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Monday, November 14, 2011

ENGODOS?

ENGODOS?

Morena, em tua boca sei fantasmas,
Dos beijos que me destes, sem ter medos...
Mas quando cultivavas tuas asmas,
Os teus gemidos foram teus segredos..

Achava, num momento: eram miasmas,
Que vinham sem profundos arremedos...
Então quisera Deus, virem do plasma,
Quando, passava, célere, meus dedos...

Agora sei que tinhas tantas crises,
Enquanto cria fazer-te gozar,
Nunca foram, portanto, mais felizes,

Os nossos bons momentos, sem vagar.
Te comparei; melhor entre as atrizes;
Teus gemidos profundos, sufocar...

MARCOS LOURES

RAÍZES...

RAÍZES...


Este mente, aquele mente
outro mente... tudo igual.
O sítio da minha embala
aonde fica afinal?
A terra que é nossa cheira
e pelo cheiro se sente.
A minha boca não fala
a língua da minha gente.
ALEXANDRE DÁSKALOS POETA ANGOLANO


O rosto do poder se mostra estúpido
E bebe cada gota da esperança.
No olhar de um povo simples, sempre cúpido,
A fome se promete a cada dança.

Abutres não disfarçam sua fome,
Rasgando a carne frágil do campônio,
Aos poucos devorada, se consome
Entregue ao paraíso de um demônio.

Na mão já não carregam mais chicotes
Disfarçam-se em amigos, protetores,
Na fome tal matilha de coiotes

Espalham a miséria sem pudores.
Depois já reunidos no Congresso,
Brindando, tão amigos, - sangue-expresso...

SEDENTA SENSAÇÃO

SEDENTA SENSAÇÃO

Amar e ser liberto a cada dia,
Sedenta sensação: felicidade.
Arguto coração já percebia
Nos olhos de quem amo; a falsidade.

Por vezes embaçando a claridade
Olhar enamorado nada via,
É duro perceber a realidade
Misturas que compõem a fantasia.

Cativo coração, teu prisioneiro,
Não deixa nem sementes sobre o solo,
A morte não me serve de consolo,

Distante de um amor mais verdadeiro
Sabendo no teu peito, este deserto,
Do amor que não tiveste; já deserto...

ET SI TU N'EXISTAIS PAS

ET SI TU N'EXISTAIS PAS

O que seria; amor, de minha vida
Se nunca houvesse tido esta presença
Que torna uma existência mais querida
Trazendo a plenitude em recompensa.

Por vezes custo a crer, mesmo duvido
De ter a sorte imensa de poder
Durante a tempestade enfim, ter tido
A calmaria feita no prazer.

Eu não existiria sem você.
De que me adiantaria vir ao mundo,
Numa procura insana em que se vê

Tão somente o vazio. Eu me aprofundo
E encontro em nosso amor uma esperança
Da vida em mansidão e temperança...

O QUANTO ÉS IMPORTANTE PARA MIM

O QUANTO ÉS IMPORTANTE PARA MIM

Se quando me deixaste tu soubesses
Do quanto és importante para mim,
Talvez não precisasse destas preces,
A seca não viria ao meu jardim.

Ao pedir incansável que regresses
Espero que a tristeza tenha fim.
Porém os mais diversos interesses
Roubaram a esperança. Eu sofro assim...

Um dia o coração que esfacelaste
Levado pela fúria da paixão
Talvez inda consiga renascer.

Amor que se perdendo num desgaste
Trazendo tão somente a solidão,
Ainda me trará tanto prazer...

TUA DOCE TIMIDEZ

TUA DOCE TIMIDEZ


Percebo tua doce timidez
Quando olho pro teu corpo, meu amor.
Procuras ocultar tua nudez,
Procuras levemente recompor,

Depois de tanto amor que a gente fez,
Enrubesces mudando tua cor.
Sorrio desta vaga insensatez
Amar de novo, volto a te propor.

E passo minhas mãos por sobre as tuas,
Leve arrepio mostra uma vontade,
Num segundo, tu finges que recuas

Mas logo se aproxima, delicada,
Matamos novamente uma saudade,
E a noite recomeça, apaixonada...

A FERA ENJAULADA

A FERA ENJAULADA

A fera que enjaulada nada teme,
Irrompe estas cadeias, sem temores.
Um barco que se vai, perdendo o leme,
Prenúncio de tempestas e de horrores.

Toda a dor quando impele que blasfeme,
Deixando para trás perfume e flores,
Criando fantasia onde amor treme
Seguindo sem a sorte dos penhores.

Porém ao perceber tuas mazelas,
Espero paciente tua volta.
Na força que me mostras e revelas,

Certeza de que um dia serás minha;
Entendo, meu amor, tua revolta,
Mas voltarás pra mim, qual andorinha...

UM VENTO BEM MACIO

UM VENTO BEM MACIO

Ao sentires um vento bem macio
Chegando devagar, roçando o rosto,
Lambendo tuas pernas, bem vadio,
De desejo e carinho assim composto,

Um vento que incendeie o quente estio.
Deixando o teu querer bem mais exposto,
Molhando devagar, doce rocio,
Provando em tua boca, todo o gosto.

Ao sentires o vento te tocar,
Audaz já levantando a tua saia.
Sorvendo de teu corpo, devagar,

Verás que enfim cheguei, minha morena.
Sorriso no teu rosto não te traia,
Que a vida em mil prazeres nos acena...

O REFAZER DO AMOR

O REFAZER DO AMOR


A chuva vai caindo o tempo inteiro,
Em gotas lagrimadas da agonia.
Uma esperança em mim, cedo morria,
No sacrifício triste de um cordeiro.

Amor que desenhara derradeiro,
Distante do meu quarto adormecia,
A voz do vento como que dizia
Amor não voltará; irás primeiro...

Em luta violenta, a natureza,
Nos raios rebrilhando com beleza
Formava vaga-lumes no meu céu.

Surgiste já trazendo estrelas belas,
Da dura solidão em frágeis velas,
O amor se refazendo, em alvo véu...

O AMOR

O AMOR

Amor é tema pleno em formosura
Camões em seus poemas me dizia
Do amor que se faz sempre em alma pura,
Semeia dentre todos, fantasia.

Florbela que vivera em noite escura,
Também sem outro tema se fazia,
Apenas quem demonstra alma tão dura
Não vê que sentimento é poesia.

Sem sonhos que fará pobre poeta?
Morrendo qual se fora um retratista,
Fotógrafo sem arte, alma incompleta.

Distante da emoção, perdendo a liga.
Sonhar é necessário, minha amiga,
Amar nos traz de Deus a vera pista.

MEU LOUCO CORAÇÃO

MEU LOUCO CORAÇÃO


A chuva; a tempestade, em toda a gente
Num frêmito terrível sempre tem
Sabor de uma saudade de outro alguém
Que há muito já se foi, estando ausente.

Parece que num átimo pressente
A solidão eterna, sem ninguém,
Chamado doloroso de um Além,
De um vazio constante e mais presente.

A paz que derradeira, não mais creio,
Distante do que fora um ideal
Mostrando uma agonia que receio.

Na chuva necessária, a brotação,
Refaz-se toda a vida, num jogral
Brincando com meu louco coração...

SAUDADES

SAUDADES

Saudades são as bênçãos da tristeza,
Da forma que me ferem já me osculam,
Vontades incessantes que pululam
Da frágil solidão, a correnteza.

Lembrando deste amor que com destreza,
Delícias e desejos se vinculam,
As dores e vazios se regulam
Formando um raro quadro em tal beleza.

Pressinto que terei de novo os beijos
Que deste com perícia e com traquejos,
Neste momento em glória, num festim,

Depois de tanto tempo em tal desordem,
Que os tempos delicados se recordem
Trazendo nova vida para mim...

DESEJOS

DESEJOS

Os sonhos que refazem meus desejos,
Lembrando de um menino e seus anseios,
Palpita uma emoção, mansos enleios,
A música constante, harpas, arpejos...

A noite iluminada em relampejos,
Eu busco a proteção, maternos seios,
Deixando bem distantes meus receios...
Visões maravilhosas negam pejos...

Sentir tua presença, firmes rumos,
De uma alegria imensa, doces sumos.
Minha alma enternecida, embriagada...

Acalmam meus sentidos, minhas ânsias
Recebo de teu corpo tais fragrâncias
Que fazem minha vida bem amada...

O AMOR DA PRINCESA

O AMOR DA PRINCESA

Eu quero amor canalha da princesa
Domínio da total inconsciência.
Comendo e me fartando nesta mesa
Mandando para a merda uma decência;

Amor que já não tendo coerência
Expõe qualquer vontade sem defesa
E crava com desejo em eloqüência
Mudando ao bel prazer velha tristeza.

Sem ter a falsidade como lema
Amor já se entregando sem problema
Faz festa e se permite mais safado.

Não quero mais censura nem juízo,
Abrindo devagar o paraíso
Na delícia sublime de um pecado.

UMA VISÃO INESQUECÍVEL

UMA VISÃO INESQUECÍVEL

Dois corpos se tocando, com luxúria,
Sentindo belos seios, duros pomos,
Da sílfide divina. Doces gomos
Da fruta preferida, fome e fúria.

Visão extasiante de uma lua
Que adentra em nosso quarto, voyeurista.
Prateia uma escultura semi nua,
Com mãos tão delicadas de uma artista.

Deitada no teu lânguido abandono,
No gozo perfumado, doces sumos,
Fustiga meus desejos, rouba o sono,

A noite se propõe em outros rumos...
Ecoam fantasias, turbilhões,
Devastadores fogos, mil vulcões...

TUA PUREZA

TUA PUREZA

Lembrando da pureza, doce encanto,
Das tardes do passado, das novenas,
Jardins de minha casa, as açucenas,
Do amor que imaginara em triste canto.

A noite tão vazia, em negro manto
Trazendo uma tristeza em duras penas.
Quem dera se eu tivesse horas amenas;
Mas nada a mim chegava, só meu pranto...

Chegaste mansamente em beijos mudos,
Nas mãos a maciez: sedas, veludos,
E aos pouco me tomaste por inteiro.

Meus sonhos, suavemente já completas
Palavras que me dizes, prediletas,
O amor que fora sonho é verdadeiro!

Sunday, November 13, 2011

CIGANA

CIGANA

Na mostra em galeria que se fez
A vida da morena foi cigana
Quebrando a rima trouxe insensatez
E logo, logo, volta e já me engana.

Na boca da morena, mel e cana
Assim como tu queres nada vês
Não voltando da farra, a sacana
Maltrata o coração tamanho rês.

Ao clarear o dia sem morena
A menos que ela volte de tardinha
A solidão danada vem e acena

Estraga toda a festa que inda vinha
Na lua esparramada e nesta cena
A conjunção astral se desalinha.

TÓRRIDO DESEJO

TÓRRIDO DESEJO

A noite vai passando, doce e quente;
Num tórrido desejo que nos guia
Envolta por suores, fantasia
Se mostra mais voraz, impertinente.

Vontade de te ter, fogosa, ardente;
No jogo que me encanta e me vicia,
Torpores de prazeres e magia,
No amor que a gente faz amor se sente.

Meus braços te enlaçando na cintura,
As pernas que se tocam se entrelaçam
Num beijo tão suave com brandura

Loucuras que traçamos mal disfarçam
A sede delicada, uma tortura,
Dois corpos que se querem e se abraçam...

O QUE EU NÃO TIVE

O QUE EU NÃO TIVE

Não sei do que não tive e pouco importa
Se as vísceras espalho pela rua.
Nas ânsias mais banais, fechando a porta
Deixando para trás audácia e lua.

O gozo do será já não comporta
Imagem de mulher sublime e nua.
Um romantismo estúpido se aborta
Enquanto a nau sem rumo inda flutua.

De um verme que caminha em podres sendas.
Barganhas não mais faço, arranco as vendas
E exponho esta nudez em armadura.

Do quanto não retive destas prendas
Morrendo em poucas rimas, velhas lendas
Amanhecendo morta uma alma dura.

O QUE SOBRARA

O QUE SOBRARA

Matei o que sobrara em poucos versos,
Depois do meio dia, o funeral.
Convido aos mais gulosos que dispersos
Adotam verborréia sensual.

Risíveis os temores tão diversos
Meu canto se mostrando mais banal
Engole este vestígio de universos
Retratando um terrível espectral.

Espetacularmente sangro e rio,
Vestido de quasares fui à festa
E nesta estupidez em que me crio

Tampouco o que sobrou já não me resta
Apago da esperança o seu pavio,
Pro gozo de quem sabe e me detesta.

O BAR ABANDONADO

O BAR ABANDONADO

A parte que me cabe desta festa
É o bar abandonado da esperança.
O mar que em tempestade já se empresta
Fomenta este vazio que me alcança.

Encalacrando o peito, sem pujança
Invado qualquer parte da floresta
Bebendo deste rum, alma descansa
E o gozo sem limites desembesta.

Apenas um partícipe, descubro
Nos olhos deste sonho outrora rubro
A vastidão do vago que carrego.

Se sarcasticamente tu gargalhas
A boca vai se abrindo nas navalhas
Deixando o meu olhar, vazio e cego.

NO FOGO DE UM AMOR

NO FOGO DE UM AMOR


No fogo de um amor, em brasa pura,
Queimando sem pedir sequer licença,
Vencendo qualquer toque de amargura
Fazendo com que a vida nos convença

De todo este valor de uma ternura.
Amar é receber a recompensa
Em forma de carinho e de brandura,
Além, mas muito além do que se pensa...

Tomar-te em minhas mãos, te ter inteira,
Beleza de uma flor em todo o viço.
Te quero, minha amada companheira,

Tu sabes que me envolves com magia,
Entregue ao louco amor, nosso feitiço,
Renasço para a vida em alegria...

AMOR E SEXO

AMOR E SEXO

Fagulhas espalhadas num palheiro
Nas tramas, velhos trâmites sem nexo.
Amortalhando o gozo corriqueiro
No jogo abençoado amor e sexo.

Incêndios espalhando este braseiro
Num simples desafio não indexo
E bebo deste corpo por inteiro
Tentando ter ao menos um reflexo

Que esconda as velhas rugas, meus esgares,
Partilhas onde ganhos são vulgares
Mas valem toda a vida, com certeza.

Na boca carcomida da saudade,
Rebordos seculares da vontade
Afloram num orgasmo em sutileza.

QUERIDA

QUERIDA

Porque pensas assim querida amada?
Sou teu,somente teu de mais ninguém...
Se encontro minha sorte abandonada
Na noite que te espero e nada vem,

Envolto em solidão, na madrugada,
De tanto que queria ter meu bem,
Somente o frio chega e nada, nada.
Procuro então por colo de outro alguém..

Não sabes quanto quero o teu carinho?
Às vezes mal percebes quando a chamo.
Não quero mais ficar assim sozinho.

Meu coração deveras sempre quis
O amor de quem sonhei, tanto reclamo,
Mas, somente contigo eu sou feliz...

FELICIDADE

FELICIDADE

Felicidade é feita a cada dia
Edificando um sonho em plena luz.
Ao píncaro sublime nos conduz
Moldada em tanta paz, pura alegria.

Distante da maldade, a poesia
Aos poucos, lentamente reproduz
Calando a dor que pesa feito cruz
Permite finalmente esta magia

Ao ser feliz, querida não renegue
O sonho da amizade em plenitude.
Quem sabe, com certeza já consegue

Bastando tão somente uma atitude
Que traga a liberdade como meta,
No amor se ter medidas se completa!

UMA EMOÇÃO A CADA DIA

UMA EMOÇÃO A CADA DIA

Que a vida se permita em pleno amor
E nele uma emoção a cada dia.
Sabendo que se temos bom humor
Decerto vamos ter sabedoria.

Vivendo plenamente, um sonhador
Conhece totalmente esta alegria
De termos a certeza de compor
Um mundo delicado em poesia.

Há tanta discrepância nesta vida,
Viver com elegância é ser feliz.
Permita-se sonhar, enfim, querida

Terás, pois finalmente o que bem quis.
Amar é realmente uma saída
Ouça o que o coração agora diz...

PARAÍSO EM TEU OLHAR

PARAÍSO EM TEU OLHAR

Buscando o paraíso em teu olhar
Recebo a claridade de um farol.
Banhando em pura prata o negro mar
Da lua transformada em vivo sol.

Espalhas esperanças a brilhar
Tocando com belezas o arrebol.
Persigo assim teus olhos sem parar,
Qual fora um helianto, um girassol.

Semeias fantasias onde passas,
Em ti me vanglorio, sou feliz.
Deténs as alegrias e as graças

Meu álibi sagrado, soberano.
Envolto em claras cores, teu matiz,
Amor se faz inteiro, sem engano...

DURANTE A VENTANIA

DURANTE A VENTANIA

Depois desta tormenta apenas queimaduras
Restando em nossa pele, algumas cicatrizes.
Depois, já mansamente envoltos em ternuras,
Recuperamos tudo e somos mais felizes.

Nossa pele marcada em tais arranhaduras
Nos ensinou bastante. Os meros aprendizes
Depois de tanta busca, imersos nas procuras
Já sabem decifrar acertos e deslizes.

Voltando para a luta após tanta sangria
Só resta descobrir qual o melhor caminho
Que possa nos guiar durante a ventania.

Amiga, passo a passo, espero que esta andança
Leve-nos finalmente a maturar o vinho
Guardado numa adega em forma de esperança.

A MOÇA EXPOSTA

A MOÇA EXPOSTA

Na porta sem tramela, a moça exposta
Nudez que traz delírio e fantasia
Do jeito que se quer e que se gosta
A moça transbordando com magia.

a vida sem a moça vira bosta
do tanto quanto bem eu já sabia
amor sem ter juízo não desgosta
e torna a nossa noite menos fria...

a festa da cidade, a fila feita
a moça seminua já se deita
e a gente ao mesmo tempo se deleita.

O corpo desejado sempre aceita
O olhar de quem jamais foge ou rejeita
Portal do paraíso não se estreita...

PRECISO TE SABER - FELICIDADE

PRECISO TE SABER - FELICIDADE

Não quero mais as noites invernosas
Nem as frias montanhas sem amor.
Jardim que se formara; tantas rosas,
Aos pouco recupera a sua cor...

As águas que caiam; cachoeiras,
Agora mansamente para a foz...
Palavras que trocamos; verdadeiras,
Matando essa saudade tão atroz.

Depois de ter vivido sem carinho,
Depois de ter sofrido essa saudade.
Amor, nunca me deixe mais sozinho,

Preciso te saber, felicidade...
Por vezes me imagino sem ninguém
Nas noites em que o frio vento vem...

EU TE AMO!

EU TE AMO!

Palavra que te disse, mansa e louca;
Trazendo teu desejo para mim.
A boca procurando tua boca,
No gozo dessas flores no jardim...

Amada, como é bom falar que eu te amo!
Palavras, sentimentos tão profundos...
Qual lobo solitário; tanto chamo,
Meus olhos viajando nos teus mundos.

Deitado sobre a grama e sob a lua,
Ao ver-te em transparências caminhando,
Teu corpo se define e semi-nua;

Aos poucos meu olhar te desnudando...
E sinto teu respiro junto ao meu,
Meu corpo, nosso corpo, se perdeu...

MEU SONHO

MEU SONHO

Quando meu sonho embarca no teu sono,
Misturas as salivas e os sonhos.
Não posso conceber um abandono
Nem dias que se passem mais tristonhos.

O vento que me trouxe não me leva,
Persisto do teu lado, sou cativo...
Na noite que vivemos; tanta treva,
Um sentimento lindo e sempre vivo.

Não quero nem que sofras e nem eu.
As horas percorridas; nossos dedos
Decifram cada sonho que nasceu

Depois de pouca vida e muitos medos...
Eu quero a sensação de liberdade
Imerso no teu corpo, divindade!

TUA DISTÂNCIA

TUA DISTÂNCIA


Tua distância amiga, aconchegante;
Trazendo teu calor tão mansamente.
Ao ver-te me imagino estar diante
Da deusa que sonhara urgentemente.

Estrelas fulgurando em claro céu,
Rolando por espaços magistrais,
Procuro meu recanto no dossel
Depois de navegar dores astrais.

Teu corpo, nos contornos definidos,
Presença dos meus barcos naufragados.
Tocando tão de leve; meus sentidos.

Por mares maviosos, navegados.
Te quero, simplesmente tanto quero...
Amor que glorifica e que venero...

TRAGAS TODO AMOR PARA MIM

TRAGAS TODO AMOR PARA MIM


Não tenho mais recados p’ra te dar...
Eu sei não ouvirias, estou certo.
De tanto que vivi a te esperar,
A tua ausência lembra-me um deserto.

Na noite que se esfria, tanta sede...
Deitado sem ninguém; espero, enfim,
Que chegues, devagar; na minha rede,
E tragas todo amor que tens p’ra mim...

Aí, juntos novamente, minha amada;
A vida não precisa mais recados.
Esta fotografia emoldurada

Trazendo as esperanças, doces fados...
E vejo, adormecida calmamente,
A mesma languidez de antigamente..

Saturday, November 12, 2011

A VELHA FANTASIA

A VELHA FANTASIA

Quisera pelo menos um momento
Em paz sem ter que tanto desbravar
Caminhos onde possa descansar
E ter depois de tudo, certo alento,

Na velha fantasia me sustento
E tenha simplesmente céu e mar,
Aonde deva um velho aventurar
Traçar o meu mais livre pensamento,

Um ato tantas vezes quase explícito
O todo se mostrasse em tom ilícito
Vagando sem ternura em particípios.

Vasculho o quanto fui e sou minúsculo,
Apenas vivencio este crepúsculo,
Negando desde já tolos princípios...

Friday, August 26, 2011

- NAS HORDAS DE SATÃ

Sentindo-me deveras no vapor
Aonde se esfumaça a liberdade,
Vencendo com furor a tempestade,
Gozando deste imenso dissabor,

O preço que se paga pelo amor,
Enquanto o tempo tudo em vão degrade,
Rompendo dos pudores qualquer grade,
Não vejo mais a cena a se compor,

Fagulhas incendeiam os infernos
E deles novamente ricos ternos,
E tantas maravilhas prometidas,

Infaustos nesta vida? Nunca mais,
Auríferos caminhos magistrais,
Nas hordas de Satã enternecidas...

- UM BRINDE AO DEMÔNIO


Adentro felizmente este caminho
Que leva ao meu querido Satanás
E tenho nesta fúria, a imensa paz,
Da qual e pela qual me fiz daninho,

Erguendo um brinde ao Demo, vou sozinho
E embora na verdade tanto faz,
O quanto me fiz rude e até mordaz,
Sangrando a cada verso, traço o ninho.

Não quero o teu perdão nem mais preciso,
Se a vida sempre traça um prejuízo
De que me vale assim, misericórdia,

O passo mais feroz que inda se dê
Transforma qualquer coisa sem por que
No anseio mais sublime da discórdia...

Monday, August 22, 2011

- BENESSE (30546)

Num triunfo divino feito em glória
Jazendo dentro em mim velha mortalha
A sorte muitas vezes não batalha
Sabendo da verdade sempre inglória

E tanto poderia ter vitória
Quem sabe e se perdendo nada valha
Sequer o mesmo corte não espalha
A fúria que é decerto merencória.

Resisto ao não saber do quanto trama
A vida em dolorosa e forte chama
Na ardência contumaz de quem se conhece

A morte bem de perto e não se cala,
Uma alma não se mostra assim vassala
E busca mesmo em vão qualquer benesse.

Sunday, August 21, 2011

LEMGABA

Um dia quando estava no mictório
Ao ver um homem forte e avantajado,
Gilberto, meu amigo e meu cunhado,
Pensou ser o que vira um ilusório

Efeito do conhaque desgraçado
Que tinha com platéia e auditório
Numa aposta; bebido e se fartado,
E se mostrando quase que simplório

Ao ver um camarada que urinando
Mostrava tatuagem bem mal feita
Num pênis gigantesco, pois foi quando

Ao ver que estava escrito ali LEMGABA
O que isso quer dizer? Pergunta feita:
“LEMBRANÇAS LÁ DE PINDAMONHANGABA...”

A BOLINHA QUE DEU ROLO


Doutor Aníbal, além de um excelente pediatra é um dos maiores contadores de causos que conheço.

Trabalhando há quase vinte anos em Espera Feliz – MG, coleciona um sem número de histórias.

Uma das que mais me chamaram a atenção, aconteceu quando ele acabara de chegar na cidade, vindo de Juiz de Fora, aonde cursou a UFJF, tendo sido aluno do Professor Tadeu Coutinho, um expert em ginecologia.

Havia uma criança muito esperta em Santa Martha, chamada Leididaiane, filha de Oracina, uma renomada professora querida por todos no pequeno distrito ibitiramense.

Num plantão de segunda-feira, às duas da tarde, a Prof Oracina deu entrada no Pronto Socorro extremamente assustada e, aos prantos, clamava por atendimento à sua pequena petiz que teria engolido uma bolinha...

Dr Aníbal, muito prestativo, levou a menina para a sala de emergência e, usando de toda a sua paciência, examinou a criança.

Por coincidência, o dr Giovane, um otorrinolaringologista de Guaçuí estava de passagem na cidade e como era muito amigo do Dr Aníbal, atendeu ao chamado deste para auxiliar na busca pela tal “bolinha”.

Raio X, endoscopia... e nada de bolinha...

Oracina em pânico, todo mundo desanimado e cansado quando Leide acorda da anestesia após a endoscopia, entre desanimada e confortada, surpreende a todos e diz:

- Tem problema não, mãe , eu faço outra.

E, dito isso, enfiou o dedo indicador na narina direita...

A BOCA

A BOCA

A boca
Entre outras utilidades
Mais comuns
E, naturalmente ligadas à sobrevivência
E outras, muito pelo contrário
Ligadas à guerra, à discórdia, ao divórcio etc...
Aliás Cristo tinha razão
O Mal é o que sai e não o que entra pela boca...
Mas, poeticamente falando
A boca tem outras funções
E é delas que falo quando penso em você;
Do começo ao fim,
Do sorriso ao êxtase...
Assim,
Sagrada boca,
Princípio e fim dos prazeres,
Motivo de paz e guerra
De santidade e de infernos...
Talvez por isso,
O amor se expressa por ela...
São almas gêmeas.
O amor e a boca.
Mas, deixe de conversa
Que este teu batom
Está me incomodando,
É melhor tirá-lo...
E o resto?
Adivinhão!
Fecho a porta
É melhor privacidade...

COMPANHEIRO

Quem sabe quanto o mundo, em si, é fero
Prossegue dia a dia assustadiço.
A paz tão necessária e um amor vero
É tudo o que pretendo e que cobiço.
Sangrando, a solidão em dura trama
Maltrata quem não tem ninguém, não ama...

Mas saiba, companheiro a plena glória
Se encontra não na seta e nem na lança.
Na verdade, o sentido da vitória
Apenas na amizade é que se alcança;
É nele que se encontra o verdadeiro
Sentido desta vida, companheiro...

MINHA GRANDE AMIGA

Amiga, me perdoe se disfarço
Os dias em poemas e delírios.
Às vezes vou disperso a cada passo
Deixando em algum canto, tais martírios.
Noite e dia tentando demonstrar
A força que perdi. Não sei lutar.

Apenas tenho um riso de ironia
Daquela fortaleza que perdi.
Caminho maltrapilho todo dia
Buscando o que bem sei só tenho em ti.
Resquício de outro tempo; na verdade,
O que sobrou? Somente esta amizade...

DO RIO GRANDE ATÉ MINAS

DO RIO GRANDE ATÉ MINAS

Excêntrico colágeno nos une
Tu és o quelso do pental ganírico,
saltando as rimpas do fermim calério,
carpindo as caipas do furor salírio
nos rublos calos do pijon sidério.

És o bartólio no local empíreo
que ruge e passa no festão sitério,
em ticoteio do partano estíreo
rompendo as gampas do bartogenério!

Teus belos olhos que têm barlacantes
são comensúrias que carquejam lantes
nas duas pélias do pegal palônio!

São carmentórios de um carcê metálio,
de lúria e peles em que bulsa o bálio,
nas verbinláceas do pintal quelônio!

GOLBERI CHAPLIN

Excêntrico colágeno nos une
Esgarças garças toscas no caminho.
Etílica manhã verseja e pune
Deixando o velho barco já sem ninho.

Não quero ser tão crédulo ou impune,
Cunhando com cunhada este carinho.
Solfejo, pois dos versos sou imune
Cabelo quando inflama vira vinho.

No pinho, no pinhão, a moça apinha
Calote loteado: estelionato.
Fazendo deste fármaco o que tinha

A tinha só se cura com remédio.
Iguana é iguaria no meu prato,
Semitonando sempre no ré médio...

Saturday, August 20, 2011

- BILAQUENAS - VIA LÁCTEA


Quando a vi desfilando seus brilhantes
Raios sobre um divino céu desnudo,
Num lácteo perfilar de diamantes,
Confesso, embevecido, fiquei mudo;

Momentos tão fantásticos, instantes
De um sentimento raro, imenso e agudo,
Percorrendo infinitos delirantes
Caminhos onde tonto e lúdico me iludo,

Vislumbro a pequenez do humano ser
Diante desta imensa realidade,
Imagino quão frágil é o poder

De quem se imaginando soberano
É nada e tenta ter toda a verdade.
Num ledo e sem sentido desengano...

SEM VOCÊ

O que farei sem teu olhar querida?
Trazendo todo o lume desta vida,
Olhar que me traduz , em desatino,
O sonho que tracei pr’o meu destino;
Caminho que pressinto, seja o meu.
No olhar que me penetra manso, ateu...
Teus olhos, minha amada, sobrevida
De quem não teve nada em sua vida...
Meu sol, por conseqüência, minha glória.
Teus olhos são meus versos, minha história...
Minha amada! Perceba que sem ti
De tudo que não tive, mais perdi.
Não quero mais sofrer, isso é segredo,
Não deixe que me vença o triste medo,
De viver sem teu amor, por tanto tempo...
Viver sem ter amor, que contratempo!

Não vês que sem te ter, cadê ternura?
A noite sem futuro, tão escura,
Desejo poder ter o teu enlevo
Carícias percorrendo o teu relevo
Entrando nessas matas divinais,
Mordendo tua boca, canibais
Carinhos que jamais eu negarei,
Nas grotas onde tanto mergulhei,
Nos lagos que me inundam de prazer,
Por todos os teus rumos, me perder...
Adormecer sem hora de acordar
Senhora do viver, do meu amar...
Te quero, minha deusa, minha musa,
E desabotoar a tua blusa
Invadindo teu ser sem ter receios,
Beijando calmamente os lindos seios...

Depois, com toda calma e mansidão
As mãos que te percorrem sem perdão,
Correndo toda a sorte de perigo
Beijar tão docemente, teu umbigo,
E ter a sensação de ser um rei,
Jazendo sobre o manto que sonhei,
Entrando nos recônditos pomares,
Saber te dar prazer nos amares,
Sonhando com delícias, maravilhas,
Os vértices gentis, tuas virilhas,
As violetas belas, todas roxas,
Os delicados velos, tuas coxas.
Saber de teus desejos onde espalho,
As gotas divinais do teu orvalho.
Depois de tanta louca insensatez
Saber que, enfim, amor maior se fez...

Calor que me invadiu...


Calor que me invadiu, teu olhar...
No mar de esperançosas ventanias...
Nos dias que passei, luas redondas
Nas ondas deste mar que tanto espero
No fero sentimento te adorar!
Naufragar em teus braços minha amada...
Cada noite que passo, mais te sonho...
Ponho meus tristes barcos, meus saveiros,
Canteiros que produzem rosas belas.
Telas onde emolduraste tal beleza,
Certeza de que há Deus e que ele ama!
Na chama eternizada dos teus olhos.
Molhos de delicadas ervas trazes.
Fases lunares linda tempestade...
Arde a sutil manhã que prometeste.
Inconteste delírio destes deuses
Reluzes nos orgásticos desejos.
Nos beijos que prometes inebrias...
Frias as minhas noites se não vens...
Tens o poder sublime da loucura.
Moldura que encontrou grande pintor.
Amor que deslindando-se enlanguesce.
Esquece as amarguras e penúrias.
Nas cúrias nos escuros parlamentos,
Ungüentos que me curam e transformam...
Formando delirantes desvarios,
Vários rios que levam para o mar.
Martírios que deixei no pó da estrada.
Fada que me encantou, embriagante
Elegante desígnio divinal.
Final de toda dor, ressurreição!
Afeição extremada, desejosa...
Maravilhosamente apaixonante.
Diante de tanta luz, que faço Deus?
Os meus tormentos mortos, esperanças!
Lembranças destes tempos cristalinos.
Alabastrinos seios doce alvor.
Calor que permanece sem segredo.
O medo de perder, evanescente,
Nascentes deste rio que navego,
Carrego toda luz que te roubei...
Sei de tantos amores, vida breve,
Leve folha, flutua nos meus sonhos...
Medonhos tais fantasmas se perderam...
Eram deveras tristes os meus dias...
Frias as noites, versos sem sentido...
Incontido desejo mergulhava...
Sonhava com paixão, felicidade...
A tarde nunca vinha, nebulosa...
A rosa que plantei só deu espinhos...
Caminhos que segui perdi a esmo...
Mesmo minhas canções eram de dor.
Amor que se omitia, velho e morto.
Porto que sempre nega desembarque.
Parque que não pretende ter criança,
Dança que não deseja nem carinho...
Ninho que desprezou um passarinho...
Vinho que não me deixa embriagado,
Fado, destino, sina, desespero...
Tempero para a vida, sinal glória...
Memória triste, vaga, traz saudade...
Claridade que desfeita, deixa o breu...
Ateu coração pede por um Deus...
Meus olhos imploraram tal visão!
Solução para torpe solidão.
Solidão esvaindo-se depressa.
Compressa cicatriza essa ferida.
A vida que pensei agora trazes,
Fazes todos meus dias melodias,
Orgias são bacantes amplitudes...
Quietudes maravilhas, ambrosia...
Poesia deflagras na fragrância...
Elegância caminha mais suave,
Na nave que julguei fosse perdida,
Comovida, esperando delicia,
Caricia naufrágios tão amargos...
Nos lagos dos meus sonhos és remanso.
Um remanso que em versos, traz calor,
Calor que me invadiu, teu olhar...

Só a verdade liberta?




Só a verdade liberta?




Se me perguntares qual a mais difícil dentre todas as virtudes, praticamente inexeqüível, serei obrigado a reconhecer que a VERDADE e a plena HONESTIDADE são fortes candidatas.

Somos extremamente honestos e verdadeiros no amanhecer de nossas vidas.

A criança diz, com razão absoluta que fulano é chato, beltrana é gorda e que a comida da mamãe ou da vovó está uma porcaria.

E quando, em nome de uma coisa que apelidamos de socialização, pedimos menos honestidade nos comentários,
Estamos DESEDUCANDO nossos filhos com relação à Verdade.

Quantas vezes, durante nossas vidas, somos obrigados a conviver com situações extremamente difíceis em nome desta “Socialização”?

Obviamente, se fossemos totalmente honestos e francos nos nossos relacionamentos, acabaríamos absolutamente isolados do mundo.

Essas pequenas corrupções diárias podem fazer mal à alma mas, são perdoáveis.

Totalmente perdoáveis.

Muitas vezes a verdade liberta mas, nem sempre. Ela pode nos aprisionar e tornarmos infelizes ou deixarmos quem nos rodeia extremamente infelizes.

O que, convenhamos, é muito pior do que as pequenas desonestidades diárias.

Mas, não baseie tua vida nessas pequenas falcatruas.

A tua vida poderá ser tão falsa quanto uma nota de três reais.

E aí, companheiro, não há santo que dê jeito ou, ao menos confie em ti.

Sejamos, pois, SOCIALMENTE mentirosos mas observando sempre os limites para não nos tornarmos ESSENCIALMENTE falsos e desonestos.

Esse limite é tênue e deve ser observado com todo carinho e cuidado.

Senão, corremos o grave risco de conhecermos o inferno por aqui mesmo.

Da solidão e do desprezo.

E, pior que tudo, do total descrédito!

EU TE QUERO



Eu quero tua pele veludosa
Sentindo teu perfume qual de rosa,
Inebriando todo o meu jardim.

Quero em tua boca o doce sumo
Que já me fez perder sentido e rumo
Uma mar de amor imenso, dentro em mim...

Quisera que viesses, minha amada,
Minha alma te procura, enamorada,
Não vês não existo sem te ter...

Escuta este meu canto apaixonado,
Vivendo sem saber se isso é pecado,
Apenas quero ter o teu prazer...

Pressinto que virás ao fim do dia,
Trazendo todo amor e fantasia
Que minha poesia já previu.

Aguardo cada toque desta boca
Que quero transtornada e quase louca
Beijando mais macia e tão sutil...

Bem sabes quanto eu quero o teu desejo
Envolto no carinho do teu beijo,
Com gosto de garapa e pão de mel...

Amada como é bom saber que tenho
O sonho mais bonito de onde venho
Trazendo para a terra o belo céu...

É HORA DE SEMEAR

Cada semente tem sua época própria de plantio, sem o que corre-se o risco de se perder a lavoura.

Assim as Leis da Natureza determinam mas as sementes espirituais não obedecem ao calendário.

Por isso é que se diz que, “é sempre tempo para amar” e a melhor forma de demonstrarmos nosso amor é lançar ao solo árido dos corações, as sementes de bondade, alegria, coragem sabedoria e , acima de tudo, de fraternidade.

Assim fazendo, estaremos plantando para a colheita final.

Esforcemo-nos para colher uma generosa safra, a fim de que, o Criador possa se alegrar, ao fim dos tempos
.
É hora de semear, lembre-se disso!

Marcos Coutinho Loures

TEMPO DE AMAR


Quando à tardinha as nuvens te levaram,
Achava que jamais eu poderia
Viver de novo encanto e poesia,
Ah! Meu grande amor...
Mas logo após a chuva, já raiaram,
De novo em belos raios de alegria,
As plenas ilusões da fantasia.
Raiou novo amor!

Querida; sei que assim, a vida passa.
Não posso aqui ficar como finado,
Vivendo tanto tempo abandonado.
Sem um grande amor!
Saudade no meu peito é qual fumaça
Entenda, meu amor, esse recado,
O que passou em mim, só é passado.
Preciso de amor!

Se toda triste noite, em frio inverno,
Arder nos olhos meus uma tristeza,
A vida se desloca em correnteza
Trama novo amor.
Saudade no meu peito faz inferno,
Amar demais é sempre uma grandeza.
Levando minha dor, tanta leveza,
Escravo do amor!

Mas saiba que te gosto muito e tanto.
Contigo eu aprendi uma verdade.
A vida não permite mais saudade,
É tempo de amor.
Não deixo de por ti, ter tanto encanto,
Amar é conhecer a liberdade.
Quem sabe conheci felicidade,
Nesse nosso amor!

MEU COMPANHEIRO

Meu companheiro sincero
Nesta amizade que quero
Tanta luz que sempre espero
Com valor e galhardia,
Vou cantando nestes versos
Os sentimentos diversos
Por mais de mil universos
De verdade ou fantasia,

A lua se avarandando
Uma viola chorando
A vida vai disfarçando
A dor que sempre nos trouxe,
Meu amigo predileto
Tenho por ti tanto afeto
De caráter puro e reto,
Bravura em coração doce.

Te agradeço, meu amigo,
Tanta coisa fiz contigo
Nessa vida em que o perigo
Sempre prepara a tocaia.
Depois de tantos janeiros,
Nossos passos caminheiros
Amigos tão verdadeiros,
Não deixam que a casa caia.

Vou te pedir um conselho
Nesse meu olhar vermelho,
Na retidão deste espelho,
Eu te peço compaixão,
A mulher por quem tu choras
Cada carinho que imploras
Neste adiantar das horas,
Amigo preste atenção...

Eu sou mesmo amigo ingrato
Pode queimar meu retrato,
Se me matar nem destrato
Tá no seu direito amigo.
Acontece que a morena,
De mim não precisa pena,
A danada da Açucena,
Agora mora comigo...

AMIGO...


Passeio pelas ruas do subúrbio
Observando as promessas de janelas
Entreabertas e moças descuidadas.
A sordidez do dia a dia se perde
Nas esquinas e bares lotados.
Eu vim e sempre serei passageiro do nada
Do nada a ter, do nada a sonhar e do quase nada ser.
Estrutura idêntica a qualquer que reparo e
Sinto nas roupas dependuradas nos quintais.
A bala perdida, o corpo encontrado
E o vazio a gritar em palavras sem sentido.
Ah! Vida. Que fizeste de mim, de nós, de todos...
Ainda bem que o bar está aberto.
Na roda de samba, na rodada de cerveja.
Veja: dançamos....

Friday, August 19, 2011

É, AMIGO...


É amigo...
A vida tem disso
É perigo, castigo e
Depois...
Voltamos de novo ao princípio...
Amor é jogo que queima
É fogo que teima
E nada adianta...
Amar é ser.
Apenas isso.

Bem sei que ela se foi
E daí?
Recomeçar
Remoçar
Ser e estar.

Apenas isso...
O mundo volta
Revolta
Astuto e passageiro.
Remoto
Próximo.
Cimo e vale...
Não vale a pena....

MEUS VERSOS

MEUS VERSOS

Os meus versos andam contentes
Continentes e conteúdo
Sempre e tanto,
Através das paredes dos sonhos.
Vindo da cálida manhã,
Roça a juventude esquecida
Em algum canto da vida.
Vivendo nada mais que isso,
Tentando nó corrediço
Algemas é que me deram
Os sonhos envelhecidos.
Se sou o que não pretendo
E pretendo ser quem sou
Vagando em meus versos vou
A partir do quase nada
Que em tudo se fez muito.
Embriagado do ar que respiro
Tonteio e tateio pela vida
Quase tropeço;
( queda na minha idade é fogo )
Mas não nego mais o jogo
E afogo nessa verdade
Uma última rebeldia.
Venha logo poesia
Que toda minha alegria
Está numa fantasia
Que nasceu sem se contar.
Vivendo o novo canto
Que de pranto deu sorriso.
Se navegar é preciso,
Amar é muito mais...

Caixeiro Viajante


João Polino, quando rapaz, era um dos maiores conquistadores de Santa Martha, um verdadeiro cavalheiro, dono dos olhos mais azuis do Caparaó.
O seu atual cunhado, José Reis, irmão de sua amada Rita, tinha um armarinho de secos e molhados naquela terra adorada e fria.
João, dono dos seus dezessete anos, resolveu trabalhar com José, de olho na Rita, menina ainda, mas dona de uma mansidão e serenidade realmente cativantes.
Logo assim que começou a trabalhar, João recebeu um convite irrecusável; uma das maiores distribuidoras de alimentos da região, com sede em Cachoeiro de Itapemirim, resolveu chamá-lo para fazer um teste como caixeiro viajante.
João não pestanejou; a possibilidade de um ganho maior e uma vida de aventuras que se desenhava pela frente eram por demais tentadoras para o nosso herói.
O gostoso da profissão era isso mesmo, a variedade de lugares e de pessoas com que conviveria. Todas essas coisas cativaram João, que começou uma história de aventuras sem par...
Numa dessas viagens, João iria para Guaçui, o que não teria problemas já que a cidade tinha uma infra estrutura até que razoável.
O Hotel Real, no centro da cidade tinha vários leitos à disposição dos viajantes de sempre e dos turistas ocasionais.
Acontece que, por aqueles dias, haveria uma exposição de gado na cidade e o hotel estava totalmente completo.
Nada demais para João, acostumado às intempéries da estrada.
Acontece que, quando se preparava para ir para a estrada, viajando para São Tiago e dali para São Lourenço quando encontraria, facilmente carona ou condução para sua amada Santa Martha, a tempo de ver sua Rita, a chuva despencou.
Chuva não, minto; tempestade, e das brabas.
Chovia como dizem alguns , a cântaros, e até canivete começou a cair sobre as costas dos desavisados.
Procura daqui, procura dali, eis que surge a última esperança: uma pensão lá pros lados da Vila Alta, usada por casais em busca de um local sem testemunhas para a noite de amor que se aproximava.
Mesmo lá, não havia leitos. Mas, com pena de João Polino, Toniquinho, o gerente da pensão deu uma sugestão:
Havia um senhor de avançada idade que, sem parentes e sem amigos, morava na pensão, dono de um quarto vitalício, pago regiamente com seus proventos de ex-militar.
A noite avançava e a chuva nem sombra de amainar...
João aceitou o convite de dividir a cama com aquele senhor, inofensivo e asmático.
Noite alta, madrugada adentro, eis que, de repente, o senhor dá um grito e começa a pedir ajuda de João:
-Meu filho, me arranje uma mulher, pelo amor de Deus, te dou tudo o que tenho, mas me arranja uma mulher depressa...
Ao que João impiedoso, respondeu: -De forma alguma meu senhor, nem por todo dinheiro desse mundo!
-Por que, meu filho, me diga por quê?
-Em primeiro lugar, são duas horas da manhã e eu não vou sair de madrugada procurando mulher, tenha a santa paciência!
-Em segundo lugar, está chovendo muito e eu não trouxe nem guarda-chuvas e não quero ficar doente, muito menos pegar uma pneumonia e em terceiro lugar: meu senhor, o que o senhor está segurando não é o seu não, É O MEU!

FESTA


A festa nos embala
Em danças sensuais
Depois de tudo pronto
Querendo sempre mais

Eu beijo tua boca
Um bálsamo profano.
E sinto como é bom
Desejo soberano.

Roçando a tua pele
Na minha, que delícia!
Tirando a tua roupa
Num gesto de malícia

Mergulho no teu corpo
E passo a navegar
Teu porto tão macio
Encontro a me esperar...

E assim vamos vagando
Na noite que promete
Depois que o dia nasce
A dança se repete...

MEU INÚTIL CORAÇÃO

Trazendo o viço da vida
E um vício, felicidade.
Perseguindo na cidade
As portas da despedida
Do tempo que fui feliz
No colo da meretriz
Matada por ser verdade
O boato que dizia
Que em toda essa eternidade
Rasgando essa fantasia
De dona desse bordel,
Viajava pelo céu
No cabo desse cometa
Que comentam que surgia,
No nascedouro do dia
Pelas alvorada afora
Que desde que foi embora
Escurraçada, essa moça.
Nunca mais quebrou a louça
Que compunha nessa Igreja
Para quem quiser que veja
A clarear nesses dia
Nessa imagem dessa santa
Olhos da Virgem Maria.
Pois então desde esse dia
Ando vida solitária
Buscando cara metade
Mas no mundo sem alarde
Num tem esperta ou otária
Que queira, de serventia
Ou por amor ou decreto
Viver, amar de concreto
Fazer da vida a valia
Que possa dar compromisso
Fazendo do jogo atiço
Do rogo desse serviço
Que traga minha fornada
De pão e de poesia
Pra poder só nessa estrada
Ser a minha estrela guia
Essa mão que me consola
Que me carrega a viola
E me ensina nessa escola
De que serve a valentia
Se nada mais me trazia
O rebento desse dia
Que acende todo pavio
Que me deixa por um fio
Antes que nada avacalha
Sou do fio da navalha
E gosto de ser assim
Que tudo seja por mim
Como nada mais poderia
Se tivesse essa fantasia
De ser feliz com mulher
Se Deus isso não quer
Por culpa da cafetina
Que amei desde menina
Que voava sem ter asa
Pelas soleiras das casa
Esquentando feito brasa
Aquele que nunca se acha
Que pensa que vai, despacha
E que carregando essas acha
Pra aquecer tempo mais frio
No mundo segue vadio
Meu coração sem atino
Acostumou com destino
De viver do desatino
Por causa de bruxaria
De quem nunca foi compasso
Com pressa nem o cadarço
Da vida amarrou direito
Trafegando no meu peito
Sem rumo e sem direção
Foi o lastro desse chão
O gosto azedo da vida
Assumindo a despedida,
De quem nunca mais voltou
As asas criadas vento
Os olhos partidos, tento
Fazer desse meu intento
O meu maior instrumento
Se preciso restaurar
As mãos estão calejadas
Perfumadas por suor
Trincadas pelo melhor
Da vida que a vida nega
A quem na vida trafega
Sem ter rumo que se entrega
Nos traços desse meu lápis
Que com grafite bem negro
Não deixa mais que me escapes
Sorte sem rumo e apego
Minha sombra rela o pé
Atravessa esse portão
Formiga das lava pé
Queimando meu coração.
O amor, foi reviravolta
Sentou praça sem escolta
Vacilou, o amor caiu
Ralando o seu joeio
Sangrando todo vermeio
O coração já saiu
Andou dando devorteio
Na viola que ponteio
Do mundo roçando o meio
Varando pela porteira
Que permitiu minha fuga
Mas agora já refuga
Disfarçada em brincadeira
Dessas de saltar fogueira
Nas noites de sexta feira
Na coruja da ribeira
Qual mocho de bico torto
Vou seguindo absorto
No meio desse caminho
Que vai pra trás da fazenda
Perto daquela moenda
Que moendo, me matou
Os olhos perdidos ao leu
Percorrendo nesse céu
Em busca de minha amada
Única infeliz madrugada
Que acalentou minha lua
Que andava toda nua
Nos meus sonhos mais gulosos
Agora, como os leprosos
Do testamento mais velho,
Sem Cristo pra me curar
Embolado escaravelho
Me enovelo devagar
Qual fora ouriço caixeiro
Me defendo dos cachorro
Que lá por cima do morro
Já passam o tempo inteiro
A preparar o seu bote
A minha sina mais forte
Aquela que leva pro norte
Procurando minha sorte
Mas só tenho minha morte
Pra poder negociar
No fundo, pode estar certo
Que nada tendo por perto
É o que melhor vai tocar
O coração deslambido
Que bate de tanto sofrido
Num acalanto sem rima
Acabando com estima
Estrume tomando tudo
O corpo vai cego, mudo
Eu nem sei se me ajudo
Se posso saber o contudo
Se não sei nem o porque
De tudo que posso ver
Tá tudo selecionado
Nas cismas da minha sina
Feito mágoa cristalina
Feito matreira saudade
Gerada por contrafeitos
Contra os meus próprios defeitos
Nada posso argumentar
Só sinto nada ter feito
Nem do doce nem confeito
Mereço ao menos respeito
Pela dor que trago, o peito
Batendo feito demente
Trazendo para essa gente
Esse canto de amargar
A boca da noite vigora
Essa minha triste espora
Machuca qual catapora
Queima tal qual caipora
Me lembrando que agora
Já ta chegando minha hora
O meu tempo já se estora
É hora de ir-me embora
Embora fora de hora
Agora chegou minha hora
Doutor vou já vazar fora
Desculpe pela demora
A lua já se ancora
A barra da noite aflora
E terminando essa história
Carrego nessa memória
Os tristes olhos da Santa
Quebrados, por essa moça
Cuja carne não foi louça
Sangrada até não ter força
Com ela também fui morto
Meu pensamento absorto
Procurando por um porto
Onde possa ter descanso
Procurando pelo remanso
Desse rio que se encurva
Pra no meio dessa curva
Numa noite do sertão
De lua e de poesia
Enterrado, sem valia,
Meu inútil coração...

SENTIMENTO...

O verso traduzisse o sentimento
Do amor que tanto busco e não se vê
A vida se anuncia e sem por que
Somente o descaminho em desalento,

Exposto o coração entregue ao vento,
A frágil cobertura de sapê
Das rosas e verbenas o buquê
Ditando o quanto quero e mesmo tento,

Meu mundo se perdera desde quando
O tempo noutra face se moldando,
E a rude sensação quando abandona

De quem já poderia ser feliz
E tanto quanto a vida contradiz
Permite estar ilusão chegar à tona...

Thursday, August 18, 2011

ENCHENTE

ENCHENTE


No ano de 1946, uma terrível enchente afetou a bacia do rio Muriaé, a começar por Mirai o que mobilizou toda a população, no sentido de ajudar a s famílias afetadas. Já naquela época, funcionava na cidade uma pequena confecção de lingerie e, para cumprir sua função social, a dona da mesma começou a procurar os armazéns de secos e molhados, pedindo sacos de estopa para que, deles fossem confeccionadas peças de roupa para os flagelados.

Uma semana depois, com o nível das águas já chegando à normalidade, uma senhora bateu às portas da confecção e houve o seguinte diálogo:

-Bom dia, dona. Estou aqui para devolver a calcinha que a senhora fez e mandou distribuir pra gente.

-Mas o que houve? A senhora não gostou do modelo? Ela ficou apertada?

-Nada disso! Ela até que ficou boa, mas a senhora me desculpe, eu não vou usar de jeito nenhum!

- Mas por quê?

-A senhora tá achando que eu sou quenga? Eu sou uma mulher de respeito e se eu usar uma coisa dessas meu marido me mata!

- Mas...

-Sem mais nem menos, dá uma olhadinha pra senhora ver se eu posso usar isso?

Quando a dona da confecção viu, ficou toda envergonhada...

Nos fundos da calcinha estava escrito, resquícios dos sacos de estopas empregados como matéria prima, os seguintes dizeres:

RAÇÃO PARA PINTO...


Marcos Coutinho Loures

- NEBLINAS

- NEBLINAS
Notívago, minha alma de noctâmbulo
Deambulando em becos mais escuros,
Equilibrando os passos, um funâmbulo
Vivendo entre temores, mil apuros.

A peça se anuncia num preâmbulo
Passando por momentos bem mais duros,
Às vezes preferia ser sonâmbulo,
Errante sobre pedras, altos muros...

Mas amo as frias trevas e neblinas,
Enquanto a palidez tanto me atrai,
Na quase transparência; já fascinas

E tomas as vontades num repente,
E quando a noite escura; vem e cai,
A névoa sedutora enfim se sente...
A cópula perfeita, prazerosa,
Em corpos que se adentram, se misturam
Lambidas e sussurros, fogo intenso
Profanas sensações de gozo pleno.
Acenas com hormônios sem controle,
Cabelos feitos crinas soltos, leves.
Derramas as vontades e os prazeres
Roçado que eu arando, já semeio
Em seios, sondas, selvas silvos, sons,
Acordes entoando breves cantos.
Nos cantos, camas, lamas, tramas, bocas,
No vão das ocas tocas, rumos remos...
E no êxtase sublime, climas, brasas.
Desfrutas de meu corpo, a tua casa...

ÊXTASE

ÊXTASE

Não fale mais nada,
Deixe que eu te toque
E sinta o teu perfume.
Beije tua boca,
Avance sobre os seios.
Feche teus olhos...
Sinta a maravilha
De toda esta vontade
Transformada em prazer....

Irei acarinhando-te
Devagar...
Chegando às tuas coxas,
Boca e língua.
Passeando meus dedos
Até poder tocar
O teu túrgido caminho.

Depois, em sucção,
Sentir endurecendo em minha boca
Numa umidade intensa...
Aos poucos acelerando
Os movimentos...
Rápidos, frenéticos...
E assim,
Quando mais tarde
Numa explosão sem par
Direi do amor que tive.

Imortal e incansável...

Chegando ao ápice,
Ápica loucura
Destilando
A doçura que vem
Em turbilhão...
Até que em teu êxtase
Eu refaça o caminho
E chegue em convulso delírio
À magnitude plena
Do amor que se dá sem fronteiras...

DEUSA


Exploro os teus relevos, maga deusa,
Adentro por teus vales e montanhas.
Bebendo do teu néctar me inebrio,
E estendo o meu prazer em tuas sanhas.

Lambuzas-me dos méis mais desejados,
Riscando minha pele, unhas garras,
Na noite feita orgia, com furor
Meu corpo no teu corpo imerso, agarras.

E amansas as loucuras, desvarios,
Aplacas minha sede, aporto o cais,
As pernas me prendendo e assim conténs
Qual fossem uma espécie de tenaz

E preso, não desejo a liberdade,
Cativo de teu fogo, me escravizo.
Levado neste jogo, vou feliz,
Ao verdadeiro céu, ao Paraíso...

Sunday, August 14, 2011

SOMA E ALIA

SOMA e ALIA
A fome,
A hipocrisia
A canalhice
SOMA e ALIA
O que há de ti
O que há de mim
Outro Haiti,
Outra Etiópia
No ópio que se molda a cada morte
E entorpece o já pútrido
Caminhante sobre a Terra
Que esfacela,
Que destroça
E marca e mata.
A culpa?
De ninguém,
De todos
Minha, tua, NOSSA,
SOMA E ALIA
Biafra,
Vietnam
Palestina,
Gaza,
Guernica
Hiroshima...
E o tempo se refaz
Sobre cada cadáver
Que espalhamos
Rapineiros, abutres Canalhas.
Nas fornalhas dos holocaustos,
Dos faustos das festas
E das come-morações
Em banquetes
Que adentram
Grécias e Romas,
Macedônias.
Impérios britânicos, norte americanos, soviéticos e chineses, japoneses, europeus,
E a fome pesando feito cruz
Sobre os Cristos modernos,
Contemporâneos
E os do futuro.
Somos, fomos e seremos.
Eternamente culpados.
Imagem e semelhança?
De quem?
VADRE RETRO.
Somos assim,
E nada nos impede,
Nem nos impele
A sermos diferentes,
Indiferentes,
SOMA E ALIA
Fome e desinteresse,
Houvesse riquezas sob o solo
Talvez fosse diferente,
Porém a única riqueza
Que poderia haver
Seria a dignidade,
Perdida nos Cambojas,
Nas expressões
Do ontem, do hoje e do amanhã.
A bola da vez
A fome e o comércio
Das armas, das almas, das lamas,
Do macilento peito que tenta
Trazer um pouco de humanidade
Ao verme bípede que dilacera
E só se sacia deste jeito...
SOMA, ALIA
SOMA, ALIA
O quê?
AI DE TI,
HAITI,
AI DE NÓS
Somos assim...
Quantos Cristos seriam necessários?
Quantos holocaustos?
Quantas Sérvias, Kosovos, Bósnias...
Quantas somas
Dizem da miséria estampada a cada face.
Omissa ou faminta,
Nos silêncios
De Ruanda, de Nova Orleans,
Das chagas abertas
No terceiro milênio,
No terceiro mundo
No primeiro passo,
Na falta completa de esperança...

Wednesday, August 3, 2011

MITOLOGIA ASTECA

MITOLOGIA ASTECA

1

Acolmiztli asteca deus, forte felino
Simbolizado em puma, com rugido
Que tanto ao assustar traz impedido
Caminho para um ser noutro destino,
E assim quando decerto não domino
O tempo noutro tempo percebido,
A morte se apresenta e sem olvido
A porta ora se abrindo em tom divino,
Porém tal deidade a quem tentara
Entrar, sendo vivente em tal seara
Assustadoramente retornava,
Do quanto se fez rude o sentinela
A sorte noutro passo desatrela
Esta alma que presume a fúria em lava.

2

A deusa Acuecucyoticihuati
Das águas que se movem soberana,
Imagem dando a luz enquanto ufana
O todo desenhado desde aqui,

Desta diversa face descobri
O quanto a própria vida nos engana
Nas águas quando a sorte além se dana
Marcando o que sonhara e já perdi,

De Chalchitlicue representando
Diversa esta expressão e desde quando
Mutáveis direções das águas plenas,

Por vezes tão pacíficas e amenas,
Ou noutras num momento mais nefando
Sem que decerto ainda em paz, serenas.

3

Amimitl, este deus dos pescadores
Apascentando as águas, suavemente
E nisto se permite plenamente
Viver além do quanto ainda fores,
E neste caminhar sem os rigores
A sorte se desenha e já se sente
Marcante delirar em absorvente
Cenário mais tranquilo e sem opores,
Porém quando decerto noutro tom,
O que se fez outrora calmo e bom
Investe em pestilência quando a vida
Contrariando o quanto poderia
Cerzir em novo tempo a voz sombria
Da imagem na esperança, desprovida.

4

Atlacamani dita em tal tormenta
O quanto a própria vida nos engana
E o tanto quanto possa em voz profana
Deveras no vazio se alimenta,
A sorte noutra face se arrebenta
E marca com temor o quanto dana
A luta se mostrando desumana
O corte se aprofunda enquanto venta,
Dos temporais diversos, sorte escassa
A vida se anuncia e assim devassa
O quanto poderia acreditar
Num novo e mais tranquilo rumo em paz
E assim enquanto o todo se desfaz
Atlacamani invade o imenso mar.

5


Atlacoya traduz esta aridez
E dela nada surge, a seca atroz
Negando da esperança alguma voz,
E nisto toda a sorte se desfez,
A deusa asteca mostra insensatez
Gerando sem caminho a rude foz,
E sei do quanto possa assim algoz
Marcar com heresia o que não fez,
Assisto à derrocada em solo agreste
E o tanto quanto pude ou já me deste
Ateste este desejo sem proveito,
E neste estio imenso, nada resta
Senão este cadáver de floresta
Na vida aonde a morta dita o pleito.

6

Atlatonin domina então as costas
E nesta face expõe a divindade
Asteca onde traz diversidade
E nisto outros momentos onde apostas,

Regendo outro caminho, se desgostas
A luta não produz a sanidade,
A mãe que se desenha enquanto brade,
Nas sortes tantas vezes decompostas,

Reinando em litorais, praias e areias
E quando noutro rumo devaneias
Atlatonin expressa o quanto rege

Ainda que se veja de tal sorte
O mundo aonde o nada nos conforte,
Cenário que se possa ser herege.

7

Atlaua esse deus que protegendo
Os pescadores e também arqueiros
E nestes seus caminhos verdadeiros
O tanto que se possa mais que adendo,
Senhor das águas vejo e assim entendo
Momentos mais diversos, corriqueiros
Os passos entre os sonhos são ligeiros
Cerzindo o quanto possa e me contendo,
As águas mais tranqüilas permitindo
O dia mais suave e mesmo lindo
Na pescaria feita em mansidão,
Além do que pudesse sol e lua
A sorte se aproxima em Atlaua
E nele novos dias se verão.

8

Ayauhteotl divindade rege a bruma
E assim aparecendo na neblina
No amanhecer soberbo já fascina
No anoitecer tramando o quanto ruma,
Trazendo a vaidade em cada olhar,
A deusa se permite em bela fama
E nisto desenhando o bem que trama
Tentando novo instante a divagar,
A soberana face em tons diversos
No céu avermelhado em róseos tons,
Grisalhos transformando velhos dons,
E nisto se traduzem tantos versos,
Imerso em tal divina magnitude
O sonho em tom brumoso, tudo mude...

9

Aztlan, onde viviam ancestrais
Dos Nauas gerando o povo nobre
Asteca que deveras se recobre
Em sonhos com certeza magistrais,
E neste desenhar ou mesmo mais
O quanto em alegria se recobre,
A sorte mais audaz tanto desdobre
Gestando em sonhos claros rituais,
Local indefinido aonde o passo
Trouxera tão somente o mesmo escasso
Disperso entre diverso sortimento,
Apenas da esperança de revê-lo
O mundo se anuncia em raro zelo,
E neste delirar eu me alimento.

10

Camaxtli deus da caça, da esperança
Um dos quatro criadores do planeta,
Aonde na verdade se arremeta
Enquanto noutro rumo sempre avança,
O mundo na inconstância onde se lança
Qual fosse na verdade algum cometa
E nisto todo o sonho se prometa
Tramando muito além desta mudança
Este inventor do fogo, em divindade
Traduz além de toda a claridade
Asteca maravilha sobre a Terra
E nesta soberana face eu vejo
O quanto se transforma num desejo
O todo que este pleito ora descerra.


11


Centeotl se afigura como um deus
Regendo em soberana imagem, milho
E deste caminhar eu compartilho
Restando do passado, sem adeus,
E quando a vida traça em turvos breus
O quanto poderia noutro trilho
Vencer o que deveras mais palmilho
Gestando dos caminhos, apogeus,
Um deus hermafrodita ou; mais, dual
Descendo sobre a Terra onde criou
Diverso sortimento que alimentou
Em ato tantas vezes ritual,
Do quanto poderia e segue além
O mundo se desenha e assim provém.

12


Centzon Totochtin, deuses das orgias
Bebedeiras diversas e dispersas sobre o mundo
E quando em tal cenário eu me aprofundo
Bacantes as astecas euforias,
E nesta sorte vária poderias
Gestar outro momento onde me inundo
Vestindo este cenário um vagabundo
Caminho entre tristezas e alegrias,
Da diversão reinando as divindades
E nisto descaminhos quando invades
Presumem o que possa ser sublime,
E quando recrimine o que se faz,
Num ato mais feliz ou mesmo audaz,
O todo noutra face se redime.

13


Centzonuitznaua reina sobre estrelas
Que trazem desde o sul a claridade
E nesta mais sublime realidade,
Deveras com prazer eu posso vê-las
Sublime este cenário e quando vejo
O tanto deste sonho asteca trago
O pensamento enquanto além divago
E bebo este momento mais sobejo,
Vislumbro de tal sorte o meu caminho
E vejo quanto possa acreditar
No sonho mais intenso feito em mar
E neste caminhar em paz me aninho,
Centzonuitznaua em sonhos dita
A sorte desejada e mais bonita.

14


Chalchiuhtlatonal traz em mansas águas
Reinado aonde o tanto se pudera
Vencer o quanto rege a sorte fera
E neste desenhar não vejo mágoas
E quando em esperanças tu deságuas
Marcando a mais suave primavera,
Inundações esqueço e a vida gera
Trazendo às esperanças calmas fráguas,
Incendiando o sonho em tal ternura
Gestando muito além já se procura
A paz que possa enfim trazer ao sonho
O tanto mais sensato ou mesmo enquanto
A vida com vigor quero e garanto
Tramando o que pudera e em luz proponho.


15

Chalchiutlicu ditando os nascimentos
E disto este batismo entre os diversos
Caminhos pelos quais os universos
Expressam seus momentos em fomentos,
Deusa dos lagos traz em tom divino,
O asteca caminhar onde desenha
A sorte que deveras sempre venha
Num ato tão sobejo onde o domino,
Não tendo qualquer dúvida caminhas
E nesta maravilha já se vê
A vida com brandura em seu por que
Deixando para trás tantas daninhas,
Versando sobre o quanto me asseguro
Do tempo mais suave no futuro.

16

Chalchiutotolin traz a pestilência
E gera a mortandade, deus cruel
E neste mundo amargo feito em fel
A luta se mostrando em tal ciência
A sorte não seria coincidência?
Não creio prosseguindo sempre ao Léo
Enquanto a morte cumpre o seu papel
A cada novo engodo, a virulência.
Mistérios em doenças, pragas, pestes
E nisto quando muito te revestes
Tentando outro caminho, mas não há
E o fim se anunciando sem defesas,
Os sonhos são deveras fáceis presas
E o mundo se acabando aqui ou lá.

17

Chalmecacihuilt traz seu ofício
Em dor e medo, gera das imundas
Paisagens onde em dores tu te afundas
Marcando com temor o precipício
Gestando a cada engodo o sacrifício
Em almas de outras sendas oriundas,
As sortes mais atrozes moribundas,
A morte se anuncia desde o início,
Assim ao penetrar estas quimeras
Somente o desespero tanto esperas
E as marcas do passado denunciam,
O quanto se sofrera ou sofrerá
Vagando sem destino aqui ou lá
Momentos tão temidos propiciam.

18

Chalmecatl; subterrâneo deus traduz
A imagem mais nefasta de outra sorte,
E gera o que decerto desconforte
Negando qualquer tom de frágil luz,
Assim ao quanto possa e não conduz
Marcando com temor, vigor e morte,
Sonega a quem sonhara algum aporte,
E o peso se transforma em contraluz,
Ainda que pudesse em melhor rumo,
Aos poucos no vazio eu me resumo,
Morrendo enquanto esfumo sem destino,
A senda mais atroz se revelando
No tempo sem descanso tanto infando
E nele nada além tento ou domino.

19

Chantico a divindade em fogo toma
Os corações e os sonhos, os vulcões
Reinando em mais diversas dimensões
Traçando este cenário feito em soma,
E nada com certeza ainda a doma,
O marco se transforma quando expões
A luta sem sentido em direções
Diversas das que possa em leve coma,
Porém traz dentro em si feitiçaria
E nisto noutro rumo perderia
O quanto com certeza; em paz, pudesse
E vendo este caminho em trevas feito,
O tanto quanto possa em rude leito
Negando para tanto qualquer messe.

20

Chicomecóatl diz fertilidade
E gera com certeza um raro bem
Tramando a cada instante o que contém
Enquanto a própria sorte em paz se brade,
O vento mais audaz que desagrade
Não deixa que se veja mais alguém
E quando a noite amarga volta ou vem,
Caminho destoando da verdade,
Mas tendo em solo fértil a esperança
O passo noutro rumo sempre avança
E gera o que trouxesse esta alegria,
A deusa asteca dita este futuro
Negando um passo atroz em mundo escuro
E nisto outro momento bordaria.


21

Chicomexochtli deita sobre as artes
O seu poder de deus e traz além
Do sonho quando o sonho já contém
Bem mais do que deveras tu compartes,
Marcando este momento aonde partes
E deixas para traz qualquer desdém
O mundo na verdade sempre vem,
Ultrapassando o quanto enfim descartes,
E tendo esta magia sempre vista,
O deus que soberano a cada artista
Protege e mesmo traz a inspiração,
Pudesse imaginar cenário nobre
Aonde toda a sorte se recobre
Moldando a mais diversa dimensão.

22

Chiconahui a deusa protetora
Das famílias e lares, traz a sorte
Moldando com firmeza cada norte
E nisto se mostrasse redentora,
A luta noutra face promissora
O quanto deste sonho nos comporte
Gerando com firmeza este suporte
No encanto onde se quer que a vida fora,
Vislumbro em paz sobeja o quanto quero
E sei deste caminho mesmo fero,
Marcante como fosse um tom suave,
E nada mais deveras poderia
Reger além da vida em sincronia,
Nem mesmo que outro infausto o rumo agrave.

23

Chiconahuiehacatl deus asteca
Partícipe desta nobre criação
Mostrando quanto em rumo e direção
A vida noutro tempo não disseca
A sorte que pudesse ser diversa
Ou mesmo atravessando em ledo fim,
Mas quanto da emoção trazendo em mim
O vento noutro passo além já versa
E brindo com meu sonho mais feliz
Ao quanto se anuncia em luz exata
Assim cada momento se constata
Tramando muito além do que ora fiz,
Cenário mais sublime em poesia
É tudo o que decerto eu mais queria.


24


Cihuacoatl, deveras a guerreira
Entre os astecas mostra o seu poder,
Traçando muito além de algum querer
A sorte mais diversa e verdadeira,
Ainda quando o rumo além se queira
O prazo não pudesse perceber
Reinando sobre tudo, eu posso ver
A luta desejada em tal bandeira,
Assim ao mergulhar neste cenário,
O tanto quanto fora temerário
Já não comportaria outro tormento,
Da deusa feita em fúria, a plenitude
Enquanto a vida atroz já desilude
Do sonho vigoroso eu me alimento.

25

Cipactli representa a astrologia
E gera também ela o calendário
Marcando noutro passo itinerário
Enquanto se transforma noutro dia,
A sorte em tal cenário se faria
E nisto o quanto rege imaginário
Cerzindo o passo sempre solidário
Ou mesmo noutro rumo, em utopia.
Vasculho meus caminhos e percebes
A vida se anuncia em novas sebes
E tanto que recebes podes dar,
No encanto desta deusa, outro momento,
Primordial mulher, em raro alento,
A vida nela eu vejo começar.


26

Civatateo são almas que assombrando
Quem tanto quis a sorte mais audaz,
E nisto outro caminho ora se faz
Gestando este momento mais infando
No parto nobres damas que morreram
Trazendo a vampiresca serventia,
E nessa realidade o que veria
Tramando outros cenários, desalentos
Restando quase nada do passado,
Nem mesmo uma nobreza em atitude
A sorte desairosa desilude
E rege o temporal, terrível Fado,
E neste delirar sem qualquer brilho,
A morte disparando o vão gatilho.

27

Coatlicue domina a vida e a morte
Trazendo em suas mãos todo o futuro
E nisto dita a lua em pleno escuro
Na claridade intensa que conforte,
Estrelas reluzindo em raro aporte
O tempo noutro passo mais maduro,
Porém assassinada onde asseguro
A vida perderia enfim o norte,
Nas mãos da própria filha esta atitude
E quando por vingança em plenitude
A morte da assassina se veria,
A deusa se traçando em tal mudança
E nisto ao quanto pôde e não alcança
A luta se desenha em ledo dia.

28

Cochimetl do comércio divindade
Protege os mais diversos mercadores
E quando noutro rumo além tu fores
Verás a cada instante a claridade
E o deus que tanto possa quando brade
Gestando em primaveras tantas cores
Deixando no passado dissabores
E nisto se aproxima em liberdade,
Ousando em calmaria a vida assim,
No quanto inda resiste dentro em mim
Já nada mais sacia este momento,
E nesta garantia em paz eu sinto
Meu mundo noutro passo em raro instinto
Enquanto em privilégio a luz fomento.

29

Quando Coualt; a serpe gigantesca
Alada e multiforme, poliglota
Sabendo distinguir diversa rota
Em forma mais audaz e romanesca
A sorte se adivinha pitoresca
E mostra o quanto possa e se denota
Na invisibilidade além já brota
Em senda quase mesmo quixotesca,
Figura que em fantástico momento
Trazida pelo encanto onde alimento
Meu verso em tal sentido, sem temor,
E quando se anuncia em luz superna
A dita neste ponto ora se externa
Grassando outro momento; em tal vigor.

30

Vendo Coyolxauhqui em noite clara
Trazendo a benfazeja sensação
Diversa da que possa em solução
E nisto todo o sonho se escancara,
A sorte a cada instante se declara
Marcante com ternura esta expressão
E desta mais tranquila gestação
O prazo noutro instante se prepara,
A lua desenhada neste céu
Desnuda esta beleza em raro véu
E molda a sensação da divindade,
E nesta maravilha em lua cheia
O quanto da beleza nos rodeia
E todo este delírio nos invade.

31

Enquanto o deus do vento, Ehecatl vem
Trazendo em doce alento o que inda possa
Gerindo esta emoção imensa e nossa
Deixando para traz dor e desdém,
O criador do amor traduz tão bem
O passo onde a verdade sempre endossa
E neste caminhar tanto contém
Marcando em consonância o que se tem
Regendo a mesma sorte além da troça,
E o sol sob o domínio deste deus
Atinge com sublimes raios seus
A imensidade feita em plena Terra,
Destarte todo o bem ali se encerra
Soando sem saber de algum adeus
A sorte mais audaz, que em paz descerra.


32

Huehueteotl o deus do fogo,
Trazendo em suas mãos novo cenário
Mudando todo o rude itinerário
Aonde a sorte fora mero jogo,
Permite que se veja muito além
E trace com delícia o que alimento
Tramando noutro instante este momento
Enquanto a fantasia em paz já vem,
Cerzindo em forte imagem o futuro
Renega este passado em pleno caos,
E traz ao caminhante outros degraus
Deixando para trás o tempo escuro,
E assim nesta bendita luz se vê
A vida noutro encanto, em outro quê.

33

Quando Huitzlopochtli, o deus da guerra
Trazendo em suas mãos o sangue a dor,
E neste caminhar o ditador
Cenário aonde a sorte já se cerra,
Vagando noutro instante o quanto se erra
Matando o que pudera sonhador,
O poderoso deus seja onde for
Tramando quando a luz ali se enterra.
Tirânica vontade dita o rumo
De quem procura a guerra em solução,
Porém o padroeiro da nação
Transcende ao quanto possa e me resumo
Na quieta sensação do nada ser,
Curvando-me deveras ao poder.

34

Tendo Huixtocihuatl poderes tais
Das águas deste mar, deusa e rainha
E quando se imagina o que inda vinha
Expressa nos momentos, sonhos, sais,
E tanto quanto possa quando esvais
Vencendo a solidão erma e daninha
A sorte noutro passo se avizinha
Dos mares da esperança imenso cais,
O mundo se anuncia imensamente
E quanto mais o tempo além se tente
O rumo desejado não traria,
Sequer o que pudesse noutra face,
Tramando o quanto quer e se mostrasse
Gerando apenas paz e fantasia.

35

Sendo Ilmatecuhtli deusa tão bela
Reinando sobre toda a maravilha
Criando estrelas que polvilha
E nisto a redenção em si revela,
Marcando o quanto possa e além se atrela
Gerando a luz bendita em rara trilha,
Porquanto a vida trama em armadilha,
Ou mesmo se anuncia em vã procela,
Mas quando a deusa traça com beleza
O todo se permite em fortaleza
E deixa este cenário em claros tons,
Quem possa desenhar com tal formato
O sonho mais sutil que ora retrato,
Traçando com firmeza os raros dons.

36

Itzlacoliuhque se castiga
Tramando esta vingança em raro ardil
Deveras muito mais do que se viu
Criando a sorte amarga e mais antiga,
No quanto a cada infausto desabriga
O tempo se anuncia bem mais vil
E quando poderia ser sutil,
A mão pesada nega apoio e viga.
Do duro enquanto frio caminhar,
Já nada mais permite até sonhar
Marcando com terror outro momento,
E neste delirar sem mais proveito,
Apenas no vazio ora me deito,
E bebo o sortilégio em desalento.

37

Temida Itzpapalotl traz má sorte
E marca com terror o dia a dia,
E nesta face espúria e mais sombria
Desenha sem defesa a dor e a morte,
Imunda sensação que desconforte
Quem tenta outro cenário e não veria
Somente esta mortalha teceria
Trazendo invés do sonho, medo e corte,
A bruxa desenhada em mariposa
Enquanto esta anciã de Mixcoatl esposa
Expressa o quanto veja de pior,
Tramando em ardilosa tempestade
O quanto a cada passo já degrade,
Deixando sem valia algum suor.


38

Ixtlilton este deus que à medicina
Regia com total sabedoria,
E neste ponto a sorte nos traria
O quanto a cada cura já fascina,
Marcante sensação tão cristalina
Saúde se transforma e se anuncia
Tramando aonde outrora não se via
Sequer a mesma dor que desatina,
Esculpo da esperança a sorte quando
O tempo noutro rumo se mostrando
Expressa este momento em claridade,
Assim ao se beber de alguma fonte
Enquanto para a sorte em paz se aponte,
Seara mais audaz em paz invade.

39

De Malinalxochi vejo o desenho
De insetos, serpes vagas no deserto
Escorpiões diversos, neste aberto
Caminho num terror em vago empenho
Aproximando então enquanto venho
E nesta insanidade me desperto,
Ousando muito além do quanto é perto,
O rumo noutra face ora desdenho,
E sinto a mais nefasta realidade,
Na fúria natural, o que degrade
Aspectos tão terríveis assumindo,
E quando se percebe o desafeto
O tempo noutro instante não completo
Sem ter sequer o sonho, como o blindo?

40

A deusa da tequila e deste agave
Mayahuel traduz a embriaguês
E nisto muito além do que ora vês
O tempo noutro tempo tudo agrave,
Liberta sem destino como uma ave,
O tanto onde não possa e mesmo crês
Criando o que decerto se desfez
Usando o pensamento como nave,
Assim ao se entranhar noutro cenário
Além do que inda seja imaginário,
O tanto que se quer ora desfila,
Destila a sorte imersa em cada gole
E neste caminhar a vida engole,
Trazendo ao fim de tudo, esta tequila.

41

Reinando sobre os campos Metztli traça
Fazendas, produção em agros rumos
Tramando deste encanto seus resumos
E quando a vida mostra a cena escassa
O tanto que pudesse se devassa
E marca com temores velhos sumos,
Mas logo se anunciam pós os fumos
A sorte noutro passo, além já grassa,
E o fato de sonhar e querer mais
Viceja em atos certos, magistrais
Rendendo a quem cultiva este proveito,
Granando além do todo desenhado,
O mundo se anuncia em nobre Fado,
Em tanta variável, vário pleito.

42

O deus das tempestades; Mextli traz
Em militares passos uniformes
E nisto se desenham tão disformes
Cenários onde morta vejo a paz,
E neste caminhar tanto mordaz
Os dias se apresentam tão enormes,
Sem nada que inda possas; não conformes
E deixes qualquer sonho para trás,
Assim ao se mostrar a realidade
Das guerras e cruéis brutalidades
O nada se avizinha e gera o medo,
E quando alguma luz se vendo após,
Somente o que pudesse em novos nós,
Do todo se desenha este arremedo.

43

A morte se anuncia em Mictlan vã
E nada do que possa ainda ver
Trouxera em tal cenário o que querer
Negando a quem adentra um amanhã
Deveras sendo sempre assim, malsã
Diverso caminhar, mesmo perder,
Somando no final em desprazer
A vida sonegando algum afã,
O rústico momento doloroso,
Num rumo tão somente desairoso,
Lugar comum aonde tudo encerra
Ausente sobrevida, nada traz,
Somente o delirar em tom mordaz,
Traçando esta endemia sobre a Terra.

44

Deus Mictlantecuhtli rege a morte
E dele ninguém foge ou mesmo escapa,
A luta se desenha neste mapa
Sem ter sequer o quanto nos conforte,
O prazo delimita o ledo rumo
Sem cais ou mesmo até sem direção,
E o tempo se anuncia desde então,
Apenas onde aos poucos já me esfumo,
E sei desta diversa fantasia
Aonde noutro encanto eu quis bem mais,
A vida se tramando em rituais
Mostrando o que jamais alguém queria,
Mas quando se anuncia o mesmo fim,
Retorno com certeza de onde eu vim.

45

Mixcóatl reinando sobre a caça
Trazendo com firmeza a dimensão
Dos dias que deveras mudarão
A sorte quando a vejo mais escassa,
E o tempo noutro instante tanto traça
Expressa o que pudesse em precisão,
Na seta que se aponta em direção
Ou mesmo no cenário que se faça,
Assim ao se mostrar a competência
Marcando com vigor esta ciência
Transita o sentimento aonde vem
O vértice do sonho ou com certeza
A luta contra a fera natureza,
Por vezes da verdade muito aquém.


46

Nanauatzin se atira em fogo intenso
E disto se apresenta o imenso sol,
Domina em claridade este arrebol
E neste caminhar me recompenso,
E quando se mostrara o bem imenso
Eu sendo um helianto, um girassol,
Procuro neste deus o meu farol
Enquanto em liberdade além eu penso,
Assisto ao quanto a vida se transforma
E gesta dentro da alma a rara forma
Alada fantasia segue além
Do quanto poderia e não tivera
Marcando este verão e a primavera
Na rara claridade que contêm.

47

Quando Ometecuhtli o deus supremo,
De todo este universo o criador,
Toando muito além de um refletor
O quanto a cada passo não mais temo,
E sinto que deveras já me algemo
No sonho sem saber qualquer temor,
Do fogo, da ventura, além senhor
Vagando sobre o todo extremo a extremo.
Das tantas e diversas fases vejo
O passo mais audaz, mesmo sobejo
Aonde andeja fora esta ilusão,
Supremacia dita o quanto possa
A sorte superando a imensa fossa
Trazendo os dias claros que virão.

48

Ometecuhtli o deus senhor de tudo
Omecihuatl, a deusa e companheira
No quanto se anuncia a verdadeira
Noção deste cenário onde transmudo
O passo quando muito desiludo
Marcante caminhar já não se queira
Pousando muito além da vida inteira
Deixando este passado agora mudo,
Apenas apresenta o privilégio
Vencendo o que pudesse em sortilégio
Essência masculina e feminina
O todo neste instante determina
A criação superna e majestosa
O quanto do prazer nos alucina
E molda esta certeza em clara sina
Futuro prazeroso se antegoza.

49

Opochtli este inventor desta armadilha
Usada como rede em pescaria,
Transporta dentro da alma o que teria
A sorte quando muito além já brilha,
Cenário onde esperança agora trilha
E marca com vigor o dia a dia
Tecendo o quanto possa ou fantasia
Uma alma sem temor, mesmo andarilha.
E tendo esta certeza me alimento
No quanto poderia o provimento
Piscosa cena vejo e assim me encanto,
Expressa a luz intensa em liberdade,
E desta tão sublime divindade
O meu sustento em paz quero e garanto.

50


Quetzalcóatl. O deus em expressão
Maior que na verdade se veria,
Trazendo em suas mãos a serventia
Gerada pela nobre sensação,
Do xocóatl, usado em rituais
Quando do cacau fora forjado,
Grassando sobre todo este reinado,
Marcando dias claros noutros mais,
E assim representando a força plena
Telúricos caminhos, redenção,
Somando estes momentos que verão,
Aonde a realidade tanto acena.
O deus supremo, dita em voz possante
O quanto a cada dia se adiante.

51

Tamoanchan, o paraíso aonde a sorte
Desenha-se divina e maviosa,
Enquanto na verdade o que se goza
É toda a maravilha que conforte,
Traçando com ternura o doce norte
Em vida mais feliz e majestosa
Num panteão sublime a caprichosa
Esperança tão bem ali comporte,
E vejo em tal superno e manso rumo,
O quanto do viver em supra-sumo
Pudesse me trazer algum alento,
E sigo em plena paz à eternidade
E neste dom sobejo que ora brade,
O todo que decerto eu busco e tento.

52

Mictlan que é com certeza este submundo
Aonde penaliza-se quem tanto
Na vida se fizera qual quebranto
E neste caminhar, atroz e imundo,
Cenário tão nefasto e me aprofundo
Nos ermos deste infausto e não garanto
Sequer o que inda possa ou mesmo um canto
Um coração deveras vagabundo.
Vacantes esperanças, no dantesco
Momento onde se molda este arabesco
E nada se tecendo, senão dor,
Das luzes? Nem sinal, a solidão,
Expressa esta temida dimensão,
Gerada tão somente por pavor.

53

A divindade além e soberana
Metafísica entidade que, suprema
Sem culto, adoração, tanto se extrema
Marcando com vigor e não se ufana,

Do tanto que pudesse sobre-humana
Imagem que deveras nada tema,
Dos sonhos e dos medos, velho tema,
Teotl esta potência asteca emana.

E tendo em suas mãos pleno poder,
Traçando noutro senso a maestria,
E quando se demonstra o que teria,

Expressa o quanto possa parecer
Num átimo desenha além da sorte
O quanto pôde, pode e já comporte.

54

Tezcatlipoca, o deus tão majestoso
Domina o céu noturno, lua e estrelas,
Senhor do fogo e mortes, que aos tecê-las
Provê todo o caminho caprichoso,
Assim se desvendando o quanto a vida
Presume a noite envolta em seus clarões,
Depois o que virá decerto expões
Na sorte no final em despedida,
A luta se aproxima e nada faço,
Somente espero o fim, é o que me cabe
E tendo este momento onde desabe
Não restará sequer o menor traço,
E o tanto que se quis e não viera,
Estio transformando noutra esfera.

55

Tlahuixcalpantecuhtli na alvorada
Trazendo o manso brilho sobre a Terra
Estrela d’alva além no céu descerra
Beleza tão sublime desenhada,
Assim a cada instante o quanto invada
Na bela fantasia que se encerra
Por sobre a mais audaz, gigante serra,
E nesta divindade o sonho brada,
Sublime imagem vejo e sei constante,
E nesta maravilha se garante
O novo amanhecer em azulejo,
Destarte o sol invade e a vida trama
O renascer diurno em clara chama,
Traçando o sonho bom que ora prevejo.

56

Tlaloc, o deus da chuva e tempestades
Senhor do Inferno vem e amaldiçoa
E a vida que pensara ser tão boa
Em outras faces sempre além degrades,
E quantas vezes mesmo quando brades
A vida do teu sonho se destoa,
E nada garantindo esta canoa,
Naufrágio entre temores, rudes grades,
Assim ao se entregar já sem alento
Bebendo os raios tantos, forte vento,
Relâmpagos cruzando o céu grisalho,
Inferno em vida, luta onde brumosa
A senda que querias majestosa,
Tramando o que não quero, mas detalho.

57

Em Tlillan-Tlapallan, este cenário
Em paraíso feito e dominado
E nele Quetzalcoatl traz demarcado
De tantos, um suave itinerário,

O deus dos ventos, da sabedoria
Traçando este destino após a morte
E nele o quanto possa e nos conforte,
Tramando o quanto dita em fantasia,

Um raro sonho feito em liberdade,
Mergulha em paraíso e dita o quanto
A vida se permite e se me encanto
Presumo este momento aonde invade

A força sem igual de quem procura,
Ao fim de tanta luta, uma brandura.

58

Teteo Innan, a lua quando cheia
A avó dos deuses reina sobre o imundo
Caminho onde o pecado invade o mundo
Embora a lua imensa; além, rodeia.

E quanto o pensamento devaneia
E nas ânsias maiores me aprofundo
Querendo e desenhando um vagabundo
Momento onde a vontade não receia,

A deusa feita em gozos mais profanos
De todos os pecados, soberanos
Traçando dos anseios gozo pleno,

E quando se anuncia em claro céu
Desnuda último pano e sem o véu
Ao sonho mais feliz e audaz me aceno.

59

Ao sentir Tzitzimime em bela estrela
Dominando este céu tão majestoso
Caminho que se faz mais fabuloso,
Na vida com vontade de contê-la,
Assim o que pudera nos trazer
Beleza constelar e posso em paz
Nos pirilampos claros o que se faz
Tramando o quanto viva em meu prazer,
Negar o desespero e ter a sorte
Do quanto me arrebata, em diademas
De luzes onde o sonho quando o extremas
Produzes o que tanto me conforte,
Marcantes emoções, caminhos tais,
E neles os espaços siderais.

60

Ouvindo Ueuecoyotl em festa sigo
O quanto poderia ser diverso,
Marcando com ternura cada verso
E sinto o quanto quero e neste abrigo
As danças e festejos que prossigo
Vivendo este caminho onde disperso
Singrando o quanto possa e sigo imerso
No quanto poderia e assim persigo,
Na dança, na alegria e melodia
Reinando a divindade em plena festa
O tanto quanto quero e se faria
Num ritual fantástico e sublime
Assim a sensação que a vida gesta
Expressa o que deveras mais estime.



61

Um colibri voando em primavera
Traçando esta beleza tão sublime
E o quanto na verdade nos redime
E nisto outro caminho se tempera
Parindo o quanto a vida por si gera
E nisto todo o bem que ora se estime,
E segue seu caminho e nos suprime
Do sonho em mais diversa e rara esfera,
Vitzliputzli, a deusa que é suprema
Reinando sobre a guerra, um colibri
Marcando em tal batalha o que senti
E nisto a própria vida nos extrema,
Da primavera ou mesmo deste inverno,
O mundo se anuncia céu e inferno.

62


Xipe Totec primaveril deidade
Reinando sobre as flores e a beleza
Gerando noutro tom esta certeza
Que nos trará enfim, fertilidade,
Ao quanto se pudesse na verdade
O tempo sem temor e sem surpresa
A luta se anuncia em correnteza
Marcando o que teimara e nos invade,
Em holocausto ao deus, o sacrifício
Ao esfolar um vivo ser humano
E nisto outro caminho onde profano
Cenário se transforma em precipício
Simbolizado assim todo o vergel
Variado num momento em luz, cruel.

63

Da serpente de fogo, esta arma atroz,
Xiuhcoatl dominando em guerra e luta,
A sorte desenhada não reluta
E traça na esperança a sua foz,
Assim neste momento ou mesmo após
A vida se mostrando audaz e bruta
E quando se transforma mais astuta
Rompendo num instante velhos nós.
Huitzilopochtli domina esta serpente
E usando-a nas batalhas mais ferozes
Moldando os passos rudes, vis e algozes
E nisto se transforma imprevidente
Matando quem deveras o atrapalhe,
A dita; num momento: um vão detalhe.

64


Xiuhtecuhtli a divindade em fogo
Mostrando este poder da fúria insana,
E marca quantas vezes desengana
Negando qualquer sonho ou mesmo rogo,

A luta se anuncia temerária
O verso não traduz tanto fulgor
E nisto se traçando com ardor,
A sorte muito aquém da imaginária,

Entranho este caminho e vejo o deus
Trazendo em fogaréu esta ardentia
E tento nesta vaga poesia
Prever qualquer momento, mesmo adeus,

Querências tão diversas, bem e mal
Domínios deste em ar tão desigual...


65

Xochipilli ao dominar o amor
E toda a mocidade em festa e dança
O quanto traz deveras e se lança
Moldando um mundo em bom, claro calor,
Gestando com beleza a rara flor,
O tempo noutro instante além avança
E causa, no final leda mudança
E marca outono e inverno com vigor,
Porém enquanto o deus da juventude
Domina o coração tanto se ilude,
E bebe da magia que não há,
Assim mesmo que seja temporário,
O reino se transforma em relicário
Guardado dentro em nós como um maná.

66

Xochiquetzal que do dilúvio escapa
Junto com Coxocox, seu marido,
Expressa o tempo aonde este sentido
Traduz noutro caminho o velho mapa,

E vejo ali Noé americano,
Trazendo o mesmo fato noutra face,
O quanto deste sonho sempre grasse
Marcando o que pudesse noutro plano,

Assim em concordância tanta vez
O que se visse ali, aqui ou lá
Expressa o que em verdade se verá
Depende tão somente do que crês.

Caminhos convergentes luz tão vária
A vida traça enfim, a luminária.

67

Xocotl reinando sobre a constelar
Diversidade feita no infinito,
Trazendo a cada passo um novo mito
Ou mesmo outro caminho a se buscar,
Neste momento vejo e num vagar
Sem prazo de chegar, intenso rito
Transforma o que pudera e mais bonito
Presumo este cenário a se moldar,
A divindade feita em diadema,
A sorte que em verdade nada tema,
O canto determina a liberdade
E o verso se anuncia em paz e trama
O mundo desenhando em sonho e flama
No céu se perfilando a claridade.

68

Qual salamandra eu vejo e configura
A divindade asteca, Xolotl traz
O fato de poder ser mais capaz
E nisto outro cenário se assegura,
A sorte que vencera e traz na cura
O quanto me sacia e satisfaz;
Mas vejo sonegada enfim a paz
E nesta sorte a vida em amargura,
Guiando as almas rumo ao turvo mundo
E neste desenhar em dor me inundo,
Mas tento a paciência que não há,
E vendo este final já sem remédio,
O tanto desenhado em medo e tédio
Expressa o que ninguém desejará.

69

Yacatecuhtli; deus dos mercadores
Protegendo o comércio dita em regras
As sortes tão diversas quando entregas
Em sacrifícios tais tantos louvores,
E sendo que deveras onde fores
O todo num instante mesmo integras
Ou solitário sei que desintegras
Morrendo onde pudera em multicores,
Assim ao se traçar cada futuro,
A vida traz um porto que inseguro
Expressa o quanto quero e possa ser,
Depois da treva em noite mais deserta
A porta que tentara e enfim se alerta
Presume o que inda possa amanhecer.