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Saturday, August 20, 2011

- BILAQUENAS - VIA LÁCTEA


Quando a vi desfilando seus brilhantes
Raios sobre um divino céu desnudo,
Num lácteo perfilar de diamantes,
Confesso, embevecido, fiquei mudo;

Momentos tão fantásticos, instantes
De um sentimento raro, imenso e agudo,
Percorrendo infinitos delirantes
Caminhos onde tonto e lúdico me iludo,

Vislumbro a pequenez do humano ser
Diante desta imensa realidade,
Imagino quão frágil é o poder

De quem se imaginando soberano
É nada e tenta ter toda a verdade.
Num ledo e sem sentido desengano...

SEM VOCÊ

O que farei sem teu olhar querida?
Trazendo todo o lume desta vida,
Olhar que me traduz , em desatino,
O sonho que tracei pr’o meu destino;
Caminho que pressinto, seja o meu.
No olhar que me penetra manso, ateu...
Teus olhos, minha amada, sobrevida
De quem não teve nada em sua vida...
Meu sol, por conseqüência, minha glória.
Teus olhos são meus versos, minha história...
Minha amada! Perceba que sem ti
De tudo que não tive, mais perdi.
Não quero mais sofrer, isso é segredo,
Não deixe que me vença o triste medo,
De viver sem teu amor, por tanto tempo...
Viver sem ter amor, que contratempo!

Não vês que sem te ter, cadê ternura?
A noite sem futuro, tão escura,
Desejo poder ter o teu enlevo
Carícias percorrendo o teu relevo
Entrando nessas matas divinais,
Mordendo tua boca, canibais
Carinhos que jamais eu negarei,
Nas grotas onde tanto mergulhei,
Nos lagos que me inundam de prazer,
Por todos os teus rumos, me perder...
Adormecer sem hora de acordar
Senhora do viver, do meu amar...
Te quero, minha deusa, minha musa,
E desabotoar a tua blusa
Invadindo teu ser sem ter receios,
Beijando calmamente os lindos seios...

Depois, com toda calma e mansidão
As mãos que te percorrem sem perdão,
Correndo toda a sorte de perigo
Beijar tão docemente, teu umbigo,
E ter a sensação de ser um rei,
Jazendo sobre o manto que sonhei,
Entrando nos recônditos pomares,
Saber te dar prazer nos amares,
Sonhando com delícias, maravilhas,
Os vértices gentis, tuas virilhas,
As violetas belas, todas roxas,
Os delicados velos, tuas coxas.
Saber de teus desejos onde espalho,
As gotas divinais do teu orvalho.
Depois de tanta louca insensatez
Saber que, enfim, amor maior se fez...

Calor que me invadiu...


Calor que me invadiu, teu olhar...
No mar de esperançosas ventanias...
Nos dias que passei, luas redondas
Nas ondas deste mar que tanto espero
No fero sentimento te adorar!
Naufragar em teus braços minha amada...
Cada noite que passo, mais te sonho...
Ponho meus tristes barcos, meus saveiros,
Canteiros que produzem rosas belas.
Telas onde emolduraste tal beleza,
Certeza de que há Deus e que ele ama!
Na chama eternizada dos teus olhos.
Molhos de delicadas ervas trazes.
Fases lunares linda tempestade...
Arde a sutil manhã que prometeste.
Inconteste delírio destes deuses
Reluzes nos orgásticos desejos.
Nos beijos que prometes inebrias...
Frias as minhas noites se não vens...
Tens o poder sublime da loucura.
Moldura que encontrou grande pintor.
Amor que deslindando-se enlanguesce.
Esquece as amarguras e penúrias.
Nas cúrias nos escuros parlamentos,
Ungüentos que me curam e transformam...
Formando delirantes desvarios,
Vários rios que levam para o mar.
Martírios que deixei no pó da estrada.
Fada que me encantou, embriagante
Elegante desígnio divinal.
Final de toda dor, ressurreição!
Afeição extremada, desejosa...
Maravilhosamente apaixonante.
Diante de tanta luz, que faço Deus?
Os meus tormentos mortos, esperanças!
Lembranças destes tempos cristalinos.
Alabastrinos seios doce alvor.
Calor que permanece sem segredo.
O medo de perder, evanescente,
Nascentes deste rio que navego,
Carrego toda luz que te roubei...
Sei de tantos amores, vida breve,
Leve folha, flutua nos meus sonhos...
Medonhos tais fantasmas se perderam...
Eram deveras tristes os meus dias...
Frias as noites, versos sem sentido...
Incontido desejo mergulhava...
Sonhava com paixão, felicidade...
A tarde nunca vinha, nebulosa...
A rosa que plantei só deu espinhos...
Caminhos que segui perdi a esmo...
Mesmo minhas canções eram de dor.
Amor que se omitia, velho e morto.
Porto que sempre nega desembarque.
Parque que não pretende ter criança,
Dança que não deseja nem carinho...
Ninho que desprezou um passarinho...
Vinho que não me deixa embriagado,
Fado, destino, sina, desespero...
Tempero para a vida, sinal glória...
Memória triste, vaga, traz saudade...
Claridade que desfeita, deixa o breu...
Ateu coração pede por um Deus...
Meus olhos imploraram tal visão!
Solução para torpe solidão.
Solidão esvaindo-se depressa.
Compressa cicatriza essa ferida.
A vida que pensei agora trazes,
Fazes todos meus dias melodias,
Orgias são bacantes amplitudes...
Quietudes maravilhas, ambrosia...
Poesia deflagras na fragrância...
Elegância caminha mais suave,
Na nave que julguei fosse perdida,
Comovida, esperando delicia,
Caricia naufrágios tão amargos...
Nos lagos dos meus sonhos és remanso.
Um remanso que em versos, traz calor,
Calor que me invadiu, teu olhar...

Só a verdade liberta?




Só a verdade liberta?




Se me perguntares qual a mais difícil dentre todas as virtudes, praticamente inexeqüível, serei obrigado a reconhecer que a VERDADE e a plena HONESTIDADE são fortes candidatas.

Somos extremamente honestos e verdadeiros no amanhecer de nossas vidas.

A criança diz, com razão absoluta que fulano é chato, beltrana é gorda e que a comida da mamãe ou da vovó está uma porcaria.

E quando, em nome de uma coisa que apelidamos de socialização, pedimos menos honestidade nos comentários,
Estamos DESEDUCANDO nossos filhos com relação à Verdade.

Quantas vezes, durante nossas vidas, somos obrigados a conviver com situações extremamente difíceis em nome desta “Socialização”?

Obviamente, se fossemos totalmente honestos e francos nos nossos relacionamentos, acabaríamos absolutamente isolados do mundo.

Essas pequenas corrupções diárias podem fazer mal à alma mas, são perdoáveis.

Totalmente perdoáveis.

Muitas vezes a verdade liberta mas, nem sempre. Ela pode nos aprisionar e tornarmos infelizes ou deixarmos quem nos rodeia extremamente infelizes.

O que, convenhamos, é muito pior do que as pequenas desonestidades diárias.

Mas, não baseie tua vida nessas pequenas falcatruas.

A tua vida poderá ser tão falsa quanto uma nota de três reais.

E aí, companheiro, não há santo que dê jeito ou, ao menos confie em ti.

Sejamos, pois, SOCIALMENTE mentirosos mas observando sempre os limites para não nos tornarmos ESSENCIALMENTE falsos e desonestos.

Esse limite é tênue e deve ser observado com todo carinho e cuidado.

Senão, corremos o grave risco de conhecermos o inferno por aqui mesmo.

Da solidão e do desprezo.

E, pior que tudo, do total descrédito!

EU TE QUERO



Eu quero tua pele veludosa
Sentindo teu perfume qual de rosa,
Inebriando todo o meu jardim.

Quero em tua boca o doce sumo
Que já me fez perder sentido e rumo
Uma mar de amor imenso, dentro em mim...

Quisera que viesses, minha amada,
Minha alma te procura, enamorada,
Não vês não existo sem te ter...

Escuta este meu canto apaixonado,
Vivendo sem saber se isso é pecado,
Apenas quero ter o teu prazer...

Pressinto que virás ao fim do dia,
Trazendo todo amor e fantasia
Que minha poesia já previu.

Aguardo cada toque desta boca
Que quero transtornada e quase louca
Beijando mais macia e tão sutil...

Bem sabes quanto eu quero o teu desejo
Envolto no carinho do teu beijo,
Com gosto de garapa e pão de mel...

Amada como é bom saber que tenho
O sonho mais bonito de onde venho
Trazendo para a terra o belo céu...

É HORA DE SEMEAR

Cada semente tem sua época própria de plantio, sem o que corre-se o risco de se perder a lavoura.

Assim as Leis da Natureza determinam mas as sementes espirituais não obedecem ao calendário.

Por isso é que se diz que, “é sempre tempo para amar” e a melhor forma de demonstrarmos nosso amor é lançar ao solo árido dos corações, as sementes de bondade, alegria, coragem sabedoria e , acima de tudo, de fraternidade.

Assim fazendo, estaremos plantando para a colheita final.

Esforcemo-nos para colher uma generosa safra, a fim de que, o Criador possa se alegrar, ao fim dos tempos
.
É hora de semear, lembre-se disso!

Marcos Coutinho Loures

TEMPO DE AMAR


Quando à tardinha as nuvens te levaram,
Achava que jamais eu poderia
Viver de novo encanto e poesia,
Ah! Meu grande amor...
Mas logo após a chuva, já raiaram,
De novo em belos raios de alegria,
As plenas ilusões da fantasia.
Raiou novo amor!

Querida; sei que assim, a vida passa.
Não posso aqui ficar como finado,
Vivendo tanto tempo abandonado.
Sem um grande amor!
Saudade no meu peito é qual fumaça
Entenda, meu amor, esse recado,
O que passou em mim, só é passado.
Preciso de amor!

Se toda triste noite, em frio inverno,
Arder nos olhos meus uma tristeza,
A vida se desloca em correnteza
Trama novo amor.
Saudade no meu peito faz inferno,
Amar demais é sempre uma grandeza.
Levando minha dor, tanta leveza,
Escravo do amor!

Mas saiba que te gosto muito e tanto.
Contigo eu aprendi uma verdade.
A vida não permite mais saudade,
É tempo de amor.
Não deixo de por ti, ter tanto encanto,
Amar é conhecer a liberdade.
Quem sabe conheci felicidade,
Nesse nosso amor!

MEU COMPANHEIRO

Meu companheiro sincero
Nesta amizade que quero
Tanta luz que sempre espero
Com valor e galhardia,
Vou cantando nestes versos
Os sentimentos diversos
Por mais de mil universos
De verdade ou fantasia,

A lua se avarandando
Uma viola chorando
A vida vai disfarçando
A dor que sempre nos trouxe,
Meu amigo predileto
Tenho por ti tanto afeto
De caráter puro e reto,
Bravura em coração doce.

Te agradeço, meu amigo,
Tanta coisa fiz contigo
Nessa vida em que o perigo
Sempre prepara a tocaia.
Depois de tantos janeiros,
Nossos passos caminheiros
Amigos tão verdadeiros,
Não deixam que a casa caia.

Vou te pedir um conselho
Nesse meu olhar vermelho,
Na retidão deste espelho,
Eu te peço compaixão,
A mulher por quem tu choras
Cada carinho que imploras
Neste adiantar das horas,
Amigo preste atenção...

Eu sou mesmo amigo ingrato
Pode queimar meu retrato,
Se me matar nem destrato
Tá no seu direito amigo.
Acontece que a morena,
De mim não precisa pena,
A danada da Açucena,
Agora mora comigo...

AMIGO...


Passeio pelas ruas do subúrbio
Observando as promessas de janelas
Entreabertas e moças descuidadas.
A sordidez do dia a dia se perde
Nas esquinas e bares lotados.
Eu vim e sempre serei passageiro do nada
Do nada a ter, do nada a sonhar e do quase nada ser.
Estrutura idêntica a qualquer que reparo e
Sinto nas roupas dependuradas nos quintais.
A bala perdida, o corpo encontrado
E o vazio a gritar em palavras sem sentido.
Ah! Vida. Que fizeste de mim, de nós, de todos...
Ainda bem que o bar está aberto.
Na roda de samba, na rodada de cerveja.
Veja: dançamos....

Friday, August 19, 2011

É, AMIGO...


É amigo...
A vida tem disso
É perigo, castigo e
Depois...
Voltamos de novo ao princípio...
Amor é jogo que queima
É fogo que teima
E nada adianta...
Amar é ser.
Apenas isso.

Bem sei que ela se foi
E daí?
Recomeçar
Remoçar
Ser e estar.

Apenas isso...
O mundo volta
Revolta
Astuto e passageiro.
Remoto
Próximo.
Cimo e vale...
Não vale a pena....

MEUS VERSOS

MEUS VERSOS

Os meus versos andam contentes
Continentes e conteúdo
Sempre e tanto,
Através das paredes dos sonhos.
Vindo da cálida manhã,
Roça a juventude esquecida
Em algum canto da vida.
Vivendo nada mais que isso,
Tentando nó corrediço
Algemas é que me deram
Os sonhos envelhecidos.
Se sou o que não pretendo
E pretendo ser quem sou
Vagando em meus versos vou
A partir do quase nada
Que em tudo se fez muito.
Embriagado do ar que respiro
Tonteio e tateio pela vida
Quase tropeço;
( queda na minha idade é fogo )
Mas não nego mais o jogo
E afogo nessa verdade
Uma última rebeldia.
Venha logo poesia
Que toda minha alegria
Está numa fantasia
Que nasceu sem se contar.
Vivendo o novo canto
Que de pranto deu sorriso.
Se navegar é preciso,
Amar é muito mais...

Caixeiro Viajante


João Polino, quando rapaz, era um dos maiores conquistadores de Santa Martha, um verdadeiro cavalheiro, dono dos olhos mais azuis do Caparaó.
O seu atual cunhado, José Reis, irmão de sua amada Rita, tinha um armarinho de secos e molhados naquela terra adorada e fria.
João, dono dos seus dezessete anos, resolveu trabalhar com José, de olho na Rita, menina ainda, mas dona de uma mansidão e serenidade realmente cativantes.
Logo assim que começou a trabalhar, João recebeu um convite irrecusável; uma das maiores distribuidoras de alimentos da região, com sede em Cachoeiro de Itapemirim, resolveu chamá-lo para fazer um teste como caixeiro viajante.
João não pestanejou; a possibilidade de um ganho maior e uma vida de aventuras que se desenhava pela frente eram por demais tentadoras para o nosso herói.
O gostoso da profissão era isso mesmo, a variedade de lugares e de pessoas com que conviveria. Todas essas coisas cativaram João, que começou uma história de aventuras sem par...
Numa dessas viagens, João iria para Guaçui, o que não teria problemas já que a cidade tinha uma infra estrutura até que razoável.
O Hotel Real, no centro da cidade tinha vários leitos à disposição dos viajantes de sempre e dos turistas ocasionais.
Acontece que, por aqueles dias, haveria uma exposição de gado na cidade e o hotel estava totalmente completo.
Nada demais para João, acostumado às intempéries da estrada.
Acontece que, quando se preparava para ir para a estrada, viajando para São Tiago e dali para São Lourenço quando encontraria, facilmente carona ou condução para sua amada Santa Martha, a tempo de ver sua Rita, a chuva despencou.
Chuva não, minto; tempestade, e das brabas.
Chovia como dizem alguns , a cântaros, e até canivete começou a cair sobre as costas dos desavisados.
Procura daqui, procura dali, eis que surge a última esperança: uma pensão lá pros lados da Vila Alta, usada por casais em busca de um local sem testemunhas para a noite de amor que se aproximava.
Mesmo lá, não havia leitos. Mas, com pena de João Polino, Toniquinho, o gerente da pensão deu uma sugestão:
Havia um senhor de avançada idade que, sem parentes e sem amigos, morava na pensão, dono de um quarto vitalício, pago regiamente com seus proventos de ex-militar.
A noite avançava e a chuva nem sombra de amainar...
João aceitou o convite de dividir a cama com aquele senhor, inofensivo e asmático.
Noite alta, madrugada adentro, eis que, de repente, o senhor dá um grito e começa a pedir ajuda de João:
-Meu filho, me arranje uma mulher, pelo amor de Deus, te dou tudo o que tenho, mas me arranja uma mulher depressa...
Ao que João impiedoso, respondeu: -De forma alguma meu senhor, nem por todo dinheiro desse mundo!
-Por que, meu filho, me diga por quê?
-Em primeiro lugar, são duas horas da manhã e eu não vou sair de madrugada procurando mulher, tenha a santa paciência!
-Em segundo lugar, está chovendo muito e eu não trouxe nem guarda-chuvas e não quero ficar doente, muito menos pegar uma pneumonia e em terceiro lugar: meu senhor, o que o senhor está segurando não é o seu não, É O MEU!

FESTA


A festa nos embala
Em danças sensuais
Depois de tudo pronto
Querendo sempre mais

Eu beijo tua boca
Um bálsamo profano.
E sinto como é bom
Desejo soberano.

Roçando a tua pele
Na minha, que delícia!
Tirando a tua roupa
Num gesto de malícia

Mergulho no teu corpo
E passo a navegar
Teu porto tão macio
Encontro a me esperar...

E assim vamos vagando
Na noite que promete
Depois que o dia nasce
A dança se repete...

MEU INÚTIL CORAÇÃO

Trazendo o viço da vida
E um vício, felicidade.
Perseguindo na cidade
As portas da despedida
Do tempo que fui feliz
No colo da meretriz
Matada por ser verdade
O boato que dizia
Que em toda essa eternidade
Rasgando essa fantasia
De dona desse bordel,
Viajava pelo céu
No cabo desse cometa
Que comentam que surgia,
No nascedouro do dia
Pelas alvorada afora
Que desde que foi embora
Escurraçada, essa moça.
Nunca mais quebrou a louça
Que compunha nessa Igreja
Para quem quiser que veja
A clarear nesses dia
Nessa imagem dessa santa
Olhos da Virgem Maria.
Pois então desde esse dia
Ando vida solitária
Buscando cara metade
Mas no mundo sem alarde
Num tem esperta ou otária
Que queira, de serventia
Ou por amor ou decreto
Viver, amar de concreto
Fazer da vida a valia
Que possa dar compromisso
Fazendo do jogo atiço
Do rogo desse serviço
Que traga minha fornada
De pão e de poesia
Pra poder só nessa estrada
Ser a minha estrela guia
Essa mão que me consola
Que me carrega a viola
E me ensina nessa escola
De que serve a valentia
Se nada mais me trazia
O rebento desse dia
Que acende todo pavio
Que me deixa por um fio
Antes que nada avacalha
Sou do fio da navalha
E gosto de ser assim
Que tudo seja por mim
Como nada mais poderia
Se tivesse essa fantasia
De ser feliz com mulher
Se Deus isso não quer
Por culpa da cafetina
Que amei desde menina
Que voava sem ter asa
Pelas soleiras das casa
Esquentando feito brasa
Aquele que nunca se acha
Que pensa que vai, despacha
E que carregando essas acha
Pra aquecer tempo mais frio
No mundo segue vadio
Meu coração sem atino
Acostumou com destino
De viver do desatino
Por causa de bruxaria
De quem nunca foi compasso
Com pressa nem o cadarço
Da vida amarrou direito
Trafegando no meu peito
Sem rumo e sem direção
Foi o lastro desse chão
O gosto azedo da vida
Assumindo a despedida,
De quem nunca mais voltou
As asas criadas vento
Os olhos partidos, tento
Fazer desse meu intento
O meu maior instrumento
Se preciso restaurar
As mãos estão calejadas
Perfumadas por suor
Trincadas pelo melhor
Da vida que a vida nega
A quem na vida trafega
Sem ter rumo que se entrega
Nos traços desse meu lápis
Que com grafite bem negro
Não deixa mais que me escapes
Sorte sem rumo e apego
Minha sombra rela o pé
Atravessa esse portão
Formiga das lava pé
Queimando meu coração.
O amor, foi reviravolta
Sentou praça sem escolta
Vacilou, o amor caiu
Ralando o seu joeio
Sangrando todo vermeio
O coração já saiu
Andou dando devorteio
Na viola que ponteio
Do mundo roçando o meio
Varando pela porteira
Que permitiu minha fuga
Mas agora já refuga
Disfarçada em brincadeira
Dessas de saltar fogueira
Nas noites de sexta feira
Na coruja da ribeira
Qual mocho de bico torto
Vou seguindo absorto
No meio desse caminho
Que vai pra trás da fazenda
Perto daquela moenda
Que moendo, me matou
Os olhos perdidos ao leu
Percorrendo nesse céu
Em busca de minha amada
Única infeliz madrugada
Que acalentou minha lua
Que andava toda nua
Nos meus sonhos mais gulosos
Agora, como os leprosos
Do testamento mais velho,
Sem Cristo pra me curar
Embolado escaravelho
Me enovelo devagar
Qual fora ouriço caixeiro
Me defendo dos cachorro
Que lá por cima do morro
Já passam o tempo inteiro
A preparar o seu bote
A minha sina mais forte
Aquela que leva pro norte
Procurando minha sorte
Mas só tenho minha morte
Pra poder negociar
No fundo, pode estar certo
Que nada tendo por perto
É o que melhor vai tocar
O coração deslambido
Que bate de tanto sofrido
Num acalanto sem rima
Acabando com estima
Estrume tomando tudo
O corpo vai cego, mudo
Eu nem sei se me ajudo
Se posso saber o contudo
Se não sei nem o porque
De tudo que posso ver
Tá tudo selecionado
Nas cismas da minha sina
Feito mágoa cristalina
Feito matreira saudade
Gerada por contrafeitos
Contra os meus próprios defeitos
Nada posso argumentar
Só sinto nada ter feito
Nem do doce nem confeito
Mereço ao menos respeito
Pela dor que trago, o peito
Batendo feito demente
Trazendo para essa gente
Esse canto de amargar
A boca da noite vigora
Essa minha triste espora
Machuca qual catapora
Queima tal qual caipora
Me lembrando que agora
Já ta chegando minha hora
O meu tempo já se estora
É hora de ir-me embora
Embora fora de hora
Agora chegou minha hora
Doutor vou já vazar fora
Desculpe pela demora
A lua já se ancora
A barra da noite aflora
E terminando essa história
Carrego nessa memória
Os tristes olhos da Santa
Quebrados, por essa moça
Cuja carne não foi louça
Sangrada até não ter força
Com ela também fui morto
Meu pensamento absorto
Procurando por um porto
Onde possa ter descanso
Procurando pelo remanso
Desse rio que se encurva
Pra no meio dessa curva
Numa noite do sertão
De lua e de poesia
Enterrado, sem valia,
Meu inútil coração...

SENTIMENTO...

O verso traduzisse o sentimento
Do amor que tanto busco e não se vê
A vida se anuncia e sem por que
Somente o descaminho em desalento,

Exposto o coração entregue ao vento,
A frágil cobertura de sapê
Das rosas e verbenas o buquê
Ditando o quanto quero e mesmo tento,

Meu mundo se perdera desde quando
O tempo noutra face se moldando,
E a rude sensação quando abandona

De quem já poderia ser feliz
E tanto quanto a vida contradiz
Permite estar ilusão chegar à tona...

Thursday, August 18, 2011

ENCHENTE

ENCHENTE


No ano de 1946, uma terrível enchente afetou a bacia do rio Muriaé, a começar por Mirai o que mobilizou toda a população, no sentido de ajudar a s famílias afetadas. Já naquela época, funcionava na cidade uma pequena confecção de lingerie e, para cumprir sua função social, a dona da mesma começou a procurar os armazéns de secos e molhados, pedindo sacos de estopa para que, deles fossem confeccionadas peças de roupa para os flagelados.

Uma semana depois, com o nível das águas já chegando à normalidade, uma senhora bateu às portas da confecção e houve o seguinte diálogo:

-Bom dia, dona. Estou aqui para devolver a calcinha que a senhora fez e mandou distribuir pra gente.

-Mas o que houve? A senhora não gostou do modelo? Ela ficou apertada?

-Nada disso! Ela até que ficou boa, mas a senhora me desculpe, eu não vou usar de jeito nenhum!

- Mas por quê?

-A senhora tá achando que eu sou quenga? Eu sou uma mulher de respeito e se eu usar uma coisa dessas meu marido me mata!

- Mas...

-Sem mais nem menos, dá uma olhadinha pra senhora ver se eu posso usar isso?

Quando a dona da confecção viu, ficou toda envergonhada...

Nos fundos da calcinha estava escrito, resquícios dos sacos de estopas empregados como matéria prima, os seguintes dizeres:

RAÇÃO PARA PINTO...


Marcos Coutinho Loures

- NEBLINAS

- NEBLINAS
Notívago, minha alma de noctâmbulo
Deambulando em becos mais escuros,
Equilibrando os passos, um funâmbulo
Vivendo entre temores, mil apuros.

A peça se anuncia num preâmbulo
Passando por momentos bem mais duros,
Às vezes preferia ser sonâmbulo,
Errante sobre pedras, altos muros...

Mas amo as frias trevas e neblinas,
Enquanto a palidez tanto me atrai,
Na quase transparência; já fascinas

E tomas as vontades num repente,
E quando a noite escura; vem e cai,
A névoa sedutora enfim se sente...
A cópula perfeita, prazerosa,
Em corpos que se adentram, se misturam
Lambidas e sussurros, fogo intenso
Profanas sensações de gozo pleno.
Acenas com hormônios sem controle,
Cabelos feitos crinas soltos, leves.
Derramas as vontades e os prazeres
Roçado que eu arando, já semeio
Em seios, sondas, selvas silvos, sons,
Acordes entoando breves cantos.
Nos cantos, camas, lamas, tramas, bocas,
No vão das ocas tocas, rumos remos...
E no êxtase sublime, climas, brasas.
Desfrutas de meu corpo, a tua casa...

ÊXTASE

ÊXTASE

Não fale mais nada,
Deixe que eu te toque
E sinta o teu perfume.
Beije tua boca,
Avance sobre os seios.
Feche teus olhos...
Sinta a maravilha
De toda esta vontade
Transformada em prazer....

Irei acarinhando-te
Devagar...
Chegando às tuas coxas,
Boca e língua.
Passeando meus dedos
Até poder tocar
O teu túrgido caminho.

Depois, em sucção,
Sentir endurecendo em minha boca
Numa umidade intensa...
Aos poucos acelerando
Os movimentos...
Rápidos, frenéticos...
E assim,
Quando mais tarde
Numa explosão sem par
Direi do amor que tive.

Imortal e incansável...

Chegando ao ápice,
Ápica loucura
Destilando
A doçura que vem
Em turbilhão...
Até que em teu êxtase
Eu refaça o caminho
E chegue em convulso delírio
À magnitude plena
Do amor que se dá sem fronteiras...

DEUSA


Exploro os teus relevos, maga deusa,
Adentro por teus vales e montanhas.
Bebendo do teu néctar me inebrio,
E estendo o meu prazer em tuas sanhas.

Lambuzas-me dos méis mais desejados,
Riscando minha pele, unhas garras,
Na noite feita orgia, com furor
Meu corpo no teu corpo imerso, agarras.

E amansas as loucuras, desvarios,
Aplacas minha sede, aporto o cais,
As pernas me prendendo e assim conténs
Qual fossem uma espécie de tenaz

E preso, não desejo a liberdade,
Cativo de teu fogo, me escravizo.
Levado neste jogo, vou feliz,
Ao verdadeiro céu, ao Paraíso...

Sunday, August 14, 2011

SOMA E ALIA

SOMA e ALIA
A fome,
A hipocrisia
A canalhice
SOMA e ALIA
O que há de ti
O que há de mim
Outro Haiti,
Outra Etiópia
No ópio que se molda a cada morte
E entorpece o já pútrido
Caminhante sobre a Terra
Que esfacela,
Que destroça
E marca e mata.
A culpa?
De ninguém,
De todos
Minha, tua, NOSSA,
SOMA E ALIA
Biafra,
Vietnam
Palestina,
Gaza,
Guernica
Hiroshima...
E o tempo se refaz
Sobre cada cadáver
Que espalhamos
Rapineiros, abutres Canalhas.
Nas fornalhas dos holocaustos,
Dos faustos das festas
E das come-morações
Em banquetes
Que adentram
Grécias e Romas,
Macedônias.
Impérios britânicos, norte americanos, soviéticos e chineses, japoneses, europeus,
E a fome pesando feito cruz
Sobre os Cristos modernos,
Contemporâneos
E os do futuro.
Somos, fomos e seremos.
Eternamente culpados.
Imagem e semelhança?
De quem?
VADRE RETRO.
Somos assim,
E nada nos impede,
Nem nos impele
A sermos diferentes,
Indiferentes,
SOMA E ALIA
Fome e desinteresse,
Houvesse riquezas sob o solo
Talvez fosse diferente,
Porém a única riqueza
Que poderia haver
Seria a dignidade,
Perdida nos Cambojas,
Nas expressões
Do ontem, do hoje e do amanhã.
A bola da vez
A fome e o comércio
Das armas, das almas, das lamas,
Do macilento peito que tenta
Trazer um pouco de humanidade
Ao verme bípede que dilacera
E só se sacia deste jeito...
SOMA, ALIA
SOMA, ALIA
O quê?
AI DE TI,
HAITI,
AI DE NÓS
Somos assim...
Quantos Cristos seriam necessários?
Quantos holocaustos?
Quantas Sérvias, Kosovos, Bósnias...
Quantas somas
Dizem da miséria estampada a cada face.
Omissa ou faminta,
Nos silêncios
De Ruanda, de Nova Orleans,
Das chagas abertas
No terceiro milênio,
No terceiro mundo
No primeiro passo,
Na falta completa de esperança...