruquê tem tanta inveja nesse mundo.
Se a lua lá no céu brilha redonda
Crareia toda a terra num segundo.
Murdido por corar ou anaconda
O corte do invejoso é bem profundo.
Pru mais qui o rabo grande ele inda esconda
A cauda apareceno nesse fundo.
Qui Deus nos dê a sorte merecida,
Sem vê pros lado, fico mais contente.
A Bunda se demais aparecida
Dá logo um resfriado para a gente;
Inveja que faz mal pru toda a vida,
Dexano esse caboco, ansim, duente...
X
MINHA AMIGA |
X
A NATUREZA HUMANA |
|
X
Expondo o meu cadáver |
X
Trazes formigamento da saudade.
Por isso é que, querida, eu não te esqueço.
Das dores, muita vez, a liberdade.
O teu amor? eu sei que não mereço.
Espero que tu venhas num tropeço
Da sorte, isso trará felicidade.
Amor que ando errado no começo
Por certo não terá tranqüilidade.
Nas tramas que eu enredo, meus enganos.
Espúria sensação de falsos planos.
Meus erros? Se eu os tive não recordo.
Apenas te direi meias verdades
Daquilo que se foi, só veleidades...
Mas quero o teu amor, comigo, a bordo...
X
Em minha alma, velórios e varizes
Recebe tantas gotas de veneno.
Teus lábios; dois sedentos infelizes
Bebendo todo o sangue num aceno.
Mas peço, se vieres logo avises
Num tiro ou explosão, ou algo ameno.
Carinhos penetrantes, lutas, crises,
Em todos, estou certo, eu me enveneno.
Coberto por mentiras, t’as mantilhas,
Não restam deste amor sequer mobílias.
Apenas tanta dor em procissão.
Remendos não resolvem o fiasco,
Tu sabes, não preciso de sermão.
Se a boca que me beija é meu carrasco...
X
Tantas vezes errei... Mas isso eu reconheço
Tudo em minhas mãos queria num segundo;
Se as falhas que carrego invadem nosso mundo,
O teu olhar mordaz, eu bem sei que mereço.
Às vezes perturbando, ao me virar do avesso,
Jogando-me num mar tão negro e mais profundo
Aprofundas assim o meu erro, o tropeço
Gerando tempestade em simples copo d’água;
Sem perceber, querida, isso me trará mágoa.
Peço-te a caridade, enfim de perdoar.
Perdendo pouco a pouco, o nosso amor sem paz.
Eu não quero verdugo e nenhum capataz.
Perdendo, em julgamento, o tempo que é pr’a amar!
X
Os meninos brincando... o ribeirão...
Delícias de uma fruta amadurada...
Peixes fisgados.. o luar... o chão...
A vida prometendo longa estrada.
Meninos traduzindo este sertão.
A viola tocando, enluarada.
Frágeis dedos repletos de emoção.
Estrada, depois, dicomotizada.
Patrãozinho partiu, voltou doutor.
O outro está trabalhando na fazenda...
Os dedos que tocavam já não sabem.
Agora numa enxada, sol, calor.
Os seus dedos? Cortados na moenda...
O riacho e a saudade? Não mais cabem...
Em Homenagem a Fernando Brandt
X
Muitas vezes brincaste com, simplesmente
De forma leviana e tão venal.
Uma alma que se faz tão tola e mente
Não deixa nem resquícios no final.
Errante, sem sentidos, tolamente
Se coloca em distante pedestal.
Depois de tanto tempo percebi
O quanto fora estúpido, querida.
Em toda esta alegria que há
O
Sorriso de menina que perdi
Jogado em algum canto, em despedida.
Nesta amargura insana, o meu caminho,
Trilhado entre mil pedras, tanto espinho...
X
Entre meus dedos, passa o tempo todo,
Brincando com a sorte, louco ri.
Permite tanto engano, tonto engodo,
Depois, finge que nunca esteve aqui.
Moleque solitário não dispensa
A gargalhada firme depois disso.
Por mais que tolamente, a recompensa,
Se mostra numa flor, quase sem viço.
O tempo é companheiro predileto
De uma saudade feita em mil lembranças.
Por vezes tão vazio, outras repleto
Matando devagar as esperanças.
Agora que se foi o bonde e o trem,
Amor fora do tempo, sinto, vem...
X
Ciúmes são perfume de uma flor,
Maiores quanto mais queremos bem.
Vivendo em nosso caso, tanto amor,
Não quero te perder para ninguém!
Eu sei quanto é bobagem; o temor,
Tu és toda a certeza que se tem
De um mundo mais suave e sedutor.
Mas sei que tens ciúmes sim, também...
É claro que te tenho confiança,
Não nego que jamais desconfiei.
O amor entre nós dois, forte aliança
É mais do que pensei ter algum dia.
Por mais que tantas vezes disfarcei,
Minha alma, mil loucuras, fantasia...
X
Eu sou o resto podre da maçã |
X
O céu em tantas cores sempre borda
Teu rosto, nuvem clara, amada amiga.
Atando o pensamento em forte corda
A vida não se marca e nem periga.
Depois de sono breve já se acorda,
Forrando minha sorte em forte liga,
Tropeço o sentimento nesta borda
E caio nos teus braços, fonte e viga.
Na linha de teus olhos, horizonte.
Na fonte dos desejos, me inebrio.
Não deixe que este mundo te desconte
E leve nosso amor em vaga sorte.
Matando o que se fora tão sombrio
Trazendo este universo bem mais forte...
X
Não temas este abismo, tempo/vida. |
X
Minha cabeça roda sem juízo
Bebendo cada boca diferente.
Em todas, procurei o paraíso,
Que na verdade estava até bem quente
Mais parecendo inferno onde sem siso,
Descubro que valeu ser penitente.
No toque mais veloz e mais preciso,
A boca me mordia, de repente.
Se necessário, amada, beijo os pés,
Molambo desarmado e sem vergonha.
Vivendo quase sempre de viés
No jogo da esperança e da incerteza
Onde quer que essa sorte me componha,
Me deixarei levar na correnteza...
X
Se não houvesse amor o que seria?
Amar é redimir nossos pecados,
Vivendo esta tristeza
Ouvindo
Tornando todo o sonho
No
Vivendo uma esperança a cada dia
Dos olhos tão queridos, desejados...
A dor vale o sorriso, uma emoção.
O sim é poderoso e cura o não.
No prato em maravilha, riso e gozo.
No gesto sem sentido de um adeus,
Amor é sonho sempre perigoso,
Mas nos leva mais próximos de Deus..
X
Meu bem querer chegando devagar |
X
Amor não paga as contas deste mês
Nem serve em garantia no boteco,
Amor vai se perdendo sem freguês
Depois inda promete repeteco.
Amor não se fez mais do que se fez
Quebrando qualquer asa, teco-teco,
Ainda exige sorte em toda vez
Que grita e não escuta sequer eco.
Amor bem que queria mar de rosas,
Quem sabe da lavanda o seu perfume.
Amor mentindo em versos mata prosas,
Encontra em tempestades porto e cais,
Movido totalmente por ciúme,
Perdendo até batalhas, das navais...
X
Na doce podridão de cada beijo
Roubado nestes becos, nas entranhas.
No cheiro da cachaça e do desejo
Misturas de malícias e de manhas.
Na venda sem pudores, sem lampejo,
Tuas bocas abertas são tamanhas
Vibrando sem sorriso e sem latejo,
Nas procissões diversas, tão estranhas.
Os gritos simulados desta atriz
Deitada em tantas camas, seco o mel.
Fingindo finalmente ser feliz,
Deitada sob o peso desmedido
Brincando de princesa em carrossel,
Os olhos se perdendo, sem sentido...
X
Amor que não valia nem tostão |
X
Eu preparo a canção se for bonita
Pra moça que desfila em meu carinho.
Refeito da surpresa de pepita
Chegança em minha vida de mansinho.
No fundo tanto vejo que acredita
O marco que se fez assim sozinho
Rasgando este vestido, velha chita,
A moça só desfila em puro linho.
No limo que não veio, tecla gasta,
Cheguei quase sem tempo de beber.
A mão que esbofeteia logo afasta
Mas deixa qualquer rastro de prazer.
Meu sabiá morreu em tanto agouro,
Nas penas deste amor apenas couro.
X
Falando deste amor sem ter critério |
X
Acreditar no amor? Pura tolice...
Amor é qual criança sem juízo.
Por vezes imagino o paraíso,
Mas ao acordar tudo se desdisse.
Portanto; quanto amor vem sem aviso
E em pouco tempo some. Não me atice,
Te peço, por favor. Como eu te disse
Amor não tem prever, escorre liso...
Volúvel sentimento, nos decora
Depois, sem ter motivos vai embora.
Amor não sabe tempo nem lugar
No meio do deserto, amor aflora.
Nos leva, sem sabermos, ao luar.
Mas corta nossas asas ao voar...
X
Viajante desejo pela noite
Na busca do descanso que não veio.
Bebendo a sedução, um vero açoite,
Percebe em transparência, belo seio...
Recebe vaporosa sensação
Do vento que rasgou em tempestade,
Dormente, um inconstante coração,
Craveja de ilusões toda a verdade...
Encontra seminua lua cheia
Deitada em algum quarto de motel,
Do frio que se fez já se norteia,
E vaga nos lençóis, a noite fria,
Sangrando em cada raio, sol e céu,
Espera mor milagre, uma magia....
X
Ouvir a tua voz já me apascenta; |
X
Contigo quero estar cada momento,
Queimando nossos corpos, fogo intenso
Desejo que se faz no pensamento,
Acalma o que se fora sempre tenso.
Tocar a tua pele, boca
Desfruta
Qual fora simplesmente minha casa,
Um reino de delícias e alegrias...
Suores vão molhando a nossa cama,
Salgando estes lençóis, tanto prazer.
Tomando nossa noite em plena chama,
Vontade de; contigo, refazer
Todo o caminho feito no desejo
Imenso e poderoso, nosso beijo.
X
Eu quero em nosso amor tal sentimento
Que não disperse nunca esta emoção,
Levando minha voz solta no vento
Recebo teu carinho na canção.
Vivendo nosso mundo
Arcando
Vencido pela força da alegria
Prometo-te milhões, zilhões de beijos.
Amor que se envereda pelos sonhos
Em formas mais divinas e gostosas,
Matando os pesadelos mais medonhos
Trazendo esse jardim que é pleno em rosas...
Minha alma te procura e já flutua
No encontro deste sol com alva lua...
X
Eu quero te sentir bocas e beijos |
X
Sentir o teu perfume desejado |
X
Ilusão, fantasia ou realidade,
Existe sempre um vulto de mulher,
Em cada coração onde há saudade!
O vulto da mulher com quem sonhara,
Distante de meus olhos, tanta dor.
Amar é cultivar pérola rara,
Mistura entre a lama e o esplendor.
Eu sinto que tu queres me deixar,
Não vejo por fazes isso, amada,
A noite se aproxima devagar,
Depois a solidão da madrugada...
Não deixe que emoção termine assim,
Preciso te encontrar, minha alegria.
Matar o que, de amor, existe em mim,
É como me negar a fantasia...
Mulher que tanto quero em realidade,
Não deixe o coração virar saudade!
X
Ao sentires um vento bem macio
Chegando devagar, roçando o rosto,
Lambendo tuas pernas, bem vadio,
De desejo e carinho assim composto,
Um vento que incendeie o quente estio.
Deixando o teu querer bem mais exposto,
Molhando devagar, doce rocio,
Provando em tua boca, todo o gosto.
Ao sentires o vento te tocar,
Audaz já levantando a tua saia.
Sorvendo de teu corpo, devagar,
Verás que enfim cheguei, minha morena.
Sorriso no teu rosto não te traia,
Que a vida em mil prazeres nos acena...
X
EU TE ADORO!
Adoro te sentir colada em mim,
Olhando para as nuvens, sinto o vento...
Roçando tua boca carmesim
A vida se eterniza num momento.
E quase flutuando digo sim
A todos os desejos. Sentimento
Tomando, lentamente até que ao fim
Da tarde, num divino movimento;
Deitados, nos tocando e nos sentindo,
Eu ouça tua voz já me chamando
Num canto tão macio, manso e lindo
Num arrepio intenso, num sorriso,
Suspirando gostoso e me chamando;
Juntos, sem juízo, ao paraíso...
X
Ao te encontrar, amor; eu descobri
Que a vida pode ter felicidade.
Não sabes mas bem antes, tudo aqui
Trazia um triste gosto de saudade
De um tempo que passou, mal percebi,
Deixando em seu lugar, ansiedade.
Agora que encontrei amor
Eu
Estrela que vagava sem ter rumo,
Cometa sem paragem nem remanso;
Mas desde que em teus lábios me perfumo
Abri meu coração e esqueço o medo,
Os píncaros da sorte, amor alcanço
Do cofre do esplendor deste o segredo...
X
Querida, dentre as flores a mais bela,
Tu sabes deste amor por ti, gigante..
O quanto toda noite se revela
No quadro mais sublime e delirante.
Meu mundo no teu corpo já se atrela
E nada mais importa d’ora em diante...
Saber-te sem espinhos tanto encanta
Aquele que se fez teu devedor,
Ouvindo tua voz quando me canta
As páginas bonitas deste amor.
A força que me move, tanta, tanta...
É feita do perfume sedutor
Que exalas, minha amada e rara rosa.
Por isso estou feliz e vivo prosa..
X
Um rio vai chorando |
X
Minha alegre menina quero a dança |
|
X
Sei que sou desatento, me perdoe, |
X
O dia vem surgindo mansamente, |
X
Os vinhos, as champanhas, os motéis. |
X
Na dança das palavras deste verso
Vencidos os meus medos insensatos.
O sentimento invade-me diverso
Mostrando na parede teus retratos.
Paredes infinitas do universo,
Desejos instintivos pois inatos
Aos poucos me tornando tão disperso,
Distante das vontades e dos atos.
Mas sei quanto te quero, isso me basta.
Por mais que sejam duros os caminhos,
A sola de minha alma já bem gasta
É testemunha clara dos meus dias,
Buscando noutros braços os meus ninhos,
Tentando em tua boca, as alegrias...
X
MEU AMOR
Amor; que eu não proclame aos sete mares
Teu nome, e que preserve o sentimento.
Além deste quintal, destes pomares,
Silêncio que eu exijo até do vento.
Não saibam deste amor nem os luares,
Não quero mais as dores nem tormento
Pois sei que tanto amor ao dedicares,
Pediste este silêncio, e assim eu tento.
Embora esta vontade de gritar!
Embora esta alegria que incontida
Invade minha vida sem vagar,
Tomando o pensamento, sem parar
Tu és a minha paz, razão de vida,
É duro me conter e me calar...
X
Quem sabe se romântico poeta
Esboço de ilusões eu carregasse.
Na mira mais perfeita desta seta
Não resta nem aresta até disfarce.
Vasculho outro sentido, em nova meta;
Gerando tolamente um novo impasse;
Na sorte que não tenho e se completa
Na oferta que te faço: uma outra face.
Mas louvo o nosso amor em novo cântico.
Encontro-te comigo em sala e bar.
No fundo, bem quisera ser romântico.
Bebesse gota a gota o vasto mar.
Amar já não seria assim tão tétrico
Meu verso não viria escravo métrico.
X
Em brancura suave tal qual neve |
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