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Friday, June 9, 2006

DA UPC E DO CONSERVADORISMO


A ditadura militar deixou sobre muitos brasileiros uma sensação de medo que, muitas vezes, se aproximava de um pavor incontrolável.

Dentre essas pessoas vitimizadas pelo pânico aparentemente sem motivação algum, estava Átila que, apesar do nome, era um dos mais medrosos dentre tantos iguais, na cidade de Ubá.

Ubá, cidade de mais ou menos cem mil habitantes na zona da Mata Mineira, é um dos principais pólos da indústria de móveis de Minas e, como toda cidade mineira que se preza, tinha na TFP uma de suas mais eficientes e castradoras entidades.

Nos idos dos anos 80, o ar que se respirava, para horror de Átila, trazia o prenúncio de liberdade.

O escravo adora e teme o chicote e, como não poderia fugir à regra, nosso amigo era um fervoroso defensor da ditadura militar, o que trazia, embutido, seu ódio contra tudo que “cheirasse” a manifestações contra o Estado Ditatorial.

Foi candidato, derrotado, à Câmara Municipal pela Arena, obviamente.

Quando soube das greves no interior paulista, amaldiçoou aquele “barbudo agitador”.

Expressava sua revolta para quem quisesse e tivesse paciência de ouvi-lo.

Quando houve a ANISTIA, exasperou-se ao ver o “temível” Leonel Brizola descer no Aeroporto do Rio e ser, cúmulo dos cúmulos, aplaudido por uma multidão.

É, esse país estava virando uma anarquia. Que saudades dos tempos de Médice e de Geisel. Aqueles homens é que eram de bem.

Um borra botas fujão como esse Leonel ser aplaudido, isso o revoltava sobremaneira.

Ao ver uma foto de Fernando Gabeira portando uma tanguinha de crochê, e sendo apontado como o “Muso do verão”, ficou exacerbado : “Como pode um comunista safado como esse, depois de ter matado muita gente no Araguaia aparecer agora com essa coisa de crochê? Isso é muita falta de vergonha! Isso é coisa de um homem usar?”

As eleições para Governador o assustaram mais ainda. Ao saber que o “fujão” se elegera Governador do Rio, quase teve um colapso.

Tancredo Neves, ainda vai lá, mas esse tal de Brizola não. Nunca.

Entre seus amigos, as discussões políticas sempre terminavam com suas máximas tipo : “Brasil, ame-o ou deixe-o”, entre outras cositas más.

Pois bem, com isso, seu círculo de amizades foi ficando restrito e quase que se resumia a Pedro Paulo.

Companheiro de sinuca e de “visitas às escondidas” à famosa casa da red light, ou da luz vermelha, se preferires.

Mas aquilo que vira naquele fatídico dia no BANCO DO BRASIL, logo num banco estatal, o deixou extremamente chateado.

Ao entrar no banco, lera UPC, a famosa Unidade Padrão de Capital que, para gáudio dos que assistiram a cena, transformou-se sob uma voz revoltadíssima na seguinte afirmativa:

“Esse é o cúmulo do absurdo, a que ponto chegamos, em pleno Banco do Brasil, fazer uma propaganda dessas; repare bem no que está escrito:

UPC – União dos Partidos Comunistas”...

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