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Sunday, December 23, 2007

SONETOS 103 E 104

Amizade que se faz em cada verso
Vagando sem destino, um coração,
Percorro meu caminho, no universo
E faço deste mote uma lição

Que mostra-se distante do perverso
Destino que se forma em solidão.
Não quero mais seguir, sempre disperso,
Por isso amiga eu peço-te perdão...

Às vezes maltratei nossa amizade
Em outras me esqueci completamente.
Porém o mundo mostra, na saudade,

Quão importante estar sempre presente,
Cuidado deste amor com lealdade,
Mostrando a cada dia o que se sente...

X


O que dizer das mãos que me acarinham?
Quais sendas perfumadas, sem espinho.
Belezas que as estrelas adivinham,
Delícias delicadas, paz e ninho...

Nas matas e nascentes, já caminham,
E fazem de quem fora tão sozinho,
Um homem tão feliz. Aonde aninham
Já forram com perícia e com carinho.

Mãos de fada! Pra sempre, quem me dera,
Colhessem no meu corpo a primavera,
Cumprindo o meu destino, sem tocaia,

Nos vértices dos céus, liberto sonho,
Calor que cedo emanas, te proponho,
Carícias mais audazes, sob a saia...

X

Cuidar desta amizade
Como quem lavra a sorte,
Fazer com qualidade
O rumo, o nosso norte,

Salvar da tempestade,
Jamais deixar que o corte
Afaste da verdade,
Um braço amigo e forte.

Não tema, então querida,
Contigo irei sem medo,
Toda a razão da vida

Se mostra num segredo,
Estrada assim cumprida,
Louvando cada enredo...

X


Uma esperança ativa
Não é somente um sonho,
Realidade aviva,
Um mundo em que proponho

Presença sempre viva
Pois quando eu me disponho,
A sorte enfim não priva
De um dia tão risonho.

Viver uma esperança
Sem medo de seguir,
É não temer a lança

E nem sequer fugir
Futuro nos alcança
E invade a nos tingir..
.

X

No beijo que trocamos
Nossas almas se tocam,
Decerto desfrutamos
Prazeres que se focam,

Juntinhos; assim vamos,
Vontades que se alocam,
Nos lábios declaramos
Amores que se espocam.

Na boca, o sentimento
Em umidade plena,
Tão doce este momento

Em que este amor acena
Um sol queimando lento
Numa manhã serena...

X


Bem sei que me conheces
Mas mesmo assim me queres,
Nas sendas que assim teces,
Querida, se vieres,
Escute minhas preces,
A sorte, em nada; alteres.

Eu tenho esta certeza
Que me norteia a vida,
Num ato de grandeza,
Não te perdi, querida,
Vislumbras a beleza
Que eu julgava perdida.

Por isso eu te agradeço
Amor que eu não mereço...

X

Amiga, me agasalhe nos teus braços,
Do amor que não mais tenho e me perdi,
Espero que se estreitem nossos laços
Bem sei que o bom da vida estava aqui.
Permita-me Meu Deus que nossos passos
Mais firmes do que todos que já vi.

Lá fora estão cantando umas cigarras
Fazendo uma algazarra sem tamanho.
Panteras afiando suas garras
Do tempo em que vivemos perco ou ganho,
A liberdade plena sem amarras,
Se faz em cada verso e nem estranho

O dia que nasceu sem claridade,
Depois de sepultarmos a amizade...

X

Quem me dera morrer de tanto amor!
Seria algo medonho, mas bonito.
Um sonho assim deveras tentador
Morrendo de emoção quebrando o rito
Fazendo em tentação velho pendor
Com asas que me elevem, infinito...

Morrer de amar demais, um paraíso
Aberto em esperanças divinais.
Morrer tão docemente num sorriso
Na plena sensação de imensa paz.
No momento mais correto e mais preciso
Uma alegria imensa a morte traz...

Mas amanhã de novo eu falo disto,
Hoje não posso, tenho um compromisso.

X


Vivendo neste amor assim profano,
Numa insensata dança sem juízo...
Roçando pele a pele, amor insano,
Que leva-nos ao bom do paraíso,
Fazendo da loucura o nosso plano
Sincero de prazer e de sorriso.

Nas fronhas, nos lençóis, nos travesseiros
As marcas deste amor que nos completa.
Distantes dos desejos corriqueiros,
A forma do banquete predileta
Nos mostra sempre intensos, verdadeiros,
Até que a noite passe tão repleta...

E como do manjar angelical,
No templo mais gostoso e sensual...

X


Neste sonho ardoroso que nos toca,
As bocas se procuram, sede tanta...
O meu olhar no teu quando se enfoca
Desejo bem mais sorte se agiganta.

Carícias que trocadas nos aquecem
E fazem delirar quem bem se quer,
Os lábios, aos desejos obedecem,
Na busca da menina, da mulher...

Abraço-te com calma e com vontade
De ter teu corpo junto, sempre ao meu,
Nos sonhos (quem me dera) a realidade

Distante. Essa promessa de alegria
No vento em mil carinhos me aqueceu...
Acordo e quando vejo... Fantasia...

X

A sogra que me deste
Querida; que suplício.
Não digo que ela é peste,
Azar ou precipício,

De negro se reveste
Que é por dever de ofício,
No caldeirão faz teste,
O bicho, este estrupício.

Porém tem as vantagens,
Depende do momento,
Às vezes redentora,

No trânsito em viagens,
Num engarrafamento,
Me leva na vassoura...

X

Na solidão que a vida preparou
Entregue a tanta dor, desesperança.
Buscando o meu caminho, sempre vou
Porém somente o frio já me alcança.

Eu sinto que o destino preparou
Cilada tão cruel, que assim se avança.
De tudo o que sonhei, nada restou,
Apenas a saudade, uma lembrança...

E todos me deixaram tão sozinho,
Sobrando do que fui um simples não.
Da morte solitária, mau vizinho,

Lutando contra tudo, sem abrigo,
Percebo enfim que todos já se vão,
Restando aqui somente um velho amigo...

X

Quem segue seu caminho
Em trilhas diferentes
Talvez encontre ninho
No sonho de outras gentes,

Não sei andar sozinho,
Meus versos vão contentes
Quando contigo aninho
E gosto quando sentes

Meu passo a te seguir.
Porém querida amiga,
Meus erros não repito,

Prefiro perseguir
Um passo que prossiga,
Por outras mãos escrito...

X

Uma alma que se encontra enamorada
Na transparência pura dos cristais,
Persegue um lindo sonho em bela estrada,
Querendo desta vida, sempre mais.

Eu vejo na pureza de teus olhos,
O brilho da emoção já refletida,
Jardins que se salvaram dos abrolhos
Perfumam, sacramentam minha vida.

Eu sei que irei contigo até que o fim
Separe nossos sonhos nesta Terra,
Mas guardo uma ilusão que mesmo assim,
Comigo noutro mundo, amor encerra

O canto mavioso em claro brilho,
A morte não será mais empecilho...

X

Na vida o que preciso
Já tenho um companheiro,
Saber do teu sorriso,
Abraço verdadeiro,
Tua amizade eu friso
Num sonho mais certeiro.

Meu patrimônio, amigo,
É ter a companhia
Que quero e que persigo
Tramando em tal magia,
Defesa em um perigo,
Um poço de alegria...

Bem mais que tantos bens,
Feliz; pois sei que vens...

X

Perdoe, minha amiga,
Um pobre sonhador
Que a sorte não abriga
Oculta o seu calor,

Ternura tão antiga,
Perdendo o seu ardor,
Impede que prossiga,
Negando todo amor...

Depois de ter perdido
Teu braço costumeiro,
Sentindo-me vencido

Qual fora um trapaceiro,
Meu canto desvalido,
Vazio, por inteiro...

X


O que dizer do que se chama vida?
Repúdio, lágrimas, martírio, dor?
Não poderia conceber amor,
Nunca tive remansos. Vi, perdida,

A juventude, alheio, sem saída...
Quisera piedade, por favor...
Sentira simplesmente tal pavor
Que só pensava, enfim, na despedida...

Conheci os salões da solidão,
Num marasmo, inconstante. Coração
Dizendo nada, nada repetindo...

Vieste, mansamente, tempestade...
N'outono temporã felicidade.
Mas, triste, meu inverno já vem vindo.

X

Bem sei quanto sorris desta amargura
Que trago no meu peito, em dura espera.
Tua alegria é feita na tortura
Que prende minha sorte, triste esfera.

A látega saudade me perfura
E uma alegria imensa sei que gera
Nos olhos de temível criatura
Que sobre a minha vida sempre impera.

As penas que carrego, tuas glórias,
Feridas em minha alma, paraíso.
Se venho carregado das escórias,

Te faço mais feliz por ser assim,
Meus passos mais doridos, impreciso
Sorriso em tua boca carmesim...

X

Meu olhar descortina exatidão
Do corpo mais perfeito que conheço.
Desnuda em minha cama, com tesão
Vertiginosamente reconheço
As marcas do desejo e tentação
Mostrando o quanto amar tem o seu preço.

Desvendo os teus segredos e mistérios
Recebo o teu arfar mais desejoso.
Pratico no teu corpo os magistérios,
Profetizando sempre o doce gozo,
Quem fora qual vassalo em teus impérios
Vai sedento, faminto, um andrajoso

Que implora neste verso desconexo,
Todo o calor intenso de teu sexo...

X


Eu vim de não sei onde
Jamais retornarei
A vida perde o bonde,
Distante me encontrei

Nos braços da morena
Encontro a solução,
A vida mais amena
Enfrenta um furacão.

Sou quase o nada fui,
E agora o quase sou,
Amor por certo influi

No tempo que restou,
Agora o mar me intui
Meu barco te encontrou

X


Eu quero e nunca nego
Carinho de quem amo,
Meu canto descarrego
No pranto em que te chamo.

No mar em que navego
Um sonho não difamo,
Apenas como um cego
Tateio, assim eu tramo

Um resto de esperança
Que chega devagar,
Laçando em aliança

Sem
nunca mais parar,
Amor que já me alcança
É luz a me guiar...

X

Repentes sempre faço
Na voz de um violeiro
Caminho em cada passo,
Um canto verdadeiro,

Encanto traz o laço,
E prende um traiçoeiro
Amor que sem espaço
Morreu, teu prisioneiro...

Porém uma amizade,
Restou aqui no peito,
Restaura a qualidade

De um mundo contrafeito,
Deixando esta saudade
Vazia, enfim, sem jeito

X

Querido, uma verdade
Às vezes atrapalha,
Somente na amizade
Sincera, nunca falha.

Antes que seja tarde
Encaro esta batalha,
Por mais que a vida enfade
Verdade é qual navalha.

Mas agradeço a ti,
Por isso meu amigo,
Em tudo o que vivi

Em tudo que persigo,
Sinceridade eu vi
Somente assim contigo...

X

Às vezes necessito
Manter olhos fechados,
Negando estar aflito,
Ao ver passos errados,

Por isso eu acredito
Que a vida traz os fados
Retendo o nosso grito
Engodos demarcados...

Numa amizade, às vezes
Silêncio é tão bem vindo,
Assim, amigo há meses,

Ficando só te ouvindo,
Ao ver os teus reveses,
Sozinho, a dor, curtindo..

X


Uma amizade faz
Das almas, casamento,
Uma esperança a mais
Tomando enfim assento

Da vida feita em paz
Distante
de um tormento
Servindo, satisfaz
No amor tem seu sustento.

Porém neste consórcio
Das almas que se dão,
Se algo vem e distorce-o,

Acabando ilusão,
Restando só divórcio,
Única solução...

X

Eu bebo a tempestade
Encaro o sofrimento
Não fujo da verdade,
Engulo fogo e vento,

Porém sem liberdade
Morrendo o sentimento,
Dependo da amizade,
Que bordas num momento.

Nas bordas deste mar,
Nos campo descoberto,
Às vezes quis amar,

Meu peito estando aberto,
Mas nada pude achar,
Amor se fez deserto...

X


Um simples repentista
Que fala em tanto amor,
Sonhando ser artista
Navego um campo em flor,

Por mais que assim insista,
Batalho com ardor,
Sem ter sequer nem pista
Porém ao teu dispor.

Eu quero que imagines
Um mundo bem melhor
Do que sabes em mim,

Olhando nas vitrines
Beleza assim maior
Num sonho sem ter fim..

X

Amor deveras rude
Maltrata quem sonhava
Além do que já pude
Jamais imaginava

Que assim a juventude
Sozinho eu terminava,
Que Deus me dê saúde
E a vida sem ter trava.

Querência deste amor
Que toma e não me larga,
A voz de um sonhador,

No peito assim me embarga,
Amor tem seu valor,
Em vida dura, amarga...

X


Felicidade está
Em cada novo dia,
Trazendo para cá,
Amor que se queria,

Devagar chegará
Tomando com magia
O mundo brilhará
Vestido de alegria.

No sol desta manhã
Felicidade vem,
No gosto da maçã

No amor que sempre tem
Que vive neste afã
De espalhar sempre o bem...

X

Sorriso verdadeiro
Desarma um cidadão,
Um sonho costumeiro
Mostrando uma emoção

Por certo vem inteiro,
Encharca o coração.
Do céu rouba o tinteiro
Traz boa sensação.

Por isso na alegria
Sorriso estampa tanto,
Além do que dizia,

Nos lábios, com encanto,
Felicidade guia,
Afunda o triste pranto...

X


Saudade daquilo
Que um dia perdi,
Viver sem estilo
Distante de ti,

Depressa eu vacilo,
Não encontro aqui
Sequer um asilo,
A sorte, esqueci...

Quem vê o meu rosto
Em lágrimas tantas,
Sofrimento exposto,

No frio sem mantas,
Amor em desgosto,
Não mais tu me encantas...

X

Mulheres perdidas
São tão procuradas
As horas vencidas
As noites chegadas,

Distantes, curtidas,
Novas madrugadas,
Se encontram as vidas,
Tão despedaçadas...

Não falo da sorte
Do amor que não tive,
Procurando a morte,

Contigo eu estive,
Porém bem mais forte
Esperança revive...

X

Amor de verdade
Percebo em momentos
Onde
adversidade
Negando os ungüentos

Sem prosperidade
Já traz sofrimentos,
E com amizade,
Mostra-nos bons ventos.

Por isso querida
Eu sei que me gostas,
Curando a ferida

Lanhada nas costas;
Tua mão ungida
Em mim sempre apostas...

X


Meu querido amigo
Não tema esta dor
Perfume sem flor
Não vem mais contigo,

Em teu doce abrigo
Percebo o valor
Do sonho a compor
Que assim eu persigo.

Perguntas não faço
Apenas te abraço
Em tua aflição,

Assim amizade
Traz a claridade
Mata escuridão...

X


Às rosas eu dedico
Um verso que é bonito.
Tão encanto eu fico
Seguindo um velho rito,

No amor eu me edifico,
E não persisto aflito.
Jardim se torna rico,
Isto não é um mito...

Porém a verdadeira
Razão assim formosa,
Se mostra mais inteira,

Além da bela rosa,
A mais maravilhosa,
De todas: trepadeira...

X


Não quero te entender, ter-te me basta...
Nas variantes vozes que me dizes,
Nas profanas mordaças, tais matizes
Na corredeira louca que m’arrasta...

Muitas vezes luxúrias, outras casta,
Sorrindo da dor, lágrimas felizes.
Procurar liberdade, ter varizes
Nos segredos sutis, atrai, afasta...

O que me falas, vento já levou.
Tuas malícias, forjas o que sou...
Numa diversa hipocrisia, ris...

Conhecer-te? Jamais queria tanto.
Aos teus olhos, satânico,sou santo...
No fundo, um paradigma, és uma atriz...

X


Não quero te entender, decerto basta!
Em todas as mentiras que me dizes
Encontro a sedução destes matizes
Que em loucas corredeiras, já me arrasta.

Às vezes em luxúrias finges casta
Sorris de minha dor; mas são felizes
Os dias em que escondes teus deslizes,
Teu segredo venal, a sorte afasta...

Mulher que me profana e goza santa.
Na fome desejada, já se encanta
E cospe neste prato que comeu.

Donzela que disfarça a meretriz,
Em cena se mostrando qual atriz,
Inventas universo todo teu...

X


Estando assim contigo
Não há constrangimento,
Percebo, meu amigo,
A maciez do vento,

Afastando o perigo,
Tomando o pensamento.
Sorrir até consigo,
Ao menos, num momento...

Em total confiança
Amizade se faz,
Mesmo se a dor avança

Garante nossa paz,
Decerto uma esperança
Amizade nos traz...

X


Quando tu negas raios de um luar
Atordoado, nada eu vejo em volta.
Nem mesmo permitindo iluminar
Causando tanta dor, mágoa e revolta.

Depois encontro a lua num vagar
Sozinha sem estrelas por escolta.
Noutros caminhos, sigo a procurar;
Mas sinto em tua mão que não me solta

A força destas garras massacrantes.
Os dentes mais ferinos, penetrantes
Em fúria sem limites, tão feroz.

Escuto então teu canto mais atroz
Altares seculares; já desmontas,
E minhas madrugadas morrem tontas...

X

Titânica vontade, animalesca,
Na amazônica luta para ter
Na tétrica batalha, assim dantesca,
Enfático, procuro te reter,

Esplêndida manhã, que romanesca,
Fatídica certeza a nos trazer
Estética sublime, nababesca,
Emblemática sorte, meu prazer...

Não quero esse aço fero que me fira,
Nem lança que o acaso, enfim desfira,
Palácios, palafitas? Tanto faz,

Apenas quero ter em ti meu manto,
Do amor que em profecia, eu via encanto,
Moldando o meu futuro em santa paz...

X

Quando te vi subindo pela escada
Eu percebi que tinha alguma chance
De renovar a vida destroçada
Após ter terminado esse romance.

Minha alma, com certeza tão cansada
Acompanhava os passos lance a lance.
Eu já deixara a porta escancarada
Pensando em permitir que sempre avance

A mulher que sonhei a vida inteira
E partira; levando uma esperança
Da vida renovar-se por inteira.

Ao ver tua chegada percebi
Que o sonho renovado não se cansa,
E veio como sempre, mal te vi...

X

Coração taquicárdico menino
Que faz estripulias no meu peito.
Batendo em descompasso e desatino
Deixando o meu viver mais satisfeito.
Nestes momentos todos; me alucino,
E nem mais sei pensar certo e direito...

Às vezes fugidio, outras tão fácil,
Coração descompassa e perde o rumo.
Não pode ver mulher mais bela e grácil
Não pode ver a fruta quer o sumo...

Se faz de uma esperança mais sombria,
Nas asas da ilusão vai decolando,
Forrando o meu espaço em fantasia,
Feliz dentro do peito, está pulsando...

X


É bom poder ouvir a tua voz,
Embora muitas vezes dissonantes
Acordes que fizemos, deslumbrantes
Mais valem do que um dia, outrora, atroz.

Eu sinto que é preciso atar os nós
Na força que nos doma por instantes,
Da vida não sabemos nada após
Por isso vou dizer-te que bem antes

Que a morte venha ser a companhia
Destino de quem vive, sem perdão,
A gente, enfim, refaça uma alegria

Que sempre foi meu mote, com emoção.
Amiga é bom saber que a poesia
Reveste em plena glória, o coração.X

X

Ao abrir totalmente o coração
Ficando sem defesas, me entreguei
Sentindo este poder, devastação
Já quase; nem meu nome, nada sei...

Somente o vento forte da paixão
Ao qual me submeti na dura lei
Onde todos já perdem a razão,
Assim também vencido, me portei.

Agora o quê que eu faço? Não sou mais
Aquela fortaleza que julgara
Abrindo o coração perdi a paz

Nem mesmo sei quem sou não reconheço
Em cada novo passo nada ampara,
Meu medo inusitado de um tropeço.

X

Retiro de minha alma a lama suja
Que fez meu verso triste e sem sentindo.
Rascunho de desejos, garatuja,
No fundo do que sou vou me esvaindo.
Amor que nunca veio de lambuja
Chegando faz meu dia bem mais lindo.

No rito solitário da paixão,
Troquei a vaidade pelo sonho.
Restando tão somente esta emoção
O vaso que quebraste, de tristonho,
Perdeu todo o sentido e a razão,
Mas mesmo assim querida, te proponho

Lançarmos nosso dardo ao infinito,
No que se fora amor, mesmo maldito...

X

Aflora em nossa pele tal desejo
Que nunca mais sacia, nem termina.
Bebendo tua boca em cada beijo
No vinho de teu mel que me alucina.
Prazeres sem limites eu prevejo
Colhidos no pomar, mulher-menina...

Irrigando voraz cada caminho
Dos canteiros divinos, magistrais..
Recebo em cada toque tal carinho
Que peço, sem parar, querendo mais...
Entrar em tuas matas, de mansinho
Vontade de sair? Juro, jamais!

Encanto sedutor e divinal
Do pélago gostoso e magistral.

X

A boca que beijei por tantas vezes

Negando-me um sorriso. O que fazer?

Bem sei que nesta vida, mil reveses

Nos tomam, nos negando este prazer.

Eu te amo, isso é verdade e nunca nego,

Entendo os teus motivos minha amada.

A culpa dos meus erros, eu carrego,

Porém o dia nasce na alvorada

E traz renovação raiando o sol,

As lágrimas, orvalhos que se secam,

Fazendo dos meus olhos girassol;

Perdão se fez pra amores quando pecam.

Amada, em meu suplício, um só desejo:

A minha vida inteira por teu beijo...

X


A felicidade
Abrindo a janela
Já traz qualidade,
Amor que revela,

Tem a faculdade
De ser bem mais bela
Nesta mocidade,
Eu pinto esta tela.

Do riso tão franco
Que mostra o meu peito,
No sonho mais branco,

Ando satisfeito,
A dor eu desanco,
Te encontro em meu leito

X


Saudade de quem
Um dia partiu,
Deixando este bem,
Que sempre pediu,

A sorte que vem,
Depressa fugiu,
Amor pegou trem,
Meu mundo caiu.

Agora a saudade
Batendo na porta
Amarga maldade,

Mais nada me importa,
Tanta falsidade,
Minha alma está morta

X


A tua amizade
Por certo me traz
Força de vontade
Certeza de paz,

Achei a verdade,
E sou mais capaz
Ao ver claridade
Que enfim satisfaz.

Meu verso incontido,
Se mostra mais forte,
Contigo decido,

Meu rumo, o meu norte,
E vou protegido,
Não temo nem morte.

X


Amor não tem idade,
E nem respeita gentes,
Na louca mocidade,
Nos crava fortes dentes,

Depois de ansiedade
Nos torna mais doentes,
Restando uma saudade
Fazendo-nos dementes.

Porém um paraíso
Se mostra em luz e vida,
Vibrando num sorriso,

Uma aurora florida,
Mas se eu me martirizo,
Encontra uma saída

X

Encontro um ideal
Distante das sombrias
Noites onde o mal,
Transita em agonias,

A dor em funeral
Morrendo
em mãos tão frias
Lágrima sepulcral
Já não terá magias.

Nem cravos sequer lírios,
Somente uma grinalda,
Quem teve tais martírios,

Por certo já se escalda,
No encanto, mil delírios
Teu mel, um doce em calda.

X

A noite vai esguia
Deitando no luar
Desejo que se urdia
Tocando devagar,

Moldando uma alegria
Gostosa de sonhar,
Quem sabe a fantasia
Chegando devagar,

Mostrando que também
Amor a mim se deu,
Eu vivo por teu bem,

Somente agora meu,
Por isso, amada vem,
Na luz que me aqueceu

X


Na fome que se espalha
Em grandes plantações
No corte da navalha
Escravos, borbotões

Futuro se avacalha
Esquecem-se lições
A vida vira tralha
Emergem podridões;

A morte na tocaia
Espreita cada presa,
Cavalo que sem baia

Levado em correnteza,
A vida não ensaia
Sequer uma surpresa...

X


Eu vejo um bom futuro
Nos braços de quem amo,
Ultrapassando o muro
Enfim, amor reclamo
,
De um chão deveras duro,
Ao plano em que te chamo,
Meu canto então apuro
E audaz; amor exclamo.

Quem veio de um passado
Quiçá sem esperanças
Agora extasiado

Experimenta danças,
Vivendo do teu lado,
Nos gozos das festanças...

X


No sonho em que eu me via
Tão próximo de ti,
Eu penso que sabia
De tudo o que vivi.

Tu trazes alegria
Melhor que conheci,
Encharcas poesia,
Por isso estou aqui

Pedindo de joelhos,
Amor que não trouxeste
Nos meus olhos vermelhos,

Na dor que me reveste
Os sonhos são espelhos
Qual fossem simples teste.

X

Amor se mostra ardente
Em cada novo beijo,
Tomando logo a gente
Trazendo num versejo

A sorte em que se tente
Viver cada desejo,
Tornando a noite quente
Rompendo em relampejo.

Brincar com bela lua
Exposta na janela
Numa beleza crua,

Vivendo só para ela,
Mulher deitada, nua,
Estrela se revela...

X


Menino que criou-se lá na roça
Brincando com pião, e cabra cega
Deitando numa rede, na palhoça
Jamais numa cidade, em paz, sossega.

Montado num cavalo, na carroça,
Em nada nesse mundo já se apega,
Da dor e da saudade se faz troça,
Do verso que improvisa a sorte prega.

Moleque que se fez quase um matuto,
No cigarro de palha, o companheiro.
Olhar de quem não sabe, sendo astuto,

Cartilha decorei, mas sou matreiro.
Porém por amizade, vou e luto,
Comparsa; na verdade. Um bom mineiro.

X

Felicidade existe
A cada amanhecer
À dor ela resiste
E mostra que o prazer

Que sempre, assim resiste
Traz luz ao conceber
Deixando o que era triste
Do lado, a se esquecer...

Eu sei felicidade
Nos olhos feiticeiros
No canto de amizade,

Amigos verdadeiros,
Forjando a claridade,
Da vida, timoneiros...

X

Em meio à solidão
Procuro por afago,
Entrego o coração,
Do trigo, cada bago,

Encontro a solução
Bebendo trago a trago
Aflora uma emoção
A solidão esmago.

Nos braços de uma amiga
Nos olhos da promessa,
A vida mostra a viga

Na sorte em que confessa
Uma amizade abriga
O resto é só conversa....

X

Um coração granito
Marcado por desgosto,
Levado ao infinito,
Estando sempre exposto

Num gesto mais bonito,
Encontro meu recosto
Quem fora tão aflito
Agora traz no rosto

Sorriso mais preciso
E sempre extasiante
Pois vê que o paraíso

Em toda liberdade,
É feito assim, conciso,
Na força da amizade...

X

A dor que consome
Coração da gente
Trazendo em seu nome
Um mundo descrente

Tantas tempestades
Promessas de chuva
Saber das maldades
Da estrada na curva.

É ter a certeza
Que a vida maltrata
Contra a correnteza

Somente teu braço,
Amiga, nos ata
Permitindo um passo.

X


Das noites tão frias
Sozinho no quarto,
Promessa de dias,
Que penso e descarto

Sem ter alegrias
De dores tão farto,
Porém me darias
Carinhos de fato.

Amiga agradeço
A sorte que dás,
Será que mereço

Todo esse carinho,
Que sempre já traz
Calor em meu ninho..

X

Nas horas que vagas
Prometem descanso
As distantes plagas
Em sonhos alcanço

E sei que me afagas
Coração tão manso
A vida que alagas
Num calmo remanso.

Vencendo estas dores
Que a vida nos traz,
Bordando mil flores

Em tal claridade,
Encontro esta paz
Na tua amizade...

X


Horas mortas da noite
No frio que nos toma,
Cortando qual açoite
Amor enfim nos doma

E faz um paraíso
Em cada beijo teu,
Trazendo um bom sorriso
Que enfim se concebeu

Em festa e alegria
Que sempre majestosa
Em lágrimas sabia
Do espinho sem ter rosa.

Agora ganha o dia,
Do amor tão orgulhosa...

X


Paixões que me assolaram num tropel,
Fomentos de ilusões e fantasias,
Marcando meu passado por orgias,
Erguendo meu olhar ao negro céu.

Vestida de inclemência traz no véu,
O quanto imaginara e não querias,
Minha alma transformada num bordel,
Morrendo em solidão, nas noites frias...

Mas ergues, da amizade soberana,
Uma égide por certo, salvadora,
Enquanto a sorte vem e desengana,

A mão que me sustenta, redentora,
Além do que pensei vem e transforma,
Forjando do que fora, em nova forma...

X


Não creio neste Deus antropomorfo
Que vendes nos altares, nos botecos,
Sentimental e vingativo. Eu formo
Imagem bem distinta destes ecos.

Um Deus que se faz éter, clorofórmio
E cansa com tamanhos repetecos.
Apenas criador, não me deformo
Por mágicas insanas doutros becos.

Não creio nesta imagem malfadada
Do cordeiro que, quieto, se degola.
E tanta falsidade em si, encerra.

Amiga, na verdade, a derrocada
Se faz quando se enforca pela gola,
Por isso, o bom cordeiro? O que mais berra!

X


Ao celebrar em rito este missal
Que sempre em preconceito se faz farto.
Distância que tu crias, abissal,
Levando ao descaminho em que me aparto

Do rumo que mostraste no final,
A sorte é que no fundo eu já descarto
Opinião marcada por boçal
Sentimento do qual eu não comparto.

Negando a salvação para um “doente”
Que médico imbecil tu me saíste.
Depois já não reclame se, descrente

Eu fujo do diabo em que vestiste
Todos os que negam teu poder,
Amigo, por favor, vá se catar!

X



Em versos maldizentes e profanos
Talvez fosse mais fácil decifrar
Caminhos que perdidos, em enganos
Não
deixam um cristão já caminhar.

Passando sem pudor por muitos anos,
A quem deseja assim mais enganar?
Os reis, ritos papais, por soberanos
Levaram às ovelhas falso mar

Aberto sobre aqueles que pensavam,
Na adaga que encostada no pescoço,
Podres poderes sempre demonstravam.

Agora a fera mostra-se em colosso
Retroagindo
ao tempo sem razão.
Só falta renascer a inquisição!

X

Sou manso e quase tolo
Mas quero te contar
Da festa quero o bolo,
Da boca o teu beijar.

Na dor eu me consolo,
Bendigo este luar,
Deitando amor no solo,
É bom pra namorar.

Eu não me esqueço mais
Do amor que nunca veio,
Embora prometido.

Querendo-te demais,
Adivinhando o seio
Que trazes escondido...

X

Eu sou do interior
Das Minas mais Gerais
Mas seja lá o que for,
Eu quero saber mais.

A minha namorada
É moça moderninha
Porém bem assanhada.
Com fala bem mansinha

Falou duma homenagem
Pra fazer pr’uma amiga,
Que logo vai chegar,

Achei uma bobagem
Que seja então prossiga
Homenagem truá...

X

Meu corpo mimetiza-se no teu,
Em cores que se tocam, se misturam...
Meu mundo no teu mundo se perdeu
Matizes que se buscam, se procuram...

E quando te possuo em nossa cama,
Nem mais sei quem serei nem que és tu.
Na pele que me toca, viva chama,
Teu corpo junto ao meu, tão belo e nu.

Paixão nos desenhando, luz, espaço,
Na fome que não cansa de querer.
Deitada aqui comigo, no meu braço,

Amada companheira que sonhei,
Loucuras feita em gozo, teu querer,
Além do que, na vida, eu esperei...

X

Quem teve qual deserto
O mundo que sonhara,
Ao ver amor por perto
Coração escancara

Em ti, quando desperto,
Encontro a pedra rara.
Futuro fora incerto
Agora já se ampara...

Vencendo as tempestades,
Surgindo do vazio,
Percebe as qualidades

Do sonho em que me crio,
Por ruas e cidades,
Pressinto um novo estio...

X

Por vezes tão fundos
Os fossos da sorte,
Em sonhos profundos
Prenúncios da morte

Nos restos que vês
De minha existência,
Nos livros que lês
Sequer a clemência

Mas veja querida
A morte não vem,
Enquanto na vida

Existir alguém
Que encontre a saída
Que amizade tem...

X


Percebo em tua carta
Que a vida não foi boa,
Na dor que sei tão farta
Meu pensamento voa

Rainha sem coroa,
A sorte te descarta
Porém na voz que ecoa
Que a glória enfim reparta

Um cheiro de esperança
Talvez, felicidade,
Na carta que me alcança

Relembro esta amizade
Dos tempos de criança
Tanta prosperidade..

X


A vida fez estrago
Em quem sempre sonhou,
Negando o seu afago,
Tanto me maltratou.

Porém a minha sina
Mudando um duro norte
Enfim se descortina
Trazendo nova sorte

Nos braços de quem sei
Em plena liberdade
Em tudo o que sonhei
Com carinho, amizade,

Tu trazes sem disfarces
A vida em outras faces...

X


Amiga tais feridas nos revelam
Que a dor se fez cruel em outros dias.
Por vezes pensamentos que se atrelam
Não mostram na verdade o que querias.

Nos alazões do sonhos que se selam
Percorro com certeza, fantasias.
Nas mortes de esperanças que se velam
Fracassam novamente as alegrias...

Mas saiba mesmo em fúnebre cortejo,
Uma amizade sempre sobressai.
Guardando no seu cerne este desejo

De ser além de tudo, sempre mais.
Porém uma amizade, quem a trai
Não terá novamente paz jamais...

X

Olhar vidrado em ti, amor insano,
Dos lábios roubo o gozo da alegria.
Pululam esperanças quando explano
O todo que do pouco bendizia.

Nas leis que foram dadas, saberia
Sentir além do medo soberano.
Mal vejo quanto tenho em harmonia
Deitando
em tua cama em ledo engano.

A par do que perdi há tanto tempo,
Eu veja algo depois de um passatempo
No qual não mergulhamos; temerosos.

Por isso e mesmo assim, irei sofrer,
Pois quero muito além que um bom prazer,
Gemidos e suspiro estridulosos...

X

Não use esta boceta na piroca.
Decerto eu sei que vai escorregar.
Melhor no desarranjo fazer troca,
Coloque esta boceta no lugar.

A terra é que lugar para a minhoca,
Um pássaro foi feito pra voar,
Tatu vive escondido em sua toca,
Aonde se procura, vai se achar.

Amigo, é perigoso, isto eu garanto,
Assim perdes teu charme e teu encanto
Repare no que falo e creia em mim

Depois
não quero ouvir sequer teu pranto
Boceta quando aberta, causa espanto,
Piroca é pra boceta um trampolim!

X

Azar! Durante tanto tempo estive

Sob o jugo terrível dos maus fados.

A sorte tão ingrata sobrevive

Distante dos meus dias já sonhados.

Por mais que já pensara noutros dias

O vento nunca veio benfazejo.

Tentando transformar em fantasias

As coisas bem mais simples que desejo.

Sorriso de mulher por mim amada,
Amigos que perdi, sem perceber...
As curvas tão fechadas desta estrada
Por mais que são difíceis, quero crer

Que levam no futuro a uma mudança.
E a cura de um azar? A esperança!

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