Quem dera se um momento de ventura
Viesse em lenitivo me mostrar
Que além deste sofrer resta o sonhar
E nele toda a paz que se procura,
A mão que me acarinha e me tortura
Esconde os raios fartos do luar,
Deixando a noite escura derramar
As brumas, traduzindo esta amargura
Aonde não consigo mais sentir
O gosto do prazer e sem porvir
A vida perde todas as razões,
Terríveis madrugadas; morta a aurora,
Somente esta neblina atroz se aflora
Enquanto o vão imenso tu me expões.
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