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Saturday, December 4, 2010

- O AMOR ESTÁ NO FIM
É fim de papo e chega de conversa,
O nosso casamento está no fim.
Tu tens andado assim, vaga e dispersa,
Deu praga e destruiu nosso jardim.

A fantasia agora é tão diversa,
Estás sempre distante; até que enfim,
Cansei desta mulher burra e perversa,
Não tenho vocação pra querubim...

Chegando de manhã embriagada,
Falando que estudou a noite inteira,
Depois inventa uma outra baboseira

E finge que jamais andou errada.
Não vou ficar chorando; dê o fora,
Não fique aqui torrando, vá embora!

- O AMOR INFINITO
O amor, esta sublime maravilha,
Que uniu este casal, num doce enlace,
Uns crêem que o destino, a vida trace,
Quando os dois encontraram mesma trilha,

Que a vida seja feita de alegrias,
E mesmos nas tristezas, união,
Assim vencendo o imenso furacão,
Serão tenho a certeza, os belos dias

A fonte inesgotável de um amor
É feita no real companheirismo,
Além de certa dose de lirismo,
Das esperanças, hábil provedor.

E neste dia raro e verdadeiro
Que o amor seja infinito companheiro...

PARA ROBERTA E JOÃO MIGUEL, PARABÉNS PELO CASAMENTO


- O AMOR PERFEITO
Cantar o amor perfeito, sem enganos,
Viver desta esperança e crer na paz.
Seguir com lealdade; belos planos,
Pensar que finalmente sou capaz

De crer nas artimanhas dos ciganos,
Se imensa fantasia, a noite traz,
Sanando com ternura, cortes, danos,
Delírio que domina e satisfaz...

Um dia imaginei fosse possível,
Engodos tão comuns da mocidade,
E de repente vejo a realidade,

E o que me parecia ser plausível,
Transforma-se no imenso e vago tédio.
- Doutor há para o mal algum remédio?

- O AMOR QUE A GENTE FAZ

Venha então pro meu chuveiro
Te darei muito prazer
Quero te banhar inteiro
Deixa o pega acontecer.

E quem gosta de tristeza
Manda sim, sem nem pensar
Coma e beba em sobremesa
O prazer que vou te dar...

Ana Maria Gazzaneo

Venha logo pros braços de quem amas,
Meu corpo angustiado busca o teu,
Acendem o pavio, espalham chamas,
Meu fogo no teu gozo se acendeu.

Valetes procurando suas damas,
No mundo desde sempre aconteceu,
Por isso é que fizeram grandes camas,
Um gênio quem tal fato concebeu.

Rolando a noite inteira sem descanso,
Não vejo outra saída senão esta,
O amor quando redunda em grande festa

É tudo o que eu procuro, e quando alcanço,
Balança esta roseira, quebra o pau,
O amor que a gente faz: sensacional!

- O AMOR QUE DESEJO
O
meu presente
és tu,
junto a mim ...
(ivi)

Prenunciando um novo alvorecer,
Após a solidão da noite escura,
Não quero mais somente esta amargura,
Eu necessito urgente de prazer.

Mas não destes prazeres de balcão,
Vendidos nas esquinas e puteiros,
Eu quero ter momentos verdadeiros
Enlouquecido e tonto de paixão...

Rasgando o meu passado de uma vez,
Tomando, num segundo cada espaço,
Aliviando em paz todo o cansaço
Amor que se traduza em solidez,

E mostre a sua face sem vergonhas
Debaixo dos lençóis, por sobre as fronhas


- O AMOR

Quando esperei saudade encontrei riso.
Quando procurei vida, achei distância...
Quando quis a vontade, eis inconstância!
Nas vezes em que louco; fui preciso...

Quando só busquei guerra, paraíso...
Se quis maturidade, tive infância.
Nesse mar que sonhei, só sei estância...
Quanto mais me escondia; mais aviso.

A saudade brincando foi criança,
Na mortalha infinita do teu canto.
Quem sempre procurava, não avança.

Nos meus sonhos serranos, precipícios;
No que quis ser vadio, resta o pranto;
De teu amor nada resta, nem resquícios!

- O AMOR QUE SATISFAZ...


Viva o amor e uma palhoça!
Quem o disse fez foi troça,
bem melhor barriga cheia,
mais um trocado na meia.
Só então, meu coração,
brota a flor duma paixão.
Olha eu te digo "homi",
amor não resiste á fome.

HLuna

Amor enche barriga? Mas esvazia
E quando isso acontece, outro guri,
Ou pode ser também uma guria,
É lá no Ceará ou bem aqui.

A fome vem chegando pela porta,
Amor pula depressa uma janela,
Quem disse que com isso não se importa,
Um belo mentiroso se revela...

Amor numa casinha de sapê,
Na beira do riacho... isto é poético
Mas quando o trem aperta, ninguém crê
Que ainda exista algum espírito ético.

Mas deixa de conversa e venha logo,
Nas águas deste amor, quero e me afogo.

- O AMOR QUE TENHO POR TI
________________________________________
Trago
sempre
no peito
este Amor
que tenho
por ti !!
(ivi)


Se eu trago dentro em mim algum prazer,
É por saber que existes, saiba disso.
Mantendo o coração, frescor e viço,
Um rio de esperança a se verter,

Toando bem mais forte, me faz crer,
Que vale sempre a pena o compromisso,
Jamais serei, tu sabes, mais omisso,
Ao fundo no horizonte, quero ter

A imensa vastidão do amor sincero,
Que é tudo que deveras eu venero,
Ao aplacar as dores costumeiras.

Fazendo dos teus olhos, belos guias,
Eu quero me entranhar nas fantasias,
Mais belas, mais sutis e verdadeiras...


- O AMAR...
São tantas heresias que cometo,
Regando com as lágrimas, meu mundo,
E quanto mais nos sonhos me aprofundo,
A morte se aproxima; um bom dueto...

Escondo-me nos becos, neste gueto,
O lar que eu encontrei que mesmo imundo,
Acolhe um coração tão vagabundo,
Mas isso será breve; eu me prometo.

Não quero mais saber do riso ou festa,
Do vento assobiando em cada fresta
Dos olhos tão serenos de quem ama...

Usando esta mortalha, um agasalho,
O que restou de mim; ao vento espalho,
Aos poucos chega ao fim inútil drama...

- O AMOR COMANDA
Servindo ao servidor, amor comanda
E segue sem destino, toma tudo,
Num solitário luto, inda me iludo,
Contudo a relação cedo desanda.

Afasto-me do cerne da questão
Buscando outro caminho que trouxesse
Bem mais do que leilão, simples quermesse,
De todos os problemas, solução

Estou de prontidão qual sentinela
Vislumbro meteoros kamikazes,
E as feras mais audazes e vorazes
O grande sentimento já revela.

Calcado nesta antiga experiência,
Não creio ser o amor, coincidência...

- O AMOR DA GENTE

Sentimentos vazios... vida traz.
Amores e ódios passam num minuto.
O coração sofrendo, mas é bruto,
Logo depois, sereno se refaz...

Nunca irei tolamente, perder paz,
Meus dias passarão, finjo astuto
Para poder dormir. Com isso oculto
Todas as minhas dores, pois jamais

Conseguiria enfim sobreviver...
Mas francamente, tento não conter
Lágrimas dos amores já perdidos;

É como carregar as cicatrizes
Pensando que serão bem mais felizes
Os dias que vierem, iludidos...

- O AMOR DA GENTE
Apagando o seu nome da memória,
Talvez seja melhor para nós dois,
Não me importa se existe uma vitória,
Melhor deixar o assunto pra depois.

Bebemos deste vinho/embriaguês,
E gargalhamos loucos pelas ruas...
Depois que o amor em cálice se fez;
Quebramos os cristais, matamos luas.

Mas tanto faz querida, a vida segue,
Eu pego meu boné e vou embora,
Por mais que o coração tão tolo negue
Chegou sem mais desculpas, a nossa hora;

Não venha destilar sua peçonha,
Vacina neste caso é ter vergonha...


- O AMOR DIVINO

Amor divino é certo a solução
Ação que a derrubar tanta barreira
Arranca a arma à mão e ao coração
Acende em brilho mor, doce fogueira...

E dá comida à boca, ao seu irmão
Cuidado pra curar as cicatrizes
Dos lanhos das chibatas, injustiças
Descuido e exploração das meretrizes.

Olhar que vê além da pura imagem
E chega ao cerne, abraça a humanidade
Sabendo do valor de cada ser

É ato que conclama esta verdade
Que pago já, reclama acontecer
Mas onde, no vivente esta vontade???



AnaMariaGazzaneo


O amor que nos ensina Jesus Cristo
É feito de um eterno perdoar,
É nesse imenso amor que sempre insisto,
E nele, intensamente mergulhar.

E quando na esperança, e paz, invisto,
Percebo quão possível é lutar,
Por isso, e tão somente é que resisto,
E dessa fonte é feito o meu cantar.

Que a força soberana e tão imensa
Do amor comande todos os destinos
Que não haja mais guerra ou desavença

Que toda humanidade viva em paz,
Tenhamos a pureza de meninos,
Somente o amor divino satisfaz;


- O AMOR É ASSIM
Ladrilhos decorados nesta praça
Enfeitam o que hoje é lembrança
A mente, uma mera semelhança
Ladrilha nossa vida enquanto passa. Josérobertopalácio

E assim passa tristeza, passa graça
É o trem da vida em sua andança
Em cada estação nova esperança,
Um sol, que cada amanhecer abraça. Josérobertopalácio

Ladrilhada de grande amor e poesia
Outra praça, mais antiga, rejuvenesce
Na beleza que teu olhar aquece Jamafe

Nossa união que cimento algum esfria,
Pois ao passar do tempo sempre cresce
Em segredo, suspiro, amor e prece... Jamafe


Disfarço vendo a praça onde o amor
Mostrou-me sua face traiçoeira,
Momentos de alegria e de rancor,
A vida é uma eterna ratoeira.

Chegasse mais distante, aonde for,
Espinhos vão tomando esta roseira,
E o tempo que passei a teu dispor,
Explica esta esperança derradeira.

Acendo uma fogueira, e vou à luta,
Derramo a querosene sobre o chão,
A mão da insensatez, demais astuta,

Esculpe a fantasia que geraste,
Vagando sem destino, coração,
Carrega o enorme peso do desgaste.

- O AMOR É LOUCO
Amor que; sem juízo bate à porta,
Transforma enquanto fere e nos adula,
Por ele, nesta vida nada importa,
Remédio que maltrata e vem sem bula.

Loucura que nos toma e nos adula,
Penetrante delírio que nos corta
Insaciável trama; intensa gula,
Insana fantasia que se aborta

E faz de todo ser um tresloucado.
Refém de cada sonho do passado
Forjando da esperança; porto inseguro,

Esgarça as ilusões e nos transforma,
Amor desconhecendo regra e norma,
Caminho destemido em céu escuro....


- O AMOR É MESMO ASSIM
- Vou tocar em estrelas e ver lua
- A derramar o leite e mel no céu
Enquanto a minha senda continua,
Eu vou cumprindo à risca meu papel,

Mulher que desejei; agora nua,
Rolando nos lençóis; lua de mel,
Depois de certo tempo chego à rua,
E o velho coração, batendo ao léu,

Ao ver outra morena, já balança,
Fazendo novos planos, o infeliz,
Vertendo tanto amor, qual chafariz,

Caindo de joelho enfim se lança
Nos braços da morena enluarada,
Que passa toda noite na calçada...

- O AMOR É PEDESTAL
Se o caso for descaso, caso logo,
Ocaso de esperança é noite fria,
Nos braços da mulher bela me afogo,
Bebendo cada gole, poesia.

Nas minhas orações, decerto rogo,
E peço alguma forma de alegria,
E quando em teus abraços eu me jogo,
Delícia sem igual me propicia

O fato de ser teu me faz mais forte,
O amor é pedestal, dando suporte
A quem deseja um tempo mais tranqüilo,

Por isso é que entre estrelas tão brilhantes,
Teus olhos, os mais puros diamantes,
Por entre mil neons, feliz desfilo...

- O AMOR É UM SANTO REMÉDIO
Ah, te peguei em flagrante
E perdão não te concedo
Meu amor com sua amante
Mata em mim o doce enredo...

Quís roubar-te um beijo enfim,
Te apertar de encontro ao seio
Marcar teu corpo em carmim
Mas mataste o devaneio...

Agora, dou meia volta
E sequer olho pra trás
O que vejo não me importa
Volto outra hora, rapaz!

Ana Maria Gazzaneo

O amor é mesmo assim, este travesso
Fazendo da loucura uma artimanha,
Virando o coração de ponta e avesso
Remove mais que fé qualquer montanha,

E quando a escadaria do céu; desço,
Aprendo com Cupido cada manha,
Às ordens deste deus eu obedeço,
Senão ele castiga. Se ele assanha

E só deixar rolar e nada mais,
Somente o amor completo satisfaz
Mergulho na vontade sem jamais

Deixar de repetir a mesma dose,
Curando de ferida até de antraz,
Amor sara frieira, dor, micose...

- O AMOR EM PAZ..
Da vida um caminheiro sem paragem,
Adormecendo, lembro-me de ti,
Relembro cada cena que vivi,
Como se fosse agora, vã miragem...

Reconstruir meus sonhos e seguir
Sorvendo cada gole de esperança.
E quando maltratar-me tal lembrança,
Olhar para o futuro, e no porvir

Saber que este andarilho coração,
Terá algum descanso, finalmente,
Nos braços de outro alguém, ir plenamente
Buscando novo rumo e direção,

Até poder dizer que estou em paz,
Diverso do que fui tempos atrás...


- O AMOR
Alguém que veio mundo há tantos anos
Devia já saber das armadilhas,
As almas mais simplórias, seus enganos
Comuns, mas não viveste só em ilhas

Os erros com certeza são humanos,
Mas não se entregam sonhos às matilhas,
Se fossem tão pequenos os teus danos...
Erraste de caminho em toscas trilhas

Quebraste a tua cara em mil pedaços,
De ti já não sobraram sequer traços,
E ainda agradeceste, ó imbecil,

O amor, uma arapuca sem tamanho,
O jogo imaginário jamais ganho,
Sobrando para o otário, sempre o grill...

- O AMOR...
Por sobre estas montanhas azuladas
O sol desembainha seu dourado
As nuvens são sublimes almofadas,
Meu horizonte, enfim, iluminado.

Permite que se sonhe com um dia
Sem tempestades, raios e procelas,
Deitando sobre mim a Poesia,
No olhar tão delicado que revelas.

Somente ser feliz, isto me basta,
Ouvindo o canto livre dos canários
Minha alma segue em frente, pura e casta,
Distante dos fantasmas temerários

Que outrora dominaram minha mente,
E o amor se faz inteiro, finalmente...

- O AMOR...
O amor preparando o meu Calvário,
Cavando com paixão, sem compaixão,
O tempo se tornou meu adversário,
O quase tantas vezes disse não.

Seria muito bom, novo fadário,
Mas quando te percebo, solidão,
Eu vejo quanto o gozo é temporário,
Ouvindo por resposta, o velho não.

E teimo, persistente, nesta insana
Procura pela noite soberana
Que um dia me trará bela alvorada.

Olhando pra mim mesmo, nada creio,
O quanto desejei, cruel anseio,
Transmuda-se de novo, resta o nada...


- O BEM DO AMOR
Só desperta amor quem tem amor pra dar
Não se compra ou vende no varejo
Cantando nosso amor, até solfejo
Mas gagaguejo quando tento te falar

Queque eu quequero te te amamar
E tu tu me me negas o be beijo
E e assimsim me mamatas de desejo
Ma mas um didia vou te nanamorar.

A poesia, amor, aceita tudo
O gago o falador e até o mudo...
O verso é de quem tem verso pra dar!

Eu encho de amor a poesia
Casando amor com dor em alegria.
É nos versos que consigo me encontrar!

Josérobertopalácio

Não quero e nem consigo disfarçar
O amor bagunça sempre o coração
Às vezes digo sim, e penso não
Chegando num segundo a gaguejar.

As coisas vão mudando de lugar,
O mundo perde rumo e direção
Não tendo nem querendo explicação
Só quero nos teus braços me jogar...

Receba cada verso como abraço
Estreite com firmeza cada laço
Num louco descompasso, me perdi.

Se tudo o que mais quero é ter comigo,
Mesmo que traduzindo desabrigo
O gigantesco bem que vejo em ti.

- O CANTO DO AMOR
Não existe
encanto
sem o canto
do meu amor ...
(ivi)


Encantos desvendados neste sonho
Que tanto desejei e em ti percebo,
Da velha fantasia, ainda bebo,
E um templo feito em luz; quero e componho,

O barco que em teus mares, hoje ponho,
Uma esperança rara que concebo,
E quando em teus suores eu me embebo,
O dia não será jamais tristonho,

Assídua maravilha; sei em ti,
Resíduos do que fora sofrimento
Legados ao total esquecimento

Desde que te encontrei; amada, aqui,
E o vento diz teu nome, abro a janela
E o sol em pleno lume se revela...

- O CUSTO DA ESPERANÇA
O custo da esperança é a tristeza,
Do nada conseguir após a luta,
Ao ter a solidão por sobremesa,
Eu sinto quanto a vida se faz bruta.

Uma alma necessita ser astuta,
Vencendo qualquer forte correnteza,
Porém quando insegura, ela reluta,
Naufraga sem mostrar qualquer destreza.

Versando sobre o quanto que te quis,
Riscando o quadro negro, apago o giz,
E deixo este vazio na parede.

Percebo quanto estúpido é sonhar
E volto a realidade devagar,
Do mar que imaginei sobre a sede...

- O AMOR SEM MEDIDAS
Quem dera se eu tivesse ainda a chance
De olhar para as estrelas e senti-las,
Enquanto mil neons; louca, desfilas,
Liberdade fugiu de meu alcance...

Reparo muito bem cada nuance
Que torpe, tantas vezes tu destilas,
Multidão esfaimada, longas filas,
Sem ter algum futuro que afiance

Pergunto-me sem ter qualquer resposta,
De que me vale a imagem decomposta,
Vendida nos bordéis e nas esquinas.

Eu creio tão somente em ti, Senhor,
E faço do meu verso, este louvor,
Somente por palavras me fascinas...


- O AMOR SINCERO
Agora irei falar do amor sincero,
Que toma os meus sentidos, que me doma,
Amor que multiplica mais que soma,
Aquele a quem desejo, e até venero...

O amor sem preconceitos, como eu quero,
Que faz todo caminho ir para Roma,
Espécie de torpor num quase coma,
Ao mesmo tempo pródigo ou austero...

Amar e poder ter a liberdade
De ser do teu amor, sempre cativo,
Por esse grande sonho, é que inda vivo,

E dele roubo toda a claridade,
Tornando ensolarado o amanhecer,
E dando mil razões para viver...


- O AMOR TEM DESTAS COISAS
Viver de ilusão é dar mancada
É como esconder lixo no tapete
É por, por sobre a mesa o chiclete.
Vou pular fora dessa namorada.

Se ligo manda dizer que está ocupada
Já vi que é danadinha a piriguete
Faz carnaval de mim sem dar confete
Vive a botar boneco, esta danada.

Requebra quando vê uma galera
E minha auto- estima lá embaixo!
Chega de fazer de mim capacho.

Vou tratar de arrumar uma paquera
Nos braços de outra mina ter chamego.
Ela eu deixo pra torcida do flamengo.

josérobertopalácio

A moça dos meus sonhos não me quer,
Deseja multidões, porém vou só.
Sereia no formato de mulher,
No pensamento sempre dando nó.

Vestido transparente e bem curtinho,
O vento faz a festa da galera,
Andando devagar, vai de mansinho,
Desfila pelas ruas. Quem me dera!

O amor tem destas coisas, sabes disso,
A gente quebra a cara vez em quando,
A moça não deseja compromisso,
Porém se bobear estou casando...

Ainda bem que a idéia está no forno,
Não tenho vocação para ser corno...


- O AMOR VALE SEMPRE A PENA
Refletindo,
revendo
conceitos
se nosso Amor
valeu a pena ...
(ivi)

O amor que eternamente me acompanha,
Comemorando a vida não se cansa
E quando o bem supremo enfim alcança
Abramos e brindamos com champanha

Mantendo acesa a fé, bela campanha,
A vida que virá será mais mansa,
Trazendo na guaiaca, seta e lança
Cupido vê a luta sendo ganha

E brada com prazer, doce loucura,
Teu corpo emoldurado em minha cama,
A fúria dos desejos já nos chama,

Encharca nossa casa de ternura,
Apague a lamparina, vamos lá,
O céu com lua cheia guiará...


"O amor vence tudo"
Omnia vincit amor - o amor vence tudo.
(Virgílio)

Em todos os momentos mais difíceis
Que passamos na vida, companheira;
Nas guerras que nos trazem bombas, mísseis,
Na luta mais cruel e verdadeira,
Amor sempre será o vencedor
Nada pode vencer o nosso amor!

Quando o cansaço surge ao fim do dia
Nossa alma empoeirada e maltratada
Pelos vários espinhos desta estrada
E quase morta toda a fantasia,

Quando o tempo parece que não corre
A saudade machuca, o mundo cresce,
A noite tenebrosa, aos poucos desce
Vemos que a esperança já se escorre
Deixa-nos, lentamente, em carne viva
O mundo nos matando já nos priva

E impede a caminhada pelas ruas
Mais floridas. Os olhos lacrimejam
Distantes desses sonhos que desejam,
Flores despetaladas, quase nuas.

O sorriso se esconde e não ressurge,
A vida nos parece triste senda.
Vontade de morrer, a tristeza urge,
Felicidade mostra-se uma lenda.
Em meio à tempestade violenta
Toda dor dentro d’alma se arrebenta.

Quando estamos sozinhos, sem um norte,
A solidão renasce como fera,
Invade e nosso mundo nada espera
A não ser este frio e a dura morte.

O amor com toda a força e rebeldia
Aparece e comanda uma mudança
Feita a base do sonho e da alegria
Nos mostra um novo brilho de esperança.
E transformando nossa realidade
Em todos os espaços, santo, invade...


- O AMOR

Não saberei falar teu nome. Quem?
Nem quererei mais conhecer teus dias...
As noites passam, passa o dia sem
Que pelo menos venha alguém. Serias

Por um acaso, simplesmente o bem?
Minhas canções irão caber teus guias?
Da minha casa no meu quarto vem
A voz cansada a perguntar, virias?

Respondes nada e teu silêncio fala
Da dor, distante que no peito cala...
Minha voz muda, silencia e some...

És a distância mais cruel que tive...
Amor calado em teu semblante vive.
Quem souber diga, por favor, teu nome...

- O AMOR
Nada tem valor
nesta vida
se não tivermos
o Amor
no coração ...
(ivi)

Se o amor é mola mestra desta vida,
O velho timoneiro nas tempestas,
Das emoções diversas que tu gestas
A que propulsiona tua lida,

A estrada entre espinheiros é cumprida
Raríssimos sorrisos, guizos, festas.
As curvas tão freqüentes e funestas,
Batalha costumeira a ser vencida...

São tantas decepções, tantos senões,
Mas saiba, vale a pena este caminho.
Envolta pelas trevas, nos porões

Algum fio de luz vencendo a noite
Chegará de surpresa, de mansinho
Curando as vergastadas deste açoite.


- O AMOR
Caminho entre as escarpas da ilusão,
Penhascos, pedregulhos, precipícios.
Minha alma rastejando no porão
Carrega dentro dela velhos vícios.

Um corpo condenado à podridão,
Conhece muito bem os seus ofícios,
Quem sabe o crematório... Este carvão
Exploda em vários fogos de artifícios...

Audaz, tentei tocar falsos altares,
Vibrando em discussões, freqüentei bares,
Em tristes lupanares, me entreguei,

Agora, carcomido pela vida,
Um pária preparando a despedida,
Vociferando insano grita: amei!


- O AMOR
Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho co tormento,
para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades! Quando lerdes
num breve livro casos tão diversos,

verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos!

Luis de Camões


A sorte de poder ter descoberto
Durante os desvarios desta vida
Por vezes tão alheia; vã, perdida
O Amor que mesmo sendo alheio; incerto,

Trazendo algum oásis num deserto
Do qual, mesmo distante uma saída,
Permite que se encontre, distraída,
Aquela a quem desejo aqui por perto.

Por mais que me escravize; intenso Amor,
Enquanto traz em si a liberdade,
A razão de existir estes meus versos,

Está no seu poder transformador,
Trazendo a fantasia à realidade,
Sentimentos, unindo; antes dispersos...


- O AMOR
Quem dera se o noctívago poeta
Vagasse pelos sonhos de quem ama,
Quem sabe ao acender alguma chama
Ela teria o amor que em si completa,

Apenas fantasia. A paz concreta
Distante do meu quarto, em nua cama,
Do inverno interminável já reclama,
Não tendo mais esperanças, morta a seta,

Cupido fez ouvidos/mercador,
Deixando para trás o eterno amor
Que um dia imaginei; pura tolice...

A história se repete novamente,
Sem ter quem os meus sonhos já freqüente,
O que julgara claro se desdisse...


- O AMOR
Sendo um grande favor a quem pensara
Que um dia poderia ser feliz,
O olhar quase calado não desdiz
O quanto deste sonho se declara...

A vida sendo às vezes muito clara,
Estende-se infinita ao aprendiz,
Porém tão limitada ela me diz
Que enquanto acaricia, desampara.

Aparto-me dos sonhos, vago em vão,
Arcaicas melodias que ressoam,
Os pássaros migrantes, longe voam

Levando à tão distante arribação
Aquilo que restara de um poeta,
Somente uma emoção vã e incompleta...


- O GRANDE AMOR
Não posso suportar a velha idéia
De um Deus que sacrifique cada ovelha,
O amor ao acender sua centelha
É; na realidade a panacéia

A morte se aproxima e em suas teias
Enredo-me, porém vou destemido,
Bem sei que não serei jamais ouvido,
Distante das belezas que ora anseias

Quem dera se eu pudesse ter nos olhos,
Além dos pedregulhos, dos abrolhos,
Um resto de esperança, tão somente;

Faria deste pouco um tanto além,
Mas quando a noite invade e o frio vem,
Arranco do meu peito esta semente...

- O MEDO DE AMAR
Declaro guerra ao medo de viver
Que trazes quando negas teu amor,
Não pode suportar um doce ardor,
Bem sei que muitas vezes faz sofrer,

Porém sem tê-lo ao lado? Posso ver
A noite tão escura e sem calor,
Dando vazão apenas ao temor,
Querida, é muito fácil se perder.

O rumo que procuro já me leva
Aos braços de quem quero sempre bem,
Distante do granizo, afasto a treva

E bebo desta imensa claridade
Que somente o grande amor sabe e contém
Trazendo a mais real felicidade...


- O LÁZARO DA PÁTRIA / CRUCIFIXO. 23239
O Lázaro da Pátria

Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,
Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.

Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,
Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes,

Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíasis dos dedos...
Há um cansaço no Cosmos... Anoitece,

Riem as meretrizes no Casino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!

Augusto dos Anjos

Apodrecido herdeiro dos valentes
Vendidos como escravos por cristãos
Os dias entre dias sempre vãos
Valores são medidos pelos dentes

As mortes em vergastas; são dementes
Não servem nem tampouco como grãos,
Açoites estalando inúteis mãos
Atados por galés, férreas correntes.

As filhas e mulheres, laços nós,
O gozo jesuíta é mais atroz
E o sangue vai tingindo rios, mares.

Assim se faz a pátria, nosso chão,
Exposto à mais sublime podridão
Somente um crucifixo nos altares?


- O meu espírito
O meu espírito

Meu espírito é desses que caminha
Rondando a imensidão do Universo
Às vezes, pousa, me trazendo versos
É com ele que eu canto a ladainha.

Às vezes sacaneia, não se aninha
No meu peito, dando uma de perverso,
Dele dependo para fazer meu verso;
Correndo céus parecendo uma andorinha.

O meu espírito é sempre assim
Muito nos céus, pouco em mim,
Parece mesmo ser irresponsável.

Sem ele não sou nada. Descartável!
Matéria apodrece quando morre.
Pra ele encarnar, basta um porre.

josérobertopalácio

Espírito que levo dentro da alma
Moleque tão safado e sem paragem,
Levando a vida numa sacanagem,
Somente algum sorriso me traz calma,

A vida é conhecida em cada palma,
O resto, diz cigano; uma bobagem
Se a gente fosse agente, molecagem,
Garanto não teria nenhum trauma.

Perdendo antigas rédeas, carruagem,
O resto que aprendi foi traquinagem,
Seria muito bom, desde menino

Se esse espírito fosse diferente,
Porém o que fazer; fala-me gente,
Se o que levo comigo é tão suíno...


- O DEUS EM QUE EU CREIO
Não creio no Teu Deus que é vingativo,
Senhor que traz a lança em Suas mãos,
Soberbo criador, um ser altivo,
Chibata lanha as costas dos irmãos.

Não creio neste Deus que se apresenta
Matando quem discorda do que diz,
Quem ama com fervor sempre apascenta
Perdoa eternamente um aprendiz.

Não creio neste Deus destruidor,
Que outrora protegeu um povo apenas,
Que exige dos seus súditos louvor,
E faz cumprir na Terra duras penas...

Só acredito em Ti, Pai feito irmão
Que traz como bandeira; amor, perdão...


- O DOBRAR DO VELHO SINO
Pudesse ser ao menos, poesia.
Vencendo os meus temores. Timidez.
O amor quando demais tanto se fez
Morrendo de saudades. Fantasia.

Pudesse ser a voz que o vento urdia
Negar a minha própria estupidez,
Quem sabe enfim amor tivesse vez,
Porém eu nada disso merecia.

Pudesse finalmente ter alguém,
Que apascentasse o fútil coração.
E quando a solidão, de novo vem

Escuto o badalar do velho sino,
Dobrando novamente tosco e vão,
Chamando à realidade, ao desatino...


- O DEUS- VERME
O Deus-Verme

Factor universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

Augusto dos Anjos


Transformadores vermes e bactérias,
Renovam sempre a vida, após a morte,
Na decomposição, seu grande aporte,
Mudando a natureza das matérias...

Herdeiros destas formas deletérias
Os trôpegos humanos têm seu Norte,
Surgido das feridas, farpas, cortes,
No sangue que circula nas artérias...

Da podridão refaz-se a perfeição,
Num ciclo de extremada precisão,
Das carnes decompostas, nitrogênio...

Decerto na alternância destes fatos,
Que ocorrem simultâneos; tão exatos,
Os dedos magistrais de um grande gênio...


- O DOM DE AMAR
A vida determina cada passo
Na busca interminável pelo dia
Em que felicidade num compasso
Domine com certeza a fantasia,

E sendo sempre assim, procuro espaço
E viva a libertária poesia,
Usando o dom divino cada traço
Trará ao peito amigo, uma alegria.

Ousando ser feliz, mergulho em ti,
E bebo do universo que me deste,
Ao tempo de sonhar, calor empreste

E viva tanto amor, querida aqui,
O verso traduzindo o quanto é bom
Do amor; nascer, crescer, viver o dom...


- O FIM DA TARDE
O quanto fui feliz e não sabia,
Resíduos de uma bela mocidade,
O fogo consumindo, cedo ardia,
Perambulando; vago na cidade

E creio que talvez haja outro dia,
Aonde se conheça a liberdade.
Meu canto feito em luz e poesia,
Morrendo quando vê realidade...

Lavrando sobre terra tão agreste,
Levando cada sonho que impuseste,
Almejo pelo menos, ter em paz

Os últimos momentos e lampejos,
São simples, na verdade, meus desejos,
Porém a noite escura nada traz...


- O FIM DE UM GRANDE AMOR
Vislumbro bem ao longe um horizonte
E sei que já não vale ir até lá
Há tanto que eu busquei a caminhar
Mas sei que entre nós dois ruiu a ponte.

Minha mente a viajar quer ir distante,
Eu aqui com meus anseios sem aceitar
Respondo ao coração a me cobrar:
Eu vou administrar o disparate!

Somos filhos de Deus, somos humanos.
Tem calma, coração, eu tenho planos
Vou achar meios de fugir desta prisão.

O problema sabes; é minha mente
Que insiste neste amor inconsequente,
Fazendo um vendaval numa ex-paixão.

josérobertopalácio

Há tanto desejava te falar
Do amor que ensandeceu e se acabou,
A fonte neste instante, em vão secou,
O rio se esqueceu, perdeu seu mar...

E como poderia navegar,
Se o barco dos meus sonhos naufragou,
E tudo neste instante terminou,
Sem asas eu jamais posso voar...

Arcar com os enganos, nunca é fácil,
E o amor que antigamente se fez grácil,
Agora sem sentido e sem razão

Percebo que chegando ao triste fim,
A seca destruiu nosso jardim,
Das rosas não sobrou nenhum botão...

- O FIM SE APROXIMA

Vem que te aguardo nessa passagem,
que o tempo dessa dor já passou,
as feridas cicatrizadas enfim,
não há porque tocar nas cicatrizes;

O tempo há de aliviar as cicatrizes.
Que todos lembrem que não devemos ferir,
prefira o silêncio mil vezes antes do agir.
Cada lança que atinge um coração, faz sangrar;

Que os caminhantes possam perceber seu papel,
que o faça com humildade sem reclamar,
se estás aqui para a cura, não desista.

Que sigamos em paz, sem buscar desavenças,
mas que não esqueça que se és um guerreiro,
deves fazer a sua guerra em prol da paz.

Ana Maria

Guerreiro se cansando das batalhas,
Pior é conhecer o seu destino,
A culpa sendo minha. Em erros, falhas,
Completo e sem limites desatino.

Carrego o imenso peso das cangalhas,
O que virá se mostra cristalino,
Enredo-me sem dó em frias malhas,
Porém, a simples pena eu abomino,

Vencer a guerra como se não tenho
Sequer a força toda para o empenho
E o coração claudica, os pés inchados.

O corpo que eu conheço e me conhece
Aos seus próprios caminhos obedece.
Os dias com certeza estão contados...

- O FINAL DE NOSSA HISTÓRIA
Celebro as desventuras e os engodos,
Preparo com carinho a sepultura
Ao emergir sem medo nestes lodos,
Encarno dos meus sonhos, a escultura.

As bodas prometidas no porvir,
Os lábios apodrecem beijos vãos,
O quanto quis e nada pude ouvir
Aborto ao semear últimos grãos.

Abraço os desenganos tão nefastos,
Na fria lividez que ora me espera,
Aos vermes preparando bons repastos,
Das errôneas paixões, cultivo as feras

Que um dia devorando esta carcaça
Que a vida vai curtindo enquanto esgarça..


- O FUTURO DA HUMANIDADE
O fim se aproximando a cada dia,
A raça humana esgota as esperanças.
Nas mãos destruidoras, fartas lanças,
Nos olhos nem sequer melancolia.

Já não existe paz nem poesia,
Mataram as suaves temperanças,
As amizades morrem sem lembranças,
Robótica ilusão, hoje se cria...

Reverso da medalha; o nada resta,
Enquanto a podridão, tal mundo gesta,
Parindo um ser disforme e sem sentido;

Sequer ouço um lamento ou mesmo aviso,
Arcando com tamanho prejuízo,
Aborto desde sempre apodrecido...

- O FUTURO DA TERRA
Somente um vão espectro vaga à toa,
A podre geração deste infeliz,
Na qual a Natureza se desdiz,
E a voz de Satanás, ali ecoa,

O sangue que em tais vermes, segue, escoa
Nem mesmo como esterco a Terra quis,
Na fúria de uma louca meretriz,
Atingindo o planeta em plena proa;

Orgânico fantoche repugnante
Julgando-se de todos; dominante
Destrói a própria nave que governa.

Enquanto o Deus supremo entorpecido,
Vendo nosso destino assim cumprido,
Onipresente apenas dorme, hiberna...


- O FUTURO...
“Braços abertos sobre a Guanabara”
Ele assiste a tudo estarrecido
“O Rio de Janeiro continua lindo”
Mas a exclusão social se escancara.

Rio, teu março, aquele abraço, tua cara,
O Cristo redentor, tudo assistindo,
-O crime dando as cartas, progredindo-
Fugindo-lhe das mãos o que planejara.

Rio de Janeiro, fevereiro, Carnaval
A fome fantasia-se na passarela
Desce o samba a falar pela favela.

Do alto assiste o Cristo a tanto mal
Pastor, político, traficante...
Orai por nós, Senhor, todo instante.

Josérobertopalácio


O Rio de Janeiro em luto chora
A morte da esperança de seu povo,
Pudesse refazer tudo de novo
Decerto não seria este de agora.

Cadáveres nas ruas e favelas,
Migalhas de esperança se esfacelam,
Enquanto estas entranhas se revelam
As manchas vão sujando raras telas.

Um dia, noutro tempo, quem me dera.
Pudesse reviver a primavera
De um povo tão fantástico e gentil.

Proteja; Redentor, esta cidade
A pérola soberba que em verdade,
Domina o belo céu do meu Brasil...

- O GOLFINHO
Golfinho é bicho muito inteligente
Vivendo neste mar que Deus criou
Conversa parecendo até com gente
Sardinhas aos milhares já pescou,

Porém tem gente má que nada sente
E o pobre do golfinho se estrepou
Matar um bicho desses, de repente
O mundo sem juízo então ficou.

E agora o que fazer se na verdade
Imensa e tão terrível crueldade
Manchando de vermelho o azul do mar

Precisa que se dê um tempo agora,
Mandar esta gentalha toda embora
Senão o homem já vai exterminar...


- Ó GRANDE AMOR
Erguendo as fortalezas que inda possam
Trazer para os meus dias, segurança,
Enquanto houver um resto de esperança
Imensas fantasias inda acossam,

Desposo a solidão, vital amiga,
Segredo virtual que inda carrego,
E mesmo o caminhar de um velho cego
No mar das emoções, não desabriga.

Resisto bravamente e tento ainda
Vencer as corredeiras, ir em frente,
Por mais que uma alegria ainda tente
A tarde imersa em nuvens se deslinda

Decifro os teus sinais, ó grande amor,
E perco sem saber, espinho e flor...


- O POETA
Poeta realiza a fantasia,
Em sonetos e trovas de amor,
calor na ponta do dedo e teclado,
deixando o amor bem de lado;

Quem sabe um dia alguém o lembre,
que seu amor ficou tão somente,
alimentando as fantasias pobremente,
querendo seus beijos sentir ferozmente;

Mas vai que um dia ele acorde,
perceba que o tempo passou bem tarde,
largou no caminho dos versos e frases

o amor que o queria sem maldade,
Cansou de ler poesia e prosas,
achou um cometa e foi passear...

ANA MARIA

Poeta cria um mundo todo à parte,
Mentindo quando diz toda a verdade,
Jamais dê confiança, pois destarte
O olhar enamorado? Falsidade...

Condene o sonhador ao vão descarte,
Por mais que ele te iluda; rompa a grade,
Vivendo tal magia que faz da arte
Além do que é plausível; realidade...

Buscando no infinito uma resposta
Que possa enfim trazer algum descanso,
A mesa do banquete estando posta,

São falsas iguarias com certeza.
Sonhando ser poeta, quando avanço,
O mundo se transforma em fortaleza...

- O POUCO QUE ME RESTA
Suaves nuvens
a bailar pelo céu ....
Ahh, amor dedicado,
que é sempre lembrado ...
(ivi)

Havia um certo tempo em minha vida
Que o céu se emoldurava com estrelas,
Agora, que esperança está perdida,
Mal posso na verdade compreendê-las.

A vida se esvaindo entre meus dedos,
Bailando no meu céu nuvens sombrias,
Incrível superar antigos medos,
Sabendo serem parcos os meus dias.

Vencido pelo fogo da batalha,
Tecendo com meus versos a mortalha
Que um dia servirá de vestimenta.

A sorte está lançada, eis o meu fim,
Flores estão murchando em meu jardim,
Minha alma algum sorriso ainda tenta...

- O PREÇO DA PAIXÃO
O PREÇO DA PAIXÃO

Quantas vezes eu direi que inda te amo
Quantos gestos e palavras vão contar
Das lembranças que teremos a arquivar
Quantas e tantas noites em vão te chamo!

No silêncio deste quarto onde eu inflamo
E as cicatrizes a me machucar.
Busco o remédio que possa curar
As feridas – que delas eu não reclamo!

A tarde cai e com ela - entardeço
Após cada dia que eu amanheço,
Tentando do pesadelo, despertar...

Conquanto nessa tristeza eu feneço,
Vou contando o prejuízo desse preço
Por, no peito, a amargura abrigar!

(Milla Pereira)


Amar sem ter respostas que convençam,
Cultivo este amargor que jamais cessa,
Aonde quis outrora uma promessa,
Jamais tantas tristezas recompensam,

Queria, pelo menos, a resposta
À carta que mandei e nem abriste,
Seguindo solitário; andando triste,
Minha alma sem defesas, vai exposta

E sangra a cada dia tua ausência
Recebo da paixão, golpe final,
O amor que imaginara sem igual,
Tornou-se simplesmente penitência.

No quanto te desejo e nunca estás,
Há tanto que perdi o rumo e a paz...

- O PREÇO DO PERDÃO E DO AMOR
Não creio nos milagres a granel,
Tampouco nos farsantes midiáticos
Num misto de canalhas e lunáticos
A venda em prestações de um falso Céu.

Não sei se sacristia ou se bordel
Milhares de cordeiros vãos, estáticos,
Tornados por hipócritas, apáticos
São almas sem destino, vão ao léu.

Prostíbulos cristãos a cada esquina,
Fortuna sendo deusa e concubina
De párocos, pastores e vigários.

Enquanto esta sangria é permitida
O Pobre que nos deu a própria vida
Garante à súcia imunda os seus salários...


- O NOSSO AMOR

Fosse cinza, tudo ao léu
Amor que existe e amante
Na verdade se faz réu
Por amar, impenitente

Mas chama que não se apaga
Ardor que só me consome
Corte fundo à fria adaga
Sentimento em pão e fome...

Que neste afã se redobra
Tudo abrange sem limite
Fosse pecado um assinte

Ditador comanda a sorte
Do meu ser, sonho e zenite
Olhos, alma, aos teus; pedinte...

AMG

No corte mais profundo e mais sincero,
O veio percorrido pelo sonho.
Enquanto a fantasia inda proponho,
A dura realidade é o que eu espero.

O beijo da terrível solidão,
Roçando cada lábio não permite,
Que amor seja irreal e sem limite,
Mergulho sem defesas na amplidão.

Nas tramas deste insano eu me perdi,
Raiando a madrugada em treva e luz.
Cenário tão complexo reproduz

Adentra mil espelhos, chega a ti.
E volto ao mesmo corte em cicatriz,
E penso, tolamente ser feliz...

- O NOSSO AMOR
Toco teu rosto
busco teu olhar
vamos parar o tempo
segurar nossas emoções ...
(ivi)

Por vezes me imagino junto a ti,
O tempo nunca para; segue em frente
A vida se refaz completamente,
Porém logo percebo o que perdi.

Quem dera que estivesses inda aqui
O velho coração, tolo demente
Buscando ser feliz, resiste e mente,
Sonhando com a fonte em que bebi

Felicidade e plena juventude.
O vento na janela clama e ilude;
Relembro-me de quem partiu há tanto...

O amor já não visita a velha casa
Esperança falsária ainda abrasa;
Porém tudo o que resta: desencanto...

- O NOSSO AMOR

Quando perdi, eu nem pensava mais,
Nem saberia mais lutar, imbecil...
O coração, num batimento vil,
Não poderia conhecer a paz...

Afago cada sentimento; traz
Uma saudade convertida em mil,
Em todas cores, renovando abril.
Bem quis saber, mas eu serei mordaz...

Quero a mordida, tua boca, dentes...
Minha verdade, conceber vertentes
Por onde nada me transporta, lento.

Quem sabe, tenho esse calor oculto,
Qual um vulcão. Esquecerei teu vulto,
Terei quem sabe, liberdade, vento...

- O NOSSO AMOR...
Relendo os versos tristes que escreveste
Durante a minha ausência, eu percebi
O quanto necessito; amor, de ti,
Mal sabes; tua pele me reveste

E se hoje sou feliz; isto eu te devo,
Os nossos caminhares tão iguais,
Não te abandonarei; meu bem, jamais,
Nem mesmo em pensamentos, eu me atrevo.

Decerto imaginaste; solitária,
Que a vida me trouxesse novas sendas,
Agora que retorno; tire as vendas,
A sorte não seria temerária...

Vencer os nossos medos e temores,
Somos da nossa história, os dois autores...


- O NOSSO CASO DE AMOR
Perseguido por tantos pesadelos,
Milhares de chacais, frias hienas,
A cada nova noite revivê-los,
Enquanto os meus caminhos; envenenas...

Envolto totalmente em tais novelos,
Titânicas vontades, duras penas;
Deserto sem saídas ou camelos,
A morte que me resta; assim acenas.

Vestido desta hipócrita ilusão,
Procuro a redentora solidão
E encontro tão somente este retrato

Que o tempo amarelou e destruiu,
O mundo que criei; tolo, ruiu,
E o nó; tão apertado, não desato...


- O NOSSO CASO DE AMOR
A morte anunciada gavião no céu,
aprenda com tantas insanas pancadas,
que amor não se arrasta nas trevas,
um dia talvez acabe nas nuas calçadas.

Ana Maria

A morte anunciada deste amor,
Que um dia se fez âncora e naufraga,
Causando estardalhaço, os sonhos draga,
Matando as esperanças, perde a cor...

Outrora num altar ou neste andor,
Porém não resistindo à dura chaga,
Apenas a saudade ainda afaga,
Nem mesmo algum prazer; imerso em dor,

Resisto, mas não posso combater
Sozinhos as tempestades, vendavais,
Sabendo que; meu rumo, irei perder,

Andando pelas ruas da cidade,
Procuro quem deixei pra nunca mais,
Enquanto a chuva cai e o frio invade...
Publicado em: 23/12/2009 12:41:18
Última alteração:16/03/2010 06:35:40


- O NOSSO CASO DE AMOR
E me satisfaço,
na presença
de teus braços ...
Teu corpo,
enroscado ao meu ...
(ivi)

Teu corpo no meu corpo se enroscando,
Bebemos do licor mais desejado,
Espero que inda seja teu agrado
O amor que nos encontra mergulhando

Num mar de imensas ondas, mas tão brando,
Às vezes num fulgor alucinado,
Presença deste sonho anunciado
Aos poucos com certeza me tomando,

Erguendo o meu olhar ao firmamento,
Eu vejo tanta luz neste momento
Em que fazemos santo nosso amor,

Sem medo, sem remorso, sem remédio,
Adeus ao que seria simples tédio,
Vivamos nosso caso, redentor...


- O NOSSO CASO DE AMOR
Lembranças de teu corpo e a ansiedade
De tê-lo novamente e a cada instante
Momento sem igual e fascinante
Gerando sem pudores tempestade.
O quanto conheci felicidade
Num ato sensual e deslumbrante
Vivendo sem temor que inda me espante
Após outra explosão, tranqüilidade.
As nossas preces ritos orações
E quando mais desnuda tu te expões
Certeza de encontra o Paraíso,
Das furnas, rotas tão umedecidas
As noites em delírios são cumpridas,
No passo mais audaz, atroz, preciso.



- O NOSSO CASO DE AMOR
Os casos teus de amor
Já não me importam mais,
Eu quero o novo cais
E nele sonhador
Viver o redentor
Caminho em luzes tais
Diversas, magistrais
Cevadas sem pudor.
Riscando em tua pele
O gozo onde se atrele
A noite inconfundível,
O amor gerando a paz
E a paz tanto se faz
No amor seu combustível.

- O NOSSO GRANDE AMOR 23111
Se não for
o teu amor,
não quero saber
de outro ...
(ivi)

Não fale de um amor neste recanto
Que há gente fofoqueira e tão daninha
Ouvindo mesmo longe um doce canto
Prepara uma armadilha e desalinha

Aquilo que é normal, suave encanto
Ofídica paisagem já se aninha
Mudando o que se diz, prefere o pranto
Uma alma lamentável vai sozinha...

Mas saiba que te quero e que se dane
Quem tem no sentimento medo e pane
Cantando noutro canto e freguesia.

Aqui outrora manso; em tempestade
No funeral constante da amizade
O nosso amor inveja sempre cria...


- O NOSSO GRANDE AMOR
\"EU NÃO SOU CACHORRO NÃO\" (WALDICK SORIANO)

Me tratas como se eu fosse um animal
Já não suporto tanta humilhação
Não penses que eu sou cachorro, não,
Nem aos bichos a lei permite tanto mal.

Se gosto da malandragem, coisa e tal
Tu devias compreender, oh Conceição!
Tu te lembras muito bem, faz um tempão,
Que deixei de lado a pinga, menos mal.

Não me jogue na rua minha nega.
No carteado eu ganho pra manteiga
E vamos escorregando cada dia.

Manera a raiva, mostra a simpatia
Teu nego tá mudando devagar
Um dia com fé em Deus, nós chega lá.

Josérobertopalácio

Tu foste o meu maior erro, decerto,
Portanto te desejo mais que tudo,
Andando sem ter rumo no deserto,
O coração fraqueja, fico mudo.

E quando em outros cantos me transmudo,
Inundo-me do vago, sigo incerto,
Eu sei que na verdade, só me iludo,
Mas quero-te sem medo, aqui por perto.

Verdugos de nós mesmos, riscos tantos,
Cansado de viver tais desencantos
Sabujo de teus passos, sou teu cão.

Mergulho sem defesas na loucura
Do amor que maltratando, fere e cura
Aborta semeando cada grão...


- O NOSSO TÃO GRANDE AMOR
Lua,
tão envolvente,
aparecendo no céu ...
Me pega sorridente,
pensando em ti ...
(ivi)


A lua dominando o imenso céu,
Espalha a sua prata sobre nós.
Do amor, antes cruel, duro e feroz,
A vida refazendo o seu papel...

Vagante coração, andando ao léu,
Num sonho delicado, estreitos nós,
Ouvindo da esperança a mansa voz,
E busca a fantasia mais fiel...

Singrando novos mundos, infinitos,
Amando muito além do que devia,
Quebrando a frialdade dos granitos,

Eu vejo-te parceira da ilusão,
Que em meio a tantas cores, novas cria,
Entorpecendo assim, meu coração...

- O OCASO DESTE AMOR
“Deitada em minha cama Antonieta”
A noite se tornando uma criança
Amor segue nutrido a lambança
Da ponta do dedão até a meta.

E faço de tuas curvas linha reta
Na grama vou pastar enchendo a pança
Acorda ligeirinho a geringonça
Teu jeito sensual só me desperta.

Antonieta, mulher indo e voltando!
A cada dia mais vais me encantando,
Mudaste a vida deste ex vagabundo.

Eu sei que és a dona do meu mundo
Floristes meu jardim antes murchado
Só conheci felicidade ao teu lado.

Josérobertopalacio

O ocaso deste amor se deu depressa,
Sequer posso dizer que fui feliz,
Coloco pra aplacar esta compressa,
Porém o dia a dia me desdiz.

Deduzo então: jamais eu soube amar,
Se eu pude nesta vida dar um passo,
Talvez fosse melhor tempo passar,
Abrindo noutra trilha um novo espaço.

Mas certamente dizes que me adoras,
Lapidas os cristais quais diamantes,
Sorrisos tão sarcásticos, farsantes;

Até se preciso sei que choras.
Mas logo vem com toda esta ironia
Falando deste amor bijuteria...

- O PAI É PERFEITO
Não sei como entender por que o Pai
Permite a alguns filhos a exclusão
Desvendar este segredo me atrai,
Pois me fecha portas da religião.

JR PALÁCIO

O Pai amando a todos por igual,
Jamais diferencia qualquer filho,
E dando a todo mundo o mesmo brilho,
Fazendo da alegria, um ritual,

Porém o homem se mostra tão banal
E cria a cada passo um empecilho,
Fechando uma porteira nega o trilho,
Matando por prazer; isso é normal?

Eu creio neste Pai Maravilhoso,
Que toca com carinho a humanidade,
O ser humano tosco e caprichoso

Denegrindo a palavra proferida
Seria muito bom ter a humildade
De saber que nada sabe sobre a vida...


- O PÃO DE CADA DIA...
“O Pão de cada dia nos dai hoje”
Herdeiros do Teu Céu maravilhoso,
Quem desta realidade, teme ou foge
Jamais conhecerá tal pleno gozo,

Permita-me que eu sirva só a Ti,
Que cada ato traduza o Grande Amor,
Pois plena liberdade eu conheci,
Nos braços deste Eterno Redentor

Aberto aos desvalidos, acolhendo
Aquele que sofrendo, aprende amar
Nos olhos deste irmão reconhecendo
O Pai que nos ensina a perdoar.

Recobra minha vida com ternura,
Minha alma, seja em Ti, liberta e pura.


- O PASSADO
Amigo, do passado só lembranças,
Às vezes nem isso mesmo nos convém,
No fundo, ninguém volta a ser criança,
Conheço a viagem desse trem.

O rio nunca volta à nascente,
O mundo só da voltas num sentido,
O tempo, não nos da trégua nem ouvido,
Ao bater cada segundo - é presente.

E o presente, é esperança do futuro?
Ou o futuro é a esperança no presente?
Que fazer se confundo minha mente.

Presente ou futuro? O sonho intui?
Agir sim com a verdade, isso influi,
É a certeza que terei porto seguro.

josérobertopalácio

O tempo que escraviza não permite
Que a gente possa crer em nova chance.
Por mais que a fantasia nos alcance
O tempo estabelece o seu limite.

Estrela que este olhar teimoso fite
Há tanto que explodiu; nenhum nuance,
Nem mesmo alguma nave que se lance
Fará com que o amanhã, alguém evite.

Só resta-me seguir de peito aberto
Vagando por um rumo tão incerto
Chegando fatalmente ao triste fim.

E a velha juventude abandonada,
Deixada nos porões não diz mais nada,
Sequer serve de esterco em meu jardim...

- O PODER DA AMIZADE
Não vejo mais quem tanto amor outrora
Tivera como um simples argumento,
Por vezes imagino e até ostento
Sorriso mesmo falso. Muito embora

A vida que se quer jamais se implora,
Conquista que se faz por um momento.
E mesmo quando o passo se faz lento,
Valendo sempre a pena esta demora.

Chegando à conclusão desta importância
Que devo dar à força da amizade,
Procuro manter sempre esta elegância

Com versos que não sejam agressivos,
Por mais que seja dura a realidade,
Meus olhos acompanham mais passivos...


- O PODER DE UMA AMIZADE
Teria muita sorte se encontrasse
Depois de tantos anos, um amigo,
Que junto com meus passos, caminhasse,
Buscando o mesmo sonho que persigo,

A vida nos trazendo algum impasse,
É necessário alguém que vá contigo,
Sem medo, com firmeza, e mesmo trace
Um rumo que permita paz e abrigo.

Pudesse pelo menos me escutar
E mesmo discordar; se necessário,
Um amor sem pretensões, pois solidário,

Eu sei quanto é difícil encontrar,
Mas tenho esta esperança e não desfaço,
E dela necessito em cada passo...

- O SONHO NUNCA É VÃO
Olha o sol,
nascendo de novo ...
Veja, o Amor
está chegando ...
(ivi)


Beijando as tuas mãos, carinho e brilho,
Fantástica emoção nos dominando,
Amor se repetindo, um estribilho,
Distante, novamente retumbando,

Colhendo a poesia, um empecilho
Por mais que se agigante, torno brando,
A vida diz coronha e diz gatilho,
Prefiro, com leveza ir caminhando

Na flórea senda rara que se ceva
E escuda um andarilho, quase errante,
Abandonando assim a dor e a treva

Atrevo-me a sonhar com tuas mãos,
E o verso sem destino, caminhante,
Afirma que estes sonhos não são vãos...


- O SONHO
Sonho: desces a mim de um céu de algas e rosas,

Abgar Renault


Fantásticos caminhos que percorro,
A cada novo sonho: liberdade.
Num mar de fantasia, me socorro
Da dura e tão cruel realidade...

Vagando entre as estrelas e oceanos
Nas flores do canteiro, o teu perfume,
Intrépido enfrentando desenganos,
Alçando cordilheiras vou ao cume.

Num átimo sou rei e sou vassalo,
E Pégaso, liberto é meu cavalo,
Mergulho entre as estrelas e corais.

O mundo cabe todo nos meus braços,
São firmes e flexíveis estes laços
E os loucos devaneios são normais...



"O sorriso é o idioma universal do amor..."
O sorriso é o idioma universal do amor e até as crianças o compreendem. Paul Evdokinov

Mesmo que a dor, quimera em tempestade
Tente-te destruir a cada dia,
Não mate nunca tua fantasia
Não deixe que esse mundo, em crueldade,
Desgrace teu caminho e nem permita
Que a sorte, por pior e por maldita

Trazendo por final uma amargura
Deite-te nos tapetes doloridos
Dos sonhos que julgamos esquecidos
E sempre nos revelam noite escura...

Nos beijos que pretendes, seja manso
O mundo não te deixa outra saída,
O riso que trouxeste em despedida,
O canto que promete sem descanso
Adormece na boca que não beijas.
A dor sempre virá e não desejas...

O mar que te acalenta te naufraga,
O rio em que pescaste já te afoga
A mão que te tortura, em prece roga,
A boca que te lambe roga praga.

Porém ao perceberes com cuidado,
O sorriso não custa e nem destrói.
Uma alma sem sorriso se corrói
E não deixa sobrar ao menos brado,
A quilha do navio se perdida
À deriva esse barco e toda a vida!

Veja que na natura tudo existe,
A força das correntes, a tempesta,
Todo acasalamento traz a festa,
A morte em cada canto já resiste.

O gozo da coruja e da pantera
O bote da serpente e do leão,
Em todo esse universo, coração,
Em tudo a garantia duma fera.
Porém a diferença, o paraíso,
Se encontra na pureza do sorriso!

- O Sorriso
* O Sorriso*

Vamos sorrir mesmo sem motivo
Pra lavar pensamento ambulante
Como se fosse arqueiro almirante
Levando no arco tiro afetivo

Sorrir da passagem do tornado
Que passou apressado nem nos viu
Deixou no coração um pastoril
De palavras e encanto abonado

Quisera teu sorriso outra vez
Mesmo passeando na face triste
Fazendo em cada dia um despiste
Pra burlar a vida sem talvez

Olhar o mundo no aqui no agora
Como se fosse nosso toda hora

sogueira

Sorrindo mesmo quando a dor chegar,
Liberto coração não teme nada.
Sequer a tempestade em pleno mar,
Aguarda a calmaria na chegada.

A primavera, um dia há de voltar,
Jamais acreditar na derrocada,
Possível, certamente navegar
Após a noite escura, uma alvorada...

Os riscos costumeiros da viagem,
No peito semeando tal coragem
Voragens e procelas? Não temer...

Assim, feito esperança interminável,
O mundo será sempre mais saudável,
Com força pra lutar e pra viver...

*O Tempo*
*O Tempo*

Sentada, olhar fixo silenciosa
Degustei o tempo rápido, imponente
Passa sem critério indiferente
Quer na face simples ou formosa

Nada registra no seu cotidiano
Nem da natureza sábia é a matriz
Não versa sobre engano, desengano
Apenas obedece a força motriz

Aplaude o grito da vida que surge
Espera da criança suas peraltices
Da juventude a incerteza urge
Na face o registro a cor da velhice

Nesta contemplação vã sem resposta
Lembro do meu poeta e abro a porta

Sogueira

Abrir o peito às forças da Natura,
Sem ter o que temer; ser libertário,
Tampouco me concebo solitário,
O amor sem ter medidas nos depura.

Matando com sorrisos, a amargura,
O canto que nos une, solidário,
As marcas mais profundas do Sudário,
Heranças enraizadas; vera cura.

Contemplo a vida como fosse um rio
Que segue; mesmo inglória, em desvario,
Até chegar à foz no mar imenso.

Na bela artilharia do Perdão,
Vencer com calmaria o furacão,
No Cristo ressurreto, assim eu penso.


- O TEMPO
O tempo, indiferente não tem pena,
Inexoravelmente me atropela,
Jamais repetirá a mesma cena,
A vida nunca para e se congela.

Cabeça é bem teimosa e concatena
Tentando se soltar da triste cela,
Corcel feito esperança, alma serena,
A liberdade toma e logo sela.

Assim vou caminhando contra o vento,
Domando esta minha alma pueril,
Voando sem limite, o pensamento,

Passeia no quintal, brinca liberto,
De um tempo mais amigo e mais gentil,
O que restou? Somente este deserto...


- O TEU AMOR POR MIM...
No jogo da conquista, um aprendiz
Que canta solitário em seu recanto,
Vivendo a fantasia, inda me encanto
Com o que teu coração às vezes diz...

Decerto a vida é palco, e boa atriz
Já sabe até de cor, sorriso e pranto,
E quando noutros braços, sabe o quanto
Parece ou na verdade se é feliz.

Arranhas minhas costas, tuas unhas,
Enquanto mil promessas tu compunhas,
Ausente de teus sonhos, nada resta.

Perdido e sem saber se volto ou não,
Quem quis ser o galã vira bufão
E a velha fantasia já não presta...

- O TEU AMOR
Talvez seja melhor a despedida,
Não posso mais calar esta vontade
Que toma sem razão a minha vida,
Tirando-me qualquer tranqüilidade..

Por mais que a realidade venha e agrida,
Eu falo com total sinceridade
Mantendo a minha mão sempre estendida
Bem melhor é lidar com a verdade.

Não temo uma resposta negativa,
Mas saiba que a desejo tanto e tanto.
A sorte de te ter, o tempo priva,

Soçobra o meu saveiro em pleno mar.
Quem dera se secasses o meu pranto,
Dizendo: finalmente eu hei de amar...


- O TEU CANTO

Quem me dera
Ser poetisa
Transcorrer esse mar
Doce brisa
De encontro ao cais
Onde eu pudera
Transpor os erros
E jogar ao vento
O meu cantar
O meu momento
Os meus anais

Karlinha

A poesia é tua companheira,
O teu talento sempre me inebria,
Fazendo da emoção uma bandeira,
Falar do teu cantar traduz magia.

Transpondo os horizontes, liberdade,
Alçando os infinitos, tua voz,
Traduz a mais sublime claridade
E aplaca a dor temível e feroz.

Eu sinto em minha pele a mansa brisa
Que cada verso emanas, sutilmente,
Palavra que decerto suaviza
Tocando mais profundo o coração da gente...

Navego no oceano que tu geras,
Eternizando assim, as primaveras...


- O TEU OLHAR

Teus olhos, minha amada, meu caminho...
Carícias dos meus sonhos mais profundos.
Neles eu encontrei diversos mundos.
Reconhecendo brilhos, sei teu ninho...

Tiraram dos meus dias triste espinho.
Calaram na minh’alma foram fundo,
Das emoções que trago num segundo,
Nos teus olhos, decerto, teu carinho...

A lua mais ciumenta te procura;
Sem teus olhos a noite fica escura.
Por certo, quer roubar o teu luar...

Quando a escuridão tomou a Terra,
O mundo entrou em triste e cruel guerra,
Faltava simplesmente o teu olhar...

- O TEU PERFUME
Ah
um momento ...
Sinto teu perfume,
aqui, em mim ...
(ivi)

O teu perfume está tão entranhado
Em minha pele e mesmo dentro da alma,
Imagem sempre viva de um passado,
Aonde eu aprendi, ternura e calma.

Vencer os dissabores, Doce Fado,
A tua poesia sempre acalma,
Um velho coração aprisionado,
Esquece nos teus braços qualquer trauma.

E vive tão somente por viver
Sem ter que responder perguntas tolas,
Tendo a felicidade de saber

Reconhecer o trigo em tanto joio,
No vento em que me tocas, e me assolas,
Encontro, em paradoxo, forte apoio...


- O QUE EU QUERO DE TI
Herege; me chamaste, eu agradeço.
Percorro os mais diversos endereços,
Avesso aos vendavais; sei que mereço
Em plena caminhada tais tropeços.

Usando a poesia, este adereço,
Aos sociais contatos e seus preços,
Prossigo sendo assim e vou avesso,
Imóvel atrelado a fartos gessos...

Mercadoria fácil de encontrar,
O sexo não traduz a liberdade,
Tampouco me levando à saciedade,

É tudo o que busquei; cedo almejar,
Usando a poesia como infausto,
Se eu sou teu Mefistófeles, és Fausto...


- O QUE ME RESTA 23140
Bastara procurar algum remanso
E nada disso então inda teria
Apenas tão somente esta agonia
E o coração vazio aos mares lanço.

Seria muito bom poder sonhar
Talvez que sabe um dia ainda possa
Enquanto esta tristeza já se apossa
Ainda resta um raio de luar.

Corcel das fantasias, vago estrelas
E bebo cada brilho feito um louco
O que deveras tenho, muito pouco
Não basta mais sequer para sabê-las.

A morte se aproxima, galopante
O tempo que me resta, um vago instante...

- O QUE NOS RESTA?
O tempo se passou, a vida é dura
Choram Marias e Clarices, ainda!
Democracia? Se o mal não finda
Que diferença faz, da Ditadura?

Regime disfarçado e a Dita Dura
A nos ferrar e nós sorrindo.
Herança maldita; nosso Senado!
De resto, um Presidente com ferradura.

Pior, é que essa dor assim pungente
Que maltrata tanto e tanto a gente,
Veste de luto as nossas esperanças.

O que será, meu Deus, dessas crianças
Do meu Brasil tão rico, abastado,
Se por tantos ladrões surrupiado?

Josérobertopalácio

Os olhos do planeta vagam tontos
Buscando algum remédio, mas não há
Alguns que são vendidos quase prontos
Nem mesmo o mais vadio tomará.

Diabos disfarçados, santos tolos
Macabras criaturas vasos ocos
A nitroglicerina enchendo bolos
Das árvores não sobram sequer tocos.

Pecado é não saber ser tão esperto,
Vencidos nossos prazos, podridão.
A morte vem rondando, anda por perto,
O porto dos meus sonhos, solidão.

E agora o que fazer senão tragar
O gole que decerto irá matar...

- O QUE RESTOU DE NOSSO AMOR...

Nas vezes que me pegas de surpresa,
Tentando redimir erros de outrora,
A amarga sensação retorna e aflora,
Eu sei que do passado inda sou presa.

Minha alma acorrentada, ainda presa
Procura a liberdade sem demora,
Mas vendo a negra nuvem que decora
O sol que me deixaste em sobremesa,

Vontade de fugir e não voltar,
Atiro-me das vastas cordilheiras,
Depois vêm as promessas costumeiras,

E tudo vai voltando ao seu lugar.
Pudesse te matar, eu mataria,
Ou quem sabe nas ruas venderia...

- O REI CARPÍNTEIRO
Inútil ou não, navegar é preciso
Carpir cada dia, semear o trigo
Desenhar solene, ato ao impreciso
Viver mesmo em erro, chorar meu amigo.

Lições desta vida se aprende vivendo
Conclusões se dão ao fim dos caminhos
Mas de tantas dores, um breve adendo
Se colhemos rosas, também os espinhos.

Nada se compute, porém como nada
Tudo foi perfeito e o saldo em ciência
Mostrou quanto é caro romper as correntes...

Rastros pela sala, manchas nos tapetes
Dores que nos doem, talharam paciência
Visão alargada se abriram pras lentes...

Serena


Amiga, é necessário o caminhar,
Em meio aos vendavais e turbilhões,
O tempo nos ensina a derrotar
Com calma, os mais temíveis furacões.

Servindo a quem se deu por tanto amar,
Arrebentando em paz, tantos grilhões,
No mágico poder do perdoar,
Enfrento a fúria louca dos leões...

Um simples carpinteiro, sendo rei,
Mudou a humanidade. E o sacrifício
Do Deus tão destemido deu início

Ao tempo feito em Graça; o que era lei
Passou a ter sentido tão diverso,.
Da aldeia se espalhou pelo Universo.

*O Repórter da Alma*
*O Repórter da Alma*

Somos nós poetas sem preconceitos
Registramos a angústia das saudades
Amores eternos, insanidades
Os sonhos, fantasias, os eleitos

A natureza nossa cúmplice eterna
Como musa, o luar na solidão
Do coração o dilema a rogação
Para o amor a morada, a caverna

Às vezes mudamos o itinerário
Do social beiramos os conflitos
A alma sem limite, circunscritos
Faz da suas páginas o imaginário

Por isso meu poeta tem na alma
O dom de escrever não nega a palma

Sogueira


Usando das palavras como fonte
De sua inesgotável fantasia,
Eflúvios tão diversos, poesia,
Mutagênica luz toma o horizonte.

Entre a realidade e o sonho, ponte,
Que a cada novo verso se recria,
Funâmbulo entre dor, medo e magia,
Domando imaginário, vale e monte

Além das cercanias e do eterno,
Colhendo flores belas num inverno
Que toma o sentimento, falso alarde.

Mentir sobre o que pensa e o que deseja,
O corte que em verdade inda lateja,
Promete a simples cura, mesmo tarde...


- O REQUEBRO DA MULATA
Te trago assim,
perto de mim,

meu coração
com muita paixão,
te provoca
mais
e
mais ...
(ivi)


Eu trago dentro da alma esta certeza
Que um dia me fará, talvez, feliz.
Do amor eterna marca e cicatriz,
Que tento disfarçar, leda destreza;

E pondo as velhas cartas sobre a mesa,
Eu tenho na verdade mais que quis,
A velha poesia, meretriz
Desfila desdentada e sem leveza.

Riscando os céus encontro este cometa,
Que ronda qual satélite o planeta
E volta para o espaço sideral.

Mais vale o rebolado da mulata
Na imensa procissão tão insensata
Nos dias infernais do carnaval...


- O RIO DE JANEIRO CONTINUA SENDO
Ou tempo que anda ligeiro, arre lá!
Assim o natal passa e eu nem vejo,
Olho pra lua que parece um queijo
Vou pra Minas um queijinho degustar?

Ou tempo que anda ligeiro, arre lá!
Assim chega o carnaval num sacolejo
Se a morena não quiser me dar um beijo
Faz sentido a Bahia eu visitar?

Se o Rio de Janeiro continua lindo
Transposição! Velho Chico desviado
Desvio pra São Paulo pra garoa

Molhar o meu juízo meio pirado
Esfriar com um chope bem gelado
Contra filé no sujinho, é uma boa

Josérobertopalácio


Quem sabe num boteco lá na Lapa,
Matando do Capela esta saudade,
Morena tão charmosa não me escapa,
Um chope bem gelado. Isso é maldade|!

Ouvindo Pagodinho ou mesmo o Rappa,
Ficando neste bar, bem à vontade,
Beleza sem igual, não tá no mapa,
Será que esta morena é de verdade?

Depois vou esticar até a praia,
Pois ver o sol nascer é um barato,
Se a moça quiser ir motel ou mato,

Bastando levantar, a minissaia...
E mesmo que não seja fevereiro,
Deus salve o nosso Rio de Janeiro.

- O SER HUMANO
Buscando com palavras, uma forma
Suave de falar quanto eu te quero,
Por vezes não pareço ser sincero,
Tampouco obedecendo qualquer norma,

O amor que faz na gente esta reforma,
E abranda um coração terrível, fero,
Trazendo as esperanças em que gero
Um mundo que co’o tempo se deforma...

Menosprezando a vida; este animal,
Que pensa ter o mundo em suas mãos,
Estorvando os caminhos; criam vãos

Cavando a sua imagem sepulcral,
Cadáver macilento da esperança,
Esmaga a própria espécie e não descansa...


- O SER POETA
Um dia imaginei que ser poeta
Trouxesse algum alento; pelo menos.
Nos dias mais pacatos e serenos
A vida prosseguindo em linha reta.

Quem tem a liberdade como meta,
Superando serpentes e venenos
Buscando novos climas mais amenos,
Na paz de um bom remanso se completa.

Mas nada do que um dia imaginei
Eu percebi cantando a fantasia,
A história se repete dia a dia,

“Só sei que na verdade, nada sei”
Criando um mundo à parte, um Eldorado.
Fantástico, porém falsificado...

- O SOBRETUDO
O quase nada é o que eu sei de tudo,
Quem dera minha certeza fosse errada,
Perdido no caminho não acho a estrada;
A vida me negou o sobretudo.

Mas sei lutar com a vida, sou courudo
A sorte é minha bússola na jornada,
Que adoço ao sabor da marmelada
E sei quando é preciso ficar mudo.

Pergunto quando não sei a resposta
Aos ermos e persigo a solução.
Um pouquinho de cada, da um montão

E armo esta pirâmide como abrigo.
Só “sombra e água fresca”, não é comigo.
A vida será sempre a minha aposta!

Josérobertopalácio

Lembrando do surrado sobretudo
Que um dia inspirou grande escritor
Puída fantasia, ledo estudo,
Capote seu fiel demarcador,

Na ausência de seu dono, já me iludo,
E penso ser igual freqüentador,
Do tempo em que distante não ajudo,
Contudo o medo aposta; é ganhador.

E Gogol não sabia, mas pintara
A dura realidade de hoje em dia,
Mudando na verdade a fantasia

Fantasma já não mostra mais a cara,
E o paletó demarca esta presença
Do vago, do vazio, triste ofensa...

- ONDE SE ESCONDEU VOCÊ? 23115
Beijo a morte que me toca
Duro fardo que carrego
Não podendo sempre cego
Ver a sorte que se aloca

Noutra senda e me provoca
O desejo que ora nego,
Como fora um simples prego
No vazio de uma toca

Sem firmeza, solto ao léu,
Pensamento é carrossel
Gira e busca, mas não vê

O meu canto segue em vão
Sem destino, rumo e chão
Onde se escondeu você?

- “Penso, logo existo”
“Penso, logo existo”

A vida tem planície e tem degrau
Momentos de sufoco e calmaria
Tem gente que é cheio de mania.
Otário, esperto, intelectual.

É banquete de um monte de iguaria,
É a fome que consome, passa mal,
É a cama com o colchão de jornal,
Uma cobra engasgada com a jia.

Mundo louco! Não joguem a culpa em mim.
E não fui eu quem matou Jesus Cristo
Então se paro, “penso, logo existo”

Quem foi mesmo que disse isto?
Pensado ser esperto às vezes pasto
Deixando meus trocados no botequim.

Josérobertopalácio

Se tento ou se eu invento um novo intento
Não posso me calar, sigo adiante,
Memória sem igual, diz elefante
Não quero ser dos sonhos um detento,

E quando me inebrio, toma assento
O quanto desejei ter escaldante
A boca que me morde neste instante,
Buscando dominar o pensamento.

Existo e não sei mesmo até por que
Se nada do que fiz valeu à pena,
E quando repetir a mesma cena,

Não creio que alguém possa e ninguém vê,
Vertiginosamente em precipícios
Lançando estas palavras, vãos ofícios.

- OS AMORES

Porque não crês no amor que te dedico
Confesso já não sei o que fazer
Eu já pensei em ir, mas sempre fico
Amor é que me doma a bel prazer.

Por Deus, não me acuse mais, meu bem
Se sabes que o amor é meu veneno
E sempre me maltrata o teu desdém
Se finges, nem aí, fico ao sereno...

Não deixe pra depois deite em meu colo
Me toma e me faz tua em louco apelo
Me ama, me aprisiona em teu abraço

Juntadas, nossas pernas, bocas, sexo
Rolando nos lençóis, perda do nexo
Depois deixa eu velar o teu cansaço...


Ana Maria Gazzaneo


Querida; eu já não creio mais no amor,
Durante muitos anos, seu escravo,
Se agora eu outras águas eu me lavo,
Procuro algum poder transformador,

Que possa novamente recompor,
A vida que decerto ainda travo,
E quando o meu olhar mais longe cravo,
Percebo o brilho nobre e redentor

Deste farol que doma os navegantes,
Deslumbra os olhos baços dos amantes,
Um manso ancoradouro em tempestades...

Na paz que poucas vezes se traduz,
Erguida sobre as costas de Jesus,
Supero só em Deus; adversidades...

- ORGASMO
Tudo
amor,
tudo
por nada ...

IVI

Quem tanto imaginou doces palavras
E frases carinhosas; agoniza.
Um velho agricultor sabe das lavras,
Porém a vida traz pura ojeriza

Por mais que a porta ainda teime ou abras
Desabo num fatídico segundo.
As frases que me cercam são macabras,
Do gozo amortalhado em vão me inundo.

Minha alma em podridão já se esvaindo,
Deixando tão somente este molambo
Que um dia imaginou um prado lindo
E agora em passo trôpego, descambo

Funérea mansidão que, num espasmo,
Promete em ironia, intenso orgasmo...

- OS CÃES LADRAM.,..
Aqui, onde o talento verdadeiro
Não nega o povo o merecido preito;
Aqui onde no público respeito
Se conquista o brasão mais lisonjeiro.

Aqui onde o gênio sobranceiro
E, de torpes calúnias, ao efeito,
Jesuína, dos zoilos a despeito,
És tu que ocupas o lugar primeiro!

Repara como o povo te festeja...
Vê como em teu favor se manifesta,
Mau grado a mão, que, oculta, te apedreja!

Fazes bem desprezar quem te molesta;
Ser indif'rente ao regougar da inveja,
"Das almas grandes a nobreza é esta."

Castro Alves

Por onde tu caminhas, o louvor
Se espalha pela imensa multidão,
Tocando sutilmente uma emoção,
Fomenta simplesmente o intenso amor.

Mas saiba dos espinhos de uma flor,
Em vários; invejosa negação,
A lua que domina esta amplidão,
Causando nas estrelas o rancor...

A mão que te apedreja, torpe e infame,
Espalha pelos ventos a ignorância,
Por mais que a corja imunda já reclame,

A imensa maioria assim te abraça,
Não dê a podre súcia esta importância,
Por mais que ladram cães, o forte passa...


- OS DITAMES DA PAIXÃO
Alheio aos teus anseios e vontades,
Resisto ao vendaval feito em paixão.
Lutando desvairado contra as grades,
Tentando enfim fugir desta prisão...

Vou sorrateiro e fujo dos alardes,
Porém atados pés e cada mão,
- Estúpido, por mais que grites, brades,
Mais forte o nó: me dita o coração...

Um sopro de esperança invade a cela,
Minha alma libertária então se atrela
E tenta destruir este gradil...

Vislumbro bem ao longe um horizonte,
Que faço se rompida vejo a ponte
Que a mente inutilmente construiu...


- OS GUETOS
Nos guetos espalhados na cidade,
Favelas e cortiços; fome e guerra,
Como é possível ter tranqüilidade
Se a miséria completa ali se encerra?

Na luta pela posse de uma terra,
Sangrenta e tão cruel sociedade,
O olhar da burguesia já se cerra,
Calando a voz, matando a liberdade,

Nos becos a injustiça gera o medo,
A falta de polícia e de políticas
Que possam transformar, trazer a paz,

Matando a mocidade bem mais cedo,
Em zonas conhecidas e tão críticas,
Demonstram um poder cego e incapaz...


- OS NOVOS VENDILHÕES
Perdoe; não suporto o Deus vendido,
Tampouco o crucifixo que é dourado,
Um Cristo sendo assim, falsificado,
Morrendo sem proveito, ou esquecido.

Enquanto a terra toda se incendeia,
E o homem devorando os seres frágeis,
As mãos torpes, calhordas, porém ágeis,
Vendendo na tevê restos de areia.

Cuspindo em Tua cruz, pobre judeu,
Que por amar demais se fez cordeiro,
Pastor ao ver nas mãos tanto dinheiro,
O que significaste? Se esqueceu.

Bem vindos vendilhões da atualidade,
Retratos mais fiéis da humanidade...

- OUTRA ESTAÇÃO
Mal pude perceber tua presença,
Vieste sorrateira em noite mansa.
Enquanto a fantasia não te alcança
A vida vai passando amarga e tensa...

Aonde imaginara a paz imensa,
A dor com a tristeza em aliança,
Destroça qualquer forma de esperança;
Não há ninguém no mundo que convença

E a morte se aproxima, velozmente;
E num rompante toma este cenário.
O quanto o meu viver é temerário

Jamais abandonando a minha mente,
Permite-me falar do adeus que vem,
Aguardo outra estação, um novo trem...

- OUVINDO A TUA VOZ
soa
como um rio
um murmúrio

ABÍLIO TERRA JUNIOR

Ouvindo a tua voz, distante e alheia,
Soando simplesmente como um rio,
Imaginário sonho que incendeia,
Tornando um grande amor, meu desafio.

Entregue sem defesa a essa teia,
Um mundo mais feliz; às vezes crio,
Enquanto a fantasia vã campeia,
O coração espera um belo estio...

Murmúrios aumentando a intensidade,
Anunciando enfim, felicidade
Ao tolo sonhador, frágil poeta.

Que um dia se fez rei, e sem castelo,
Usando da palavra, o seu rastelo,
Tendo numa alegria o rumo, a meta...


- OUVINDO O TEU CHAMADO
Se garante me querer
Vem depressa vem agora
Tô doidinha pra te ver
Já te deixo aberta a porta

GELIS

Ouvindo o teu chamado, desde agora
Vislumbro este fantástico caminho
Que é feito pelas tramas do carinho,
Minha alma, não se perde, pois te adora.

O corpo que se entrega sem demora
Deixando o sol entrar devagarzinho
Tomando em claridade nosso ninho,
Reflete-se em teus olhos; e devora

Lavrando num cenário tão sublime,
Prazer que colherei; tudo redime
Trazendo esta alegria que buscara

Durante as tempestades costumeiras,
Abrindo o coração, suas porteiras,
Espalha sobre a terra, luz tão clara...


- OUVIR TEU NOME
Esta ânsia
incontida
te chama
pra mim ...
(ivi)


Ouvir o teu chamado me fascina,
Depois da tempestade esta bonança
Gerando novamente uma esperança
Que aos poucos toma a cena e me domina...

Revendo o teu sorriso de menina,
Voltando a ter os sonhos de criança,
Guardada nestes cofres da lembrança
A jóia tão sublime, diamantina...

Após as noites frias de sereno,
No encanto deste canto me alucino,
O mundo que julgara tão pequeno

Agora se agiganta, em perfeição,
Quem fora no passado, este menino,
Soltando as rédeas, livra o coração...


- O VALOR DE UMA AMIZADE
Viver com plenitude uma amizade
Que possa confortar nas desventuras,
Sanando todas nossas amarguras,
Portando em suas mãos, a liberdade...

Viver com precisão, felicidade,
Por mais que as caminhadas sejam duras,
Encharcar nossas almas com ternura,
Baseados na real sinceridade...

São raros os amigos, com certeza,
E valem muito mais que diamantes,
E quando são fiéis e mais constantes,

Enorme e insuperável fortaleza,
De paz e segurança, garantia,
Tornando mais feliz, o dia a dia...


- O VAZIO FINAL
Espero alguma chance no futuro,
Quem sabe poderei ser mais feliz.
O chão que ora lavrei, deveras duro,
Jamais produzirá o que eu mais quis.

Tentando assim viver com tanto apuro,
Apago os meus caminhos na raiz,
E mesmo que isso doa, inda perduro
Das esperanças, sempre um aprendiz...

O Deus que me protege a cada passo,
Decerto está comigo neste instante,
A morte, companheira mais constante,

Aos poucos ocupando seu espaço
Até que nada sobre, nem lembranças...
E as águas descerão; suaves, mansas...


- O VELHO CORAÇAO

Tu és uma usina de luz e fluorescência,
Olhe com os olhos da alma pra
Dentro de ti,
De onde brota tantos versos
Banhados em ternura, intensidade,
Verdade e profundidade,
Só pode haver um manancial de
Força que te mantém de pé a sonhar
Mesmo que nada há a fazer ou procurar...
Tanta força e poesia servindo de farol
A nos iluminar...

Regina Costa


O velho coração de um sonhador,
Não teme tempestades nem procelas,
Rompendo com firmeza frias celas,
Entrega-se deveras sem pudor.

Quem dera se eu pudesse; lavrador,
Arar as esperanças que ora selas,
Pintar com farto brilho raras telas,
Com olhos e talento de pintor...

Quem dera se eu tivesse este poder,
De transformar a dor em alegria,
O mundo bem melhor eu criaria

Repleto de ternura e de prazer.
Tocada pelas luzes que me trazes,
Meus sonhos bem maiores e capazes...

- O VERDADEIRO AMOR
Neste céu
de Amor,
nuvens bailam,
encantadoras,
suaves,
perfeitas ...
(ivi)

As nuvens passeando pelos céus,
Vagando, bailam mansas e suaves,
Cobrindo a terra toda em claros véus,
Os pensamentos seguem como naves...

Perfeitas maravilhas ditam sonhos,
E tornam tal cenário inesquecível.
Os dias tão sublimes e risonhos,
É peno que isto tudo é perecível...

Olhando para a esquina e seus mendigos,
Quem dera menos joios, bem mais trigos,
Vislumbro outro planeta, outra verdade.

Mas sei que sendo simples sonhador,
Não posso traduzir o vero amor,
Tampouco imaginar a eternidade...


- O VERSO MAIS BONITO
Grande parte deste Amor
ainda persiste em mim ...
É só tu voltares ...
E então ??
(ivi)

Sorrindo qual criança, a bela moça
Que um dia se fez diva e poesia,
Minha alma a cada verso se remoça
E um belo amanhecer, deveras cria,

O pobre lavrador em sua roça,
Com toda uma esperança já cerzia
Além deste casebre, da palhoça,
Castelo sobre a areia, fantasia...

Perpetuando o grito que contrito
Ainda não soltei nem soltarei,
Não quero mais causar qualquer conflito,

Se tudo o pretendo, consegui,
Fazendo Do soneto a minha lei,
O verso mais bonito vem de ti...

- OBRIGADO PELO JANTAR
Chamaste pra comer um caviar
E beber um champanhe. Quê que é isso!
Mineiro acostumado com chouriço
Não pode tais frescuras suportar.

Comer um escargot? Eu caio fora,
O tal do caramujo é bem nojento,
É coisa de magnata o tal invento
Que mesmo que não goste diz que adora.

Prefiro a cachacinha no boteco,
Casquinha de siri, um bom torresmo,
E peço, sem demora, o repeteco.

Em Minas ou Paris, eu sou o mesmo,
Um velho caipira lá do mato,
Não suporta decerto este “bom trato”.

- OBRIGADO SENHOR
Depois de tantas curvas no caminho,
Perguntas sem respostas, erros vários
Momentos de prazer são temerários
Uma ave necessita de algum ninho.

Depois de perceber quanto é sozinho
Quem deixa-se enganar por adversários,
Por gozos sem sentido, temporários,
O amor sem compaixão e sem carinho.

Nas ruas mais sombrias, caminhei,
Fazendo do prazer a regra e a lei,
Engodos cometidos, todos meus.

Encontro a solução na frágil cruz,
E entrego a minha vida a ti, Jesus,
Obrigado Senhor, meu Pai, meu Deus...

"Ocupar um lugar no coração de alguém é nunca estar só"
Ocupar um lugar no coração de alguém é nunca estar só. Alejandro Pérez


Quando pensas que estás mais solitária
Não sabes que jamais estarás só.
Não precisas pedir, não terei dó,
A vida sempre foi tão solidária

E nunca percebeste, num segundo,
Que tudo que clareia pede lume,
Que toda bela flor, em seu perfume,
Traz a felicidade deste mundo.

Mendigas por carinho, não me importo.
O rosto que se vira, tua meta.
Se queres tua vida mais completa
Não venhas ao meu colo como um porto.

Vencido por flagrante desespero,
Vagueio no universo sem parada
A noite se dizia enluarada
Não me trouxe sequer um só luzeiro...

Vestido das estrelas sem juízo
Percorro siderais desilusões
O mundo das eternas amplidões
Negou a quem sonhou um só sorriso.

Os mantos que me deste, tempestade,
Carrego e não desfilo pela vida.
A rua me demonstra a despedida
Meu barco já naufraga, realidade...

Não vejo mais futuro; em desencanto
Espreito pelo salto da pantera.
As presas afiadas desta fera
Meus ossos se quebrando sem espanto.

Não quero mais saber deste teu choro.
A tua solidão ofende quem
Desesperado pede por alguém
Que jamais percebeu que eu tanto imploro

Pelo beijo, carinho e mansidão
Pela noite maviosa, enluarada
Parece que não vê, sou quase nada.
Não demonstra a menor satisfação

Mas perceba que existo companheira
Eu amo-te não vês que estou aqui?
Teu mundo no meu sonho já perdi
Espero teu amor, a vida inteira!

- “Eu não existo sem você”,
Vem aqui,
que eu
pertenço a ti,
somente a ti ...
(ivi)


“Eu não existo sem você”, querida
A vida não teria algum sentido
Estrada sem destino, vã, perdida,
O velho coração já consumido

Pelos erros na ausência da esperança
Bebendo a tempestade de um vazio
Enquanto a morte chega, a noite avança
A vida tão somente por um fio...

Sem ter a sua boca junto à minha
Sem ter os risos seus, sua alegria
O frio de um inverno se avizinha
E morre sem sentido, a poesia.

Querendo o seu querer, ser de você
É tudo o que minha alma, tola, crê...


- OLHAR APAIXONADO
O olhar apaixonado de quem sonha
Perdido no horizonte; busca alguém,
E quando a noite chega e a lua vem,
Redonda, gigantesca, mas tristonha

A madrugada corta e tão medonha
Traduz a realidade e diz ninguém
Do nada que minha alma inda contém
Amor sendo figura vã, bisonha...

Dedilho um bandolim, falo do nada,
A seca se espalhou dentro de mim,
A música que ouvira está calada,

E fecho minha porta, finalmente,
Seguindo a minha história, vou assim,
Até o plenilúnio engana, mente....


- OLHAR TRISTONHO
Se acaso tu vieres e notares
O meu olhar tristonho e tão ausente,
Talvez isso pareça indiferente,
Porém guardando em mim os sete mares,

Alçando a liberdade, vago em bares,
E o quanto não terei já se pressente,
No gosto adocicado da aguardente
Lembrando do passado, casas, lares...

Mas não vejo perdidas ilusões,
Somente fomentando ebulições
Que fazem do poeta, um mentiroso,

Se nada mais houvesse em minha vida,
A velha inspiração, tola e perdida,
Negando a maravilha feita em gozo...

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