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Tuesday, July 26, 2011

A Minha Alma

A Minha Alma

A minha alma, tristonha caminheira,
Buscando pelos passos de quem amo...
Nas endeixas perdida por inteira,
Nos braços de quem peço, triste clamo...

Como a criança sofre com os medos,
Os gozos que persigo atemorizam...
Nas vezes que persigo seus segredos,
As dores de minha alma traumatizam...

Pomba rola que voa sem destino,
O pântano que me deste de presente,
Causando em mim, perjuras, desatino,
O nada que se perde, nem pressente...

As noites sem sentido, são mundanas,
Os beijos que teimei foram ocaso,
Tais marcas de veneno que me empanas,
São formas de viver simples acaso...

A noite que mendigo é tão aflita,
Perdido nesta mata, neste bosque...
No peito silencioso a alma se agita,
Nas noites tanta perna que se enrosque...

Minha alma, empedernida, não se acorda,
Dos sonhos que alucinam meus sentidos...
A borda do que somos, perde corda,
Os montes que vivemos, dos olvidos...

Minha alma, procurando pelo alvor,
Destila toda cor de bela aurora,
Trepida, procurando por calor,
A vida que me deste foi embora...

Quebrado todo o pote, foi-se o doce,
As pombas que cantaram, seu arrulo,
Quem dera que restasse nunca fosse
Amor que me encantava, já não bulo...

Ouvindo toda noite tal soluço,
O canto das cigarras não se imita,
Nos trotes do cavalo, rocim, ruço,
O peito tartamudo louco, grita...

Procuro por passagem neste porto,
Espero conseguir um novo pouso...
Um resto de sentido queda morto,
Das tétricas saudades, sou esposo..

A porta que fechaste, gemedora,
Não pode nem sequer por isso chora,
A mão que me carinha, redentora,
Olhar que agora lanço, já te implora...

No meio de tristezas tudo somo,
No seio desta noite, pleno breu,
O mundo se ilumina deste assomo,
O tanto quanto amei já se perdeu...

Perdendo meu sentido e toda a calma,
Pressinto renascerem ilusões,
São falsas e disfarçam a minha alma,
Sentidos e promessas, ilações...

Quem dera tanto amor de duas vidas,
Não fosse de repente assim fanado...
As marcas que me mostram despedidas,
Percorrem sem destino os feros fados...

Quem duvida não pode nem quer crer,
Amar um triste jogo, perigoso,
Mesmo que ganhe, sempre vai perder...
A mão que te machuca te dá gozo...

Exclama tempestades sempre já...
Nunca espera nascerem novas folhas,
A lua que brilhou não brilhará.
As rosas que espreitaste não recolhas...

As páginas que tanto foram lidas,
São restos do que vida, já se foram...
Carinhos que me deste, despedidas,
Os medos qual foguetes, sempre estouram...

As dores que me urtigas são remotas,
As noites que me levas são chorosas,
De tanto que sonhei perdi as cotas,
Amar sempre traduz, maravilhosas...

Quem dera dedicar todo meu canto,
A vida se resume em gesto nobre,
Minha alma vai buscando teu encanto,
O medo da saudade já me cobre...

Num vale dolorido, amor desmaia...
Na pantomima mímicas venais,
A calmaria foge desta praia,
Os olhos embotados, nunca mais...

Não quero nem permito tantas queixas
Do coração que bate nova plaga,
Misturam-se desejos com as gueixas,
A forma de viver tudo, me alaga...

Amar que me pergunta sempre e quando,
As pétalas desfeitas nunca beija,
Nos sonhos que produzes, mergulhando.
A cama se demora e não deseja...

Levanta sutilmente a tua saia,
Sem perceber, audaz, a noite avança...
Deitados envolvidos nesta praia,
Amantes se desnudam, tanta dança...

A vida por tristezas vai banhada,
Nos medos que deixei restaram prantos...
A calma se transtorna, desolada,
Nosso sexo invadindo sob os mantos...

Amor que se delira com afinco,
Na mata penetrante mais escura,
Recebo com delícias o teu brinco,
Amar-te é consumir toda a ternura...

O medo de morrer já me levou
Às margens do que fora um triste rio...
Meu pranto que, de espanto, já nevou,
Derrama sobre tudo um canto frio...

Minha alma de ternuras ressuscita
Palavras que jamais compreendi,
Rompendo meus sinais, resume a fita,
Minha alma vai perdida em mim, sofri...

Minha alma de rancores violentos,
Por céus penetra, infinda, como o medo...
Os campos que conhece, são sedentos,
De tudo quanto tive, um arremedo...

Viscerais tempestades me envolveste,
Minha alma seduzida nunca está
Amar por tantas vezes, inconteste,
Um barco que jamais navegará...

Vasculho por sinais, felicidade,
Esmago qualquer forma de sofrer,
Não peço paciência, veleidade,
Minha alma, nos teus braços, quer viver...

Agora que não tenho solução,
Espreito meu caminho nos penedos...
Aberto sempre deixo o coração.
Carinhos que te faço com os dedos...

Mortalhas que vesti são meus delírios,
Os prados que visito são falsários...
No fundo o que resta são martírios,
Tal qual corvo imitando esse canário...

Nas fimbrias do vestido que desnudo,
Nos pátios destas casas que freqüento...
Não quero teu amor, mas quero tudo,
Montanha que resiste a todo vento...

Dedico minhas noites a minha alma,
O beco que te dei não tem saída...
A boca que me beija sempre acalma,
Resumo a minha alma em tua vida...

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