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Sunday, May 14, 2006

DO SUICÍDIO DA VEJA

Nessa última edição, a revista Veja declarou a sua morte, tanto no fator credibilidade quanto em um futuro próximo, no fator econômico.

A publicação desairosa de um dossiê sem nenhuma comprovação, baseado nas informações fornecido por um contumaz bandido, ligado a todos os tipos de falcatruas no mercado financeiro, contra autoridades democraticamente estabelecidas, não só ofende a todos os brasileiros, como também demonstra o caráter venal e absurdamente inconseqüente de um bando de “jornalistas” condenados ao descrédito e ao esgoto histórico.

Muito interessante a tentativa desse órgão de “informação”, tentar fazer um jornalismo neo-udenista, nos remetendo ao Carlos Lacerda de triste memória, porém ao contrário deste, mais parecidos com um fantasmagórico Cavaleiro da Triste Figura malévolo.

Nas suas quixotescas atitudes, esse panfleto pró liberal, perdeu totalmente o senso de ridículo, ao se demonstrar totalmente afastado do real sentido de JORNALISMO, na sua DIGNA ACEPÇÃO.

O desenrolar dessa história que culmina hoje, se inicia nas dívidas gigantescas do grupo Abril, impagáveis mesmo, o que o tornou sensível e, pior subalterno mesmo dos ideais de seus patrões.

A que já foi “a revista de maior circulação” no país de longa data vem em um declínio moral e editorial impar na história do jornalismo moderno brasileiro,

Remete-me à Manchete e à Editora Bloch, porém essas foram extintas graças ao final da ditadura militar onde, com subserviência absoluta, eram porta-vozes informais, trazendo-nos as idéias de um “Milagre econômico” e de um Brasil “gigante”, puramente fantasioso, aliados ao Amaral Netto e a um Flávio Cavalcanti da vida.

O crescimento vertiginoso da Veja em substituição à Manchete e ao falecido “O Cruzeiro”, das décadas de 60 e 70, gerou uma perspectiva positiva à época, porém o desvirtuamento de sua trajetória, ainda mais com o surgimento de outras revistas como a Isto é e a Senhor, na década de 80, tendo como a produção da revista Época da Globo, parcial, porém mais lúcida; resultaram nesse espectro que perambula pélas bancas de jornais e está sendo oferecido como moeda de compensação pela Abril, nas assinaturas de outras revistas.

Recordo-me de momentos onde a imprensa brasileira apresentou algumas belas páginas, como no caso da receita de bolo da capa do Estadão, do velho Jornal do Brasil, do indefectível Pasquim de Jaguar, Ziraldo, Dines entre outros...

Outras páginas merecem destaque na batalha pela democratização como os Cadernos do Terceiro Mundo e A HORA DO POVO, com sua forma totalmente genial, por ser irreverente de trazer os desmandos do poder.

A Veja, enlameada e trafegando pelo pântano da política, com sua visão (sem trocadilho) deturpada propositadamente, míope e estrábica da verdade, se tornou o que há de mais abjeto no jornalismo brasileiro.

Porém isso me apresenta com bons sinais, sinais de mudança.

A atuação da Veja irá precipitar a formação de mecanismos auto-reguladores da Imprensa, ser responsável para ser livre, e não ao contrário, ser irresponsável nessa liberdade.

A um democrata como eu me assusto a censura, porém também me assusta a inconseqüência a que podemos ser submetidos a qualquer momento. A suspensão do direito de circulação ou o pagamento de pesadas multas indenizatórias poderiam inibir esses desmandos feitos, criminosamente em nome de uma coisa SAGRADA, a liberdade de imprensa.

A utilização de órgãos de imprensa para a divulgação de locais de venda de cocaína é um crime, isso é uma unanimidade; porém a divulgação de listas SEM COMPROVAÇÃO, mesmo que admitida, ou seja, a priori, caluniando e difamando alguém também não é crime?

Que pesos são esses e que medidas são aquelas?

As que espero, com toda franqueza são as mais duras possíveis para podermos, nesse amadurecimento da democracia, coibir e exterminar esse tipo de atitude CRIMINOSA e assumidamente Criminosa de um órgão de IMPRENSA seja qual for e em nome do que e de quem for.

Esse extermínio moral e provavelmente físico dessa revista é de vital importância para que surja disso tudo uma nova Imprensa, com os aspectos que todos queremos, ou informativo, com lisura e clareza, ou formativo, com a mesma clareza na confecção de idéias e de opiniões.

O que não podemos é continuar nessa “ditadura” dos maus profissionais dessa sagrada profissão – o JORNALISMO.

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