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Saturday, May 27, 2006

DE FAMÍLIA E DE FAMÍLIAS

Naquela mesma cidade pequena de Minas, onde o Prefeito Francisco tinha tido uma votação expressiva, mesmo das beatas e dos senhores conservadores do local, como eu já citei, havia um prostíbulo famoso, com meninas muito bonitas e de variadas “espécies”.
Clarice era mestra no metièr e sabia que, a melhor forma de manter a freguesia era a variedade.
A cada mês “trocava” as meninas com outras profissionais da difícil arte de amar, por meio de umas relações comerciais que tinha com várias casas em Juiz de Fora e Rio de Janeiro.
Uma nova “estréia” era patrocinada por um dos coronéis da cidade, ou das cidades vizinhas; regada à música, dança e muita alegria.
Pois bem, Francisco, como já havíamos dito, era um dos maiores freqüentadores de tal casa de diversão sabendo, inclusive, quando haveria ou se haveria uma nova “inauguração”.
Quando viajava, principalmente em caráter oficial, pois sabia que as despesas iriam ser bancadas pela municipalidade, Francisco costumava levar consigo uma ou duas das “meninas”, para se divertir e causar inveja aos outros prefeitos das cidades próximas.
Tal variedade de “acompanhantes” dava a Francisco certo ar de virilidade do qual ele tinha muito orgulho.
Mas a verdade é que, nosso amigo e sua amada esposa tinham um casamento feliz.
Pode parecer paradoxal, mas, para a pequena burguesia local, o fato de terem um casal de filhos, irem com freqüência à missa, estarem juntos nas festas da padroeira, no carnaval e em todos os casamentos e aniversários da “high society” do local, os tornava um casal “exemplo”.
E esse aspecto “família” era de fundamental importância para Francisco.
Pois bem, como os mais antigos se recordam na década de 70 a Coca Cola litro ainda era uma raridade.
Mas, tínhamos uma de 750 ml, se não me engano que era chamada de “Coca Família” lembram-se?
Mas, voltando à vaca fria, numa dessas viagens, Francisco levou consigo duas “menininhas” das mais bonitas que tinha aparecido no lugar.
A viagem era longa, se não me engano para Belo Horizonte e, como tinham saído de manhã, Francisco estava com fome e, parando em um restaurante à beira da estrada, foram almoçar.
Francisco fez seu pedido e as meninas também.
Nesse interem, Francisco e o motorista confabulavam sobre outro assunto quando o garçom perguntou o que as meninas iriam beber.
-Coca Cola, responderam.
O garçom solícito pergunta então: FAMÍLIA?
No que nosso herói de súbito, pegando o bonde andando responde revoltado:
-FAMÍLIA O QUE?! ESSAS SÃO LÁ DO PROSTÍBULO DA CLARICE SIM SENHOR! E COM MUITA HONRA!!!!

O HOMEM DE BRASÍLIA


Havia um prefeito na zona da mata mineira, lá pelos idos dos anos 70 de características inusitadas.
Político à antiga, tinha entre suas características mais comuns, certa ingenuidade e uma absoluta matreirice associadas com uma singular singeleza.
Contam que, no auge do Opala, como um dos carros mais bonitos e de maior status nesse país, principalmente no Diplomata, símbolo de ostentação nos meios quase rurais desse país, nosso herói comprou um desses carros.
Era o orgulho do Prefeito, todo azul, com listras brancas laterais, era lindo de se ver.
Por dentro, colocara um ar condicionado, que o fazia mais e mais se sobressair sobre as dezenas de fuscas, Variants, Dkws e Corcéis que circulavam pelas ruas esburacadas ou sem calçamento do lugarejo.
Nosso prefeito a quem vou chamar de Francisco, tinha um amor muito grande pelo automóvel, quase tanto quanto pelas “meninas” da Clarice, velha cafetina de histórias generosas e muitas vezes cômicas.
Dona de vasto repertório de intrigas e confissões, sua agenda era quase que tão temida quanto à de uma coleguinha sua famosa, lá de Brasília.
Falando em Brasília, voltemos ao fato antes que os devaneios me façam perder o fio do novelo, ou da novela...
Um dia, Francisco foi chamado para uma reunião com o Governador de Minas, Francelino Pereira, se não me engano.
Esse fato deixou nosso amigo em polvorosa. Um Governador de Estado convocá-lo para uma reunião! Era um fato de maior importância, talvez o de maior relevância naquele recém nato município.
Se arrumou, mandou comprar um Terno na Ducal, loja famosa do Rio de Janeiro, se aprontou todo, mandou a patroa comprar um vidro de Vitess, se perfumou todo, recendendo ao perfume até os cabelos.
Muito bem vestido para os padrões da municipalidade, pegou o seu Opala e mandou o motorista da ambulância, velho correligionário que, na ausência de um motorista oficial da prefeitura, se colocou à disposição de Francisco para levá-lo à Belo Horizonte.
Viagem longa, cansativa, mais de 400 quilômetros, muitos deles em estrada de terra.
“Vou pedir ao Francelino para asfaltar essas estradas” pensava nosso amigo, já se sentindo dono de uma amizade mais estreita com o Governador Mineiro.
O correligionário da Arena não ia lhe negar o pedido.
Mas, voltando ao caso, eis que chegam a Belo Horizonte, cidade grande que assustava o simplório político.
No Palácio da Alvorada, ao dar entrada, teve que deixar seus documentos, o que irritou-o sobremaneira. Mas, cada roca com seu fuso, cada povo com seu uso, pensou e obedeceu mesmo a contragosto.
Ao se sentar, defronte a uma moça bonita que o pediu para esperar um pouco, começou a sentir que sua presença era aguardada, mas não tão ansiosamente como pensara de início.
Depois de quase duas horas esperando, vê chegar um homem, todo engravatado, com uma aparência muito elegante e ares de superioridade.
Esse novo personagem, ao entrar, cumprimenta informalmente a secretária, como se já a conhecesse há tempos.
Nisso, percebe quando a mesma, pelo telefone conversa com o Governador:
-Sr. Governador, o homem de Brasília chegou.
Ah, isso fora demais. Ao que, prontamente, sem titubear, Francisco se ergue revoltado e desfere essa:
- Se ele veio de Brasília, fala pro Francelino que o Francisco que veio de Opala está aqui, num vou deixar que um camarada, só por que veio com um carrinho desses possa achar que é melhor que eu. EU VIM DE OPALA MOÇA!

ARCA DE NOÉ

Falando em Padre Nonato, me vem outra história ocorrida com este inesquecível amigo.
Como já disse anteriormente, Padre Nonato era um mulato obeso, não muito alto, com voz alta e firme, humor raro e caráter idem.
Carioca da Gamboa, acostumado ao jeito moleque do Rio, principalmente do “malandro carioca”, hoje praticamente extinto, na sua forma pura e original; sendo substituído pelos “malandros” com gravata e capital, como dizia Chico Buarque; Padre Nonato amava sua cidade natal.
Os ares de Minas tinham dado um ar mais maroto e desconfiado ao nosso personagem, mas não tinham conseguido destruir a maravilha carioca que transbordava, vem em quando, em algumas atitudes e palavras suas.
O hábito de usar a batina em qualquer situação, velho uniforme de todos os dias, mesmo nos mais quentes, dava ao Padre um aspecto interessante.
Gordo, mulato, de batina negra, andando pelas ruas no tórrido R io de Janeiro em Janeiro, chamava logo a atenção.
Pois bem, nesse clima e com esse quadro de exasperar só de imaginarmos, Padre Nonato fora à Cidade Maravilhosa rever os amigos, que um dia...
E nessa viagem, ocorreu um fato insólito que gerou muitas gargalhadas em quem testemunhou tal episódio.
Centro do Rio, Avenida Rio Branco, Padre Nonato faz sinal para um ônibus.
O ônibus pára, o padre sobe no coletivo...
Até aí tudo transcorre dentro da tranqüilidade esperada.
Porém, eis que um gaiato, de dentro do ônibus sai com essa:
-Hei, está subindo um URUBU no ônibus.
Ao que o padre, sem titubear responde em voz alta:
- É a arca de Noé está cheia agora, tem o URUBU e tem o VEADO FALANTE!....

CRÔNICAS - COMO UM PADRE

Me recordado do Padre Raimundo Nonato, já citado anteriormente, tenho uma de suas mais deliciosas histórias me aflorando, coçando meus dedos e querendo nascer; antes que seja à fórceps, vamos dar vazão a essa narrativa.
Visconde do Rio Branco, como toda pequena cidade de Minas, contava com uma forte oligarquia rural e, como não podia deixar de ser, essa oligarquia detinha o poder político e econômico.
Os “Comendadores, Capitães e Coronéis” eram expressões dessa realidade.
Havia, nos anos 60, um desses “Comendadores” que, estava para Visconde do Rio Branco como quase um senhor feudal.
Homem de riqueza bastante generosa e de empáfia semelhante.
Com seu chapéu de couro, cobrindo quase um metro e noventa de força bruta e revólver ligeiro, esse cidadão atemorizava, só pelo aspecto físico, quem quer que se aproximasse.
Padre Nonato, dono de um senso de humor ímpar, mas de um sentimento de justiça maior e, não suportando o caráter prepotente do nosso ‘Comendador”, mantinha relações, por vezes conflitantes, com o mesmo.
Nos seus sermões, como libertário que era, pregava a justiça social e revelava seu caráter judicioso ao tratar, equilitariamente tanto os pobres como os abastados.
Isso irritava o Comendador; mas o bom humor do Padre, muitas vezes inibia seu desafeto.
No fundo, o Comendador admirava Padre Nonato, mas não podia confessar isso, sob pena de ter sua posição abalada, como um dos “padrinhos” e “benfeitores” da Sociedade local.
Num desses períodos de trégua, o Comendador convidou ao nosso herói para um almoço em sua fazenda.
Nonato aceitou prontamente e, ao chegar à propriedade do homem rico, foi surpreendido com um verdadeiro banquete.
Banquete para mineiro é banquete mesmo, regado a cachacinha e sucos vários, trazendo leitão a pururuca, tutu, torresmo, arroz branco, feijão tropeiro, mandioca frita, chouriço, lingüiça, entre outras coisas.
Na sobremesa, goiabada com queijo, doce de leite, doce de figo em caldas, essas maravilhas todas que trazem um prazer aos olhos, ao olfato e ao paladar.
Pois bem, ao terminar a refeição farta, o Comendador bate na barriga, arrota e solta um provocativo:
-Hoje comi muito, como há muito não comia, COMI VERDADEIRAMENTE COMO UM PADRE!
Ao que Padre Nonato, calmamente retrucou:
-É, Comendador, quer dizer que, pela primeira vez na vida o SENHOR COMEU COM EDUCAÇÃO!
CAI O PANO....

DAS FINALIDADES E DOS MEIOS

Quando vejo Heloisa Helena e o PSTU, tento entender as atitudes desses com relação ao Governo Lula.
Pode parecer estranho, mas não consigo entender somente como se fosse uma forma rancorosa de alguém que fosse traído ou se sentisse traído.
Há, além disso, um aspecto que me aprece mais importante que a mera traição ou a sensação desta.
Há uma diferença fundamental a nível de filosofia e de métodos para o estabelecimento de uma finalidade em comum: O SOCIALISMO.
Verdadeiramente, acredito na boa fé da maioria dos componentes do PSOL e do PSTU.
Eu seria primário e, como não dizer, leviano se pensasse que a ação desses, somente pelo fato de ser diferente da nossa, significasse ausência ou vício de caráter.
Os contrários devem conviver e, honestamente, acredito que temos objetivos bem claros e coincidentes: o bem comum e a igualdade social.
Obviamente, dentre desses partidos, como em todos, há os aproveitadores de ocasião, os vendedores de ilusão e os mau carateres que se utilizam da política não como meio de melhoria social, mas, ao contrário, de veículo para servir a finalidades individuais.
O fato de ter sido utilizado o capitalismo como forma de melhoria social, a partir da educação universalizada, do barateamento dos meios de produção do proletariado e proteção desse, com a diminuição dos juros da economia familiar; da melhoria do acesso universitário, como meio de transformação social, se utilizando do potencial individual para, no conjunto, permitir a ascensão coletiva, é o fator primordial do tipo de mudança que está ocorrendo.
As finalidades se equiparam às sonhadas pelos socialistas e comunistas de primeira hora que partiam do pressuposto da destruição pura e simples da burguesia e da distribuição de riquezas sem observar características individuais, que acarretaram, em última instância, numa forma de “burguesia” do poder.
Essa forma “romântica” dos primórdios gerou, em última análise, na burocratização do poder, na dominação política sem observação do contraditório, nos partidos únicos e monopolizadores, na desvalorização das individualidades o que gerou a incapacidade do coletivo.
A queda do comunismo, no mundo, se deveu a esses principais motivos.
Deve-se valorizar o conhecimento em prol da sociedade; obviamente, como a sustentação e apoio aos deficientes tanto físico quanto mentalmente.
Um deficiente visual grave não pode ser um controlador de vôos. Assim como um deficiente mental não pode ser colocado no mesmo nível de um administrador capaz.
Essas diferenças devem e Têm que ser respeitadas.
Somente a possibilidade de evolução dentro da atividade profissional com suas benesses naturais, estimula o crescimento do indivíduo e isso, coletivamente, reflete na melhoria da sociedade como um todo.
A pura e simples divisão de bens, a destruição da burguesia e das oligarquias, sem que isso seja acompanhado pelo desenvolvimento de um proletariado capaz de se auto determinar e competir de igual para igual com essa burguesia é, em si, catastrófica.
Não adianta me dar um automóvel se eu não sei dirigir, sendo necessário o aprendizado para que eu possa aspirar àquele bem.
Ao repararmos as ações do Governo Lula, vemos que a preocupação deste é O SOCIALISMO sendo produto da tentativa de equalizar as oportunidades e salvaguardar os miseráveis; capacitando o proletariado para sua ascensão tanto individual quanto coletivamente.
Essa política que me parece a mais correta diverge dos princípios do PSOL e do PSTU; arcaicos na opção pelos meios com os quais querem o mesmo SOCIALISMO.
O capital, por si só NÃO é MALÉFICO. Quando produtivo, se multiplica e gera, com os impostos recolhidos, maiores e melhores condições para a evolução da sociedade como um todo.
O aumento de arrecadação de impostos é produto, também, de uma circulação maior do dinheiro.
E somente a capacitação do maior número de pessoas, gerará a melhor distribuição de renda.
Essa não é a ótica desses outros partidos.
A moratória pura e simples pode levar e leva, na maioria das vezes, no esvaziamento daquele país, gerando desemprego, menor circulação de dinheiro e, por último, no aumento da desigualdade social.
Exemplo extremo disto é o Camboja, país que teve seus índices sociais próximos ao da pré-história.
Não é aumentar o bolo para dividir depois, muito pelo contrário; é aumentar o bolo para GERAR, através da aplicação dos impostos, em melhores condições para a evolução do proletariado.
Essa percepção é a que, traduzindo em miúdos, é melhor ensinar a pescar do que simplesmente dar o peixe; sem esquecer de dar o peixe aos que morrem de fome para, depois, quando mais independentes, ensinar a pescar.
A visão arcaica de que é preciso dividir sem preparar o povo para pescar gera, ao contrário, num aumento cruel da fome e da miséria, criando uma dependência “preguiçosa” entre poder e povo; paradoxalmente igual ao feudalismo e ao coronelismo que tanto a gente quanto o PSOL e o PSTU, combatemos.

Friday, May 26, 2006

SONETO

Não posso mais falar, e nem pretendo
Saber desses desejos incontidos
Viver nesses espaços compreendidos
Entre o que houvera sido, vou vivendo


Nas marcas desses dias já perdidos
Do tempo, se esvaindo, mesmo tendo
Quem nada mais podia, nem alento
Singrando velhos mundos conhecidos.


O medo me transforma noutro canto
Num último senão já descoberto
No distanciar tonto, nada perto


Trafegando por mares entretanto
Pelo meu peito aberto a teu encanto
Pelo meu sonho morto a descoberto!

LEONEL SERTANEJO

João Polino tem uma característica de personalidade muito interessante;
Hay gobierno, soy contra. Qualquer que seja esse, mesmo o eleito com seu voto.
A capacidade de radicalizar-se contra tudo e contra todos que é vista em alguns políticos nossos, de tal forma está entranhada em João que isso se torna, muitas vezes hilário.
Na pequena cidade onde morava, João era de uma atuação efetiva, mas totalmente contraditória.
Nas eleições para a prefeitura do local, João se esmerava em discutir contra os que não apoiavam o seu candidato, chegando a discutir e praguejar contra todos, amaldiçoando mesmo os filhos se esses, porventura votassem ou fizessem campanha para outro candidato.
Nas cidades pequenas, muitas vezes um cargo qualquer, da faxineira da escola até a direção dessa, passam pela mão do prefeito de plantão, essa dura realidade tem que ser modificada, mas demonstra o grau de subserviência a que têm que se submeter para conseguir ou manter seus empregos.
Pois bem, se a “vítima” de João fosse um candidato que ganhasse as eleições, esse fazia tanta balbúrdia que, mesmo que um parente seu tivesse apoiado o candidato vencedor, provavelmente a situação para o pobre ficava difícil de se sustentar.
Mas, se o candidato de João ganhasse, ainda assim estava complicado, pois passando alguns meses, lá estava João se transferindo para o outro lado; e quem era endeusado, de uma hora para outra estava “ardendo no inferno político” do inventivo e contraditório Leonel sertanejo.
Com a última eleição para presidente não foi diferente não, se João foi Lulista de primeira hora, da noite para o dia, Lula ficou sendo culpado pela Greve de Ônibus em Vitória, pela invasão do Iraque e até pela torção no tornozelo do velho João.
A última agora é a paixão de João por certa candidata alagoana; é pensando bem faz sentido...
O que temo é que, se um dia ganhar a eleição, vai começar a achar tantos defeitos na moça que, no mínimo ela vai dar as audiências de praxe, nas palavras de João, somente de calcinha e sutiã...

DOS NOSSO PECADOS

O treinador da equipe de tênis do Iraque e dois tenistas foram assassinados a tiros nesta quinta-feira em Bagdá, anunciou o Comitê Olímpico Iraquiano (COI). De acordo com testemunhas, os três homens foram assassinados porque usavam shorts. "Homens armados assassinaram o treinador Ahmed Rashid e dois tenistas, Nasser Ali Hatem e Wissam Adel Odah, na tarde desta quinta-feira no distrito de Saidiya (Bagdá)", disse Amer Jabar, secretário-geral do COI. Poucos dias antes do crime, um grupo militante sunita havia feito uma advertência e proibira o uso dos shorts. No dia 25 de fevereiro, o ex-campeão de boxe iraquiano Jasseb Rahma foi assassinado a tiros diante da família na cidade de Basra.
da France Presse, em Bagdá



É essa a realidade de um povo entregue ao descontrole absoluto, um povo em evidente situação de desgoverno, de indefinições, refém de vários grupos guerrilheiros, vindos de todos os lados, interna e externamente, colocado sob o signo do caos.
Pode nos parecer estranho e, até insano , o motivo desses assassinatos, mas devemos analisar alguns fatos antes de pré-julgarmos.
A violência iraquiana é fruto de vários “choques”: religiosos, culturais, econômicos, de governos e desgovernos tantos quanto forem os grupos existentes; isso sob o massacre diário de um exército estrangeiro sem nenhum vínculo com o seu povo.
Essa dominação externa e interna dá a dimensão do quanto é grave e insana qualquer tentativa de se intervir no equilíbrio, mesmo que possa nos parecer cruel, de um povo.
As ações desastradas do Império Americano sobre o povo iraquiano, primeiramente levando ao poder um sunita por medo dos xiitas, para depois derrubá-lo com o apoio dos xiitas, aos quais tenta inibir, de todas as formas, no vizinho Irã, demonstram onde o tresloucado presidente americano foi se meter.
A cada ação do Exército americano, aumentam os rancores e os ódios fomentados por um desequilíbrio absoluto.
Não se pode imaginar em um final para essa Guerra, a não ser a Guerra Civil sangrenta e catastrófica que virá após a inevitável retirada das tropas americanas do Iraque.
Essa medida causará uma terrível carnificina que, ao contrário do que possamos pensar, reequilibrará as diversas forças iraquianas.
Sua multicultura e seus traços extremistas são visíveis a todos, menos ao Governo Americano, cujo pensamento e é o mais representativo do povo norte-americano, torna Deus norte americano e seu povo, os Cavaleiros andantes contemporâneos.
Seria bom se Cervantes fosse mais conhecido por lá ou, pelo menos mais lido e compreendido.
“O que é bom para os Estados Unidos é bom para a humanidade”, essa afirmativa, além de bisonha é criminosa.
O desrespeito aos povos tem efeito tão devastador quanto o desrespeito ao equilíbrio de qualquer ecossistema, sendo que as reações humanas são devastadoras e mais imediatas.
As identidades entre os povos ocidentais e os radicais do Oriente são, por completo, desconhecidas pelos donos do poder e contraditórias.
Um assassinato por causa de um short é tão estranho a nós, como o desrespeito com que tratamos a natureza espanta os nossos indígenas menos aculturados.
Agora, se traçarmos um paralelo entre essa realidade e a nossa, não temos muito do que nos orgulharmos não.
Recordo-me o assassinato, na cadeira elétrica de um dos maiores defensores da dignidade humana, nos EUA, mostrando pelas mãos do abjeto Governador da Califórnia, que o perdão é simplesmente figura de retórica para o “cristianismo” norte-americano.
Outras vezes me vêm à lembrança as imagens dos prisioneiros iraquianos, humilhados de forma animalesca pelos mesmos “senhores” de Cristo.
Os massacres dos indígenas na colonização do solo americano, além da imagem do terrorista enjaulado para exposição pública patrocinada pelo criminoso ex-presidente peruano.
A imagem do assassino em série chileno, com a indecente ajuda do seu médico, saindo “doente” e andando para asco de quem ama a liberdade e a verdade.
Outra coisa que me traz essa realidade iraquiana é o aplauso de parte de nós, brasileiros, aos assassinatos em série, as chacinas sem julgamento, ou a revelia cometidas nesse país.
Seja no Carandiru,, nas ruas paulistas, em Vigário Geral, na Candelária, em Carajás, todos os dias, em nossa História.
Até que ponto o assassinato causado em nome de Deus, de shorts tem e quais são as diferenças para esses nossos pecados?

COMO DOIS ANIMAIS - EM HOMENAGEM A ALCEU VALENÇA

Havia naquela pequena cidade, como em praticamente todas as que conheci o “doidinho” que fazia o medo da criançada e, por inofensivo o riso dos adolescentes e a “limpeza” de alguns pecados das mulheres e homens do local.
A população sustentava e protegia o seu “cãozinho” inofensivo, do frio e da fome.
Mas aquele tinha uma particularidade interessante, era muito bonito.
Tinha uns olhos azuis que fascinavam, às escondidas é claro, as mocinhas do lugar.
Os seus cabelos cacheados e ondulados também chamavam a atenção delas, mas, a debilidade mental protegia o pobre rapaz das “gulosas” moçoilas.
Menos de Marcinha, essa não, essa nunca respeitara a inocência e ingenuidade do pobrezinho.
O sexo é inerente, instintivo mesmo, e a resposta aos estímulos eram imediatas.
Nos jogos de sedução e prazer, muitas vezes jogados nas matas e nos cantos escondidos da cidade, o nosso herói era extremamente eficiente.
Pois bem, Márcia mudou-se com a família para outra cidade, e por lá ficou um bom par de anos, estudou, formou-se e, casada, voltou para a pequena cidade onde nascera.
Seu marido era homem de posses regulares, mas, que em relação aos moradores do pequeno lugarejo, poderia se considerar quase que “rico”. E, ao se preparar para a mudança, resolveu comprar uns alqueires de terra próximos a sede do município.
Nessas alturas, Márcia já tinha e esquecido das brincadeiras de adolescente e imaginava até que o doidinho já houvera morrido, também isso não tinha a menor importância; a moça crescera, amadurecera e essa página do passado já tinha sido cremada da memória, como se fora um sonho longínquo.
Reparara ao chegar à cidade, que quase tudo estava como deixara, suas amigas de juventude estavam quase todas casadas; as casas estavam nos mesmos lugares, só que mais envelhecidas, o barzinho da praça tinha fechado e, no seu lugar aparecera um trailer, onde os jovens se reuniam para namorar, conversar, essas coisas corriqueiras.
Mas uma coisa lhe chamou a atenção, na pequena cidade não havia mendigos à sua época e, agora, tinha encontrado um dormindo na rua, com aquele cheiro inerente do homem, que a água e os perfumes disfarçam.
Seu marido comentava, com tristeza, a que ponto a miséria e a bebida poderiam levar um ser humano, exposto como se fosse uma ferida aberta, uma vergonhosa chaga.
Entretanto, mal poderia imaginar que, aquele homem bêbado, de olhos baços e cabelos embranquecidos, desdentado poderia lhe ser familiar.
O tempo havia mutilado a beleza do lunático, deixando as marcas indeléveis da pobreza e dos maus tratos no pobre rapaz.
Andava, como sempre, solto nas ruas, mas, como perdera o encanto da juventude, estava cada vez mais abandonado por todos, fadado a amanhecer morto de fome ou de frio nas ruas do vilarejo.
A bebida por companheira, e para isso sempre tem alguém que colabore, tomara o lugar da comida, a tosse denunciava a tuberculose que minava aos poucos o corpo, não deixando muito, restando somente a podridão em vida, daquela vida sem brilho, sem nexo.
A vida transcorria serena e suave na cidadezinha, com seu noticiário diário dado e ampliado pelas fofoqueiras de sempre, os homens trabalhando, as crianças estudando e brincando nas ruas calçadas com “pé-de moleque”, ou ensaibradas à espera da chuva.
Mas aquele dia seria diferente dos outros.
A Igreja promovera uma quermesse para arrecadação de dinheiro para a compra de novos bancos, já que os velhos estavam destruindo-se com o tempo e os cupins.
O marido de Márcia, para orgulho dessa, era um dos mais animados arrematadores do leilão improvisado.
Todas as suas amigas tinham ficado com inveja dela quando conheceram o belo rapaz; educado e gentil. O tipo de homem que era o principal sonho de consumo das moçoilas do local
E, ainda por cima, rico, muito rico...
Nesse ínterim, eis que surge o bêbado descrito anteriormente e, para espanto de todos, segura Márcia pelo braço e a beija violentamente.
O espanto se tornou geral, já que o nosso doidinho sempre fora pacato, manso, sem sinais de agressividade ou de qualquer tara.
Márcia olhou assustada, a princípio com nojo como era de esperar; mas, de repente, como num lampejo, num átimo, reconheceu no bêbado, o amante de outrora.
E, para terror de todos, se deixou levar, com os olhos fechados e a boca entreaberta, as mãos viajando, o corpo tremendo e, numa entrega sem par, sem reparar em nada e em ninguém, para escândalo de todos, se amaram ali mesmo.
Num encontro inesquecível, a onça renascera e, junto com o cão vagabundo se “amaram na praça como os animais”.

SOBRE 2010.

Partidários tradicionais do tucano Geraldo Alckmin (PSDB) ruminam, em reserva, a suspeita de que José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) estejam conspirando contra o êxito da candidatura presidencial do PSDB. Acham que, de olho em 2010, os dois estão privilegiando seus projetos pessoais em detrimento do interesse partidário.

O blog ouviu dois tucanos conhecidos por desfrutar da intimidade do presidenciável Alckmin. Um deles é deputado federal. O outro é deputado estadual. Ambos desconfiam da sinceridade do apoio de Serra e Aécio. Suspeitam que o ex-prefeito paulistano e o governador mineiro não deglutiram o fato de Alckmin ter prevalecido sobre eles na disputa pela vaga de candidato tucano à presidência.

Na avaliação dos aliados de Alckmin, Serra e Aécio apostam na reeleição de Lula. O discurso pró-Alckmin, que ostentam em público, seria mera fachada. Nos bastidores, os dois estariam bombardeando o companheiro de partido. Um dos deputados ouvidos pelo repórter chegou mesmo a insinuar que Aécio cultivaria uma política de boa vizinhança com Lula e com o PT.



Esse comentário postado no Blog do Josias é como a descoberta da pólvora.
Todos dentro e fora do PSDB sabem que a associação catastrófica de uma candidatura insossa como a de Alckmin, com o carisma e o excelente governo de Lula, em quase todos os parâmetros bem melhor do que os antecessores traz um caráter de adiamento dos sonhos de poder de qualquer um, repito, qualquer um que tente derruba-lo.
Tanto Serra quanto Aécio são “raposas” velhas e perceberam a canoa furada onde iam entrar, deixando o caminho livre para o inexpressivo Alckmin selar seu destino, obviamente com uma derrota acachapante.
Serra e Aécio têm projetos pessoais paralelos podendo, inclusive se candidatarem por partidos diferentes em 2010 e creio que isso ocorrerá.
Bastando, para isso que Newton Cardoso perca o poderio sobre o PMDB mineiro o que, em minha opinião ocorrerá.
Do lado do Governo, a candidatura que mais se solidifica é a de Ciro Gomes, que poderá vir de vice de Lula, mas, a princípio talvez como Ministro possa ter mais liberdade de ação.
Heloísa Helena pode ter cometido um erro histórico com relação ao seu partido “particular”, e que ninguém tenha dúvida de que o PSOL é Heloisa Helena, assim como o PRONA é o Enéas.
A retirada da alagoana de seu melhor cabo eleitoral, o plenário, com a sua perda de mandato por, pelo menos 4 anos, trará muitas dificuldades para que possa fazer do PSOL algo diferente do PRONA.
PPS e PDT continuarão talvez, com perdas importantes como partidos nanicos e inexpressivos.
Já o PFL terá um emagrecimento acentuado, com o envelhecimento dos velhos coronéis e a crescente independência dos seus “afilhados” com relação aos “padrinhos”.
O PMDB poderá se tornar um partido de maior poderio ainda, principalmente com a “aquisição” de Aécio Neves.
O PSDB passará por uma pesada reformulação, talvez, retornando às suas origens menos conservadoras e mais à esquerda, isso é, se quiser continuar a tentar voltar ao poder.
Alckmin poderá ou ser vereador ou, quem sabe, retornar a prefeitura de sua cidade natal ou, num “prêmio” pelo “sacrifício” um cargo num possível mandato de Serra; mas que, Pelo amor de Deus, não seja o de Secretário da Segurança Pública!

DO BOATO AO PÂNICO - ORSON WELLES AINDA CRIARIA O CAOS!



Temos observado, nesses dias difíceis de violência desmedida em Sampa, a capacidade da mídia em transformar o medo em pânico.
Um simples bilhete anônimo apareceu em Vitória, capital capixaba, dando conta de que no dia 25 de maio haveria uma série de atentados e solicitava o fechamento do comércio.
Isso foi divulgado pela mídia local, e o resultado foi catastrófico.
As escolas fecharam suas portas, o comércio idem; um verdadeiro pânico tomou conta da cidade, a ponto de um campeonato que ocorria num dos maiores ginásios esportivos da cidade ter sido suspenso durante sua realização. Isso levou os estudantes para as ruas, à espera de seus responsáveis para o retorno às casas.
Neste caso, como em todos outros, a mídia, a troco de audiência, esquecendo-se da credibilidade, precipitadamente, antes de qualquer checagem dispara a notícia, criando uma situação próxima ao pânico.
É papel da imprensa a divulgação de fatos, mas, até que ponto ela não está sendo utilizada ou poderá ser utilizada em alta escala para a criação de uma instabilidade, extremamente benéfica para que o crime organizado aumente seu poder de fogo?
Muitas coisas têm ocorrido e contribuído também para o descrédito da nossa imprensa, tanto escrita, televisada e difundida via ondas de rádio ou pela NET.
Isso tudo tem suas origens na necessidade de velocidade e da divulgação de “furos” de reportagem, que muitas vezes se transformam em gigantescas “barrigas”.
Por incrível que pareça, estamos à beira da reedição do caso de Orson Welles, isso nos meados do século passado!
O país está à mercê de grupos criminosos bem articulados, com uma inteligência ativa e que cada vez mais se utiliza dos meios de comunicação e de divulgação tanto pessoal quanto em massa.
Cabe à imprensa o retornar ao bom senso e, principalmente à responsabilidade que se exige dela.
O caso do Espírito Santo é exemplar e denota o quanto é Grave a situação real e potencialmente podendo ser multiplicada em progressão geométrica, criando o caos.
Somos bombardeados, todos os dias por notícias que, se forem analisadas demonstram muitas vezes uma contradição que apavora.
“Só sei que nada sei” já era uma verdade na Grécia antiga, e a cada dia se torna mais real, tal a profusão e confusão criada pelo afã de publicar em “primeira mão” qualquer coisa, desde o divórcio ou o casamento da atriz de plantão até uma informação de tal vulto que imobiliza uma cidade inteira.
O fato da Veja ter tido, há dias sua integridade jornalística colocada, e com razão, em dúvida, denota isso tudo que constato e afirmo.
Não se pode tratar o consumidor da informação dessa forma, ele é o fim e não o meio para que o jornalismo tenha efeito e justifique a sua existência.
Nas páginas da Internet já bastam os vírus do dia a dia, temos tido muitos “vírus” nesse setor, muitos anônimos, mas, infelizmente a maioria, na sede de ser conhecido como “bom repórter”, assinados!
Além do podre analítico que anda por baixo:
Veja essa notícia e analise:
César Maia diz que pesquisas são favoráveis a Alckminda Folha On-linegarantir o segundo turno. "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição", diz o prefeito.

Essa notícia, numa análise simples denota outra que não foi observada; quando Maia afirma que se tentar esgrimir, para valer, programas ou comparação como agenda a eleição está perdida, ou seja, a manchete deveria ser outra:
“César reconhece que o Governo Lula é melhor que o anterior”.
Ou não foi isso que ficou explicitado na afirmativa do prefeito?
Temos, nesse caso, além de uma demonstração clara de poder de análise outro fato interessante: na busca por “furos” ou afirmativas bombásticas, o repórter perdeu uma boa oportunidade.
De outra forma, a imprensa está carecendo de um órgão próprio e regulador, independente, sem nenhum caráter opressor ou censor, de auto - regulamentação e de transparência.
Algo assim com a OAB ou o Conselho Federal de Medicina ou o CREA.

CRÔNICA - OS OLHOS E O SORRISO

Trazia um sorriso indefectível, quase sempre acompanhado de um olhar a esmo, perdido, sem nexo ou horizonte.

Quase não falava e não mexia com ninguém, mas o simples fato de olhar “daquele jeito” assustava as pessoas.

Menino criado solto pelas vielas sem calçamento do pequeno distrito de Alegre, no Espírito Santo, comia às vezes, quando lhe dessem alguma coisa, qualquer coisa.

Muitas vezes o prato de comida era acompanhado por impropérios, outras vezes a negativa era acompanhada por pedradas, copos de água fervendo e outras coisas mais.

O menino foi crescendo assim, dormindo com os bois nos estábulos ou num canto qualquer a esmo.

Nos tempos de frio, e olhe que aquele lugar era frio, muitas vezes os seus pedidos por comida ou água eram respondidos com jarros de água fria, o que foi lhe dando uma resistência espantosa.

Agüentava bem o frio, passava os invernos mais recolhido, qual fosse um bicho meio que hibernando meio que vivendo.

Os dentes perdidos na falta de assistência e pelas pedradas disparadas pelos meninos do distrito, foram deixando vazios naquele sorriso que davam mais e mais a impressão de debilidade mental, mas de uma enigmática e tenebrosa face que associava esse sorriso com o olhar, olhar para nunca, para ontem.

Como em todo lugar pequeno, tínhamos ali também, os gaiatos de sempre. E a brincadeira predileta que o ócio criava era a de deixar um aos outros, embriagados.

Com ele não podia ser diferente, o álcool era gostoso, a embriaguez mais ainda, e a anestesia fazia bem ao nosso rapaz.

Embriagado, as coisas pioravam de vez.

As poucas “boas almas” do vilarejo viraram-lhe a cara, numa sucessão de impropérios e negativas que foi definhando o rapaz.

Mas o sorriso permanecia, os olhos de sempre, a vida passando, de mal a pior.

A fome voraz fez com que começasse a se adaptar a um cardápio mais variado e simples.

Começava a comer frutas e legumes, muitas vezes verdes, arrancados do pé e devorado sem tempero, sem cozimento, crus.

Quando foi visto comendo jiló cru, uma mulher teve pena e, pouco a pouco foram uma ou outra, enchendo novamente a latinha enferrujada com os restos das refeições. Os porcos nem repararam na partilha.

Pois bem, no meio dos velhacos do local havia um que ultrapassava os limites.

Ao perceber que nosso amigo repetia o que era-lhe dito, sem capacidade de analisar, ensinou-lhe os palavrões de sempre.

Até aí tudo bem, meio as risotas abafadas das “donzelas” e o praguejar das velhas beatas, tudo ia transcorrendo como de sempre.

Um dos filhos da burguesia local, e burguesia nesses casos não passa de um sitiante melhor ou, na maioria das vezes, demonstrando melhor condição econômica, mesmo que à custa de engodos e trambiques vários, não nutria muitas simpatias pelo rapaz.

O motivo foi que, um dia o ingênuo, sem querer esbarrou na roupa nova do burguesinho e, como as mãos não eram religiosamente lavadas, manchou um pouco a blusa.

Havia uma menina muito bonita e, mais que bonita, uma verdadeira patricinha, dessas que soem ocorrer nestes lugarejos.

Ao saber que o mendigo havia assobiado para ela, revoltou-se.

E, na sua revolta foi tirar satisfação com o pobre, cuja única reação foi o sorriso sem dentes e o olhar perdido.

O aristocratazinho interpretou aquilo como se fosse uma ofensa ou um tipo de deboche.

Passaram-se alguns dias e corria a notícia de boca em boca.

Acharam o corpo do rapaz, numa clareira dentro da mata, num sitio abandonado perto do centro do distrito.

As marcas de sevícia eram assustadoras, o pênis cortado, a língua arrancada, as vísceras expostas, uma crueldade ímpar.

Somente os olhos e o sorriso, como a perdoar as mãos assassinas restavam, pairando sobre o distrito...

Thursday, May 25, 2006

SÃO PAULO

São Paulo, não te conheço, mas tento te conceber. Nesse teu vai e vem, nessas suas ruas gigantes, avenidas, sangrando pelo teu corpo.

No Rio e nas marginais que te atravessam e te conhecem por inteira.

Marginais, marginais do Tietê, de suas tietes, de teus túneis e viadutos.

Marginais te sangrando e te cortando, mostrando teu coração.

Coração aberto, exposto, vivo e latejando.

Nas favelas e vilas, nas periferias e avenidas.

Nos teu trânsito, no teu tráfego, no teu tráfico. Na dor de todos, no ardor da vida esvaindo-se em sangue.

Em tantos entretantos, de todos os Santos, dos teus braços abertos, mas nem sempre gentis.

És mais que tudo, todos os brasis, todos os brasões, os diferentes e coincidentes amores,

Mineiros, goianos, paraibanos, sergipanos, anos e anos te fizeram, mas nunca te concluirão nem te conhecerão por inteira, por veias e artérias.

Pulsando tresloucada e desvairada, desvaíndo-se desviada de tantas promessas de muitas remessas, de ti para o estrangeiro.

Estrangeiros te adotam e te comportam no cora, na coragem, na carne espoliada, na pele arranhada, na vida abandonada a esmo.

No torresmo a milanesa com ovo frito do “pedreiro” Adorinan, o mesmo da maloca e do velho Arnesto, nada ficou?

Deixa-me saber de ti, velha cidade, Capital do Brasil, locomotiva, tantas vezes sem rumo, sem nexo, com o sexo explorado, o medo, a angústia, o vazio e o pleno.

Na tua garoa, na tua marcha para o terceiro e quarto milênio, mas com os tentáculos suburbanos periféricos, presos, atados ao passado, ignóbil escravidão, marginais...

Nas marginais, teus marginais e tuas damas, teus barões e “mariposas” se entrelaçam e nem se percebem.

Atropelada Iracema, não a de Alencar do mar distante e inerente, em teus Santos e profanos.

Também ela não olhou ao travessar as ruas, e foi atropelada pelo tempo, pelos olhos sem sentido de tantos para quem a “assistência” nunca vem, nem veio, quiçá virá.

São Paulo perdoa este desconhecido, que sem ter te conhecido, sem nunca ter te encarado, te imagina. Misteriosa e bela, ao mesmo tempo assustadora.

Amo-te, dentro do que se pode entender como amor a uma estranha, fascinante e vária, multitemática e emblemática, alucinada e lunática.

Permita-me estar na cena de sangue no bar da Avenida São João...

E me desculpe por querer tocar nas cenas de sangue que padeces, sem o romantismo de outro Paulo, não Santo, mas Vanzolini.

Entre tantos paulos, concebes variedades múltiplas e tantas vezes incompreensíveis para quem não te conhece.

Por isso perdoe esse estrangeiro que nunca poderá te conceber, por seres totalmente inconcebível.

Nas tuas “Panaméricas de áfricas utópicas” do seu “novo quilombo de Zumbis” me dê um rumo que não seja o que fazem de ti nessa hora.

Velha Senhora, te desejo Paz e, se isto for impossível, que o verde dos olhos se espalhe na tua plantação, abandonando os vermelhos dos teus olhos...

ECT - CARTA ENVIADA A UMA DELEGACIA DE SÃO PAULO

“Doutor me desculpe esse meu desabafo, sou uma mulher brasileira, trabalhadora, pobre e honesta.
Tenho quatro filhos, eu sei que é muito, o pessoal todo me diz isso, mas não foi por querer não, eu tinha tido até vontade de ter menos, mas ao remédio de evitar, muitas vezes não tinha no posto e dinheiro pra gastar, o senhor sabe como é...
Pois bem, dos meus meninos, o mais novo era o melhor deles, doutor. Menino bom, bom filho, bom irmão.
Os outros até que não falo nada, a menina embuchou novinha, tava com 15 anos, o pai, sei lá... Acho que era meio bandido, mas agora não tenho mais certeza não, seu doutor.
Morreu, segundo eles falam, numa troca de tiros.
Eu sei que ele usava droga, acho que era maconha, mas não tenho certeza não.
Tudo bem, tava no caminho errado, mas meu filho doutor...
Meu filho tinha só 19 anos, estava estudando, fazia um curso pra torneiro mecânico, era trabalhador, menino bom seu doutor.
Eu costumo rezar todos os dias para Nossa Senhora Aparecida proteger o menino, eu sou muito católica, batizei todos eles ali na Igreja do Bairro.
O Padre é muito amigo da gente, moço novo, seu doutor.
Eu sei que meu menino, nessa terça feira foi trabalhar, como todo dia ele faz. Trabalha muito pra poder ter dinheiro pra comprar aquela moto, era o sonho dele, a moto e a namorada.
Moça bacana, família simples como a minha, gente honesta e humilde, seu moço.
O irmão dela trabalha na polícia e eu sei que eles ganham pouco, eu sei da dificuldade de ser policial aqui em São Paulo.
Mas, doutor, eu já estava imaginando o que ia acontecer, bem que eu falei para ele: Renato, não vai hoje na casa da Patrícia não, a situação está complicada.
Eu tinha visto, na televisão, aquela covardia que tinham feito com os policiais, seu doutor, achei aquilo tudo muito ruim.
Ainda bem que o irmão da Patrícia está bem, não houve nada com ele não.
Bem que eu falei pra ele, ”meu filho, não deixa sua mãe nervosa não, fica em casa...”.
Mas o senhor sabe como é moço jovem né doutor? Namorada morando perto é difícil segurar a saudade. Depois da aula ele cismou de passar na casa da menina, ela me disse que foi só pra d ar uns beijinhos e dizer boa noite.
Depois disso, seu moço, não tive mais notícia dele não.
Os colegas dele dizem que viram a moto dele jogada no chão e depois ela sumiu.
Ela e ele, meu menino.
Os cadernos dele ainda estavam no chão e a tinta que estava na capa seu doutor, não era aquela azul que ele usava não.
Era de um vermelho forte e, engraçado, manchava todas as folhas brancas, ainda não preenchidas da vida e do futuro do meu filho, seu doutor.
Qualquer notícia que o senhor tiver dele, por favor, me chama, eu me chamo Maria das Dores, moro aqui na rua..., número...
Por favor, doutor, não esqueça de mim não, eu espero no dia das mães do ano que vem poder estar com o meu menino, e que as folhas do caderno possam estar escritas com o azul e não com essa tinta vermelha e esse vazio de agora.
Muito obrigada por tudo. Dessa sua criada Maria das Dores"

CRÔNICAS - MANCEBÔ

Falando no Padre Nonato, me recordo de outro fato ligado, no mínimo inaudito.

Contou-nos o bom clérigo que, um dos principais auxiliares de sua Igreja, lá em Visconde do Rio Branco, havia, para escândalo da conservadora sociedade da época, arranjado uma amante.

Tal fato se espalhara na pequena cidade como se fosse uma bomba de efeitos avassaladores.

Todas as beatas comentam, na surdina, tal fato, o que deixava Dona Dinha, esposa do nosso personagem, em palpos de aranha.

Muitas vezes, quando ela chegava, as rodas de conversa se esvaziavam o que a deixava sem graça.

Várias vezes, essa senhora já tinha ido ao confessionário e, em prantos, solicitava ajuda ao amigo Padre Nonato.

Esse, sem querer criar muito atrito, já que a situação era deveras delicada, resolveu, num dos seus sermões e sendo extremamente cuidadoso, conversar de uma forma mais sutil com seus fiéis.

Ao começar sua homilia, o querido sacerdote saiu-se com essa:

“Queridos fiéis, por um desses acasos, fiquei sabendo que, aqui entre nós, um dos mais caros e importantes fiéis, cometeu um pecado terrível: amancebou-se! E, continuando a falar, disse da gravidade do fato etc e tal.”

Pois bem, ao final da missa, eis que o Don Juan aproxima-se do altar e, elogiando o sermão agradece ao padre.

Esse, sensibilizado pelo efeito causado ao fiel, pergunta-lhe qual a providência que o mesmo iria tomar, após tal fato.

No que, surpreendentemente, o mesmo responde:

-Uai seu Padre, deixa o menino nascer primeiro que eu vou batizar ele com o senhor, e vou colocar aquele nome bonito que o senhor disse.

Surpreso, Padre Nonato, vendo que o fazendeiro não entendera nada perguntou-o então que nome era esse.

A resposta pronta – Uai, sô esse tar de Mancebô!

A AUTO CRÍTICA DE CÉSAR MAIA, QUEM DIRIA

César Maia diz que pesquisas são favoráveis a Alckmin
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da Folha On-line

O prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL), afirmou que as pesquisas eleitorais divulgadas ontem são "excelentes notícias" para o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin. Ambas as sondagens mostraram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virtual candidato à reeleição, ganharia já no primeiro turno se as eleições fossem hoje.

Para Maia, as pesquisas indicam que: a) o presidente Lula já bateu no "teto" de suas intenções de voto (cerca de 40%); b) o candidato tucano deve mudar de patamar (hoje em torno de 20%). "É impossível que quando Alckmin seja conhecido pelo conjunto dos eleitores ele não mude de patamar para -na hipótese mais pessimista- mais 5 pontos", escreve Maia.

"Lula está com gordura, produto do desconhecimento relativo dos demais candidatos e por sua exposição ser dupla, como presidente e candidato", afirma. Para o prefeito do PFL, a soma dos eleitores que consideram a gestão do presidente como ótima ou boa (39%) indicam um teto para o desempenho eleitoral do virtual candidato petista à Presidência.

Sobre a taxa de rejeição de Alckmin --que cresceu de 33,5% em abril para 40,6% maio-- Maia diz que é necessário retirar os eleitores que afirmam desconhecer o ex-governador de São Paulo, o que reduziria a taxa para 27%, contra 34% de Lula.

Maia afirma que a campanha de Alckmin precisa "sangrar Lula" para garantir o segundo turno. "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição", diz o prefeito.





Diante desse esforço gigantesco para desfazer a realidade e tentar impingir um absurdo de retórica, temos que o alucinado César Maia chegou à beira da insanidade para tentar de tal forma deturpar os fatos que “é impossível que ele não chegue a 25%, digamos”.
Isso ou é uma grande gozação, o que não é de todo impossível ou é o sintoma final necessário para se iniciar o tratamento psiquiátrico do prefeito carioca.
Conhecendo o espírito que emana da bela capital, creio que o prefeito está demonstrando, nessa entrevista a que ponto pode chegar o bom humor carioca.
Em primeiro lugar, dizer que a queda livre por onde se enveredou a candidatura tucana, é uma boa notícia, me traz dúvidas reais sobre em que Maia vai votar em outubro.
Depois temos o aspecto de que Lula atingiu seu teto e Alckmin deve chegar a 25%, quando se tornar conhecido. Se alguém, numa eleição dicotomizada como essa, conseguir ganhar com um quarto do eleitorado, quero conhecer essa nova matemática cesariana.
Ou melhor, essa cesariana matemática não deu bons frutos não, que o diga o Rio de Janeiro, principalmente a SAÚDE do carioca.
Um candidato com 40 por cento de rejeição deve ser bem conhecido, pois se for desconhecido e tem 20 por cento sim e 40 por cento nunca, fica bem complicado...
A tendência óbvia é essa rejeição aumentar, pois o chuchu não é dos mais “apreciados”, enquanto lula é bem mais procurada e valorizada.
O melhor de tudo é o final da assertiva. Repare bem no que foi dito pelo Maia:
Se for preciso sangrar Lula, então ta difícil, tem um ano que se tenta fazer isso e, nada, o danado só aumenta a quantidade de votos.
Agora, a auto crítica de César Maia é uma pérola: "Se tentar esgrimir --para valer-- programas ou se deixar entrar a comparação entre governos como agenda, aí então se joga pela janela uma eleição".
César Maia quis dizer que se compararmos os governos e programas a eleição está perdida.
Até que enfim eu ouvi desse ser esdrúxulo algo que beira ao bom senso.
Lula agradece a esse mea culpa e esse rompante de auto crítica.
Só faltava o César Maia ter declarado literalmente que Lula é melhor do que Alckmin, o que deixou claramente subentendido.
E não venham me chamar de Petista Fanático não, essas declarações pertencem ao César Maia, num “elogio” ao Chuchu!

CRÔNICAS - GEOGRAFIA E MISSA

Padre Raimundo Nonato, pároco de Visconde de Rio Branco, cidadezinha próxima a minha cidade natal; Mareai, era um padre tradicional, usando sua inexorável batina, mas tinha um bom humor impagável.
Mulato meio que pro obeso, tinha umas tiradas que nos deixava a todos, independentemente do humor que apresentávamos antes de sua chegada, rapidamente ficávamos de bem com a vida.
Encontra-lo era “ganhar” o dia.
Recordo-me que, certa feita, em visita aos meus pais, de quem fora colega de magistério no Colégio São Paulo, lá mesmo em Muriaé, o padre Nonato parecia estar, ao contrário de sempre, com o humor um tanto quanto diferente, até meio sorumbático, por assim dizer.
Interrogado pelo meu pai sobre o motivo de tal mau-humor, o padre desconversava; falava sobre outro assunto, tentava a todo custo mudar o tema da conversa.
Em vão, meu pai preocupado não deixava o amigo em paz; perguntando sempre o que estava acontecendo.
Lá pras tantas, Padre Nonato não agüentou mais a pressão e disse:
-Marcos, eu estou meio arrependido do que falei outro dia em Visconde do Rio Branco, na hora da missa.
Meu pai, já conhecendo o velho amigo, prontamente mudou a fácies; de preocupada passou a uma expressão sorrateira de quem já esperava alguma coisa.
- O quê que aconteceu, Padre? Perguntou meu pai, já meio que rindo.
- Pois bem, eu estava realizando a missa quando, sabe esses bancos de Igreja novinhos, feitos de madeira mais resistente?
Pois é, a comunidade tinha se esforçado tanto para poder comprar uns bancos novos, pois que os outros estavam em petição de miséria, já carcomidos pelos cupins e pelo tempo. Os bancos novos eram uma beleza, muito bonitos, mas, não sei por que cargas d’água um gaiato resolvera rabiscar no banco.
Rabiscar ainda era pouco, escrevera um palavrão daqueles...
Então, no meio do sermão, não resisti e falei:
“Pois bem, meus irmãos, o pior de tudo foi o palavrão que esse infeliz escreveu. De tão feio tenho até vergonha de pronunciar. Mas só para vocês terem uma idéia: Fica na mulher, ACIMA DO JOELHO E ABAIXO DO UMBIGO!”
CAI O PANO RAPIDINHO...

CRÔNICAS - DE COMO SALVAR O TIME DA GOLEADA E, DE QUEBRA REGENERAR UM GOLEIRO

João Polino, muito conhecido lá pros lados de Ibitirama, ou mais precisamente, no distrito de Santa Martha, aos pés do Pico da Bandeira, traz no seu currículo uma rápida, mas marcante passagem como treinador de futebol.
O fato se deu no início dos anos 50 e, como sabemos o Brasil recém derrotado na Copa do Mundo, em pleno Maracanã, vivia uma “ressaca” futebolística.
Lá em Santa Martha não era diferente e, João Polino, como bom brasileiro era um bom palpiteiro, o que o credenciara para ser o treinador do time local.
Haveria, em Alegre, um campeonato distrital e o time de Santa Martha não era tido como um dos mais favoritos, porém tinha no banco o “melhor treinador do Sul Capixaba”.
O time estava até que em forma, exceto o goleiro, conhecido como Pedro Gambá, por motivos meio que óbvios.
Pedro bebia muito, mas, quando não estava embriagado, ainda era o melhor goleiro da região de Santa Martha, sendo conhecido como “Mão de Gato”; isso quando sóbrio.
Nos treinamentos, ele fechava o gol, abstêmio que se encontrava, pelo fato de estar namorando firme uma das meninas mais desejadas de Santa Martha, Laurinda; mais conhecida como Lindinha.
Na estréia do campeonato, o jogo era contra Pedra Roxa e, por causa de uns entreveros pessoais com um pessoal pedraroxiano, João Polino tinha aquele jogo em conta de “honra pessoal”.
Bem na hora da partida, eis que surge o Mão de Gato; na verdade mais para Pedro Gambá do que nunca.
Os jogadores, com medo das reações do treinador do time, ocultaram o fato a João Polino que, sem perceber que o goleiro estava mais bêbado do que nunca, deu as últimas coordenadas ao time.
Para espanto de todos, na “arquibancada” improvisada, Lindinha estava no maior bate-papo com Zezinho do seu Paulo; rapaz meio janota e, portanto, tido como “aviadado” pelos invejosos concorrentes.
O jogo começa e, com menos de 10 minutos, Pedro já tinha iniciado a série de frangos que faria inveja a uma granja, o placar já contabilizando 3 a zero para Pedra Roxa.
Ao se completar a primeira meia hora e, com o jogo já em 8 a zero para a equipe visitante, João Polino, de súbito se levanta e...
Para o susto de todos, saca o revólver e dá um tiro em direção à bola, atingindo-a em cheio, evitando assim o nono gol do time adversário.
Só que, ao atingiu a bola, a bala passou de raspão na mão do pobre Mão de Gato.
Nesse interem, meio que arrependida, meio que assustada, Lindinha invade o campo e se dirige para o amado, ferido de raspão, mas, feliz da vida.
A flecha de cupido salvou o pobre bêbado, na pequena ferida real e no grande ungüento salvador.
O mesmo não podemos dizer do CUPIDO, que teve ali sua “brilhante e promissora” carreira encerrada.
Como não poderia deixar de acontecer, foi o padrinho do casamento de Pedro e Lindinha e, se não me engano, o filho mais velho do casal se chama João, só não sei se é Polino...

CRÔNICA - DE FRUTOS DO MAR E AFINS...

No começo dos anos 90, na minha deliciosa e indefectível Espera Feliz, surgiu um senhor aposentado que, diante da visão de ter o Parque do Caparão como um lugar turístico e a cidade extremamente aprazível resolveu fazer um restaurante.
Não era um restaurante qualquer, tinha seu quê de diferente, pois, em plena Minas Gerais, ao contrário do que se pode esperar, fez um restaurante especializado em... Frutos do mar!
No começo, à custa da curiosidade normal da população local, obteve certo sucesso; porém, associado ao fato do dito estabelecimento estar localizado bem distante do centro da cidade e, por conseqüência, o acesso ser muito difícil, a falência não tardou a ocorrer.
O fechamento, a bem da verdade, não foi muito sentido pela população local.
Durante um bom período, quem passava pelo local, observava na margem direita da estrada, um prédio abandonado e entregue às moscas.
Passam-se uns dois anos e, de repente, começam a enfeitar e reformar o fantasma.
Como eu viajava sempre de Guaçui, onde morava à época dos fatos, para Espera Feliz, onde ia trabalhar, fui acompanhando, semana a semana essa mudança.
Eis que um dia, as portas do estabelecimento reabriram e, para minha surpresa, com finalidades bem diversas.
Se a gente puder considerar aquele popular peixe famoso por sua voracidade como “fruto do mar” há algum nexo, mas...
Na verdade, ao saber que o restaurante havia se transformado em um prostíbulo, meu susto foi grande. Espera Feliz tinha abandonado e fechado a ZBM (Zona de Baixo Meretrício) há tempos, mas aquela “boate” ainda daria o que falar.
Ao perguntar ao meu amigo Maurício Padilha, já citado anteriormente, soube que aquele seria o primeiro prostíbulo “pentecostal” do Brasil.
Curioso, perguntei por que, no que fui prontamente respondido:
- É que, devido ao preço cobrado pelas meninas, o apelido do “estabelecimento” era: DEZ É AMOR!

DA MINEIRICE E DE AÉCIO.

Todo blindado
De Renata Lo Prete na coluna Painel da Folha de S. Paulo, hoje:

"Em recente pesquisa qualitativa, um homem de classe C, subempregado em Recife, descrevia a melhora em sua vida sob o atual governo: um ou outro bem de consumo adquirido para a família. Quando o mediador lhe perguntou sobre os escândalos, ele respondeu: "Isso eu não quero nem falar". E sobre o envolvimento do presidente. "A gente não quer acreditar que o Lula traiu a gente. Se não, como é que a gente fica?".
Quem assistiu acha que essa fala, além de ajudar a explicar os resultados de Datafolha e Sensus, ilustra bem a sinuca em que estão os tucanos: se insistirem em bater no presidente, poderão acabar confinados ao terço do eleitorado que nunca quis saber de Lula".




Noblat é um camarada extremamente tendencioso, muitas vezes agressivo e na maioria das vezes antipático e irritante. Porém muitas vezes coloca as coisas com inteligência e isso tem sido raro, principalmente nas oposições, mas vamos lá:
O aspecto primordial do colocado nesse comentário da colunista Renata é que, o PSDB e o PFL, pelo que temos visto, caminham irmanados para o rumo indicado pela comentarista.
O voto em Lula não é partidário, é VISCERAL. O que esse pessoal ainda não entendeu é o caráter essencial de um povo que é desconhecido para a maioria dos políticos e jornalistas brasileiros.
Quem me conhece sabe que tenho uma vida inteira de contato com a população mais brasileira de todas, o CAIPIRA MINEIRO.
Minas é o reflexo de todo o Brasil, apresentando todos os aspectos do Nordeste, do Sudeste e do Centro Oeste brasileiro.
Principalmente no ato de fazer política que, para o mineiro, é tão vital quanto o comer, dormir, tomar banho; viver enfim.
O mineiro por ser conservador é talvez o último a fazer da mudança seu lema; mesmo que tenha sido a base de grandes parte das mudanças ocorridas nesse país, ele é basicamente tradicionalista.
As mudanças em Minas são devagar, de vagar e vagar muito antes de senti-las para, depois realizá-las, sendo necessária sua absorção por todos os órgãos dos sentidos para se tornarem reais, efetivas.
Na história brasileira temos grandes políticos mineiros, além de grandes revolucionários.
Isso, ainda hoje ocorre nas figuras de um “guerrilheiro” Jose Dirceu, na de um Itamar Franco entre outros.
O próprio Aécio Neves, neto de uma das maiores raposas da política nacional, tem esse aspecto de mineirice impagável.
Tucano sem asas ou bicos lapidados em São Paulo, berço dessa divisão do PMDB, causada por conflitos locais com Quércia, seu atrelamento ao PSDB é bem menor do que com o PMDB do avô.
Suas origens políticas são as do observador que, macaco velho, não coloca nunca a mão em cumbuca vazia, muito menos furada.
E o PSDB/PFL de hoje não são somente uma cumbuca furada não, correm o risco de, pelo veneno que embutem e pela carga pesada de um passado não muito confiável, ferir quem quer que coloque a mão lá dentro.
É por essas e outras que Heloisa Helena, Bob Freire e o PDT não embarcaram nela não.
Muito menos o mineiro Aécio, Aécio, mas não beócio, como poderiam imaginar alguns.
O “namoro” de Aécio com Itamar demonstra tal posicionamento, muito mais tancredista do que se imagina. O PSDB pode ser usado por ele, nunca o usar.
E isso se estampa a cada dia, em que Aécio se afasta, sorrateiramente de qualquer embate com relação a Lula para se refugiar na matreirice que possui e não nega suas origens nas alterosas.
Tancredo conseguiu na sua vida política estar sempre numa situação eqüidistante entre as oligarquias e o povo; sendo, como bom observador que era, mais um vagão seguindo a locomotiva que era seu povo do que uma imbecil “locomotiva” a esmo, como parece a maior parte do tucanato paulista. E também ao contrário de Brizola que tinha luz intensa própria e mesmo sem ter esse poderio de liderança do velho engenheiro, Tancredo conquistou muito mais do que qualquer outro político nacional.
Lula é hoje, não somente aceito como, principalmente amado pelos mineiros e, por conseguinte, pelo povo brasileiro, LULA E NÃO O PT, diga-se de passagem.
É nesse vazio entre partido e político que aposta Aécio que, não se surpreendam, pode vir em 2010 pelo PMDB e não pelo PSDB paulista e, a continuar essa desvairada forma de agressões gratuitas e diárias, podem apostar que esse será o caminho de Aécio, bastando para tanto, que Newton Cardoso seja devidamente colocado à margem do PMDB.
Tudo isso me leva a um pensamento bem definido: quem quiser ganhar as eleições no Brasil, necessita conhecer a alma do caipira mineiro e suas aspirações.
Quando Minas não quis Lula, temendo-o, elegeu Collor e depois FHC, mas, ao perceber que essa opção tinha sido errada e que o bicho Lula não era “tão feio quanto parecia” o elegeu.
Ao perceber que acertou, irá continuar com Lula até quando esse não o decepcionar.
Como não pode haver uma terceira eleição, Aécio aposta no seu conhecimento de mineirice para poder dar o bote, cobra criada que é.
No PMDB, quem viver verá!

POR PAULA EVILASIA SOUZA - DE CORONÉIS NORDESTINOS E PAULISTAS

Uma coisa tem me chamado a atenção nesses dias, o fato de Alckmin e José Jorge terem perfis tão parecidos.Tanto fisicamente quanto o aspecto meio insosso de ambos.Essa característica de similaridade me permite uma observação: o quanto se parecem a burguesia paulista e as oligarquias nordestinas.O fato de ter sido São Paulo, durante sua história, uma província tanto política quanto cultural, gerou esse tipo de "aristocracia" similar à nordestina. O peão escravizado no Nordeste, ao se mudar para São Paulo, apenas trocou de chicote, mas o Senhor de Engenho foi substituído pelo dono da Fábrica ou pelo patrão burguês.O mais nefasto disso tudo é a forma com que a tão amaldiçoada burguesia, tanto lá quanto aqui, trata esses infelizes brasileiros, na porrada!As mortes sem sentido nem nexo oferecidas pelos coronéis no Nordeste, são as mesmas dos esquadrões da morte servis aos "burgueses" paulistas.A escravidão é a mesma com a mesma subserviência dos setores mais "influentes" de Comunicação, como a Veja, a Folha de São Paulo, a Isto É, o Estado de São Paulo, etc...Tudo isso me dá o asco que se pode esperar que possa acontecer com a filha de um nordestino, acostumada aos disparates dessa desigualdade social e à mão pesada dos "capitães de mato" de lá como daqui.Ser pobre e nordestino em São Paulo é tão pecaminoso quanto ser lá, nos grotões das Alagoas, da Bahia, do Ceará etc..O carcará que vive da fome e da miséria nordestina se reedita nas promessas a cada eleição, mas, aqui, há um aspecto diferente.O sonho da classe média paulista que, na maioria das vezes se equipara a estratos da oligarquia nordestina, é se transformar em burgueses.A menina tem como objetivo poder entrar nos restaurantes das elites, proibidos à massa faminta e "periférica", enquanto que essa mesma menina sonha com um dos vestidos da Daslu e congêneres.São Paulo é a maior cidade do Nordeste e, portanto, Juca Chaves acertava quando dizia que o paulista "é o baiano que deu certo".Isso se demonstra a cada dia, nessa guerra social sem fim que ocorre em São Paulo, e isso me traz de volta as semelhanças entre José Jorge e Geraldo Alckmin, é como se eu visse na mesma foto Maluf e Toninho Malvadeza; são frutos podres da mesma árvore do colonialismo, da geração de centenas de milhares de infelizes que, GRITAM nas mesmas "baladas" regadas ao som das Gretchens e Amados Batistas da vida.Onde a dor individual ou o apelo erótico descabido e escondido por uma lente falsa e deformadora têm o mesmo paladar, tanto para o paulista quanto para o nordestino.Esse chicote que transformou ambos os povos em massas idênticas, nas manobras incessantes de cretinas atuações políticas, têm que parar.A hora é de dizer não aos velhos e podres poderes; tanto lá quanto aqui.São Paulo merece coisa melhor que isso.E, a única forma para que se acabe com essas deformidades asquerosas e pútridas, é não dar mais voz a esse tipo de política e de político.Jazer com os Malufs, Antonio Carlos Magalhães, José Jorge, Alckmin é, na verdade, possibilitar a essa massa enorme de peões, paraíbas, cabeças chatas, mineiros, tanto de lá quanto daqui, o nascimento de um novo tempo; o da dignidade.

O RETRATO DE DORIAN GRAY

24 de maio de 2006 - 21:43
Tucanos tentam vincular PT à facção criminosa PCC
O movimento partiu do senador Arthur Virgílio e do deputado Alberto Goldman
Christiane Samarco

BRASÍLIA - Os tucanos fizeram hoje um movimento para tentar vincular o PT ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), leu da tribuna uma nota divulgada pela internet sobre um ofício secreto enviado pela Polícia Federal ao governo de São Paulo.
O documento se referia a uma mensagem que o PCC teria disseminado pelos presídios paulistas no início de maio estimulando levantes e recomendando o voto no PT. "Ainda bem que o PSDB não tem esses votos. Isso nos deixa honrados", disse Virgílio. "Não queremos os votos do PCC. Queremos eles todos na cadeia. Eles que votem no PT."
Na Câmara, o deputado Alberto Goldman (SP), vice-presidente do PSDB, denunciou "a falta de escrúpulos" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha pela reeleição. Irritado com críticas presidenciais à oposição, que segundo declarações de Lula não gosta de povo, só gosta de ar-condicionado, Goldman não deixou por menos.
Goldman comparou a forma com que o presidente e o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, fazem uso da miséria. "O Lula se utiliza da pobreza, da miséria e das injustiças sociais, da mesma forma que Marcola o faz. A fonte de ambos é a mesma", atacou Goldman no plenário.
Segundo o tucano, Lula faz uso dos pobres para se manter no poder, do mesmo jeito que Marcola usa a pobreza e a miséria para organizar o crime. Goldman lembrou que o traficante pratica ações sociais e firma sua liderança, dando assistência às famílias de companheiros da organização criminosa que estão na cadeia, só para destacar que o presidente Lula também procura tirar proveito eleitoral dos programas assistencialistas do governo.




Essa notícia veiculada no dia 25/05/06, pela Folha de São Paulo demonstra o subnível tanto intelectual quanto moral dessa oposição desastrada.
Tentar vincular o PT com o PCC é, não somente uma tentativa de “tirar o da seringa” quanto, principalmente uma ação criminosa equiparada às asneiras ditas por FHC no Roda Viva e na Isto É.
A desfaçatez de um Arthur Virgílio chega às raias da sandice absoluta, demonstrando a que nível pode ir essa campanha eleitoral que se aproxima.
A burguesia fedorenta e asquerosa adora esse tipo de discurso vazio e sem provas, simplesmente agressivo e indecente.
Mas, o que se pode esperar de um tipo de gente capaz de colocar a mãe em leilão para satisfazer os desejos de seus patrões norte americanos; ou as privatizações não tiveram esse aspecto?
Pior que isso, o fato de terem se apropriado indevidamente do Plano Real como se o mesmo fosse de autoria do falastrão socialista, quando todos conhecem a paternidade de tal plano econômico, feito à época de Itamar Franco e pela sua equipe econômica, a não ser que o incompetente sociólogo tivesse se transformado, por um milagre em um economista genial.
Cabe dizer que, quando andou com suas próprias pernas, tal “gênio” da economia, destroçou esse país.
Filho bonito dos outros é nosso né safardanas?
O PCC é filho de uma política espoliativa e criminosa de destruição das camadas mais simples da população, e isso pode ser constatado nos desgovernos tucanos ao longo da última década.
A mãe do PCC é a miséria, e a incompetência administrativa, sendo que uma é o efeito da outra e ambas alimentadas pela oligofrenia absurda que assola esses “intelectuais” tucanóides.
Filho desse casamento demonstra a face inescrupulosa desse “pai”, desnaturado e hipócrita. Não reconhecendo na face do filho, reflexo da cara de pau do papai, o filho tão similar ao emplumado progenitor.
Um Goldman, mais à shitman que qualquer coisa, deveria ter escrúpulos ao falar nesse termo, de significado desconhecido para quem sempre, sem nenhum pudor, esvaziou o estado brasileiro, sucateando-o à exaustão, transformando os sonhos de um país em um balcão de liquidação do bem público e, pior, ameaçando repetir tal feito se reconquistar o poder.
Para quem foi o principal fomentador da fome nesse país, falar que o governo usa a miséria chega a ser indecente.
O país, no final do Governo passado, mercê da abertura dos mecanismos internacionais para esvaziar economicamente nossa pátria, estava à míngua, numa derrocada que parecia irreversível.
A política de terra arrasada usada pela canalha que, agora vem com essa história de tentar vincular o produto de seu casamento com o que havia de maior excrescência no mundo, com o neoliberalismo pilantra e gerador de diferenças sócias, deixou para o Povo Brasileiro essa herança tão nefasta quanto difícil de ser administrada.
Assumam seus atos, pois o povo brasileiro não é tão imbecil quanto vocês pensam, e o PCC, filho “bom” que é, parece-se demais com o fermento de onde surgiu em suas ações criminosas e na facilidade de poder compor com o governo do Estado.
Quem planta o que o PSDB plantou quer colher o quê?
O duro é que a colheita está sendo imposta sobre uma sociedade que, de tão apavorada, agradece aos “grupos de extermínio,” numa lógica absurda, o que deveria ser imputado à incompetência de um desgoverno que, para minha tristeza, o governo paulista há 12 anos.

Wednesday, May 24, 2006

É PRECISO VINCULAR LULA AOS ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO!

Já o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), admitiu, segundo relata Felipe Recondo, que não há uma estratégia do tucanato para minar a candidatura de Lula. Disse que, para tentar levar o Geraldo “Chuchumbo” Alckmin à vitória o PSDB vincular o presidente aos escândalos de corrupção.


Isso, devidamente postado no Blog do Josias, na Folha On-line, dá a real dimensão do que está ocorrendo.
Essa afirmativa de Arthur Virgílio é de uma contemporaneidade absoluta.
O quê que as oposições têm feito há 1 ano e meio? Basicamente isso, tentar vincular o Presidente aos “Escândalos de Corrupção”.
“À falta de argumentos lógicos, usa-se qualquer um, inclusive um ‘requentado”, à exaustão, como esse.
Lula se mostra em ascensão, enquanto Alckmin não consegue em hipótese alguma decolar; ainda mais com a escolha de seu candidato à Vice. Totalmente inexpressivo e sem a “vibração” necessária a quem quer, pelo menos, fazer “pressão”.
O novo neologismo sugerido pelo insuspeito, pois se trata de um dos principais artífices da “resistência” tucana, demonstra muito bem o aspecto “pesado”, obeso, difícil de ser carregado de Alckmin.
O fato de ter 40% de rejeição e ser “desconhecido” é assustador, pois a tendência é esse número se tornar maior, por um simples exercício de lógica.
Já Lula, após ter sido bombardeado de todas as formas, expondo o preconceito de toda uma sociedade excludente e, portanto, espúria, conseguiu não só sobreviver, como também amadureceu tanto quanto humana quanto politicamente falando.
Desse emaranhado de fatos sorridentes para Lula nesses últimos dias, surge, por incompetência de Bush, uma ameaça, não à sua candidatura, mas sim ao equilíbrio econômico mundial.
Em boa hora temos a visita de Chirac ao Brasil, já que os dois líderes deverão tentar estreitar as relações entre o MCE e o MercoSul, para benefício de ambos.
Esse afastamento progressivo do eixo norte americano se faz de extrema importância para o equilíbrio de nossas finanças.
Percebe-se, indubitavelmente, o quanto foram importantes as aberturas de novos mercados e canais de intercâmbio econômico nas tão criticadas viagens de Lula por novos mercados.
Esses novos parceiros podem, e deverão minimizar o impacto de uma crise mais profunda do Uncle Sam.
É de suma importância para os mercados emergentes e o velho mundo interagirem com muito vigor para evitarem que a possível e indesejável bancarrota norte americana naufrague muitos barcos, inclusive o nosso.
Paralelamente a isso temos a possibilidade da confirmação dos primeiros casos de contágio homem x homem da gripe aviária, isso sim catastrófico.
O fato de vivermos num mundo extremamente interligado em todos os aspectos, pode fragilizar a espécie humana de uma forma muito mais avassaladora que qualquer aspecto econômico possa alcançar.
Mas isso é motivo de outro artigo, me deterei sobre esse, das relações entre Lula, MCE, MercoSul e EUA.
Portanto, devido a esses fatos, podemos observar que a saída pode e deve passar pela estabilidade política e social, fato que poderá minimizar os impactos desse tufão econômico que pode estar se aproximando.

CRÔNICAS - A "INAUGURAÇÃO DO POSTO DE GASOLINA

Tenho um grande amigo em Espera Feliz, chamado Carlos Alberto, quase que um irmão.

Dono de um temperamento meio instável, mas puro de alma, Carlos Alberto protagonizou vários episódios inesquecíveis que acumulei nesse meu longo período de esperas felizes...

Num deles, me recordo que fomos juntos até Belo Horizonte, ele para levar sua querida esposa ao médico e eu para fazer um desses “cursos” de um dia só, se não me engano sobre próteses e órteses, a fim de credenciar Espera Feliz para poder receber, via SUS, material para tratamento de seus pacientes ortopédicos.

Pois bem, a viagem era extremamente cansativa e tínhamos que ir e voltar dentro do mesmo dia, já que a prefeitura não disponibilizara nada além do motorista e do carro e, como eu deveria estar de plantão à noite em Guaçui, no Espírito Santo, a volta era meio que urgente.

O “curso” foi muito rápido, mas seu término às duas horas da tarde, fez com que o planejamento do retorno mais imediato fosse por água abaixo.

Lá pelas tantas, resolvemos parar para jantar, já que o dia tinha sido muito cansativo e a chegada a Espera Feliz deveria se dar depois das 22 horas.

Comuniquei-me com Guaçui e arranjei um colega para me dar cobertura até a minha volta.

Feito isso, paramos num posto de Gasolina em Rio Casca, MG; se não me engano posto Terra Branca. Estava havendo uma festa com direito a banda de música, sorteio de automóvel entre otras cositas más.

Nesse Posto de Gasolina há uma churrascaria de bom padrão e associando-se com a fome voraz, estava convidativa.

Ao me levantar, percebi uma faixa enorme estendida de um lado ao outro do Posto com os seguintes dizeres: “POSTO TERRA BRANCA, 25 ANOS SERVINDO AO POVO”.

Nesse ínterim percebo Carlos Alberto conversando com um velho senhor, desses pequenos, meio gordinhos, portando uma indefectível boina.

Ao me aproximar pude ouvir o teor da conversa: Ao perguntar ao meu amigo o que estava ocorrendo, esse respondeu de pronto ao simpático senhor:

-Sei não moço, eu acho que estão inaugurando o Posto.

Ao que, prontamente o amável velhote respondeu:

-Só se for outro, por que este está aqui faz um tempão!

CAI O PANO!

SONETO EM REDONDILHA - FELIZ ANIVERSÁRIO

Luz que minha vida agita,

Brilho que sempre me guia

Mesmo na hora mais aflita

Se transborda em poesia


Em teus olhos, luz bendita

Em teu colo, fantasia

Eu quero que se repita

Meu amar a cada dia.


Quero a vida que conflita

Com minha morte tão viva.

Quero a sorte mais altiva,


Nessa vida rediviva

Quero teu gosto, pepita,

Minério mais caro, Rita...

CRÔNICAS - OS OUTROS QUINHENTOS...

Nessas minhas andanças pelo interior mineiro conheci um senhor extremamente simplório e tão teimoso quanto simples.

Recordo-me que tentamos de todas as formas faze-lo usar os tão necessários óculos, mas sem sucesso.

A miopia intensa que o mesmo padecia foi a causa de uma das mais insólitas situações que presenciei e repasso para vocês com muito prazer.

Estávamos em Carangola, interior de Minas, e eu estava indo fazer umas compras quando, de repente deparo-me com aquele senhor extremamente nervoso, exasperado mesmo, na frente de uma vitrine numa das poucas ou talvez única galeria da cidade.

Eis que, para minha surpresa percebi o motivo de tal revolta.

O nosso míope e ingênuo senhor estava aos berros discutindo com o MANEQUIM que estava exposto na frente da loja.

Aos berros de: “Me respeite, tenha educação, entre outros impropérios impublicáveis me aproximar de tal cena perguntei por que tanta revolta, no que fui prontamente respondido”:

-Doutor Marcos, ainda bem que o senhor está aqui, pois saiba o senhor que esse filho da... Desse camarada está me desprezando só porque eu sou velho e não estou bem vestido, imagina o senhor que eu somente perguntei quanto custava essa calça e ele, além de não me responder, nem olhou para a minha cara!

Com muito custo consegui convencer ao meu amigo de que o “dito cujo” não era uma pessoa, não passava de um boneco fantasiado.

Mais ou menos satisfeito com a resposta, saiu ainda meio que vociferando contra tudo e todos, para risos contidos dos que assistiram à cena.

Convence-lo de que não passara de um engodo; ainda foi possível, mas quanto à necessidade do uso de óculos, isso são outros quinhentos.

Aliás, a calça que o mesmo queria comprar, custava bem menos que isso...

FAZ PARA ROUBAR

A câmara dos deputados, numa atitude coerente, já que 170 deputados, ou seja, quase um terço dela está envolvida numa denúncia que, obviamente não poderia ser investigada nem punida com idoneidade por ela própria.
O caso das “sanguessugas” deve ser tratado como um caso de POLÍCIA e não um caso simplesmente Político, já que afeta grande parte dos partidos e uma boa parte dos parlamentares eleitos pelo povo.
O superfaturamento denota uma prática comum nesse país, a da política do “ROUBA, MAS FAZ” que poderia ser traduzida num outro slogan “FAZ PARA ROUBAR”, mais coerente e verdadeiro que o anterior.
Essa prática, conhecida desde os tempos de Adhemar de Barros, em São Paulo, tendo seu ápice nos Governos de Paulo Salim, na mesma São Paulo, é um câncer a ser extirpado desse país, pois gera a impressão de que “bom político é o que faz obras”, premiando dessa forma, o corrupto e os corruptores.
A chegada das ambulâncias nas cidades pequenas é, muitas vezes, motivo de foguetório, com direito a discursos intermináveis e absurdas manifestações da população em apoio a quem... ROUBA-A DESCARADAMENTE.
Os aspectos mais cruéis desse fato estão no âmago de um problema grave que acomete a todas as sociedades, principalmente as mais fragilizadas como a nossa, a IMPUNIDADE.
Essa cultura do superfaturamento se tornou dominante na maioria das cidades desse país, qualquer lixeira ou bandinha que vai tocar nos festejos dos municípios, SUPERFATURA!
Recordo-me de várias cenas de minha vida, enquanto profissional da saúde, onde tínhamos contato com estas práticas dilapidadoras do bem público; as denúncias sempre terminaram no vazio ou da burocracia ou da impunidade.
Como Marcos Valério pobre e honesto, desacostumado com as heresias do poder público, nunca tendo tido nenhuma benesse deste, fico indignado com tal situação.
Das ambulâncias são 170 ou mais, da merenda escolar outros mais, das carteiras escolares, mais tanto. Dos medicamentos quantos serão?
Essa prática política enraizada no Brasil me lembra a saúva de tantas e tantas histórias, esses formigões dos poderes executivo e legislativo nas várias instâncias nesse país, devem ter punição exemplar.
Ao contrário, quando vemos um Paulo Maluf com chances reais de ser eleito, o que dará ao mesmo uma IMPUNIDADE constitucional; vemos a que ponto chegamos.
Deve-se ter em conta que a justa defesa do direito à expressão de um parlamentar, fundamento básico da democracia, tanto quanto o amaldiçoado hábeas corpus, não podem ser confundidos com a impunidade para crimes comuns, e os adeptos da filosofia: FAZ PARA ROUBAR, são CRIMINOSOS COMUNS e devem ser tratados com mais rigor ainda, pois roubar de crianças indefesas e famintas, de um povo pobre e sofrido deve ser punido com muito mais rigor do que aquele que, por motivos outros, roubam às claras e, normalmente de quem tem condição econômica melhor.

IOGURTE COM SABOR DE SANGUE


Temos visto diariamente a que ponto a antiga, até certo ponto charmosa, propaganda inserida nos programas de TV, chegaram.
No começo, a tentativa de apresentar um produto subliminarmente colocado em uma cena isolada de uma novela ou minissérie ou mesmo em um filme, criando assim, um certo ar de “casualidade” no fato, gerando um aspecto “romântico” da propaganda evolui para uma coisa desastrosa.
Hoje somos obrigados a conviver com cenas cada vez mais ridículas e, muitas vezes até ultrapassando todos os limites do bom senso.
As propagandas inseridas nos programas de televisão, principalmente as apresentadas pelos “garotos propaganda” que interrompem raciocínios, interrompem matérias, inserindo dentro das atrações dos programas, coisas que muitas das vezes irritam e geram um clima paradoxal.
Outro dia, ao assistir, não sei em qual programa, também não interessa muito de tão parecidos são entre si, uma entrevista sobre o derramamento absurdo de sangue em São Paulo, subitamente, a entrevistadora, deu uma reviravolta total e, pedindo um break na entrevista, se vira para uma senhora com voz irritante e convoca-a para fazer propaganda de um produto relacionado a Iogurte, me deixando com um misto de sangue e iogurte na boca.
Outras tantas vezes, somos interrompidos por dois “simpáticos” senhores vendendo uma máquina digital que: ó milagre dos céus, filma, grava som, fotografa e serve de web cam, como se as outras não fizessem o mesmo, pela metade do preço e sem aquele velho apelo: os duzentos primeiros que ligarem... Levando-me a crer que, como já faz mais de um ano que a ladainha se repete, a venda de tal “maravilha” não tem sido muito grande, ou senão isso é caso de propaganda ENGANOSA.
Mas voltando ao mérito da questão, acredito que esse tipo de propaganda, além de extremamente chato, demonstra a que estágio nossa televisão aberta chegou: Aos tempos da Neide Aparecida, tipo década de 60, por aí.
Além de tudo, esse tipo de inserção brusca e sem sentido na programação, demonstra quão fragilizada nossa mídia televisiva está.
Essa sujeição da mesma a um tipo de propaganda agressiva e, muitas das vezes, enganosa ou pelo menos de produtos com utilidade e/ou eficácia discutível, transmite a mim, pelo menos, uma sensação de estar sendo ROUBADO, na concessão que nós, contribuintes brasileiros, demos para um grupo econômico fazer isso.
Outra coisa que me assusta é a venda de horário, numa verdadeira sublocação dessa mesma concessão para programas de diversos naipes, desde venda de produtos eróticos à propaganda religiosa. A situação chega a tal ponto que “a responsabilidade” sobre a apresentação de tais programas é transferida da emissora beneficiária de nossa concessão para o sublocador.
Creio que esse iogurte com gosto de sangue ainda seja, apesar de primário e de mau gosto, ético; mas a sublocação de concessão pública não me parece muito não. Seria um bom foco de discussão sobre até que ponto podem-se transferir essas benesses do poder público para outrem, sob qualquer justificativa, mesmo financeira.
Agora me dê licença que eu vou ali vender uns cogumelos,
Depois do “merchan” a gente volta a conversar...