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Saturday, November 11, 2006

textos vários

Amor outonal


Prelúdio deste amor que não previa,
Os beijos e triunfos glamourosos...
A vida, procurando uma harmonia,
Não tinha esses cismares mais garbosos.

Cansado de tentar acrobacia,
Em busca de destinos mais honrosos,
Vadio coração se debatia.
Germina-se dos sonhos vaporosos!

Os meus olhos erguidos caçam lumes...
Montanhas dos desejos, vastos cumes.
Expectativa clara de vitória.

Triunfos tentadores, novos cantos...
Nos prelos da esperança, teus encantos.
No outono, minha vida: extrema glória!
Marcos Loures



Verbena


Bonina delicada, tua alvura
Graciosa e tão sutil, enfeita a vida!
Melífero desejo traz doçura
Da boca que julguei estar perdida.

Abelha seduzida pela pura
Inocência emanada, decidida,
Procura-te em total e sã loucura.
Menina, aonde vai assim florida?

Nos campos, nos pomares, no jardim,
Suave borboleta sobrevoa.
Pura felicidade vive em mim.

Aos raios deste sol, uma açucena,
Bonina, doce amada vai à toa,
Meus olhos já não têm cor de verbena...




Luxúria 2


Nas alcovas procriam-se luxúrias!
Sedentos sedutores sorvem sexo.
As bocas invasivas, tantas fúrias...
A noite reproduz-se perde nexo...

Nem preces, rogos, medos nem as cúrias
Sossegam junção: côncavo, convexo!
Viajam-se loucuras: Roma, Astúrias...
Hormônios derramados, nos meus plexos...

Pernas titubeantes, reentrâncias,
As sedas e perfumes se confundem.
Nas fomes e desejos, as ganâncias...

Polinizando alcovas, borboletas...
Delírios e carícias loucas, fundem.
Nas bocas e nas coxas, mil cometas!




Lúbrica 2

Vestida de imortal desejo e nua,
Estende-se cruel por sobre a cama.
Um passageiro alado já flutua,
Acende fervorosa e louca chama.

Visagem tão fantástica de lua
Exposta totalmente em bela trama,
Escultural figura, densa e crua,
O passageiro, tonto, não reclama...

Ávido desta lúbrica escultura,
Esgueiro por debaixo da coberta
A boca exploradora me tortura,

A seta redentora e sua flecha...
A gruta delicada, porta aberta,
Num átimo, teimosa, já se fecha!



Máscara


Por vezes te pareço até acídico,
Deveras me detenho em tantos ermos...
Os erros que cometo, nem causídico
Defenderia. Tétricos, enfermos,

Desejos se transbordam. Pico, ofídico.
Embora tanto amor assim não termos,
Bem sabes que pretendo ser fatídico.
Palavras tão venais são simples termos...

Sobre este amor, sincero, meu tripúdio.
Empáfias e falácias, simples medo...
Bem sei quanto me dói o teu repúdio!

A dor de amar demais é meu segredo,
Sou qual sonata morta no prelúdio.
Amor, em teu carinho, meu degredo...



Rajadas


Passos calmos procuram harmonia,
Em teus gestos esfíngicos, quimeras...
Devoras a vetusta fantasia
Que se acampara desde priscas eras

No peito solitário. Melodia
Esquecida em felizes primaveras...
Amor de tanto tempo não queria,
Sentidos anciãos já me adulteras...

Nos juncais da saudade, perco o rumo...
Espreita-me a serpente, firma o bote;
Minha alma se esvaindo, leve fumo.

Renovas sensações mais arrojadas.
Prazeres e delícias vêm em lote,
No peito, as emoções vibram rajadas..



Quimeras


Qual vate dos destinos que persigo,
Trazendo teus olhares magnéticos.
Por vezes, indeciso, não consigo,
Bem sei que te figuram anestéticos

Os versos que burilo. Mas nem ligo...
Em êxtases diversos, tão ecléticos,
Percebo-te qual colmo deste trigo,
Deslumbrando-me. Amores são patéticos!

Mefistófeles! Nunca serei Fausto!
Ermitão, viverei sempre sozinho.
Amor que sempre trouxe tanto infausto,

Escusa-se dos versos e das sombras...
Vagando pelos campos perco o linho,
Quimeras, com certeza não me assombras!



escombros

Vagando meus caminhos por escombros
Entregues pelas mágicas penumbras...
A vida carreguei, pesa nos ombros
Tal qual ferocidade que vislumbras.

Meus sonhos se transformam em assombros,
Nas dores que me trazes, me penumbras...
Percalços que transponho, vários combros...
Persigo nova luz onde translumbras...

Homérico desejo: ser feliz!
Bendito quem consegue tal proeza...
A vida morre em palcos, pobre atriz...

Nos pélagos profundos, morro mar.
Quem dera reviva esta certeza,
Outros braços poder, enfim, amar!





Antiqüíssimo amor


Antiqüíssimo amor, recendes frígio!
Vestal e quase implume sentimento...
Conflitos inerentes ao litígio
Que vives; a causar tanto tormento.

Conservas das quimeras tal vestígio
Que forma cicatrizes: sofrimento!
Viver sem ter ciúmes: um prodígio.
Amores nunca são disperso vento...

Às vezes, convulsivos, outras manso,
É verbo que adjetiva minha vida...
Sentido vero e pleno não alcanço.

Contornos femininos, mas tão másculo;
Forma testosterônica traz básculo
Nas dores que carregas. Louca brida!



Cataclismo orgástico


Em cataclismo enorme, titânico,
Em busca de frementes espetáculos.
Amor que sempre fora tão tirânico,
Se mostra mais sutil, como em oráculos

Onde premissas: sorte, morte, pânico;
Freqüentam infernais, iguais cenáculos.
Carícias e desejos, conceptáculos...
Sentimento carnal, quase mecânico!

Inebriantes flâmulas, histéricas.
Sacrofagicamente canibal.
Buscando as epopéias quase homéricas,

Transfunde colossais pressentimentos,
Ungindo-se em torpor, qual animal,
Perpassa meus vadios pensamentos.


Daisy


Amor se prometendo mais sincero,
Em busca de teus olhos, vago o dia...
Por vezes te encontrei, sentido fero,
Nas outras me embalava a fantasia...

Sozinho, por teus lumes sempre espero
Na brusca indecisão sem valentia.
Amor, simples palavra que venero,
Embalde te esperei com galhardia...

Agora, com meu tempo se esvaindo,
A tarde se mostrando mais feroz.
No dia que renasce, claro, lindo;

Escuto teu cismar pela montanha.
Remoendo-me inteiro, vem veloz,
Explodindo-se em Daisy, força estranha!


Daisy: Olho do dia




Dalila



No colar perolado do meu sonho,
Encontrei tal sereia em devaneios...
Pensei que novamente mal medronho
Viria destruir belos anseios...

Entretanto, ao sentir-me mais risonho,
Carinhos mergulhei, teus belos seios...
Cansado do viver tão enfadonho,
Penetro por teus mares, rios, veios...

Relances imprecisos, meu passado,
Um beijo tão sutil, amor destila.
Reflete-se em teus olhos verde prado,

Como a me convidar a ser feliz.
Floresce neste campo a flor de lis;
Maviosa, com delícias de Dalila!




Cantares


Procuro por estradas sem desvios...
Recebo teu poema com vigor.
A noite se reparte trama cios,
Ouvindo tais palavras, traço amor!

Misturo sentimentos com vazios,
Espreito nesta curva, calo a dor.
Umbrais que se fecharam, sem estios.
Gralhando, minhas dores invernosas.

Recebo minhas velas, meus pavios.
As horas sem perfumes, pedem rosas,
Nas plêiades navego, são brilhosas,
Decifro teus cantares, meus navios...



Libertária


Pérolas que carregas, seus poemas,
Alvíssaras e paz, levam consigo.
Recendem esperanças, tantos temas,
As alamedas belas que prossigo...
Nebulosos destinos, os reverte.
Única pérola, liberta o mar;
Resume-se em sereia, que o converte
Incrustando o desejo de voar...
A luz se prometendo incendiária,
Cabendo dentro deste sonho: amar!
As algas, os marulhos.... Procelária
Revoa livremente, sem parar.
Lume se revigora, fonte vária,
As estrelas não podem reclamar!
( a poetisa é sempre libertária)

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