Diversos e devassos sentimentos Confluem meus desejos e prazeres. Sentindo que são vãos os meus tormentos Invado totalmente os teus quereres... É minha amada amante, ar e promessa, Fazemos de um momento, toda a festa, No amor tão delicado e assim, sem pressa... Na cama, os dois exaustos, o que resta De toda essa volúpia, da loucura... As mãos silenciosas se entrelaçam Num gesto de pureza e de ternura. Dois corpos seminus quando se abraçam Nos dão este sentido mais preciso, De como deve ser o paraíso! |
X
Amor é um momento de grandeza
Forjado em doação; não é um mito
Jogado e desprezado sobre a mesa.
Amor: um êxtase sublime; assim, bendito
Além do que é capaz a natureza
Humana compreender. Amor é rito
Diuturno e se conquista com leveza
Da alma. Por isso digo e te repito
Que não deves negar quem se encantar
Pelos olhos sinceros de um amor.
Corres o risco de teres que enfrentar
A negra solidão que não perdoa,
Aqueles que mentindo sem pudor,
Se escondem, mal disfarçam, vão à toa...
X
Se eu fôsse um retratista Amada, teu retrato na parede Mostrando como é bom ser mais feliz. Dessa alegria imensa tenho sede Do amor eu sei que sou um aprendiz... Ao ver quanta beleza em ti transluz, Me sinto em privilégio frente a Deus, Teus olhos; duas fontes, forte luz, Não diga nunca mais sequer adeus... Ao te perder senti como era triste A vida sem amor e sem carinho, Amor é fortaleza que resiste, Gaiola que encantou um passarinho... Ao ver o teu retrato, me lembrei, Do tempo em que vivia como um rei... Trova típica da região do Nordeste de Minas Gerais |
X
Meus erros são enormes, mas humanos.
Nas ânsias as terríveis maldições.
As falhas que me tomam; desenganos,
Impedem com certeza, as soluções.
Não falo que meus versos tão insanos
São formas de enganar-me; ilusões.
Mergulho na esperança os oceanos
Formados pelas dores, emoções...
Oscilo entre a verdade transparente
E toda uma mentira que me guia.
Nas mãos incandescentes, a serpente,
Nos olhos outros brilhos mais sutis,
Resisto e não concebo a fantasia,
Mas mesmo assim, me sinto mais feliz...
X
Tantas vezes receio que não venhas,
E passo toda a noite em agonia.
Ardendo no meu peito, velhas lenhas
Que me salvavam frente à noite fria...
Mas quando chegas, sinto tal ternura
Que esqueço o sofrimento desta espera.
Somente em teu amor a dor se cura,
És como o renascer da primavera.
Amor é doce mal a quem me entrego,
Em atos em palavras, pensamentos...
Sem teu amor por certo vago cego,
A solidão impera por momentos...
Amor que se propôs sem desengano,
É verso que me toma, onde me dano...
X
Levaste meu amor quando partiste
Em busca de outros campos mais amenos;
Minha alma apaixonada ficou triste
Bebendo desta ausência os tais venenos
Que fazem do meu canto, meu lamento;
Regendo o coração, esta saudade,
Queimando como fosse um forte vento,
Tornando tão vazio o fim da tarde...
Sou árvore sem frutos, mar sem praia,
Jardim sem ter as flores, sou ninguém...
No peito a solidão se achega, espraia,
E busco como um louco, por meu bem...
Só resta esta saudade, com certeza,
E toda essa tristeza; sobremesa...
X
Eu quero te encontrar com mais saúde,
Guerreiro que aprendi a respeitar
Desde a minha longínqua juventude
Nas lutas que tivemos que enfrentar.
Tu és meu companheiro de jornada,
Na busca do horizonte que virá;
Com passos decididos, nesta estrada
Qual rumo e qual destino levará?
Às vezes me sentindo combalido
Mas nunca derrotado, pois confio
Na força de teu braço decidido,
Jamais tememos dor, sequer o frio...
Meu pai, eu te agradeço, grande amigo...
Aos poucos teus caminhos, eu prossigo...
X
Amor... Em teus domínios me entreguei
De tal forma que nunca imaginara...
Distantes emoções. O que farei
Com esta sensação imensa e rara.
Suspiro na procura de um remédio
Que possa me trazer de novo a paz.
Amor tomando forma; em seu assédio
Me perco e já nem sei se sou capaz...
Tentando em ombro amigo, me apoiar
Mas nada me conforta, alma se solta
E busca andante errante te encontrar...
Este caminho trilho e sei sem volta...
Mas ouço tua voz, meu coração,
Dizendo-me: não lute. Ah! Isso não....
X
Montada num cavalo e seminua,
Em todos os meus sonhos, tu estás;
A mão ao me tocar, logo recua,
O desejo transtorna minha paz...
Donde vens? Amazona mais bonita,
Tua pele morena, olhos morenos...
A crina e o cabelo, tudo agita
Nos campos e nas relvas, mais serenos...
Ao seguir o teu perfume já me perco,
E penso que encontrei felicidade
De toda esta beleza que me acerco
Encontro profusão de claridade...
Porém o teu perfume me alucina,
E já te denuncia, m’a menina...
X
Meu coração descansa no teu seio As tuas mãos rolando meus cabelos... Aos poucos aumentando o meu anseio De me envolver contigo... Nos novelos De pernas misturadas. Como é bom Sentir o teu perfume me envolvendo Desperta o meu desejo, o mesmo tom De promessa que vai amor tecendo... Selva, areias, desertos e montanhas Por todos os lugares te buscar... As mãos em meus cabelos, quando assanhas Vontade de te ter e me entregar... Teu rosto junto ao meu num só respiro, Suando, todo amor, por ti, transpiro! |
X
Que o dia seja bom para você;
Não se deixe levar pelo cansaço.
Coragem é preciso pra viver;
Desânimo desenha um outro traço.
Um pouco de otimismo não faz mal,
Não deixe que essas pedras do caminho
Te impeçam de vencer. É natural
Querermos um bocado de carinho
Por isso é necessário acarinhar
Quem ama de verdade. Um bom amigo
Antes de ser amado quer amar.
Trazendo, se possível, uma alegria
Que contagie a todos. Vem comigo
Com esperança sempre de um bom dia!
X
Ao ver-te qual miragem no meu quarto, Desnuda passeando em minha cama; Sorriso sensual, sereno e farto Reacendendo em mim, toda esta chama... Esplêndida visão do paraíso, Tua nudez convida para a dança, No toque mais sutil e mais preciso, A festa em nossa noite já se avança... E passo a passo sigo a maravilha De teu corpo, decorando cada ponto. Aos poucos aprender esta cartilha Que traz todo desejo a que remonto... A boca peregrina te decora, A noite me alucina e nos devora... |
X
Amor é sentimento que não nega
Apenas se entregando sem cobrar.
A um mundo mais tranqüilo nos carrega
Com paz, serenidade, ganha o mar.
Amor é desejar felicidade
A quem por tantas vezes nos magoa,
É crer na plenitude da amizade,
Só querer para outrem a vida boa.
Amar é mais que tudo, ser sustento
Nas horas mais difíceis, complicadas...
Quem ama é ser divino e tem assento
Nas terras mais queridas e ansiadas...
Eu amo bem aquém de minhas forças,
Do mar que necessito, tenho poças...
X
Ao ver-te tão bonita, moça feita,
Reparo como o tempo é tão cruel.
Às vezes a minha alma não aceita
Pensando ser criança, risca o céu
Em busca de um alento que não cabe
Em quem já ultrapassou o fim da tarde.
Um coração teimoso nunca sabe
E envolto em fantasias, lúdico, arde...
Meus dias se passando sem remédio,
Correndo, não consigo acompanhar.
Sobrando do que fui; apenas tédio,
Vontade de me ter sem me encontrar...
Ao ver-te tão bonita, me retrato
Preparo a despedida, e me maltrato...
X
Uma esperança dança em minha mente De ser teu companheiro novamente Na dança que fizemos, simplesmente, A vida se tornou mais envolvente. Não sei por que partiste de repente, Talvez tu não me amastes totalmente, Aqui fiquei sozinho tolamente Aguardo tua volta, descontente. Amor quando é demais, incontinente, Não teme a tempestade e é urgente. Minha alma sem te ter logo pressente Que a vida não valeu, morreu semente. Quem ama tanto, verdadeiramente Não foge de quem quer, também não mente... |
X
Fazendo dos meus versos minhas lavras Cultivo tanto amor... Não são somente Jogadas ao vão vento, estas palavras. Quem dera se brotasse essa semente... Usando essa esperança como adubo, Eu rego todo dia o meu canteiro, Aos céus com esse canto, eu juro, subo, E sei felicidade por inteiro. Amada, não se esqueça que te quero, Meu mundo não é vago sentimento. Outra realidade; sei que espero Trazida novamente pelo vento... Minha alma em tua alma se completa, Tu és no meu jardim, a predileta! |
X
Falar em nosso caso, nosso amor, Dizer que nós vivemos ilusões, Furtamos da esperança toda a cor, Nossa alma esmeraldina, corações... Eu sei que tantas vezes me ocultaste A dor que no teu peito se calava, Por isso meu amor, tu foste a haste Que toda nossa vida sustentava... Eu sou um sonhador, tu sabes bem, Andando sempre a esmo, bebo ruas.... Nos bares, nas esquinas, sem ninguém, As minhas fantasias quase nuas... Por isso te agradeço, nos meus versos. Meus sonhos e meus mundos tão dispersos.... |
X
Quando vens para mim, sorriso aberto,
Trazendo uma esperança radiosa,
Oásis que encontrei neste deserto,
Num plácido desejo, tão sedosa.
Teus seios sobressaem; transparentes,
Ao ver tanta beleza, me distraio,
Meus olhos te tomando, bocas, dentes.
Do visgo que me toma; eu nunca saio,
Mal posso te abraçar; levo-te à cama
E deito sobre ti os meus anseios,
Absorto, mal percebo; a noite inflama;
Passeio minhas mãos sobre teus seios...
Ouvindo na mudez, teu manso gozo,
A noite a me tocar. Num anjo eu pouso...
X
Eu sou o resto podre da maçã Que foi abandonado em praça pública. Um quase sem ter nexos, amanhã Jogado nem sou bola nem sou búlica. Apenas vago o mundo, vida cã, Nesta quaresma a esmo, perco a túnica Despido do que fosse uma manhã Nos trâmites, trambiques da república. Sedado se fui dado ou se fugido Não vivo mais em buscas estrambóticas. Exóticas verdades tenho tido, Há sido o que bem ácido, contei. As ilusões que tenho são as de óticas. Perdido no que fui nem quem sou sei... |
X
Bem sinto meu amigo, este torpor
Que toma tua vida por inteiro,
Nestes versos que acabas de compor
Não foste quem conheço, companheiro...
Tu tens a mansidão dentro de ti,
Pacato como o vento mais suave,
A bem de uma verdade eu nunca vi
Criares para alguém qualquer entrave.
Porém se eu te encontrasse desse jeito,
Jogado como as pedras neste rio,
Iria te dizer do amor perfeito,
Que faz o coração ser mais macio.
Nos braços com total sinceridade,
Eu te relembraria da amizade...
X
O tempo que se foi; não recupero,
Apenas rememoro... Às vezes, quase...
Mas sinto que talvez nem mesmo espero
Que a vida se refaça noutra fase...
Outono que, no amor, quis primavera
Inverno em coração, fazendo estrago.
Não sou o queria nem quem dera
Apenas me perdi no teu afago...
Mas eis que surge a sombra do passado,
Envolta num abraço e num sorriso.
De novo vou brincar no mesmo prado?
Não... Isso com certeza; é impreciso.
Porém ao te rever meu velho amigo,
As pazes eu já fiz. E foi comigo!
X
Quem sabe não se perde, vai atrás. |
X
Amor nunca se pensa, só se vive!
A nossa recompensa é o prazer.
De todos os lugares onde estive
Apenas aprendi que o que valer
Não deve discutir; apenas ir
Por caminho mais belo, sem pensar...
Eu sei que tenho pressa em prosseguir.
Parado muito tempo vou cansar...
E deixo de alcançar aquela estrela
Mais bela que surgiu no firmamento.
Não quero simplesmente poder vê-la,
Eu quero te viver, todo momento.
Não perca tanto tempo, meu amor,
Viver felicidade é tentador!
X
Amigo, eu não pretendo atrapalhar
Teus planos nem causar um desconforto.
As pernas necessitam caminhar
Distantes, procurando um outro porto.
Eu sei que tu pretendes a mulher
Que um dia já me quis, unhas e dentes.
Te juro, se ela um dia me quiser,
Meus braços não serão mais envolventes.
Pois ela, que já fora a companheira
Que sempre desejei, pros dias meus,
Depois em certa altura, quer não queira,
O nosso caso teve fim. Adeus...
Por isso não se perca mais amigo,
Eu nunca te trarei qualquer perigo...
X
Eu durmo em paz, pois sei que não menti
Nem menos disfarcei o que sentia.
Minha esperança vive só em ti,
Eu creio que virás comigo, um dia...
Morena, teu caminho é meu caminho,
Não tema mais as pedras, nem as urzes.
Eu quero me entregar ao teu carinho,
Amores como o nosso levam cruzes...
Mas valem toda espera sem cansaço,
Eu quero me entregar de corpo e de alma
Deitado calmamente no teu braço,
Por isso, meu amor; te peço calma!
Minha alma na tua alma já se exila,
Eu durmo, consciência vai tranqüila...
X
Não tenho tanta pressa de ir embora,
Agora que cheguei, quero ficar.
A noite se passando sem ter hora,
O tempo inteiro; vou querer te amar.
Com calma; meu carinho mais gostoso,
Promete te dar muito mais prazer.
Desejo teu delírio em manso gozo,
Transtorno tão intenso no teu ser.
Amada, é necessário para amor
Toda uma certa dose de lirismo,
Teu corpo, delicado e tentador,
Não pode se entregar ao egoísmo.
Por isso te dedico esta atenção,
Na busca do prazer, com perfeição...
X
Eu não desejo o mal a ti, mulher;
Embora maltratasse quem te adora.
Porém, meu amor haja o que houver
Te quero, sem ter medo e sem ter hora.
Eu sei que irás sofrer; mas o que faço?
Trouxeste tantos males para mim.
Vencida pelo amor e por cansaço,
Adormeceste calma... Mas assim
Como fizeste, sinto que terás
As dores que outras vezes me causaste.
Por mais que te desejo amor e paz,
Não posso me ocultar deste desgaste.
E mesmo que eu te cubra em ouro e cobre
Eu não posso impedir que a vida cobre...
X
Desculpe; meu amigo, eu sei que errei,
Eu sei quanto querias ser feliz...
Mas sei, bem que tentar sempre tentei,
No amor eu me julgava um aprendiz...
Eu sei que mal disfarço, não consigo,
Por isso venho aqui me desculpar;
Por tanto que te quero, meu amigo,
Não posso mais deixar de me culpar.
Acontece que amor, vivendo cego,
Nunca soube escolher, vem simplesmente.
E toda esta tristeza que carrego
Já pesa no meu corpo, em minha mente...
Pois faça o que quiser, eu já nem ligo.
Porém... Tua mulher... Está comigo!
X
Vamos viver! Não tema qualquer dor,
As horas nunca voltam; vem comigo!
Deixando para trás o medo, o temor,
Fazemos da alegria nosso abrigo...
Hoje estamos aqui; mas amanhã?
Os beijos que não dei se perderão.
O sol só brilhará noutra manhã
Sozinhos nunca somos solução.
Vamos pela estrada mais florida
Do amor que nunca nega uma paragem.
Não tema ser feliz por toda a vida,
Um dia findará nossa viagem...
A morte não ataca por idade,
Por isso vamos já: felicidade!
X
Amigo, somos ecos do passado,
Por isso nossas bases asseguram
As luzes de um futuro sonhado
Aonde nossos males já se curam.
Do que tivemos, tudo o que valeu
Estará no futuro e nos trará
O melhor. Claridade em pleno breu
O que fomos; o futuro mostrará.
Não pense que o que fomos já não vale,
Apenas aprendendo, se renova.
Montanhas são promessas: calmo vale.
Nunca leve seus erros para a cova,
Aprenda com que foi para o virá,
Somente assim a vida brilhará!
X
Amei-te com certeza e muito mais
Do que podia amar. Foi o meu erro...
Pensei que amar assim nunca é demais.
Cravei meu coração num triste aterro!
Tu foste logo embora. Fiquei só.
É bruxa o que restou de uma rainha.
De tudo o que sonhei nem restou pó,
A rua que eu pensei, nunca foi minha...
Ladrilho de esperança? Já gastei...
O bosque solidão foi minha herança.
Quem quis desta donzela virar rei,
Morreu sem conhecer sequer a dança...
Mudaste meu amor, ou mudei eu?
Só sei que hoje te odeio. Amor morreu!
X
O mundo nos ensina dia a dia,
Portanto estar atento é importante.
Ensina mais com dor do que alegria,
Nas voltas, esse mundo é inconstante.
Amor; eu percebi que maltrataste
O amor que tenho em mim, sem ter motivo.
Sem perceber, talvez, tu magoaste;
Bem sabes que eu te quero e por ti; vivo.
Eu te amo, nunca mais duvide disso,
Tu és razão primeira desta vida,
Eu tenho na verdade um compromisso,
Quero-te bem além. Ah! Não duvida
Quem ama sem medida. Pode crer;
O mundo é um bom livro, basta ler...
X
Dançando com palavras, eu sonhei;
Na valsa debutante deste amor.
Os trâmites legais eu respeitei,
Embora sempre fosse um sonhador.
Amar não é seguir nem ditar lei;
Do amor serei decerto, um servidor.
É certo que em deserto eu esperei,
E veio a tempestade sem temor.
As lavras e canteiros que cultivo
São parte deste sonho. O que fazer
Se sem amor nem sei se sobrevivo,
Ou vivo simplesmente por viver.
Amar não é se dar e ser passivo,
É mais do que ficar, é sempre ser
X
Tenho tanta afeição por ti, querida,
És mais do que uma amiga simplesmente.
É lume que norteia a minha vida,
Contigo sempre estou bem mais contente.
Meus versos são modestos p’ra dizer,
De toda essa importância que tu tens.
Amparas mansamente o meu viver,
Nas horas mais difíceis, sei que vens...
Tu és tão generosa e sempre amiga,
Não deixa que essas dores me maltratem,
E quando minha sorte já periga,
Teus braços aliados, já combatem
Todas as quimeras sem perdão.
Te agradeço de todo o coração...
X
A noite nos convida a namorar,
O frio tão gostoso já nos chama,
Na chama que queremos no queimar,
Amar... Enveredar por louca trama.
Quem ama não pergunta, e já mergulha
Nas sombras vaporosas, mais ardentes.
Acende novamente esta fagulha,
Rumores delicados e vibrantes.
Os beijos que tocamos; doces, quentes,
Os seios em meu peito, descansando.
Turbilhões cada vez mais envolventes,
No frio desta noite, nos cortamos...
Encharcam-se de rosas meu jardim,
Perfumes dominando tudo, enfim...
X
Exploro; viajante, cada palmo
De teu corpo moreno e sedutor.
Às vezes muito tenso; só me acalmo
Quando chego na fonte; monte, amor.
E sinto que reviras teus olhares
Em busca do infinito... Com prazer,
Me inundo destas ondas dos teus mares,
Vontade de poder te conceber
Rainha que sonhei por toda a vida,
Mulher que me encantou, linda sereia;
A noite se passando, distraída,
A lua se entregando, plena e cheia.
Deitados no carpete desta sala,
A lua enamorada, nada fala...
X
Tua beleza negra, deslumbrante, Deitados nesta cama, num contraste De lua sobre o céu. Extasiante Delírio neste amor que me ensinaste. No nosso encontro, de ébano em marfim, A fúria desejosa da pantera Passeia teu amor lindo e sem fim, Queimando em tanto ardor, flor, primavera. Na certa, lua e noite; branco e preto, Formando este retrato mais sublime. Mergulho no teu corpo e me arremeto, E tudo o que eu desejo, amor suprime... Neste alvinegro quadro, um bom pintor, Teceu uma obra prima ao Deus AMOR... |
X
Não pense que deixei de te querer,
Apenas num disfarce me escondi.
Por incrível que isso possa parecer,
Todo o meu cantar é para ti.
Sinto-me enamorado e não mudei,
És mais que uma alegria. Meu encanto.
Amar o teu amor é minha lei,
Por isso; é a razão deste meu canto.
Espero te encontrar em pouco tempo,
Nos campos que sonhamos; minha amada
Assim que se acabar o contratempo.
O tempo pra quem ama não é nada...
E vamos rumos fortes decididos,
Viver os nossos sonhos, pré sentidos...
X
Há tempos que eu queria te dizer
Deste desejo imenso que acompanha
Em cada novo dia, o meu viver,
E todo o pensamento já me assanha...
Deitar-me no teu colo, na tardinha,
Sentindo esse mormaço caloroso,
Sabendo que depois serás só minha,
No sonho mais sutil, voluptuoso...
Amada, meu desejo é teu carinho,
Caminhos intrincados, labirintos,
Podermos destilar do nosso vinho,
Numa explosão divina dos instintos.
Beber todo um oásis; estou bem certo,
Inundação que alaga este deserto...
X
Teus desejos roubados, decifrados
Em toques, despertando teu frescor,
Nos beijos em sussurros, vão marcados
Os símbolos marcantes deste amor...
Suando, mal respiro e me enlouqueço,
No louco remelexo dos quadris,
Cativo de teus sonhos; obedeço,
E sou enquanto faço; mais feliz...
Exploro tantas rotas, mil segredos;
Uma ofegante voz me chama à luta.
No ritmo tão frenético, meus medos
Cedendo a uma vontade mais astuta...
E sinto que depois, no doce mel,
Encontrei uma escada para o céu!
X
Te quero destemida e sem pudor, Sem medo de saber desta delícia Que forra nossa cama em pleno amor, Tornando cada gesto uma sevícia. Nesta fúria instintiva me entregar E dar tanto carinho, sem segredos... Aos poucos, no teu corpo levitar, Fazendo do desejo meus enredos... Caçado enquanto caço cada ponto, Vestido da nudez, lençóis no chão. Ao teu chamado sempre estando pronto, Rompendo os limites da paixão. Amor que se transpira em cada poro, Querida, meu amor, como eu te adoro! |
X
Mordendo minha carne, tara e fome,
Devoras cada parte dos meus dias
No fogo que me ateias se consome
Este prazer em gozo, em agonias...
Depois de certo tempo vai e some,
Transtorna minha vida. Fantasias
Delírios e vontades. Tanto come
Quanto me retribuis em alegrias...
Espaços penetrados, marcas, dentes,
Os olhos se reviram, entontecem,
Amores se tornando mais urgentes,
Rondando cada parte, corpo à vista,
Na nudez dois caminhos se conhecem;
Fazendo com que a noite não resista.
X
Reverto meu soneto, reverbero
Concerto que se fez jamais espero
Aperto que me deste eu não venero
Desperto para o mundo que não quero
Sensos encilhando meu futuro
Imensos os ladrilhos deste muro.
Tensos os momentos, vou escuro,
Pretensos os delitos que perduro.
Inatos sentimentos são remotos
Versando sobre restos inauditos
Retratos esquecidos terremotos.
Alçando tantos vôos infinitos
Recatos diluídos nestas fotos
Mostrando estes teus seios tão bonitos...
X
Faz tempo que não vejo o teu sorriso
Nem mesmo o teu perfume sinto mais.
Se o medo do futuro, eu exorcizo,
Me ganhas todo dia e perco a paz.
Notícias que procuro pelas ruas,
Às vezes desconcertam e não falam,
Bem sei que nas mentiras continuas
E as dores do que fomos nunca calam...
Se telefono nunca me respondes,
Se toco a campainha não atendes.
Preciso descobrir onde te escondes
Por qual nova fogueira já te acendes.
Mas sei que esta saudade fora de hora
Um dia, com certeza, vai embora...
X
Bebendo todo o mel de tua boca
Um cálice perfeito é necessário.
A fúria do desejo já me toca
E traz todo este brilho temerário.
Vasculho do teu rio cada loca,
E a boca procurando itinerário
Encontra esta delícia em tua toca
Prazer tanto voraz quanto mais vário,
Saliva se mistura com orvalho,
E escorre pelas matas pernas, dentes,
Numa loucura intensa, em ato falho,
Percebo que desmaias nos meus braços,
Os passos mais audazes, indecentes,
Abertos os caminhos, e os compassos...
X
Varando pela noite tão aflito
Na caça de teu corpo sedutor,
Buscando em cada toque o infinito,
Sentindo a insensatez, leve torpor.
Teu corpo desejado e tão bonito,
Aberto como as pétalas da flor,
Ouvindo o teu gemido, solto o grito
De quem já foi vencido e vencedor...
Rondando os teus caminhos me provocas,
Percebo no teu cheiro, o meu que entranhas,
Aos poucos me aproximo destas tocas,
Profano sentimento me propagas,
As horas entre os planos e montanhas,
Em pleno turbilhão, mares e vagas...
X
Montando o teu cavalo, nu em pelo,
Na noite em cavalgada, sou corcel.
Sentindo-te ofegante, em louco apelo,
Voando sem ter asas, ganho o céu.
Matando o que se fora pesadelo,
Bebendo cada gota deste mel,
Envolvo teus cabelos, meu novelo,
Apenas te recubro, braço e véu.
Usando a montaria com tal arte
Que faz com que eu delire e te ganhe
Na brasa deste sonho a desejar-te.
Por vales e montanhas infinitas,
As costas te pedindo que me lanhe,
Com garras afiadas. Caço as criptas...
X
Não tenha medo, venha o que vier querida
Estarei ao teu lado, eu só serei contigo.
Não deixe que a mortalha em nós tão escondida
Apresente essa dor como fosse castigo
Pelo nosso querer que é bem além da vida.
Eu tento te encontrar, às vezes não consigo,
Em busca deste sonho eu deixo toda lida
Para seguir risonho amor demais amigo.
Não tema chuva e frio; estarei sempre aqui.
Nós somos unha e carne, a mesma embocadura
Se dentro do teu seio, amor eu me perdi,
Não há por que temer, as pedras do caminho,
Vivemos nosso caso, em tramas de ternura.
Trazendo para amor, longevidade: vinho...
X
Tanta saudade tenho deste amor
Que se foi em tempestades, para o mar...
O tempo desbotando toda cor
Não conseguiu; o nosso, desbotar.
Eu sei que foi imenso o dissabor
De te saber distante. Perco o ar
Ao me lembrar que a bela e mansa flor
Não quis mais no meu mundo navegar...
Disseste que jamais tu poderias
Viver com quem vivia noutros mares,
Vagando porto a porto, noites, dias...
Amor que se perdeu em pleno cais,
Nos sonhos de quem busca por luares,
Sem ter paragem, sofre assim, demais...
X
Amigo; é necessário que respeites
As nossas diferenças. Liberdade
Traduz necessidade que me aceites
Com todos os meus erros. Na verdade
Jamais seremos feitos pros deleites
Daqueles que nos trazem a amizade.
Não digo que sejamos água-azeite,
Porém quando quiser tranqüilidade
Aprenda que nós somos diferentes,
Embora nos gostemos, meu amigo.
Por tantas vezes somos confluentes
Mas não quero afluentes nem ser foz,
A liberdade ajuda no perigo,
Às vezes precisamos de outra voz!
X
Quem ama não desiste quando a chuva
Surgindo em temporais inunda a margem
Se, no princípio temos visão turva
Depois de certo tempo, uma paisagem
Surge calma e serena. Quando a curva
Fechada nos proíbe uma passagem,
Amor que nos caiu como uma luva
Promete as alegrias da viagem
Depois de certo tempo, aberta a estrada
Mais nada nos impede a caminhar.
Eu peço paciência, minha amada,
Difícil que pareça, a pedra dura,
Essa água que persiste sem parar,
Depois de certo tempo, a pedra fura...
X
Amigo, muitas vezes nos pegamos
Cometendo injustiças com outrem;
Depois, quase calados, disfarçamos;
Mas, porém; o perdão nem sempre vem.
Às vezes, sem querer, nós maltratamos
A quem, por certo só nos faz o bem;
Outras vezes, das árvores, seus ramos,
Ferimos sem querer. Isso também
De forma corriqueira; dia a dia,
Acontece. Melhor ficar calado
Do que quebrar encanto e fantasia
Das pessoas que são nossas amigas.
Ao falares, te peço, tem cuidado,
Palavras ofensivas quebram ligas...
X
Não entre em desespero quando a vida Mostrar-se mais cruel, isso é verdade. Por mais que seja triste a despedida, O tempo há de curar qualquer saudade... Muitas vezes devemos conformar Com perdas e promessas não cumpridas. As noites, companheiro, irão passar Por mais que nos pareçam mais compridas. Portanto, não se torne um imprudente Guardando tanta raiva. No rancor Sempre nos perderemos totalmente, No fim, não restará sequer a dor... Por isso, meu amigo, a convivência Necessita da marca da prudência... |
X
São tantos os meus medos, meus receios... Quem sabe poderemos transformar A dor que se propõe em meus anseios Numa alegria imensa. Quero amar Mas temores derrubam meus esteios Impedem meu acesso ao teu luar, Meus rios se perdendo dos seus veios, Jamais encontrarão, foz em teu mar... Eu sei que isso não passa de defesa Que a mente preparou sem perceber. Que o medo não proíba esta beleza Vinda da esperança mais risonha De sempre nos teus braços me esconder Quando a vida,maltrata e vem medonha... |
X
Amor encontrou a porta escancarada,
E nem pensou, entrou devagarinho.
Quem viu mal percebeu, não falou nada,
Aos poucos, coração virou seu ninho...
O tempo se passando, a madrugada,
Ausência de calor e de carinho...
Ao ver; minha alma estava apaixonada,
Eu não queria mais dormir sozinho.
Depressa ao me sentir bastante frágil,
Amor veio em loucuras e desejos.
Bem sei que amor é forte, esperto, ágil.
Agora o que fazer senão lutar
Sonhando com teu corpo, boca, beijos...
E aos braços deste amor, eu me entregar...
X
Amada, eu percebi o quanto sofres
Pensando no que foi, no que passou,
Não guardo uma saudade nestes cofres
Que o coração há tempos te entregou.
Já tive outras mulheres não te nego,
Passaram como as águas deste rio.
Na ponte que atravesso, eu carrego
Somente o meu amor-tempo de estio.
Tu trazes o calor desse verão
Esqueça deste inverno em minha vida.
O futuro vivendo da paixão,
Deixa o passado, página vencida.
Então venha desfrutar destes carinhos...
Águas passadas não movem moinhos!
X
Morena eu te queria aqui bem perto,
Eu sei que não é fácil conseguir.
Criaram entre nós mais que um deserto
Difícil, mas eu quero prosseguir...
São tantos os percalços, eu bem sei,
Mas nada vai deixar; amor que eu lute
Por tudo que mais quero e quererei,
Por isso, vem comigo e não relute.
A fruta proibida? A mais gostosa
Embora tenha a cerca a proteger,
Roubei neste canteiro a bela rosa,
Querida, p’ra te dar e convencer.
Tu és deste rosal a desejada,
Bem sei que a proibida... Mais amada!
X
Desculpe se sou franco, meu amor,
Eu sei que essa verdade te maltrata,
Porém não sou da farsa, fiador,
Não deixo que a verdade nunca parta.
Um grande amor resiste quando digo
Verdades tão sinceras e reais?
Só sei que na mentira, um grande amigo,
Se torna simplesmente: nunca mais!
Pois neste paradoxo me perdi,
Amada nunca mais irá voltar.
Mas, com sinceridade, não menti,
Por isso demorei a me encontrar.
Se o amor pode morrer numa verdade;
Sem ela, não resiste uma amizade!
X
Um verdadeiro amigo compartilha
As dores e tristezas, solidão...
Uma amizade em si, é maravilha
Que toca e que nos toma o coração.
Um homem que jamais é uma ilha
Conhece, neste mundo a solução
Que beira à perfeição, por isso trilha
O rumo da amizade e do perdão.
Amigos nunca estão, assim, sozinhos,
Andando lado a lado, se completam,
Percorrem os difíceis descaminhos
Nos passos que bem sei, são solidários.
Na amizade, amigos se repletam,
E juntos, nunca marcham solitários...
X
A noite que passamos mais felizes,
Roubando da alegria este sorriso,
Tão delicadamente, sem deslizes,
Depois de visitarmos paraíso...
Do céu onde estivemos; os matizes,
Num toque sensual e tão preciso
Pedimos com olhares mil reprises
Sem medo de perdermos o juízo...
Durante tanto tempo, mil perguntas
Em vão, não precisamos responder
As nossas tatuagens feitas juntas
Reflexos de nós mesmos entranhados
Nesta tortura mansa do prazer
Por toda essa emoção, teleguiados...
X
Amar é como estar num mar de rosas,
Ao mesmo tempo ter tantos espinhos.
As noites nesse amor, maravilhosas...
Depois calamos tristes e sozinhos...
Mas sabes que te quero; isso não nego,
Se tu és como uma onda, eu sou areia,
Nos sonhos em que vivo; te carrego,
Tu trazes esperança em lua cheia...
Ouvir teu canto sempre revigora,
Trazendo para mim, um doce alento.
De espinhos, bela rosa se decora,
Mas sinto seu perfume solto ao vento...
E gosto deste jogo, rosa e espinho,
Um manso beija flor pede carinho...
X
Conquanto tenho tido tanto alento
Nos braços de quem muito amor me guarda.
A vida se transforma e o pensamento
Nos traz a noite imensa. Visto a farda
Do sonhador constante, num momento;
Por mais que a solidão, deveras, arda;
Encontro em teu carinho meu sustento.
Amor quando é demais, mesmo que tarda
Trará a solução para os problemas.
Não deixe que emoção nunca se extinga,
Amor, o meu tesouro em ricas gemas.
Fazendo de meu sonho a doce lavra
Plantando uma ilusão que nos respinga
No verso, na canção e na palavra...
X
Amigo, quando a dor nos toma assento,
Na frustração terrível nos perdemos.
Aquilo que se foi; perdeu-se ao vento;
Distantes; quase nunca mais sabemos.
O que era desejado num momento,
Perdido, talvez nunca mais queremos.
Um pulo, da alegria ao sofrimento,
Depois, passando o tempo; nem sofremos.
Mas quando conseguimos nossos sonhos,
Que tanto desejávamos; amigo,
Tornando-nos decerto mais risonhos,
E depois os perdemos, vão ao largo,
O doce que vivia aí contigo
Transforma-se num gosto mais amargo...
X
Mal conheço teu nome, e não me importo
Com isso, pois te sinto por inteiro,
Neste oceano quente onde me aporto
Te reconheço apenas pelo cheiro.
Nos dentes afiados onde me corto
As marcas deste bem mais verdadeiro,
Ao tempos mais felizes já reporto
Com gosto tão selvagem de espinheiro.
Borbulho em tua boca meu desejo
Num beijo decorado, essa tortura
Tramando uma loucura onde prevejo
A nossa fantasia em carne exposta,
Já vale o que me entorna e me procura
Num arrepio intenso enquanto encosta...
X
Vida abandonada em velho cais
Sem rumo e se perdendo, naufragada,
Meus versos do quem dera e do jamais
São frases que não valem quase nada.
Boiando em ledos olhos, queimo o mais
E vivo o de somenos. Na sacada
Dos velhos casarios, vento traz
As sobras derradeiras da invernada
Da velha mocidade adormecida,
Jogada neste canto, no porão,
Abandonada ao léu; encontro a vida,
Mas rio disso tudo, na ironia
Brincando com mim mesmo, com paixão,
Na compaixão que peço em fantasia...
X
Entrego-me, sem medo, ao sonho eterno
De ser uma ilusão deambulante,
Passei por cercanias deste inferno
Que involuntariamente gera amante.
Nos tronos do quem dera; sempre terno,
Inútil sentimento mais constante
Acolhendo tais sobras de um inverno,
Querendo este verão tão escaldante...
A cota de esperanças; ultrapasso,
E sinto que perdi o meu cavalo,
Trôpego caminho, passo a passo,
Encontro escadaria; busco o céu.
Talvez inda consiga decifrá-lo
Na tua paisagem; nudez, véu...
X
Sinto-me talvez menos que pensara
Correndo de mim mesmo, nada achei.
Nem mesmo o que te digo me antepara,
Apenas sei que nada, amada, sei.
Sou pouco, quero menos. Minha cara
Exposta a tapas, risos, dor e lei.
Que mais desejaria? Noite rara
Aquela em que, esparsa; eu te encontrei.
Vieste sem pensar, nisso acredito,
De súbito te encontro. Sei de mim,
Um esmo que se encontra neste rito
Do amor residual no velho pote
Quebrado no silêncio, vejo o fim,
E a sorte de te ter, último mote...
X
Seguindo esta alameda, uma esperança Se mostra radiante após a chuva. Baseio minha vida em nossa dança Bom vinho sempre exige boa uva. Não sei se inda te lembras da criança Que o tempo já deixou depois da curva. Por vezes esquecida, sem lembrança, Nos trazem a visão confusa e turva. Na maciez da seda um bom carinho, A noite do teu lado, bem tranqüila. Deitando no teu colo, quando aninho Meus lábios te procuram, te reclamo, Minha esperança em ti; paz se destila, Por isso meu amor, eu grito: Te amo! |
X
Buscando ter sossego, certo dia,
Entranho meu desejo numa mata
Aberta nos meus sonhos de alegria
Deitado numa pedra, uma cascata
Roncando maviosa melodia,
Que invade traz a paz e me arrebata
Formando o fundo para a sinfonia
Dos pássaros. Trancado em casamata
Levando minha vida sem descanso,
Somente desta forma uma ventura
Depois de tanto tempo; sinto, alcanço...
Tua presença amada no aconchego
Aumenta muito a chance de uma cura
Mas, nua como estás... Cadê sossego?
X
Na placidez do rio, a mansa lua
Deitando seu luar se entrega inteira.
Caminho-pirilampo continua
No pisca-pisca; estrela derradeira...
Tua beleza imensa, clara e nua,
Deitada em minha cama, em minha beira,
Nem um passo sequer, amor recua,
Deságua no prazer, queira ou não queira.
Nenhuma angústia toca nem resvala,
Apenas nos teus braços, eu me enlaço...
Ouvindo tão sereno, a tua fala;
Lembrando-me da lua sobre o rio,
Procuro acompanhar passo por passo,
A nossa noite
X
Sentindo o leve fumo da esperança
Se esvaindo fugaz pelos meus dedos;
Recordo-me da nossa última dança
Pendurada na sala dos meus medos.
Não te digo que a vista não alcança
Os passos esquecidos, velhos, ledos.
Talvez fosse resquício, a contradança
Ungida nos teares dos segredos.
Abrir os velhos lacres em ferrugem
Um desafio a mais, quem sabe? Quando?
Fantasmas derrocados não ressurgem,
Somente me entreguei e gosto disso.
Eu quero ir tão somente ir navegando
Amor tão complicado e movediço...
X
Se me entreguei voluntariamente
Aos impossíveis sonhos, impassível,
Erguidos os castelos tolamente
Buscando meu reinar que é invisível.
Nos ágios da incerteza, sou agente;
Arcando com os medos, corruptível;
Sei que nada mais resta tão urgente
Senão o perceber este desnível
Entre corpo liberto e alma tão presa,
Amar talvez se mostre como um fútil
Funil que nada traz. Perco a leveza
Sem tréguas nesta luta-fantasia.
Meu verso te perdendo fica inútil
Morrendo com nascer de um novo dia.
X
Não temo o chegar cedo ou chegar tarde,
Instantes são cometas, mas não voltam...
Arredio, buscando a liberdade,
Amarras e grilhões, os versos soltam...
Amor se recomeça. Traz saudade
Que corta e não recorta. Já me escoltam
As velhas cicatrizes. Na verdade
Depois de certo tempo nem se notam.
Meus ideais ainda são faróis,
Embora sem o brilho da ilusão.
Cerzindo uma esperança, rasgo o cós
E deixo esta nudez quase que exposta.
Apenso a pedir o seu perdão,
A boca desdentada ri, mas gosta...
X
Pousando sobre mim, asas abertas, A borboleta toca minha pele, As horas se passaram tão incertas. Quase que um delírio me compele A descobrir os sonhos que despertas Enquanto uma ilusão já se repele. Os medos sobrepostos, meus alertas Impedem que teu nome, amor, revele. Lindas asas tão frágeis deste inseto Pousado em minha mão como a dizer Que amor que vai nascendo, como um feto, Precisa de cuidado e proteção, Por mais que seja forte o meu querer, Seu nome? Por favor, não direi não... |
X
Um jardineiro cuida de uma flor
Como quem já soubesse dos perigos
Aos quais se expõe quem for um sonhador,
Em busca de outros braços mais amigos.
Um lavrador arando a seca terra
Percebe quão difícil é seu trabalho,
Na vária percepção que; sabe, encerra;
Não se permite nunca um ato falho.
Nós somos responsáveis pelos erros
Que a cada dia mostram-se mais claros,
Não adiantam somente nossos berros,
Ações são necessárias. Anteparos
Para preservar nosso planeta,
Bem antes que o final nos acometa...
X
Quem se fez em sorrisos morre só;
Distante picadeiro, nada mais...
Talvez uma esperança, deste pó,
Para onde voltaremos; ledo cais...
No circo inda se escuta um forte dó
Num eco que a saudade, triste, traz.
A vida qual moinho, em pedra, em mó,
Devora todo sonho e traz a paz
Que nunca se deseja. Mas virá.
As máscaras da sorte se calaram,
Riso que contagia, morrerá
Nos braços de quem fora sempre um laço,
Doces recordações que se amargaram;
Num último sorriso de um palhaço....
X
Talvez alguém me escute na calada,
Meu verso se guiando pelo vento,
A luz de teu olhar serve de estrada;
Galopo sem parar no pensamento...
Mas nada me respondes tão calada,
E sinto me perder por um momento,
Meu canto penetrando a madrugada,
Aos poucos se transforma num lamento...
Ninguém me escuta, sinto esta verdade,
Apenas minha voz ecoa triste.
Nos látegos desejos da saudade,
O canto vai disperso, perde o rumo...
Procura por alguém que sei que existe,
Imerso neste sonho, vou-me, esfumo...
X
Uma música toca ao longe... Escuto
Tua voz me chamando para a dança.
Carrego no meu peito inda este luto
Mortalha que sobrou de uma esperança.
Nas rendas deste som medo se tece
Nas cordas do violino, a noite passa,
Roubando desta sombra, como uma prece,
Que vai se definhando e mansa, esparsa...
Cessando este lamento, perco o fio
Que atava os meus sentidos, nada sobra,
Somente o vento canta em assobio,
A solidão imensa se redobra...
Não haverá mais nada... Na verdade,
Somente sinto o gosto da saudade...
X
Rainha dos meus olhos, minha rosa... |
X
Amigo é necessária a persistência
Se queres conquistar esta mulher.
Embora eu já perceba; a paciência
Não é característica qualquer
Em quem jamais passou por penitência
E trama em desespero o que mais quer,
Não é tão simplesmente competência
É mais do que se pode, se vier.
O rumo de teu canto andando a esmo,
Se perde dos caminhos mais sensatos.
Te falo, pois dos erros sempre o mesmo,
Comete quem se encontra apaixonado.
Cumprindo fielmente os velhos tratos
Terás amor, enfim, recompensado.
X
É “inútil dormir que a dor não passa”
Por isso, companheira, nunca tema,
A vida sem ter garra se esfumaça
Amar, fazer feliz, o nosso lema...
A fome na calada não disfarça,
Preciso desta paz, pepita e gema,
Pois canto da amizade não se esparsa
Colado em nosso peito, como emblema.
Unidos nós seremos mais que dois,
Milhares, somos todos sonhadores,
Não deixe tanta coisa pra depois,
Nós somos concebidos sem temor,
Na luta desigual trazemos flores:
A fome nunca teve fiador...
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