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Saturday, August 5, 2006

João Polino e Jimico

Naquela tarde, João Polino não queria fazer mais nada, a não ser descansar e olhar para as nuvens.
Aos oitenta e quatro anos, dera para olhar para as nuvens e tentar adivinhar os desenhos que elas, porventura, faziam.
Já se ia muito distante o tempo em que corria atrás dos passarinhos, armando arapucas e alçapões.
Menino ainda, tivera que trabalhar, mas a delícia do correr livre, dono de todas as artimanhas e estradas, sabia todas as manhas dos bichos do mato.
Sabia a luta do tatu pela sobrevivência, cercado pelos cães, cavando rápido o buraco na terra e se tornando inatingível.
Sabia o canto dos passarinhos em busca de fêmeas, encontrando muitas vezes o estilingue certeiro de João Polino.
Quantas rolinhas e inhambus viraram almoço para o moleque descalço que corria pelas cercanias de Santa Martha...
Trazia, do lado, a garrucha velha e quase sem serventia, a não ser valentia. Mas valentia boba, sem necessidade, simples falácia e farsa.
Fora sempre de paz, as confusões em que se metera, foram simples invencionices de menino falastrão.
O vilarejo crescera, nesses quase oitenta anos; já contava com quase cem moradias. Algo extraordinário para quem vira, praticamente, nascer o povoado.
As primeiras casas de pau a pique, com teto de sapé, ( eles insistem em chamar de sapé, embora o dicionário diz ser sapê), sem luz, por onde a cobra entrava para mamar na mulher e deixar a criança mamando, faminta, o rabo; ludibriando, assim, a boa fé da pobre mãe da criança.
O sapo cururu cantando no rio e pulando de frio...
Frio, a casa fria sem luz, sem móveis, sem conforto.
Mas, as crianças cresceram ali, sem luxo mas com dignidade.
A missa aos domingos representava o banho na véspera e os pés tinham que se adaptar aos sapatos.
Sapatos cobertos com as galochas, para não se enlamearem, nos dias de chuva, nem para ficarem empoeirados, nos dias de sol.
O fogão a lenha fazia as delícias que sua mãe e sua irmã, Oracina, tão bem sabiam fazer.
A batata doce assada, o café de guarapa, a lingüiça de porco, a carne de lata, guardada na banha. A broa de fubá quentinha, de manhã, antes de ir para o trabalho.
Delícias que o tempo levara para nunca mais.
Agora, o conforto da eletricidade e do calçamento das ruas, aposentaram a serpentina e a galocha.
João sabia que o tempo era outro, que a vida era outra, mas a saudade insistia em bater na porta.
Saudade da mulher, nova e bonita, a menina que esperara crescer para poder ser sua. Sua mulher, mãe de seus oito filhos.
Seis vingaram e cresceram fortes e trabalhadores.
Mas todos tinham aquele ar de liberdade que João cultivara desde menino.
Nos idos dos anos sessenta, quando os guerrilheiros resolveram invadir o Caparaó, a casa de João serviu de abrigo para aqueles moços que falavam em liberdade.
Do palavreado deles restou o “camarada”, repetido a toda hora pelo velho libertário.
Aprendera a ser, teimosamente, da oposição. A qualquer um, desde que fosse governo.
Nunca se cansava de dizer que tempo bom, “era o tempo de antes”, mal percebendo que falava não do mundo, mas do seu mundo, saudoso dos seus vinte, trinta anos...
Mas, com o nascimento de seu neto caçula, dera para se transportar para a doçura da infância.
O João valentão, temerário, sonhador, dera lugar ao avô extremamente dedicado, apaixonado por aquele menino lourinho, ruço, que andava pela casa a fazer todas as artes possíveis e imagináveis.
O pai do menino, Marcos, permitia uma liberdade absoluta para o garoto, o que trazia, na lembrança de João, seus dias de menino criado pelas irmãs e pela mãe, já quase idosa.
Temporão, avô aos oitenta e dois anos. Tragando de novo, a infância livre nos olhos e gestos do “Jimico”, forma carinhosa que chamava o garotinho.
Agora, não sabia bem porquê, dera de olhar para as nuvens e tentar adivinhar as formas que elas desenhavam no céu, mal sabendo que ali estava o resgate da felicidade escondida, num tempo distante e reacendida pelo moleque ruçinho que anda correndo, solto, pela casa...

Trovas e contra trovas Amita e Marcos

Segredos me traz o vento
rodopiando ao passar
e me leva o pensamento
pelas correntes do mar

Belos e doces momentos
do vento dançando no ar...

Aqui o fado é saudade
Aí se samba alegria
Na distância a amizade
de cor me enche o dia.

Assim meu canto suave
sempre enlaça fantasia...

Amita http://brancoepreto.blogs.sapo.pt


O vento que, em tempestade,
Transforma tal calmaria,
Trazendo felicidade,
Onde mais nada existia...

Vento que queima e que arde,
Transborda na poesia.,.

A saudade é lusitana
E brasileira também,
O vento nunca se engana,
Vento que vai e que vem

Vento me traz, doce nave,
As notícias de alguém...


Marcos

Trovas e contra trovas Amita e Marcos


Te escrevo? Escrevo não!

Vou mandar um segredo
dos que voam sem medo
p'los cantos do coração.

Te escrevo? Escrevo não!
Me perdem palavras tuas
como brilho perde a Lua
ouvindo de ti, a canção.


Se t'escrevo?! Porque não?

Amita http://brancoepreto.blogs.sapo.pt


Tanto canto que me encanta,
Tem teus versos, minha amiga,
Ao lê-los, minha alma canta,
A nau, sem rumo, periga...

Tanto canto que me encanta
Traz, no vento, a poesia.
Tanta vida, vida tanta,
Brilha a luz nesse meu dia.

No teu canto, a fantasia...


Marcos

Trova

Batuca o peito safado,
Não para de batucar,
Meu amor, peito calado,
Não se cansa de esperar...

Trova

Galo cantando me chama,
Acorde, vai trabalhar...
Minha amada me reclama,
Como posso namorar?

Trova

Vai cantando, passarinho,
Vai cantando, curió.
Meu canto está tão sozinho,
Do meu canto tenha dó...

Trova

Pescando por esse rio,
Encontrei falsa sereia,
Coração, bicho vadio,
Tomando paixão na veia...

Trova

Quis teus olhos, poesia,
Nada encontrei, no final,
Minha noite se fez dia,
Acabou meu carnaval...

Trova

O cigarro já me queima,
A cigarra já não canta,
Meu amor, virando teima,
Irrita bem mais que encanta...

Trova

Vi teus olhos, nesse espelho,
Vi neles os meus reflexos,
Olhos tristes e vermelhos,
Traduzindo meus complexos...

Trova

Resta o tempo da saudade
Resta o tempo, solidão,
Resta só felicidade
Escondida no porão...

Trova

Vento norte, vento sul,
Pintando tudo de anil,
Celebrando todo azul
Desse céu do meu Brasil...

redondilhas

Não teimo nem temo a sorte
Do norte perdido em vida
Da vida perdida ao norte...
Dessa morte concedida.
Eu faço dela, meu mote,
Dessa paz, tão ressentida,
Não há dor que me transporte,
Vai a vida, nau perdida,
Procurando velho bote
Por onde possa a partida
Representar tanto porte
Que não seja despedida
Nem vida que mais se esgote.
Que seja luta vencida
A guerra que não suporte,
Que seja minha descida
A subida que comporte,
O meu último soneto...

Divagações



A vida- triste alma louca-
Que percorre nossa boca,
Deixando um amargo fel!
De riquezas, faz-se pouca,
Da desdita, faz seu mel.

Se te procuro, esperança,
Num sorriso de criança,
Faz-se lamento sem fim,
Deixando só a lembrança
Da criança que há em mim...

Se, de amores, faço vida,
Ela, moleca sabida,
Zomba sempre, sempre ri;
E te vejo assim, perdida,
Vida, que tanto sofri!

Procuro um colo materno
Para agasalho, no inverno,
Nada encontro, nada sei;
Percorro então, esse inferno,
Da vida que já passei...


1990

redondilhas

Nunca mais falar teu nome,
Nem tampouco ouvir a voz,
Tudo queima, me consome,
Some o que já fomos nós...
Quero teu corpo somente ,
Semente de tantas esperas,
Minhas feras, simplesmente,
São minhas velhas quimeras...
Nunca mais saber de ti,
Vivi a procura louca,
Bocas tantas que mordi,
Perdido por tua boca...
Nessas horas mais aflitas,
Gritas por meu nome tanto.
Tento o vento que agitas,
Infinitos teus encantos.
Sei que andas tão distante,
Instantes são mais eternos,
Ternos sonhos, constante
Amantes parecem ternos.
Mas a dor que te provocam,
Invoca meu nome, Maria;
Dia a dia eles convocam,
Sentimentos, poesia...
Horas e anos, atrás,
Amores e dores cegam,
Me esquecer, se for capaz,
Todas as coisas te negam
Arrependes? Nada feito.
Não quero mais o perdão
Pela vida, satisfeito
Pelo sim e pelo não.
Nas curvas dessa seara,
Nos medos do meu sertão,
Essa dor? A vida apara;
Sobrevivo ao velho chão.
Sento os olhos no horizonte,
Busco a lua nada vejo,
Subo, enfim, no velho monte,
Onde enterrei meu desejo.
Minha carne vou expondo,
Podre carne sempr’ às moscas,
Meus sonetos vou compondo,
Nessas paisagens mais toscas.
Meu passado não procuro,
Nem escondo por vergonha,
Se passei por medo, escuro,
Nova vida a vida sonha.
Se cansei de nada ser
Não procuro pela culpa,
Me importa, somente ter
A vida como desculpa.
Quero beber nova boca
Quero sorver mais saliva,
Não irei dormir de toca,
Ser do canhão, a ogiva...
Quero ser somente luz
E não ter mais ferimento,
Quero a lua que conduz
Ao azul do firmamento.
Quero o verde matagal,
Amarelo desse ouro
Brincar no meu carnaval,
Procurando meu tesouro.
Quero o sabor como lábio
Mergulhar nesse oceano,
Vida corre, tudo é lábil,
Acaba, descerra o pano...
Não tenho essa pretensão
De viver eternidade,
Quero somente a atenção
Dessa tal felicidade.
Nem que seja pra dizer
Você não merece perdão
Não vou conseguir morrer
Sem ter paz no coração.
Sem a certeza da sorte
De poder ter a certeza,
A de que, na minha morte,
Mesmo com a ligeireza
De quem não quer majestade,
E só quer essa certeza,
Ser amado de verdade...

mote - moto - terra, terremoto...

Quero teu corpo, corpo e alma, alma e sonho
Sonho teu sonho, ponho meu sonho em teu sonho,
Em teu sonho ponho corpo e alma, anima, animal.
Mal sei seu seio, seu ser não sei serei ou não seria.
Se ria e não seria, séria série, sertão.
Ser tão e nada ser, nadar sem ser mar, mar amar...
Amar Maria, amaria, amar e rir, rio e mar...
Quero fero acero e seara, sendo senda renda e venda.
A venda à venda venda os olhos.
Molhos e melões, meus leões e minha lira.
Maria, nada mais mar e ria...
Rindo do vindouro ouro que nunca veria, nem viria.
Varro a sanha e a senha, venha...
Tenha tento, tento tanto, canto e canto encanto...
Em cada canto, celacanto tempestade, peste há de me dar medrar e morder.
Mor de todos os lodos e lados, lagos e afagos.
Alagoas, as lagoas, as algas e águas ardentes.
Dentes entre dentes como dantes, dantesco colosso.
O osso que oprime, primeiro meio e método.
Todo meu antídoto, ante todo e antes de tudo.
Vê ludo vedo veludo, véu e lodo. Odor acre, ocre...
Vi vivi viveria...
Veria se vi o que teria, queria ou não queira.
Na beira dos beirais dos areais reais e fantásticos.
Os estáticos e tácitos táticos tentáculos, oráculos...
Mas, no fundo, oculto meu culto é teu, te amo, ateu coração...

Moto...

Minha vida segue o tempo;
Tempo que não mais termina,
Termina como contratempo
Contratempo que alucina,
Alucina minha vida,
Vida que não mais concebo
Concebo na despedida,
Despedida que recebo.
Recebo doce saudade
Saudade que me maltrata
Maltrata a felicidade
Felicidade me mata,
Mata de dor e de riso
Riso que não me pertence,
Pertence a paraíso,
Paraíso que convence
Convence que mais preciso,
Preciso dessa manhã,
Manhã que brilha, azulzinha,
Azulzinha, a vida vai vã,
Vã esperança, ser minha...

A Raposa e o Galinheiro

Uma das coisas que se debateram durante esta semana, foi a idéia da OAB, abraçada por Lula, da possibilidade se convocar uma Constituinte para a elaboração da reforma política, tão urgente e necessária para a reabilitação dos políticos brasileiros.
Num Congresso Federal assolado por todos os tipo de denúncias e absurdos, realmente não há condições de se pensar em uma reforma política ética feita pelos nossos deputados e senadores.
Qualquer ação será deturpada pela impressão de corporativismo e da legislação em causa própria.
Os julgamentos dos casos de deputados envolvidos no chamado “mensalão” denotam a que ponto isso pode chegar.
Todas as decisões foram, claramente, resultados de acordos feitos entre Governo e Oposição, exceto a cassação ou, melhor a caçada a José Dirceu, por incrível que pareça, o único contra o qual não havia nenhuma prova material.
A reação, prefiro crer que impensada, dos outros candidatos me preocupa.
Quando vemos Geraldo, Heloisa e Cristovam reagindo contrariamente à posição dada pela OAB e encampada por Lula, me vêm duas hipótese:
A primeira é a de que a reação foi simplesmente política, naquela base do “hay gobierno, soy contra” e essa é, francamente, a que me parece mais realista.
A segunda, quero crer que não seja a verdadeira, é a de que não interessa a eles uma moralização real e verdadeira desse Congresso Nacional.
Pois, num terreno onde a criminalidade é ene vezes maior do que no resto do país, com uma percentagem elevadíssima de suspeitos de atos criminosos, a elaboração de qualquer reforma política se torna absurda.
Não creio que os apenados, em nossos presídios, sejam os mais indicados para se fazer uma reforma penitenciária.
Obviamente, a idéia de uma reforma política é imperativa, mas não podemos deixar as raposas tomando conta do galinheiro...

Gratz e Rondônia

PF divulga lista com nomes dos 23 presos em Rondônia
da Folha Online

A Polícia Federal divulgou a lista com os nomes dos 23 presos na Operação Dominó na manhã desta sexta-feira em Rondônia.
Os detidos são acusados de desvio de recursos públicos, corrupção, prevaricação, concussão, peculato, extorsão, lavagem de dinheiro e venda de sentenças judiciais.
Entre os presos na operação estão o presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, Sebastião Teixeira Chaves, e o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, José Carlos de Oliveira.
De acordo com a Polícia Federal, os detidos na operação deverão ser transferidos para a Superintendência da PF em Brasília ainda hoje.
Confira a lista divulgada pela PF:Sebastião Teixeira Chaves - desembargador e presidente do Tribunal de Justiça de RondôniaJosé Jorge Ribeiro da Luz - juiz de DireitoEílson de Souza Silva - conselheiro do Tribunal de Contas de RondôniaJosé Carlos Vitachi - procurador estadualCarlão de Oliveira (PSL) - presidente da Assembléia Legislativa de RondôniaHaroldo Augusto Filho - filho do deputado estadual Haroldo Santos (PP)Gebrin Abdala Augusto dos Santos - filho do deputado Haroldo SantosRosa Salomé Soares - assessora do deputado Haroldo SantosCarlos Magno - candidato a vice-governador e ex-chefe da Casa Civil de RondôniaJurandir Almeida Filho Junior - irmão do deputado estadual Amarildo Almeida (PDT)Edons Wander Arrabal - assessor Amarildo AlmeidaEliezer Magno Arrabal - assessor Amarildo AlmeidaAdelino César de Moraes - assessor Amarildo AlmeidaJoarez Nunes Ferreira - assessor Amarildo AlmeidaMarcos Alves Paes - chefe de gabinete de Amarildo AlmeidaJoão Carlos Batista de Souza - assessor de Carlão de OliveiraLizandreia Ribeiro de Oliveira - irmã de Carlão de OliveiraMoisés José Ribeiro de Oliveira - irmão de Carlão de OliveiraMárcia Luiza Scheffer de Oliveira - esposa de Carlão de OliveiraJosé Ronaldo Palitot - diretor da Assembléia Legislativa de RondôniaEmerson Lima Santos - diretor de Recursos Humanos da Assembléia Legislativa de RondôniaMarlon Sérgio Lutosa Jungles - cunhado de Carlão de OliveiraJosé Carlos Cavalcante de Brito - servidor da Assembléia Legislativa de Rondônia



Esse mafuá em que se transformou Rondônia nos dá uma dimensão de, até que nível vão os desmandos e corrupção neste país.
Rondônia apresenta-se totalmente no fundo do poço, assim como o Espírito Santo do Governo de José Ignácio.
Mas, algumas diferenças são substanciais nas ações do governo federal num e noutro caso.
No caso capixaba, o Governador tucano foi mantido até o final de seu mandato, inclusive com a manutenção do seu esquema de corrupção, a partir de Jose Carlos Gratz, do PFL, líder do Governo na Assembléia Legislativo, chegando ao cúmulo de comparar o pobre estado capixaba a um território seu.
E, infelizmente, era.
A omissão do governo Fernando Henrique Cardoso chegou às raias da cumplicidade.
Contra todas as evidências foram, não só mantidos nos cargos mas, contra todas as denúncias do Ministério Público, tiveram o endosso do Governo Federal que preferiu “não acreditar nas evidências”, fato corriqueiro em um governo que autorizou a construção do prédio do Tribunal do Lalau, mesmo com o parecer contrário do TCU.
A prisão de José Carlos Gratz no começo do Governo Paulo Hartung iniciou um período de moralização no Estado.
Em contra partida, no Estado governado pelo ex-tucano Ivo Cassol, o caos se estabeleceu.
A prostituição de todos os poderes, sob a égide do Legislativo e com a contribuição tanto do executivo quanto do Judiciário, denota o total desgoverno...
As semelhanças entre os casos é muito grande.
Mas a ação do Governo Federal é totalmente diversa.
Se, no Espírito Santo tivemos um governo Federal omisso e que, vergonhosamente, deixou que o crime organizado dominasse todo o Estado, em Rondônia a Polícia Federal teve e está tendo liberdade de ação.
É importante para que a democracia se fortaleça, que a punição deste caso seja exemplar.

Soneto

Vão meus passos, no tempo sem medida,
Nos braços de quem fora benfazeja
No cálice servido, despedida,
No brilho da manhã tão sertaneja,

Nos tragos me embriago, tanta vida.
Cruzando espaços, linda, relampeja,
Uma faísca arisca, mas sentida.
Bendita essa que quero, pois que seja.

Cortado a carne, rápida, rapina...
Lavrando o rosto, sangra, me envenena,
Nada temo pois, tudo que s’ atina,

Faz dessa parca vida; vida plena.
Já carrego, sem medo, triste sina...
Perder-te e te encontrar em Cartagena.

Soneto


Eu vou morrer de tanto amar na vida,
Nesses braços que tive, mas, perdida,
Procura em outros braços por prazer,
Buscando, noutras vidas, bem querer...

Amei-te tanto, eterna despedida,
Nos desencontros tantos, vai, fingida
A que eu julgava nunca me esquecer,
A dor pior que tive: te perder...

Mas não quero querer teu sofrimento,
Não me serve, consolo nem alento.
Eu quero teu sorriso e alegria

Quero poder saber da fantasia
Que desfilas, mais bela melodia,
A tua voz, ouvindo com o vento...

O que não será destaque na Imprensa 7 - da inflação

Valor Econômico (03/08/06)Inflação no país já é inferior a de 11 países emergentesA história de que a inflação brasileira é uma das mais altas entre os países emergentes começa a deixar de ser verdade. Nos 12 meses terminados em junho, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 4%, mais baixa que a de 11 entre 27 emergentes acompanhados pela "The Economist" e muito próxima aos 3,9% registrados por três integrantes desse grupo. Um ano antes, o Brasil tinha a quinta inflação mais alta desse grupo, de 7,4%, a mesma da Indonésia. Com base nas previsões do mercado de que o IPCA vai ficar em 3,74% neste ano e em 4,5% no ano que vem, o quadro positivo para os índices de preços deve continuar nos próximos 18 meses.

Pelo que vimos acima, a economia brasileira apresenta-se em um quadro de estabilização do custo de vida com ganho real do salário mínimo.
Isso denota um ganho real do poder de compra do dinheiro, principalmente das camadas sociais mais humildes e necessitadas.
Esse ganho real faz com que as grandes injustiças sociais deste país sejam, pelo menos, amenizadas.
Obviamente, o grau de disparidade social ainda é gigantesco mas, mantendo-se esse viés, podemos ter alguma esperança de que a luz no final do túnel que se acendeu para os miseráveis e famintos deste país, possa ter um brilho mais forte.
As crianças famintas e subnutridas deste país agradecem...

Tucanolândia - capítulo 31 - Da Ciência e da Tecnologia


Dom Gerald Aidimin, grande empreendedor tucanolandês, tinha como característica principal um amor gigantesco à cultura e a arte, além de um interesse exemplar em relação à tecnologia e ciência.
O maior problema é que, havendo uma cultura em Tucanolândia de que tudo aquilo que fosse importado era melhor; lucidamente, Dom Gerald, tão admirador da cultura européia e norte americana quanto Dom Fernando Henrique Caudaloso, achou por bem diminuir os investimentos em pesquisas tecnológicas.
Havia um instituto, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Tucanolândia), que durante mais de cem anos financiava pesquisas para o desenvolvimento econômico e fortalecimento da indústria saint-paulina.
Pois bem, tal Instituto começou a agir contrariamente à filosofia de Dom Gerald. Estava começando a criar uma tecnologia tipicamente tucanolandesa o que, como todos sabemos, significa produtos de qualidade inferior ou, pelo menos, sem o charme dos produtos importados ou com tecnologia importada.
Não deu outra, dom Gerald, coerente com sua filosofia de tentar dar ao povo tucanolandês cultura e arte, como vimos no apoio a Dasdu, cortou pela metade os investimentos no tal IPT.
Obviamente não haveria necessidade de tantos funcionários, portanto, dom Gerald reduziu em dez por cento a quantidade de empregados.
Aliás, contasse a boca pequena, e isso parece mais intriga da oposição, que um outro motivo impulsionou dom Gerald na sua decisão.
IPT parece coisa daquele pessoal da periferia saint-paulina, aqueles socialistazinhos de mèrde.
Se ainda fosse IPSDB ou IPFL, ainda dava pra aturar, mas IPT...

Thursday, August 3, 2006

A alma feminina 2

No coração de Santa Martha, morava dona Cotinha, uma viúva quase centenária.

Havia muitos anos que morrera o seu companheiro de longas e dolorosas jornadas.

Como a maioria das mulheres de sua geração, dona Cotinha era uma esposa submissa e calada, agüentando sem reclamar as agressões sofridas e as traições mal disfarçadas.

Seu marido, Anésio, era um pequeno sitiante que tinha, entre outros defeitos, o hábito de se embriagar todos os sábados e domingos, deixando Dona Cotinha sozinha em casa, cuidando dos oito filhos.

A viuvez trouxe o luto, total luto de corpo e alma, transportado para as vestimentas, invariavelmente negras e contidas.

Nos vinte anos em que se encontrava sozinha, seu dia a dia era de uma rotina exemplar. Da casa para o mercadinho ou para a missa, onde poderia ser encontrada todos os dias ao entardecer.

Gilberto, dono de seus vinte anos, era vizinho de Dona Cotinha. Jovem, como todos os jovens, brincalhão e inconseqüente.

Dona Cotinha o vira nascer e crescer e, ingenuamente, reparara no belo homem que se adivinhava nos músculos e no sorriso atraente do filho de seu João Polino.

Gilberto, um dia, de olho nas jabuticabas deliciosas que se encontravam, com suprema delícia, no quintal de Dona Cotinha, pediu licença à velha viúva para poder pegar as frutinhas no pomar.

Dona Cotinha, ao abrir a porta e o quintal, deu um sorriso ao qual Gilberto, sem maldade elogiou.

Pela primeira vez, em vários anos, Dona Cotinha corou, inconscientemente, ao receber o elogio do belo rapaz.

A partir daquele dia, enquanto havia jabuticabas no quintal, Gilberto ia diariamente à casa da anciã.

E essa, começara a apresentar uma substancial mudança nos hábitos e na vestimenta que, de negra, começou a se apresentar multicolorida. Até o vermelho fora incorporado ao guarda roupa.

Devagarzinho, Gilberto começara a povoar as noites da velha senhora, no começo, esporadicamente; mas, depois, quase diariamente.

As beatas começaram a sentir a falta da freqüentadora mais assídua da Igreja; o próprio Padre sentiu essa ausência.

Acabou-se a colheita da jabuticaba, mas a presença de Gilberto não; atraído pelos doces e confeitos que começaram a freqüentar a mesa de Dona Cotinha.

Gilberto era profícuo nos elogios feitos, a cada semana elogiava alguma coisa até que, irresponsavelmente, disse que dona Cotinha deveria ter sido uma moça muito bonita...

Isso foi a gota d’água, a partir daquele dia, dona Cotinha renascera totalmente, arriscando até um decote que permitia detalhes dos seios murchos e caídos...

A freqüência de Gilberto naquela casa começara a ser reparada por outras pessoas, principalmente da família.

João Polino começara a repreender as atitudes do rapaz, dizendo que ele, se quisesse arranjar uma namorada, que buscasse alguém da sua idade...

A resposta veio rápida. Gilberto, como que ofendido, disparou:

‘“-Pai, o senhor está me ofendendo, eu não quero nada com aquela velha, ela cheira a mofo e, agora que passou a usar essas blusinhas decotadas, está ficando cada vez mais ridícula, mostrando aquelas muxibas horrorosas.”.

Mal acabara de falar, se ouviu um barulho na porta da casa.

Dona Cotinha trazia na mão, um pedaço de broa que tinha feito para Gilberto; e chegara, a tempo de ouvir a conversa.

O derrame foi fatal, mal dera tempo de chegar ao Posto de Saúde de Ibitirama.

A nova Guernica

Porque tanta dor, tanta insensatez?
Porque os corpos expostos das crianças
Não conseguem calar estupidez;
Porque tentar manter as esperanças

Se nada resta ao homem, altivez
Faz mais sentido nessas lembranças,
Pergunto então, a Deus, por quê que fez?
Outra coisa não sabem, só vinganças.

Ó meu Pai, não permita tanta dor,
Basta de tanta morte, tão cruel
É a sina de teu filho predador,

Que em teu nome, descerra triste véu
Matando, destruindo, sem temor,
Acredita poder chegar ao Céu...

Soneto

Nessa serena noite, sem tempestas;
Passo todo meu tempo procurando
As alegrias loucas dessas festas,
Em que vives, tão bela, salpicando

Desse intenso brilhar, tanto que emprestas

A luz que tens, a lua se mandando,
Com inveja de ti, para as florestas,
Vai, escondida, de vergonha, andando...

Pois bem sabe que nunca poderia
Competir com o brilho desse olhar
Desse fulgor que tudo em ti irradia

Dessa chama que nunca vai parar
De queimar, como fosse o sol do dia,
Vai ofuscando os raios do luar...

Soneto

Por te amar demais, calo meus tormentos,
Meus dias são fantásticas magias,
Transformo esses ruídos, melodias...
Transporto para longe meus lamentos.

Por te amar tanto, todos os momentos,
Minha vida virou, nas alegrias,
Não quero nem preciso dos alentos,
Toda dor tem me dado uma alergia...

Quero sapatear no paraíso
E dançar toda dança dos mortais
Já sabendo que tudo o que preciso

Eu tenho, nem preciso mais de paz,
Eu não quero mais medos nem avisos,
O meu barco atracado no teu cais...

Soneto

Eu tanto que te quero e não te tenho,
Não consigo vencer os meus temores,
Se vou te procurando, fecho o cenho,
Não quero ser jardim sem belas flores,

Não peço nada, perco o que não tenho,
A vida, transformada nos horrores
Da perda, dessa ausência, traz seu lenho,
Cortando, decepando meus amores...

Teimo em tentar saber felicidade,
Não me importa mais nada, solitário,
Não quero nem tentar outra cidade.

Nem ser motivo desse riso hilário,
O mundo vai passando sem alarde,
O tempo vai cortando o calendário...

Tucanolândia - capítulo 30 - Agressão à Cultura em Tucanolândia.


No Reino da Tucanolândia, como vimos acima, tínhamos uma elite econômica e social de dar água na boca aos paises mais ricos do mundo.
A Tucanolândia chegou a ser chamada de Belíndia; ou seja, uma parte do reino tinha uma qualidade de vida comparável à Bélgica e a outra parte não suplantava nem os lugares mais pobres da Índia.
Pois bem, uma boa parte de Bélgica tucanolandesa vivia na província de Saint Paul.
Uma coisa que não podemos negar é o bom gosto de Don Gerald Aidimin, candidato a Rei.
Quando governava a província de Saint Paul, Gerald era assediado por muitas das personalidades mais ricas e poderosas da província, inclusive por colunistas sociais, entre eles o famoso Amaurycinho Netto, famoso puxa-saco das autoridades do Reino.
Volta e meia tínhamos a bela imagem de Don Gerald e sua jovial e esbelta senhora Du Alckmin, conhecida nos meios sociais como uma das mais bem vestidas da capital. Num destes momentos inesquecíveis, tivemos o prazer de ver o casal cortando a fita inaugural da famosa loja de grifes importadas e famosas, a Dasdu.
A Dasdu é o maior símbolo da riqueza e do bom gosto no Reino, vendendo desde camisinha de Vênus importada até iates de vários e longos pés.
Uma das principais funcionárias da rica loja de Conveniências é, não por acaso, filha de Dom Gerald, aprendiz de miliardária.
Pouca gente tem noção do bem que essa loja traz ao país; a partir do dia de sua inauguração, nossos socialistas, digo socialites, não precisavam mais ter o trabalho de ir até Paris, Londres, Roma ou Nova Iorque em busca das novidades da moda, nem ter que passar pelo dissabor de serem pegos na alfândega com mercadoria de primeiro mundo e ainda por cima, correrem o risco de serem chamados de “muambeiros”.
A partir desse dia, Saint Paul passara a se integrar no primeiro mundo, coisa verdadeiramente salutar e importantíssima para a cultura e para o desenvolvimento do povo belga da província.
Inclusive, num ato de verdadeiro amor à cultura, Dom Gerald garantiu um regime de fiscalização especial, a nível de Secretaria Estadual de Fazenda, o que permitiria um pouco mais de paz para os proprietários da loja, verdadeiro centro cultural do Reino.
Mas, por uma dessas pilantragens que soem ocorrer no Reino, motivados pela inveja natural destes indianos tucanolandeses, a Polícia Federal, num ato de total agressão à cultura, invadiu o templo sagrado do consumo dos belgas tucanolandeses.
Motivo: evasão de divisas e sonegação fiscal.
Segundo a plebe rude, o negócio funcionava desse jeito: Peguemos uma Camisinha de Vênus da marca Pior, a famosa marca francesa; digamos que ela custasse 5 euros, pois bem, era faturada como se custasse cinqüenta centavos de real e era vendida por 30 dólares.
Isso pode até parecer um crime, mas muito mais criminoso e cruel para a cultura e a dignidade do nosso país, é permitir que a mesma camisinha seja vendida nas lojas comuns por menos que isso, uma verdadeira agressão à cultura e ao bom gosto, ou permitir que uma reles falsificação chinesa ou paraguaia seja arrematada na rua 25 de Março, por um real.
Um real! Isso é coisa de indiano mesmo...
Que povo mais sem cultura e bom gosto esse que governa Tucanolândia nos dias de hoje. Ao invés de erguerem uma estátua em homenagem aos patriotas Dasdulianos, mandam invadir a loja e ainda por cima, pasmem, prendem os pobres proprietários.
Eu, se fosse eles, sairia deste Reino em protesto e abriria uma loja em Asuncion , com certeza seria muito mais bem tratado que neste reinozinho de segunda...

Wednesday, August 2, 2006

Tucanolândia - capítulo 29 - uma homenagem ao Nosso Rei feita pela Nossa Caixa


Uma das maiores festas populares de Tucanolândia é o carnaval. Nessa época do ano, a maioria do povo tucanolandês se reúne para dançar, se divertir e “botar pra quebrar”,
Na verdade, milhares de turistas do mundo inteiro chegam no Reino, procurando, principalmente, pela província fluminense e pela baiana.
Saint Paul, como a locomotiva do reino, não podia ficar atrás e, como desejo de seu povo, resolveu fazer um carnaval riquíssimo.
Isso contrariava o poeta que dizia Saint Paul era
“o túmulo do samba”.
Pois bem, um dos admiradores e correligionários de Dom Fernando Henrique Caudaloso era presidente de uma Escola de Samba, a Leonardo de Jaera.
No carnaval de 2006, coincidentemente ano eleitoral em Tucanolândia, sem nenhum propósito eleitoreiro, é claro, o tema da Escola de Samba foi uma exaltação às obras de Dom Gerald Aidimin no Rio Tifedê, extremamente poluído.
Como forma de agradecimento pela obra gigantesca, o povo de Jaera construiu dois gigantescos bonecos, um representando Dom Gerald, candidato ao Governo do Reino, e o outro representando Dom Joseph Mountain, candidato à presidência da província de Saint Paul.
Nada demais, embora a questão ética do momento e da oportunidade de tal homenagem tenha sido muito discutida, se não tivesse tido um pequeno detalhe:
O banco da província de Saint Paul aprovou uma verba enorme para o patrocínio do carnaval deste ano, a toque de caixa.
Obviamente isso foi mera coincidência, ainda mais se observarmos a folha corrida dos nossos heróis tucanolandeses.
Claro que o patrocínio de camarotes VIPs para 350 pessoas e arquibancadas populares para mais de quatro mil e quinhentas, denota o sentido social do Banco, em concordância com o estilo de Dom Gerald governar.
Além disso, num belo ato de amor à província, a Escola de Samba fez a doação de cem fantasias para funcionários do Banco “Nossa Caixa”, desfilarem.
Mas tem uma coisa entalada na minha garganta: A ingratidão!
Não é que depois dessa atitude de amor à Província e seus maravilhosos e honestos administradores, a Escola caiu para o segundo Grupo!
Essa ação só pode ter sido política, pois a oposição a Aidimin é uma corja tão inominada que até um monte de CPIs quiseram armar para o pobre?Mas isso são outros 69, fica para outro capítulo, a posteriori...

O porco falando do toucinho.

Sanatório geral
O velho e bom professor Sigmund ensinou que não se deve conter os impulsos da alma, sob pena de transformá-los em recalques incontornáveis. O prefeito Cesar Maia segue à risca o conselho. Sempre que lhe bate o impulso de esmagar os calos de alguém, ele os esmaga mesmo. Ainda que estejam localizados em pés aliados.

Em seu boletim eletrônico desta terça-feira, Cesar Maia pisou, como sói, nos sapatos de Geraldo Alckmin. À sua maneira, passou uma carraspana no candidato tucano. Acha que Alckmin não tem conseguido falar às massas. O alcaide carioca referiu-se especificamente a uma reportagem exibida no Jornal Nacional:

“Depois de tirar fotos e cumprimentar eleitores”, contou Cesar Maia, “Alckmin foi abordado por um pedreiro desempregado e falou dos planos para criar vagas: ‘É preciso o Brasil fazer as reformas, para poder, num mundo globalizado, ter boa competitividade. O que não pode é a ineficiência do Estado tirar a eficiência das empresas. Esse é o grande desafio. Aí o emprego cresce’, falou Geraldo Alckmin”.

Se fosse vivo, o professor Sigmund talvez tivesse alguma dificuldade para analisar o comportamento de Cesar Maia. Acharia que a mania do prefeito de lavar roupa suja na internet é coisa que nem a Freud é dado explicar. Quanto à prolixidade de Alckmin, o professor decerto diria que o caso é de internação.


Realmente, a linguagem popular é muito difícil de ser dita pelas elites. O povo tem sua forma própria de se expressar e deve ser ouvido. O maior problema é esse, ter paciência para tentar ouvir e compreender o que o povo diz.
São pouquíssimos os intelectuais que conseguiram se expressar em uma linguagem mais simples e acessível a todos. Cito Mário Quintana que, com sua forma popular de se comunicar, se eternizou. Outro que pode ser citado é Catulo da Paixão Cearense que, em seus poemas, traz o sotaque caboclo à tona. Com todo o seu lirismo e simplicidade.
O próprio Cesar Maia passa longe disso, como a maioria de nossos políticos que quando não pertencem à elite, tentam se comunicar com a linguagem própria dela, o que transforma boa parte dos discursos em páginas hilárias.
Chamar alhos de bugalhos, não somente cria um aspecto de prepotência como afasta o eleitor.
Uma das coisas mais belas que existe é o poder de comunicação, e isso é para poucos.
No linguajar médico, uma simples dor de cabeça se transforma em cefaléia, a falta de apetite em anorexia.
Isso me recorda um colega que, durante a faculdade, ao fazer a anamnese (conversar com o paciente, perguntando sobre o que sentia, o que tinha tido quando criança, etc.), anotou que o paciente tinha anorexia pós prandial, forma bonita e acadêmica de dizer que o paciente tinha “falta de apetite depois que comia”.
O linguajar jurídico também é muito interessante e exclusivista, assim como o psicanalítico, entre outros tantos.
Um arquiteto tem que se familiarizar com os verbetes próprios da arte que exerce, tanto quanto um engenheiro ou um pedagogo.
Agora, para um político, é essencial que saiba se comunicar, e não é somente durante os discursos previamente preparados e sim, principalmente, no corpo a corpo.
Lula é um dos maiores exemplos de comunicação popular que temos, e isso é inegável. Embora seja criticado por quem espera de um presidente coisas como “fi-lo porque qui-lo”, ou como “duela a quien duela”, ou o hermético fernandês de Fernando Henrique Cardoso, Lula consegue se comunicar com o povo mais ignorante e menos culto do país, ou seja, a imensa maioria do povo brasileiro.
Uma das coisas que me chama a atenção é o despreparo de algumas pessoas para se comunicarem com outrem.
Temos exemplos claros e diários de erros crassos de português cometidos por “intelectuais” da nossa política.
Me recordo de que, na campanha passada, José Serra, ao encerrar uma entrevista, disse que teria que ir embora pois “são meio dia e tenho que ir”. Procurei em todos os lugares e não encontrei nenhum santo com esse nome...
Outro exemplo que dispomos, se encaixa no Vanderlei Luxemburgo tentando arranhar um portunhol e criticando depois, ferozmente, aqueles que o criticaram. Ora bolas, fale em português ou em espanhol e se fará ser entendido; intérprete serve para quê?
Outro técnico da seleção brasileira, o meu conterrâneo Sebastião Lazzaroni inventou, também, o seu idioma particular – o Lazaronês.
No entanto, as críticas de Cesar Maia me parecem corretas, mas com vício de origem; não reconheço em Cesar autoridade para criticar Alckmin, pois ambos são, como diz o povo “farinhas do mesmo saco” e me parece “o porco falando do toucinho”.

O que não será destaque na Imprensa 5 - Da energia


Empreendimentos do Proinfa vão gerar 914 MW até o fim do ano
A expectativa de um crescimento no setor energético com fontes alternativas é de 914 megawatts (MW) até o final deste ano, segundo previsão do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia (Proinfa). Entre as novas plantas previstas para entrar em operação, pelo menos 17 são de biomassa, 10 de origem eólicas e 10 pequenas centrais hidrelétricas( PCH). As informações são do assistente de diretoria de engenharia da Eletrobrás e coordenador do programa, Sebastião Florentino da Silva. Já entraram em operação as usinas de Coruripe (AL) - movida a biomassa -, os parques eólicos do Rio do Fogo (RN), Osório(RS), e a PCH de Carlos Gonzatto (RS). Estes empreendimentos juntos totalizam 115 MW. Ainda de acordo com as previsões entrarão em operação até o final deste mês mais 14 plantas - biomassa, eólica e PCH - que em conjunto deverão agregar ao sistema elétrico brasileiro, 389 MW.


Para um país que viveu, há alguns anos, uma crise terrível na produção de energia elétrica, essa notícia é alentadora.
Não se pode imaginar o crescimento de um país sem o aumento da produção energética.
Os desgovernos de FHC e de seu ministro de Minas e Energias, o candidato a vice na chapa de Alckmin, José Jorge, levaram a um atraso considerável no desenvolvimento do parque industrial nacional, com prejuízo incalculável, tanto econômico quanto social.
As notícias que chegam do setor energético no país, com a auto-suficiência no petróleo, a biomassa, o biodiesel, entre outros poderá dar a dimensão do Brasil não só como auto suficiente mas, também e principalmente, como potência mundial nessa área.

Tucanolândia - Capítulo 28 - Do Espírito Olímpico de Dom Gerald Aidimin

Tucanolândia era um exemplo de divisão de riqueza, conseguira sempre uma medalha nas Olimpíadas das Injustiças Sociais, quando não era de ouro, faturava, no mínimo, uma de bronze.

Outros esportes que davam destaque ao desempenho tucanolandês eram o futebol e o voleibol, além do automobilismo e do iatismo.

A começar por aí, dá para perceber o quanto havia uma salutar diversidade social no Reino.

Essas conquistas esportivas davam um orgulho gigantescos aos súditos do Reino e isso era uma das molas propulsoras do “orgulho de ser tucanolandês”.

Frases como “Tucanolândia: ame-a ou deixe-a”, “O tucanolandês é, antes de tudo, um forte”, criaram um sentimento de amor à pátria invejável.

Isso era histórico, desde a conquista da Copa do Mundo de Futebol, na década de cinqüenta, todas as vitórias do Reino era motivo de orgulho nacional.

Um dos campeonatos tinha sido perdido, fazia algum tempo, o da mortalidade infantil, o que decepcionara um pouco os orgulhosos tucanolandeses.

Dom Gerald Aidimin sabia desse sentimento nacional e não queria atrapalhar nem impedir que o povo de Saint Paul ostentasse, com alegria, a pecha de, junto com as outras províncias, Superastros da Desigualdade Social.

Durante o período entre 2001 e 2004, quando presidente da província de Saint Paul, Gerald obteve um excesso de arrecadação que beirou, na soma, o total de doze bilhões de reais.

Mas, altruísta como ele só e pensando na alegria e orgulho do seu povo, deixou de investir o que havia sido previsto em ações sociais.

Percebe-se, sutilmente, o quanto esse homem ama seu povo. Venhamos e convenhamos, imagina só se ele tivesse gasto mais com as áreas sociais da província.

Isso poderia ter tirado do Reino de Tucanolândia ou, pelo menos, da província de Saint Paul, a chance de ser campeoníssimo no campeonato mundial de Injustiça Social, para desespero de seu povo.

É por essas e outras ações que imagino a maravilha de Gerald Aidimin no Governo do Reino da Tucanolândia. O povo faminto do reinado poderá, com todo o orgulho do mundo, ostentar, no peito tuberculoso ou na barriga cheia de vermes, a medalha de ouro.

A barriga vai, com seus roncos de fome, cantar de alegria...

Tuesday, August 1, 2006

As 69 CPis da Sacanagem - Geraldo Alckmin "O engavetador"

REQUERIMENTOS DE CPI - 15ª Legislatura
Requerimento nº
Autor
Partido
Ementa
718/03
Candido Vaccarezza
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, para no prazo de 90 dias, investigar possíveis irregularidades no empréstimo conferido à ELETROPAULO
719/03
Vítor Sapienza
PPS
Constituição de CPI,composta por 7 membros, para no prazo de 90 dias, investigar a guerra fiscal entre Estados.
720/03
Jorge Caruso
PMDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, para no prazo de 90 dias, investigar o funcionamento das Casas de Bingo instaladas no Estado.
721/03
Jorge Caruso
PMDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, para no prazo de 90 dias, investigar possíveis irregularidades nas aplicações das multas de trânsito, denominadas “Indústria da Multa”
722/03
Romeu Tuma
PPS
Constituição de CPI, composta por 7 membros, para no prazo de 90 dias, investigar os problemas pertinentes ao futebol no Estado de São Paulo, sua prática esportiva, os clubes, a Federação Paulista de Futebol e as implicações comerciais e econômicas.
723/03
Milton Vieira
PSL
Constituição de CPI, composta por 9 membros, para no prazo de 90 dias, apurar o procedimento dos Cartórios de Notas, de Registro de Títulos e Documentos, de Pessoas Físicas e Jurídicas e de Registro de Imóveis existentes no Estado.
724/03
Milton Vieira
PSL
Comissão Parlamentar de Inquérito, composta por 9 membros, para no prazo de 90 dias, apurar irregularidades praticadas por Indústrias de Medicamentos, os Laboratórios Farmacêuticos - nacionais ou multinacionais.
725/03
Candido Vaccarezza
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias investigar possíveis irregularidades nos procedimentos adotados pelo Gov. do Est. de São Paulo relativo a compra de energia elétrica pela SABESP, CPTM e METRÔ.
726/03
Milton Vieira
PSL
Comissão Parlamentar de Inquérito, composta por 9 membros, para, no prazo de 90 dias, apurar as irregularidades praticadas pelas operadoras de saúde que infringem a Lei dos Planos de Saúde e o Código de Defesa do Consumidor.
845/03
Antonio Mentor
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar a responsabilidade das autoridades responsáveis pela FEBEM, pela inexistência de medidas próprias ao equacionamento de seus problemas.
847/03
Rodolfo Costa e Silva
PSDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar e apurar as graves denúncias relacionadas à contaminação do solo por metais pesados e pesticidas na região Recanto dos Pássaros, município de Paulínea e no bairro de Vila Carioca, na Capital.
961/03
Campos Machado
PTB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 45 dias, apurar a suposta ocorrência de uma indústria de invasões em terrenos urbanos e rurais no Estado, assim como o envolvimento de pessoas e organizações estranhas ao sistema de ocupação das áreas.
962/03
Campos Machado
PTB
Constituição de Comissão Parlamentar de Inquérito, composta por 13 membros, com a finalidade de, no prazo de 45 dias, apurar a real situação do ensino superior praticado pelas instituições particulares, âmbito do Estado de São Paulo
976/03
Rodolfo Costa e Silva
PSDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar e apurar as graves denúncias de contaminações e degradações ambientais no ar, água e solo, que afetam o Meio Ambiente, bem como a população do Estado.
1.110/03
Donisete Braga
PT
Constituição de CPI, composta por 11 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, apurar a situação de contaminação do solo do território do Estado de São Paulo, inclusive as 255 áreas já identificadas pela CETESB, e identificar soluções efetivas para recuperação do meio ambiente.
1.169/03
Vinícius Camarinha
PSB
Constituição de CPI, composta por 09 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, apurar e investigar as denúncias relacionadas a falta de fiscalização e conseqüentes danos ambientais no Estado, para garantir a proteção ao meio ambiente, combater a poluição em qualquer de suas formas e preservar as florestas, fauna e flora.
1.381/03
Enio Tatto
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, apurar e investigar as graves denúncias relacionadas à possibilidade da TV Cultura, vir a fechar suas portas e sair do ar, causando perdas significativas à população de São Paulo, tanto no que se refere à sua programação, quanto ao desemprego.
1.382/03
Orlando Morando
PL
CPI, composta por 7 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar possíveis desvirtuamento de verbas e doações, bem como, má gestão dos recursos financeiros da Fundação Padre Anchieta - TV - Cultura.
1.883/03
Romeu Tuma
PPS
Constituição de CPI, composta por 7 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar possíveis envolvimentos de policiais civis ou militares nos noticiados grupos de extermínios.
2.498/03
Vaz de Lima
PSDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar e apurar práticas do abuso do poder econômico por parte das empresas prestadoras de serviços de transporte coletivo
2.530/03
Alberto “Turco Loco” Hiar
PSDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar denúncias sobre contaminações ambientais, especialmente quanto aos lençóis freáticos.
2.756/03
Romeu Tuma
PPS
Constituição de CPI, composta por 7 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar as denúncias veiculadas pela imprensa de exploração sexual, além da prática de crimes de estupro, corrupção de menores, exploração de lenocínio, prostitução infantil, pedofilia, formação de quadrilha, entre outros, perpetrados contra crianças e adolescentes.
2.839/03
Wagner Salustiano
PSDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar e apurar práticas irregulares das operadoras de seguro.
2.872/03
Orlando Morando
PL
Constituição de CPI, composta por 5 membros, com a finalidade de, no prazo de 150 dias, apurar a real situação em que se encontra a prestação dos serviços públicos de telefonia celular , fornecido pelas diversas concessionárias/operadoras que atuam na região.
2.873/03
Vítor Sapienza
PPS
Constituição de CPI, composta por 7 membros, com a finalidade de, no prazo de 90dias, investigar a situação de transferência de verbas do SUS à Secretaria Estadual de Saúde.
2.874/03
Vítor Sapienza
PPS
Constituição de CPI, composta por 7 membros, com a finalidade de, no prazo de 90dias, investigar a situação atual do transporte ferroviário no Estado.
2.948/03
Wagner Salustiano
PSDB
Constituição de CPI, composta por 9 deputados, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar e apurar práticas irregulares das operadoras de telefonia.
2.965/03
Milton Vieira
PSL
Constituição de CPI, composta por 09 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, apurar os procedimentos adotados pelos Institutos de Aferição de Audiência, especialmente o IBOPE, no que se refere à capitação de informações em domicilios de telespectadores consumidores, das classes Sociais A,B,C,D e E , bem como a transmissão das informações colhidas aos interessados.
2.978/03
Emídio de Souza
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90dias, investigar irregularidades ocorridas na execução do trecho oeste do Rodoanel Metropolitano , desde a elaboração do projeto até a conclusão de sua execução.
3.589/03
Edson Gomes
PFL
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 180dias, investigar a Empresa SPAL/Coca Cola por sonegação fiscal de ICMS por recolher tal tributo de maneira insuficiente e dumping na comercialização de seus produtos.
3.737/03
Marquinho Tortorello
PPS
Constituição de CPI, composta por 9 deputados, com a finalidade de, no prazo de 90 dias. Investigar possíveis irregularidades na aplicação de multas por meios eletrônicos, nas rodovias estaduais.
0012/2004
Edmir Chedid
PFL
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar possíveis irregularidades na comercialização de veículos automotores pelas montadoras, frotistas e empresas locadoras, com posterior revenda a terceiros.
103/04
Vítor Sapienza
PPS
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finlidade de, no prazo de 120 dias, analizar a comercialização e as perspectivas futuras para a produção de leite no Estado.
105/04
José Dilson
PTB
Constituição de CPI, composta por 7 membros, com a finalidadede, no prazo de 120 dias, investigar as possíveis irregularidades cometidas com relação à obsevância da Lei Federal nº 9.950/00, por parte de postos de combustíveis, que proíbe o funcionamento de bombas de auto serviço.
106/04
Ítalo Cardoso
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, apurar as denúncias sobre a execução de 12 pessoas supostamente integrantes da facção criminosa, Primeiro Comando da Capital, ocorrida em 5/03/2002, na Rodovia José Ermínio de Morais, em Sorocaba.
116/04
Nivaldo Santana
PCdoB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar as reais causas da atual situação de precariedade no abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo, as indefinições sobre os níveis de alerta grave dos reservatórios/indefinição início do racionamento de água promovido pela SABESP.
142/04
Renato Simões
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar a violência policial no Estado.
164/04
Marcelo Cândido Luiz C. Gondim
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar possíveis irregularidades nas obras de ampliação e reforma do Hospital das Clínicas "Luzia de Pinho Melo", bem como no processo de aquisição de novos equipamentos e na contratação de funcionários para o hospital, em Mogi das Cruzes
393/04
Romeu Tuma
PPS
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, apurar eventual ocorrência de 1) fraude tributária contra a arrecadação do ICMS envolvendo a Telefonica.
634/04
Simão Pedro
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar denúncias de irregularidades na CDHU.
641/04
Ana Martins e Nivaldo Santana
PCdoB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar possíveis irregularidades no processo de mudanças da Educação ocorrido no âmbito dos cursos técnicos.
1049/04
Alberto"Turco Loco" Hiar
PSDB
Constituição de CPI composta por 9 Deputados, com a finalidade de investigar a eventual participação de agentes públicos em crime de "Pirataria", no Estado de São Paulo
1258/04
José Bittencourt
PTB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de. No prazo de 90 dias, investigar, irregulatidades no sistema de multas, no processo de pontuação e suspenção da CNH e nos cursos de reciclagem nos CIRETRANS.
1717/04
Marquinho Tortorello
PPS
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar possíveis irregularidades na chamada "indústria da reciclagem"- na tecnologia de tratamento e reciclagem de óleos comestíveis, de origem animal e vegetal.
1718/04
Marquinho Tortorello
PPS
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar possíveis irregularidades nas operações dos Shopping Centers no âmbito do Estado de São Paulo que estejam maculando a Defesa do Consumidor e a perfeita arrecadação de impostos estaduais.
2213/04
Beth Sahão
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar a corrupção, a sonegação e a renúncia fiscais no Est. de São Paulo.
2688/04
Mário Reali/Cândido Vaccarezza
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar aos Programas VIVALEITE e ALIMENTA SÃO PAULO de responsabilidade da CODEAGRO (Coordenadoria de Desenvolvimento de Agronegócios).
173/05
Said Mourad
PFL
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar a adulteração de combustíveis Estado de São Paulo.
1.127/05
Vicente Cândido
PT
Constituiçlão de CPI, composta por 5 membros, com a finalidade de, no prazo de 180 dias, investigar a existência do CRIME ORGANIZADO NA ÁREA FISCAL.
1.500/05
Vanderlei Siraque
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar as supostas irregularidades na elaboração de boletins de ocorrência, com o objetivo de distorcer as estatísticas criminais do Estado.
1890/05
Giba Marson
PV
Constituição de CPI, composta por 11 membros, com a finalidade de, no prazo de 120 dias, investigar e apurar danos ambientais no Estado de São Paulo.
1916/05
José Zico Prado
PT
Constituição de CPI, composta por 09 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar irregularidades na contratação e na manutenção de contratos de obras das Linhas 4 - Amarela e 2 - Verde do METRÔ.
1917/05
Cândido Vaccarezza
PT
Constituição de CPI, composta por 09 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar a prática de tráfico de influências na contratação de leiloeiros e empresas para a realização de leilões da administração direta e indireta.
1918/05
Romeu Tuma
PMDB
Constituição de CPI, composta por 09 membros,no prazo de 90 dias, investigar irregularidades na prestação dos serviços de telefonia fixa e móvel e averiguar práticas lesivas ao Erário decorrente da má gestão fiscal.
1919/05
Giba Marson
PV
Constituição de CPI, composta por 9 (nove) membros, com a finalidade de , no prazo de 90 (noventa) dias, investigar e apurar na área tributária e fiscal do Estado de São Paulo a fuga de empresas e indústrias do Estado como conseqüência da chamada "guerra fiscal" praticada entre os Estados.
1989/05
Adriano Diogo
PT
Constituição de CPI, composta por 9 (nove) membros, com a finalidade de , no prazo de 90 (noventa) dias, investigar supostas irregularidades no Sistema Psiquiátrico de São Paulo, compreendidas todas as unidades responsáveis pelas ações relativas à saúde mental.
1990/05
Cândido Vaccarezza
PT
Constituição de CPI, composta por 9 (nove) membros, com a finalidade de , no prazo de 90 (noventa) dias, investigar os procedimentos administrativos, o empréstimo realizado, os contratos aditivos, a execução, o planejamento e expectativa de gastos e a adequação ambiental das obras do rebaixamento da calha do Rio Tietê.
2372/05
Maria Lúcia Prandi
PT
Constituição de uma CPI, composta por 9 (nove) deputados, com a finalidade de, no prazo de 90 (noventa) dias, investigar o IPESP, acerca da destinação das contribuições obtidas por esse instituto mediante desconto em folha de pagamento de funcionários que ocupam cargos em comissão nesta Casa de Leis, bem como apurar as circunstâncias em que ocorrem as doações de imóveis do instituto e proceder a criteriosa análise dos contratos de prestação de serviços por ele firmados nos últimos anos.
3012/05
Romeu Tuma
PMDB
Constituição de uma CPI, composta por 9 (nove) Deputados, com a finalidade de, no prazo de 90 (noventa) dias, investigar a atuação do árbitro Edílson Pereira de Carvalho, de outros árbitros e de empresários acusados de integrarem o suposto esquema de manipulação de resultados de partidas do Campeonato Paulista e outros jogos, com o objetivo de lucrar com apostas ilegais em "sites" e em outros ambientes, conforme investigação conduzida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, onde são acusados da prática do crime de estelionato, induzimento à especulação, crime contra a economia popular e falsidade ideológica, bem como os problemas atinentes ao futebol no Estado de São Paulo, sua prática esportiva, a gestão dos clubes e da Federação Paulista de Futebol, nos últimos 5 (cinco) anos.
3314/05
Vinicius Camarinha
PSB
Constituição de CPI, composta por 9 deputados coma finalidade de no prazo de 90 dias, apurar a atual situação do Sistema Ferroviário do Estado de forma a aquilatar a viabilidade de ser retomada pelo Estado,a atividade do setor ferroviário, tanto para tyransporte de cargas, como para passageiros.
3.268/05
Enio Tatto
PT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de. No prazo de 90 dias, investigar as irregularidades ocorridas na execução do trecho oeste do Rodoanel Metropolitano do Estado de São Paulo, desde a elaboração do seu projeto básico até a conclusão de sua execução.
3515/05
José Bittencourt
PDT
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar denúncias sobre contaminações ambientais.
3581/05
Ana Martins e Nivaldo Santana
PCdoB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar as condições atuais do Trabalho Rural no Estado.
3.935/05
Carlos Neder
PT
Constituição de CPI, composta por 5 deputados, com a finalidade de, no prazo de 180 dias, investigar eventuais ilícitos administrativos e criminais cometidos por agentes públicos e particulares nos serviços médicos, de lacração e de credenciamento de auto – escolas no DETRAN e POUPATEMPO.
3.936/05
Simão Pedro
PT
Constituição de CPI, composta por 9 deputados, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar as denúncias de irregularidades na aquisição de apartamentos da CDHU.
365/06
Roberto Felício e Enio Tatto
PT
Constituição de CPI, composta por 9 deputados, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar as denúncias de irregularidades na cessão de fazenda de 87 hectares localizada em Lorena, à rede católica "Canção Nova"
429/06
Renato Simões
PT
Constituição de CPI, composta por 9 deputados, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar irregularidades ocorridas nos contratos de publicidade e propaganda entre o Banco Nossa Caixa e as Agências de Publicidade Colucci & Associados Propaganda Ltda e Full Jazz Comunicação e Publicidade Ltda.
1.736/06
Romeu Tuma
PMDB
Constituição de CPI, composta por 9 membros, com a finalidade de, no prazo de 90 dias, investigar o direcionamento indevido de recursos financeiros de órgãos e empresas do Governo do Estado, tais como Banco Nossa Caixa, Sabesp, Prodesp, CDHU, Dersa entre outras, através d e gastos de publicidade, para favorecer jornais, revistas e programas de rádio e televisão em troca de apoio político nas eleições municipais de 2004 e na ALESP.
2.804/06
Ana Martins e Nivaldo Santana
PCdoB
Constituição de CPI, composta por 9 deputados, com a finalidade de investigar denúncias de irregularidades praticadas por empresas de planos de saúde e seguro saúde.

Tiro em pleno vôo pode atingir tucano

STF libera instalação de CPIs contra Alckmin

Valor Online - 01/08

BRASÍLIA - O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu hoje que é inconstitucional dispositivo da Assembléia Legislativa de São Paulo que impedia a instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) contra o ex-governador paulista e candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin

A decisão abre caminho para que sejam desenterradas dezenas de pedidos da oposição sobre CPIs contra atos administrativos de Alckmin...

A regra exigia que, entre outras coisas, a aprovação do requerimento da pedido de CPI em plenário com, no mínimo, 96 presentes.

Por dez votos a um - do ministro Marco Aurélio Mello - o STF interpretou que a regra cerceava o direito das minorias no legislativo estadual, como o PT, que entrou com o processo no Supremo.

O relator, ministro Eros Grau, considerou que basta o apoio de um terço dos parlamentares da Assembléia paulista para a instalação de uma CPI, segundo informou a assessoria do STF.

Na fila, há pedidos de CPI para investigações desde irregularidades na contratação de publicidade da Nossa Caixa, gestão da Febem, obras do Rodoanel, programas de despoluição do Rio Tietê, empréstimos à Eletropaulo, entre outros.

As CPI´s pode suspender a candidatura de Geraldo e inclusive levá-lo a prisão.

(Valor Online)

Essa notícia, obviamente omitida pelos telejornais e pela grande imprensa, pode criar um maremoto, uma verdadeira tsunami na candidatura tucana à presidência da república.

As dezenas de CPIs engavetadas na Assembléia Legislativa de São Paulo, se forem instaladas, poderão levar à punição do Governador e vários de seus assessores e Secretários.

Embora o tempo até as eleições sejam curtos, o desgaste causado por uma enxurrada de investigações e aprofundamentos em temas até agora, jogados debaixo do tapete, podem causar uma instabilidade enorme na candidatura de Geraldo Alckmin.

Mas, acredito que o maremoto pode parecer-se com o famoso maremoto causado pelo famigerado celacanto da década de 70, ou seja, dar em nada.

Mesmo assim, é dado o sinal amarelo no front tucano.

Nada pior do que um tiro em plena ascensão...

O DOUTOR E O CAIPIRA

SEU MOÇO, VOU LI CONTÁ,
ESSA HISTÓRA, NA VERDADE
CONTECEU NO CEARÁ,
NAS MATA DA BREVIDADE,
ONDE UM CABOCO TRISTE,
DESSES QUE LÁ INDA EXISTE,

HÔME DE MUNTO RESPEITO,
FAMOSO LÁ NO SERTÃO,
TRAZENDO DEUS NO SEU PEITO
SEM MEDO DE SOMBRAÇÃO
NEM DE JAGUNÇO FEROZ,
NEM SE OS ENCONTRASSE A SÓS.

VIVIA, SEU JANUÁRIO,
NOS SEUS OITENTA JANERO,
MARCADO NO CALENDÁRIO,
SABEDÔ DO MUNDO INTERO,
COMO DIZIA CO ORGÚIO;
NUM GOSTAVA DE BARÚIO...

MORÁVA CUM DONA SANTA,
NUM CASEBRIM BEM FULERO,
SUA POBREZA ERA TANTA,
MAS AMÔ BEM VERDADERO,
PELA SUA CUMPANHERA
AMÔ DUMA VIDA INTERA...

SEUS FÍO JÁ TINHA IDO
PRA SUMPAULO TRABAIÁ,
SOZIM NO SERTÃO, PERDIDO
CANSADO DE BATAIÁ,
SÓ FICÔ ELE E A MUIÉ,
INDO INTÉ ONDE DEUS QUÉ.

APOIS BEM, NUM FEVERERO,
A MUIÉ CAIU DUENTE
FOI BATENO UM DESESPERO,
DESSES QUE MALTRATA A GENTE,
PERCURÔ UM RAIZERO,
SEU ANTERO DOS PERERO,

MAIS DI NADA ADIANTÔ,
TANTA REZA E TANTA FÉ,
PERCIZAVA DUM DOTÔ.
MÓDE SARVÁ A MUIÉ.
ISSO BEM CONTRARIAVA
QUEM EM DEUS, SÓ CUNFIAVA...

MAS DOTÔ, NAQUELES LADO,
ISSO NUM SE ACHA NÃO,
NO SERTÃO ABANDONADO,
À DUENÇA FEBRE E SEZÃO,
É COISA QUE NUM SE ACHA
AINDA SE FOSSE CACHAÇA...

CACHAÇA, BALA E CAXÃO,
POBREZA, FOME E MISÉRA,
ISSO LÁ NUM FARTA NÃO,
NEM CHÃO ADONDE SE ENTERRA,
OS ANJIM QUE MORRE CEDO,
ISSO LÁ NUM É SEGREDO.

TRABÁIO SÓ SE CHUVÊ,
SENÃO NUM TEM PRANTAÇÃO,
O MÍO PÕE-SE A MORRÊ,
MORRE TODA A CRIAÇÃO,
E CHUVA, ESSE ANO NADA,
NEM DEU SOMBRA DE INVERNADA...

JANUÁRO VENDO SANTA,
ESVAINDO DE MAGREZA,
FEZ PROMESSA, REZA TANTA,
ESPERANDO, NA POBREZA,
QUE VIESSE UM MOÇO SANTO,
PRA ACABÁ MERMO SEU PRANTO.

APOIS BEM, PUR UM MILAGRE,
DESSES QUE CONTECE POUCO,
LÁ NAS TERRA DO SEU SAGRE,
UM CAMARADA DOS LOCO
QUE VIVIA LÁ BEM PERTO,
PERCURANDO POR INSETO,

MÓDE FAZÊ COLEÇÃO,
E ISTUDÁ OS BICHO MORTO
NUMAS INVESTIGAÇÃO,
QUE LEVAVA PRUM TÁR PORTO
QUE MORAVA EM PORTUGÁ,
PRÁ MIÓ PUDE ISTUDÁ.

LÁ NAS TERRA DESSE SAGRE
UM MOÇO SE APRESENTÔ,
CUMA CARRANCA DE BAGRE,
SE DIZENDO UM TAR DOTÔ
QUE VEIO DA CAPITÁ
DIZENDO QUE IA CURÁ

A POBREZINHA DUENTE,
QUE GOSTAVA DE TRATÁ,
DO PESSOÁ MAIS CARENTE
QUE VIVESSE NO LUGÁ;
ASSIM, MEI RESSABIADO,
MAS SEM TER POR ÔTRO LADO,

SEU JANUÁRIO DEXÔ
QUE O HOMÊ LÁ FOSSE VÊ,
ESSE TAR DE HÔME DOTÔ,
A QUE ESTAVA A PADECÊ
DE DOR E DE SUFRIMENTO,
MAS AVISÔ: TOME TENTO,

VEJA O QUÊ QUE VAI FAZÊ...
O MOÇO RIU, DEVAGAR,
NEM PREGUNTOU O PRUQUÊ
DE TODO AQUELE FALAR,
PEDIU LICENÇA E ENTRÔ
PULA CASA, O TÁR DOTÔ.

VENDO A SANTINHA DEITADA,
FOI PEDINO UM CANDIERO
PRA MÓDE DÁ UMA OIADA,
NA VÉIA, DE CORPO INTERO,
PEDINDO PRA EXAMINÁ
FOI OIANO DEVAGÁ.

SEU JANUARO NERVOSO,
CUM TODA ESSA MAPIAGE,
FOI OINAO PARO O MOÇO,
IA DIZÊ AS BESTAGE
QUE NÓIS DIZ CUM AFLIÇÃO,
ACHÔ MIÓ DIZÊ NÃO.

APOIS BEM, QUE TRAPAIÁDA
FEIZ ESSE TÁR DE DOTÔ,
PEDIR PRÁ VÉIA DEITADA,
LEVANTÁ O CUBERTÔ,
E MOSTRÁ NAS CAMISOLA,
AS PARTE MAIS SEM DEMORA.

SEU JANUÁRO FERVIA,
QUANDO O DOTÔ ZAMINAVA,
PRÁ PARÁ QUAGE PEDIA,
PRU ESSA NUM ESPERAVA,
DEXÁ A MUIÉ QUAGE NUA,
COMO SE ELA FOSSE SUA...

O DOTÔ VIU A CUMADE,
E DISPOIS ELE AFIRMÔ,
CUM TODA SIMPLICIDADE,
O QUE CAUSAVA ESSA DÔ,
DISSE NUM TÊ MAIS PERIGO
QUE O PROBREMA ERA NO FIGO.

QUE TOMASSE UMAS MEZINHA,
QUE FIZESSE UMA DIETA,
QUE TREIS OU QUATRO TARDINHA,
SE ELA FICASSE BEM QUIETA,
TAVA CURADA DO MÁR,
QUE PUDIA LEVANTAR...

APOIS BEM, MUNTO OBRIGADO,
DIZ O CABRA JANUÁRO,
QUE POR DEUS SEJA LOVADO,
QUANTO QUE ERA O ONORÁRO
QUE COBRARIA O DOTÔ
POR TER FEITO ESSE FAVÔ.

“NUM POSSO LI COBRÁ NADA,
POIS FOI MINHA OBRIGAÇÃO”.
-POIS ENTAUM PEGUE ESSA ESTRADA
E NUM VORTE AQUI MAIS NÃO.
SE O SINHÔ FOR VORTÁ,
SÔ OBRIGADO A MATÁ.

DOTÔ FICÔ ASSUSTADO,
O PRUQUÊ DESSE SERMÃO.
ENTONCE FOI EXPRICADO:
-SEU DOTÔ, PRESTE ATENÇÃO.
EU TÔ MUNTO AGRADECIDO,
PRÚ SINHÔ TER ASSISTIDO,

A MINHA POBRE SANTINHA,
MAS, ME PREMITA UM PORÉM,
QUANDO O SINHÔ VIU NUÍNHA,
COISA QUE NUM VIU NINGUÉM,
NEM MERMO NA NOSSA VIDA
A VI, ANSIM, DESLAMBIDA,

SEM TÊ ROPA PRÁ COBRÍ.
POIS LI JURO, SEU DOTÔ,
JURO POR TUDO QUI VÍ,
VAI EMBORA, FAIZ FAVÔ,
ISSO NUM VÔ PERDOÁ,
SE NUM FÔ, VÔ LI MATÁ...

Soneto

Nas espirais, cigarros me consomem,
Pela fumaça, vejo teu semblante,
Fui um dia, talvez, tão inconstante,
Mas as minhas lembranças, me fogem, somem...

Pois quisera poder ser um outro homem,
Ser tão menino, embora ser gigante
Ser teu par, teu parceiro, teu amante,
Mas todas as lembranças, matam, comem

O que me restaria, contrafeito
Do que pudesse vida, me restar,
Mas trago meu cigarro, meu defeito,

Tentar caber no brilho do luar,
Tentar fugir, burlando esse direito,
Vou tentando obrigar-te a me amar...

Soneto

Por que sofrer saudades nessa vida,
Se não conseguirei jamais saber,
Porque somente foste despedida.
Ir me matando, aos poucos, sem querer...

Sem rumo, vai a vida, nau perdida,
Em meio a tempestades, me perder,
Sem conceber por onde está vencida,
A batalha, poder sobreviver.

Eu quero ter somente teu sabor,
Embora nada mais consigo ver,
A não ser despedida nesse amor,

Nada além do que pude conhecer,
Nada além, desse pouco que restou,
Somente a solidão disse o que eu sou...

Mausoléu

A vida inteira João esperara Maria de Fátima.

Menina bonita, correndo solta pela fazenda vizinha a que morava, com os pés descalços e os olhos brilhantes. Menina trazendo nas tranças, a beleza da infância que prometia a mulher exuberante.

João, nos seus quase vinte anos, se encasquetara com a garotinha; “vai ser minha”, não parava de pensar.

O tempo passando, a menina se tornara uma bela adolescente e João, amigo dos pais da menina, começara a freqüentar, com certa freqüência , a casa vizinha.

Entre indas e vindas, todas as semanas batia o cartão de ponto.

Um olho nas guloseimas feitas por dona Ritinha e outro na menina bonita de olhos cabisbaixos e sorriso matreiro.

É claro que a mocinha começara a perceber as intenções do visitante, coisa que a menina mal adivinhara. Nesse ponto, dona Ritinha também começou a achar sentido nos olhos e suspiros soltos descuidadamente pelo visitante.

Todos observaram, menos Seu Jorge, o pai da menina.

Quando alguém tocava no assunto, ele dava bronca e exigia respeito, isso não era assunto que se falasse, que respeitasse o Seu João, amigo da família e que era um absurdo que se pensasse isso dele, etc.

Ao perceber que as dificuldades que teria que enfrentar seriam intransponíveis, por conta da posição contrária de Seu Jorge, o pobre João quase que teve um piripaque. Os sonhos de tanto tempo desfeitos dessa forma eram por demais dolorosos para serem encarados de frente.

Mas, a vida tem suas surpresas e essas nos deixam, muitas vezes, de queixo caído.

Maria de Fátima, ou melhor, Fatinha, dona dos seus quatorze exuberantes anos, surpreendentemente, mandou um recado, um bilhete, chamando-o para conversar com ela depois da missa.

No domingo, João se emperiquitou todo, colocou aquele perfume importado, o Vitess, e foi para a missa com o coração em frangalhos.

O que poderia querer aquela bela moça com ele?

Não perdia por esperar.

Após a missa, Fatinha mais bela do que nunca esperava nosso amigo na lateral da Igreja e foi direto ao assunto.

Queria que ele soubesse o quanto ela o amava e o quanto estava disposta a encarar qualquer coisa por ele e, sabendo que seu pai seria contrário ao namoro dos dois, planejara fugir com ele para qualquer lugar que ele quisesse.

O amor faz das suas e não tem juízo, o que fez com que João, sem pestanejar, topasse as loucuras da adolescente apaixonada.

Tudo combinado, horário e forma da fuga.

Ás quatro da manhã do sábado, todo mundo dormindo, menos Fatinha e João e o motorista do carro que os esperava na estrada, próxima da fazenda do Seu Jorge.

A estrada é longa, mas a vida é mais, as curvas se parecem e numa delas, bem distante de tudo, o carro parou e deixou o mais novo casal daquelas redondezas.

Fatinha, dona dos seus catorze anos e o quase quarentão João, prontos para começar a vida...

No começo, tudo tranqüilo, mas com o tempo, Fatinha se mostrara insaciável e João, pobre João, não tinha condições de satisfazer plenamente os desejos da sua amada...

João, prevenido e mais vivido, quase lívido com tamanho apetite e, pleiteando pela integridade de sua honra, resolveu tomar uma atitude radical.

Construiu uma casa numa região distante, bem distante de qualquer outra, isolada no meio de um pasto quase inatingível.

Lá, morava com sua amada que, a cada dia, se transformava em uma das mais belas ninfas da região, ninfa e ninfomaníaca, exigente, cada vez mais exigente...

Na casa, quase inatingível, João se encontrava, desesperadamente, em segurança. Por mais que a amada quisesse, não poderia trair aquele amor.

O maior amor do mundo, o amor de João.

Mas, o quase inatingível se mostrou verdadeiro quando, num dia em que João estava fora, trabalhando, apareceu um rapaz, dono da vitalidade dos vinte anos, belo e forte.

Viera do Rio, em busca de sua família perdida naquele grotão mineiro.

Vizinhos distantes de João, os seus pais permitiram que desse uma volta com o cavalo. Cavalo bravo, fugidio, rapaz novo, sem experiência...

O cavalo, como a que guiar nosso Apolo, levou-o diretamente àquela casa perdida no meio do pasto, longe de todos...

A sede e a curiosidade o fizeram bater à porta, no que foi atendido pela Fatinha, exuberantemente bela e carente.

A porta aberta, a mesa posta, a broa de fubá, os carinhos, os seios, os lábios, a cama revolta e o sexo explodindo furioso, dentro daquela casa feita por João, com todo amor e carinho do mundo.

Uma vez, duas vezes, dez vezes, agora o cavalo já não errava o caminho.

Mas João, um dia, errara a hora ou a chuva adiantara sua volta, ou uma inocente dor de barriga, sei lá. Só sei que voltou a tempo de ver o rapaz subindo no cavalo e retornando pelo pasto a fora.

A dor foi cruel, lancinante, percorrendo todo o corpo e a alma de João.

O que fazer?

Teria que se vingar de Fatinha, mas teria que agir sorrateiramente.

Pegou seu cavalo e partiu, a galope, atrás do Apolo amante de Fátima.

Excelente cavalo e bom cavaleiro, garrucha nova, tiros certeiros. O corpo foi fácil de ser escondido, uma pedra no pescoço, não afunda mais.

Retornou para casa, como se nada tivesse acontecido.

O sorriso na cara da mulher tinha, então, uma explicação.

Sorriso que, com o passar dos dias e com a ausência do objeto de desejo, foi se transformando em irritação.

Irritação em lágrimas e lágrimas em desespero, contido desespero.

João, então, resolveu se vingar da amada.

Dolorosa vingança.

A pequena casa tinha três cômodos, uma janela no quarto, outra na sala e a porta da sala. Única porta da casa.

O remédio fora fácil de ser encontrado.

O boticário tinha mandado tomar um comprimido à noite. Daria uma noite de sono profundo.

Vinte comprimidos diluídos em um litro de suco. Suco de abacaxi, coisa divina. O preferido por Fatinha.

Devorada rapidamente, a garrafa vazia, a cabeça rodando, vazia...

Excelente pedreiro, João não teve dificuldade de fechar as janelas e a porta.

Trancadas com uma estrutura de ferro e cimento. Invioláveis.

Agora, quem passa perto daquele pasto, estranha aquela construção, toda fechada.

Parece que foi, um dia, uma casa.

Agora, ninguém mais sabe o que era.

A não ser João, que casado com Dona Rosa, tem três filhos e mora lá em Goiás, mal se recordando do mausoléu construído num pasto, no interior de Minas Gerais....