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Thursday, April 27, 2006

CARTA ABERTA A JOSÉ GENOÍNO

Ao companheiro José Genoíno.

Perdoe-nos pela nossa omissão quando você mais precisava; perdoe-nos pela nossa covardia.

Perdoe-nos por termos deixado aqueles estúpidos agredirem você vergonhosamente, torturando-te novamente, e acovardados não gritamos contra essa injustiça.

Perdoe-nos pela nossa atitude complacente com os mesmos que torturaram-te, criminosamente e agora, tentaram te atingir onde sabemoos que és imbatível, na honra e na integridade.

Perdoe-nos, por termos, num primeiro momento, deixado você isolado, encurralado, sem defesa. Qual fosse um bicho acuado, você não teve, sinceramente a nossa real solidariedade. Fomos cruéis, fomos estúpidos, fomos omissos e disso nós não nos perdoaremos, porém pedimos perdão a tua alma generosa e superior, pois somente pessoas especiais como você poderiam perdoar os omissos, os medrosos, os covardes que fomos nós.

Companheiro, camarada, tu que, num certo momento da vida, foste nosso herói, mas és pacífico, és doce e manso, ao contrário do super-herói que buscávamos na nossa ingenuidade, queríamos um novo Che, mas isso não levaria a nada, o mundo mudou, a guerra é outra, e a guerrilha é de idéias e não de armas, esquecemos disso e te vimos com olhos outros que não os da realidade.

És bom de caráter e de alma, acreditas nos irmãos, nos companheiros e isso é muito bom; porém foste enganado; te colocaram em uma emboscada muito pior do que as da época da guerrilha, e foste tragado pela direita asquerosa, com a nossa apatia como testemunha.

Não tens a característica guerreira do José Dirceu, és puro de alma, és um bom amigo, um bom companheiro e acreditas nas flores vencendo o canhão; e isso te custou esse afastamento, quase ocaso; mas o por do sol traduz o renascer de outro dia amanhã.

Hoje percebo o quanto, nesse ano que passou fomos cruéis contigo, homem sensível e digno, verdadeiro cidadão, a tua atitude digna, do recolhimento do guerreiro ferido na alma, me lembra a de Lula quando atingido pela manobra covarde de Collor, o recolhimento, a apatia.

Esquecemos de que você, cabra macho, nordestino de corpo e alma, tem na HONRA seu tendão de Aquiles, ao contrário dos coronéis de tua terra, o sertanejo é, antes de tudo um CABRA HONRADO, podes roubar-lhe tudo menos a honra; esquecemos disso.

Amigo, por favor, acredite, estamos do seu lado, ao seu lado e consigo para o que der e vier.

Acreditamos na sua inocência inerente ao seu caráter, sabemos o quanto você foi e é admirado pelos que convivem com sua intimidade, sabemos disso.

Sabemos que você, ao contrário do que se divulgou, foi fiador do seu filho, o PT, como todo bom pai é, como todo irmão digno é, como todo bom camarada é, com a melhor das intenções.

Você é o melhor exemplo de dignidade que pode haver num cidadão lutador, bravo, digno, e coerente; o que é difícil encontrarmos nesse mundo cão.

Fazemos um apelo – seja nosso candidato a camara dos deputados, ela precisa de você, vamos lhe dar com certeza, a votação mais expressiva que um deputado terá, mesmo que não a maior, porém a mais representativa, pois será dada por quem lhe admira e por quem tem em você um exemplo de dignidade a ser seguido.

Não soubemos diferenciar a sua mansidão, a sua pacificidade, a sua integridade calma; querámos que você fosse, de novo o guerrilheiro, estávamos todos enganados, a hora agora é das flores vencendo o canhão!

Lutamos por um mundo melhor para nossos filhos e, nesse mundo exemplos como o seu serão de vital importância para o mundo que queremos, sem armas, sem injustiças, sem ódios, sem comandantes e comandados, sem elites e sem famintos, um mundo de irmãos e irmãs, convivendo simplesmente com as diferenças, respeitando-as e sem imposições.

Onde o cordeiro possa ser mais forte que o leão, onde a paz reine absoluta, onde as guerras e guerrilhas sejam obsoletas; és, em suas atitudes, um símbolo, tal qual foi Gandhi, Madre Tereza, Luther King e outros,

José, simples José, genuíno amigo, genuíno PT, amor genuíno, nos perdoe.

Marcos Valerio Mannarino Loures , Alegre –es 27 de abril de 2006

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