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Saturday, March 22, 2008

Vem,
agarra a cintura
desta morena,
vou lhe fazer feliz,
felicidade plena
é o que você
sempre quis ...
(ivi)

Quem dera se eu pudesse te dizer

Das luas que encontrei no caminhar,

O manto consagrando o bem viver

O dia transcorrendo devagar,

Vagando o tempo inerte passo a crer

Na força que não posso mais negar

Remoça nossa fome de saber

Eternizando o sonho enquanto amar

Amargo vou cevando pelos campos

O brilho que vislumbro em pirilampos

A vida mateando esta saudade

Lateja no meu peito, um mijacão

Forrando o minuano, a solidão

Espalha o que pensara claridade...

CIO

Volta nas noites
em que o frio
acoberta
estes meus
caminhos,
com neve,
este corpo
que,
sem o teu
é apenas dor ...
(ivi)

Frio

Vem

Cio

Quem

Pio

Tem

Trio

Trem

Boca

Toca

Riso

Perco

Cerco

Siso...

*Tarde Nublada*

*Tarde Nublada*


Tarde sem nuvens, ocultas, nubladas
Na Fortaleza que do sol faz rotina
Vento frio sobre a pele acordada
Projetando um cobertor à noitinha

Assim mesmo declina sobre a tecla
Faz poemas para o sul dos amores
Como em combustão acende, mescla
Duas almas que se unem em fulgores

Criam
rimas para o amor exaltar
Embalam o coração à vontade de amar
Enviam mensagens ativam o pensar
Pra não deixar este amor declinar

Tarde de saudade canto sem igual
Traz-me a palavra teu dom natural

SOGUEIRA

Saudades entranhando cada verso

Que faço na procura que não cessa

Roçando em nossa pele esta promessa

De um dia tão complexo e mais diverso

Não quero seguir sempre assim disperso,

Ausente de teu braço, amor confessa

Além do que pensara e que se expressa

Ganhando em maravilha, este universo

Vontade de beijar a tua boca,

A lua sem teu brilho se desloca

Vagando sem destino pelos céus.

Na doce fortaleza, teus carinhos

Encontro o que sonhara: bons caminhos

Cobrindo nosso corpo, belos véus.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 146

2031

Gritando ao mundo todo: sou feliz!

Não anseio outro rumo em minha vida

História se mostrando decidida

Expressa o que em calor minha alma diz

Por vezes a saudade falsa atriz

Tomando uma palavra distraída

Surgindo de repente, tudo acida

E deixa demarcada em cicatriz

Lembrança do que fui e não mais quero

Num tempo tão distante, amargo e fero

Remoto temporal de minha história.

Porém quando alegria diz vitória

O tempo se transforma em calmaria

Cevando o que sonhei: farta alegria...

2032

Cevando o que sonhei: farta alegria,

Debruço o meu olhar por sobre as ondas,

Os medos quais temíveis anacondas

Rebordam cada passo em agonia.

Além do que meu sonho prometia

Em luas sempre cheias e redondas

Palavras que se fazem como sondas

Encontram farto gozo em maestria.

Tua nudez clamando para a festa

Sedução que à noite já se empresta

Em lânguidas imagens, sedução.

Eróticas promessas, cama e mesa,

Desejo nos tomando como presa

Encharca nossa noite em tentação...

2033

Encharca nossa noite em tentação,

Volúpias entre seios, coxas, pernas.

Carícias em delírio, sempre ternas

Explodem em delitos, furacão...

Pecados em total profanação

Vestígios de desejos entre chamas,

Mergulhos em lençóis, divinas tramas

Mostrando na nudez, provocação.

Chegando de mansinho, palmo a palmo,

Rezando no teu corpo cada salmo

Venero em doce altar, gozo supremo.

Roçando tua pele, não me canso,

E quando ápice louco eu alcanço

Num fogo sem limites eu me extremo..

2034

Num fogo sem limites eu me extremo,

Bebendo da alegria em dose farta,

Beleza que espartana não se aparta

Enquanto em versos claros, nada temo.

A glória de um amor raro e supremo

A sorte- ser feliz não se descarta,

Por mais que a solidão dores reparta

Atrás de teu carinho eu piracemo...

Aguardo após a curva, esta presença

Que trama com delírios recompensa

Formatação perfeita em verso e sonho.

A cada novo espaço recomponho

O beijo que as promessas vêm cobrar

Tocando tua pele, devagar.

2035

Tocando tua pele, devagar

Rocio de esperanças, manhãs claras

No quanto tu pretendes e declaras

A vida vem chegando ao seu lugar.

Agora que começo a me embrenhar

Nas ruas e nas rotas mais preclaras

Rompendo tais amarras, luzes caras

Expressam teu sorriso a moldurar

Felicidade em gozo inebriante

O tempo se revolta e num instante

A gente se entregando em farta fúria.

Pescoços e mordidas, com luxúria

Gemidos entre lábios, dedos, furnas.

Transcendem raras pétalas diuturnas...

2036

Transcendem raras pétalas diuturnas

Florais que tu espalhas pelas ruas.

Ao mesmo tempo, mágica flutuas

Deixando para trás dores soturnas.

Nos sonhos e belezas quando enfurnas

Encontras nossas peles, sempre nuas

No palco da esperança quando atuas

As tramas divinais, chamas noturnas.

Amor quase um estúpido funâmbulo

Um sonho muitas vezes qual noctâmbulo

Vagando por calçadas, chega a mim.

Espéculos de uma alma que ansiosa

Estende em suas mãos, perfume e rosa

Roubadas deste sonho, o meu jardim.

2037

Roubadas deste sonho, o meu jardim,

Emoldurando a glória de poder

Sentir o teu perfume e ter prazer

Sorvendo o doce aroma do jasmim.

De toda uma esperança de onde eu vim

Um rio de alegria a se verter,

Olhar que recomeça a perceber

Beleza sem igual, amor sem fim,

Nos pés tão delicados desta Diva

Minha alma seguirá sempre cativa

Algemas em correntes eternais.

Atando ao meu desejo esta querência

Fingindo uma impossível indolência

Sorvendo magas sanhas sensuais...

2038

Sorvendo magas sanhas sensuais

Estampo nos meus olhos a vontade

De ter em minhas mãos a claridade

Que emanas em teus gozos magistrais.

Inebriante sonho em que jamais

A vida perderá felicidade

Amor que ao se entregar, loquacidade

Expressa com paisagens divinais

Aguarda cada gole que é sorvido

Do corpo desejado, convertido

Em melífera senda, flórea sorte.

Um arquejante e manso prisioneiro

De toda esta delícia, caminheiro

Encontra finalmente, em ti, seu norte...

2039

Encontra finalmente, em ti, seu norte,

Aquele que se fez enamorado.

Bebendo esta alegria de bom grado

Recebo a maravilha em doce aporte.

Se um dia vislumbrei apenas corte

No beijo tantas vezes renegado,

Uma expressão perdida nesta coorte

Vencendo o que sonhei ter desprezado.

Agora ao penetrar teus vales tantos

Descubro em sutileza teus encantos

E faço de meu verso um instrumento

Capaz de prosseguir em destemor

Roubando de teu corpo cada flor,

Entregue o coração, exposto ao vento...

2040

Entregue o coração, exposto ao vento,

Navegarei por mares tão distantes.

Vencendo tais procelas e levantes

Não temo mais sequer qualquer tormento.

No quanto tantas vezes eu lamento

Os dias que não fomos por instantes

Os gozos são diversos, deslumbrantes

Nevasca da esperança, o sofrimento.

Agarro tuas mãos e te convido

À dança feita em riso prometido

Nas noites e nos dias, jogo aberto.

O campo dos meus sonhos não deserto,

Penumbras vão ficando para trás

Meu verso se tornando mais audaz...

2041

Meu verso se tornando mais audaz

Segura as tuas mãos e te convida

A dança tantas vezes prometida

Deixando para trás a dor mordaz

Mordaça que suprime a nossa paz

Por vezes em delícias tece a lida

Enquanto noutros dias, desvalida

Aguarda a fantasia mais voraz.

Palavra que se mostra sempre sábia,

Percebe a sutileza feita em lábia

Daquela que se fez minha parceira

Estrela que se mostra em céu e mar,

Beleza deslumbrante a me tomar

Embora eu saiba ser a derradeira...

2042

Embora eu saiba ser a derradeira

Palavra de carinho que professas

Enquanto em nosso amor, tantas promessas

Expressam esta chama corriqueira

O vento em alegria já se inteira

Grassando sobre os vales. Recomeças

Caminhos que dourando já sem pressas

Trarão esta alegria verdadeira.

A par desta ilusão eu sigo adiante

Vivendo este caminho radiante,

Manhã que eu sei virá iridescente.

A solidão morrendo no poente

A lua renascendo no horizonte

Tornando mais sublime cada fronte.

2043

Tornando mais sublime cada fronte

O raio de um luar que nos conquista

Palavra benfazeja tão benquista

Estampa sobre todos, mina e fonte.

A cada novo tempo que se apronte

Trazendo um belvedere em que se avista

Imagem desse sonho futurista

Deitando a maravilha no horizonte.

Ser teu e tão somente, eis o que eu quero

Amor que se tornou meu régio clero

Altares, catedrais, profano templo,

Beleza sem igual, cedo contemplo

E vislumbrando um dia fabuloso,

Meu verso traduzido em pleno gozo...

2044

Meu verso traduzido em pleno gozo

Exprime o que busquei a vida inteira

A sorte que se mostra lisonjeira

Permite um dia claro e mais formoso.

O amor já me tornando vaidoso

De ter sempre a meu lado a companheira

Que mostra ser a vida alvissareira

Tornando o coração melodioso

Enquanto a vida mostra tal encanto

O sonho se cobrindo em claro manto

Expressa o que desejo e sempre quis.

Regando em alegrias meu deserto

Andando o tempo inteiro, peito aberto,

Gritando ao mundo todo: sou feliz!

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 145

2017

Brotando num olhar enamorado

A sensação da vida em que se deu

O mundo que pensara teu e meu

Num rito ternamente consagrado

Enquanto o coração anda de lado

Trazendo o que esperança converteu

No encanto sem disfarces, o himeneu

Dos gozos se moldura, abençoado.

Perecem sofrimentos e desditas

No bem que tanto queres e creditas

Ao deus menino em setas e carinhos.

Ardências e querências se refletem

Nas luzes divinais que nos competem

Mostrando em redenção novos caminhos...

2018

Mostrando em redenção novos caminhos,

Alhures, bem distante, o desconsolo,

Arando com ternura o nosso solo

De uma esperança, amores são vizinhos.

Olhares que buscaram noutros ninhos

Sem medos, dissabores e sem dolo

Deitando a claridade no teu colo

Os dias sempre irão ser mais mansinhos.

Ancinhos e rastelos, lavrador

Da glória de viver conhecedor

Não cansa enquanto roça uma ilusão.

Na simetria um eito de brandura

Cevando uma alegria que em fartura

Trará mais benfazeja a plantação.

2019

Trará mais benfazeja a plantação

A força de um amor se mostrará

E ao mesmo tempo à glória levará

Toda esperança vinda em cada grão.

A vívida alegria em turbilhão

Sabendo deste sonho desde já

A safra em benesses mostrará

O quanto é necessária esta união.

Eu tenho esta certeza aqui comigo,

Amor não temerá qualquer castigo

Pecados vão distantes dos seus passos.

Luxurioso gozo enlanguescente

Toando a fantasia já pressente

A prontidão perene destes laços...

2020

A prontidão perene destes laços

Não basta tão somente, eu necessito

De um dia que se mostre mais bonito

Vivendo o que é preciso em fortes braços.

Trazendo para a sorte estes compassos,

O dia não será, decerto aflito,

Amor nos redimindo em sol bendito

Ocupa com clareza, cerze os traços.

Assim enternecido, sigo manso

Enquanto te buscando sei remanso

E nada impedirá meu canto em paz.

A parte que nos cabe desta vida

Aos poucos se mostrando assim despida

Já sabe definir o que amor traz.

2021

Já sabe definir o que amor traz

Um gesto carinhoso, um riso franco,

O céu amanhecendo claro e branco

Mergulha no oceano e vai voraz

Bebendo cada gota, satisfaz

Vontade que em ternuras; dor desbanco

Expressão mais sutil onde alavanco

Em raro amanhecer, suprema paz.

No coração molduras de um afresco,

Nos olhos, em mosaico, um arabesco

Matizes tão diversos, sonhos uno.

De todos os meus medos, nem resquícios

Amores se tornando sacros vícios

Fazendo de dois corpos, vários, uno.

2022

Fazendo de dois corpos, vários, uno

Profusas emoções, ritos e preces,

No quanto não sonegas e ofereces

Do mesmo amanhecer já coaduno.

Dos erros cometidos se eu me puno

Caminhos mais perfeitos; logo teces.

Da glória feita em sonhos tu me acresces

Momento de viver sempre oportuno...

Criando os infinitos que buscara

No corpo da mulher nobre e tão cara

Disfarces não procuro, sou só teu.

O tempo em alegrias converteu

O que pensara outrora ser dorido

De ser feliz, prossigo convencido...

2023

De ser feliz, prossigo convencido,

Após a curva vejo um raro sol

Dourando em alegria este arrebol,

Amor seguindo em frente, decidido.

Da solidão não ouço nem gemido

A noite se entregando, traz farol,

Amor um soberano que em escol

Expressa em mansidão cada sentido.

Olhar, sentir, cheirar, ouvir, cantar

São atos necessários e benditos

Há tempos que estes sonhos vão descritos

Oráculos do amor a decifrar.

Não temo nem teria mais por que

Olhando para mim, vejo você...

2024

Olhando para mim, vejo você,

Espelho de minha alma refletindo

O sonho mais divino em que se crê

Um gozo deslumbrante calmo e lindo.

Retrato mavioso onde se lê

O quanto nosso amor vai conseguindo

Em toda a fantasia prosseguindo

Divina transparência em que amor vê

A face mais sublime do porvir,

Encanto que se mostra a repetir

O verso enamorado que hoje busco.

Amor não se permite em sonho brusco,

Arisco passageiro da esperança

Vivendo em alegria, a noite mansa...

2025

Vivendo em alegria, a noite mansa

Bebendo em tua boca a cajuína

Deslumbrante delícia cristalina

No gozo da manhã que nos alcança.

A vida nos trazendo esta fiança

Enquanto a lua cheia se declina

E todo este cenário em paz domina

Em plena poesia, a noite avança.

Assim, ao formatar a divindade

Tocado pelas mãos desta saudade

Contando em teu olhar constelações.

Apenas vislumbrando em teu retrato

Beleza que se molda em fino trato,

Trazendo para nós recordações...

2026

Trazendo para nós recordações

Momentos tão felizes, ouro em pó.

A vida prosseguindo em cada nó

Voltando ao que tivemos: emoções

Resguardo as fantasias, ilusões

E tento caminhar, sereno e só.

Sem nada que perceba ao lado, pró,

Do tempo, temporais aos borbotões...

Quem dera se pudesse em liberdade

Vivenciar além de uma saudade

Seguir em frente livre do passado.

Andando em plena areia, vou descalço

Porém a cada curva um passo em falso

Retorno ao que vivera, amargurado...

2027

Retorno ao que vivera, amargurado

Sentindo o vento frio no meu rosto,

O peito sem defesas segue exposto

Antigo visionário, um velho bardo.

Há tempos que te espero, estou cansado,

Recebo tão somente este desgosto

Inverno eternizado num agosto

O sonho há tantos anos maltratado.

Espero e nada alcanço, quem me dera

Pudesse receber a primavera

No encanto que se mostra em cada flor.

Alçando o mesmo não em que te vi,

Apenas revivendo o que perdi

Não tendo mais esquinas, morro amor...

2028

Não tendo mais esquinas, morro amor,

Negando a confluência que eu buscara

Ancoro minha vida fria e amara

Nos braços deste vento, num torpor.

Um velho que se quis navegador

Não sabe decifrar palavra rara

A sorte num momento desampara

Trazendo à minha vida este amargor.

Augúrios que pensara, não terei,

Raiando na verdade em outra grei

Não deixa mais pegadas, perco o rumo.

Saudade relembrando cada porto

O amor fazendo assim, um triste aborto

Secando a doce fruta, nega o sumo...

2029

Secando a doce fruta, nega o sumo,

Da lavra dos meus sonhos, a esperança

De ter o que o prazer em paz alcança

Expressa todo o sonho que hoje assumo.

Mas sinto que o desejo perde o rumo,

E busca do teu lado uma aliança

A gente revivendo o que em lembrança

Permite que se veja o doce prumo.

Sabendo da beleza que trafega

No olhar de quem a vida já se apega

Mostrando um raro brilho a se compor.

Não deixe de saber quanto eu te quero,

Fartura em alegrias, o tempero

Perfeito a traduzir um belo amor

2030

Perfeito a traduzir um belo amor

O sonho vencerá sem desvario

O tempo em que decerto eu fantasio

Um radical momento a se propor.

O gozo da alegria sem pudor

Romântico desejo; eu vou vadio

Singrando este oceano que hoje crio

O barco segue assim, todo vapor.

Janelas que eu abri, saltos à vista

Loucura na verdade não despista

Só quero poder ter sempre a meu lado

Veneno desta boca enlanguescente,

Rapina delirante se pressente

Brotando num olhar enamorado

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 144

2003

Felicidades; feito um chafariz

Nos olhos de quem sabe e quer bem mais

Que apenas receber da vida o cais,

Querendo plenamente ser feliz.

O quanto uma saudade me desdiz

Mudando em noite tensa os rituais

Que um dia percebera sensuais

E agora já sonegam o que eu quis.

A dança em contradança faz a festa,

Porém a solidão é o que me resta

Depois da caminhada desditosa.

Promessas esquecidas no quintal,

A vida que pensara triunfal

Matou no meu jardim, jasmim e rosa...

2004

Matou no meu jardim, jasmim e rosa

O que se fez bonito e vicejante

A marca que carrego neste instante

Pressente tão somente a duvidosa

Senda tantas vezes caprichosa.

Não quero o sentimento que humilhante

Roubando da ilusão tal diamante

Permite uma palavra desastrosa.

Estros de um trovador que teima tanto,

Embora recolhendo o desencanto

Espera nova safra da esperança.

Assim, vago partícipe da vida,

Andando com minha alma distraída

Distância sem limite, o sonho alcança.

2005

Distância sem limite, o sonho alcança

E vaga o tempo inteiro, chove e ri.

Às vezes ilusão caindo em si

Esquece o que pensara ser criança

Apenas sortilégios da lembrança

Tramando o que jamais eu descobri,

O tempo de sonhar, eu já perdi

Agora é necessária esta mudança.

Martirizando o verso, sigo em frente

O quanto amor terrível e indolente

Não sossega e galopa sem destino

Permite-me dizer do vago passo

Vencendo sem temores cada espaço

Menino sem juízo e tão ladino...

2006

Menino sem juízo e tão ladino,

O peito desnudado com sarcasmo

Andando convulsivo num espasmo

Estende uma emoção num gozo a pino.

Se nada nem futuro eu descortino,

Eu creio no poder de cada orgasmo,

Deixando para trás qualquer marasmo

Ao mesmo tempo canto e me azucrino.

Na crina dos meus sonhos, pesadelos,

A moça desgrenhando os seus cabelos

Estende num sorriso, este convite.

Bisando o que se faz doce e risonho

O amor jamais se mostrará bisonho

No encanto temerário se acredite!

2007

No encanto temerário se acredite

E faça deste sal nosso tempero,

O quanto necessito e não mais quero

Não deixa mais conselho e nem palpite

Lapido com palavras em grafite

O vento que se deu em desespero

As mutações que na verdade eu gero

Neste caminho que o vazio emite.

As dálias e os crisântemos, canteiros

Os olhos e as montanhas, velhas buscas,

O quanto em poesia já me ofuscas

Expressa em fantasias, nossos cheiros

Ronrona uma alegria zombeteira,

Sem cinzas, eu matei a quarta-feira...

2008

Sem cinzas, eu matei a quarta-feira,

Comparsa desta sanha, minha amiga

Não posso converter amor em briga

Nem quero a fantasia derradeira.

A lua se fazendo uma empreiteira

Empresta tanta luz que, farta abriga

Mulher estonteante, mas não liga

Parece que não quer embora queira...

Desbaratando as tramas, mesma teia

Que tece em disparate e me incendeia

Indexando calor com gozo pleno.

Ao ver inebriado tal beldade

Eu digo adeus, perdendo a liberdade

Buscando em tempestade, mar sereno...

2009

Buscando em tempestade, mar sereno

Eu sei que não terei sequer um riso

De quem ao se entregar diz paraíso,

Mas sabe disfarçar qualquer aceno.

Se na verdade o nada eu concateno

O quanto que ganhei foi desaviso

Se às vezes em teu sonho eu me matizo

No fundo, não resisto e em vão aceno.

Amor que tantas vezes me confunde

Ao mesmo tempo goza e já contunde

Deixando em desespero quem pensava

Beber na madrugada o fino mel

Da boca em gargalhada mais cruel,

A cada novo beijo traz a trava.

2010

A cada novo beijo traz a trava,

Fechando o meu caminho, trama o cofre,

Amor que vem chegando assim se chofre

Ao mesmo tempo é gelo, neve e lava.

Quem ama na verdade sempre sofre,

A ventania corta; forte e brava

A chuva que maltrata, uma alma lava

Enquanto o seu prazer, decerto aljofre.

Rocios que trocamos, gozo em festas,

De todas as vontades tu me atestas,

Marcando com as unhas minha pele.

A garra da pantera revira olhos,

Estrelas multicores, flor aos molhos

Loucura que me atrai, logo repele...

2011

Loucura que me atrai, logo repele

Assim vou me perdendo em farta insânia

Deixando bem distante alguma inânia

Aonde a solidão, inerme apele

Amor que vem roçando nossa pele

Impede com certeza uma vesânia.

Paixão acastelada diz citânia

Tomando deste sempre, nos compele.

Amor que com desejos não camuflo,

À luta em desvario quando insuflo

Pressinto, na colheita uma fartura.

Misturas entre pernas, olhos, dedos,

Desvendam com delírios os segredos,

À plenitude em gozo, amor augura...

2012

À plenitude em gozo, amor augura,

Paloma libertária em alvo véu

Percorre imensidão, ganhando o céu

Apascentando a vida em rara alvura.

Alvíssaras emergem da ternura

Estrelas da emoção que num cordel

Fazendo dos prazeres meu farnel

Esplêndidas imagens. Festa e cura.

A par desta divina confluência

Tiara dos meus sonhos com clemência

Estendem nos varais das esperanças

O riso de quem vive as temperanças

Do amor; o bem sublime em perfeição

Tomando em calmaria, uma explosão...

2013

Tomando em calmaria, uma explosão,

Suores escorrendo pelo rosto,

Amor quando dos medos ganha o posto

Encarna a procurada redenção.

Nas mãos do marinheiro, o doce arpão

Cravando e despedindo o vil desgosto,

Fazendo da alegria o seu recosto

Descarta num segundo a dor e o não.

No fogo abençoado de nós dois

Não deixarei mais nada pra depois

Vivendo a cada instante, o derradeiro

Quem tem amor sem gládio por parceiro

Já sabe caminhar por entre os astros

Reconhecendo em paz, pegadas, rastros...

2014

Reconhecendo em paz, pegadas, rastros

Deixadas pelos sonhos e vontades.

Vislumbro nos teus braços, claridades,

Amor reconhecendo nos canastros

As formas e os desejos; alabastros

Nas mãos de um escultor, as qualidades

Sublimes deste artista, sem alardes

Invadem com beleza e ganha os astros.

Num cântico que é feito em placidez

Amor que tantas vezes já se fez

Suprema redenção da vida humana,

Entrega-se ao desejo mais clemente

Mudando qualquer sina, toma a gente

Embora a sorte eu saiba ser cigana...

2015

Embora a sorte eu saiba ser cigana

Não temo os disparates do destino

Os erros quando posso, eu elimino

E a vida então se aflora soberana.

Num palacete ou mesmo na cabana

Na névoa vislumbrando um sol a pino,

Do velho transformado num menino

O amor mostrando a face mais humana

Ascende sobre todos, não escolhe,

E mesmo ao insensato já recolhe,

Um sentimento nobre enquanto pária.

A luz que nos desnuda temerária

Inflama, transtornando em destemor.

Inebriante audácia diz amor...

2016

Inebriante audácia diz amor

Roubando a nossa paz, nos apascenta,

A mansidão insana e violenta

Da glória que nos toma num torpor

Viagem por um mundo encantador

Ao mesmo tempo em risos, traz tormenta

Um novo amanhecer em guerra inventa

Ao tímido transporta o destemor.

Aos poucos transbordando em desvario

Inunda em placidez as calmas margens

Roteiros tão diversos de viagens

Dos mares invadindo o manso rio

Espalha sobre nós em cores gris

Felicidades; feito um chafariz.

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 143

1989

No gozo deste amor, sinto vertendo

Em fozes tão diversas, sentimentos;

Ternuras e carinhos: condimentos,

Aos quais não faço algum, sequer, adendo

Quereres e vontades me envolvendo,

A vida se permite aos meus intentos

E prometendo assim novos inventos

Alentos em delírios; sempre tendo.

Recolho meus pedaços e refaço

De tudo o que eu perdera, trama e laço

Regaços em palavras carinhosas.

Levando desde agora a paz suprema

De quem não tendo à vista algum problema

Imagens em delícias graciosas...

1990

Imagens em delícias graciosas

Formando em rosicler o entardecer.

Aos poucos recomeço a perceber

As maravilhas espetaculosas

Fantásticas deidades fabulosas

Embotando olhares no prazer

Que tantas vezes sinto a se verter

Espalhando em canteiros frágeis rosas.

Na lânguida expressão, fátuo desejo.

Anseios tão etéreos que prevejo

Domínio dos sentidos, abandono.

Atrevo-me a pedir estrela e luz

Dourando belos corpos seminus

Ganhando os infinitos perco o sono...

1991

Ganhando os infinitos perco o sono,

Num átimo viajo por espaços

Momentos tão profanos e devassos,

Divinas conjunções eu espiono.

Amor, dos sentimentos, o patrono,

Que mesmo em suprimentos mais escassos

Reúne novamente os meus pedaços

Tramando a primavera em pleno outono.

Ao ouvir o chamado dos arautos

Até os distraídos, os incautos

Percebem o poder que emana de Eros.

A bordo desta fabulosa barca

Minha emoção, a fantasia abarca

Sonega outros tormentos, frios, feros...

1992

Sonega outros tormentos, frios, feros

Revelação trazida pelo sonho.

A cada amanhecer me recomponho

Vivendo estes momentos insinceros.

Os dias prosseguindo assim, austeros

O tempo não promete ser risonho.

O quadro se apresenta então medonho,

Embora com cuidados, vãos esmeros

Caricatura apenas do que fomos,

Engodos que às verdades contrapomos

Não deixam que se pense com clareza.

É necessário sempre ter coragem,

Quem sabe ao refazer nossa viagem

A glória se perceba em farta mesa.

1993

A glória se perceba em farta mesa

Àquele que se mostra destemido

Dever que com clareza está cumprido

Não deixa ao fim da tarde uma surpresa.

Porém é necessário o que se preza

Negando um descaminho concebido

Fadando ao desamor; inglória e olvido

Não sendo da tristeza simples presa.

Se a lua e merencória e o dia é vago

Pensando no que fomos eu divago

O afago da saudade traz desprezo,

A vida vem soltando todo o peso,

Marcando a minha cútis, cada ruga,

A lágrima que trago não se enxuga.

1994

A lágrima que trago não se enxuga,

Também a vida traz em artimanhas

As mais complexas ditas, velhas sanhas,

Preconizando ao fim, temor e fuga.

Amor quando em tristezas se conjuga

Adentra com vigor nossas entranhas

Ao mesmo tempo queres e me estranhas,

O pensamento audaz não se subjuga.

Vestido da esperança, eu sigo em luta,

Batalha interminável, mas querida.

A cada nova trama em trégua urdida

Permite uma estratégia. A mão astuta

Ao me acariciar, cedo apunhala.

Deixando sem sentidos minha fala.

1995

Deixando sem sentidos minha fala,

O amor quando entontece; o que fazer?

Aberrações diversas passo a ver

Tomando com certeza quarto e sala.

Por vezes a ilusão já me regala,

Depois escuridão a refazer

O passo que entre trevas se fez crer

Multiplicando em erros. A alma cala...

Escalas tão diversas, versos, veios,

Fagulhas incendeiam meus anseios

E nada do que colho, eu semeara.

Desertificação nesta seara

Que um dia fora glória e agora é nada.

A noite se faz logo anunciada...

1996

A noite se faz logo anunciada

Crepúsculo em minha alma. Vou vazio.

De todos os meus passos, perco o fio

Só resta o que eu não quis. Vida farpada.

Adentro em noite escura a vã estrada,

A solidão acende o seu pavio

O tempo se mostrando mais sombrio

Sonega o que tentei ser alvorada.

Meticulosamente inda recolho

Tentando me livrar de cada abrolho,

O trigo se perdeu. Amor sendeiro

Desprezível, voraz, negando a sorte

Apenas restará no fim, a morte

Orgástica ilusão, bem derradeiro...

1997

Orgástica ilusão, bem derradeiro,

Cevada pela vida. Meu estertor

Vibrando com seu ar encantador

O corte se aprofunda, alvissareiro.

O corpo se apodrece por inteiro

E traz o mais profano e puro ardor,

Sentindo minha tez se decompor

Preparo em solidão este canteiro

Aonde poderei ser mais feliz,

A lua se desnuda, meretriz

E deita em prata um fogo inebriante.

Incrível que pareça, neste instante

Minha alma libertária enfim se eleva

Buscando em teimosia, paz na treva...

1998

Buscando em teimosia, paz na treva

Durante tanto tempo eu me embebi

De todo este vazio que há em ti

O sonho em pesadelo vão me leva

Fazendo na esperança torpe ceva

Eu quis o que tentara e já perdi

Apenas teu retrato, então eu vi

Minha alma, mansamente então se neva.

Releva a cada passo, o meu falseio,

E embora na ilusão, ainda veio

Um único momento de alegria

Sorrindo em desdentada maravilha,

Espaços sem limites, o caos trilha,

Surpresa transtornando em ironia.

1999

Surpresa transtornando em ironia

Cadáveres pesando em minhas costas.

A par do que sonegas, corta em postas

E o tempo em abandono, o sonho cria.

De tudo o que talvez, o amor sabia

Errôneos descaminhos, dor reposta

A vida não duvida nem aposta

O que me restará? Vã fantasia...

Funérea tempestade eu vejo ao longe,

Coração solitário feito um monge

Não vê mais esperanças, segue ao léu.

A adaga em tuas mãos, bem escondida

Promessa sorrateira de ferida

Cumprindo em louca sina, o seu papel...

2000

Cumprindo em louca sina, o seu papel,

A amargura de tentar e não saber

O quanto se mostrou em desprazer

A vida sonegando um claro céu.

Minha alma se confunde na Babel

Dos sonhos, pesadelos, dor, poder,

Em cego destempero, passo a ver

Derradeiro sorriso, ateu, incréu...

Vestígios de mim mesmo pelas ruas,

Caridosa manhã, belezas nuas

A praia se desfaz do velho mar.

Areias movediças entre pedras.

Esperanças sutis que logo empedras

Veredas que não posso mais buscar...

2001

Veredas que não posso mais buscar,

Hediondas colheitas prometidas

Hedônicas manhãs, mal divididas

Deixando uma esperança me lograr.

Quem dera uma alegria como altar

Tomasse em procissão as nossas vidas,

Entraves e barreiras esquecidas

Na trilha feita em paz, recomeçar.

Porém percebo ser um disparate

Do amor, este falsário e podre vate

Nas teias tão ingratas: ilusões.

Noctâmbulo fantasma de mim mesmo,

Andando pelas ruas, prossigo esmo

Lutando contra o fogo das paixões...

2002

Lutando contra o fogo das paixões,

Diversas vezes tive o desprazer

Da solidão a dois reconhecer

Secando o que pensei inundações.

Do quando se fizeram negações

Os dias que pensara em bem querer

Espalham sobre nossos corações

O medo de sonhar e de viver...

Depois de tantas farsas e mentiras

Distantes emoções, vazios miras,

E o nada em sofrimento, ora desvendo

Restando a solidão em nossas vidas.

As lágrimas terríveis e doridas

No gozo deste amor, sinto vertendo.