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Saturday, December 22, 2007

SONETOS 101 E 102


Eu vejo a claridade
Que a sorte enfim me trouxe
A vida como fosse
Um sonho, liberdade,

Poder de uma amizade
Tornando a vida doce,
No canto que remoce,
Mostrando a qualidade.

Meu verso mais conciso
Já fala deste sonho,
Viver o paraíso,

Enfim, eu te proponho,
Nos lábios um sorriso,
Futuro mais risonho...

X

Amiga e companheira
Persigo pela vida,
A sorte derradeira
Encontro esta saída

A dor é feiticeira,
Ninguém disto duvida,
A sorte verdadeira
Encontro em ti, querida.

Vem logo, sem demora,
Te espero sempre aqui.
Quem sabe faz agora,

Preciso, enfim de ti;
Da amizade, senhora,
Jamais eu te esqueci...

X

Querida eu bem percebo o quanto causo
De dor e desespero e de cansaço,
Trabalho noite e dia e nunca pauso,
Pois sei que encontro em ti sempre um abraço;

Às vezes esquecendo deste apoio,
Eu deixo-te sozinha pelos cantos.
Secando sem ter águas um arroio,
Perdendo mansamente seus encantos.

Mas saiba quanto eu quero estar contigo
A vida inteira; creio neste amor!
E sendo assim, amada, eu já persigo,
Um dia que virá, acolhedor.

Meus versos são humildes, reconheço,
Amor que não mereço, eu te agradeço...

X


Eu juro eu não entendo a vaidade
Que mostras ao andar tão empinada.
Qual fosse derramar a claridade,
Rainha do boteco e da calçada.

Não vês que desse jeito, causas riso,
Pois pensas ser rainha e soberana,
Querida, ouça-me bem, pois é preciso,
E falo como quem, nunca te engana.

Mulher é na verdade, tão comum,
Embora artigo bom, isso eu não nego,
Não quero te ofender de modo algum,
Mas olha, pode ver.,.. eu não sou cego.

Tu tens que ser mais que isso, muito além,
Até pobre, querida, mulher tem!

X

O dia foi difícil, minha amada,
Eu trabalhei demais isso eu não nego,
Cansado do batente, estou no prego,
Desculpe; eu não agüento enfim, mais nada...

Quem sabe, se depois, na madrugada,
Depois de descansar, me recarrego.
Amor que tantas vezes vaga cego,
Precisa ter a dose reforçada.

A sorte é que inventaram um reforço
Que faz um velho assim, já ficar moço
E mesmo com cansaço que me açoda,

Eu possa te causar um alvoroço.
Falaram que o danado é um colosso,
Assim é noite e dia, tanta foda...

X

Os passos deste amor que perseguimos
Há muito foram dados por alguém.
No simples carpinteiro conseguimos
Visualizar por certo, todo o bem.

Falando por parábolas dizia
Do amor tão gigantesco pleno em paz;
Mostrando enfim, que amar com alegria
E naturalidade é ser capaz

De ver em cada ser com claridade,
O brilho de um amor que é soberano.
Recendendo ao calor de uma amizade,
Onde não caberá jamais engano...

Punido pelos homens por amar,
Vendido em mil pedaços num altar...

X

Querida vou fazer a promoção,
Pois sou da faculdade, professor.
Entrego-me com toda devoção
Trabalho com carinho e com amor.

Não cobro a minha participação
Nas aulas que darei, com muito ardor,
Querida não resista à tentação
E venha desfrutar deste favor.

Ensino tal assunto tão complexo
Que poucos vão saber com maestria,
É necessário côncavo e convexo

Depois de pouco tempo, uma alegria,
Ministro se quiseres, todo dia,
Serei teu professor de amor e sexo...

X

Estudos que comprovam publicados
Lançados sem sequer contestação
Assuntos tão sutis e delicados,
Merecem toda consideração.

Estatísticas mostram novos dados,
Que vão fazer total revolução.
A virgindade traz maus resultados
Causando essas doenças sem perdão.

Por isso minha amiga e companheira
Farei a boa ação que salvará
Você da noite fria e derradeira,

De uma doença dura de amargar,
Pressinto que este dia chegará,
Por isso venha logo vacinar...

X

Percebo que em qualquer lugar que chego
Eu vejo o mesmo aviso que me diz.
Que estás sendo filmado: Ri feliz!
E logo fico quieto, isso eu não nego.

Cansado de martelo sendo prego
Não leio mais palavras tão gentis.
Diabo no meu corpo que eu carrego
Em frases delicadas e sutis.

Por isso meu amigo e companheiro,
No nono mandamento eu me estrepei
Depois de batalhar o tempo inteiro

Lutando contra a força e quente chama,
Deparo com as tábuas, as da lei:
Sorria amigo: a sua mulher me ama!

X


Cigarro não faz bem disso eu bem sei,
Porém eu não consigo disfarçar
Ladrão demais assim a nos roubar
Não deve sem moral, fazer a lei.

De tanto que na vida eu já fumei
E o tanto que inda tenho pra fumar
Dinheiro algum dos outros maloquei,
Não aprendi nem quero enfim roubar.

Eu peço ao Bom Senhor que assim me ajude
Embora a maltratar minha saúde,
Eu tenho esta certeza em devoção.

Pior do que cigarro, eu te garanto,
Eu falo esta verdade sem espanto,
Político safado e corrupção...

X

Um plantador de cana, um fazendeiro
Depois de tomar umas foi em cana
Chamado
por alguns de cachaceiro
Não sabe que essa gente é tão sacana.

Na roça de uma cana faz dinheiro,
Com bolso cheio enfim, logo se ufana
Porém tanta birita já te engana,
Deixando a gente tonta por inteiro.

Destila essa garapa e vira pinga
A grana vai pingando devagar,
Bebendo tanta pinga a cana vem.

Brigando com compadre logo xinga
E essa colheita vai comemorar
Mamado na cadeia e sem ninguém...

X


A morte, companheira mais dileta,
Deitando em minha cama, pede abraço.
E cerra com meus dias, forte laço,
Se torna derradeira e predileta.

Não tenho nessa vida, uma outra meta
Que trague novamente um bom regaço.
Seguindo calmamente passo a passo,
No fim da dura estrada me completa.

Das coisas que da vida levarei,
Encantos e quimeras, dor e fado.
Perdendo depois tudo o que ganhei,

Morrendo simplesmente sem passado.
Meu nome restará em desabrigo.
Apenas nas lembranças de um amigo!

X


Não gaste tudo agora, por favor,
Não tenho mais dinheiro que te baste.
Depois não reclamar se houve desgaste,
Amor é feito enquanto poupador.

Economia faz-se com ardor
Senão de mim, querida, já se afaste.
Deixando pra amanhã, hoje não gaste,
Quem sabe faz agora e com valor.

Mas veja quanto é bom o que pressinto,
Trazendo pro futuro uma emoção,
Resista por favor à tentação.

Não imagina a dor, que assim eu sinto,
Cada ovo que cozinha, é negação.
Pois morro com meu pinto em minha mão!

X

Ao ver este leitão que está gordinho
Eu penso já no lucro que vai dar,
Criado com amor e com carinho,
Não pára todo dia de engordar.

Depois que o bicho está assim fofinho,
Cascalho no meu bolso vai entrar.
Fazer duzentos quilos de toucinho,
Lingüiça pra mandar já defumar.

Porém o porco grande com malogro,
Custando pra morrer dá prejuízo.
Investimento duro de fazer.

Agüentar a mulher e ter juízo,
É duro e vem trazendo desprazer.
Não morre o porco gordo do meu sogro!

X

Minha alegre menina quero a dança

Do teu corpo, requebros sobre mim;

A noite verdadeira já se avança

E a boca mais sedenta,carmesim...



Alegres os compassos da esperança

Que queimam seu pavio até no fim.

No fogo deste estio, não se cansa,

E sabe que me ganha, inteiro sim...



Tua alegria imensa contagia

E faz de cada gesto a sedução.

Que esquenta todo amor em fantasia



E
tudo, sem ter tréguas, contamina,

Ardente como o fogo da paixão,

Na dança tão alegre da menina.

X

Eu sou baixinho e sei o quanto valho,
Ninguém segura a força que se emana
Do povo mais miúdo no trabalho
Tamanho simplesmente não engana.

Pintando um rodapé, não me atrapalho,
Na cama meu carinho é bem bacana,
Jamais eu me lembrei de um ato falho,
A força em miudeza é soberana.

Às vezes pressentindo um vento frio
Eu sempre me agasalho em teu capote.
Um coração gigante, e tão vadio,

Prepara mansamente um novo bote
O pano para a roupa é muito pouco...
O resto? Não te mostro, nem dou troco...

X

Amor em liberdade traz certeza
De um sonho de desejo e de prazer.
No céu de tua boca, com largueza
Espero novamente perceber

Que a moça inda pretende ser princesa
E nisso o seu encanto me faz ver
Deixando uma alegria sobre a mesa
Beleza tão gostosa de viver...

O sexo em descoberta traz encantos
E medos que maltratam e confortam.
Navios de desejo quando aportam

Derramam esperanças pelos cantos.
Mal sabe que o desejo de um afago
Por outras tão somente quando pago...

X

Em versos, velas, mares e magias
Os sonhos vão mais livres pelos ares.
No encanto que se toma em poesias
Colhemos
nossos frutos nos pomares
Aguando com desejos, alegrias,
Fazemos dos amores, os altares...

Encantos delicados e sutis
São nossos companheiros mais constantes
Os dias que queremos mais gentis,
Nós cultivamos sempre. Por instantes
O mundo que sonhamos, mais feliz,
Se torna bem mais vivo e deslumbrante.

Estou contigo, amada em cada verso,
Vivendo por encanto, este universo...

X

Vencido pela dor desta saudade
Que é mais que uma ilusão, um verso triste.
Viver em minha sorte, ansiedade
É mais do que um amor inda persiste.

Não temo mais sofrer sem liberdade,
Ainda mais que sei que amor existe.
Vagando pelos céus, tranqüilidade
Jamais resistirá na dor que insiste.

Saudade de saber de cada beijo
Marcado em minha boca, tatuagem,
Eu sinto quanto dói este desejo,

Embora, reconheça é só miragem.
Assim que a noite chega enfim eu vejo,
O rumo em que se deu nossa viagem.

X


Perdeu o seu amor? Relaxa e goza,
Brigou com o patrão? Relaxa e goza
Enfarta o coração? Relaxa e goza.
Morreu jardim e flor? Relaxa e goza.

Deu praga no capim? Relaxa e goza.
Político ladrão? Relaxa e goza,
Sem trem nesta estação? Relaxa e goza.
Salário está no fim? Relaxa e goza...

Mulher já se mandou? Relaxa e goza,
Sobrou o Ricardão? Relaxa e goza.
O crédito estourou? Relaxa e goza.

Se mordeu-lhe a tsé tsé. Relaxa e goza;
Já deu bicho de pé? Relaxa e goza.
Eta conselho bom: relaxa e goza...

X


Não posso me calar,
Preciso te dizer,
Não deixe naufragar
O sonho de querer,

Depressa te encontrar,
No sol que vai nascer,
Encanto a se buscar,
No canto do prazer.

Amiga eu não desejo
Que a dor nos acompanhe,
Na festa que prevejo

Beber deste champanhe
Num mundo tão sobejo
Que a sorte nos entranhe!

X


Amiga eu te proponho
Seguirmos por aí,
Vencendo um mar tristonho
Aonde eu me perdi.

Um dia mais risonho
Exala-se de ti,
De um tempo tão medonho
Eu juro, me esqueci.

Vencemos os problemas,
Na força de vontade,
Trazemos novos lemas,

Achar felicidade,
No peito estes emblemas,
Poder desta amizade!

X


Amigo eu não me esqueço
De tudo o que vivemos,
Decerto eu nunca meço
O quanto nos queremos,

Se tenho algum tropeço,
Isso é comum, sabemos,
Apoio enfim te peço,
Estendes os teus remos

E ajudas navegar
Por mares violentos,
Em meio a tanto mar,

Percebo que em momentos,
Eu sinto-te a soprar,
Pra longe os duros ventos...

X

Que a vida não se acabe neste estado
Em que meu coração se encontra agora,
Amor que fora sempre descuidado
Não teve nem juízo nem demora.
Viver este meu canto apaixonado
É tudo o que não quero. A dor aflora...

Não tenho mais segredos, sou cativo,
Não tenho resistência, estou aqui.
No sentimento atroz em que hoje vivo
O resto de esperanças; não perdi.
A dor me conheceu lento e passivo,
Agora meu futuro está em ti...

Um dia, sei que vais pensar direito,
Meu mundo, neste dia, satisfeito...

X


Tomando mais um gole de café
Na noite insone, roubo de uma estrela
Cadente uma esperança já sem fé
De um dia, novamente poder vê-la.

Sorriso de ironia, dentes todos,
Mostrado pela noite sem juízo.
Refaço quase pérolas dos lodos
Engodos me negaram paraíso...

Vasculho pela mesa mais um trago.
Cigarros espalhados num cinzeiro.
Um corpo de aguardente sem afago,
Quem sabe abra o caminho derradeiro?

Escuto tua voz num eco frio
Mostrando um coração quase vazio...

X

Amor, na eternidade de um segundo,
Trazendo toda a sorte de ilusões...
Num sentimento breve e tão profundo
Rebenta; sem pensar, os corações.

Na correnteza forte que eu me inundo
Tomando já de assalto as emoções,
Amor que sempre foi maior do mundo,
Morrendo nas estradas das paixões...

Calando tanta angústia em nosso peito,
Vasculha cada parte do meu ser.
Amor se achando sempre no direito

Coberto de vontades, trama a morte.
Eu quero eternamente te querer
Na sensação divina que me aporte...

X

Trouxeste uma alegria a quem sangrava
Em dores escondidas num sorriso.
Que pena que esta sorte te enganava
Na promessa sincera, o paraíso...
Mas nada do que fomos resguardava
O sentimento imenso e tão preciso...

Agora que decolas, sem por que
Meu medo já se mostra mais ativo.
Procuro novamente e nada vê
Senão vagos espaços... Sobrevivo...
Não tenho nem portanto nem cadê
Apenas o meu mar, seco e cativo...

Não vejo mais estrelas, perco o céu,
Amarga em minha boca o que foi mel...

X


Menina, gosto tanto
Quando te vejo aqui,
Derramas em encanto
O
sonho que pedi,

Quem dera se meu canto
Chegasse sempre a ti,
Tirando cada manto,
Contigo, enfim, dormi.

Na fome que nos toca,
Carinho sem igual,
Invado fonte e toca,

Num gesto sensual,
Beijando a tua boca,
Gozo fenomenal...

X

Um dia, um cavaleiro
Invadiu teu castelo,
Num sonho mais faceiro,
Tão doce e tão singelo,

Amor mais verdadeiro,
Eu sei que a ti revelo,
Além do costumeiro,
Um sentimento belo

Aonde ser feliz
É quase obrigação,
Viver o que bem quis,

Com toda a sensação
Ser sempre um aprendiz,
Amar cada lição...

X

Eu sei quanto é preciso
Viver um louco amor,
Que mostre, sedutor,
Um céu onde matizo

Meu verso em tal calor,
Que seja mais conciso,
Vencendo o vencedor,
Abrindo o paraíso...

Eu sei que necessito
Da boca carmesim,
Num sonho mais bonito,

Que trago dentro em mim,
Levando ao infinito,
Amor que não tem fim...

X

Cantando sozinho
Sem eira nem beira
Vejo a companheira
Fugindo do ninho,

Amor foi vizinho
Da dor verdadeira
Solidão ligeira,
Chegou sem carinho,

Matando meu sono,
Deixou um vazio,
Total abandono,

Coração tão frio,
Vagando sem dono,
Inverna um estio..

X

Saudade moleca
Aqui acampou,
Menina sapeca
Tanto maltratou

Na lágrima seca
O peito que amou,
Quem ama não peca,
Saudade deixou...

Voltando ligeira
De noite pra mim,
Uma feiticeira,

Boca carmesim,
Menina faceira,
Saudade sem fim...

X


Garapa da cana,
No doce, no mel,
Na manhã temprana,
Estrela no céu,

Lua soberana,
Cavalga o corcel,
A mulher insana,
Cumpriu seu papel.

Vibrei noite inteira
Na boca gostosa,
Da moça faceira,

Perfume de rosa,
Paixão verdadeira
Que invade e que goza...

X

Das Minas Gerais
Eu trouxe este sonho
De ter sempre mais,
Um mundo risonho,

Aonde jamais
Vivesse tristonho,
Já me satisfaz
Amor que proponho.

Falar de amizade
De queijo e de broa
A felicidade,

Tão perto revoa,
Na roça e cidade,
Eta coisa boa!

X


Prevejo
No canto
Encanto
Desejo.

No beijo
Meu manto,
Recanto
Arpejo.

Sou teu
Não nego,
Um breu

Carrego;
Plebeu,
Me entrego...

X

Eu amo
Te digo
Reclamo
Abrigo

Sem amo,
Não ligo,
Exclamo
Prossigo.

E falo
Do amor
Não calo,

Senhor,
Regalo,
Calor...

X

Vozes silentes
Corpos queimados
Vida nos dentes
Mortos contados.

São tantas gentes
Olhos furados,
Homens descrentes
Sete pecados.

Dias compridos,
Sinas marcadas,
Rumos perdidos,

Cartas jogadas,
Sonhos vencidos,
Costas lanhadas...

X

Não chores, querida
Que a vida é melhor
Pra quem não duvida
Do amor que é maior

Estrada comprida,
Conheço de cor,
Eu sei da saída
Que é feita de amor.

A vida prossiga
Em paz benfazeja,
A mão tão amiga,

Por certo deseja
Ternura que é viga,
Que sempre, assim, seja...

X


Vencido pela dor
Depois de tantos anos,
Perdendo o meu amor
Refaço velhos planos

Me sinto um perdedor,
Marcados por enganos,
Sangrar por onde for,
Esforços desumanos.

Porém a sorte brilha
Em uma nova trilha
Minha alma sempre pensa.

Um resto de esperança
A sorte enfim se alcança
Nesta amizade imensa...

X


Eu sinto este perfume
Que exalas, minha amiga,
Transformas um queixume
Em verso que me abriga.

Não ter sequer ciúme,
Da vida que te instiga
Amar como costume,
Que sempre assim, prossiga.

Eu canto cada dia
Com força e com vontade,
Sabendo da alegria

Da luminosidade
Que cobre a fantasia,
Na força da amizade.

X


Ao fim desta jornada
Amiga eu mostrarei
A pele tão marcada
Das lutas que travei,
A pele maltratada
A dor, cicatrizei...

Verás que também eu
Lutei pra ser feliz,
Meu mundo se perdeu,
Depois, tive o que quis,
Meu coração ateu
Um eterno aprendiz...

Profunda, a tal ferida,
Que temos pela vida...

X


Se estás tão solitário
Em meio a tempestades,
De um mundo temerário,
Tantas adversidades,
Um sentimento vário
Demonstra as qualidades

Que um homem deve ter,
Seguido esta viagem,
Distante do prazer
Sem ter sequer miragem,
Nunca pode perder,
Por certo essa coragem

Que é tudo o que nos resta,
Na luta que se empresta...

X

Tristeza quando chega,
Embora não pareça
Na sorte que se nega
Por mais que não mereça
Contraste que se prega,
Na tela que se teça.

Paisagem mais bonita
Se assim for revelada,
Na dor que quando agita
Não deixa quase nada,
Beleza imensa grita
Imagem contrastada...

No dia tão sombrio,
O sol? Um desafio...

X


Não deixe esta peteca
Por certo descair,
Nos olhos da moleca
O mundo a permitir,
Que a vida tão sapeca,
Jamais pare de rir...

Uma esperança vem
De toda a fantasia,
Do amor que a gente tem,
Demonstra que alegria
É coisa que faz bem,
E juro, até vicia...

A mágica da vida,
Na alegria, contida...

X

Alegria é companheira
De quem quer ser feliz,
A paz tão costumeira
Felicidade diz,
Mostrando esta bandeira
Do céu, raro matiz.

Tanta alegria eu sinto
Por poder ver o brilho,
A vida, que é um absinto,
Na qual me maravilho,
Nas cores que me tinto,
Nos olhos do meu filho.

Lutar pela alegria,
Batalha dia a dia...

X


Amigo me perdoe
Mas saiba que a amizade
Por mais que a vida doe
Impede a falsidade,
Num canto que se ecoe,
Escoa uma verdade

Não posso te falar
De todas as mentiras
Que tentas me enganar
E ao céu quando as atiras
Destrói já sem pensar,
Rasgando em finas tiras

Um sentimento nobre,
Que lealdade cobre...

X

Para ter um amigo,
Querer tão só não basta,
Na casa em que me abrigo,
O tempo que desgasta
Às vezes não consigo
A vida nos afasta.

Mas sempre cultivando
A flor deste jardim,
Aos poucos conquistando
Entrego-me e sem fim,
Não sei sequer nem quando,
Contigo, irei assim...

Colhendo cada fruta,
Lapido a gema bruta.

X

Amiga eu te conheço
E sei tuas vontades,
Da solidão avesso,
Valor das amizades
É mais do que mereço.

Querida companheira,
Mesmo se estás distante
Te encontrarei faceira
Comigo a cada instante,
A nossa vida inteira,
Raro prazer constante...

Espiritualmente
Tão perto e mais contente...

X

Uma amizade rege
A vida de quem ama,
A solidão herege
Não segue nossa trama,
Amor que nos protege
Também acende a chama,

A teia de uma aranha,
O ninho da avezinha,
Na sorte tão tamanha
Uma amizade alinha,
No fundo sempre ganha,
Uma alma não sozinha.

Sabendo a qualidade
Da força da amizade...

X



Por mais que seja assim,
Caminho cansativo,
Contigo até no fim
Irei em passo altivo,

Nossa amizade em fim,
Tendo lugar cativo,
Rebrilha dentro em mim,
Num sonho sempre vivo.

Querendo a companhia
De quem me quer tão bem,
Seguindo noite e dia,

Sem ser da dor refém,
Que bom, quanta alegria,
De estar perto de alguém...

X


Em versos dedicados
Perfaço meu caminho,
Amores delicados,
Se encontram no meu ninho,

Dos sonhos destroçados
Andava tão sozinho,
Por sorte, tantos Fados,
Trouxeram teu carinho...

Assim,amada amiga,
Meu canto transformou,
A noite que se abriga

Nos versos me mostrou,
Que a vida em forte liga,
Enfim, iluminou...

X

Não vejo outra saída
Senão sair daqui.
Esqueça-se querida
Agora eu me perdi.

Em toda a minha vida,
Só lembro-me de ti.
Mas vou em despedida,
Não fico mais aqui...

Pois em terra de cego
Eu digo esta verdade,
É mar que não navego,

Pois me inda resta um olho,
E vejo a claridade,
Mesmo sendo caolho...

X

Meu verso não se engana
Cortando qual navalha,
A sorte que se espana,
Comigo se atrapalha.

A vida soberana,
Um campo de batalha,
Na luta tão sacana
Mais fracos estraçalha.

Galinha quando é boa,
Eu falo e nunca minto,
E ninguém me avacalha.

Se é nova ou se é coroa,
Cuidando bem do pinto,
Com certeza não falha...

X

Por fora um espetáculo,
Por baixo decepção,
Vivendo sem oráculo,
Vou sem premonição.

Mas alço meu tentáculo,
Na busca da emoção,
Usando este vernáculo
Morrendo de tesão...

Assim eu não me engano,
O meu olhar estico
E palpo, soberano,

Prazer aonde fico,
Mulher tal qual um circo,
O bom vai sob o pano...

X


Querida, o casamento
É coisa em que não penso,
Não deixo um só momento
De ter amor imenso.

Mas basta o sofrimento,
Que sei ser mais intenso,
Do fogo ardendo lento.
Enfim, não me convenço.

Eu quero ser feliz,
Pra sempre ao lado teu,
Do amor um aprendiz,

Que jamais se perdeu,
Mas tanta cicatriz,
Queimando enfim, me ardeu...

X


A minha mão passeia , calmamente,
Buscando tocar todas reentrâncias,
Eu sinto esse desejo, mais urgente,
De conhecer molejos e cadências.

Sorvendo todo líquido fervente,
Que põe no nosso amor as evidências
Que poderás gozar, tão de repente,
Sem conceder sequer qualquer clemência...

Eu quero teu suor e teu sorriso,
Nas salivas trocadas; as delícias.
Teu prazer é tudo o que eu preciso.

Suave viajar dessas carícias,
Orgasmos delirantes, sem aviso...
Meu amor, por favor, me dê notícias.

X

Dançando estas estrelas irmanadas

Formando com seus lumes u’a coroa

Estrelas se mostrando consteladas

O pensamento livre busca e voa,

As luzes na ciranda demonstradas

Na dança que se faz assim, à toa,

As noites se passando decoradas

Nesta tiara bela. A vida é boa

Para quem souber quanto é importante

Seguir o seu caminho de irmandade

Sabendo que viver é delirante.

No rastro das estrelas vou buscando

O sentido perfeito da amizade,

Unidos; nossos passos vão brilhando...

X

Contorno com meus lábios teu perfil,
E deito-te em meu colo mansamente.
Meu mundo... O coração quando se abriu;
Entraste devagar. Mas, de repente

Senti que não teria escapatória;
Tua presença amiga e tão constante
Vem mudando o rumo de uma história
De forma tão sutil quanto elegante...

Beijar as tuas mãos, dedos e palma,
Morder-te levemente, o indicador.
Mostrando este carinho que me acalma;
Sussurro em teu ouvido; canto amor...

Sinto, neste arrepio em tua pele,
Desejo... Embora o negue e não revele...

X


Na calça que trocaste
Macetes diferentes,
Depois deste desgaste
Prazeres sei que sentes.

Defeito que mostraste,
Por certo para as gentes,
A calça virou traste,
Em cortes mais prementes.

Pegaste uma rasgada
Em troca mais fecunda,
Costura desmanchada?

A mão ali se afunda,
Levaste camarada,
Rasgada bem na bunda...

X


Balança esta roseira
Põe fogo no quintal,
Amiga e companheira,
A vida sem igual

Se mostra verdadeira
Enfim fenomenal,
Na força feiticeira
Que faz um carnaval

Em festas e bailados,
Em risos e traquejos,
Olhando para os lados,

Pressinto tais desejos,
Juntando nossos fados,
Tomando nossos beijos..

X


Balançando a roseira
Quebrando a sapucaia,
Amada verdadeira
Na solidão não caia,

Que a vida é feiticeira
Mas corta qual navalha,
Contigo a vida inteira,
No amor que já se espalha

No campo e na cidade,
Que faz a gente crer
Na tal felicidade,

Vontade de viver,
Saber da claridade
Que traz um bem querer.

X

Saudade de quem fui,
Num tempo tão distante,
A vida mansa flui
Mas mostra-se inconstante,

Meu paletó se pui,
Quem fora deslumbrante
Em meu castelo rui,
Morrendo num instante...

Apenas garatujas
Deixadas na parede,
As mãos deveras sujas

Rasgando antiga rede,
Espero que não fujas,
Pois matas minha sede...

X


Solidão quando a dois,
Maltrata mais que tudo,
Vazio vem depois,
Por isso não me iludo.
Não quero paz e arroz,
Prefiro ficar mudo...

Eu sei que não teremos
Momentos mais felizes,
Meu barco vai sem remos,
Naufrágios, cicatrizes.
No céu que nós perdemos,
Só nuvens, sem matizes...

E bebo do vazio
Criado em dia frio...

X

Eu tenho uma esperança
Que a vida seja calma,
Conheço essa aliança
Que vem e que me acalma,

A dor de uma lembrança
Se mostra em cada palma,
Quem luta e quer alcança,
Libertando sua alma...

Eu tenho a despedida
Guardada no meu peito,
Não vejo uma saída,

Seguindo insatisfeito,
Por toda a minha vida,
Jamais tomarei jeito...

X


Não quero nem saber
Se a noite vem com lua,
Eu quero o teu prazer
Potranca bela e nua,

Que a vida a se verter,
Pra sempre continua,
E assim vou conceber
A vida nua e crua.

Eu quero o teu carinho
Jamais eu te esqueci.
Um canto assim sozinho,

Distante assim daqui,
Já sabe que o caminho,
Que existe leva a ti.

X

Bebi em tua boca
O doce deste mel,
A voz ficando rouca,
Amor em carrossel

A
sorte que era pouca
Cumprindo o seu papel,
Deixando a vida louca,
Trazendo enfim, o céu.

Bebi desta doçura
Sabor maravilhoso,
Amor se fez ternura,

Mostrando o fino gozo
Em toda esta procura,
Um mundo fabuloso...

X

Saber do que não sei
É quase recompensa
De tanto que eu errei
Às vezes não compensa
Saber que em tua lei
Quem sofre é quem mais pensa,
Depois que vasculhei,
A casa e a despensa,
A solidão achei
Tornando a vida tensa,
Mas não me acostumei,
Busquei a sorte imensa,
Que faz do que sonhei
Sem luta ou desavença
No amor que em ti busquei,
Somente restou crença...

X

Um sapo procurava
Encontrar a princesa
Que nua desfilava
No reino da incerteza

Porém mal calculava
Que o preço da beleza
Em lágrimas pagava
Embora com nobreza.

Coitado do animal
Que assim já se perdeu,
Distante do ideal,

Em negritude e breu,
Do sonho sem igual,
Sozinho, enfim, morreu...

X


Amiga muitas vezes
A vida nos propõe
Em lutas, mil reveses,
E nisso se compõe
As forças destas teses
Aonde amor se põe

Qual fora solução
Que tanto procuramos,
Nessa vegetação
Nascendo em novos ramos,
Seguindo a direção
Pra onde preparamos

Os sonhos mais falazes,
Em dias mais audazes...

X


Tu queres a finesse onde não tenho,
Apenas sou um grosso lavrador
Da terra mais ignóbil de onde venho,
Não aprendi nem tive professor.

Desculpe se te firo, me contenho,
E sei não ter um verso encantador.
Nas costas maltratadas, tanto lenho,
Mas tenho outras ofertas a propor...

Que tal tu me ensinares a lição
De quem sabe ser fina ou educada,
Assim talvez entenda a procissão

De versos que compõem um quase nada.
Nos Glaucos, nos Bocages, tentação
Contida na palavra disfarçada...

X

Se pensas que este abismo
Transpões em curtos saltos,
Percebes por que cismo
Querendo em sonhos altos,

Dar passos mais fecundos
Na busca do ideal,
Procuro em outros mundos,
Vagando pelo astral

Sem medo e sem tropeços,
Lutando noite e dia,
Não trago os adereços
Nem mesmo a fantasia.

Encaro a realidade,
Com força e com vontade...

X


Querida, por favor,
Quero a macarronada,
Eu sei que está calor,
A boca esfomeada,
Com pressa a te propor,
Depois, a rabanada.

Mas não se faz comida,
Sem ter ingrediente,
Vem logo e se decida,
Macarronada al dente
Precisa de saída,
Que o alho venha urgente...

Não quero dar trabalho,
Vai logo buscar alho!

X


Amiga, a nossa luta,
Que é feita sem cansaço,
Encaro a força bruta,
E tramo um novo passo,
Silêncio não se escuta,
Meu futuro eu já traço

Nos braços varonis,
De quem não tem mais medo,
Batalhar, ser feliz,
Da vida, o seu segredo,
A sorte por um triz,
Na luta o meu enredo...

E nunca mais parar,
Sequer pra descansar...

X


Querida o casamento
Se faz neste contrato
Talvez o sofrimento,
Se mostra no teu trato,

Decerto eu não agüento,
Por isso te maltrato,
Tenho o pressentimento
Mas logo assim descarto.

Tu mal percebes, vês
Que eu ando mais sozinho,
Ficando sempre bravo.

Repito-te; outra vez
Se eu lavo; eu não cozinho,
Se eu cozinho, não lavo...

X


Eu quero esta mulher
Exímia companheira,
No sonho que vier,
Amada a vida inteira,
Em tudo o que puder,
Ainda é cozinheira.

E faz com fino trato,
Diversas iguarias,
Na cidade ou no mato,
Mostrando maestrias,
Assino até contrato
Que é tudo o que querias,

Mulher nobre encantada
Maravilha em rabada!

X

Abrindo mil caminhos
Em passos bem mais fortes,
Abarcas novos ninhos,
Encontras outras sortes,
Bebendo doces vinhos,
Curando tantos cortes.

Ao erguer os teus braços,
Superas as montanhas,
Atando nossos laços,
Eu ganho enquanto ganhas,
Refaço velhos traços,
Nas luzes que tamanhas

Clareiam tempestades,
Reforçam amizades...

X


Querida, alçando o vôo
Elevo o pensamento,
No canto que ressôo
Não paro um só momento,

Em teu sorriso ecôo,
Um forte sentimento,
Além do que revôo,
Almejo um forte vento

Que leve-me depressa
Aos astros soberanos,
Na sorte que confessa

Ditames, sem enganos,
Amiga eu tenho pressa,
Em mundos sobre-humanos...

X

Amiga em tuas asas,
Por certo irei voar,
No fogo em que me abrasas,
Querendo me abrigar,
Na sorte que te aprazas,
Contigo sempre estar...

Eu vejo este futuro
Em dias deslumbrantes,
Saltando sobre o muro,
Das dores uivantes,
Clareia um céu escuro,
Dourando por instantes.

Prateias amor pleno,
Num mundo mais sereno...

X

Planície tão vazia
Ao nada a nos levar,
Sem dor ou alegria,
Não vale nem tentar,
Na adversidade fria
O novo a se buscar.

Amiga; estou contigo,
Não deixo de seguir,
Pra sempre assim prossigo,
Sem medo de partir,
Na certa assim consigo
Um mundo a repartir.

No apoio dos teus braços,
A força dos meus passos...

X

A pedra no caminho
Gigante, intransponível,
Em duro e forte espinho,
Num mundo corruptível,
Recomeçar, sozinho,
Seguindo um outro nível...

Assim na nossa vida,
Amiga, amada, amante,
Um ponto de partida,
Surgindo a cada instante,
No fim, outra saída,
Se mostra fascinante.

Da vida qual um fel,
Refazer doce mel...

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