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Monday, August 1, 2011

1000 SONETOS DE AMOR

1000 SONETOS DE AMOR






LAUTO DO AMOR!

Sinto as bênçãos jorrarem em palavras gentis!
Se em repente deixarem que eu seja aprendiz,
Algo diz que a harmonia eu sorvo tão somente
No que eu quis, de alegria, afagou-me: latente...

De bel’ ente que é rei em numeral e talento!
D’um outro “ás” d’outra grei, ou de outro fundamento,
Sim, portento, ele em nada ficará lá atrás.
Num momento se enfada e compõe muito mais!

Se eu assaz, em laudare, alço a voz, maestria!
Pois lhe bebo o talento, magistru poesia!
Dia a dia ele pari e acende vera luz
Que produz belo tento: perfeição faz é jus!

Já induz meu versar a lhe dar meu fervor
Em louvor meu cantar pr’esse lauto do amor!

EM RECONHECIMENTO AO GRANDE ÍCONE DA POESIA MUNDIAL, MARCOS LOURES: MESTRE!

Ronaldo Rhusso
19/09/2008.

RONALDO RHUSSO







Te sinto assim,
presente,
mesmo na tua
ausência ...
(Olhos de Boneca)

Espero te encontrar
Mesmo de ti ausente
No quanto se apresente
Um raio de luar
E nele me levar
Aonde estás presente
Vivendo plenamente
O bom de tanto amar,
Sentir a tua pele
E nela quando atrele
O sonho mais audaz,
Sabendo a cada instante
O quanto nos garante
Amor se é feito em paz.

002

Torturas das saudades
Marcando quem se fez
Do amor insensatez
E nele realidades
Aonde quer que brades
Ou mesmo quando vês
O tanto se desfez
Em meras brevidades.
Mas sei que ainda posso
Fazer deste destroço
Um claro amanhecer
Viceja esta esperança
E quanto mais avança
Mais perto sinto ter.

003

Marcadas cicatrizes
De tempos onde a vida
Deveras presumida
Em dores e deslizes
E nelas tais matizes
Marcando a já sofrida
Espera concebida
No quanto contradizes
E falas de um momento
Aonde busco e tento
Singrar outro caminho,
Mas quando vejo o olhar
De quem eu quis amar
Já não sou mais sozinho.

004

Amor que se dizia
Há tanto tempo atrás
Agora já não traz
Sequer esta harmonia
E nisto poderia
Quem sabe mais audaz,
Ou mesmo até tenaz
Vencer a hipocrisia
Do tanto que se dera
E nesta dura espera
O medo sobressai,
O amor que tanto eu quis
Agora já não diz
E aos poucos sei, se esvai.

005

Somente a poesia
Talvez inda redima
E mude o velho clima
Aonde se traria
A vida em agonia
E mesmo o quanto estima
Quem sabe e se aproxima
Do imenso e claro dia.
O verso sem futuro
O quanto te procuro
E nada mais se vendo
Não traz felicidade
E o pouco que inda invade
É feito algum remendo.

006

Mas vejo, no futuro
O brilho da esperança
E quando nos alcança
Em pleno tempo escuro
O quanto te procuro
A voz além se lança
Gerando a confiança
Aonde houvera um muro,
Dessedentando assim
O quanto existe em mim
De luta após o fato
Da imensa solidão
De um tempo feito em vão
Do qual eu me desato.

007

Abrindo a porta triste
E nela este passado
Já tanto desolado
Agora não persiste
E apenas sei resiste
Aqui sempre ao meu lado
O amor, velho legado
De tudo o que consiste
A vida noutra face
Aonde quer que eu grasse
Seu brilho me tocando,
E o peso da cangalha
O corpo agora espalha
E o mundo fica brando.

008

Quem sabe ressurgida
Depois de um temporal
Lua fenomenal
Regendo a nossa vida,
Permita esta saída
Novo manancial
Em sol, em mar e sal
Ausente despedida,
Sem ranço e sem mistério
A vida sem critério
Apenas por sentir,
Riscando a hipocrisia
Gerando a fantasia
Tomando o meu porvir.

009

Retorne noutros dias
Depois de tanto medo
O quanto me concedo
E o tanto que terias
Gerando as alegrias
E nelas o segredo
Vivendo desde cedo
Sem ter hipocrisias,
Restando dentro em nós
O amor ditando a foz
De um tempo mais feliz,
Açoda-me a vontade
E nela sempre agrade
O canto que eu te fiz.

010

Bem sabes que estarei
Depois da chuva aqui
E tanto me embebi
Do amor onde eu cevei
O quanto desejei
E nele presumi
O risco e sei em ti
Superna e rara grei,
Vencendo o que talvez
O tempo outrora fez
Em duro vendaval,
Quem sabe num instante
O todo se garante
Num ar consensual?

011

Pensando toda noite
Naquela que talvez
Pudesse insensatez
Gerar além do açoite
O brilho de um sorriso
Afoito e mesmo assim
Recende a tal jardim
E nega o paraíso,
Amar e ter também
O corte deste espinho
Aonde me avizinho
Do sonho quando vem
E sei do pesadelo,
E como até, vivê-lo.

12

Mulher que me levou
Além dos meus anseios
E quando sem receios
O tempo se mostrou
No todo que restou
Lembrança destes seios
E neles outros veios
Por onde amor passou,
O quanto vive em mim
E levo até meu fim
Perfume desta que
Ainda vive agora
Presença que devora
E a cada instante vê.

13

Nos beijos e carinhos
Delírios entre riscos
Olhares mais ariscos
Momentos tão sozinhos.
Anseios e pecados
Desejos entre fúrias
E quando em tais incúrias
O gozo desfrutado
O rumo se percebe
E beijo cada rastro
Em ti eu sei me alastro
E adentro a imensa sebe
Aonde amor renasce
E mostra a vera face.

14

Amor que nós fizemos,
Em tramas delicadas
Em noites desejadas
O quanto nos queremos,
E assim ao perceber
O dia se anuncia
Na luz da fantasia
Nas teias do querer,
Viceja dentro em nós
O todo feito em paz,
Do quanto fui capaz
E sei também a voz
Do amor além do encanto
A dor e o medo espanto...

15

Nas noites que sem fim
Orgásticos caminhos
E neles os teus vinhos
Delícias sei em mim,
Restando do que vim
Trazendo em nossos ninhos
Os dias vãos sozinhos,
Matando este jardim,
Mas vejo esta promessa
Do amor que recomeça
E traça no horizonte
Cenário iridescente
E nele se pressente
O encanto que desponte.

16

Passeio minhas mãos
No corpo de quem ama
A sorte, a mesma trama
E ceva os mesmos grãos,
Os dias outros, vãos
A morte dita o drama
Agora a vida clama
E mata antigos nãos,
Aprendo assim contigo
E enquanto além persigo
Inesgotável brilho,
O rumo se aproxima
Do quanto em novo clima
O sonho eu compartilho.


17

Meu coração sofrendo
De tanto que se dera
Além da vaga espera
Ou mesmo de um adendo
O pouco vou revendo
E nele a vida é fera
O todo degenera
Não resta algum remendo
Revendo o dia a dia
Aonde poderia
Saber enfim de nós,
O tanto não se expondo
O mundo decompondo
Em tom amargo e atroz.

18

Procuro teus cabelos
E toco a tua pele
No quanto me compele
Vontade de vertê-los
E sinto em tais novelos
O amor quando se sele
E nele já se atrele
Os dias em tais zelos,
Rever o passo eu pude
E tramo em juventude
Um novo amanhecer,
Assim imerso em luz
Ao farto nos conduz
O raro e bel prazer.

19

Mas nada encontro aqui
Além desta promessa
Do amor que se confessa
E nele me prendi,
O tanto já sofri
A vida em fúria e pressa
Meu passo se endereça
Deveras só a ti.
E sei que assim talvez
Ainda o que tu crês
Permita a caminhada
Gerando novo trilho
Sem medo ou empecilho
Raiando em nova estrada.

20

Mulher que me deixou
De tanto amor que tenho
O quanto em claro empenho
O mundo destroçou
O todo que foi meu
E agora mais distante
Sem nada que garante
Após seu apogeu
A queda em dor e medo,
O risco de sonhar
E nada mais achar
Saber deste rochedo
Saveiro perde o cais,
Amores; nunca mais?

21

Promessas tantas fez
Quem foi e não voltara
Depois nesta seara
A noite em turva tez
O medo e a insensatez
A vida desampara
E nada se prepara
Aonde amores vês.
O tempo não mais cura
E sei desta loucura
E dela não me aparto,
O canto sem promessa
O sonho em vão tropeça,
Vazio então meu quarto.

22

Palavras que soltaste
Ao vento sem pensar,
Chegando devagar
Causando este contraste
Aonde imaginaste
Sobejo e bom lugar
Sem nada a se mostrar
Apenas o desgaste,
O risco de viver
O gozo do querer
E o nada após eu vejo,
Assim amortalhado
Amor já desolado
Sequer resta o desejo?

23

Amor que como veio
Um dia foi embora
No quanto a vida ancora
Em cais atroz e alheio,
O tanto que receio
A sorte não demora,
O vento revigora
E o medo em vão anseio,
Gerando em contra-senso
O mar de amor imenso
Exposto ao temporal,
E sei que assim te quer
E tanto mais sincero
Amor fenomenal.

24

Procuro por teu sonho
E nele me sacio,
Seguindo cada fio
Aonde me componho
Vagando eu te proponho
E nisto me anuncio
Depois do desafio
De um dia mais medonho,
Resumo em verso e canto
O todo que garanto
Pudesse ser além
Do pouco quando resta
Amor adentra a fresta
E sei quando ele vem.

25

És tudo o que desejo
E não mais poderia
Viver sequer um dia
Sem ter este lampejo
E sei o quanto vejo
De ti em alegria
Decerto é fantasia
Ou mesmo um raro ensejo.
Mas sigo esta vontade
Alheio à tempestade
Sonhando em tal bonança
Aonde após a treva
A lua sempre leva
E amor enfim alcança.

26

Meus olhos se perdendo
Buscando algum alento
Aonde o pensamento
Pudesse em estupendo
Caminho convertendo
O quanto ainda tento
Vencer o sofrimento
E a dor é dividendo
Amor não mais o vejo
E quando em azulejo
O céu se apresentando
Aos poucos, num instante
O tempo mais brilhante
Eu vejo em mim nublando.

27

Em busca da amplidão
Do olhar que me sacia
Vagando em claro dia
Bebendo os que virão
E sei da dimensão
Do tanto onde podia
Vencer esta agonia
E crer noutra estação
Amar em plenitude
Também porquanto ilude
Transcende à própria vida,
Depois de tantos anos,
Em riscos desenganos
A sorte pressentida.

28

Em volta deste tempo,
Aonde acreditara
Na luz desta seara
E vejo o contratempo
Vencendo este momento
Em dor e tempestade
O sonho volta e invade
E traz um novo alento
Ao menos lenitivo
A quem sofrera tanto
E quando a luz garanto
E nisto sobrevivo,
A lua se esvaindo
Neblina vem surgindo.

29

Os pássaros errantes
Vagando pelo espaço
Assim também eu faço
Enquanto não garantes
O amor em tais instantes
Estando sempre lasso
Buscando a cada passo
Diversos diamantes
Eu sei e até pretendo
Vencer qualquer remendo
E ter em plena luz
O sonho mais bonito
E dele necessito
Ao quanto me conduz.

30

Não sei mais se consigo
Vencer os meus tormentos
E sei dos desalentos
E vivo o desabrigo
E quando além persigo
Em vagos pensamentos
Olhares mais atentos
Adentram tal perigo,
E sinto que inda posso
Viver o amor tão nosso
Quão fora no passado,
Vestindo esta emoção
Os dias me trarão
O sonho desejado?

31

De tudo que busquei
Na vida a calma e a paz
Somente amor me traz
Enquanto dita a lei,
E quando me enganei
No olhar bem mais audaz
De quem se fez capaz
E nada mais terei
Senão este vazio
E tento até recrio
Algum lugar aonde
O beijo saciando
O dia imaginando,
Mas logo o sol se esconde...

32

O mundo que sonhava
Vagando pela vida
A sorte presumida
Agora morre em lava
Uma alma quase escrava
De tanto já sofrida
Não vendo esta partida
Enquanto o passo trava,
Resume em dor e pranto
O todo que garanto
Vencer qualquer tropeço,
O amor se faz bem mais
E assim em temporais
Bonança é o que mereço.

33

Apenas nos meus sonhos
Eu tinha esta certeza
Do amor em tal nobreza
Em dias mais risonhos,
Mas quando vejo a sorte
E nela não se crê
No amor que sem por que
Não tendo quem suporte
Despenca e sempre leva
Consigo uma esperança
O passo não avança
Senão em plena treva,
Buscando recompor
Meu sonho em raro amor.

34

Tentarei resistir
O máximo que posso
Sabendo quanto é nosso
O canto de um porvir
E tanto presumir
No risco aonde endosso
O pranto e não me aposso
Do encanto, este elixir.
Quem dera se pudesse
Ainda ter benesse
Depois do vendaval,
Amar e ter somente
O quanto se apresente
Mudando todo astral.

35

Os olhos esquecidos
De tanto procurar
Algum belo lugar
Em tantos presumidos,
Tocando os meus sentidos
Vontade de encontrar
Aonde possa andar
Nos brilhos pressentidos
Restando dentro em nós
O quanto fora atroz
O mundo sem ninguém,
Ao menos poderia
Viver esta alegria
Que eu sinto, nunca vem...

36

Dos erros nesta vida
Eu tento aprender mais
E quando em desiguais
Caminhos a avenida
Da sorte é mais sentida
Enfrento os rituais
E beijo os sensuais
Delírios desta ermida,
Vagando noite afora
Encanto além aflora
E toma o meu olhar,
Mas quando vejo e só
Envolto em pleno pó
Só resta caminhar.

37

Por certo das saudades
Jamais me libertara
Enquanto a vida amara
Em luzes desagrades,
Rompendo assim as grades
E nelas a seara
Vestindo sempre ampara
Além das realidades,
Eu quero e me permito
Um dia mais bonito
E nele ter a sorte
De ter quem mais queria
Vivendo a fantasia
Aonde eu me reporte.

38

Amiga, como é bom
Saber do nosso amor
E seja como for
Ouvir o manso som
Da lira de um poeta
Aonde em verso vê
A vida em seu por que
E nisto se repleta
Uma alma em luz e tanto
Desejo se desfia
Trazendo em melodia
O todo que inda canto
Invisto na certeza
De um dia em tal leveza.

39

Meus olhos? Sem reflexo
Do olhar de quem anseio
Agora em tom alheio
O canto é desconexo,
Aonde mais perplexo
Caminho em raro veio,
Gerando sem receio
O encanto segue anexo
Ao passo que se dera
Em plena primavera
Vencendo os meus temores,
E quando vira espinho
Andando tão sozinho
Sonhara com as flores.


40


Manhã já vai raiada
Acordo nos teus braços
Agora em doces laços
Amor nessa florada.

Te beijo, tão feliz
Lá longe a dor de outrora
Certeza dessa aurora
Felicidade em bis.

Curada a cicatriz
Refeita essa promessa
O amor nos prega a peça
Contrário aos atos vís

Colore de alegria
A tua face, a minha
Sazona a nossa vinha
De novo, a poesia!


ANA MARIA GAZZANEO

Amiga, todo o tempo
Distante de você
É como não se vê
Além do contratempo
Vestindo a fantasia
Desnudo mansamente
E logo se apresente
Um claro e raro dia
E bebo em seu suor
Delírios sem igual
Amor tão magistral
De todos o maior
Bebendo este prazer
E nele em paz, viver...

42

Se passa sem que saiba
A vida em tal promessa
E quando amor confessa
Bem antes quando caiba
A força inestimável
De um gozo em plenitude
E nada mais ilude
Nem mesmo este indomável
Caminho aonde a vida
Adentra sem temor
As ânsias de um amor
E nelas resumida
A história feita em glória
Cevando uma vitória.

43

A vida se passando
Aonde quis bem mais
E nestes temporais
O tempo se nublando,
Mas lembro desde quando
Queria em sensuais
Desenhos magistrais
Um mundo nos tocando,
E o corpo dessedenta
A fome em tal prazer
E neste bem querer
A vida se apresenta
Diversa da que outrora
Ainda à noite aflora.

44

Ninguém sabe isso é certo
E sinto sendo assim
O amor cevando em mim
O quanto em paz desperto
E tanto já me alerto
Vislumbro e chego enfim
Ao tanto de onde vim
Deixando o peito aberto
Vestindo esta ilusão
E nela se verão
Os dias mais felizes,
Embora ainda veja
Aonde quer que esteja
As velhas cicatrizes.

45

Distante dos amores
A vida não teria
Sequer esta alegria
E nela se te fores
Levando os meus albores
Matando em agonia
O quanto em fantasia
Traçara em várias cores
O manto onde se cobre
O amor sobejo e nobre
Resiste ao tempo e vivo
O canto em alvorada
Trazendo à bela estrada
Ao menos lenitivo.

46

Vivendo tão somente
O quanto quis ou mais
E nunca sei do cais
Aonde já se ausente
O olhar que antes clemente
Vencera os vendavais
E sei de ti jamais
O medo imprevidente.
Resumos desta sorte
E nela se reporte
Ao máximo, o prazer,
Viceja dentro em nós
A flor e dita a voz
Enfim do meu viver.

47


Na vida nunca tive
Sequer uma alegria
Depois onde teria
Se nunca além estive?
E assim se me contive
Também não poderia
Viver esta agonia
Se nela eu me retive?
Eu quero apenas isto
E sei o quanto insisto
No amor que enfim virá
E quero sem demora
A vida em paz ancora
Agora e desde já.

48

Que ao menos um amor
Pudesse ainda haver
Aonde o bem querer
Negasse ou num temor
Gerasse espinho e flor,
E quando enfim colher
As tramas posso ver
O dia em claro albor,
Não quero outro caminho
E sei se vou sozinho
Não tenho este canteiro,
A sorte em tuas mãos
O amor em vários grãos
Explica o jardineiro.

49


Jogado neste canto
O tempo sem promessa
E amor se a paz professa
A vida assim garanto,
E tanto quanto espanto
A dor e se confessa
A sorte vem sem pressa
E mata este quebranto,
Resumos entre nós
Do amor em clara foz
E nela se mostrara
A vida como fosse
Sensível; mesmo doce
Domando esta seara.

50


Perdido sem talvez
Saber se ainda é nosso
E nisto não me aposso
Somente do que vês
Eu bebo a insensatez
E tento enquanto posso
Seguir e assim adoço
O amor como tu crês,
Já não mais poderia
Saber da fantasia
Se nela não tivesse
A glória, a paz e a messe
De ver em atitude
Além do que mais pude.

51

O mundo que sonhara
Agora se apresenta
E mesmo se sangrenta
A vida mais amara
Na sorte se prepara
Ao menos já me alenta
Saber quanto a tormenta
Ausenta esta seara,
Vencer o sofrimento
É tudo o que inda tento
Viceja dentro em mim
Certeza de outro dia
Em paz e poesia
Amor vivendo, enfim.

52

Restando tão somente
Do todo que buscava
A marca desta lava
E nela se aparente
O tanto que não quero
Da dor em minha vida,
Assim a presumida
História em tom sincero
Traduz alguma luz
E nela se entranhando
O mundo desde quando
Ao todo me conduz,
Gestando dentro em nós
O amor em firme voz.

53

O tempo se passou
Deixando a dura marca
Que a sorte não abarca
E nela se mostrou
O quanto não mais sou
Deixando atrás a barca
A sorte já demarca
O rumo que tomou.
Fronteiras não mais sei
E vejo nesta grei
Dourada luz e imensa,
O amor sendo decerto
Aonde eu já desperto
A dita então compensa.

54

E tudo o que restara
Jamais se poderia
Trazer em fantasia
Ou sorte mesmo amara,
O gosto o gesto um ato
Que possa redimir
E trazer ao porvir
Um sonho onde eu desato
Os nós, buscando em paz
O quanto amor se dera
Gerando a primavera
E nela se refaz
O canto em tal promessa
Aonde o amor se expressa.



55

Olhando para o céu
Vislumbro em claridade
Amor que agora invade
E toma em raro véu
Desvendo o meu papel
E aos poucos a verdade
Reinando em liberdade
Estende o mundo ao léu,
Galgando este infinito
Num sideral alento
O tanto quanto tento
Ou mesmo necessito
Traduz a languidez
Aonde o amor se fez.

56

Os olhos tão felizes
De quem se fez amante
E sei quanto garante
O sonho entre os deslizes
E quando contradizes
O tanto que se espante
E nisto se adiante
Após as cicatrizes
O passo rumo a ti
E nele presumi
A liberdade intensa,
O corpo te tocando
Amor, amor gerando
Em rara recompensa.

57

Que sempre procurei
Durante a minha vida
A sorte pressentida
Toando como lei
Gestando o que entranhei
E nisto não duvida
Quem sabe destruída
A luz que imaginei,
O carma, o corte e o nada
A presa desolada
A mansa claridade,
E nela se percebe
O tanto que esta sebe
Em luzes já me invade.

58


Mas vive assim somente
Quem tanto quis além
E sei do farto bem
E dele esta semente
Gerando este inclemente
Delírio onde convém
Apenas ser alguém
Ou nada plenamente,
Mas quando amor impera
Ausente esta quimera
Em libertário sonho
Eu vivo e não me canso
Sabendo do remanso
Que em ti quero e componho.


59

Criança que jamais
Pensara no futuro
Em ter um tempo escuro
Em tantos temporais,
Mas vejo em ti o cais
Que em guerras eu procuro
E sei quanto maduro
O amor em seus cristais
Regendo a nossa história
Traçando na memória
Um porto mais suave,
Viceja desde agora
O quanto em paz ancora
O coração, esta ave.

60

Brincando na ante-sala
A sorte não concentra
E quando o quarto adentra
Minha alma não se cala,
E beija a mão de quem
Sabendo a solidão
Trazendo outra estação
Deveras sempre vem,
Mergulho nos teus braços
E vejo como posso
Cevar um mundo nosso
Vencer os meus cansaços,
Amor em raros frascos
Matando estes fiascos.

61

De amores esquecidos
O tanto que pudera
Saber da primavera
E nela resumidos
Os dias que virão
Viceja esta alegria
Por onde poderia
Haver a hibernação,
Mas amor se promete
E tantas vezes dita
A sorte mais bonita
E assim já me arremete
Aos braços desta que
Em luas também crê.

62

Apenas na esperança
De um dia mais tranqüilo
Assim quando desfilo
A vida nos alcança
E rege bem mais mansa
O tempo onde perfilo
E sei do vário estilo
Aonde esta aliança
Tramando uma ventura
Que tanto me assegura
Um dia aonde eu veja,
O todo num clarão
Mergulho em raro vão
E amor doma e troveja.

63

Estrela, por favor
Aonde posso ver
As ânsias do querer
Ditando novo amor,
Assim ao te propor
O mundo passo a crer
No todo de um viver
E nele sei a flor
Bebendo esta promessa
E nela se confessa
A dita mais feliz,
E o rosto em cor e brilho
No quanto em ti palmilho
O canto que mais quis.

64

Responda, não se cale
Perceba o quanto eu quero
O amor puro e sincero
E nele o imenso vale
Aonde a voz que fale
Em tom jamais tão fero
Ditando o quanto espero
Do amor que me avassale,
Gerando assim a messe
E nisto se confesse
A glória mais sutil,
Viver a imensidão
Das noites que virão
Que o gozo pressentiu.

65

Irei ao teu encontro
Depois do temporal,
O amor consensual
Ausente desencontro
Permite o tanto quanto
Desejo e quero mais
Arcando em magistrais
Caminhos que garanto
Cercando em paz e lume
O todo quanto fiz
E tendo por um triz
O passo aonde rume
Gerando o brilho enorme
Que tanto nos transforme.

66


O nosso amor, estrela,
Não pode se acabar
Tampouco mergulhar
Onde não posso vê-la
Sentindo quanto é bela
A sorte a me trazer
O gozo de um prazer
Aonde amor revela
A mansidão e o canto
E nesta plenitude
Que nada mais se mude
Assim eu adianto
E bebo em privilégio
O amor sem sortilégio.

67

Assim qual nosso filho
O encanto mais suave
Gerando o sonho, esta ave
Aonde além palmilho
Vagando em tanto brilho
Não vendo qualquer trave
No quanto não agrave
O sol por onde eu trilho
Viceja plenamente
O amor que se apresente
Qual fosse solução,
Vestindo esta alegria
O quanto poderia
Viver a imensidão.



68

Querido,
Acordei com vontade de você,
Da sua doce companhia,
Da sua apaixonante poesia...

Regina Costa

São tantos os momentos
Aonde penso em ti
E quando te senti
Roçando em pensamentos
Trazida pelos ventos
Em gozos me embebi
E tanto estás aqui
Em vários sentimentos,
Desejos incontidos
As fúrias das libidos
Anseios e promessas
Assim ao te poder
Sentir e ter prazer
Em sonhos tu me expressas.


69

Eu canto a meus amigos
O encanto deste amor
E nele quero pôr
Os sonhos, meus abrigos,
E quanto aos vãos perigos
Não posso nem supor
O quanto é tentador
Mesmo em vários e antigos
Alentos onde eu tenha
A brasa, o fogo e a lenha
Gerando assim tal frágua
E nela o meu anseio
Vibrando sem receio
No amor que ora deságua.

70

Em plena fantasia
A senda mais bonita
Aonde se permita
Amor quando queria
Viver esta alegria
E nela se acredita
A benção, nossa dita
Contendo esta sangria
Por onde no passado
O tempo desolado
Traria apenas medo,
E quando estou contigo
Assim o sonho abrigo
E o gozo eu me concedo.

71

Por mais que complicado
O tempo não se trama
Em medo e sim na chama
Do amor abençoado
Gerando um novo fado
E nele sei do drama
E quando a gente se ama
O tempo; iluminado.
Restando dentro em mim
O quanto disto enfim
Consigo conceber
Vestindo esta emoção
E nela a sensação
Enorme de um prazer.

72

Amigos com certeza
A vida até nos traz
E neles sinto a paz
Aonde sem surpresa
Vencer a correnteza
E ser até audaz,
Mas nada mais compraz
Que ter esta beleza
Em feminina forma
Que tanto me transforma
E toma o meu caminho,
Amante e companheira
Decerto a vida inteira
Em ti eu quero e aninho.

73

A vida necessita
Do gozo e da alegria
No quanto bendizia
E tanto esta infinita
Vontade que palpita
E traça em fantasia
O quando poderia
Viver a mais bonita
História em pleno amor,
Viceja em nós a flor
Mais forte em luz imensa,
Assim ao se sentir
O amor a redimir
A dor e a desavença.

74

Em todos os caminhos
Que ainda seguirei
Extensa e longa grei
Formada por daninhos
E dias tão mesquinhos
Por onde eu encontrei
E mesmo imaginei
Os vários vãos e espinhos.
Mas quando esta promessa
Do amor que se confessa
Sem medo e sem pudor,
Não posso mais tentar
Sequer o navegar
Nos braços deste amor.

75

Amigos, vão vencendo
Os medos quando eu tenho
Além deste desenho
Perdido de um remendo
O todo se tecendo
E nele me detenho
E tento com empenho
O mar mais estupendo,
Amar e ter comigo
O quanto já persigo
E tanto pude até
Sabendo e tendo fé
No dia aonde eu pude
O amor em plenitude.


76


Cansaço de viver
Ausente de quem busco
O tempo amargo e brusco
E nele posso ver
Somente o que não quero
E tendo esta incerteza
Da vida sobre a mesa
O vento agora é fero,
Mas quando te percebo
E vejo que tu vens
Amor ditando os bens
Gerando o que recebo
Em glória e mansidão
Mudando esta estação.

77

No vinho que embriaga
O gozo da mulher
Que tanto bem se quer
E nisto sempre traga
A sorte mesmo vaga
E nela se puder
Trazer o que vier
Enquanto além afaga
A mágica presença
De quem já me convença
Que vale sempre a pena
O amor sem ter medida
Tomando a nossa vida
Tornando-a mais serena.

78

Quem tem amigo sabe
O quanto é necessário
O abraço solidário
Antes que já desabe
O todo aonde um dia
Vivera ou mesmo até
Sem ter ou ser quem é
A sorte não traria,
Porém somente amor
Permite nova senda
E assim ao tanto estenda
Um manto multicor
Nos braços desta amada
Ali, a minha estrada.

79

O bem que já nos faz
O amor sem as defesas
Vencendo com certezas
O quanto mais mordaz
A vida não mais traz
Sequer quaisquer surpresas
E trama sobre as mesas
O dia mais audaz,
Refém desta alegria
O quanto eu poderia
Saber da plena sorte
De ter sempre ao meu lado
O amor imaginado
E a paz que reconforte.

80

Portanto eu nunca temo
As sortes que maldizes
Tampouco as tantas crises,
Tentando com meu remo
Vencer a correnteza
A vida em dor e medo,
O tanto que concedo
E tenho esta beleza
Do encanto feminino
Maior e que me traga
Além da fúria e adaga
O sol onde fascino
O brilho sem pudor
Do imenso e nobre amor.

81

Certeza de que tenho
O olhar neste horizonte
Aonde sempre aponte
Qualquer que seja o cenho
Vagando não desdenho
Ou mesmo nego a fonte
Amor serve de ponte
E nisto não retenho
O passo quando tento
Vencer o sofrimento
E até o vendaval,
No gozo presumido
O amor só faz sentido
Se for consensual.

82

Amigo quando vai
Depois da tempestade
Deveras a saudade
Aos poucos já se esvai,
Porém amor nos trai
E quando a fúria invade
Não basta a saciedade
E nada nos distrai,
O quanto te querendo
E a dor em dividendo
Jamais imaginara,
Mas quando foste embora
Minha alma sem demora
Abrindo imensa escara.

83

Estrelas vão perdendo
O lume quando a vida
Em outra percebida
Não passa de um remendo,
Assim nada colhendo
Preparo a despedida
E sei que sem saída
O mundo não desvendo,
E perco o que me resta
Em cena mais funesta
Imensa solidão,
O amor em seus ditames
Enquanto tanto clames
Não sabe a direção.

84

O céu de minha vida
Já tanto sem estrelas
Pudesse enfim contê-las
E ter a tão querida
Certeza sendo urdida
Em luas e bebê-las
Ou mesmo até vertê-las
Sem ter as despedidas
Dos sonhos num adeus,
Momentos nossos, meus
A vida não traria
Não fosse esta incerteza
Talvez sem ter surpresa
Pudesse um novo dia.

85

O rumo da existência
Jamais se vê no fato
Enquanto me maltrato
Vivendo a dura ausência
Amor sem ter clemência
E nele este ar ingrato
Polui qualquer regato
E gera a penitência
No peito de quem sonha
A lua antes risonha
Agora em trevas feita,
E assim minha alma esquece
Do quanto quis benesse
E solitária, deita.

86

Amigo, na saudade
Do amor que tanto eu quis
E tive por um triz
Qual fosse realidade,
O tempo já degrade
E gera este infeliz
E tento em cicatriz
Viver felicidade,
Mas quando ela se ausenta
A vida em tal tormenta
Jamais consigo além
Deste horizonte baço
E nele nada traço
E dele nada vem.

87

Por certo não consigo
Sem ter alguém por perto
Viver neste deserto
E nele em desabrigo,
Queria estar contigo,
Mas quando enfim desperto
E vejo o rumo incerto
E nele este perigo,
A sorte não se crê
E tudo sem por que
Jamais tece esperança,
Mas quando amor se trama
E nisto acende a chama,
Eu vejo a confiança.

88

Na minha insegurança
O passo segue em falso
Preparo o cadafalso
Aonde a vida lança
Quem tenta e não alcança
Sabendo este percalço
As ilusões descalço
A vida não se amansa,
E o tempo de sonhar
O canto a me roçar
O verso se aflorando
No peito de quem tenta
Sabendo ser sangrenta
A vida em contrabando.

89


Ficando mais alheio
Ao fato de saber
O quanto em desprazer
A vida segue um veio
E tanto se receio
Ou mesmo busco ter
No bem de ainda ver
O amor que ora rodeio.
Vencer em mansidão
As horas que virão
E nelas ter comigo
O todo e já persigo
Ausente solidão
Em ti, suave abrigo.

90

As duras tempestades
Imensos vendavais
E neles muito mais
Do quanto tanto agrades
Percebo estas verdades
Que sei serem venais
E os dias num jamais
Aonde além tu brades.
Mas quando estou em ti
O mundo concebi
Diverso e em luz tranquila
Minha alma transparece
E o sonho então se tece
No amor que em paz desfila.

91

Talvez sejam mordazes
Os dias quando a sorte
Não tendo algum aporte
Diversa da que trazes
Pressente mais tenazes
As dores, busco a morte
E sei de cada corte
E tu jamais comprazes.
Mas quero até sentir
O amor como elixir
Que sane em panacéia,
A vida noutro rumo
E quando além me escumo
A sorte segue atéia.

92

Agora, como irei
Viver sem ter aqui
Quem sei que já perdi
Ausente noutra grei,
O amor que desejei
Desenho presumi
E quando estava em ti
O canto eu mergulhei,
Mas hoje noutra face
A vida não mais trace
Senão esta incerteza
Gerando o que pudera
Ainda viva a fera
Marcando com dureza.

93

Terei quiçá u’a luz
Que possa me trazer
O bom e bel prazer
Aonde reproduz
A imagem onde eu pus
O tanto do querer
E nada a se saber
Somente a contraluz,
E audaciosamente
A vida se pressente
Em tez suave quando
O amor ditando regras
E nele tu me entregas
O coração mais brando.

94

Estrela dessa sorte
Aonde te escondeste?
O quanto percebeste
Em mim do imenso corte,
Tomando enfim meu norte
Aos poucos concebeste
Um mundo senão este
Que tanto me conforte,
Gerando após a queda
No quanto o rumo veda
Apenas solidão,
Mas vejo uma esperança
No amor que agora alcança,
É chuva de verão?

95

Quando da vida amigo
Eu aprendi a ter
No olhar de um bem querer
O quanto em paz persigo,
E tanto assim prossigo
Nas ânsias a beber
Em goles o prazer
Ou mesmo algum castigo,
Reinando sobre o passo
O mundo noutro traço
Vagando sem destino,
Mas quando enamorado
O tempo ora nublado
Tornando cristalino.

96

Sozinho estou perdendo
O rumo desta vida
E não vejo saída
Aos poucos me vertendo
Num mar de solidão
Deveras sem futuro
O quanto já procuro
Em vaga direção,
Amor jamais pudera
Sentir o seu perfume
E sendo assim se esfume
E gere esta quimera,
Mas resta uma esperança
E nela a sorte lança.

97

Pelas noites vazias
O quanto procurava
E nada se encontrava
Aonde não havias
E tendo estas sombrias
Manhãs, uma alma escrava
No tanto onde se trava
Marcando os duros dias,
Mas quando amor regesse
O mundo e então bebesse
A sorte noutra face,
A paz, a vida a glória
Mudando a minha história
Por onde o sonho grasse.

98

Talvez quem sabe ainda
O tanto que se quer
Além deste qualquer
Caminho onde deslinda
A vida e nada brinda
Senão quando vier
O olhar desta mulher
Deveras rara e linda.
O manto se tecendo
Em paz e em estupendo
Caminho para o farto,
Assim ao me entregar
Sem nada perguntar
Ao grande sonho eu parto.

99

E viva nessa vida
O tempo aonde o tanto
Pudesse por encanto
Reger nova saída
E sei da sorte urdida
E nisto eu não me espanto
E quero em novo canto
A sorte presumida
No fato de sonhar
E nele acreditar
Quem sabe possa então
Vencer os meus temores
E tendo enfim amores
Os dias mudarão?

100

Bem sabes que te adoro
E nada mais além
Do todo onde contém
O encanto aonde afloro
O rumo já decoro
E sei dele tão bem,
Assim quem sabe vem
O dia quando ancoro
O sonho neste cais
Em atos magistrais
Ferrenha fantasia,
Gerando outra emoção
E nela a direção
Traçando o novo dia.

101

Ávido de teus olhos
Buscara no jardim
Que tento dentro em mim
Cevar entre os abrolhos,
Mas nada no horizonte
Senão a tez brumosa
Da tarde caprichosa
Aonde não desponte
O sol que tanto quero
Ou mesmo até um dia
O tempo mudaria
E nele menos fero
O rumo em paz pudesse
Quem sabe? Amor merece.

102

A vida, sem te ter
Não tem qualquer valia
E assim não poderia
Saber de algum prazer
Quem tenta e pode ver
Ainda em agonia
O quanto em fantasia
O mundo a se perder,
Brandindo a minha voz
E nela este feroz
Delírio não contenta,
A sorte é caprichosa
E tanto traz a rosa
Quanto esta tez sangrenta.

103

Aumentam minhas dores
Nos sonhos mais cruéis
E bebo destes féis
E neles desamores,
Aonde tu te pores
Ali os meus papéis
E os sonhos, carrosséis
Girando aonde opores
Na paz que sei sublime
O amor quando redime
Permite acreditar
No dia mais suave,
Mas quando a dor agrave
Mais nada a se mostrar.

104

Mas sei que nada disso
Talvez seja o começo
Do quanto até mereço
E sei quando cobiço
A vida neste viço
O risco em tal tropeço,
O amor sem endereço
O solo movediço,
O risco de sonhar
Navego em tal luar
Distante do que tanto
Pudesse ainda haver
Nas ânsias do querer
No sonho que ora canto.

105

O fim do nosso caso
O tempo determina
E sei quanto fascina
O amor sem ter ocaso,
Mas sei também que o prazo
Aos poucos já termina
E quando atroz a mina
O risco não comprazo,
Viver assim, jamais;
O sonho em vendavais
Diversos furacões
Marcando a ferro e fogo
Trazendo em ledo rogo
Dispersas dimensões.

106

Pois sei que está escrito
Nas tantas farsas quando
O amor se aproximando
E nisto eu acredito,
Vagando este infinito
E aos poucos se entornando
Aonde quis mais brando
Agora em tom aflito,
Resumo a minha ausência
Na dor e na imprudência
De um passo sem destino,
E quando em tal percalço
Nem mesmo o encanto eu alço
Ao fim me determino.

107

O mundo não será
Da forma que eu quisera
Sabendo da quimera
E colho desde já
O nada que fará
A vida em primavera
Assim a atroz espera
De nada valerá,
O medo se apresenta
E gera outra tormenta
Aonde quis a paz,
O todo não se vendo
O amor, mero remendo
O sonho já desfaz.

108


Amores que nasceram
Nos olhos da promessa
O nada se confessa
E nada mereceram,
Assim ledos morreram
E o canto recomeça
No entanto já tropeça
Aonde eles perderam
O rumo e sei que disto
A cada vez que insisto
Lutar contra a verdade
A sombra toma tudo,
Porém no amor me iludo
Embora a ausência brade.

109

Superam com certeza
O tanto que não quero
E tendo mais sincero
O rumo onde a surpresa
Gerando esta incerteza
E nela me tempero
O manto mais austero
Dos sonhos dita a presa,
O rumo não conheço
Amor sem endereço
Seguindo sempre ao léu,
Assim também desfaço
O canto quando passo
Além de todo o mel.

110

O teu amor somente
Traduz farto esplendor
E gera um sedutor
Caminho onde aparente
O sol raro e potente
Traçando um redentor
Delírio e ao me propor
Encontro-o plenamente.
Cerzindo em teia nobre
O encanto que recobre
Minha alma em alegria,
Transcendo à própria luz
No tanto que produz
E além sempre me guia.

111

Desde o dia em que bela
Estrela veio a mim
Trazendo a paz e enfim
Agora se revela
Desnuda em clara tela
E trama sempre assim
Um rumo onde o jardim
Em raras flores sela,
Revendo cada fato
Aonde eu me retrato
Do lado de quem vejo
Vigor em esperança
Meu passo além se lança
Moldando este desejo.

112

Meu coração decerto
Não cansa de esperar
Quem possa enfim me amar
Deixando este deserto
E agora se desperto
Vontade de ficar
Ou mesmo me entregar
De peito sempre aberto,
Galgando muito além
Do quanto quis e vem
Vibrando em consonância
O amor não teme nada
E vence a longa estrada
Reduz qualquer distância.

113


A Deus agradecendo
Por ter quem sempre eu quis
E sendo assim feliz
Deveras estupendo
Caminho ora desvendo
E nele peço bis
Aonde por um triz
O tempo eu vi perdendo,
Agora sendo em ti
O amor que descobri
Não temo mais a ausência,
No quanto em tanta entrega
A vida em paz trafega
Gerando onipotência.

114

Não sinto mais os medos
Nem mesmo as ventanias
Porquanto tu querias
Destinos e segredos,
E tendo outrora ledos
Vazios, vários dias,
Agora em alegrias
Não vejo mais degredos,
Enredos concordantes
E nisto me agigantes
Permites novo sonho
No verso que eu te faço
O amor em todo espaço,
Ao farto eu me proponho.

115

Faziam cada noite
Os frios costumeiros
De invernos verdadeiros
O vento sendo açoite,
Porém cedo vieste
Trazendo outra estação
E o mundo desde então
Não fora mais agreste
Revejo a minha estrada
E nela traço agora
A sorte que se aflora
E trama nova estada
Na estância deste amor
Em clara e farta cor.

116

Minha alma de tua alma
Dessedentando a sorte
E nisto já comporte
O vento que me acalma
O riso mais suave
O passo com firmeza
Decerto este certeza
Sem nada que me entrave
Permite novo tempo
E nele sou inteiro
No amor aventureiro
Jamais vi contratempo
Apenas a alegria
Que tanto mais queria.

117

Amor que santifica
Quem tanto quis a glória
E muda a sua história
Tornando bem mais rica
Aonde já se aplica
A sorte sem vanglória
E nisto esta vitória
Assim se multiplica
Riscando até do mapa
Na luz que não escapa
A imensa escuridão,
Galgando à plenitude
Amor já não me ilude
E dita a direção.

118

Te quero como o brilho
Da estrela benfazeja
E tanto se deseja
O quanto em ti palmilho
Galgando este andarilho
À sorte mais sobeja
Esta alma tão andeja
Encontra agora um trilho
E segue destemida
Gerindo a minha vida
Em plena fantasia,
Assim o tanto quanto
Amor quero e garanto
Amor também daria.

119

Trazendo em cada raio
A imensa claridade
Amor quando me invade
E nisto não me traio
Deveras dita o rumo
Que tento doravante
Amor que me adiante
E nele já resumo
A vida sem temores,
Sem ânsias nem ermidas,
Curando estas feridas
Por onde quer que fores
Gestando em sintonia
A paz que mais queria.

120


A vida em tua vida
Só traz e tanto soma
Ainda o peito toma
E cessa a velha ermida
A sorte dirigida
Nas ânsias deste coma,
E nele a paz se doma
E torna uma saída,
Vencer os meus rancores
Sentir as tantas flores
Viver a primavera,
Depois de tantos anos,
Em erros desenganos
É mais do que se espera.

121

Contigo encontrarei
O quanto mais preciso
E sei do Paraíso
Vivendo em tua grei
E nela me espelhei,
Um dia em teu sorriso
Vibrando em tom conciso
Nos braços mergulhei,
Resumo de uma lenda
Aonde amor estenda
E trague em calmaria
O todo de um passado
Dorido e amargurado
Aonde nada havia.

122

Te busco, com certeza
Nas ânsias e no anseio
E quando a sorte veio
Trazendo tal surpresa
O amor em correnteza
Encontra o seu esteio
Do outrora devaneio
Agora esta firmeza
Levando para frente
O quanto se apresente
De um tempo magistral
Amor sem mais promessas
E nele me confessas
Caminho sem igual.

123

Minha alma te adorando
Deidade em forma humana,
No todo que se dana
O corpo outrora brando
Agora noutro bando
A vida é soberana
E gera e não engana
O tempo transformando
Em rara fantasia
E nela deveria
Alçar eternidade
E tendo pela frente
O amor que me apascente
Certeza disto invade.

124

Amores sem pecado
Delírios sem pudor,
O quanto diz amor
É sempre bem traçado,
O dia imaginado
O canto a se compor
Beleza de uma flor
Reinando sobre o prado,
Certeza de uma sorte
Aonde se conforte
A dor do dia a dia,
No amor sem ter juízo
O canto mais preciso
Transcorre em harmonia.


125

Depressa consumindo
O tanto que se dera
Deixando atrás a fera
Aonde o tempo é findo
E agora em paz eu brindo
Matando esta quimera
No todo que se espera
Amor suave e lindo,
Restando dentro em nós
Além da mera foz
A imensidão do mar,
Vontade saciada
A vida emoldurada
Nas ânsias deste amar.

126

Transporta de repente
O todo que buscava
E quando em fúria e lava
A vida se apresente
No amor onipotente
O medo se ofuscava
E a sorte então gerava
Um dia mais contente.
Restando muito pouco
Do quanto fora louco
Quem nisto acreditara,
O amor sem preconceito
Não toma mesmo jeito
E doma esta seara.

127

E nos mostra a delícia
De quem se fez além
Vencendo algum desdém
Bebendo esta carícia
Dos sonhos, a esperança
Traçando em verso e voz
Um dia para nós
Aonde o passo avança
Gerando o girassol
Que existe a cada instante
E nisto se garante
Amor, raro farol
Tomando a bela senda
E nisto em mim se estenda.

128

Cada vez mais paixão
Não deixa qualquer medo
Enquanto assim procedo
Tomando a direção
Os dias mostrarão
O quanto deste enredo
Traduz manso segredo
Se temos o timão,
O mar em calmaria
A vida se faria
Deveras em bonança
No quanto te desejo
O amor real, sobejo
Eternidade alcança.

129

E bocas se tocando
Em suave companhia
O tanto que eu queria
E nisto desde quando
Amor fora tomando
Decerto a cercania
E gera a fantasia
Num ar deveras brando,
Enquanto houver certeza
Da imensa correnteza
A corredeira em nós
O amor já se apresenta
E cessa uma tormenta
Ditando a sua voz.


130

De tudo que tu tens
E sabes bem querida
A sorte sendo ungida
Permite novos bens
E quando sempre vens
Traçando em paz a vida
A senda presumida
Não tem sequer desdéns,
Assim ao me entregar
Sem nada mais temer
Eu bebo do prazer
E sei cada lugar
E quando me ancorar
No cais do bem querer.

131


És fogo e com certeza
Não temo mais sequer
O pranto se vier
E o medo sem surpresa
O corte, a sobremesa
O manto em tom qualquer
O corpo da mulher
Com tanta sutileza
Desnudo em minha cama
Agora já me clama
E insaciavelmente
Penetro cada cais
E quero sempre mais
Do amor, nosso regente.

132

Eu quero me queimar
No todo que se trama
Assim em nossa cama
Chamando devagar
E ter onde chegar
Depois do mesmo drama
E nisto se reclama
Da sorte a se mostrar
Diversa da que um dia
Eu tanto bem queria
Certeza eu tenho disto,
E sei que na verdade
Enquanto amor invade
Deveras eu existo.

133

Eu sou chama enquanto és
A brasa sempre viva
E quando me cativa
Atiça estas galés
E preso pelos pés
Minha alma já se criva
Gerando expectativa
De um mundo sem viés,
Erguendo o meu olhar
Além neste horizonte
Aonde já se aponte
O sol a nos tomar,
Viceja esta roseira
Amada companheira.

134

Teu corpo desfrutando
Do quanto o meu te dá
E sei que desde já
O mundo antes nefando
Agora se moldando
No fundo nos trará
O sol que tocará
A pele nos queimando
Com toda a sutileza
Amor fazendo a presa
Atando estas algemas,
E quando se percebe
Domina toda a sebe,
Porém o amor, não temas.

135


Não perco um só segundo
Do todo que te quero
E sei quanto é sincero
O canto onde me inundo
Vestindo esta alegria
De ter aqui comigo
O encanto que persigo
A sorte onde faria
O dia mais tranqüilo
E nele com frescor
Vibrando em raro amor,
A paz sempre desfilo
E nesta transparência
Amor em consciência.

136

Portanto minha amada
Não tema o que inda vem
A vida faz refém
Quem não soubera nada
E tendo nesta estada
O encanto que provém
O todo nos convém
Na paz anunciada,
Resumos deste fato
Aonde me retrato
E sigo sem temor,
As tantas alegrias
Invadem cercanias
Regendo o nosso amor.

137

Vivamos os delírios
De quem se fez mais forte
E nisto nosso norte
Não sabe mais martírios
Restando dentro em nós
A sorte benfazeja
E tudo se preveja
Em passo mais veloz
Gestando esta ternura
Aonde se perfuma
A vida enquanto rumo
Sem medo e já perdura
Vencendo as amplidões
Alçando as emoções.

138

Amor que sempre toca
Os sonhos de quem tenta
Vencer a violenta
Loucura e já se aloca
Nas ânsias e provoca
A sorte até sangrenta
E às vezes apascenta
Um mar em frente à roca.
Não há quem mais resista
Enquanto o amor se avista
E toma este cenário
Assim também comigo
O sonho que persigo,
Um bem tão necessário...

139

Mostrando a direção
Dos dias onde há tanto
Deveras eu garanto
A sorte em precisão,
Pudera desde então
E nisto não me espanto
Viver onde agiganto
Com fúria de leão
Gestando esta certeza
E nela com leveza
Levar a vida em frente,
No todo que se faz
O amor regendo em paz
O mar sempre apascente.


140

Espero em sofrimento
Apenas que o perdão
Tomando a decisão
Não deixe este lamento
Vencer, por isto eu tento
Seguir na embarcação
Embora a precisão
Não haja contra o vento,
Vestindo esta esperança
Além o sonho avança
E tanto me permite
Sentir qual fosse a luz
O amor que me conduz
Sem ter qualquer limite.

141

Trazendo, no meu peito
A dor de ter perdido
O amor já percebido
Enquanto insatisfeito
Enfrento o duro leito
E vejo repartido
Além de algum sentido
O sonho mais perfeito,
Restando o que pudera
Talvez sem primavera
A fera mais audaz
Aumente o poderio,
No amor eu desafio
E tento alçar a paz.

142

Enorme cicatriz
Há tanto construída
Mostrando a minha vida
E nela o que desfiz,
O passo contradiz
E gera nova ermida
Aonde a despedida
No fundo jamais quis,
Restando desta aurora
A luz que me decora
E traz em plenitude
O amor que tanto busco
Embora em lusco fusco
O clima não se mude.

143


Assim ao corroer
A sorte de quem ama,
A vida nega a chama
E toma este poder,
Quem dera poder ver
A dita noutra trama
E quando amor reclama
Explode em bem querer,
Vestindo esta promessa
O sonho se professa
E gera esta euforia,
Mas logo em vão se aplaca
E a messe ausente ou fraca
Já não resistiria.

144


Ah! Quem me dera estar
Vestindo este momento
Aonde eu incremento
O raro e bom luar,
Vagando bar em bar
Total alheamento
Ausente pensamento
Buscando te encontrar,
Mas quando tu me vês
A vida sem porquês
Não deixa nem a sombra,
A solidão se forma
E tudo se transforma
Enquanto em vão me assombra.

145

Sem ter esse meu céu
Aonde quis o brilho
Por onde este andarilho
Seguindo sempre ao léu
Vestindo este cruel
Caminho onde palmilho,
O corte, este empecilho
Derrama farto fel
E sei que depois disto
O quanto ainda insisto
Em nada proverá,
Mas teimo contra a fúria
E mesmo na penúria
O amor me tocará.

146

Eu te quero e; portanto
Nada mais me importa
Abrindo a velha porta
O passo até garanto
E nisto não me espanto
O barco então aporta
A sorte não se exorta
Nem mesmo um velho canto,
Resquícios de um começo
Aonde reconheço
A queda era constante,
Mas depois, doravante
O amor toma a partida
E muda a nossa vida.

147

Em todos os momentos
Aonde pude ver
A sombra do prazer
Ou mesmo em desalentos
A vida traz proventos
E neles passo a crer
No todo a me perder
Tocado pelos ventos,
Resumos do passado
E nisto destroçado
Caminho perpetua
A sorte sob a lua
Deitando em raio imenso
No amor, eu me convenço.

148

Por que não retornaste
Depois de tantos anos,
A vida tem seus planos
E nisto este contraste
Por quanto sendo um traste
Vivendo em meros danos
São rotos os meus panos,
O coração desgaste,
Mas quero mesmo assim
E luto até o fim
Por um momento em paz,
Que amor pudesse ainda
Enquanto se deslinda
Ou mesmo se refaz.

149

Sem teu amor, decerto
O tempo não permite
O quanto se acredite
E nisto este deserto
Agora em mim desperto
E sei que necessite
Do mundo onde palpite
O risco em céu aberto,
Vestindo esta ilusão
E nela a direção
De um dia mais tranqüilo
O amor que tanto prezo
E o sonho quase ileso
Assim inda desfilo,

150

Eu sei que não terei
Momento algum de paz
No quanto for audaz
A vida nesta lei
Rezando eu encontrei
O cais ou mesmo faz
A sorte então compraz
E nela eu me entranhei,
Vagando sem ter rumo
Aos poucos me resumo
No verso que buscara,
E a vida não mais clara
Depois em desamor
Traçando o dissabor.

151

Enquanto, em minha vida
A sorte não vislumbra
Adentro em tal penumbra
A sorte decidida?
Quem sabe do futuro
Não vendo outra razão
Encontra desde então
O céu amargo e escuro,
Mas tenho dentro em mim
A força de quem ama,
E tento nesta chama
Chegando de onde vim
Sorver em plenitude
O amor que tudo mude.

152

Amar demais, loucura
Que tanto me sacia
E gera a fantasia
Aonde se procura
Quem sabe uma ternura
E nisto em novo dia
A face mudaria
E nela esta candura
Presume nova sorte
E quando se comporte
Da forma mais estranha
Amor gerando a luz
Além se reproduz
E dita a nossa sanha.


153


Em tantas ilusões
Ainda acreditara
E nisto a vida amara
Traçando em decepções
Diversas dimensões
E nelas se escancara
A sorte onde se ampara
Os tempos e emoções
Expondo esta verdade
No quanto a vida invade
E gesta novo rumo,
Aos poucos me percebo
E sei quando mais bebo
Amor mais eu consumo.

154

Será Meu Deus que é isso
Que tanto procurava?
Minha alma sendo escrava
Em solo movediço
Além do que eu cobiço
A sorte maltratava
E nisto não gerava
Senão o olhar mortiço.
Mas tendo dentro em mim
Certeza de no fim
Viver em amplidão
O amor que me guiando
Transporta desde quando
Tomara este timão.

155

Perdão pelos meus erros
Eu quero te pedir
E sei que meu porvir
Imerso em tais desterros
Gerado por enganos
E neles o tropeço
Enquanto a dor mereço
O tempo rompe os planos,
E sendo assim eu tento
Vencer o que vier
No olhar desta mulher
O brilho em sentimento,
E tudo enfim se alcança
Com toda a confiança.

156

Porém, se cada vez
Que a dor bater na porta
A sorte se comporta
Como deveras fez
Gerando a insensatez
Amor nenhum suporta
E tanto assim importa
O que decerto vês.
O rumo noutro tanto
E sei quando garanto
Um dia mais suave,
E nele sem perguntas
As almas seguem juntas
Além do que as entrave.

157

Em atos mais insanos
A vida não se faz
Sequer traçando a paz
Ao menos trama em danos
Os riscos, desenganos
O passo mais audaz
O gosto não compraz
E muda velhos planos
Resulto deste tanto,
Mas quando amor garanto
E nele a serventia
Vibrando em consonância
Não vendo uma distância
O tempo mudaria.

158

Vontade de voar
Além do quanto pude
E sei que esta atitude
Transcende ao próprio amar,
Mas nada mais ilude
Quem sabe caminhar
E vê neste lugar
A imensa plenitude
O corpo se transforma,
Porém da mesma forma
Amor jamais sossega,
A vida noutra face
Por mais que sempre grasse
Ainda segue cega.

159

E as leves alvas alas
Abertas neste céu
O quanto fui cruel
E agora nada falas,
Mas sei quanto te abalas
A vida em carrossel
Girando sempre ao léu
As sortes são vassalas,
E sinto que talvez
O amor em sua vez
Redima qualquer erro,
Depois dos meus pecados
Dias iluminados
Ausentes do desterro?

160

De tanto que esse amor
Transforma a minha vida
Não vejo outra saída
Senão a de compor
Com raro e bom sabor
A sorte sendo urdida
Na senda presumida
E nela um raro albor,
Restando o quanto quero
E sendo mais sincero
Não resta outro caminho,
Viver junto contigo
É tudo o que eu persigo
Senão, melhor sozinho.

161

Deitando nesse braço
Aonde já descanso
Qual fosse algum remanso
E nele o canto eu faço
E sei do quanto traço
Ou mesmo quando alcanço
E assim deveras manso,
Após a luta, e lasso
Encontro finalmente
E nisto se apascente
O coração audaz
De quem se fez descrente
E agora mais urgente
Procura pela paz.

162

Perco-me no amor, na
Noite em lua tão clara
Aonde se prepara
E a vida coaduna
Singrando qualquer duna
Ao tanto se escancara
E a sorte antes amara
Não vendo quem a puna
Recorre em luz sombria,
Enquanto poderia
Raiar em claridade,
Mas quando em tanto amor
A vida gera a cor,
E o novo campo invade.

163

Nas águas revoltosas
De rios onde eu vejo
O amor sem teu desejo
E nele também glosas
Estradas majestosas
E quando mais sobejo
O céu em azulejo
Procuro pelas rosas
E tendo este canteiro
E sendo um jardineiro
Quem sabe eu possa até
Vencer esta galé
E ser e crer inteiro
No amor que é feito em fé.


164


Amor tanta tortura
E trama novo dia,
Mas quando poderia
Viver uma brandura
A sorte não perdura
E o gozo então se adia,
Mergulho na sombria
Vacância em noite escura.
Aprendo com palavras
E nelas também lavras
A solidão, mas quero
Amor que mesmo fero
Não deixe de existir
E tome o meu porvir.

165

Amor clara loucura
E nele bebo a sorte
Aonde se conforte
O quanto se perdura
E nisto esta brandura
Ao mesmo tempo forte
Impede qualquer corte
E rege com ternura,
Amor não mais sustenta
A dita se sangrenta
Ou mesmo em temporais,
Gerando a paz apenas
As noites mais serenas
Transformam no seu cais…

166

Na delícia e magia
De um sonho encantador
Viceja em nós a flor
Aonde poderia
Haver a fantasia
E nisto sem temor
Adentro a paz do amor
Que aos poucos se recria.
Vestindo este momento
Em paz eu busco e tento
Singrar este oceano
E nele na verdade
O quanto amor agrade
Não deixa qualquer dano.

167


A cada novo dia
O todo se transforma
E toma nova forma
Assim se mostraria
A sorte esta mutante
E quanto mais se quer
O amor sem ser sequer
Quem tudo nos garante
Adentro este portal
E vejo em bom caminho
E nisto eu me avizinho
Do amor que sem igual
Transborda plenamente
E toca a vida em frente.

168

Fazendo da alegria
O quanto ainda existe
E nisto se consiste
A luz de um novo dia,
Aonde eu poderia
Embora até se triste
Saber no quanto insiste
O passo em fantasia,
O risco de saber
Ausência de prazer
Permite tão somente
O manto solitário
O rumo em adversário
Caminho se apresente.

169

A solidão, por isso,
Não tendo outra saída
Encontra em tua vida
O medo em tom mortiço
O amor se movediço
Prepara a despedida,
Gerando outra ferida
Perdendo qualquer viço;
Mas sei do quanto posso
Viver este que é nosso
E jamais se perdeu
Momento em plena festa
E nisto já se empresta
O amor que é teu e meu.

170

Não vamos deixar de
Seguir esta corrente
E quando se apresente
O mundo onde se crê
No todo e em seu por que
Porquanto já pressente
O manto mais freqüente
Da vida onde se vê
O brilho redentor
De um claro e manso amor
Jamais se faz inverso,
No passo onde mergulho,
Ausente pedregulho,
Caminho em paz eu verso.

171

Roubamos da manhã
O raio luminoso
E assim num prazeroso
Caminho vejo o afã
E sinto esta malsã
Tempesta em andrajoso
Delírio doloroso
Matando este amanhã.
Porém no amor a sorte
Que tanto nos conforte
E gere novo alento
Domando com certeza
A vida em correnteza
Tocando o pensamento.

172

Lutamos pelo amor
E nada mais se faz
Senão beber da paz
Aonde é gerador
E sinto encantador
Caminho que ele traz
Deixando para trás
O medo e o dissabor,
Erguendo no horizonte
Olhar onde se aponte
O tanto que desejo,
Eu tento em teimosia
Vencer esta agonia
E amor pleno eu prevejo.

173


Sabemos, nele está
O todo abençoado
A vida em desolado
Caminho não mais há
E sei que desde já
O risco demonstrado
O tempo decorado
No quanto brilhará
Rondando a minha vida
A sorte preterida
Do amor que se perdeu,
Quem sabe no futuro
O dia tão escuro
Esqueça deste breu...

174

O nosso amor vadio
Não tendo solução
Gerando desde então
O quanto ora desfio
E venço o desafio
Se nele sempre vão
As horas ou senão
Adentro o duro estio,
Mas tanto amor promete
E nisto me arremete
À glória soberana
E traz a cada verso
Cenário em universo
Que nada mais engana.

175

Percorrendo as paredes
Dos tantos prédios sigo
E busco algum abrigo
Deitando em novas redes,
E sinto que não vens
E deixo para trás
O tanto que mordaz
Gerasse novos bens,
Desdéns e tempestades
Já não suporto mais,
E quero um novo cais
E nele tanto agrades,
Gestando esta emoção
Moldando outro verão.

176

Uma doce paixão
Fazendo a diferença
E nisto se compensa
Os medos desde então
E sei da direção
Aonde esta descrença
Causara a desavença
Dura desunião.
Mas tendo amor em nós
O quanto desta voz
Aos poucos se amacia,
Depois da tempestade
A calmaria invade
E traz um manso dia.

177

Não sabemos de inverno,
Enquanto houver o brilho
Da sorte onde palmilho
Amor que sei tão terno
Talvez não seja eterno,
O peito este andarilho
Por vezes perde o trilho
E gera em mim o inferno,
Mas quando houver amor
E dele o resplendor
Tramar a claridade,
Certeza no meu peito
No sonho quando deito
Decerto agora brade.

178

Amando-te já sei
Do quanto quero e tenho
E sei também ferrenho
Desejo onde trilhei
E nisto mergulhei
O amor em tanto empenho
E mesmo quando venho
Desvendo em ti a grei
Que tanto quis outrora
E o sol que nos decora
Ainda brilha aqui,
Amor sem ter promessa
Enquanto se confessa
Tramando o que pedi.

179

Gostoso como o mel
O vento nos tocando
Amor deveras brando
Cumprindo o seu papel
E assim sempre girando
Eterno carrossel
Riscando o que é cruel
E o novo nos tomando
Bebendo desta sorte
Que tanto nos conforte
E molde outro momento
Aonde eu passo a ver
As sendas do prazer
E nelas me alimento.

180

Essa noite te quero
E sei quanto isto eu posso
No amor que sendo nosso
Deveras é sincero
Aonde outrora fero
Agora não endosso
Da paz enfim me aposso
E tenho o que venero
Caminho em mansidão
Gerando este verão
Por onde se percebe
A imensa liberdade
Rompendo qualquer grade
Traçando nova sebe.

181

Em nosso amor vivendo
O tempo mais feliz
E nele se eu me fiz
Sequer quero remendo
Aos poucos percebendo
O mundo por um triz
Sorvendo e peço bis
Do todo em dividendo
Resumo a minha história
Na vida em tal memória
Aonde bem pudera
Vencer a dor temível
E ter um dia incrível
Sem medo, dor quimera.

182

De plena juventude
A sorte não mostrara
Sequer esta seara
Que ainda além me ilude
E tanto quanto pude
Vencer a funda escara
Aonde amor prepara
O tanto que transmude,
O risco de sonhar
O gosto de te amar
Em ti minha maçã
O beijo que acalenta
Aplaca esta tormenta
E dita outra manhã.

183


Com toda a fantasia
Que pude então saber
Vivendo sem perder
O quanto me traria
Em luz e poesia
A sorte de um querer
E nele poder ter
A luz que levaria
O brilho deste olhar
Além do imenso mar,
A fonte incomparável
E nela dessedento
Entregue ao forte vento
Além do imaginável.

184

Eu quero te beijar
Sentir nos lábios teus
Os brilhos e apogeus
Vontade de sonhar,
E sei onde ancorar
O barco imerso em breus
Sem ter sequer adeus
Ou mesmo mergulhar
Nas ânsias desta sorte
E tendo o que conforte
Jamais quero viver
Ausência de querer
A vida sem seu norte,
Matando em desprazer.

185

Sentindo teu perfume
Aonde quis deveras
As nossas primaveras
E nelas se resume
A vida que acostume
Além destas esperas
Marcando onde veneras
Em claro e raro lume,
No vento onde se aplaca
A sorte gera a estaca
E firma contra a fúria
Negando o que inda resta
Traçando além da fresta
A vida sem lamúria.

186


Rolando nossa cama
A mansidão aflora
E tudo se decora
Enquanto a vida clama
E bebo desta chama
E nada quero agora
Senão a paz que ancora
O amor quando se trama.
Vencer os medos, pois
E ter além, depois
A plena consciência
Do quanto é necessário
O encanto em tom mais vário
E nele a paciência.

187

Roubando uma alegria
Que tanto quis e agora
Eu sinto vai embora
Ou toma novo dia,
A sorte poderia
Enquanto gesta a flora
Beber o que demora
E gestar fantasia,
Mas tudo sendo assim
Amor início e fim
Da história que redime,
Quem tenta este sublime
Caminho sabe enfim
Do quanto além se estime.

188

Eu quero estar contigo
E nada mais me impede
O amor quando concede
A quem deseja o abrigo
E traz o que se quer
Nas ânsias mais audazes
Assim também me trazes
O rumo e se puder
Saber deste amanhã
E nele ser assim
O manto já se fim
A vida não malsã,
E tendo esta certeza
O amor gerindo a mesa.

189

Dormindo meu cansaço
Nas tantas emoções
E nelas tu me expões
O doce e manso abraço,
Assim a cada traço
Diversas direções
E nelas emoções
Ou mesmo um novo passo
Transcende ao que se quer
E bebo sem sequer
Pensar em seu sabor,
Mas quando se permite
Cenário sem limite
Moldando pelo amor.

190

Prazer que em teu prazer
Transforma plenamente
E quando se apresente
Deixando de saber
O quanto do querer
De nós já se pressente
Ou mesmo quando ausente
A fonte a se tecer
Gerando a claridade
E nisto a sorte invade
E doma o pensamento
No amor eu me fomento
E beijo além do cais
Desejos sensuais.

191

Formando assim nos dois
Caminhos concordantes
E quando me garantes
O tempo no depois
Eu quero e não pergunto
Seguir em consonância
A vida em abundância
Deveras sempre junto
De quem se quis um dia
E tanto também quis
E sendo mais feliz
O mundo mostraria
A fantasia imensa
Que tanto nos compensa.

192

Prazer que nos delira
E traz outro momento
Aonde dessedento
Ausente uma mentira
Ao quanto se prefira
A vida em tal alento
Diverso sentimento
E nele acesa a pira
O corte, a sorte e o medo
O tempo sem segredo
O quanto quero em ti
Viver eternamente
O gozo que apresente
E nele eu me perdi.


193


Suave e tentador
Caminho aonde traço
O rumo passo a passo
E busco neste amor
Vencer com esplendor
E o canto não desfaço
Além do mero abraço
Um raio redentor,
Gerando em luz intensa
O quanto se convença
E vença os mais sombrios
Caminhos onde outrora
A sorte que se ancora
Matava com estios.

194

Quando te vejo, amada,
Em tantas formas sei-o
A fúria sem receio
A luz em alvorada
A sorte desolada
O canto em devaneio,
O amor se tanto alheio
Ou mesmo até no nada,
A força a reação
Inverna-se em verão
Tempesta num estio,
E quando estamos, somos
Diversos e unos gomos
O todo em um recrio.

195

Começo imaginar
O quanto pude outrora
E sem saber se ancora
Ou barco a navegar
O tempo sem notar
E logo vou embora,
Porém quando demora
Vontade de voltar
E sei que na verdade
O quanto nos invade
Traduz a imensidão,
Assim ao ser tão teu
Meu mundo se esqueceu
De rumo e direção.

196

Desnudo tua roupa
O corpo tão bonito
E assim te necessito
O tempo não se poupa,
E quero a cada instante
Um pouco mais além
E quando tanto vem
O mais que se adiante
E vejo em brilho raro
A imensa maravilha
Seguindo cada trilha
No cais distante paro
Enquanto nesta rota
Distância não se nota.

197

Em minha fantasia
Pudesse acreditar
No quanto a te entregar
Bem mais do que podia,
E tento esta utopia
Ou mesmo até tocar
Com olhos, pés o mar
E ver farta alegria
Aonde pude tanto
E agora me agiganto
Teimando em mesma senda
A sanha se repete
No amor que se reflete
E o tempo em paz desvenda.

198

Imagino qualquer sonho
Aonde um dia possa
A sorte que remoça
O tempo onde componho
O verso mais risonho
O mato, o prazo e a roça
A sombra que se acossa
O canto onde me ponho
O peso a plantação
O medo a assombração
E o colo desta que amo
Regaço em bom carinho
Das ânsias me avizinho
Vassalo sou teu amo.

199

Que traz tanta alegria
O olhar abençoando
E pouco se notando
Além do que podia
A noite em sincronia
O peso em contrabando
O risco renegando
O passo onde daria
A paz a praça o banco
Passado não desbanco
E vivo apenas disto,
Do sonho que se guarde
Da vida sem alarde
Do amor aonde insisto.

200

Nos rumos mais divinos
Por onde quis sentir
As tramas do porvir
Ou ritos cristalinos
E sei quantos meninos
Em mim a presumir
Passado que há de vir
Mesmo em dobrar de sinos.
Não tendo outro caminho
Amor eu adivinho
E tento sem descanso
Porquanto sou feliz
Ou mesmo até o quis,
Ao fogo já me lanço.

201

Amor tão infinito
Que posso até tocar
E ver ao deslumbrar
Do quanto necessito
Resumo em prece e rito
Buscando a luz solar
E vejo naufragar
O tempo mais bonito,
Mas quero amar e disto
Jamais enfim desisto
E nada me impedindo
O risco se anuncia
E acerto a pontaria
E em ânsias raras brindo.

202

Vagando nesse mapa
Sem ter qualquer promessa
O tanto se confessa
E nada mais escapa
Levado pelo sonho
Aprendo a direção
E desta embarcação
O cais quero e componho
Cerzindo em mar imenso
Qualquer local, o atol,
O canto em arrebol
O amor que tanto penso
E o risco, o rito e a rima
A voz em paz se prima.

203

Decoro cada rota
E sei do seu perigo
E quando ali prossigo
O medo não se nota
O tempo se denota
E nele estou contigo
Vivendo o que persigo
Caminho não desbota,
Resumo em tanto amor
O parto, o medo e a flor
A senda desejada,
Mal posso e mesmo tento
Estando mais atento
Cerzindo a minha estrada.

204

Desvendo esse segredo
Aonde pude tanto
E quando além eu canto
O coração sem medo
O tempo de um degredo
O risco sem quebranto
E logo se me espanto
Apenas eu concedo
O sonho o vento e a brisa
O todo que me avisa
Do pouco que sou eu,
Amar e ter a sorte
Aonde se conforte
O sonho renasceu?

205

Bebendo dos prazeres
Que tanto ofereceste
O mundo eu sei que neste
Caminho em que saberes
Vencer os mais complexos
E raros temporais,
Enquanto quero mais
Em ti os meus reflexos
Resumos de uma vida
Há quanto se anuncia
E teima em fantasia
Assim ao ser ungida
Permite ao farto amor
Um campo multicor.

206

Assim vou conhecendo
As tantas ilusões
E nelas tu me expões
Além de algum remendo
O mundo que desvendo
Aprendo tais lições
E com as emoções
Aos poucos me entendendo.
Resulto no que possa
Talvez ainda nossa
Vencer alheio enfado,
O amar e ser além
Do quanto já se tem
Desejo e de bom grado.

207

Usando como guia
O olhar que te tateia
E chego nesta teia
Ao tanto que queria
Bebendo da utopia
A noite em lua cheia
A sorte nos rodeia
E cessa esta sangria
Vasculho ponto a ponto
Até que esteja pronto
Ao quanto mais me entrego,
O resto não se vendo
O amar sendo estupendo,
O rumo nunca é cego.

208

Ao sentir os teus passos
Rondando o quarto eu sinto
Que o quanto fora extinto
Em riscos e cansaços
Agora em tais espaços
De novo ou por instinto
Renasce enquanto pinto
Os tempos noutros traços;
O amor em suas tramas
Por vezes quando clamas
Não vem ou foge logo
Porém se na verdade
A fúria se degrade
Às vezes eu me afogo.

209

Percebo quanto a vida
Presume em queda ou riso
E traz em todo guizo
A cena repetida,
O vasto de uma ermida
O passo mais preciso
Ou mesmo se em juízo
A trama é resumida
No vago perpetuo
E tento algum recuo,
Mas logo sem defesa
Entrego-me ao cenário
E amor é necessário
Se dele sou a presa.

210

Nas noites em que a dor
Gerada pela ausência
Aumenta em afluência
Em desalentador
Caminho aonde a flor
Sem ter a florescência
Transforma em penitência
O que antes fora amor,
Mal surge em arrebol
O sol e um girassol
Farol procura além
Em prol da fantasia
O amor renasceria
No encanto que já vem.

211

Mergulho nosso amor
Nas tramas, teias tantas
Aonde tu me encantas
E tramas com valor
O rito em qualquer dor
E nela sei que espantas
Ou mesmo até quebrantas
O farto a se compor
Nas teias em remendo
Olhar que ora desvendo
Traduz algum sarcasmo,
Mas logo se redime
Na benção tão sublime
Dos ermos de um orgasmo.

212

Percebo que não queres
Saber deste horizonte
Aonde já desponte
O sol e se vieres
No quanto mais puderes
Vencer a sorte e a fonte
Reinando aonde aponte,
Bendigo entre as mulheres
A quem se fez além
Do tanto que contém
Ou mesmo pude crer,
No amor em plenitude
O passo não se mude
Gerando o desprazer.


213

Mas nada me impediu
De ter sempre ao meu lado
O risco já traçado
O peito mesmo vil,
O toque mais gentil
O rito anunciado
Num beijo sonegado
No canto onde partiu
O pássaro do sonho
E nisto ora componho
A liberdade em mim,
Vagando amor/amor
O quanto em tentador
Delírio dita o fim.

214

A noite sem te ter
O canto sem promessas
E quando me confessas
O tanto de um querer
Diverso do poder
E nele te endereças
Sabendo destas pressas
Ou mesmo recolher
A fruta proibida
A sorte destruída
O amor que nunca veio,
O gozo da saudade
O manto em liberdade
Agora segue alheio.

215

Não posso mais, assim,
Depois de tantos anos
Em erros desenganos
Alçar algum jardim
E quando existe em mim
Ao menos velhos panos
E neles soberanos
Caminhos já sem fim,
O amor rege o desenho
E nele se inda venho
Traçando algum momento
Enquanto me alimento
Do vento mais feliz
O amor nada desdiz.

216

Quem dera, tu voltasses
E visses noutro canto
O passo onde adianto
E mesmo velhas faces
Aonde tais impasses
Ou risco em vão quebranto
Gerando novo espanto
Enquanto me tomasses
Por quanto ainda creio
O farto de um receio
O veio preterido,
O manto se tecendo
No amor que sem remendo
É tanto e não duvido.

217

As rosas estão morrendo
E nada pude então
Sequer a direção
Do quanto em estupendo
Delírio não se vendo
Marcando indecisão
Nos tempos que virão
Verão já se escondendo,
A morte, a sorte e a dita
A vida necessita,
Porém amor redime
E gera noutro fato
O quanto me retrato
Em cena mais sublime.

218

A dor da solidão
O medo de outro dia
A sorte em ironia
O tempo em negação,
As sombras que verão
O amor em poesia
O quanto poderia
E sempre o mesmo não,
Regando o chão com mágoas
Aonde tu deságuas
Não vejo mais sequer
O riso, o gozo e a festa
Assim a vida atesta
O que jamais se quer.

219

Eu preciso te ter
E nada mais importa
Batendo em tua porta
O quanto a se trazer
No risco de viver
Ou mesmo não comporta
O corte se suporta
E nele a se perder,
Resumos de outras vidas
Aonde decididas
As sortes são assim,
O marco mais constante
No passo que adiante
Traduz sempre o meu fim.

220

Mas volta minha amada
Depois do temporal,
O tempo desigual
A sorte em madrugada
A vida desejada
O rito bem ou mal
Persiste sem igual
Restando outra alvorada
E nesta luta agora
O quanto amor aflora
Decora o dia a dia,
Gerando entre espinheiros
Os brilhos verdadeiros
A sorte se tecia.

221

Morrendo no jardim
A rosa que eu cuidara
Agora em tal seara
Desdenha e sei que assim
O tempo chega ao fim
E a morte se escancara
Enquanto desampara
E leva o que há de mim,
Mas quando amor renasce
E muda toda a face
Da sórdida tristeza,
O rito se transmuda
E planto nova muda
Floresce com certeza.

222

Quem me dera esquecer
O tempo onde pensava
Que a vida sem a trava
Pudesse ter prazer
O quanto do querer
Minha alma não se lava
E tenta em fúria, brava
O novo amanhecer,
Cenários divergentes
Por onde ainda tentes
Vencer os medos, quando
O amor se aproximando
Transforma em mansidão
O antigo furacão.

223

Vencido pelas dores
Durante muitos anos
Apenas velhos danos
Difíceis dissabores
E quando sem albores
Manhãs negando planos
Os dias soberanos
Jamais além se fores.
Porém quando voltaste
Refeita qualquer haste
A vida se anuncia
E teimo em crer deveras
Em novas, raras eras
Traçando um claro dia.

224

Vivendo em tempestade
Durante a vida inteira
A sorte derradeira
Num sonho agora invade
E traz felicidade
Além da corriqueira
E nada mais esgueira
Em plena liberdade,
Viceja esta esperança
Do amor que agora alcança
A plena maravilha,
E sendo assim contigo,
Eu vejo e já me abrigo
Em bela e mansa trilha.

225

Das horas mais doridas
Os medos e os terrores
Ausentes os amores
As horas, despedidas,
Palavras consumidas
Em medos e temores
E quando cevo flores
Colheitas já perdidas,
Mas quero acreditar
No dia a se mostrar
Em plena liberdade
No amor que semeara
Domando esta seara
O quanto em paz agrade.

226


Amor que tanto quis
Depois de farta luta
O passo não reluta
E tenta mais feliz,
E nisto sempre fiz
A sorte mais astuta
E quando não se enluta
A vida nunca é gris,
Assim ao se perder
Nas tramas do querer
O risco não se vendo,
O amor se traça então
E muda a direção
Em ar claro e estupendo.

227


Sonhando com a tal
Beleza que não vinha
A sorte não mais minha
Amor é virtual,
O risco desigual
A glória mata a vinha
E nada mais se alinha
Num fato pontual,
Eu tento e até procuro
Embora saiba duro
O chão se já semeio
O amor não se aproxima
E tento novo clima
Em mero devaneio.


228

Meu mundo transformado
Depois de ter sabido
As tantas da libido
O corpo em tal traçado
O dia anunciado
O mundo resolvido
E tento sem olvido
O canto em raro prado,
Resumos de outras eras
E nelas tanto esperas
E sabes muito bem,
Do amor em cantoria
E nele a melodia
Transcende ao que já vem.

229

De tudo, só restou
O pranto e o canto em vão
E assim cevando em grão
O solo iluminou
E tudo o que gestou
Em rara gestação
Mudando a direção
Por onde navegou
O amor do meu passado
Agora noutro fado
Encontra esta bonança
No colo de quem tanto
Deveras eu me encanto
A messe então se alcança.

230

E canto, sem parar,
O tanto que se quer
O risco se vier
Não deixa mais notar
Além deste luar
O corpo da mulher
Beleza se aprouver
Do todo ao desenhar,
Cirandas em luares
Vontades e lugares
Diversos, mas felizes
Enquanto não desdizes
O amor que tanto eu quis
Sem medo ou cicatriz.

231

Amor que me deixou
Sequer a menor marca
E quando além embarca
O todo naufragou
E nisto mesmo vou
Assim a sorte parca
Resulta noutra barca
Aonde o mar entrou,
Nas tantas ilusões
Amor quando me expões
Desnuda esta beleza
E sigo contra a fúria
Da noite em vaga incúria
E busco esta certeza.

232

Amor que não me sai
Do pensamento agora
O quanto me decora
E tanto já me trai,
O risco não se extrai
Na fúria que devora,
Ou mesmo me apavora
O tempo enquanto vai
Amar e ter em frente
Enquanto se apresente
Um dia mais tranqüilo,
Vagando pelos astros
Deixando além os rastros
Em sonhos eu desfilo.

233

Sem rumo, meu navio
Não sabe onde ancorar
E bebo do luar
E neste desafio
Aonde me recrio
Podendo imaginar
Além de céu e mar
Também a foz de um rio.
Desvendo este segredo
Enquanto me concedo
E sinto ser além
De mera fantasia
O quanto poderia
O amor que nos convém.

234

Responda, como irei
Seguir sem ter à frente
O amor que tanto tente
E nele a mesma grei
Por onde eu entranhei
O passo mais contente
E o velho penitente
Agora em nova lei,
Restando dentro em mim
O amor que já sem fim
Transcende à vida inteira
Resumo em verso e prosa
A cena majestosa
Da rosa e da roseira.

235

Pois sabes, não consigo
Viver sem a presença
Do amor que me convença
Da paz em bom abrigo,
E tento estar contigo
Vencendo a desavença
E tendo ainda a crença
Do amor bem mais amigo,
Restara do passado
O olhar anunciado
No canto mais feliz
De quem se fez bem mais
E venço os temporais
Vivendo o que mais quis.


236

Por tantas vezes somos
Idênticos ou quase
E quando a sorte atrase
Ou rompa velhos gomos,
Os corpos se tocando
À noite se resolve
A fúria se dissolve
E gera um manso e brando
Caminho que percorro
E traço com carinho
Do tanto me avizinho
E sei deste socorro
Abençoadamente
A vida segue em frente.

237

Pela vida... Perdemos
Os medos e os rancores
E quando além te fores
Ousando em sonhos, remos
No todo que teremos
Além dos bons amores
E mesmo em dissabores
Ao fim nós venceremos
E sendo assim a história
Aonde sem vanglória
O risco se dissolve,
O pranto o medo e o frio,
O coração sombrio?
Amor tudo revolve.

238

E, depois disso tudo
O canto mais feliz
E nele o que eu já fiz
E sigo e não me iludo,
O quanto não transmudo
Caminho aonde eu quis
Vestir novo matiz
Além o passo ajudo.
E sinto esta emoção
Gerando outra estação
Vibrando em consonância
O tanto que se dera
A vida em primavera
E nela esta constância.

239

Sentimentos, nos tirando
Do tanto ou mesmo quase
A vida não atrase
Nem mesmo em contrabando
O tempo desde quando
Deveras não defase
E gere o que descase
Enquanto sonegando
O passo rumo ao farto
E nisto não descarto
Sequer outra promessa,
A vida não se esvai
E o tempo não mais trai
No amor que se confessa.

240

Tempestades caindo
Por sobre o meu telhado,
O tempo desejado
Agora sei que findo
E vejo ou mais deslindo
Depois de tanto enfado
O amor como legado
O passo em paz e lindo.
E resolutamente
O todo se apresente
E mostre em ar sereno
Amante caminhar
Procuro algum luar
E nele esteja pleno.

241

Trazendo nessas nuvens
A imensa bruma eu creio
No amor que sem receio
Deveras nega os bens
E quando além tu vens
Gerando um passo alheio,
O tanto perde o veio
E nega o que conténs,
Assim ao ver o brilho
Do encanto aonde trilho
Nos braços de um amor,
Eu sigo a luz imensa
E nela esta alma pensa
Em sonho redentor.

242

Nas preces, peço a dor
Que já não mais se veja
E quando benfazeja
A história em destemor
Traçando em claro amor
O quanto se deseja
E nada mais lateja
Sequer o dissabor,
Resumo em verso e sonho
O quanto te proponho
E sei desta resposta,
A vida não se traz
Além do que é capaz
Na mesa sendo exposta.

243

Mas ouço tão somente
A voz de um coração
E sei da direção
Aonde se apresente
O rumo que freqüente
A sorte em amplidão
Na imensa dimensão
E nela sendo urgente
O amor que tanto busco
E nele mesmo fusco
O brilho me redime,
Intentos variados
Os dias desolados
Agora em tom sublime.

244

Vencido pelas dores
Durante muitos anos
Em meio aos desenganos
E sem jamais te opores
Encontro nos amores
Remendos para os panos
E dias mais profanos
Delírios e fulgores.
Assumo cada engodo
E sei da lama e lodo,
Mas quero o verdejante
Caminho aonde eu possa
Viver a sorte nossa
E que ela me agigante.

245

O manto da tristeza
Cobrindo a minha pele
Ao quanto já se atrele
Ou vença esta incerteza
Traçando em realeza
O dito onde se sele
O pranto não revele
O amor em vã surpresa,
Exalto em verso e tento
Vencer qualquer tormento
Ou mesmo dissabor,
Restando dentro em nós
A imensa e bela foz
Do encanto deste amor.

246

O medo que bebia
A sorte não pudera
Vencer a dura fera
E nela um novo dia
Talvez ainda havia
O canto em rara espera
Ou mesmo degenera
O sonho em harmonia,
Vestindo esta promessa
Aonde se confessa
Imensa majestade,
Vagando pela noite
O medo, vago açoite
Amor quem sabe brade?

247


Nem lágrima perdida
Nem ânsia mais atroz
Sequer qualquer de nós
Alçando assim a vida
Encontra uma saída
Que seja mais veloz
Ao fogo deste algoz
E nele a despedida,
Mas quando amor se torna
E bebe e já se entorna
Não deixa mais além
O medo e a pestilência
E gera em persistência
O encanto que ora vem.

248

Porém u’a mão sincera
Apóia quem caminha
E a sorte sendo minha
Deveras já se espera
E nela o que tempera
Acerta onde convinha
E o quanto ora continha
O todo regenera,
Vestindo a minha sorte
O preço que conforte
O risco onde se assume,
O cheiro mais sublime
No quanto amor estime
E dita este perfume.

249

No abraço que me deste
Depois de tantos medos,
Agora sem segredos
A vida nos reveste
E o quanto fora agreste
O sonho em dias ledos
Deveras sem degredos
Nem nada que o conteste
Trafega mansamente
E enquanto se apresente
Transforma o dia a dia,
E assim ao me mostrar
Além deste luar,
Encontro a poesia.

250

Meu coração em busca
Do amor que saciasse
A cada novo impasse
A vida sendo brusca
Deveras noutro tanto
Encontro o dissabor
E tento ainda a cor
Se nela eu me adianto
Marcando em passo lento
Ou mesmo até veloz
Seguir a mesma foz
No sonho em que alimento
O verso que ora faço
No amor a cada passo.

251

Por tanto tempo o frio
Ditara a minha vida
E nesta dor urdida
O nada eu já recrio,
Vagando em desafio
Buscando outra saída
A porta destruída
O manto ora desfio,
E sinto que inda resta
A imagem pela fresta
Trazendo amor em luz,
E fosse uma falena
Ao longe a tez serena
Em sonhos me conduz.

252

De nada mais sentia
Senão esta incerteza
E tendo a voz já presa
Aonde quis um dia
Fazer em melodia
O amor real grandeza
Vencendo a correnteza
Detendo a hemorragia,
Acerto o passo quando
Aos poucos me entornando
Nas ânsias de um desejo,
Vivendo sem perguntas
As almas andam juntas
E tecem o que vejo.

253

A corredeira desce
Em rios até quando
O tempo desviando
Aos poucos rumo tece
E quando assim padece
Um coração em brando
Caminho desvendando
E nele a rara messe,
Visito o paraíso
E sinto este preciso
Desenho em tom mais claro,
Assim o quanto amor
Desejo e sem pudor
Aos ventos eu declaro.

254

Nada mais poderia
Senão a certa estada
Na lua desenhada
E nela traço o dia
Porquanto ainda havia
O rumo em nova estrada
História desolada
Intento em poesia,
Resvalo na verdade
No amor que agora invade
E gera novo fato,
Assim em tal delírio
Não tendo mais martírio
Em ânsias me arrebato.

255

Um coração que bate
Sem ter juízo ao menos
Procura por serenos
Ou mesmo até debate
E vaga em escarlate
Luar; bebe os venenos
E segue em ritos plenos
Jamais nada maltrate,
Rascunhos de promessas
E nisto me confessas
O quanto mais querias,
E sendo desta forma
Amor tanto transforma
E gera as fantasias.

256

Amor eu sempre soube
Depois de tanto tempo
Vencer o contratempo
Além do que lhe coube,
Sem nada que deveras
Permita a queda enquanto
O passo eu adianto
E bebo em primaveras
As sortes juvenis
Do amor em nova senda
E tanto assim se atenda
Ao que decerto eu quis
Gestando a luz sublime
Que tanto nos redime.


257

Mas tem, p’ra ter valor
Que haver felicidade
Deixando na saudade
A morte sem pudor,
E quando em novo amor
A vida ainda brade
Transforma a realidade
E seja como for
Um dia anunciado
Nas ânsias demarcado
Em voz suave e mansa,
O corpo saciado
O tempo sem enfado
A sorte então se alcança.

258

Não vejo mais futuro
Aonde no passado
O sonho desolado
Trouxera o tempo escuro
E quando me procuro
E vejo o mesmo enfado,
O corte aprofundando
No medo em vão perduro,
Mas sei que talvez tenha
A sorte noutra senha
Singrando amor perfeito
E sei que este jardim
Que vive dentro em mim,
Assim é satisfeito.

259

Por vezes imagino
Um dia mais audaz
E tento tanto faz
Viver o que o destino
Às vezes cristalino
Ditara em tom voraz
Gerando a dor e a paz,
E assim eu me fascino
Sorvendo cada brilho
Das ânsias onde trilho
Vencendo os meus temores,
Cerzindo em alvorada
A sorte desejada
E nela os meus amores.

260

A noite me trazendo
O olhar de quem buscava
Além de qualquer trava
Além de algum remendo
O manto se fazendo
E nele em fúria a lava
O quanto se travava
Em ânsias outro adendo,
A marca da pantera
A fúria de uma espera
E o gozo em nós alenta,
A mão que acaricia
A noite cede ao dia
Negando esta tormenta.

261

Espero teu amor
E sei quanto isto traz
Além da farta paz
Caminho redentor
Vivendo em destemor
O dia mais audaz
Num passo tão tenaz
E seja como for,
Reinando sobre nós
O amor ditando a foz
Invade em correnteza
E sei que é necessário
O tempo imaginário
E ser dos sonhos, presa.

262


Não deixe que isso tudo
Transforme a nossa vida,
E sei desta saída
Aonde não me iludo,
E sigo quase mudo
Sem crer na despedida,
A sorte sendo urdida
Nas ânsias eu transmudo
O passo e sigo além
Do quanto me convém
Ou mesmo pude até,
Saber do amor imenso
E nele quando eu penso,
Em rimas, risco e fé.

263

Salve meu coração
Dos medos costumeiros
E gere nos canteiros
Intensa floração
Vagando em direção
Aos dias derradeiros
E neles companheiros
Na mesma provisão,
Amor nos saciando
O dia desde quando
A sorte se desnuda,
O risco do abandono,
A noite em farto abono,
Ao tanto nos ajuda.

264

Ela, a mulher que um dia
Quisera além da vida
E sinto sem saída
A sorte em que tecia
O passo e a fantasia
A cena sendo urdida
E nela convencida
Do quanto mais queria,
Resumo em verso e canto
O tempo onde garanto
Diversa qualidade
No amor eu tenho a pressa
De quem sabe e confessa
A fúria que me invade.

265

Entrego meu amor
A quem quiser bem mais
Do que dias venais
Um mero trovador
Fazendo este louvor
Vagando por astrais
Caminhos desiguais
E neles cevo a flor,
Bendita companheira
Aonde a sorte inteira
E trama nova messe,
Pudera ser assim
Amor já não tem fim
Ao nada ele obedece.

266

Estrela que, nos céus,
Deixara a sua marca
O sonho quando embarca
Em fúrias, fogaréus
Trazendo em raros véus
O tempo a sorte parca
O corte que demarca
Ou deixa aos mesmos léus,
Orgânica loucura
O amor já procura
E nada mais sacia
Senão esta certeza
Do farto sobre a mesa
Regendo o dia a dia.

267

Vivendo seus caminhos
Não deixo que se pense
No quanto de non sense
Invade meus carinhos,
E sei que são mesquinhos
Os dias onde adense
A sorte não convence
E gera mais espinhos,
Mas quando vivo amor
Eu sinto além a cor
De um céu iridescente
Vibrando em plenitude
O canto não me ilude
E a vida ora se sente.

268

Agrado que à natura
Um sonho fez enquanto
O passo eu adianto
Na vaga a vã procura
De quem tanto tortura
E mesmo se garanto
O risco além do pranto
Bebera esta ternura
Do amor que insofismável
Traçando um palatável
Delírio dentro da alma,
Vestindo esta emoção
Adentro a direção
De um risco que me acalma.


269

As formas mais perfeitas
Encontro na mulher
Que tanto já se quer
Enquanto ali deleitas
Os sonhos sem desfeitas
A sorte que vier
O tanto até qualquer
Delírio quando deitas,
E sinto em ti querida
A própria e rara vida
Essência de um futuro
E nela me ancorando
A sorte desde quando
Em ti quero e perduro.

270

Quem dera se esses olhos
Alheios no momento,
Tocassem quando eu tento
Vencer os meus abrolhos
E ser além de tudo
Apenas companheiro
No amor, este canteiro
Agora não me iludo
Transforma em florescência
Esta aridez de outrora
E quando já se aflora
Em rara transparência
Repleta o coração
Das ânsias da ilusão.

271

Teria em minha vida
Apenas a certeza
Da dita sem surpresa
Da morte presumida,
Se nada da ferida
Persiste sobre a mesa
O quanto sem defesa
A sorte é pressentida
Nas fartas de um amor
Verdejo em ilusões
E quando tu me expões
Além da vária cor,
Encontro finalmente
Amor que me apascente.

272

Ela, que ao caminhar
Não deixa sequer rastro
E quando além me alastro
Vagando sem luar
O tempo a decorar
O corte, este alabastro,
O amor ditando o lastro
Não deixa terminar
A messe desejada
Em ânsia de florada
Por vezes num aborto,
Mas tendo o teu caminho
No meu jamais sozinho
Encontrarei meu porto.

273

Que traz em suas mãos
Certeza de outro rumo,
E quando o amor assumo
Em dias mesmo vãos
Os olhos em promessa
A sorte se bendiz
Em tudo se é feliz
E a vida recomeça
Do quanto nada tinha
Agora em plena paz
O gesto que se faz
E nele a dita é minha
Vacância não existe
No amor agora em riste.

274

Destila em mel profano
O gozo mais audaz
E amor quando se faz
Não deixa qualquer dano,
E se decerto engano
Ou perco a minha paz
Na fúria mais tenaz
O sentimento humano
Transcende ao paraíso
E bebo do impreciso
Desenho em voz intensa,
Resumo a minha audácia
E sei que sem falácia
O amor nos recompensa.


275

Manhãs que se prometem
Em claridade apenas
Enquanto me serenas
As luas se refletem
E bebo cada gota
Do amor que me trouxeste
E sendo o solo agreste
Uma alma jamais rota
O corte não se trama
E a vida continua
Estrela bela e nua
E nela acesa a chama
Do gozo redentor
Nas ânsias deste amor.


276

A luz que dentro da alma
Expressa a mansidão
E nisto a direção
Da vida nos acalma,
Pressinto a cada passo
O tanto que inda quero
E sendo mais sincero
O rumo que ora traço
Viceja dentro em mim
O brilho imaginável
De um mundo mais potável
E vivo em meu jardim,
Restando o amor em nós
De Deus a maior voz.

277

Mostrando os meus destinos
Em tantos caminhares
E logo se notares
Os dias sem os tinos
Desejos femininos
Enquanto provocares
Adentro nos teus mares
E bebo os pequeninos
Anseios e vontades
No quanto além mais brades
E vês esta certeza
Domando o passo eu sinto
A fúria de um instinto
Minha alma em tal leveza.

278

Esperado poder
Já não mais se veria
Aonde a fantasia
Ditando o desprazer
Não pude conhecer
Sequer um novo dia
E nada mais teria
Senão meu bem querer
Ausente dos meus braços
E vivo em dias lassos
Apenas a certeza
Do amor que tanto quis
E agora em cicatriz
Negando a sobremesa.

279

Toda noite aguardando
Na espera que não cessa
O amor vaga promessa
E sei que desde quando
O tempo transformando
Aonde se tropeça
No corpo onde se expressa
Amor em contrabando,
Acordo e nada vejo
Além do meu desejo
E nele não sacio
Sequer outra lembrança
Do quanto amor alcança
Permite um novo rio.

280

Deixaste por aqui
Deveras a presença
Da ausente recompensa
O quanto já perdi
E quando pressenti
O amor que nos compensa
Decerto em mera crença
O resto que eu vivi.
Agora não cometo
Sequer o que prometo
E me arremeto além
Vagando sem destino
O sonho eu examino
E sei que a sorte vem.

281

Mas agora, me explica
Por quanto a vida traça
O todo em tal desgraça
A sorte não mais rica
O corte se complica
E nele se esfumaça
Deixando além na praça
O amor que resta e fica
Depois, futilidade
A sorte se degrade
E gere este tormento,
Mas quando em ti fomento
Além desta ilusão
Meus dias mudarão.

282

De noite, quando vens
E tomas o meu porto
O corpo semimorto
Imerge em raros bens
E logo sem desdéns
Em ti já tão absorto
Cevando este conforto
E nele sei que tens
O rito em consonância
Amor em concordância
Permite este caminho
E sei que quando existe
Jamais um peito triste
Atroz, duro e mesquinho.

283

A minha vida, em festa,
Legado de uma história
E vejo esta vitória
Aonde o bem se empresta
E tanto a vida gesta
O rumo em merencória
Traçando em mim a escória
E nela esta funesta
Manhã, porém no amor
Certeza de um albor
Em plena claridade
Vagando em tua senda
A sorte enfim se atenda
E amor com fúria invade.

284

Fazendo o meu viver
Bem mais do que pensara
O tempo nega a escara
A messe passo a ver
E beijo com prazer
Quem tanto se prepara
E vivo sem a amara
Presença do sofrer,
Um ledo passarinho
Outrora tão sozinho
Agora em ninho farto,
O amor sem ser mesquinho
E nele me adivinho
E o encanto aqui reparto.

285

Encharcando a minha alma
Com todo o brilho insisto
No gozo e não desisto
Aonde amor acalma
Não vejo e não consigo
Sentir outro momento
E quando me fomento
Em luz e claro abrigo
O tanto se aproxima
E nele em entranhando
Bebendo e me fartando
Mudando então tal clima
Restando esta delícia
Em tons de luz, carícia.

286

De dia minha dor
Não deixa que se pense
No quanto do non sense
A vida, um refletor,
Traduz em multicor
O passo onde compense
E quando o amor convence
O tempo em bom calor,
Resumos de outros fados
E neles os recados
São dados pelo sonho,
E eu vejo e tento até
No quanto sei quem é
O amor que ora proponho.

287

Não tenho nem os sonhos
Nem mesmo se os tivesse
A vida não merece
Olhares tão medonhos,
Resumo o meu caminho
Na glória de um porvir
E neste bom sentir
Decerto eu já me alinho
Riscando do passado
A sombra de um temor
Vivendo o pleno amor
O canto é meu legado
E o verso se traçando
Agora manso e brando.

288

Pergunto se acordar
Os tantos pesadelos
E não quero mais vê-los
À noite a me rondar,
Eu bebo este luar
E tramo em seus novelos
Momentos em tais zelos
No quanto é bom amar,
Vestindo este delírio
Não vejo mais martírio
E quero abençoado
O dia que virá
E nele desde já
O amor dá seu recado.

289

Sem sonhos, os meus dias
Já não seriam nada,
A sorte desolada
Conforme não querias
Ou mesmo fantasias
Na face destroçada
Regendo a madrugada
Matando as poesias,
Risonha tarde em nós
O amor adentra a foz
E gera novo brilho
Assim ao me notar
Nas tramas deste amar,
Eu bebo, sorvo e trilho.

290

Se não houvesse mais
O sonho aonde eu possa
Trazer a sorte nossa
E nela sensuais
Caminhos desiguais
Por onde a vida adoça
E nega qualquer troça
Ou riscos tão venais,
Estendo a minha mão
E mostro o coração
Desnudo de quem ama,
Vencendo os meus terrores
Em ti cevando flores
Nuances desta trama.

291

Minha vida seria
Somente o que me dás
E nisto beijo a paz
E nela esta alegria
Vencendo a fantasia
Ou mesmo sendo audaz
O passo mais tenaz
É tudo o que queria,
Assino com meu canto
O que desejo e canto
Além do amanhecer
Fazendo deste sol
Um louco girassol
Desvenda o seu prazer.

292

Vida passa depressa
E não deixa sequer
O quanto mais se quer
E assim já se confessa
Amor caminho expressa
E diz o que quiser
Fazendo da mulher
O bem onde arremessa
A sorte desejada
A noite iluminada
Nas ânsias da loucura,
Vestindo esta emoção
Os dias mostrarão
O quanto amor perdura.

293

E saiba que esse tempo
Que agora se desfia
Não basta num só dia
Não teme contratempo
E segue sem temores
Vencendo os sortilégios
E os dias sendo régios
Enfronham os amores
E tramam na verdade
O que redime e vem
Sabendo muito bem
Do amor que nos invade
E gera outra estação
Traçando este verão.

294

Mal vemos já raiou
Em nós a fantasia
E nesta poesia
O dia demonstrou
O quanto pude outrora
E agora até pudesse
Tivesse esta benesse
Aonde o barco ancora
E gera a luz sublime
De um sonho magistral
As ânsias do cristal
O passo que redime,
Resumo de uma história
Tão viva na memória.

295

Não adianta apenas
Sentir o vento quando
O amor for te inundando
E nele te envenenas
As horas mais amenas
Os dias transformando
E quando se nublando
Também ali serenas
Seguindo esta delícia
E nela esta notícia
De um novo amanhecer
Depois do meu outono
As noites de abandono
Sei rejuvenescer.

296

Vivemos tanta ou pouco,
Porém intensamente
Não sendo esta semente
Nem mesmo um grão tampouco
Eu quero e não renego
O passo muito além
Do quanto me convém
E assim tanto trafego
Nos ermos do meu eu
Vencendo os meus terrores
E quando em tais amores
Meu mundo se perdeu
Eu vejo abençoada
A sorte desenhada.

297


Depois de tudo feito
Não tenho mais sequer
O gozo que vier
E quando assim me deito
Por vezes não deleito
Das ânsias da mulher
Que um dia até qualquer
Pudesse em novo pleito
Fazer o que quisesse,
E tendo esta benesse
De ser além de mim,
Não vendo quanto a quero
Num gozo quase austero,
Daninhas no jardim.

298

Por isso é que te peço
Não deixe que isto morra
Uma alma não se escorra
Enquanto ali tropeço
E o beijo se sacia
Ou não quem tanto eu quis
Fazendo-me feliz
Gestando um novo dia
E nele sem aborto
O parto da promessa
No quanto amor se expressa
Deixando aquém o porto,
Vagando no infinito
É o que mais necessito.

299

Que não se necessita
De medo, nisto eu creio
O quanto do receio
Torna a cena finita,
E bebo desta aflita
Noção em devaneio
E busco ou já rodeio
O céu onde se fita
A estrela desejada
E nela iluminada
A noite em bela cor,
Regida pela glória
De ter esta vitória
Nas teias deste amor.

300

Abrindo o coração
Já não posso negar
O amor a nos tomar
Gerando outro verão
E nele se farão
Os sonhos do luar
Aonde saciar
Tamanha imensidão
Enamoradamente
A vida se apresente
E trace este futuro
O quanto permitisse
Sem ter qualquer mesmice
O tanto que procuro.

301

Por todos os momentos
Jamais imaginei
A luz em outra grei
Ou mesmo alheamentos
Diversos sentimentos
Enquanto eu entranhei
O verso eu decorei
Em raros pensamentos,
Vagar por ondas tantas
E nelas me adiantas
O porto abençoado,
O vento de um passado
Tocando o meu caminho
E nele te adivinho.

302

O tempo de viver
A sorte que não veio
O mundo em tal receio
O canto em desprazer
Ao menos o poder
Gestando em devaneio
O mar onde permeio
A vida em tal querer
Abrindo assim o peito
Enquanto ali me deito
Resguardo o meu delírio
E bebo a me fartar
Nos raios do luar
Amor sendo o meu círio.

303

Que bom se reservássemos
Ao menos um momento
E quando me alimento
No quanto preservássemos
Dos sonhos sou vassalo
E bebo e delicio
No quanto em teu rocio
O amor jamais eu calo,
Ardentes madrugadas
Momentos divinais
E neles muito mais
Que as farpas mal trocadas
O porto sem as rocas,
Amor; ali, alocas.

304

Não penses que na vida
A trama mais comum
Leve a lugar nenhum
Ou mesmo distraída
O quanto repartira
O mundo em paz e guerra
O amor quando se encerra
Nas tramas da mentira
Enfrenta e perde a rota
E quando isto acontece
A morte da benesse
O sonho se desbota
E vira o pesadelo
Amor dita o desvelo.

305

O que mais quero; amor,
É ter em ti decerto
O rumo sempre aberto
E nele este louvor,
Gestando além da dor
O tanto onde me alerto
Arisco e não desperto
Senão por onde for
O canto mais suave
A liberdade da ave
Além deste horizonte,
Aonde em brilho farto
Encanto eu quero e parto
No sonho em que se aponte.


306

E se fosses quem pensas
Jamais a vida além
Do pouco que inda tem
Trouxesse recompensas
E mesmo até convenças
Ou traças com desdém
Fazendo-me refém
Após as desavenças;
Mas sei que eu te amo tanto
E nisto se me espanto
Não posso discernir
Em atos, olhos, seios
Os vários devaneios
Marcando o que há de vir.

307


A mulher que trará
O que tanto desejo
E sei que a cada ensejo
Deveras tomará
O dia e desde já
No quanto até prevejo
O mundo em azulejo
No farto se fará,
Mas sei que também disto
Além do quanto insisto
O rumo não se vendo
Sem faces tão diversas
E nelas também versas
Ousando algum remendo.

308

Não sabes que na vida
O tempo pode ter
Além do desprazer
A sorte construída
Aonde fora urdida
Nas ânsias do meu ser
O todo a te querer
Em forma mais unida,
Aprendo a cada instante
Aonde se adiante
O mundo em tez diversa,
E assim no farto amor
E nele um refletor
O coração já versa.

309

Às vezes se traduz
Em luz ou temporal
O quanto bem ou mal
Amor dita e reluz,
No tanto quanto pus
O corte ou vendaval
O rito sensual
Negando qualquer cruz,
Resumo em verso e pranto
E tanto me adianto
Na queda que se faz
Expresso em agonia
O quanto poderia
Talvez ser mais audaz.

310

Pois veja na beleza
O tanto que reflete
O amor quando arremete
Em fúria e correnteza
No vago onde compete
O manto em tal destreza
Não vendo uma surpresa
Deveras se repete.
Eu quero estar contigo
E quando isto consigo
Eu sinto a perfeição
Do amor em tom maior
Estrada sei de cor
Em rumo e direção.

311

O lume que traçou
O sonho de quem ama
Vibrando a cada chama
No todo demonstrou
O pouco que inda sou
Ou mesmo o velho drama
Aonde a sorte trama
O quanto nos cobrou.
Eu creio no futuro
E sinto que procuro
Apenas calmaria,
Mas como se no amor
A vida traz sabor,
Porém dita a agonia.

312

Por vezes, nossa trilha
Traduz o quanto eu quis,
Mas quando a cicatriz
Deveras se polvilha
E traz em armadilha
O todo aonde eu fiz
O barco, a queda, o gris
E nesta noite encilha
Corcel de uma esperança
Que ao vasto já se lança
Bebendo do infinito,
Restando dentro em mim
O amor que sei sem fim
E tanto necessito.


313

Renasce num momento
O tanto desejado
O olhar emocionado
E nele sigo atento,
Por vezes inda tento
Alçar um novo fado,
Mas quando desolado
O rumo em sofrimento,
Apenas novo amor
E nele multicor
Cenário se adivinha,
Esta alma solitária
Agora em vão corsária
Não quero fosse a minha.

314

E se fosse a mulher
Que tanto procurava
A vida, vaga escrava
Do quanto inda vier
Bebendo este qualquer
Caminho aonde a trava
Gestasse em fúria a lava
Além do que se quer,
Resisto e tento até
Vencer com muita fé
Os tantos dissabores,
Mas quando amor me toca
Minha alma em ti se enfoca
E vê claros albores.

315

Aquela que ao teu lado
Transcende ao farto sonho
E diz deste risonho
Caminho já traçado,
Aonde algum translado
Permite o que proponho
E nisto se eu me enfronho
Matando o meu passado,
Redimo em paz suprema
O amor que não algema
E traz felicidade,
Assídua companheira
A sorte derradeira
Em ti com força brade.


316

De tudo que na vida
Pensar ter já visto
Agora ao saber disto
A dura despedida,
Imagem destruída,
Mas quando assim insisto
Persigo e até persisto
Gerando outra saída
No amor que sei virá
E tudo desde já
Tomando em face clara
O canto mais suave
O libertar desta ave,
Amor já nos declara.

317

Apenas esperança
Ditando o dia a dia
E nesta alegoria
O canto nos alcança
E sei da temperança
E nela se ergueria
Sobeja fantasia
Aonde amor se lança
Vencer os meus enredos
E ter dos dias ledos
Quem sabe esta ventura,
Singrando este oceano
O amor e não me engano
A paz ele assegura.

318

Amigo, tua vida
Expressa em tal tristeza
Não tendo esta certeza
De ver; já decidida
A sorte em despedida
Ou mesmo esta vileza
E nela sem nobreza
Amor nunca progrida,
Mas quando aberto o peito
O sonho é satisfeito
Nos gozos e nas preces,
Assim nesta mulher
O bem que tanto quer
Aos poucos também teces.

319


Nos braços da mulher
Que tanto desejara
A sorte bem mais clara
O todo que puder,
O rumo e se vier
Traçando esta seara
Que aos poucos escancara
A festa onde se quer
Plena saciedade
Do amor em liberdade
E nada deixa atrás,
Seguindo este cometa
A vida se prometa
Enfim em plena paz.

320

Estás sempre escondida
Nos ermos de minha alma
E quando a vida acalma
Percebo e não duvida
A sorte mais audaz
E nela se concebe
Beleza em rara sebe
Amor vivendo em paz,
Não tendo outro caminho
Deveras sou só teu
E quando se perdeu
O mundo sem tal ninho
Vagando sem destino,
Sozinho eu me alucino.

321


E vives nos disfarces
De quem se fez aquém
Do amor que quando vem
Por mais quanto te esgarces
Verás esta certeza
No olhar que te seduz,
O tanto feito em luz
Demanda a natureza
E traça em tons diversos
Os céus onde se vê
O amor e seu por que
E nele trago os versos
De quem se fez contente
Além do que pressente.

322

Vivendo sem sequer
Sentir um vento manso
O tanto que ora alcanço
Permite o quanto quer
No olhar desta mulher
O mar em seu remanso
Ao farto eu já me lanço
Sem ranço ou dor qualquer.
Amar a liberdade
E ter a claridade
Nos olhos, no horizonte
Sabendo da promessa
Do amor que se professa
Aonde o brilho aponte.

323

O mundo vai rodando
E neste tanto eu vejo
O quanto mais desejo
Um sonho bem mais brando,
O risco de nublando
O tempo num lampejo
Matando este azulejo
Ou tudo desolando,
Somente em desamor
Pudesse em tal pavor
Haver senão a senda
Aonde o meu carinho
Envolto no teu ninho
Amor quer e desvenda.


324

Procuro por teu rosto
Em tua estrela e sigo
E quero estar contigo
Assim é meu proposto,
O manto sem desgosto
O dia sem perigo,
O carma que persigo
Em ti ao ser exposto
Traduz a farta glória
Um pária, mera escória
Ascende ao vão reinado
Enquanto enamorado
Buscando a sua estrela,
Tentando em paz contê-la.

325

Decerto estás fugida
Num canto desta senda,
Talvez é mera lenda
O que pensei ser vida,
E quando for servida
A sorte que se atenda
No todo já se estenda
Sem ter outra saída,
Resumo de um amor
E nele quero a flor
Da eterna primavera,
Mas quando estás ausente
O tanto que se sente
Aos poucos degenera.

326


E sempre que distraio
O olhar busca decerto
Um rumo aonde aberto
Caminho e não me traio,
Meu canto é teu lacaio
E nele já deserto
A dor ou mesmo perto
Olhando de soslaio
O rito consagrado
Do tempo imaginado
Em glória e plenitude,
Assíduo sonhador
Nas tramas deste amor
Além do que mais pude.

327

Não quero sofrimentos
Nem mesmo se inda venha
A face que desdenha
E gera desalentos
Bebendo destes ventos
Acendo em mim a lenha
E tudo o que convenha
Permite pensamentos
Por onde amor adentra
E tudo se concentra
Na força deste fato,
E assim ao mergulhar
No tanto a desejar
Em ti eu me retrato.


328

Vou vivendo, esperando
O dia que virá
Traçando desde já
O quanto desejando
O mar em tempo brando
O sol que reinará
O amor que tomará
Cenário deslumbrando
Viceja dentro da alma
A sorte que me acalma
E trama esta promessa
Não tendo outro cenário
O amor é necessário
E a paz enfim professa.

329

Quem sabe te encontrei
Depois do vendaval,
O dia sempre igual
Ou mesmo noutra grei
O quanto eu esperei
Um fato até banal,
Mas quando sensual
Sereia imaginei
Nas praias, nesta areia
O sol que me incendeia
O canto mais feliz,
Desvendo em teu olhar
O bom de ser e estar
Com quem sempre se quis.

330

Nas ruas, nessas praias,
Nos sóis e nas promessas
Aonde te confessas
E logo além não traias,
Os rumos convergindo
Trazendo em plena festa
O todo que hoje gesta
Cenário agora lindo,
Resulto deste manso
Caminho aonde tento
Vencer o sofrimento
E a paz agora alcanço.
Cercando em poesia
O amor que eu mais queria.


331

Em todos os momentos
Da vida ou mesmo após
O amor que existe em nós
Traçando em paz os ventos,
Mergulha em sentimentos
E bebe desta foz,
Vibrando com os nós
Atados pensamentos,
Açoda-me a vontade
De tanta liberdade
Num peito colibri,
E chego ao teu jardim
Vicejas dentro em mim,
No quanto amor senti.

332

De ti, saiba, jamais
Apartarei meu passo
E quando além eu traço
O amor sendo o meu cais
Não temo os mais venais
Momentos, nem espaço
Diverso quando faço
O verso em tons iguais,
O prazo não se finda
A vida sendo linda
Nas fráguas deste anseio,
Encharco em alegria
Além do que podia
E sem qualquer receio.

333

Ainda que não possa
Sentir o desvario
O quanto eu desafio
A vida não destroça,
A messe sendo nossa
Também esqueço o frio
A chuva doma o estio
Germina a paz na roça,
E o canto benfazejo
Aonde mais desejo
O sonho realiza,
E o forte vendaval
De um tempo sem igual,
No amor, é mansa brisa.

334

És musa dos poemas
Que faço ou imagino
Domando o meu destino
Minha alma tu algemas
E sabes e não temas
O quanto me alucino
Teu jeito feminino,
As sortes, raras gemas,
Lapidas este amor
Com todo o teu calor
E geras diamantes,
E sendo assim deidade
Que agora toma e invade
Em dias deslumbrantes.

335

Rainha dos meus sonhos
Amante sem igual,
O corpo sensual
Em ritos mais risonhos
Seguindo cada passo
Aonde tu desfilas
As horas mais tranqüilas
Contigo eu sempre traço,
Fazendo do meu verso
Apenas o instrumento
Por onde teimo e tento
Falar deste universo
E nele sou lacaio
Do amor onde me espraio.

336

Que tanto tempo em minha
Palavra dominasse
E sem qualquer impasse
Deveras se adivinha
E tomas toda a vinha
E nela sempre trace
Um rumo onde se grasse
A sorte que convinha,
Encontro em cada instante
O amor e me garante
Um dia mais feliz,
Cenário imaginário
Um templo, um relicário
Que em sonhos eu já fiz.

337

Mal sabe que eu existo
E mesmo assim te sigo
E quando até consigo
Provar o quanto insisto
Não mais sabendo disto
Às vezes o perigo
Transcende ao próprio abrigo,
Porém nunca desisto,
Eu sei que serás minha
A história se avizinha
Da lenda, mas eu creio
A cada devaneio
Invado as fortalezas
E venço tais defesas.

338

Dedicando os meus versos
A quem se fez além
De simples, mero bem,
Gerindo os universos
Aonde mais dispersos
Os rumos de outro alguém
Agora já contém
Caminhos mais diversos,
E sei que sendo assim
O amor existe em mim
E trama a plenitude,
Não posso me calar
E sei que em teu altar
Amei mais do que eu pude.

339

Espero que te veja
Após a tempestade
Nas ruas, na cidade
Aonde a benfazeja
Vontade sempre esteja
De ter em liberdade
A imensa claridade
Que em nós sempre lampeja,
Viceja em florescência
Amor toma a gerência
E doma cada passo,
E nisto o rumo eu traço
Seguindo o teu perfume
Por onde quer que rume.

340

O tempo que me fez
Pensar em novos dias
E neles tu virias
Tomando a sensatez
O quanto em lucidez
Ou mesmo em tez sombrias
As sortes me trarias
Além do que já vês
Sabendo-me deveras
Envolto em primaveras
E nelas veras luzes
Por onde caminhar
Decerto este luar
E nele me conduzes.

341

Espera o salvador
Desejo em eloqüência
E sem tal ingerência
Eu vivo o pleno amor
Respaldo aonde eu for
Além da coincidência
Saber e ter ciência
Do tanto encantador
Que foste e sei quem és
E estando sempre aos pés
De quem hoje redime
O errático cometa
E nisto eu me arremeta
Ao teu amor; sublime!

342

Empresto meu desejo
E bebo a tempestade
E vivo em liberdade
Apenas num lampejo
O quanto deste ensejo
Agrade ou desagrade
Não tendo sequer grade
Ascendo ao azulejo,
Porém amor sacia
E traz em alegria
O tanto que se deve
Meu passo sem cansaço
O amor onde me traço
Jamais seria breve.

343

Em vão por tanta vez
Vagara em noite espúria
E tendo tanta incúria
O amor já não se fez,
Mas quando aproximaste
Em tudo deste jeito
E agora me deleito
Na vida sem desgaste
Rumando para ti
Aonde fora esfinge
Agora em luas tinge
O sonho onde verti
O riso, o risco e o canto
Deixando além meu pranto.


344

E nada encontro além
Do todo que pudesse
Vencer o medo e tece
Um dia que já vem
Reinando neste bem
O amor ditando a prece
Jamais, pois escurece
Dos sonhos sou refém,
E sigo mesmo até
O dia em que esta fé
Tomar completamente
O vago desta vida
Outrora em dor urdida,
E agora a paz já sente.

345

Inundando meus dias
Além do vendaval
Amor atemporal
Aonde te querias
Vibrando em alegrias
Diverso ritual,
A paz consensual
E nela me trarias
As sortes e a promessa
Do quanto se confessa
A glória de viver,
E tendo esta certeza
Do amor, rara nobreza
Eu vivo o teu prazer.

346

Escute meus delírios
E saibas quanto eu quero
E sendo mais sincero
Esqueço vãos martírios
E bebo a fantasia
Por onde tu me levas
Ausentes dores, trevas
A sorte se alumia
E tanto pude então
Vencer os meus temores,
E vejo nos amores
Enfim a direção
Singrando o mar imenso
Ao fim eu me compenso.

347


Ó minha musa amada
Não deixe que a mentira
Dos braços já retira
A vida em caminhada,
E sendo a nossa estrada
O quanto se prefira
O mundo também gira
Depois retorna ao nada,
Ascendo ao que pudesse
E tendo esta benesse
Jamais imaginei
O canto que pudera
Vencer o medo e a fera
Tornando inútil, grei.

348

É realmente a vida
Transforma plenamente
E quando se apresente
Ao fim uma saída
E nela sendo urdida
A paz nova semente
No amor que se oriente
Ausente despedida,
Resenhas tão diversas
E nelas também versas
Buscando a mansidão,
Encontro nos teus braços
Mais firmes, fortes laços,
E neles precisão.

349

Por tantas vezes somos
Diversos, mas comuns
Os erros; sei que alguns
Desfazem velhos gomos,
Mas logo corrigimos
E tento imaginar
A vida a te tocar
Sem ter os tantos limos,
Resulto desta sorte
E nela sou feliz
Fazer o que bem quis
E tendo quem suporte
O passo rumo ao farto,
Assim a ti eu parto.

350



E mal uma saudade
Tocasse no meu peito
Enquanto em paz me deito
Encontro a liberdade
Viva tranqüilidade
Num ar mais satisfeito
O amor tomando o pleito
Traduz o que se brade
E gesta em paz e glória
Mudando a minha história
Trazendo a paz que eu quero,
E galgo a cada passo
O rumo que ora traço
E nele o quanto espero.

351

O resto se desfaz
No pranto ou mesmo até
Nas tramas noutra fé
O passo mais audaz,
O rumo que se traz
Na mão de quem só é
E vive sem galé
Deveras mais tenaz.
Resumo o dia a dia
No tanto que eu queria
E nesta vida em festa,
Agora amor tomando
O dia em contrabando
A sorte em paz atesta.

352

Foi isso que se deu
Depois de tantos anos,
Os erros, velhos danos
O manto outrora meu,
Agora se perdeu,
Mas vejo em novos planos
Os sábios ou profanos
Caminhos do apogeu.
Cercando a minha vida
Na glória repartida
Do amor consensual,
Eu bebo esta verdade
E nela a claridade
Um grito sensual.

353

Durante tanto tempo
Acreditei no sonho
E agora eu me proponho
Além do contratempo
A ver após a chuva
Bonança e calmaria
Trazendo enfim o dia
Sem medo de saúva
Canteiro feito em rosas
E noites fabulosas
Entranham no meu peito
E sei que sendo assim
Aguando o meu jardim
De amor, vou satisfeito.

354

Querendo ser, talvez,
Aquele que se dera
Em plena primavera
Ao longe tu não vês,
Mas saibas quando crês
A vida se tempera
E mata esta quimera
Aonde o sonho fez,
Uma alma juvenil,
Além do que se viu
Renova esta seara,
E o pranto se cessando
O dia mais nefando
No amor logo se aclara.

355

Vivendo nas jornadas
Aonde a sorte manda
E tudo em tal demanda
Transcende às alvoradas,
As sinas demarcadas
O coração desanda
Andando até de banda
Vagando por estradas
Aonde pode ver
O todo a se verter
Na imensa liberdade,
No corpo enamorado
O rito abençoado
E a paz que agora invade.

356


A noite traz a lua
Enquanto em tez brumosa
Uma alma dolorosa
Além segue e flutua,
Mas quando amor atua
A vida é generosa
O coração já goza
Da sorte imensa e nua.
Resumos de promessas
Aonde já professas
Desenhos magistrais
Depois da tempestade
Ausência em claridade
Expões os teus cristais.

357

Aquele que queria
Jamais saber da luz
Ou mesmo não reluz
Ainda em pleno dia,
Não vendo a fantasia
Ou quanto nela pus
O sonho em contraluz
Gestando alegoria,
Mas quando enamorado
O tempo já mudado
A senda se clareia,
E a lua atrás das brumas
Por onde agora rumas,
Desnuda bela e cheia.

358

De repente de amor
Alago minha senda
E quando se desvenda
O céu em multicor
Viceja em mim a flor
E nela já se estenda
Em paz e sem contenda
O quanto diz sabor,
A vida se promete
E tudo se arremete
Ao máximo em momentos
E sigo em alegria
No quanto poderia
Entregue aos fortes ventos.


359

Comecei a sentir
Depois de tanto erros
Caminhos em desterros
Ausência de porvir,
Rara luminescência
Tomando a minha sanha
E quando em mim se entranha
Além da coincidência
Gestando outra beleza
Na qual ora mergulho
E sem o pedregulho
Imensa fortaleza
Ditada pelo amor
E nele a rara cor.

360

É querida; o que eu faço?
Já não consigo mais
Vencer meus vendavais
E dar sequer um passo,
Aonde me desfaço
Ou mesmo em tão venais
Caminhos desiguais
Faltando algum pedaço
De quem se deu inteiro
Amor, mero espinheiro?
Não creio, na verdade
Eu beijo a claridade
E tento novo intento
Levado pelo vento...

361

Eu te respondo agora
O quanto me perguntas
As almas quando juntas
Um éden já se aflora,
O tempo revivendo
As horas mais felizes
E nada contradizes
Sequer qualquer remendo,
O passo rumo ao tanto
E nisto eu me aprofundo
Vagando pelo mundo
Bebendo farto canto
Restando dentro em nós
O amor em rara foz.

362

É por amor que tento
Vencer os meus temores
E sei dos dissabores
E nisto o pensamento
Dizendo o quanto o vento
Traduz além amores
E neles se tu fores
Verás o sentimento
Exposto em tom mais claro
Por isto é que preparo
O solo para o arado,
No canto e na emoção
As horas que virão
Trarão novo legado.

363

Em meio a tantas flores
Pudesse discernir
Beleza que há de vir
Por onde ainda fores
E sei dos teus albores
E neles presumir
O quanto a se sentir
Ou mesmo até te opores.
Viceja esta esperança
Aonde amor alcança
E trama novo dia,
Assim ao me entregar
Nas redes do luar
O amor encarnaria.

364

Guiado pelos raios
Dos sonhos mais felizes
Além do que me dizes
Os dias são lacaios
Dos rastros que deixaste
Enquanto prosseguisse
Após tanta mesmice
A vida num contraste
Prepara a imensidão
De um sonho em farto amor
E nisto a me propor
Eu vejo a solução
Que tanto procurara
Na senda clara e rara.

365

O brilho que estribilha
Uma alma tão diversa
E nela sempre versa
Amor tomando a trilha
No quanto em armadilha
A vida desconversa
Ou mesmo segue imersa
Depois em paz palmilha
O risco de saber
O mundo em tal prazer
Ou nada em reticência
O corte, a sorte o fado,
Amor dando o recado
Gerando a paciência.

366

É por amor que sigo
O passo mais tranqüilo
Enquanto além desfilo
Trazendo aqui comigo
O todo que persigo
Ou mesmo não destilo
O amor seguindo o filo
E nele o meu abrigo,
Resulto desta forma
Do quanto se transforma
Mutante esta emoção
E nela se presume
O amor ditando o lume
Em plena floração.

367

Estrela que ilumina
O passo de quem tenta
Vencer vida sangrenta
Beber da farta mina
Aonde se destina
A paz estando atenta
A sorte que se ausenta
De quem já não fascina,
Amor não cala e segue
E nisto até consegue
Somar, multiplicar,
E tendo esta benesse
Ao todo se oferece
Quem sabe, enfim, amar.

368


És tudo no meu céu
Estrela tão brilhante
E sei a cada instante
O mundo mais cruel,
Venal em ferro e fel
Ou mesmo deslumbrante
Gerando o diamante
O sonho e o farto mel,
Mas quando amor domina
Deveras noutra mina
Emana-se a promessa
De um dia mais suave
Sem nada que se agrave
O dom maior confessa.

369

Trazendo uma ilusão
Ao manto mais feliz
Do tanto que se quis
No farto e raro grão,
Vencendo a solidão
O bem aonde eu fiz
A sorte por um triz
Tomando a decisão,
Vestindo esta benesse
O mundo agora tece
Um rumo feito em paz
Reflexo do que um dia
Amor espalharia
Além do que é capaz.

370


É por amor que sinto
A vida em tal pureza
E sei da fortaleza
Gerada pelo instinto
E quando ora me pinto
Das sendas da certeza
Matizes com nobreza
Aonde estava extinto
O tempo de sonhar
O risco de lutar
E amar inconseqüente
Mas quando tu vieste
Cevando em solo agreste
A vida se apresente.

371

Em busca de teus cantos
Eu tento um novo dia
Fazer da poesia
Os raros bons encantos
E sei que em tantos mantos
A sorte moldaria
O amor que nos traria
A luz sem ter quebrantos
Resumos deste fato
Aonde eu me retrato
Num toque mais sutil,
O amor se traduzindo
Num tempo claro e lindo,
Além do que se viu.

372

Vivendo nosso amor
Nas tramas costumeiras
As noites companheiras
Ausente dissabor,
O canto em seu louvor
Florada nas roseiras
E as horas derradeiras
Num claro e belo albor,
Servindo à fantasia
O amor não poderia
Seguir outro caminho,
E quando me alimento
Do sonho em manso vento
Não sigo mais sozinho.

373


Enterro o coração
Nas curvas deste anseio
E sinto enquanto veio
Dos sonhos, dimensão
Vivendo esta estação
Aonde sem receio
O mundo em devaneio
E as sortes que virão
Transcendem na verdade
Ao todo que me invade
E gera novo trilho,
O peito de um amante
No quanto se adiante
Amor que ora polvilho.

374

E faço meus castelos
Nos sonhos da princesa
E vivo a realeza
Momentos raros, belos
Também nos meus desejos
Anseios se traçando
Num dia aonde brando
Diversos os ensejos
Seriam bem melhores
Os cantos de quem ama,
Mantendo assim a trama
Na qual tanto demores,
E sendo assim o rei,
No amor eu me fartei.

375

Decerto é por amor
Que eu tenho esta proposta
Da vida já composta
Em claro e bom louvor,
Vivendo este esplendor
Além desta resposta
Minha alma agora exposta
No céu em tanta cor,
Delírios de um poeta
Que tanto se repleta
De um toque mais audaz,
E quando a noite vem
E nele traz alguém
Também me traz a paz.

376

Não tenho mais o medo
Que outrora fora tanto
E quando eu me adianto
E tento outro segredo
Ao máximo eu concedo
O passo sem quebranto
E douro o velho manto
E em paz sempre procedo,
Amar e ter decerto
O mundo sempre aberto
Caminho que se traça
Aonde a sorte dita
E a luz sempre bendita
Enfrenta esta fumaça.

377

Caminho sem sequer
Pensar no que se fora,
Uma alma sonhadora
Enfrenta o que vier
E sabendo o que quer
Não teme a sofredora
Paisagem tentadora
De um rito, outro qualquer
Não fosse o grande amor
Que leva o barco em frente
E quando se apresente
Moldando o refletor
Farol por onde sigo
E chego assim contigo.

378

Pois eu trago os olhares
Bem fixos já nos teus
E o quanto sem adeus
Deveras me tocares
E assim nestes altares
Amor é mais que um deus,
E trama em apogeus
Caminhos que legares,
Arcando com o gozo
E deste majestoso
Delírio sensual
Eu bebo e me sacio
Trafego pelo rio
Em paz já sem igual.

379

Guardados na guaiaca
Dos sonhos de quem ama
A sorte dita a chama
E o tempo não se empaca
O vento não aplaca
O risco nega o drama
O passo segue a trama
O mar vive em ressaca,
Rasgando esta paixão
Imensa dimensão
Do amor que tanto espero,
Vencer qualquer tormento,
E ter no pensamento
O bem que agora quero.

380

Em todas as jornadas
Que a vida me ensinara
Tomar qualquer seara
E nela as ansiadas
Manhãs ou alvoradas
No céu que se prepara
Em luzes escancara
As sortes decretadas
Nas ânsias deste encanto
E quando além eu canto
As tramas de um amor,
Encontro dentro em mim
O mar que não tem fim,
Em todo o seu vigor.

381

Guardei as esperanças
Nas ânsias deste afeto
Aonde me completo
Enquanto aqui avanças
E tendo em tais pujanças
O rumo predileto
O gozo onde repleto
As nossas alianças
Arcar com desenganos
Traçar além dos danos
Momento mais feliz,
No amor que se desvenda
Além desta contenda
Tramando a paz que eu quis.

382

Não lembro de viver
Somente por talvez
Sentir o que não vês
E nisto ter prazer,
O quanto do querer
Tomando cada vez
Não deixa a insensatez
Roubar e nem se ver,
O manto mais suave
E nele sendo uma ave
Liberto caminhante,
O pássaro revoa
Uma alma segue à toa
No amor onde a agigante.

383

Meu canto sempre muda
E nada mais impede
O quanto se concede
E traz a mesma ajuda
O corpo se completa
Na sorte de outro tanto
E quando me garanto
A vida está repleta
De sonhos e de luzes
E nisto sabes bem
Do quanto se contém
O passo em que conduzes
Levando para o cais
No amor em vendavais.


384

Vivendo tanto amor
Conforme mais queria
Sabendo o dia a dia
E nele recompor
O passo num vigor
Que nega esta sangria
Gerando uma alegria
Aonde quero pôr
O canto mais audaz
E nele se compraz
A vida com ternura
O amor traçando em mim
O todo que no fim
A gente em paz procura.

385

Salvando minha pele
No canto mais audaz
E tanto se me faz
Ao quanto já revele
O gozo onde se atrele
Ou mesmo se é capaz
De trazer guerra ou paz
Enquanto assim se sele,
Vagando em teus caminhos
Não quero os meus sozinhos
Conjunto assim se trama,
E vence qualquer treva
Aonde já se atreva
O amor em forte chama.

386

A noite traduzindo
O gosto magistral
Depois suor e sal
Em vinhos quero e brindo,
O tanto que deslindo
No corpo sensual,
A paz fenomenal
Delírio raro e lindo,
Anseios entre ritos
E dias mais bonitos
Os seios desta amada,
A porta se entreabrira
E a sorte além se atira
Penetra a madrugada.


387

Morena, belas pernas
Andando em pensamento
Enquanto o forte vento
Em cenas belas, ternas,
Traduz novas lanternas
E nisto quero e tento
Vencer o alheamento
No quanto além me externas
Vontades mais constantes
E nisto me adiantes
Delírios e magias,
No amor que nada tema,
A sorte dita o lema
E nela tu me guias.

388

O meu amor por ti
Jamais eu negaria
E sei da fantasia
Aonde me prendi,
Viceja desde aqui
O sol que me inebria
A lua onde se espia
O amor que conheci,
Delírios de um poeta
Minha alma se repleta
Da tua a cada instante
E vejo muito além
Do quanto me contém
O amor raro e brilhante.

389

Por isso caminhar
Depois dos vendavais
E ter além e mais
O quanto me entregar
Nas tramas deste amar
E nele sei do cais
Por onde em magistrais
Momentos de luar
Resumo em voz macia
A sorte que me guia
O rumo se apresenta
E nisto sou feliz
Vivendo o quanto quis
Uma alma mais sedenta.

390

Cansado dessas brigas
Inúteis; dia a dia
O coração temia
Aonde desabrigas
E rusgas tão antigas
Matando a poesia
E a vida ora sombria
Deveras não consigas
Mais discernir aonde
O amor se existe esconde
Ou morto noutra face
Assim ao léu a vida
A messe presumida
Noutro caminho grasse.

391

Parti para outros braços
E neles procurara
A paz somente, e rara,
Em dias velhos, lassos
Seguindo antigos passos
Vagando em tal seara
E nisto se prepara
Amor em novos traços,
Restando do que um dia
Pudesse em fantasia
Apenas mera sombra,
E viva esta saudade
Deveras quando invade
Assusta e tanto assombra.

392

Mas os mesmos espinhos
Que um dia em tom cruel
Ganharam o papel
Que fora dos carinhos
E tempos tão mesquinhos
Amor vagando ao léu
Coberto em turvo véu
Momentos mais daninhos,
Agora ao te saber
Depois do desprazer
Ao menos já me alcança
Depois do desvario
Um novo desafio
E amor dita esperança.


393

Iguais ressentimentos
Depois de certos anos
Em tantos desenganos
E sei dos desalentos
Tomando os pensamentos
Causando novos danos,
Rompendo leves panos
E neles os tormentos,
Mas sei que talvez possa
Se a história comum, nossa
Mudar este semblante,
O amor a cada instante
Pudera enquanto adoça
Em paz e doravante.

394

A culpa, com certeza
Dos fardos que consigo
Eu sei deste perigo
E salto em correnteza
Vencida a fortaleza
Apenas desabrigo
E nada mais persigo
Senão tanta incerteza.
Mas quando amor se doma
E tudo leva à soma,
Eu sei ser mais feliz,
E tendo este caminho
Aonde agora aninho
O tempo que mais quis.

395

Vivendo sem trazer
O mundo onde eu queria
Apenas poesia
Quem sabe algum prazer
O tanto a se perder
Num duro e vago dia
Aonde moldaria
O medo doma o ser,
E risco este cenário
Num mal desnecessário
Amor ali não resta,
Mas tendo sob o olhar
As tramas do luar
Uma esperança em fresta.

396

A noite que em minha alma
Pudesse ainda crer
No dia a renascer
Em paz, quem sabe calma
Vencendo as mais constantes
E duras agonias
Ali tu poderias
E nisto te adiantes
Moldar um novo tempo
Alheio aos descaminhos
E assim sem os espinhos
Ausente contratempo
Quem sabe nosso amor
Refaça seu vigor?


397

Trará para o meu peito
A sorte que procuro
E sei do quanto escuro
O dia insatisfeito
E quando só, me deito
A sorte eu amarguro
O mundo bem mais duro
O corte adentra o leito,
E o bêbado poeta
Ao nada se arremeta
E traz outra versão,
Quem sabe em novo amor,
O tempo em clara cor
Mostre transformação.

398

Decerto não consigo
Vencer os meus temores
E sigo aonde fores
Sedento e tenho abrigo
Nas ânsias que persigo
Os antros em horrores
Ausentes os amores
O tempo diz castigo,
Porém logo redime
O céu em ar sublime
E a fantasia imensa
No quanto te prometo
E mesmo me arremeto
O todo nos compensa.


399

Sabendo que não posso
Vagar em noite vã
Minha alma antes malsã
Agora em rumo nosso
Colhendo este destroço
Produz em novo afã
A vida temporã
E enfim eu me remoço,
Resulto deste vago
Caminho aonde trago
O coração em chamas,
E neste desejar
Nas fráguas do luar
Amor também derramas.

400

Por isso, meu amor,
Não deixe que se veja
A dor que nos dardeja
E faz o sofredor,
Talvez ao recompor
Em glória benfazeja
A vida se azuleja
Bendita a clara cor
Aonde se pudesse
Viver a imensa messe
Jamais me afastaria,
Vacância em peito dói
E o medo só destrói
O que fora alegria.


401

O doce dos teus lábios
O corpo em afluência
Amor, onipotência
Caminhos raros, sábios.
Vagando noite afora
Nas teias deste porto
Agora em teu conforto
A senda se decora
E aflora com ternura
Uma ânsia sem igual
O tempo magistral
Promete a farta cura
E assim sem sequer tédio
O amor, santo remédio...

402

Não deixe-se levar
Por medos inconstantes
Sejamos navegantes
No imenso e belo mar
Aonde desfrutar
O que tu me garantes
E vivo por instantes
Sem nada mais pensar,
Resolvo com ardor
As tramas deste amor
E nelas me entranhando
Vivendo em tais permutas
Enquanto tu me escutas
Também eu te escutando...

403

Paremos, por favor,
De tantas tempestades
No quanto desagrades
Ao deus do farto amor
Gerando o dissabor
Criando novas grades
E nisto tanto invades
O templo em desamor.
Restando algum alento
Que tanto busco e tento
Vencer após o fim,
O amor que tanto quero
Vivendo este sincero
Cenário dentro em mim.

404

Tu és dessa existência
O fato mais sublime
Portanto que te estime
Além da consciência
Gerando esta potência
Aonde se redime
O manto onde se prime
Por clara persistência
Gestando esta emoção
E nela se verão
As luzes deste dia
Que surge dentro em nós
Mantendo a mesma voz
Do amor que nos regia.

405

Que tive por tentar
Caminho mais diverso
E sigo assim imerso
Na busca deste amar
E nele em céu e mar
Vencer este universo
E quando me disperso
Em ti vou me encontrar
Perpetuando em mim
O amor que sei enfim
Depois de tantos anos,
Ausente dos meus dias
Em turvas agonias
Agora em novos planos.


406


A melhor coisa em minha
Dorida e amarga vida
Por vezes tão sofrida
Aonde nada vinha
Foi ter quem se avizinha
E dita uma saída
À sorte destruída
Que outrora me retinha,
Agora em passo firme
No amor que se confirme
E trame novo encanto,
Eu sei e deste tanto
Desejo reafirme
Em glória o que hoje canto.

407

De tudo o que sonhei
Apenas marcas levo
E sei quanto é longevo
O medo em dura lei,
Mas quando imaginei
E assim até já cevo
O amor onde me atrevo
Vencer o que passei,
Servindo ao magistral
Desejo em paz real
Não tenho o que temer,
Adentro o paraíso
E sei no teu sorriso
Também o meu prazer.

408

Tu és este brilhar
De um sol que me apascente
Por mais que tão freqüente
A dor pude notar,
Na força de um amar
Vivendo e mais contente
Sentido que sou gente
E nada irá calar
A voz de quem se atreve
E vence frio e neve
E leve continua
Depois da tempestade
Beber a claridade
Imensa desta lua.

409


Que trago no meu peito
Depois de tanto medo
O sonho onde procedo
E atento em paz me deito
O corpo satisfeito
Adentra novo enredo
E sabe desde cedo
Até quando no leito
Do tanto que procuro
E sei do céu escuro
Aonde caminhara
Agora ao ver o brilho
Da estrela onde palmilho
A vida se faz clara.

410


Das glórias que carrego
Na vida sem defesas
Além das fortalezas
Alimentar meu ego
No tempo em que navego
Em bravas correntezas
Em rumos e incertezas
O amor onde me entrego
Não temo o que virá
E sei que aqui ou lá
O tanto se persiste
No fato mais perfeito
Do amor onde deleito
E sei que em nós existe.

411

Ao me lembrar de ti
Durante a vida amarga
A sorte não me larga
Depois que eu percebi
E tanto conheci
A voz agora embarga
Vivendo sempre à larga
O amor que sei aqui.
Aprendo dia a dia
E nisto eu poderia
Sentir o benfazejo
Caminho aonde vago
E sei que em cada afago
O mundo claro eu vejo.

412


Querida, não me deixes
A vida não se faz
Sequer conhece a paz
Nem luz em vários feixes
Se tu não mais quiseres
O amor quando se trama
Não sabe de outra chama
Banquete sem talheres?
No rito costumeiro
Bendigo a minha sorte
Em ti o meu suporte
O rumo verdadeiro
No quanto pude e tento
Amar em raro alento.


413


Preciso de teu passo
E nele me redimo
Assim enfrento o limo
E o rumo mesmo traço
Sem ter qualquer cansaço
Assim eu tanto estimo
O amor que agora eu primo
Por grande e farto espaço
No peito enamorado
Depois de desolado
Arcando com vazios
E tanto agora creio
No amor sem ter rodeio
E nele ausentes frios.

414


Nós compartilharemos
Até quem sabe a morte
Do amor que nos conforte
E traz em si os remos
E assim navegaremos
Cerzindo o nosso norte
Mantendo o claro aporte
Porquanto nós vivemos
A fábula feliz
Do amor que tanto quis
E agora sei só meu,
A messe mais bendita
A que se necessita
Meu mundo conheceu.

415

Até o fim da vida
Não vejo mais nem como
Saber de novo tomo
A história já relida
E nela se percebe
O fim em paz e luta
E nada mais reluta
Enfrenta qualquer sebe,
E resolutamente
Seguindo passo a passo
O rumo em ti eu traço
No quanto se apresente
Cenário mais tranqüilo
Aonde ora desfilo.


416


Tu foste iluminada
No sol que tanto dita
A sorte mais bonita
E nesta nossa estrada
A benção demonstrada
Expressa e necessita
Da luz quando infinita
Tomando toda a estada
De um coração audaz
Que agora já se faz
Imenso e sem temor,
Vibrando em consonância
A vida nesta estância
É feita em raro amor.

417



A mão que te esculpiu
Gerando esta beleza
Eu sei que com certeza
Num ato mais gentil
No quanto te cerziu
Gerou a fortaleza
Do amor que sem surpresa
O coração previu.
Restando deste encanto
O quanto te garanto
Jamais terminaria
Assim ao me entregar
Sem medo de te amar,
Eu vejo um novo dia.

418

Tu me tens feito tanto
E ao mesmo tempo negas
A vida segue às cegas
Futuro; eu não garanto
Ao mesmo tempo canto
Em mágicas entrega
Depois vais e navegas
Restando a mim quebranto.
Amor por conta disso
Um solo movediço
Não sabe o que fazer,
De dia tanta intriga
A noite se desdiga
Num mar pleno em prazer.

419


Só posso agradecer
Os dias que vivemos
E nisto nós sabemos
As tramas do querer
Enquanto posso ver
Ou mesmo crer nos remos
Além naufragaremos
Num mar de bom prazer,
Mas quando a vida trama
Além da frágua e chama
Inundações diversas,
Em tantos oceanos
Esquecemos os danos
E logo desconversas.

420

Durante quase toda
A vida não pudera
Conter a dor mais fera
E o tempo tanto roda,
No quanto a vida açoda
E mesmo destempera
Ou quando degenera
Prepara nova poda,
Floresce depois disto
E tanto que persisto
Na primavera em nós
Que aquela dor imensa
Por vezes nos convença
Da paz em comum foz.

421

Andei por tantas sendas
Buscando tão somente
O grão, nossa semente
Aonde tanto atendas
E saibas e desvendas
O quanto se aparente
Ou até se apresente
Ainda quando estendas
As mãos em plena paz,
Mas logo assim se faz
O fim desta promessa
E o quadro em amor guerra
Aos poucos se descerra
E o todo recomeça.

422

Agora que encontrei
Em ti o quanto quis
E sei se sou feliz
Ou nada levarei
Do pouco que entranhei
O corte, a cicatriz
O amor quando aprendiz
Gestara a sua lei,
E arisco este moleque
Abrindo novo leque
Adentra os vendavais,
Depois busca a bonança
Às vezes não se cansa
Buscando muito mais.


423

Nos braços desta amiga
Que eu possa descansar
Sorver todo o luar
Depois de tanta intriga,
O quanto se prossiga
No imenso caminhar
E mesmo a divagar
Além do que eu persiga,
O risco após a porta
A natureza morta
A mão de Deus em paz,
E o amor que tanto quer
Sem ter um bem sequer
Às vezes é mordaz.

424

Viver passou a ter
Apenas um segredo
Aonde eu me concedo
Se eu tenho ou não prazer,
No quanto posso ver
O amor agora ledo
E nele sem degredo
Aprendo a conviver
Com ares e tempestas
Com dores, risos, festas
Em tantas noites vagas
Depois tão mansamente
Enquanto me atormente
Ao mesmo tempo afagas.


425

A vida, refeição
Da qual eu não me furto
E mesmo em qualquer surto
De guerra ou diversão,
Eu tento novamente
Sem medo e sem fastio
O tanto desafio
E gero nova mente
Descrente do futuro
Ou nele em plena aposta
O quanto já se gosta
No canto em que procuro
Transcende à própria vida
Vedando traz saída.

426

Não sei se tu percebes,
Porém seguindo alheio
Ao quanto fosse veio
E penetrando em sebes
Diversas, nobres, plebes,
Mas sempre sem receio
O coração anseio
E busco o que recebes;
No fundo amor nos guia
E quando a fantasia
Reinando sobre tudo,
Por vezes eu me iludo
Ou não, conforme o caso,
Porém de ti me aprazo.

427

Sorriso já voltou
Na face de quem tanto
Vencera ou num quebranto
Aos poucos se deixou
Levar e não notou
O passo que adianto
O medo diz do manto
Que a sorte desbotou.
O amor gerando a paz
Ou mesmo quando traz
Diversa sensação,
Explode em tom maios
E pleno de suor
Mergulha sem senão.


428

Ganhando uma amizade
Após as tantas brigas
E quando além prossigas
No amor que nos invade
O todo em qualidade
A vida; não consigas
Vencer as duras vigas
E nelas liberdade.
Resumo em verso e prosa
O quanto majestosa
A sorte em tal matiz,
E sei que sendo assim
Vagando de onde vim
Ao fim serei feliz.

429

O velho coração
Cansado de sofrer
Devora em bem querer
Os dias que virão,
Viva navegação
E nela passo a ver
O porto onde o viver
Gerasse a gratidão,
Mecânicas diversas
E nelas não dispersas
O amor que nos preside,
O tanto quando incide
A luz em tons sutis
É tudo o quanto eu quis.

430


E digo a todo mundo
O tanto que eu anseio
O amor no quanto veio
E nele me aprofundo
Se dele agora inundo
E bebo sem receio,
Outrora em devaneio
O sonho vagabundo.
Mas quero muito além
Do tanto que contém
O peito enamorado,
Viver a plenitude,
Mesmo quando se ilude
Ou traz um novo fado.

431

Que nessa dura vida
Depois do temporal
O mundo bem ou mal
A sorte desprovida
E mesmo que admitida
Em ar duro ou venal
Procura desigual
Caminho em rara ermida,
Rescindo este contrato
Aonde me desato
E gero novo rumo,
No amor que tanto tento
Viver o mais atento
Aos poucos me resumo.

432

Mergulhando nos mares
Diversos da emoção
Momentos que virão
E nele se notares
Verás falsos altares
Total profanação
Sem ter outra estação
Os mesmos vãos lugares.
Aprendo com o amor
A discernir a cor
De o tanto que inda resto
Embora a cada gesto
O todo se compor
A cada instante atesto.

433


Em busca da sereia
Tritão se faz alheio
Ao quanto em novo veio
A vida traz à areia
A fúria que incendeia
O mar onde permeio
Em gozo ou devaneio
E tento noutra teia
Tecer minha esperança
E nela já se alcança
O amor em plena ação,
Assim em mar imenso
Enquanto nela eu penso,
O tempo em viração.

434

Encontro, nos teus braços,
O quanto pude ainda
Enquanto a sorte brinda
Em passos ermos, laços
Diversos embaraços
Na teia onde deslinda
A solidão que, infinda
Ditando os seus espaços,
Mas quando amor se traz
Na fúria mais audaz
De quem deseja um dia
Ao menos mais feliz,
Encontro onde desfiz
A frágua em que se ateia.

435

Que sempre, nesses mares,
Diversos do meu rio
Aonde desafio
Além destes luares
Por onde mal notares
O amor que por um fio
Ausenta-se no estio
E vaga em vãos lugares.
Assíduo companheiro
E nele o mensageiro
De deuses e demônios,
Além dos tais hormônios
Amor ditando a sorte
Que mate ou nos conforte.

436

O sorriso gentil
Da amada quando sonha
Além a vida enfronha
E traça o que não viu.
O parto, o manto, o vil
Aspecto onde a medonha
Verdade já se ponha
Ou mesmo se previu,
Revela outro caminho
Deveras tão daninho
Ausente algum canteiro,
Mas quando vejo amor
E nele cevo a flor,
O sonho é verdadeiro.


437

A voz melodiosa
De um canto aonde um dia
O amor não cessaria
Estrada generosa
E nela a torporosa
Canção em harmonia
Ditando esta alegria
Ou mesmo espinho e rosa,
Pudesse ter além
Do quanto ainda vem
Rescaldo de um momento
Aonde com ternura
A sorte se procura
E nisto eu me alimento.


438

O manto das estrelas
Cobrindo mansamente
Quem tanto se apresente
Ao menos ao contê-las
Pudesse percebê-las
Além do quanto tente
E amar sendo freqüente
Deveras embebê-las
Na glória constelar
Aonde mergulhar
Em ânsias sem igual,
Vagando sem destino
Amor onde fascino
Invade o sideral.


439


Amansa calmamente
O coração febril
De quem nunca anteviu
O que jamais se ausente
No tanto ou penitente
O canto mais sutil
Encanto que se viu
No corpo onde freqüente
Amor sem ter medidas
Reinando sobre as vidas
Tomando o barco e o leme,
Quem sabe deste tanto
Deveras adianto
Na vida nada teme.


440

Que veio dos espaços
Os sonhos mais diversos
E neles os meus versos
Ditando velhos traços,
Resumo em meus cantares
Os olhos no horizonte
Buscando onde desponte
O amor que me entregares
E nele se traçando
Um novo e claro dia
Aonde eu poderia
Em ar suave e brando
Rever a minha história
Quem sabe, ao fim, a glória?


441

Trazendo no sorriso
Apenas o que tento
Vencer o sofrimento
Num passo mais preciso,
Diverso e até conciso
O risco em desalento
O mar onde freqüento
Risonho paraíso,
O tanto que se fez
E nele em altivez
Amor mergulha e doma,
O corpo se nutrindo
Do instante claro e lindo
Além de mera soma.


442

Agora nos teus braços
Depois de tantos anos,
Erráticos os planos
Os ermos velhos lassos,
Resumo em poesia
O tanto que te quis
E agora sou feliz
Bebendo esta utopia
Gerando um canto alegre
E nele outro caminho,
Se um dia fui sozinho
A sorte agora integre
O passo de quem vaga
Curando a dor e a chaga.


443


O mundo se promete
Sem nada a nos cobrar
Senão no caminhar
Aonde se arremete,
Se um dia fui grumete
Aprendo a navegar
Ganhando o imenso amar
Num fato onde repete
A sorte de outra dita
Agora necessita
Apenas mansidão,
O pranto e o farto medo,
Se amor eu te concedo,
Os sonhos mudarão.


444


Depois de tantas lutas,
Cansados deste vago
Na busca de algum lago
Aonde não relutas
E logo tu desfrutas
Carinho e em cada afago
O olhar sereno e mago,
As cenas nãos mais brutas
Os ermos deste encanto
E quando eu me adianto
Em luz atemporal
Eu sigo e não me canso
Buscando este remanso
Do amor consensual.

445

De amores e de luzes
O sonho mais fecundo
Aonde me aprofundo
E tanto reproduzes
Momentos sem as cruzes
Num ermo vagabundo
Girando pelo mundo
E nisto me conduzes
Gerando em passo imenso
O amor onde compenso
As dores de outras eras,
Somando além do todo,
O quanto fora lodo
Gestando primaveras.

446

Pergunto sem resposta
A quem puder me ouvir
Se às vezes há por vir
Aonde a sorte exposta
Não mostra e se desgosta
Do quanto faz sentir
Marcando ou impedir
Que tenha alguma aposta
No amor onde se molda
O todo que se solda
Em firme congruência,
No tanto ou pouco mais,
Enfrento os tão venais
Delírios em clemência.

447

Por que me detiveste
Depois de tantos dias
Aonde não sabias
Sequer o quanto agreste
O mundo que me deste
Em dores e agonias
Agora em fantasias
O medo se desveste,
E rumo ao grande amor
Embora saiba bem
Dos ermos que contêm
Em gozo e dissabor,
Mas quero e nada impede
Amor que não se mede.


448

Agora não me sai
Sequer do olhar atento
O mundo aonde invento
E sei quanto não trai
Quem luta e sem descanso
Vagando noite imensa
Encontra a recompensa
No braço onde eu alcanço
A intensa floração
Do amor em nova senda
E nisto já se entenda
A vida sem o vão
Abismo que eu criara
Em mim, como uma escara.

449

Sem teus braços, me sinto
Vagando pelo nada
E tento nova estada
E mesmo estando extinto
O sonho onde me pinto
Ou rumo em desolada
Manhã já destroçada
Num tempo em sangue, tinto.
Mas quando amor refaz
O todo e molda a paz
Aonde a guerra havia,
Restando solitário
O medo em passo vário
Explode em poesia.


450

Nos tempos mais felizes
Aonde eu me entreguei
À bela e nobre grei
E nela já me dizes
De antigas cicatrizes
Por onde caminhei
E nada mais terei
Sequer as velhas crises,
Singrando em amor puro
E nele eu já procuro
Apenas mansidão,
Depois de tantos erros
A vida em tais desterros
Traçando a solução.


451

Jornadas pelos mares
Diversos do meu eu,
Aonde se escondeu
O quanto procurares
E nestes vãos lugares
O canto se esqueceu
E o mundo se verteu
Gerando os seus altares,
Aprendo com a queda
E nada mais se veda
Nem mesmo o labirinto
Do amor que agora entranho
Deveras dita o ganho
A paz, enfim, pressinto.

452

A lua se escondendo
Em brumas, nuvens, medos,
Assim os meus degredos
A vida me envolvendo
E sem qualquer adendo
Resumo os meus segredos
Em dias mortos, ledos
Ausência enfim desvendo.
Porém no amor maior
Resisto e sei de cor
Os vários caminhares
Porquanto tu notares
O quanto sempre anseio
Em ti, da messe, o veio.


453

Guardando seu sorriso
Eu tento imaginar
Aonde te encontrar
Num passo mais preciso,
E tanto em prejuízo
A vida a se mostrar
Na ausência de um lugar
Deveras mais conciso,
E sei que apenas isto,
O amor no qual persisto
Talvez redima o fato
E nele me retrato
Vencendo os meus tormentos
Em olhos mais atentos.

454


Depois chegou a noite
E nela o vento frio
Aonde desafio
O corte que me açoite
E vejo o quanto posso
Vencer o medo enquanto
O passo até garanto
Não sendo mais destroço
O quase ser feliz
Já não suporto mais
Ou tantos vendavais
Ou tudo o que mais quis,
Não tendo mais medida
Amor regendo a vida.


455

Ruíram meus castelos
Depois dos terremotos
E dias mais remotos
Outrora fossem belos
E neles o que tento
Ainda acreditar
Na força do luar
Na mansidão do vento,
Quem sabe noutra face
O amor seja infinito
E quando eu acredito
Assim também já grasse
No peito de quem sonha
A vida mais risonha.


456


Os beijos tão amargos
De quem se fez ausente
E agora até que tente
Em dias longos, largos
Vencer os temporais
E crer nesta bonança
Aonde a paz alcança
E dita o nunca mais,
Mas sei quanto é sutil
O tempo em duro outono,
Assim neste abandono
O mundo já me viu,
Quem sabe em mundo vão
Um amor temporão?


457

Invadiram marcaram;
Feriram quem puderam
E quando desesperam
Os dias escancaram
Ausências e temores
Terríveis medos; vejo,
Porém no benfazejo
Caminho dos amores
Matiz em tom mais claro
Aonde foram grises
Permitam pós as crises
O amor que ora declaro
E tramas no teu sonho
E nele o meu componho.


458

Depois cicatrizando
As tantas vãs feridas
E nelas percebidas
Um dia bem mais brando
Quem sabe, desfiando
Aonde não agridas
As horas concebidas
Os medos, ledo bando
Vagando sem destino,
No amor se me alucino
Encontro a provisão
Que tanto imaginara
E nela a sorte rara
Ditando outra estação.

459

Tu chegas e pergunto
Porquanto me cabia
Saber se mesmo o dia
Traria ora em conjunto
O mesmo ou novo assunto
Aonde a poesia
Pudesse e me daria
Seguindo sempre junto
A quem se fez além
Do todo que convém
Lutando por um tempo
E nele em contratempo
A sorte nega a messe
Que amor, teimando, tece.



460


Eu peço tanto a Deus
Apenas um momento
E nele me alimento
Sem ter sequer adeus
Vagando em duros breus
Diversos sofrimentos
E quando os pensamentos
Também já forem teus
Quem sabe neste tanto
Amor onde eu garanto
Um dia mais tranqüilo
Deveras nos domine
E assim tanto fascine
Nos ermos que desfilo.

461


E deixe que eu prossiga
Depois da tempestade
O quanto ainda agrade
A sorte tanto amiga
De quem quer e consiga
Enfim a liberdade
Viver felicidade
A sorte em firme viga,
Riscando assim meu passo
No quanto ainda faço
Dos tantos que procuro,
O amor onde se trama
E nele em plena chama
O dia nunca escuro.

462

Nascida desse amor
A vida não teria
Sequer outra harmonia
E mesmo em clara cor
Viceja este esplendor
Além da teoria
No quanto poderia
Vencer o dissabor
Assim ao ter em nós
Mantendo a mesma voz
O sonho mais audaz,
O manto se descobre
E o coração mais nobre
Agora em plena paz.

463


E nega por si só
O corte, o medo e a fúria
O amor sem mais lamúria
Jamais se faz do pó,
E tento outro segredo
Segrego a tempestade
Na sorte que me invade
No passo onde concedo
Além de meramente
O todo se transforma
E nesta bela forma
Amor nunca desmente
E vive em paz e tento
Senti-lo em brando vento.

464


Eu peço tanto ou mais
O quanto poderia
Viver em alegria
Em tais mananciais
Do amor em rituais
Na noite outrora fria
Agora a poesia
Invade os meus portais
E doma com nobreza
O quanto fora presa
Da sorte em ar nefando,
Amar é ter no olhar
Além do imaginar
O mundo transformando.

465


Para que eu possa crer
Nos dias mais diversos
E neles os meus versos
Ditames do prazer
Trouxessem teu querer
Reinando aonde imersos
Presumo os universos
Que tanto quis poder,
Sentir o amor enfim
E tê-lo dentro em mim
Redime cada engodo,
E tantas vezes sinto
Enquanto estava extinto
Imenso e como um todo.

466

Que eu seja nessa vida
Além de um mero sonho
No verso que componho
Quem sabe uma saída
Ou mesmo não me agrida
O mundo atroz, medonho
E quando for risonho
Na sorte presumida
Permita outro caminho
E nele me avizinho
Enquanto em versos sigo
O manto mais sagrado
Do amor imaginado
E nele o vento amigo.

467

Pretendendo evitar
A queda aonde um dia
Pensara em poesia
Ou mesmo num luar,
O amor a se tomar
E nele poderia
Vencer a hipocrisia
Sem ter que nem lutar,
Vestindo esta beleza
Em ares de nobreza
O coração se faz
Além do que mais pude
Trazendo a juventude
E o passo mais audaz.

468

Eu peço tanto a quem
Pudesse me trazer
Além do bem querer
O todo que contém
O manto noutro alguém
E neste belo ser
O amor fortalecer
Gerando eterno bem,
O risco eu deixo atrás
O manto em gozo e paz
Agora toma a cena,
Amor se traz encanto
E nisto me adianto
A vida é mais serena.


469

Que o sonho mais sofrido
Deveras não nos tome,
E quando a sorte dome
Gerando outro sentido
O tempo dolorido
Aos poucos já se some,
No amor ausente fome
No olhar sonho assumido.
O canto em liberdade
O céu e a claridade
Igualitária senda
Aonde se progrida
E torne nossa vida
No amor que a tudo atenda.

470


O sonho de viver
O amor sem medo agora
No quanto já se aflora
E sinto amanhecer
O canto a se tecer
A vida que demora
No peito onde se ancora
As sendas do querer,
Resumo em verso e canto
O tanto que garanto
Ou mesmo além de tudo,
Restando dentro em mim
O amor que quero e enfim
Com ele, eu me transmudo.

471

E tenha, todo dia
Além do mais constante
Caminho onde garante
O canto e a poesia
Vestindo esta alegria
E nela doravante
Viver o que adiante
O mundo onde tecia
A sorte mais ousada
Em luz irradiada
Tomada pelo imenso
Delírio em claridade
No amor que nos agrade
Eu tanto quero e penso.


472

Embora tanto tempo
Não possa saciar
Vontade de luar
Ou mesmo contratempo
Resumo em verso e canto
O todo onde pudera
Apascentar a fera
E sem qualquer espanto
Vestir tal fantasia
Por tanto que te quero
E sendo mais sincero
Amor não negaria
O todo que aprouver
No olhar desta mulher.


473

Nas preces que dedico
E tento discernir
O amor como elixir
E nele sendo rico
O tanto que me explico
Ou mesmo hei de pedir
Enquanto te sentir
O canto eu glorifico,
Razões para a promessa
Do amor que se professa
Sem medo ou sem pudor,
Vencidas correntezas,
As sortes sem surpresas
A vida em teu calor.

474


É tão tarde amor
A noite em madrugada
Somente na calada
A ausência de temor,
O corte, o medo e a flor
A vida em tal florada
Manhã já desvendada
E o gozo sem pudor,
Açoda-nos delírios
E deixo os velhos lírios
Deste jardim ausente
Marcados numa instância
Aonde em discrepância
O amor nos alimente.

475

A noite está tão fria
Na ausência de quem tanto
Pensara e te garanto
Agora não veria,
O manto recobria
A vida em tal quebranto
E nisto em vago espanto
Restando esta agonia.
Mas quando amor impera
E rege a primavera
Traçando outro cenário,
O quanto fora ausente
Agora se fomente
Além do imaginário.


476

Minha alma na tua alma
O tempo noutra face
Aonde quer que eu grasse
Lembrança em paz me acalma
E gera esta constante
E sóbria maravilha
E nela a sorte trilha
Num passo que adiante
Vertendo em claridade
O quanto pude outrora
A vida agora ancora
No quanto mais agrade
E sei do manso cais
Após os temporais.

477

Depois que te encontrei
Já não pudera ver
O quanto em desprazer
Havia em tosca lei
E quando poderei
Sentir o teu querer
E nele todo o ser
Em paz eu mergulhei
Ourives da promessa
Amor sempre se expressa
Em voz forte e potente,
No quanto que desejo
Além do benfazejo
Delírio onde se atente.

478

Eu vejo pelos olhos
Reflexos dos desejos
E neles são sobejos
Canteiros sem abrolhos,
As urzes e as daninhas
Comuns no meu jardim,
Agora vejo enfim
Que não serão mais minhas,
Restando esta promessa
De um novo alvorecer
E nele o florescer
Aos poucos recomeça
E a primavera em paz
Que amor trama e nos traz.


479

Nos olhos da esperança
O canto da promessa
E nisto se confessa
O amor quando se lança
E vence em confiança
E assim na paz se expressa
Vagando sem ter pressa
E dita a vida mansa,
Arcando com meu sonho
No encanto em que componho
O verso mais feliz,
Eu vejo a sorte imensa
E nela se compensa
O amor que eu sempre quis.


480


As dores no meu peito
Não deixam que se veja
A sorte benfazeja
Assim quando me deito
Deveras me deleito
E a sorte que se almeja
No fundo sempre seja
Do amor mais que perfeito,
Acordo e te pressinto
Vagando em sonho e instinto
Restando em abandono,
O corpo busca a foz
Procura tão atroz
Após o manso sono.

481


Meu mundo no teu mundo
Reflete o que eu pudera
Sabendo o quanto espera
Um peito vagabundo
E quando me aprofundo
Nas ânsias da quimera
O corte se tempera
E nele me confundo,
Mas quando amor se traz
Em farta e rara paz
Resume a vida inteira
Num ato mais tranqüilo
O todo já desfilo
Aonde amor me queira.


482

E quando a solidão
Deitando sobre nós
Transfere a vida após
E nega a direção,
As horas, o sermão
O manto em tom atroz
A fúria de um algoz
O mundo em negação,
Porém amor redime
E gesta este sublime
Caminho e imirjo além
Do quanto me continha
A noite sendo minha
O amor deveras vem.

483

Lembro-me deste olhar
Além noutro horizonte
Aonde desaponte
O mundo a trafegar
As ânsias a vagar
Quem tanto quer a fonte
E nada mais confronte
Senão tentando amar,
O raio luminoso
Do olhar maravilho
Perdido sem destino,
Mas quando a vejo assim,
O amor reinando em mim,
Vontade eu não domino.


484

Sinto que nessa vida
Depois de tanta luta
A sorte não reluta
E tanto quanto acida
Permite a despedida
E mesmo sendo astuta
A sina não desfruta
Dos bens desta saída,
E busca claramente
Amor que ainda tente
Vencer os meus temores,
E nesta poda eu vejo
O sonho mais sobejo
Gerando novas flores.


485

Pois trazes minha sina
Em riscos e falácias
E quando em tais audácias
A messe não domina,
Fortunas tão diversas
E nelas não se vendo
Além deste remendo
Aonde teimas, versas
E tendo outro caminho
Perpetuando a luz,
No quanto se conduz
Por vezes mais daninho,
Mas quando o amor me invade
Não vejo qualquer grade.

486

Mas saiba que a saudade
Não deixa mais um rastro
E além quando me alastro
O coração mais brade
E gere na verdade
O sonho como um lastro
Cinzel neste alabastro
Gestando claridade
Eu quero e te prometo
O amor, outro soneto,
Quem sabe a melodia
Por quanto sou feliz
E amor não contradiz
O quanto se queria.

487


Por isso fique aqui
E saiba da verdade
Do amor quando me invade
Trazendo o que eu perdi,
No tanto conheci
O manto em liberdade
Regendo a claridade
Que sei haver em ti,
Fortuna, dita, messe
O passo se obedece
Traduz outro cenário,
Amor é necessário
E vence este corsário
E o norte não esquece.

488

Espero que te encontre
Após a tempestade
O amor quando me invade
Ou mesmo desencontre
O rumo aonde vá
E trace sem sentido
O tempo resumido
No quanto ou desde já
Vestindo esta mortalha
Resisto o quanto posso,
Mas sendo o amor tão nosso
A vida em si batalha
E doura meu caminho
Matando algum daninho.


489


Envolta nessa luz
Que tanto me irradias
Gerando as fantasias
E nisto já me pus
Sentindo em contraluz
As tantas agonias
De velhos, torpes dias,
O quanto não seduz,
Meu passo rumo ao farto
E nada mais descarto
Nem mesmo a ingratidão,
Mas quando o amor alcanço
Eu sinto este remanso
E as horas que virão.

490


Sabendo que trarei
A paz a cada verso
No quanto vou imerso
Vagando em tua grei
E assim comemorei
O amor neste universo
Aonde de perverso
Em paz renovarei,
Galgando muito além
Eu sei que sempre tem
O amor este poder,
E nada mais sossega
Uma alma outrora cega
Que agora passa a ver.

491


Que nasce do meu peito
A sorte mais audaz
E nela tanto traz
O canto onde me deito
No gozo mais perfeito
Caminho em plena paz,
O risco não se faz
Se em ti eu sou aceito,
Eu quero esta benesse
No amor que estabelece
O passo rumo ao tanto,
E nesta imensidão
As horas mostrarão
O sonho que garanto.


492

Não quero mais viver
A ausência dolorida
Há tanto pressentida
Na ausência de um querer,
O quanto em ti quis ver
Além da própria vida
A glória resumida
Nas tramas de um prazer
Que seja além do sonho
Do verso que componho,
Realidade intensa,
Assim qualquer degredo
Ou mesmo desenredo
Amor deveras vença.

493

Em cada novo canto
Que possa ainda em nós
Reinar e ditar voz
E assim já não me espanto
No passo que adianto
Em rumo à mesma foz
Deixando além o atroz
Caminho de um quebranto,
Necessitando apenas
As horas mais serenas
Condenas ao delírio
Quem tanto num martírio
Vivera e agora tem
No amor, o imenso bem.

494

Percebo que viver
Sem ter qualquer temor
E crendo neste amor
Aonde converter
O rumo do meu ser
Num ar alentador
No olhar o refletor
De um raro amanhecer
Assim em ti farol
E tomas o arrebol
Com força imensa e domas
Os medos que eu trazia
A vida em sincronia
Gerando mais que somas.


495

Deixa-me cada vez
Feliz quando te vejo
E sei do benfazejo
Caminho aonde vês
O sol que tanto crês
E sei quanto este ensejo
Traduz nosso desejo
Imensa insensatez
Beijar a tua pele
Ao tanto me compele
E sou bem mais audaz,
No amor sem ter medida,
Assim a minha vida
Encontra em ti a paz.

496

Da beleza que adentra
No olhar quando procura
Em noite mesmo escura
O amor doma e concentra
A força mais sobeja
E nesta sorte creio
Vencendo algum receio
O quanto se deseja
Amar e ser feliz
Cerzindo em luz intensa
O quanto nos compensa
O sonho aonde eu fiz
Meu Eldorado em ti
E nisto eu me perdi.


497

Da alegria que insere
O sonho em vida e fonte
O quanto já desponte
Nem mesmo se interfere
O medo destempere
E parta a velha ponte,
Reinando no horizonte
O sol que também fere.
Amar e ter certeza
De um dia mais contente
Ou mesmo se fomente
O manto em tal nobreza
Reinando em paz ou guerra
O amor já nos encerra.

498


Viver da fantasia
E ter no olhar o brilho
Nas tramas onde trilho
O sol dominaria
Gerando em alegria
O canto em estribilho,
Jamais um empecilho,
O tanto impediria,
Eu te amo e na verdade
O quanto mais agrade
À voz de quem se entrega
Cenário mais bonito,
Agora eu necessito
E o sonho em mim navega.

499

Em tudo o coração
Trazendo em tom maior
O canto que de cor
Ditara esta canção
E sei desta ciranda
Aonde a lua deita
E quando satisfeita
O coração desanda
E marca num compasso
Diapasão dos sonhos
E neles os risonhos
Caminhos que ora traço,
Uníssona cantiga
Que enfim, amor consiga.

500

Permita que eu desfrute
Do todo ou mesmo um gole
Do amor quando se bole
E nunca mais relute
Vagando em fartas sendas
E nelas florescências
Trazendo em tais essências
Delírios onde entendas
A voz deste cantor
Que tanto te queria
E nela a poesia
Traçando em paz o amor,
Em nobres madrigais
Amores magistrais.

501


Bem mais que simples dia
Um lírico cantar
Trouxesse ao teu pomar
O encanto onde teria
A sorte em ousadia
O vento a nos tocar,
O sol, mesmo o luar
A mansa melodia
Em sintonia agora
O quanto nos decora
Em raio iridescente,
Viver esta emoção
E crer na decisão
Que em nós já se apresente.



502


Por mais que se perceba
O amor em várias faces
Por onde quer que passes
O olhar já te conceba
Diversa da verdade
No amor a plenitude
E quando nos transmude
Ou rude nos invade
Transborda em fantasia
E traz esta esperança
Aonde já se alcança
Além do que se via,
Amar é ter no olhar
Além de céu e mar.

503


A vida que promete
O amor ensandecido
Já faz nem sentido
E ao farto me arremete
No fundo não compete
A quem adormecido
Sonhar além libido
Negando alguma enquete
Vagando sem perguntas
E nisto sempre juntas
As almas que se dão
No todo em pleno amor,
E quando sei sabor
Adentro a imensidão.

504

De tudo o que sonhamos
Ou mesmo se queremos
Olharmos; percebemos
O quanto desejamos,
E nesta imensidade
Jamais se encontra aquém
Até do que contém
E embora desagrade,
No fundo amor renega
Qualquer erro e prossegue
Estrela onde trafegue
Deveras brilha e cega
Impede algum juízo,
Só busca o Paraíso.

505

Espero poder ter
O canto em consonância
A festa em abundância
Nas tramas do querer,
E assim a cada estância
O todo posso ver
Gerando o amanhecer
Sem medo ou discrepância
Resumos desta vida
No quanto fora urdida
Apenas pelo sonho,
Invisto na promessa
E o encanto se endereça
A quem hoje eu componho.


506


Não tenha mais o medo
Nem mesmo a sensação
Da turva imensidão
Do sonho agora ledo
Se tanto me concedo
Os dias que verão
O amor em solução
No fundo sem segredo,
Reúno em verso e canto
O quanto te garanto
Não posso mais conter,
Assim a cada fato
O amor mesmo insensato
Deveras dá prazer.


507

E dias houveram
Em que minh'alma não queria acordar...
E as forças contrárias à vida emergiram.

No mesmo instante,
Ternos braços se fizeram presentes
Envolvendo-me em fé e esperança...

Dos dias da tristeza,
Fiz lindos versos de poesia
Das dores, lindas melodias...

E do Amor que há em mim
Fiz floreiras nas janelas d"alma
E espalhei o perfume das flores pelo jardim!

Helena Grecco




Eu não te deixarei
Deveras sou inteiro
E sei do jardineiro
Que adentra nesta grei
Vagando, eu te encontrei
E neste teu canteiro
O amor é mensageiro
Ao mesmo tempo, lei.
Floradas, primaveras
E sempre assim geras
Imensas maravilhas,
Meus olhos te seguindo
Cenário claro e lindo
Por onde sei que trilhas.


508


De pernas pro ar

Viver junto a ti
Raros momentos
No universo da poesia
Causa-me fascínio!
Permito-me ser
Desvairadamente
Louca!
O oposto do que realmente
Sou!


REGINA COSTA


Por isso meu amor
A vida nos ensina
Enquanto determina
Em farta e vária cor
Aonde quer e for
A sorte em nova mina
Jamais eu sei termina
E vibra com vigor
Em consonante canto
Deveras eu me encanto
E quero sempre mais,
Beber de tua essência
Amor gera a demência
E aplaca os vendavais.



509


Posso tudo,
Ainda que na imaginação,
Não importa;
Quero viver
Toda magia que minha
Mente FODÁSTICA
É capaz de criar,
Rabiscar,
Desenhar,
Pintar,
Borrar,
Musicar...
Com você!
REGINA COSTA

Contigo em meu caminho
A vida se permite
Além de algum limite
No quanto me avizinho
Do paraíso e aninho
Meu passo onde palpite
O coração se agite
Jamais siga sozinho,
Esbarro no infinito
E sei que necessito
De toda esta delícia
E bebo até fartar
O bem de tanto amar,
No olhar feito em carícia.


510
Por sendas tão diversas
Encontro os meus desejos
E sei dos azulejos
Aonde adentras, versas
E quando desconversas
Em dias mais sobejos
Pudesse em benfazejos
Caminhos, mas dispersas
E os rumos congruentes
Agora não mais tentes
E matas o que eu busco
No sonho tanto audaz
Enquanto amor se faz
O céu não vejo fusco.

511

Sabendo bem das dores
Que tanto maltrataram
Os olhos procuraram
Diversas, tantas flores
E sei dos dissabores
Aonde se notaram
Os dias escancaram
E matam os amores,
Mas quando se percebe
A lua adentra a sebe
E gera novo brilho,
Assim ao te sentir
Vibrando no porvir
O mundo em paz, palmilho.

512

Não temo mais as trevas,
Nem mesmo os temporais
Sabendo deste cais
Aonde tu me levas
As sortes tão longevas
Os dias sensuais
As noites pontuais
E assim amor tu cevas,
Espero a cada instante
O quanto se adiante
O passo rumo a ti
E bebo da ventura
Aonde se procura
O amor que eu descobri.

513

Pois todos os meus medos
Não são por desamor
Assim como se por
O olhar em tais segredos
Vencendo os desenredos
Matando o dissabor
Sabendo sempre a cor
Do sonho em tais enredos,
Restando vivo em mim
O amor que não tem fim,
Somente eternidade;
Expresso em fantasia
O quanto te queria
Na voz quando alto eu brade.

514

Bem sabes dos castelos
Gerados pelos sonhos
E neles os risonhos
Caminhos sempre belos,
Assistem ao que agora
Prometo e mais anseio
O amor já sem rodeio
A força onde se ancora
O rumo dita a messe
E doma esta fortuna
Amor se coaduna
E tantas luzes tece
Gerando dentro em mim
Querência em bom jardim.

515

Por eles, por amor
Jamais eu poderia
Saber desta agonia
Ou mesmo em tal pavor
Se eu sendo um sonhador
Quem sabe noutro dia
A voz em alegria
O mundo em nova cor,
Agrisalhado sonho
Aonde decomponho
O passo rumo ao nada.
Viceja esta esperança
Aonde amor alcança
E rege a nossa estrada.

516

Eu te amo, não consigo
Negar o meu desejo
E quando assim te vejo
Alheia, eu já persigo
O sonho mais amigo
E nele este azulejo
Por onde benfazejo
Caminho gera o abrigo,
Restara deste encanto
Apenas o quebranto?
Não sei e na verdade
O amor que agora tenho
Em novo e bom desenho
Talvez, quem sabe, agrade?


517

Se tudo em que mais penso
É ter bem junto a mim
O amor que sei sem fim
E nele tanto imenso
Caminho onde compenso
A marcha de onde vim
Acende este estopim
Em fogaréu intenso
Arisco pensamento
Quem sabe noutro alento
Perceba quanto quero
E sendo o amor tão fero
Não deixa que se creia
Na sorte ausente, alheia.

518

Em todos os momentos
Eu posso até pensar
Nas teias de um luar
E nele sei dos ventos
Deixando estes tormentos
Aonde o caminhar
Pudesse desenhar
Apenas desalentos,
Amante coração
No quanto diz verão
Já sabe muito bem
Do todo que se farta
E nisto não aparta
O sonho quando vem.

519

Sublime é que possamos
Vencer os medos quando
O amor se transformando
Em novos, podres ramos
Ou mesmo deformamos
Os dias, num infando
Caminho desvendando
O quanto não sonhamos,
Mas sei que tento em ti
O amor onde senti
O mar de imensa luz
Meu canto se traduz
No verso em contraluz
Cevando o que eu colhi.

520


Eu te amo na total
E pura realidade
Sem medo do degrade
Nem erro que fatal
Impeça o sempre igual
Desejo onde se brade
A sorte em qualidade
E sei consensual
Desenho onde se entranha
E sabe a nossa sanha
Conhece cada passo,
Assim contigo além
Do quanto sei que tem
O amor deveras, traço.

521


E também nos momentos
Distantes, solitários
Eu vejo os temerários
E vagos desalentos
Quem sabe nos tormentos
Aprendam solidários
Caminhos necessários
Vencendo assim os ventos.
O amor já determina
Razão de fonte e mina
Porquanto gera em si
O todo que transforma
E tendo o sol por norma
Brilhante, eu conheci.

522

Nesse amor aonde agora
Fortuna diz do quanto
O passo eu adianto
No rumo onde decora
A vida revigora
E o passo eu agiganto
E sei do claro manto
Que enfim aqui demora,
Acolho em verso e luz
O todo que conduz
Ao vário caminhar
Na essência do meu verso
Deveras sempre verso
Aos braços deste amar.


523

A razão que alimenta
O tempo sem anseios
Percebe em tons alheios
A vida mais sangrenta
E logo dessedenta
A sorte sem rodeios
E os dias tomam veios
Aonde se apascenta
O amor quando desnudo
Deveras traz em tudo
A rara poesia,
E sinto esta florada
Na noite imaginada
Na qual eu te teria.


524

Eu te amo, não perguntes
Já não precisa até
Sabendo com a fé
Os sonhos quando juntes
E vejas plenamente
No olhar que fixo agora
Percebe e se decora
No amor onde apresente
A solução e apenas
A dita mais sublime
E nisto se redime
Em noites mais amenas
Os tantos dissabores
De antigos desamores.

525


Pois Saibas simplesmente
O quanto te desejo
E nada em benfazejo
Caminho se violente
No tanto que apresente
Um ar raro e sobejo
Aonde enfim prevejo
O amor completamente.
Não tendo nova agenda
E nada mais se estenda
Além deste horizonte
O quase não traduz
Sequer mínima luz
Se amor não for a fonte.

526

Procuro explicação
E nada encontro quando
O mundo renegando
A vária dimensão
Por onde moldarão
Caminhos desenhando
O tempo decorando
Em árdua sensação,
Mas vago pelo rumo
Do amor que ora consumo
E vejo mais perfeito
Cenário construído
No templo resumido
No sonho quando deito.

527

Se Tudo que desejo
Não passa deste sonho
Aonde ora componho
Um mundo onde o verdejo
Domina o quanto vejo
E deixa este medonho
Cenário mais bisonho
Em velho e duro ensejo.
Restando esta promessa
Do amor onde confessa
O riso, o risco, e o gozo,
Assomam-se delírios
E sei dos vãos martírios
Num tempo caprichoso.

528

E saibas que por certo
O tanto quanto quero
E sei do manto e espero
Meu mundo em céu aberto,
Amor quando o venero
Ausente algum deserto
O sonho já desperto
E deixo atrás o fero,
Eu sei e quando vem
O olhar em farto bem
Resumos de outros erros,
Não quero mais segredos
Tampouco desenredos
Nem mesmo outros desterros.


529

Gritando a todo o mundo
O quanto quero mais
Do amor em magistrais
Delírios e me aprofundo
Cenário aonde inundo
Em ricos vendavais
Trazendo em madrigais
Amor tão vagabundo,
A dama, esta princesa
Agora com surpresa
Escuta a serenata
Aonde o mero pária
Em alma clara e vária
Os sonhos arrebata.

530

É por amor que tento
Trazer o verso enquanto
O sonho em desencanto
O medo em que atormento
O rumo e o sofrimento
Decerto num quebranto
E sei quando agiganto
O amor no pensamento,
E singro este oceano
E quando só me dano
Não quero outra vertente
Senão esta que leva
Ao sonho em rara ceva
Por mais que penitente.

531


Em meio a tantas flores
Canteiros da esperança
O passo quer e avança
Seguindo sem te opores
E sei por onde fores
Ali a confiança
Gerando esta aliança
Sem trevas ou temores,
Servindo ao grande amor
E nele sem pudor
Cerzindo o meu futuro
Ainda que sombrio
O canto eu desafio
E em luzes me afiguro.

532


Guiado pelos raios
Do sol que me trouxeste
Mesmo num tempo agreste
Exposto aos vãos desmaios
Olhando estes lacaios
Caminhos que me deste
E neles outro teste
Apenas nos soslaios
E neles beijo a sorte
No tanto que comporte
Ou mesmo quando sabe
O amor não tem remédio
E sigo em louco assédio
A mais do que me cabe.

533


O brilho que domina
Seara mais tranquila
Amor além desfila
E bebe desta mina
Aonde determina
O quanto já destila
E neste tanto instila
A sorte à que destina
O passo mais atroz
Ou mesmo em nova voz
A consonância existe
Amante coração
Em sonhos a versão
Do encanto posto em riste.

534

É por amor que sigo
O passo; aonde vás
E sei o quanto audaz
Viver em raro abrigo
E sei do vento amigo
Por onde sorvo a paz,
E quando além mordaz
O canto diz castigo
No amor me dessedento
E bebo o sentimento
Até me inebriar
Sorvendo cada gota
Minha alma outrora rota
Já sabe do luar.


535

Estrela que ilumina
Um céu outrora opaco
E quando em ti aplaco
A dor quando alucina,
Recebo em luz a sina
E nela embora fraco
O rumo traço e atraco
O barco onde fascina
Sem ranço do passado
O dia iluminado
Sem ser duro ou solene,
Amante cavaleiro
No quanto é mensageiro
Do amor que nos serene.

536


És tudo no meu céu
Além do que eu pensara
A noite em ti é clara
O mundo não cruel
Seguindo assim ao léu
O risco não declara
A sorte se escancara
E traça um novo véu
Azulejando a vida
E nela pressentida
Fortuna mais sublime
Amor quando entorpece
Além de qualquer prece
Dos males nos redime.


537


Trazendo uma ilusão
Aonde quis outrora
A dita se demora
Nos dias que virão
Trazendo a sedução
E nisto nos aflora
O encanto se assenhora
De um mundo em floração,
Vestindo esta beleza
Em luzes consonantes
E tanto me adiantes
O passo em tal certeza
Levando ao mesmo cais
Em ritos divinais.

538

É por amor que adentro
Os mares em procelas
E quando me revelas
O tempo onde concentro
A força e esta vontade
De ser bem mais feliz,
Gerando aonde eu quis
O encanto e nele brade
A voz em tons mais firmes
Vagando sem destino
No quanto me alucino
E logo reafirmes
Vontades mais audazes
E nela os sonhos trazes.

539

Em busca de teus cantos
Sereia do meu sonho,
O mundo que proponho
E neles teus encantos
Servindo em raros mantos
Diverso do enfadonho
Aonde em tom medonho
Soubera dos quebrantos
Arisco coração
Agora em dimensão
Maior do que pudera
Sedento de alegria
Em ti já saberia
Reviva primavera.


540

Vivendo nosso amor
Sem nada que o maltrate
A sorte diz do engate
Deveras sedutor
Aonde em brilho e cor
O tempo já nos ate
E sendo assim retrate
O raro de um sabor,
Sabendo e tendo assim
O todo dentro em mim
Num ato mais audaz,
O risco não se vendo
Amor dito estupendo
Deveras nos apraz.

541

Coração quando cisma
Não tendo mais quem dome
O quanto quer e some
Gerando imenso prisma
Mosaico de emoções
Caleidoscópio insano
No quanto já me dano
E nele tu te expões
Dispersas harmonias
Ou mesmo em verso igual
Amor se magistral
Gerando poesias
Transcende à própria vida
Eterna luz seguida.

542

Nas curvas deste rio
As margens são diversas
E ali porquanto versas
Em tanto desafio
Progrido e assim desfio
Além nossas conversas
E quando tu dispersas
Em dor e desvario
O marco feito em luz
Deveras reproduz
Silente maravilha,
Aonde amor transita
A noite é mais bonita
A lua em paz polvilha.

543

Amar e ter em mente
O todo que se quer
Na forma da mulher
Também o que se sente
Embora se freqüente
O rito em tom qualquer
Não tendo outro sequer
Caminho onde apresente
O passo mais veloz
Sabendo dentro em nós
Dos nós e das promessas
No amor a fonte e a foz
O canto mais atroz
E nele não tropeças.

544

Consortes na emoção
Uníssona vontade
O amor em claridade
Ditando a direção
E nele a formação
Do sonho que me invade,
E sei da ausente grade
E bebo esta amplidão
Sorvendo com prazer
O tanto em bem querer
Que posso imaginar
Deveras já me puna
Jogando sobre a duna
As ondas do meu mar.


545

Amar quem não devia
Porquanto sonhador,
Gerando a falsa flor
Que não perfumaria
A vida em alegria
E nela o trovador
Vagando sem rancor
Apenas agonia.
Mas quando se concebe
O amor onde se bebe
A fonte mais perfeita
Cerzindo em luz sublime
O quanto mais estime
A sorte se deleita.


546

Às vezes dá vontade
De ter apenas isto.
O quanto ainda insisto
E sei da liberdade,
Vereda onde a saudade
E nela não resisto,
Presume este benquisto
Caminho intensidade,
Aprendo com o engano
E quando além me dano
Não quero nem saber
Amar de novo e até
Jamais perdendo a fé
Num tempo em bel prazer.

547

Matando esse infeliz
Que um dia se fizera
Enfastiada espera
Além do quanto eu quis
Sabendo a cicatriz
E nela a dura fera
Gerando o que tempera
A vida em tom mais gris,
Resíduos de outros dias
E neles não verias
As sombras do que agora
Amor teima e progride
No passo onde decide
O novo já se aflora.

548


Meu coração teimoso
Já não sossega e sabe
Bem antes que se acabe
O quanto é caprichoso
Caminho pedregoso
E nele assim desabe
O resto onde me cabe
Ou mesmo em tenebroso,
Somente amor me sana
E nesta fúria insana
Jamais pude saber
Das tramas mais audazes
Que tanto tu me trazes
Talvez a me perder.

549


Das dores que os amores
Não deixam pra depois
O rumo de nós dois
É feito espinho em flores,
Restando esta verdade
Não vejo o que temer,
O quanto do prazer
Valendo a liberdade
Representando além
Do pouco ou muito quando
O amor nos transformando
Em si tudo contém
A sorte, a messe e a dor,
Diverso o seu sabor.

550

Por mais que peço a Deus
A calma não teria
Sabendo da agonia
De um medo em duro adeus,
Os dias que são meus
A noite sendo fria
O tanto se esvazia
Marcando os apogeus
Em cruzes e falácias
E tendo tais audácias
O passo não se dá,
Mas quando amor vigora
O tempo sem ter hora
Pretendo e desde já.


551


E todas as tristezas
Não valem o sorriso
De quem tanto preciso
E sabe as correntezas
Diversas as destrezas
E nelas Paraíso
Não tendo mais juízo
São raras sobremesas
Em gozo, festa e glória
Assim a nossa história
Começa neste instante
Aonde amor nos guia
E bebe a fantasia
E nela não se espante.


552

Não sabe que depois
Do temporal, bonança
É tudo que se alcança
No olhar comum a dois,
Cerzindo em luz e verso
O tanto quanto pude
Viver em juventude
Ou mesmo estando imerso
Nos ermos da ilusão
Um ar tão pitoresco
Amor em arabesco
Diversa dimensão,
Naufrágio em paz sublime
Aonde a messe prime.

553


A solidão corrói,
Crisálida do sonho,
E quando eu me proponho
O novo se constrói
E gera em tanta luz
O risco de viver
Ou mesmo do poder
Saber e se conduz
O passo rumo ao farto
De um desvario imenso
E quando em ti eu penso
Além eu teimo e parto
Vencendo o que se faz
Em guerra, ou mesmo em paz.


554

Não se importa com sol
Quem sabe do passado
De um dia anunciado
Em rumo audaz e em prol
E sendo um girassol
Vicejo bem ao lado
Do ser que é tão amado
Dos sonhos, meu farol,
E tendo em ti fortuna
A sorte nos reúna
E trague em mesmo tom
Um dia magistral
No amor em triunfal
Caminho audaz e bom.

555

Pois dentro do meu peito
O sonho não se cala
Esta alma ora vassala
Do sonho satisfeito
E quando me deleito
O tanto ainda fala
E rege sobre a sala
O encanto deste leito,
Dosséis em esperança
Dos céus a vida avança
Em plena magnitude
Estrela em luz sobeja
Amor que sempre seja
Imenso e nunca ilude.

556

Procuro sem achar
Algum momento aonde
O sonho tome a fronde
E deixe navegar
O encanto de tomar
O amor que nos responde
Sabendo onde se esconde
O raio do luar,
Arcando com meus danos
Mudando assim os planos
Em ti a direção
Do olhar que sabe bem
Ao quanto já convém
O amor, embarcação.

557

Tirar a sua luz
E nada mais se ver,
É como se perder
No quanto já me pus
Vencer a imensa cruz
E ser somente o ser
Que tanto bem querer
Gerara em contraluz,
Vagando em cada espaço
O mundo que ora traço
Transcende à fantasia
Enquanto a ti me leva
O todo dita a ceva
No amor que colheria.

558

Transbordo nesse amor
Aonde quis bem mais
Que meros madrigais
Ou noites sem pudor,
Viceja em nós a flor
E nela atemporais
Desejos magistrais
No quanto em rara cor,
Vacância dentro em mim
Já não existe enfim
Depois que percebi
O quanto me desejas
E assim são benfazejas
Estrada que há em ti.

559

Embora na tortura
Da ausência de quem ama
A vida traz o drama
Também dita a ternura
E assim nesta amargura
Acendo em mim a chama
E quando amor reclama
A sorte se assegura
Na mão que acaricia
No olhar quando a alegria
Transcende ao próprio medo
E sinto esta benesse
Na benção que se tece
E nela me concedo.

560

Jamais esquecerei
Quem tanto quis e sinto
Também talvez instinto,
Mas doura a minha grei
E quanto te esperei
No amor outrora extinto
Agora se eu me tinto
Em ti já mergulhei
O sonho mais audaz
E nele a glória traz
De um rito inusitado
Do amor que nos condena
E sabe toda a cena
Ditando nosso fado.

561


Da vida, meu divino
Caminho dita o teu
O amor nos concebeu
Em rito cristalino
E quando me alucino
Bebendo o que sorveu
O sonho onde teceu
O risco e determino
O passo rumo a ti
E sei que percebi
Também desejas isto,
Por essas e por tantas
Deveras me agigantas
No amor que tanto insisto.


562


Amar é ser feliz
Ou mesmo procurar
Quem sabe algum lugar
Aonde por um triz
Viceja o que mais quis
E teimo em aflorar
A senda que ao luar
Expressa além do gris.
Vagando nos teus sonhos
Os meus ficam risonhos
E matam pesadelos,
Os dias quando são
Iguais em dimensão
Divino é poder vê-los.

563

Depois embriaguez
Não deixa que se tente
Ou mesmo já descrente
Do quanto a vida fez
No todo que tu vês
O amor sendo freqüente
Dourando de repente
Tomando a tua tez,
Adentra o que pudera
E tanto em primavera
O outono se transforma,
Amor ditando a norma
Aonde se sacia
A luz em poesia.

564

É faca que em seus gumes
Já corta e nos maltrata,
Mas sabe quando ingrata
A vida em tais costumes
Ausentes os meus lumes
A noite em densa mata,
O amor quando desata
Deveras não aprumes,
Mas quando se porfia
E traça em alegria
Presença soberana,
O tanto quando teço
Deveras obedeço
A voz que nunca engana.

565

E corta mais sutil
Quem sabe desta adaga
A vida nos afaga
Enquanto se faz vil,
O tanto que se viu
Ou mesmo já nos traga
A sorte ora nos draga
E gera onde anteviu
Um passo rumo ao tanto
E nisto me adianto
No amor que nos sacia,
E rendo-me deveras
Enquanto além esperas
Nascer de um novo dia.

566

Amar é perceber
O quanto se pudera
Saber da dura espera
Na ausência do querer
Tomando nosso ser
A vida, amarga fera
Se tanto degenera
Também dita o prazer,
Amar e ter decerto
Um rumo agora aberto
Nos ermos da saudade
É como ter em mente
O quanto se apresente
No amor que nos invade.


567

E ter tanto prazer
Embora saiba quando
O mundo transformando
A história de algum ser
Trazendo a dor e ver
O quanto iluminando
O rumo em claro e brando
Desenho aonde eu possa
Vencer o medo e a fossa
E ter esta certeza
De um novo dia em nós
Sabendo a dor algoz
A vida é sem surpresa.


568

O peito lacrimoso
Não sabe mais do quanto
O mundo em que adianto
O passo rumo ao gozo
Percebo majestoso
E teço o que garanto
Seria um claro manto
Depois do pedregoso
Caminho aonde um dia
Amor não mais teria
Nas mãos as rédeas, pois
Abismos entre ocasos
Já não mais ditam prazos
Se amor vive entre os dois.

569

Repete mansamente
O tanto em nós e agora
O quanto se decora
E rege o corpo e a mente
Amor nos apresente
O rumo e nos ancora
Sem ter sequer demora
No bojo se freqüente
O risco de não ter
A vida em desprazer
Gerando outro caminho,
O peso do passado
O dia desolado,
Amor nunca é mesquinho.

570


Não quero ser talvez
O que jamais sacia
A vida em alegria
Assim o quanto vês
E tanto agora crês
Na luz que poderia
Gerar a fantasia
Ou mesmo a insensatez
Respaldos procurando
No amor e desde quando
Tecera esta ventura
O passo rumo ao farto
Decerto não descarto
Se amor tanto assegura.


571

Apenas te viver
E crer noutro caminho
Aonde mais mesquinho
Ou duro desprazer,
No olhar passando a crer
O vento nega o espinho
E sei que ao ser daninho
O todo me faz ver
Somente esta verdade
E nada mais degrade
O rumo em alegria,
O amor nos diz promessa
E assim logo professa
O manto em poesia.


572

Amamos tantas vezes
E sei quão dolorido
Tomara cada sentido
E perseguindo há meses
Olhar em verso e pranto
Depois sentir alento
Após o sofrimento
Um novo eu já garanto
Amar e ter em mente
Que tudo se permite
E nisto sem limite
Deveras ser demente
Freqüento tantos mundos
Em amores profundos.


573

Por certo saberia
Aonde tive o enredo
No quanto me concedo
Ou nada em alegria
No vasto deste dia
E nele o seu segredo
O canto onde procedo
Diversa melodia,
Traçando em mim e em nós
O quanto fora foz
De uma afluência enorme,
No todo ou numa parte
Amor que se comparte
Aos poucos nos transforme.

574

Além da despedida
Possamos desvendar
O quanto caminhar
Em nossa própria vida
A história sendo urdida
E nela o tanto amar
Permita-nos sonhar
Sem medo do que agrida,
Repare o canto e sinta
Se a dor agora extinta
Resiste ou morre além,
O manto nos recobre
Em ar suave e nobre
No amor quando se tem.

575


Amor a cada dia
Em forma tão diversa
Por vezes desconversa
Ou diz desta alegria
E nela se daria
A sorte mais dispersa
Enquanto tão perversa
A noite mais vazia,
Assim em discordantes
Delírios me adiantes
O quanto queres quando
O tanto se precede
E nisto se procede
No sonho se moldando.

576

Recebo teus sorrisos
Em fonte iridescente
No tanto que freqüente
Amor em paraísos
E dias tão precisos
Dos sonhos a nascente
Ou seja de repente
Ou mesmo em pré-juizos.
Restando do que fora
Esta alma sonhadora
A messe mais bendita
Que seja sempre assim
O amor diz do jardim
Se nele a voz nos dita.

577


Que em plena tempestade
Exista uma esperança
E nela a sorte alcança
Além do que degrade
Ou mesmo em qualidade
A vida em tal pujança
Gestando a confiança
Edênica me agrade,
O parto o pranto o preço
Amor ditando apreço
Resume a minha vida,
E crédulo poeta
Aonde se completa
A sorte é mais ungida.

578


De tanto que te quero
E nada mais me alenta
Senão esta sedenta
Vontade em tom mais fero
Do amor que não sacia
E nega qualquer trilha
Por onde só palmilha
Quem busca a fantasia,
Hermético caminho
E nele se adivinha
Fortuna tua e minha
Sem ter um tom mesquinho,
Hedônico ora edênico,
Mas nunca mero e cênico.

579

Penetra calmamente
Os antros mais atrozes
Quem sabe dos algozes
E neles já desmente
O mundo se inclemente
Ou risca em mais ferozes
Terrores outras vozes
No quanto se apresente
O amor redime e sabe
Que em tudo e em todos cabe
Mutante criatura,
E mesmo em temporais
Deveras gera o cais
E a paz nos assegura.

580

Amiga, não me deixes
Sozinho em plena selva
O amor mansa relva
Sabendo destes feixes
Da lua em lautos tons
Expressa com ternura
O quanto se procura
E mesmo nos neons,
Resume em brilho farto
E assim jamais soubera
Da sorte onde se espera
O amor quando o reparto,
Necessitando apenas
Das tardes mais serenas.


581

Com quem não merecia
Saber desta verdade
Jamais a liberdade
Traria uma alegria,
Amar é fantasia
E nela sempre brade
A vida sem a grade
Ou mesmo uma heresia,
Apraz-me então saber
Do quanto em bem querer
Os rumos se concordam,
Assim ao menos creio
Que as luzes sem receio
Em paz já nos acordam.


582


Permita que eu te trague
A luz em plenitude
O amor quando se ilude
Que nada mais estrague
O tanto da promessa
Aonde se bendiz
E nisto um aprendiz
Deveras se confessa
E tenta nova senda
Por onde pode um dia
Gerar o que queria
Em tudo onde se estenda
O canto redentor
De um mago e raro amor.


583

Que sempre me deixou
Ao menos em fastio,
O tanto que recrio
O mundo me legou
E neste quando sou
Deveras fonte e rio
Mergulho em desafio
No mar que nos restou.
Assim em ter comigo
Quem tanto ora persigo
E vago em noite imensa
No amor e na verdade
O quanto em realidade
A vida já compensa.


584

Receba o meu afeto
E saiba quanta vez
O amor sem lucidez
Bebera e me repleto
Do sonho onde completo
O quanto já não vês
E mesmo se assim crês
Em ti; fato concreto
Transcende à luz perfeita
E nisto se deleita
Uma alma quando mais
Vencer outra batalha
E assim amor espalha
Em todos os trigais.

585

Que salva em amizade
O pranto o passo e o rumo
Enquanto já me esfumo
Na busca da verdade
Saber da saciedade
E nela eu já resumo
O amor quando perfumo
A senda em liberdade,
Teu corpo, porto e cais
Delírios magistrais
Em noites soberanas,
As mansas ilusões
E nelas tu me expões
Vontades mais profanas.

586

Iremos nos amar
Até que a morte venha
Ou mesmo noutra senha
Além do próprio mar,
E sendo assim sem par
O quanto nos contenha
Além do fogo e lenha
Permita se entregar
O tanto que ofereço
Ou mesmo sem tropeço
Um endereço a mais
E nele se pressente
O amor em voz urgente
Que enfrente os vendavais.

587

As bocas percorrendo
Caminhos mais audazes
Assim também me trazes
Um mundo que estupendo
Permita e já desvendo
O quanto em raras fases
O amor e nele fazes
O mar nos envolvendo,
Cenário em tantas cores
E nele sem te opores
Incrível magnitude
De estrela radiante
Aonde se garante
Amar enquanto pude.

588

Searas que descubro
A cada novo toque
O amor que não se estoque
Sorriso imenso e rubro
O quanto em ti me cubro
Dos gozos e se aloque
A vida onde provoque
O manto em que recubro
Imensa liberdade
Gestando em qualidade
A nossa confissão
De amor além de tudo,
Deixando quieto e mudo,
O manso coração.


589

Aberto o coração
Já não consigo ver
Senão no teu prazer
A minha dimensão,
E pude desde então
No quanto quis viver
O todo a se verter
Em tua direção,
Restauro a minha história
Outrora merencória
E agora em voz mais firme,
No amor que se confirme
O passo mais tenaz
Que a vida agora traz.

590


E sinto no teu porto
Um raro ancoradouro
Amor onde me douro
E sei que sigo absorto
Vagando insensatez
E nesta fantasia
O tanto que se cria
Já nada mais desfez,
Cerzir com meu cinzel
No mármol mais sublime
O quanto já se estime
E trame em nós o céu,
Um véu alabastrino
Aonde eu me ilumino.

591

Nos mares que navego
Naufrágios em prazeres
E quanto mais quereres
Aumenta a força em ego
Quem fora outrora cego
Agora ao perceberes;
Tu vês quantos viveres
Num só quero e carrego,
Marcando a minha pele
No quanto nos compele
Imensa tatuagem
Em ti singro a promessa
Do amor que se professa
Divina, tal viagem.

592

Receba meu carinho
E saiba que ele traz
Além do mais tenaz
Delírio onde adivinho
Certeza de um bom vinho
O quarto, a noite audaz,
O manto onde se traz
O corpo e ali me aninho,
Vestindo a tua tez
Não deixo que se veja
Senão a benfazeja
Vontade onde se fez
O amor como um altar
Meu todo confessar.

593

De tudo que pensei
Através da emoção
Vibrando a tentação
De crer ser quase um rei
No reino onde entranhei
E sei desta imersão
Trazendo aos que verão
O amor conforme lei,
Invado as fortalezas
E sei das correntezas
Levando sempre a ti,
No tanto onde mergulho
O amor em raro orgulho
Agora eu concebi.

594

Amar é conhecer
A si e mesmo assim
Saber do início ao fim
Doçura de um prazer
E neste bem querer
O beijo, um estopim,
O fado de onde vim
Transcende ao próprio ser.
Amar dita a partilha
E assim no amor se trilha
Além deste finito
E vibro eternidade
Numa alma em liberdade
No amor que necessito.

595

Limita o sentimento
O medo de uma entrega,
Mas quando a vida cega
E traz em provimento
O rito onde alimento
E nada mais navega
Senão o amor trafega
E reina em pensamento,
Decerto abençoado
O dia do teu lado
Seria a maior glória
E sendo um servo teu
O amor já me escolheu
E trouxe esta vitória.

596

Amor tanto sublime
Que possa nos mostrar
O rumo aonde andar
E nisto tanto estime
O quanto nos redime
E doura em luz solar
Permite navegar
Além do que se estime,
Aspectos tão diversos
E neles os meus versos
Traduzem o querer
De quem se fez até
Sabendo por quem é
O gozo do prazer.

597


Ao mesmo tempo cura
E transformando a vida
No quanto em despedida
A voz dita a tortura
A sina em amargura
Já não mais sendo ouvida
O tempo de partida
Agora em tal ternura
Viceja dentro em mim
O amor reinando enfim
Gestando a eternidade
E gera esta potência
E nela sem clemência
A vida plena invade.


598

Quem dera se eu morresse
Nos braços de quem amo,
A vida em cada ramo
Um novo além tecesse
Vencer os meus temores,
Singrar o etéreo mar
E nele tanto amar
Por onde quer e fores
Sem nada que me impeça
Da leve caminhada
A sorte desejada
A vida prega a peça
O risco que assumimos
Trazendo sonhos, limos.

599

Em que sou seu carrasco?
Não posso ter em mente
O quanto se apresente
Em risco, medo ou asco.
O amor em cada frasco
Transforma plenamente
E doma a nossa mente
Não quer qualquer fiasco,
Eu sinto que talvez
Já não mais nem me crês
Quem sabe, noutro instante...
Mas tanto quanto pude
Embora seja rude,
O sonho é deslumbrante.

600

De quanto que já tive
Em sonhos tal presença
Qual fosse uma doença
Aonde me retive
E nada mais convive
Com tudo o que se pensa
A vida em voz imensa
Em ti só sobrevive,
Vestindo a fantasia
De quem já poderia
Apenas procurar
Certeza que redima
E mude todo o clima
Permita então amar.

601


Dos olhos esquecidos
Além do quanto vejo
O mundo benfazejo
Trafega em meus sentidos
E sinto agora urdidos
Caminhos de um desejo
Aonde já prevejo
Os passos reunidos.
Vencer os meus temores
E ter por onde fores
Certeza deste fato,
No amor que rege o sonho
O todo já componho
E nele eu me retrato.


602

Se eu venço o meu cansaço
Nos braços deste alguém
Que sabe muito bem
Do quanto fora lasso
O dia aonde eu traço
O amor quando ele vem,
Realço e sei também
Imenso e farto espaço.
Resumo em poesia
O tanto quanto um dia
Queria ter ao menos
O olhar de quem anseio
E sei que agora veio
Trazer dias amenos.

603


Caminho sem temer
Sequer a queda após
Ouvir a tua voz
E nela passo a crer
No amor em bel prazer
Sabendo ora de nós
E tento sem atroz
Cenário merecer
O bem deste sorriso
E tanto que preciso
Apenas de um alento
Vencer o sofrimento
Deveras sempre tento
No toque mais conciso.


604

Estrela que brilhou
Reinando no meu céu,
Tomando em claro véu
O quanto me restou
O mundo e nele estou
Se às vezes é cruel
Também ditando o mel
Aonde se mostrou
A clara transparência
Do amor em rara essência
Gerando novo trilho,
O coração se entrega
E em ti quer e trafega
Sem ver mais empecilho.


605


Nos céus que imaginara
A noite em constelar
Desejo anunciar
Manhã suprema e clara
O amor se nos ampara
E nada faz tomar
O rumo a se mostrar
Nesta mansa seara
Assim eu sou feliz
E sigo o quanto eu quis
De tanto que buscava,
Após saber ressaca
Esta onda dura e brava
Amora agora aplaca.

606

Recebo destas noites
Os ventos benfazejos
E neles os desejos
Tomando em tais pernoites
Divinas faces, quando
O mero se transforma
E veste a plena forma
E assim se transbordando
Além do que pudesse
Ou mesmo acreditara
Amor é jóia rara
E nele esta benesse
Estabelece a glória
Mudando a nossa história.


607

Sentindo nos teus versos
A paz que tanto quis
Eu sinto ser feliz
Nos âmbitos diversos
E quando outros perversos
Caminhos já desfiz
Agora a cicatriz
Em riscos mais dispersos,
Amor onde me douro
E nele sem agouro
Percebo a clara estância
Enquanto em eloqüência
Mudando esta aparência
A vida sem distância.

608

Poeta que me encanta
O amor não cala e sabe
O quanto já lhe cabe
E nisto cerzi a manta
Por isto me levanta
Bem antes que eu desabe
Ou mesmo em vão acabe
A força onde agiganta
O passo de quem ama
E sabe acesa a chama
Da frágua da esperança
Deságuo em tuas mãos
E cevo em raros grãos
O amor que nos alcança.

609

É bom ser teu amigo
E ter esta certeza
Vencendo esta dureza
Da vida em que persigo
O canto, a paz, e o abrigo
E neles com leveza
Não ser nem ter surpresa
Se eu sigo ora contigo.
O rastro da esperança
Amor agora avança
E dita em plena luz
O quanto me conduz
A ti, querida quando
Em sonhos transbordando.

610


Aos poucos me dominam
Desejos sem igual
E neste ritual
As dores exterminam,
O quanto poderia
Viver em liberdade
No todo que se brade
Gestando em nós o dia
Porquanto eu sempre anseio
Em ti a mesma messe
E nisto se obedece
A vida sem receio,
Rodeio qual falena
O amor em luz tão plena.

611


E vivo em teu encanto
No mundo mais feliz
E sei o quanto eu quis
E nisto tento o canto
Por onde eu já garanto
O ser mais que aprendiz
O risco não desdiz
O amor em claro manto,
Expresso em verso e sonho
O quanto em ti componho
E bebo em transparência
Amar é ser liberto
E ter um rumo certo
E nele a florescência.


612


Poeta que ilumina
O sonho de quem tenta
Vencer qualquer tormenta
E crer nascente e mina,
Amor nos determina
A vida e me apascenta
Gerando enquanto alenta
A sorte em bela sina,
Resumos de outros tantos
Caminhos entre espantos
Ou medos mais constantes
Se amor nos aproxima
Moldando em manso clima
O passo onde adiantes.

613


Ah! Como é bom poder
Saber em fantasia
O amor que nos traria
Em paz, farto poder,
Reinando sobre o ser
E nele se recria
A sorte em euforia
Gerando o bem querer,
Aprendo com teus olhos
E sei dos meus abrolhos
Diversos do passado,
Agora em teu canteiro
Sabendo cor e cheiro
Do amor sempre aflorado.

614


Nas ondas em que trago
O mar dentro de mim
Aonde quer enfim
O quanto além alago
O amor bebendo um trago
Do raro e doce gim
E nele o carmesim
Dos lábios onde afago
O gozo mais sutil
O sonho onde se viu
Além do próprio olhar,
Vislumbro esta presença
Aonde mais que crença
Eu aprendi a amar.

615

Esqueço que jamais
Eu pude em minha vida
Sentir a presumida
Vontade em magistrais
Caminhos onde iguais
Sabendo da saída
Dividem cada lida
Em ritos sensuais.
Assim ao me encontrar
Nas ânsias deste amar
Eu pude então saber
Do quanto, finalmente
Em nós já se apresente
O doce e bom prazer.


616

De tudo que sonhei
Porquanto andara só
A vida trouxe o pó
De alheia e tenra grei,
Assim eu percebi
Do quanto sou capaz
No amor firme e tenaz
O tanto existe em ti,
E sigo cada passo
Além do meu anseio
E quando eu devaneio
Pensando no que faço
Encontro a solução
Nos ermos da paixão.

617


Sentimento do tempo
Além de um certo instante
O amor tanto constante
Enquanto em contratempo
Vagando sem destino
Nos tantos deste senso
E quando em ti eu penso
Decerto eu me alucino,
Mas logo se desvenda
A sorte mais venal
Num rito desigual
Amor jamais atenda
Às ânsias de quem tenta
Vencer fúria sedenta.

618


Vivendo sem temer
As tramas da ilusão
Os dias não trarão
Talvez tanto prazer,
Mas quando perceber
Tocado em sedução
A mesma direção
Que tento em ti saber,
Quem sabe eu possa além
Enquanto este amor vem
Domina o meu caminho,
E jamais quis alguém
Conforme sei tão bem
Do quanto em ti me alinho.

619

Que a vida, com certeza
Já sabe dos meus passos
E vence meus cansaços
Com toda a fortaleza
Do amor em mais suave
Caminho percebido
E quando além libido
O coração não trave
O passo rumo ao farto
E neste tanto imenso
Deveras sempre penso
E nunca mais me aparto
Do tanto que te quero
E sou, nisto, sincero.


620


Nas noites em que amores
Ditaram o meu rumo,
Aos poucos se me esfumo
Seguindo aonde fores
Sentindo os teus olores
E neles me perfumo,
O quanto em ti assumo
Além dos meus temores
Os riscos, ritos, sonho
E tanto me proponho
Que nada mais me resta
Somente amar em paz
E nisto sou capaz
De entrar em qualquer fresta.


621

De tudo que passei
Na vida antes de ti
O tanto que sofri
Jamais eu te neguei,
Agora então eu sei
O quanto mereci
E neste instante aqui
Amor ditando a lei,
Arranco cada espinho
E sei que antes sozinho
Agora não mais sou,
Vivendo em harmonia
E nisto mais queria
O amor e nele estou.


622

Agora que meus mares
Já não mais são iguais
Encontro magistrais
Delírios; se os notares
Verás também altares
Em atos divinais
E sempre muito mais
Do quanto perguntares,
Amor ditando o cunho
Da vida sem rascunho
Mergulha no infinito
E trama em sideral
Caminho pelo astral
Que tanto necessito.

623

Recebo teu carinho
E quando me trouxeste
O amor sem ser agreste
E nele fiz meu ninho,
Aonde tão sozinho
Passado e não soubeste
Do quanto se reveste
Em paz o meu caminho,
Porquanto outrora fora
Esta alma sofredora
Cansada da labuta
Agora ao te sentir
Percebe que o porvir
Merece qualquer luta.


624


Mereça ou não mereça
O passo quando vem
E traz consigo alguém
O quanto me enlouqueça
E saiba e me convença
Da imensa maravilha
Por onde amor palmilha
E nesta senda imensa
Intensa claridade
Invade cada olhar
Rumando em raro mar
Na tal felicidade
Vital amor redime
Em ar raro e sublime.


625


Espero te encontrar
Depois de qualquer queda
Aonde o passo seda
E a lua a se notar
Derrama sobre o mar
E nada mais se veda
No quanto já se enreda
A vida em teu sonhar.
Assim constantemente
O amor diz e não mente
O tanto quanto deve
O passo já se atreve
E sabe imensamente
Que a vida é dura e breve.

626


Agora que me sinto
Mais perto de quem ama
A mesma firme chama
E trama neste instinto
O quanto ora me tinto
Ausente qualquer drama
Assim na nossa cama
Vulcão jamais extinto,
Aprendo pouco a pouco
E sei que me treslouco
Nas tramas deste anseio,
E quanto mais me entrego
O amor embora cego
Prossegue sem receio.

627

Percebo que atraquei
Meu barco no teu cais
E nele em teus cristais
Eu tanto mergulhei,
Galgando logo alcei
Momentos magistrais
E sei e quero mais
Da rara e bela grei
Por onde amor se trama
E nisto não há drama,
Somente solução
Vagando sem destino
Em ti me determino
E sei a direção.


628

Espero que tu tenhas
O mesmo quanto eu tive
Depois se não contive
O amor em suas senhas,
Restando aonde venhas
O manso que retive
Sem ter qualquer declive
A sorte aonde empenhas
O dia que virá
A cena mais perfeita
A lua já se deita
E sei que ali ou cá
O amor se satisfaz
Num mundo feito em paz.

629


Assim como um bom dia
Transcende ao próprio sonho
No mundo onde componho
Bem mais que fantasia
O quanto eu poderia
Saber tão mais risonho
O tanto que proponho
E sei também queria,
Vencer os meus receios
E ter comigo os seios
Da bela que se quer,
E o vento em amor tanto
Enquanto me adianto
Procura esta mulher.


630


Que seja um dia pleno
De luz e fantasia
O quanto mais teria
O amor em raro aceno,
E sei que me sereno
Nos braços de quem via
Em mim esta alegria
Num tempo mais ameno,
Outono quase inverno,
Porém o amor eterno
Não deixa que se cale,
A sorte de quem tenta
Vencer qualquer tormenta
Usando um frágil xale.



631


Também eu pude ver
Nos olhos de quem quero
O brilho mais sincero
E nisto perceber
A sorte bem mais perto
Do que pensara outrem
E o tanto quando vem
Também eu me desperto
E singro este oceano
Em beijos e carícias
Sabendo das notícias
E nelas sem o dano
De quem amou demais,
E pensou nunca mais.

632


Que a vida te sorria
E tanto quanto pude
Viver a magnitude
Da plena poesia
Urdindo a fantasia
E nela esta atitude
Por vezes até rude,
Mas nunca hipocrisia.
Eu quero o teu amor
E nisto a te propor
Bem mais que simples fato,
Meu rumo junto ao teu
Meu canto se perdeu
No instante onde em ti ato

633

Que os rios que percorres
Jamais sejam diversos
Dos tantos que meus versos
Aonde tu concorres
Mal sabes e socorres
Em tantos vãos perversos
Olhares quando imersos
Em mim logo transcorres
E vendo este cenário
Porquanto temerário
Caminho fosse há tanto
Agora na verdade
Saber desta unidade
Meu rumo, enfim garanto.


634


Amor não seja só
Um dia ou num momento
Que seja este alimento
E nunca mero pó,
Resumo a minha vida
Na busca por quem vence
E mesmo no non sense
Perceba a presumida
História noutra face
E nisto sem desdém,
Sabendo o que contém
Amor quando ele grasse
Vagando sem destino
Num mundo cristalino.


635


Que teu barco aporte
No mesmo cais e o meu
Encontre este apogeu
Aonde se comporte
O mundo em mesmo norte
E nisto percebeu
O quanto fora teu
O meu caminho e a sorte.
O risco de saber
O canto a perceber
Encanto mais perfeito,
Estás junto comigo
Enquanto te persigo
Até quando me deito.


636

Que nada mais te traga
Além desta certeza
Da vida em tal nobreza
Diversa e rara maga
Vencendo e já se alaga
Em tanta correnteza,
O porte com certeza
Negando a dor e a adaga,
Na gênese do amor
Ao ápice do sonho
Meu mundo já componho
E sei encantador
Delírio que em tropel
Avança e invade o céu.

637

E a vida te inundando
Em êxtases supernos
Momentos sempre ternos
E neles sei do brando
Desejo nos tomando
E nele sem invernos
Os templos são eternos
Aonde se moldando
O bem que nos suprime
E assim amor exprime
Cenário tão magnânimo
O quanto toma este ânimo
E gera iridescente
Delírio onde se o sente.

638


Que o fogo da saudade
Em fráguas nos consuma
Enquanto a vida ruma
Em volta à claridade
Falena em liberdade?
Se a vida nos resuma
Atocaiado puma
Num bote nos degrade,
Amor gera outro amor
E assim num vicioso
Caminho caprichoso
Vencendo algum temor
E neste eterno ciclo
Meu sonho enfim reciclo.

639

Não trague tua vida
Nas ânsias mais atrozes
Ouvindo antigas vozes
E nelas presumida
A história refletida
Além destes algozes
Permita-te que gozes
Da essência pressentida
Num ato em frenesi
E nele estando em ti
Também em mim estás
Sem traços de fronteiras
Que assim além te inteiras
No amor que em amor faz.

640

Que o sol sempre sorria
No olhar mais desejado
Mudando o velho enfado
Traçando um novo dia
Aonde eu beberia
O manto consagrado
Do amor, nosso legado
E nele a paz teria,
Ousando muito mais
Que um dia se pensara
A vida esta seara
Diversa em divinais
Caminhos se transforme
Num paraíso enorme.

641


Persevere no amor
Não deixe que se esvaia
O mundo em turva praia
E o céu perdendo a cor,
Viceje em esplendor
E nisto não mais traia
A sorte onde se espraia
Imenso e bom calor,
No encanto sem limites
Deveras acredites
E tendo esta certeza
O mundo nos guiando
Em passo bem mais brando
Jamais verá tristeza.



642


Saiba que nossos rumos
Convergem vida afora
E quando o amor aflora
As dores, meros fumos
Ausentam-se deveras
E sinto que te ter
É como renascer
Após tantas esperas
Um solitário e hermético
Caminho em minha vida
Até que percebida
Num mundo tão herético
Presença deste amor,
Decerto redentor.

643

Num instante em que a sorte
Mudara plenamente
E o medo em minha mente
Tomando algum suporte
Sem nada que comporte
O senso e ainda tente
Viver tranquilamente
Se, ausente, qualquer norte?
Porém ao ter no olhar
O teu já refletido
A vida faz sentido
O amor já me serena
Fortuna agora plena
Fazendo-se notar.

644


Decerto que eles quando
Chegassem num clarão
Trouxessem solução
E o mundo renovando
Caminho e demonstrando
Após tanto senão
Os rumos que virão
Aos poucos nos domando,
Amores onde outrora
A seca se demora
E nada além do estio,
Redimem este inferno
Em cada verso externo
Tempo onde me recrio.

645


Mudaram tudo que eu
Pensara ser diverso
E quando agora imerso
No mundo onde teceu
A glória e se esqueceu
Do sonho mais diverso
E nele este perverso
Delírio se verteu,
Nas âncoras do sonho
Amor; quero e proponho
Trazendo o ancoradouro
Nos raios onde douro
Um dia mais risonho
Da vida, o mor tesouro.

646


Vinha de tantas dores
Cerzidas pela ausência
E agora em tal clemência
Gerada sem te opores
Nas dádivas de amores
Refaço minha essência
E o tanto em penitência
Esvai-se em grises cores.
No perigeu da vida
A história presumida
Jamais veria a messe,
Agora em apogeu
O rumo se verteu
Cenário em paz se tece.

647



Caminhando sem saber
Se ainda posso um dia
Sentir esta alegria
Quem sabe algum prazer?
O tanto que eu quis crer
No amor aonde havia
Somente a fantasia
Um mar a se perder,
E agora ao ver além
As ânsias deste bem
Percebo ser possível
Vagar em mar imenso
E quando em ti eu penso
O incrível vira crível.

648


Guardava nas lembranças
O olhar de quem há tanto
Vencera o desencanto
E neste mar me lanças
Vertendo em confianças
O que se fora espanto
Assim eu me garanto
Em raras alianças.
Amor em seu buril
Bem mais do que previu
Um sonhador; concebe
Beleza incomparável
Num mundo imaginável
Dourando a velha sebe.


649


A vontade risonha
De ter por um instante
O amor que me adiante
Um mundo onde se sonha
E vendo ao que proponha
Cenário deslumbrante
No olhar, o diamante
A vida; a paz reponha
E um canto outrora triste
Agora se consiste
Num ato de alegria,
E a vida se transforma
No quanto em clara forma
O amor nos moldaria.

650

Os nossos ermos vagos
Os medos do passado,
Caminho desolado
Ruínas, vãos estragos,
E quando agora eu vejo
O renascer no olhar
De quem desejo amar
Em raro e manso ensejo,
Vestindo esta emoção
Em rara transparência
Domina em convivência
Causa transformação
E gera novo templo
Aonde amor, contemplo.

651


Que nada mais havia
Depois do terremoto,
O sonho onde me boto
O mundo em agonia,
Além da fantasia
O gozo mais remoto,
Num canto onde desboto
As cores da alegria,
Ausência de um encanto
A vida onde me espanto
Quebrantos; espalhara,
Mas quando um novo amor
Surgindo num louvor
Reaviva a seara.

652

Buscava nesta vida
Um pouco de esperança
E quando a sorte cansa
Da luta resumida
Em cada despedida
E ao nada já se lança
Enquanto o medo avança
A morte sendo urdida,
Mas vejo renovado
Depois deste passado
O mundo em amor pleno,
Antídoto perfeito
Nas ânsias me deleito
Ao fim em paz sereno.

653


Só tinha uma ilusão
A de saber comigo
O sonho que persigo
E sei da direção
Dos dias e virão
Após cada perigo
O tempo onde consigo
A sorte em viração,
Perpetuando a vera
Beleza em primavera
Quem sabe em amor farto?
Um sonho tão somente?
Só sei que esta semente
Jamais enfim descarto.

654

Agora que encontrei
Depois de tantos danos
A vida em vários planos
Sem norma, regra ou lei
O amor eu poderia
Saber já discernir
A sorte que há de vir
Daquela em agonia,
O manto me recobre
Em pura luz e intensa
Beleza me convença
Do encanto raro e nobre
De amor enaltecido
Num canto enternecido.

655

Pois só nos resta então
Depois do desalento
Um mundo mais atento
E nele a precisão
Do passo nunca em vão,
E assim eu já fomento
Em mim doce provento
Sabendo que estarão
Meus olhos neste olhar
Resumos de uma vida
Porquanto presumida
Nas teias deste amar,
E tendo esta certeza
A vida, sem surpresa.

656

Amor, suavidade
Aonde se perfaz
O quanto em plena paz
Agora a vida invade
Viver felicidade
E ser além audaz
Enquanto satisfaz
Ditando outra verdade
Deveras nos sacia
E gera a fantasia
Por onde se produz
Além da própria história
Os ritos da vitória
Um louro feito em luz.

657

Vencemos as batalhas
Durante a guerra insana
Do amor quando me engana
E o medo quando espalhas,
Nos fios das navalhas
A sorte não se dana
No amor quando se explana
A vida mesmo em falhas,
Realço a todo instante
O canto onde se espante
O medo de um futuro
Gerado em desamor
Se em ti, o sonhador
Em paz eu me asseguro.


658


Porém, o que nos resta
Depois dos desalentos
Vencendo os tantos ventos
Adentro em cada fresta
Do amor onde se atesta
Além dos incrementos
Sobejos movimentos
Aonde a sorte gesta
Um dia mais suave
E sem o quanto agrave
O passo segue firme,
No encanto deste passo,
Desejo em paz eu traço
No amor que o reafirme.

659


Em meio a tão distantes
Anseios, medos dores
Além do que propores
Iremos radiantes
Buscar os diamantes
Porquanto em tais amores
Cultivas raras flores
E nelas me adiantes
Jardim em tal beleza
E nisto esta leveza
Gerada pelo fato
De termos a certeza
Do rito onde a nobreza
De um sonho onde eu já me ato.

660

Aurora das promessas
Resplandecente céu
E sigo sob o véu
Aonde tu professas
E tramas, e confessas
Num mundo antes cruel
O amor, sacro papel
E nele me endereças,
Regidos pelos sonhos
Deveras mais risonhos
Encontramos fortuna,
Que possa nos guiar
Nas ânsias deste amar
Que sempre em paz nos una.


661

Apenas essas nuvens
Não bastam para tanto
Ainda em vivo encanto
Deveras quando vens
E sabes destes bens
Do amor onde eu garanto
O dia e agora canto
Sem medo dos desdéns.
Versando sobre o rumo
Do gozo que ora assumo
E sem ter mais os medos
Do outrora vagabundo
Enquanto me aprofundo
Em ermos sonhos ledos.

662


Amiga, não permita
Que o tempo nos destrua
A vida nua e crua
Deveras é maldita,
Porém se a nossa dita
Em almas já flutua
E tece e continua
No amor que necessita
Presumo nova luz
E nela se produz
Apenas mansidão,
Decerto o sonho trama
Além da mera chama
Inteiro este verão.

663


Acabe duma vez
O medo que deveras
Há tantas vagas eras
O amor hoje desfez,
Talvez insensatez
Exposto às ânsias feras
Além do que inda esperas
Ou mesmo além não vês,
Redimo-me dos erros
E sei dos meus desterros
Na inglória vida aonde
O sonho não responde,
Mas quando amor se faz,
Meu mundo verte em paz.

664

Navegávamos mares
Diversos do real
No sonho desigual
Aonde tu tramares
Delírios e lugares
Num ato irracional
Ou mesmo sensual
Caminho onde sonhares,
Agora em ti pressinto
O quanto outrora extinto
Refeito em pleno amor,
Restituindo assim
O rumo e até o fim
O encanto redentor.


665

Procurando somente
Um cais aonde eu possa
Juntar o que se apossa
Do corpo e desta mente
O quanto já fomente
A vida sendo nossa
Deveras nega a fossa
E trama esta semente,
No amor em claridade
Deveras qualidade
Em ares transparentes
Os dias mais sombrios?
Apenas desvarios
Diversos do que sentes.

666


As ondas; reconheço
Deveras inconstantes
Assim também adiantes
O mundo em adereço
Diverso do começo
E nele em tais brilhantes
Momentos; agigantes
Depois vem o tropeço.
Reajo e te proponho
Além do mero sonho,
Um novo amanhecer,
Mas logo se refaz
A história tão mordaz
No amor não há prazer?

667


Agora sem amor
O que fazer da vida?
A noite já perdida
O farto dissabor,
Altar que sem andor
A sorte consumida
Ruína presumida
Noite sem refletor.
Pressinto o ledo fim
E sei que sendo assim
Já não suportaria,
Mas quando amor se trama
Reavivando a trama
Da noite vejo o dia.

668

Eu quero simplesmente
Seguir o meu destino
Aonde me fascino
Ou mesmo sou descrente
No quanto se apresente
O fato eu determino
Se ainda sei do ensino
Da vida quando mente.
Restauro vez em quando
A tela revelando
Belezas mais sutis,
E tento renovar
O amor que a cada olhar
Revela outro matiz.

669


Doce amor, o que faço?
Por quantas vezes vira
No olhar farta mentira
Verdade? Nem um traço.
Assim perdendo o espaço
Rompendo cada tira
O amor agora atira
Ao mundo amargo e lasso,
Cansado dos percalços
Os velhos cadafalsos
Masmorras da esperança,
Quem sabe em novo amor
Mesmo no meu sol-pôr?
O olhar além se lança...

670

Não quero dedicar
Somente o verso manso
A quem ora me lanço
Buscando o bem de amar,
E tendo que encontrar
Além deste remanso
Ainda um leve ranço
E nele me entranhar,
Vasculho cada canto
E sei quando garanto
Dos restos que tu trazes
De tempos doloridos
Agora outros sentidos
Em novas belas fases.

671

Buscando sem ter bases
Alçar além dos céus
E neles velhos véus
Rompidos que inda trazes
Cerzidos pelo anseio
De amar impunemente,
O quanto se apresente
E nisto ainda eu creio
Dificultando o passo
Além do pensamento,
E quando em atormento
Deveras me desfaço,
Que sabe amor redima
E mude enfim tal clima?


672

Vivendo o que pensava
Apenas ser ausência
Do amor em pura essência
Gerando a dor e a trava,
O coração se lava
Na mansa persistência
Gerando em tal clemência
Após a sorte em lava,
Arisco como que
O amor quando se vê
Em ares fugidios,
Por vezes distraído
E noutras vão ruído
Ou ventos mais esguios.


673

Desejo que forjara
A cada noite enquanto
Deitando sob o manto
De estrelas, jóia rara,
A noite bem mais clara
E nela eu me adianto
E tento enquanto espanto
A dor que se prepara,
Veredas mais tranqüilas
No amor tanto desfilas
E sigo sem temores,
Deveras fantasias
Ou mesmo até darias
A mim tais refletores?


674

Não quero te falar
Dos dias mais doridos
Há tanto adormecidos
Em duro e frio altar,
Vagando em teu amar
Em todos os sentidos
Desenhos percebidos
Permitem navegar
Em águas transparentes
E nelas sempre atentes
Os olhos com ternura,
O manto se moldando
Num ar suave e brando
No amor que sana e cura.

675

Guardados nesta estante
Dos velhos tomos vejo
O fato malfazejo
Do sonho degradante,
Mas quando se adiante
À sombra do desejo
O amor a cada ensejo
Tornado radiante,
Desvenda novo rumo
E nele eu me consumo
Vestindo em brilho a glória
De ter além do cais
Dias fenomenais
Deixado atrás a escória.

676


Corremos, por viver,
Além de um mero enredo
O amor quando concedo
E bebo o seu prazer
Eu passo a perceber
Da vida este segredo
E arisco; assim procedo
Buscando merecer
Quem sabe algum alento
De quem desejo e tento
Desvendar os caminhos
Meus dias em teus dias
São raras poesias
São rosas sem espinhos.

677

Embora não vivamos
A imensa plenitude
Do amor que nos transmude
E gere novos ramos,
Permita e já sonhamos
E mesmo quando ilude
A vida em atitude
Contrária a que tramamos
No fundo vale a pena
O quanto nos serena
O amor imaginário,
E nele se resume
O máximo, este cume
Mesmo que temporário.

678

Eu quero esse perfume
Que possa me trazer
Nas tramas do querer
Caminho aonde eu rume
Deveras me acostume
No tanto de um prazer
Que o possa merecer
E nele eu me consume.
Vergastas? Nunca mais,
Agora em magistrais
Desenhos; vejo a vida,
Mosaicos mais sobejos
Nas tramas dos desejos
A sorte sendo ungida.

679


Das mãos que acaricio
Nos sonhos mais gentis,
O quanto além já quis
E mesmo em duro estio
O tempo é desafio
E nele me desfiz
Gerando a cicatriz
Secando o imenso rio.
Mas vejo além da foz
O mar que existe em nós
E pode saciar
A louca fantasia
Que tanto ou mais queria
De enfim em paz, te amar.

680

Recebo dessa noite
O alento mais sutil,
O amor que nos ungiu
Negando algum açoite
Desvia do coiote
O rastro de quem tenta
Vencer a vã tormenta
E além não mais desbote
O risco não transcende
Ao quanto pude outrora
Sabendo o quanto aflora
O amor quando o desvende
Risonho Xangri-lá
Que o tempo moldará.

681


Em tantas alegrias
São várias as tristezas
A vida tem surpresas
Que não esperarias,
Mas tantas iguarias
Expostas sobre as mesas,
E nelas sobremesas
Em riscos e ironias.
Amor nos dessedenta
E mesmo se sangrenta
A vida molda a sorte
Aonde se procede
No quanto já concede
E mesmo nos conforte.


682

Vontade de sonhar
Nas tramas mais felizes
E quando contradizes
As ânsias de um amar
No nada mergulhar
Vivendo em duras crises
Os céus restando grises
O sol sem se notar.
Mas tanto se é diverso
Se agora estou imerso
Nas tramas de um delírio
Vivendo a magnitude
Do amor que tanto ajude
Deixando além martírio.

683


Somente não pergunte
O quanto a vida traz
Em medo e se mordaz
Decerto não mais junte
O passo rumo ao farto
Com outro em discordância
A trama em tal estância
Deveras não descarto,
Arcando com meu passo
No quanto desejara
Viver a vida em clara
Manhã que agora traço,
Amar é ser bendito
E nisto eu acredito.

684

Ilustre amor que leva
O olhar além do quanto
Pudesse e te garanto
Traçar em rara ceva
Vencendo qualquer treva
Ou mesmo algum quebranto
É quando eu sei; portanto
O amor em rara leva.
Presumo a divindade
E tendo esta verdade
Em luzes fascinantes,
O quanto mais desejo
Do amor raro e sobejo
Lapida diamantes.

685


De ser, por certo, algoz
De quem se fez bastante
E nisto a cada instante
Ouvindo a sua voz,
Amor se é tanto atroz
E trama um degradante
Caminho onde se espante
E negue um rumo e foz,
Eu tento e não prossigo
O vento mais amigo
Talvez me trague além
No olhar de um novo sonho,
Um canto onde reponho
O amor que me contém.

686


Paisagem se desbota
No olhar de quem procura
Vencer a noite escura
E ali precede a rota
Por onde se presume
Desenho onde redima
E numa nova estima
Alcança enfim o cume,
Preservo dentro em mim
O sonho onde sacio
E sei do desafio
E nele sei que enfim
Pudesse num amor
Traçar novo sabor.

687



Não deixe mais romper
O encanto que nos une,
E quando a vida pune
Trazendo o desprazer
Quem fora outrora imune
Já pode perceber
Nas tramas do querer
A fúria que desune.
Viceje a cada dia
O amor que poderia
E deve ser regado
Com toda a mansidão
E nele se verão
Benesses de um legado.


688


De tantos esquecidos
Cenários de uma vida
Há tanto presumida
Em vários vãos sentidos,
Pretensos doloridos
Desejos onde acida
A sorte em despedida,
O mundo em seus olvidos.
Mas quando esta regência
Do amor toma a clemência
E doma a insanidade
Presume-se afinal
Um dia magistral
E a messe em paz invade.

689


Também nosso contrato
Ou mesmo a vã promessa
No quanto já tropeça
E nisto me maltrato
O dia mais ingrato
O corte, a vaga pressa
O risco se endereça
E seca este regato,
Masmorra da esperança
O amor quando se cansa
Desvelos revelados,
Velados abandonos,
Dos sonhos somos donos?
Somente escravizados...

690


Passado que vivemos
Em tantas turbulências
E neles indulgências
Deveras recebemos,
Mas quando se porfia
E tenta na batalha
A lua que se espalha
E traça em alegria
Ao burilar assim
Cenário em multicor
Nos termos de um amor
O mundo não tem fim,
Esparsos caminhares
Uníssonos cantares...

691

Pois saiba que carinho
Não traz qualquer problema
No amor nada se tema
Sequer qualquer espinho,
O quanto fui sozinho
E a vida sem algema
No traço de um poema
O gozo de outro vinho,
Mas vejo em ti a adega
Onde este amor navega
Inebriadamente
E o tanto que mais quis
Contigo ser feliz
Jamais ninguém desmente.


692


Amada; sem amor
A vida perde a via
E tudo o que inda havia
Já não presume a cor,
O risco em dissabor
O tempo em ironia
É tanta hipocrisia
E turvo algum labor,
Mas tendo em nós o brilho
Do sonho onde palmilho
Meu canto em tom maior,
A sorte se transforma
E nesta nova forma
Um mundo bem melhor.

693


Dos campos e batalhas
A vida se presume
No canto que se esfume
Na dor aonde espalhas
Os cortes as mortalhas
A ausência de perfume
A frágua sem ardume,
Cenário que estraçalhas.
Vivendo amante sonho
Um novo eu recomponho
E tento a mais bendita
Sublime maravilha
Aonde o sonho trilha
Na paz já se acredita.


694


Saltando dos amores
Já não mais haveria
O quanto em fantasia
Trouxesse redentores
Delírios entre flores
Matando a poesia,
Total desarmonia
Por onde além tu fores.
Verás, porém no amor
A sorte mais sobeja
O quanto se azuleja
Um céu em mansa cor,
O verso que acalante
Seguindo doravante.


695

Despencam nossos sonhos
Se as asas são de cera
O quanto percebera
Em ares tão medonhos
Diversos e bisonhos
Caminhos. Perecera
A sorte se rompera
Jamais dias risonhos.
Mas quando renovado
Este ar já desolado
Eu posso até sentir
Na essência de uma vida
A lua prometida
Raiando no porvir.

696

A glória de viver
O que se mais pretende
No quanto amor atende
Ao todo deste ser,
Pudesse então assim
Vestir esta emoção
E nela a dimensão
Do amor que existe em mim,
Resido neste fato
E quando me concedo
Sabendo desde cedo
Aonde me retrato,
Adentro a eternidade
Num mar em liberdade.

697

Por certo despetala
A primavera inteira
O amor sem verdadeira
Razão, a alma vassala,
O tanto que se cala
Resumo onde não queira
A história, derradeira
Negando qualquer gala.
Pretensa maravilha
Somente o amor polvilha
E gera a florescência
O pólen deste sonho
No canto em que componho
Da vida é maga essência.

698

Lembranças desta glória
De um tempo aonde amor
Vencera o vencedor
Mudando a nossa história
O quanto fora outrora
Apenas mansidão
Em rara dimensão
Agora nos devora,
O manto se puindo
O tempo destroçando
E sei que desde quando
O mundo que era infindo
Mudando a sua face
A solidão já grasse.

699


Em mantos que emprestamos
Aos sonhos vez em quando
O todo transformando
Marcando o que pensamos
Com ledos, velhos ramos
E neles se traçando
Um dia após, tomando
O quanto desejamos.
Resumos desta vida
E nela percebida
A queda após o tanto,
Mas quando renovar-se
Amor sem mais disfarce
Gerando um raro encanto.


700

Sentindo que d’amores
Jamais se verá medo
E quando além concedo
Sabendo destas cores
E nelas minhas flores
Deveras no segredo
De um tempo em raro enredo
Que além também compores.
Terás o privilégio
Do amor tão nobre e régio
Gestando um raro alento
E nesta luz sublime
O quanto nos redime
Amor em provimento.

701

A noite nos invade
Enquanto solitários
E os dias temerários
Na dura falsidade
Falta tranqüilidade
E os sonhos são corsários
Vagando em adversários
Delírios, o degrade.
Restaurações somente
No amor que se apresente
E mude esta paisagem
Porquanto ser feliz
É tudo o quanto eu quis
Vislumbro tal visagem.

702

O frio que comanda
A vida de quem só
Desenha o próprio pó
Negando esta demanda
Do coração que sente
Apenas o vazio
E quando o desafio
Mostrado plenamente
O risco de sonhar
Talvez maltrate tanto,
Porém eu me agiganto
Enquanto posso amar,
Desfaço o velho enredo
E à paz eu me concedo.

703

O peito que abrasado
Por tanta inconsistência
Gerando esta inclemência
De um dia abandonado,
Mas quando sem enfado
Eu tento em persistência
Viver a florescência
De um raro e belo prado
No amor que me transforme
O quanto fui disforme
Agora já não vejo
No olhar vivo horizonte
Aonde em paz desponte
As tramas do desejo.

704


De tanto que escutei
A voz da consciência
A vida em penitência
Negara a santa grei
Do amor e imaginei
Apenas a inclemência
O canto em decadência
A dor gerando a lei.
Um dia até quem sabe
O mal decerto acabe
E trace novo rumo
No qual eu me perceba
Além do que receba
Num sonho onde me aprumo.


705

Depois de tanto tempo
Vagando em noite vã
Ausência de manhã
O mundo em contratempo
Resumos deste fado
Porquanto no infinito
O sonho mais bonito
Jamais fora traçado.
Rescaldo em desencanto
E tento e me renego
O quanto fora cego
O mundo em dor e pranto,
No amor que se aproxima
A vida em nova estima.

706

Não deixe que me entregue
O marco em vário tom
Marcando o que era bom
E agora se renegue,
A vida eu sei prossegue
E nisto tenho o dom
Do pálido neon
Que tanto até me cegue,
Mas vasta maravilha
Somente se palmilha
Nas tramas deste amante
Caminho onde percebo
Não mero e vão placebo,
Mas sim um diamante.

707

Pois saiba que ironia
Jamais moldara a messe
Que tanto já se tece
Na luz do dia a dia
A sorte não se adia
E tanto recomece
Enquanto se enderece
Em paz e poesia.
No amor que se mostrara
Além desta seara
O brilho incandescente
E nesta sorte imensa
O amor sempre compensa
O todo que se sente.


708

O mundo se desanca
E traz em dor, fastio
O quanto desafio
O todo já desbanca,
A sorte outrora manca
O risco em que desfio
O passo noutro estio
Se a vida nos espanca,
Vilezas são comuns
E sei que mesmo alguns
Amores são assim,
Mas quando verdadeiro
O rumo traiçoeiro
No início tem seu fim.

709

E amor vai se mudando
Conforme o tempo passa,
A vida dita a traça
Também e desde quando
O corte se notando
Além desta fumaça
Porquanto nos embaça
O verso denotando
Promessa em nova trilha
Do amor que compartilha
E molda nova senda,
Aonde o quanto quer
Sabendo-se qualquer
Desejo já se atenda.

710


Quem logra seu passado
Em dores tão somente
Renega este semente
Em aridez seu prado,
O manto desbotado
E nele se apresente
O quanto violente
O mundo lado a lado,
Alado pensamento
Deveras me alimento
Nas teias deste encanto
Do amor que nos reforma
Em bela e clara forma
Aonde eu me agiganto.


711


Ao pântano das dores
Terrível charqueada
Aonde desolada
Percebo se não fores
Aquém das vastas cores
Prenúncios de alvorada
Há tanto anunciada
Em belas, fartas flores,
Mas primavera morta
No amor quando se aborta
A imensa majestade,
O cardo toma o campo,
A lua; um pirilampo,
E a cena se degrade.

712

Nas águas mais profundas
Dos sonhos onde adentro
O amor quando no centro
E dele tu me inundas
Perpetuando a sorte
Que tanto nos conceda
E trace esta vereda
Aonde nos suporte
O canto em harmonia
A glória de se ver
A vida em bel prazer
No quanto poderia
Traçar quem sabe a luz
Na qual o amor reluz.

713


Abismos e penhascos
Que a vida nos prepara
Talvez não seja clara
Se é feita em medos, ascos,
Não quero crer fiascos
Aonde se escancara
A sorte semeara
Além de frágeis frascos,
O amor com consistência
Transforma em sua essência
A vida e nos conforta,
Abrindo mansamente
O olhar já se apresente
Além de qualquer porta.

714


Recebo sem temer
O vasto deste sonho
Aonde me componho
E posso me rever
Nas tramas do querer
Por vezes mais risonho
Caminho onde proponho
Um claro alvorecer,
Albores dentro em mim
Traçando este jardim
E nele se redime
A sorte com promessas
Aonde recomeças
Amor claro e sublime.

715


De todas essas dores
Que a vida nos trouxera
A imensa e vã quimera
E nela os dissabores
Além do que te opores
Ou mesmo a imensa fera
O tanto desespera
E muda as várias cores,
Amor quem sabe possa
Traçar a sorte e a nossa
Semente então granule
E gere novo tempo
Aonde; em paz contemplo
O medo que se anule.

716


Amando e ser amado
Num mar de imensidão
Gerando a solução
Deixando além nublado
Caminho desenhado
Na tola ingratidão
Certezas moldarão
Um novo e claro Fado,
As tramas deste anseio
No quanto além rodeio
Falena em volta à luz,
Cenário iridescente
O amor nos apresente
Enquanto nos seduz.


717


Amargo a solidão
De quem se fez e agora
O tempo já devora
O que fora estação
Resumo desde então
Na voz que já me ancora
O prazo sem demora
Das messes que virão
Cinzelando esta cena
Aonde amor serena
E torna mais suave
O passo em liberdade
De quem sabe a verdade
Num peito feito em ave.

718

Depois de tantas lutas
Em ênfase reparo
O tempo bem mais claro
E nele não relutas
E sabes das astutas
Loucuras e declaro
O quanto mais amparo
O passo em tais permutas,
Não vendo outro caminho
Senão amor, aninho
Meu canto eu teu regaço
E o tanto que talvez
Já não percebes, vês
No amor ora refaço.

719


Aguardo sem rancores
Os dias mais perfeitos
E sei que sendo aceitos
Os templos onde pores
O olhar e tendo assim
Certeza mais dileta
Do quanto nos repleta
Amor que sei sem fim,
Presumo novo dia
Porquanto no passado
O tempo amargurado
A tudo já regia,
Porém primaveril
Meu coração te viu.

720


Achego meu amor
E trago em tom suave
O quanto não se agrave
O passo em dissabor,
Concebo um raro albor
E nisto não se entrave
A sorte que desbrave
Rincão em vária cor,
Aprendo e já perplexo
Olhando o meu reflexo
No olhar que me sacia,
Resido no teu eu
O meu que se perdeu
Em rara fantasia.


721

E vindo deste cais
Saveiro da esperança
No mar quando se lança
Em meio aos temporais,
E sabe em divinais
Delírios o que alcança
E tendo a confiança
Em dias magistrais
Revelo em vela e barco
O quanto ora me abarco
Nas sendas tão melíferas
Fortunas que me trazes
Já não conhecem fases,
Deveras são prolíferas.

722


Vencido pelos ventos
Que tanto me açodaram
Os dias já passaram
Em tantos desalentos,
Mas quanto aos que virão
Eu vejo a face exposta
De quem sabe a resposta
E trama a direção
Por onde poderia
Seguir a vida inteira
E nega a traiçoeira
Noção de calmaria,
Amor quando eruptivo
Fazendo-me um cativo.


723


Que vale todo inverno
Nevascas/solidão
E nelas se farão
Bem mais que mero inferno,
Assim já não me externo
Na falsa divisão
E bebo desde então
O manso onde mais terno
Caminho se desvenda
E gera nesta senda
Cenário sem igual,
Meu canto em ressonância
O teu em concordância
No amor consensual.

724


Verás que nada mais
Do quanto desejaste
Transforma qualquer haste
E enfrenta os temporais,
Resumo em divinais
Delírios sem desgaste
O todo que notaste
Em dias informais,
Meus versos e teus passos
Deveras mesmos traços
Do amor que se espelhara
Na face mais gentil
Aonde se previu
A noite bela e rara.

725

Nos vales da saudade
O olhar tão carinhoso
De quem por pedregoso
Caminho não degrade,
Permite a saciedade
E nela um raro gozo
De um tempo majestoso
Que agora nos invade,
Amar e ter certeza
Do rio em correnteza
Macia e sem cascatas,
Assim a nossa vida,
Deveras presumida
Sem erros nem bravatas.


726

Sonho que, soberano
Transforma a minha vida
E quando além urdida
A sorte sem o dano
Porquanto se eu me engano
E perco esta saída
Amor em presumida
Verdade muda o plano,
Restaura e me permite
Além de algum limite
Seguir em plenitude,
No quanto se transcorra
Dos medos me socorra
Deveras tudo mude.

727

Durando minha vida
Promessa deste sonho
Aonde recomponho
A sorte já perdida,
Quem sabe e não duvida
Do quanto é mais risonho
O mundo onde proponho
Amor que dá guarida
A quem se fez sozinho
Durante o descaminho
Presume novo trilho
E nele me aprofundo
Vagando pelo mundo
Se amor eu compartilho.

728


Espero que vagueie
O coração além
Do quanto me contém
E nunca mais refreie
Vontade de seguir
Por onde se desvenda
O todo sem emenda
E gere este elixir
Que tanto abençoado
Presume a solução
E trama a direção
Do amor em manso Fado,
Resplandecente luz
Que farta nos seduz.

729


Em toda imensidão
Do amor que se promete
Ao quanto me arremete
Causa transformação
Ao som de um violão
O canto não repete
E assim aqui reflete
A vasta imensidão.
Não posso reprimir
Vontade de seguir
Além do quanto vejo,
O amor se presumindo
Num ato nobre e lindo
Num raro e caro ensejo.

730


Na grota das esperas
Ausência de alegria
E quando poderia
Imerso em meio às feras,
Mas logo regeneras
Caminho aonde havia
Além da fantasia
Sublimes primaveras,
Assídua maravilha
Por onde se polvilha
Um mágico perfume,
E nele e só por ser
Assim o meu prazer
Decerto ali se rume.

731


Revivo cada gota
Do mar que me trouxeste
Embora a vida agreste
Por vezes seja rota,
O canto nos transcende
E tudo se redime,
Num ato mais sublime
O amor agora estende
Seus braços benfazejos
E trama em raro apoio
A sorte deste arroio
Imerso em meus desejos,
Ao mar gigante foz
O brilho vivo em nós.

732

Que parco, sem saber,
Já fora o meu anseio,
Porém amor se veio
Transcende ao bom prazer
E dita em bem querer
O rumo sem rodeio,
Vagando em devaneio
No fundo do meu ser,
O mar que se aproxima
O tempo em manso clima
Cenário abençoado
E nele se presume
A vida em auge e cume
Um dia iluminado.

733

Desaba e já desanca
O mundo em ribanceira
A vida não se esgueira
E nisto boto banca,
O preço que se cobra
No tempo já perdido
E o passo resumido
No amor onde esta sobra
Traduz felicidade
Ou mesmo rumo em paz,
O quanto já se faz
E nada desagrade
A quem se dera tanto
E nisto ora me encanto.


734


Mostrando os velhos dentes
Pantera solidão
Transmite a sensação
Dos dias inclementes,
Mas logo após se tentes
Vencer sem aversão
Os dias te trarão
O amor que logo sentes
E vês assim o mundo
Deveras mais profundo
Em clara calmaria
O riso perpetua
E bebe inteira a lua
E nela se irradia.

735


A corda que prendia
Funâmbulo caminho
E quando ali me alinho
Gestando esta alegria
Que tanto permitia
Além do próprio vinho
Um tempo onde o daninho
Jamais recriaria.
Escuto a voz do vento
E quando ali eu tento
Seguir os passos teus,
Os dias sem adeus
O manto se traçando
No amor suave e brando.

736


As garras que me cravas
Sangrias prometidas
E nelas pressentidas
Além das duras lavas,
As sortes que desbravas
E geras novas vidas
Nas tantas repartidas
Aonde vira escravas
E agora libertário
Delírio necessário
Nos antros deste amor,
Que mexe assim comigo
E nele já persigo
O céu em pleno ardor.

737

Apenas nossas mágoas
Depuram o terror
Do farto desamor
Negando suas fráguas
E quando em turvas águas
O mundo em dissabor
Matando sem compor
Além de onde deságuas
Verás a tez sombria
Do amor que se perdia
Nas teias da ilusão,
Mas quando esta quimera
A sorte regenera
Ganhando a imensidão.


738



Eu vejo teu sorriso
No olhar já refletindo
Um dia onde deslindo
Decerto o Paraíso
E o passo mais preciso
Nem sempre quando o brindo
Ou mesmo ora se abrindo
Além do mero siso.
Loucura necessária
A quem a procelária
Atormentara tanto,
Vencer este quebranto
E ter novo futuro
No amor, eu te asseguro.


739


Nas horas que vivemos
Depois de tantos medos
Os dias velhos, ledos
E neles sem os remos,
Aos poucos percebemos
Deveras os segredos
E quando em tais enredos
Em dores envolvemos,
Quem sabe a sorte venha
E mude toda a senha
Permita que se encontre
Ou nada desencontre
No rumo onde presumo
O amor em raro sumo.


740


Todo contentamento
Transcorre em mar tranqüilo
Enquanto amor perfilo
E bebo o manso vento,
Deveras sempre atento
Ao quanto mais destilo
O mundo noutro estilo,
Em paz, agora eu tento.
Vencer os velhos danos
Mudando sempre os planos
E tendo a dimensão
Exata deste amor
E nele se propor
Sem medo ou divisão.


741



Embora não saibamos
Contar cada detalhe
Do amor quando se falhe
E nele torpes ramos
Deveras desfrutamos
A sorte em tal encalhe
E nada mais batalhe
Além do que buscamos,
A própria fantasia
Decerto não sacia
Exige muito além,
Assim ao se sentir
No amor mero porvir
A vida nunca vem.



742


A noite que se vai
Imersa em solidão
Aos poucos mostrarão
Olhares onde trai
A vida em tal vacância
Não sabe mais sequer
O gosto que se quer
Com toda esta distância
E nela se resume
O manto já puído
A sorte em tal ruído
Não vê mais rumo ou cume,
Porém amor refaça
O quanto rói tal traça.


743


Procuro a poesia
Nos ermos de minha alma
A sorte não me acalma
Enquanto não traria
O tanto que podia
E assim sem ver a palma
O quanto gera o trauma
E mata em agonia.
Mas tenho esta certeza
Do mundo onde a leveza
Presume um novo encanto,
E a cada canto sigo
O amor que sei amigo
E nele me agiganto.


744


Vencido pelas dores
De antigos e diversos
Caminhos onde imersos
Delírios matam flores,
Resumo em tais ardores
As ânsias dos meus versos
E sei quanto perversos
Os vários dissabores,
Amor já não se vendo
A vida sem adendo
Remendo da esperança,
Mas quando reavivo
O amor imperativo
Ao todo já nos lança.


745


Que mentem; mas não deixam
As sobras sobre a mesa
A vida em tal surpresa
E nela já se queixam
Quem tanto desejara
A sorte mais suave,
O peito feito em ave
Desvenda esta seara
E libertário sonha
Porquanto tanto quis
Um dia ser feliz
E a dita é tão medonha,
Amor que nos salvasse,
Apenas mero impasse...


746


Transportam nestas asas
Os sonhos mais audazes
E além sempre me trazes
O quanto ali abrasas
Vagando sobre as casas
A lua em suas fases
E nelas os tenazes
Delírios; não embasas.
Somente o grão não basta
Repare a senda gasta
E o solo em aridez,
Mas quando se adubando
No amor se preparando
Colheita plena vês.


747



Em vôos vou procurando
Um dia após a queda
O quanto já me seda
E torne agora brando
Caminho aonde quando
A sorte o rumo veda
No vago enfim se enreda
E trama um ar nefando.
Mas vejo; sobretudo
O amor e não me iludo,
Sacio esta vontade
De ter a claridade
E nesta liberdade
Aos poucos me transmudo.


748

Amor em ser cruel
Jamais traria a paz
E quando mais mordaz
Deveras nega o céu
E risca este papel
Mostrando ser tenaz
A dor que já nos traz
Decerto o rumo ao léu.
Insaciavelmente
O canto se apresente
Na busca pelo afeto,
Assim ao me mostrar
Além de qualquer mar,
No amar eu me completo.


749


Permite tantas lutas
A vida em dores fartas
E quando além tu partas
As ânsias sempre brutas
E nelas as astutas
Batutas; já descartas
E quando enfim repartas
Deveras as permutas
Presumem outro ganho
No amor que sei tamanho
Superna maravilha,
Cigano coração
Nas ânsias do verão
A lua em paz polvilha.

750


Querendo conquistar
Ao menos um recanto
Por certo se eu te canto
Teimando em procurar
Nos ermos do luar
Algum suave manto
E nele me agiganto
Cansado de lutar,
O risco além da queda
A sorte já se enreda
Nos passos rumo ao farto,
E quando em amor pleno
Decerto me sereno
E assim sobejo eu parto...

751


Mentindo transformando
Cenário mais perfeito
No quadro insatisfeito
Do amor em contrabando
O quanto já desando
E nada mais aceito
Sequer onde me deito,
O tempo em mim nevando,
Porém no inverno da alma
O amor que vem e acalma
Permite a primavera,
E assim depois do vago
Caminho em paz eu trago
E a sorte me tempera.



752



As celas que me prendem
Nos braços de quem ama
E sabe acesa a chama
Desejos já se estendem
E neles sem receio
Vagando em ar superno
Adentro um mundo terno
E nele agora eu creio
Distando do vazio
Aonde mergulhara
A sorte dura e amara
Agora em paz recrio,
E sorvo deste amor
Sem medo e sem pudor.


753


Estão nestas algemas
Marcadas no meu punho
O medo onde eu empunho
Vazios meus poemas,
Mas logo nada temas
No amor por testemunho
O corte em novo cunho
Presume mansos lemas,
Emblemas do meu sonho
Aonde recomponho
Meu passo rumo ao farto,
E bebo gota a gota
A vida, mesmo rota
Se amor ora reparto.


754


Amor caricatura
De um sofrimento intenso
E quando nele eu penso
O medo se afigura
A dita me tortura
E nisto me convenço
De um tempo amargo e tenso
Que ainda em vão perdura.
Quem sabe noutra face
A velha garatuja
Ainda torpe e suja
Deveras não mais grasse
E trace novo dia
Em paz e em harmonia.

755


Pergunto se talvez
Ainda exista a chance
Do amor que nos alcance
E nele se desfez
A dura insensatez
E neste bom nuance
E vida enfim me lance
No quanto em ti se fez.
Amar e ter certeza
Da farta e bela mesa
Esta iguaria em glória
Mudando num instante
Num ar mais radiante
A turva e tosca história.


756


Olhar que penetrante
Reinava sobre tudo
E quando além me iludo
No passo mais adiante
O risco se agigante
E o coração; já mudo
No quanto me transmudo
E nisto deslumbrante
Caminho se perfaça
A dor vire fumaça
E o medo ora não seja
O velho companheiro
Audaz e traiçoeiro
No amor que ora lampeja.


757


Resiste e não me leva
Além do quanto pude
A morta juventude
Cedendo à sombra e à treva
No quanto se é longeva
A dor e nada mude,
O amor sendo amiúde
Deveras muda a ceva,
E assim perpetuando
O sonho desde quando
Em mim se doura e doma
Multiplicando a sorte
Que tanto nos conforte
Além de mera soma.


758



Do riso que prometes
E nada faz cumprir
A sorte que há de vir
Jamais tu me arremetes,
São falsos os confetes
O mundo irá sentir
O quanto hei de pedir
E as cenas; já repetes.
O caso é que percalços
Gerando cadafalsos
Em farsa e discrepância
No amor que tanto eu quis
Agora por um triz
Somente em vã distância.


759


O mar mal navegado
O risco de sonhar
E ter além luar
O verso desolado,
Ao tempo sem legado
O corte a penetrar
Marcando devagar
O passo jamais dado.
Amar é ter quem sabe
Bem antes que se acabe
Um dia mais suave,
Assim quem dita o rumo
Deveras bebe o sumo
E também trama o entrave.


760


Porém se navegar
O quanto deste encanto
Buscando e nisto eu canto
Tentando desvendar
As teias do luar
Aonde se eu me espanto
Renego a sorte e o manto
E tento desnudar.
Promessas entre guizos
Diversos prejuízos
Em pleno desamor,
A sorte se esgueirando
O dia se nublando
Agrisalhada cor.


761


Depois de tantas noites
Cansado desta busca
A sorte sendo brusca
A mão ditando açoites
Sarjetas, botequim
O risco de sonhar
O medo a se aflorar
O tanto diz do fim,
Quem sabe noutra face
A vida poderia
E sendo até sombria
No amor ainda trace
O brilho mesmo frágil
O passo bem mais ágil.

762


Morrer deste prazer
É tudo o que eu queria
E nisto o dia a dia
Em frágil e vão lazer
Não deixa aparecer
Em mim a fantasia
E traça em harmonia
O quanto não faz crer
Cenário entorpecente
O amor quando se sente
Gestando um leve coma,
Assim proficuamente
O mundo ora descrente
Aos poucos já se doma.

763


É quase que morrer
Se ausência é percebida
Negando à própria vida
As ânsias do querer,
Vacância faz sofrer
E trava uma saída,
A porta soerguida
Jamais consigo ver.
Medonha face expondo
E nisto o amor eu sondo
Respondo ao vento atroz
Buscando dentro da alma
O sonho que me acalma
Domando a minha voz.

764


Porém se teu prazer
Já não mais saciado
Transcorre em tal legado
Vazios; passo a ver
E o canto a se perder
O vento noutro lado,
O corpo já fadado
Às tramas do sofrer.
Mas quando estás em mim
E vivo em ti, assim
O amor dita o reflexo
Do especular caminho
Aonde já me aninho
E sigo sem complexo.


765

A noite em tempestade
O vento toca a face
E assim tanto desgrace
O amor que se degrade,
Não deixo esta verdade
Ainda quando trace
Ou mesmo num impasse
Impeça a qualidade
Da vida que se quer
E nela sem sequer
Saber do alheamento,
Vencer os meus rancores
Viver em novas cores,
Deveras sempre tento.

766


Não faça desse amor
Apenas garatuja
A sorte sem a cuja
Beleza é dissabor
Presume sem rancor
Seguindo, esta sabuja
Às vezes torpe e suja
Caminho aonde eu for.
Porém se tão diverso
O rumo do universo
É feito em harmonia
Amor traça o ditame
E forte então se brame
Gestando a poesia.


767

Envolto em agonias
Os medos, desalentos
A vida em torpes ventos
Decerto já não vias
Cenário onde terias
Além dos sofrimentos
Dispersos pensamentos
Em noites mais sombrias,
Porém se amor se vê
A vida tem por que
E nesta face exposta
O quanto se garante
Do amor a cada instante
Já dita uma resposta.


768


Beleza que traduz
Iridescente sonho
Aonde me proponho
Além de mera luz
Jamais ao bem me opus
E nisto eu já reponho
Meu canto ora tristonho
Vagando em contraluz,
Amar e ter em mente
O quanto se alimente
Das fantasias quem
Conhece cada passo
Aonde agora grasso
E nele o amor retém.


769


E faz de sua dona
O coração escravo
Aonde já me entravo
E tudo se abandona
O quanto a vida clona
Também o medo e o cravo
Gerando o mar mais bravo
Deixando vir à tona
As tantas noites vagas
E nelas se divagas
Pensando noutro fato,
O amor te consumindo
Em ar suave e lindo,
Um tanto quanto ingrato.


770


Deveras do sofrer
Já não quero sinais,
E sei que muito mais
Preciso de um prazer
Que possa sempre ver
Em ares pontuais
Momentos divinais
E neles o lazer
De quem se fez outrora
O ser aonde ancora
Saveiro da esperança,
No mar onde me lanço
Apesar do balanço
Sem ranço o amor avança.


771


É vulcão que derrama
Incandescência farta
O amor quando reparta
E traz o quanto trama
Além da mera chama
A sorte se comparta
E nunca siga ou parta
Fugindo desta trama,
Assim ao ver além
O amor quando ele vem
Reinando sobre o sonho,
Encontro a plenitude
Mesmo que tanto ilude
O mar claro e medonho.


772

Não faça do que é belo
Apenas um enfeite
Amor quando se deite
Gerando algum castelo
No todo que revelo
Deveras sempre aceite
O todo de um deleite
No farto aonde atrelo
O passo sem desvio
E quando fantasio
Quem sabe um filho, um mar,
Ou mesmo em consonância
A vida nesta instância
Decifre o que é amar.

773


Verás que nada vem
De graça nesta vida,
O tanto da ferida
Que amor desvenda bem
Presume noutro alguém
A fonte e sem saída
Assim a despedida
Expressa onde não tem
Sequer o mero brilho
E nisto eu compartilho
Das ânsias deste sonho
Aonde me traduzo
Por vezes mais confuso,
Mas sempre amor; proponho.

774


Portanto nada tenho
Senão esta esperança
Que é como frágil lança
E nela sou ferrenho,
Pois tudo se eu contenho
Ao farto já me lança
E tento em aliança
O sacro desempenho,
Vagando noite afora,
Uma ânsia me devora
Do amor sem ter remédio,
Ausente traz o tédio,
Presente se anuncia
Em dor e poesia.


775


Nem quero converter
O passo em dor e queda
O amor quando envereda
As sendas do prazer
Por vezes faz sofrer
Ou mesmo o rumo seda,
Ou nega esta moeda
E traz o esvaecer
Evanescente sonho
Aonde me proponho
Em brumas, mas feliz.
Cenário multicor
Nas tramas de um amor,
O bem que tanto eu quis.


776


Amada; se afagamos
O sonho com palavras
E nestas tantas lavras
O mundo; desvendamos,
Sejamos mais audazes
E tentemos saber
Do todo de um prazer
Que assim também me trazes
E espalhas pela casa
Qual fosse uma ardentia
Gerando a fantasia
E nela tudo abrasa,
Efervescência em glória
O amor regendo a história.


777


Vivendo por demais
O quanto quis em verso,
Estando agora imerso
Nos sonhos magistrais
E neles divinais
Delírios; já disperso
E vago em universo
Caminhos siderais.
A flórea maravilha
Aonde amor palmilha
Transcende ao próprio ser,
E tantas vezes creio
No amor sem ter receio
Algum de até sofrer.


778


Prendemos a nossa alma
Nesta alma geminada
E assim na mesma estrada
O farto nos acalma,
Amar e ter certeza
Do quanto já se pode
Por mais que a dor açode
Vencer a correnteza
Destreza de quem tanto
Conhece o seu caminho,
Amor nunca é daninho
Se é feito em claro manto,
Desvenda os meus mistérios,
Porém sem ter critérios.


779

Em sonho por demais
Diverso do que um dia
Pensara em harmonia
Em plenos vendavais
Procuro sempre mais
Do quanto poderia
E sei da sincronia
Aonde em divinais
Desenhos; reproduz
A vida a própria luz
E dela já se emana
Um facho em amor tanto
E assim eu me adianto
À dor dura e profana.


780



Amar é ser feliz?
Às vezes penso em não,
Na turva direção
Diversa da que eu quis,
Mas sei ser aprendiz
A queda, uma lição
Momentos que virão
O amor se contradiz.
O raio redentor
Gerando o dissabor
E nisto a sorte é vária,
Porém quando é sincero
Transcende ao que mais quero
E mata a procelária.


781


Porém esqueça o lago
E veja a imensidão
Do mar em dimensão
Sobeja que te trago
E cada novo afago
Certezas se darão
Do amor em provisão
Sem medo nem estrago,
Resumos desta vida
No quanto é repartida
Multiplicando a luz,
Assim ao ser tão teu
Meu mundo se estendeu
Aonde o teu conduz.

782


Tantos dons repartidos
Em medos, dissabores
E neles quando fores
Terás em teus olvidos
Quais fossem diluídos
Os fartos desamores
Nos dias sonhadores
E neles vãos sentidos.
Resquícios de outras eras
Agora não esperas
Que tudo se repita,
Mas quando o sol vier
No amor desta mulher
Talvez falsa pepita...


783


Permita que deus Eros
Adentre teu caminho
E quando vou sozinhos
Sentidos torpes, feros
Os olhos procurando
A noite sem descanso
E quando além alcanço
Um novo olhar mais brando
Compartilhando luzes
Ou mesmo estas sombrias
E vagas fantasias
E nelas me conduzes,
O amor nos permitindo,
Um sonho audaz e infindo.


784


As ninfas vão decerto
Reinar sobre o meu sonho
No quanto me proponho,
Caminho sempre aberto
Se às vezes eu desperto
Em mar turvo e medonho,
Do nada recomponho
O sonho eu não deserto.
Mas quando a tarde cai
E nada, ninguém vem
Na ausência de algum bem
O amor agora trai
No leito solitário
Remanso temerário...


785


Amando quem quiser
O tempo não se ilude
O quanto mais eu pude
Anseio esta mulher
E quando ela vier
Renovo a juventude
E posso em atitude
Além de um vão qualquer
Seguir ao meu momento
Em ápice sonhado,
Neste apogeu meu Fado
Permite onde me alento,
Mas logo amor se esfuma
E ao nada o sonho ruma.

786


Onan em desespero
Durante tantos anos
O coração em danos
A vida em destempero,
Vagando sem destino
Alheio caminhar
Ausente algum luar
Ao que me determino?
No fardo que carrego
A sorte não se trama
E o sonho morre em chama
Esvaziando este ego
Matando num instante
Meu canto, um tolo amante.


787


Amando sob estrelas
Em noite clara e imensa
Amor se recompensa
Somente até por tê-las
E quando percebê-las
Em ti minha alma adensa
E bebe a fúria intensa
E em teu olhar sabê-las.
A lua em brônzea tez
O amor que já nos fez
Além do imaginário,
Risonho nauta eu sigo
O canto em teu abrigo
Encanto raro e vário.


788

Morfeu que nessa noite
Já não veio e deixando
O olhar ausente quando
Saudade dita o açoite
E nesta vaga adentro
O coração em luto,
E quando além reluto
E mesmo desconcentro
A vida em nova face
Apenas ilusória,
Um traço na memória
Aonde o sonho grasse,
Amor já não se aflora
E a noite então; demora...

789

Embora em Afrodite
O sonho de beleza
Em ti tenho a certeza
Além de algum limite
Do amor que necessite
A fúria em natureza
Cerzindo tal surpresa
E nela se acredite,
A sílfide perfeita
Comigo então se deita
Deleito-me deveras,
E tanto em teu fulgor
Searas deste amor
Com brilhos tu temperas.


790


Depois desta loucura
Não quero nem saber
Do manto onde tecer
A sorte em amargura,
O risco não perdura
Enquanto houver prazer,
Assim ao te saber
Além desta procura
Insanamente eu vivo
E sei de ti cativo
E nada nos separa,
Apraza-me alegria
Aonde se urdiria
A paz desta seara.


791


Em plena redenção
O quanto quis um dia
Amor não negaria
Nem mesmo a direção,
E sei que desde então
A vida em euforia
Dourando a fantasia
Em fráguas já virão
As luzes, fogaréus
Ganhando assim os céus
Galope de um corcel,
O sonho em tal tropel
Risonho e mavioso
Transpira ao próprio gozo.


792


Procura por Minerva
Durante a insensatez
No amor que agora vês
Minha alma sendo serva
O quanto não preserva
De alguma lucidez,
E assim cenário fez
E nada mais conserva
Prismático desejo
E nele também vejo
Iridescente espaço,
No olhar me seduzindo
O quanto sendo infindo
O rumo que em ti traço.


793


Encontra os belos seios
Da diva mais superna
Minha alma já se interna
Sem medos ou receios
E segue pelos veios
Da noite rara e terna
Ousando esta lanterna
E nela em devaneios
Galgando além do espaço
Seguindo o quanto traço
Em sonho e em fantasia,
O amor gerando amor,
Num claro e bom sabor
A sublime iguaria.

794


Em meio a tantas divas
Tu és a mais perfeita
Minha alma se deleita
Enquanto não me privas
De olhar em cenas vivas
Olimpo onde se deita
A sorte satisfeita
E nela em luzes crivas
A messe do andarilho
Que agora compartilho
Com farta divindade,
Qual Zeus enamorado
Com Juno do seu lado
Um Éden nos invade.

795

Encontro aqui do lado
Quem tanto quis um dia
E sei desta alegria
De um sonho desenhado
Há tanto e demonstrado
No quanto poderia
Vencer esta agonia
E ter anunciado
Caminho sem igual
Por onde magistral
Desenho se garante,
E tanto te querendo
Amor ora estupendo
Sobejo diamante.


796

Aquele que somente
Percebe a desvalia
Não mesmo poderia
Viver o que se sente
No amor onde alimente
Uma alma mais sombria,
E sendo dia a dia
A ceva permanente
Transcende na colheita
Ao quanto se deleita
Uma alma em luz e messe,
Assim neste cenário
Diverso e imaginário
O amor, a vida tece.


797


Nas asas deste amor
Alçando a liberdade
Não vendo qualquer grade
Nem mesmo algum rancor,
Resumo no sol-pôr
Beleza e intensidade
Que agora nos invade
Em pleno e bom calor,
No outono desta vida
A sorte presumida
Primaveril surpresa
Amor que temporão
Causa transformação
Além da Natureza.


798


Verá que encontrará
O olhar que já redima
Mudando todo o clima
Aqui ou mesmo lá
Aonde se perceba
O amor em raro brilho,
Assim quando palmilho
Diversa e vaga gleba
O tanto que se quer
Ou mesmo se imagina
A sorte cristalina
No corpo da mulher
Abençoadamente
O amor se mostra e sente.

799


A boca que mordendo
Em bote traiçoeiro
Transforma este canteiro
Apenas num remendo,
Não pode mais sequer
Sentir outro jardim
Marcando dentro em mim
E nisto o que vier
Deveras noutra face
Além da que se veja,
A sorte malfazeja
Decerto isto desgrace.
Mas tendo amor em paz,
O mundo se compraz.

800


Não mais que certas cruzes
Pesassem tanto assim,
E quando este jardim
Imerso em tantas urzes
Deveras inda cruzes
E traces o meu fim,
Matando tudo em mim,
Negando meras luzes,
Outono se invernando
O tempo mais nefando
Nevando dentro da alma,
Brumosa noite além,
Mas quando o amor contém
O mundo já se acalma.


801


Guardei do que desprezo
O gosto mais amargo
E quando a voz embargo
O tempo outrora ileso
Agora se maltrata
E gera esta faceta
Cruel que se prometa
Decerto mais ingrata,
Restando do meu sonho
Um vago esgar e nada
O quanto em alvorada
Tomada em ar medonho,
Porém se existe amor
Revivo o claro albor.


802


O vento que trazia
Um ar primaveril
Agora mais sutil
Já não diz alegria,
A morte não se adia,
O corte duro e vil
Aonde se previu
O fim em agonia,
Mas quando amor se vê
A vida tem por que
E assim já se transforma
E o que era duro inverno
Agora não externo,
Em flórea e rara forma.



803


Se avança rebentando
O que não mais contém
O amor sem ter desdém
Levando a vida em bando
E assim mesmo gerando
O quanto mais convém
E sigo seu refém
E enfim vou me entregando,
Amar dita a conquista
Além do que se avista
Gerando o imaginário,
Arcando com promessas
E nelas recomeças
Um mundo sem calvário.


804



Isento dos percursos
Doridos dos meus medos
A vida em seus enredos
Diversos os seus cursos
Ousando em tais recursos
Embora às vezes ledos
Vestir raros segredos
E neles são incursos
Os ritos mais audazes
E quando assim me trazes
Bendita luz e vens
Alheio aos vãos desdéns
No tanto aonde eu possa,
A vida agora é nossa.


805


Escrevo meu futuro
Nas tramas do teu porto,
Outrora semimorto
Agora em ti perduro
E sei o quanto escuro
O mundo em duro aborto,
Mas quando enfim absorto
Encontro o que procuro.
Acasos entre ocasos
A vida não tem prazos
E gera uma surpresa
Quem fora caçador
Nas ânsias de um amor,
Tornando mera presa.


806

Não presto; já me disse
A vida com seus termos
Ditando em mim meus ermos,
Porém pura tolice,
O quanto se é feliz
Depende deste fato
Aonde amor retrato
Desvendo o quanto eu fiz
Na busca inalcançável
De um porto mais seguro,
Porém eu me asseguro
No rumo palatável
Das tramas deste encanto
No amor eu me agiganto.



807


Ao gosto que roubamos
Dos néctares sobejos
E neles benfazejos
Caminhos nós traçamos
E sei sem termos amos
O quanto dos desejos
Diversos, sempre andejos
Agora desfrutamos.
Reinando sobre nós
O amor ditando a voz
E o gesto mais audaz,
Decerto em tal castelo,
Ao mundo eu me revelo,
Enfim em plena paz.


808


Sorvendo cada gota
Do todo quanto pude
Viver a magnitude
Mesmo quando alma é rota,
Não tendo outro cenário
Senão este que vejo
O amor quando o desejo
Deveras temerário
Resume em dor e gozo
O tanto quanto pude
E sei ser amiúde
Sofrido e majestoso,
Nesta dicotomia
A vida eu percebia...


809



A mando deste amor
Jamais eu cessaria
O canto em harmonia
E seja como for
Não tendo mais rancor
Nem mesmo a hipocrisia
Que tanto poderia
Gerar o dissabor,
Aberto o coração
Às tramas do verão
Verei enfim em ti
O quanto mais eu quis
E sendo então feliz,
No amor me concedi.


810

Voltando da Praia...

Nem estava sol,
Só um mormaço que adentrava
De mansinho e passeava,
Instalando-se...
Entre mergulhos e
Deitadas,
Perdi a noção do tempo,
Quando percebi
Estava abrasada;
Em casa,
Um banho morno,
Esponja macia a
Passear com suavidade por
Meu bronzeado e quente corpo;
Óleo essencial
Acariciando, lentamente,
Minha pele quente de absorção morena;
Olhos fechados,
Coração pulsante,
Mente imaginativa,
Pensamento fixo,
Sorriso,
Nenhum siso;
Joguei-me na cama,
De bruços,
Molhada, atordoada,
Esperando você;
Seus doces e indecentes sussurros
Já faziam cócegas,
Senti tua respiração arfante,
Teu corpo vibrante,
Teu gotejar extasiante;
Fizemos amor e sexo,
Simbiose santa e profana,
Plana-convexa,
Desejo reflexo a
Derramar toda gana!
REGINA COSTA


Desejos saciados entre nós
No quanto tanto amor se produzia
E nesta tarde imerso em fantasia
Ousamos na verdade em mesma voz,
O quanto o sonho fora mais feroz
Numa ânsia sem igual revelaria
O gozo anunciado onde teria
Uníssono delírio em clara foz.
Depois de um sol dourando nossa pele,
A lua mais sedenta se revele
Num argentino bronze iridescente,
E assim ao saciarmos nossa fome,
O amor que nos redime e nos consome,
Deveras com ternura se apresente...


811


Dedos Molhados...
Sorvendo,
Saboreando,
Vertendo
Teu sabor em mim!
REGINA COSTA

Sentir o teu sabor delicioso
E ter neste rocio a divindade
Exposta até real saciedade
Superna maravilha feita em gozo,
Num ato que se molde majestoso
A fúria nos treslouca e nos invade
Traçando em nós enfim felicidade
Redime de um passado pedregoso.
O farto desvendar em rara senda
No amor que tantas vezes nos atenda
Sem freios nem pudores, só por ser.
Assim ao desvendar os teus segredos
Os lábios entre sonda, olhos, dedos,
O consonante espasmo diz prazer.


812


Se eu venço e não convenço
Talvez mesmo pudesse
No tanto que se tece
Saber de outro adereço
No amor quando ofereço
Eu vivo tal benesse
E nela já se esquece
Até de algum tropeço,
A vida em atropelos
Diversos os seus zelos
Apelos são comuns,
Mas quando amor invade
Dos ermos da saudade
Só restam, pois alguns.

813


E sabes que nas sebes
Porquanto eu me daria
E nesta fantasia
Além do que percebes
Eu rumo e já me embebes
De toda esta alegria
Gerando uma utopia
Além do que percebes.
O vasto amor em nós
Tomando a mesma foz
Permite esta afluência
De mágico louvor
E neste raro amor,
Bendigo uma imprudência.


814


O vasto do universo
Em nós representado
Traçando lado a lado
Em cada novo verso
Por onde eu me disperso
Ou mesmo no alentado
Caminho desenhado
No qual prossigo imerso,
Resulto deste fato
E nele amor resgato
Sem medo e sem pudores,
Singrando este oceano
Num ar que é soberano
Por onde quer e fores.

815


Em tramas que teimamos
Armando em passo lento
O cândido momento
Aonde desfrutamos
E destes mesmos sonhos
Deveras costumeiros
Nós somos jardineiros
E nisto mais risonhos
Cevamos com cuidado
Inteiro o roseiral
Num ato em ritual
Preparamos legado
Que possa até servir
Quem sabe, de elixir.


816


Não minto se te sinto
E quero sempre mais
Momentos divinais
Aonde além do instinto
Em ti eu já pressinto
Diversos rituais
E neles vendavais
Ou mais um raro absinto
Sorvido em goles fartos
Além dos sonhos, quartos
Adentro esta varanda
Na lua que te toca
A fúria se provoca
Na orgástica demanda.


817


Absinto me embriaga
Dos lábios de quem ama
A sorte em mesma trama
E sabe a antiga chaga,
Ao menos quando afaga
Produz na nossa cama
Uma erupção que clama
Além da mera, vaga.
O rito sensual
O amor consensual
O risco não se vê
Apenas esta entrega
Aonde se navega
Sem nem saber por que.


818


Navego tantas noites
Nos ermos do infinito
No amor que eu acredito
E nele tu me acoites
Vagando sem destino
Nas tramas de teus laços
Ausentes os cansaços
A ti me determino
Sem mais defesa alguma
Em rara imensidão,
E sei que desde então
A vida se acostuma
Ao gozo insaciável
Além do imaginável.


819


Em plena tempestade
O quanto poderia
O mundo em agonia
Gerar a falsidade,
Mas quando amor invade
E traça a alegoria
O quanto se daria
Traduz em claridade,
Afeto multiplica
E nada mais se explica
Somente por quem és
Amor nega a vergasta
A dor assim se afasta
Jamais prevê revés.

820

Magoas se me negas
Os quanto desejares
E se logo notares
Seguindo sempre às cegas
São várias as entregas
Em tantos bons lugares
E nelas se somares
Sobejas tais adegas,
O quanto me sacias
Nas noites, plenos dias
A todo instante eu vejo
O amor que se aflora
E assim e desde agora
No afã deste desejo.


821


Amores nestas telas
Pintadas pelo sonho
Aonde eu me proponho
E sei também te atrelas
No quanto são tão belas
As noites que componho
No vértice eu te ponho
Enquanto me revelas
Supernas maravilhas
E nelas tanto brilhas
Luar em minha cama,
Bebendo desta frágua
O amor logo deságua
E aumenta cada chama.

822


Os rios e cascatas
O mar em nós se vendo
O quanto em estupendo
Caminho me arrebatas
As noites insensatas
O tempo percebendo
O todo nos bebendo
Os lábios são fragatas
E todo cais além
Deveras já contém
Tesouro inigualável,
Amor incendiário
E sendo assim diário
O mundo é mais potável.

823


Nas mágoas do passado
Sedenta noite atroz,
Mas quando amor em nós
O todo transformado
O sonho adivinhado
O rumo mais veloz
Traduz em laços, nós
O fado desenhado,
Nas pernas, entrelaces
O amor tendo mil faces
E nelas eu me espelho
Contigo quero o encanto
E neste tanto espanto
Qualquer siso e conselho.


824


No mármore que amor
Com seu cinzel superno
Ditando o rumo eterno
E nele o bom sabor
Alabastrino albor
E quando em ti me interno
Ausente algum inverno
Sobejo este calor,
Incrédulos passeios
Sem pejos nem receios
Vagando por espaços
Diversos até que
O sol ao longe vê
Dois corpos nus e lassos.


825


O gosto inebriante
Da boca desejada
Selando cada estada
E nela se adiante
O passo em deslumbrante
Cenário; onde traçada
A sorte em tal laçada
Lapida um diamante,
Vagando sem destino
Em ti eu não domino
O quanto sou mais teu,
E o vasto deste fato
E nele ora constato
Amor que se verteu.


826


Aquele que escapar
Das tramas mais audazes
Que amor sempre em tais fases
Permite qual luar
E neste navegar
Os sonhos que me trazes
E neles os tenazes
Momentos a vagar
Galgando além do cume
O quanto se acostume
Em lume sem igual,
O verdejante prado
Agora anunciado
Em rito sensual.


827


Embrenha seu futuro
O amor em luz intensa
E sabe o que compensa
O tanto outrora escuro
Caminho onde asseguro
A vida não mais pensa
E vendo a diferença
Em ti eu já perduro,
Procuro este detalhe
E nada que atrapalhe
A insânia mais sutil,
A desejosa senda
Aonde amor se estenda
Além do que previu.



828


Fugindo deste inferno
Aonde outrora fora
Uma alma sonhadora
Agora em duro inverno,
Mas quando amor é terno
E gera a tentadora
Figura redentora
Ali eu já me interno
E externo em cada verso
O quanto nele imerso
Ascendo ao Paraíso
Não tendo outro caminho
O amor gestando o ninho
Não tem sequer juízo.


829


Aguarda bem mais calmo
Depois de satisfeito
O amor em claro leito
Gerando o mesmo salmo
E nele me detenho
Vencido pela messe
Aonde se obedece
O rumo em raro empenho,
Vagando vez em quando
Por mares mais distantes
Percebo os fascinantes
Desenhos se moldando
No corpo desta diva
Da qual a alma é cativa.

830


Amor que me parece
Além da face exposta
Sabendo esta resposta
E nela verte em prece
O quanto se obedece
À vida a ser proposta
E quando a gente gosta
A lida em paz se tece.
E resolutamente
Não tendo em minha mente
Nem dúvida sequer,
Eu quero e tão somente
O amor que se apresente
Na sílfide/mulher.


831


Cortante ao mesmo tempo
Em que nos cicatriza
Amor é fúria e brisa
É paz em contratempo
E violentamente
Não deixa sobrar nada
Esta alma destroçada
Que nele se alimente
Perpetuando o gozo
Também a dor imensa
Enquanto em amor pensa
Já sabe o caprichoso
Caminho desenhado
Num louco e doce fado.

832


Das luas em que bebe
Cenário iridescente
O amor onde apresente
Domina inteira a sebe,
E logo se percebe
Em ti a tal nascente
Por onde se apresente
O quanto se concebe
A messe incomparável
E nela insaciável
Desenho se transcende
Ao farto deste instante
Aonde se agigante
E além o amor se estende.


833

Amor que tanto apruma
Enquanto me atormenta
E gera esta sangrenta
Manhã por onde esfuma
A sorte se inda alguma
Deveras se apresenta
No quanto dessedenta
Também nos acostuma,
Assim num vício imenso
O quanto em amor penso
Não deixa mais espaço
Sequer para uma prece
Enquanto assim se tece
Caminho onde perfaço.


834

Herméticos meus versos?
Jamais, pois na verdade
Porquanto o sonho brade
E nele vão submersos
Os vários universos
Da tal felicidade
Assim a liberdade
Em ares mais dispersos,
E quando entranha em mim
A fúria já sem fim
Do amor sem ter limites,
Assídua maravilha
E nela esta armadilha
Além do que ora fites.


835


Talvez de amor não faça
O rumo se eu pudera,
Mas como se esta fera
O passo logo embaça
E ruge em plena graça
Qual fosse primavera
E logo destempera
E toma toda a praça
Imensa barricada
Minha alma desarmada
Já não consegue mais
Deter a inundação
Imensa em que a paixão
Transborda em temporais.


836


Amando com palavras
Sutis ou mesmo até
No quanto em rara fé
Deveras também lavras
E sabes deste solo
Um tanto em aridez
Aonde o amor se fez
E nisto me consolo,
Restando parte ou tanto
Do quase que se dera
Além de alguma espera
O amor eu te garanto
Não tendo mais fronteira
Em si por si se inteira.


837


Tampando a claridade
Não posso perceber
O amor a se tecer
E nem o quanto invade
Gerando à saciedade
O quanto quis prazer
Vibrando e só por ser
Gigante tempestade,
No farto deste empenho
O quanto eu já desenho
Em luz iridescente
O amor se traz além
E nada mais detém
Enquanto se apresente.


838


Agora, num minuto
O todo trasbordando
E sei que desde quando
O olhar já mais astuto
E assim nem se reluto
Eu posso adivinhando
O rumo desejando
Ou mesmo um passo bruto,
Amor por ser quem é
Trazendo esta galé
Algema e nos liberta
A porta do prazer
Transcende ao próprio ser
Estando agora aberta.


839

Amor quando é demais
Já não consigo além
Do quanto sou refém
Em ritos divinais,
Bebendo os desiguais
Caminhos que contém
O gozo quando vem
Momentos sensuais
Segredo à própria vida
A sorte presumida
No amor que ora me trazes,
E assim em passo firme
O sonho se confirme
Em noites mais audazes.

840

A solidão chegando
Depois de tantos anos
Assim puindo os panos
Em dia tão nefando
O amor outrora brando
Agora em novos danos
Em ritos desumanos
Deveras destroçando
O quanto ainda havia
Em clara fantasia
E agora já não vejo,
Quem sabe no futuro
Amor novo e asseguro
A paz no meu desejo.


841



Em prantos e torturas
Os sonhos mais mordazes
Os dias onde trazes
As tantas amarguras
E nisto e em tais misturas
A vida dita as fases
E nelas os audazes
Caminhos não figuras,
Expresso o verso então
Em árdua solidão,
Do amor sigo sedento,
Quem sabe, possa um dia
E nesta alegoria
O passo em paz sustento.



842


Não temo se caminho ao teu lado
Se da-me tua mão na tempestade
Não há sinal maior de amizade
Que a oferta destes versos, teu legado

Se faço do amor a minha lei
O teu trilhar é tudo que professo
Amigo, te adoro e confesso:
Feliz o dia que te encontrei.

Mesmo estando longe, eu te sigo
Em versos te acarinho e prossigo
Buscando sempre o amor e a alegria...

A Deus eu rogo que em nossa trilha
Vejamos na jornada, maravilhas
E sele este querer em poesia!


Helena Grecco


Amiga; o amor nos toma e nos conforta
A página virada do passado
Há tanto noutro instante desolado,
Trancara com certeza qualquer porta
E o sonho se vier o tempo aborta,
E dita a solidão como legado,
Mas quando novo amor acalentado
O risco na verdade pouco importa,
Jazendo sempre ao lado deste encanto
O quanto posso além eu te garanto
Não deixo que se cale a voz de quem
Sabendo deste raro alumbramento
No farto caminhar do amor eu tento
E sei que qualquer dia o brilho vem.


843

Sabendo o quanto amor
Pudesse adivinhar
Aonde e em que lugar
Qual rumo e seu sabor
Permite este labor
E nele o caminhar
Aonde desvendar
O canto redentor,
Desenho em mansidão
As horas que virão
E nelas a certeza
De um dia mais feliz
Assim a sorte diz
E doma a correnteza.


844


Na cama não há chama
Que possa saciar
Quem tanto quis amar
E logo em sonhos trama
O quanto já nos clama
O imenso de um luar
E nele flutuar
Distante de algum drama,
Resumo em verso e fado
O tanto desvendado
No sonho onde procuro
Vencer os meus temores
E nisto traço as cores
De um céu outrora escuro.


845


Noturnos os desejos
Que tomam nossos sonhos
E neles os risonhos
Caminhos são sobejos,
E tanto quanto possa
Vencer a solidão
Traçando a solução
Que seja também nossa
A fome se sacia
Na urgência de um querer
Aonde com prazer
Veja o romper do dia
Em laços bem mais fortes
Tu vens e me confortes.


846


Se adendos e barganhas
Gerassem novos fatos
Bem mais que tais ingratos
Caminhos, ledas sanhas
Aonde tu me ganhas
E secas os regatos
Traçando em novos atos
Longínquas vãs montanhas,
Erguendo o meu olhar
Pressinto no horizonte
No sol que já desponte
O duro caminhar,
Porém se amor é ponte
Aprendo a divagar.


847



Disfarço tantos erros
Nas tramas mais audazes
E sei que também trazes
Além destes desterros
Caminhos entre tantos
E sinto mais feliz
Encontrando o que eu quis
Imerso em teus encantos
Resido no que busco
E tento estar contigo
Sabendo ali o abrigo
Por mais até tão brusco
O mundo e nele entranho,
Porém no amor um ganho.


848



Manhã já vai raiada
Acordo nos teus braços
Agora em doces laços
Amor nessa florada.

Te beijo, tão feliz
Lá longe a dor de outrora
Certeza dessa aurora
Felicidade em bis.

Curada a cicatriz
Refeita essa promessa
O amor nos prega a peça
Contrário aos atos vís

Colore de alegria
A tua face, a minha
Sazona a nossa vinha
De novo, a poesia!


ANA MARIA GAZZANEO

O amor redime cada engano meu
E traça com carinho um novo passo
Ocupa totalmente cada espaço
Cenário sem igual que se verteu
Num átimo gerando este apogeu
Deixando para trás qualquer cansaço
E quando em teu caminho o meu eu faço
Meu sonho o teu sonho percorreu.
A sorte não se mostra em tormentosa
Paisagem na desdita em solidão,
E quando novos dias mostrarão
O quanto desta messe agora goza
Quem tanto fez do amor a poesia
E sabe o quanto o sonho nos sacia.


849


Meus Êxtases

Olhando o firmamento sou pequena
Tão pequenina que não me demito
De admirar sublime criação e fito
Estrelas em bilhões na grande arena

Toureira sem ter força e bem domada
Apenas soletrando a imensidão
Pobre de mim sem argumentação
Sorrir e sonha, e sonha acordada

Encontro o luar encanto sem ter luz
Recebe o amado, sol em claridade
E vive tão somente, assim, em balde

Olhando amores promessa e poesia
Nas madrugadas sol quando irradia
Nada reclama, e, nela amor eu pus

sogueira

O amor traçando além do quanto eu pude
Pensar e ter certeza quando um dia
Entrando nos meandros, poesia
Refiz a minha sorte em juventude
O quanto deste passo tanto ilude
E mesmo assim deveras se cerzia
Fortuna em noite clara ou tênue dia
Tramando noutro rumo uma atitude
Eu pus o meu caminho nos teus braços
E sei que são comuns os nossos passos
Gestando a maravilha que redime,
No tanto mais feliz eu pude ver
O amor gerando assim raro prazer
Sabendo ser decerto mais sublime.

850


Nos dentes que mergulham
Além da tênue pele,
O amor que nos compele
E neles se vasculham
Cenários mais diversos
E traçam outro fato
Aonde me retrato
Em cenas, claros versos,
Arcando com enganos
Ou mesmo em tal caminho
O tanto onde me aninho
Impede novos danos,
E assim no amor perfeito
Decerto me deleito.


851


Amar demais não custa
Nem mesmo poderia
Gerar a hipocrisia
Aonde a cena ajusta
O passo onde se incrusta
A sorte e a fantasia
E nisto eu poderia
Nesta medida justa
Sentir a suavidade
Do sonho quando invade
E traça a perfeição,
No todo ou mais um pouco
Se às vezes me treslouco,
Transbordo em emoção.


852


Embora vá rolando
Por vários descaminhos
Os dias mais mesquinhos
O céu em contrabando;
Porém no amor notando
Gerando nossos ninhos
Jamais serão sozinhos
Os tempos decorando
Com todo o privilégio
De um sonho raro e régio
Aonde se desfila
A lua em tons de prata
Amor quando arrebata
A noite é mais tranquila.



853


Aberto ao coração
De quem já me quiser
O tanto que se quer
E traça a solução
Dos ermos que virão
E sem medo sequer
Do gozo onde aprouver
Cerzindo este verão,
E nele se transcende
Ao quanto se desprende
Em glória o nosso dia,
O amor não mais se esgota
E toma logo a rota
Em mágica alquimia.


854


Aguardo, calmamente
Alquímica mistura
Aonde se assegura
A vida e se fomente
O amor que plenamente
Traduz farta ternura
E quando a vida cura
Um passo atroz, demente,
Resido neste tanto
E sei que me adianto
Enquanto houver nobreza
Do amor reinando sobre
O manto onde se cobre
Em glória a farta mesa.



855

Não temo a solidão
Nem mesmo os desvarios
E sei dos desafios
Das noites que virão
E tendo a solução
Traçando a foz dos rios
Aonde em frágeis fios
Ausente negação
O mundo se redima
E mude todo o clima
Trazendo até quem sabe
O rito mais sobejo
E nele já prevejo
O amor que não se acabe.


856


Embora eu te prefira
À própria vida minha,
O quanto já se alinha
Além desta mentira
A sorte em frágua e pira
Deveras se adivinha
E tanto ali continha
Se a Terra também gira
O manto desenhado
Traduz o enunciado
E traz neste contrato
O ritmo mais audaz
No farto amor se faz
E ali eu me retrato.

857


Segredo que te conto
De um fato mais constante
No amor onde agigante
A vida sem desconto
Aumento ponto a ponto
E chego doravante
Num mundo fascinante
Cenário agora pronto
Bendito este artesão
Com toda a precisão
Cerzindo a maravilha
Do amor quando perfeito
E nele me deleito
Quando a alma compartilha.



858


É feito da saudade
O amor que não sacia
E veste esta agonia
Aonde a morte brade
E gere esta ansiedade
E nela não havia
Senão a fantasia
Sem dar tranqüilidade,
Um novo amor; portanto
É porto onde garanto
Saudade não tem vez,
No quanto se perdera
Pavio inútil cera
Em nada se desfez.


859



A pele em minha pele
Transita e se pressente
O quanto mais dolente
Delírio nos compele
E nada mais se sele
Senão tal inclemente
Caminho onde se tente
O todo já revele,
O caos entranha em nós
Amor furioso algoz
Domina cada passo,
E assim em pleno espasmo
O mundo sem sarcasmo
Deveras quero e traço.

860


Derrubas com carinho
Gigante traiçoeiro
Regando este canteiro
Retiras cada espinho
E amor sem ser daninho
Transforma por inteiro
E traça o mensageiro
De um novo e raro ninho
Aonde se pressente
O quanto mais contente
Estou a todo instante
No qual amor vislumbra
E nega esta penumbra
Por ser tão radiante.


861


Não tenho mais segredos
Nem mesmo os quereria
Vagando em poesia
Diversos meus enredos
E tento embora ledos
Os rumos dia a dia,
E nada poderia
Traçar além dos medos,
O amor nos fortalece
E nele além da prece
Pressinto uma conversa
Com Deus que sempre versa
Num átimo ao cenário
Do amor tão necessário.


862


Portanto não precisa
Saber da indiferença
No quanto se convença
Da sorte mais concisa
E nela qualquer brisa
Transforma e traz a crença
Que tanto nos compensa
Enquanto ali matiza
Esta alma benfazeja
Por onde mais deseja
A sorte em redenção
Sabendo deste fato
No amor eu me retrato
E vejo a direção.

863


Depressa minha amada
Que a vida já se esvai
O pensamento trai
E nega alguma estrada
A quem se fez gentil
E tanto quis assim
Florada em seu jardim
E o canto não se ouviu,
O inverno se anuncia
E o tempo já transmuda
A sorte tão miúda
Agora em fantasia
Permite um mero instante.
Que seja deslumbrante!


864


A boca em minha boca,
O toque mais gostoso
Aonde em pleno gozo
O rumo já se toca
E sigo cada passo
Por onde poderia
Saber desta alegria
E nisto eu tanto faço
E beijo a primavera
Embora em invernal
Caminho pelo astral
No quanto amor tempera
E muda a própria face
Sobejo mundo trace.


865


Desnude-te de todos
Temores e verás
O amor quando ele é audaz
Supera os velhos lodos,
E sem saber de engodos
Transcende à própria paz
E tudo sempre traz
Diversos, vários modos
Porquanto em ti sacio
O coração vadio
E tanto aventureiro,
Mas quando em flórea senda
Assim logo se estenda
Além deste canteiro.


866

A lua nos convida
Em clara concordância
Gerando a consonância
Gerindo nossa vida,
A sorte percebida
E nela esta abundância
A cada nova estância
Refaço a já perdida
Vontade de lutar
E bebo do luar
Um fortalecedor
Cenário em plena prata
Assim a messe trata
Em festa o nosso amor.


867



A boca percorrendo
Cenário fascinante
E sabe doravante
Aonde em estupendo
Caminho irá vencendo
A dor e num instante
O todo se agigante
No mar que ora desvendo.
Resumo minha vida
Na sorte presumida
Nas tramas deste anseio
E sei do quanto posso
Vivendo amor que é nosso
Sem pejo e sem receio.


868


Acende nessa noite
O brilho em cada lume
Aonde me acostume
E vença o duro açoite
Aloco o pensamento
No corpo feminino
E quando me fascino
Bebendo me alimento
Das tramas e das senhas
Diversas sanhas nossas
E logo tu endossas
Caminho e nele venhas
Tramando esta promessa
Do amor que se confessa.


869


E venha sem temer
Não deixe pra depois
O quanto entre nós dois
Traduz pleno prazer,
O manto se faria
Em plena majestade
No quanto nos agrade
A sorte em fantasia
Gestando esta beleza
Gerando um novo mundo
E quando me aprofundo
Em farta correnteza
Desenho esta delícia
No anseio da carícia.


870



Aguardo simplesmente
Quem possa me dizer
Do amor em tal prazer
Que nada mais desmente
Outrora um ser descrente
Agora posso ver
O quanto do querer
Nos faz bem mais contente
Galgando a cordilheira
Aonde amor se inteira
E gera este infinito
Na imensa cordoalha
A sorte já se espalha
No amor que eu acredito.

871

Anoiteceu, vibra
Em mim esta vontade
Do amor que quando invade
Desfaz, desequilibra
O tempo toma a libra
E o resto na verdade
Vagando em realidade
Diversa já se dribla,
O corpo em tal cansaço
Num êxtase supremo
E assim em ti me algemo
E sigo e não desfaço
Caminho em verdejante
Delírio fascinante.


872


Que faz com que me perca
E tome outro sentido
O amor se percebido
Não teme qualquer cerca
E logo nos devora
Adentra este quintal
Na senda magistral
E sem saber nem hora
Resume em tal loucura
Paixão que se irradia
Além da fantasia
Deveras nos tortura,
Traçando assim magnífico
Nem sempre tão pacífico.

873


Avanço como um louco
E nada me detém
No amor sou qual refém,
Porém ainda é pouco
No quanto me treslouco
O rumo já convém
E sendo deste alguém
Se nada escuto, mouco,
Expresso em verso e canto
O quanto me adianto
E busco a redenção
Singrando este oceano
E mesmo se me dano
O amor toma o timão.


874


Colado junto a ti
Na noite em rara dança
Amor quando se lança
Além do que senti
Devora e sei que aqui
Audaz qualquer mudança
A sorte já balança
E nela eu me perdi,
E presa deste sonho
Por vezes tão medonho
Insaciavelmente
O mundo se transforma
E toma a vária forma
Aonde se fomente.


875


Te Beijando e também
Cerzindo o Paraíso
Num toque mais preciso
Vibrando em mesmo bem,
O amor quando contém
Já todo o meu juízo
E nele me matizo
Enquanto sou refém
Das ânsias e delírios
E sei destes martírios
E gozos adjacentes
No quanto te apresentes
E cevas este solo
Com prazer eu me imolo.

876


Suaves os carinhos
De quem se fez a fera
E nisto se tempera
A sorte em tais moinhos
Gerando outros caminhos
O todo não espera
E quando esta pantera
Prepara aqui seus ninhos
Espúria madrugada
A sorte em tal lufada
Não vê qualquer disfarce
E quando mais audaz
O amor se mostra e traz
O rumo onde me esgarce.


877


O gosto diz delícia
E nisto sou inteiro
Cerzindo o meu canteiro
Sem medo e sem notícia
Além desta carícia
Da qual sou timoneiro
Também aventureiro
Delírio em tal malícia
Premissas mais diversas
Aonde queres, versas
Gerando um novo sol,
E assim em raro encanto
Apenas helianto
Atrás deste farol.

878


Inventam num segundo
Desvios ou atalhos
E quando em tais retalhos
Deveras me aprofundo
Vagando em novo mundo
Por mais que sejam falhos
Os dias em frangalhos
Da messe eu já me inundo.
Arisco no passado
A presa que se entrega
E sabe quase cega
O rumo já traçado
Na plena fantasia
Além do que podia.


879


Amor me transportando
Além de qualquer cais
E nele muito mais
Que um simples contrabando
A sorte traz no bando
Dos sonhos magistrais
Momentos divinais
Entre outros transformando
O que se fora atrás
Apenas um tenaz
E louco aventureiro
Agora noutra face
O amor deveras trace
E nele assim me inteiro.

880


Arranca tua roupa
A fúria deste anseio
E toca cada seio
Deveras nada poupa
E cerzi com denodo
A messe mais sobeja
No quanto te deseja
E não encontro engodo
O risco não se faz
Nem mesmo se percebe
Assim em rara sebe
Meu passo é mais tenaz
Galgando ao infinito
Ao vasto eu me permito.


881


A noite te prometo
Sem medos nem pudores
E tanto aonde fores
Também eu me arremeto
E faço outro soneto
Usando tuas cores
Matizes sonhadores
Delírios que eu cometo,
Vagando em verso e sonho
Assim eu me proponho
Bem mais do que pensara
Num avassalador
Delírio feito amor
Domando esta seara.


882


Será da mais sublime
E rara maravilha
O mundo onde se trilha
E tudo nos redime
Jamais amor suprime
A luz que em nós rebrilha
A sorte se estribilha
Num quanto que se estime
O risco alentador
De um claro e raro amor
E nele esta certeza
De um novo alvorecer
Em tons de bel prazer
Dourada fortaleza.


883


Os sonhos que sonhamos
Os dias mais felizes
E neles tu me dizes
Da vida em vários ramos
Porquanto perfilamos
Diversas cicatrizes
Vencendo antigas crises
Deveras nos amamos,
E tendo esta divina
Beleza que fascina
E doma a fera em nós,
O ritmo alucinante
Que tanto se agigante
Aumenta em brado a voz.


884

Amor de tanto amor
Não mais cabendo em si
Sabendo o quanto ouvi
De um tempo sonhador
Vagando sem pudor
E nisto eu percebi
O quanto existe aqui
Do raro e bom valor,
Em esplendor a sorte
Deveras nos conforte
E gere este momento
Aonde com certeza
A vida sem surpresa
No amor tem seu sustento.



885

Amada quem me dera
Viver a plenitude
Do amor mais do que pude
Em cena tão sincera
Vencendo o que não gera
Além de uma atitude
Que tanto nos transmude
E molde a primavera,
Resumo em verso e canto
O quanto eu amo e encanto
O tempo mais audaz,
Assim amante sonho
No qual me recomponho
E a vida já se faz.


886


A noite que te trago
Imersa em claridade
Transcorre em liberdade
E dita cada afago
No tempo em que este mago
Amor tanto me invade
Gestando a claridade
E nela já me alago
Vestindo a mansidão
E tendo a sensação
Do quanto pude outrora
Vencer os descaminhos
E ter não mais espinhos
Aonde a vida aflora.


887


Os lábios se desejam
Na busca incontrolável
Amor insaciável
E nele se prevejam
Momentos onde a sorte
Transcorra em libertário
Caminho necessário
Que trace algum suporte
A quem se fez em paz
E agora quer além
Do quanto amor retém
E molda um passo audaz
Vagando a eternidade
Na imensa liberdade.


888


E nada do sofrer
Pudesse ser assim
O mundo dentro em mim
Transcende ao bem querer
E gesta com prazer
Fortuna em tal jardim
E trama até o fim
O quanto pude ver
E crer num mero instante
No fato que adiante
Bendiga a vida inteira
E cerzi com ternura
O quanto se assegura
Gerando a cordilheira.



889


Não deixe que essa noite
Não seja de prazeres
E torne nossos seres
Apenas em açoite
Permita que se acoite
Aqui estes quereres
Sabendo dos poderes
Do amor quando em pernoite
Debaixo dos lençóis
Trazendo assim os sóis
Em plena madrugada,
A lua embevecida
Mudando a minha vida
Gerando nova estrada.


890


Nos braços deste sonho
Jamais me libertar
E ter a cada altar
O mundo onde proponho
Deveras eu me enfronho
Nos ermos do luar
E sinto navegar
Em mim um ar risonho,
Resulto deste encanto
E se demais me espanto
Com toda esta delícia
A vida em tanta luz
Deveras reproduz
O sonho sem sevícia.


891


Amor quando de amor
Revive a velha chama
Deveras sempre trama
Em ar alentador
O quanto sonhador
Moldando além do drama
A força que reclama
Imenso este esplendor,
Resgato em ti promessas
E quando me confessas
Também somente minha
O pensamento vaga
E toca e já te afaga
E em ti voraz se aninha.


892


De tanto amor merece
O canto que se preza
A sorte não ilesa
E nela esta benesse
Que logo estabelece
O rumo onde se tesa
A vida e nada pesa
Nem mesmo se padece,
Do velho caminheiro
Agora um derradeiro
Alento em voz tranquila,
O quanto te bendigo
E quero em ti o abrigo
No amor que amor destila.

893


Saber que tu partiste
E nada mais deixaste
Senão velho desgaste
De um coração tão triste
E assim nada persiste
Sequer caminho ou haste
O rumo em tal contraste
Deveras não existe,
Esbarro no infinito
E quando eu acredito
Nas tramas mais felizes
O quanto tu desdizes
E negas este rumo
Em nada eu já me esfumo.


894


É quase que morrer
Na ausência deste encanto
E sei até, portanto
O fundo do meu ser
O quanto pude ver
E crer sem mais espanto
No amor em que adianto
O passo a se tecer,
Vestindo esta diversa
Beleza já se versa
Ao fato consumado
De um mundo mais feliz
E tanto quanto eu quis
Enfim vivo Eldorado.


895


Por isso não responda
E deixe que se leve
O amor em rumo breve
E nada mais se esconda
A sorte dita a sonda
E assim o tempo atreve
E tanto já se ceve
E enfrenta qualquer onda,
O risco não se vendo
No amor quando estupendo
Trazendo além do cais
Momentos onde eu posso
Vencer qualquer destroço
E ter sempre bem mais...


896

Acorda com carinho
O sonho em tom suave
A liberdade da ave
Cerzindo além seu ninho
E quando eu adivinho
O rumo e nego o entrave
O tanto não agrave
O manto mais daninho,
Espreito e na tocaia
Amor já não mais traia
Atraia tanta sorte
E assim se emoldurando
Em rumo claro e brando
No quanto me conforte.


897

E fique do meu lado
Apenas num instante
E assim já se adiante
O rumo ora traçado
E trame sem enfado
O passo fascinante
E sei que doravante
Será nosso legado,
Respaldos encontrando
No amor que sei mais brando
E nele sem terror,
Aprendo a ser tranqüilo
Enquanto aqui desfilo
Um mundo em esplendor.


898


386


A noite após a noite,
Já não comportaria
Sequer um novo dia
E assim aonde açoite
Promessa nos engoda
E o todo não traduz
O quanto em rara luz
A vida se acomoda
E gera outro cenário
Suave, mas nem tanto
E logo me adianto
Ao mar mais temerário
E sendo um timoneiro
Do amor aventureiro.


899

Desenho no teu corpo o meu já tatuado
Seguindo este caminho em tese mais perfeito
No quanto eu te procuro e sou por ti aceito
O mundo num cenário em paz, abençoado.
Risonho caminhar transmite ao meu legado
O sonho mais audaz e nele me deleito
Cerzindo esta esperança e sendo enfim aceito
O canto noutro instante; em ti vejo ecoado,
E assim em consonância a sorte se tecendo
A vida sem promessa e nela o dividendo
Sobejo em tom maior é tudo o que procuro
Vencer o descaminho em campo mais tranqüilo
Deveras a certeza e nela já desfilo
O porto que mais quero e sei ser tão seguro.

900

Amar e ter certeza; embora seja fato
Que todo grande amor deveras tenha um fim,
O rumo transportando a ti; presumo enfim
E neste caminhar deveras já reato
O quanto no passado o dia fora ingrato
Matando em aridez qualquer sombra em jardim,
O risco determina o sonho de onde eu vim
O amor em tal nobreza à mesa em raro prato,
Na trama mais audaz, em consonante espera
O todo se procura e a noite nos tempera
Com toda a garantia e nela se pressente
O amor sem mais medida enquanto dita a sorte
Traçando em tom maior o canto onde conforte
E gera muito além que um cenário clemente.

901

É duro acreditar em tal benesse
Que possa ainda um dia emoldurar
Nos olhos de quem busca o bem de amar
E o passo no vazio o tempo esquece,
O quanto pude além e não se tece
Jamais a vida trama outro lugar
E nesta dura estrada a divagar
O rumo num momento se esvaece.
Aprendo com a queda, mas bem sei
O quanto é necessária a nova grei
Que possa permitir algum alento,
No amor onde deveras me entregara
A solidão procria em dor e escara
E apenas o vazio; em mim, fomento.

902


Presumo ao fim de tudo alguma luz,
Mas sei quanto impossível ter certezas
E quando além dos olhos fortalezas
Apenas o vazio reproduz
E a fonte que pensara e nela eu pus
O canto mais audaz, raras destrezas
As sortes não seriam mais ilesas
Do amor somente agora vejo a cruz,
Teu corpo antes desnudo no meu quarto
Um sonho que deveras já me aparto
E sinto a solidão em tom feroz,
Quem sabe noutra vida ou noutro instante
O tanto que se fora se adiante
E mude a direção em nova foz.

903


O cheiro delicado de quem ama
A sorte mais sedenta de esperança,
O quanto no vazio ora se lança
E tenta até domar a insana chama,
O coração deveras já reclama
Ausência do que fora em confiança
E vendo a cada dia esta mudança
Esquece o que traçara em rara trama
Opacas luzes beijo em noite inglória
E tudo o que me resta na memória
Apenas saciando um vão fastio,
No amor que tantas vezes quis comigo
Somente se desenha o desabrigo
Perpetuando assim um duro estio.

904


Amante tresloucado e sem limites
Do tanto que pudera em juventude
A vida num instante tudo mude
E além de qualquer brilho agora omites
Embora destes sonhos necessites
O amor que se fizera em amiúde
Desenho perde o senso e não ilude
Matando as horas vagas e infinitas.
Resumos de um passado em tom feroz
Agora a seca adentra a minha foz
E o manto já puído nada traz
Bisonho este velhusco camarada
Perdendo o vendaval, tenta em lufada
O canto mais audaz, porém mordaz;


905


Espelhos d’água mostram esta face
E nela este Narciso desdentado
Agora noutro rumo maltratado
A cada nova ausência se desgrace,
O risco na verdade ainda trace
Apenas o terror, ledo legado,
Invés do pleno amor, um triste enfado
E nele a solidão deveras grasse,
Amante em ilusões, somente ausente
Marcando com terror o que inda sente
No pejo dissemina esta mentira
E aos sonhos mais felizes, porém mortos
Destroços devorando velhos portos
O barco no vazio então se atira.


906


Ascendo ao meu caminho em tom sombrio
E amor que tanto quis já não responde
O mundo na verdade tudo esconde
E gera tão somente o medo e o frio,
O quando ainda posso aqui desfio
E sem saber deveras nem por onde
Ainda que outro rumo; a vida sonde
Do labirinto perco o senso e o fio,
Do salutar desejo em mocidade
Agora ao mesmo tempo se degrade
E trace com terror o que é real,
O tanto se perdera em vã fumaça
Amor quando demais e o tempo passa
Resulta neste fado em tom venal.


907


Alheio às esperança que inda trago
O marco se transforma em cicatriz
O quanto na verdade já desfiz
E nega da alegria um mero afago,
A messe se transforma em duro estrago
O tanto que pensara ser feliz,
A vida agora eu vejo por um triz
Dos medos e receios eu me alago,
Num último gorjeio, a noite cessa
E mata o que pudera ser promessa
Deixando em desalento o tolo amante
A boca desdentada te apavora
A vida aos poucos perco; e vai embora
Cenário em tom sombrio e degradante.

908

Meus versos derradeiros não seriam
Aqueles costumeiros de ilusões
Ausentes nos meus dias erupções
As noites solitárias tanto esfriam
Somente os dissabores ora guiam
Marcando em discrepância as emoções
Invernos destroçando alguns verões
A pele como esta alma já se estriam.
Esgoto em vida alheio ao sonho agora
Mortalha invés de messe me decora
E o canto na verdade em tom agônico
Aonde quis um dia quase hedônico
Apenas se percebe mera farsa
E a vida a cada instante mais se esgarça.

909

Velhusco companheiro em voz sombria
Sarjetas de minha alma ora freqüento
E quando ainda sinto ao longe um vento
A noite na verdade já se esfria,
O canto se transforma em agonia
E assim deveras morto me apresento
O corpo que pensara mais sedento
Adentra esta seara e a vê vazia
Entregue aos dissabores nada mais
Os dias repetidos e venais,
Caricatura apenas do que há tanto
Sonhara com delírios e desejos
Agora nem sequer meros lampejos
Restando ao caminheiro o desencanto.

910


Do amor que fora o mote predileto
De quem se fez poeta e sonhador,
Um mero repentista, um trovador
Buscando a qualquer preço algum afeto
Apenas no vazio eu me completo
E bebo a cada passo o dissabor
Regido pelas ânsias de um amor
O aborto se transcende ao próprio feto
Embrionário sonho se negara
E gero enorme chaga, funda escara
No peito onde se quis bem mais outrora
A sede de viver? Agora esqueço
O amor se desenhou mero adereço
E a solidão atroz hoje devora.

911



Perdendo o meu caminho vida afora
Durante tantas vezes vi no amor
A imagem de um supremo redentor
No qual a minha sorte mesmo ancora,
O tempo me provou e sem demora
O quanto se apresenta em dissabor
Nos ermos deste falso salvador
Hermético caminho nada aflora
Somente a solidão e neste intento
Apenas da ilusão eu me alimento
E sigo os rastros deste que seduz
E deixa qual falena imersa em luz
O peito de quem sonha; um vão poeta.
A vida no vazio se completa?


912

Um dia me ensinaste que a ventura
Da vida consistia em ter alguém
E quando a realidade toca e vem
Negando na verdade esta procura
A história lentamente me tortura
Do nada a cada instante sou refém,
A morte se aproxima e com desdém
A cada nova ausência se afigura,
Viver as ilusões de um falso amor
E crer na imagem torpe de quem tanto
Gerara num momento um raro encanto
Depois de estar envolto em tal torpor
Sentir no amor que tanto se queria
A reles, sem valor, bijuteria.

913


O quanto desta vida fora meu
E agora não se vê sequer a sombra,
Realidade doma e tanto assombra
Quem; rumo sem timão, no mar perdeu.
O manto quanto a messe descoseu
A noite na verdade não alfombra
De pedras e de espinhos minha alfombra
Abismo se traveste em apogeu.
E a queda anunciada há tantos anos
Em meio aos mais terríveis desenganos
No amor que se perdendo me levou
A angústia toma então este cenário,
Brumosa realidade em temerário
Caminho, o que decerto aqui restou.


914


Nos ermos deste velho coração,
A sorte em discordância dita o rumo
E quando pouco a pouco em vão me esfumo
O barco em infeliz navegação
Sabendo das procelas que virão
Já não conhece mais nem leme ou prumo,
Deveras da existência ausente sumo
Jogado sobre o solo, podre grão.
O amor que tantas vezes é sublime
E gera a fantasia que redime,
No entanto ao se esconder marcando em fogo
Tatua a minha pele em cicatrizes
E quando cada sonho tu desdizes
Percebo quão inútil prece e rogo.

915


Ocasionando a queda de quem tanto
Sonhara com palavras mais gentis
Distante do que um dia tanto quis
A vida se transforma em puro espanto,
E o mundo a cada dia em vil quebranto
Deixando sua marca, o céu é gris
Quem fora tão somente um aprendiz
Agora em desamor renega o canto,
E jaz entre espinheiros, pedregulhos,
Ausente uma esperança e sem mergulhos
Nos antros deste sonho, uma alma vaga
Invés da mão que tanto acaricia
O olhar em face amarga e mais sombria,
Trazendo traiçoeira a fina adaga.


916


Recluso dentro em mim em nada eu falo,
Apenas me escondendo da verdade
Aos poucos em total insanidade
Dos sonhos de um passado em vão, vassalo;
Ao ver o dia a dia então me calo,
E sinto quão amarga a realidade
Apenas o vazio que me invade
Pudesse num instante contorná-lo.
Mas sei quanto é cruel o dia a dia
E nada mais em mim eu cerziria
Senão esta mortalha em tom funéreo
O amor que um dia fora fonte e mina
Agora ao fim da história determina
Com a frieza imensa de um minério.

917

Percebo a minha vida se esvaindo
Na ausência de quem possa ter além
Do olhar endurecido num desdém
Quem sabe algum desejo mesmo findo,
O corte deste sonho eu já deslindo
E sei quando a verdade toma e vem
Do amor outrora mero e vão refém
Agora um passageiro se esvaindo
Nas brumas entre as trevas da existência
A cada novo dia a penitência
Transforma uma lembrança em vil galé
Há tanto já perdera o rumo e sei
Do quanto se tornara escusa a grei
Renego neste instante a própria fé.


918


Das plagas mais distantes ao vazio
O rumo em desolada tez eu vejo
E quando a cada instante noutro ensejo
Presumo o que me resta: o desvario,
Por vezes tão ingênuo eu desafio
Os ermos de um temível vão desejo
A morte que ora anseio e mais desejo
Talvez suavize em paz o torpe rio
Quem fez do amor um sonho e se perdeu
Pensando ter um mundo até só seu
No fundo nada leva, resta só,
Reduzo a cada passo em exclusão
O tempo que me resta e a solidão
Transforma a minha estrada em ledo pó.


919


Perdido e sem saber se existe ao fundo
Um túnel, mesmo luz quiçá um norte,
Caminho e já desfaço este suporte
Enquanto no vazio em me aprofundo,
Das dores e temores quando inundo
Esta alma sem ter sonho que a conforte
Desdéns desenham tétrica esta sorte
Um velho coração tão vagabundo
Alheio e sem ninguém, no amor inglório
Lunático terrível, merencório
Jamais percebe amor nem mesmo o roça,
O quanto no passado se fez sonho
E agora caricato e até bisonho,
Um histrião exposto ao riso e à troça.


920


Jazigo dos amores, tumular,
Esgoto em tez tão tétrica; vazio
O quanto ainda tento e desafio
Deixando mais distante algum lugar,
Um pária pela noite a trafegar
Singrando as ilusões em duro estio,
O corpo se estraçalha e no sombrio
Delírio nada resta, nem sonhar.
Amar e ter a paz que assim condiga
No cômodo caminho em voz amiga,
Um sonho tão comum e mais freqüente,
Mas quando a vida toma novo rumo
E aos poucos sem sentido já me esfumo
Apenas a mortalha se apresente.

921


Num gélido caminho a vida traça
O passo de quem tanto quis alguém
E agora a solidão imensa vem
Tomando num instante a dita lassa,
E o sonho no vazio se esfumaça
O risco de sonhar? Mero desdém
A morte se aproxima e nela tem
O aspecto salvador da torpe traça,
Puindo pouco a pouco esta esperança,
Ao nada o que me resta já me lança
E trama no vazio o meu porvir,
Amante da ilusão e somente isto
Agora no final, enfim desisto
E sinto o meu caminho se esvair.

922


A lividez de um sonho se mostrando
Na face desdenhada de quem tanto
Buscara pelo menos ledo encanto
Quiçá um novo dia até mais brando,
Mas tudo se transforma desde quando
A vida noutro rumo ora garanto
E cada vez deveras mais me espanto
O todo que sonhara desabando,
Do amor, sequer a sombra, nada levo
O quanto imaginara inda longevo
Caminho em flóreo rito se desfaz,
Apenas se denota em vaga ermida
O que inda fora outrora mera vida,
E agora um velho espectro vil; mordaz.


923


A neve tão precoce adentra o olhar
De quem agrisalhado pela vida
Em pleno outono vê a despedida
Num invernal e duro caminhar,
Apenas poderia imaginar
Quem sabe no final, mera saída,
Porém a cada instante a despedida
Rondando a minha vida e a me tomar.
Egrégio da ilusão, um trovador
Nas ânsias mais audazes deste amor
Perdera qualquer rumo e sem seu cais,
Esgota pouco a pouco o que inda resta
Em tez amarga fria, vã funesta
E sorve sem rancor seus funerais.


924


Eclode da crisálida o vazio,
Aborto onde se fez apenas isso,
Um chão em lamaçal e movediço
A sorte se perdendo a cada fio,
O corpo em solidão no olhar esguio
O canto se transforma e sem o viço
Apenas resta em mim este amor mortiço
Mirando de soslaio, ressabio.
Carcaça da esperança carcomida
Nos ermos de um medonho sonho sigo
Não tendo no final o amor amigo
A porta se cerrando; tudo acida,
Esparsa voz ao vento sem resposta
Minha alma a cada instante; decomposta.


925


Paixão que se renega e já desfaz
Um reino imaginário, hoje avassala
E toma sem pensar o quarto e a sala,
A imagem dolorosa e mais tenaz,
Infaustos, Fausto serve a Satanás
O coração aos poucos nada fala
A solução a ferro, fogo e bala
Assim quem sabe possa haver a paz?
Do amor que não viera e não redime,
Este ar se escasseando trama o crime
E o gozo da mortalha se aproxima,
A serpe se afigura em solidão,
O passo se repete e sempre em vão,
Eternizando em mim o invernal clima.

926


Vulcânica erupção das ilusões,
Resgates deste sonho juvenil,
O sonho num instante em vão reviu
O quanto a vida nega e decompões.
Num execrável mundo em tais senões
Aonde quis um passo mais sutil,
Quem sabe o caminhar manso e gentil
Mudando com certeza as estações.
O amor que talvez fosse um porto, um cais
Agora se ausentando e nunca mais
Verei ancoradouro mais seguro,
Vacante coração em face escusa
A sorte se inda existe já não cruza
Caminhos onde a paz; quero e procuro.

927


O amor se traduzira indiferença
E o quanto pude crer já não se sente
Apenas solidão que impertinente
Renega qualquer sonho e mata a crença
Aquém do que deveras uma alma pensa
O sonho se esvaindo de repente,
O manto se transforma e um penitente
Vagando pela noite escura e densa.
Ocasos da esperança; nada vejo,
Somente o sofrimento a cada ensejo
Reinando sem defesas sobre tudo,
E quando em sonho apenas me transformo
No vago e inconsistente já deformo
E sigo sem razões, e assim me iludo.

928


Perpasso o meu olhar neste horizonte
E vejo a mesma tez amarga e vã
E busco qualquer luz noutra manhã
E nada além da bruma ora se aponte
O amor que poderia ser a fonte
Quem sabe noutro tempo em raro afã,
Porém a vida segue e tão malsã
Negando ao caminheiro a mera ponte,
Resumos de uma vida sem promessas
E nela com teus ermos me endereças
À sórdida loucura de quem tenta
Vencer esta explosão com calmaria
E o manto em turvas cenas se cerzia
Funesto caminhar em tez sangrenta.


929


Negando uma esperança a quem porfia
O mundo muitas vezes, mais ingrato
Transforma num escuso o bom retrato
E o canto na verdade em ironia,
O quanto resta em dor e hipocrisia
Aonde quis a paz de algum regato
O mar inunda tudo e enfim desato
O passo em tons doridos de agonia,
Mas quando o amor se faz talvez consiga
Gerar outra impressão bem mais amiga
E terminar o infausto do andarilho
Que tanto procurara simplesmente
A paz e sem ter nada a morte sente
No rumo em contra-senso onde palmilho.


930


O fato de sonhar já não cabia
Em quem se fez mortalha e nada mais,
Os olhos seguem ledos temporais
E a noite se promete mais sombria,
Velhusco coração empedernido
O frágil trovador em plenas rugas
E o quanto ainda havia vens e sugas
Tornando o meu caminho sem sentido,
Esgarço em tons nefastos, mas quem sabe
Um dia pelo menos a mortalha
Que aos poucos se prepara e em mim se espalha
A torpe hipocrisia enfim se acabe,
E reste apenas nada do que fora,
Uma alma tantas vezes sonhadora...


931




Não quero dedicar
Somente o verso triste
Sabendo que inda existe
Ao longe algum luar
Aonde me entregar
No sonho que persiste
E sigo além e em riste
Talvez a divagar,
Mas sinto esta promessa
Do amor que se endereça
Ao passo mais além
E volto a ter a fé
No quanto ser quem é
O amor que ainda vem.


932


Buscando sem ter bases
Apenas por saber
Do quanto possa ter
Ainda se te atrases
A vida em novas fases
E nisto algum prazer
Depois do anoitecer
A lua tu me trazes,
Resulto deste sonho
E nisto me proponho
Bem mais do que ao infausto
Já não quero o vazio
Se amor é desafio
Jamais foi holocausto.

933



Vivendo o que pensava
Durante tantos anos,
Em medos desenganos
O mundo em fúria e lava,
Agora já notava
O brilho em soberanos
Desejos nestes planos
Aonde escancarava
A sorte mais tranquila
Aonde o sol desfila
E gera esta alvorada
Razão para esperança?
Nascer esta criança
Há tanto; desejada.


934


Desejo que forjara
No coração sutil
E quando ali se viu
A vida bem mais clara
A sorte audaz e cara
O corte outrora vil
Agora em tom gentil
O amor já nos prepara
E traça em alegria
O quanto em novo dia
Pudesse dar certeza
De um farto e lauto insumo
Que agora em paz consumo
E toma a minha mesa.

935

Não quero te falar
Das tantas inverdades
Guardadas nas saudades
Sem sol e sem luar,
Restando a divagar
No quanto ainda agrades
Diversas realidades
Ou mesmo o navegar
Por mares tão diversos
E neles os meus versos
No amor encontram cais,
E deixo esta vertente
Do sonho que inclemente
Não quero nunca mais.

936


A vida sem você
Não tendo mais sentido
O amor em ledo olvido
O sonho não se vê
E tento algum por que
Embora resolvido
E em versos redimido
No amor o sonho crê.
E dessedenta então
Mudando a direção
Do vento dentro em mim,
Marcando com sorrisos
Os dias imprecisos,
Ausente um torpe fim.



937


Eu quero poder ser
Além do companheiro
Talvez o derradeiro
Num raro e bom prazer
Um cúmplice e querer
O tanto do canteiro
Que mostre o verdadeiro
Caminho a se vencer,
Em ti e neste tanto
Enquanto a dor espanto
Imerso em consonante
Desejo rumo além
No amor que nos contém
E penso a cada instante.


938

Que trama cada sonho
No sonho refletido
E nisto concebido
Um ar bem mais risonho
No tanto que me ponho
O mar constituído
Nas tramas presumido
Um canto onde proponho
Além de meramente
O quanto já se sente
Deveras muito mais,
Numa constante luz
Em ti se reproduz
A própria essência, o cais.

939


Dormindo do seu lado
Em sonhos tão diversos,
Porém os meus imersos
Nos teus, num desejado
Desenho já traçado
Além dos universos
Jamais sendo dispersos,
Um rumo pareado,
Cerzindo esta união
E nela se verão
Caminhos tão iguais
Embora em liberdade
O amor tanto me agrade
Em almas geminais.

940

Eu quero seu perfume
Roçando a minha pele
No todo que se atrele
Além do quanto rume
Meu passo em tanto ardume
Deveras me compele
E nisto se revele
A sorte em mesmo lume,
Vestindo a tua tez
O quanto já se fez
É pouco e quero além
Se um dia em despedia
Além da própria vida
O amor inda nos tem.

941



Na doce maciez
Do sonho em que me entranho
A cada passo um ganho
E nisto também vês
O olhar em lucidez
O rito outrora em lanho
Agora em bem tamanho
Além do que mais crês,
Cerzindo em ti minha alma
Uníssona, me acalma
E traz felicidade
O porto além do porto
E mesmo após já morto
O amor ainda invade.


942

Os dedos conhecendo
Caminhos já sabidos
E tanto percorridos
Num rumo que estupendo
Aos poucos vou revendo
E quando resumidos
Em todos os sentidos
O amor nos comovendo,
O pranto, o medo o orgasmo
O olhar sedento e pasmo
O risco; eu já não vejo
E quando além desejo
E nunca mais me privo
Do amor amo e cativo.


943

Invadem sua pele
Suores e rubores
Vagando sem temores
No quanto já se atrele
E assim amor nos sele
E leve aonde fores
Cerzindo em novas cores
O manto em que revele
Esta absoluta sorte
E nela se comporte
Além dos próprios seres
Imersos neste instante
Bem mais que um diamante
Se assim tu o perceberes.

944


Eu quero ser esta ave
Liberta em migração
E nesta imensidão
A vida sem entrave
O quanto nada agrave
Nem mesmo mostrarão
Os dias, solidão,
No coração a nave
Que possa além do mar
Deveras nos levar
Num mesmo e bom desenho,
No amor que nos guiasse
A vida sem impasse
É tudo o que eu contenho.


945


Adentra nessas matas
O sonho bandeirante
E sente a cada instante
Aonde me arrebatas
As sortes em cascatas
Vibrando delirante
Caminho onde adiante
O passo onde reatas
O rumo em mesma face
Por onde que eu grasse
Contigo ali eu vou
Um servo? Não, nem amo,
Do árbol diverso ramo
Que amor em paz gerou.

946

O canto que em meu canto
Ecoa e se renova
Coloca sempre à prova
O passo que adianto
Tentando além do tanto
A lua sempre nova,
Vagando em cada trova
E nela não me espanto
Com medos sem sentido,
O amor reproduzido
Na própria natureza
Uma iguaria rara
Que a vida nos prepara
E serve em lauta mesa.


947

A mando dessas mãos
O coração vagueia
E bebe enquanto anseia
Além dos tantos vãos
Após diversos nãos
Percebe na sereia
A lua agora cheia
Ciganos artesãos
Delírios de um poeta
Que em ti já se completa
E sorve todo o mel
Do amor onde bendiga
A sorte imensa e amiga
Num argentino céu.

948


Sabendo cada canto
Aonde poderia
Além da fantasia
Traçar o seu recanto,
O amor quando garanto
Invade a noite fria
E traz esta ardentia
Na qual eu quero tanto
A frágua que incendeia
Deitando em plena areia
Cevando este caminho
Seara majestosa
Enquanto a vida goza
De Deus eu me avizinho.


949



Penetra, mansamente
Os ermos vãos e furnas,
As ânsias que diuturnas
Dominam cada mente,
O amor jamais desmente
E trama em mais soturnas
Loucuras onde enfurnas
E bebes plenamente.
Perambulando em ti
O quanto eu me embebi
Do sonho, na verdade
Transcende ao próprio amor
E faz nascer a flor
No pólen saciedade.

950

Amada que te quero
Além da própria vida
A sorte presumida
Num tempo menos fero,
O quanto sendo assim
Bem mais do que pudera
Eterna primavera
Em mágico jardim,
Resumos de promessas
Enquanto no passado
O sonho acalentado
Agora em paz, professas,
Ascendo ao mais superno
E chego além do eterno.

951


Fazendo dos meus dias
Além do que pensara
Tomando esta seara
Aonde mais querias
Vencer as agonias
No encanto onde se ampara
A vida e se prepara
Colheita em alegrias
Assisto ao quanto pude
Viver em plenitude
Na imensa cordilheira
Andina maravilha
A sorte agora trilha
E bebe a vida inteira.

952


No amor de quase tudo
O quanto em liberdade
Alçando enquanto invade
O canto e não me iludo,
O sonho e nele eu mudo
O rumo e a realidade
Campônio na cidade
Por vezes quase mudo,
Hermético? Nem tanto
Apenas eu me espanto
Com toda a imensidão,
Do amor que rege a vida
E dita a despedida
Marcando esta estação.

953



Que acalma e já delira
A dádiva divina
E nela me fascina
A sorte onde se atira,
O quanto ouvindo a lira
Poética e ladina
A tez alabastrina
A vida noutra mira.
Ascendo aos meus encantos
E busco pelos cantos
Lavrar com meu rastelo
O mundo onde pudesse
Quem sabe esta benesse
E tento ou já revelo.

954


Não sabes quem eu sou?
Também que importaria...
Apenas trago o dia
Ou bebo o que restou,
Resumo onde passou
A sorte em agonia
Ou tanto poderia
Negar e se inda vou,
O coração cigano
Deveras se eu me dano
O corte é todo meu,
Amor já não concebe
Sequer domina a sebe
Aonde se escondeu?

955


Os sonhos que me dás
Na lua sertaneja
Que tanto mais deseja
Além da mera paz,
O passo mais audaz
Na frágua que se enseja
O coração troveja
E assim se satisfaz,
Cavalgo em noite imensa
Tropéis no quanto pensa
E reina em meu castelo
A dama em verso e sonho,
Em púrpura componho
E em nada enfim revelo.

956


Os erros que talvez
Já nada me disseram
Ou mesmo desesperam
E matam onde vês
O corpo e já se finda
Além desta memória
O quanto quis em glória
E nada veio ainda
Somente a lua e trama
Na noite o que este dia
Jamais demonstraria
Em tênue e frágil chama,
Amar e ter no olhar
Inteiro o céu e o mar.

957


Esperam minha amada
As fases desta lua
Deitando imersa e nua
Nos ermos desta estrada,
A noite iluminada
O sonho em ti cultua
A deusa que flutua
E segue em madrugada
Galopa esta esperança
Aonde ao longe alcança
Estrelas em tropel,
E o tanto que pudera
No amor além da espera
Domar o próprio céu.


958


Namoro, na verdade,
O tanto da ilusão
Aonde o coração
Aos poucos já degrade
E o quanto disto invade
Cerzindo a negação
Marcando com senão
Ausente claridade,
Medonha face exposta
No olhar de quem se gosta
O amor por vezes traça
O rumo em desvario
E sigo neste rio
Em dor, em riso e em Graça.

959


Se bem que sempre expus
A minha face enquanto
Aos poucos me adianto
E tento ver a luz,
Cenário que produz
Ainda além tal manto
Alpendre onde eu me espanto
No corte em contraluz,
Amor amortalhado
Já não traduz mais nada,
As ânsias do pecado,
O risco que se assume,
A noite antes nublada
A lua sobre o cume...


960


Andando por poemas
Aonde pude outrora
Falar do que devora
Romper velhas algemas,
A sorte dita emblemas
O medo desancora
O amor já foi embora
E leva além seus lemas.
Olhando para trás
O quanto ainda traz
Da noite dentro em mim,
Versando sobre o vago
Em ânsias eu me alago
Regando este jardim.


961


A lua redentora
Depois da tempestade
Surgindo enquanto invade
Esta alma sonhadora
A vida sempre fora
Além da realidade
E nem sequer saudade
Em tez dominadora
Ainda se percebe
Na ausência desta sebe
Porquanto enfim vieste
Tornando mais suave
O coração esta ave
Num canto rude e agreste.


962


A minha namorada
Vestida de promessa
Aos poucos me professa
A sorte anunciada
E trama outra jornada
Enquanto recomeça
Sem medo ou mesmo pressa
A vida em mansa estrada,
Lavrando assim meu solo,
Se às vezes eu me assolo
No fundo vou tranqüilo
Vagando em claridade
Nem nuvem mais invade
O campo onde desfilo.

963


Se esconde por detrás
Do monte, a lua imensa
E nisto se convença
A vida em tom audaz
Que tanto já se faz
O quanto recompensa
E logo não compensa
E volto à dor tenaz.
Mas quando em ti estou
O tanto que raiou
Da argêntea maravilha
Presume nova senda,
E o tempo em luz se estenda
Na lua que polvilha.



964

Amor de um sertanejo
Mineiro coração
Não quer mais solidão
Apenas o desejo
Do sonho aonde eu vejo
O tempo em viração
E adentro o meu sertão
Nascente onde trovejo
Em verso e serenata
A sorte mesmo ingrata
Trazendo na tapera
A moça mais bonita
Meu sonho se permita
Viver em primavera.


965

Viola ponteando
O peito se apaixona
E nada mais se adona
Do canto demarcado,
O sonho abençoado
A sorte é minha dona
E nada me abandona
Nem mesmo o meu passado,
Vestindo a fantasia
De quem já poderia
Em lua e em belo sol
Trazendo em poesia
O amor que mais queria
Da vida, o meu farol.


966


Liberto coração
Penetra qualquer mata
E segue sem bravata
A lua é direção
E nela desde então
O quanto me retrata
Na fonte em serenata
A voz desta canção
Ouvindo o sabiá
O amor me mostrará
O encanto mais sutil,
E assim nos ermos da alma
A vida já se acalma
No sonho onde se viu.

967

A vida sem cabresto
Em liberdade agora
No sol que se demora
O amor em cada gesto
Aprumo e agora empresto
A voz ao que se aflora
Do peito sem ter hora
E o gozo em paz; atesto
Morena mais faceira
A sorte que te queira
Também vai me querer?
Nas ruas da cidade
Apenas a saudade
Eu pude conhecer...


968

Bebendo este aguardente
Que tanto me inebria
O amor em noite fria
Quem sabe se apresente
E mude totalmente
A vida tão vazia
Que nunca poderia
Traçar esta nascente,
A mina já secando
A seca destroçando
Inteira a minha lavra
O amor que já se foi
Rumino feito um boi
Dos sonhos? Nem palavra...

969


A lua tece em teias
Diversa maravilha
Amor tomando a trilha
Enquanto me incendeias
Trazendo sempre cheias
As luas onde brilha
A sorte em armadilha
Que tanto tu receias,
E tento esta ciranda
A moça na varanda
O coração dispara
O tempo passa e nada
Apenas desejada
A noite imensa e clara.


970

Carrego no bornal
Estrelas onde pude
Viver a juventude
E agora muito mal
Resumo o meu passado
No canto mais cruel
E bebo deste fel
Do amor abandonado,
Pressinto o fim da estrada
E tento ainda ver
Além no amanhecer
E sei que não há nada
Somente a velha sombra
Do amor que tanto assombra.


971

Mergulho no riacho
Em noite enluarada
Quem sabe a desejada
Estrela enfim eu acho,
A lua em cada facho
Permite iluminada
Além da própria estrada
Tocando cada cacho
Cabelos da morena
Que ao longe a vida acena
E traz esta esperança,
Porém luar se esconde
E amor já nem sei onde
Ainda a vista alcança?

972

Preparo com o arado
O solo pro plantio
O amor eu desafio
E bebo o abandonado
Caminho desolado
E sei que é pleno estio
E tento além do rio
Um novo e manso prado,
Quem dera se pudesse
A vida se tropece
Nos passos de quem tenta,
Mas sei que nada disto
Existe e se eu insisto
Desdita é mais sedenta.


973


O coração ponteia
As cordas da viola
E bebe desta esmola
Na lua sempre cheia
O amor quando rodeia
E traz noutra sacola
A estrela e não decola,
Do nada se recheia
Uma alma abandonada
Nos vagos do sertão
E assim meu coração
Seguindo a mesma estrada
Não vendo quase nada
Nem rumo ou direção,
Procura a sua amada...

974


Um repentista apenas
Um trovador que sonha
E traz sempre risonha
Uma alma e nas pequenas
E poucas, raras cenas
Ainda se proponha
A ter o que componha
E logo me envenenas
A vida é mesmo assim
Começo, meio e fim
E nada repetindo,
O amor que tanto eu quis
Nem mesmo por um triz,
Meu tempo já partindo...


975

Morena cobiçada
A moça sabe bem
Do amor quando ele vem
E muda de calçada,
A noite abençoada
O gosto de outro alguém,
Mas quando este desdém
Deixando desolada
Uma alma dolorida
Cansada de lutar
Nem mesmo este luar
Transforma a minha vida
E o canto sem destino
Causando o desatino.

976


Perdoa se eu chorar
A vida é mesmo assim,
Não tendo mais jardim
Não quero cultivar
Sequer saber luar
O tempo chega ao fim
Voltando de onde vim
Não tendo mais lugar,
O amor que não me quis
O sonho mais feliz,
Apenas pesadelos,
Pudesse da morena
Tocar boca pequena,
Mexer nos seus cabelos...


977

Sabiá na janela
Chamando para ver
O claro amanhecer
Que amor tanto revela
E penso sempre nela
E nisto o meu prazer
De tanto bem querer
Cavalo arreio e sela
Galopo no infinito
Do amor que necessito
Até pra própria vida
Pudesse sabiá
Mostrar onde estará
A sorte prometida...


978


Meu verso enamorado
Não cansa de chamar
Quem tanto quis amar
Agora pro meu lado
Mineiro apaixonado
Olhando pro luar
E neste desejar
O tempo enluarado,
O mar que não conheço
Amor seu endereço
Jamais também eu vi,
E quando imaginava
Uma onda forte e brava
Levou você daqui.


979


Um trovador que canta
Pensando na morena
Que longe nem acena
O tempo desencanta,
E a sorte que eu quis tanta
Apenas me envenena
Viola já se empena
A vida então se espanta
E nada mais consola
Nem mesmo esta viola
Guardada dentro em mim,
Ponteio uma saudade
A noite vem e invade
Estio no jardim.


980

Telhado de sapé
O olhar sem horizonte
Nem mesmo a velha ponte
Agora resta em pé,
O quanto tive em fé,
Mas seca a minha fonte,
Apenas medo aponte
Buscando tanto e até...
Deitando sob a lua
O sonho já flutua
E bebe cada estrela,
Aonde se escondeu
Se amor jamais foi meu
Como é que posso vê-la?


981

Eu amo e na verdade
O tempo não produz
Nem mais a velha luz
A dor agora invade
E diz desta saudade
Do tempo onde não pus
O sonho em medo e cruz,
Cadê felicidade?
Em cada trova eu tento
Falar no pensamento
De quem jamais eu vi,
O amor não tem escolha
E logo se recolha
Aonde eu me perdi.

982


Fazendo da esperança
A cama aonde eu deito,
Quem sabe sendo aceito
No fim por quem avança
E sabe a confiança
Do amor que insatisfeito
Procura qualquer jeito
De ter esta aliança,
O medo em meu olhar
A noite sem luar
O sonho se perdendo,
A vida terminando
O coração em bando
A morte corroendo...

983

Devora uma paixão
Os ermos de minha alma
E nada mais acalma
Nem mesmo mostrarão
Olhares, direção
O tempo gera o trauma
Ainda tento em calma,
Mas vivo em erupção,
Restando do passado
O sonho desdenhado
O passo rumo ao nada,
Amar e ter em mente
O quanto se apresente
Em voz já destoada.


984

Hercúlea fantasia dita a messe
De quem se fez além de mero sonho,
No quanto em tal desenho eu me componho
E a vida na verdade já me esquece,
O passo rumo ao nada e a vida tece
O olhar agora tétrico e medonho,
Nas sendas do vazio ora me enfronho
E o rumo se inda existe não confesse.
Heréticas manhãs em turbulência
O amor ao renegar a florescência
Aborta a própria vida, estéril campo
Na fátua fantasia um ermo apenas
Ao longe em voz sombria tu me acenas
Estrela na verdade um pirilampo...


985

Egresso de outras eras; sigo em vão
Restando em labirintos meu caminho
Um Minotauro aguarda mais mesquinho
Nem Ariadne traz a solução
Os ermos de minha alma, solidão,
O parto renegado e vou sozinho
Fugazes esperanças, ledo ninho,
Apenas os restolhos sobrarão
Aonde houvera vida, vejo escombros
A sorte pesa e lanha sobre os ombros
De quem busca somente alguma paz.
Onírico cantor ensandecido,
O amor se perfazendo em vago olvido,
O sonho tão somente, um incapaz.


986


Amor nobre mosaico em tons diversos
Em multiforme face se desnuda
No quanto muitas vezes nos ajuda
Ou mesmo em tais infernos vãos imersos,
E tendo em si assim os universos
Por onde a fantasia nos acuda
Ao mesmo tempo poda e gera a muda
Os polens pelos céus seguem dispersos,
Ao aspergir sublime maravilha
Às vezes o temor também polvilha
E traz dicotomias inerentes,
No farto e no tão pouco nos redime,
Erótico caminho, um deus sublime
Aonde a divindade enfim pressentes.


987


Falar do amor em suas faces várias
Tentando desnudar este menino
Se tantas vezes nele eu me alucino
Em noites doloridas, solitárias.
Porém noutras diversas, solidárias,
O rito se mostrando cristalino
E neste verdejar esmeraldino
As ondas inclementes, temerárias,
Esgota-se em si mesmo o tal do amor,
E nele vejo sempre grã sabor
Perpetuando a vida sobre a Terra,
Nefasto e muitas vezes redentor,
No verso este lamento ou meu louvor,
A vida em mil facetas ele encerra.


988


Dos ermos de um grotão ao mais sublime
Castelo em ouro feito; rege o amor
E neste mesmo ser que é multicor
A vida muitas vezes se redime,
Mas quando em turbulência gera o crime
E traz no olhar desdém medo e rancor
Um fato que em si mesmo é provedor
Além do quanto a vida ainda estime.
Esgarça-se e deveras regenera
O amor é caça, presa, dono e fera
Um déspota voraz, um libertário.
E tento discernir neste mosaico
Caleidoscópio em ar claro ou prosaico
Um mal raro e sobejo, e necessário...

989


Na faca, no punhal, unhas e dentes
Nos lábios e carinhos, nos domina
E quando muitas vezes me alucina
Amor ditando em si; clarividentes
Momentos onde nunca transparentes
Esboça e já renega qualquer mina,
A fúria que deveras determina
O quanto aonde e o tanto que inda sentes,
Eclético fantoche, este bufão,
Um tanto em ironia, ou precisão,
Resume uma existência ou a renega
Soberba divindade além do Olimpo
Caminho em discordância turvo ou limpo
Essência que nos guia, embora cega.


990

Presume-se no amor a redenção,
Mas quando se transforma em dor e farpa
Gestando este penhasco, dura escarpa
Impede o que se quis navegação,
Por outras vezes dita sua norma
E traça em benfazeja caminhada
Na flórea maravilha de uma estrada
O amor tanto destrói quanto reforma,
Espúrio e ao mesmo tempo tão magnífico
Edênico ou hedônico é capaz
De provocar a guerra e sela a paz,
Não tendo em sua essência um ar pacífico,
Desnuda enquanto cobre em pedraria
E dana ao mesmo instante além nos guia.

991

Apaziguando enquanto se porfia
No fio da navalha, a mansidão,
O amor em seu sutil diapasão
Gerando ou destroçando uma harmonia,
E nele se pressente a sinfonia
Tramada pelas cordas, coração,
Por vezes ao cevar em duro chão
Florada sem igual já colheria.
Resumos de promessas e mentiras
Verdades contrafeitas, relativas
Imagens adoradas e cativas
Um prisma iridescente, na verdade
É feito em divindade demoníaca
A fonte desejosa e afrodisíaca
Que em tal torrente inusitada nos invade.


992


Usando da palavra, meu cinzel
Em alabastro vário tento aqui
Compor o que talvez não percebi
Num rumo convergente inferno e Céu
Ousando na esperança este corcel
Singrando o que jamais eu conheci
Chegando num instante ou não a ti,
O tempo se desnuda bom, cruel.
A marca em cicatriz de um desamor,
Sorriso imaginário de quem ama,
E vence ou mesmo perde, mas na trama
Não teme e se mostrando ao seu dispor
Imagem e semelhança de um bom Deus;
Mas sabe ser satânico no adeus.


993

Movendo a própria vida desde quando
O gênese se fez de qualquer forma,
O amor um ser mutante que transforma
E segue pela vida transmudando,
Cenário às vezes calmo suave e brando
Enquanto a convergência dita a norma,
Mas quando em discrepância se deforma
E o todo num instante desabando.
Motivo de diversas desventuras
Ao mesmo tempo trama em mais seguras
Paisagens a beleza em primavera,
No outono do viver, eu me concedo
Ao procurar na essência este segredo
Que a cada geração se regenera.


994


Aprendo a cada instante ao ver além
Do quanto caberia no horizonte
Se amor é na verdade início e fonte
Do todo que o universo em si contém
Por vezes num olhar, duro desdém
Ou noutra face; a luz que em paz aponte
Da Terra ao mais etéreo, sendo a ponte
Trazendo no seu bojo o mal e o bem,
Atrelo-me aos seus vários caminhares
E quando perceberes e notares
Envolta pelas teias do menino
Erótico desejo em frenesi
Tentáculo diverso, eu me prendi
E neste emaranhado me alucino.

995


Dos ermos solitários, das ermidas
Aos antros, lupanares, meretrizes
O amor entre os seus tons, vários matizes
Comanda e dita o rumo de tais vidas,
No quanto necessitas e duvidas
Esparsas violentas, loucas crises
E logo após em sonhos contradizes
E ao útero materno já regridas.
Na paz e na mortalha reina em glória
No quanto traz a vida em sua história
O amor nos transformando por inteiro
Um déspota gentil, um ente à parte
Enquanto acumulando já reparte,
Mas sempre com seu ar mais traiçoeiro.


996


Ausento-me de ter um julgamento
Apenas retratista em miopia,
O amor perfeito eu sei ser utopia,
Mas sei também do imenso envolvimento
E nesta essência rara eu me alimento
O quanto a cada instante ele me guia,
E gera a solitária fantasia
Tomando ora de assalto o pensamento.
Apraza-me e também já desespera
Beleza traiçoeira da pantera,
Neste risco inerente eu me sacio.
E tento a cada verso desenhar
As várias faces loucas de um amar
Na turbulência plácida do rio.


997


No granular da vida desde o início
O amor gerando além a eternidade,
E traz a dor em plena liberdade
Deste apogeu ao vasto precipício,
O amor é na verdade um santo vício
Que traça a mais sublime insanidade,
Gestando e já parindo a claridade
Também na turva face um santo ofício.
Escravizando ao tempo em que liberta,
O vândalo, este pária sem juízo,
Condena ao terrível Paraíso
Enquanto me alimenta já deserta,
Oásis neste mundo em tez sombria,
Ao mesmo tempo em luz, dor e agonia.


998


Dos bíblicos caminhos ao futuro
Metamorfoses várias presumidas
Mutantes emoções ditando vidas
No porto em ruínas tento o mais seguro
Enquanto nesta estância eu me perduro
Somente não suporto tais ermidas,
Gestando em tons diversos, resumidas
Histórias ultrapassam qualquer muro.
Imenso e sedutor deus e demônio
Domínio da razão e em puro hormônio
Escravo que fascina e nos cativa,
À sombra deste ser onipresente
O quanto se reluta e não se sente
Uma alma para o eterno sobreviva.





999

No canto mais audaz ao mais sombrio,
Restaurações diversas de um momento
Aonde se percebe em desalento
Futuro como um nobre desafio,
Do labirinto às perco o fio
Saída para tal? Não alimento,
Tampouco vejo ali este incremento
Que possa garantir colheita, estio.
Esbarro nos seus ermos e me vejo
A mera conseqüência de um desejo
Gerando; do desejo, outro viver
Eternizando assim a nossa história
O amor em sua luz farta vanglória
Onisciente sabe o seu poder.


1000


Completo mil sonetos sobre amor,
E sei que no final pouco aprendi
Do todo se esbocei retrato aqui
Eu na verdade um vão contemplador,
Por mais que tanto sinta o seu sabor
O quanto nesta vida consegui
Tentando conceber mal percebi
Deveras seu real, farto valor.
E tenho uma certeza ao terminar
Somente nada sei e ao caminhar
Por entre labirintos sem saídas
Jamais eu poderia traduzir
Nem mesmo se o bom Pai já permitir
Que eu viva muito além de cem mil vidas.

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