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Sunday, July 2, 2006

Preconceito e discriminação.

Nada mais estúpido do que os preconceitos. Qualquer tipo e em qualquer situação.
Denotam simplesmente, não só a ignorância como também a incapacidade de se adaptar ao convívio das diferenças.
O pré-conceito, em sua magnitude, é responsável pelas guerras, pela fome e pela miséria dos mais frágeis.
Através da História, tivemos em todos os momentos desta, marcas indeléveis e cicatrizes profundas causadas pela ação do homem contra o homem, sob o simples e absurdo argumento de que se é incapaz de aceitar a convivência com quem não espelha a imagem do dominador ou do, teoricamente, mais forte.
Normalmente o preconceituoso demonstra um caráter de não aceitação de si próprio, transferido para o outro as sensações de sua própria insignificância e baixa estima.
É clássica a ira do homossexual reprimido contra o homossexual assumido, numa atitude de inveja e de impotência perante a opção sexual reprimida.
O fato de não poder, por causas variadas, assumir a opção sexual que, de fato o atrai mas, por isso mesmo, se torna repulsiva; o faz agir violentamente contra aqueles que conseguiram vencer os medos com relação a isso.
Historicamente, na nossa colonização, a própria Igreja Católica estimulava os preconceitos, subserviente que era à Corte e aos poderosos, perdoando e até mesmo estimulando os massacres indígenas e as ações contra os negros e pardos.
A própria Igreja, nas Cruzadas, levava terror a quem não compartilhava de suas idéias, desculpa usada pelos poderosos sequiosos em dominar áreas pertencentes aos otomanos. Em nome do Cristo pacífico, se lavavam no sangue dos mouros.
A sensação “prazerosa” criada pela submissão dos mais fracos e dos indefesos, gera em muitos de nós, o que se pode dizer Poder Absoluto, o que faz com que as ações mais cruéis e absurdas sejam tidas como “normais”.
Os massacres em Ruanda e Burundi que se realizaram há alguns anos, sob os olhos passivos dos paises civilizados, demonstram o quanto o homem ainda persiste nos mesmos erros de antes. A situação trágica no Oriente Médio entre palestinos e judeus e entre xiitas e sunitas também demonstram isso.
A, teoricamente, mais civilizada das nações, que se orgulha de sua democracia, nos tem dado exemplo de que “nada mudou”.
Enquanto os talibãs foram úteis, os afegãos padeciam de toda a sorte de desmandos e absurdos, inclusive com crimes contra a própria Cultura Universal, como a destruição de uma histórica estátua de Buda, incrustada numa montanha. Bastou que, para os americanos, esses passassem a não ser mais de tanta utilidade para que os antes defensores desse grupo radical passassem a ser seus algozes.
A armadilha criada pelos próprios imperialistas americanos no Iraque fez com que eles mesmos entrassem em uma confusão que não vai ter final pacífico.
Os erros de ontem se repetem hoje, em um moto contínuo absurdo e sem nexo.
Um outro aspecto dos preconceitos é a profunda associação dos fatores econômicos com os outros parâmetros.
Principalmente no Brasil, onde a imagem de “país sem preconceito” se desmente a cada momento.
Uma das principais acusações contra o Presidente da República, criminosamente repetida por alguns setores do país, inclusive político, é o fato de não ter curso superior.
O mesmo grupo se omite contra o vice-presidente, também sem curso universitário, mas rico.
Grande parte dos nossos políticos não tem cultura bastante para serem tidos como intelectuais, alguns crêem que o simples fato de terem aprendido mais de um idioma significa capacidade intelectual.
Conheço a história de um menino que, sem ter estudado, há muitos anos, deixou boquiabertos todos os doutores do seu tempo.
Entre outros personagens, como a admirável Cora Coralina, grande poetisa semi-analfabeta, admirada por muitos, inclusive por parte daqueles que criticam o nosso presidente pelo fato de não ter concluído um curso superior.
Outro aspecto que creio ser importante, além desse é o preconceito inerente contra o povo nordestino, tal qual vemos na Itália contra os sicilianos e calabreses, disso posso falar com conhecimento de causa, neto que sou de um calabrês.
Quando vemos uma das maiores autoridades políticas do nosso país, governante por oito anos afirmar que “pobre não pode governar”, temos o mesmo aspecto preconceituoso.
Da mesma forma quando um outro político afirma que Lula “vive viajando”, se esquecendo do antecessor “Viajando Henrique Cardoso”, nos remete ao preconceito.
Com relação ao uso de bebida alcoólica, nem preciso dizer – cachaceiro é bem diferente de uisqueiro ou de quem bebe vinhos, principalmente vinhos importados, é por acaso chamado de alcoólatra?
Todos estes aspectos convergem para o preconceito.
Uma outra coisa que deve ser vista é a discriminação, ação ligada ao preconceito e á segregação, quando se faz de forma contínua e mais profunda.
Quando citei a Igreja Católica e o Império Norte americano, como coadjuvantes e atores principais de etapas da história onde o preconceito e a discriminação se tornaram algozes da Humanidade, pergunto até que ponto o nazi-fascismo foi menos ou mais cruel do que essas ações?
É delicado se tocar nesse assunto, a partir do momento em que a História é feita pelos vencedores, cabendo aos derrotados os ônus dos erros.
Até que ponto a imagem do “judeu errante” não contribuiu para a ação criminosa do nazismo?
Até onde vai a diferença entre as ações de Bush com relação aos povos árabes, em nome de uma “liberdade”, e as ações dos espanhóis e portugueses com relação aos índios latino americanos?
Até onde vai a ineficiência de um “semi-analfabeto” Garrincha e a de Lula?
Temos a visão da discriminação e do preconceito como, muito mais econômica e social do que por cor de pele, religião, raça ou culturais e/ou educacionais.
Os que agem sob essa égide, demonstram a fragilidade moral de quem não tem capacidade de discernir qualidades e defeitos.
Apresentam, de antemão, uma opinião deformada sobre o que não conhecem, o que denota ausência de caráter e de sapiência.
Os que discriminam são os mesmos que bajulam os que, econômica ou socialmente estão em um estágio aparentemente superior.
Sendo dignos de serem olhados, sob uma ótica cristã, com a mesma compaixão que Cristo observava os seus algozes.
E numa ótica ética, como os verdadeiros abutres da história, incapazes de serem referência para qualquer coisa, a não ser da incompetência de agirem como seres civilizados...

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