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Friday, December 8, 2006

Não sei se tu sabias ou se sabes
Das sebes e das serpes que hoje sei.
Se somos o que temos não serei
Nos olhos que te cabem não me cabes.

Pois sinto que se queres não acabe
Amor que sempre sabe o que mais quer.
Vencido por não ser o que quiser
Se queres o que quero amor não sabe.

Amor me disse tudo numa frase
Que guardo dentro em mim, vital segredo.
Amor se fortalece e perde o medo,
É lua que transmuda toda fase.

Começa com um lume delirante,
Em pleno plenilúnio nos transforma,
Amor que em paixão já se deforma
Saudades mesmo ao lado traz, da amante.

Depois de algum tempo, em calmaria,
O brilho dessa lua, diminui,
Mas mesmo assim o brilho que possui
Nos ilumina quase como o dia.

Mas quase que sem brilho, ao fim do ciclo,
Se não cuidarmos morre sem querer,
Por isso meu amor preciso ter
Essa força motriz onde reciclo.

E recomeço as fases desse amor,
Para que no final da minha vida,
Eu possa recompor força perdida,
Matando o que causar o desamor!
Onde há luz, com certeza, uma penumbra
Que se ilumina sempre desta luz.
Qual brilho que na treva se produz
Futuro mais tranqüilo se vislumbra.

Repare que os momentos mais incríveis
Se fazem, tantas vezes, da quimera.
A dor nem sempre em outras dores gera;
Os sonhos que lutamos, são possíveis.

Procure pelo lume nessas sombras
Verás assim que nada está perdido.
Da noite que passou sol ressurgido
Na luminosidade em que te assombras.

Não tema, com certeza, o caminho
Difícil que encontraste, não foi vão.
As luzes que virão da escuridão
Prenúncios de que não irás sozinho!
Não deixe que eu magoe quem eu amo,
Nem mesmo que das mágoas faça canto.
Amor sem ter certezas, sofre tanto,
Por isso das tristezas não reclamo...~

Bem sei que tantas vezes duvidaste
Do que sinto em minha alma, só por ti,
Depois de tanto mal que já sofri,
Amor que tanto sinto, virou haste.

Mas nada disso sabes, com certeza,
Pareço, disso eu sei, tão inconstante.
Na vida sempre tive, por amante,
A marca tão feroz de uma tristeza;

Por isso não me deixe que magoe
Amor que enfim, recebo, sem cobranças,
Faremos deste mal, as alianças
E as asas, com as quais, nosso amor voe...
Não deixe que eu magoe quem eu amo,
Nem mesmo que das mágoas faça canto.
Amor sem ter certezas, sofre tanto,
Por isso das tristezas não reclamo...~

Bem sei que tantas vezes duvidaste
Do que sinto em minha alma, só por ti,
Depois de tanto mal que já sofri,
Amor que tanto sinto, virou haste.

Mas nada disso sabes, com certeza,
Pareço, disso eu sei, tão inconstante.
Na vida sempre tive, por amante,
A marca tão feroz de uma tristeza;

Por isso não me deixe que magoe
Amor que enfim, recebo, sem cobranças,
Faremos deste mal, as alianças
E as asas, com as quais, nosso amor voe...
Eu quero me perder em teu caminho
Em meio a tantas trilhas tão diversas,
As minhas, muito tempo mais dispersas
Tanto, que não conhecem mais carinho...

Amar talvez permita a salvação
De quem já se perdeu sem ter valia,
Morrendo o belo amor que se fazia
Do medo e duma espera de perdão.

Mulher que maltratando, quase mata,
Em busca dos seus olhos me perdi.
Agora que percebo, estando aqui,
Que tanto amor assim sempre retrata

Esperanças passadas e deixadas
Por rondas e por noites sem destino.
Amor que me causando desatino,
Espreita a fantasia em emboscadas...

Mas deixe que eu me encontre em me perder
Nos braços e nas sendas penetrantes
Que fazem dos amados dois amantes,
E brinda o meu encontro com viver!
Que o sofrimento sempre nos redima!
Somente vai sofrer quem se enobrece
Pois quem se resguardando, sempre esquece,
Que amar é necessário, e quer estima.

Porém se não sentires mais carinho,
Se a vida não trouxer um sentimento,
És flor que se eximindo perde o vento
E morre sem brilhar qualquer caminho.

Amiga, não te lembras quanto dói
O nascer, simplesmente nos dói tanto
Que ao nascermos, primeiro vem o pranto
E desse santo pranto, se constrói.

Por isso, não se deixe resguardada
Da vida que maltrata e que nos ama.
O fogo que nos queima em forte chama,
Também nos traz a noite iluminada!
Não me ensinaste nesta dura vida
Como poder viver sem teu amor.
A vida passará tão dolorida,
Ensina-me, te peço, por favor...

Em cada amanhecer, procuro o sol,
O mesmo sol que sempre te encontrava
Nessa cama, onde a gente tanto amava,
E nada, nada tenho por farol...

No vento que espalhando teu perfume
Agora nem as flores mais resistem,
Pois sabem que partiste e já desistem,
Nas pétalas sem cores, um queixume...

Nas águas das cascatas que banhavam
Teu corpo divinal, a seca veio,
Saudades do teu alvo e belo seio.
Por onde meus carinhos penetravam...

Não me ensinaste a amar! Tanto sofrer...
Saudades que deixaste, minha amada.
Pedindo, de joelhos, quase nada:
Apenas que me ensines te esquecer!
Perco meu sonho
No mar que te quis
Medonha saudade
De ser mais feliz
Vencida a quimera
Tempero a tristeza
E ponho na mesa,
Já se degenera
E traça da guerra
Vestígios da paz
Amor que se encerra
De vida incapaz
Não serve de rota
Nem brota na alma.
Na calma de sempre
Amor me corrompe
E sempre me vence,
Depois me convence
Que posso sonhar.
E perco meu sonho...

Mas se amor se pretende
Ser mais que saudade
Viver toda a tarde
Na noite morrer
Na cama que arde
De tanto prazer,
Se faz da quimera
E vence a tristeza
Que, posta na mesa,
Nem mesmo me espera
E vai, sem voltar.
Repousa na cama
Depois da festança
Convida pra dança
Que nunca me cansa
A dança da vida
Cumprida e comprida
Saudade esquecida
Vivendo a verdade
Verdade da vida
Gostosa e cumprida
Com todo o prazer!
Nas cordas da paixão
Recordas meu amor
Que tudo se passou
Em mares e amplidão
Buscando solução
Soluços e tristezas
Amantes e princesas
Sapos e sopapos
Beijos e tesão.
Entesamos as almas
Em armas e navalhas
Batalhas e delírio
Círios e novenas
Nas veias e nos olhos
Vendas e verões
Versos , convenções
E vimos como
Os limos
E limões
Se fazem
Das paixões...

Mais cedo
Que o medo
Paixão jaz
Seu enredo
Em nossos corações!
Amigo, persigo o tempo
Nem sempre consigo
O tempo perdido
Jamais se retorna.
Entorna a saudade
De tudo que tive
Da terra onde estive
Saudade que vive
No peito que chora.
A dor se decora
Das cores do nada
As dores sem nada
A cada momento
Tormento e termômetro
Da falta de amor.

Amores que sabes
Não cabem na vida
Que tanto curtida
Não sabem amar
Nem podem esperar
O tempo que passa
Esvai em fumaça
E traça um destino
Em meu desatino
Diz tino e não tato
O fato é que quero
Há tanto que espero
E nada de amor.
Somente o não
Sementes no chão
Morrendo em grão,
Aborto de sonho
Ao qual me propus
Meu barco, onde pus
Um cais abortado.

Bem sei que essas queixas
Por faltar madeixas
Não deixas florir.
Em braços mais fortes
Amigo, essas sortes
Não vão resistir.

Agradeço,querido
Se trazes sentido
E rumo a meu rumo
Que sem seu aprumo
Desaba em tristeza
E sempre me assombro
Poder de teu ombro
Sem nada querer
Ajuda a vencer
As curvas da vida
Nas turvas ribeiras
Que formam esteiras
Onde costumo deitar.
Amigo, agora
A vida lá fora
A dor evapora
A hora, nossa hora
De novo sair.
Vivendo tão sozinho e desdenhado
Nas ondas infinitas desta dor
O tempo que se passa em desamor
Matando pouco a pouco o ser amado.

Ser amado por ti... Ah! Quem me dera!
Mas nada das promessas que fizemos...
Os erros que, infelizes, cometemos;
Alimentando a fome da quimera.

Nesta escuridão, sombras que persigo
Chorando por perder quem tanto quis.
Insanidade mostra o seu matiz
Cada vez mais distante, não consigo..

As loucuras que fiz por quem amei,
As minhas mãos afagam o invisível.
Amor, assim, tão forte e mais incrível,
Retratando o meu mar que naufraguei...
Embebido do amor que me transtorna
Nas sombras de meu triste pensamento
Loucura de viver um só momento
Paixão que no meu peito já se entorna...

A quem confessarei o meu tormento?
Às pedras? Às estrelas ou ao mar?
Ao sol, às nuvens, plantas, ao luar?
Se neles eu não acho sentimento.

Em milhares de nuvens me nublando,
As lágrimas das nuvens do meu peito
Se em nada mais terei sequer direito,
O tempo, sem teus braços, vai passando.

Quanto mais me vês, penso, não amas,
E clamo pelas chamas que escondeste.
Do mal que tanto fiz, tão mal fizeste
Que mal posso entender do que reclamas.

Bem pagas minhas dívidas, receio,
Que nada mais indica seu perdão.
Então se não me queres quero um meio
De apagares a chama da paixão!

Thursday, December 7, 2006

Envolto em tantas nuvens, perco o dia,
A tempestade rola pelos céus,
Descortinando, rompe os alvos véus
E mata, em dissabores, a alegria.

Os sinos anunciam agonias
Os lírios que eram alvos, ficam roxos,
Os passos deste amor quedaram coxos
As luzes dos meus olhos, mais sombrias...

Guardando o sofrimento neste altar
Que prezo como um cais que necessito.
Amor que sempre foi por Deus, bendito,
Em nuvens se desmancha sem parar.

A chuva dos meus olhos sempre cai
Ao fim da tarde triste sem te ter.
Porém, um certo dia, irá nascer
O sol da tempestade que se esvai...
Vencido pelas noites solitárias
Sem ter, de quem desejo, nem carinho.
Nasci e vou morrer, assim, sozinho;
Mas busco, qual falena, as luminárias
Do amor e da paixão, os meus faróis...
Pretendo ter no sol, os girassóis...

Cada canção me lembra tua voz,
Sedento pela boca que não tenho,
Do mundo em solidão por onde venho
Percebo em cada sonho mal atroz
E nada mais pretendo sem te ter.
Do amor que me alimenta, irei morrer!


Mas ouço da esperança um gemido,
Embora agonizante, traz a cura,
A mansa claridade da ternura,
Parece que escutou e vem do olvido.
Falena em desespero peço a luz,
Que o teu olhar divino reproduz!
Andando assim perdido pelo mundo,
Em busca da mulher que me acalente
Depois de tanto amar, vivo descrente,
E nesta vastidão eu me aprofundo.

Caçando nas estrelas o teu brilho,
Em lágrimas destruo o pensamento.
A vida sempre trouxe sofrimento
A quem duma paixão persegue o trilho.

Amada não me deixes, eu te imploro.
Sou triste mas preciso de alegria,
Em ti somente a doce fantasia
Dos teus sorrisos mansos, eu decoro
Em plena magnitude de minha alma,
Somente em teu sorriso, a dor se acalma.
Sem isto, me enlouqueço mais e mais...
Buscando em plena guerra, a minha paz!
Nas noites indormidas te procuro
Em todas as estrelas e luares...
Por todos os caminhos, nos altares,
E nada, simplesmente é tudo escuro!

Amada, no delírio em que me deixas,
Não vejo solução p’ra minha vida,
A cada noite sempre mal dormida,
Meus versos se repetem, tantas queixas...

Espero teus olhares mais clementes
Perdão pelos meus erros, se os cometo.
Nas ondas deste mar que me arremeto,
As dores das saudades, vis serpentes...

Por que me apaixonei, tão forte assim?
Se nem na minha morte há salvação
Salve-me dessas garras da paixão!
Como? É simples! Se deite junto a mim!
Apaixonadamente me conquistas
A cada dia mais e mais e tanto.
Amor que me embalando em teu encanto
Transforma os corações em anarquistas...

Perdendo o meu domínio, te deliro,
Dos dois que éramos antes, em desejo,
Único coração, agora, vejo.
Espinho majestoso em que me firo!

Teu corpo no meu porto, todo meu.
As bocas se torturam e se pedem
E nada, nem as dores, nos impedem,
De ver na claridade, todo o breu.
E ter na escuridão a clara luz
Que sempre nos treslouca e nos seduz!

E saibas, minha amada companheira,
Que mesmo que não seja assim constante
Paixão que te transforma em minha amante.
Por certo é sempre forte e derradeira.
Mistura de prazer com tanta dor,
Um dia essa paixão trará o amor!
VERMELHO, CONJUGO AMAR

No vermelho dos meus olhos
A luta por liberdade
No trânsito da cidade
No tropeço nestes óleos
Que simulam solidão.
Na solidez do desejo
No navegar da paixão
Procurando pelo beijo,
Desse teu vermelho lábio
Que, carnudo, encarna o sábio
Amor, sem conter limites,
Ao sabor dos teus convites;
Da solidão, inimigo,
Vivendo sempre contigo
Os sonhos de um amanhã,
No vermelhar da manhã
Desse sol que me engrandece,
Nascendo, a todos aquece.
Me faz retornar à prece
Em que agradeço ao Senhor
A vida que me concede
Pelo sol e seu calor.
No vermelho do meu sangue
Que traduz toda esperança,
No mar, no rio ou no mangue
Nos brinquedos de criança,
Este sangue que trafega
Dando vida a quem mais ama,
Pela mão pega e carrega
Vai acendendo essa chama.
Chama vermelha da vida
Que arde no fogo, feroz.
Trazendo sem despedida,
O brilho que, nunca atroz,
Reflete a luta bendita
Contra toda essa desdita
Que possa nos maltratar.
Sabendo, bem mais, amar;
Confortando o sofrimento,
Chama de amor e lamento
Vermelha como paixão.
Trazendo pro coração,
O retorno da beleza,
O término da tristeza,
Afagando , compaixão.
No Mar Vermelho da vida,
Atravessando, sem medo
Para trás, sem despedida
À frente, grande segredo,
Um novo canto de fé,
Onde, e por que Deus quiser
Possa –se recomeçar
Um novo tempo de glória
Um novo marco na história
Um novo canto ao luar.
No vermelhar dessa areia,
Onde encontrei a Sereia
Com seu canto a encantar
Trazendo ardente delírio
No vermelho deste lírio,
Cultivado com o sangrar,
Das lágrimas da morena
Que em meu canto, virou tema
Da forma sutil, serena.
Dos meus sonhos, meu lema
No meu barco, virou leme,
Pois ardor, não há que treme,
Sem o vermelho da louca,
Transtornando minha boca
Procurando tua boca,
No molho desse espaguete,
Vermelho, como o confete
Que encontrei na tua boca
Esquecido, e recordando
O tempo que foi passando.
À procura de teu mar.
Vermelho, conjugo amar!
Amor quando ofendendo as esperanças
Nos faz imaginar que a vida trai,
Nem sempre se levanta quando cai,
Principalmente mata sem mudanças.

Pretendo meu amor que amadureças
Nos sentimentos plenos e gentis.
Nem sempre uma paixão é mais feliz
Portanto se não queres, já me esqueças.

Ausente das estradas sem batalhas
Presente nestas guerras e pelejas
Amor que tanto fere, se desejas,
Encontra novos fios nas navalhas.

Mas deixe meu amor viver em paz.
Se nada te proíbo nem te peço,
Apenas pressentindo me despeço
Da dor que anoitecer, deveras, traz...
Desenganos permitem aprender
Que nem sempre teremos afeição
Embora uma amizade, a solução,
Tantas vezes ganhamos em perder.

Melhor caminhos livres sem enganos,
Tropeços fazem parte desta vida.
Amizade que se foi sem despedida
Não cabe no futuro em nossos planos.

Amigo que não sabe perdoar
Portanto não conhece pleno amor,
Em vida destilando seu rancor,
Depois de tanto mel, vem amargar.

Quem fora companheiro, nos traindo,
Nos mostra quanto a vida é tão instável,
Amizade, nem sempre é encontrável,
Pior quando nos mata, distraindo...
Se vou vivendo assim mais apartado
De todos os sentidos mais ferozes.
A vida me permite tantas vozes,
Já que vivo de tudo tão cansado.

Amor que me ferindo com seu fogo
Derrama em lava todo meu futuro
E queima clareando traz escuro
Não ouve nem sequer meu triste rogo.

Nos mares e nos males que fez cais,
O vento revoltoso da saudade,
Atando essa algemas, na verdade,
Amor que não pretendo nunca mais.

Revolvo em busca, paz, todas as terras
Não vejo um só retrato que me acalma.
Mas cada gesto teu refrescando alma
Permite que eu esqueça dessas guerras...
Deleite das belezas mais sutis
Em meio ao paraíso que prometes
Aos olhos das estrelas me remetes
E fazes o meu dia mais feliz.

Os rubis e esmeraldas não se sabem
Tão belos nem tão raros como são.
Assim também vivendo tal paixão
Amores e tristezas não te cabem.

Somente as alegrias que propagas
São fontes de ilusão que tanto quero,
Em ti, querida, amor, eu sempre espero
Nas delicadas mãos com que me afagas.

Rendido pelas rendas de teus braços
Nas teias deste amor não quero fuga.
E mesmo quando o rosto todo em ruga
Eu quero o meu repouso em teus abraços!
Lembranças com saudade e nostalgia
Do tempo sem ter tempo, mas feliz.
De tanta juventude, um aprendiz
Aprende como dói o dia a dia.

Do amor demais sem paz tão enganado
Espero que não venhas falsas flores.
Se tens o meu bem quero teus amores
Porém se não o tem traz triste fado.

Desgostos acumulo, mas não quero.
Escuto a tua voz mas eu não te ouço.
Amor que se prepara em calabouço
Se vem, por certo logo desespero.

Eu quero amor que salve e regenere
Não degenere em dor um sentimento
Ferindo quem amor logo prefere,
Amor que me salvando, em pensamento.
Se, por acaso, ao ver-te; me endoideço
E versos mais audazes tu me inspiras
Amor quando acendendo tantas piras
Se não tomar cuidados, eu padeço.

Querendo teu traçado e tuas horas
Nas mãos que me carinham perco dores
Afloras em sevícias loucas flores
Se fores por caminhos sem demoras.

Desatas as gravatas e meus nós
Amando desta forma a mando dela,
Estrela pressupondo a noite bela
Mandando um alvo leite sobre nós.

Nas regras dos amores, amador,
Aprendo a cada dia a ser amante.
Amar é aprender ser inconstante
Na constância divina de um amor!
Tentaste contra mim tuas mazelas,
E ventos que derrubam meus sonhares,
Amor que sempre encontro nos altares
Em amares, nas estrelas todas belas.

As velas que acendeste sem segredos.
As velas dos meus barcos bem mais fortes
Revelas que nos rumos negas sortes
Atrelas teus amores aos degredos.

Saudades não carrego nem mentiras
Apenas te pressinto mais tristonha.
Quem ama e que deseja mais medonha
A vida de quem ama, perde tiras.

Sem tanto nem tampouco, pouco fiz
De tudo que pretendes, pois sei bem
Que todo o teu amor comigo vem,
Embora tentas outros, és feliz!
Lembranças do meu bem no meu jardim,
Em meio a tantas flores, primavera.
Saudade que machuca e desespera
Batendo tão solene dentro em mim...

Nas flores e perfumes, as delícias
Que nada, nem o tempo, apagará.
O vento que inventavas ventará
Em todas as lembranças de carícias.

Recordações de um tempo inesquecível
Onde viver o nosso amor era tudo
Que sempre desejara sem contudo,
Viver reconhecendo o impossível.

A lua te levando, minha amada,
Deixou o teu perfume toda noite
Em olorosa flor: dama-da-noite,
Encharcando a minha alma enluarada...
No mundo tudo muda de repente,
As horas se passando na mudança
Os tempos que se foram, na lembrança;
Morreram cada vez bem mais urgente.

Recebo as novidades-velharias
Como quem jamais guarda o paladar.
O vento que passou mudou lugar
Os dias não se lembram d’outros dias.

Quem foste, com certeza, não mais és,
Pois que somos mutantes de nós mesmo
Lugares conhecidos vão à esmo.
Pergunto: onde firmamos nossos pés?

Porém os sentimentos pouco mudam.
Amor que se procura quer amor.
Na cura destroçando a velha dor,
Que mesmo depois disso, tanto abundam.

Mudanças que fazemos neste mundo,
Não sabem destruir essas quimeras
Que desde as mais antigas, priscas eras,
Derrubam as mudanças, num segundo!

Wednesday, December 6, 2006

Beleza nos liberta e traz a fantasia
Que invade toda a terra em menos de um segundo
O brilho de um olhar, a paz em todo o mundo
O canto em liberdade o renascer do dia.

A mão que nos afaga, o perfume das flores
O lume do luar, o mar, a branca areia,
O vento no deserto, o canto da sereia
Em toda essa beleza, os matizes, as cores...

O gesto de esperança, a liberdade plena
Espaço sideral, estrelas e planetas
Amor do girassol, os rios e cometas
As águas na cascata a lagoa serena

O negro da pantera e também do corcel
Uma alta cordilheira, um vale , uma floresta
O coração feliz, uma alma em plena festa
Uma jóia bem feita, azulejo do céu

A música que embala a tela em aquarela
O riso que se explode, a mansidão da luz
O vôo da andorinha, amor que reproduz
Em tudo neste mundo, o belo se revela...

O sonho de vitória, a doce fantasia.
O mar em rebeldia, a louca tempestade
As lutas da paixão, a plena claridade
Nos versos do pintor, beleza e poesia!
Batuque de saudade no meu peito
Disfarça e logo traz ansiedade
No parto neste parque da saudade
O mundo não me trouxe mais um jeito

Cabelo disfarçando sem respeito
O peito da morena em liberdade
O caso que restou contrariedade
Não sabe nem sequer se não foi feito

Menina levantando sua saia
O vento que tomara sempre caia
As coxas vão expostas meu tormento

O gozo em juventude não se trama
Depois de todo o tempo a velha chama
Na cama quando chama trama o vento.
As nuvens que te viram vão nevadas
Em busca d'outros campos e paragens,
Em meio a tempestades e visagens
Carregam tantas dores nas estradas...

Vago como essas nuvens desgraçadas
Não consigo entender suas viagens
Por ruas e vertentes, tantas margens
E nada me trará as madrugadas

Que já se foram, nossas companheiras.
As matas e as luas mais brejeiras
Não sabem por que foste embora, amor...
Assim como essas nuvens voltarás
Depois das tempestades estarás
Marcada pelas chuvas, por calor...
As nuvens que te viram, peregrinas
Esperam pelos brindes da saudade,
O mundo te negou diversidade.
Os ombros das montanhas, descortinas...

Não vejo nem desejo tais cortinas
Que me impeçam de ver a claridade.
Apenas não pressinto tal maldade
Nas bocas desdenhosas das meninas...

Assento todo sonho nas montanhas
Que sabem do destino dos passantes
As luas que te dei foram tamanhas

Eu sinto que não posso ser teu par,
Nem seremos sutis nem bons amantes
Apenas não sabemos como amar.
As mãos que te carinham, mais ariscas.
Desenham no teu corpo tatuagens
Esboçam as milhares de vantagens
Que incendeiam teu corpo nas faíscas

Que soltas quando estamos lado a lado...
Te quero minha amada, não discuto.
A voz, quando sozinho, sempre escuto
E tudo se transcorre, amaciado.

E pulsas como pulsa um coração
Cansado mas envolto na paixão
Que corta, que me morde e abençoa.

Pensamento treslouca-se e te busca.
As mãos que me carinham são mais bruscas
E embora sem ter asas, alma voa...
As águas dos riachos e dos rios
Os olhos desta deusa apaixonada,
O mundo traz a velha madrugada
Com marcas e latejo destes frios
Nos olhos, pobre deusa, mais sombrios
O medo demonstrando o quase nada
Que trouxe no final uma erma estrada
Formada pelas dores, desafios...

As águas escorrendo nas cascatas
Invadem as florestas, densas matas
A dor qual triste sina vira a tônica
Da vida desta deusa em sofrimento.
As lágrimas descendo, num tormento
Inundam a planície amazônica!
Tu foste meu primeiro amor, querida.
Quem foi a primavera, em pleno outono
Ao meu lado, nem sombra de abandono.
Do começo ao final de toda a vida.

De todas as mulheres, seus mistérios,
Se encontram nos desejos de uma só.
O medo, o destempero, amor e dó,
O gozo da tormenta e seus critérios

A luz na madrugada, a força, o vento
Depois a calmaria e recompensa,
A dor que nunca deixa, tão imensa
E a vontade de morrer, o fingimento...

Perfumes delicados de tais flores,
Vergonha de saber-se sedutora
Vontade de chorar e de ir-se embora,
Saber que toda vida traz horrores.

Saudade de dançar de madrugada
Estranhas convulsões fortes delírios
O mundo se revela em tais martírios
E depois bem depois, o quase nada...

E sorrir e chorar sem ter por que
Viver cada manhã como se fosse
A última. Saber que a vida trouxe
E depois não deixou, onde e cadê!

Querer o gosto amargo sem ter pressa
Depois se derramar em chocolate,
Fugir e desejar todo o combate
Sair e não voltar, correr depressa.

Castelos e soldados e guerreiros,
Mentiras que acalenta a cada sonho.
Em volta todo mundo mais tristonho
E gargalhar depois, do mundo inteiro.

Pedir a Deus perdão pelo que quer
Depois mentir ao próprio coração.
Saber que nunca achamos solução
Olhar indecifrável de mulher...

Querer conter o mundo em seu regaço,
Depois amar, sofrer querer a briga
E iluminar o mundo na barriga
Estrias e varizes, peso e traço.

Amamentar sorrindo mas pensando
Nas horas que passaram e perdeu.
No mundo que esperava e que morreu
Depois de todo sonho, delirando...

Querer cortar os pulsos e se rir,
Vestígios de prazeres pela noite
A solidão que teme, velho açoite
Não sabe se conter e quer fugir..

Morder essa maçã, temer serpente,
Unhas e dentes bocas e batom,
Cabelos se transformam cada tom
E tudo se revela de repente.

Na lua procurar a luz do sol,
Em pleno sol querer a luz da lua,
Andar de madrugada, toda nua
E ter a solidão triste do atol.

Vencer os seus complexos sem medo
Guardar cada caminho como seu
Andar sem medo em pleno e negro breu
E não conseguir guardar segredo.

De todas as mulheres que conheço
Todas cabem naquela que escolhi
E todo grande amor que não perdi
Encontro em minha amada e o mereço!
Amores que me trazem seus segredos
São rios que caminham sem mistério.
A vida se tornou um refrigério
Á volta destes belos arvoredos...

Não guarde em teu peito tantos medos,
Apenas não se entregue sem critério,
Amor quando pretende ser mais sério,
Não teme nem a morte nem degredos...

Aceita as tempestades e mudanças
Depois de tudo certo das bonanças
Refaz os velhos ritos sem temor.

Depois de tantas lutas e disfarces
O mundo te permite ter mil faces.
O mundo te permite, não o amor!
Amor quando se chega, que alvoroço!
A vida se transforma totalmente
Quem tinha uma mortalha, de repente
Renova se tornando sempre um moço.

Esperança ressurge lá do poço
Onde já se escondia em nossa mente
E nos faz reviver tão plenamente
Que de tudo que fomos, nem esboço...

Amor quando tardio, nos confunde
E transporta o que somos e nos funde
Com o que pensamos, mocidade.

Agora, em desafio, no final
Da vida, nos mostrando que afinal
Ainda somos gente, de verdade!
Amor não se cria nem se cobra, se dá
Simplesmente é doação.
Doação absoluta sem querer recompensa,
Amar quem nos ama é obrigação
Obrigar a ação de quem não nos ama
É estupidez, absoluta estupidez;
Se amor cobra pedágio
Ou então reflexo
Não é amor, é egoísmo.
Olho por olho e amor por amor é a mesmíssima coisa
Sem hipocrisia de marchado e sândalo
Cavalo dá coice? Tô fora!
Agora não espero perfume
Nem corte
Apenas sorte
Boa ou má. Que se dane!
Amar é conhecer
Ou melhor conheço para amar
E nunca para desamar,
Se não valer a pena, esqueço
Mas sempre vale a pena
Mesmo que apenas uma pena
Vale a pena.
Sem vale quanto pesa
Vale o que se preza
E sempre se preza
Prezada amada
A pressa inimiga
O tempo prossegue
E nada se consegue
Se não for por amor.
Mesmo que não vente
O vento que ventei
Valeu a pena
Esvaziei a alma.
Ela está tão carregada de amor
Que se eu não soltar
Ela me esmaga
O peso do amor é enorme
Por isso não acumule, distribua!
Amor não envelhece e não envelhece ninguém
Regenera e não degenera, se gera por si próprio
A cada dia, cada canto, novo encanto
Amor é santo e santifica.
Se fica, então...
Amanhece a cada dia como o sol
Que sempre volta e não deixa
De brilhar
De trazer vida.
Isso, o amor traz vida
E não duvida
Que se bobear
Procria.
Aliás, amor quando procria vira espetáculo
Vira festa e transborda todo mundo
Em todo o mundo.
Contagia e renasce
Cada disfarce e cada face fazem dele
O espelho multifacetário e maravilhoso
Que se chama solidariedade!
Amor não é guloso
e, ao contrário da paixão e do desejo,
se alimenta de pouca coisa...
um sorriso, um carinho, um beijo, bom dia...
às vezes nem isso.
Muitas vezes não cobra nada e nem pede,
nem reciprocidade.
Paixão, muito pelo contrário,
a cada dia se rebela
e tumultua tudo.
Não sabe viver sem não
Sem senão sem porquê
Sem calmaria e tempestade
Invade e nem pergunta, invade.
Amor bate na porta, paixão arromba.
Amor diz bom dia, paixão nem pergunta
Amor respeita, paixão inunda
Amor é sempre paixão é nunca.
Amor perdoa, paixão castiga
Mas se queres ser feliz, ame!
Entenda o que é o amor e o alimente sempre
Mas não deixe que a paixão o destrua.
Nem o mude, já que a paixão vira amor e consolida
Se o amor virar paixão destrói e não deixa nem sombra.
Acima dos dois, somente a amizade.
Essa não pergunta e não se trai.
E se trai perdoa, e continua um ritmo todo especial.
Feliz da paixão que vira amor e morre amizade.
É perfeita!
O desejo?
Maria foi para a cama a chama de Maria já me chama e me sacia.
Depois?
Outro dia...
Nas horas mais difíceis te conheço
Bastam que essas quimeras me profanem
Que todos deste mundo já me enganem
Para saber se em ti me reconheço!

Meus erros, meus enganos, meus defeitos,
São todos testemunhas que eu existo,
Se a nada neste mundo não resisto
Talvez os meus problemas sejam feitos

Das velhas tempestades que passei,
As sortes e presságios tão obscuros
Prometem velhos céus bem mais escuros
Em nada do que tive, me encontrei.

Rasguei a fantasia que escondera
A podre maciez que sempre fere
O lume desta noite se interfere,
E traz na madrugada a doida fera.

Agora que não trago mais meus medos
Envolvidos pela noite que me corta,
Que toda essa ilusão se mostra morta
O mundo me prepara meus degredos...

As galés e as cadeias que me tragam
Engolem um humano e me trituram
O rosto e meus desejos desfiguram
Os planos de viver contigo estragam...

Se falas que me adoras e me queres
Agora é que terei minha resposta
Meu mundo dilacera tudo em posta
E não promete luzes nem talheres.

Apenas um restolho de esperança
Um prato carcomido e sem futuro
O mundo que teremos será duro
A morte poderá vir como lança.

Por isso é que durante a tempestade
Que corta que alucina e que destrói
Com tudo que sonhamos já corrói
Se teu amor enfim é de verdade!
Não deixe que a tristeza te domine
Em tudo o que fizeres, alegria!
A vida se renasce todo dia
Que essa luz que carregas, ilumine
Os passos que darás a vida inteira
Alegria é da vida, companheira.

Demonstre esta coragem: ser feliz!
Não deixe que a saudade te maltrate
Serás o vencedor do duro embate
Que te trará, da vida outro matiz

A luta não termina e recomeça
A cada novo dia e nova dor
Alegria ressurge como a flor
Precisa de coragem e tem pressa.

Não faça como o triste caminheiro
Somente reparou nas duras urzes
A vida se redime e traz as luzes
O mundo sorrirá mais verdadeiro

Não deixe teu caminho pelo mundo
Sem ter essa coragem de plantar
A cada novo tempo libertar
E viver toda vida num segundo.

Sabendo que tiveste um novo dia
Mais Pleno de carinho e sem tristeza,
De tudo nesse mundo, mor beleza
Explode num sorriso de alegria!
A sogra que me deste meu amor,
Desculpe mas não serve para o gasto
Ao ver essa serpente me desgasto
E sinto, sou sincero, tanto horror.

O bicho sempre traz tanto terror
Não posso nem deixar solta no pasto.
Por todo amor que sei que é puro e casto
O peso que carrego é sem valor.

Um dia se morrer pobre diabo
Ao ver na velha todo o grande rabo
E a cara de fuinha da maldita

Sua alma vai ficar à revelia
Até que pobre Deus, com pena um dia
Ao céu carregará essa desdita!
No seio sem receio da sereia
Um meio de encontrar o meu passado
Mortalha que me trama um velho fado
Na morte que pretendo em plena areia

A cena que me acena me incendeia
E faz o velho tempo celerado
Celeiro dos meu sonho não sonhado
O campo se recobre toda aveia.

No gozo que antegozo e que não vem
Gigante coração tamanho trem
Levando essa minha onda para a praia

Depois que me perdi pedi por trégua
No colo da sereia tanta légua
Se quero descobrir levanto a saia.

No colo da sereia me dei mal
A saia está guardada no bornal...
A morte virá, mansa e calma
Ou em plena confusão.
Não adianta o medo,
O principal segredo é relaxar
E tirar do fruto a semente
Que traz a vida mas não eterniza
Sabes o nome do teu tataravô por acaso?
O que tens na vida é só a vida
O resto a sorte te emprestou.
E depois vais ter que devolver
Com juros ou sem juras
Mas devolverás.
Nada levas e nada tens
Apenas estão contigo e só isso.
Nasces nu e vais nu
Solidão é a primeira e a última parceira.
E daí? Nada te pertence mas és feliz.
Simplesmente por seres e não por teres.
Valorize o ser somente o ser
Nada existe além do ser
E nada mais importa.
Não se importe com a porta
Ela vai se abrir
Ou então não vale a pena
A dor não se cura nem perdura
Se esvoaça e passa.
Corte cicatriza
E se não cicatrizou, esqueça
Se conseguir, cicatrizou.
Ame muito, esvazia a alma.
Vista a mortalha de vez em quando
Vale a pena saber que isto é finito
Mas também o que seria dos que
Ainda virão se a gente não partisse?
Morte é sacrifício para que a vida venha
Não se esqueça de que o amor
É proporcional á serenidade
Com relação à morte.
Se não de que vale ter filhos, netos, bisnetos, tataranetos...
Xô ! Vá embora que a vida não espera!
A dama da cidade toda nua
Reflete meu desejo em suas luzes
O canto que permite meus obuses
Nas festas e nas bocas continua.
Se finge que permite já recua
As costas imoladas pelas cruzes
Os seus pés e a garganta plenos d’ urzes
A carne que pretendem toda crua.
A dama da cidade se disfarça
O rosto da vadia mansa garça
E tanto que não fez mas que faria
O povo sem certeza não perdoa
Uma ave aprisionada nunca voa,
Mesmo que apedrejada todo dia...
A coca quando cola coca cola
O karma quando o lama no nirvana
A lama que se trama não se engana
E faz deste remendo medo escola

O pé na lama chama e tanto atola
Que vaga sem ter vaga e se explana
A fome que não come não se esgana
E o resto sem rastilho tudo empola

O pântano se espanta com Brasília
O mundo se remenda sem presilha
No seio tão preciso da morena.

Asseio com licor depois é cama
O fogo que refoga a velha chama
E sempre que quiser sem dura pena.

Tuesday, December 5, 2006

Somente a verdade liberta?


A verdade nunca é injusta; pode magoar, mas não deixa ferida.


Se me perguntares qual a mais difícil dentre todas as virtudes, praticamente inexeqüível, serei obrigado a reconhecer que a VERDADE e a plena HONESTIDADE são fortes candidatas.

Somos extremamente honestos e verdadeiros no amanhecer de nossas vidas.

A criança diz, com razão absoluta que fulano é chato, beltrana é gorda e que a comida da mamãe ou da vovó está uma porcaria.

E quando, em nome de uma coisa que apelidamos de socialização, pedimos menos honestidade nos comentários,
Estamos DESEDUCANDO nossos filhos com relação à Verdade.

Quantas vezes, durante nossas vidas, somos obrigados a conviver com situações extremamente difíceis em nome desta “Socialização”?

Obviamente, se fossemos totalmente honestos e francos nos nossos relacionamentos, acabaríamos absolutamente isolados do mundo.

Essas pequenas corrupções diárias podem fazer mal à alma mas, são perdoáveis.

Totalmente perdoáveis.

Muitas vezes a verdade liberta mas, nem sempre. Ela pode nos aprisionar e tornarmos infelizes ou deixarmos quem nos rodeia extremamente infelizes.

O que, convenhamos, é muito pior do que as pequenas desonestidades diárias.

Mas, não baseie tua vida nessas pequenas falcatruas.

A sua vida poderá ser tão falsa quanto uma nota de três reais.

E aí, companheiro, não há santo que dê jeito ou, ao menos confie em ti.

Sejamos, pois, SOCIALMENTE mentirosos mas observando sempre os limites para não nos tornarmos ESSENCIALMENTE falsos e desonestos.

Esse limite é tênue e deve ser observado com todo carinho e cuidado.

Senão, corremos o grave risco de conhecermos o inferno por aqui mesmo.

Da solidão e do desprezo.

E, pior que tudo, do total descrédito!

Monday, December 4, 2006

Na voracidade da dor
Num canibalismo louco
Devorando pouco a pouco
Pressentindo o meu pavor,
Tua boca entreaberta
Aguarda os restos finais
Nos amores canibais
Que teu desejo desperta.
Não vou me entregar inteiro
Nem pretensos suicídios
Nos teus venenos, ofídios
Nas armas deste faqueiro.
Vencido por não ter medo
Arremeto-me afinal,
Neste teu mundo abissal
Eterno mar, meu degredo.
Parido da própria morte
Ambivalente sentido.
Sem rumo, sigo perdido,
Teu amor era meu norte.
Mas tanta fome, querida,
E nada mais me sobrou.
Entreguei, a quem me amou,
O resto de minha vida!

Sunday, December 3, 2006

Minha vida sem te ter
Perde toda essa razão
Que faz a gente viver
Acelera o coração!

Vida que da vida faz
A luz que tudo clareia
É chama que me incendeia
É teia que tanto apraz
Sou capaz de nessa teia
Prender o meu sentimento
Sem ter arrependimento
Por um momento sequer
Nos braços dessa mulher
Que tanto me ajuda a ver
A beleza de viver
Razão de minha alegria
Sol que traz o meu dia
E faz-me ser girassol.

Nas horas mais demoradas,
Quando as mãos estão cansadas
De tanto amor que já dei.
De toda dor que passei
Sem saber como fazer
Teu amor me dá prazer
Iluminando essa vida
Que pensava já perdida
Sem ter muito o que sonhar
Contigo, aprendendo amar
Sem medo sem solidão
Meu verso encontrando então,
A razão para viver!
Na minha alma, tão serena
E por vezes, mais amena
Acena a luz deste amor
Que se for por onde vou
Acabará com a dor
Que tanto tempo marcou
A vida de quem amou
Ávida vida sem gozo,
Sem gosto quase de nada
Sem sequer ter amada
Que possa me traduzir.
Que não precise pedir
Pois sei que sempre virá
Ao meu lado ficará
Nos momentos mais difíceis
Impossíveis de viver.
Que não me deixe sofrer
As esporas da saudade
E que traga claridade
E gosto de liberdade,
Vontade de viajar
Pelos raios do luar
Pelo céu, estrela e mar,
Por toda essa imensidão
Guardada, numa paixão,
Dentro do meu coração!
Leda dor que me maltrata
Que me trata como louco
Amor que tinha, bem pouco,
De gritar, ficando rouco,
Fazendo uma serenata
Lua brilhando em cascata
Ilumina toda a mata
Do meu triste coração
Que Leda não saberia
Vestido de uma alegria,
Trazendo, na poesia,
O vento duma esperança.
Que minha alma sempre alcança
Mas se cansa de esperar.
Em Leda, todo o luar,
Toda a beleza que espera
Como o bafio da fera
Que me espanta e que me atrai
Todo amor da vida atrai
Mas, depressa se distrai
E parte noutro caminho,
Deixando-me tão sozinho.
Sofrendo qual passarinho
Que perdeu o pobre ninho.
E voa sem ter paragem...
Por amar Maria tanto
Sem Maria, então, me amar;
Amaria por encanto
Nesse mar vou me afogar
No mar que trouxe Maria
Que jamais enfrenta o mar
Mas que sempre me amaria
Se soubesse navegar
As ondas do amor maior
Que aprendi e sei de cor,
E que quero te ensinar.
Vem Maria pros meus braços,
Teus abraços, nossos laços,
Em ondas de amor gigantes,
Nos fazendo dois amantes
Que sabemos como amar.
Porém se não me quiseres,
Vou voltar para o teu mar
E no mar que amou Maria,
Matando minha alegria,
Entornando a fantasia,
Nunca mais vou navegar!
Amor em amor consome
E alimenta todo dia.
Não divida, mas sim some
Resultado: uma alegria!

Amor faz do sentimento
Alimento pra viver
Mesmo quando faz doer
Espalha-se pelo vento.
E venta tanta saudade
E também felicidade.
Venta também o tormento
Ventando pela cidade...
E Não pára um só momento
Ventando no velho e moço,
Fazendo tanto alvoroço,
Venta em mulher e criança,
De vento até no pescoço
De vento, enchendo essa pança,
É tanto vento que dança
Em plena praça e na rua,
Esse vento continua
Nunca pára de ventar
Nesse vento me afogar,
Jamais me sai da lembrança
O vento de uma esperança!
Amor trazendo ciúme
É coisa que tanto agita
A rosa com tal perfume
Fica sempre mais bonita.

No ciúme, com certeza
Essa rosa se alimenta
Vaidosa, que mais beleza;
De tão bela, se arrebenta.

Da rosa que tenho em ti,
Orgulhosa, pois é flor,
Todo amor que já vivi,
Arrebentando de amor.

Ilumina toda a terra,
Faz o mundo mais feliz.
No peito que, amor, encerra.
Todo amor que sempre quis.

Minha amada, me perdoa
Se te faço assim sofrer
Mas a vida só é boa,
Se um pouquinho, ela doer.

Ciúmes não precisava
Pois te quero tanto bem
Eu não quero mais ninguém
Por tanto que já te amava;

Mas gostei da reação,
Que, ciumenta, tu tiveste;
Quando amor, ciúme, veste,
Embeleza o coração!
“Venceu-me, o amor, não nego”.
E vencido, assim, prossigo
Vou carregando comigo
A dor que sempre carrego
Acostumei-me e nem ligo!

De tudo que nesse mundo
Procurei, tenha a certeza,
Esse amor que é mais profundo
Agiganta-se na baixeza
Causando-me uma tristeza.

Amor que não se traduz
Por fazer alguém contente
Toda a vida, de repente
Perde o brilho e vai sem luz.
E no coração da gente,
Só saudade inda reluz.

Vencido, sem esperança,
Procurando pelo nada,
Nada resta na lembrança
Só o nada já me alcança
Para o nada, minha estrada...
Amando quem tanto amei
Minha vida se passava
E nada mais encontrava
A saudade virou lei
E pouco a pouco, matava.

Saudade fez covardia
Com meu peito sofredor
Maltratando, todo dia
Matando minha alegria,
Mostrando só desamor.

Não posso falar de flores
Acabou-se meu jardim,
O meu sofrer, sem fim,
Causado pelos amores
Que rimando com as dores,
Vão matando tudo em mim.

Amor que, virando fera,
Mostra logo suas presas
Coração se dilacera
A vida se desespera,
Já não tenho mais defesas.

Mas de que vale uma rosa
Sem ter cor e sem perfume.
Ouvindo tanto queixume,
A rosa tão orgulhosa
Morreu, morta de ciúme!
Rita, quando conheci,
Encontrei nos olhos teus
A luz que ilumina os meus
Em teus olhos me perdi.
Minha vida tão tristonha,
Tão sem rumo, de saudade.
Sem saber felicidade,
Seguia mais enfadonha...
Minha trilha, meu caminho,
Sem destino, me deixava,
Toda noite assim pensava,
Como é duro ser sozinho
Até o mel me amargava.

Já trazia tanto medo
Que não pude ser feliz,
Pois tudo que sempre quis
Acabava num degredo.
Nos descasos alheios,
Meu coração se perdia,
Eu não tinha poesia,
Minha vida em mil receios.
Minha trilha, meu caminho,
Sem destino, me deixava,
Toda vida assim pensava
Como é duro ser sozinho,
Até a fé me amargava.

Mas depois tu chegaste
Minha vida, então mudou,
Meu caminho iluminou
Na noite que enluaraste.
Agora estou satisfeito
E feliz como se vê
Agora tenho um por que,
Ser feliz é meu direito!
Minha trilha, meu caminho,
Tua luz iluminando
Toda vida assim passando,
Já não sigo mais sozinho.
Até o fel me adoçando!
Amor comanda a minha alma
E sempre me desengana
A minha alma soberana
Já está perdendo a calma.

Amor sempre sem razão,
Não me deixa um só segundo,
Vou me perdendo, no mundo,
Em busca de um coração.

A minha alma tem pavor,
Pois sabe que nunca vejo
Esse amor do meu desejo.
Que salve essa alma do amor!
O teu canto me encantando
Faz meu canto ter encanto
E te canto, assim meu canto.
Nosso canto, vou cantando.

Esperando novo tempo
Que não traga sofrimento
Assim a todo momento,
Sem esperar contratempo.

Amor que sempre revela
Esse amor que a gente tem.
Sem teu amor, sou ninguém,
Sou um quadro sem a tela
Vazio, e nada me encanta
Por isso, quando canta,
Todos os males espanta!!

Despedida

Amor que me transtornando
Não me deixa prosseguir,
Venho aqui me despedir,
É melhor seguindo andando.

Toda a minha desventura
Na aventura que tentei
Tanta dor eu encontrei
Vivendo sem ter ventura.

Amor fez estripulia
Com quem menos merecia.
Matou minha fantasia
Acabou com a alegria.

E assim, por toda a vida
Que penei, eu quero paz
Por isso essa despedida.
Graças a Deus! Nunca mais!

Retrato do Nosso Amor

Em amores, me maltrato
Cada vez mais sofredor
Sofrendo por esse amor
Procuro pelo retrato
Guardado numa gaveta
Que nem sei onde é que está.
Muito menos se está lá
Ou então numa maleta
Que deixei na penteadeira
Ou talvez no porta mala
Quem sabe deixei na sala,
Procurei a casa inteira!
Fui ao quarto de visita
E na sala de jantar,
Já cansei de procurar,
A minha alma andando aflita.
Vasculhei o quarto inteiro
Todo lado e todo canto,
Teu amor foi meu encanto...
Já procurei no banheiro?
Foste minha companheira
Tanto tempo nos amamos...
Mas tantas vezes brigamos.
Me lembrei! ‘Stá na lixeira!
Olhos verdes, onde andais?
Vos procuro todo dia.
Toda a minha fantasia
Não vos terei jamais?

Olhos verdes, eu sonhava
Verdes sonhos de esperança
Mas restou só a lembrança
Que nunca me abandonava...

Nos céus pergunto à lua
E as estrelas; nada falam...
Ou não sabem ou se calam
Minha angústia continua...

Essa dor que me maltrata
E me deixa pleno em medo.
Encontrei-vos no arvoredo,
Nos olhos verdes da mata!
Meu olhar já te procura
Em qualquer lugar que for
Em teus olhos pede a cura
Para o triste desamor
Porém eu nunca te vejo.
Escondida estás, de mim,
Mesmo assim eu te desejo
Um desejo que é sem fim.
Tanta dor que já carrego,
E o cansaço de esperar.
Quando resolver me olhar,
Que fazer? Estarei cego!

Saturday, December 2, 2006

Amando quem não amava
Amado por quem amei
Tanto tempo assim passei
E nada me completava.
Um dia quis ter Maria
Mas Maria não me quis
Com Renata fui feliz
Mas não durou nem um dia.
Maria vendo Renata
Agora Maria quer
Eu não entendo a mulher
Quanto mais ata, desata.
Vou fazer um juramento
De não tentar entender
O siso quero manter,
Se não vai perdido, ao vento...
Os enganos que, hoje, faço
São causados pelas dores
Que vieram dos amores
Que perderam forte laço.
Esperando teu abraço,
Vou vivendo sem prazer
Meu amor, como é incrível,
Viver um sonho impossível
Como é possível viver?
Assim vou ficar louco
Sem saber se tu desejas
Embora, nestas pelejas,
O POSSÍVEL SEJA POUCO!
As rosas do meu jardim
Procuram por olhos teus,
Que, um dia, já foram meus,
Mas nada encontram, no fim.

Elas e todas as flores
Sabem todas dos meus ais.
Também sentem minhas dores,
Pois não voltarás jamais!
Amor vendo que sofria
Por causa do bem querer
Que me fazia sofrer
Fosse de noite ou de dia.
Em conjunto com destino
Tantas fez que isso mudou,
Mas a saudade chegou
E voltou o desatino.
Nessa briga quem sofreu
Os males desta saudade
Que nascem na tempestade
Em trevas escuro breu.
Uma quer que não mais ame
Outro quer que eu sempre adore,
Uma quer que sempre chore
Outro quer que eu não reclame.
Que faço Meu Deus da vida?
A quem obedeço enfim?
Onde quer que eu me decida
Eu irei sofrer no fim...

Pena de Mim

Conheço desde menino
A dor que tanto me dói
E, que aos poucos, me corrói
E domina o meu destino.
Amor sempre me ordenou
Que eu tentasse ser feliz
Mas, vivendo por um triz,
Todo o meu rumo trocou.
Se nada mais me oferece
O destino traiçoeiro
Amor assim verdadeiro
Na vida não aparece.
Vivo sem tranqüilidade
Pedindo só teu amor,
Em troca recebo a dor
E a danada da saudade.
Vou levando, assim, a vida,
Sempre sofrendo no fim
Até que alguém se decida
E tenha pena de mim...

AMOR QUE TORTURA

Amor que tortura
De noite na cama
Que apaga essa chama
Faz a noite escura
Maltrata demais
Não deixa que eu ame
Nem quer que reclame
Já não satisfaz.

Amor que maldito
Me trouxe veneno
Amor tão pequeno
Me deixando aflito.

Não vê que te quero
Morena faceira
Minha vida inteira
Em ti me tempero
E perco o juízo
Não foste bondosa
Perdi minha rosa
Cadê paraíso?

Sem amor sou ninguém!

O mundo, meu inimigo
Não permite que te tenha
E, muito menos, que venha
Viver a vida comigo
Pois sei que temes perigo.

Mas perigo não te trago,
Meu amor protegerá
Estando aqui ou por lá
Só darei o meu afago,
Amor com amor, eu pago.

Mas se não queres vir
O que vou fazer da vida,
Pois, pense nisso e decida
Tudo que posso pedir,
Pois nada pode impedir

Um amor quando se tem,
Não há nada que convença
Em amor a recompensa
Que em amor já me convém.
Pois sem amor, sou ninguém!

Princípio e Fim

Vencido pela saudade
Deixado na solidão,
Vai batendo o coração
Sem saber felicidade.
Procuro uma novidade
Que me traga teu perdão
Pelas ruas da cidade,
Mas só escuto teu não.

Tanta dor e tanto engano
Que já tive nesta vida
Meu amor logo decida
Qualquer que seja teu plano
Amor sempre soberano
Minha noite está perdida
Minha sorte decidida
Não quero viver insano.

Não me fale que esqueceste
Desse amor que tanto quis
Por eles vou infeliz
Em nada te convenceste.
Pois logo te aborreceste
Com os versos que te fiz,
Da saudade sou matiz
Desde que, amor, perdeste.

Nada faço sem perder,
Minha vida é incompleta
Nem consigo ser poeta
Quanto mais te convencer.
Tudo que quero saber
Qual teu rumo, tua meta.
Minha vida se completa
Nesse amor que quero ter,

Tua boca carmesim,
Tua pele de alabastro,
Meu amor perdeu o lastro,
Tenho que viver assim?
Mas eu tento até o fim.
“No meu céu, tu és meu astro,
Por isso sigo teu rastro,
És princípio e és meu fim...”
Bebendo do vento
A brisa que deu
A todo momento
Coração ateu
Não sabe da noite
Que trouxe esse frio
Coração vadio
A cada pernoite
Procura por ela
Que nada me fala
Coração se cala
E nada revela.
Total perfeição
A moça que tinha
No meu coração
Virou avezinha.
Fugiu desse ninho
Que tanto sofreu
Sou qual passarinho,
Que, triste, morreu!
Eu amo essa moça
Que já não me quer
De que serve a louça
Sem nenhum talher?
Procurando teu olhar
Nos olhos que não concebo
Onde posso te encontrar
Buscando não te percebo.
Nem nas estrelas que vejo
Nem na lua te antevejo.

Tenho os meus olhos cansados
De buscarem olhos teus,
Noites claras, calmos prados
Nuvens chumbo, negros breus.
Até no mar te procuro
No passado e no futuro.

Tanto tempo que te quero
Mas não sei mais onde estás.
Amor que tanto venero
Sem te ter cadê a paz?
Não vejo sequer pedaço
Vou perdendo p’ro cansaço.

Depois de muita insistência
Agora que me cansei,
Já quase sem paciência,
Depois de tudo, encontrei.
Do começo até o fim,
Escondida dentro em mim!

Amor e Ilusão

Eu nunca mais terei alguém assim
Que me traga o sorriso a cada dia
E me mostre que amar é poesia
E que o bem dessa vida não tem fim...

Que sorria comigo meu sorriso,
E que traga esperança no olhar.
Que saiba simplesmente amar,
Construindo sem dor, o paraíso...

Alguém que caminhe meu caminho
Pelas trevas e breus da solidão
Que saiba, delicada, dizer não,
Mas me traga a certeza em nosso ninho.

Eu jamais poderia me esquecer
De tudo que vivemos, nesta vida.
A dor que me trouxe esta partida,
Em meu peito, calando, faz sofrer.

Nunca mais poderei ser tão feliz,
Ao perder tudo aquilo que já tive,
Vontade de morrer, eu mal contive,
O meu céu, da tristeza fez matiz.

Toda noite que passa, inda procuro
Os olhares mais belos que existiram
E, que desde o momento que partiram
Tudo, no meu viver, ficou escuro...

Mas, à noite, sozinho no meu quarto,
Quando esse vento bate na janela,
Eu bem sei que decerto é, de novo, ela.
E nos seus braços, louco, então me farto.
Os céus estão em festa, meu amor!
Um ano a mais vivendo essa ventura
De estar ao lado teu, tanta ternura,
O mundo todo mostra este esplendor.

Recordo-me das noites que passara
À espera deste bem que nunca vinha.
Uma alma não suporta, se sozinha,
A dor que nos maltrata e desampara.

Por tanto que passei sem ter ninguém
A noite sem ter sonhos, enfadonha.
Promessas de uma vida mais risonha,
Na busca em desespero por um bem...

Em meio a tempestades que chegavam
Dos dias solitários que previa.
Embalde sem saber d’uma alegria
Os céus, sem esperanças, se nublavam...

Mas quando parecia mais distante
O rumo que tentava percorrer,
Das trevas, bela luz eu pude ver,
Um brilho diferente e deslumbrante.

Vontade de dançar a noite inteira
Vontade de sonhar sempre acordado,
Estavas finalmente, aqui do lado,
Em ti a derradeira companheira!

Mais um ano se passa e sou feliz!
Ao lado de quem sempre desejei
Rainha que, no mundo, me fez rei
Da vida quero mais e peço bis...

No nosso aniversário, se pressente,
Que sempre junto a ti eu hei de estar.
Contigo eu aprendi o que é amar.
A Deus agradecer esse presente
Que tanto procurava, pela vida.
E que recebo sempre, em ti, querida!
Tristeza de partir deixando o amor
Nas mãos desta saudade traiçoeira.
Os olhos embotados de poeira
No rumo da saudade, traidor.

Onde a dor se retrata mais tratante.
Destrata todo trato que tramamos
Momento em que por vezes nos amamos,
Ficando, nesta estrada, tão distante.

Os danos da saudade e da distância
Se podem destruir o sentimento,
Ao mesmo tempo traz o sofrimento
Que tento disfarçar com inconstância.

Fingindo que não quero quem eu amo
Esqueço que não posso te esquecer
Pois vivo meu viver em teu viver
E amo nosso amor, chama que chamo.

Pretendo que se fores, flores nego.
Beijando as flores belas do caminho,
Sabendo que se fores, o espinho
Em todas essas flores já carrego,

Mas medo de perder faz meu degredo
Na estrada que saudade me deixou.
Por isso meu amor eu tenho medo,
E não irei partir, aqui estou.

Tempo de Amar

Tempo que devorando me devora,
Acaba tão depressa que nem sinto.
O tempo que eu queria, não te minto,
Parasse e não passasse a toda hora.

Pressinto que não tenho tempo, amada,
De ter o teu amor que sempre quis.
Se o tempo de viver, de ser feliz,
Passando não me deixa quase nada.

Se espero, desespero, e não me tens.
E se corro, escorrendo o tempo voa,
Impávido não pára e nem perdoa.
Esquece tão depressa se não vens.

Portanto neste tempo tanto tento,
Que invento a todo tempo teu amor.
E se tento escapar, por onde for,
Teu amor nunca sai do pensamento.

Amor em Carrossel

Amor, quanto mais dou, maior eu fico
E nesta roda viva eu já me encharco
Descrevo toda vez esse mesmo arco
Que em mim nunca termina e multiplico.

Nesse moto perpétuo renovando
O mesmo sentimento que me move.
A pedra do caminho se remove
De amor que gera amor, me alimentando.

Se pago teu amor com mais amor,
Amor que te paguei, amor recebo.
Recebo tanto amor que não concebo
Que amor é desse amor o gerador.

Porém se me desejas desamor,
Amor que tanto trago não te basta,
A vida sem amor já se desgasta
E salva-se somente noutro amor...

Obra Prima

Fazendo a Natureza, a obra prima,
De todas as belezas, fez a sua.
Toda a divina chama continua
Mostrando amor de Deus, perfeita estima.

Estrelas nos olhares, radiantes.
Nas formas belas ninfas desejosas.
O carmesim dos lábios, roubam rosas
Desejos que seduzem, deslumbrantes.

Em toda a mansidão a tempestade
Não cabe nos desejos femininos.
Amores divinais, perfeitos hinos,
Em flores e suores, claridade.

Estampas a magia nos seus seios
Alimentam, por certo, esses infantes,
Alimento dos sonhos delirantes
Que amantes, torturando, traçam meios.

Vestida se desnuda então reveste
Meus passos na nudez que se prepara
Amando sem temer a jóia rara,
Dos sonhos de nudez, minha alma veste.

Amor Possessivo

Por seres da maneira que tu és,
Assim tão possessiva, mas formosa.
Transformas toda noite em gloriosa
Desde que eu sempre esteja assim aos pés.

Vivemos toneladas de prazeres
A cada novo dia que te adoro,
Porém se a cada dia não te imploro,
Prazeres se perdendo, não me queres.

Se quero teu amor, eu quero o gozo
Embora teu amor não seja meu.
Mas queres meu querer somente teu.
De tudo o que mais queres ‘stou cioso.

Não vejo meu olhar em teu olhar
Mas queres que eu enxergue por teus olhos.
Carrego meus espinhos, tantos molhos,
Sem olhos, como os olhos vou mirar?

Preciso de viver urgentemente
Urgente, é necessário que eu mais viva
A vida que da vida sobreviva
Não podes ter a minha totalmente!

Mágoas

Cansado de chorar a cada dia,
tristezas que me trazes a cansar-me.
Pedindo, por favor, quero o desarme,
antes que me desarme uma alegria.

Desamas se rechaças quem sempre ama,
embora não percebas, mas me cansa.
O sonho de viver já não se alcança,
nas dores que me causas, finda a chama.

Nas chamas que não deixas mais acesas,
amores se esfumaçam quando chamas
e dizes que, tristonha, ainda me amas.
Não creio nos amores em tristezas.

E tentas convencer que é mesmo assim,
Que a dor se cura em dor que a dor produz
assim como da luz se faz a luz.
Que todo meio sempre vem do fim.

Nas mágoas que magoas minhas mágoas,
Não curam minhas mágoas nem me deixam.
Os olhos embotados já se queixam,
de tanto que choraram , tantas águas...

Nas Batalhas do Amor

Por cima dessas mágoas que causaste
Em termos mais doridos que trocamos
Amamos e portanto desarmamos
As armas do combate, mas trocaste.

Vencido por verdugos sentimentos
Abates meus amores no combate.
Amando essa guerrilha me marcaste
Com lanças e terríveis sofrimentos.

Não quero combater a quem desejo,
No afã de me mostrar como se fere
Esfera desdenhosa que interfere
E causa sensação de nojo, pejo...

Rendeste meu amor em pouco tempo
Só pude, em desespero, te esperar.
Temperas teus desejos sem amar
E sempre que procuras, contratempo.

Atado sem sair, perdendo o espaço,
Disfarço meu cansaço desta luta.
Amor que se deseja e se reputa
Na disputa revela o seu fracasso!

Salmo 28 - Versos Brancos

Não te cales meu Pai, as minhas súplicas
Ouça pois minhas mãos estão erguidas.
Juntamente com ímpios, com iníquos,
Não me arraste, Senhor; falam de paz
Mas têm todo mal dentro de s’as almas.
Retribui-lhes segundo as suas obras
E segundo a malícia dos seus feitos.
Retribui-lhes o que eles mereceram.
Bendito seja o Pai por ter me ouvido!
Pois és a minha força e meu escudo,
Todo o meu coração, em ti, confio
Pois sei que sempre irás me socorrer,
E em teu nome, Pai, eu louvarei.
Do seu povo és a força e fortaleza
Salvadora p’ra quem, por ti, ungido.
Teu povo, salve Pai, abençoando
A tua herança, sempre, os exaltando!

Amor e Sofrimento

Queres que eu te dedique sofrimento?
Por tanto que não fiz e não faria,
Sem termos que lutar pela alegria,
Não valorizaremos sentimento.

A sorte que bafeja mansamente
Talvez não seja aquela que virá.
O mundo que pretendo nos trará
Um porto, nos receba calmamente.

Por vezes, desfavores são favores,
Amor que veramente tanto estimo
Não posso embriagar com o meu mimo.
A liberdade salva, então, amores.

Percebo que, pareça mais incrível,
Não queres meu amor, e sim o teu
Refletes tanta luz que morro breu
Embrenho meu desejo mais falível
Nas trevas que me deste como amor.
Não posso dedicar a minha dor!

XÊNIA

: significa estrangeira.

Das terras estrangeiras o meu sonho!
Em forma de mulher encantadora
Das dores que carrego, redentora
De todos os caminhos, mais risonho.

Quem teve tanta dor, mundo medonho,
Já sabe que ao te ter a vida aflora
E jamais deixará quem tanto adora
Não quero mais saber e te proponho

Que vivas, do meu lado, o que me resta
Abrindo meu futuro. Na seresta
Onde sempre estivemos, par constante,

A nossa melodia nos levanta.
E com bela voz , Xênia sempre encanta...
Deixa-me ser, da vida, novo amante!

Vívian, Viviane, Viviana...

Alegria



Alegria nascendo a cada dia
Trazendo um vento calmo de esperança
Na luta sem final contra a lembrança
De toda dor que mata a fantasia.

A cada novo tempo, a poesia
Inunda-se e não quer sombras da vingança
Rondando nosso amor em aliança
E trama contra a noite negra e fria...

Crisântemos florescem no jardim,
Eu guardo belas flores dentro em mim
Pedindo que este canto nunca engane.

Por mais que seja triste a madrugada
A vida se refaz nesta alvorada
Que me trouxe tanto amor de Viviane...

VITÓRIA

: nome da deusa mitológica que garantia a vitória.


A vida sempre trouxe tanta dor,
Embora em poucas lutas que venci
Guardei essa esperança por aqui
Sabendo que jamais verei a cor

Duma felicidade e seu calor.
Por tanto que lutei sempre esqueci
Que a noite quando chega traz em si
O frio da saudade em seu vigor.

Mas nada me trará outro caminho.
Meu mundo percorrer a pé, sozinho,
E nada mudará a triste história...

Porém ao acordar nesta manhã,
Ao ver essa menina, novo afã,
Será que enfim, terei minha Vitória?

VIRGÍNIA

: virgem, virginal.

Castelos e sereias, a princesa...
O corte tão profundo já levou.
De toda a fantasia que ficou,
Um gosto tão amargo da tristeza...

Mas a tarde trará nova certeza,
Mesmo que o sol que veio não brilhou
Outro virá trazendo o que sonhou.
Enfim te cercará de tal beleza

Que nunca lembrarás do antigo sol.
A vida te promete este farol
Que sempre te trará a claridade!

E tudo que parece tão distante
Muda-se, de repente, num instante,
Virgínia, e te trará felicidade!

VERÔNICA

Nos jardins desta vida, tantas flores,
Os retratos divinos da esperança.
Por onde meu olhar, feliz, alcança
Milhares e milhares, meus amores!

Um dia, nosso Deus em seus favores
Aos homens, nos deixou essa lembrança:
Apenas quem tiver alma tão mansa
Que saiba conhecer os seus olores

E guarde, na memória seus perfumes
Será um ser liberto de queixumes.
Por isso dos jardins a mesma tônica:

Felicidade está muito mais perto
Do que tu pensas. Disto esteja certo.
No meu jardim plantei amor: Verônica!

VERA

: fé ou verdadeira.


Não suporto a mentira que vivemos!
Somente uma verdade nos liberta
Disto que te falei esteja certa,
Assim em nosso mundo já morremos.

De tudo que na vida não sabemos
Apenas uma porta sempre aberta
Deixando essa emoção em vivo alerta
Teremos o futuro que queremos.

Não deixe que termine tudo assim,
Não sabe como dói amaro fim
Do amor que sempre quis a primavera!

Portanto não me mintas por favor.
Por fim irás matar o nosso amor,
Esmague, amada Vera, essa quimera!

VANESSA

: designa um tipo de borboleta.

Amor em suas asas tão serenas
Traz-me um gosto mais doce de saudade,
Que, ao relembrar, me dá felicidade
Das tardes que vivemos, bem amenas...

Um bando de fantásticas falenas...
Depois de tudo, a dor: fatalidade
Que cessa todo o sonho, liberdade!
Agora no meu peito, tantas penas!

Vencido pela tarde que se foi,
Meu canto angustiado, um peixe boi,
Aguarda pela noite que não vem...

Será que nosso Pai já me esqueceu?
Embalde, meu carinho percorreu
Em busca de Vanessa mas, ninguém!

VANDA

: peregrina.

Mares e marés, matas, cachoeira
O canto da promessa já se cala.
A dor que me tortura a vida inteira
Batendo nesta porta, entra na sala...

E traz a tempestade verdadeira
Que pesa em minha vida, dura mala
Que toma em meu destino, a dianteira.
Calando-me não deixa sequer fala.

Quem sabe encontrarei no fim da vida
Depois de tanto amor em despedida
Depois da solidão que me comanda...

No cimo das montanhas, meu cansaço,
A peregrina persigo, nenhum traço
Mostra-me onde encontrar a amada Vanda!

VALQUÍRIA

: na mitologia Viking, as valquírias eram deusas de grande beleza que carregavam para o paraíso os guerreiros mortos em combate.


Na guerra que travei eu quis a morte
Não venha discutir mas estou triste
Porém que sempre sonha não desiste
E a força que me move hoje é meu norte...

Tentei nessa batalha ter o corte
Profundo ao qual jamais alguém resiste
Para minha tristeza a morte assiste
E não veio. Vontade foi tão forte

Mas trago meu destino malfadado.
O tempo se passou, tudo acabado
Não pude desfrutar desta certeza.

Agora que estou velho, nunca mais.
O resto dos meus dias, vou sem paz
Pois não verei Valquíra e nem beleza...

VALÉRIA

: cheia de saúde.

Por tanto ou por um canto que não trago
Recebo teu perdão de sobremesa.
O rosto que se esconde, da princesa
Não deixa nem sequer mais um afago.

Na doce mansidão perdi meu lago
Agora se me banho é de tristeza.
Vencido por querer a realeza
O mundo não me deu sequer um trago....

Não deixe que a saudade te machuque
A morte sim, permita que caduque
E não venha falar de coisa séria.

A força que te move me remove
O beijo que me deste me comove
Me deixa alucinado: amor – Valéria!

VALDA/VALDETE

: dirigente.


Percebo meu futuro da janela
Espero mas não posso mais contar
Com a luz, com o brilho do luar
Já que nem toda noite se revela.

Meu barco vai sem quilha e perde a vela
Dentro de pouco tempo, naufragar.
Não quero ser sozinho e peço par,
Amor que me liberta desta cela

Por onde nem a luz deu sua cara,
Corcel que voa solto já dispara
Em busca de outro céu não se repete.

No risco que permite minha caça
Amor que não consigo se esvoaça
E dorme nos teus braços, ó Valdete

ÚRSULA

: pequena ursa.


Refeito deste susto que passei
Em busca dum amor mais que perfeito
Em mansa claridade já me deito
E quero me esquecer que nunca sei

Se queres ou não queres minha lei
Se sabes ou não sabes do meu leito.
Da boca que me morde o meu confeito?
Jamais serei aquilo que sonhei!

Eu quero a mansidão sem ter espora
A parte que me cabe não demora
Sei que serei feliz ao lado teu.

Mas posso te dizer deste meu verso
Que rasga sem temer teu universo
E acende a luz em Úrsula, sem breu...

TERESA

: a que veio da ilha de Tera.


Das distantes quimeras de minha alma
A luz sempre escondida, nunca brilha...
Meu pensamento, louco sempre trilha
Embora tanta dor não traga calma.

Futuro que se esconde em minha palma
Talvez inda prometa a maravilha
Atada no meu pé a triste anilha
Mostra-me que o futuro não acalma...

A minha sorte, embalde tanto insista
Não posso permitir que a morte assista
Sem ter nenhum clarão de tal beleza.

O canto que me trazem as sereias
Morrendo tresloucados nas areias
Dos deserto, se foram com Teresa,,,

TELMA

: desejo, vontade.

Eu sempre te quis, nunca percebeste
Em tua vida leve e sem pecado.
Meu mundo sempre trouxe amargurado
Desejo que jamais tu recebeste

Durante toda a vida. Nunca leste
Os caminhos que traça o triste fado.
O mundo, que percebes encantado
Te engana com pois em ouro não reveste...

Agora que tu sabes que te quero,
Embora doloroso, sou sincero
E trago, no meu peito, esta saudade

Dos tempos onde tinha um doce beijo
Que morreu p’ra nascer esse desejo,
Ter-te, Telma. Me mate essa vontade!

TATIANA

: variação feminina do nome do filósofo Tatiano.


Menina nunca esqueça que o encanto
Que trazes nesta vida é passageiro.
Depois deste janeiro, o derradeiro
Sonho virá trazendo um triste pranto.

E nestas flóreas sendas um manso canto
De um pássaro ferido por inteiro
Será talvez teu único parceiro
Todo universo está em desencanto!

Mas não temas a noite, ela virá
E tantos pesadelos te trará
Perceba, a juventude sempre engana...

Teus olhos de risonhos, doces brilhos,
Procurarão, embalde novos trilhos,
Feliz serás, mesmo assim, Tatiana!

TÂNIA

: forma familiar de Tatiana.

Relembro-me de tudo o que passei
Nesta busca infrutífera e sem fim
De tudo que guardei dentro de mim,
O mundo delicado que sonhei.

O resto de esperança que guardei
Num canto, abandonado, do jardim.
As horas se escorrendo vão assim
Como se fossem corpos que deixei...

Carrego tanta morte em meu passado
O coração bandeia e vai de lado,
Amores num rosário que desfio.

E Tânia, adormecida já ressurge
A dor que me causara sempre ruge
E me faz, novamente, o dia frio...

Tamires

: Paz

Não quero transformar a nossa casa
Num terreno propício para a guerra,
Amor sem ser feliz logo desterra
Ao ver nosso castelo ardendo em brasa.

Se tudo que vivemos nos abrasa
Total devastação na nossa terra
Meu barco, solto ao mar, à deriva, erra.
Sou pássaro perdido sem ter asa.

Em verdadeiro campo de batalha
Não posso mais conter, a dor se espalha;
E nada do que fomos vida traz...

Espero que te lembres de Tamires,
Em seu exemplo belo tu te mires
E em nosso mundo voltará a paz...

TAÍS

: penitente.

Não posso perceber quanta vitória
No gozo deste amor que sempre quis.
Se nessa amarga vida fui feliz
O gosto da delícia na memória.

Vencido pelo amor em plena glória
Não deixo meu caminho e peço bis
Recebo do teu céu lindo matiz
E mudo, num segundo minha história...

Bem sei que sempre sofres por enganos.
Teu coração permita novos planos,
Quem sabe encontrarás quem sempre quis.

Nos castelos sem fadas nem princesa
A vida se transcorre em tal leveza
Que sempre desejou minha Tais...

SUSETE

: diminutivo de Susana.

Vencido pela noite que chegava,
Deitado sobre a cama sem prazeres
Distante dos amores e quereres.
Aquela a quem amara não deixava

Sequer a sua sombra. Não contava
Com os olhos sombrio das mulheres
Que nunca mais teria. Mas se feres
Com a boca em mordida que beijava

Não podes entender que, nesta vida,
Nem sempre aguardarei a despedida.
Quem nos dá carinho nos reflete.

Portanto não se esqueça da semente
Que maltratada torna-se serpente,
Mas se bem cultivada dá Susete!

SUSANA

: lírio gracioso. É o nome da personagem bíblica que encama a castidade.


Nos campos onde espero ter meu fim
Os perfumes silvestres me dominam.
Minhas noites, nas flores se alucinam
E deixam bem distante meu jardim.

Tem rosas, tem crisântemos, jasmim.
Porém os tais perfumes desatinam
Aquelas que, passando, se destinam
Aos campos que inda guardo dentro em mim..

De todos os desejos que esqueci
Um deles rememoro quando vi
Dos sonhos que perdi, tanto martírio,

Os olhos perfumados, soberana
Flor, que sempre floresce em ti, Susana,
Que me perfuma o campo, branco lírio...

SORAIA

: estrela da manhã (o planeta Vênus).

Desta brilhante estrela matinal
Pressinto nosso amor como um corcel
Que, livre, caminhando pelo céu
Traz-nos esta alvorada divinal!

Quem dera viajar por belo astral
Em busca deste belo carrossel
Que trouxe nosso amor num carretel
De estrelas com doçura virginal.

Não deixe que a manhã tão ciumenta
Encubra tanto brilho. Violenta
Esta aurora te pede: nunca raia!

Porém em minha vida minha amada
A vida já se mostra irradiada
Nos olhos qual fogueira, de Soraia!

Solidão

Seu riso tão medonho me apavora.
Ouvindo essas pegadas pela noite
Levanto, lhe procuro, mas demora;
Inverno dentro d’alma, um frio açoite
Destrói e me tortura, nunca pára.
Aguardo em minha cama, seu pernoite
O braço que me estende me antepara...

Solange

: Majestosa, solene

Angelical formato majestoso
Que sempre me iludiu, agora vejo.
Foram tantos momentos de desejo
E jamais esperava pelo gozo

De poder me sentir tão orgulhoso
Por roubar desta deusa um simples beijo!
Lembrando deste fato então versejo.
Meu mundo não se mostra tenebroso...

Nos céus que te procuro nunca estás,
Na mão que me acarinha mais audaz
Eu sinto essa presença que inebria...

Em Solange uma arcanja em delírio,
Em tuas asas deixo meu martírio
Mergulho na infinita fantasia!

Sofia

: Sabedoria


E Vênus procurava quem seria,
Dentre todas as damas e princesas
Aquela que por ter delicadezas
E formas que gerassem alegria,

Pudesse competir com ela, um dia...
Em todos os momentos, incertezas
Criadas pelas várias naturezas
Que fazem da mulher a fantasia;

(Encontrou na beleza de Sofia...)

Porém, no momento de vingança
Uma deusa detém a dura lança
E pára com tamanha rebeldia...

Minerva ao ver a sua protegida
Salvou a preciosa e bela vida.
No belo também há sabedoria!

Simone

: Aquela que ouve, ouvinte

Os sons desta alvorada em minha vida
Refletem mansidão que sempre quis
A vida se transforma em seu matiz
E traz essa esperança adormecida...

Mentiras e verdades, despedida
Sempre traz, não se escreve o que se diz.
Porém quando no mundo for feliz
Não deixe que a saudade dolorida

Traga o gosto feroz desta vingança.
Não derretas o resto da aliança;
Apenas reconstruas tua estrada.

Simone, uma princesa que é tão cara,
A treva em tua vida já se aclara.
Apenas vem surgida a madrugada!

Silvia

: A que pertence à selva


Nossa noite será bem mais tranqüila.
Os ventos que sopravam se acalmaram.
Os medos que tivemos se acoitaram
A lua enamorada sobre a vila...

O canto que trouxeste já destila
O gozo dos que nunca procuraram
Outro colo sequer pois se encontraram...
A vida não perdoa quem vacila

Por isso nosso amor sempre vigio,
Em momentos mais belos, pleno cio,
Eu penso em preservar nosso desejo.

Não me envergonho e grito a todo mundo
Que da força do amor eu já me inundo
Com Sílvia, em minha vida, eu sempre vejo.

Silvana

: Que vem da floresta, das selvas

As matas me preparam a surpresa...
Encontro várias garras afiadas...
Minhas costas estão todas lanhadas
Pela força que emite a natureza.

O manto que te cobre, de nobreza
D’ébano. Mal surgidas madrugada
Os rastros tão sutis destas pegadas
Me levam à fantástica beleza!

As unhas me penetram e torturam
As presas me maltratam e me curam.
A vida me parece soberana!

Em múltiplos delírios sigo a noite,
O beijo da pantera, meu açoite;
Os olhos tão brilhantes de Silvana...

Shirley

: Brilhante


Falar do nosso amor é repetir
Os versos que procuro pela vida.
A noite sem te ter cai dolorida
Estrela sem te ver não quer mais vir...

Então eu venho em preces te pedir
Que nunca mais me fale em despedida.
A morte sempre atenta e desmedida
Quem sabe, de repente, vai surgir?

Me deixas cada noite, vais aos céus
Levando em tuas mãos os alvos véus.
Em prantos minha noite continua...

Mas Shirley, minha deusa por que esfumas?
As noites tão distantes perdem plumas
Mas ganham no teu brilho, minha lua!

Sheila

: Ausência de visão


Embalde tantas vezes procurei
Pelas ruas e estradas, o meu rumo...
Por vezes acredito que acostumo,
Mas sempre que puder eu lutarei...

Esse caos que em meu mundo foi a lei
Não pode permitir meu novo aprumo,
Em espinhos fatais já me perfumo.
Porém deste seu rosto esquecerei!

Não me venha falar inda me quer.
Eu busco cegamente uma mulher
Que me traga essa luz que já vivi.

Em Sheila irei buscar a claridade,
Embora na cegueira da verdade,
É nela que estará o que perdi!
O que seria o mundo sem coração? Exatamente o mesmo que uma lanterna sem luz: nada! Goethe

Quem não ama e não sente desta vida
O gosto da alegria e da tristeza
O sonho e fantasia da beleza,
A glória de viver se foi, perdida...

Também quem não sentiu o vento manso
Batendo levemente no seu rosto
Ou não teve sequer nenhum desgosto
E nunca descansou em um remanso.

Quem jamais percebeu suavidade
Na mão que acaricia levemente,
Quem nunca teve o gozo da semente
Que brota, num segundo, eternidade;

Vencido pelo medo nunca amou
Nem soube da fantástica ilusão
Que comanda esse jovem coração
Num rumo mavioso, Deus traçou.

Quem jamais sentirá dor e saudade
Do beijo que esta vida nunca deu,
Quem sempre se esqueceu e não viveu,
Distante se escondeu da majestade

Divina desta vida em pleno gozo.
Não sabe do sabor e frescor d’água
Da fonte cristalina. Pura mágoa
Domina um ser humano desastroso...

Pois quem, sem coração, vai pelo mundo,
Mal sabe que jamais será capaz
De entender o valor da eterna paz.
Pois nasceu e morreu, tudo num segundo...

Selma

: Variante de Anselmo, protegido pelo elmo divino



Deus protege quem ama e não maltrata,
Essa verdade trago sempre em mim.
Quem faz do amor princípio meio e fim,
Conhece a maravilha da cascata,

Já teve seu prazer na serenata,
Sente a delicadeza do jasmim
E sabe cultivar belo jardim.
Das flores, com carinho, sempre trata...

Pois tive essa certeza, minha amada,
Quando a vi me trazendo essa alvorada
Co’o brilho matinal de forte sol.

Minha vida, de novo em primavera,
A morte sem perdão desta quimera.
Em Selma, linda luz deste farol!

Sebastiana

: Aquela que é venerada e reverenciada


Venero nosso amor, tenha certeza.
Quem sabe não precisa discutir
O mundo que perdi está aqui
Nos lábios que refletem a beleza...

O rio deste amor, em correnteza
Carrega tantas dores que sofri.
Se o fio da meada eu já perdi
Encontrei no teu braço a fortaleza.

Amor que nunca pede um vil engano,
E traz a juventude como um pano
De fundo que reveste minha amada.

A noite que não trai traz Sebastiana
Em meio à fantasia mais temprana
És, pela vida afora, venerada!
Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável. Sêneca


Procuro por um ponto de partida
Que leve meu saveiro para o mar
Evitando as procelas. Navegar
Calmamente, sem dores, pela vida...

Eu sei que esta viagem traz os medos
Naturais de quem sempre foi sozinho.
Mas sei quanto é preciso ter um ninho
Depois de tantas lutas e degredos...
Se quiseres conhecer uma pessoa, não lhe perguntes o que pensa, mas sim o que ama.
(Santo Agostinho)
Quando te conheci eu já sabia
Que teria em minha vida tal beleza
Emoldurada em luz, viva certeza
E que sempre me encanta, a cada dia...

Pois sei que és rara e guardo tua luz
Que me protegerá a vida inteira.
Serás a derradeira companheira
Sem a qual a vida não conduz

Ao destino feliz que se deseja.
Pois embora não saibas, te conheço,
E nisso tudo vejo e reconheço
Que estás dentro daquilo que eu almejo.

Ao te ver passeando pela estrada
Na mansidão suave de teus passos
Prendi de imediato todos laços
E sinto que acertei nesta mirada.

Bem sei do que preferes, nesta vida
Amores que traduzem todo o norte
Que traças com teu pulso firme e forte
Mesmo quando a tristeza for sentida.

Eu, que muitas vezes me enganei
Achando que encontrara minha sorte,
Aos poucos se revela a dura morte
De todos os destinos que tracei.

Depois destas quimeras mil enganos.
Depois destes tormentos e desditas,
Das falsas e terríveis, más pepitas
Que marcaram com traços desumanos,

Descobri que não basta só saber
De onde vem p’ra onde vai, como se chama...
Simplesmente sabendo do que se ama
Já se torna possível conhecer
Se queres vivem bem para ti, deve viver bem para os demais. Lúcio Anneo Sêneca

Se queres alegria, a distribua.
A vida necessita do sorriso.
Pois a morte virá sem ter aviso
E quem sempre sorri, manso flutua...

A tua vida espelha a minha vida,
Estou em feliz em ti e vice-versa,
O resto, neste mundo, é só conversa;
A lua que não se acha, vai perdida...

Espero teu carinho em ansiedade
Esperas meu amor tão calmamente,
Unidos, nos tornamos, de repente
Um elo que trará eternidade...

É bom saber que sempre estás feliz,
Embora tantas urzes nos caminhos.
Essas águas que movem os moinhos,
Nunca voltam jamais pedirão bis...

Mas seja, desta casa, a claridade.
Entregue teu amor manso e sincero,
De ti jamais desejo nem espero
Pois sei que tu trarás em liberdade.

De tua mocidade traga o brilho,
De minha sobriedade deixo a vela.
Do encontro divinal já se revela
O rumo que teremos, nosso trilho...

Eu sou feliz por seres sempre minha,
Nas horas mais difíceis, o meu porto.
Um dia, quando o sonho semimorto,
Irei para os teus braços, andorinha.

E fecharás os olhos de um poeta
Que amou e que sofreu demais na vida.
E mesmo assim na nossa despedida,
Saiba que nossa vida foi completa!
Se não tivéssemos defeitos não sentiríamos tanto prazer descobrindo os dos outros. Conde de La Rochefoucauld


Sei que não sou perfeito e não serei.
Eu trago um triste fardo e nunca nego
Dos ancestrais humanos e carrego
Com toda mansidão que sempre usei.

Quem sabe seus pecados dá um passo
Importante na busca do perdão
E mata, pouco a pouco, a solidão.
A mão que me desenha esquece o traço

Mostrado num espelho que destrói.
Não fale dos meus erros como sendo
Aqueles que condenam, mesmo crendo
Que conhecer-se sempre só constrói...

Mas sei por que sempre ages desta forma,
Te dá prazer saber: não sou perfeito.
Com isso também se achas no direito
De romper sem temor a regra e norma.

Teu regozijo, sinto, em minhas falhas.
Escute eu nunca quero o teu fracasso.
Mas serás mais feliz se romper laço
Atado nos meus atos que embaralhas

Com os teus. Pressentindo vou dizer;
Querida tu procuras teu disfarce
Tentando te encontrar na minha face;
E nisso desfrutar do teu prazer!
Se choras porque não consegues ver o Sol, as tuas lágrimas impedir-te-ão de ver as estrelas. Tagore


Quando estás solitária e tão tristonha,
Envolta em tempestades violentas
As nuvens se aproximam, chegam lentas
Do belo dia em treva mais medonha!

Tuas lágrimas formam forte chuva,
Se evaporam e voltam nas tempestas.
Não deixam neste espaço sequer frestas,
Inundam o teu leito de viúva...

Tristes nuvens tomando todo o céu...
O sol, envergonhado, não desponta.
O mundo num dilúvio se dá conta
E manda a mansa noite como um véu...

Porém nem tanta estrela e plena lua
Não conseguem vencer o negro manto
Que cobre o teu olhar perdendo encanto.
A dor, em plena noite continua...

Um dia, o sol virá com claridade
Absoluta, vencendo o sofrimento.
O tempo vence tudo: esquecimento.
Não restará sequer uma saudade...

Aí, com força plena de seu brilho,
O sol invadirá o teu sorriso,
Trazendo p’ro teu mundo o mais preciso
E claro rumo, um sempre claro trilho.

Verás então estrelas, lua e sol,
Com toda a fantasia que merecem,
Os amores, as dores, sempre tecem
No fim da tempestade um bel farol.

Não deixes que essa dor, essa tristeza,
E o medo de sentir raio solar
Impeçam a tua alma de voar
Nos céus que nos envolvem em beleza.

Amiga, ser feliz é simplesmente
Deixar que o sol rebrilhe em tua vida
A sorte que julgavas já perdida,
Retorna num segundo, de repente!
Se alguém está tão cansado que não possa te dar um sorriso, deixa-lhe o teu. Provérbio chinês

Eu sei que estás cansada desta vida...
Tantas dores mataram teu sorriso
O mundo te negou o paraíso,
A sorte que querias, vai perdida...

Aquele que sonhavas foi embora.
O dia prometido nunca veio.
Deixando o teu olhar a esmo,alheio...
A dor mais violenta já se aflora.

As promessas e enganos te levaram
Aos mais distantes campos da existência
Onde a dor se assomando sem clemência
Teus sonhos nos amores naufragaram...

Adormeces sozinha, sem ninguém,
E pensas que esta vida já se esvai..
Pensaste ser feliz, a noite trai
E nunca mais será a do teu bem...

Vestida de viúva, guardas luto
Em mortalha sofrida e sem encanto,
Teus olhos sempre vertem-se no pranto
O vazio da noite, é sempre bruto.

A máscara dorida da saudade
Está tomando o rosto de quem ama.
Não resta nem sequer faísca e chama
A morte te promete lealdade...

Não posso te dizer quase mais nada,
A não ser que estarei sempre contigo,
Eu tento proteger-te do perigo,
Da dor que sempre traz a madrugada.

Amiga, minha amada te proponho
Um dia mais feliz de mansa lua
A vida não se acaba, continha
Embora teu tormento mais medonho.

Se não posso trazer-te o paraíso,
Se não posso fazer-te mais feliz,
Eu te darei, ao menos, mais gentis
Sonhos. E, se quiseres, meu sorriso!
Se ages contra a justiça e eu te deixo agir, então a injustiça é minha. Gandhi

Seus erros são meus erros, meu amor.
Bem sei que sempre estamos tão unidos,
Os campos que freqüenta, mal floridos,
Não cultivei, deixou morrer a flor...

Muitas vezes a gente não percebe
As falhas que levamos pela vida.
A marcha pode ser mais dolorida
Se as urzes permanecem nessas sebes.

Amar não é somente acalentar,
Se precisar, também é corrigir,
Só ter a liberdade de ir e vir

Muitas das vezes trai o vero amar.
Não queira mais, por isso punição.
Eu lhe peço querida, seu perdão

Sara

: Princesa


Beleza tão sutil e delicada
Caminha pelo reino dos meus sonhos...
Morando nos castelos mais risonhos,
A mão que acaricia, mão de fada...

Vestida em maviosa madrugada
A lua proibiu mares tristonhos
Desertos dos amores, mais medonhos
Nunca mais virão, minha adorada!

O canto da sereia que me ilude
Na voz dessa princesa traz saúde...
Toda a dor desse mundo ela antepara

Com seu sorriso manso e desejado.
O meu mundo será sempre encantado
Enquanto estás aqui, princesa Sara!

Sandra

: Defensora da humanidade


Em seus braços eu vivo uma ilusão,
Seu amor me defende e nisso sonho.
Pois tudo nessa vida a que proponho
Encontra em seu carinho, proteção...

Não sei o quanto custa uma paixão
Sem ser correspondida. Trago a sorte
Bendita e benfazeja do seu norte.
Em seu nome, a perfeita tradução...

Mas, quando a madrugada traz o frio,
O medo de perder, um calafrio,
Abraças-me em perfeita sincronia.

Sandra eu viverei sempre do teu lado
Sem temer a saudade nem o Fado
Em nossa cama reina essa alegria!

Samara:

Aquela que é guardada por Deus, protegida por Deus

Meu Deus quando te fez nunca pensara
Que tudo que sonhei estava em ti.
As dores que passara, já perdi
Nos teus olhos amada jóia rara...

Em busca da doçura, a vida amara
Te escondeu mas, deveras, ei-la aqui
Os medos que maltratam já venci.
Agora sou feliz, minha Samara..

Carrego minhas cruzes meus espinhos
Mas tenho a recompensa dos carinhos
De quem, num belo dia, Deus me deu.

Meu jardim florescendo em teu perfume,
Não guardo dessa vida um só queixume.
Pois sei que nosso amor, Deus protegeu!

Samanta

: Ouvinte

Escute meu lamento, por favor.
Minha voz embargada te suplica
A noite sem amor já se complica
E espera um novo canto com ardor!

Sonhamos nosso caso com fervor
Porém a dor não cala e já replica
No amor, delicadeza de pelica,
Na vida essa rudeza sem amor...

A minha mocidade não suporta
Escuridão. Fechada a minha porta
Nada mais restará, a alma se espanta

E busca, com certeza uma paragem.
Te quero, companhia na viagem
Que leva até a morte. Vem, Samanta!

Sabrina

: Donzela sabina, antigo povo itálico

Mergulhado em total obscuridade
Meu coração desanda a procurar
Nos raios deste sol e no luar
Amor que me trouxer tranqüilidade!

Depois de tanto tempo de saudade
A vida necessita de outro mar
Que possa finalmente, navegar
Sem temer a terrível tempestade.

Vencido por tormenta e desafio
Andando sem ter rumo neste frio,
Meu coração transtorna e desatina.

Agora que parece que não tenho
Esperanças. Que cego e só já venho,
Encontro meu amor em ti, Sabrina!
Quem, nesta vida, sempre imerso em pleno lodo
Espera pelo mar em noite maviosa,
Aguarda na esperança o perfume da rosa
Não sabe que será simples parte do todo

Que formando um conjunto esparso em todo espaço
Faz parte como tudo em volta, natureza.
Não sabe conhecer sequer uma beleza
E perde todo o tempo em vôo cego e baço.

E tudo que aprendeu esquece totalmente
Não sabe que esta vida esboça a forma santa
Da natura tão febril, dessa alegria tanta
De ser uma fração de tudo, simplesmente...

Pois neste vasto mundo a força mais robusta
Não sabe seu caminho, espera seu destino
Na lua que nasceu a vida de um menino
Não sabe se será ou não será augusta.

Não há sequer quem viva em total claridade
Assim caminha a vida em luta desumana,
A luz que nunca brilha em pouco tempo emana
Aquele que não sabe e perde essa verdade

E acha que desse mundo é parte mais imensa
Um dia saberá imerso em turbilhões
Que fora mera parte, uma gota em bilhões
Felicidade então será t’a recompensa.

Pois todo esse universo em margem infinita
Circula num caminho estranho e sem final
No rumo que não traço imenso e sideral
Apenas uma coisa em todas é bendita

E sempre se trará no rosto mais feliz,
O gosto da conquista, o louro da vitória
Por mais que maiorais não trazem toda glória.
Na opressão de minha alma, o medo me desdiz.

Quem dera se tivesse o rumo que esperei
Por mares sem sentido em busca da verdade
Nas luas que vasculho a mera claridade
Não trazem o que quero, e não serão a lei.

Com meu olhar mais fixo espreito meu futuro
A porta que se fecha, abertos meus umbrais,
Deixa-me nessa espera, aguardo e quero mais
Da vida que não tramo o chão que piso, duro...

A mão do meu destino espera sem demora,
A prece que não fiz, o manto que me cobre
Na noite que não traz o sino que se dobre,
E tudo que não pude o sonho rememora.

Se fiz minha cantiga aguardando alvorada
Que jamais terá sido aquela que esperava,
Talvez sem ter carinho a noite me tragava
E depois me deixava exposto sem ter nada.

Marcadas pelo açoite em busca desta serra
Que pode me levar aos campos que desejo,
A parte que me cabe, em lágrimas, não vejo
Esconde-se ferina e matando desterra...

Por mais que sempre tento esbarro sem resposta
Na dor que não se cala, o gozo e a saudade.
Não sei mais ir liberto, em tal disparidade
Que faz do meu futuro uma simples aposta.

No sonho que propus um pouco de esperança
Espera sem demora o fim desta tristeza
A mágoa e a mentira, o laço da riqueza
Que trava e não perdoa e nem a vida alcança;

Busquei felicidade, essa libertação,
Nas mesas do banquete em festas e navios,
Saveiros, mansos cais, orgias loucos cios,
No rosto da promessa em toda vastidão.

Nas jóias, no castelo, em tudo com fervor,
Por mais que procurasse um sonho tão risonho,
A cada dia via um olhar mais tristonho
Em cada novo rosto expressão de pavor...

Nesta alegria falsa, o riso sem motivo,
Na festa que termina e nunca determina
Nos céus que imaginei, em nada se destina
A tal felicidade, o meu sonho mais vivo.

Depois de, já cansado, esperar pela resposta
Por mundos viajar fiquei decepcionado
E resolvi dormir, exposto ao duro fado.
Nunca serei feliz! Eu perdi minha aposta...
Porém, na noite calma, um suave calor,
Em sonhos, de repente ouço uma mansa voz
Que fala bem baixinho: o mundo é bem atroz
Mas a felicidade? É simples, está no amor!