Na febre intensa; ardendo-me querida,
Em teu corpo volúpias do desejo.
Na tocha flamejante, nossa vida
Se encontra nos prazeres que prevejo...
As ânsias no meu corpo já palpitam
Incendiadas levam à loucura.
Num turbilhão de gozos mais se agitam
As noites tão sedentas na procura.
Errante me encontrando em tua selva
Que salva sem ressalva, salga o gosto
Semeio meu anseio nessa relva,
Granando nossa festa, amor bem posto.
E os ventos que me sopras, delicada,
Em tempestade intensa, apaixonada...
X
Voluptuosamente noite afora
Cuidando deste sonho tão soberbo;
Um sentimento imenso quando aflora
Nesta emoção divina que recebo...
Nas tentações noturnas, bocas, pernas;
Dilacerados medos não mais vêm
Reféns das alegrias vivas, ternas.
A noite anunciada de meu bem.
Desfeitos, os tormentos já fenecem,
Não tenho as tempestades que temia,
Enredos desejosos, olhos tecem,
Mostrando a claridade em novo dia.
Nas convulsões febris, nos entregamos
E mansos, feramente nos amamos!
X
Não tema o meu cantar, isso eu te peço! |
X
Nesta rede de sonhos dos teus braços |
|
X
Sonhar com teus carinhos e promessas, |
X
Amor não necessita que se fale.
Só um gesto ou sorriso sempre trai.
Em si mesmo permite que se espalhe
Mal chega o sentimento o mundo cai...
E a máscara que usamos já se vai
Por mares tão distantes corte e talhe.
O medo se esfumaça e quando esvai
Invade de tal forma que se cale.
As mãos é que procuram se expressar
Fazendo dos carinhos a linguagem
Mais fácil e verdadeira de falar.
Por isso tantas vezes não me expresso
Da forma que tu queres, é bobagem,
Nos olhos e nos lábios me confesso...
X
Quando eu cheguei aqui comi poeira |
X
Bagunce o meu coreto, faça a festa. |
X
Matando minha sede neste poço
Deliciosamente aberto em chama.
Causando a um sedento alvoroço
Incendiando quarto, casa e cama.
Sorvendo cada gota devagar,
Sabendo que um desejo insaciável
No mel delicioso lambuzar
De doce paraíso tão amável.
No regozijo imenso da paixão,
Vibrando neste altar de amor profano.
Não resistir jamais à tentação
Deste prazer sincero e soberano
Que toma nossos corpos tão sedentos,
Delírios tão suaves, violentos...
X
Eu recordo das noites que passamos |
X
Amiga não se esqueça de que o bem |
X
Amigo me perdoe se em meus versos |
X
Tantas coisas ensinaste para mim... |
X
Não me queres mais. Sinto que perdi
O teu amor querida. O que fazer?
Tantas vezes contigo me escondi
Dos males procurando em teu prazer
A força que encontrara só em ti.
Mas tenho tanta vida por viver,
Esperando que apareça um bem querer.
Por isso minha amada, hoje eu saí.
Buscando teu olhar em cada rosto,
Buscando tua boca em cada face...
Mas desculpe; rei morto, outro rei posto.
Não vou ficar aqui sofrendo, à toa;
Perdoe, mas sou franco e sem disfarce:
Agora eu descobri que a vida é boa!
X
Sentir a tua pele em frio inverno
Tão lisa e tão macia... Sedução...
Neste carinho manso, doce, terno...
Rastilho que nos leva à explosão!
Quem dera se pudesse ser eterno,
Soltar minhas amarras... Tentação
Divina angelical, longe do inferno;
Num jogo que convida à emoção.
Tocar as tuas pernas, viajar...
E conhecer teus íntimos segredos
Todos. Cada um com calma eu explorar
Neste passeio mágico e fantástico
Entrar nos teus refúgios e degredos,
E descobrir caminho enfim, orgástico...
X
Vencer meu medo eterno de poder
Entregar-me completa e loucamente.
Escondo-me por vezes do prazer
Defesas que criei na minha mente.
Talvez seja esse medo de sofrer
A causa desta dor que o peito sente.
Morrendo no temor de enfim viver
Não consigo entender. Mas, de repente
Surgindo destas brumas o teu rosto,
Emoldurando a vida no meu peito.
Um coração faminto surge exposto
Com tal voracidade que me assusta.
Sedento e tão voraz, insatisfeito,
Não sabe mais sequer medida justa...
X
Eu quero o teu desejo mais audaz
Nas noites mais intensas de prazer.
Tu podes ter certeza, sou capaz
De tudo neste mundo pra te ter.
Uma emoção no peito mais falaz
Invade, dominando todo o ser;
Um raro e doce gosto a boca traz
No toque inebriante. Faz viver.
Depois de percorrer matas e montes,
Desaguar minha alegria no teu mar,
Celebro os desembarques nestas fontes
No orvalho que poreja e já me inundo:
Suor, saliva, sexo a nos tomar,
Sentimento feroz e mais profundo...
X
O tempo, o medo, espaço... essa saudade
Exposta qual fratura no meu peito.
Tu fostes e ofuscaste a claridade
Porém em pouco tempo estou refeito.
Refém do que se fora, na verdade;
Do bem que te queria, contrafeito
Além do que sonhara. Ansiedade
Se vem, dispenso e volto satisfeito.
Sorris e não percebes que passou
O bis tão desejado nunca veio.
Feliz, irei juntando o que quebrou
Atriz perdeste palco e sem platéia,
Exposta às maldições, vivo receio
Da morte de tua alma; cega, atéia...
X
Manhã tão luminosa que chegou |
X
Não faça meu amor, um reboliço |
X
Quando “a cigana leu o meu destino”
Acendeu lamparina da esperança.
Dizendo que este amor desde menino,
Seria uma alegria, eterna dança...
Agora que te vejo bem distante,
Eu vejo que a cigana se enganou.
Perdendo esta esperança, um diamante,
Pergunto sem te ter para onde vou?
Quem dera se eu tivesse a paciência
De saber esperar por quem não vem,
Porém amar nos toma a consciência,
Depois de tanto tempo sem ninguém...
Vencido pela dor que assim se sente,
Procuro novo amor em outra gente...
X
Eu quero ver teu rosto dentro
Vivo
Refletindo esse rosto, quero, enfim.
Beber o teu desejo em mim, curtido.
Quero sentir teu toque em sempre sim,
Eterno sentimento que, vivido,
Depois de muito tempo sem ter fim
Relembro simplesmente perco olvido...
Eu sei que o bem melhor tive contigo,
Nos meus momentos belos, fui feliz.
O corte demonstrou todo o perigo
De ser sempre fiel. Seguir em frente,
É ter depois de tudo, o que bem quis.
E mesmo em sofrimento, ser contente.
X
Amenizando o tom de minha voz, |
X
Não existe um momento nesta vida
Que permita uma distância entre nós dois.
Vivendo em nosso amor, vejo querida,
Que nada pode haver se houver depois...
Não há nem melodias, nem sorrisos,
Não há nem esperanças, eu naufrago
Sem ter os teus carinhos mais precisos,
Não posso mais viver sem teu afago...
Escuto tua voz como oração,
Meu canto só se faz se estás presente.
Sou vítima feliz desta paixão,
Que Deus nos deu um dia, de presente.
Mesmo além dos mar deste oceano,
Amor um bem supremo e soberano..
X
Nos teus lábios, veneno invés de mel, |
X
Não me esqueço das noites junto ao mar, |
X
Moça bonita, quero o teu desejo |
X
Nunca tome cuidados com a vida |
X
Vem me fazer aquele amor |
X
Deliciado ao som de tua voz,
Sentindo o teu perfume no meu rosto...
O medo do que fora duro, atroz,
Essas marcas sulcadas por desgosto.
Querendo perceber da vida após
As dores que o passado havia imposto,
No sentimento brusco e mais feroz,
O peito sente o frio de um agosto...
Em languidez deitada do meu lado,
Tua nudez traduz volúpia tanta..
Prometo-te meu canto enamorado,
Anseios te buscando, tensos, mudos,
A silhueta exposta, nua, encanta,
A pele acetinada nos veludos...
X
Encontro em ti meu grande companheiro, |
X
|
X
Amor que me invadiu tão docemente
Não deixa sequer margem pra tristeza;
Rondando minha vida põe a mesa
Trazendo toda a festa que se sente.
No tempo em que vivera tão ausente,
Não soube da alegria nem beleza,
Porém ao te tocar tive a certeza
Da vida já pulsando, novamente.
Amor tal sentimento a que me presto
Vibrando em minha vida porta a rosa
Tomando cada dia, que não parta.
Não quero ser somente um ledo resto
Nem quero mais a noite tenebrosa.
Desejo a tua carne, intensa e farta...
X
Lembrando-me de Cristo neste dia,
Sexta feira sangrenta da paixão,
Sempre trago comigo essa agonia,
Do mártir que pagou pelo perdão.
Caifás o seu carrasco, bem podia
Ter sido equiparado na questão
A um Papa causador de uma heresia
Matando Joana D’arc. A solução
Que dada em política selvagem
Ao temer uma perda de poder.
Permita-me Senhor, uma homenagem
Neste dia terrível contra a paz
Podendo neste Papa já rever
A face demoníaca: Caifás!
X
Cavaleiro enluarado
De onde vens que não se chega
De que terra traz partida,
Coração sujo de estradas...
Carlos Pita
Buscando o teu castelo no sertão
Princesa dos meus sonhos... O luar
Aponta meu caminho e direção
Teu reino enluarado onde encontrar?
Pegadas tão esparsas pelo chão
Distante... Tanto tempo a procurar
Levado pelas mãos do coração...
Princesa mais bonita do lugar!
O vento do querer é o meu guia
Estrelas comandando o meu caminho...
Ao gosto da vontade... A fantasia...
Clareio nos teus braços, na chegada.
Deitando em tua cama meu carinho...
Depois dessa poeira... Tanta estrada...
X
Amiga, quando a dor vem, se aproxima;
O sopro da tristeza nos alcança
A sorte da amizade, a gente estima
Com toda a plenitude da esperança.
Nas horas mais difíceis quando arrima
Meus pés já tão cansados desta dança;
Meu verso no teu peito encontra a rima
Numa felicidade que se alcança.
Amiga, companheira dos meus dias,
Na febre que me toma, mais antiga,
Permita; em nosso canto, as alegrias
Que sabes, divinizam minha estrada
Por isso é que te digo, cara amiga;
Para sempre serás por mim amada...
X
O medo de perder quem tanto quis
Voltar meus olhos tristes para trás.
Não sei se poderei ser mais feliz
Se a noite que chegar não trouxer mais
O brilho de teus olhos. Por um triz,
Bem sei que não soubera mais da paz;
Meu peito enamorado sempre diz
Que tudo que há de bom teu canto traz;
Mas sinto que perdi o teu amor,
O vento que te trouxe já não canta
Agora o dia passa num torpor,
Neste mormaço sofro e te desejo...
Vontade de te ter é tanta... tanta.
Somente uma saudade, ao longe, vejo...
X
A noite recomeça em nova dança
Nos toques mais audazes e precisos,
A vida em nossas mãos logo se avança
E mostra na alegria dos sorrisos
O gosto tão divino da esperança
Que vem e não prescinde dos avisos
Fazendo da volúpia esta aliança
Nos lábios que se entranham mais concisos...
Fogosos, flamejantes labaredas
Que encharcam nossos corpos de tesão,
Invado tuas matas, alamedas
E busco o nosso amor com tanto apuro,
Imerso em teus desejos. Sedução...
Na eternidade sempre te procuro...
X
Musa, |
X
Enfeita-me o sorriso o teu amor,
Trazendo tantos traços da alegria,
Quem sempre se achou merecedor,
Encontra nos teus lábios, fantasia...
Viceja na beleza de uma flor,
Que emoldurando cada novo dia,
Esbanja um sentimento sedutor,
Forrando a minha vida em melodia...
No canto prometido, vivo o sonho,
De ter eternamente teu desejo...
Amada, novamente te proponho
Vivermos a esperança de chegar,
A noite em que sorvendo cada beijo,
Que seja a minha vez de te enfeitar...
X
Pudesse o homem só saber o que é o amor
E lhe entregar o coração e a razão
Ainda haveria um poeta em cada ser
Taiguara
Tanto razão quanto emoção, amor,
Unidas pela sensibilidade,
Com força e com carinho, em tal vigor
Que nada se oporia, na verdade.
O cientista aberto à poesia,
Criando pelo amor sem vaidade,
Humanidade viva e sem ser fria
Vivendo a luz, em toda uma irmandade.
Em cada ser humano o doce gosto,
Da vida que se fez em amizade,
O coração sem medo sendo exposto,
A gente ia ter solidariedade.
Em todos uma vida mais completa,
Olhando para o mundo, qual poeta...
X
Oh, minha amada
Enfeitei a nossa estrada
Com palmeira e passarinho
Pra que surjas de mansinho
Só vestida de luar
Taiguara
Ladrilhei de esperanças o caminho
Prontinho para amada vir passar,
Passarinho cantando pede ninho,
Esperei meu amor, pelo luar...
Sozinho meu amor já me deixou,
Bem sei que com certeza, voltará,
Usei aquela estrela que brilhou,
Carinho que meu bem logo dará...
Vestida de luar, a minha amada,
Parceira deste sonho tão querido,
A lua não surgiu, envergonhada,
Deixando minha noite em solidão,
Agora estou sozinho e vou perdido,
Guardando nosso amor no coração..
X
Amiga, por favor ouça este canto |
X
Amor se eu demorar, favor, me espere,
Nas asas da saudade vou depressa,
Bem sei que tanto amor, por vezes fere,
Distância maltratando me confessa
Que o dia de chegar já se aproxima,
Beijar a tua boca e ser feliz.
Meu verso no teu peito encontrar rima,
Arranca deste amor a cicatriz...
Na santa criatura que sonhei,
Eu quero naufragar cada carinho.
Amores com desejos misturei,
Não posso mais assim seguir sozinho,
Espere mais um pouco minha amada,
Virei no revoar da passarada...
X
Negaste teu amor a quem, um dia,
Vivendo uma ilusão te quis aqui.
Meu canto se transtorna, uma agonia,
Tomando seu lugar onde vivi
Os sonhos que julgara de alegria,
Em pesadelos mostram quanto
Destrói-se
Até uma esperança eu já perdi...
Mas canto minha vida sem tristezas,
Apenas aprendi como se faz.
Deixando para o lado as incertezas,
Seguir cabeça erguida minha estrada,
Depois de tudo a morte vem em paz,
Do amor que não me deste; levo nada....
X
Quantas vezes pensei que enfim tivera; |
X
Tu foste o diamante mais perfeito
Que um dia meu olhar reconheceu.
Depois de certo tempo, contrafeito,
Sem ser aguado, amor demais morreu.
O rio da esperança é bem estreito,
Em meio a tantas curvas se perdeu,
O mar a quem pensava ter direito
Noutro lugar distante se escondeu...
Agora que me vejo aqui sozinho,
Relembro com carinho cada beijo...
No cálice da vida, o doce vinho
Depois de tanta espera avinagrou.
Mas mesmo assim, querida eu te desejo
Tu és espelho vivo do que sou ..
X
O bom da vida leva aos teus conselhos;
Amiga sempre foste tão sincera.
Os olhos lacrimejam, bem vermelhos,
E o teu consolo, amada, já impera.
Não fosse este teu braço companheiro,
Há muito eu desistira de lutar.
Um sentimento nobre e verdadeiro,
Ajuda-nos, por certo a enfrentar
As horas mais difíceis, solidão,
Os golpes doloridos; artimanhas,
Que vibram pelas costas, traição,
Nas derrotas, amiga sempre ganhas
A confiança imensa que em verdade,
Só vejo neste bem de uma amizade...
X
Há tantas ilusões em quem procura |
X
Escorre em minha boca todo o sumo |
|
X
Às vezes me pergunto como pode |
X
Vivendo o que passamos, minha amada, |
X
Amor jamais terás um outro alguém
Que te queira da forma que eu te quis;
As noites que passamos. Ah! Meu bem...
Um tempo, com certeza, mais feliz...
A solidão terrível sei que vem,
Deixando na minha alma a cicatriz,
Distante de teus olhos, sem ninguém,
O céu já vai perdendo o seu matiz...
Embora o sofrimento seja imenso,
Não quero que tu penses que eu te odeio...
No amor que já vivemos sempre penso,
E venho, sem temores te falar...
Se um dia precisar, vem sem receio
A ti, jamais deixei; meu bem, de amar...
X
Por vezes, no egoísmo em que vivemos,
Deixamos de sentir o gosto bom
Das coisas que sem ver, logo esquecemos,
Da vida, a sinfonia em cada som...
Por vezes nos matamos por dinheiro,
Sem termos a noção sequer da vida.
Sangramos com um mal tão corriqueiro
A sorte que jogamos; vai perdida...
Não falo em sacrifício nem em dor,
Não falo da tortura nem espinhos,
Apenas para bom observador
O que nos faz doer? Sermos sozinhos...
Pois saiba que jamais falta-te abrigo,
Nunca só: em Jesus tens um amigo...
X
Ah! Se eu pudesse... amor... não deixaria
Jamais a noite fria te levar,
E voltaria sempre
Colado
Buscando o teu amor a cada dia,
Nos raios deste sol e no luar,
Nos versos que dedico, em poesia,
No canto que te faço a cultivar.
Eu sinto que tu andas tão distante,
Mas vejo uma promessa nessa dança,
De ter o teu amor a todo instante,
Na festa em que louvamos nosso amor,
Vivendo sem deixar esta esperança,
Que é minha e me acompanha aonde eu for...
X
Queria ter na vida, simplesmente,
Um canto onde pudesse descansar,
Meus olhos tão tristonhos, de repente,
Buscando, sem temores, navegar
Por mares onde a vida já não mente,
Somente um canto livre ganha o ar.
Meu coração; um velho adolescente,
Bebendo na varanda o bom luar.
Cercado por amigos que não tenho,
Criados pelo amor à fantasia.
Jamais ser necessário cerrar cenho,
Ouvir o sabiá na laranjeira...
Possível? Talvez nunca. Mas se um dia...
A gente mais feliz e verdadeira...
X
Viajo por teu corpo, alucinado,
Tomando cada ponto de partida
Como o destino vivo, imaginado,
Rondando o teu prazer, sorvendo a vida...
Concebo cada ponto decorado
Tocando minha boca distraída,
Em cada nova fase meu recado
Explícito em loucura bem servida...
Começo e recomeço em liberdade,
Excursões e bandeiras ao tesouro
Até chegar torpor, saciedade...
Todo o tempo notando em teu sorriso
O cais divino, belo ancoradouro
Do hedônico caminho ao paraíso!
X
Quando entre as mais raparigas
Vais cantando entre as searas
Eu choro ao ouvir-te as cantigas
que cantas nas manhãs claras
Madredeus
Depois de tantas manhãs
Procurando-te querida
A vida sem amanhãs,
Não mais achando a saída
Minhas noites, tristes, vãs
Pensando ter já perdida
As doces horas louçãs
Que encontrei em minha vida
Adormecem tão tristonhas.
Quem passara por searas
Coloridas e risonhas
Agora morrendo em tristeza,
Procurando manhãs claras,
Já se perde em incerteza...
X
No mundo onde interesse é soberano, |
X
Quando te vi, eu juro não pensava
Que um dia poderíamos viver
A sensação; vulcão-erupção-lava
Que invade nossa noite e dá prazer.
Tu eras tão menina, mas guardava
Tanto desejo em flor; mal pude crer
Quando senti que a vida me levava
Direto pros teus braços... Que fazer
Senão me permitir este mergulho
Que trouxe em minha vida esta esperança;
Quem teve em dura estrada um pedregulho
Já sabe como usar suas defesas,
Porém, surpreendido em nova dança
Se entrega a desfrutar tantas belezas...
X
Dizem que a pedra é dura, Quantas vezes busquei o teu amor Entre ruas, estradas e caminhos... Nada encontrei. Restando este temor De jamais reviver os nossos ninhos... Eu fui teu companheiro, teu amigo, Mas logo me deixaste sem ninguém. Quem dera reviver amor contigo, Mas nada, nem à noite nunca vem... Eu sou o que sobrou de quem amas-te, Apenas um resquício que caminha, O tempo e a solidão, tanto desgaste, Pensar que em algum dia foste minha... Mas resta uma esperança, uma ilusão, A que tu reconheça ingratidão! |
X
Não querendo admitir tanta mentira
Que tramas escondida a cada dia,
Na dor que prometias e sentira;
A vida vai passando em agonia...
Amar-te foi, da vida uma obra-prima
Do amor e da esperança num momento.
Amor e dor quem pode nunca rima,
E joga toda sorte fora, ao vento...
Senhora dos meus sonhos me deixaste,
Aos poucos me derramo em teu ausência
Sem base me mantendo na fina haste
Que ganho em piedade, por clemência...
Não há mais nesse mundo quem convença
A preservar o amor, minha doença...
X
|
|
X
Luar está chamando para amar,
Convidativamente flores tantas
Brilhando sob a luz deste luar,
Argênteas belezas nestas mantas,
Derramam os seus lumes sobre o mar,
Certeza de que mais que tudo, encantas,
E chamas para à noite namorar;
Nas chamas tão profanas quanto santas.
Insanas aventuras pelas matas,
Palavras que sussurro em teus ouvidos,
Desfilam emoções quase
E
Distante de outros dias nos olvidos,
A lua em nossa cama... Aberta... Imensa
X
Não quero que tu sofras minha amiga.
Bem sei quanto te quero. Isso é que importa.
Tristeza se é demais sempre castiga,
E o coração não fecha sua porta
A quem sempre se deu e não cobrou,
A quem sempre se fez e não propaga,
A quem tanto carinho dedicou
Não deixa essa emoção ficar amarga...
Se eu pudesse sofrer em teu lugar!
Mas isso não seria proveitoso,
A dor sempre tem muito pr’ ensinar,
A gente nunca cresce com o gozo.
Por isso, por te amar e te querer
Não posso, em teu lugar, a dor sofrer...
X
Mereço o teu desejo se quiseres? |
X
Viço do quem fora sem talvez
Respiro o sentimento que negaste,
Imerso na amplitude que não vês,
Sou véspera do sido em vão, desgaste.
O quadro que pintamos foi a três,
Na tez emoldurada onde queimaste
Nas ordenanças todas somos rês
Do que não mais quiseste nem negaste.
Caramanchão imenso nos recobre
Dourado por milhares, buganvílias
Os fios dos meus nervos são de cobre,
Perfumem a minha alma tantas tílias,
Ao ver o teu desejo se descobre,
Os fetos que abortaste, minhas filhas...
X
A vida destinou-me tal ventura
De ter esta alegria duradoura
A sorte que já veio e a futura
Em tua fantasia já se doura.
Minha alma te procura a todo dia,
Sabendo que algum dia serás minha,
Vivendo do teu lado em harmonia,
Na mão que com desejo, me acarinha.
Teu quero ser; eterno namorado,
Erguido da paixão em vivo sonho,
Andar o mundo inteiro lado a lado,
Querida, é o que desejo e que proponho.
Assolam-me flamejos de um vulcão,
Neste desejo imenso, coração...
X
Colando nossas bocas, bebo a vida, |
X
|
X
Falar em versos soltos, da amizade
Que criva nosso peito em diamantes.
Bem antes de saber de uma saudade,
Palavras de um amigo são calmantes.
Ajudam na batalha dia-a-dia
Trazendo ao coração, imensa glória
De termos esperanças e alegria,
Mudando todo o rumo desta história
Se somos derrotados, nos ajudam,
Com toda uma certeza em tons gentis,
Amigos nas tempestas tudo mudam,
E deixam nosso mundo mais feliz,
No canto de amizade que propago,
A vida com certeza, traz afago...
X
Amigo, mesmo longe, tempo/espaço,
Eu tenho a sensação de que te vejo
E sinto toda a força do teu braço,
Na hora e no momento que desejo.
Por vezes quando a luta traz cansaço
E os olhos se perdendo em relampejo,
E a dor tão perigosa que prevejo,
Eu sinto que o calor de teu abraço
Não deixa a nossa vida se perder.
Amigo como é bom saber que existe,
E ti a sensação deste poder
Que faz a nossa vida alvissareira,
Nos enche de alegria em dia triste
Uma amizade pura e verdadeira...
X
Pensava que era minha esta esperança
De um dia ser feliz. O tempo passa
E a noite deste inverno já se avança,
O gosto da alegria se esfumaça
E fica sepultada na lembrança !
O passo, o velho laço, paço e praça;
Um sonho (ser feliz) depressa cansa,
O medo me transforma logo em caça.
Em toda a sensação de vento e frio,
A nau que trama a vida já naufraga,
O meu peito restando assim vazio
Não deixa nem a sombra da alegria,
Apenas solidão amarga afaga;
E uma esperança tola, em fantasia...
X
Cultivo a rosa branca no meu peito,
Embora a paz distante se desfaça.
Nas celas da esperança, insatisfeito,
Exposto meu desejo em cada praça.
O rumo que persigo, mesmo estreito,
Ao vê-lo bem mais perto se esfumaça.
Fazer de uma alegria o bom proveito
Numa emoção mais viva, que se caça
No verso que sonhei, que é nossa liça;
Cobiça bem distante de um amor.
O fogo que consome, o vento atiça
E traz em cada verso, o seu punhal
A rosa branca espinha o sonhador
Que morre em violência sem igual...
X
Vivo a sentir saudades dessa vida |
|
X
Neste caminho simples pro futuro |
X
Buscando num jardim flores, camélias, |
X
Coração navegante que sem rumo
Aporta vez em quando em ledo cais,
Quem sabe desse jeito eu me acostumo
E deixe de sofrer. Querer demais!
Coração vai e bebe todo o sumo
Correndo, depois cansa e não quer mais.
Demora muito tempo já sem prumo
E vive sem comando, só dor traz...
Abandonando o mar que se propunha,
Um dia naufragou em outra areia
Sozinho, não queria testemunha...
Agora que se pensa vencedor,
Envolto nos cabelos da sereia,
Coitado... Virou vítima do amor...
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