Search This Blog

Tuesday, April 1, 2008

EU TE AMO! COROA DE SONETOS 178

2483

O peito enamorado. Rondo estrelas

Vagando em busca deste claro sonho

Enquanto em alegrias tu atrelas

Beleza sem igual que ora componho.

Vicejas com sorriso a poesia

Traçando em flórea senda o meu caminho.

Na tela que tu teces já se cria

Remanso em placidez em que me aninho.

Sabendo deste encanto eu sempre insisto

Fazendo de meus versos instrumento

Aonde se perceba este benquisto

Desejo apascentando algum tormento.

As noites do teu lado são de galas,

Ouvindo o canto doce em que me falas...

2484

Ouvindo o canto doce em que me falas
Do amor que nos transforma em seres santos.
Tu deixas os problemas noutras salas
E mostras tão somente os alvos mantos.

Porém uma verdade nua e crua
Se mostra necessária nestes versos.
Se a vida para nós já continua
Eu te agradeço amada, pois diversos

Enganos que eu cometo dia a dia,
Omites por amor, dedicação.
A vida tão perfeita não seria

Se não houvesse em ti a claridade
E todo este poder de dar perdão
A quem tanto se engana, na verdade...

2485

A quem tanto se engana, na verdade

Jamais perdoará qualquer falseta

Amor quando não sonha liberdade

Um erro sem igual que se cometa.

Não vejo mais temores se estou certo

Do quanto que desejo estar contigo.

A cada novo engano eu sempre alerto

Tentando, tantas vezes, mal consigo.

Se eu tenho esta alegria de viver

Decerto em tua praia faço porto.

Não quero, novamente, me perder,

Nos braços de quem amo, um sonho aporto.

Os temporais se mostram verdadeiros

No vento que balança mil coqueiros

2486

No vento que balança mil coqueiros
Nas ondas deste mar, em alva areia,
Os sonhos se tornando verdadeiros
Ao canto esplendoroso da sereia.

No peito passarinhos em viveiros
Promessa
de hoje à noite em lua cheia
Os olhos desejosos seresteiros
Clamor que com calor nos incendeia

Amor que se reclama e me alucina
Matéria tão divina, prazer humano.
Distante do que sei ser desengano

Na boca a fruta doce e cristalina,
Nos olhos esperanças de outro plano
Delícia feita em beijo e cajuína...

2487

Delícia feita em beijo e cajuína

Na boca da morena mais audaz,

Desejo que guloso nos domina,

Durante a caminhada, satisfaz.

Beijando uma esperança, sigo alerta

Bebendo cada gota de suor,

A fome de viver cedo desperta

Sabendo deste encanto bem maior.

No quanto procurei e sei agora

Do amor que me tortura e que se salva,

Beleza desta noite nos decora

Vivendo a fantasia sem ressalva.

No corpo da princesa, sensual,

O vento se desdobra em vendaval

2488

O vento se desdobra em vendaval
Deixando
a calmaria já de lado.
A vida recobrando cada aval
Transtorna sem sentido figurado.

Teu canto mavioso e sensual
Convida para o sonho demarcado
Por gosto de ventura, sol e sal,
Mistura tango, dengo, samba e fado

Assim nós vamos soltos pela vida
Atados por um laço sempre forte.
Não quero ter a dor da despedida

Tampouco o triste fim em desamor.
Que a vida nos impeça cada corte
Trazendo o vendaval com destemor...

2489

Trazendo o vendaval com destemor

Eu faço deste encanto, tempestade.

Sabendo da importância desse amor

Vislumbro no final, felicidade.

Encontro em tuas mãos vários segredos

Enredos tão diversos, mesmo mote.

O vento balançando os arvoredos

Vontade que se expõe jamais se esgote...

Revendo cada passo tento a sorte

Mudando a direção do temporal.

Bonança não promete novo Norte

As alegrias fogem do embornal.

Olhando o teu olhar ora revejo

Meninos descobrindo o que é o desejo.

2490


Meninos descobrindo o que é o desejo
E toda insanidade que ele traz.
A mão audaciosa, o nosso beijo,
A noite e a solidão, o medo, a paz...

Os primeiros poemas, num versejo
Ingênuo, muito aquém de um verso audaz,
Porém com todo sonho que é capaz
Quem tem na vida um rápido lampejo

Do qual a mocidade se nutria,
As pernas tão distantes, o portão.
A dança, as febres loucas, fantasia.

Princesas e castelos, cavaleiros
No jogo fascinante da paixão

Decerto dentro em nós são verdadeiros...

2491

Decerto dentro em nós são verdadeiros

Os ritos generosos e gentis.

Bebendo em fanatismo tantos cheiros

O fogo da paixão nos faz feliz.

Embora tantas vezes se sonegue

Momentos de perdão; vamos em frente.

Vivendo esta emoção prossigo entregue

Buscando um novo dia que se invente.

Às vezes esta estrela que me guia

Perdendo seu caminho, aqui me deixa

E quando se demonstra fugidia

Não ouve dos meus sonhos qualquer queixa.

Além do que se mostra ou mesmo pensa

Eu procurei-te, embalde, em noite imensa,

2492


Eu procurei-te, embalde, em noite imensa,
Transido pelo frio que fazia
Nevasca dentro da alma, mais intensa.
Distante da alvorada longe o dia...

Sem nada que encontrasse que convença
Que inda pudesse ter uma alegria.
Do vento, o seu bafio qual ofensa
Batendo na janela, em melodia

Uníssona
ecoando o que senti,
Passando a noite inteira, eu vou sem ti
Cruzando as portas negras da saudade...

Porém ao sol nascer eu percebi
Que estavas de chegada, então sorri
Sentindo renascer a claridade...

2493

Sentindo renascer a claridade

Quem há de me negar imenso brilho?

Vivendo toda noite esta saudade

Caminho mais diverso, imerso eu trilho.

Dispersos pensamentos te buscando,

Estrela que se foi em trevas tantas.

Ao mesmo tempo sigo te cevando.

Tu sabes quando sempre já me encantas.

Meus olhos não se cansam; mesmo à toa.

Na moldura do céu querem faróis

Apenas o vazio ainda ecoa

Tornando silenciosos arrebóis...

Uma esperança algoz ora te caça

Na valsa que avança na noite que passa

2494

Na valsa que avança na noite que passa
Amor não disfarça já vem galopante
Azar é fumaça que vem num instante
Teu corpo aguardente, meu vício e cachaça

Eu quero comigo, teu beijo dengoso
Amor sem perigo, formato gentil,
Beijo delicado, querida é fogoso
Da cor do pecado, sabor mais sutil

A noite enveredo contigo do lado,
Balança arvoredo se mostra mais forte,
O vento chegando, molejo marcado
Carinhos trocando curando do corte

Que a vida nos trouxe num tempo esquecido,
Amor de verdade, caminho cumprido...

2495

Amor de verdade, caminho cumprido

Sentindo o vento manso da emoção

Embora tantas vezes repartido

Ainda sinto forte, o coração.

Batendo em descompasso vez em quando

Num alvoroço expressa o quanto quer

Por mais que inda perceba desabando

Deitando sobre os braços da mulher

Que às vezes foi rainha, noutras bruxa

Nas ondas deste mar vai e retorna

Enquanto a solidão por vezes puxa

Retorna da tempesta em água morna.

Mas vence no final e se deleita

Terçã nossa paixão, lembra maleita...

2496

Terçã nossa paixão, lembra maleita,

Queimando nesta febre interminável

À noite em mil loucuras quando deita

Demonstra este segredo indecifrável

É fácil perceber quanto eu te quero

Ao mesmo tempo finges não querer.

O amor que se pretende mais sincero

Não sabe sonegar qualquer prazer.

Mas tenta disfarçar, e até consegue,

Vitórias desencantam dores trama.

Depois do vendaval estou entregue

Deitando tais vontades, nossa cama.

E quando as fantasias me revelas,

O peito enamorado; rondo estrelas.

No comments:

Post a Comment