Search This Blog

Sunday, July 31, 2011

"Sonetos da Ausência XII " EM HOMENAGEM A ALPHONSUS DOS GUIMARÃES FILHO

"Sonetos da Ausência XII " EM HOMENAGEM A ALPHONSUS DOS GUIMARÃES FILHO


" Alphonsus de Guimarães Filho



"Sonetos da Ausência XII "

Não te desejo mais pela amargura
nem pelas alegrias inconstantes:
quero beijar nas tuas mãos distantes
o amor que me alivia e transfigura.

Quero, sonhando a adolescência pura
no teu corpo febril, das mãos amantes,
colher nos ventos tudo quanto dantes
ambicionara em sedes de loucura.

Quero o teu riso, o teu silêncio, a graça
do teu vestido ao vento, o andar sereno
de ave marinha pelas madrugadas.

Quero colher em ti o que não passa
e pulsa em mim como o teu leve aceno
na distância impossível das estradas.


1

“na distância impossível das estradas”
Percorre o pensamento em luzes tantas
E quando com teu canto já me encantas
As noites se mostrando consteladas.
Os dias do teu lado são benditos
Ansiosamente em ti me dessedento
Supero qualquer medo e sem tormento
Chegando num momento aos infinitos.
Sabendo desde sempre quanto quero
Viver felicidade junto a ti,
O rumo das estrelas; descobri,
Num mundo mais feliz e menos fero.
Singrando este horizonte em raios feito,
Deveras do teu lado me deleito...


2

“e pulsa em mim como o teu leve aceno”
Imensa claridade de um quasar,
Traçando esta alegria, ao me entregar
Deveras com ternura me sereno.
O mundo sem te ter já não teria
O brilho que deveras vejo agora,
O quanto deste amor bebo e decora
Tornando mais plausível fantasia.
Vencer os meus temores e seguir
Deixando para trás as cicatrizes,
No encanto que decerto tu bendizes
Traçando em maravilhas o porvir.
Vivendo em nosso amor, felicidade
Que como temporal imenso, invade...


3


“Quero colher em ti o que não passa”
E vive eternamente em rara luz,
Enquanto ao mais perfeito me conduz
A dor se torna aos poucos mais escassa.
Vagando por estrelas, vejo enfim
A imensa maravilha de te ter,
Vivendo tão somente este prazer,
A glória reconheço dentro em mim,
E tanto que sofrera no passado,
Invernos tão ferozes, costumeiros,
Agora do teu lado, meus canteiros
Percebo em primaveras, deslumbrado.
Não posso mais negar o amor que sinto,
E nele o sofrimento; agora, extinto...


4

“de ave marinha pelas madrugadas”
O som se aproximando desta areia
E quando se percebe uma sereia
Tornando as águas claras, prateadas.
Encontro em tal beleza uma razão
A mais para sonhar e poder crer
No amor que demonstrando o seu poder
Eternizando em mim raro verão,
Pudesse ter nas mãos tanta fartura
Da glória feita em luz maravilhosa,
Minha alma se encantando em brilho goza
E em plena consonância diz ternura,
Sabendo-te deveras toda minha
Da eternidade o sonho se avizinha...



5

“do teu vestido ao vento, o andar sereno”
Traçando ao meu olhar a divindade
E quando tal beleza agora invade
Meu mundo se tornando, raro e pleno,
Na luz irradiada, imenso sol,
Sobeja fantasia se mostrando,
E tudo que atroz, agora brando
Domina com brandura este arrebol,
Vencido pelo amor, entrego a ti
Minha alma sem perguntas, simplesmente,
E sendo nesta vida coerente
Ao encontrar a glória me perdi
E sei o quão fantástico é viver
Envolto pelas garras do prazer...

6


“Quero o teu riso, o teu silêncio, a graça”
E toda a fantasia que me trazes,
Os dias mais doridos e mordazes,
A sorte noutro rumo agora traça
E vejo ser possível novo alento
Depois de tantos anos: solidão,
No amor outros momentos mostrarão
Do quanto se é possível sem tormento
Viver a eternidade de um segundo
E crer num raro e manso amanhecer,
Somente num amor vejo o poder
E nele sem temores me aprofundo,
Singrando este oceano, navegante,
Percebe um raro dia, fascinante...


7

“ambicionara em sedes de loucura”
A imensidade feita em luz e paz,
O quanto no passado foi voraz
A vida que deveras amor cura,
Não pude sonegar tal alegria
E nela todo o brilho que ora invade
Deixando para trás a tempestade
O dia em claridade ressurgia.
Nefastas noites frias, temporais,
Agora não concebo, pois em ti
O amor que tanto quis reconheci,
E sei já ser possível ter um cais
Aonde com perfeita lucidez
Ancoragem sublime já se fez.

8

“colher nos ventos tudo quanto dantes”
Apenas se sabia em vendaval,
Ao ter esta presença triunfal,
Os dias são deveras fascinantes.
Mordazes ilusões? Já não as tenho,
E sei quanto é possível ser feliz
No amor que tanto quero, ora bendiz
Tornando mais frutífero este empenho,
Outrora um navegante solitário,
Agora um caminheiro em paz e luz,
Assim imagem bela reproduz
Mudando para sempre este cenário.
E quando me percebo junto a ti,
Encontro o que deveras, mereci.


9

“no teu corpo febril, das mãos amantes,”
A sorte se transforma plenamente,
E tendo esta alegria se pressente
Os dias mais sobejos, deslumbrantes,
Agora sou feliz e não mais calo
Delícia que se faz constante e rara,
O amor quando no amor já se declara
A vida se transforma num estalo,
E todo o sofrimento chega ao fim,
Mereço esta alegria, disso eu sei,
E tendo mais brilhante a minha grei,
Decerto vejo flores no jardim
Eterna primavera dentro da alma,
Beleza que me encanta enquanto acalma...


10

“Quero, sonhando a adolescência pura,
Viver a deslumbrante descoberta
Mantendo a porta agora sempre aberta
E nela se fartando com ternura,
Ouvindo o mar distante me clamando,
E nele tendo a sorte de saber
O quão maravilhoso pode ser
Quando as tristezas fogem, ledo bando.
Vivenciar deveras tanta sorte,
Mergulho neste mar feito em delírio
Deixando no passado este martírio
E tendo em minha vida este suporte,
Jamais caminharei em passos falsos,
Vencendo em paz deveras, os percalços.


11


“O amor que me alivia e transfigura”
Tornando a caminhada mais tranqüila,
Enquanto tal beleza se destila,
A vida com certeza se ternura.
E vendo este clarão em teu olhar,
Percebo que também queres a mim,
E assim ao conceber belo jardim,
Bebendo deste sonho a me fartar
Não deixo de viver a eternidade
Na qual ao me embrenhar eu me perdi,
Sabendo da beleza que há em ti,
E nela a maravilha ora me invade
E transformando a vida em glória e luz,
À plena fantasia me conduz...


12


“Quero beijar nas tuas mãos distantes”
Matando a minha sede e me fartando
Do amor que tantas vezes me guiando
Trazendo dias claros, fascinantes.
Sentindo o teu perfume eu pude ver
A sorte desnudando em maravilha,
E o coração agora manso trilha
As sendas mais divinas do prazer.
Andantes ilusões sabem descanso
No colo desta a quem tanto desejo,
E agora tendo amor raro e sobejo,
Percebo finalmente este remanso
E nele toda a paz que procurara,
Cicatrizando enfim a chaga e a escara...


13


“nem pelas alegrias inconstantes”
Que tanto conhecera no passado,
Tampouco pelo medo desvendado
Nos dias em que amores vis, farsantes
Tomaram minha vida, nem por isto,
Apenas por viver cada momento,
Sem ter sequer no olhar o sofrimento,
Somente é por te amar tanto que insisto.
E vivo sem temer a viração
Do tempo, nem invernos, nem granizos,
Os passos que ora dou sendo precisos,
Deveras novos dias traçarão,
Fomento de esperança e de carinho,
Trazendo a paz na qual ora me aninho.


14

“Não te desejo mais pela amargura”
Que tanto conhecera noutros tempos
Envoltos em terríveis contratempos,
Nem mesmo pela dor que me tortura,
Desejo-te deveras pelo sonho
Em ti já concebido há tantos anos,
Vencendo os mais complexos desenganos
Futuro divinal em ti componho,
Sabendo ser feliz e não temendo,
Sequer as desventuras e os segredos
Do quão sejam diversos os enredos,
Colhendo a paz em raro dividendo.
Eu te amo e nada mais me importará
Somente o que conheço desde já!

No comments:

Post a Comment