Será que essa menina se esqueceu
De tudo que tivemos no passado,
Sabendo que o que resta não sou eu,
Acordo todo dia desolado...
Mas sonho com amor que já tivemos,
Nas noites que sem medo, nos amamos,
Nas horas mais vadias, nos perdemos...
Sem rumo, te pergunto, pr’onde vamos?
Não vejo mais teus olhos, adivinho...
Não sinto tua boca, não me esqueço.
Te quero, não vou mais seguir sozinho,
Amor se não quiser, mudo endereço...
Não posso mais viver só te esperando,
A fila, companheira, vai andando...
X
Por tanto amor que tive em minha vida
Vivendo uma emoção desconhecida.
Recebo teu carinho enfim querida
Com sensação de paz, já esquecida...
E trago, nos meus versos, emoção
De quem viveu, por certo uma ilusão
Que sempre coroou meu coração
Na busca desta incrível sensação...
Eu quero teu amor, de puro encanto,
Trazendo, para a vida, um novo canto.
Vivendo sem ter medo, sem espanto.
Cobrindo essa saudade, belo manto...
Eu quero essa alegria de sonhar,
Na doce fantasia de te amar!
X
Argênteas doçuras, branca neve,
Nestas trevas noturnas, um oásis...
Aos poucos com carinho leve e breve
Mudando sua face em tantas fases.
Dessas névoas, coberta, fino véu...
Vagando solitária num deserto.
Rainha maviosa do meu céu.
Em seus braços futuro vai incerto...
Eu amo suas rendas, seu cetim.
Em brancas, alvas luzes, me inundando.
O bom de todo amor que existe em mim,
Nas horas mais tardias, transmudando.
Beleza que me encanta, toda nua...
Deitada em minha cama, amada lua...
X
Em nossa noite, a lua se apaixona
E trama no luar, seu forte brilho.
Trazendo nosso amor, enfim, à tona,
Nos rastros deste lume, maravilho.
Me esperanço de ter um novo dia,
Escapando por fim, deste marasmo.
Ao sentir essa doce melodia,
Mirando teu olhar, fico mais pasmo...
Eu quero nos meus versos, veros mares,
Furtivos, meus desejos são insanos.
Colhendo, nestes céus, os teus olhares,
Vencendo toda forma de abandonos...
Reflexos irisados sobre os rios;
Em meio a tantas luzes, olhos, fios...
X
Danças, saltos, mergulhos sem parar,
Nossos sonhos envoltos em prazer.
Prazer que nos invade sem parar,
Dançando sem vontade de descer...
Mergulhos, tantos saltos sobre a chama,
Vida que se incendeia e nos fustiga,
Aplaca nossos sonhos, não reclama,
Na cama que rolamos, trama amiga...
Nossa alma é uma nave sem destino,
Vagando pelo espaço sem paragem.
Se temos ou não somos, nem atino,
Apenas te convido pr’a viagem...
Que tramo nestes saltos e nas danças,
Rumando para amor, Roma, esperança...
X
Qual anjo que fustiga tantos sóis,
Imenso e delicado, nosso amor.
Da forma que tu queres já destróis,
A um só tempo frágil; salvador.
Desprende tantos nós que já nos atam,
Em várias magnitudes, minha estrela.
Não sabe dos temores que se abatam
Desfilas teus pendores, és tão bela.
Eu te quero do jeito que tu fores,
Em plena tempestade e no repouso.
Perfumas e me espinhas, como flores,
Tu és a decolagem e meu pouso.
Amada como é bom te ter aqui,
Ao mesmo tempo, penso: te perdi!
X
Minha vida transcorre como um rio |
X
Deitado no colchão, macias plumas
Espumas e sensíveis sedas, rendas...
Meus versos em delírios tudo esfumas
Nos risos e nos gozos, oferendas...
De tantos espetáculos vestígios
Deixados nesta cama sem cuidado...
Amores que se foram já prodígios
Aos poucos vai ficando mais calado.
Mas sinto teu amor, sempre singelo
Em torno dos meus sonhos, seus contornos.
Refletem nosso caso, vivo e belo,
Mas órfão, precisando mais adornos...
E sinto que também pensas assim,
Queremos novas danças, mais festim...
X
Minha amiga, por mais que não pareça,
Saiba querida: adoro o teu cantar.
Vida traz tantas dores... Mas esqueça;
O caminho do rio é sempre o mar.
Assim como, em meus versos, eu te peço
O carinho que sei que podes dar,
Tantas vezes, pedindo, te aborreço,
Mas sei que em ti, eu posso confiar...
Nas escadas diversas, mil degraus,
Nas horas mais difíceis, teu abraço.
É luz que me ilumina em pleno caos,
É força que me impele, sem cansaço...
Teu canto é meu sustento de alegria.
Nele, toda esperança em harmonia...
X
Não quero essa saudade, nem tristeza;
Não quero que tu vás. Ó meu amor.
Em minha alma um amor
Espelha
Tu levas as sementes no teu peito
De esperanças; poder, enfim, amar.
Qual rio que extravasa do seu leito,
Meu peito não se cansa de vazar
Em versos, em desejos e delírios;
Na lua de beleza estonteante,
Pureza destes alvos, belos lírios
Ternura que se encontra num instante..
Não deixe que esta flor se morra, triste...
Paixão que sempre rega, em mim, existe...
X
Eu não tenho medo: sei que noite vem... |
X
Se tanto amor dedico a quem me quer,
Distingo no horizonte, a branca lua
Vestida neste brilho de mulher
Que sempre resplandece, bela e nua...
Vencido pelo gozo das manhãs
Que, em manhas, sempre assanhas e me dás;
Do gosto e do frescor dos hortelãs,
Cascatas tão orgásticas, me traz...
Eu quero ser completo e convergente
Nos cantos mais recônditos, na busca...
Sabendo que este amor tão envolvente
Não deixa que esta noite seja brusca.
Te quero lambuzar; ternura e mel,
E navegar teu corpo, prazer, céu...
X
Eu sempre hei de adorar doce melado |
X
Não deixe que este sonho, devagar;
Se escorra cruelmente pelos dedos...
É sempre tão difícil se encontrar
Amor que não se poupa nem dos medos...
Não deixe que este caso traga ocaso
A todas esperanças que nós temos.
Se; louco, nos teus braços eu me abraso,
Eu quero, sem temor, que nos amemos...
Se tenho tal vontade de te ter,
Se tenho essa esperança renovada;
Te peço, meu amor, vamos viver,
Seguirmos toda a noite, a mesma estrada
Em rumo à claridade, fogo e chama,
Que sempre encontraremos nessa cama...
X
Eu quero me encontrar perdido
Eu
Na doce sensação que em ti senti
De bocas, línguas, dentes, sanhas, ninhos...
Eu quero me encontrar dentro de ti
Pensando em ti, vivendo inteiro em ti.
No mergulho mais louco que vivi,
Do raio da manhã que te pedi.
Na orquestra divina, tresloucada,
Sentindo o coração bater sem nexo.
Sentindo esse poder da alucinada
Divisão de prazer sem ser complexo...
Fantasia liberta sem conceitos
Vivendo em nosso amor, sem preconceitos...
X
Amor que nos ligou, solar destino.
Vestindo esta beleza, ser feliz.
Atino que, se um dia, fui menino,
Menino que sonhava cores gris.
Ao ver este solar resplandecente
Qual fora um helianto te buscou.
E vive neste amor mais envolvente
O rastro destes raios que sonhou...
E vaga mal começa uma alvorada,
E sonha com carícias e ternura.
Sabendo que virá a madrugada,
Eterna sensação que seja pura.
Que tenha a eternidade do momento
Mas saiba dar a voz ao sentimento!
X
Onde estava o amor? Por quanto tempo... |
X
Não quero a sensação de ser teu dono
Nem posso definhar de tanto amor.
Não vivo essa emoção, esse abandono,
Transbordo em tentação, louco fervor...
Em cada novo dia, renascer,
Em cada novo canto, me encantar.
Vivendo em plenitude de prazer,
Sorvendo cada gota deste amar...
Sentindo teu perfume, tantas flores,
Desejos maviosos, sensuais,
Sem ter sequer as travas dos pudores
Em noites de prazer, sensacionais...
Nos teus beijos, loucuras de ilusão,
Rebentam na explosão d’uma paixão...
X
Bendito seja o sonho que tivemos
Em meio a tantas luas e promessas
De tanto amor que, loucos, já fizemos,
Desejos vêm aos montes, em remessas...
Benditos os teus olhos radiosos,
Solares e repletos de desejos.
Teus lábios carmesins, deliciosos,
Carnudos tão propícios aos meus beijos...
Roçando tua pele em minha pele
Rolando teu prazer com meu prazer,
Aos versos mais sublimes já compele
Vontade tão teimosa de te ter.
E quero-te entranhada sem ter nexo
De cheiros emanados, amor, sexo...
X
Folheando teu livro da existência
Encontro tantas páginas em branco.
Bem sei que não é simples coincidência
Tais páginas; do meu, também arranco...
São folhas de saudade e de tristeza,
Jogadas desde há muito na lixeira.
Amor que nos redime, fortaleza,
Paixão que nos devora, verdadeira...
Eu quero cada toque dos teus lábios
Eu quero a profusão de uma loucura,
Carinhos mais audazes e tão sábios,
Ternura recheada de torturas...
Tua boca beijar, tão flamejante,
Vivendo nosso amor, irradiante...
X
Liberta em mansidão, uma amizade
Composta de desejos mais felizes.
Sabendo que viver
Precisa
No dom de ser amigo; uma esperança,
Forrada por carinho e por respeito.
Nos elos tão cerrados da aliança,
Os versos que te faço, satisfeito...
Amigo pressupõe uma coragem
De sempre ser fiel e verdadeiro,
Seguirmos, braços dados, a viagem
Que me colocará desnudo, inteiro...
Nas curvas desgraçadas do caminho,
Eu sou teu vero amigo, com carinho...
X
Da primavera em flores, o meu peito
Vivendo vicejante, transtornado.
Lutando pelo amor, que é seu direito,
Querendo ser de amor também amado...
Estendo os braços meus e te procuro,
Em meio a tais jardins do bem querer.
De luas estrelares, brilho puro,
Que faz o nosso céu resplandecer.
Eu sigo te pedindo essa ventura
De ter o teu carinho, minha amada.
Amor tão forte, intenso, se perdura,
Após o doce beijo da alvorada...
Da primavera, quero a primazia,
De te inundar de flores, de alegria...
X
Brincando no quintal de nossa infância, |
X
Quando falo contigo, minha amada, |
X
Formosos olhos buscam outros olhos
Que em sonhos se permitem espelhar,
Impedem que tragamos nos antolhos
Limites que me impeçam de te olhar...
Te vendo, nunca esqueço de dizer
Que o brilho destes olhos me domina.
Olhando o teu caminho posso ver
A luz que me irradia e me ilumina...
Nas cores que este céu já me irradia,
O véu das cachoeiras se rebrilha,
Descendo em cristalina sintonia,
Aos olhos representam maravilha...
Assim como teus olhos, meu amor,
Beleza irradiante, refletor...
X
Buscando nos cristais a claridade |
X
Por quantas vezes sigo meus instintos, |
X
Num sonho mais sagrado, em manso amor, |
X
Amor, bem sabes tudo o que receio, |
X
Jazendo neste canto, sem juízo,
Amor que me entranhara, enfim, suspira.
Acende tanta luz do paraíso
E queima eternidade numa pira...
Dos reinos encantados que viera,
Amor se enamorou de quem pensava
Que amor fosse distinto por ser fera,
Porém amor a todos dominava.
Eu, vítima das garras do carrasco,
Sem medo, rebelei-me, num segundo.
Invade meu navio, rompe o casco,
Em meio a seus desígnos, eu me afundo...
E submergido morro prazeroso,
Entregue a tais delícias deste gozo...
X
Arvoras a ser deus querido amigo,
Não sabes da potência deste canto.
Não vives puramente por perigo
Não tramas da esperança seu encanto...
Não sabes entender esta explosão
De cores e de formas mais sutis,
Que chamam simplesmente de paixão,
Que mata e que me faz triste e feliz...
Emprestas tal desejo ao nada sabes
Não cabes nem no gosto e nem no gozo.
Amigo, eu já te peço, não acabes,
Nas ruas como fosse um andrajoso...
Amor, se tu resistes; nada sobra,
Da forma que te dá, também te cobra...
X
Em desencanto pleno e sem mortalhas |
|
X
Quem pensa que o amor é tirania |
X
Amor que se sustenta das entranhas |
X
Amor que me impediu temer a morte
De sorte que não posso mais temer
Nem urzes e nem cruzes, forma forte
O canto que te possa remeter...
E mostro neste canto tal potência
Que mesmo nas desgraças me contém.
Amor vai me ensinando a ter clemência
Com quem passa essa vida sem ninguém.
Coroa um sentimento sem saudade,
Sem dores e sem males, sem tormentas,
Amor que me ensinou a liberdade
Nas asas em que voa, me fomentas...
Minha alma na tua alma, amor nos una,
Formando um forte laço, uma fortuna...
X
Campos mineiros, belos arvoredos,
Luas mineiras, cheiro de café...
Nos sóis mineiros, tantos os enredos.
Nos domingos mineiros, tanta fé...
Silvestres morros, límpida esperança.
Da dança que se entranha neste povo.
Da liberdade, um sonho que se avança,
De ver, desta janela, amor mais novo...
Nos braços encantados da morena,
Que o sol enamorado já bronzeia.
A noite enluarada sempre acena
Com doce tentação de lua cheia.
Tão bela que parece ser um queijo
Desnuda se entregando ao solar beijo...
X
Amor, meu contraponto da existência |
X
Amor; mesmo esperanças já perdidas |
X
Tanta tristeza guardas no teu peito |
X
Subindo pelas serras, cordilheiras,
No sonho libertário de Simon,
Eu quero fantasias verdadeiras
Ouvindo destas serras, eco e som...
Eu quero a liberdade do condor
Voando pelos céus americanos,
Achando nas montanhas este amor
Liberte-me dos frios, abandonos...
Por terras que percorras, por montanhas,
Por mais distantes mundos que desandes
Não sabes destas dores mais tamanhas,
Encontro meu amor em magos Andes,
Na força e serventia destas lhamas,
Amor que tanto queima quanto chamas...
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