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Friday, August 26, 2011

- NAS HORDAS DE SATÃ

Sentindo-me deveras no vapor
Aonde se esfumaça a liberdade,
Vencendo com furor a tempestade,
Gozando deste imenso dissabor,

O preço que se paga pelo amor,
Enquanto o tempo tudo em vão degrade,
Rompendo dos pudores qualquer grade,
Não vejo mais a cena a se compor,

Fagulhas incendeiam os infernos
E deles novamente ricos ternos,
E tantas maravilhas prometidas,

Infaustos nesta vida? Nunca mais,
Auríferos caminhos magistrais,
Nas hordas de Satã enternecidas...

- UM BRINDE AO DEMÔNIO


Adentro felizmente este caminho
Que leva ao meu querido Satanás
E tenho nesta fúria, a imensa paz,
Da qual e pela qual me fiz daninho,

Erguendo um brinde ao Demo, vou sozinho
E embora na verdade tanto faz,
O quanto me fiz rude e até mordaz,
Sangrando a cada verso, traço o ninho.

Não quero o teu perdão nem mais preciso,
Se a vida sempre traça um prejuízo
De que me vale assim, misericórdia,

O passo mais feroz que inda se dê
Transforma qualquer coisa sem por que
No anseio mais sublime da discórdia...

Monday, August 22, 2011

- BENESSE (30546)

Num triunfo divino feito em glória
Jazendo dentro em mim velha mortalha
A sorte muitas vezes não batalha
Sabendo da verdade sempre inglória

E tanto poderia ter vitória
Quem sabe e se perdendo nada valha
Sequer o mesmo corte não espalha
A fúria que é decerto merencória.

Resisto ao não saber do quanto trama
A vida em dolorosa e forte chama
Na ardência contumaz de quem se conhece

A morte bem de perto e não se cala,
Uma alma não se mostra assim vassala
E busca mesmo em vão qualquer benesse.

Sunday, August 21, 2011

LEMGABA

Um dia quando estava no mictório
Ao ver um homem forte e avantajado,
Gilberto, meu amigo e meu cunhado,
Pensou ser o que vira um ilusório

Efeito do conhaque desgraçado
Que tinha com platéia e auditório
Numa aposta; bebido e se fartado,
E se mostrando quase que simplório

Ao ver um camarada que urinando
Mostrava tatuagem bem mal feita
Num pênis gigantesco, pois foi quando

Ao ver que estava escrito ali LEMGABA
O que isso quer dizer? Pergunta feita:
“LEMBRANÇAS LÁ DE PINDAMONHANGABA...”

A BOLINHA QUE DEU ROLO


Doutor Aníbal, além de um excelente pediatra é um dos maiores contadores de causos que conheço.

Trabalhando há quase vinte anos em Espera Feliz – MG, coleciona um sem número de histórias.

Uma das que mais me chamaram a atenção, aconteceu quando ele acabara de chegar na cidade, vindo de Juiz de Fora, aonde cursou a UFJF, tendo sido aluno do Professor Tadeu Coutinho, um expert em ginecologia.

Havia uma criança muito esperta em Santa Martha, chamada Leididaiane, filha de Oracina, uma renomada professora querida por todos no pequeno distrito ibitiramense.

Num plantão de segunda-feira, às duas da tarde, a Prof Oracina deu entrada no Pronto Socorro extremamente assustada e, aos prantos, clamava por atendimento à sua pequena petiz que teria engolido uma bolinha...

Dr Aníbal, muito prestativo, levou a menina para a sala de emergência e, usando de toda a sua paciência, examinou a criança.

Por coincidência, o dr Giovane, um otorrinolaringologista de Guaçuí estava de passagem na cidade e como era muito amigo do Dr Aníbal, atendeu ao chamado deste para auxiliar na busca pela tal “bolinha”.

Raio X, endoscopia... e nada de bolinha...

Oracina em pânico, todo mundo desanimado e cansado quando Leide acorda da anestesia após a endoscopia, entre desanimada e confortada, surpreende a todos e diz:

- Tem problema não, mãe , eu faço outra.

E, dito isso, enfiou o dedo indicador na narina direita...

A BOCA

A BOCA

A boca
Entre outras utilidades
Mais comuns
E, naturalmente ligadas à sobrevivência
E outras, muito pelo contrário
Ligadas à guerra, à discórdia, ao divórcio etc...
Aliás Cristo tinha razão
O Mal é o que sai e não o que entra pela boca...
Mas, poeticamente falando
A boca tem outras funções
E é delas que falo quando penso em você;
Do começo ao fim,
Do sorriso ao êxtase...
Assim,
Sagrada boca,
Princípio e fim dos prazeres,
Motivo de paz e guerra
De santidade e de infernos...
Talvez por isso,
O amor se expressa por ela...
São almas gêmeas.
O amor e a boca.
Mas, deixe de conversa
Que este teu batom
Está me incomodando,
É melhor tirá-lo...
E o resto?
Adivinhão!
Fecho a porta
É melhor privacidade...

COMPANHEIRO

Quem sabe quanto o mundo, em si, é fero
Prossegue dia a dia assustadiço.
A paz tão necessária e um amor vero
É tudo o que pretendo e que cobiço.
Sangrando, a solidão em dura trama
Maltrata quem não tem ninguém, não ama...

Mas saiba, companheiro a plena glória
Se encontra não na seta e nem na lança.
Na verdade, o sentido da vitória
Apenas na amizade é que se alcança;
É nele que se encontra o verdadeiro
Sentido desta vida, companheiro...

MINHA GRANDE AMIGA

Amiga, me perdoe se disfarço
Os dias em poemas e delírios.
Às vezes vou disperso a cada passo
Deixando em algum canto, tais martírios.
Noite e dia tentando demonstrar
A força que perdi. Não sei lutar.

Apenas tenho um riso de ironia
Daquela fortaleza que perdi.
Caminho maltrapilho todo dia
Buscando o que bem sei só tenho em ti.
Resquício de outro tempo; na verdade,
O que sobrou? Somente esta amizade...

DO RIO GRANDE ATÉ MINAS

DO RIO GRANDE ATÉ MINAS

Excêntrico colágeno nos une
Tu és o quelso do pental ganírico,
saltando as rimpas do fermim calério,
carpindo as caipas do furor salírio
nos rublos calos do pijon sidério.

És o bartólio no local empíreo
que ruge e passa no festão sitério,
em ticoteio do partano estíreo
rompendo as gampas do bartogenério!

Teus belos olhos que têm barlacantes
são comensúrias que carquejam lantes
nas duas pélias do pegal palônio!

São carmentórios de um carcê metálio,
de lúria e peles em que bulsa o bálio,
nas verbinláceas do pintal quelônio!

GOLBERI CHAPLIN

Excêntrico colágeno nos une
Esgarças garças toscas no caminho.
Etílica manhã verseja e pune
Deixando o velho barco já sem ninho.

Não quero ser tão crédulo ou impune,
Cunhando com cunhada este carinho.
Solfejo, pois dos versos sou imune
Cabelo quando inflama vira vinho.

No pinho, no pinhão, a moça apinha
Calote loteado: estelionato.
Fazendo deste fármaco o que tinha

A tinha só se cura com remédio.
Iguana é iguaria no meu prato,
Semitonando sempre no ré médio...