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Saturday, December 4, 2010

- NEBLINAS
Notívago, minha alma de noctâmbulo
Deambulando em becos mais escuros,
Equilibrando os passos, um funâmbulo
Vivendo entre temores, mil apuros.

A peça se anuncia num preâmbulo
Passando por momentos bem mais duros,
Às vezes preferia ser sonâmbulo,
Errante sobre pedras, altos muros...

Mas amo as frias trevas e neblinas,
Enquanto a palidez tanto me atrai,
Na quase transparência; já fascinas

E tomas as vontades num repente,
E quando a noite escura; vem e cai,
A névoa sedutora enfim se sente...

- NEGO
Fecho meus olhos,
vagarosamente ...
Te vejo,
chegando a mim ...
(ivi)


Apenas a fumaça do cigarro
Envolvendo os meus olhos sonhadores,
E quando da ilusão eu me desgarro
Procuro pela luz de outros albores.

As marcas do que fomos, logo varro,
E teimo em meu jardim sonhar com flores,
A velha sutileza de um escarro
O tempo ressuscita antigas dores.

Quase que consegui fugir, mas morro,
A solidão em forma de socorro
Alia-se aos fantasmas que carrego.

Da vida, a melhor parte foi contigo,
Encontro nos escombros meu abrigo,
E teimando em viver, inda te nego...

-*Nesta Tarde
*Nesta Tarde

A rua está suave o vento finge
O tempo está sombrio sem o sol
Apenas no disfarce do arrebol
Para acalmar a noite como esfinge

Com rosto de mulher corpo gigante
Deitada no umbral dos sonhadores
Velando na calada o modo amante
Das horas que mitigam os amores

Carente da palavra que revela
A alma já cansada pede abrigo
O sonho desprovido a ti se anela

Decanta mente e sonho desprovidos
Das noites em calmaria eu pré/sigo
Dos sonhos resguardados e perdidos

sogueira

Perseguindo as pegadas que tu deixas
Enquanto caminhaste pelas ruas,
O velho sentimento mata as queixas
E deusa dos meus sonhos, tu flutuas.

Enredo-me em teus braços, liberdade,
No afã de ser feliz, bem que podia
Trazer para o mundo a claridade
Que maravilhas fartas, irradia

O canto que me enleva e me consola,
O risco que corremos, sem temores,
E o pensamento voa, assim decola,
Semeia pelo espaço, luzes, flores.

E tu que és primavera; doura o sol,
E entornas teus encantos no arrebol...

*Neste Natal*
*Neste Natal*

Vou varrer desilusões passageiras
Limpar os armários bater poeiras
Remendar os buracos no telhado
Quebrar o cadeado vê o achado

Selecionar amigos permanentes
Irrigar as terras que adjacentes
Frutificam com a mesma semente
Desembocam no mesmo afluente

Vou singrar as velas dos veleiros
Subir na direção sem aguaceiro
Apaziguar a mente em oração
Fazer da vida o amor a comunhão

Só não esquecer no meu diário
Este poeta meu eterno estuário

Sogueira


Nos versos de um bolero ou de uma valsa
O coração mergulha no passado,
Enquanto a fantasia, o sonho encalça,
Afasta-me do encanto desejado.

Outrora, o meu Natal, doce regalo,
Trazia uma esperança de união,
Celebração de paz, Missa do Galo,
E o sino pequenino na canção.

O tempo muda tudo e, de repente,
Eu vejo um velho gordo, chaminés.
Aonde houve um menino, só presente.

E o riso satisfeito de quem vende,
Olhando sorrateiro e de viés
A mágica ironia de um duende...


- NA PAZ DO SENHOR
Na paz do Meu Senhor. Felicidade
Na beleza do sol que me ilumina
Num pássaro a voar, a liberdade,
Galope de um corcel balança a crina

No encanto que nos traz uma saudade
No riso delicado da menina,
No amor que nos transmite a claridade,
No brilho do luar, força divina.

Eu agradeço a Ti cada momento,
A vida que me deste, e mesmo a dor,
Que ensina, pois somente o sofrimento

Liberta o coração do ser humano,
Erguendo a minha prece ao Redentor,
Ao Pai, ao Criador, Meu Soberano...


- NADA
\"SENTADO NA CALÇADA DE CANUDO E CANEQUINHA\"


Na calçada / canudo e canequinha,
Eu dava forma ao meu mundo de ilusão
Te vendo refletida na bolinha
Igual cristal, mas / ploft / era sabão.

Adolescente, (sonhador, folião),
Tempo em que a ilusão, o peito aninha.
Menino sonhador! Ao coração
Tanto fazia, amanhecer ou à tardinha!

O tempo parecia dar guarida
À juventude que, em beleza envolvida,
Vivia a cada dia uma emoção.

O tempo se passou, ou trem ligeiro!
Entre tantos, sou mais um passageiro
Que se prepara, pra descer na estação.

Josérobertopalácio

A juventude foge entre meus dedos,
Abandonado barco que se vai.
Não posso mais saber dos seus segredos,
O pano desta vida, manso, cai.

O quando ser feliz, velhos degredos,
Sorriso do passado, vejo o pai
Que aplacava sereno, tantos medos,
O tempo num momento, assim se esvai.

Agora o que me resta é tão somente
O túmulo dos sonhos, onde jaz
O quanto que busquei, não fui capaz,

E o fim que a cada dia se pressente
Fechando os olhos tristes de um poeta
Numa viagem trágica e incompleta...


- NÃO CONSIGO TE ESQUECER
E então ?
Eu juro
que não consigo
te esquecer,
meu pensar
está sempre em ti ...
(ivi)


quem dera se eu pudesse te esquecer...
talvez ainda houvesse uma esperança
de ter uma ilusão que não se alcança
fadado inutilmente ao tal sofrer...

o quarto abandonado, posso ver,
em cada canto apenas a lembrança
de quem levou consigo a temperança,
pingente dos meus sonhos, passo a ser.

Eu quis amar além do que devia,
Do quanto a dor existe, eu mal sabia,
Hipnotizado enfim, não percebia

Que tudo fora apenas fantasia.
E quando o teu olhar, sonho recria,
Eu morro um pouco mais a cada dia...

- NÃO QUERO TEU CONSOLO
Perdoe se não trago algum sorriso,
Tampouco uma alegria, mesmo falsa,
Minha alma tantas vezes vai descalça
Num passo cada vez mais impreciso.

Se em cores tão diversas me matizo,
O olhar outros caminhos já não alça,
Quebrei a velha ponte e sem ter balsa,
Jamais novo horizonte, sei e piso.

Naufrago a cada dia mais um pouco,
Desfilo pelas ruas feito louco,
Expondo estas feridas, velhas chagas...

Não quero o teu alento nem consolo,
Se há tanto reconheço quão sou tolo,
Enfrentarei tais mares, duras vagas...


- NÃO RESTARÁ SEQUER SAUDADE
Pressinto que esta noite não virás,
Embora esteja sempre à minha cama,
Terei algumas horas mais de paz.
Mas sei inevitável esta trama...

O teu olhar faminto e até voraz,
Prenunciando o fim, comédia e drama,
Eu sei que a liberdade sempre traz,
Porém minha alma tola, inda reclama,

Pudesse resistir mais alguns dias,
Mas tudo tem seu tempo, eis a verdade.
Realizei algumas fantasias,

Porém a maioria se perdeu,
De tudo o que ficar; sequer saudade,
Apenas o vazio, treva e breu...


- NÃO TEM SOLUÇÃO

Se a euforia consome teus dias,
marque um dia em meu consultório,
se uma boa terapia não lhe salvar,
receito-te uma pílula para tomar.

Ana Maria

Eu devo te dizer que este meu caso
Não tendo solução, já se perdeu,
O mundo que pensara fosse meu,
Morrendo devagar, está no ocaso.

Felicidade tendo um certo prazo,
Em meio a tal desprezo ele venceu,
Deixando percorrer, sempre ao acaso,
Quem sabe no final verás meu eu.

Desnudo das vontades mais humanas,
Imerso em bestiais fogos satânicos,
Não quero criar medos nem mais pânicos,

Porém quero estas noites mais profanas,
Apenas um momento de loucura,
Encharca nosso quarto de ternura...


- NÃO VEJO OUTRA SAÍDA
Não vejo outra saída, nem tampouco
Desejo outro caminho que não este.
A dor que calmamente me reveste
O canto de ilusão ficando rouco.

O quanto tu me deste era tão pouco,
A solidão servindo como veste
Não tendo mais um sonho que me ateste,
O que me resta então? Meu canto louco.

E o quase crer que existe a liberdade,
Morrer sem conceber felicidade
Ir caminhando ao léu, sem rumo e prumo.

Tentando pelo menos disfarçar,
Se a vida se esvaindo devagar
Bebi da fantasia todo o sumo...


- NAS ASAS DO AMOR
Nas asas da esperança voei alto,
Distante nas montanhas, te procuro,
Vasculho estes mares, pedregulhos;
Da cachoeira descambei d’um salto.

Molhado nos orvalhos deste mato,
Chegando à planície, penso e paro.
O teu amor eu busco pelo faro
E hei de te encontrar pelo meu tato.

Os astros florescentes, feito zoom,
Buscam a tua pele cintilante
Mostrando-me tuas marcas do prazer.

Te vejo e não consigo me conter
Querendo desfrutar desse instante,
Te amando sem perder momento algum.

Josérobertopalácio

As esperanças abrem suas asas
Abarcam ilusões que inda carrego,
E mesmo que pareça, surdo e cego,
Caminho sem temor por sobre brasas.

Olhando aqui de cima, vejo as casas,
E mares sem fronteiras que navego,
O tempo nestes sonhos, eu emprego,
Mergulhando em piscinas sempre rasas...

Quebrando a minha cara vez em quando,
Fazendo da emoção, minha senhora,
A sorte se esfumaça e já demora,

Enquanto o meu castelo desabando
Prepara para o fim, num terremoto,
E o amor vai se tornando mais remoto...

- NAS ONDAS DA INTERNET
Neste olho mágico eu posso ver,
Além do horizonte, o meu futuro
Já nem posso mais pular o muro...
...O tempo insiste em me combater.

Sem a internet o que eu ia fazer?
Jogar gamão em um tablado duro?
De madrugada já não faço furo;
Emails cabeludos então vou ver.

Em meio aos, (sem como, nem porquês),
Um pé com um chinelo, outro a meia!
É a cuca enrolada feito teia.

É chave de cadeia, paciência!
Melhor levar a vida na cadencia
Nesta sinuca estou pra ser bola da vez.

Josérobertopalácio


Surfista curioso, não se mete
Tampouco noutras bandas, vou assim,
Navego pelas ondas da internet,
E sei o quanto é bom, também ruim.

Olhando a sacanagem da chacrete
Coroa está ficando bem chinfrim,
Ainda tem aquela coisa a tal de Greti
Num filme bem escroto, isto é o fim.

Mas tenho meus amigos, peito aberto,
Irmão de coração, José Roberto,
Palácio camarada e gente fina,

Além de acompanhar velhas notícias,
As coisas mais reais ou tão fictícias,
No fundo esta desgraça me domina...

- NAVEGANTES DO PRAZER
No quanto este desejo me alucina.
Derramas o teu mel em minha boca,
Bebendo cada gota desta mina,
A fonte que em prazeres desemboca...

Passeio por teu corpo; sei das rotas,
Decifrando vontades, teus anseios,
Adentro mansamente belas grotas,
Acaricio então teus rijos seios...

Desfruto desta intensa maravilha,
Até que venha em forte corredeira
O gozo em que mergulho, cada trilha
Levando a doce senda costumeira.

E assim, destes prazeres navegantes,
Levitam totalmente, por instantes...

- NOSSO AMOR...
Orgástica ilusão tomando a cena,
Levado pelas ânsias da paixão,
O quanto que te quis; atroz, serena,
Um mundo num completo turbilhão...

Porém a nossa vida tão amena,
Seguindo sempre a mesma direção,
Embora na verdade nunca plena,
Ainda traz em si, satisfação...

Loucuras e delírios... Quem me dera,
É sempre a mesma coisa, a mesma espera
E a fera que eu sonhei, domesticada...

O amor do dia a dia, na hora exata,
Enquanto traz alento me maltratada,
Rotina sem mistérios, decorada...

- NOSSO AMOR

Você está me convidando...
menino quer brincar de amar...
Depois não vai a onda segurar
quando o meu fogo te incendiar,

Se não pegar muito pesado,amor,
te acompanho em alguns sonetos.
Dia especial do meu alto astral,
posso fazer do amor um carnaval;

Segredo de estado é ficar neste
estado, sem você me beijando...
vamos marcar logo a data deste

enxoval; posso aguentar uns dias,
mas meses assim meu bem, não dá...
acabarei queimando em outro lugar.

Ana Maria

Com o amor não se brinca, disso eu sei,
Ele é senhor das almas e destinos,
Os sonhos mais audazes, cristalinos
Um dia, lado a lado, inda terei.

Fazendo da alegria a nossa lei.
Deixando para trás os desatinos,
Os corações vorazes de meninos
Serás minha rainha, e nessa grei

Aonde a fantasia reina em paz,
Somente o amor perfeito satisfaz,
Trazendo para nós a claridade

Que é feita nos ditames da paixão,
Embora muitas vezes, turbilhão,
No fim só mostrará tranqüilidade...

- NOSSO AMOR...
Minha inspiração maior
é todo este Amor
que tenho
por ti ...
(ivi)

Eu faço deste amor uma bandeira
Na luta interminável pela vida,
Às vezes tão sofrida e dolorida,
Porém junto contigo, verdadeira,

Na paz tão importante e costumeira
Pra toda dor imensa, uma saída
Uma alma que se perde distraída
Jamais se entregará assim inteira

E a gente nem pergunta se há por que,
Somente neste amor a gente crê
E basta para ter felicidade...

Esta expressão suave que me trazes
É como ter na manga todos ases,
Mantendo a preciosa liberdade...


- NOSSO CASO DE AMOR
Bebendo as amarguras de um amor,
Restando em minha boca o fel de um beijo,
O quanto quis falar de algum desejo
Que se perdeu, venal navegador.

De todos os delírios, o mentor,
Apenas o vazio que prevejo
Será meu companheiro, mas eu vejo
As réstias de um fantástico sol-pôr.

Opondo-me às insânias da paixão
Ainda teimo em crer que a lucidez
Trará qualquer instante de razão.

Meus versos são apenas o retrato
Do amor que há tanto tempo se desfez,
E em meio aos vendavais fingiu-se grato...

- NOSSO CASO DE AMOR

No mais doce ritual
O nosso amor consagrado
Vou bebendo o teu graal
Vais me amando bem safado...

Já ungida por teus beijos
Tua sou e mim te enlaço
Decifrando os teus desejos
Dou-te ninho em meu regaço...

SERENA

Acolhes com teu corpo o meu cansaço,
Descanso nos teus braços, sou feliz,
Entrego-me ao delírio do regaço,
Vivendo o grande amor que sempre quis.

Conheço cada parte, traço a traço,
Decifro os teus segredos mais sutis,
Assim ao apertar o estreito laço,
Enfrento os temporais e seus ardis.

Não deixo de querer esta querência,
Que possa me trazer total demência,
Mas vale quanto preza uma alegria.

No bem de amar demais, além do mais,
Aprendo com os nossos rituais
A crer ser realidade a fantasia...

- NOSSO CASO
Apenas um sorriso e nada mais,
A nossa despedida foi assim,
Ausência de esperança no jardim,
Matando as velhas flores, meus quintais.

Os dias sem te ter são sempre iguais,
Viver desta ilusão, pobre de mim.
Queria muito além, mas de onde vim
Antigos dissabores são fatais.

Feneço a cada dia sem saber
Que rumo ou direção irei tomar,
Apenas aprendendo a desamar

Aprendi finalmente que perder
Permite-me encontrar cada pedaço
Nos versos sem calor que agora faço...

- No caminho do amor
No caminho do amor

Num coração criança tudo permito,
Se fazes parte do povo nômade,
Nasceu livre e assim viverás,
Circulo contigo este mundo a brilhar.

Na nossa terra não há morte,
O sol, a lua e as estrelas são o norte,
Rodamos a saia e nos enfeitamos,
Rodopiando iludimos o luar.

Em tantos temporais que te afligires,
És o dono do seu destino e desvios.
Na estrada não temerás as serpentes,

Sabes que ela faz parte do caminho.
Não olhará o caminho percorrido,
Somente no final dará o seu sorriso...


Ana Maria


O amor não suportando mais correntes,
Adentra libertário; os corações,
Rompendo desde sempre estes grilhões,
Espalha pelos campos as sementes.

E quando o grande amor penetra as mentes,
Perdemos os caminhos, direções,
Entregues às insânias das paixões,
Vagamos pelo mundo quais dementes...

Não tema se chegar este momento,
Ardências e prazeres pareados,
Os céus que tu querias estrelados,

Imersos em profundos sentimentos,
Vagando no infinito de dois seres,
No absinto tão gostoso de beberes...

- NO DIA EM QUE EU PARAR
No dia em que eu parar de versejar
Talvez inda consiga ser feliz.
O quanto de verdade o verso diz,
Por mais que tente enfim, falsificar.

Poeta que é poeta diz luar,
Mas gosto de falar da meretriz,
Da dama que desnuda a rara atriz,
A deusa que floreia um lupanar.

Sou métrica, sou rima, sou vazio...
Impérios que entre sonhos vários crio,
Desmancho com borracha e os refaço.

Deleto estas verdades passageiras,
As hordas invasoras, forasteiras,
Seguindo cada marca do compasso...

- No teu álbum
No teu álbum

Delicada, gentil e graciosa,
tu me lembras das flores a bonina
e a lirial ternura da menina-
moça e mulher, complexa, formosa.

Tu me fazes pensar na esplendorosa
aurora azul da graça feminina,
que contrasta com a noite tenebrosa
que vem da besta-fera masculina.

Dado me fora ser do verso esteta
e não tal como sou, simples poeta
rabiscador de versos moribundos...

Em vez de pobres rimas deserdadas
eu tê-las feitas de alvoradas
e meigas sinfonias de outros mundos

Chaplin

Tu tens esta meiguice ímpar, querida,
E trazes nos teus braços o calor
Mantendo o que há de bom em nossa vida,
Cultivas com carinho, o nosso amor.

A minha caminhada, distraída,
Às vezes gera espinho e mata a flor,
Porém na tua estrada enternecida
Encontro farta paz. Merecedor?

Demônios me acompanham vez em quando,
O dia pouco a pouco se nublando,
Mas trazes este sol que me redime,

Tu és meu contraponto; com certeza,
Guiada nossa história em tal destreza
Fazendo com que mais e mais te estime...

- NOITES DE AMOR
Vielas mais escuras, becos, bares,
Dois bêbados caminham pela rua,
Um risco rasga o céu, pálida lua,
Procuro algum prazer nos lupanares.

As velhas conhecidas cafetinas,
A música anuncia um par perfeito,
Imaginando coxas, pernas, peito...
Estrelas refletidas nas retinas...

A dose de conhaque, a pinta falsa,
Convite para o quarto, um bom programa,
Retenho em minhas mãos sublime dama,
Qual fora no salão, última valsa.

Por um momento apenas, a noblesse...
Antes que a realidade recomece...


- NOS BRAÇOS DA AMIZADE
A amizade é expressão mais que divina,
Trazendo a paz que tanto desejamos,
Irmana num arvoredo os vários ramos,
E a todos os que a buscam, só fascina.

Encontro em tua face esta pureza
Que é base para a força da amizade,
E nela se expressando com verdade,
A mais sublime forma de beleza.

Irmãos que caminhando pareados,
Olhando para frente, cremos que
O quanto é necessário e o que se vê
Precisam ser por Deus iluminados,

E quando a dor domina esta paisagem,
Nos braços da amizade uma estalagem...


- NÓS DOIS
Mal pude responder aos teus poemas,
O tempo não deixou sequer pegadas.
Muitas vezes fugi de velhos temas
As manhãs repetiam madrugadas...

Hormônios precedendo piracemas,
As hóstias da paixão, envenenadas
Amores não passaram de problemas,
As tramas entre estradas malfadadas.

Mal pude perceber quanto te quis,
Talvez pudesse ainda ser feliz,
Mas era tarde. Falsa pedraria.

Quem sabe noutro tempo, noutra vida.
A mocidade preparando a despedida
Minha alma sem saber envelhecia....


- NÓS

Delícia em que me embrenho
Teu corpo ao meu dispor
O gosto do teu sal
Teus beijos, meu amor...
Contigo vou ao céu
Me perco ao doce açoite
Te monto e meu corcel
Eu atravesso a noite...

SERENA

O vento arrepiando a minha pele,
Tua presença amada, ele anuncia,
E a fúria doce e intensa me compele,
Prazer inigualavel anuncia.

Sentir no teu arfar farto desejo,
As noites em volúpia transcorridas,
Alcanço o patamar que louco almejo,
As noites delicadas e curtidas

Tatuo no meu corpo a tua imagem,
Vislumbro um novo tempo, mais suave,
Pensando muitas vezes em miragem,
Minha alma se liberta como uma ave

Atado a tal pantera, este corcel,
Desvenda maravilha, alça o Céu.

- NOSSA HERANÇA
ÀS VEZES, POR EMOÇÃO, A RAZÃO MOFA.

Os filhos em rebeldia vão agindo
Mãe Natureza devolve a ingratidão,
Cansou-se de sofrer e com razão
Muda as regras e vai nos castigando.

Teimamos em más ações, só destruindo
Nosso mundo, na cegueira da ambição.
Perdemos o norte e na contra mão
Desabamos, na ilusão de estar subindo.

Não vale um céu azul, sem o ozônio
É querer inteligência sem ter crânio
É ver o imenso mar sem ver um peixe.

Permanecer no erro? Não se queixe
Ao ver ventilador em tua farofa.
Às vezes, por emoção, a razão mofa.

Josérobertopalácio

Enquanto a natureza é destruída,
Castelos são erguidos nos escombros,
Matando pouco a pouco toda a vida,
O homem nada vê por sobre os ombros.

A seca prenuncia o temporal,
A fome se espalhando pela Terra
E o homem, criatura vil, boçal
Não ouve quando Vida sofre e berra.

Herança que deixamos para os nossos
Apenas tão somente frágeis ossos,
E os grandes arvoredos destroçados.

Assim quando cobrarem, no futuro,
A inválida aridez de um solo duro,
Ficaremos somente assim: calados...

- NOSSA HISTORIA DE AMOR
Nos tempos idos meu amor,
ficavamos ao dispor do cavalheiro
esperando ele retornar da viagem,
suspirando saudosa e cheirosa,

Mas não sei mais o que ouve com o vento,
não encontro este rapaz de outrora,
que nos deixava saudosa mas feliz,
por saber que voltaria na estrebaria,

Quisera ter permissão de mamãe,
mas ela já falou que daqui saio não,
deve vir aqui o moço pedir minha mão.

Não vejo saída pra este amor da gente,
não posso sair da roça assim permitida,
talvez me levasse contigo um dia escondida...

Ana Maria

Montado em seu cavalo todo branco
O belo cavaleiro em noite escura,
Trazendo amor sincero, puro e franco
Mantém-se com firmeza na procura

Daquela que será sua princesa,
A dama mais formosa do lugar,
A vida preparando outra surpresa
Impede o cavaleiro de chegar...

Mas nossa história, amada, é diferente,
Não vejo impedimentos, vamos nessa
Que a vida só pertence enfim à gente
E o amor; saiba querida, anda com pressa.

Vencer os teus temores e seguir
O que teu coração há de pedir...

- NOSSA HISTÓRIA
NOSSA HISTÓRIA (Rondel

A história não perdeu-se, ela resiste,
ao impacto, aos tropeços da estrada.
E te digo, não é uma história triste,
tem amor, tem alegria em revoada.

Neste canto está minh'alma apaixonada,
que se mostra como nunca, um dia, viste.
A história não perdeu-se, ela resiste,
ao impacto, aos tropeços da estrada.

Te oferto este amor que em mim existe
e uma rosa, a mais linda e perfumada.
Vamos juntos te peço, ah, não desiste,
nosso amor é belo qual contos de fada.
A história não perdeu-se, ela resiste.


HLuna

Há tempos que preciso te dizer
Dos vales e montanhas que enfrentei
Buscando ter nas mãos, nosso prazer,
Errante caminheiro que sem lei

Seguia por desertos e planaltos,
Vagando cordilheiras e oceanos,
Encontrando percalços e ressaltos,
Cevado por delírios sempre insanos.

Avanço noite afora nesta busca
Que um dia me trará felicidade.
E quando a luz da lua, toca e ofusca,
Eu bebo a me fartar da claridade.

E vejo num segundo todo o céu,
Contido na beleza de um rondel....


- NOSSAS ALMAS
Ahhh
se eu pudesse
me encaixar
dentro de tu'alma ...
(ivi)


Se dentro de minha alma sonhadora
Encaixe-se a ternura dita amor,
Podemos num instante recompor
A vida que eu julgara perdedora.

Uma alma sem parada e sofredora,
Fazendo da esperança o seu louvor,
Não tendo quase nada a te propor,
Mulher que dentre tantas, redentora;

Assim, seguindo a vida sem ter medo,
Vivendo com prazer o nosso enredo,
Juntinhos nós seremos mais felizes.

Cantar cada emoção que nos assola,
Enquanto uma alma livre assim decola,
Seremos dois eternos aprendizes...


- NOSSO AMOR

Nunca ninguém que te conhece, pensa;
Nas tuas cicatrizes, nos teus lanhos...
Éramos, sem sabermos, dois estranhos,
A quem a morte sorria, clara, densa...

Vivíamos em fuga, atroz ofensa,
Computando agonias como ganhos...
Me embebia nos teus olhos castanhos,
Não sabia sequer, nem ter descrença,

E lavava minh’alma em fastio,
Deixava-me levar, pútrido rio,
Sem pensar que as correntes me sugavam...

Tuas linfas, qual ninfas, me excitaram,
Em andrajos, depois, nada deixaram,
Criaturas insólitas se amavam...

- NOSSO AMOR
Restando muito pouco do que fomos
Não posso sonegar quanto sofri,
O quanto de esperança havia em ti,
A vida não escreve novos tomos.

O amor que repartimos, parcos gomos,
O tempo de sonhar, eu esqueci,
Sangrando cada verso, estou aqui,
Jamais me esquecerei do que não somos.

Errei ao te querer além da conta,
O verso que hoje faço desaponta
E mostra este vazio tão somente.

Morremos muito aquém do cais, do porto,
O velho sentimento agora morto
Aborta o que julgamos ser semente...

- NOSSO AMOR
Quem dera se possível liberdade
Alçando os infinitos que pretendo,
Se os olhos; no futuro ainda estendo,
Rotina nos destrói e tudo invade.

Quisera ter a tal serenidade,
Ou pelo menos, risos revivendo,
O amor que tanto quis está morrendo,
Não restará enfim qualquer saudade...

Fazendo do meu verso último apelo,
Quem sabe derretendo assim o gelo
Renasça a primavera deste amor.

Medonhas tempestades ou marasmo,
O riso sem prazer, puro sarcasmo,
Sem orgasmo que venha redentor...

- NOSSO AMOR
Suspira o sentimento mais atroz,
Tocado pela insânia deste amor,
Que um dia se fez rio e quis ser foz,
Um novo dia belo e encantador,

Porém qual fora fera sobre nós,
Invés de simplesmente puro ardor,
Ciúme enlouquecendo, tão feroz,
Com seu pleno poder destruidor,

Gerou uma pantera insaciável,
Tornando assim meu ar irrespirável
E tudo que era belo, se quebrou,

O amargo de perder o nosso rumo,
Tomou a doce fruta e todo o sumo
Ao mesmo instante, logo se azedou...

-*Nunca Sabemos*
*Nunca Sabemos*

Qual o vôo que carrega confiança
Onde pousar palavra que liberta
Qual estrada que leva na distância
Mensagem que meu coração decreta

Viajo livre vôo sem ter caverna
Nenhum pouso retido neste agora
Minha alma tão livre quase hiberna
Sem laços vou segundo rumo a fora

Não vejo nenhum lago pra repouso
Palavras que viajam verso e prosa
São sombras que faz da mente pouso

Teus versos ladeados têm beleza
Pra todos que em ti vê o talento
Os meus vão afolhados. Fico presa

SogueiraO

Ourives das palavras, a poeta
Desfila seu talento. Embevecido,
Eu bebo da beleza tão completa,
Do canto pelo encanto amado, ungido.

Quem dera se pudesse ter a glória
De ter a companhia desta amiga,
A vida não seria merencória
Pois nela a poesia, já se abriga.

E neste desfilar raro e fecundo,
De fartas maravilhas que tu crias,
O pária coração de um giramundo
Encharca-se de luz e fantasias...

E, tolo num momento eu quis tentar
Também cada palavra lapidar...

- NOSSO FIM
Recebo o telegrama em que falas
Do amor que tantas vezes magoaste,
Depois de vários anos, o desgaste
Tomou de nossas casas, quartos, salas...

Percebo é que tampouco tu te abalas,
Falando do que outrora fora uma haste,
Parece que em verdade já limpaste
Ao desfazer os sonhos, velhas malas...

Agora o que resta é ter bastante
Força para enfrentar os temporais,
Eu sei que não virás, e num instante

Aquilo que era doce fez-se azedo,
Saber que não verei a ti jamais,
Só traz insegurança, dor e medo.


- NOSSO GRANDE AMOR
\\\"ARRANCA AS ETIQUETAS, RASGA O PREÇO\\\" (CARLOS COLLA)


“Arranca as etiquetas, rasga o preço”
Faz tempo que esse amor não tem valor;
De que vale “Te Amo” em tanta dor?
Tua paixão cansou deste endereço?

Por que afoga em magoas meu apreço?
Pra te beijar, te dar carinho, aqui estou,
Mas me desprezas, pisoteias o amor.
Queres partir, vai, vai que eu não te impeço.

Mas se quiseres vem pra me fazer feliz!
Outras vezes já estivemos por um triz;
Então, estarei sempre a tua espera.

Igual ao mundo, nosso amor é uma esfera
E gira, gira, e sempre passa por aqui.
Te esperarei, em meio a noites, sem dormir.

Josérobertopalácio

Não quero mais saber do amor sem graça,
Sem fogo e sem loucura, simplesmente...
Apenas que me aplaque ou me contente
Eu quero bem mais fogo que fumaça...

O tempo não há dúvidas, que passa,
E o quase não se torna totalmente,
Felicidade agora, isto é urgente,
Eu quero ser de ti, a presa e a caça.

Rasgando os velhos tolos preconceitos,
Pudores são sutis velhacarias,
Fazendo dos sofás, camas e leitos,

Deleite entre as estrelas e o luar.
As noites que desejo; são vadias,
Sem nada que nos possa controlar...


- NOSSO RECANTO DE AMOR 23104
Recanto tão pacífico? Mentira.
Apenas confusão encontro ali
O amor que imaginei e já perdi
É gente sem juízo que inda atira.

Embora muitas vezes eu prefira
A velha confusão, longe de ti
O mundo que sonhara não mais vi,
A sorte se amarrando com embira.

É gente que não gosta de outra gente
Também tem psicopata na jogada
Completamente louca esta jornada

O fim da fantasia se pressente.
Recanto que remanso imaginara
Agora enquanto ferra desampara...

- NOSSOS CARNAVAIS

Que fresta que nada

Tudo é festa!

Todos os ais viram carnavais

E rir é o que nos resta



Karlinha


Vestindo a fantasia da ilusão,
Sorrisos estampando cada face,
Por mais que a vida doa ou mesmo embace,
É hora de viver cada emoção.

No quase fui feliz, não há senão,
E mesmo que a verdade nos desgrace
Aprendo a me virar noutro disfarce
Dançando junto à imensa multidão...

Olhando para os lados, outros tantos,
Hipnotizados caem pelos cantos,
Na louca gargalhada dos palhaços.

Vibrando sem porquês, querendo mais,
Bijuterias feitas carnavais,
Tropeço nos meus próprios, tolos passos...

- NOSSOS SONHOS
São sutis e suaves os desejos
Que tento disfarçar, sem ter sucesso,
Mereço pelo menos ter acesso
Aos teus delírios tantos, mil ensejos,

E sendo o que mais quero; tais lampejos
Prometem para o caso um bom sucesso,
E quando me falares do progresso,
Ingresso no teu corpo com meus beijos.

E o vento que ventava vendaval
Aval terá pra ser somente brisa,
Agora sem demora amor avisa

Que o rito se tornando triunfal,
Com gritos, com sussurros e gemidos,
Decerto nossos sonhos são ouvidos...


- NOSTALGIA
Nostalgia

Meu natal teve as cores da saudade,
Apenas em tristezas me envolvi,
Tantas mesas cheias, pensando, eu vi
Tanta fartura e tantos na vontade.

Os livros mostram que a diversidade
Já vêm de antigos tempos e eu cri,
Que se Jesus passou ligeiro por aqui,
Quem sou eu pra ser dono da verdade.

E sigo a perguntar-me se tem jeito.
Será que é assim que é perfeito?
O sofrimento é pra limpar a alma?

Só sei que pra entender precisa calma
Enfim, sendo o mundo obra de Deus,
Há de vir claridade a tantos breus.

Josérobertopalácio



O meu Natal? Saudades tantas meu amigo
De minha mãe, dos entes caros, mais queridos
Que já partiram e no céu acharam abrigo;
Da inocência já perdida, aos tempos idos

Quando Jesus, lá na cocheira me sorria
E de mãos postas se rezava ave maria
Agradecendo a sua vinda em nosso meio
Para trazer a esperança e ser esteio...

Tudo tão longe, a falsidade é que apetece
Data tão linda que perdeu significado
E tem o gosto do viver mais calculado

E pareceu-me que se Deus aqui voltasse
Sequer achava um coração em alegria
Doeu bem fundo essa tristonha nostalgia...

Ana Maria gazzaneo

Quisera no Natal velhos presépios,
Aonde via o pobre do bebê
E agora só comércio é que se vê
Nas ruas multidões de tolos ébrios.

Num épico que passa na tevê,
Os métodos cruéis; em tons mais sépios
Por séculos e séculos, intrépidos
Pastores, com ovelhas, mas cadê

O espírito do Deus perdão e amor,
Modernos vendilhões com um palhaço,
Barbudo e velhusco vendedor,

Com saco atrás das costas e veados,
Do menino não sobra sequer traço,
Vendidos pelas ruas e mercados,


- NOSTÁLGICO
Nostálgico, procuro pelas ruas
As Marcas do que fomos no passado,
Estrelas envolvidas por mil luas,
O velho coração enamorado.

Enquanto as fantasias eram tuas,
O canto sob o céu enluarado
Distante dos meus olhos continuas
Procuro e nada vejo aqui do lado...

Seríamos dois pobres sonhadores,
Aguando com as lágrimas as flores
Que há tempos já murcharam. Nada resta

Apenas o luar enfumaçado,
E o verso sem sentido; embolorado,
E a serenata soa, vã, funesta...


- NUM BECO SEM SAÍDA
Num beco sem saída me deixaste
Que faço se não sei falar inglês?
Eu sei que na verdade tu tentaste,
Mal reparaste a cara do freguês...

Só saio do lugar se houver guindaste
Minha alma é de um eterno pequinês
E peço, mais depressa que se afaste
A velha tentação de ser burguês...

Vestir com galhardia um terno novo,
Usar uma gravata borboleta,
Perder uma fortuna na roleta,

Prefiro a fedentina do meu povo,
Fumando o meu cigarro que é de palha,
Levando pra onde eu for, a minha tralha...


- NUM FIM DE TARDE
Fim de tarde ...
Te aproximas de mim,
pegas na minha mão,
e me diz palavras,
certeiras, precisas,
a ecoar dentro de mim ...
(ivi)


Em pleno fim de tarde, noite chega,
E a gente se entregando sem limites,
O amor não aceitando mais palpites,
Por mares tão diversos, já navega...

E nesta insanidade, nossa entrega,
Por mais que razoável inda evites,
Não resistindo mais a tais convites,
Bebemos melhor vinho desta adega

E assim, vamos brindando a noite inteira,
Flutuas nos meus braços, quando danças,
A amiga, louca amante e companheira,

Singrando os oceanos da paixão,
Deixando para trás tolas lembranças,
Vivendo enfim total revolução...

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