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Thursday, June 1, 2006

SEM TER NADA POR DIZER

Sem ter nada por dizer
Desse tanto que já disse
Por ter medo de viver
Sem ter nada que afligisse
Pelo canto mais sensato
Desse rio, do regato.
Por não temer o cansaço
Por nem ter o teu regaço
Quis fazer essa manhã
Com teu gosto minha amada
Ter no meu peito a terçã
Ter nos olhos madrugada
Sem saber por onde andar
Nem ter medo da saudade
Nem vontade de voar
Quero ter somente a lua
Mudando a forma, mas nua.
Percorrendo cada rua
Como se fosse ela, a tua.
Como poder ser teu colo
Como transformar teu solo
Como navegar ao pólo
Como resistir ao canto
Envolvendo-me no teu manto
Encantando-me teu encanto
Navegando no teu mar
Procurando teu cantar
Sabendo bem mais te amar
Que poderia essa vida
Ser estrada tão comprida
Que nunca pode estancar
O que sangra sem segredo
Esse amor me dando medo
No meu último degredo
No final dessa cantiga
Que de tanto ou mais antiga
Vai queimando feito urtiga
Fazendo a vida serena
Dando dor a quem tem pena
Dando essa asa a quem não voa
Vou levando a vida à toa
Navegando essa canoa,
Vivendo essa vida boa.
Com o gosto da saudade
No peito essa liberdade
Carregando a vaidade
De ser livre, sem ter medo.
De saber qual o segredo
Para poder suportar
As dores mais poderosas
Vou tentando perfumar
Com os olores das rosas
A quem queira me amar.
Quero saber dessa sina
Que me traz a ti, menina.
Que me faz sentir, calor,
Nos braços do meu amor
Na rede toda preguiça
Que vem, prende me atiça.
Me dando essa sensação
De chegar nesse meu chão
Carregado de perdão;
Lavando toda certeza
Na chuva da madrugada
Tornando desesperada
Cada ausência sem você
Querendo, só por querer.
Querendo sem nem poder
Amar quem nunca esqueci
Na vida que já perdi,
Na curva dessa esperança
Ser de novo tão criança
Trazendo em minha lembrança
O gesto mais delicado
Onde amor tornou-se fado
A vida dando o recado
O medo andando de banda
Pesando o peito sofrido
Que por muito já vivido
Leva seu tempo perdido
Vai em busca da certeza
De encontrar essa beleza
Que todos chamam verdade,
Mas pra mim, sinceridade.
Conhecendo a liberdade
Chamo de FELICIDADE!

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