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Saturday, October 21, 2006

DA OPUS DEI E DA ULTRADIREITA

Tasso sugere que Lula desista da eleição
Do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, hoje:

- As investigações vão continuar e chegarão ao presidente da República. Não é possível entrarmos em 2007 com esse mar de lama. Se Lula fosse patriota, desistiria da eleição.

- Espero que tudo seja resolvido pelo voto ou então pelo próprio presidente, que tem que ter consciência de sua história e respeite seu passado.
O que significa essa afirmativa? O que tem por trás disto?
Obviamente passamos por um momento crucial de nossa história onde uma minoria conservadora e eticamente podre, oriunda da TFP, e da velha UDN erigida sobre um pedestal de pés hipócritas feito a partir de uma visão deturpada e podre do cristianismo e com pensamento medieval, a partir de origens feudais e exclusivistas apontam para o nojo imiscuído e disfarçado no preconceito e discriminação inerentes a esses crápulas e infelizes.
A ascensão das camadas mais pobres da população ao poder é vista por essa corja como se fosse algo inaceitável e , a partir da moral equivocada e da visão de vida espúria e apodrecida da mesma, com a coerência da canalha.
O fato de termos visto nesta campanha uma atitude coordenada entre os vermes morais e a imprensa composta, na sua maioria, por abjetos servis ou cúmplices deste tipo de visão tosca e podre nos dá a real dimensão disto.
Num ato falho, o decrépito sociólogo em um programa de entrevistas disse que “pobre no poder é isso”, me refiro ao mesmo cidadão que disse, um dia que aposentado era vagabundo...

Por outro lado as origens conservadoras no pior sentido da palavra do ultradireitista Geraldo Alckmin com seus pés afundados na pútrida Opus Dei, que representa a maior deturpação possível do cristianismo onde a discriminação atinge seu ápice, demonstra isso muito bem.
As ações e as palavras desta turba demonstram o que pode-se chamar de conluio de répteis imorais contra a maioria silenciosa e oprimida.
Obviamente o PT e seus aloprados erraram e muito. Isso não significa nada em relação à vendeta promovida pelo governo passado feita simplesmente para pagar as dívidas contraídas para comprar a reeleição do sociólogo decrépito.
Que moral tem Tasso Jereissati ou qualquer um destes canalhas para poder tentar, na marra, evitar que o povo permaneça no poder?
Se Lula ou qualquer um tiver culpa que pague, mas prove-se primeiro para depois vomitar as asneiras que são colocadas todos os dias na imprensa.
Vermes decompostos e sanguessugas eternas, acostumados a viver às custas da miséria de um povo sofrido, historicamente, esse pessoal tinha que se envergonhar dos próprios rostos.
A associação de um amoral e pilantra como o Roberto Freire e um ditadorzinho de merda oriundo de uma elite branca e como o senador barriga verde me dão vontade de vomitar.
A maioria silenciosa composta pelos anêmicos e espoliados, por humanistas, pelas igrejas que entenderam, pelo menos um pouco, Cristo e pelos sonhadores irá imputar a esta corja o devido lugar onde se encontram na história:NA LATRINA!
Vamos dar a descarga nessa canalha para que o esgoto da história os leve para sempre!
Ah! Fizeram isso com Getulio, com Jango CAUSANDO A DITADURA DE 1964!
Todos os democratas do país estão sendo ofendidos por esse tipo de gente.
Conclamo a todos para que exijamos uma TOTAL APURAÇÃO DOS CRIMES COMETIDOS POR ESTA LAIA E COM A DEVIDA PUNIÇÃO!
EXEMPLARMENTE!
Ao se observar a ira com que este pessoal nos olha temos que admitir que é chegada a hora da onça beber água!
Não posso admitir um crápula tentar calar o povo, isso é sintoma de desespero absoluto e esperado pelas gralhas contumazes e agourentas.
BASTA!!!!!!!
Estou com nojo deste pessoal, Deus me permita, em Sua mansidão e caridade que tenha um resto de estômago para poder suportar isso.
TASSO, VOCÊ E SUA CORJA ME INSPIRAM OS MEUS INSTINTOS MAIS PRIMITIVOS!!!!!!
Serenidade atenta e hiperestésica.
VAMOS PARA A VITÓRIA, QUEM QUISER QUE SIGA A MAIORIA SILENCIOSA, SENÃO O BONDE DA HISTÓRIA VAI ATROPELAR E JOGAR OS OMISSOS NO COLO DESTAS VÍBORAS AMORAIS E PODRES.

O presidente da Editora Abril é traficante.

O presidente da Editora Abril é traficante.

A partir das tentativas espúrias e atentatórias, principalmente à inteligência alheia, dá para perceber o quanto a Veja está, inevitavelmente, fadada ao lixo da história do jornalismo brasileiro como o PIOR exemplo de
Imprensa marrom que tivemos.
É absurdamente cretina e digna de uma represália tanto judicial quanto moral e econômica a atuação desta vergonhosa revista, pior: “revista”.
O fato de ilações sobre ilações e mais ilações me permite a seguinte afirmativa. O PRESIDENTE DA EDITORA ABRIL É TRAFICANTE!
Com certeza, o fato de ter um filho que tem contato com alguma pessoa que consuma drogas e, a partir do momento em que este compra drogas de um traficante me permite ver, sob todos os aspectos a relação íntima entre o PRESIDENTE DA EDITORA COM O TRAFICANTE em questão.
Essa lógica utilizada pela editora me permite afirmar com toda certeza que, TODO CIDADÃO BRASILEIRO ESTÁ VINCULADO DIRETA OU INDIRETAMENTE AO TRÁFICO DE DROGAS, INCLUSIVE NOSSO PRESIDENTE DA REPÚBLICA, NOSSOS SENADORES, DEPUTADOS, GOVERNADORES, PREFEITOS, INCLUINDO AÍ AS FREIRAS, PADRES, PASTORES...
SE ME PERMITIR, AFIRMO QUE QUASE TODOS OS CIDADÃOS DO MUNDO ESTÃO LIGADOS INTIMAMENTE OU NÃO À EXPLORAÇÃO SEXUAL, TRÁFICO DE DROGAS, ASSASSINATOS, GRUPOS DE EXTERMÍNIO, ETC...
AGORA, O FATO DE ALGUÉM TENTAR VENDER UMA DROGA INDECENTE E ABSURDA COMO O JORNALISMO DE BAIXÍSSIMA QUALIDADE COMO O FEITO POR ESTA REVISTINHA ME PERMITE AFIRMAR, SEM MEDO DE ERRAR, QUE O PRESIDENTE DA ABRIL VENDE DROGA, ou pelo menos, tenta vender...
Sugiro que façamos um movimento, enquanto cidadãos, que pagamos nossos impostos em dia que não permitamos que as empresas estatais e os governos não patrocinem este atentado à inteligência humana chamado VEJA!

Textos até 12 de outubro

Cidades
Cidades não são verdes nem vermelhas,
O povo não se mede por palavras
No fundo labaredas são centelhas
Quem dera se certeza desse em lavras...

As mentes que remetes são ovelhas
Perdidas procurando por pastor...
Nas distâncias, ofensas quebram telhas
Deixando sem cobertas nosso amor...

Beija-me então, valhei-me meu Senhor...
Quem caminhava por pedras e tropeços,
Quem sonhava desejos e torpor

Não merece mais novos recomeços...
Amanhecer sensatas calmarias...
Descobrir as paixões de cada dia...


Dados que já rolaram
Dados que já rolaram destruídos
Rugindo tempestades sem sentido...
Na quilha dos desejos percebidos
O medo transportando, vou perdido...

Criaturas deixando seus olvidos
Nos roseirais delírio desvalido.
Nas hispânicas lutas meus sentidos...
Dado que sempre rola, destruído...

Mensagens sem remota qualquer chance
De resposta por quem não deseja volta...
Na montanha risonha do romance,

O medo desafia pede escolta.
Se foste meu amor, não és fiancè,
Meus dados que rolaram na revolta...


Dos Idos
Dos idos decididos pelos dedos,
Medos empedernidos nas montanhas,
Meus vasos perfurados pelos medos,
Nas novas valentias, velhas sanhas...

Quem dera se salvassem os segredos...
As bocas que sensíveis sempre arranhas...
Dos tempos que perdi nestes vinhedos...
Os ossos que me deste, tantas manhas...

Dedos acariciam belos seios,
Medos se vão esquecem capoeira...
No que se pode ser serás os meios

Pelos desertos que conflagras da poeira,
Dos idos que não disse meus anseios.
A marca da pantera na soleira....

Segredos
Segredos sondam medos e não negam
Não deve-se sentir tantas promessas,
As cordas que rebentas não me entregam,
Os motes que me deste não mais versas,

Os pomos mendigaste e se renegam,
Nas fugas pro Everest, nossas conversas,
Nos altos do Himalaia se navegam,
Areias dos desertos, terras persas...

Segredos que venero sem fortuna,
Amantes se escravizam sem perdão,
Nos mares não navego velha escuna,

Remendos que fizeste no porão,
Nos álgicos enredos desta luna,
Embriagado, tonto coração!
Se regam...
Se regam e carregam velhas mantas
De tantas quantas quotas foram nossas,
Amores que não cantam outros mantras,
Os olhos que choraram lautas poças...

Marcas que cicatrizam seguem santas
Antes fossem vertentes mas não fossas,
Nos caminhos que pacas andas antas
Outros olhos pedintes, mesmas roças...

Se regas e carregas velhas águas,
As moças que conheço meu passado,
As outras que já tive nem anáguas

O medo que deixei não vai brotado,
Os olhos que rasinhos destas mágoas,
No verso que me invento, sem recado...
Plantas
As plantas que me deste não refazem
As noites que perdi te procurando...
As cores que elas vibram já não trazem
Amores que deixei não vou a mando...

Azares são medidas que me trazem
As horas que perdemos nos amando...
Angústias estrangeiras não comprazem,
Amiga quem me dera fosse brando...

Beijando-te com calos nos meus lábios,
Crivando-te de herpéticos sorrisos,
Derivo minha nau sem astrolábios,

Espero que não sejam mais precisos
Favores que iludindo, forjam sábios,
Gritando por mistérios mais concisos...
Dilema
Comprazem de total insensatez
Disfarces que mentiste neste baile...
Espero pela dança e minha vez,
Fugazes as carícias pedem braile...

Girando pelo mundo girassol,
Há muito mais mistérios que pensei...
Imagino um cansaço morto ao sol,
Jorrado das saudades que deixei,

Liberto meus fantasmas no poema,
Mas canções favoritas do cancão.
Nas matas sertanejas meu dilema

Ouvindo as fantasias volto ao chão.
Pressinto melodias, velho tema,
Quebrando sem porque meu violão!
Melânico Verão
Na tez que voltaria se não fosse
Melânico verão com fortes raios...
Bronzeia tempestades. Me confesse
Amores que te ferem e balaios

Onde astutos teus gatos já não miam.
Neologias criaste com versões,
As horas quando passam não se fiam,
Imersas as imensas amplidões...

Se quiser esperar não te retorno,
Meu barco não virá, tenha a certeza!
Nas palhas da tapera um velho forno,

Nos olhos da morena essa tristeza,
A vaca que mugia era holandesa,
O sol que me incendeia, manso adorno...
Ancas
Nesse osso colossal das suas ancas,
Balanças meus olhares, perco o rumo...
As noites que vivi, se foram brancas,
Agora que te sei, já peço aprumo...

As mãos que viajantes seguem francas.
Dos beijos penetrantes quero o sumo,
Sangria desatada não desancas,
Quadrantes absolutos sobem, fumo...

Menina me ninaste me enganaste...
O brilho do que fui já degenera,
Amor que não desnuda não se gera,

A dor que me legaste faz contraste,
Amantes somos loucos, mansas feras,
Nas ancas que rebolas, me mataste...
Bijuteria
Esmero esmeraldina sensação
Dos olhos da mulata que sonhei.
O verde que esperança um coração,
Nas turmalinas vertem minha lei...

Dos hortelãs e mentas, meu refrão...
Dos peixes que menti jamais pesquei,
Um lambari gigante é tubarão.
Com sereia postiça me encantei...

A sensação que esmero, esmeraldina,
Me traz antiga e mansa calmaria,
A moça embriagada, minha menina,

A lua que brilhou traz pleno dia,
A moça que mofina, Dolantina,
A pedra que te dei, bijuteria...
Tortura com estrambote
Ação que nada serve se não oca
A mor de todas dores amorosa...
O cômodo sentir que não estoca,
Augustos esses anjos, mansa rosa...

Meus fâneros feridos farta foca...
O preço que pedi não paga a prosa.
Da terra que me encerra, uma minhoca.
Ouviram do Ipiranga rancorosa...

Ação que nada serve faz mentiras,
Omissos paisanos perigosos,
As danças que torturas, mansas liras,

Os ombros que empinaste, orgulhosos,
Com mãos que me carinhas, também tiras,
Os troncos que lanhaste, são frondosos...
Cortaste tantos sonhos, de saída,

Fingiste mansidão que vai perdida,
Açoitas quem beijaste, secas vida...
Piquenique
A boca que reboca não me toca
Carrega suas manhas para o fim...
A vida que embrenhei no breu da toca,
Nas noites que mataste dentro em mim...

Recebo as sensações da dura roca,
Quem dera não tivesse tudo assim,
Amor que não me leva, me reboca...
De distantes estrelas donde vim...

Não voltarei jamais de minha senda.
No caminho, lembranças que se aplique
Amor que não me leva, uma moenda...

Não quero nem te peço, jamais fique...
Amor que não me leva, traz a venda...
Quem sabe então fazer um piquenique...
Bem me quer
Retoca quase sempre seu batom,
Não deixa nem sequer saber seu nome...
Viaja o pensamento, leva o tom,
O quadro que apresenta me consome,

Nas guerras que mendiga sou o front,
Nas luas que mergulho clara fome,
Cosméticas certezas, cor do som,
Não deixe de me dar seu telefone!

O bem que me quisesse nunca viu,
O bem que bem me quer no malmequer,
E se não mais pergunto, sinto vil,

O rosto se espairece, da mulher...
O pranto que correu mais infantil,
No choro empalidece, não me quer...
Baio
O tom que te mandava não desfaço,
É sempre meio opaco mas sincero.
O perto do mineiro dá cansaço,
De agosto a fevereiro, não te espero...

O campo já me deu régua e compasso,
Comparsas, companheiros lero-lero,
Menina quero ter o teu abraço.
No teu canto imagino um quero-quero...

Minha vida inteirinha já te dei...
Não puseste cabresto agora saio.
No que queres escravo finjo rei,

Capoeira, rasteira, nunca caio,
Das alturas agruras foram lei...
Cavalo que montaste? Eu já sou baio....
Laço
O laço que te prende não converte,
Amor que negaste,em doce mar...
O frio que produzes nunca verte,
As mangas arregaço e vou lutar.

Nas horas mais difíceis não se inverte
Os símbolos vorazes vão sangrar...
Meu corpo que deixaste mais inerte,
No norte que me lego me estampar...

O laço foi brinquedo de criança
Mordaz que me deixou sem sortimento.
Nada faz repetindo, tudo avança.

O parto que não vinga é sentimento.
O medo que delegas sem fiança
Do laço que me deu contentamento...
Veredas Tropicais
Convertes nas veredas tropicais,
Os sonhos que tiveram nossos pais.
Barqueiro que jamais esquece o cais,
Velejas seus veleiros, pedes paz...

A morte não percebe e tanto faz,
Amar quem já amei, penei demais..
Carpidas tantas mortes, imorais,
Mentias quando vias seus sinais...

Os olhos que não cegam pedem mais;
América procura ser capaz,
Os rios que perdi mananciais,

Os medos que causaste vis, boçais.
Os trastes que legaste são portais
O continente, nova vida traz...
Omissão

Os mares que navego são bem poucos,
Os sonhos que freqüento sem saraus,
Os homens que se omitem fingem loucos
As horas mais insanas geram caos...

Nas égides dos mantras que não cantas,
Repetes teus sonidos, são sinais...
Os males que criaste, matas plantas,
Os homens que se omitem são boçais....

A farpa que penetra nossa entranha,
Estranha não pondera nem desmancha.
Palavras agressivas, vil patranha,

Caminhas tantas mortes nessa prancha.
Carinhos dos mal-tratos dum meganha..
Quixotes ressuscitam-se na Mancha...
Loucos Sentimentos
Os loucos sentimentos não mereço
Padecem de total insanidade.
O passo que me dás é meu tropeço,
As rugas denunciam minha idade...

O mártir inconfidente vem avesso,
O fato que me veste, da saudade...
Os sentimentos levam adereço,
O sol que me governa, claridade...

Mas não me peças nunca que te calce,
Os braços cicatrizam tendinite,
Nas luas que me deste, sem realce,

Os medos são telhados de eternite...
Não quero nem aceito essas verdades,
Os loucos sentimentos, tempestades...
Amar Continuamente
Se meço não convenço nem te peço
Nem quero convencer quem não merece,
Amores que menti, nem desconverso,
As noites que passei, omitem prece,

Meus olhos procurando vou disperso,
Nem tudo que proponho me acontece
Nos versos que te fiz, meu universo,
Se meço nem te peço, me confesse...

O vasto seringal dos meus amores,
As flores imortais que não plantei,
Os cais que enclausuraram nossas dores,

O medo de saber que nada sei.
Nas procissões que fazes, meus andores,
Amar continuamente, minha lei...
Obeso
O peso que me deste fraudulento,
O rosto que me mostras enrugado.
Nos braços que me ergueste fui detento,
Amores que sangraram no passado.

Não peço nem desculpas nem alento.
Retorno desse sonho apaixonado.
Amores que singraram pedem vento.
Agora vou ficar aqui do lado...

Não quero me omitir deste defeso,
Nem volto minhas costas para o mar.
Amores que sangraram, indefeso

Deixaram coração que quis amar...
Amores que sangraram, vou obeso
O peso que roubei deste luar...
Requinte
O mento que o mentor nunca media,
No dia que me deste nunca minto.
As vendas nos teus olhos meio dia,
Faz tempo que não sei do vinho tinto.

As danças impossíveis nessa orgia
Dos corpos enredados nada sinto,
Explodes nas delícias de Maria,
Me embebedas, vadia, num absinto...

Se não vou, configuras um acinte,
Se não quero apimento e sou mentor.
Dos anos que vivemos, mais de vinte,

Os olhos se perderam sem pudor...
As camas desfazemos num sprint,
Os sexos misturados com requinte...
Erva Daninha
Tormento que me deste ao meio dia
De tarde já se torna brincadeira.
A morte que me queres não varia,
O mundo que me negas, nem bandeira...

O ramo da oliveira que trazia,
A pomba não se cansa, verdadeira.
A pétala converge poesia,
Benzinho, vem dormir à minha beira!

Na pessoa do prato que cuspiste
Te peço ir bem mais mansa com andor.
O passarinho preso pede alpiste,

A gaiola que deste com amor,
É prisão que jamais alguém resiste,
Erva daninha também cede flor...
Maria Não Merece
Maria não merece ser feliz,
Depois do que ela fez, nem mesmo reza.
O mundo se disfarça nessa atriz,
Amor que na verdade não se preza.

As valas que enfurnaste no céu cris,
O bando que comandas morde, presa...
Nas marcas que fizeste, cicatriz
De giz, literalmente vil se enfeza...

Maria tem pudores de falsária,
Vendeta de primores indecentes,
Vivendo de sugar a plebe otária

Que lambe e sutilmente crava os dentes.
Transmite se puder, gripe aviária,
A desvairada emana dos dementes...
Lua Ninfa
Me diz a minha lua entrelaçada
Nos braços da sutil enamorante
Que tudo que passei não deu em nada,
Que a vida recomeça d’ora em diante...

O peso que carrego na lombada,
É peso que me aflige, sou farsante,
O medo de romper a madrugada,
Adormecido ao lado da tratante...

A lua se entrelaça com cometas,
Deitada se mostrou ninfomaníaca.
Deslumbra-se com sátiros, ninfetas,

As pernas se misturam, brancas, pretas,
A lua dá risada demoníaca.
Se abrindo dadivosa, tetas, gretas...
Quebraste
Amada, com certeza, não se mede
Amor por horas tontas que passamos.
A porta que me fechas não me impede,
De termos divinais como sonhamos...

Vivemos capturados mesma rede,
O mar que poluímos não lavamos,
No canto que te canto vejo a sede,
Notícias, novidades, nos reclamos...

Amada, com certeza, não te quero.
Vendeste por tostão o que era nosso...
Refúgios que procuras, no teu clero,

São contas que não pago e nem endosso.
Transformas em venéreo o que venero,
Quebraste finos pratos onde almoço...
O tempo que queria
O tempo que queria não se esconde...
As mãos que trazem rosas, têm espinhos,
O desejo que tenho não é bonde,
Meus cardos multiplicam nos caminhos...

Derreto-me no inverno como um fundi.
As urzes se revezam nos carinhos...
O beijo que me morde, me confunde...
Nas alquímicas mágicas, cadinhos...

Não passo sem sequer pedir licença,
Amar demais passou a ser doença;
A vida não merece recompensa,

O parto que me negas se dispensa.
A loca que me empedras mata a crença.
Amar demais é trauma p’ra quem pensa...
Amor de Ébano
Quando queres verdades, dás mentiras,
Quando mentes cidades, vives campos,
Sertanejas sandálias nunca tiras,
Atiras nos pacatos pirilampos...

Me negas sentimentos que padeces,
Nas preces a prudência não te salva,
Nas horas mais vividas desfaleces,
Perfumas meu cadáver com a malva...

Vencida não se entrega quer vingança,
A lança que quebraste já não fere.
Desferida esperneias esperança,
Na dança que fingiste não me espere.

As amas que secaste não deleite,
O leite que me deste foi azedo,
Azado este momento, me respeite,
Aceite meu tormento por segredo...

Arremedo poema não tem fim,
A fim de esquecer tua falsidade,
Verdade é que não gostas mais de mim.
Carmim a boca doce da saudade.

Vontade de ficar mas tenho pressa,
Confessa que não viste este penedo.
O medo me transfere para Odessa,
Dessa mesma maneira que me enredo...

Vontade de voraz caricatura,
Na escura mansidão que não me negas...
Navegas pela mata mais escura,
Candura que fingiste não me apegas...

As pegas corvorizas nas sarjetas,
Tarjetas que ultrajaste incompletas...
As fases que tiraste dos cometas,
As bocas que lambeste vão repletas...

Vontade de saber o que não cabe,
Amarras os convés e não ancoras,
Descoras insensatas regalias,
Nas gralhas que imitaste sem demoras,
Amoras que comeste em noites frias...

Versículos, capítulos, promessas,
Compressas quase nunca são bastante,
Distante de meus olhos, já me apressas,
Verdades sempre em forma delirante...

Nas teclas que pianas operetas,
Nas marcas que maceras nas maçãs,
As maças que amassaste nas vendetas,
As vendas que fechamos, cortesãs...

Amor, te quero mesmo sendo insana,
Amar-te é ser o mesmo que não ter...
Calor demasiado a vida abana,
A morte é a vontade de viver...

Entre tanto entretanto na entressafra,
A pele que compele se completa...
A mão que me ebaniza da deusa afra,
Das paixões que me deste a predileta.

Amar a tal pantera me inebria,
Originariamente me devora,
Cigarros que fumei na noite fria,
A tosse intransigente me decora.

Amar a negritude desta bela,
Nos laços dalmatizam meus amores,
Contrastes sempre foi forma singela,
Da homenagem que peço enfim às flores...

Amando-te esperando meu desejo.
No canto que te embale a despedida...
No gosto chocolate de teu beijo.
És a razão final de minha vida!
Escancarada
Não me queira falar de passado,
Essas águas não movem mais moinho...
Não proponho saudades ao te lado,
Amor que já vivi morre sozinho...

No frio deste quarto, congelado,
Casaco que me deste, dum arminho,
Mão que procura em vão sofre um bocado,
Amor encontra pranto, é seu vizinho...

Não me queira dizer que mudaste,
As pedras que se rolam são só pedras...
Os olhos que mentias, vigiaste,

O resto da canção desafinada,
Amor que já morreu; por certo, medras,
A dor já me envolvendo, escancarada..
Amor impossível
Na espera deste amor que nunca vinha,
As noites que passei foram sem fim...
Dormias tão distante... Julguei minha
A mão que não passava nem por mim...

Não posso perguntar pois, se advinha
Da tua boca o brilho de um carmim,
Ou era do meu sangue. Numa linha,
Um bêbado bebia do teu gim...

As mentiras formaram as estrelas,
Distantes dos meus olhos, não alcanço...
Ó Meu Deus, como posso convertê-las?

Amor que me negaste, flecha e seta,
Nos bailes que perdemos, nunca danço...
A dor de tanto amar, me faz poeta!!

Olhos da Serpente
Nos olhos da serpente que me beija,
Os traços definidos da maldade,
Carinhos são disfarces na peleja,
Os sonhos que delegas, crueldade...

A morte tão suave me deseja,
O resto não importa, na verdade...
Veneno que me mostras, u’a cereja,
Que encanta me inebria e dá vontade...

Carinhos se disfarçam em mordidas,
As horas que me dás simples falácias,
As cartas que me mostras, são fingidas...

As presas que me beijas, as audácias,
Mordendo quem amou por toda a vida,
Já destróis, sem piedade, essas hemácias...
As Canções
As canções mais bonitas que fizeste,
Com notas surdas mansas, tresloucadas...
Nascemos sem verdades, plena peste,
Amigos das mentiras e mancadas...

Labirintos fugazes... Não me infeste
De tantas melindrosas madrugadas...
O rumo mais perdido segue leste.
As ruas que percorres alagadas....

As canções mais bonitas me negavas
Ogivas dos foguetes que mentias...
Dos olhos que me mostras, simples travas,

Pantanosas as manhãs que me enterneces...
Nos cântaros cantigas avarias...
As mãos entrelaçadas servem preces...

Nossos versos

Nossos versos, cantigas deliciosas,
Que no meu triste peito inda machucam...
As flores que se abrindo lembram rosas,
As dores que escondidas arapucam,

Nossos versos vagando fantasias,
Santamente doridos me maltratam...
Desfolhando tristezas e alegrias,
Serenamente, chegam e me matam...

Nos versos libertários, tua cela,
Nos olhos melancólicos, nossa cisma...
Nas páginas libertas, soltas sela,

Voamos transbordantes maravilhas,
A dor que se renova, não se abisma,
Nosso versos naufragam tantas ilhas...
Nosso caso de amor

Nosso caso de amor, é nosso livro,
Escrito com saudades e certezas...
Tantas vezes de ti, cego, me livro,
Outras vezes, contigo nas certezas...

Nosso caso de amor, se perde livre,
Em meio a tantas lutas e pelejas.
Quantas vezes disperso, é um Deus me livre,
Outras inebriado, mil cervejas...

Nosso caso de amor, mentira exposta,
Cafunés que se vendem se veneram...
Gerando nascimentos, morte em posta.

Nosso caso de amor, velocidade,
Na porta, mendicantes, não esperam,
A morte que me trazes, da saudade...
Os sóis que trouxeste

Os sóis que te trouxeram, num eclipse,
Desfazem-se, escurecem o meu céu...
Amor que trapezista cria elipse,
Nas cordas violinos dum bordel...

Quem fora destes sonhos um artífice,
Não pode conceber o nosso anel,
Amor dilacerando é um partícipe
Da festa que embalamos, no papel...

Tais dias, testemunhas arranjamos...
Forjamos espetáculos sem nexo...
Logo, logo de farsas ultrajamos

Quem julgara sentir felicidade
No final disso tudo, sem complexo,
Sabe que não restou sequer saudade...
Sabor da Malícia
Quero o sabor discreto da malícia
Que emanas do teu corpo sedutor.
Quero comprazer de tal delícia,
Poder ser deste corpo, o condutor...

Cada vez que me tocas, a sevícia
Me invadindo, transborda-se em amor.
Tentáculos vorazes, dor fictícia
O campo que mergulha a bela flor...

No desejo descrente que me dás,
As ombreiras das mágoas perdem força.
Corredeiras velozes, sou audaz,

Amor que não vigora, finge corça.
Nos capítulos fatos e mentiras.
Das flechas de Cupido que me atiras...
Outeiros
Nos outeiros deixei tenaz sentido.
Das tuas virulentas primazias.
Arfante prosseguindo combalido,
As dores que me causas, as azias...

Nos pátios decidido passo tido
Como feroz certeza que mentias..
Nos outeiros que subo, estou perdido.
As tardes sem teus beijos são sombrias...

Nos campos que percorro, sem ter medo,
Nos dedos que me tocam, vão passagem..
Os rumos que convergem num segredo,

A sombra do que fomos, a miragem,
O canto que dispensas, nosso enredo,
Amores que perdi nessa viagem..
Medo
Por medo de sentir a mão vazia,
Os olhos desprovidos de futuro;
Vasculho por inteira a poesia,
O monte que me medes tão obscuro.

Nas pontas dos meus dedos, a magia,
Nos lastros que me firmam, me procuro...
Na carta que te escrevo e nunca lia,
Doença que me invade e nunca curo...

Por medo de entreter e ter escrúpulos,
Não quero perceber a tua voz...
Fermentas sentimentos feito lúpulos.

Carcomes o que resta do oceano...
A mão que não espalma mais feroz,
Desfia neste corpo mapa e plano...
Nossas danças
Novas danças nuances e carícias,
Nas andanças que faço, traço o senso,
Sensuais e carnais nossas delícias,
Refletem esse amor que sei imenso.

Dos corpos que conflitam as sevícias,
Nas tramas que tingiste contra-senso,
Rolamos sem querer senso e polícias,
Nas lamas, chamas, vértice tão tenso...

Acordas com misturas, tantas pernas,
Massacre de delitos sem pudor...
Bulindo fantasias, não te invernas,

Nem pedes por clemência nem as dou...
Desejos explodindo desse amor,
Nos campos que deliras, faço o gol...
Teu Corpo Junto ao Meu
Quero teu corpo junto ao meu, sincero..
Quero tuas mãos mansas, sem clemência.
Nos atos que desatas sigo fero,
Mastigas com desejos, inocência...

Nos mitos que digeres, sou teu clero,
És dama que imaginas indecência,
Amor que não se troca, não espero,
A vida se contrai, coincidência...

Nas bocas que procuram por mamilos,
Nos lábios que procuram pelas bocas,
As coxas que se roçam, seus estilos,

Os mantos que se rasgam furiosos...
Penetram tantos dedos, tantas tocas,
Os medos não prosseguem, curiosos...
Vestido de Noiva
No vestido de noiva que alugaste
Os lugares perfeitos encontrei.
Não há sofrimentos que te emplaste
Nem há sortimentos, pura lei...

Calores que por certo, me tomaste
Escarneces forçando o que te dei,
Marasmo com orgasmo velho traste,
Nas rodas do quem dera já dancei...

Roubamos gentilezas disfarçadas,
Levezas que mostraste, são pesadas...
Românticas penumbras que clareias,

Pertuitos mais fortuitos impotência.
Não quero ouvir pedidos de clemência.
O fogo que prometes não ateias..
Sarcástico
Desculpe se pareço-te sarcástico,
Sou fruto deste mundo que me deste...
O rosto que fingiste segue plástico,
O medo de viver gerou a peste.

Nos saltos que tentei, pareço elástico,
O franco atirador, foi simples teste...
O prazo já venceu, isso é fantástico,
O tomo que hoje li, foi inconteste...

Recebas um carinho como um tapa,
Dilaceres a mão que não te roça,
Dos livros que te dei, sabes a capa,

As hortas se definham, sem verduras...
A casa que vivemos, é palhoça,
As noites que me deste são escuras...
Pintassilgos

Encantam pintassilgos na gaiola,
Da mata que cantavam nada resta,
O mártir que ensinaram lá na escola,
Depois do feriado, vem a festa...

Nas feiras que investiste uso estola,
Os versos que me encantas não contesta,
Não quero teu carinho como esmola,
Amor que não se dá nunca mais presta....

Cabeleira alourada e perfulgente,
Nos brilhos deste sol fazem reflexo,
Amparos que me dás, impertinente,

Os olhos que me trazes são quimeras...
Te quero meu amor, delírio e sexo.
Não posso penetrar essas crateras..
Giros de roda
Giros arrastados na cantiga,
Na roda que me deste nada fiz...
As mantas que me cobres, forte viga
Sustenta quem amou, foi aprendiz...

Não vejo nem desejo que consiga
A mão que se caleja nada diz,
O medo que me impede que prossiga,
Fornalhas que incendeiam, céu mais gris...

Nas bordas dos recôncavos estrias,
Nas cordas das sonoras melodias,
Nos bancos que me trazem teu passado.

Nos cancros que causaste sem perdão.
Amor que me percorre aliviado
Explode num momento, o coração!
Bandalha
Quem finge sentimento na bandalha,
Nas praças são falácias e fantasmas...
O corte que promete tal navalha,
Nos montes que subimos são miasmas,

Cantando teu deboche qual de gralha,
Expeles teus gemidos, finges asmas...
Na morte que tentaste sem metralha,
As camas que dormimos, quedam pasmas...

Quem vive sortimento de defeitos,
Impávida respira meus pecados...
Quem finge sentimentos imperfeitos

Não pode concluir pequenas frases,
Amantes se deixaram, velho prado...
As pernas que se quebram, perco bases..
Não te vi, nem pretendia
Não te vi, nem pretendia
A noite não traduz dia...
Versejando fantasia,
Esqueci da melodia...

Amar demais a Maria,
Que sei, jamais, amaria...
Todo amor que se cumpria,
A dor que no peito estia...

Não te vi, nem pretendi,
Jamais pude estar aqui,
Por tanto tempo vivi,
O teu amor esqueci!

No teu livro tanto li,
Depois de tudo perdi
O prumo. Meu souvenir,
É saber que estás ali...

Não te vi nem pretendia,
Jamais pude estar aqui,
Versejando fantasia,
Por tanto tempo vivi!

A noite não traduz dia,
Não te vi, nem pretendi,
Esqueci da melodia
E prumo, meu Souvenir..
Minha Alma


A minha alma, tristonha caminheira,
Buscando pelos passos de quem amo...
Nas endeixas perdida por inteira,
Nos braços de quem peço, triste clamo...

Como a criança sofre com os medos,
Os gozos que persigo atemorizam...
Nas vezes que persigo seus segredos,
As dores de minha alma traumatizam...

Pomba rola que voa sem destino,
O pântano que me deste de presente,
Causando em mim, perjuras, desatino,
O nada que se perde, nem pressente...

As noites sem sentido, são mundanas,
Os beijos que teimei foram ocaso,
Tais marcas de veneno que me empanas,
São formas de viver simples acaso...

A noite que mendigo é tão aflita,
Perdido nesta mata, neste bosque...
No peito silencioso a alma se agita,
Nas noites tanta perna que se enrosque...

Minha alma, empedernida, não se acorda,
Dos sonhos que alucinam meus sentidos...
A borda do que somos, perde corda,
Os montes que vivemos, dos olvidos...

Minha alma, procurando pelo alvor,
Destila toda cor de bela aurora,
Trepida, procurando por calor,
A vida que me deste foi embora...

Quebrado todo o pote, foi-se o doce,
As pombas que cantaram, seu arrulo,
Quem dera que restasse nunca fosse
Amor que me encantava, já não bulo...

Ouvindo toda noite tal soluço,
O canto das cigarras não se imita,
Nos trotes do cavalo, rocim, ruço,
O peito tartamudo louco, grita...

Procuro por passagem neste porto,
Espero conseguir um novo pouso...
Um resto de sentido queda morto,
Das tétricas saudades, sou esposo..

A porta que fechaste, gemedora,
Não pode nem sequer por isso chora,
A mão que me carinha, redentora,
Olhar que agora lanço, já te implora...

No meio de tristezas tudo somo,
No seio desta noite, pleno breu,
O mundo se ilumina deste assomo,
O tanto quanto amei já se perdeu...

Perdendo meu sentido e toda a calma,
Pressinto renascerem ilusões,
São falsas e disfarçam a minha alma,
Sentidos e promessas, ilações...

Quem dera tanto amor de duas vidas,
Não fosse de repente assim fanado...
As marcas que me mostram despedidas,
Percorrem sem destino os feros fados...

Quem duvida não pode nem quer crer,
Amar um triste jogo, perigoso,
Mesmo que ganhe, sempre vai perder...
A mão que te machuca te dá gozo...

Exclama tempestades sempre já...
Nunca espera nascerem novas folhas,
A lua que brilhou não brilhará.
As rosas que espreitaste não recolhas...

As páginas que tanto foram lidas,
São restos do que vida, já se foram...
Carinhos que me deste, despedidas,
Os medos qual foguetes, sempre estouram...

As dores que me urtigas são remotas,
As noites que me levas são chorosas,
De tanto que sonhei perdi as cotas,
Amar sempre traduz, maravilhosas...

Quem dera dedicar todo meu canto,
A vida se resume em gesto nobre,
Minha alma vai buscando teu encanto,
O medo da saudade já me cobre...

Num vale dolorido, amor desmaia...
Na pantomima mímicas venais,
A calmaria foge desta praia,
Os olhos embotados, nunca mais...

Não quero nem permito tantas queixas
Do coração que bate nova plaga,
Misturam-se desejos com as gueixas,
A forma de viver tudo, me alaga...

Amar que me pergunta sempre e quando,
As pétalas desfeitas nunca beija,
Nos sonhos que produzes, mergulhando.
A cama se demora e não deseja...

Levanta sutilmente a tua saia,
Sem perceber, audaz, a noite avança...
Deitados envolvidos nesta praia,
Amantes se desnudam, tanta dança...

A vida por tristezas vai banhada,
Nos medos que deixei restaram prantos...
A calma se transtorna, desolada,
Nosso sexo invadindo sob os mantos...

Amor que se delira com afinco,
Na mata penetrante mais escura,
Recebo com delícias o teu brinco,
Amar-te é consumir toda a ternura...

O medo de morrer já me levou
Às margens do que fora um triste rio...
Meu pranto que, de espanto, já nevou,
Derrama sobre tudo um canto frio...

Minha alma de ternuras ressuscita
Palavras que jamais compreendi,
Rompendo meus sinais, resume a fita,
Minha alma vai perdida em mim, sofri...

Minha alma de rancores violentos,
Por céus penetra, infinda, como o medo...
Os campos que conhece, são sedentos,
De tudo quanto tive, um arremedo...

Viscerais tempestades me envolveste,
Minha alma seduzida nunca está
Amar por tantas vezes, inconteste,
Um barco que jamais navegará...

Vasculho por sinais, felicidade,
Esmago qualquer forma de sofrer,
Não peço paciência, veleidade,
Minha alma, nos teus braços, quer viver...

Agora que não tenho solução,
Espreito meu caminho nos penedos...
Aberto sempre deixo o coração.
Carinhos que te faço com os dedos...

Mortalhas que vesti são meus delírios,
Os prados que visito são falsários...
No fundo o que resta são martírios,
Tal qual corvo imitando esse canário...

Nas fimbrias do vestido que desnudo,
Nos pátios destas casas que freqüento...
Não quero teu amor, mas quero tudo,
Montanha que resiste a todo vento...

Dedico minhas noites a minha alma,
O beco que te dei não tem saída...
A boca que me beija sempre acalma,
Resumo a minha alma em tua vida...
Abadias
Nas estradas, estadas, abadias...
Nos caminhos que perco sem vantagem;
As tardes sem o sol, seguem tão frias,
O medo de viver sem ter coragem.

Não quero prosseguir nas cantorias,
Nos cantos sem encanto e sem aragem,
Nas abadias sonhos, fantasias...
Não posso perceber essa abadagem

Que cobras coração desesperante...
Meus termos, rendição, são muito brandos...
Quero saber seguir para diante,

Nos versos que te faço falsos cantos...
Amores que perdi os vejo em bandos.
Não quero conhecer os teus encantos...
Nossas dores
Quando, enfim, abacelas nossas dores,
E tentas ocultar as dificuldades
Que fazem consumir nossos amores,
Em meio a tais diversas tempestades,

Procuras evitar os amargores,
Dispensas solidez, tranqüilidades...
Resumes os outonos já sem flores,
Esqueces primaveras... Nas tardes

Abandonadas vives sem carinho...
O medo te deixou paralisada.
Meu mundo sem verter nosso caminho,

A porta da saudade escancarada...
Abacelando amor, me faz sozinho,
Da vida que sonhamos, sobra nada..
Tempo de Amar
Não me deixe pensar que não me queres,
Os sinais que emanaste, tanta fé,
Com palavras mordazes tanto feres,
Meu amor nunca esqueça, abaeté

Sou... Nas festas milhares de talheres,
Estrelas e cometas fui a pé,
Não pretenda ocultar, nem se quiseres
De tanto que sofri, da morte até!

Teus olhos te traíram, minha amada,
O brilho nunca nega teu desejo,
Nosso caso, essa vida maturada,

Não pretenda nem podes me enganar,
Vem... A noite convida para um beijo...
É tempo de viver, tempo de amar...
Cortiço
Vivemos tanto tempo num cortiço,
As luas nos serviram candeeiro,
O corpo delicado que cobiço,
Sempre fora noturno companheiro...

O quarto tenebroso, abafadiço,
Amávamos perfeitos, por inteiro...
Por quanto tempo nós fomos tudo isso...
Amor assim sincero e verdadeiro...

Um dia, resolveste enfim sair,
A vida te trazendo tal riqueza,
Desculpas; venho triste, te pedir,

Não podes ocultar a realeza,
Mas o meu coração tenta impedir,
O teu ficou aqui, tenho certeza...
Noite Sufocante
A noite sufocante, amargurada,
Celebramos tristezas e saudades,
De resto, sobraria quase nada.
Sabemos tantos campos e cidades...

No rumo que perdemos, sem estrada,
Os bares visitamos, das verdades,
Bebendo, vitimamos nossa fada...
Amantes que perderam qualidades...

Não suporto mais tal abafamento,
Meu ar desperdiçado, sem retorno...
Amar não pode ser só sofrimento...

Dispneico na procura do oxigênio,
Eu tento, transtornado, neste forno,
A lâmpada quebrada nega o gênio!
Novo Bojo
Se nunca abalançaste, meu amor,
Não sabes do balanço dessas ondas,
Não queres perceber o sonhador,
Que queimaste no forno de microndas

Anseio teu desejo, pecador,
A boca que me morde se arredonda
Nos lábios pueris, no sangrador...
A lua remanesce mais redonda...

Não bastam teus delitos nos orgasmos
Me bastam teus delírios mais audazes,
Os olhos permanecem vivos, pasmos,

Amor que me destroça me dá nojo...
A lua desmaiando-se nas fases
Amor vai procurando novo bojo...
De Araque
O meu barco, teimosa, abalroaste,
Não deixaste sequer restar o casco...
Por tantos nossos mares, navegaste,
Restando, tão somente nojo e asco...

Na noite alta, silêncio de deserto...
Ouvindo tantos grilos e corujas,
Sonhando pesadelos, nada perto...
Sorrisos transformados garatujas...

Não tenho mais meu barco, peço cais...
Não tenho mais sentido, perco a paz...
No ancoradouro brusco da saudade,

As falésias impedem desembarque,
Amor que me juraste, de verdade,
No fundo nunca vive, foi de araque..
Noites Escuras
Quando me propuseste teu amor,
Não pude me deter em valentias...
Vadiamos por noites tortas, frias.
A luz do luar sempre trouxe cor

As bocas se percorrem, são vadias...
Devagar com o santo e com andor,
Fantasias vorazes nas orgias...
O teu sexo, veneno tentador...

Abandalhamos todos sentimentos,
Atravessamos ruas e loucuras,
Espelhamos os nossos vãos tormentos,

Amordaçamos lágrimas, ternuras,
Despedaçamos céus e firmamentos,
Somente restarão noites escuras...
Coragem
A noite que maltrata,sempre a mesma,
As frases mentirosas, um refrão,
As mãos que percorri uma abantesma
Guardas tantos rancores, coração...

Nos espectros noturnos, melancolia...
Me mostras meus remorsos, um miasma,
A cama que dormimos, fantasia...
No medo que me trazes, um fantasma...

A noite que maltrata, traz saudade...
As frases que repetes estribilho...
As mãos que percorri, a liberdade,

Não posso retornar desta viagem...
Carregas dentro em mim, o nosso filho,
A noite necessita de coragem...
Corsário Coração Com estrambote
Corsário coração, navega e voa..
Procura por navio que me leve...
Vasculha tantos mares, segue à toa...
Gaivota livre, canto belo, breve...

Meu navio, convés, âncora e proa
Canto desesperado não se atreve
O medo do naufrágio me abalroa,
Icebergs me lembrando tanta neve...

Corsário coração, destemperado,
Nas correntes marinhas se perdeu...
O solo que precisa, despraiado,

O mundo que pensava fosse seu,
O tesouro perdido, vai ilhado...
Coqueiro tão saudoso, já morreu...

As ilhas que deixaste, coração,
Não sabem das procelas nem perdão...
Sorrindo, o sol vigia na amplidão!
Amor paralisante

Amor que me provoca uma abasia,
Cruel não me permite movimento,
Divino me seduz, paralisia
Legando essa saudade, testamento...

Brilhantes e temida fantasia,
Respiro com total constrangimento,
Amor que me perturba, cega o dia...
Não trama nem poder e esquecimento

Explosões nucleares já me causas,
Esperas se transformam agonias...
Batendo desespero, sequer pausas,

Amor que me provoca riso e farsa.
Restando assim, sementes tão vazias,
Amor só, necessita da comparsa...
Abaritonada
Quando abaritonaste tua voz,
Os cantos que iludiam embelezas...
Os prantos se deixaram velhas rezas,
O medo calmaria vem veloz...

A rama dos desejos mais atroz,
Expressa nossos beijos, tanto prezas,
Com fartas novidades, nada após,
Amores e promessas vãs revezas...

Na tua voz dorida, neurastênica,
Me pedes com rancores mil carinhos...
Quem dera não tivesse sido anêmica

A rosa tenebrosa meus espinhos...
Não quero discutir, criar polêmica,
Um passarinho sabe dos seus ninhos...
Abastardamento
Nesse abastardamento, nosso amor...
Inclementes não percebem nosso fim...
Causando sem ter pena, um estupor
Matando, lentamente, impede o sim...

Amor que se firmara perde cor,
Não quero revestir-me deste brim,
Empalideces, passas, um trator...
Perdido vou morrendo, espadachim...

Neste caramanchão de buganvílias,
Os olhos esgarçados de saudade...
Nossos jardins, prometem tantas tílias,

Nada restou senão essa incerteza,
Matar o nosso amor, que crueldade!
Abastardaste, louca, tal beleza...
Mantras e cinzel
Abeberei-me mantras e cinzel,
Nos espelhos reflexos perdidos...
O canto que prometo, meu corcel,
Postergo esses meus sonhos, mal vividos...

Nas contas que fizeste, teu cartel,
Os olhas a beijar, destituídos
Do brilho que flagraste amaro fel...
Os prazos que forçaste estão vencidos...

Eu quero a transparência, camisola,
Eu sondo por distâncias transponíveis,
Amar não tem remédio nem escola...

Os beijos que farturas mais incríveis,
Não me designam mortes nem pistola
Quem sabe transporemos tantos níveis...
Abietáceas
Alamedas, estradas e caminhos...
Nos pinheiros e cedros, tal beleza...
Lá perdi nossos beijos e carinhos...
A mansidão perfaz a sutileza...

Nossos olhos são tristes passarinhos,
Nasceram para a dor, tenho certeza...
Buscando por sossego, querem ninhos,
A vida proibiu tal fortaleza...

Nas mansidões dos rios sem cascatas,
A corredeira leva nossa paz...
Quem dera conhecer as nossas matas,

Nas mãos que se acarinham, ser capaz
De ter a calmaria que retratas,
Brisa fresca que a noite calma traz...
Pandora
Guardaste nosso amor, numa boceta,
Os medos se travaram, não fugiram,
As noites prometidas num cometa,
Partiram e jamais se dividiram...

Amor que me maltrata, de veneta,
Os cantos que misturas, me invadiram...
Não há nem solidão que se cometa...
Os beijos que trocamos, se impediram...

Guardaste nosso amor, Ó vil Pandora,
Abocetaste sonhos e desejos...
Respeite, tão somente quem te adora,

Quem sonha, delirante com teus beijos...
A noite está chuvosa, triste chora...
As melodias, tontas, sem arpejos...
Abissal
Mergulho no teu corpo sou sincero,
Não temo essa incerteza, nenhum mal,
Amor que não machuca, nunca quero,
Mergulho no teu pélago abissal.

Escracho meus sentidos, vivo e fero,
Nas cordilheiras, levo meu bornal,
Nossos ares, montanhas onde impero,
Mergulho nas alturas, abismal...

Não teimo pouco temo e já te amplio,
Na partitura singro meus cantares,
Na cama que desfrutas, teta e cio,

Talheres divididos nos jantares...
Morena, vem aqueça está tão frio...
Por testemunha estrelas e luares...
Mulher
Malícia nos teus olhos de menina,
Melancolia trazes, risos tristes...
Mistérios tua lua cristalina...
Martírios dos amores que resistes...

Misantropia e luta, tua sina...
Molecagem, brinquedos, nada omites,
Metódica, trazendo luz divina...
Mediadora, os conflitos, dedos ristes,

Maciez travas beijos e mordidas...
Me manejas do modo que quiser,
Mansidão ultrapassa nossas vidas,

Meiguice rebentando quando quer,
Mazelas que consolas, reunidas,
Me mostram teu perfil, M, mulher...
Ordens e progressos
Nos trâmites legais, nas horas mortas,
Nas ruas sem saída, supermercados...
Abertas lojas, fecham-se tais portas,
Nos templos esquecidos... Trespassados...

Nas mouras infantis, quem sabe tortas,
Nos olhos envolventes, desmaiados...
As dores que me deste, não te importas,
Os rumos que seguimos, desolados...

Meus lábios se conformam com os teus...
Não quero precisar aonde e quando...
Meus olhos que prosseguem sendo ateus,

As ordens e progressos, esperando
Nos colos carregando camafeus,
Nos campos de batalha, vou te amando..
Perdido nas estrelas
Perdido nas estrelas e nos mares,
Cansado de saber que não virás,
Remando contra tudo, bebo bares,
Vagueio por montanhas, incapaz...

Flutuo pirilampo, teus luares,
Quem sabe não serei enfim audaz...
Penetre teus recônditos lugares,
Encontre em teus amores, minha paz...

Termômetro quebrado, não te sinto,
A febre que aparentas um engodo...
Vulcão que sempre julgo esteja extinto,

Parcela principal me lembra o todo...
O vinho que me deste, nunca tinto,
Amor que muito muda, perde lodo...
Debaixo dessa blusa
Debaixo dessa blusa, fantasias...
Delícias da nudez desta mulher...
Quebrantos e malícias, melodias.
A lua que me invade também quer...

Carinhos percorrendo poesias,
Neste prato meter minha colher
E desfiar rosários tantos dias
Quanto à dona da blusa me quiser...

Meus dedos são expertos navegantes,
Desbravam cada canto desta mata...
Teus seios são portentos elegantes,

Encontro meu tesouro e minha prata...
Nas pernas já me ocultas diamantes,
Escorrem teu prazer, doce, em cascata...
Arrependimento
Quando estavas mais triste, sem certezas,
Quando esperavas beijos te dei fel...
A boca te mordia, minhas presas.
O pranto que escorria, neguei mel...

Menti ao não gerar delicadezas,
Errei ao não levar-te, tonta, ao céu...
As notas repetidas sem surpresas,
Cortaram tão depressa o meu cinzel...

Quando perdi as esperanças, louco;
Quando vivi sem temor e glória...
O resto que sobrou foi muito pouco.

O amor vai fugidio, sem memória...
Quem dera retornasse... Mas tampouco
A vida me permite nova história..
O Palhaço
Trigueira, tua pele me encantava,
O palhaço se ri, mostra meus erros...
O manto mais divino me esperava...
Errante; fui boçal, vivos desterros...

Esqueci teu retrato na gaveta,
A vida preparando tantos fados...
O palhaço risonho, velhos fardos...
Meus bisonhos sentidos, vão cometa!

Deste palhaço irônico o sorriso...
Desta velhice errática, a mortalha.
Nada do que já tive, me é preciso...

O corte que proponho me retalha,
O medo me destrói, forte e conciso,
O fogo desta angústia, tudo espalha...
Meu coração navega
Meu coração navega tresloucado,
Buscando por um cais imaginário
Eu não guardo segredos, temerário,
Nas primícias que guardo, um velho cardo...

Procurei desembarque no estuário
Que representaria o meu passado
Realmente encontrei amor tão vário
Que não compensaria peso e fardo...

Nos momentos difíceis, as saudades
Funcionam qual partes desunidas.
Que me resta senão um coração?

Os bares onde encontro, nas cidades,
Nos cantos dessas ruas, caço vidas...
Não me sobra sequer uma emoção...
Marinheiro
Marinheiro, envelheço sem meu mar...
Os oceanos tornam-se mentiras
Não sei porque, resolvo te contar
Histórias tão antigas viram tiras

Soltas no jornal... Tento navegar
Mas as ondas temíveis viram piras
Sedentas estão prontas pra queimar...
Marinheiro que teme o mar... Atiras

Um olhar tão irônico que marca.
A verdade é que trago tantas mágoas,
A vida me deixou perdi a barca...

Mistérios deste mar, já quis amar
As dores me cobriram, tantas águas,
Quem sabe, um dia, aprenda enfim nadar!

Sunday, October 15, 2006

Ética Política e Ética Judaico Cristã

Uma coisa que tem me chamado a atenção nestes dias é a tentativa desesperada de alguns setores ligados ao PSDB de se desvincular da pecha de privativistas ou privateiros ou qualquer coisa que lembre privatização.
Falar sobre a possibilidade de que, se eleito, o Bacharel em Medicina, Dr. Geraldo Alckmin faça as mudanças inerentes ao pensamento neoliberal que norteia o PSDB e seu aliado, o PFL não é especular, é simplesmente acompanhar a coerência programática ligada historicamente ao neoliberalismo.
Nada contra a coerência, simplesmente não se pode esconder esse aspecto da população. O fato de se esclarecer os eleitores com relação à este aspecto não é terrorismo, a ocultação disto pela candidatura neoliberal é que representa uma fraude. Isso, uma fraude eleitoral.
Temos, num mundo globalizado, realmente alguns aspectos que fazem com que o socialismo bruto e utópico sejam vistos de uma maneira diferente dos ideais dos jovens que, ou envelheceram ou envileceram...
Obviamente temos que pensar sobre as éticas judaico cristã e política, são diversas e, muitas vezes, contraditórias.
Religião e política quando se misturam criam absurdos como os aiatolás, ou excrescências como Anthony Garotinho.
A religião não admite outros aspectos senão o bem ou o mal. A política não, se tem aliados e adversários que podem se colocar ora de um lado ora do outro.
A candidatura utópica de Heloisa Helena, por exemplo, apresentava um contraditório em si mesma.
Se eleita, teria que fazer composições e isso seria, obviamente, anti-ético, religiosamente falando. A única forma de governo baseada em religião é o despotismo e isso é, por si só, anti-ético.

Os erros cometidos por alas do PT relembram os erros sistemáticos do governo anteior.
Quem mora em cidade pequena vai se lembrar dos valores estrambóticos das verbas para reformas de postos de saúde, de prédios públicos ou liberadas para construção de matadouros, pronto socorros, etc...
Eram uma demonstração explicita de desvio de verbas ou superfaturamento de obras, valores exagerados para obras pequenas, o que permite ilações com relação ao desvio de verbas.
Isso era sistemático e explicito.
O que temos hoje é uma série de trapalhadas de alguns imbecis que morderam uma isca muito bem colocada por setores da oposição, visando a eleição de São Paulo.
A posição do bacharel em Medicina, Dr. Alckmin, de dizer que a tentativa era de prejudicar sua candidatura, mostra a capacidade de inverter e deturpar uma notícia o que, para os bem intencionados, diz claramente da condição de amoralidade que cerca-o.
Falar sobre ética religiosa é muito complicado quando se tem denúncias de doações de terrenos públicos para uma parte da Igreja Católica ligada a setores mais conservadores.
Quando vejo pastores pedindo dinheiro para a compra de terreno e construção de obras, me lembro de que, em São Paulo, esta prática foi feita pelo Governo Estadual com benesses do católico fervoroso Dr Alckmin e com patrimônio público fico a pensar se há ou não relação de estado/religião e se isso é constitucional.
Outra coisa que me chama a atenção é a posição do Ilmo Bacharel em Medicina com relação ao AVIÃO PRESIDENCIAL, venalmente chamado de aerolula. Pelo que me consta a compra de um carro é mais barato que a sistemática locação de outro.
Aliás é patrimônio público sim, e quem fala em PRIVATIZAR um avião não pode reclamar de quem acusa-o de tentar privatizar qualquer bem do Estado.
Como se diz na roça, pelo dedo se conhece o gigante...

Com erros e trapalhadas de um lado e a corrupção sistemática e às claras do outro, fico com a primeira. Tem cura.
Por outro lado, uma coisa me chamou a atenção nestes últimos dias.
O Kibeloco é um blog de humor que atira para todos os lados e está presente na Internet há mais de um ano. O fato da senadora Heloisa Helena querer imputar a brincadeira, de mau gosto, mas brincadeira que fizeram com ela ao “vagabundo” presidente mostra o despreparo para enfrentar a crítica e o contraditório.
Não é por aí, querida Senadora. A senhora tem um carisma inerente e é de uma sensibilidade e pureza inigualáveis.
Agora, a ética religiosa é diferente da política sim. E isso não justifica os erros mas, os torna quase impossíveis de serem evitados.
Ah! Falando nisto, desde que me entendo por gente, a corrupção é, em todos os níveis administrativos, endêmica.
Não só no Brasil mas em todos os países do mundo e em toda a História da humanidade.
Querer imputar a este ou a qualquer governo um halo de santidade é ser cínico, ou imbecil...
Prefiro poder dar a oportunidade de defesa aos acusados e punição aos criminosos do que crucificar inocentes ou deixar passar ileso os verdadeiros corruptos e corruptores.
Quem pensar de outra forma está sendo venal ou conivente.

publicados entre 06/10 e 08/10

Astrologia
Quisera poder ter altiva luz
Transforma escuridão em claridade,
Éter celestial, saber da cruz
Que impuseste por sobre humanidade...

Conhecer das estrelas suas trilhas,
Espreitando, dos astros, o destino...
Saber das fantasias andarilhas
Que acometem cometas, desatino...

Quem me dera poder saber do rumo
Imposto pelos astros n’essa gente...
Saberia manter norte e prumo...

Quem me dera saber das influências
De tais constelações... Coincidências
Seriam tristes fados, de repente...


Se fosse...
Se fosse mar, seria maremoto...
Não teria momentos de calmaria,
As marés loucas ondas, num remoto
Ilhéu sobrevivi tal fantasia...

Qual fosse tempestade e terremoto,
Não sobrando sequer um novo dia,
Jamais deixei de ser simples vinhoto
Restolho venenoso da alegria...

Se fosse planta, urtiga, com certeza...
Espinho perigoso da roseira,
Nada me revelara, enfim, beleza...

As cruzes que carrego sempre ferem...
A noite que te vi foi derradeira,
Os rumos que previ que se craterem!


Peito escancarado
Meu peito escancarado de tristezas
Esfaceladamente se destrói.
Inconscientemente de incertezas
Já se inunda... retalho, já se mói...

Nas lendas seculares se corrói
Nas pedras insensíveis, suas mesas...
A vida que maltrata sempre sói
Ser única medida sem defesas...

Apaixonadamente desvairado,
Liquidificador esmaga o senso...
Rasgado, esfacelado, escancarado...

Nas perdas que somei, fiquei vazio...
Meu coração gigante, pois imenso,
Fingindo, não se esquenta, bate frio...


Roubando do sol
Roubando deste sol a luz imensa,
Transporto meus desejos vis, insanos...
Não espero carinho, recompensa,
Minhas tristezas contam-se por anos...

No quadro das esperas, desavença
Os dias mais nublados, tantos planos,
Folhas caídas, outonais, doença...
Escondido prefiro teus enganos....

No limbo que me encontro, nada falo...
Os caminhos fechados não permitem...
Espero tanta coisa, mas me calo...

Os risos que guardei, deram em nada...
As mortes que planejo, sempre omitem;
Roubando deste sol, vida gelada...


Alegria
Lagrimas minhas bocas mais distantes,
Ultimas meus sorrisos, não os dou!
As marcas que já trazes nas estantes,
São cantos e recantos, velho grou...

Não posso nem desfio o que fui antes,
Importa-me talvez fingir teu gol!
Respeitos e malícias mais farsantes,
Nada que me disseste me fartou...

A dor em litros, leve-as contigo,
Me regozijo, obeso sofrimento!
Os cânticos proclamo, num castigo

Que me trazem cinismo e poesia.
É bom sentir, nas lágrimas, lamento...
T’a dolorosa noite, u’a alegria!


Amor rasgado
Tu vens, eu te esperei a noite inteira,
Meus versos procuraram teu carinho...
A dor que me maltrata,mensageira...
Não posso mais viver assim, sozinho...

Vivi a triste espera, verdadeira,
Da volta de teus olhos para o ninho!
Amor que me persegue, uma bandeira
A solidão devora um ser mesquinho...

Amor de tantos sonhos, ilusões!
Amor de tantas horas sem ninguém
Amor que sempre mói os corações.

Amor que nunca deixa de marcar
Amor que simplesmente vai e vem...
Amor pra ser amor tem que sangrar!


Antiga Companheira
Antiga companheira, a solidão,
Persegue cada dia que vivi.
Ternuras que cedi, num furacão
Se tornam... Dos tornados me esqueci,

Mas, companheira amada me diz não!
Me acompanha lá longe e perto, aqui...
E a sigo, obediente como um cão!
Por tantas vezes quase que a perdi!

Mas, sorrateiramente se revolta,
Ordenando cruel o meu retorno...
Tentando ser feliz, mas sou escolta,

Teimando liberdade, sou em torno...
Antiga companheira, tenha dó!
Pelo amor do bom Deus, me deixe só!!!


Servidão
Te dou amor, mas queres servidão!
Meus carinhos somente não te bastam...
Quem sabe me perder, a solução
Amores com ciúmes se desgastam.

Por mil vezes pediste meu perdão,
Nas camas que vivemos já se castam
As noites que buscamos amplidão!
Amores e torturas se contrastam!

Queres meus olhos, boca, pernas, sexo...
Queres meus dias, noites, madrugadas...
Queres meu sol, a lua, tinos, nexos...

Queres todos sentidos, todo o senso...
Queres minhas partidas e chegadas.
Queres matar assim, amor imenso!

Outonal
Vou velho e tão tristonho, nada tenho...
Minha vida perdida é outonal!
Dos tempos já passados, donde venho,
A vida, adormecida, neste astral!

Mas tento, insanamente fecho o cenho,
Desesperadamente bem ou mal,
Do feixe, mocidade, resta um lenho.
Outrora fui feliz, um carnaval!!

O gosto amargo, triste modifica,
A dor que me maltrata e mortifica
Se refaz em novíssima esperança.

Essa mão que me afaga, qual criança,
Em milhares carinhos, amplifica.
Deus queira que não seja só lembrança!



Dama de vermelho
A dama de vermelho, o cabaré
As noites entranhadas mil desejos!
O cheiro inebriante do café,
Minhas mãos percorrendo, peço beijos...

Beijos que sonhei fossem sinceros,
Da dama apaixonante desta noite...
Amores que julguei não fossem feros,
Transformam-se, venais, cruel açoite!

A dama de vermelho, sedutora...
Vestido transparente, belos seios...
A noite que passei, me revigora,

Na espera cruel, os meus anseios...
A dama de vermelho, solidão....
Nas danças, cabaré, meu coração!


Amor e devaneios
Amor que se traduz em devaneios,
Desvairado percorre este universo,
Frívolo preenchendo meus anseios,
Não deixa nem resquício no meu verso!!!

Amor que se transforma, belos seios,
Desvalido percebe ser reverso,
De belos transfiguram-se mais feios,
Amor que me deixaste, vai disperso...

Tuas placas tectônicas desabam.
Beleza arquitetônica disfarças,
Nos ábacos errôneos se acabam,

As somas mentirosas sempre esgarças...
Amor inebriante traz ressaca,
A boca que me beija lembra faca!


Passarinho
Cantando, um passarinho, traz saudade...
Saudade desse tempo, fui feliz!
A vida me deixou essa vontade
A vida que deixou sempre me diz

Nos prantos que rolaste, falsidade,
Nas horas me roubaste, um aprendiz...
A vida, passarinho, como me arde!
Saudade, neste palco, bela atriz!!!

Farsante que não deixa nenhum rastro,
Arrastão dos sentidos, desgoverna...
Enegrecendo, assim, um alabastro,

Saudade sentimento mais voraz,
Ao mesmo tempo mansa, azeda, terna...
Passarinho feroz, cruel, audaz!!!


Pampas Doloridos
No caminho essas urzes, azevinhos...
Saudade, versos tristes e malditos!
Amargo chimarrão, sangüíneos vinhos...
Nas noites minuanas tensos gritos.

Chibatadas cortando meus caminhos,
Tantas prendas e chinas, tantos ritos.
Na pelea da vida, descaminhos...
Os gritos do Negrinho são aflitos!

Bombachas destruídas pelos ventos,
Má sorte perseguindo quem lutava
Os olhos desses pampas, sentimentos

Nas gurias que nunca mais voltaram
A noite maltratante se gelava,
Nos caminhos as pedras se encontraram...


Derradeira Amante
Bendita a vida, mesmo que dorida,
Mesmo que solidão aporte dura
Mesmo que traga sempre despedida,
Mesmo quando entranhada, noite escura...

Bendita a vida, mater dolorosa!
Mesmo que nunca mais seja sincera,
Mesmo que nunca mais venha olorosa
Mesmo que se demonstre uma quimera...

Bendita a vida, tétrica saudade!
Tarântula, serpentes e dragões
Jamais impedirão a claridade...

Bendita a vida, vera companheira
Dos frenéticos, loucos, corações...
Minha primeira amante e derradeira!


Girassol
Tardes lânguidas, quentes perfumadas...
Nos campos verdejantes tanto brilho...
O sol vem declinando essas paradas,
A mãe Terra, zelosa com seu filho...

A tarde vem, decora estas estradas
Por onde luz solar desenha trilho,
Jardins floridos, pétalas roubadas
A vida se refaz num estribilho!

Amores disfarçados pedem lua,
A tarde emoldurada continua,
Coração primavera caça flores,

Nos olhos tão brilhantes, velho sol,
Refletem toda luz dos meus amores...
Nos olhos do universo, um girassol!


Sonho Caminheiro
Meu sonho caminheiro, mundos erra...
A noite que morri, já se avizinha...
Meu peito desfiado, não se encerra
Na noite que pensei que fosses minha!

Descendente montanha, velha serra,
A cor deste brilhante lembra a vinha
Onde palpitas, sangra, minha terra!
Nos frutos que provei, perdi a linha

Meu sonho mensageiro, quer notícias.
Nos campos que entranhei, tantas sevícias...
Os olhos transtornados pela vida,

Os cardos esquecidos no deserto...
Aprontas tão sonora despedida,
Meu sonho caminheiro, anda por perto...



Desamor
O gosto que deixaste, sempre doce,
Não posso me esquecer de teu encanto...
Quem dera não viesse e nunca fosse.
Jamais repetiria o mesmo canto...

Te leva a mesma dor que um dia trouxe
As lágrimas que formam todo o pranto...
Quem nunca mais voltou, sequer mostrou-se
Não deixa soçobrar, me causa espanto!

O gosto que levaste sempre amaro,
Entendo tuas mágoas mais doridas...
Amar é necessário ter preparo,

Minhas palavras ferem, bem o sei...
As últimas lembranças vão perdidas...
Ultrajo com frieza a mansa lei...


Tristes Jardins
Nos meus tristes jardins, as açucenas
Refletem o que resta de beleza...
Meus olhos repetindo tantas cenas,
Invadem todo o mundo com tristeza...

Quem dera transformássemos apenas
As dúvidas cruéis em tal certeza.
Das noites emolduro essas melenas
Tirânicas que mostra a realeza!

Residuais fantasmas me perseguem.
Das tímidas manhãs que não prossigo...
Por mares, oceanos que naveguem,

Vazios meus cantis, a pedir água...
Por mais que sempre tento estar comigo,
Os olhos empapuçam-se de mágoa


Saudades que eu herdei...
Saudades que eu herdei de Portugal,
Nos pesadelos tristes, tão medonhos...
A sorte que carrego no embornal,
Traduz-se fragilmente nos meus sonhos...

Nos mares que navegas, perco o sal,
O sal da terra, brilhos tão tristonhos...
Amásio da saudade, um ser carnal,
A se despetalar, perfis bisonhos...

Crateras esmiúço procurando
Um rastro que me leve ao deus Plutão...
O tempo vai passando, devorando

Meu reino coroado, qual Creonte,
Perdido... Não concebo teu perdão.
O tempo se nublando no horizonte...


Quantas mentiras pela vida
Quantas mentiras pela vida, somo...
O mundo em minhas mãos já se perdeu...
As dores nas matizes, perdem cromo,
Sobrando destas dores, restou eu...

Não quero perceber da maçã, pomo,
Nem quero cortesã, nem himeneu...
Nas rédeas perdidas, me retomo...
A morte prometida, se esqueceu...

Os partos naturais viram cesáreos,
Martírios escapando dos armários...
Balidos assustando quem fugira

Das garras rapineiras da vil fome...
Não quero nem hipótese, mentira,
A noite adormecida nunca some...


Jogral
Não deixe se perder o sentimento,
Exposto às intempéries dolorosas,
Tempestas se carregam com o vento,
As flores que mentiram, fragorosas...

Crepúsculos doridos buscam tento
Ofuscam todas luas radiosas,
O tempo traduzir esquecimento,
As mãos que se forjaram carinhosas...

Não deixe de verter a poesia
Que invadira teu sonho de princesa,
À parte toda velha fantasia.

Um jogral enfeitando toda vida...
O manto que cobriste, sem beleza,
Expirou-se sutil, não voltaria...


Juventude
Me deste teu colostro, juventude...
Teus sonhos foram belas fantasias..
Vivendo tanto amor na plenitude
Cordões umbilicais nem percebias...

Amantes joviais, tal amplitude,
Nos trouxe verdadeiras poesias...
Irei amar-te assim, muito e amiúde,
Nossos momentos: lúdicos, os dias...

Fomos principiantes, mas distantes...
As bocas se entreabriam, doce beijo...
Os medos e delírios inconstantes...

Na farsa que perdemos, fomos trágicos...
As mãos não traduziam os desejos.
Nossos amores: tímidos mas mágicos!


Não quero ter teus olhos


Não quero ter teus olhos tão perdidos...
Não deixe que a saudade te maltrate
Amores que perdemos, desvalidos,
Não deixe que a maldade enfim, te enfarte,

Não trafegues por mares desvairados,
A vida imitará sempre tal arte.
Os cantos sem sossego, des’perados.
De todos os momentos fomos parte...

Não quero teus olhares assim vagos,
Não quero mergulhar profundos lagos,
Apenas posso dar-te meus segredos...

Ouvindo as incertezas que me dás,
Não quero conceber teus vários medos.
Preciso penetrar na tua paz!


Nas praias onde espraias
Nas praias onde espraias sentimentos,
As saias que suspendes das morenas...
Não quero decidir se tais momentos
Virão sempre ou serão agora apenas...

P’r me curar não bastam tais ungüentos...
Nem noites mais vazias ou mais plenas...
Nada disso traduz os meus tormentos.
Pois tudo representa meras cenas...

Nas praias precisando das marés,
Nos olhos, furacão e tempestades...
Nos dedos carinhosos, cafunés...

Os medos se transformam em valentia.
As noites se poluem com saudades.
Desculpas que te peço, um novo dia...


Portas Fechadas
Podes guardar as sobras do que fomos...
Se nada mais me resta o que fazer?
A vida se reparte, tantos tomos...
Onde e porque tentar sobreviver?

Das delícias passadas, sequer gomos,
Nunca mais poderemos reviver!
Totais desconhecidos, hoje somos...
Nada posso falar, senão sofrer....

Nãos se tornaram todas as palavras
Que, teimosos, fizemos um refrão...
Então, como podemos, nossas lavras

Desérticas... Jamais te esquecerei...
Me dê, por fim, teu último perdão.
Nossas portas fechadas, tua lei...


Quem és?

Amo-te! És esperança e mais que isto,
A própria vida louca que se esvai...
Mas, cada vez que penso: te conquisto;
U’a lágrima sofrida vem e trai...

Muitas vezes pensei: Eu não existo;
Mas, sorrateiramente, o manto cai
Num sorriso feliz nunca mais visto,
Retornas esperanças... Sou teu pai,

Amigo, amante, luz e escuridão...
Tento mentir seguro, mas tropeço...
Muitas vezes sorris o coração,

Um minuto depois, novo endereço,
Quem parecera sim, revolve o não.
Quem és? Disfarces que me dás, avesso...


Fugiste

Quantas vezes fugiste, nem sinal...
Procuro-te sedento sol ardente...
Teus cabelos, boneca, milharal...
Vales e montanhosas terras. Crente

De que estarás por perto, novo astral
Percorro tresloucado, delirante...
Tanta vida guardada num bornal,
Esperança transforma-se em gigante!

Quantas vezes não tenho nem notícias
Mas, vagando por trilhas sem destino
Espreitando nas curvas, tais delícias,

Meu caminho se torna clandestino...
Quantas vezes buscando por carícias,
Em teus braços voltei a ser menino...


Portas Entreabertas
Nas portas entreabertas da saudade,
Vislumbro teus carinhos e desejos...
Não quero me enganar, sei a verdade,
O mundo não condensa meus arpejos,

Nem tenho mais estrelas, pois quem há-de?
Se nas desditas trazes tantos pejos,
Se nas promessas traz felicidade,
Na realidade angústias são teus beijos...

Nas janelas, soleiras e portais,
Nas montanhas, planícies pantanais...
A vida não protege quem não ama...

O medo desse amor é feroz chama,
Inflama e desafia, nega cura...
A vida sem amor, é noite escura...




Amor Sincero
Amor que de sincero, sobrevive,
Peripécias cruéis vive fazendo...
Amor mais desditoso nunca tive,
Em manto crueldade, me envolvendo...

Muitas vezes, decai-se, vil declive,
Noutras purificado reverendo,
Amor que de sincero, vira aclive,
Nas quedas que não teme, vai crescendo...

Momentos solitários são precisos,
É na solidão viva que renasce...
Caminhos mais rugosos ficam lisos,

Amor que não carrega fantasia...
Amor que não deseja nem disfarce.
Verdade salvadora é que extasia...



Aquecido ao calor...
Aquecido ao calor deste verão,
Me traz felicidade sem cobiça.
Abrindo mansamente o coração,
Não planeja nem guerra nem quer liça...

Amor tão verdadeiro nega o não.
Não traz nem mente dor sequer postiça...
Exorcisa tristeza e solidão!
Amor que não renega padre e missa.

Amor curtido, defumado até.
Amor vivido sempre na certeza
Por si só já traz embutida a fé.

Não carece mentiras nem falsários...
Resiste a qualquer luta e correnteza,
Navio que não teme nem corsários...


Vinho e Sono

Nas festas me embebedas, tanto vinho,
Num momento sou rei, procuro um trono,
Desvio descalabros do caminho.
Procuro candelabros, perco o sono.

Brotando delirante passarinho,
A vida me negou esse abandono,
O cravo que me deste tem espinho
A rosa que conheço, traz outono!

Mereço teus anzóis e tua rede,
A porta dos meus sonhos, levadiça
Amores suculentos me dão sede.

A boca amargurada se cobiça
Um resto de verdade nunca mente
No vinho que transtorna minha mente....


Amor Bandido


Pelas ruas que caminho, quando topo
Com perfumes doridos, vaporosos,
Me recordo de das festas, vinho e copo
Taças cristais, sentidos dolorosos...

Verdades são metade do que falso
Carpetes e tapetes fingem persas.
Medalhas e correntes, cadafalso,
As noites que caminho são esparsas...

Carinho de mulher que não conheço,
Desejo de carinho não mereço,
O preço que paguei não faz sentido.

O mundo que tentei não tem mais topo,
O corte que sangrei quebrei o copo,
Amor que planejei, soa bandido!


Amor que renego Com estrambote

Depois de mergulhar, quebrar teu leito,
Não venhas me falar de meu amor...
Amor que navegava contrafeito,
Quebrando minhas juras, perdedor...

Não quero pois perdi todo o direito
De falar mansidão e mesmo flor.
A corda arrebentei, feri teu peito,
Moréia sanguinária sou ator...

Na certa não duvidas da loucura,
Por certo me julgaste pobre insano...
Tentando ser cruel, perco brandura,

A ternura desmente este meu plano...
Na verdade, não posso nem consigo...
Amor sem teu carinho, não prossigo!!!

Por isso tantas vezes luto assim,
O que fazer se nunca estou em mim.
Amor que derrotou espadachim...


Ecológica?
Falar dessa ingrata tempestade,
Cruel ansiedade corta fundo...
Não pude perceber ansiedade,
A corda arrebentada corta mundo...

Quem fora campesino, traz cidade.
Cicatriz que deixei neste profundo
Sonho que se traduz urbanidade...
Produto de total fervor imundo...

As fadas, floras, faunas, musas, santas...
As mudas, plantas, restos, fossas, frio...
Nada mais conseguiram, senão tantas

Mentiras. Coração se faz vadio,
Mas não consigo ter nem me omitir.
Pior de tudo está inda por vir....


Amor aloprado

Amor que me tornou mais aloprado,
Se deveu a farsantes montarias...
Nave que perdeu rumo, fez estrado
Com as lenhas que colhe nem estias...

Amor que me tornou queimou o prado,
No prato que cuspiste, ventanias...
Não quero amor assim, sequer assado
Vivendo brincadeiras e orgias...

Amor mais aloprante, pra que quero?
Não me perdoe nunca mais, sincero...
No que se desprendeu, perdeu sentido...

Amor que jamais cego, dividido
Me faz um arremedo de saudade.
Amor assim não trará felicidade...


Amor dorido
Amor que dói demais, barbaridade,
Me traz do arroio, mágoas, velho rio...
Que no fundo da noite, faz saudade,
Amor que se deságua num churrio.

Amor sina que nunca mais revolta,
Amor da suave brisa à viração.
Nas horas mais difíceis pede escolta,
Lateja disgramado mijacão...

Deu pra ti, não te quero nem dourada
Sei que foste buenaça, linda, trigo...
Mas perdeste teu rumo nesta estrada,

Na vida que pretendo, sei perigo...
Quero viver liberto, já me espalho...
Guaiaca que traz faca, pede talho...


Calor que me invadiu...

Calor que me invadiu, teu olhar...
No mar de esperançosas ventanias...
Nos dias que passei, luas redondas
Nas ondas deste mar que tanto espero
No fero sentimento te adorar!
Naufragar em teus braços minha amada...
Cada noite que passo, mais te sonho...
Ponho meus tristes barcos, meus saveiros,
Canteiros que produzem rosas belas.
Telas onde emolduraste tal beleza,
Certeza de que há Deus e que ele ama!
Na chama eternizada dos teus olhos.
Molhos de delicadas ervas trazes.
Fases lunares linda tempestade...
Arde a sutil manhã que prometeste.
Inconteste delírio destes deuses
Reluzes nos orgásticos desejos.
Nos beijos que prometes inebrias...
Frias as minhas noites se não vens...
Tens o poder sublime da loucura.
Moldura que encontrou grande pintor.
Amor que deslindando-se enlanguesce.
Esquece as amarguras e penúrias.
Nas cúrias nos escuros parlamentos,
Ungüentos que me curam e transformam...
Formando delirantes desvarios,
Vários rios que levam para o mar.
Martírios que deixei no pó da estrada.
Fada que me encantou, embriagante
Elegante desígnio divinal.
Final de toda dor, ressurreição!
Afeição extremada, desejosa...
Maravilhosamente apaixonante.
Diante de tanta luz, que faço Deus?
Os meus tormentos mortos, esperanças!
Lembranças destes tempos cristalinos.
Alabastrinos seios doce alvor.
Calor que permanece sem segredo.
O medo de perder, evanescente,
Nascentes deste rio que navego,
Carrego toda luz que te roubei...
Sei de tantos amores, vida breve,
Leve folha, flutua nos meus sonhos...
Medonhos tais fantasmas se perderam...
Eram deveras tristes os meus dias...
Frias as noites, versos sem sentido...
Incontido desejo mergulhava...
Sonhava com paixão, felicidade...
A tarde nunca vinha, nebulosa...
A rosa que plantei só deu espinhos...
Caminhos que segui perdi a esmo...
Mesmo minhas canções eram de dor.
Amor que se omitia, velho e morto.
Porto que sempre nega desembarque.
Parque que não pretende ter criança,
Dança que não deseja nem carinho...
Ninho que desprezou um passarinho...
Vinho que não me deixa embriagado,
Fado, destino, sina, desespero...
Tempero para a vida, sinal glória...
Memória triste, vaga, traz saudade...
Claridade que desfeita, deixa o breu...
Ateu coração pede por um Deus...
Meus olhos imploraram tal visão!
Solução para torpe solidão.
Solidão esvaindo-se depressa.
Compressa cicatriza essa ferida.
A vida que pensei agora trazes,
Fazes todos meus dias melodias,
Orgias são bacantes amplitudes...
Quietudes maravilhas, ambrosia...
Poesia deflagras na fragrância...
Elegância caminha mais suave,
Na nave que julguei fosse perdida,
Comovida, esperando delicia,
Caricia naufrágios tão amargos...
Nos lagos dos meus sonhos és remanso.
Um remanso que em versos, traz calor,
Calor que me invadiu, teu olhar...


Pranteando

Pranteando esse amor que já se acaba,
Deixando essa existência sem sentido...
Lágrima, testemunha que desaba,
Reflete quem se fora, desvalido!

Qual índio que perdeu a sua taba,
Qual vida que morreu num triste olvido,
Que vale este chapéu que não tem aba?
Que vale quem jamais houvera sido?

Pranteando esse amor, a mocidade
Esvaindo se deixa naufragar...
Procuro tão somente teu olhar...

A morte me castiga, na saudade...
Quem fora mansidão despreza o fruto,
Quem fora uma alvorada, veste luto...


Não vou levar sequer saudade...

Não vou levar sequer uma saudade!
Uma chama ardilosa ainda me queima.
Mistérios que transcendem liberdade,
Venenos, justificam tua teima...

No momento mais lúdico um adeus,
Maltratando feroz, o que sobrava...
As lágrimas que finges, olhos meus,
Vulcânicas tempestas trazem lava...

Restando esse momento da existência,
O mar arrebentando-se na espuma...
Os olhos mais ferinos, deste puma,

Quem nada esperaria, coincidência,
Incidências solares te incendeiam.
Amores derrotados não campeiam...


Meu peito dolorido
Meu peito dolorido vaso cheio,
Das dores que não posso desprezar...
O rasgo que causaste, meu anseio,
A noite que te dei perdeu luar...

Procuro mais veloz, saber um meio
Por um caminho novo te encontrar,
Na maciez delícias do teu seio,
O corte que causaste faz sangrar...

Meu peito apaixonado, já se enchia
Das ilusões vertidas sem sentido...
As farsas que montaste, poesia

Esperam novo olhar, houvera sido
Vencido pelas mesmas fantasias...
Os raios que trovejam os meus dias...


Os meus pobres segredos...

Os meus pobres segredos, leva o mar...
Misérrimo, desditas estribilho...
Quem me dera poder enfim, cantar
Estrela vespertina nega o brilho.

Meus cândidos amores, sem luar...
Mãe zelosa cuidando deste filho,
Sinônimo perfeito para amar...
Amor quer liberdade e não caudilho!

A sina dolorosa do amor morto.
O gosto enlameado da saudade...
A vida que se passa pede porto

Mistérios tão mundanos não se levam,
Os olhos vergastados, claridade,
Tardes ensolaradas também nevam..


Não mate a esperança

Nada mais pedir posso, dê amor!
Amor ao companheiro desvalido,
Amor ao companheiro sofredor.
O mundo que vivemos é bandido,

Nem sempre justifica-se uma dor!
O povo solitário está banido,
Jardim onde regamos mata a flor.
O templo que sonhamos, demolido!

Nas mãos dessa criança mais faminta,
Os olhos esqueléticos da morte!
Um sorriso andrajoso, o rosto pinta.

Só posso te pedir por piedade.
Esperanças num rumo, nova sorte,
Não deixe sufocar a claridade!


Fanatismo
Nas minhas brincadeiras infantis,
Amores sempre foram um mistério,
Os olhos que pensei serem anis,
Nunca me levariam tão a sério.

Nos joguetes encenas velha atriz,
O palco que te invade, climatério
Mas ostentas posturas juvenis,
A vida te deixou nenhum critério!

Mesmo assim conseguiste me surfar,
Em torno de teus sonhos, orbitei...
Tens a magia lúdica do mar,

A fantasia cega do egoísmo...
Amar jamais assim como te amei.
Amor que semelhava fanatismo!


Armarinho

Quando me lembro vivo-te cheirosa,
A moça delicada linda trança...
Sonhava com teus beijos, radiosa..
Amares que luares na criança...

Sonhava simplesmente, todo prosa,
Achando merecer uma esperança.
A moça delicada, virou rosa,
Espinhos me deixando, vã lembrança...

Não pude conceber este confeito,
Amores necessitam de carinho...
Restando despedidas, moço feito,

A porta que legaste de saída
Minhas roupas compradas no armarinho,
Meus olhos soluçantes, nau perdida...


Noite enamorada

A noite enamorada perde vinco...
O mundo se restou no velho eclipse,
A morte transportada num elipse
Quem fora despertada fisga finco...

Agindo na defesa contra-ataca,
Não merece desprezo nem merenda.
Dos valores convertes em pataca
A perda não contrai a reprimenda...

A noite enamorada nada agüenta
Falaz me desprezando faz a fala.
Ardida se delira qual pimenta,

A noite enamorada foi mentira.
A queda transbordando nova escala.
Na colcha de retalhos cada tira...


Cumbia
Dançavas cumbia noites mais portenhas...
Te víamos estrela Buenos Aires,
Perdidas todas manhas minhas senhas...
Amar foi perseguir-te por luares....

Nas danças ludibrias, nossas lenhas,
No rádio do meu carro, nossos bares,
Voávamos libertos, nossas penhas...
Estavas tão desnuda nos altares...

Bandaleons , acordos loucos tangos,
Morfeu acaricia nossos sonhos...
Nos amores estrias, fandangos

O carpido desejo renascer.
Dançávamos os sonhos mais medonhos
Nos ares que voamos, vou te ter...


Filho da luna expectativa

Filho desta lunar expectativa...
Deixando o triste gosto do não tido.
Cantando sertaneja patativa,
O mundo não me coube, vou contido...

Longínquas esperanças, voz cativa.
O livro que me negas nunca lido.
Nas prateleiras, guardas carne viva
Resgatas ansiedades, dividido...

Chorei por esta noite sem te ter...
Pensei nos beijos dados nas escadas...
Escondidos, formando sem saber

O que me prometiam madrugadas,
O que não me deixaram prosseguir.
O filho que não tive, a te pedir....


Serena
Falando sério, nunca mais te quis.
Fugiste pelas vagas tempestades,
Cirandeiro esperei e fui feliz,
Nas pedras que brilhaste traz saudades.

Serena a namorada que me diz,
Carrega doce vento sem maldades.
No bosque onde moravas, por um triz,
A vida não me deixa novidades...

Dentro dele tem bosque tem um anjo.
Nas pedrinhas mandei já ladrilhar,
Nos desejos do andor, um novo arranjo...

Rua que, fosse minha era mais bela...
Nas estrelas que dei, tanto brilhar...
E todos meus amores foram dela...


Carcará
Carcará faminto não tem jeito...
Devora todo tipo de comida.
Sertanejo lutando por direito
Direito mais sagrado: pela vida!

Carcará perigoso leva jeito
De não deixar viagem ser perdida.
O povo sertanejo contrafeito,
A morte tocaiando na saída!

Um animal arisco, o CARCARÁ!
Consegue devorar até serpente.
Onde irá passar, nada deixará.

Come restos de bicho em agonia.
Ao ver forte esse povo, de repente,
Na tocaia esperando um novo dia!


Maldade
Quando esse moço chega, desconverso,
Traz a morte estampada no sorriso...
Devorando não deixa nem meu verso,
Nas patranhas entranhas foge liso...

Não encontra nenhum caminho adverso,
Na ponta canivete é mais preciso.
É praga que empesteia esse universo
Nas mortes que gerou, perco meu siso...

Não pode conceber sequer grandeza.
É resto do que fora ditadura,
A noite que traduz promete escura.

A carne que devora morta e dura.
Não deixando escapar nem a pobreza.
Resume-se num rato, malvadeza...


Teus olhos
A vida te trouxe a sina
De ser água cristalina
De ser bela criatura
De não ter sequer defeito
De viver em tal brandura,
De ser ente perfeito!

Semente dos meus sonhares,
És fruto dos meus pomares,
Amores que não têm fim...
És manto mais delicado,
Pois és sempre o vero sim
Coração apaixonado...

Os olhos são dois brilhantes,
De brilhos raros, constantes,
Orientam meu caminho
Clareiam todo meu rumo,
Mirando-me dão carinho,
Acertam a vida e prumo...

Os olhos desta princesa
Hinos à delicadeza,
Faróis que guiam meu barco
Em meio a tais tempestades,
Se sou seta, são meu arco,
Refletem as claridades...

Olhos distantes, serenos,
De ternura são mais plenos,
Esmeraldinas manhãs,
Solar espelho traduzem,
Sem eles como são vãs,
Meus amores não reluzem...

Os olhos da minha amada,
Auroram na madrugada,
Roubam todo belo astral,
Mergulham claro desejo
No brilho imitam cristal,
Neles, a beleza vejo...
Olhos pacificadores,
Os olhos dos meus amores,
Doce chuva calmaria,
Mansas águas deste lago...
Repetem-me todo dia
Todo esse profundo afago...

Prelúdio de mansidão
Penetram meu coração,
Não deixam nada sem brilho,
Nem me permitem tristeza,
Com eles acerto o trilho,
São os marcos da beleza...

Sonatas tentei compor,
Homenageando amor,
Amor que trazes nos olhos,
As rosas que já colhi,
Carregando em belos molhos,
Nos teus olhos me perdi...

Nas serenatas que faço,
De teus olhos busco o traço,
O canto que quero dar,
Nos caminhos que percorro,
Os raios deste luar,
Sem eles, peço socorro...

A saudade ninguém planta,
Teu olhar já me levanta
Não me deixa nem sonhar.
Prá quê que eu quero o sonhado,
Se o melhor vou encontrar
Estando assim acordado!

Teus olhos deixam felizes
Os olhos destas matizes
Que nunca mais encontrei.
Nem princesa nem rainha,
No meu reinado sem lei,
Meu olhar no teu se aninha...
Olhos verdes desta mata,
Onde derramas cascata
Onde produzem esperas,
Dominando toda flora
Toda fauna e tantas feras,
Sem teu olhar, lua chora...

Olhar hipnotizador,
Refletindo meu amor,
Me deixou sem ter saída,
De que vale todo mundo,
De que vale minha vida,
Sem o teu olhar profundo...

Mas, ontem pensei depressa,
Mudando nossa conversa,
Estava deitado na rede,
Quando pude reparar
Nos olhos da cobra verde,
Encontrei o teu olhar...

Reparei neste momento,
Começou o meu tormento,
Esperei o tempo inteiro
Para poder descansar,
O teu olhar traiçoeiro,
Não me deixa respirar...

Eu não tenho mais saída,
Nada de meu nessa vida,
Nada mais posso fazer,
Estou perdido e não nego,
Te peço pra compreender,
Furei meus olhos, sou cego!


O Milagre da Saúde Pública no Brasil
Outro dia, estava conversando com um médico amigo meu, aqui no interior do Espírito Santo e obtive umas informações um tanto quanto elucidativas.
Num passado não muito distante, o Brasil tinha um Ministro da Saúde que, ao implementar um programa de medicina social, conseguiu uma proeza inquestionável
Em pouco tempo, a mortalidade infantil no país obteve um declínio assustador.
Os dados oficiais davam conta de um excelente resultado que parecia ser incoerente com o dia a dia do exercício da profissão.
Obviamente os dados estatísticos estavam muito além de toda expectativa que tínhamos sobre a saúde pública brasileira.
Acontece que, pelo que me informou tal colega, o mistério foi desvendado.
Com a municipalização da saúde, e o controle de repasses de verbas totalmente na mão do Estado, este passou a estabelecer metas a serem alcançadas pelos municípios.
Mas o aspecto mais interessante disto era o fato de que havia um sistema de punição e premiação das cidades envolvidas.
Vejamos: se determinado município atingisse um nível de mortalidade infantil de 25 por 1000 crianças nascidas naquele ano, haveria uma premiação, se não haveria punição.
Se fossem descobertos e tratados determinado número de tuberculosos ou de leprosos, hansenianos para ser mais delicado, havia um maior aporte de recursos senão esses recursos seriam de menor monta.
Se houvesse determinado número de consultas pré natal, 6 para ser mais exato, de cada gestante, o dinheiro seria pago, senão haveria punições.
O reflexo de tal atitude não demorou a surgir. As crianças que morriam antes de serem registradas obviamente não constavam como participes das estatísticas para a mortalidade infantil, esses pequenos cadáveres, como estava na moda à época, eram “jogados debaixo do tapete”.
As consultas de pré natal eram adulteradas às pressas e mulheres que nunca tinham feito pré natal faziam, estatisticamente, seis consultas em um só dia, muitas vezes o do parto.
Casos de tuberculose, meningite, hanseníase entre outros eram descobertos à torto e a direito e, obviamente, como resfriado não precisa de tratamento na maioria das vezes, eram milagrosamente curados em tempo recorde e sem a devida medicação.
Outra coisa que chamava a atenção eram as obras de reforma nos postos de atendimentos nas cidades pequenas.
Me recordo de que, numa cidade de Minas, a reforma de um posto de atendimento foi orçada em quase duzentos mil reais.
O pedreiro, único, que trabalhava na obra, contou durante um ou dois dias com o apoio da empreiteira contratada.
A se imaginar o tamanho da reforma, a colocação de duas ou três portas e o piso que, à época custariam entre dez e vinte mil, realmente foram verdadeiras obras de arte.
Nem Portinari deve ter cobrado tão caro pelos murais que fez em Cataguases, por exemplo.
Assim se deu o milagre da melhoria de qualidade de saúde pública do Brasil, fato que rendeu até prêmios no exterior para o brilhante idealizador do método: se melhorar, estatisticamente, premio, mas se piorar, castigo...
É um bom método de trabalho, gerando resultados nunca vistos.
É claro que isso é difícil de ser explicado à família do cadaverzinho escondido debaixo do tapete, mas tudo em nome da glória!


Tua beleza triste
Tua beleza triste, mas viçosa...
Desejo imaculado, doce boca...
Em meio a meus sentidos, caprichosa,
A dona destes olhos vaga louca...

A noite está tão clara, vai leitosa,
Mas este ar mais pesado me sufoca.
Bar que te conheci, maravilhosa,
As portas se fechando, perco a toca...

Toca dos nossos sonhos no passado...
Portas fechadas... Como nosso amor.
Todo tempo passei desesperado,

Na luta voraz contra meus medos...
Da boca maravilhas viram dor...
Não consegues negar os teus degredos....


Das Flores - Com estrambote
Das flores que conheço seus perfumes,
Ou a beleza angélica dum lírio...
Algozes cariciam meus queixumes,
Nas horas mais difíceis, num martírio...

Rebrilhando processam belos lumes,
Majestosas; me levam ao delírio,
Amores gigantescos alçam cumes,
Nos olhos da natura um bom colírio...

Tantas maravilhosas esperanças...
A beleza inaudita destas flores...
Dama da noite, dálias, as lembranças...

Dos antigos carinhos, dos amores...
Nossos tempos felizes, das crianças
Que fomos, enlouquecem-me os olores...

Das flores que brindávamos, jardim...
Das cores que sonhávamos, jasmim...
A saudade maltratando tudo em mim...


Límpida Manhã

Límpida essa manhã, me traz frescor...
Os sonhos esperanças alimentam,
O corpo necessita teu calor.
Nas barras da manhã, já se arrebentam

As luzes matinais, o campo, a flor...
As dores mais vorazes atormentam,
A liberdade grita o vero amor...
Os sentimentos lutam e se enfrentam...

Mas nessa matinal transformação,
Claridade solar vem e apascenta.
Tudo o que fora guerra agora não

A noite me deixou já sem brandura,
Minha força esquecida volta, lenta...
E nos raios solares, a ternura...


Aos trancos e barrancos

Nosso amor, se arrastando, vai aos trancos...
Em meio a tantos botes venenosos...
A chuva destruindo esses barrancos,
Os dias se transcorrem melindrosos.

Os pés descalços ferem, andam mancos,
Os sonhos pesadelos tenebrosos...
Nossos momentos loucos estão brancos,
Nossos desejos mortos, pavorosos...

Amor que não se cansa de ferir,
Fortuito se escorrega novas camas...
Não sabe nem espera p’ra sair.

Amor que não derrete nessas chamas,
Nas brasas apagadas da saudade,
Procura, insensatez por liberdade!


Noite Triste

Noite triste, madrugada,
Procurando minha amada,
Nada do que fui restou...

A saudade dolorida,
Vai tomando minha vida,
Eu já nem sei mais quem sou...

Tu te lembras da casinha,
Onde um dia foste minha,
Esta casa desabou...

As mentiras que disseste,
As saudades que me deste,
Foi, de tudo, o que sobrou...

Passarinho que cantava,
Na manhã que mal chegava,
O seu canto se calou...

Meu peito desesperado,
Te procura do meu lado,
Um vazio já chegou...

Nas noites frias, abrigo,
Agora , como prossigo?
Sem meus pés para onde vou?

Eras o sonho mais puro,
Mas o coração tão duro,
Tristezas o que legou!

Ferido pela tristeza,
Procuro tua beleza,
Mas a vida me negou...

Perdido, sem esperanças,
Só me restam lembranças
Desse tempo que passou...


Sua boca...

Sua boca tão gostosa
Tem a delícia da rosa,
Traz em si o meu desejo...

Essa boca mais cheirosa,
Me deixando todo prosa,
Quando consigo seu beijo...

Moça bonita me dê
Seu amor pr’eu viver,
Sem ele não tem mais jeito..

Não consigo lhe esquecer,
Por onde anda você,
Saber isso é meu direito...

Nos caminhos lhe procuro,
Terra batida, é tão duro,
Passar a vida sozinho...

O fruto que está maduro,
É meu coração tão puro,
Procuro pelo caminho...

Estradas que já passei,
Nesse mundo triste lei,
Onde você se escondeu?

Nas estrelas procurei,
Neste reinado sem rei,
Meu amor já se perdeu...

Na manhã do nosso amor,
Não houve tarde, só dor...
A vida é meu desafio...

Como posso sem calor,
Perfume procura a flor,
Eu mergulho negro rio...

Nada encontro, seu segredo,
Tanta noite, tanto medo...
Onde posso procurar?

Na terra do meu degredo,
Meu mundo não tem enredo,
Persigo o belo luar...

A vida sem alegria,
Passando sem fantasia,
Traz a tristeza sem fim...

Não vejo raiar o dia,
Minha vida sem Maria,
O que será Deus, de mim?

Quando vejo esse vestido,
No varal tão esquecido...
Me lembro dessa mulher...

Todo amor que houvera tido,
Tudo que fui vai perdido,
Só a saudade me quer!

Volta pra mim, eu lhe imploro,
Se não voltar não demoro,
Logo, logo vou partir...

O meu céu já não decoro,
Tanta lágrima que choro,
Como posso resistir?

Minha viola plangente,
Pergunto pra toda gente,
Por onde anda meu amor...

Assim acabo doente,
Ou então fico demente,
Não suporto tanta dor...

Quero você nessa vida,
Não suporto despedida...
Vai me sobrar só a morte...

Volta minha querida,
Minha tristeza incontida,
Implora por melhor sorte...

Quem souber da minha amada,
Não precisa falar nada,
Só lhe mando esse recado...

A cama de madrugada,
Inda está toda arrumada,
Só falta você do lado...


Depois da tempestade
Quando à noite, meus olhos já desfolhas,
Trazendo tantas dores fatais,
Desses nossos jardins belas magnólias
Refletem as belezas tropicais...

Não se repetirão os doces frutos,
Nem os perfumes cítricos, cheirosos...
Os pés que te maltratam antes brutos,
Desferem tantos golpes dolorosos...

Eu sei que até parece uma loucura...
Mas não quero renegar um sentimento...
Por mais que me trarás a noite escura

As nuvens se dissipam com o vento...
Agitas todo mar trazes tormento,
Mas depois calmaria, esta ternura...


Altares

Não há medo que trágico me arvore...
Nem as sombras dolosas deste mal...
Não há sentido vão que me apavore,
Nem beleza que seja maioral.

Nem meus restos findados que fascinem,
Nem pelejas que perco tentadoras..
Não há novas paixões que me iluminem...
Nem distâncias cruéis. São amadoras.

A noite que se finda trouxe pranto.
Velaste por um corpo que não houve...
A voz noturna pede um velho canto...

As auroras perguntam onde estás?
Todos raios solares, flor e couve,
Menos nos meus altares, mandruvás!


Antares
Se já te procurei pelos altares,
Nada encontrarei, nunca mais te vi...
Se já te procurei pelos luares,
Onde mais irei, nunca, nem ali...

Constelações, estrelas, sol, Antares...
Realmente estou certo, te perdi...
Não vou mais te buscar nesses lugares.
A dor que me legaste bem aqui...

Oprimido, perdido não te vejo...
Se nada mais espero, meu desejo
É poder renascer num novo parto...

O futuro esquecido, tenebroso...
O mundo me carrega, pavoroso...
Fantasma perambula no meu quarto...

Clonagem
Meu amor, uma bobagem,
Despedida sem viagem,
Noite que me trouxe aragem,
Procurando uma estalagem,

Quero ser a tatuagem
Quero ser tua moagem,
As dores que tanto ultrajem,
Teu amigo e ser teu pajem,

Permita minha abordagem
Te levar na carruagem
Arrebentar a barragem,

Fazer a nossa acoplagem
Me permita tal colagem,
Nosso filho, uma clonagem...


Amores Vagos
Amores vagos, cegos cavernosos...
Desértica miragem, num oásis...
Serpenteiam venais, vis, venenosos...
Destrói todas as minhas frágeis bases,

Segredos que abortei, miraculosos,
A lua se transmuda tantas fases...
Amores mais violentos, belicosos...
Se nada do que pede, nada fazes,

Que pretendes com tantas falsidades?
Emblemaste vertigens e polêmicas.
Não demonstraste tuas qualidades...

Virtudes escondeste, eram anêmicas.
Amores que me deste, restam trapos...
Das camas que dormimos, nem fiapos...


Aos trancos e barrancos

Nosso amor, se arrastando, vai aos trancos...
Em meio a tantos botes venenosos...
A chuva destruindo esses barrancos,
Os dias se transcorrem melindrosos.

Os pés descalços ferem, andam mancos,
Os sonhos pesadelos tenebrosos...
Nossos momentos loucos estão brancos,
Nossos desejos mortos, pavorosos...

Amor que não se cansa de ferir,
Fortuito se escorrega novas camas...
Não sabe nem espera p’ra sair.

Amor que não derrete nessas chamas,
Nas brasas apagadas da saudade,
Procura, insensatez por liberdade!


Amor que não merece
Amor que não merece nem cem rúpias
Amor que não valora nem carinho...
Envolto nas lembranças de volúpias,
Desmancha-se imbecil, segue sozinho...

Amor que se fingira nos frementes
Desejos que não trazem nova espera...
Farsante se despede das torrentes.
No fundo silencia e desespera...

Amor tão causticante já claudica...
Esfacela escoria e nunca cura...
A morte por saída, melhor dica...

O canto fogaréu que não inflama...
A máscara impedindo uma ternura,
O resto do que fomos jogo à chama...


Distantes Vendavais

Quantas vezes distantes vendavais
Surgiam no horizonte, qual mensagens
Lançada pelos deuses imortais.
Pensávamos tristonhas sabotagens,

Formávamos medonhas aparagens
Nossos sonhos em pares, imorais
Não deixaram sequer essas visagens,
Meu barco, derradeiro, pede um cais...

Os ventos que te trazem foram parcos...
Os medos que deixaste foram tantos...
Os olhos que procuram pelos barcos,

Segredos escondidos nesses mantos...
Os ventos da lamúria traçam arcos,
Os olhos doloridos chovem prantos...


A minha sina capítulo 14 A Istrela Cadente
Estando quage curado
Depois de tanta amargura,
Encontrei tanta ternura,
Novo campo novo prado,
Meu cantar apaixonado,
A vida tinha razão,
Eu abri meu coração
E parti no meu caminho,
Gosto de andar sozinho,
Desde os tempos do sertão

Eu andava sem tristeza,
Com tanta felicidade,
Numa grande claridade
Num momento de beleza,
Nesse mundo de surpresa,
Encontrei um casalzinho,
Muntado num jeguezinho,
Lá prus lado dessas mata,
Pru riba duma cascata,
Onde canta um passarinho...

A moça muito bunita,
Muntada naquele burro,
Eu pensei cá num isturro
O meu coração se agita,
E bem dipressa parpita,
Oiando praquela moça,
Nu seu rostinho de louça
Uma beleza sem fim,
O moço oiando mansim,
Devarim nem faiz força...

Dispois de tanta clareza,
Arreparei num sigundo,
Num havéra nesse mundo
Nu mei de tanta tristeza,
A tumanha buniteza
Daquele casá que incontrei.
Na pobreza ele era rei
Tinha doçura de santo,
Uns passarim no seu canto,
Tanta carma eu incontrei...

Mais dispois arreparano,
Que de perto se ve bem,
Tava esperano nenem,
Tanta coisa nos prano
Oiano nunca me engano ,
Nascia ansin por tarveis
Inté no finár do meis...
Cumprementei o casá,
Pula estrada vô vortá
No meu caminho otra veis...

A tardinha já chegô,
Meu camim vô pricorrê
Num podeno me esquecê
Daquele campo di frô,
Daquele reino di amô,
A noite tava chegano
As istrela iluminano
Di riba prême luá
Naturaleza a cantá,
Vida num escóie prano...

Dirrepente lá no cé
Uma coisa arreparei
De tanta coisa que sei,
Numa eu boto mais fé,
Nos óio di quem me qué,
Dos amô qui dá na gente,
Ansim mei qui dirrepente,
No cé eu vi a briá
Mais bunita qui luá,
Uma istrela das cadente...

Nu mei daquele sertão,
Do meu solo nordestino,
Um brio mais cristalino
Anunciano a ampridão,
Arrupia u coração,
Martrata quem se qué bem,
Não aperdoa ninguém,
Uma istrela mais bunita
Qui na noite tanto agita,
Lá du cé caino vem...


Dispois de te reparado
Naquela istrela a caí,
Bem dipressa repeti,
Um pedido apaxonado
Desse cabra margurado,
Com sodade dos amô,
Espreitano pela frô
Tocaiado da sodade,
Viveno mais sem maldade
Nas ispera dum calô.

Dirrepente nas istrada,
Uns moço tudo enfeitado,
Todos treis acoroado,
Disparado em debandada
Surgiro como do nada,
Me preguntaram se vi
A bela istrela a caí
Quar era essa direção,
Apontei lá pru sertão
E vi us tres prossegui...

Um brío qui nunca vi,
Arreparei lá no fundo
Crareava todo o mundo,
Coisa qui nem esqueci,
Deu vontade de parti,
Mas acabei por ficá,
Eu vi o só a raiá,
Na noite do meu nordeste,
Eu sô cabra da peste,
Mintira num vô contá!


Tucanolândia Parte 1
Tucanolândia - capítulo 14 - depois de aberta a porteira, desmancha-se a fazenda.


Havia, em Tucanolândia, duas regiões distintas onde era enorme a necessidade de se estimular o desenvolvimento econômico regional, pois a disparidade entre essas regiões e o restante do reino era gigantesca.
Uma delas, a Região Norte, era marcada por uma dificuldade natural muito grande, pois a floresta equatorial, sendo a maior do mundo, era um obstáculo tanto ao desenvolvimento quanto ao próprio povoamento racional da região.
Marcada pelo desmatamento descontrolado e pela grilagem das terras, desde o governo ditatorial, quando os militares eram senhores absolutos do poder em Tucanolândia, havia sido criada uma entidade para estimular o crescimento e o desenvolvimento da região, a SUDAM.
Paralelamente a isso, tivemos a criação da SUDENE, outra entidade cujo objetivo era o de estimular o desenvolvimento da região nordeste do reino. Essa região era muito seca, com períodos de estiagem prolongados, marcada pela miséria e subdesenvolvimento.
Pois bem, ambas as entidades tinham objetivos nobres e funcionavam custeando empréstimos e investimentos em projetos para a criação de divisas e de empregos, dando a estabilidade necessária para o desenvolvimento regional.
A SUDAM emprestava dinheiro a juros abaixo do mercado para quem quisesse investir na região equatorial, e a SUDENE, subsidiava recursos para que estes investimentos fossem feitos na região Nordeste do reino.
Para se ter uma idéia da disparidade entre o resto do reino e essas regiões, a mortalidade infantil da região Nordeste e a expectativa de vida eram compatíveis com as dos países mais pobres da África e da Ásia.
Coisa triste de se ver e absurda num reino tão grande e, potencialmente, rico quanto o da Tucanolândia.
Mas, havia no reinado um tipo de sanguessuga que enojava até os piores vampiros da história, especializado em sugar sangue de anêmico e faminto.
Ao perceber que havia esse subsidio, essas sanguessugas tenebrosas começaram, sistematicamente, a pegar dinheiro emprestado para fazerem obras fantasmas ou que eram de porte muito inferior ao declarado.
Com a falsificação de documentos, inclusive a emissão de notas fiscais frias, obtiveram fortunas em empréstimos vergonhosos.
A quantia de dinheiro obtida através da SUDAM chegou a dois bilhões de reais, e através da SUDENE ultrapassou um bilhão e quatrocentos milhões de reais.
Isso devidamente denunciado, provocou uma reação inteligente e enérgica do Rei Fernando Henrique Caudaloso.
Ao invés de, como era de se esperar, tentar resgatar a quantia de dinheiro, pelo menos em parte, subtraída e punir os responsáveis, o Rei FECHOU AS SUPERINTENDÊNCIAS.
A atitude sensata do rei de, mesmo se tendo a percepção da utilidade e da necessidade de se criarem mecanismos para a proteção e estímulo ao desenvolvimento dessas regiões, fechar e acabar com as entidades, nos faz crer o quanto era inteligente e sagaz nosso rei.
A partir daquele dia; a porteira aberta, o gado fugindo, nosso querido mandatário mandou destruir a fazenda.
Quem comeu, comeu, quem mamou, mamou...
E o anêmico e faminto povo das regiões famélicas de Tucanolândia ficou a ver navios, ou o gaiola se preferir...


Tucanolândia - capítulo 13 - NEGÓCIO DE PAI PARA FILHO...


O Rei Fernando Henrique Caudaloso queria ficar mais quatro anos à frente do Reinado da Tucanolândia, como vimos antes, e um dos principais fatores da sua boa popularidade entre os habitantes do Reino era o Plano Real, arquitetado pelo rei Topete Primeiro, seu antecessor.
O mundo passava por uma crise econômica e o Reinado Tucanolândia não era exceção. Para se manter a paridade entre o real e o dólar, carro chefe da campanha presidencial de Dom Fernando Henrique Caudaloso, seria necessário uma mágica econômica que custaria aos cofres públicos uma fortuna para manter o câmbio, artificialmente, em baixa.
Obviamente, isso custou ao Reinado uma verdadeira fortuna, arrancada das reservas nacionais. Isso, obviamente, não preocupava nosso narcisista Rei, para quem o que importava era manter o poder.
Até aí tudo bem, mas o que espantou a todos foi que, além de praticar essa mágica fantástica, assim que o câmbio foi corrigido, vários bancos e instituições financeiras, parece que o número cabalístico de vinte e quatro, obtiveram informações privilegiadas, o que permitiu que se comprasse dólar a um real e se vendesse pelo dobro do preço, poucos dias depois.
Negócio de pai para filho, sendo que quem pagou o pato foi o povo de Tucanolândia, mas isso pouco importa...
Tivemos também um caso muito interessante, havia dois bancos no reino da Tucanolândia, que tinham importância vital para a população do país:
Um deles, era o Marka e o outro se chamava FonteCindam, eram extremamente populares sendo que, nove em cada dez habitantes do reinado tinham suas economias aplicadas nestes bancos...
Pois bem, o Banco Central do Reino, injetou um bilhão e seiscentos milhões de reais nestas instituições financeiras tão importantes para a economia do povo, emprestando dinheiro a dólares com valores abaixo do mercado, lembrando-se que essa grana foi liberada em um só dia!
A desculpa é que se esses bancos quebrassem, a economia do Reinado ia para o buraco...
Interessante se dizer que, apesar do presentinho, os bancos faliram e o reino, por incrível que pareça, não.
Aliás, os milhões de súditos que nunca tinham ouvido falar nos tais bancos, inclusive esse que vos fala, só souberam do rombo depois.
Falando nisso, o presidente do Banco Central à época foi condenado, em primeira instância, a dez anos de cadeia.
O dono dos Bancos, um italiano chamado Salvatore, e não é da pátria não, se mandou para a Itália e nunca mais vai esquecer sua aventura em terras tropicais, nem ele nem seus descendentes que têm o futuro garantido graças à bondade do Rei Fernando Henrique Caudaloso e seus amáveis e receptivos súditos...
Em tempo, essa oposiçãozinha vagabunda não tem jeito não, pois imaginem que até falar que tinha um esqueminha de venda de informações privilegiadas dentro do Banco Central, havia...
Vê se pode!!



Tucanolândia - capítulo 12 - Vale o que está escrito

Uma das coisas que mais chamava a atenção no reinado de Fernando Henrique Caudaloso era o cumprimento da palavra dada, só comparável à máxima dos banqueiros do jogo do bicho: “vale o que está escrito”.
Todos sabem que, em Tucanolândia, uma das coisas mais honradas é o jogo do bicho. Se você ganhar a aposta, pode ter certeza de que ganhará o prêmio, nada mais certo que isso.
Falando em banqueiro, Fernando Henrique Caudaloso, inspirado nesse exemplo, fez um programa de salvação dos bancos, o famoso PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional).
Este programa, de total interesse nacional, já que as economias do povo do reinado, principalmente as pequenas economias dos mais pobrezinhos, iam para as cadernetas de poupança, aplicações comuns no reino, estavam todas no sistema financeiro do país.
Em um ato de total desprendimento e amor à pátria, com o sentimento verdadeiramente cristão, Dom Fernando Henrique Caudaloso primeiro, pensando no bem estar do povo, principalmente dos mais pobres, resolveu ajudar os pobres banqueiros que estavam tendo prejuízos enormes no reinado.
Os bancos das províncias, todos estatais, deveriam ser privatizados, já que, como sabemos, o povo do reinado não estava preparado para administrar os seus bens e, embora os políticos locais fossem de uma integridade ímpar, era melhor sanear as dívidas desses bancos antes de vendê-los, com altos lucros, para a iniciativa privada.
Pois bem, tal ato de heroísmo custou aos cofres públicos, segundo Fernando Henrique Caudaloso, somente cerca de dez bilhões de reais, embora para os presidentes do Banco Central de Tucanolândia tenha sido um pouquinho mais, cerca de trinta bilhões e para alguns economistas do Cepal, um outro tanto, cerca de cento onze bilhões, coisinha pouca, já que representam somente pouco mais de onze por cento de todas as riquezas nacionais.
Mas a palavra de honra é mais importante que tudo, e isso não tem preço.
A oposição ao Rei Fernando Henrique Caudaloso, essa oposição sem nenhum patriotismo e sem honradez, somente pelo fato de que um dos parentes do Rei ser casado com uma herdeira de um dos bancos ajudados, o Nacional, acusou o pobre rei de favorecimento.
Com essa ação, as pobres economias do povo de Tucanolândia, principalmente as Cadernetas de Poupança foram salvas, num heróico ato do Amado Rei...





Tucanolândia - capítulo 11 - eu assinei isso?


No reino da Tucanolândia, em 1998, a Presidência do Tribunal Regional do Trabalho do Estado de São Justo, achando que o prédio em que estava lotado era pequeno, resolveu construir um novo, grande e moderno.
Como se sabe, a justiça trabalhista sempre foi um dos maiores orgulhos do reino, com uma justiça ágil e competente.
O trabalho escravo, de há muito tinha sido erradicado do reinado, sendo extremamente raro um caso em que o trabalhador não tivesse as garantias trabalhistas.
O presidente do Tribunal, tinha tido a brilhante idéia de fazer essa mudança e, ao contrário do seu homônimo mais conhecido por Papai Noel, resolveu “cobrar” pelos direitos autorais, afinal ninguém é de ferro e uma obra de tamanha importância e relevo não era, assim corriqueira.
Pois bem, os royalties ficaram somente em cento e sessenta e nove milhões de reais, coisa bem pouca para um reino tão rico quanto o de Tucanolândia.
Claro que uma ação assim não seria isolada, teria que ter tido o apoio de outros cidadãos influentes no reinado.
Um deles, senador eleito pela capital do reinado, Tucanolandópolis, teve seu nome firmemente associado ao delito.
No escândalo que se deu, não houve jeito, cassaram o senador e prenderam o juiz.
Coisa rara àquela época, tivemos a punição dos dois.
O problema é que, a obra tinha sido analisada e condenada pelo Tribunal de Contas do Reinado.
E, para que fosse aprovada, tinha que passar pelo clivo do Rei Fernando Henrique Caudaloso Primeiro. Esse, como um dos maiores intelectuais do reino, surpreendentemente afirmou, num ato de auto crítica, que NÃO TINHA LIDO O QUE TINHA ASSINADO!
Depois, um dos analistas mais conhecidos do reino, justificando o fato, afirmou que era compreensível que um homem como aquele, doutor honoris causa de várias Universidades Européias e Nacionais, como a Faculdade de Ciências Ocultas e Letras Apagadas de Piriri do Norte, uma província famosa de Tucanolândia, estava genialmente distraído...
Uma outra coisa interessante ocorreu no julgamento do Senador de Tucanópolis: havia um painel, aparentemente inviolável, de votação; mas, dois senadores curiosos e amigos da turma que programara, eletronicamente, o painel de votação, tiveram acesso à lista de votação, afirmando que sabiam quem votou contra ou a favor da cassação do Senador.
O interessante é que um deles, um baiano famoso, Toninho Bondadeza, disse que uma das maiores adversárias do Governo, uma senadora famosa da oposição, tinha votado CONTRA a cassação do senador.
Depois disso, ambos renunciaram para não serem cassados, coisa em que foram imitados anos depois por outros políticos.
Ah, em tempo, um dos maiores críticos da atitude desses parlamentares foi Patrick “Olha a faca”, neto de Toninho Bondadeza...





Tucanolândia 10 - Disk denúncia – a grande sacada.


Além do que vimos no capítulo anterior, tivemos outra situação genialmente bolada pelo Ministro Joseph Mountain.
Como complemento á tática muito bem empreendida contra os Hospitais, Joseph resolveu achar mais um grande culpado pela situação em que se encontrava a saúde do reino.
Com o sucateamento da tabela do SUS, congelada por vários anos, para consultas e procedimentos médicos, o que obriga os profissionais de saúde a acumularem vários empregos para manterem um certo padrão de vida, já que o preço do procedimento profissional era de dois reais e quarenta centavos, Mountain resolveu investigar a vida dos profissionais, ladrões e facínoras em potencial, com a artimanha de mandar cartas aos pacientes e solicitando que estes denunciassem os “bandidos” da máfia de branco.
Realmente, um profissional que trabalha com uma arma terrível como o bisturi, e se aproveita de que a vítima está anestesiada para causar graves e profundas lesões corporais, além de se utilizar de drogas capazes de matar, é um bandido em potencial. O fato de exercer essas ações para tentar salvar vidas é de somenos importância, apenas um pequeno detalhe.
Pois bem, partindo do pressuposto que os médicos eram as verdadeiras sanguessugas do erário público, capazes de, qual fossem morcegos hematófagos, sangrarem a exaustão o tão bem protegido e cuidado, dinheiro público, vemos que tinha suas razoes.
Pena que a idéia não prosperou, imaginemos um disk denúncia para professores que não dessem a nota que os pais imaginassem que seus filhos merecessem, um disk denúncia para advogados que não conseguissem ganhar causas, para jogadores de futebol que perdessem pênaltis, para donas de casa que deixassem queimar o arroz, para policiais que não prendessem o ladrão.
De Ministros que não conseguissem resolver os problemas ligados à sua pasta, de juizes de futebol que “roubassem” do meu time, de prostitutas que não dessem o prazer prometido, de maridos e mulheres que não funcionassem a contento, e por aí adiante...
Agora, a idéia mais fantástica seria um disk denúncia para políticos que não cumprissem os compromissos de campanha ou que inaugurassem obras inacabadas, que desviassem dinheiro público, que praticassem nepotismo, que contratassem funcionários sem concurso, baseados simplesmente em fatores eleitoreiros.
Políticos que se utilizassem de influência para ganhar licitações, para conseguir tirar presos da cadeia, de utilizarem veículos públicos para proveito próprio, etc...
É, acho que, nesse caso, as linhas disponíveis para o disk denúncia político, teriam teias de aranha, de tão poucas denúncias haveria...





Tucanolândia capítulo 9 - de como não transferir verbas e transferir a culpa


No reinado da Tucanolândia, o sistema de saúde passava por um momento ímpar: com o plano real, um plano econômico muito bem feito pelo Rei Topete primeiro, a inflação estava quase que totalmente zerada.
Mas, o real que estava equivalendo-se, no início, ao dólar, teve uma desvalorização de mais de cinqüenta por cento, sendo que o salário mínimo tinha tido um crescimento parecido. Tudo em Tucanolândia aumentava de preço, menos a tabela do SUS.
Esta estava congelada desde o início do plano real, embora a inflação e os custos de manutenção dos hospitais aumentavam a cada dia.
Joseph Mountain, em uma brilhante jogada de mídia, ao invés de aumentar a remuneração, tanto de médicos quanto dos prestadores de serviço, teve uma brilhante idéia.
Esquivando-se da responsabilidade sobre a piora da situação da saúde pública, imaginou uma jogada genial:
Passou a ranquear os hospitais, conforme pesquisa feita com os pacientes.
Estes, longe da realidade que afligia os hospitais, passaram a ter a percepção de que, quem era responsável pela má qualidade não era o Ministério da Saúde que, na verdade, estrangulava economicamente os prestadores de serviço, mas sim estes, os estrangulados...
Com essa fantástica jogada de Marketing, vimos os profissionais de saúde expostos a uma cruel “realidade”.
Eram eles, e somente eles, os culpados pelos maus serviços prestados.
Em última análise, tivemos uma situação extremamente “confortável” para quem atuava, inclusive este que vos fala, na saúde pública ou credenciada.
A remuneração de uma consulta médica, passou de dois reais e quarenta centavo, num salário mínimo de sessenta e oito reais, para dois reais e quarenta centavos num salário de mais de cem.
Desta forma, extremamente inteligente, Joseph Mountain passou para a população que os médicos e hospitais eram os verdadeiros culpados de faltarem medicamentos, e condições de atendimento.
Essa foi mais uma genial jogada de marketing político de Joseph, idéia que nem os marqueteiros mais geniais poderiam sacar.
Em tempo, os hospitais mais ricos, aqueles que não dependiam do SUS, passaram a ter propaganda gratuita do Ministério da Saúde; já os mais pobres, cuja renda era quase estritamente oriunda do SUS, foram os verdadeiros vilões da má gerência da saúde pública


publicado por marcos loures às 00:37 | link do post | comentar | adicionar aos favoritos


Tucanolândia capítulo 8 - Bom para otário, genericamente falando...

Havia no reino da tucanolândia, uma verdadeira máfia formada por alguns laboratórios ligados principalmente a produção de medicamentos de fundo de quintal, remédios similares aos produzidos por grandes laboratórios. Tinham um custo de produção menor, sem investimentos em pesquisas e qualidade na produção.
Esses medicamentos apresentavam uma característica de comercialização ímpar.
Eram chamados de “bonificados”, pois a venda destes produtos para as farmácias era associada ao fornecimento de vantagens para os donos destes estabelecimentos comerciais.
Na gíria farmacêutica, esses produtos bonificados eram chamados de BOs ou seja “bons para otários”.
Por exemplo, se você vendesse um BO, ganhava outro de brinde, ou tinha descontos gigantescos na compra de outro tipo de produto do mesmo laboratório, tipo “antigripais”, “pastilhas para garganta”, remédios para o “fígado”, etc.
Como para Joseph Mountain, famoso ministro da saúde de Tucanolândia, o que importava era a propaganda a qualquer custo fazendo um lobby tão perfeito e com uma exploração midiática muito bem feita que lhe deu até premiação no exterior, bem merecida como estamos vendo, este resolveu fazer do limão, a limonada.
Como o nome “bom para otário” ficaria muito pesado e, buscando uma forma genérica que desse bom resultado, teve a brilhante idéia de criar os Genéricos, nada mais nada menos do que os BOs disfarçados...
A base de bajulação e puxação de saco do governo da Tucanolândia, formada, em sua maioria por quem teve acesso direta ou indiretamente às benesses do Governo Fernando Henrique Caudaloso nas privatizações “heróicas” que, segundo alguns boçais “salvaram” o país e livraram o povo da “difícil” carga de possuir bens de consumo ou de serviços, já que para a mentecapta gente que assim pensa, o Estado não pode possuir nada, sendo mais difícil entender que uma empresa bem administrada pode dar lucro, sendo ou não estatal, mas isso é outro assunto; voltemos aos “Genéricos”.
Pois bem, a partir de atitudes como essa, Joseph passou a se considerar “The best”.
E a base de bajulação aplaudiu mais esse ato genial – oficializar o ‘Bom para otário” como se fosse uma grande idéia.
os laboratórios de fundo de quintal se assanharam tanto que passaram a comandar as listas de lucratividade no setor.
Ah, sem esquecer-se de que, nunca na história do reino, se falsificou tantos medicamentos como naquele tempo...




Tucanolândia - capítulo 7 - Do dengo e da cólera




Um dos principais nomes do reinado de Fernando Henrique Caudaloso era o do seu genial ministro da saúde Joseph Mountain; famoso economista que, quando criança, se apaixonara pelo Almanaque do Biotônico Scott, conhecidíssimo em Tucanolândia como um dos maiores compêndios de medicina popular.
Joseph tanto lera o dito almanaque que se considerava um expert em saúde.
Pena que o vestibular para medicina era mais difícil, por isso se tornara economista.
Grande perda para a saúde de Tucanolândia, que já contava com vários grandes especialistas, como Toninho Bondadeza e Geraldo Aidimin, cujos trabalhos publicados no mundo inteiro, enchiam de orgulho a ciência do reinado.
Mountain pode demonstrar sua sapiência sobre o assunto no programa de televisão Show do Mouse, conhecido apresentador de TV que tinha como ponto forte a assistência social, distribuindo testes de paternidade para a população mais carente, ao responder sobre a epidemia “da” cólera e sobre “o” diabetes, sugerindo que se fervesse a água a sessenta graus.
Mouse tentando corrigi-lo disse que a água fervia a noventa graus, ao que, dentro de toda a sua capacidade, Mountain respondeu que “quem fervia a noventa graus era o ângulo reto”.
O reino da Tucanolândia estava passando por turbulências econômicas, quando o rei Fernando Henrique Caudaloso resolveu cortar os empréstimos às estatais e autarquias responsáveis pelo saneamento básico; pois tinha, como vimos anteriormente, um salutar apreço pelo dinheiro público.
As estatais, como vimos, somente serviam para atrapalhar, então era melhor sucateá-las, reformá-las e, depois, vender. Esse jeito de governar já tinha surtido efeito nos casos da Telefonia e da produção mineral, porque não iria dar certo na saúde?
Mountain aplaudiu a medida, sábia medida.
Mas, como Deus era tucanolandês, mas estava de folga naqueles dias, não é que, por falta de saneamento, começaram a aparecer várias epidemias no reinado. Até doenças como o Tifo e o Cólera que estavam desaparecidas de há muito ressurgiram...
A dengue, explicada depois ao Ministro Joseph que não significava preguiça, mas uma doença causada pela picada de inseto, assim como a leishmaniose visceral, começou a ter alguns casos notificados.
Joseph, querendo saber mais sobre a doença e esclarecer à população sobre quem era ou o que era o dengo – dengo não! Dengue!, resolveu iniciar uma campanha de esclarecimento.
Pois bem, o caso era de esclarecimento mas, como diria Osvaldo Cruz, também de ação direta, com agentes esclarecendo e atuando com a população.
Mas, Joseph, confiante que o povo lia também o Biotônico Scott, como “só” tinha 85 milhões de reais, gastou 82 com a propaganda e três com os agentes.
Propaganda muita, ação pouca, moral da história: somente num dos estados do reino da Tucanolândia, tivemos em quatro meses, duzentos mil casos com “apenas” sessenta e três mortes.
Ah, em tempo, depois de algum tempo, o rei Fernando Henrique Caudaloso amante da medicina preventiva, como vimos acima, resolveu investir num programa cubano de saúde pública, maravilhoso, mas feito de maneira digamos, um pouco eleitoreira, mas isso é outra história.
Quanto a Joseph, falaremos dele mais tarde, mas isso são outros quinhentos...





Tucanolândia - capítulo 6 - Sobre como se reforma e se vende uma prestadora de serviços, à moda Tuca

Foi um verdadeiro ato de genialidade e de bom uso do dinheiro público a privatização do sistema de telecomunicações em Tucanolândia. Uma verdadeira sucessão de denúncias e escândalos. Foi uma negociata num jogo de cartas marcadas, inclusive com o nome de FHC citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários "grampos" a que a imprensa teve acesso comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades do governo tucano. As fitas mostravam que informações privilegiadas eram repassadas aos "queridinhos" de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas estrangeiras e nacionais pagaram pelo sistema Telebrás, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à "venda", o governo tinha investido na infra-estrutura do setor de telecomunicações mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES, nas mãos do tucanato, ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio, em detrimento dos interesses do povo brasileiro. Uma verdadeira rapinagem cometida contra o Brasil e que o governo tucano impediu que fosse investigada. A privatização do sistema Telebrás - assim como da Vale do Rio Doce - foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de FHC e do senador José Serra e ex-diretor da Área Internacional do Banco de Tucanolândia, é acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale, e de ter cobrado R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende.Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco de Tucanolândia. Além de vender o patrimônio público a preço de banana, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o controle de estatais privatizadas. Quem mais levou dinheiro do banco público que deveria financiar o desenvolvimento econômico e social de Tucanolândia foram as teles e as empresas de distribuição, geração e transmissão de energia. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou 686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

Hoje, em pleno 2006, observamos que houve realmente uma melhora acentuada nos serviços de telecomunicações.
Se observarmos, as empresas ligadas à telefonia são as campeãs em reclamações, demonstrando que valeu muito esse investimento altamente coerente e insuspeito.
Quanto aos amiguinhos de Don Fernando Caudaloso, como todos os outros, saíram impunes.
É claro que tivemos outros probleminhas envolvendo a telefonia na Tucanolândia, inclusive o investimento de cinco milhões de reais em uma empresa, por acaso líder no mercado, com participação acionária nesta. Observa-se que esta mantém um programa de televisão, também líder de audiência no setor.
O que, convenhamos é muito mais escandaloso e com perdas muito mais significativas que o ocorrido no tempo de Fernando Henrique Caudaloso, vulgo FHC, primeiro.




Tucanolândia capítulo 5 - Vale muito mais do que pesa...

O rei Fernando Caudaloso, depois de conseguir se manter por mais quatro anos no poder, resolveu, não se sabe se por acaso ou não, inaugurar um novo modismo no reinado da tucanolândia.
A partir do preceito de que é mais fácil destruir ou vender do que administrar com seriedade e competência, resolveu se desfazer dos bens do reino.
Decisão tranqüila e fácil, já que um outro Fernando colocara a culpa de todos os desmandos do país nos funcionários públicos, muitos deles concursados e, com justiça, donos de seus postos de trabalho.
Pois bem, depois de um tempo, começaram as “vendas” do patrimônio público, às duras penas criado, para quem quisesse comprar.
Foi uma festa. Leilões e mais leilões, a liquidação chamou a atenção do mundo inteiro.
Aceitara-se tudo como moeda de troca, inclusive papéis de dívidas públicas envelhecidos, sem valor de mercado, mas com grande valor na hora da compra do patrimônio, inclusive com superfaturamento de alguns.
Com a desculpa de que a telefonia era obsoleta, o controle das linhas telefônicas que era um patrimônio particular, passou a ser das “concessionárias”. Vamos fazer uma analogia com a casa própria, a partir de agora, ninguém pode ser proprietário de uma casa, os imóveis passariam a ser desapropriados por preço pré estabelecido e quem recebesse “a concessão”, passaria a alugar todas as casas do país.
Medida genial como essa, só no reino da Imbecilândia.
Mas, o pior ainda estava por vir. A produção de energia continuaria sendo bancada pelo povo, mas a administração da venda dos serviços, passaria a ser dos “concessionários”.
Havia no reino, uma empresa que era tida como o “orgulho nacional”, a menina dos olhos do povo.
A Vale que, entre suas riquezas, tinha jazidas minerais incalculáveis, portos, ferrovias, rede de transportes, etc.
A avaliação de seus bens chegava a mais de trinta bilhões de dólares, com faturamento trimestral de três bilhões.
Advinha o que aconteceu? Fernando Caudaloso não se fez de rogado, aceitou os três bilhões dados...
Peraí, de entrada?
Não, de valor total.
A pergunta que não quer calar é a seguinte : ISSO É SINAL DE INCOMPETÊNCIA OU DE CORRUPÇÃO, E DAS GROSSAS!
O resto que sobrou; Furnas, Petrobrás, Eletrobrás, entre outras, estão na alça de mira de Geraldo Saidemim, candidato da ala tucana ao reinado da tucanolândia, mas isso é outro capítulo da história...



Tucanolândia - capítulo 4 - Ainda bem que quem pagou não foi Fernando...


Na tucanolândia, a cada quatro anos, pela constituição vigente, haveria necessidade de eleição para a mudança do chefe de estado, sendo proibida a reeleição.

Fernando Caudaloso, famoso pela sua maneira de governar, num escandaloso “toma lá dá cá” sem paralelo na história do pequeno reino tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, estava numa encruzilhada.

Gostou de ficar ali, com suas mordomias, suas viagens ao exterior pagas pelos contribuintes do reinado.

Inclusive, como o avião oficial do reino estava meio que meia bomba, velhinho como ele só, Fernando gostava de ir em aviões fretados, onde levava vários convidados para passearem na Europa ou nos Estados Unidos, motivo pelo qual ganhou o apelido de Viajando Caudaloso...

Essa oposição é fogo, o quê que tem umas voltinhas pela Europa, um cheirinho de civilização não faz mal e, além disso o rei gostava de matar saudades da belle France. Aquilo é que era país para se viver, que idioma fantástico, nada dessa coisa estranha falada em tucanolândia.

Aliás, de vez em quando recebia um ou outro título ou comenda, e tinha que comparecer, isso fazia tão bem ao ego...

Na Constituição do Reino, haveria necessidade de ter dois terços dos votos para uma mudança tão profunda...

O que fazer? Se fosse menos que isso, a base de bajulação bastaria, pois essa já o tinha ajudado a fazer a “Abafadoria Geral” e os engavetamentos das encrencas anteriores.

Mas, esse caso era diferente. Não bastavam as distribuições de favores do orçamento não, os parlamentares queriam mais.

Quando soube da novidade, ficou assustado.

Acostumado a dar milhões de dólares a banqueiros, acreditava que, dessa vez, a situação estivesse perdida.

Conversa vai, conversa vem, teve uma grata surpresa.

Ô povinho barato esse da tucanolândia. Menos de cem mil dólares para cada um.

Saiu quase de graça, mais quatro anos para poder passear, poder fazer favores para os amigos, que maravilha!

Mas, mal sabia ele que havia um grupo de curiosos e fofoqueiros, precursores de um famoso Senador da Terra dos coqueiros, o Bondadeza, que gravaram uma conversa entre dois tagaleras deputados.

A casa parecia que ia cair, ainda mais que os dois, não agüentando a pressão caíram fora. Claro que depois de aprovada a mudança constitucional.

Mas, como o nosso Fernando tem um pé na cozinha, fez promessa para Sete Flechas, entidade protetora dos partidários de Don Fernando Caudaloso, tudo deu certo no final.

A que preço não sabemos, mas mais uma vez, conseguiram engavetar mais um escândalo.

Acredita-se que ficou bem cara a reeleição de Fernando, mas quem pagou a conta foi o povo, então, usando o raciocínio dos fernandófilos, ficou barato...




Tucanolândia - capítulo 3 - Lugar de pasta é na gaveta...

Em meio a um monte de irregularidades, Fernando Caudaloso primeiro, rei da tucanolândia, seguia seu reinado sem atropelos, já que o esquema armado para inibir qualquer investigação sobre as denúncias que fossem feitas, funcionava tranquilamente.
Tudo bem que a oposição fizesse o maior berreiro, mas a retranca armada pelo comandante era mais forte do que o famoso ferrolho suíço.
Falar em suíço, a gente se lembra de queijo e de bancos, bancos nos levam à praça e banqueiros.
Os banqueiros “boa praças”, no entendimento do rei, foram acusados de bancarem as campanhas políticas dos aliados de Fernando Caudaloso primeiro.
Haveria um dossiê, chamado de pasta lilás, que circulava no reino, denunciando o fato.
A comprovação ou não de tal maracutaia, dependeria da investigação do Ministério Público, já que a retranca armada pelo rei, dentro do Parlamento, era insuperável.
Fernando, homem sagaz e político inteligente, associado com os civis servis que serviram aos tempos negros do reinado, na ditadura que se estabelecera por mais de vinte anos em tucanolândia, não pestanejou:
Nomeou Geraldo (mais um), como Procurador Geral do Reinaldo, Geraldo geral do reino, por suas características de fidelidade ao Rei, não permitiria nunca que se aprofundassem quaisquer investigações sobre as denúncias feitas.
Com um procurador que não procura e, se encontra, finge que não vê, não poderia ter dado outro resultado: O dossiê foi parar numa Gaveta qualquer, de onde surgiu o apelido dado ao Procurador Geraldo, mais conhecido como Engavetador Geral do Reino.
A pasta lilás nunca foi investigada profundamente, desbotando de tanto ficar na gaveta. A última notícia que temos é que as traças “traçaram” o documento, que cumpriu a sina de todos os inquéritos e investigações sobre o reinado de Caudaloso. Do pó vieram ao pó retornaram...
Somente restou o gosto amargo de mais um escândalo abandonado sem a devida investigação.
Mas, como disse um velho político do interior de Minas: “Nem sempre quem procura acha, ainda mais quando não se procura e, quando acha, nada melhor do que uma gaveta para que o assunto seja esquecido”





Tucanolândia - capítulo 2 - Abafadoria Geral da União


Estamos em janeiro de 1995 no reino da tucanolândia. O antigo rei, Topete primeiro, de olho nas maracutaias e trambiques contumazes naquele reino beira mar, havia criado uma comissão de investigação, feita por representantes das mais variadas áreas do povo do reino.
Entre os representantes da igreja, dos sindicatos dos advogados, dos órgãos de classe, havia tantos aliados como contrários ao Rei de Plantão.
Pois bem, Fernando Caudaloso, o sucessor de Topete primeiro, ao sentir que não poderia agir com liberdade, em um momento bastante estranho e duvidoso, extinguiu essa comissão.
A partir desse momento, a porta para as ilicitudes e ações suspeitas, como favorecimento de amigos, atos de corrupção passiva e ativa, entre outros, ficou escancarada.
Depois disso, começaram a aparecer denúncias a cada momento, todas as operações feitas pelo Governo foram abafadas, perdendo o controle da sociedade sobre todos os atos, mesmo que os mais escandalosos, dos “amigos” e aliados de Caudaloso.
Após seis anos de descontrole e sem nenhum órgão da sociedade que pudesse controlar os atos e operações ligadas ao governo, a sociedade resolveu reagir.
Os parlamentares da oposição resolveram criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os atos de corrupção.
Ao ver que a vaca ia para o brejo, Fernando criou um órgão de controle, a Controladoria-Geral que, ao contrário da anterior, não era composta por representantes universais da sociedade civil, mas sim ligada ao Governo, sendo conhecida como Abafadoria – Geral do Reino.
Assim foi durante o Governo Fernando, onde os trambiqueiros e corruptos navegaram num mar de tranqüilidade comparável ao da calmaria de quinhentos anos antes.
Com o final do mandato de Fernando Caudaloso, conhecido por esse nome pelo “mar” aberto nas fronteiras do reino, para a evasão de recursos, ao final do seu reinado, a Controladoria-Geral passou a ter uma importância enorme no controle da corrupção.
O fato da extinção e da posterior substituição desfigurada de um órgão de autocontrole dos ilícitos feitos com o dinheiro público demonstra duas coisas: 1- o Rei não estava muito bem intencionado. 2- a porteira aberta fez um estrago no futuro do reinado.
E, como diz o povo daquele lugar, arrombada a porteira, por onde passa um boi, passa uma boiada, mesmo que seja via Banestado..


publicado por marcos loures às 00:31 | link do post | comentar | adicionar aos favoritos


Tucanolândia - capítulo 1 - Projeto Sivam


O esquema já estava montado, não fora difícil convencer o embaixador a entrar com a influência que tinha sobre o Governo daquele Reino do terceiro mundo. Famoso pelas transações que envolviam sempre desvio de verba para corrupção do governo.
Sempre, desde a década de sessenta, a tão falada “caixinha” era sistematicamente usada pelo sistema público, desde os mais baixos escalões, para que desse andamento aos processos até aos mais altos, com finalidades várias, desde ganho de processos sem licitação até construções, através de empreiteiras, de obras públicas e de projetos “de segurança nacional”.
Esse era o caso, havia necessidade da proteção do espaço aéreo, já que a Grande Reino tinha uma vasta floresta e precisava de um sistema de vigilância abrangente.
Obviamente, o ministro da aeronáutica daquele reino estaria envolvido nas negociações, embora não se possa afirmar que sabia de alguma coisa.
O empresário em questão, chefe do cerimonial do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso utilizou-se do cargo, com ou sem o consentimento do rei, isso também são especulações, para fazer a negociata.
A questão é que a empresa ganhou, sem licitação, o contrato que ultrapassava um bilhão de dólares.
Isso mesmo, um bilhão de dólares, coisa de se espantar!
O Rei, ao saber do fato, demitiu os envolvidos ou forçou-os a pedir demissão. Gesto nobre, porém, como veremos a seguir, um tanto estranho...
Uma outra empresa ganhara o contrato para a instalação e desenvolvimento de softwares para o projeto, mas, como fraudara e falsificara guias de recolhimento da previdência social, foi afastada. Após isso, a empresa entrou em falência, mas ressurgiu com outro nome de fantasia e arrebatou tudo de novo.
Um bilhão de dólares para um reino pobre é dinheiro que não acaba mais, assustando até o presidente da maior economia do mundo, quando soube da “bagatela”.
O que poderíamos esperar de um homem sério, desejoso de proteger o capital nacional? A apuração e punição dos fatos, obviamente...
Ao se instalar uma comissão do congresso para analisar e punir, o que se viu, para espanto de todos, foi o esvaziamento dessa comissão. Ficando todos impunes...
Somente os habitantes daquela terra “abençoada por Deus”, ficaram a ver navios. E, pior, em plena selva tuconalandesa...


Tucanolância Parte 2


O seu grupo de apoio político tinha feito duas pesquisas eleitorais, por amostragem, a uma semana das eleições. A primeira foi feita com pesquisa telefônica e, a propalada diferença de votos entre o Rei Lulinha e o Gerardim, apresentava-se bem menor do que as apresentadas pelos institutos de pesquisa.

O pessoal do contra, como alguns jornalistas dos “governistas” O Estado de Saint Paul e a Folha de Saint Paul, argumentou que essa pesquisa estaria viciada, pois a penetração de Gerardim era maior entre as elites econômicas do reinado, portanto, donas da maioria das linhas telefônicas.

A outra pesquisa, essa inédita, mostrava o crescimento assustador da candidatura Gerardim, dando um empate técnico entre os dois candidatos, coisa de mais ou menos quarenta por cento para cada um.

Essa pesquisa é a mola propulsora para que os marqueteiros da candidatura tucana tenha maior garra e, como se sabe, garra é coisa que não falta aos tucanos.

Gerardim, depois que soube desses resultados, ainda não divulgados, ficou extasiado, sendo visto comendo numa churrascaria, entre brindes e sorrisos.

Na noite passada, dormiu e sonhou. Sonhou com o país todo privatizado, livre dessas estatais deficitárias e atrasadas. Parou num posto de gasolina, Shell, é claro, já que a Petrobrás tinha sido privatizada; passou no Banco de Boston, ex-Banco do Brasil, BB do mesmo jeito, sacou um dinheiro extra, foi com Dona Lu, comprar umas roupinhas da Dasulu.

Fez uma fezinha na loteria, numa dessas agências da Caixa Econômica Multinacional, pegou o Metrô, reparou como tinha ficado bonita a nova decoração do mesmo, homenageando a francesa Metraux, que tinha adquirido o metropolitano paulista.

Deu um real para um mendigo que pedia esmola em frente ao Palácio da Alvorada.

Receberia , naquela tarde, os presidentes dos EUA e do México, para tentar incluir reiniciar as negociações da ALCA depois teria um encontro com os representantes do FMI, para solicitar um emprestimozinho bobo, coisa de quarenta bilhões de reais.

Só neste empréstimo, daria um salto de quatro por cento no PIB, depois outro é que pagasse a dívida...

Iria se encontrar com o grupo de golfistas baianos capitaneado por Tonim Bondadeza.

À noite iria discutir a melhor forma de se evitar uma queda da produção energética com o seu vice, e iria cair nos braços de Lu.

Esta prometera usar um vestido diferente dessa vez, um dos quase quatrocentos malocados no closet do quartinho de empregada do pequeno apartamento funcional que tinham conseguido enquanto se fazia a reforma do palácio.

Claro que dona Lu não iria conviver com aquelas coisas bregas da antiga ocupante. A churrasqueira já tinha sido desativada; agora somente comidas leves.

A sala de acupuntura estava preparada para uma sessão no dia seguinte com o seu amado mestre japonês Mifu...

Aí, nesse instante, era anunciada a nova pesquisa: Lulinha tinha aumentado a vantagem.

Gerardim, irado mandou que se divulgasse a pesquisa bomba que lhe deixava empatado com seu opositor.

Assim, a pesquisa feita entre os filiados do partido de Gerardim foi mostrada para toda a imprensa...




Nas eleições que se aproximam em Tucanolândia, houve um fato que chamou a atenção dos mais atentos.

Um grupo de ex-aliados de Fernando Caudaloso passou a apoiar o Rei Lulinha, o que causou uma série de reclamações e uma posição um tanto quanto incoerente dos aliados de Gerardim, ex-Dom Gerald Aidimin.

Entre eles, temos alguns que, realmente já à época do antigo rei, não eram flor que se cheirasse mas tinham todo o carinho e rapa pés contumazes pela forma de governar do ex-rei.

Acontece que, pelo simples fato de não estarem mais do lado do antigo monarca, passaram a ser vistos como possíveis maculadores da candidatura oficial à reeleição.

Por outro lado, um antigo desafeto de Dom Fernando Caudaloso, o velho rei Topete Primeiro, a quem se deve, justiça seja feita, o plano de estabilização econômica logo usurpado pelo Tucano Mor, dom Fernando, o que justifica a fama de roubar ovos alheios da espécie, pelo simples fato de ter optado pela candidatura de Gerardim, passou a ser cantado em verso e prosa pelos ascetas tucanóides.

Gerardim, inclusive, passando por cima do Tucanão Fernando, passou a dar a paternidade do plano econômico ao verdadeiro pai. Tardia medida e até certo ponto hipócrita, mas justa.

Agora, muito interessante essa maneira de se conviver com as pessoas.

O que era ouro passou a ser titica, e o que era titica vira ouro.

Esta é a forma dos alquimistas tucanos tentarem fazer de Gerardim um candidato dourado...





Obviamente, como mudara de nome e de personalidade, Gerardim resolveu se esquecer de suas origens tucanas e passou a omitir totalmente o fato de ser ligado visceralmente ao antigo rei, de triste memória, Dom Fernando Caudaloso.

Mas, como tudo na vida tem duas faces, principalmente se não tem princípios muito fortemente consolidados, houve um fato inusitado.

Numa reunião de bacana, oops desculpe, de empresários para arrecadação de fundos para a campanha de Gerardim ao cargo de dirigente mor do Reinado, adivinhem quem estava lá?

Ele, o famoso e consagrado pop star da sociologia neoembromatoriológica, o propulsor da filosofia lazaroniana e luxemburguesa no reinado tucanolês: Dom Fernando.

Como, no mesmo dia, havia uma pesquisa de opinião demonstrando a queda visível da popularidade de Gerardim, o antes abandonado e esquecido urucubaquiano Dom Fernando teve voz e microfone à disposição.

E baixou a burduna. O mínimo que fez, dono da perdoável insensatez da senilidade, (embora sensatez nunca tenha sido seu forte mesmo), foi mandar incendiar o país.

É emocionante ver o velho professor, homem expulso pela ditadura militar, ter seus momentos de adolescente, nos remetendo à época dos movimentos estudantis. Senti-me em 1968, com dom Fernando por pouco não repetindo palavras de ordem, como “ arroz, feijão, e privatização” ou “burguês unido, jamais será vencido”!

Interessante foi a divulgação desses alaridos juvenis do velho senil, emergindo do seu mundo ostraniano, e nos dando essas pérolas de insanidade e inconseqüência.

Pobre Fernando, depois de tentar salvar a cidade, no dia seguinte, voltou ao velho ostracismo.

Cantava então um refrão de uma música de Chico Buarque que dizia, na última estrofe:

“Mas nem bem amanhecia

Partiu numa nuvem fria”...






Antes de continuarmos a nossa explanação sobre o Reino da Tucanolândia, temos que falar sobre algumas coisas que aconteceram enquanto a minha principal fonte de informações sobre tal reinado tirou umas merecidas férias.

As campanhas políticas para os governos provinciais e para a sucessão do Reino da Tucanolândia estavam correndo soltas com muito disse-me-disse e muito bafafá.

Dom Gerald Aidimin, ao perceber que não estava sendo muito aceito pela população do Reino, resolveu usar uma tática diferente.

Ao invés de mudar de estratégia política usando, por exemplo, uma forma mais popular de comunicação, decidiu-se por uma coisa inusitada: mudou de nome.

A partir de um certo dia, acordou e resolveu ser apresentado com o nome de Gerardim. Diminutivo de seu pomposo nome, no interior da província de Saint Paul.

Gerardim pra cá, Gerardim pra lá, conseguiu, a princípio, convencer meia dúzia de incautos.

Mas, com o tempo, as pessoas começaram a reparar mais de perto e perceberam que o novo candidato era como aquela lenda do lobo – cara de lobo, focinho de lobo, rabo de lobo e nome de cordeiro!

Obviamente, houve uma queda nas pesquisas a patamares idênticos aos anteriores.

Havia, no Reino, um fato interessante. A mídia era visceralmente ligada aos antepassados de Gerardim, (vulgo Dom Gerald), fato inclusive comprovado por uma simulação de eleição feita entre os jornalistas tucanolandeses.

Tal fato proporcionou uma série de ataques diários e repetidos da tal imprensa sobre o rei atual, Seu Lulinha.

Lula, é o apelido de Luis, no Nordeste tucanolandês, região mais pobre e faminta do reino, por isso dom Gerald achava que, com a simples mudança de nome, poderia mudar todo um passado de contradições e de privatizações dos bens públicos ou seja, do povo.

A fim de atualizarmos umas coisas que ficaram para trás, temos alguns fatos interessantes:

Uma das coisas afirmadas com veemência e repetidas vezes por Dom Gerald é a crítica ao fato de que Seu Lulinha não sabia de falcatruas acontecidas, segundo denúncias ainda não totalmente elucidadas, no Palácio do Governo.

A história nos fala de vários conchavos e traições arquitetados nos palácios de reinos mais avançados na Europa e em todas as partes do mundo; mas querem imputar a Seu Lula o poder da onipresença e onisciência, o que, realmente, não faz parte das características pessoais do atual Rei.

Acontece que, pelo que consta, a moradia de Gerard não

é assim, um palácio tão grande não mas, a sua esposa, tendo por hábito o gosto de andar bem vestida, recebera de presente cerca de trezentos a quatrocentos vestidos .

Haja closet, é muita raça de vestido e, por incrível que pareça, isso passou despercebido do nosso querido Gerardim, o que não nos parece ser impossível já que um homem tão assoberbado como nosso Dom Gerard não iria ficar perdendo tempo em reparar na reforma do guarda roupa do quarto.

Claro que o novo guarda vestido deve ter tido um acréscimo de mais ou menos uns seis a sete metros de comprimento; mas o nosso herói é muito distraído...

Realmente ele não sabia de nada...

Um comentário que ouvi outra semana demonstra o quanto soava verossimilhante e bem sucedida a mudança de Dom Gerald para Gerardim.

A dona Maricota, vizinha de longa data; disse-me o seguinte:

-Moço, aquele Gerardim que tá na televisão num é aquele moço, filho do seu Juca que é Gerente de Banco lá na Capitár? Se num é,parece...





Esses professores reclamam de barriga cheia.

Isso é uma verdade insofismável, ainda mais em Tucanolândia, principalmente na província de Saint Paul.

Imaginem o que é gastar 30 por cento do orçamento de uma província em Educação, mesmo que sejam os 33% que Dom Gerald afirma.

Não contentes com isso, esses deputados provinciais estão ficando malucos.

Imaginem só o que significa aumentar em quatrocentos e setenta milhões de reais a já polpuda fatia que vai para os ensinos superior e técnico.

Nada mais lúcido do que nosso querido Dom Gerald cortar, para o bem de todos, esses gastos.

Assim, como poderia sobrar dinheiro para coisas muito mais salutares e inteligentes, como salvar bancos quebrados, por exemplo.

O povo vive é de pão e não de caneta. Tenta ver se você consegue comer um lápis ou um caderno, não vai dar boa digestão não.

Aliás, intragável é esse pessoal que vive dizendo que a saída do país é a educação; qualquer analfabeto sabe que a melhor saída é Nova York...





Mantendo a coerência, Dom Gerald Aidimin, numa atitude exemplar, extinguiu um programa absurdo: o Pró –Universitário.

Vamos e venhamos, nada mais injusto do que um curso pré vestibular gratuito, independente de ser para quem quer que seja.

Quem tem competência que se estabeleça, e o sol nasceu para todos.

O sentido igualitário de Dom Gerald serve de exemplo para todos; as injustiças começam aí;

Por que a classe média e os súditos mais abastados que, na verdade, são os maiores contribuintes em impostos no reino ,deveriam pagar as mensalidades caríssimas cobradas pelos cursinhos particulares e aqueles que, por um simples fator econômico, que não pagam os mesmos impostos, teriam cursinho de graça?

É um abuso isso. Se pararmos para pensar, os impostos devem retornar em benefícios para o cidadão, confere?

Pelo raciocínio lógico de Dom Gerald, quando o rico paga impostos, esses nunca poderiam se reverter para contribuir com o aumento da competitividade dos que pagam menos impostos com os filhos dos que pagam mais.

Esse negócio de pagar para o “adversário” ficar mais forte não cabe na cabeça de ninguém com bom senso.

Além disso, se observarmos que isso implica num gasto anual de três milhões de reais, que criariam somente cinco mil matrículas, a relação custo e benefício seria muito baixa.

Afinal, para um Reino pobre como o da Tucanolândia, três milhões de reais aplicados em Educação é muito, se compararmos com o que foi gasto com outros setores, como a cultura e a facilitação para a sobrevivência do setor produtivo; muito mais importantes para os súditos tucanolandeses...






Dom Gerald Aidimin, grande empreendedor tucanolandês, tinha como característica principal um amor gigantesco à cultura e a arte, além de um interesse exemplar em relação à tecnologia e ciência.

O maior problema é que, havendo uma cultura em Tucanolândia de que tudo aquilo que fosse importado era melhor; lucidamente, Dom Gerald, tão admirador da cultura européia e norte americana quanto Dom Fernando Henrique Caudaloso, achou por bem diminuir os investimentos em pesquisas tecnológicas.

Havia um instituto, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Tucanolândia), que durante mais de cem anos financiava pesquisas para o desenvolvimento econômico e fortalecimento da indústria saint-paulina.

Pois bem, tal Instituto começou a agir contrariamente à filosofia de Dom Gerald. Estava começando a criar uma tecnologia tipicamente tucanolandesa o que, como todos sabemos, significa produtos de qualidade inferior ou, pelo menos, sem o charme dos produtos importados ou com tecnologia importada.

Não deu outra, dom Gerald, coerente com sua filosofia de tentar dar ao povo tucanolandês cultura e arte, como vimos no apoio a Dasdu, cortou pela metade os investimentos no tal IPT.

Obviamente não haveria necessidade de tantos funcionários, portanto, dom Gerald reduziu em dez por cento a quantidade de empregados.

Aliás, contasse a boca pequena, e isso parece mais intriga da oposição, que um outro motivo impulsionou dom Gerald na sua decisão.

IPT parece coisa daquele pessoal da periferia saint-paulina, aqueles socialistazinho de mèrde.

Se ainda fosse IPSDB ou IPFL, ainda dava pra aturar, mas IPT...






No Reino da Tucanolândia, como vimos acima, tínhamos uma elite econômica e social de dar água na boca aos paises mais ricos do mundo.

A Tucanolândia chegou a ser chamada de Belíndia; ou seja, uma parte do reino tinha uma qualidade de vida comparável à Bélgica e a outra parte não suplantava nem os lugares mais pobres da Índia.

Pois bem, uma boa parte de Bélgica tucanolandesa vivia na província de Saint Paul.

Uma coisa que não podemos negar é o bom gosto de Don Gerald Aidimin, candidato a Rei.

Quando governava a província de Saint Paul, Gerald era assediado por muitas das personalidades mais ricas e poderosas da província, inclusive por colunistas sociais, entre eles o famoso Amaurycinho Netto, famoso puxa-saco das autoridades do Reino.

Volta e meia tínhamos a bela imagem de Don Gerald e sua jovial e esbelta senhora Du Alckmin, conhecida nos meios sociais como uma das mais bem vestidas da capital. Num destes momentos inesquecíveis, tivemos o prazer de ver o casal cortando a fita inaugural da famosa loja de grifes importadas e famosas, a Dasdu.

A Dasdu é o maior símbolo da riqueza e do bom gosto no Reino, vendendo desde camisinha de Vênus importada até iates de vários e longos pés.

Uma das principais funcionárias da rica loja de Conveniências é, não por acaso, filha de Dom Gerald, aprendiz de miliardária.

Pouca gente tem noção do bem que essa loja traz ao país; a partir do dia de sua inauguração, nossos socialistas, digo socialites, não precisavam mais ter o trabalho de ir até Paris, Londres, Roma ou Nova Iorque em busca das novidades da moda, nem ter que passar pelo dissabor de serem pegos na alfândega com mercadoria de primeiro mundo e ainda por cima, correrem o risco de serem chamados de “muambeiros”.

A partir desse dia, Saint Paul passara a se integrar no primeiro mundo, coisa verdadeiramente salutar e importantíssima para a cultura e para o desenvolvimento do povo belga da província.

Inclusive, num ato de verdadeiro amor à cultura, Dom Gerald garantiu um regime de fiscalização especial, a nível de Secretaria Estadual de Fazenda, o que permitiria um pouco mais de paz para os proprietários da loja, verdadeiro centro cultural do Reino.

Mas, por uma dessas pilantragens que soem ocorrer no Reino, motivados pela inveja natural destes indianos tucanolandeses, a Polícia Federal, num ato de total agressão à cultura, invadiu o templo sagrado do consumo dos belgas tucanolandeses.

Motivo: evasão de divisas e sonegação fiscal.

Segundo a plebe rude, o negócio funcionava desse jeito: Peguemos uma Camisinha de Vênus da marca Pior, a famosa marca francesa; digamos que ela custasse 5 euros, pois bem, era faturada como se custasse cinqüenta centavos de real e era vendida por 30 dólares.

Isso pode até parecer um crime, mas muito mais criminoso e cruel para a cultura e a dignidade do nosso país, é permitir que a mesma camisinha seja vendida nas lojas comuns por menos que isso, uma verdadeira agressão à cultura e ao bom gosto, ou permitir que uma reles falsificação chinesa ou paraguaia seja arrematada na rua 25 de Março, por um real.

Um real! Isso é coisa de indiano mesmo...

Que povo mais sem cultura e bom gosto esse que governa Tucanolândia nos dias de hoje. Ao invés de erguerem uma estátua em homenagem aos patriotas Dasdulianos, mandam invadir a loja e ainda por cima, pasmem, prendem os pobres proprietários.

Eu, se fosse eles, sairia deste Reino em protesto e abriria uma loja em Asuncion , com certeza seria muito mais bem tratado que neste reinozinho de segunda...









Uma das maiores festas populares de Tucanolândia é o carnaval. Nessa época do ano, a maioria do povo tucanolandês se reúne para dançar, se divertir e “botar pra quebrar”,

Na verdade, milhares de turistas do mundo inteiro chegam no Reino, procurando, principalmente, pela província fluminense e pela baiana.

Saint Paul, como a locomotiva do reino, não podia ficar atrás e, como desejo de seu povo, resolveu fazer um carnaval riquíssimo.

Isso contrariava o poeta que dizia Saint Paul era

“o túmulo do samba”.

Pois bem, um dos admiradores e correligionários de Dom Fernando Henrique Caudaloso era presidente de uma Escola de Samba, a Leonardo de Jaera.

No carnaval de 2006, coincidentemente ano eleitoral em Tucanolândia, sem nenhum propósito eleitoreiro, é claro, o tema da Escola de Samba foi uma exaltação às obras de Dom Gerald Aidimin no Rio Tifedê, extremamente poluído.

Como forma de agradecimento pela obra gigantesca, o povo de Jaera construiu dois gigantescos bonecos, um representando Dom Gerald, candidato ao Governo do Reino, e o outro representando Dom Joseph Mountain, candidato à presidência da província de Saint Paul.

Nada demais, embora a questão ética do momento e da oportunidade de tal homenagem tenha sido muito discutida, se não tivesse tido um pequeno detalhe:

O banco da província de Saint Paul aprovou uma verba enorme para o patrocínio do carnaval deste ano, a toque de caixa.

Obviamente isso foi mera coincidência, ainda mais se observarmos a folha corrida dos nossos heróis tucanolandeses.

Claro que o patrocínio de camarotes VIPs para 350 pessoas e arquibancadas populares para mais de quatro mil e quinhentas, denota o sentido social do Banco, em concordância com o estilo de Dom Gerald governar.

Além disso, num belo ato de amor à província, a Escola de Samba fez a doação de cem fantasias para funcionários do Banco “Nossa Caixa”, desfilarem.

Mas tem uma coisa entalada na minha garganta: A ingratidão!

Não é que depois dessa atitude de amor à Província e seus maravilhosos e honestos administradores, a Escola caiu para o segundo Grupo!

Essa ação só pode ter sido política, pois a oposição a Aidimin é uma corja tão inominada que até um monte de CPIs quiseram armar para o pobre?

Mas isso são outros 69, fica para outro capítulo, a posteriori...



Tucanolândia era um exemplo de divisão de riqueza, conseguira sempre uma medalha nas Olimpíadas das Injustiças Sociais, quando não era de ouro, faturava, no mínimo, uma de bronze.

Outros esportes que davam destaque ao desempenho tucanolandês eram o futebol e o voleibol, além do automobilismo e do iatismo.

A começar por aí, dá para perceber o quanto havia uma salutar diversidade social no Reino.

Essas conquistas esportivas davam um orgulho gigantescos aos súditos do Reino e isso era uma das molas propulsoras do “orgulho de ser tucanolandês”.

Frases como “Tucanolândia: ame-a ou deixe-a”, “O tucanolandês é, antes de tudo, um forte”, criaram um sentimento de amor à pátria invejável.

Isso era histórico, desde a conquista da Copa do Mundo de Futebol, na década de cinqüenta, todas as vitórias do Reino era motivo de orgulho nacional.

Um dos campeonatos tinha sido perdido, fazia algum tempo, o da mortalidade infantil, o que decepcionara um pouco os orgulhosos tucanolandeses.

Dom Gerald Aidimin sabia desse sentimento nacional e não queria atrapalhar nem impedir que o povo de Saint Paul ostentasse, com alegria, a pecha de, junto com as outras províncias, Superastros da Desigualdade Social.

Durante o período entre 2001 e 2004, quando presidente da província de Saint Paul, Gerald obteve um excesso de arrecadação que beirou, na soma, o total de doze bilhões de reais.

Mas, altruísta como ele só e pensando na alegria e orgulho do seu povo, deixou de investir o que havia sido previsto em ações sociais.

Percebe-se, sutilmente, o quanto esse homem ama seu povo. Venhamos e convenhamos, imagina só se ele tivesse gasto mais com as áreas sociais da província.

Isso poderia ter tirado do Reino de Tucanolândia ou, pelo menos, da província de Saint Paul, a chance de ser campeoníssimo no campeonato mundial de Injustiça Social, para desespero de seu povo.

É por essas e outras ações que imagino a maravilha de Gerald Aidimin no Governo do Reino da Tucanolândia. O povo faminto do reinado poderá, com todo o orgulho do mundo, ostentar, no peito tuberculoso ou na barriga cheia de vermes, a medalha de ouro.

A barriga vai, com seus roncos de fome, cantar de alegria...



O reino da Tucanolândia é um dos maiores Estados livres da face da Terra, apresentando diversas províncias, como dissemos em outros capítulos dessa longa novela.
Como essas províncias apresentam diversidades gigantescas entre si e dentro delas próprias, haveria necessidade de planejamentos para o desenvolvimento diversos dentro das províncias.
Era dessa forma que a maioria dos especialistas imaginavam, já que é muito difícil aplicar o mesmo remédio para várias doenças.
As necessidades de uma região são bem diferentes de outra, por aspectos culturais, econômicos, geográficos ou mesmo históricos.
Essa realidade foi colocada para Dom Gerald que, prontamente, acatou-a.
Bem, pelo menos prometeu acatá-las.
O governo tucano, em 2003, resolveu que haveria necessidade de 40 Agências de Desenvolvimento Regional, o que poderia minimizar, pelo menos um pouco, as grandes diferenças regionais.
A província de Saint Paul apresenta algumas das regiões mais ricas do Reino, em contraste com outras, quase miseráveis.
O conflito agrário na região Oeste da Província, por exemplo, é um dos maiores do reino.
Pois bem, Dom Gerald, por vício de ofício e características pessoais que devem ser respeitadas, aceitou, acatou, mas...
Não cumpriu.
Hoje, decorridos três anos, de todas as Agências prometidas, foram instaladas, no total, ZERO.
Acontece que, por princípios, o Gerente Aidimin prefere dirigir todas as filiais do loja com os mesmos métodos, embora um loja seja de eletrodomésticos, outro de hortifrutigranjeiros, outro de roupas, outro um boteco e assim por adiante.
Afinal, dinheiro é dinheiro e prejuízo é igual em toda parte...




Houve um rei, em Tucanolândia, conhecido pela promessa de caça aos grandes salários do funcionalismo público, aos quais denominara de Marajás, numa alusão aos ricos donos do petróleo árabe.Esse rei, Dom Fernando Collo Melloso, conseguira o apoio dos seus súditos com esse programa de governo. Algo genial para quem pretendia assumir um reinado tão importante quanto Tucanolândia.No primeiro ato de governo, confiscou as riquezas da grande maioria dos súditos, que depositavam suas fabulosas fortunas nas cadernetas de poupança e em outras aplicações financeiras. Com esse ato, caçou todos os marajás do reino, inclusive as empregadas domésticas, pequenos comerciantes, aposentados, toda sorte de marajás...Collo Melloso descobriu, então, que os maiores responsáveis pela miséria do país eram os funcionários públicos, multimilionários e preguiçosos, que abundavam no reino. Abundavam e desbundavam, passeando com seus carros importados pelas estradas maravilhosamente bem cuidadas de Tucanolândia.Criou-se o mito de que “funcionário público” é sinônimo de marajá; no que Dom Gerald Aidimin concorda sob inspiração de Dom Fernando Henrique Caudaloso.Sob esta inspiração, além de venderem várias estatais a preço de saldão, resolveram fazer um congelamento de salários que durou todo o reinado de Dom Fernando e o Governo de Dom Gerald, à frente da província de Saint Paul.Como podemos observar, isso teve um aspecto extremamente benéfico para o povo, constituído em sua maioria por investidores nas afamadas Cadernetas de Poupança confiscadas, com justiça, por Dom Fernando Collo Melloso.Se analisarmos com cuidado, veremos que o congelamento de salários afetou somente setores de menor importância para o reino; assim como:Educação, Saúde, Segurança Pública, Setores de Serviço, etc.Realmente, a evasão de vários professores e médicos para o setor privado, abandonando o setor público, foi extremamente salutar para o miliardário povo tucanolandês.Em outra coisa, Dom Gerald foi extremamente coerente: tendo como ídolo Fernando Brant, aquele irmão do Roberto, o mineiro do PFL, tinha como música de cabeceira o sucesso – Canção da América; principalmente na parte onde dizia “amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito”.A coerência se dá, principalmente, quando as contratações suplantaram em muito, os concursos públicos.Aliás, concursos para quê?Sabemos todos que um amigo trabalha bem melhor do que um estranho, sendo essa a principal justificativa para o salutar hábito do nepotismo.A defasagem do salário entre o começo e o final dos mandatos dos tucanos, tanto a nível federal quanto estadual, minimizou, pelo menos em parte, o problema tão bem focalizado por Dom Fernando Collo Melloso.Hoje, os antigos Marajás podem ser considerados, no máximo, como uns paxazinhos de meia tigela.Dom Gerald, assim que assumir o poder como Rei da Tucanolândia, deverá colocar esse pessoal do funcionalismo público no seu devido lugar.Em pouco tempo a meia tigela virará tigela vazia, para regozijo de todos aqueles milionários das cadernetas de poupança.Ah, falando nisso, o governo devolveu, claro que defasado, o dinheiro confiscado; mas, os empréstimos compulsórios da gasolina...Para quem gosta de estatísticas os números que comprovam a história são esses: Em 1998, o gasto com ativos e inativos representava 42,51% das despesas totais do Estado. Em 2004, este gasto caiu para 40,95%, resultado da política de arrocho salarial e redução das contratações via concurso público, porém com aumento dos cargos por nomeação do governador.




Esse pessoal da oposição não tendo o que falar, difama.
Dom Gerald Aidimin, como todos sabemos, é um excelente vendedor e, tendo como origem sírio libanesa, tem fama de ser pão duro.
Me desculpe quem se sentir ofendido, isso é apenas uma crença popular que, muitas vezes é desmentida no dia-a-dia.
O problema é que, com a venda das estatais, esperava-se um aumento nos investimentos públicos, já que a principal motivação para que se fizessem estas privatizações era esse, segundo a propaganda oficial.
Mas, o temperamento de Dom Gerald é muito forte, a ponto de ser conhecido como “Picolé de chuchu”e chuchu, para quem não conhece é um legume conhecido pelo paladar forte e apimentado.
Por conta deste temperamento, ninguém conseguia fazer com que ele mudasse de idéia. E a economia nos gastos era um de seus mais fortes dons e características.
Isso viera desde os tempos de infância quando, menino criado no interior, economizava as moedinhas que ganhava e que encontrava no porquinho que sua avó tinha lhe dado no Natal.
No Natal do outro ano, quebrava o cofrinho e comprava o seu presentinho.
Teve um Natal inesquecível, onde ele conseguiu comprar um velocípede, tão bonito que nunca mais se esqueceu...
E essas lembranças fizeram de Dom Gerald um homem seguro, famoso mão de vaca, avaro, parecendo que anda com um escorpião no bolso, pão duro...
E, por conta disso, nada o fazia mudar de idéia, economizar! A ordem é economizar.
Tanto que, apesar de todas as reclamações desse pessoal da Educação, da Saúde, da Segurança Pública, ele passou a economizar nos investimentos públicos.
Para se ter uma idéia, em 1998 os investimentos perfaziam 5, 39% do gasto total. Já em 2003 e 2004, passaram a ser de 3,75%.
Agora tem camarada safado da oposição dizendo que essa economia, santa economia, pode ter sido uma das causas do aumento da violência no Estado, só porque o salário dos policiais se manteve congelado nestes anos todos.
Ora bolas, salário vem de sal, e com o que esse pessoal ganha, dá pra comprar quantos quilos de sal em um mês? E congelamento é um dos princípios básicos para se fazer um bom picolé, mesmo que seja do picante chuchu...



“Sujeito bacana é esse Dom Gerald Aidimin”.
Onze entre dez devedores de tributos, na província de Saint Paul dizem isto.
Os devedores de impostos estão todos animados com a possibilidade da sucessão do reinado de Tucanolândia ir parar nas mãos de Dom Gerald.
Para se ter uma idéia, entre 1998 e 2004, houve uma queda de cinqüenta e dois por cento na arrecadação junto aos devedores.
Isso representa somente um bilhão de reais, ou seja, quase nada.
Com essa grana doada, de boa vontade, poderíamos ter alguns benefícios para a camada mais pobre da população do reino.
Mas súdito é súdito e amigo é amigo, nada mais bonito do que uma verdadeira amizade, isso é fato e irrefutável.
Se a gente parar para pensar, os súditos, realmente não precisam de dinheiro.
A pobreza dignifica o ser humano, e isso é uma das coisas mais realistas que existe.
Um súdito educado, com saúde, com condições de moradias mais dignas é um mal agradecido em potencial.
Nada melhor do que a gente investir naqueles que, por uma questão de princípios, vai nos agradecer, imensamente.
Principalmente em tempos mais bicudos.
Ninguém sabe o dia de hoje e, nada melhor do que perdoar para ser perdoado, mesmo que sejam dívidas ou tributos.
E, ninguém pode negar, quem gera empregos e impostos tem o direito de sonegar, de vez em quando, senão, como fica?
Cada empresário que falir, são empregos a menos que deixam de ser gerados.
E emprego é coisa primordial para o bem estar do cidadão, confere?
E, por último, temos que analisar o seguinte: aqueles impostos que todos pagam no consumo, idênticos para todos os cidadãos, são a mais perfeita demonstração de socialismo, igualdade entre todos, ricos e pobres.
Se o rico paga quando compra, o pobre tem, por princípios socialistas, que pagar o mesmo.
Afinal, Deus é Pai de Todos e todos somos iguais perante a Ele...







Lena Azevedo


Na tentativa de privatizar, a qualquer custo, o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes), o governo se envolveu num dos maiores escândalos da administração pública. Telefonemas gravados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, mostraram o balcão de negócios na Assembléia Legislativa para aprovar a matéria que permitia ao governo leiloar o banco. A prisão do empresário Carlos Guilherme Lima, no dia 12 de dezembro deste ano, trouxe à tona a negociação nebulosa entre governo e Assembléia, com a intermediação de Lima.

No dia seguinte à sua prisão, a missão especial federal, que apura a ação do crime organizado no Espírito Santo, divulgou as 24 primeiras gravações de conversas entre Carlos Guilherme Lima, deputados, dois secretários de governo (João Luiz Tovar, da Fazenda, e Jorge Hélio Leal, de Transportes e Obras), a assessora da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefa), Lenise Batista, e o subsecretário da pasta José Mário Bispo.

A polícia afirma que Carlos Guilherme Lima é o operador financeiro do crime organizado, com atribuição de organizar concorrências fraudulentas em várias prefeituras, cuidar das finanças de vários deputados estaduais e ainda fazer lobby na Assembléia para aprovação de matérias de interesse do governo.

A tentativa de privatização do Banestes iniciou-se no final do ano passado, quando o governo enviou para a Assembléia o projeto. Era final de mês, véspera de feriado. José Ignácio Ferreira (sem partido) queria pegar deputados oposicionistas de surpresa e tentar passar a matéria sem alarde. Não conseguiu.

O que seguiu depois, foram inúmeras ações judiciais impetradas pelo Sindicato dos Bancários - argumento de erros no edital e desobediência à Constituição Federal -, passeatas contra a venda do banco. Mas o que mais chamou a atenção de Organizações Não Governamentais (ONGs) e entidades de classe foi o excesso de gastos com consultorias para privatizar a instituição.

O governo gastou quase R$ 5 milhões com empresas contratadas sem licitação, o que equivale ao lucro líquido do banco em um ano. Apesar do processo ser duramente questionado pela sociedade (pesquisas apontavam uma rejeição de 74% à proposta do governo), o Executivo ignorou pressões e seguiu em frente em sua intenção. Às vésperas do leilão, marcado para 13 de dezembro, a Justiça impediu o processo de privatização.

A prisão de Carlos Guilherme e a divulgação das gravações enterraram de vez as intenções de um governo que julgava estar acima da lei e da Constituição. Deputados, secretários de Estado e assessores vão ser indiciados pela Polícia Federal por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e fraudes licitatórias. O delegado Rogério Marcus Gonçalves Gomes afirmou que todos os envolvidos na cobrança de propina para a aprovação da privatização do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) vão ser intimados a prestarem depoimentos e podem ser indiciados. O delegado Gonçalves, que está coordenando os trabalhos de investigação da missão especial federal, disse ainda que outras prisões devem ocorrer nas próximas semanas.

Um dos que devem ser indiciados pela PF é o secretário de Estado de Obras e Transportes, Jorge Hélio Leal. O superintendente interino da Polícia Federal no Estado, o delegado Wallace Tarcísio Pontes, afirmou que o secretário sabia do esquema de corrupção. "Jorge Hélio se omitiu, cometendo o crime de prevaricação", ressaltou Wallace.

O superintendente se baseou numa entrevista na televisão, onde o secretário de Obras e Transportes disse que tinha ouvido uma conversa do empresário Carlos Guilherme Lima, seu amigo pessoal, sobre a negociata. Na ocasião, Jorge Hélio chegou a dizer que orientou o empresário a sair do esquema.

Wallace ressaltou que como secretário de Estado, Jorge Hélio tinha a obrigação de denunciar todo o esquema de propina para a aprovação da privatização do Banco do Estado.

O secretário de Obras e Transportes do Estado foi procurado para falar sobre o assunto, mas não foi encontrado. Foi informado que ele está em Brasília sem celular.

As gravações que vieram à tona depois da prisão do empresário Carlos Guilherme Lima, no dia 12 de dezembro, revelam todo o esquema. As gravações telefônicas ligam o empresário a políticos e um secretário de Estado. Em uma delas, o empresário oferece ao líder do governo na Assembléia Legislativa, o deputado Gumercindo Vinand (PGT), dinheiro para que fosse aprovado o projeto de privatização do Banestes.

As fitas apreendidas revelam que Lima fazia parte do esquema do governador José Ignácio e do presidente da Assembléia Legislativa José Carlos Gratz (PFL), que se empenharam na venda da instituição. Em uma das gravações Carlos Guilherme conversa com o secretário estadual de Transportes e Obras, Jorge Hélio Leal. O lobista reclama com o secretário que os parlamentares pediam garantia de pagamento do suborno. "Eles queriam cheque rapaz, 16 cheques: Eu falei: rapaz, vocês estão parecendo crianças. Quem é que vai dar cheque a essa altura da vida".

Além de Gumercindo Vinand (PGT) e dos secretários de Estado Jorge Hélio e João Luiz Tovar (Fazenda), estão envolvidos Robson Neves (PFL), Paulo Loureiro (PFL), Luiz Pereira (PFL), José Ramos (PFL). Os funcionários da Secretaria da Fazenda, Lenice Batista e José Mário Bispo também são citados nas gravações.

Os deputados Gumercindo Vinand, José Ramos, Paulo Loureiro e os dois secretários não foram localizados para comentarem sobre a possibilidade de indiciamento.

Robson Neves alegou que só vai comentar sobre o assunto quando tiver acesso ao material gravado. "Eu requisitei as gravações ao Ministério Público Federal. Fiz a solicitação através de certidão. Vou tratar do assunto dentro da lei".

Já Luiz Pereira, preferiu não entrar em detalhes sobre a questão, dizendo apenas que vai "acatar a lei".

A funcionária da Sefa, Lenice Batista, afirmou que vai aguardar a notificação da Polícia Federal para poder esclarecer e tentar provar o contrário. "Continuo trabalhando, cumprindo com o meu dever", finalizou. José Mário, que também trabalha na secretaria não foi localizado.



Na onda de liquidação do patrimônio público, no reino da Tucanolândia, a província da Santíssima Trindade, sob o governo de José Icrécio Olho, aliado histórico de Dom Fernando Henrique Caudaloso queria, a todo custo, privatizar o Banco do Estado.

O desenrolar da história está descrito acima.

No final de tudo, para desespero do Governador da Província, o Banco acabou não sendo privatizado.

Agora, uma pergunta não quer calar, por que haveria tão grande interesse na venda desse Banco?

Certamente e coerentemente, acredito que seja por amor aos súditos...









Uma das coisas mais admiráveis dos governos da Tucanolândia é a honestidade.
Podem comprar qualquer mercadoria que venha de lá que a garantia é absoluta.
Não se compra carro com documentos atrasados, muito menos estatais com problemas de dívidas.
O sistema financeiro do reinado, antes de Dom Fernando Henrique Caudaloso, comportava vários bancos estatais, inclusive bancos das províncias.
Um dos maiores era o Banco de Saint Paul, conhecido como Banespa; uma das mais importantes instituições do reino.
Constava sempre entre os maiores bancos do reinado, tanto em capital quanto em depósitos.
Mas, vítima de tantos e tantos desgovernos, as suas dívidas eram gigantescas.
Quem vai querer comprar um Banco falido e endividado?
Sabiamente, Dom Gerald Aidimin, pensou no assunto e resolveu, num ato inspirado e coerente, sanear as contas do Banco para depois vendê-lo.
Isso, obviamente, era uma saída genial e que manteria, a todo custo, a fama de honestidade do reinado.
Porém, as dívidas do Banco com a União eram gigantescas, e os compradores não poderiam esperar muito tempo.
A brincadeira ficou relativamente barata. Nada que cinco bilhões de reais não resolvessem.
O banco espanhol que fez a compra não reclamou muito não.
Agora, os milhares de subnutridos, analfabetos e desassistidos da província não gostaram muito da idéia.
Mas Dom Gerald Aidimin, codinome “O Gerente”, mais uma vez demonstrou a sua gigantesca capacidade de fazer bons negócios.
Segundo a maléfica oposição, “negociatas”...




No Reino da Tucanolândia, de repente, da noite para o dia, ocorreu um surto de privatizações inéditas na História da Humanidade, uma verdadeira liquidação, tudo a preço de banana.

Uma queima de estoque que trouxe compradores de todas as partes do mundo, negócio de pai pra filho, uma verdadeira mamata...

Melzinho com chupeta, como diziam os comerciantes da 25 de março, rua famosa em Sampa, capital de Saint Paul.

Assim como na 25 de março, os preços das mercadorias eram absurdamente mais baixos do que os de mercado, num milagre típico da Tucanolândia, assim como o “milagre econômico” da década de 70, tivemos o milagre da queima de estoque.

Bancos, empresas de Telefonia, distribuidoras de energia elétrica, estradas de rodagem, tudo entrava no mostruário da lojinha de Dom Fernando.

Dom Gerald Aidimin não poderia ficar para trás, tinha que fazer umas negocinhas em Saint Paul.

Ter mercadoria, eu vender, afirmava com o sorriso aberto, nosso mascate paulistano.

Pois bem, em cinco anos de vendas, o Governador obteve um lucro muito bom, com trinta e dois bilhões e novecentos milhões de reais de faturamento sendo que, somente o setor energético deu uma receita de quase vinte e quatro bilhões de reais.

Essa grana toda, deixou todo mundo alvoroçado e feliz da vida com dom Gerald, inegavelmente um bom vendedor.

Mas, como nada é perfeito e não se pode exigir a perfeição de ninguém, ao frigir dos ovos, a realidade que se mostrava era bem outra...

Ao se constatar a dívida pública, motivo para o qual se fizeram as liquidações, essa estranhamente aumentou!

A dívida crescera de trinta e quatro bilhões de reais em 1994 para cento e trinta e oito bilhões de reais em 2004. Se descontarmos a inflação, o aumento foi de 33,5%!.

Isso, apesar de Dom Gerald ter liquidado dois terços do patrimônio público da província.

Agora, Dom Gerald argumenta que é um excelente gerente...

Pobre Dom Gerald, a gente quando tem uma deficiência deve escondê-la e não tentar fazer a apologia dela.

Dom Gerald, como demonstrado acima, é um EXCELENTE VENDEDOR mas, gerente... Aí é outra história...




Vivíamos, na Tucanolândia de Dom Fernando Henrique Caudaloso, um dos momentos mais difíceis de sua História. Havia necessidade de se fazer uma reforma na Previdência Social, já que o povo tucanolandês, teimosamente, contra todas as previsões, passara a viver mais.
Paralelamente a isso, tínhamos um aspecto interessante e peculiar, coerente com o temperamento disseminado entre a população e , principalmente, entre os governantes: A sonegação.
Sonegação de um lado, aumento do tempo de vida do outro, o que tínhamos era um déficit cada vez maior, o que geraria, indubitavelmente uma quebra no sistema.
Don Fernando não tinha outra opção: tinha que fazer uma reforma o mais rápido possível.
Claro que, se melhorasse o sistema arrecadatório e passasse a punir com mais rigor os sonegadores, isso poderia ter sido resolvido de uma forma mais branda mas, isso seria querer demais do famoso Sociólogo e Monarca.
Pois bem, não havendo outra solução, Dom Fernando alterou as regras do jogo.
Um adendo se faz importante, Sábio e famoso Professor, Dom Fernando havia sido exilado à época da ditadura militar, e isso conferira a ele uma aposentadoria bem mais precoce do que a que estabelecia a nova lei.
Isso não importa, mas ao observar a reação da oposição e dos aposentados, Dom Fernando foi taxativo:
Quem aposenta antes da velhice é vagabundo!
A maioria dos professores e professoras, inclusive o próprio Rei se aposentavam antes de chegar à velhice, o que ocorria também com os profissionais de saúde e, pior, os presidentes todos, mesmo que tivessem tido somente alguns dias de mandato, se aposentavam com salário integral, os deputados se aposentavam e se aposentam com um tempo de “serviço” muito menor do que a maioria da população do reino.
A declaração, um verdadeiro ato falho do rei, demonstra o quanto que o inconsciente da elite tucanolandesa é claro.
A nobreza de caráter de um homem como FHC não permite que ele se aposente antes de morrer, os seus proventos são cumulativos, de professor, senador e presidente da república.
Para alegria do povo tucanolandês, ainda lúcido e coerente como sempre, Dom Fernando ainda tem participação ativa no tão amado reinado.
Foi um dos principais artífices da candidatura de Gerald Aidimim, que teve a sorte de aposentar antes da reforma da previdência, aos precoces e vagabundescos 42 anos de idade...





Como dissemos no capítulo anterior, a província de Saint Paul experimentava no governo de Dom Gerald Aidimin, aliado de Dom Fernando Henrique Caudaloso, uma queda importante no percentual de participação econômica no Reino; fruto da dobradinha tucana nos Governos do Reino e da Província.
Isso fez com que a gigantesca locomotiva, por questões de economia de energia, diminuísse a potência usada para carregar os vagões, ou seja, as outras províncias.
O crescimento cavalar que se anunciava ia rabo abaixo, formando uma bela cauda, como se fosse um cometa, às avessas.
Pois bem, paralelamente a isso, obviamente as oportunidades de trabalho diminuíram vertiginosamente, havendo em dez anos, um crescimento do desemprego em 33, 6 por cento, sendo que a taca de desemprego chegou a dezessete e meio por cento contra uma média de 10,9% do Reino.
Paralelamente a isso, Dom Gerald Aidimin reduziu o orçamento das frentes de trabalho em nove milhões.
Isso é uma demonstração da capacidade administrativa de Don Gerald Aidimin que, a continuar desta forma, prometendo repetir a nível federal o que fez com a província teremos um novo Reinado, a Desempregadolândia.
Aliás, já no reinado de Don Fernando Henrique Caudaloso, o desemprego aumentava em todo o reino, numa demonstração de que o real, realmente valia muito, já que o povo não queria nem precisava trabalhar, sendo que um biscatezinho aqui e outro acolá, bastavam para sustentar a família.
Se vocês não se recordam dos símbolos do plano real, escolhidos por Dom Fernando Henrique Caudaloso, vamos a eles:
Em primeiro lugar, o frango a um real, ou seja um dólar o quilo, embora hoje esteja a um real e meio, ou seja setenta e cinco centavos de dólar.
Depois, a dentadura, a que boa parte da população passava a poder ter acesso, desmentindo a música dos Titãs, que nos chamava de um país de banguelas.
Claro que hoje, a assistência odontológica mais ampla poderá minimizar esse grande feito de Dom Fernando, mas esse fato é histórico.




Tucanolândia era um Reino formado por várias províncias, e a disparidade econômica e social destas, era gritante. Tínhamos algumas Províncias com padrões de vida próximos aos da Europa, no sul do reinado, outras com padrão de vida iguais aos dos países mais pobres da África.
Dentro destas províncias havia, também, a maior desigualdade social do mundo. Alguns poucos ricos exploravam os muitos pobres, num sistema de relação entre capital e trabalho que beirava a escravidão.
Dom Fernando Henrique Caudaloso, como vimos nos capítulos anteriores, tinha se “livrado” dos maiores problemas do reinado, causadores imediatos desta disparidade; ou seja, as grandes empresas públicas, já que era impossível para o povo do reinado administrar sem falcatruas ou trambicagens qualquer coisa que fosse.
Dom Fernando, como sociólogo de formação, achava que o gene da pilantragem estava embutido nos cromossomas do “povo caboclo”, sendo essa a origem de sua paixão pela Europa, para onde ia e ainda vai quando quer “descansar” do contato com os aposentados vagabundos e com o povo ignaro e pobre.
A principal província do Reinado era a de Saint Paul, a conhecida locomotiva nacional.
Saint Paul, historicamente, representava o maior centro econômico do Reino, com suas indústrias, e agropecuária de porte gigantesco.
Um verdadeiro pólo para onde migravam grande parte dos miseráveis e famintos do Nordeste, expulsos pelos governos incompetentes e pela fome, sendo atraídos como mariposas pela luz, na procura de uma sobrevivência mais digna.
Interessante disto tudo, é dizermos que, com a extinção da SUDENE e a falta de uma política para a melhoria da qualidade de vida deste povo, o inchaço da megalópole paulista se tornava, cada vez mais evidente.
Pois bem, desde 1995, o Governo do Estado paulista estava nas mãos de aliados de Dom Fernando, ou seja, com apoio integral do reinado para que pudesse não somente manter, como expandir as suas riquezas.
Se analisarmos que esta província era a mais populosa e rica do país, e que esta contava com apoio integral do Reinado, podemos imaginar que o crescimento desta seria consistente e evidente.
No Governo provincial tínhamos tido Sir Mário Corvos, respeitado político local, homem que detinha a admiração de grande parte dos súditos, tanto da província quanto a nível nacional.
Depois da morte deste, assumiu Dom Gerald Aidimin, médico anestesista que tinha sido prefeito de uma cidade do interior da Província; homem apático e sem carisma.
Mas, ao contrário do que se imagina, mesmo com todo o apoio do Rei, famoso pela máxima “aos meus amigos tudo, aos meus inimigos, meu desprezo”, a economia da província entrou em decadência.
Como prova da qualidade administrativa da dupla Corvos/Aidimin temos os seguintes números:
Em 1995, quando os tucanos assumiram o poder na província, a participação desta, percentualmente, era de 37 por cento do PIB nacional, já em 2004, nove anos depois, tivemos, sob o mesmo governo tucano, uma queda para 32,6 por cento. Com um decréscimo de doze por cento da economia em nove anos.
Se continuarem no poder por mais cinqüenta anos, nesse ritmo, teremos uma bela competição pelo cargo de locomotiva, entre a província paulistana e a grande província das Lagoas, governado no passado pelo ex-Rei Dom Fernando Colo Melado, de triste memória...



Estávamos no ano de 2002. No reino da Tucanolândia, havia uma desigualdade social gigantesca e os conflitos agrários se tornavam repetitivos e cada vez mais agressivos.
Tínhamos tido episódios de massacres e mortes, desde os tempos mais primordiais da História do Reino.
A grilagem de terras por um lado e as invasões de propriedades se tornaram assunto de dia-a-dia, sendo que a Reforma Agrária prometida nunca vinha de forma a contentar nenhuma das partes envolvidas.
A partir dos movimentos de base da Igreja Católica, a Pastoral da Terra, surgiu um movimento coordenado de ação para a tentativa de execução da Reforma Agrária, o MST.
Como era de se esperar, as punições aos grileiros eram extremamente raras, e as terras griladas, na maioria das vezes, passaram a pertencer, oficialmente e extra-oficialmente, aos poderosos invasores.
No mês de março de 2002, o MST invadiu uma propriedade particular do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso.
Pela Constituição, os bens privados não poderiam ser tratados como bem público e, pelo que me consta, a propriedade do cidadão Fernando Henrique Caudaloso não era e nunca seria um Bem público, pois se fosse, com certeza, ele teria privatizado-a ou, pelo menos tentado...
Mas, esquecendo-se da Constituição, Dom Fernando, convocou o Exército para efetuar a desapropriação.
Topete primeiro que, naquela altura do campeonato, era o Governador da Província das Gerais, e já estava de relações cortadas com Dom Fernando, motivada pelo que acusava de ser “apropriação indébita” do seu plano econômico, o Real, não gostou muito disso não.
A utilização de tropas federais para a defesa de propriedade privada era um abuso de autoridade inconteste, o que levou à reação da oposição, a quem Dom Fernando acusava de ser a mentora de tal invasão.
Depois de muito disse me disse, com ameaças, inclusive, da utilização da policia militar pelo Governador Topete primeiro, a situação foi superada.
Mas, para muita gente, ficou a impressão de que, para Dom Fernando Henrique, todo o país era propriedade sua, onde poderia fazer o que bem entendesse.
Fato esse comprovado pela venda “a toque de caixa e a preço de banana”, dos bens públicos, ou seja de Don Fernando...






Capo capixabaTestemunha diz que ex-PM matou sócio do Bingo Arpoador no Rio a mando de José Carlos Gratz
Dono de um império de jogatina e indiciado pela CPI do Narcotráfico, o presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, deputado José Carlos Gratz (PFL), está sendo acusado agora de ser o mandante do assassinato do empresário Albérgio Alexandre Araújo, sócio do Bingo Arpoador, em Copacabana, no Rio de Janeiro. As investigações conduzidas pelo delegado de homicídios do Rio, Paulo Passos, apontam como um dos pistoleiros o ex-PM José Renato Maia, integrante do DOI-Codi durante a ditadura e matador a serviço de banqueiros do jogo do bicho. Depois de contar em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público que Gratz teria mandado matar Albérgio Araújo, a testemunha Geraldo Luiz Ribeiro de Almeida – empregado em Vitória de uma empresa do PM Josias Rodrigues de Oliveira, membro da Scuderie Le Cocq e segurança do deputado – também reconheceu José Renato como participante do Esquadrão da Morte capixaba. A polícia suspeita que a causa do assassinato esteja ligada à exploração das máquinas caça-níqueis por Albérgio no bingo. “O deputado José Carlos Gratz também é proprietário de todas as máquinas caça-níqueis existentes no Espírito Santo, e em cada cidade existe um dono de fachada”, acusou Geraldo de Almeida, que foi incluído pelo Ministério Público no programa federal de proteção à testemunha. “Conforme apuramos, Gratz controla várias casas de bingo como sócio oculto, sempre com contratos de gaveta”, reforça o chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo Albo
Em depoimento gravado e filmado pelos federais, Almeida descreveu como aconteceram 15 assassinatos no Espírito Santo a mando de Gratz e do coronel PM Walter Gomes Ferreira, apontado pela CPI do Narcotráfico como chefe do esquadrão da morte capixaba. Almeida diz também que integram a rede de jogatina de Gratz cinco bingos em São Paulo. No Rio de Janeiro, além da parceria com o banqueiro de bicho Capitão Guimarães, o deputado seria sócio do Bingo Arpoador – formalmente seu nome não aparece na relação dos 21 proprietários da empresa.
Poder paralelo – Mesmo com todas as denúncias, Gratz está aproveitando o enfraquecimento do governador José Ignácio, enrolado com as denúncias de corrupção no Estado, para ampliar sua força no governo. Na primeira semana de julho, ele emplacou Edgard Rocha Filho na presidência da recém-criada Loteria do Estado do Espírito Santo (Loteres). Na sexta-feira 13 de julho, o Diário Oficial do Espírito Santo publicou uma resolução do presidente da Loteres em que libera a instalação de máquinas caça-níqueis no Estado, apesar de elas serem proibidas em todo o território nacional por legislação federal. Na noite da quinta-feira 26, ISTOÉ ouviu o governador José Ignácio, que deixou o PSDB após intervenção do diretório nacional do partido no Estado que o ameaçava de expulsão. “Eu não sabia disso, estou abismado”, reagiu o governador. “Isso é uma loucura, foi feito à nossa revelia”, endossou o secretário da Fazenda, José Luiz Tovar, chefe de Rocha. Na sexta-feira 20, a resolução foi revogada. O episódio serve para mostrar que Gratz comanda um governo paralelo no Espírito Santo em que seus apadrinhados obedecem apenas a ele.
Gratz, no entanto, está enfrentando um cerrado cerco das instituições federais. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, só autorizou o funcionamento do Bingo Camburi, em Vitória, depois que o deputado foi excluído da sociedade. O problema de ser dono oculto de um império é na hora de prestar contas à Receita Federal. O Fisco apurou que, nos últimos cinco anos, a evolução patrimonial de Gratz não bate com sua renda declarada. Além de ter sido multado, ele vai responder a processo por crime de improbidade administrativa. Como a situação de José Ignácio está cada vez mais complicada com a descoberta de que o caixa dois de sua campanha alimentava suas contas, o vice-governador, Celso Vasconcellos, poderia encomendar o terno da posse. Mas Vasconcellos – segundo avaliação de políticos capixabas de todas as tendências – não resistiria a investigações. O terceiro na linha sucessória no Espírito Santo é justamente Gratz. Por causa desse complicadíssimo imbróglio, o presidente Fernando Henrique Cardoso encomendou à Advocacia-Geral da União um estudo sobre as possibilidades de intervenção federal no Espírito Santo.

O deputado José Carlos Gratz (PFL), presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, foi à tribuna, na quarta-feira 1º, a pretexto de se defender da acusação da testemunha Geraldo Ribeiro de Almeida, que, em depoimento à Polícia Federal, o apontou como mandante do assassinato de um sócio do Bingo Arpoador, no Rio de Janeiro. Dono de um império de jogatina e indiciado pela CPI do Narcotráfico, Gratz distribuiu agressões ao chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo Albo, ao prefeito de Vitória, Luiz Paulo Veloso Lucas, e a ISTOÉ. Inspirado em He-Man, personagem de desenho animado, abusou de baboseiras, como “sou invencível” e “sou mais forte que a fortaleza”. Mas o capo perdeu a força por causa da implosão de seu grupo político: um dia depois, três deputados estaduais se desligaram do PFL. Foi um racha pragmático. Com o aval de Gratz, eles fecharam um acordo com o vice-governador Celso Vasconcelos (PSDB). Aderiram à proposta de impeachment do governador José Ignácio, envolvido em um esquema de propina. Mas Gratz passou uma rasteira na própria turma e se acertou com o governador em troca da colocação de apadrinhados na Secretaria de Educação e nas presidências do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo e da Loteria do Estado.
Fechada a barganha, Gratz mostrou serviço. Vetou a prorrogação dos trabalhos da CPI da Propina, o que fará com que a comissão encerre as apurações antes de receber o rastreamento dos cheques do caixa dois da campanha de José Ignácio em 1998. E escalou para a Comissão do Impeachment apenas deputados dispostos a salvar o governador. A sessão da Assembléia quase acaba em pancadaria e a aprovação da comissão foi adiada para a segunda-feira 6. Mesmo fazendo o jogo do governador, Gratz tem como plano B a conquista do governo, estendendo o impeachment ao vice-governador. “Aí a Assembléia elegeria o deputado Robson Neves”, diz a deputada Fática Couzi. Gratz e Neves dividem um escritório no Palácio do Café, em Vitória.
O cerco contra José Ignácio está se fechando. Seu cunhado, coordenador de campanha e ex-secretário de governo, Gentil Ruy Ferreira foi preso, a pedido do MP, na segunda-feira 30. Outro ex-caixa de campanha, Raimundo Benedito, está foragido. Com pena, a primeira-dama Maria Helena Ferreira, pivô das denúncias, usou um carro alugado pela Secretaria de Governo para visitar Gentil num quartel da PM.


Havia uma província, em Tucanolândia, governada por um aliado do Rei Dom Fernando Henrique Caudaloso, onde a máxima mais usada era a de que a “única coisa organizada em Santíssima Trindade era o crime”.
As reportagens feitas acima pela revista Isto É, demonstram a que ponto chegou o reinado de Dom Fernando Henrique Caudaloso.
Após estas denúncias comprovadas, e confirmadas, o resultado foi a não intervenção no Estado, o término do mandato pelo governador, e a certeza de que, no reinado de Dom Fernando, quem era amigo não ficava pagão...
O desligamento do Governador foi somente, como diz o povo da Tucanolândia, “prá inglês ver”; já que ele, a primeira dama e o genro, saíram todos impunes, felizes da vida...
Observem que o deputado “amigo” do Governador, era do mesmo partido que sempre apoiou Dom Fernando e que hoje apóia Dom Gerald Aidimim...






Vivíamos o ano de 2001. Tucanolândia vivia, com seu rei, Fernando Henrique Caudaloso, famoso sociólogo e intelectual, o seu iluminismo cultural. Nunca, na história do reinado, houvera um homem mais culto, conhecedor profundo de vários idiomas, doutor honoris causa em diversas Universidades do mundo inteiro, até de Piriri do Norte, como falamos anteriormente.
Pois bem, o rei Fernando Henrique Caudaloso primeiro, por uma questão política, coisas de aliança, nomeou para o Ministério das Minas e Energia, um famoso senador, Joseph George, conhecido no mundo científico como um dos maiores conhecedores sobre energia e afins, no reinado da Tucanolândia.
Vários especialistas diziam que haveria necessidade de investimentos no setor de produção de energia. Mas, isso era coisa da oposição, como dizia o sábio Joseph George.
Além disso, o Fundo Monetário Internacional, co-mandatário do reino, tinha ordenado que se economizasse dinheiro, tornando esses investimentos proibitivos e proibidos.
Como bom cabrito não berra e, na hora que precisava de grana, o Rei Fernando corria para o Fundo e pegava mais e mais dinheiro para garantir a “governabilidade” do reinado, Dom Fernando não liberou a grana.
Também para que precisaria se o Ministro afirmava que não seria necessário?
Entretanto, não sei porque cargas d’água ou, mais precisamente, por falta d’água, a canoa virou, ou mais precisamente, afundou no barro, já que a fonte secou...
Então, como era de se esperar, começaram a haver episódios de blecaute, o que levou o reinado a uma situação desesperadora.
Afinal de contas, blecaute que o povo queria, infelizmente já tinha morrido, e fazia sucesso somente nos tempos de carnaval.
Mas, Dom Fernando não se fez de rogado não.
A culpa, obviamente foi transferida para São Pedro, senhor das águas e do tempo.
O pato, mais uma vez foi pago pelos súditos, que tiveram que economizar energia, num ato patriótico emocionante e digno.
Já as empresas que tinham comprado o sucateado sistema de distribuição de energia não podiam ficar no prejuízo.
Solução – aumentar as tarifas energéticas.
Quem paga – os súditos...
Obviamente, os leilões de venda das distribuidoras de energia foram colocados sob suspeita, já que o preço pago pelas compradoras era bem menor do que o de mercado.
Total da brincadeira de acende-apaga: 22 bilhões e meio de reais; pagos pelos súditos e transferidos para as empresas da área.
Somente para completar temos que observar o seguinte:
Joseph George ressurge hoje, como candidato a vice rei da chapa de Gerald Aidimin, para alegria de quem quiser comprar estatais a preço de banana, ainda temos algumas como a Petrobrás, a Eletrobrás, Furnas, entre outras...


Saudade que me invade o coração,
Saudade que me invade o coração,
Maltrato destruindo o que sonhei...
Não quero nem preciso do perdão
Apenas vou saber o que não sei...

A vida se perdendo na ilusão.
Fogueira dos teus olhos me queimei.
Das estradas perdi a direção
Nas lembranças a mulher que eu beijei...

Saudade tem seu nome, minha amada...
O teu corpo moreno e tão safado,
Tem o gosto suave madrugada,

Tem o jeito de quem me trouxe o fado,
Esquecido das horas mais vadias..
A saudade partiu... Minhas mãos vazias...


Noite empalidecida traz a lua...
Noite empalidecida traz a lua...
O brilho das estrelas u’a saudade...
Apareceste bela, toda nua...
Aumentando bem mais a claridade

Nossa noite, pacífica e tão crua,
Desvaira soluçante veleidade...
Meu corpo junto ao teu, leve, flutua...
Voamos, refletindo, sem maldade...

Num jardim estrelar vou cavalgando
Teu brilho, manso trilho, perseguindo...
Estrelas radiantes encontrando,

Querida, nosso amor, tudo mais lindo...
Neste momento, invade-me paixão.
Na noite que navega o coração...


Refletidos
Refletidos, seguimos flutuando.
No caminho arenoso que deixaste...
Desérticos tormentos enfrentando
Não há medo ou temor que não contraste...

Tuas bocas secretas, vou beijando,
Velejando caminhos velas, hastes...
Os incêndios soturnos, espreitando.
Não há loucuras santas nestes trastes...

Amores que não pedes nada enfim...
A mão que te machuca não te ampara.
A boca que me morde, sem carmim,

O resto do que fomos já não para.
A vida é bem melhor se for assim...
Agora dormiremos, minha cara...


Nada mais segue, nunca mais o norte...

Nada mais segue, nunca mais o norte.
Não consigo nem quero te esquecer...
Nos cassinos da vida perco a sorte,
Sem teus olhos responda, vou viver?

Esse amor já deixou de ser esporte,
É tentativa insana de morrer!
Para quem sempre disse ser tão forte,
De maneira cruel testa o saber...


As cores pardacentas deste abril,
Não há mais tempestades nem açoite
A rosa mais fechada já se abriu,

Não há segredos loucos que se acoite
Nem medos tenebrosos, nem um til,
Nada mais restará senão a noite!


Amor que nas quimeras fora trágico,
Amor que nas quimeras fora trágico,
Nas noites que restou sem um luar,
Das dores que devoras, necrofágico,
Não restam nem esperas nem lugar...

Amor que em entrelinhas fez-se mágico,
Nas beiras dos caminhos perde o mar...
Amor velho naufraga enfim pelágico,
Enfrenta tempestades, procelar...

Não queima nem dispensa o teu batom,
Em meio a tais loucuras, sou ateu...
O mundo não ecoa o mesmo som,

Nos pés inalcançáveis se perdeu.
A noite que varia um mesmo tom,
As várias sensações do mesmo breu...


Por mais que me negaste
Por mais que me negaste os mesmo passos,
Nas telas da saudade te tecer...
Os medos se perderam tantos laços...
Não posso nem preciso conhecer...

Tentáculos venais virando braços,
Profanas as imagens sem querer...
Nos colos que descanso meus cansaços,
Amar-te foi bem mais que meu lazer...

Por onde quer que eu vá, não vá opor-se
Não posso permitir o teu silêncio.
É claro, não me chames Inocêncio,

O medo que virá ao recompor-se
Me trará dor em toda magnitude...
Amor assim demais tanto amiúde...


Atordoado, nada vejo em volta;
Quando tu forjas sonhos num luar,
Atordoado, nada vejo em volta;
Nem mesmo a voz serena iluminar,
As horas acumulo na revolta,

Areia me queimando devagar...
Não preciso nem quero tua escolta,
Meus caminhos jamais vão escutar
O estribilho que teimas; vê se solta


As garras massacrantes que me enojam...
Teus dedos esponjantes, tua voz...
Retrato das estrelas que despojam

As formas que teimaste mais feroz...
Montanhas seculares que desmontas,
As minhas madrugadas seguem tontas...


A vida não me deixa


A vida não me deixa nem compressa...
De tudo que pensei sobrou vinagre...
A mão que me maltrata já tem pressa,
A boca que me cospe, nem milagre...

Não há nenhuma dor que te consagre
Nem há felicidade por conversa,
De tudo que me resta nenhum bagre.
A noite que me dás morre diversa...

Não me queiras mal, nunca te quis bem!
Tu foste simplesmente meu brinquedo...
Amar não conjuguei com mais ninguém,

A vida representa todo o medo...
Mas vou silenciando, a noite vem.
Me calo, tantos calos, meu segredo...


A mesma mão que finge
A mesma mão que finge se demora,
Nas cordas mais vadias, meu violão.
O pranto que planeja nunca chora,
O manto que te cobre coração...

Olhar que nunca pesca, não implora,
Não pede nem saudade nem perdão...
Agora tudo chora, vou-me embora.
Não quero testemunha, solidão...

A mesma mão que beija te maltrata,
O mesmo pé que dança, capoeira...
Nas mesmas ruas peço pela mata,

A lua que não dei, é verdadeira,
A cobra que te pica, te recata,
De tantas madrugadas, a primeira...


Fada

Nas noites tenebrosas tanto medras,
As formas insensíveis nunca plenas...
Os rumos que jogamos nessas pedras,
Não deixam nem corrigem velhas cenas...

Nos solos que cavei por que já redras?
Amor que não traduz é dor apenas...
Nas noites que sonhei as várias Fedras
Tragicamente víboras serenas...

No final da viagem nada mais temo.
A morte consolida a sua estada.
Nas noites tenebrosas perco o remo,

O vento maltratando essa janela...
Onde irei encontrar a minha fada?
Te olhando devagar, és acaso ela?


Noites Frenéticas
Nas frenéticas noites que me embalam,
Espero por teu braço junto aos meus...
As noites que passamos já se calam,
Os erros se contavam, novo adeus...

As mãos que se conhecem tanto falam,
Abraços cordiais de um louva deus;
Por certo sentimentos não se abalam,
No fundo devorando, são ateus...

Nas frenéticas noites que passamos,
Os medos nunca foram solução.
Em meio a tantas camas, nos amamos,

Amores não respeitam nem o chão.
Toda sinceridade que buscamos,
Espalha esse veneno, coração...


Danças
As danças que não danço dançarei
Amores que perdi não mais esqueço.
Nas festas que promessas fui um rei,
Os beijos que te dei, nem os mereço!

Vestidos transparentes que sonhei,
Mentiras tempestades meu tropeço.
Nas camas as esperas que terei,
Não somos simplesmente um adereço...

As fantasias tolas que vestimos,
Amores que se mudam, velhos limos,
Não faço apologia da saudade,

Meus versos são pedaços de promessa.
Amor que sempre esconde não começa,
Na porta descrevi felicidade...


As bocas que não beijo
As bocas que não beijo beijarei
Promessas aquecidas pelo vinho...
Não quero nem permito triste lei,
Amar jamais será viver sozinho...

Amarras esquecidas, te encontrei,
A roupa que te veste imita linho.
Não minto nem omito o que não sei,
O canto que me deste, passarinho...

O tempo que perdi, jamais retorna.
O vinho que bebi, o copo entorna.
As bocas que beijei podres delícias,

As noites procurei tuas carícias...
Não me negaste nada, mas se cala,
A boca que hoje beijo, nada fala...


As horas que se passam...
As horas que se passam não se calam...
Esperam tempestades por resposta...
As carnes que cortaste não se embalam,
Precisam ser picadas, cada posta.

Os medos que me deste já me entalam,
No fundo não perguntam e nem falam,
Bem sei que tanto pensas não me gosta
Saber que nosso amor foi uma aposta...

Jogamos tudo fora num momento,
O barco naufragou o que não via,
Acesa a velha chama não ardia,

A brasa não deixou de ser ungüento.
Amores que partidos, parricidas,
A vida inteira peço que decidas...


Embalos
Embalos que não faço pedem calma,
Na dança que fingi nunca aprendi.
Amor velho goleiro que me espalma,
Pretende ser herói, mas nem aqui.

A quina desta porta trouxe trauma,
Na flâmula bandeira me esqueci.
Um beijo de mulher é que me acalma
Por isso meu amor, eu te perdi...

Frestadas as fenestras e soleiras,
Nos êmbolos seringas nas agulhas.
Amor que não produz tantas fagulhas,

Por certo não completa brincadeiras.
Em lágrimas meu rosto se avermelha,
Das dores não deixei sequer centelha...


Chama da Calmaria
A chama da chamada calmaria,
Mais forte que imagina toda gente,
Verdade que supera a fantasia,
Ateia tanto fogo, de repente...

É pleno nevoeiro espanta o dia,
É frio que me queima fosse quente.
Num eclipse total ao meio dia,
Devasta em tais tormentas envolvente...

A chama que se esconde me apavora,
Não posso perceber sua chegada...
Não diz nem quando chega ou vai embora

Disfarça-se de calma mas é brava,
Não nega nem sequer a madrugada,
Vulcânica mas gélida essa lava...


As Rias
A ria que percorre velha chaga
Nos barcos que percorrem essa ria,
Navego por sinais antiga plaga,
A vida que cometo, não varia...

A dor que me consome já me estraga,
Amores nunca foram velharia.
A chuva vem caindo e tudo alaga,
De amores por favor, nunca se ria...


Navego meus veleiros e jangadas..
Os mares guiam sonhos para o rio...
As noites se iluminam consteladas,

Embarcações naufragam esperanças...
Coração sem amor, só bate frio,
As rias se perderam nas lembranças...


Peleja
A praga da peleja me daria...
Um desejo mais torpe que me toma,
A manta que te cobre, fantasia,
O medo de viver contudo, soma...

A chuva que teimava já se estia,
Amores encontrei na velha Roma,
Na lei do que me importa, mais valia.
A boca normalmente vira estoma.

A plaga onde pelejo já distante...
Por ondas e por mares navegados...
Não quero nem permito tal instante,

Amores nunca foram revogados...
Nos beijos que me deste delirante,
O coração desmancha apaixonado....


Dálias e Corbelhas
Nas dálias nas corbelhas que encomenda
Aquele que pensou amar demais.
A vida não promete nem comenda,
Quem sabe pede, nunca perde paz...

Amores sem tristezas leda lenda,
As carnes se devoram canibais,
Viver continuamente a mesma tenda,
É jogo pra quem sabe ser capaz...

Das dálias que plantaste nada brota,
O rumo que pensei mudou de rota,
O passo que já deste foi tropeço.

Amor não deixa nunca recomeço.
O rio se passou, alaga a margem,
Não deves retornar dessa viagem...


Comendas
Comendas que deformam a verdade,
São dadas sem saber nem porque e como...
São livros que não prestam, mero tomo...
São coisas que não deixam nem saudade...

São pântanos que fingem claridade,
De prata nada têm, somente cromo...
Fingidas tais comendas são embromo,
Estão distantes dessa realidade...

Comendas encomendas e mentiras.
Disfarces de quem nunca soube nada...
As balas reprimendas que me atiras

Raspando passam, deixam a certeza...
Dos crimes que cometes, madrugada,
Das mortes que carregas, da tristeza...