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Saturday, December 22, 2007

SONETOS 101 E 102


Eu vejo a claridade
Que a sorte enfim me trouxe
A vida como fosse
Um sonho, liberdade,

Poder de uma amizade
Tornando a vida doce,
No canto que remoce,
Mostrando a qualidade.

Meu verso mais conciso
Já fala deste sonho,
Viver o paraíso,

Enfim, eu te proponho,
Nos lábios um sorriso,
Futuro mais risonho...

X

Amiga e companheira
Persigo pela vida,
A sorte derradeira
Encontro esta saída

A dor é feiticeira,
Ninguém disto duvida,
A sorte verdadeira
Encontro em ti, querida.

Vem logo, sem demora,
Te espero sempre aqui.
Quem sabe faz agora,

Preciso, enfim de ti;
Da amizade, senhora,
Jamais eu te esqueci...

X

Querida eu bem percebo o quanto causo
De dor e desespero e de cansaço,
Trabalho noite e dia e nunca pauso,
Pois sei que encontro em ti sempre um abraço;

Às vezes esquecendo deste apoio,
Eu deixo-te sozinha pelos cantos.
Secando sem ter águas um arroio,
Perdendo mansamente seus encantos.

Mas saiba quanto eu quero estar contigo
A vida inteira; creio neste amor!
E sendo assim, amada, eu já persigo,
Um dia que virá, acolhedor.

Meus versos são humildes, reconheço,
Amor que não mereço, eu te agradeço...

X


Eu juro eu não entendo a vaidade
Que mostras ao andar tão empinada.
Qual fosse derramar a claridade,
Rainha do boteco e da calçada.

Não vês que desse jeito, causas riso,
Pois pensas ser rainha e soberana,
Querida, ouça-me bem, pois é preciso,
E falo como quem, nunca te engana.

Mulher é na verdade, tão comum,
Embora artigo bom, isso eu não nego,
Não quero te ofender de modo algum,
Mas olha, pode ver.,.. eu não sou cego.

Tu tens que ser mais que isso, muito além,
Até pobre, querida, mulher tem!

X

O dia foi difícil, minha amada,
Eu trabalhei demais isso eu não nego,
Cansado do batente, estou no prego,
Desculpe; eu não agüento enfim, mais nada...

Quem sabe, se depois, na madrugada,
Depois de descansar, me recarrego.
Amor que tantas vezes vaga cego,
Precisa ter a dose reforçada.

A sorte é que inventaram um reforço
Que faz um velho assim, já ficar moço
E mesmo com cansaço que me açoda,

Eu possa te causar um alvoroço.
Falaram que o danado é um colosso,
Assim é noite e dia, tanta foda...

X

Os passos deste amor que perseguimos
Há muito foram dados por alguém.
No simples carpinteiro conseguimos
Visualizar por certo, todo o bem.

Falando por parábolas dizia
Do amor tão gigantesco pleno em paz;
Mostrando enfim, que amar com alegria
E naturalidade é ser capaz

De ver em cada ser com claridade,
O brilho de um amor que é soberano.
Recendendo ao calor de uma amizade,
Onde não caberá jamais engano...

Punido pelos homens por amar,
Vendido em mil pedaços num altar...

X

Querida vou fazer a promoção,
Pois sou da faculdade, professor.
Entrego-me com toda devoção
Trabalho com carinho e com amor.

Não cobro a minha participação
Nas aulas que darei, com muito ardor,
Querida não resista à tentação
E venha desfrutar deste favor.

Ensino tal assunto tão complexo
Que poucos vão saber com maestria,
É necessário côncavo e convexo

Depois de pouco tempo, uma alegria,
Ministro se quiseres, todo dia,
Serei teu professor de amor e sexo...

X

Estudos que comprovam publicados
Lançados sem sequer contestação
Assuntos tão sutis e delicados,
Merecem toda consideração.

Estatísticas mostram novos dados,
Que vão fazer total revolução.
A virgindade traz maus resultados
Causando essas doenças sem perdão.

Por isso minha amiga e companheira
Farei a boa ação que salvará
Você da noite fria e derradeira,

De uma doença dura de amargar,
Pressinto que este dia chegará,
Por isso venha logo vacinar...

X

Percebo que em qualquer lugar que chego
Eu vejo o mesmo aviso que me diz.
Que estás sendo filmado: Ri feliz!
E logo fico quieto, isso eu não nego.

Cansado de martelo sendo prego
Não leio mais palavras tão gentis.
Diabo no meu corpo que eu carrego
Em frases delicadas e sutis.

Por isso meu amigo e companheiro,
No nono mandamento eu me estrepei
Depois de batalhar o tempo inteiro

Lutando contra a força e quente chama,
Deparo com as tábuas, as da lei:
Sorria amigo: a sua mulher me ama!

X


Cigarro não faz bem disso eu bem sei,
Porém eu não consigo disfarçar
Ladrão demais assim a nos roubar
Não deve sem moral, fazer a lei.

De tanto que na vida eu já fumei
E o tanto que inda tenho pra fumar
Dinheiro algum dos outros maloquei,
Não aprendi nem quero enfim roubar.

Eu peço ao Bom Senhor que assim me ajude
Embora a maltratar minha saúde,
Eu tenho esta certeza em devoção.

Pior do que cigarro, eu te garanto,
Eu falo esta verdade sem espanto,
Político safado e corrupção...

X

Um plantador de cana, um fazendeiro
Depois de tomar umas foi em cana
Chamado
por alguns de cachaceiro
Não sabe que essa gente é tão sacana.

Na roça de uma cana faz dinheiro,
Com bolso cheio enfim, logo se ufana
Porém tanta birita já te engana,
Deixando a gente tonta por inteiro.

Destila essa garapa e vira pinga
A grana vai pingando devagar,
Bebendo tanta pinga a cana vem.

Brigando com compadre logo xinga
E essa colheita vai comemorar
Mamado na cadeia e sem ninguém...

X


A morte, companheira mais dileta,
Deitando em minha cama, pede abraço.
E cerra com meus dias, forte laço,
Se torna derradeira e predileta.

Não tenho nessa vida, uma outra meta
Que trague novamente um bom regaço.
Seguindo calmamente passo a passo,
No fim da dura estrada me completa.

Das coisas que da vida levarei,
Encantos e quimeras, dor e fado.
Perdendo depois tudo o que ganhei,

Morrendo simplesmente sem passado.
Meu nome restará em desabrigo.
Apenas nas lembranças de um amigo!

X


Não gaste tudo agora, por favor,
Não tenho mais dinheiro que te baste.
Depois não reclamar se houve desgaste,
Amor é feito enquanto poupador.

Economia faz-se com ardor
Senão de mim, querida, já se afaste.
Deixando pra amanhã, hoje não gaste,
Quem sabe faz agora e com valor.

Mas veja quanto é bom o que pressinto,
Trazendo pro futuro uma emoção,
Resista por favor à tentação.

Não imagina a dor, que assim eu sinto,
Cada ovo que cozinha, é negação.
Pois morro com meu pinto em minha mão!

X

Ao ver este leitão que está gordinho
Eu penso já no lucro que vai dar,
Criado com amor e com carinho,
Não pára todo dia de engordar.

Depois que o bicho está assim fofinho,
Cascalho no meu bolso vai entrar.
Fazer duzentos quilos de toucinho,
Lingüiça pra mandar já defumar.

Porém o porco grande com malogro,
Custando pra morrer dá prejuízo.
Investimento duro de fazer.

Agüentar a mulher e ter juízo,
É duro e vem trazendo desprazer.
Não morre o porco gordo do meu sogro!

X

Minha alegre menina quero a dança

Do teu corpo, requebros sobre mim;

A noite verdadeira já se avança

E a boca mais sedenta,carmesim...



Alegres os compassos da esperança

Que queimam seu pavio até no fim.

No fogo deste estio, não se cansa,

E sabe que me ganha, inteiro sim...



Tua alegria imensa contagia

E faz de cada gesto a sedução.

Que esquenta todo amor em fantasia



E
tudo, sem ter tréguas, contamina,

Ardente como o fogo da paixão,

Na dança tão alegre da menina.

X

Eu sou baixinho e sei o quanto valho,
Ninguém segura a força que se emana
Do povo mais miúdo no trabalho
Tamanho simplesmente não engana.

Pintando um rodapé, não me atrapalho,
Na cama meu carinho é bem bacana,
Jamais eu me lembrei de um ato falho,
A força em miudeza é soberana.

Às vezes pressentindo um vento frio
Eu sempre me agasalho em teu capote.
Um coração gigante, e tão vadio,

Prepara mansamente um novo bote
O pano para a roupa é muito pouco...
O resto? Não te mostro, nem dou troco...

X

Amor em liberdade traz certeza
De um sonho de desejo e de prazer.
No céu de tua boca, com largueza
Espero novamente perceber

Que a moça inda pretende ser princesa
E nisso o seu encanto me faz ver
Deixando uma alegria sobre a mesa
Beleza tão gostosa de viver...

O sexo em descoberta traz encantos
E medos que maltratam e confortam.
Navios de desejo quando aportam

Derramam esperanças pelos cantos.
Mal sabe que o desejo de um afago
Por outras tão somente quando pago...

X

Em versos, velas, mares e magias
Os sonhos vão mais livres pelos ares.
No encanto que se toma em poesias
Colhemos
nossos frutos nos pomares
Aguando com desejos, alegrias,
Fazemos dos amores, os altares...

Encantos delicados e sutis
São nossos companheiros mais constantes
Os dias que queremos mais gentis,
Nós cultivamos sempre. Por instantes
O mundo que sonhamos, mais feliz,
Se torna bem mais vivo e deslumbrante.

Estou contigo, amada em cada verso,
Vivendo por encanto, este universo...

X

Vencido pela dor desta saudade
Que é mais que uma ilusão, um verso triste.
Viver em minha sorte, ansiedade
É mais do que um amor inda persiste.

Não temo mais sofrer sem liberdade,
Ainda mais que sei que amor existe.
Vagando pelos céus, tranqüilidade
Jamais resistirá na dor que insiste.

Saudade de saber de cada beijo
Marcado em minha boca, tatuagem,
Eu sinto quanto dói este desejo,

Embora, reconheça é só miragem.
Assim que a noite chega enfim eu vejo,
O rumo em que se deu nossa viagem.

X


Perdeu o seu amor? Relaxa e goza,
Brigou com o patrão? Relaxa e goza
Enfarta o coração? Relaxa e goza.
Morreu jardim e flor? Relaxa e goza.

Deu praga no capim? Relaxa e goza.
Político ladrão? Relaxa e goza,
Sem trem nesta estação? Relaxa e goza.
Salário está no fim? Relaxa e goza...

Mulher já se mandou? Relaxa e goza,
Sobrou o Ricardão? Relaxa e goza.
O crédito estourou? Relaxa e goza.

Se mordeu-lhe a tsé tsé. Relaxa e goza;
Já deu bicho de pé? Relaxa e goza.
Eta conselho bom: relaxa e goza...

X


Não posso me calar,
Preciso te dizer,
Não deixe naufragar
O sonho de querer,

Depressa te encontrar,
No sol que vai nascer,
Encanto a se buscar,
No canto do prazer.

Amiga eu não desejo
Que a dor nos acompanhe,
Na festa que prevejo

Beber deste champanhe
Num mundo tão sobejo
Que a sorte nos entranhe!

X


Amiga eu te proponho
Seguirmos por aí,
Vencendo um mar tristonho
Aonde eu me perdi.

Um dia mais risonho
Exala-se de ti,
De um tempo tão medonho
Eu juro, me esqueci.

Vencemos os problemas,
Na força de vontade,
Trazemos novos lemas,

Achar felicidade,
No peito estes emblemas,
Poder desta amizade!

X


Amigo eu não me esqueço
De tudo o que vivemos,
Decerto eu nunca meço
O quanto nos queremos,

Se tenho algum tropeço,
Isso é comum, sabemos,
Apoio enfim te peço,
Estendes os teus remos

E ajudas navegar
Por mares violentos,
Em meio a tanto mar,

Percebo que em momentos,
Eu sinto-te a soprar,
Pra longe os duros ventos...

X

Que a vida não se acabe neste estado
Em que meu coração se encontra agora,
Amor que fora sempre descuidado
Não teve nem juízo nem demora.
Viver este meu canto apaixonado
É tudo o que não quero. A dor aflora...

Não tenho mais segredos, sou cativo,
Não tenho resistência, estou aqui.
No sentimento atroz em que hoje vivo
O resto de esperanças; não perdi.
A dor me conheceu lento e passivo,
Agora meu futuro está em ti...

Um dia, sei que vais pensar direito,
Meu mundo, neste dia, satisfeito...

X


Tomando mais um gole de café
Na noite insone, roubo de uma estrela
Cadente uma esperança já sem fé
De um dia, novamente poder vê-la.

Sorriso de ironia, dentes todos,
Mostrado pela noite sem juízo.
Refaço quase pérolas dos lodos
Engodos me negaram paraíso...

Vasculho pela mesa mais um trago.
Cigarros espalhados num cinzeiro.
Um corpo de aguardente sem afago,
Quem sabe abra o caminho derradeiro?

Escuto tua voz num eco frio
Mostrando um coração quase vazio...

X

Amor, na eternidade de um segundo,
Trazendo toda a sorte de ilusões...
Num sentimento breve e tão profundo
Rebenta; sem pensar, os corações.

Na correnteza forte que eu me inundo
Tomando já de assalto as emoções,
Amor que sempre foi maior do mundo,
Morrendo nas estradas das paixões...

Calando tanta angústia em nosso peito,
Vasculha cada parte do meu ser.
Amor se achando sempre no direito

Coberto de vontades, trama a morte.
Eu quero eternamente te querer
Na sensação divina que me aporte...

X

Trouxeste uma alegria a quem sangrava
Em dores escondidas num sorriso.
Que pena que esta sorte te enganava
Na promessa sincera, o paraíso...
Mas nada do que fomos resguardava
O sentimento imenso e tão preciso...

Agora que decolas, sem por que
Meu medo já se mostra mais ativo.
Procuro novamente e nada vê
Senão vagos espaços... Sobrevivo...
Não tenho nem portanto nem cadê
Apenas o meu mar, seco e cativo...

Não vejo mais estrelas, perco o céu,
Amarga em minha boca o que foi mel...

X


Menina, gosto tanto
Quando te vejo aqui,
Derramas em encanto
O
sonho que pedi,

Quem dera se meu canto
Chegasse sempre a ti,
Tirando cada manto,
Contigo, enfim, dormi.

Na fome que nos toca,
Carinho sem igual,
Invado fonte e toca,

Num gesto sensual,
Beijando a tua boca,
Gozo fenomenal...

X

Um dia, um cavaleiro
Invadiu teu castelo,
Num sonho mais faceiro,
Tão doce e tão singelo,

Amor mais verdadeiro,
Eu sei que a ti revelo,
Além do costumeiro,
Um sentimento belo

Aonde ser feliz
É quase obrigação,
Viver o que bem quis,

Com toda a sensação
Ser sempre um aprendiz,
Amar cada lição...

X

Eu sei quanto é preciso
Viver um louco amor,
Que mostre, sedutor,
Um céu onde matizo

Meu verso em tal calor,
Que seja mais conciso,
Vencendo o vencedor,
Abrindo o paraíso...

Eu sei que necessito
Da boca carmesim,
Num sonho mais bonito,

Que trago dentro em mim,
Levando ao infinito,
Amor que não tem fim...

X

Cantando sozinho
Sem eira nem beira
Vejo a companheira
Fugindo do ninho,

Amor foi vizinho
Da dor verdadeira
Solidão ligeira,
Chegou sem carinho,

Matando meu sono,
Deixou um vazio,
Total abandono,

Coração tão frio,
Vagando sem dono,
Inverna um estio..

X

Saudade moleca
Aqui acampou,
Menina sapeca
Tanto maltratou

Na lágrima seca
O peito que amou,
Quem ama não peca,
Saudade deixou...

Voltando ligeira
De noite pra mim,
Uma feiticeira,

Boca carmesim,
Menina faceira,
Saudade sem fim...

X


Garapa da cana,
No doce, no mel,
Na manhã temprana,
Estrela no céu,

Lua soberana,
Cavalga o corcel,
A mulher insana,
Cumpriu seu papel.

Vibrei noite inteira
Na boca gostosa,
Da moça faceira,

Perfume de rosa,
Paixão verdadeira
Que invade e que goza...

X

Das Minas Gerais
Eu trouxe este sonho
De ter sempre mais,
Um mundo risonho,

Aonde jamais
Vivesse tristonho,
Já me satisfaz
Amor que proponho.

Falar de amizade
De queijo e de broa
A felicidade,

Tão perto revoa,
Na roça e cidade,
Eta coisa boa!

X


Prevejo
No canto
Encanto
Desejo.

No beijo
Meu manto,
Recanto
Arpejo.

Sou teu
Não nego,
Um breu

Carrego;
Plebeu,
Me entrego...

X

Eu amo
Te digo
Reclamo
Abrigo

Sem amo,
Não ligo,
Exclamo
Prossigo.

E falo
Do amor
Não calo,

Senhor,
Regalo,
Calor...

X

Vozes silentes
Corpos queimados
Vida nos dentes
Mortos contados.

São tantas gentes
Olhos furados,
Homens descrentes
Sete pecados.

Dias compridos,
Sinas marcadas,
Rumos perdidos,

Cartas jogadas,
Sonhos vencidos,
Costas lanhadas...

X

Não chores, querida
Que a vida é melhor
Pra quem não duvida
Do amor que é maior

Estrada comprida,
Conheço de cor,
Eu sei da saída
Que é feita de amor.

A vida prossiga
Em paz benfazeja,
A mão tão amiga,

Por certo deseja
Ternura que é viga,
Que sempre, assim, seja...

X


Vencido pela dor
Depois de tantos anos,
Perdendo o meu amor
Refaço velhos planos

Me sinto um perdedor,
Marcados por enganos,
Sangrar por onde for,
Esforços desumanos.

Porém a sorte brilha
Em uma nova trilha
Minha alma sempre pensa.

Um resto de esperança
A sorte enfim se alcança
Nesta amizade imensa...

X


Eu sinto este perfume
Que exalas, minha amiga,
Transformas um queixume
Em verso que me abriga.

Não ter sequer ciúme,
Da vida que te instiga
Amar como costume,
Que sempre assim, prossiga.

Eu canto cada dia
Com força e com vontade,
Sabendo da alegria

Da luminosidade
Que cobre a fantasia,
Na força da amizade.

X


Ao fim desta jornada
Amiga eu mostrarei
A pele tão marcada
Das lutas que travei,
A pele maltratada
A dor, cicatrizei...

Verás que também eu
Lutei pra ser feliz,
Meu mundo se perdeu,
Depois, tive o que quis,
Meu coração ateu
Um eterno aprendiz...

Profunda, a tal ferida,
Que temos pela vida...

X


Se estás tão solitário
Em meio a tempestades,
De um mundo temerário,
Tantas adversidades,
Um sentimento vário
Demonstra as qualidades

Que um homem deve ter,
Seguido esta viagem,
Distante do prazer
Sem ter sequer miragem,
Nunca pode perder,
Por certo essa coragem

Que é tudo o que nos resta,
Na luta que se empresta...

X

Tristeza quando chega,
Embora não pareça
Na sorte que se nega
Por mais que não mereça
Contraste que se prega,
Na tela que se teça.

Paisagem mais bonita
Se assim for revelada,
Na dor que quando agita
Não deixa quase nada,
Beleza imensa grita
Imagem contrastada...

No dia tão sombrio,
O sol? Um desafio...

X


Não deixe esta peteca
Por certo descair,
Nos olhos da moleca
O mundo a permitir,
Que a vida tão sapeca,
Jamais pare de rir...

Uma esperança vem
De toda a fantasia,
Do amor que a gente tem,
Demonstra que alegria
É coisa que faz bem,
E juro, até vicia...

A mágica da vida,
Na alegria, contida...

X

Alegria é companheira
De quem quer ser feliz,
A paz tão costumeira
Felicidade diz,
Mostrando esta bandeira
Do céu, raro matiz.

Tanta alegria eu sinto
Por poder ver o brilho,
A vida, que é um absinto,
Na qual me maravilho,
Nas cores que me tinto,
Nos olhos do meu filho.

Lutar pela alegria,
Batalha dia a dia...

X


Amigo me perdoe
Mas saiba que a amizade
Por mais que a vida doe
Impede a falsidade,
Num canto que se ecoe,
Escoa uma verdade

Não posso te falar
De todas as mentiras
Que tentas me enganar
E ao céu quando as atiras
Destrói já sem pensar,
Rasgando em finas tiras

Um sentimento nobre,
Que lealdade cobre...

X

Para ter um amigo,
Querer tão só não basta,
Na casa em que me abrigo,
O tempo que desgasta
Às vezes não consigo
A vida nos afasta.

Mas sempre cultivando
A flor deste jardim,
Aos poucos conquistando
Entrego-me e sem fim,
Não sei sequer nem quando,
Contigo, irei assim...

Colhendo cada fruta,
Lapido a gema bruta.

X

Amiga eu te conheço
E sei tuas vontades,
Da solidão avesso,
Valor das amizades
É mais do que mereço.

Querida companheira,
Mesmo se estás distante
Te encontrarei faceira
Comigo a cada instante,
A nossa vida inteira,
Raro prazer constante...

Espiritualmente
Tão perto e mais contente...

X

Uma amizade rege
A vida de quem ama,
A solidão herege
Não segue nossa trama,
Amor que nos protege
Também acende a chama,

A teia de uma aranha,
O ninho da avezinha,
Na sorte tão tamanha
Uma amizade alinha,
No fundo sempre ganha,
Uma alma não sozinha.

Sabendo a qualidade
Da força da amizade...

X



Por mais que seja assim,
Caminho cansativo,
Contigo até no fim
Irei em passo altivo,

Nossa amizade em fim,
Tendo lugar cativo,
Rebrilha dentro em mim,
Num sonho sempre vivo.

Querendo a companhia
De quem me quer tão bem,
Seguindo noite e dia,

Sem ser da dor refém,
Que bom, quanta alegria,
De estar perto de alguém...

X


Em versos dedicados
Perfaço meu caminho,
Amores delicados,
Se encontram no meu ninho,

Dos sonhos destroçados
Andava tão sozinho,
Por sorte, tantos Fados,
Trouxeram teu carinho...

Assim,amada amiga,
Meu canto transformou,
A noite que se abriga

Nos versos me mostrou,
Que a vida em forte liga,
Enfim, iluminou...

X

Não vejo outra saída
Senão sair daqui.
Esqueça-se querida
Agora eu me perdi.

Em toda a minha vida,
Só lembro-me de ti.
Mas vou em despedida,
Não fico mais aqui...

Pois em terra de cego
Eu digo esta verdade,
É mar que não navego,

Pois me inda resta um olho,
E vejo a claridade,
Mesmo sendo caolho...

X

Meu verso não se engana
Cortando qual navalha,
A sorte que se espana,
Comigo se atrapalha.

A vida soberana,
Um campo de batalha,
Na luta tão sacana
Mais fracos estraçalha.

Galinha quando é boa,
Eu falo e nunca minto,
E ninguém me avacalha.

Se é nova ou se é coroa,
Cuidando bem do pinto,
Com certeza não falha...

X

Por fora um espetáculo,
Por baixo decepção,
Vivendo sem oráculo,
Vou sem premonição.

Mas alço meu tentáculo,
Na busca da emoção,
Usando este vernáculo
Morrendo de tesão...

Assim eu não me engano,
O meu olhar estico
E palpo, soberano,

Prazer aonde fico,
Mulher tal qual um circo,
O bom vai sob o pano...

X


Querida, o casamento
É coisa em que não penso,
Não deixo um só momento
De ter amor imenso.

Mas basta o sofrimento,
Que sei ser mais intenso,
Do fogo ardendo lento.
Enfim, não me convenço.

Eu quero ser feliz,
Pra sempre ao lado teu,
Do amor um aprendiz,

Que jamais se perdeu,
Mas tanta cicatriz,
Queimando enfim, me ardeu...

X


A minha mão passeia , calmamente,
Buscando tocar todas reentrâncias,
Eu sinto esse desejo, mais urgente,
De conhecer molejos e cadências.

Sorvendo todo líquido fervente,
Que põe no nosso amor as evidências
Que poderás gozar, tão de repente,
Sem conceder sequer qualquer clemência...

Eu quero teu suor e teu sorriso,
Nas salivas trocadas; as delícias.
Teu prazer é tudo o que eu preciso.

Suave viajar dessas carícias,
Orgasmos delirantes, sem aviso...
Meu amor, por favor, me dê notícias.

X

Dançando estas estrelas irmanadas

Formando com seus lumes u’a coroa

Estrelas se mostrando consteladas

O pensamento livre busca e voa,

As luzes na ciranda demonstradas

Na dança que se faz assim, à toa,

As noites se passando decoradas

Nesta tiara bela. A vida é boa

Para quem souber quanto é importante

Seguir o seu caminho de irmandade

Sabendo que viver é delirante.

No rastro das estrelas vou buscando

O sentido perfeito da amizade,

Unidos; nossos passos vão brilhando...

X

Contorno com meus lábios teu perfil,
E deito-te em meu colo mansamente.
Meu mundo... O coração quando se abriu;
Entraste devagar. Mas, de repente

Senti que não teria escapatória;
Tua presença amiga e tão constante
Vem mudando o rumo de uma história
De forma tão sutil quanto elegante...

Beijar as tuas mãos, dedos e palma,
Morder-te levemente, o indicador.
Mostrando este carinho que me acalma;
Sussurro em teu ouvido; canto amor...

Sinto, neste arrepio em tua pele,
Desejo... Embora o negue e não revele...

X


Na calça que trocaste
Macetes diferentes,
Depois deste desgaste
Prazeres sei que sentes.

Defeito que mostraste,
Por certo para as gentes,
A calça virou traste,
Em cortes mais prementes.

Pegaste uma rasgada
Em troca mais fecunda,
Costura desmanchada?

A mão ali se afunda,
Levaste camarada,
Rasgada bem na bunda...

X


Balança esta roseira
Põe fogo no quintal,
Amiga e companheira,
A vida sem igual

Se mostra verdadeira
Enfim fenomenal,
Na força feiticeira
Que faz um carnaval

Em festas e bailados,
Em risos e traquejos,
Olhando para os lados,

Pressinto tais desejos,
Juntando nossos fados,
Tomando nossos beijos..

X


Balançando a roseira
Quebrando a sapucaia,
Amada verdadeira
Na solidão não caia,

Que a vida é feiticeira
Mas corta qual navalha,
Contigo a vida inteira,
No amor que já se espalha

No campo e na cidade,
Que faz a gente crer
Na tal felicidade,

Vontade de viver,
Saber da claridade
Que traz um bem querer.

X

Saudade de quem fui,
Num tempo tão distante,
A vida mansa flui
Mas mostra-se inconstante,

Meu paletó se pui,
Quem fora deslumbrante
Em meu castelo rui,
Morrendo num instante...

Apenas garatujas
Deixadas na parede,
As mãos deveras sujas

Rasgando antiga rede,
Espero que não fujas,
Pois matas minha sede...

X


Solidão quando a dois,
Maltrata mais que tudo,
Vazio vem depois,
Por isso não me iludo.
Não quero paz e arroz,
Prefiro ficar mudo...

Eu sei que não teremos
Momentos mais felizes,
Meu barco vai sem remos,
Naufrágios, cicatrizes.
No céu que nós perdemos,
Só nuvens, sem matizes...

E bebo do vazio
Criado em dia frio...

X

Eu tenho uma esperança
Que a vida seja calma,
Conheço essa aliança
Que vem e que me acalma,

A dor de uma lembrança
Se mostra em cada palma,
Quem luta e quer alcança,
Libertando sua alma...

Eu tenho a despedida
Guardada no meu peito,
Não vejo uma saída,

Seguindo insatisfeito,
Por toda a minha vida,
Jamais tomarei jeito...

X


Não quero nem saber
Se a noite vem com lua,
Eu quero o teu prazer
Potranca bela e nua,

Que a vida a se verter,
Pra sempre continua,
E assim vou conceber
A vida nua e crua.

Eu quero o teu carinho
Jamais eu te esqueci.
Um canto assim sozinho,

Distante assim daqui,
Já sabe que o caminho,
Que existe leva a ti.

X

Bebi em tua boca
O doce deste mel,
A voz ficando rouca,
Amor em carrossel

A
sorte que era pouca
Cumprindo o seu papel,
Deixando a vida louca,
Trazendo enfim, o céu.

Bebi desta doçura
Sabor maravilhoso,
Amor se fez ternura,

Mostrando o fino gozo
Em toda esta procura,
Um mundo fabuloso...

X

Saber do que não sei
É quase recompensa
De tanto que eu errei
Às vezes não compensa
Saber que em tua lei
Quem sofre é quem mais pensa,
Depois que vasculhei,
A casa e a despensa,
A solidão achei
Tornando a vida tensa,
Mas não me acostumei,
Busquei a sorte imensa,
Que faz do que sonhei
Sem luta ou desavença
No amor que em ti busquei,
Somente restou crença...

X

Um sapo procurava
Encontrar a princesa
Que nua desfilava
No reino da incerteza

Porém mal calculava
Que o preço da beleza
Em lágrimas pagava
Embora com nobreza.

Coitado do animal
Que assim já se perdeu,
Distante do ideal,

Em negritude e breu,
Do sonho sem igual,
Sozinho, enfim, morreu...

X


Amiga muitas vezes
A vida nos propõe
Em lutas, mil reveses,
E nisso se compõe
As forças destas teses
Aonde amor se põe

Qual fora solução
Que tanto procuramos,
Nessa vegetação
Nascendo em novos ramos,
Seguindo a direção
Pra onde preparamos

Os sonhos mais falazes,
Em dias mais audazes...

X


Tu queres a finesse onde não tenho,
Apenas sou um grosso lavrador
Da terra mais ignóbil de onde venho,
Não aprendi nem tive professor.

Desculpe se te firo, me contenho,
E sei não ter um verso encantador.
Nas costas maltratadas, tanto lenho,
Mas tenho outras ofertas a propor...

Que tal tu me ensinares a lição
De quem sabe ser fina ou educada,
Assim talvez entenda a procissão

De versos que compõem um quase nada.
Nos Glaucos, nos Bocages, tentação
Contida na palavra disfarçada...

X

Se pensas que este abismo
Transpões em curtos saltos,
Percebes por que cismo
Querendo em sonhos altos,

Dar passos mais fecundos
Na busca do ideal,
Procuro em outros mundos,
Vagando pelo astral

Sem medo e sem tropeços,
Lutando noite e dia,
Não trago os adereços
Nem mesmo a fantasia.

Encaro a realidade,
Com força e com vontade...

X


Querida, por favor,
Quero a macarronada,
Eu sei que está calor,
A boca esfomeada,
Com pressa a te propor,
Depois, a rabanada.

Mas não se faz comida,
Sem ter ingrediente,
Vem logo e se decida,
Macarronada al dente
Precisa de saída,
Que o alho venha urgente...

Não quero dar trabalho,
Vai logo buscar alho!

X


Amiga, a nossa luta,
Que é feita sem cansaço,
Encaro a força bruta,
E tramo um novo passo,
Silêncio não se escuta,
Meu futuro eu já traço

Nos braços varonis,
De quem não tem mais medo,
Batalhar, ser feliz,
Da vida, o seu segredo,
A sorte por um triz,
Na luta o meu enredo...

E nunca mais parar,
Sequer pra descansar...

X


Querida o casamento
Se faz neste contrato
Talvez o sofrimento,
Se mostra no teu trato,

Decerto eu não agüento,
Por isso te maltrato,
Tenho o pressentimento
Mas logo assim descarto.

Tu mal percebes, vês
Que eu ando mais sozinho,
Ficando sempre bravo.

Repito-te; outra vez
Se eu lavo; eu não cozinho,
Se eu cozinho, não lavo...

X


Eu quero esta mulher
Exímia companheira,
No sonho que vier,
Amada a vida inteira,
Em tudo o que puder,
Ainda é cozinheira.

E faz com fino trato,
Diversas iguarias,
Na cidade ou no mato,
Mostrando maestrias,
Assino até contrato
Que é tudo o que querias,

Mulher nobre encantada
Maravilha em rabada!

X

Abrindo mil caminhos
Em passos bem mais fortes,
Abarcas novos ninhos,
Encontras outras sortes,
Bebendo doces vinhos,
Curando tantos cortes.

Ao erguer os teus braços,
Superas as montanhas,
Atando nossos laços,
Eu ganho enquanto ganhas,
Refaço velhos traços,
Nas luzes que tamanhas

Clareiam tempestades,
Reforçam amizades...

X


Querida, alçando o vôo
Elevo o pensamento,
No canto que ressôo
Não paro um só momento,

Em teu sorriso ecôo,
Um forte sentimento,
Além do que revôo,
Almejo um forte vento

Que leve-me depressa
Aos astros soberanos,
Na sorte que confessa

Ditames, sem enganos,
Amiga eu tenho pressa,
Em mundos sobre-humanos...

X

Amiga em tuas asas,
Por certo irei voar,
No fogo em que me abrasas,
Querendo me abrigar,
Na sorte que te aprazas,
Contigo sempre estar...

Eu vejo este futuro
Em dias deslumbrantes,
Saltando sobre o muro,
Das dores uivantes,
Clareia um céu escuro,
Dourando por instantes.

Prateias amor pleno,
Num mundo mais sereno...

X

Planície tão vazia
Ao nada a nos levar,
Sem dor ou alegria,
Não vale nem tentar,
Na adversidade fria
O novo a se buscar.

Amiga; estou contigo,
Não deixo de seguir,
Pra sempre assim prossigo,
Sem medo de partir,
Na certa assim consigo
Um mundo a repartir.

No apoio dos teus braços,
A força dos meus passos...

X

A pedra no caminho
Gigante, intransponível,
Em duro e forte espinho,
Num mundo corruptível,
Recomeçar, sozinho,
Seguindo um outro nível...

Assim na nossa vida,
Amiga, amada, amante,
Um ponto de partida,
Surgindo a cada instante,
No fim, outra saída,
Se mostra fascinante.

Da vida qual um fel,
Refazer doce mel...

SONETOS 099 E 100

A dama da cidade andando nua
Tomando em meu desejo, tanta luz,
Num sonho mais profundo reproduz
A sorte que eu queria e continua.

Em festas a minha alma assim flutua
Roubando todo o gozo que me induz
A ter tão inclemente e dura cruz
Verdade que se mostra nua e crua.

A dama da cidade não disfarça;
Dum desejo imenso, uma comparsa,
Que faz de todo o sonho uma loucura.

Nas bocas que osculava, sem perdão,
Uma ave aprisionando o coração
De quem na sedução, louco; a procura...

X


Amor já é loucura, pode crer,
No amor não há jamais banalidade
Preciso dum amor para viver,
Senão não vale a pena; é falsidade.

Bebemos desta fonte desejosa
Que traz sempre querência e dá prazer
Jardim sem colibri, matando a rosa,
A rosa sem espinhos, vai morrer...

Por isso minha amada, a cada achado,
Que faço nesta vida, um bandeirante,
O verde da esperança, esmeraldado,
Dá força pra seguir, sempre adiante...

Num mar de tanto amor, vivo e navego...
Eu sou feliz, decerto, isso eu não nego.

X

Não preciso provar quanto eu te quero

Tu és minha rainha e meu desejo.

Viver o nosso amor intenso; espero,

Saber de teu carinho em cada beijo...

Em teu gosto e sabor, amor tempero

E faço meu banquete. Sempre vejo

Tua nudez em sonho... E te venero

Por ser esta delícia que prevejo...

Não deixo que jamais alguém te fira

Prefiro fenecer, se for preciso.

O mundo sem parar por certo gira

Mas caio nos teus braços novamente.

Tu és o meu destino e paraíso,

Vem cá quero te amar e bem urgente!

X

O meu amor imenso busca o mar
De amor que encontrará somente em ti,
Procuro em tuas braças navegar,
Nos teus braços amor eu me perdi.

Qual rio que procura desaguar,
Sorrio tão feliz se estás aqui,
Vazante deste amor a te buscar
Por teu amor semente que escolhi

Semeando em palavras e desejos,
Aguando com carinho tão dileto.
A cada novo tempo mil festejos

E o gosto deste mel que sempre vem,
Amar é se sentir bem mais completo
A outra metade inteira de um alguém...

X


Espero teu calor na minha tarde
Depois de tantos sonhos esquecidos.
Amor que tanto queima e que já me arde
Esquece dos desejos mal vividos...

Eu quero essa nudez que me prometes
Nas minhas caminhadas pela vida,
Palavras tão macias que repetes
Transbordam meu desejo enfim, querida...

Eu quero navegar pelos teus portos
Vivendo a fantasia deste cais.
Por rumos que pensara fossem tortos
Encontro essa ventura e tenho paz...

A paz que celebramos, nossa cama,
Queimando e descobrindo cada chama....

X

Um sentimento nobre e tão maior
Além do que no peito já flameja,
Permite que a vontade que poreja
Se torne em cada verso um esplendor.

Não deixa que a saudade, em triste dor,
Que a todo ser humano que dardeja
Amor além de tudo se deseja,
Um canto bem mais forte e sedutor.

Meu grito percorrendo este infinito
Permite que se mostre tudo enfim.
Não quero mais viver um mundo aflito,

Nem quero uma tristeza; na verdade,
Prefiro o bem maior que existe em mim,
Nos braços divinais de uma amizade!

X

Amor que vem chegando, um alvoroço!
A vida já transforma totalmente,
Quem vinha amortalhado, num repente,
Renova-se na luz de um novo moço.

Esperança ressurge lá do poço,
Onde se escondera em triste mente,
Fazendo-nos viver mais plenamente,
Da dor que já sentimos, nem esboço.

Amor quando tardio, enfim confunde,
E transforma o que somos num momento,
Meu corpo no teu corpo já se funde

E mostra quanto é belo e sensual
Amar assim, em pleno envolvimento
Num elo que se mostra sem igual...

X


No teu olhar aberto a sina dos poetas...
O mar que procurava aguarda um horizonte.
A vida representa as curvas e as retas,
Mergulho todo o medo em cima desta ponte.

A minha sina trouxe esmeros destas setas,
Matar a minha sede em toda pura fonte.
As curvas que já fiz são todas incompletas
A sorte em minha vida, espreita-se defronte.

Na tela que hoje traço as cores são disformes.
Procuro por teu rastro, aguardo uma saída.
Desejos de viver, por certo são enormes!

Não quero tanto brilho, ofusca meu olhar,
Eu quero solução que salve minha vida.
Eu quero simplesmente a certeza de amar!

X

Não quero tua morte. Isso jamais seria
Um sentimento duro o bastante p’ra ti!
Pois todo esse tormento, em vão, que já vivi;
Não pode ter a força a qual se pretendia.

Néscio, cruel, mordaz o mundo onde vivia
A tua mocidade. Estou melhor aqui
Distante do que foste, e já sobrevivi.
O breu que trazes na alma, impede a luz do dia!

Caminhas sem destino, errante e sem paragem.
Pegadas nunca vejo em teu rumo e viagem.
Desculpe se te fiz o mal, ou mesmo ofensa...

Não passas do vazio, eu juro, não te odeio.
T’a morte não desejo, a isso estou alheio.
Ao contrário, só tenho em meu peito indiferença!

X


Amiga, se vieres de tardinha,
Verás que já venci os meus cansaços.
Acolho uma esperança nos meus braços,
A sorte no meu peito já se aninha.

Revejo cada sonho dos que eu tinha,
E sigo mansamente velhos passos
Que deixas no teu rumo, ganho espaços.
Coloco a tua mão por sobre a minha

E beijo, calmamente o lindo rosto,
Deixando um sentimento assim exposto,
Muito além de um desejo, da vontade.

Sabendo que contigo eu me perdi,
O mundo mais gostoso encontro em ti,
Que é mais que pleno amor, pura amizade..

X


Um mundo em que vivi sonho encantado,
Guardando as impressões que tive aqui
Sabendo que talvez perceba em ti
O
gosto deste canto iluminado.

Além do que sonhara, desprezado,
O rumo em minha vida, eu já perdi.
Apenas o que vejo agora em ti
Ressurge
como via, um novo Fado.

Em rosas brancas, raios da manhã
Perfumam meu caminho mais deserto.
Nos braços de quem quero, já desperto,

E faço em outro gesto meu afã.
Teu colo tão macio e sensual,
Renova a minha sorte em seu aval...

X

Um coração dorido em tanto arder,
Fazendo da alegria um mero esboço,
Morrendo devagar, embora moço,
Aos poucos se sentindo esvaecer.

O chão que vai se abrindo num tremer
Causado pelo amor em alvoroço,
De um tempo que se foi, querido e nosso,
Aonde se vivia por prazer.

Mas sei que embora longe, amor insiste
E bate em minha porta em grito agudo.
Eu não quero admitir, mas vivo triste.

Vivendo tão somente este desejo
Que às vezes me maltrata. Fico mudo,
Minha boca aguardando por teu beijo...

X

Em volta desta lâmpada, a falena,
Se perde e se queima, morre cedo,
Assim desconhecendo este segredo,
Também minha alma louca já se acena,

Na fantasia atroz, mesmo serena,
Enlaça-se contigo neste enredo.
Caminho tão difícil que enveredo,
Trazendo tal feitiço em noite plena.

Se morrerei ou não, isso não sei,
Apenas eu deixei me seduzir,
Não tenho mais vontade de partir,

Contigo o tempo inteiro eu estarei.
No final, machucado, até ferido.
Mas vale sempre a pena ter vivido!

X

A noite vem caindo devagar
Trazendo para a Terra um manto escuro.
Meu coração deveras inseguro
Pergunta por teus rastros ao luar.

Difícil, realmente acompanhar
Um passo que se deu em chão tão duro.
Escondido, por certo atrás de um muro,
Não faço nada além do que esperar.

Não quero conceber um mundo triste,
Eu creio neste amor que sei, resiste;
Por isso toda noite aqui eu venho.

Embora sem respostas, quero alguém
Que um dia, há tanto tempo foi meu bem
Uma esperança tola; enfim, contenho...

X


Estradas que percorro no trabalho
Qual fossem tempestades, complicadas.
Em curvas, pedregulhos, me atrapalho
Assusto-me com chuvas e guinadas.

No barro me atolando, sem saída,
Procuro a solução destes problemas,
Ao voltar para a casa, a despedida,
Refletem nos teus olhos, meus emblemas.

Eu sou um pobre ser apaixonado
Que vive para amar quem bem me quer,
Querendo retornar para o teu lado,
Revivo teus desejos de mulher.

E rezo pela volta num instante,
Lembrando de teus olhos, minha amante...

X

Pousando minha mão tão dolorida
Em busca de um carinho maternal,
Encontro teu abraço sem igual,
De minha alma, no amor; compadecida.

Ouvir a tua voz que é tão querida,
Amiga e companheira, em bom astral
Afastas de meu rumo todo o mal
Ajudas a vencer a dor da vida.

Quem dera se tivesse mil espelhos
Ungüentos de esperanças mais suaves.
Deitar minha cabeça em teus joelhos

Sentindo teus carinhos docemente,
Dos olhos a visão sem ter entraves
Um mundo se fazendo alegremente!

X

Aquém de todo sonho que tivera
Espreito uma verdade insofismável.
Amor perfeito eu sei inencontrável,
É como regressar à primavera.

Sabendo que terei esta quimera,
A fonte de esperança, inesgotável,
Aos poucos se tornando dispensável,
Mostrando em suas garras, louca fera.

Eu quis amar demais e me perdi,
Eu quis felicidade e nada tive.
Um louco coração que sobrevive

Ainda busca amor, deseja a ti.
Será que inda terá, pois, solução,
Quem quer em todo amor, a perfeição...

X


Vagando tão sozinho por espaços,
Embalde, ninguém ouve, solto um grito;
Nos ermos da esperança, tantos passos,
Perdido e sem carinho, necessito
De tudo o que me lembre fortes braços
Que apóiem meu viver, por certo aflito.

Bem sei quanto vigor em duro inverno
Além do que concebo, em nada penso.
Distante da acolhida – lar paterno,
O mar desta agonia se faz tenso,
A vida se transforma num inferno,
Amor se faz distante e só pretenso.

Uma amizade apenas, já me veste,
Regando com carinho um mundo agreste

X

A vida se transforma a cada dia
Em ventos, ventanias, temporais,
Depois a mansidão em calmaria
Bonança
se promete em manso cais.

Não temas, pois as duras tempestades
Nem nuvens que enegrecem nosso céu.
Aos poucos se dissipam. Claridades
Virão em toda a alvura deste véu.

Quem sabe destas urzes não as teme
Pois sabem que são sempre passageiras.
O mundo, num segundo, sempre treme,
Quando emoções se mostram verdadeiras.

Não tema prosseguir nos mesmos passos,
As dores só estreitam fortes laços...

X

Conquistar teu amor! Meu mais dileto feito...
Andavas toda nua em um sonho divino.
Guardadas no meu peito, as ânsias dum menino.
O mundo em harmonia, amor mais que perfeito!

Pensava que era Deus; a deusa no meu leito...
A noite em fantasia, o riso em desatino...
Na tua boca o gozo... Em sonho me alucino!
Não tinha nem sequer a sombra de um defeito.

Porém, a vida ensina a quem nunca cultiva.
A chaga que te mostro, exposta em carne viva,
Demonstra que fui tolo agindo sem pensar.

Perdi a quem amava, a quem eu tanto quis,
Minha alma se transtorna, estou tão infeliz...
Amor que conquistei, não soube consevar!

X


Meus discos esquecidos numa estante,
Parecem com minha alma abandonada.
Quem fora; por decênios, bajulada
Decadente se mostra num instante

A vida me calando, qual farsante,
Não deixa mais seguir nenhuma estrada,
Sobrando do que fui quase que nada,
Embora tão teimosa e relutante

Não queira abandonar uma esperança,
Nos discos que escutava, festa e dança,
Na estante a solidão do não mais ser.

Atando fogo, queimo esta vitrola,
E tento em novo canto renascer
Qual pássaro quebrando uma gaiola...

X

Meu verso qual aborto que incompleto
Deixou uma placenta no caminho.
Vencido pela dor não me completo
Nem tenho mais um resto deste ninho.

Sou quase, na verdade, um triste feto
Jogado pelas ruas, sem carinho.
No vaso que quebraste sem afeto,
Um parto que se fez, morreu sozinho...

Um ser que tão abjeto vai sem rumo,
Vergastas arrancando minha pele.
Numa acidez terrível, podre sumo

A sorte malfadada me repele.
Quem vive e nunca mais conhece o prumo,
Na morte encontrará enfim quem vele...

X

Compadre, venho aqui falar de tudo
O que passei, perrengues, nesta vida.
A flor que imaginara ver crescida
Agora vai deixando um rastro mudo.

Não ouço mais a voz de quem, contudo,
Um dia se mostrou minha saída,
Eu sei que na verdade eu não me iludo,
Porém não percebi que a despedida

Seria dolorida assim, demais.
Não quero vê-la enfim, pois nunca mais
Irei amar com força e com vontade.

De todos os caminhos que encontrei,
Garanto que jamais imaginei
Sentir num duro peito, esta saudade...

X

A vida;um carnaval em adereços,
Em tantas fantasias me embalando,
Num baile mil ternuras desfilando,
Mudando desta sorte os endereços.

Amor já me cobrando ricos preços
Não sabe conduzir, nem quanto ou quando.
Aos braços de quem amo me entregando,
Percebo em passeata meus tropeços.

Nos lenços que balanças, teu adeus,
Os olhos embuçados quase ateus,
Demonstras quanto dói a decisão.

Mas, amor; implorando por perdão,
No camarote imenso da saudade
Não vi mais desfilar felicidade...

X

Qual fora um louco sonho, um arremedo
Que forja uma saudade que não tenho.
No verso mais ferino não contenho
E digo, com certeza, eu tenho medo.

Do que não mais queria, num degredo,
Em versos incontáveis, logo eu venho,
E quase sem sentidos, fecho o cenho
E calo o sentimento e me enveredo

Por ruas e montanhas tão distantes
Dos olhos que se foram companheiros.
Marcados por dentadas delirantes,

Eu busco o dom de ser, talvez; feliz.
Amar é disfarçar em cada atriz,
Os atos que não foram verdadeiros..

X


Qual fora um beija flor que em manso vôo
Fecunda a rosa eterna do desejo,
Percebo em teu carinho que antevejo
Ser mais do que sonhara em sobrevôo

Os
erros cometidos? Sim perdôo,
Embora nada venha além do beijo.
Ouvindo no teu canto cada arpejo
Um coração feliz; querida, ecôo...

Somamos nossos atos, somos amos
Dos passos que traçamos vida afora,
Querendo renovar, portanto, a flora,

Mil sonhos, em verdade; desfrutamos.
Eu sei que mais felizes, nos amamos,
Na sorte que nos doura e sempre aflora...

X

Chegaste como um dia de verão
Num vento mais suave e bem ameno,
Deixando um velho peito mais sereno,
Regando com ternura um duro chão...

Meu canto se perdendo na amplidão
Envolve em alegria cada aceno,
Destrói da solidão cruel veneno
E mostra enfim caminho e redenção.

Quem veio de um inverno que em frieza
Tornou
meu passo lento e sem destino,
Chegando bem mais forte a correnteza

No sol de uma paixão, calor a pino,
Impede a mutação da natureza
Mostrando uma verdade à qual me inclino...

X


Meu sonho persistente te obedece
Procura a perfeição por um momento,
A solidão depressa se arrefece,
Levada por carinho em livre vento.

Felicidade intensa que germina,
No amor que se mostrou em plenitude.
Montando na esperança, solta crina,
Fazendo com que a sorte, enfim transmude.

Quem sabe mais estável, seja a vida,
Depois desta incerteza em que talhei
A juventude inteira, e assim decida
Mudar em cada brilho, nova lei.

Amor que presenteia quem persiste,
Matando o meu passado, amargo e triste...

X

Quem vive sonhos duros, controversos,
Na busca por carinho, faz mil juras,
Premissas que vieram desde os berços
Enaltecendo a luz em que procuras

Distantes descaminhos, as loucuras,
Mostrando-se no fim que vão dispersos
Os transes em que mostras tão perversos
Os gozos que antecipam as torturas.

Talvez uma esperança sobreviva
Nos braços que estendeste para mim.
Porém figura audaz e tão altiva

Não deixa que esta vida seja assim.
Minha alma até demais, por compassiva,
Vai louca, transtornada até o fim...

X


Rolando neste amor qual fosse um seixo
Que desce pelos rios da esperança,
Do sonho mais disperso, não me queixo,
Pois tenho enfim, contigo uma aliança.

O rumo que encontrara em tal desleixo
Agora em novo canto, a vida alcança
Carinhos que me trazes, doce feixo,
Promessa tão ditosa de mudança....

Um cego se debruça em seu cajado
Assim como eu procuro o teu apoio,
Matando no final, amargo joio,

Restando calmamente do teu lado,
Encontro em teu amor, sinceridade,
Forjando na prisão, a liberdade...

X

A vida que se fez em derrocada
Tomando
meus castelos. Maldição!
Depois de tanto tempo resta nada
Apenas a terrível solidão.

A noite que se fez tão estrelada
Agora, enegrecida, mostra o não.
Amor já se perdeu em negação,
Sobrando só minha alma abandonada.

O medo companheiro, em meus anseios,
Aterroriza sempre em cada verso.
Quem dera, minha amiga, em teus enleios

A vida se mostrasse bem mais minha.
Assim eu poderia, no universo
Salvar minha alma triste e pobrezinha....

X


Na nossa amizade
Encontro esta luz
Que logo seduz
E traz liberdade

Mostrando a verdade
Que enfim me conduz,
Amor reproduz
A sinceridade...

Te tenho querida,
Com força total,
Calor magistral

Tomando esta vida
Assim percebida
No mais alto astral...

X


Elípticos caminhos
Vagando sem destino,
Andara tão sozinho,
Sem rumo em desatino.

Um sonho determino
De ter um novo ninho,
Qual fora um passarinho
Que cedo, me alucino...

Apenas amizades
Ajudam a saber
Por certo, as qualidades

Do que pretendo ter,
Nas solidariedades
Encontro tal prazer...

X


Querendo mais carinho
Eu vejo esta chegada
Depressa em meu caminho,
Mudando nossa estrada

Chegando de mansinho,
Depois de quase nada,
Em versos eu me aninho,
Refaço uma alvorada

Amiga, eu não permito
Que a vida seja assim,
Perder-me no infinito,

Sofrer até que o fim
Tão duro e mais aflito,
Se mostre bem ruim...

X

Na força da amizade
Eu traço o meu destino,
Qual fora assim menino,
Vejo felicidade.

Vou à saciedade
E assim eu me ilumino
Num sonho cristalino
Encontrei a verdade.

E quero que tu venhas,
Amiga predileta
No peito do poeta,

Tu sabes quais as senhas,
Tirando todo entrave,
Tu encontraste a chave...

X


Amiga verdadeira
Eu peço num segundo,
O sonho mais fecundo
Que tive a vida inteira.

Num vale tão profundo
A sorte derradeira,
Se mostra companheira
No amor no qual me inundo.

Eu vejo uma esperança
Em cada verso novo,
Nos olhos do meu povo,

A sorte enfim avança,
Salvando esta criança
Na qual amor renovo..

X


Amiga, em cada verso
Que faço para ti,
Um mundo mais perverso,
Contigo eu já venci,

Um passo no universo
Reverso do que vi,
Amor assim diverso
Encontro sempre aqui.

Prometo uma manhã
Que seja mais bonita
Vivendo neste afã

Minha alma é tão bendita
Pois eu sei que amanhã,
Não terei mais desdita...

X

Eu quero esta cachaça que me traz
A boca mais gostosa da sacana,
Eu sinto esta loucura que se emana
Deixando a minha vida mais em paz.

Eu fico, de repente, mais audaz,
Neste produto mago de uma cana,
À noite me tomando de campana,
Tornado em nossa cama mais voraz.

Eu quero o teu prazer, e o meu também,
Depois na nossa veia, a tal glicose,
Contigo, minha amada a noite vem

E quer que em seu caminho sempre goze,
No tempo anunciado por meu bem,
Depressa antes que chegue uma cirrose...

X

Eu quero ter o gozo da morena
Da loura, da mulata e da crioula
Retiro mansamente esta ceroula
E o mastro anunciando já se acena.

A fonte não é grande nem pequena
Mas traz mais alegria que papoula,
A roupa num momento, a recompô-la
Depressa que já vai fechando a cena.

Caindo o pano, vejo que seu pai
Já vem chegando calmo e sorrateiro,
A casa, se bobeia logo cai

Aí, querida, estou mais desgraçado
Do jeito que este velho é sorrateiro,
Amor, terminarei sendo capado...

X

Por Deus o nosso amor foi contemplado,
A sina que nos une é muito forte.
Caminho sorridente do teu lado.
Contigo reconheço, tenho um norte.

Os olhos impregnados de futuro,
As mãos cultivam frutos condizentes,
Nosso ar vai se tornando bem mais puro,
Acalmam-se panteras e serpentes...

Vagamos por espaços bem mais leves;
Em mares mais serenos, calma areia
Eu peço que jamais retornem neves
Que calem este sol que nos clareia

E vamos, mãos atadas, destemor...
Vivendo na magia deste amor...

X

Decifro em meus desejos a mulher
Que traçou meu destino, a minha vida.
As ilusões que trago, o que vier;
Mostrando a mocidade, vã, perdida.

Desabam tempestades em qualquer
Uma
destas palavras: despedida.
Na pérfida manhã, o teu mister,
Trazer na boca o beijo de partida...

Quem teve o seu destino em frios braços,
Colando sonhos gêmeos siameses,
Estreitam-se demais os nossos passos,

No nó que desataste, veio o frio,
Amor que disfarçaste, tantos meses,
Termina em solidão, neste vazio...

X


Vestígios do que fomos nesta casa,
Teus passos ecoando em meus ouvidos.
Os dias que se foram, repartidos,
Nem mais uma esperança inda me abrasa,

Quem sabe desfrutar tempo que apraza
Deixando-se levar pelos sentidos,
Sabendo destes sonhos divididos,
Por certo nesta vida nunca casa.

Esquece de grinalda e de buquê
Na festa transformada em decepção.
Aquele que no amor, inda revê

Os sonhos de uma eterna recompensa,
Envolto pelas garras da paixão,
Depois de certo tempo em nada pensa...

X

Um canto demorado, repetido.
Nenhuma solidão ronda por perto.
Areia em tempestades no deserto,
O manto das saudades estendido

Não se ouve nem sequer um só ruído,
O vento em seu monólogo comprido,
Trazendo a sensação: dever cumprido.
O mundo dorme atroz, mal repartido.

Distantes os oásis, leda a vida...
Minha alma desprendida, a cordilheira
Espera calmamente que decida

Caminho que percorra, leve e inteira...
O vento no deserto, minha cama...
Ao longe a cordilheira... No Atacama...

X


Morena, em tua boca, minha fonte
De beijos delicados e gentis,
Vislumbro maravilhas no horizonte
E sou, além de tudo, mais feliz.

Não quero mais mentiras que me apronte
A vida em seus meandros tão sutis,
Nem mesmo uma lembrança que remonte
Passado dolorido onde me fiz.

Meus versos vão buscando navegar
Nos sonhos mais fecundos, lisonjeiros,
Amores que me dás são verdadeiros,

Apenas não consigo me livrar
Dos medos que se tornam corriqueiros
Em quem desaprendeu a namorar...

X

Perdoe se eu errei ao decifrar
Sinais que não consigo compreender
Tomado pelos raios do luar,
No sol eu comecei a me perder.

Vertendo uma esperança em negro mar,
Deixei o nosso barco fenecer,
Desculpe se não soube te encontrar
Nem mesmo nos meus versos te dizer

Do sonho que se fez em pesadelo
Na
noite dolorida e tão distante.
A vida a se mostrar mais inconstante,

Enredo meus desejos num novelo,
E o fogo da vontade, da cobiça
Transforma-se na areia movediça...

X


As rosas cultivadas já vicejam
Neste jardim divino que plantamos,
Durante tanto tempo nos amamos,
Os corpos dos amantes se desejam.

Os dias mais felizes antevejam
Brotando no arvoredo novos ramos,
Dos dias maviosos que sonhamos,
Os brilhos da esperança relampejam...

Nas rosas cultivadas, bom perfume,
Deixando suas marcas pelos ares,
Refazem cada fruto dos pomares,

Nascendo novamente,sem queixume,
As rosas que colhemos noite afora,
Vieram sem espinhos, sem demora...

X

A vida me marcando em funda chaga
Fazendo no meu peito uma avaria,
Distante deste sonho, noutra plaga,
Espero te encontrar, quem sabe um dia.

A dor que me consome e já me traga
Dizendo que em amor, velhacaria,
Mas quando vens, querida, tudo alaga
Transforma toda a dor em fantasia...

Navego nos veleiros e jangadas,
Os mares transformando velhos rios,
As noites que retornam consteladas,

Embarcações diversas que me levam,
Tanto calor, às vezes num estio,
Em duro inverno, olhares tristes nevam...

X

As noites que se foram tão imensas,
Mudando o sentimento, em serenatas
Busquei
em teu amor as recompensas,
Vivendo mansamente sem bravatas.

Dos sonhos que tivemos, mil cascatas
Descendo pelos lábios, versos, crenças,
Distante das discórdias, sem ofensas,
Tivemos calmaria em flores natas.

Amores que se formam, catedrais,
Desejos em sonatas, madrigais,
As noites se passando, belos sonhos...

Os corpos misturados, canibais,
Querendo cada vez e sempre mais,
Em atos delicados e risonhos...

X


Falar desta amizade
Estrela que nos guia,
Trazendo a claridade
Que justifica o dia.

Eu quero, na verdade,
Bem mais do que sabia
Falar da liberdade
Que em sonho sempre via.

Serena minha vida,
Afaga meus cabelos,
Estrada mais comprida,

Enleva em seus novelos,
Meus dias; ilumina,
Mudando minha sina...

X

Em cada passo teu, um bom caminho,
Prenúncios de que um dia serás minha.
Meu coração vagando, um passarinho,
Na busca por teus olhos, avezinha.

Nas luzes que em teus olhos me iluminas,
Guardando o teu sorriso tão sereno,
Banhando em esperanças as retinas,
Num fogo imaginário brusco, ameno.

Eu quero e desse tanto não mais fujo,
Misturo sentimentos, não segredo,
De tudo o que deixei; no amor ressurjo,
Deixando sepultado cada medo.

A vida prometida e renovada,
Na esperança dos olhos, minha amada...

X


A dama imaginária que encontrara
Em sonhos, iludido, jamais vem.
Qual fora uma emoção singela e rara
Transporta um sentimento que não tem.

A dama imaginária é fantasia
De quem navega só, faz tanto tempo.
A noite que me engana não traria
Amor, já me causando contratempo.

Ao vê-la assim formosa, nada fala.
Apenas me cerceia e me domina,
Nudez invade a casa, o quarto, a sala,
E aos poucos, mansamente me alucina...

O medo de perdê-la me entorpece,
E rogo sua volta em cada prece...

X

Te amo profundamente, estrela do meu céu!
Imerso na amplidão de todo belo astral,
Persigo seu perfume, amor fenomenal
Que vai pelo infinito etéreo; meu corcel.

Enorme, na esperança, o mundo sem fronteira...
Amor, que ouso cantar, nestes meus pobres versos..
Percorre sem saber múltiplos universos.
Esse amor, imortal, se dispersa sem beira

Sem limite e final. É dom que se procura
Eterno, santifica, em lágrimas me cura...
É tudo que se pretendo, inclui a própria vida!

Estrela, o meu amor intenso e sem defesa,
A mão de Deus o fez num dia de grandeza
Total e verdadeira: amor não tem medida!

X


Amor que se mostrando docemente
Portando em esperanças, namorados,
Meus passos que já foram descuidados
Refazem alegrias novamente.

Tocando bem mais fundo um ser vivente
Em fartas ilusões, traz delicados
Sentidos em que estamos demarcados,
Singrando meus caminhos, minha mente.

Tu és minha senhora, eu sou teu par,
Neste bailado louco que se espera,
Amar é dominar terrível fera

E milagrosamente se encontrar
Debaixo destas garras da quimera
E depois disto tudo; festejar...

X

Vagando no teu corpo, os universos
Percorro sem ter medo da verdade,
Encontrou mil caminhos tão diversos
Retomo num segundo a liberdade

E forjo meu destino nos meus versos
Bebendo desta luz, a claridade,
Os dias que se foram, mais perversos
Transmudam em total felicidade...

Amar é conquistar novos espaços,
Saber que posso ser além de um cais.
Flutuo em meus desejos, tramo passos

Na busca do infinito e quero mais,
Amor que me prendeu em firmes laços,
Não quero me apartar de ti jamais...

X


Uma esperança traz contentamento
A quem tanto procura ser feliz,
Não quero ser além de um aprendiz
Na busca pelo sonho solto ao vento.

Vivendo sem temor cada momento
Quem sabe um bom futuro se prediz
Fazendo nesta vida o que se diz
Tramando noutros olhos, meu alento.

Ó sonhos desejados e diversos
Dos tempos em que fora sempre amargo,
Eu quero renascer e sem embargo

Vasculho tais pegadas pelos astros,
Procura interminável pelos rastros,
Vagando no teu corpo, os universos...

X

Nascente maviosa deste Rio
Que mostra em suas margens, os segredos,
Deriva em esperanças, santo estio,
Deixando para trás tantos degredos.

Esquecimento amargo, duro e frio,
Provoca na minha alma velhos medos.
Porém na fonte insana principio
A trama delicada dos enredos.

Tesouros que guardados nas areias
Das praias onde o rio tem a foz.
Meu coração batendo mais veloz,

Em mãos audaciosas me incendeias,
Quem teve em seu passado curva atroz,
Recebe os teus carinhos, minhas veias...

X

Cantando deste amor, tantos cuidados
Tomando uma esperança como guia
Meus olhos vão felizes aninhados
No peito de quem amo e preferia.

Não quero mais meus dias magoados,
Nem quero mais sangrar a poesia.
Apenas converter em mansos Fados
Os
sonhos temerários dos meus dias

Bem sei o quanto dói ledo destino,
Talvez amarelando verde rama,
Neste amadurecer salve o menino

Da dor que em juventude se derrama.
Meu coração, antigo peregrino,
Atende ao teu chamado e já se inflama...

X

Nosso amor tão amigo e companheiro

Que encara toda a dor com alegria,

Cantando sem temer o mundo inteiro

Fazendo deste verso, a sinfonia



Que louva todo amor sem ter limites;

Em todas as facetas deste sonho...

Te peço, minha amada que acredites

Em tudo o que te canto e que proponho.



Nascemos por amor, vamos por ele,

Nos versos irmanados por um Deus

Que é feito neste amor que se revele

Sem permitir a dor nos olhos teus.



Estamos nos refúgios da esperança

Esse amor-amizade é nossa dança!

X

Eu quero te beijar tão mansamente,
Aos poucos te fazer, inteira, minha,
Neste carinho manso e tão dolente,
Beijar-te por completo, linha a linha.

Eu quero que tu saibas como é bom
Poder ser encantado por teus toques,
De sinos, aos milhares, ouço o som,
Te peço, minha amada, não provoques...

Mal sabes como estou tão ansioso
De ter o teu prazer bem junto a mim,
Eu quero que te sentir, amor fogoso,
Deitada no meu colo; ser-te, enfim...

Meu beijo que te dou com precisão,
É chama tão imensa de paixão...

X

Um verme passeando escatológico,
Da merda faz divina refeição.
Profanando este templo sem perdão
Tornando cada dia mais enérgico.

Crescendo no intestino, proctológico
Passeia pelas pregas, comichão.
Um verme se mostrando tão ilógico
Espreita devagar o mundo cão.

Qual fosse o verme assim tu me maltratas,
Depois vai se escondendo em poço escuro.
Procuro devagar em densas matas,

Mas logo tu te escondes trás o muro
E finges, num sorriso, uma ternura,
E fazes desta vida, bosta pura...

X

A vida não se cansa
De trazer mais surpresa
Quem sonha sempre alcança
Não perde mais a presa,

O tempo sempre avança
E mostra que a beleza
É feita da esperança
O resto é sobremesa.

Não temo mais a dor
Que um dia vai chegar,
Valeu por todo amor

Da vida a nos mostrar.
Quem é um sonhador,
Jamais vai se cansar!

X

Carinha de sapeca,
Brincando sem parar,
Coitada da boneca
Cansada de apanhar.

Depois de uma soneca,
Já vai recomeçar
No chão quando defeca
É bosta a se espalhar...

Criança bem levada,
Não deixa nada em paz,
Depois de madrugada,

Acorda. Isso é demais,
Paixão desenfreada,
No fundo sempre traz...

X

Dimitri faz bagunça
Mamãe logo reclama,
Pareça uma jagunça
Bota fogo na chama,

Não pode dar bobeira
Ele aprontou mais uma,
Fincou mão na roseira
Bicuda, deu na Juma.

Moleque, já sossegue,
Mamãe gritou do quarto,
Batendo até no jegue,
O bichano anda farto

De tanto solavanco...
Mamãe trouxe o tamanco!

X


Balança o coreto
Na dança dileta
Dizia o poeta
Aqui não me meto!

Ser franca e direta
Eu não me intrometo,
Na luz predileta
Que invade meu gueto.

Eu sou teu amigo,
Por certo, querida,
O resto? Nem ligo,

Encontro a saída
Se corro perigo?
Quem sabe duvida...

X

Qual pássaro aflito
Temendo a gaiola,
Amor tece rito
Mas nada consola,
Meu sonho bonito,
Não vai nem decola.

Querendo estar perto
De quem tanto eu quis
Meu peito deserto,
Morrendo infeliz,
Amar é decerto
Eterno aprendiz.

Morrer de saudade,
Não fosse a amizade...

X


Meu verso calado
Depois desta festa
Amor delicado,
Por certo o que resta

Deixando de lado,
Invado a floresta
De sonhos, marcado,
O nada se empresta

E mostra um caminho
Sem paz, claridade,
Deixando sozinho,

Vibrando a saudade
Aquecendo o ninho
Sobrou amizade...

X

Eu sei da promessa
Que a vida nos fez,
Amar sem ter pressa,
Manter sensatez.

A sorte dispersa,
Quimera da vez,
Deixando a conversa
Com muita altivez.

Mas sinto o perfume
Que a rosa exalou,
Distante o queixume,

Foi o que me sobrou,
Amiga, um ciúme,
Tanto maltratou...

X

Amiga querida
Dos tempos de guerra
A noite descerra
Por sobre esta vida,

Que fora perdida,
Sem rumo, já berra
A noite se encerra
Em paz repartida.

Viemos do nada
Jardim morreu flor,
A noite cansada

Matando um amor,
Mas vem alvorada
Tudo recompor...

X


No vento benfazejo
Que a vida agora traz,
Vontades e desejo
De ter somente paz.

No céu que não trovejo
Prevejo mais capaz
Nem só carinho e beijo,
À gente satisfaz...

Uma palavra amiga,
Eu sei que é importante,
Se a vida já periga,

Por um rápido instante
Tua ternura abriga,
Amiga, amada, amante...

X

Amiga na verdade
Eu nunca te esqueci
Pois sei que a claridade
Está junto de ti,

Viver esta verdade
Que sei que existe aqui,
Poder de uma amizade
Sempre reconheci.

Agora não me canso
Jamais de te dizer
Que a sorte em que eu avanço

Mostrando o meu prazer
Transmudado em remanso
Jamais
vou esquecer...

X

Quem não amar a vida vai sentir
O fogo desdenhoso em solidão.
Deixando num momento de pedir
As cores maviosas da emoção.

A morte é benfazeja para quem
Não pode perceber tanta beleza
Que a vida nos mostrando sempre tem,
Nem sabe desfrutar da natureza.

Tolice é não viver cada momento
Deixando pra depois, felicidade,
Carinhos que trocamos, sentimento
Que mostra toda a força da amizade.

Amiga, vem comigo. A vida chama,
Acenda em todo verso a tua chama...

X


Pediste meu amor, não te dou não!
Apenas te darei prazer e gozo.
Bem sei que faço amor bem mais gostoso
Se tudo não passar de uma ilusão.

Não quero mais sentir uma emoção
Que torne meu viver mais doloroso.
Não vou ser teu marido nem esposo,
Amante? Pode ser... mas sem paixão...

Respondo ao teu pedido deste jeito,
Sinceridade dói, mas eu prefiro,
Não queira, por favor me dar um tiro.

Amar ou não faz parte do direito,
Só sei que já me dou por satisfeito
Resposta mentirosa, eu não desfiro...

X

Quando olhas tão gulosa para mim,
Parece que uma loba me devora.
Querendo sempre mais aqui e agora,
Não deixa pra depois, já quer assim.

Plantando uma roseira no jardim,
Uma explosão de cores já se aflora,
Porém ir sem descanso? Vou embora,
Eu não agüento, assim será meu fim...

No teu olhar sapeca, já percebo
Que apenas restará pronto socorro,
No fogo desejoso que recebo

Contigo meu amor é mato ou morro.
Já fui menino, moço, até rapaz,
Agora que estou velho? Vá em paz!

X

Inda quero da vida o gosto bom
Da boca da morena mais sacana,
Vibrando novamente em cada tom,
A mão deste prazer que tanto abana,

Comendo desta fruta, do bombom,
Quem sabe amar, querida, não se engana,
Amar não é somente um doce dom,
Levar a vida inteira, soberana...

Eu quero renascer em cada toque,
Perfeito, mavioso e sensual.
Amor que não se guarda, sem estoque

Permeia minha vida, meu astral,
Menino que brincava com bodoque
Agora se embrenhando em matagal...

X

Vontade de seguir a noite inteira
Nesta balada intensa, sem descanso;
No jogo do prazer que sempre alcanço
Consigo, minha amada companheira.

Vencendo a timidez que é corriqueira,
Neste bailado rítmico que eu danço
Vontade se mostrando feiticeira
Na caça por um porto, por remanso...

Nas conjunções dos astros, das estrelas,
Prevejo meu futuro sem enganos,
Quem pode me julgar? Ninguém há de.

Em gozos, tais vontades; convertê-las,
Depois destes carinhos mais insanos,
Persiste esta de vontade de você!

X


Meu beijo é quase assim um bandeirante
Que busca este tesouro que escondias.
Em matas tropicais, em noites frias,
Invade cada senda a todo instante.

Procura pela mina deslumbrante,
Em noites dedicadas e vadias,
Beijo expedicionário quer as vias,
Chegando ao matagal tão fascinante.

Depois encontra a mina, teus rubis,
E sabe desfrutar de cada fruta
Que trazes nos pomares divinais...

Ao ver o teu sorriso assim, feliz,
Inundação tomando toda a gruta,
E o risco de querer de novo e mais...

X

Eu te ofereço a terra se quiseres
O gosto e o perfume das estrelas
As flores mais divinas, raras, belas,
Por certo darei tudo se vieres.

Tu és a mais bonita das mulheres,
Desejos nos teus olhos já revelas;
Teu corpo que é banquete em mil talheres,
Cavalga-me querida, sem ter selas...

Eu te darei a lua em claridade,
Mas peço-te, querida, um só favor,
Recebo o teu desejo em umidade,

E faço deste sonho tentador,
Vibrante, mavioso em puro ardor,
Somente não darei fidelidade...

X

Não olhe para mim, tão desejosa,
Mal sabes que não posso me conter.
Colhendo no jardim, perfeita rosa,
Vontade de tocar e me perder...

Não quero te deixar tão vaidosa
Mas ao me olhar assim, com tal prazer,
Convida a desfrutar maravilhosa,
No cálice divino irei beber...

Sorvendo gota a gota em nada penso,
Apenas te desejo, e nada mais...
Por sobre um corpo belo, sempre cismo,

E sei que em festa imensa, amor intenso,
Encontro navegante, um santo cais...
O risco que me toma: priapismo...

X

Deitada em minha cama, seminua
Celestial beleza que me encanta,
Recebe mil carinhos de uma lua
Dançando no seu corpo em luz que canta.

A mão que acaricia continua
Na fome desejosa. Tal qual manta
Que cobre a maravilha em que flutua
A lua que seduz já se agiganta.

Ao ver em claridade, esta escultura,
Um deus enamorado vem surgindo,
E deitando sobre ela, com ternura,

Onan ao pressentir tão grande abismo,
Distante desse quadro raro e lindo,
Apela solitário, ao onanismo...

X

Às vezes acontece de eu querer
Um beijo delicado que não vem,
Cansado, nesta vida, de perder,
Não vejo no horizonte mais ninguém;

Meu verso não te encontra, bel prazer,
E vivo em solidão, buscando alguém.
Olhando para frente, para além,
Encontro o meu passado. Perco o trem...

Porém existe sempre uma esperança
Guardada na boceta de Pandora.
Restando tão somente uma lembrança

De um tempo que se foi sem ter nem hora.
Vencido pelo amor sem confiança
Minha alma solitária sempre chora...