Palavras nebulosas, vento esparso
Em cinzas desprendendo o que foi belo.
Desamarra da sorte o seu cadarço
Rouba do lavrador, o seu rastelo,
Atira um sentimento em mar revolto,
Jogando uma alegria ao precipício
Atando um pensamento que, antes, solto,
Sabia deste amor, o seu ofício.
Que sabe se o silêncio te tomasse
A vida não teria esta mazela
Nem mesmo necessário tal disfarce
Que impede, nebuloso, ver estrela
Assim, invés da treva em noite fria,
O amor se transbordasse em poesia..
X
Belo sol levantando de manhã
Clareando a promessa da colheita
Coroando esta lavra em todo afã
Da alma da terra plena e satisfeita.
Mostrando que a labuta não foi vã
E a sorte tão pedida foi aceita
Passada pelas ruas, procissão,
Em rezas, nas promessas e novenas
Na benção que foi dada, no perdão.
Nas frutas e nos grãos as velhas cenas
Que trazem Nosso Pai
Nas
Os olhos estampando uma alegria
Dos rostos tão amigos, cantoria.
X
Amor por tantas vezes faz chorar...
Quem ama está propenso a sentir dor.
Reconhece a beleza no luar
Mas sabe deste espinho em cada flor...
Amar é ser feliz em sofrimento,
É ter uma certeza em puro sonho.
Beber a tempestade num momento
E noutro se encontrar calmo e risonho...
Porém quem tanta odeia, não sorri,
Morrendo em triste angústia, só deseja
O mal. Por tantas vezes eu sofri
Por quem a noite traz e a boca beija.
Prefiro em tanto amor, sempre chorar,
Do que jamais sorrir por odiar...
X
Tomando do lirismo todo o sumo,
Fazendo em cada verso um novo fruto.
Tornado deste pólen nosso rumo
A alegria não cobra algum tributo.
Nos braços deste sonho eu me consumo
Amenizando sempre um mal tão bruto
No corpo de quem amo eu me perfumo,
Supero qualquer dor. Com calma, eu luto.
Pressinto na pureza com que falas
A doce sensação da eternidade.
Criança que se encanta com as balas,
Confeitos de ilusão que a vida traz,
Contigo quero ter felicidade
Do amor que deve ser eterna paz...
X
Passando nos subúrbios de minha alma
Em frente da estação as casas baixas.
Domingo transcorrendo em plena calma
Fogueira da esperança busca as achas.
A praça e o jardim, vizinhos passam
Sorrisos, boa noite, e durma bem.
Os olhos cabisbaixos mal disfarçam
Desejo assim demais, tamanha trem.
As horas do domingo em marcha lenta,
Segunda recomeça a ladainha
A lua embevecida sem tormenta
Beijando tuas pernas, lua minha.
É tempo de voltar, amor, pra casa,
O trem tomou juízo e não atrasa...
X
Não chore que esta tarde vai passar |
X
Nos olhos da criança, amor expresso; |
X
O dia fugitivo perde o lume
Do sol que derramava seu calor.
Dama da noite acende seu perfume,
Adolescentes buscam sonho, amor...
As dúvidas renascem nos casais,
Pirilampos, corujas, fátuo fogo.
O frio feito em treva; a noite traz.
Amor já recomeça o velho jogo
Os bares são tomados, juventude,
Os lares apagados, discussões.
A namorada pede uma atitude,
Milhares de pecados e perdões...
Contigo do meu lado, a lua diz,
Em raios derramados: És feliz!
X
Teu corpo, deslumbrante maravilha; |
X
VOZES DO PASSADO
Ouço vozes distantes, do passado;
Selando minha sorte no futuro.
Dos dias entre bares, um traçado
Exposto na miséria do chão duro.
Humores e desejos mal tocados
No beco da saudade; vago, escuro.
Às vezes me mostrando tanto enfado
Como um nada, mas mesmo assim procuro
Os rastros do que fui e já perdi
O cheiro da alegria, antigos odres
Lotados de vinagre. Estou aqui
Ouvindo tantas vozes. Na verdade
Mesmo com estes restos, mortos, podres,
Ao ouvir esta voz, sinto saudade....
X
Meus olhos decadentes e sombrios
Carregam a tristeza secular,
Dos sonhos esquecidos e vazios
Distantes das areias, sem o mar.
São olhos invernais morrendo estios,
Desaprenderam cedo o que é lutar
Perdidas andorinhas sem os fios,
Estrelas tão longínquas sem luar.
Meus olhos, simples ilhas sem ninguém
Eremitas morrendo em solidão.
O tempo vai passando e nada vem
Senão o gosto amargo da saudade
Daquilo que deveras fora o não.
Sem brilhos. Em meu olhar: opacidade..
X
Meu canto em ventania varre tudo, |
X
Na semente fecunda da amizade
Refaz-se todo o amor que nos deu Deus.
Contemplo com carinho a liberdade
Matando os meus instintos tão ateus.
Vagando como luz em pleno espaço
O fruto da amizade, o vero amor;
Riscando pelos ares fino traço
Que traz justiça ao louco sonhador
Que um dia, nos desertos da esperança
Falou do amor imenso
Mostrando a santidade da aliança
Formada entre dois seres. Não se trai
O grito dos aflitos sofredores.
Espalhe em amizade, seus amores...
X
AMAR VOCÊ
Eu estou te esperando em cada esquina
Dos sonhos entranhados, fantasias...
Persigo cada passo da menina
Embutida nas coxas/ardentias.
A fonte dos desejos, cristalina,
Refaz-se em minha cama, tantos dias,
A mão deste fantasma me domina
Parindo em cada verso, poesias...
Nesse arrebatamento me embebedo
Em goles de aguardente e de esperança.
Quem dera se chegasses aqui, cedo,
Talvez nós desfrutássemos do gozo
Fantástico da vida em louca dança
Num festim delicado e prazeroso...
X
Trazido pelo vago e duro vento, |
X
Quando te vi, amor fundamental
Não percebi que a sorte me tomara.
Cansado de uma vida sempre igual
Sem fonte e sem desejo, vida amara,
Quando te vi sincero e desprendido,
Sem marcas e desenhos, facas, garras,
Aos poucos sem sentir fui envolvido
Pelas mansas delícias das agarras.
Quando te vi querida, não sabia
Que o mundo me traria novas cores.
Tomado pelo fogo da alegria
Numa entrega total, sem pudores...
Quando te vi, depois de medos tantos,
Voltei a perceber; da vida, encantos...
X
A lâmina que corta tão profundo |
X
Que dizer de esperança quando o medo |
X
Tangidos feito gado em laço e corte |
X
Qual nave que percorre mil planetas |
X
Meu coração tocando em outro tom
O gosto da alegria de viver.
Felicidade mostra-se ser dom
De quem sonhou em busca do prazer.
No canto da esperança o mesmo som
Que faz a nossa vida se verter
No rio em fantasia, sempre bom,
Nesta vontade imensa de saber
O paladar da sorte em doce sina,
No gesto camarada de uma amiga,
Na lua que, de graça nos fascina
Na mansa corredeira que nos banha
No braço da amizade, imensa viga
Da paz que se aproxima, em luz tamanha...
X
Semeio tanto amor onde puder,
Nos olhos da esperança sorrateira,
Na boca desejada da mulher,
Amada, amiga, amante, companheira.
Semente que se dá pra quem quiser
Depois de uma colheita verdadeira,
De um fruto que não foi jamais qualquer
A vida vai se dando mais inteira...
Granando um novo dia em sonho imenso,
É tudo a quem servi, versos, palavras.
Amar é ser além do que mais penso,
É ter o gosto doce da alegria,
Arando com meus beijos esta lavra,
Forjada com carinho e poesia...
X
Da tristeza dos olhos de quem ama
Acesa esta fogueira no teu peito.
A dor que me tocando logo inflama
Transborda em teu sorriso, satisfeito.
Meu sofrimento é toda a tua chama
Lençol que te acarinha no teu leito,
Se preso em tuas garras, tua trama,
Cada vez mais cativo, assim eu deito.
Amor antropofágico e voraz,
Que é feito destas mágoas mais profundas,
Não sabe, em turbilhão, viver a paz,
Tua alegria é feita destas chagas,
Do sangue derramado é que te inundas,
Mordendo, calmamente enquanto afagas...
X
Na ciranda dos braços, carrossel. |
X
Tu tens uma aparência angelical
De toda uma inocência cravejada
No rosto tão suave traz sinal
De uma beleza quase imaculada.
Dona de formosura sem igual
Depois de ti, amor; não vi mais nada.
Amor que coloquei num pedestal
É glória que clareia minha estrada.
Visão em candidez de pura luz.
Mostrando em teu sorriso tal doçura
Que toda uma ternura reproduz
A força que toca e me levanta.
Em tua imagem calma, leve e pura,
Nas formas femininas, uma santa...
X
Caminhos mais floridos te desejo
Embora tanto espinho nos caminhos.
Na sorte que te quero e que prevejo
As flores se misturam com espinhos.
O céu que traz o sol, nos dá trovejo,
Às vezes no inimigo bons carinhos,
Na boca que não quero, tanto beijo;
Na que mais que necessito, os escarninhos...
A vida é mesmo assim, amada dor.
É flor, espinho e pedras, solidão.
No frio valoriza-se o calor.
Do medo é que se mostra uma coragem,
A liberdade nasce em podridão,
Na mão que nos açoita, nasce o pajem...
X
Um brilho de esperança em cada olhar
trazendo uma alegria sem limite,
meu verso, procurando te encontrar
num mundo em que a mentira não limite
vontades de poder,cedo voar,
além do grande mar que se acredite
na lua tão bonita, debruçar,
antes que a solidão seja o palpite
mais forte. Uma amizade que refaça
o bom de nossa vida, sem perguntas.
Que a vida não se perca na fumaça
dos desamores todos, da ilusão.
Nas mãos que nós mantemos sempre juntas,
a força sem igual de uma união.
X
AMIZADE |
X
Caminheiro, as estradas do sertão |
X
Mal nasce o dia; lembro-me de ti.
Do tempo em que vivemos mesmo ninho.
Agora é que percebo o que perdi
Na adega da esperança sem teu vinho
O mundo desabou, descolori
O brilho da manhã, fiquei sozinho...
Uma emoção distinta que se aflora
Mostrando um paladar de nostalgia.
Uma ave que se foi, bela e canora
Deixou este silêncio em agonia.
De tudo o que tivera, sem aurora,
Renasce nebuloso cada dia.
Eu digo o quanto te amo, não me escutas?
Pomar morreu em flor, sem gosto e frutas...
X
Procuro por teus rastros, por pegadas
Que tragam as notícias que mais quero.
Deslumbro velhas sombras nas calçadas
O tempo vai passando, inda te espero....
Saudade faz pousada em coração,
Parada obrigatória de um amor.
Batuque em desespero da paixão
No incêndio que me morde encantador...
Procuro e nada sei, somente sinto
O teu cheiro em cada flor deste jardim
No gosto inebriante de um absinto
E o medo de não ter persiste em mim...
No fim da tarde sei que voltarás..
Maré que te levou depois me traz...
X
Depois de trabalhar feito cachorro
Mereço simplesmente a recompensa
Que chegue mansamente no socorro
Do amor que me domine e me convença.
As pedras destroçadas no caminho,
As curvas da morena que não veio.
O medo de perder me faz carinho
E nada da morena, perna e seio.
A noite que começa
Termina
Amor que não começa não tem fim,
A sorte novamente mente empaca.
Por que diabos sempre foi assim?
Amor não quer saber mesmo de mim...
X
Uma amizade sincera é coisa boa
Que cura qualquer mal que me apareça,
No peito de quem ama sempre ecoa
O bem que traz a sorte que apeteça,
Meu pensamento em liberdade voa
Trazendo tanta paz pra esta cabeça.
Disponha de meu braço companheiro,
Que uma amizade assim é bom demais.
No canto mais amigo e costumeiro
A dor não vem cevada nunca mais.
É flor que justifica este canteiro
Certeza: não estou tão só jamais...
Uma alegria intensa que se encerra
Nos braços da amizade mais sincera...
X
Viola vai rasgando a noite afora |
X
Num esplendor divino, flórea senda, |
X
Gotas de chuva caem dos teus olhos |
X
Amiga; não debruces no passado,
Janela apodrecida desta casa.
O rosto destruído e bem marcado
Um fogo que, jamais, de novo abrasa.
Vestido já puído, abandonado;
A vida qual a traça assim defasa
O que se foi perdido e destroçado,
Relógio da esperança não se atrasa.
Perceba quanto amor te trago aqui,
Perceba quanta dor ele te trouxe.
Promessa que te fiz não esqueci
De estar ao lado teu haja o que houver.
O mel que tens na boca mostra, doce,
Amiga, as tuas ânsias de mulher...
X
Menino tão matreiro pula a cerca
Que sempre separou amor e dor.
Não teme que este mundo já se perca
Em versos que me fez tão sonhador.
Sou como este menino, prenda minha
Que fez desta ilusão prado sem fim.
Se a noite desta tarde se avizinha
Eu quero esta promessa carmesim.
O manto que louvaste, amor insano,
Se fez bem mais distante do que eu quis.
Mas vejo salvo o medo ou salvo engano
Que ainda poderei ser mais feliz
Roçando o belo pasto da esperança
Que salta novamente qual criança...
X
EU QUERO O TEU AMOR
Eu quero empapuçar-me deste amor
E todo lambuzado te beber
No gole generoso em tal ardor
Que morra fielmente ao teu prazer.
Na pele tatuada, ao teu dispor,
Aprofundar vontade, gozo e ser.
Recebo deste amor proposta e senha
Nos cofres esquecidos no porão
Que a noite em teu perfume sempre tenha
O cheiro do armistício e da paixão.
Ardendo brasa e chama, fogo e lenha
Na cama que é disfarce da emoção.
Eu quero no teu mel me embriagar,
Antes que uma ressaca vá chegar...
X
Seu corpo sem censura e sem pudores
Colado junto ao meu em noite mansa,
Nos movimentos todos, esplendores
Divinos calmamente a gente alcança
Os limites mais loucos, tentadores.
E assim a nossa noite amada, avança...
Depois de tanto tempo do seu lado,
Qual delícia de um sonho que desperto,
A cada novo dia, extasiado,
Sentindo o seu perfume aqui por perto,
Me sinto como um ser iluminado,
Num mar de fantasias, rumo certo
Regada a tanto amor; o meu e o dela,
A vida vai passando, intensa e bela...
X
Menino que galopa pelos prados,
Montado no cavalo da esperança.
O vento já vem dando os seus recados
Em galhos do arvoredo que balança.
Nas crinas dos cavalos galopados
Os sonhos se perdendo em outra dança.
Mal sabe, este menino, destes fados
Do amor que atingirá em seta e lança.
Exausto, depois disso, sonha a cores
Com dias que virão depois da chuva.
Meninas se prometem, seus amores,
Infância da tormenta anunciada.
Paixão fica na espreita após a curva
Tomando, no galope, toda a estrada...
X
Tu és toda a alegria que domina |
X
Vento em temporal, festejo e desgraça,
Já mostrando perfumes, aguardentes.
Nada fica, nem tudo também passa,
As facas envenenas entredentes.
Fogo não corresponde a tal fumaça
Em sentidos violentos tão urgentes
O gosto adocicado da cachaça
Bebido em demasia, noites quentes...
Depois manhã seguinte... O quê que eu fiz?
Braços abertos vejo que outros ventos
Que venham me farão bem mais feliz...
Mas dure o que durar, como isso dói!
Não deixa um só segundo os pensamentos.
Paixão vem me lambendo e me corrói!
X
No silêncio noturno, esta distância, |
|
X
AMAR |
X
Tua alma, com certeza, boa e pura |
X
Sem cerimônia alguma chego a tua casa |
X
Se por mais dolorido que pareça |
X
Um coração mochado pela dor |
X
Procuro em mil mulheres o teu rosto,
E beijo tantas bocas que nem sei.
O sonho que se fez já foi deposto
Mudando em um castigo antiga lei
De um tempo que se foi, puro desgosto
Mostrando tanto amor por quem sonhei,
No colo que procuro, novo encosto,
Aquele que passou e que deixei...
Castigo divinal? Creio que não,
Mas sinto tua mão em mão alheia,
Não tenho outro caminho ou solução
A chama que me abrasa não é tua,
Porém tua fogueira me incendeia
Noutra nudez, t’a pele sempre nua...
X
Tu és a mais bonita poesia
Que Deus tão inspirado, um dia fez.
Usando como mote a fantasia
Num ato de perfeita lucidez;
Tocado por um gesto de magia,
Ao ver-te fui perdendo a sensatez,
Agora com mil versos de alegria
Espero te encontrar uma outra vez;
Ser teu amante eterno, enamorado,
Vibrar em nosso amor por toda a vida.
Contigo caminhando do meu lado,
Irei por todo canto, em toda parte.
A sorte do teu lado, decidida,
Só quero, de uma vez , é conquistar-te...
X
Caço-te nos lençóis de nossa cama, |
X
Sentindo no teu beijo/rosa rara
Perfume que inebria colibri
A sorte de te ter em tudo ampara
Redime todo sonho que perdi.
A vida em alegria nunca pára
Sabendo; meu amor, que estás aqui.
A vida sem te ter se perde amara,
Meus versos de esperança estão em ti.
Chamando-te, querida, rosa e flor,
Permita que este pobre sonhador,
Um beija flor, receba o teu carinho.
Não deixe que este sonho assim termine,
Meu nome, com saudade sempre assine,
No bico que te beija, um passarinho...
X
EU TE AMO, TE AMO, TE AMO...
Mal vem o sol nascendo em bela aurora
As luzes da cidade inda brilhando,
Meu quarto em tuas cores se decora
E, aos poucos meu desejo renovando
No amor que a gente faz sem ter nem hora
No corpo em que persisto navegando;
Neste caminho lindo, um andarilho
Procura a imensidão sem ter atraso,
Rompendo uma alvorada em raro trilho,
Sem hora sem destino, sina ou prazo.
Envolto em maravilha, então me pilho
Deixando este futuro ao mero acaso.
Só sei que trafegando em tais magias,
Encharco esta manhã de fantasias...
X
TE AMO DEMAIS... |
X
MINHA GRANDE AMIGA |
X
A FORÇA DA AMIZADE
Vibrando pelas ondas, oceanos
De tantas sensações que acumulei
Por mais que passem dias, meses, anos,
A força da amizade manterei.
Rompendo com discórdias, desenganos
Mudando, num segundo toda a lei,
Nos rumos divididos, novos planos,
Nos quais os pés bem firmes eu terei.
Subindo nos penhascos da alegria
Tornando nossa vida mais certeira.
Voando por espaços todo dia,
Das penedias frias, nossos medos,
Uma amizade pura e verdadeira,
Refaz em nossa vida, tais enredos...
X
SONETO AO DIA DAS MÃES |
X
Felicidade? Louco, eu te perdi...
Partiste para nunca retornar.
Depois de tanto tempo, eu percebi,
Que a vida mergulhou em outro mar,
Distante estou agora e vou sem ti,
Não sei mais em que estrela te encontrar.
Meu mundo se resume nisto aqui.
Loucura faz o tempo não passar...
Eu tinha em minhas mãos, amor profundo,
Mas veio a correnteza e te levou.
Sozinho me encontrei, por um segundo
As águas te levaram nesse instante.
Agora se nem sei mais quem eu sou,
Felicidade fica tão distante...
X
Não te desejo o mal, somente o nada. |
X
Se queres o meu corpo, mágoa e riso, |
X
Vieste navegante em minhas docas,
Tomando qual pirata o sentimento.
Nas bocas que se beijam, lábios, trocas,
E as pernas se misturam, mar e vento.
Adentro teus caminhos, doces tocas,
Em chuvas de carinho e de tormento.
Nas pedras, perdas, ganhos, furnas, locas,
A cada novo instante, açodamento.
Viemos das senzalas dos sertões,
Viemos da alegria apodrecida.
Atrás das sacristias, dos sermões,
Das ruas madrugadas canibais,
Por isso nossa sorte aparecida
Nas ondas e bordéis, nas marginais..
X
Amor bate no peito em tique taque
Fazendo disparar o coração
Guardando as proporções, mesmo de araque
Neste tumulto imenso, a confusão.
Lembro-me das histórias do almanaque
Profusas em delírios da paixão,
Agora que percebo tomo o baque
Mas sigo meu cantar em devoção.
Maria se fez festa, boca e teta,
Berrando o bom cabrito toma assento.
Amor hora marcada na ampulheta
Matou o passarinho da esperança.
Mas deixe que a saudade é como um vento,
Depois faz tempestade na lembrança.
X
Chegaste no meu quarto de surpresa |
|
X
Amiga, verdejante é o caminho |
|
X
Uma amizade passa na peneira
E deixa uma mentira como sobra
Se tens uma amizade verdadeira,
Percebe que esta vida nunca cobra.
Mas saiba valorar a companheira
Que o barco em tempestade se soçobra
Se salva numa entrega mais inteira
Na luta que se faz e se desdobra...
Amizade tem força desmedida
Se traz uma esperança em doce canto.
Preserva o sentimento de uma vida
Mostrando que valeu ter conhecido
Aquela que se fez em puro encanto
Caminho doloroso enfim vencido.
X
Deitado em minha cama um baby doll, |
X
A rosa decomposta no jardim,
Em ventos desfolhada, na janela.
Mostrando o que sobrou do amor em mim,
Servido sem talher à luz de vela.
Do couro verdadeiro sobrou brim,
O conto do vigário se revela
No falso do batom mais carmesim,
A boca que beijava não é dela.
No gesto mais discreto silencia
O resto mais completo que esperei.
Se empresto meu discurso
Queimei
Na cama em que cansado, eu esperei,
Agora vem mansinha e assim se deita.
X
Um pesadelo enorme não tem hora
Se torna mais freqüente
Se
Se forma no desejo resto e chão.
No viperino beijo que me deste,
Refeito deste susto me enterneço.
No couro que roubaste feito veste
Além do que não soube se mereço.
Na boca da jocosa criatura,
Um verso desferido igual veneno.
Deitando em tua boca beijo e cura,
Ao ver-te repartida, logo aceno.
E peço o teu sorriso mais preciso,
Mostrando este portal do paraíso....
X
O SEU AMOR
Ela esperando a noite que não vem
Do amor mais comportado em que preveja
Tranqüilidade imensa neste bem
Que louco, tresloucado tanto beija
E rouba os seus sentidos. Ser alguém
Além do que queria relampeja.
Na sorte despencada e dorme sem
Trocada por amigos e cerveja.
Deseja que outro dia seja santo,
E o sonho não se mostre pesadelo.
Refeito o rarefeito e manso encanto.
Da saia da menina curta e justa,
No gosto prazeroso de sabê-lo.
Realidade entanto, sempre assusta...
X
Não vou querer, amada, ser teu dono, |
X
Tu chamas prostituta esta mulher
Que cede aos teus carinhos mais profanos
Depois que foi princesa, uma qualquer
Se mostra nos teus cantos soberanos.
Nos versos debulhaste o que quiser
Depois de debruçares nos enganos,
Do canto mais altivo que fizer
Parece que o amor tem outros planos...
Se posas de caipira ou sertanejo,
Desculpa, companheiro, esfarrapada,
Romântico é viver cada desejo
Com força e com carinho, mansamente,
Senão já te condenas a ser nada,
Morrendo sem futuro, tolamente...
Uma homenagem aos cantores sertanejos ou românticos que invadiram o nosso dia a dia.
X
Vieste dos meus sonhos, num relance, |
|
X
Eu quero crer num sonho sem temores
Refeito do vazio de onde eu vim,
Bebendo em cada boca meus amores
Que guardo, bem retintos, dentro em mim.
Se enfoco sem sentido meus temores,
Talvez toda essa culpa venha enfim
Dos holofotes, fortes refletores
Que vejo do princípio até o fim.
Morrer nesta paixão que me moveu
Do futuro impossível que não veio,
De toda uma esperança que perdeu
Quem fora companheira e mais não quis.
Rever uma alegria, aberto o seio
Por onde mergulhando, fui feliz...
X
Palavras que soltamos, vento leve,
Em confissões dubladas sem sentido.
Se o tempo que passou, correu tão breve
O mundo não se mostra arrependido.
Por mais distante que isto não me leve
Sou farto das paixões e combalido
Não quero amor que nunca me releve
Nem revele o que fora preterido.
As horas se passando sem jamais
Tampouco sem verdades absolutas.
A sorte já saiu, não volta mais,
Tantas palavras soltas, versos soltos,
Em outras fantasias, velhas lutas,
Os rumos já perdemos, mais revoltos...
X
Teimosamente fico a te esperar
Embora me dissesse que não vens.
A luz que se repete no luar
Trazendo uma esperança de outros bens
Vontade de partir e de ficar,
Vontade de gritar teu nome ao vento,
Mas nada de fingir ou de chorar,
O gosto da vitória é no momento.
Quem sabe tu virás na tempestade
Ou mesmo no prazer que não contenho,
No gosto desta boca, ansiedade,
Amor foi companheiro mais ferrenho.
Mas sinto o teu perfume dentro em mim,
Um grande amor não morre mesmo assim.
X
Amiga, não me guardes mais rancor,
Sacuda esta palavra que falei
Neste momento insano sem valor
Onde em erros gigantes mergulhei
Num momento mais duro, insensatez,
Instante adormecido e sem sentido.
Inerte sem juízo ou lucidez
Melhor jamais por certo ter bebido
Das dores esquecidas do passado,
Há tanto sepultadas, coração.
Se num momento torpe, enviesado
Voltaram sem motivos, explosão,
Tu sabes, nada dizem, nem intriga,
Peço-te, esqueças isso, minha amiga...
X
Expostas, rancorosas, velhas dores
Ambulantes feridas que se entocam
E mostram nos seus dentes, os humores,
Espelhos onde os rumos se retocam.
Num fosso de silêncio onde abrandaste
Tais fúrias, refletindo num sorriso
Já toda a sensação deste desgaste
Natural que nos nega um paraíso.
Somamos nossos corpos toda noite
E, mesmo que isto seja uma mentira,
Vestimos solidão em farsa/açoite.
No fundo não queremos mais a fuga,
Nem mesmo quando solta, a voz atira
Forjando em nossa face cada ruga...
X
Quem dera se viesses, rosa rara,
Estrela maioral deste jardim,
Em tua majestade a sorte ampara
O sonho que guardei dentro de mim.
O tempo sem remédio, quase pára
Na boca que beijaste, carmesim.
O fundo marchetado da existência
Se imanta em tanto verso atormentado.
Quem sabe te encontrar foi coincidência?
Atando o meu destino ao teu passado
O resto se fará sem penitência.
Somente te proponho estar ao lado
Do mar que assoalhei em nossa vida,
Desabrochando em ti minha saída...
X
Não se secam tais fontes, mar e rio. |
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