Pede o desejo, Dama, que vos veja,
não entende o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado,
que quem o tem não sabe o que deseja.
Não há cousa a qual natural seja
que não queira perpétuo seu estado;
não quer logo o desejo o desejado,
porque não falte nunca onde sobeja.
Mas este puro afeito em mim se dana;
que, como a grave pedra tem por arte
o centro desejar da natureza,
assi o pensamento (pola parte que
vai tomar de mim, terreste [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.
Luis de Camões
Amor sidérea fonte aonde em luzes fartas
Em vagas a plangência; expressa-se em luzernas,
As horas sendo assim somáticas e eternas
Etéreas ilusões, das quais jamais te apartas
Hedônica beleza, as mesas entre as cartas,
As sortes se lançando, excêntricas e ternas
Mesmo se estás ausente, eclética me externas
Intrépida loucura impede que tu partas.
Constelares ardis; exemplas sutilezas
Velada voz avisa as ânsias das riquezas
Que sei em ti encontro enquanto em cantos tento
Há tanto que me encanto e teimo em ser feliz,
Vontade audaz e férrea incita o que se quis
Prismáticos cristais, diamantino alento...
No comments:
Post a Comment