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Sunday, November 12, 2006

textos

Edwiges




Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.

Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...

Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...

Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Meu amor, Edwiges, a guerreira!

Edwiges: Guerreira rica










Elaine


Nas origens da Terra, escuridão
Absoluta, total... Nem sequer brilho!
Na treva verdadeira, céu e chão
Se confundindo... Qual um andarilho

Caminha no deserto, no sertão,
Sem ter sequer noção, precisa trilho,
Assim também caminha um coração,
Vai buscando ecoar seu estribilho...

As luzes que surgiram sobre a Terra,
Exaladas da estrela que ensolara,
Florescendo nas mata, campo, serra,

Permitindo que tanto sonho plaine
Embelezando etéreos. Jóia rara,
Amor, também rebrilha em ti, Elaine...


Elaine: Tocha, luz






Helena


Tal qual uma princesa cintilante,
És dona dos mistérios de um farol.
A lua, nos teus olhos navegante,
Ardendo muito mais do que o sol.

Transbordas de emoção a cada instante,
Cobrindo este universo com lençol
De estrelas coloridas, delirante...
Ao vê-la no castelo, sou reinol,
(Um brilho em teu sorriso, diamante!)

Por vezes nesta esplêndida visagem,
Meus olhos qual falenas pedem lume,
Escravos, imploravam à paisagem,

Um resto deste brilho encantador...
Nos raios, um incrível bom perfume,
(Helena), Esta princesa e seu amor...


Elena: Tocha, luz






Eliana

Raios solares, vida em tempestade!
Nos brilhos ardorosos, queima, em brasa...
Pois todos os recônditos invade
E violentamente tudo abrasa!

Ardendo com possante claridade,
Penetra cada cômodo da casa,
Eflúvios de beleza e de saudade,
Minha vida, seus brilhos, já se embasa.

Procuro por teus raios sedutores,
Neste fototropismo alucinante!
Agitando, potente, meus amores,

Trazendo aos meus sonhares tanta gana!
Ó deus destes delírios seu amante
Já busca por seus raios: Eliana!


Eliana: Sol, de beleza resplandecente;
Marcos Loures






]
derradeiro sonho
Se quando eu te encontrei num derradeiro sonho,
Tivesses me negado amor que nunca cri.
Talvez tivesse sido um tempo mais risonho...
Amor que nunca soube; ainda estou aqui...

Por mais que te pareça incrível, é medonho!
Muitas vezes esqueço as dores que senti,
Em outras, esperança, o meu canto tristonho
Me lembra simplesmente, o que jamais vivi...

Amor que não brotara espera por um parto.
A vida se demora, aguarda um sentimento.
Dessa dor gigantesca eu ando meio farto.

O beijo que não tive espero em minha boca.
Um cata-vento espera um pouco deste vento.
O meu mundo passando, a minha vida louca..








Quando partires
Quando partires vou procurar pelo brilho
Que deixas no teu rastro, estrelas radiosas...
Com toda esta certeza amor igual de filho,
A mão que me domina espinhos traz das rosas!

Meu canto procurando o mais belo estribilho
Encontra teu perfume em flores olorosas.
Por tantas vezes tonto, em vão, eu sou bisbilho,
Perdendo meu sentido, as mãos maravilhosas...

Meu gélido suor, meu medo de costume,
Seguindo nesta espera encontro um vasto não,
Mergulho na quimera e perco teu perfume.

A lágrima infinita aguarda quem recolha
Nos lastros da memória agüenta coração
Flutua o pensamento: é ar levando a folha...









A saudade é tormento

A saudade é tormento, esmaga o coração...
Procura pelo porto, encontra podre cais...
Saudade dolorosa em busca do perdão
Esbarra na vontade, e vai pr’a nunca mais...

Saudade que me corta, em tanto sonho vão,
A resposta, sempre ouço, a mesma, pois jamais
Saudade terá mesa em toda essa amplidão.
A dor dessa saudade a saudade me traz...

Me recordo do beijo, amor que já morreu...
O céu que sempre brilha, invernoso nublou.
A noite que era clara e já se escureceu

Demonstra quem eu fora e nunca mais serei,
O tempo que sonhava e que já se acabou
Foi um tempo feliz onde amar era a lei!





Quem me dera
Quem me dera quem dera não me desse.
Os rumos e as rimas mais atentas
O céu que não clareia me escurece
A prece que não fiz as águas bentas

No medo que arremedo a noite desce.
Consegues não consigo bem que tentas.
Os trâmites tramitas tanta prece
Os térmitas entrando em minhas ventas.

Ventas e não revelas revés velas
Vagas velhas vontades vate vá-te
Rés e restos protestos me revelas.

Na boca cabe beijo bela bate
Na paz capaz chispar cobrir cabelo
No nó que não notaste no novelo...



Que se dane!
Me perco, manso e safado, asco e desejo,
Arpejo e salamandra, enormes vagalumes...
Colibris e paraméceos, cios e senzalas...
Sou mar e marina, amaria e não amar
Rumar por ruas e aspas, métricas e rimas,
Cismas e sismos. Cinismos.
Me perco...
Nada mais posso dizer, viver é saber mar.
Mar que não freqüento, vento que não tenho,
Cenho já fechado, arado que não ara, ar, aragem...
Paragem, freno e fornalha, parafernália.
Meu último segundo, mundo que inibe, bélico...
Eólico, fatídico, fraternal e farsante.
Farsa andante, ando meio à toa. À tona. Átona...
Teimo com tremas e temas, átomos, tomos
E temeridades.
Temer idades.
Temer cidades.
Temer os hinos,
Termino
Término.
Termos e hinos,
Meninos...
Meus hinos e meus mimos, martírio.
Quero o gosto, gozo e gesto.
Vivo pro gasto, pro fausto e pro fastio
Pro afã, profano...
Giro por entre gestos incontestes com testes, contextos.
Com textos e texturas.
Puras peraltices.
Altas pernas, pernaltas, pernas longas...
Pernilongos, longos, logos, lagos, escunas
E lagunas.
Lacustre sonho, medonho me exponho e me ponho no mar...
Ar e medo, arremedo absoluto. Absurdo,
Surdo a soldo, sola, soldado...
Calo e refaço,
Farsa e cobrança
Aliança.
Mansidão....
Te amo e que se dane!





lusco-fusco
Amor que se fizera lusco-fusco,
Em plena calmaria se rebela.
Não creio em sentimento pobre, fusco,
Que sempre que se acende pede vela.

Nas sombras deste amor eu não me ofusco,
A vida pintaria nova tela...
Nos horas mais difíceis eu me enfusco
Cavalo que não trota, perde sela...

Vivendo nessa espreita, nas ruelas,
Amores que pensei, não mais retornam...
Firmando os parafusos, arruelas,

Firmando o pensamento, trago o sonho,
As horas mais difíceis se contornam,
Meu medo deste amor se faz medonho!



pergaminhado
Estou pergaminhado, tanta ruga...
O mar que naveguei virou um rio...
A casa que vendi ninguém aluga.
O cobertor usado traz o frio.
Vencido por outonos, já me inverno.
A lágrima rolava? Já secou.
As traças devoraram velho terno,
O barco dos meus sonhos naufragou!
Não ouço mais teus cantos, estou surdo.
As luzes que trouxeste? Vago cego.
Nas guerras que inda enfrento, morro curdo.
Amor que me trouxeste, já renego.
Meu mundo
Num segundo
Vira mundo
Vagabundo...
Afundo o travesseiro
Travessas e viseiras
Trastes velharias
Se gostas de velórios
Passas satisfeita.
Não falo de despeito
Nem medo e tentação
Ação que não se tenta,
Morre sem perdão.
Perdendo já me perco
Perdido me perdi.
Achei um firmamento.
Momento que me firmo.
Afirmo que sou vão,
Verão já nem conheço
Remessa vou avesso,
Me deste o meu norte.
A morte que rodeia
Na veia inoculada.
Na beira da calçada.
A banda já passou!





Curvas
Não poderia ver o vale...
O mundo não deixaria outra escolha.
Cola e cavalo, casa e casal... Casamento!
Pergunta que não se responde,
Bonde vai, bonde vem...
Ninguém poderia saber
Ao certo se duvidoso.
Nascido e criado, talvez morto
No vale que jamais deixaria.
Ria e chorava, rio e riacho,
Diacho de vida!
Maria e casamento.
Momento difícil de escolha.
Escola distante, futuro traz fruto
Semente e sêmen, momento de glória.
Sem ismos e achismos, marcas e marchas.
Festa e refastelo.
Cama e chama
No final, moleque,
Um leque que não abre,
Um mundo que não cabe
Na curva deste rio
Nas ruas da viela,
No vale onde nascera.
Mundo comprido e tão distante.
A cada instante novidade.
O vento da liberdade
Vencido pelo morro,
Trazendo seu socorro,
Maria do Socorro...
Rebentos à vontade.
Qualidade e quantidade,
Eta gurizada bonita!!!
Novilha e cabrita, café e cafuné, resultado: menino!
A vida se passa e se comparsa.
Tem farsa,
Mas disfarça que o cavalo ao vale vem...
Antes tinha trem
Agora ninguém vem,
Somente a vida, trem
Danado de bom...
Não sabe de São Paulo,
Nem Rio nem Belzonte,
O belo do horizonte
Termina ali na curva,
Nas curvas do socorro,
Ancas de Socorro.
Resultado: mais guri...
A mão que se quebrou
O breu logo curou,
Um canto curioso
Na serra curió.
A vida deu um nó,
Nasceu tanto menino...
Na ponta do cipó,
Na curva do destino.
Saudade desse tempo
Do vento em minha nuca,
A vida é arapuca
Não bole nem remexe.
Vazando pelos pastos,
Nos gostos e nos gastos.
Sementes de esperança
Plantadas no quintal.
Do seu canavial, havia novo aval
Ser feliz!






Vale
Vales e cavalos,
Nasci em meio aos vales,
Meus pés transitando
Frios e espinheiros...
Milharal, boneca
Brinquedos e moleque.
Carro de boi, aboiando
Arando, trazendo vida.
Vida e sol, solar e sonata.
Serenata...
Sereno de madrugada,
Manhã nublada
Seguindo a cartilha
Felicidade...
Parceiro dos sonhos
Menino cheira liberdade.
Gravetos e lenha
Fogão e comida. Café, leite e broa...
O que era doce
Foi pro chão,
Pote rachado,
Vida também...
Veludos e cetins eram ilusões
Contadas pelos mais velhos.
Mil e uma noites, mas pra quê?
Sonhar acordado de acordo com o coração.
Cordas e acordes; violão!
Primeiro amor, amor amaro amora, amargo...
No trago o primeiro gole, a gola e a gala.
Danças e remansos riachos....
Achas e rechaços, cachaças e cachaços...
Dia de festa: leitão berrando, faca entrando,
Pururuca!
Nunca mais...



Só sei que te amo!
Noite e dia
Canto e silêncio
Espora e corcel
Lua e sol
Praia e montanha
Vento e proteção.
Relento e agasalho
Certeza e dúvida
Dívida e acerto
Concerto e conserto
Mata e cidade
Perdição e rumo...
As pontas opostas
Dispostas desta estrela
Trazendo um núcleo
Igual, repartido.
Elétron e próton
Platonicamente correto.
Politicamente nem tanto.
Encantos e recantos se misturam
Moscas pousam sobre os talheres...
Segredos com partilhas compartilhados...
Medos e modos distintos,
Distinta e indistinto
Instinto e razão.
Tinto vinho, veneno e verão.
Versos e solidez.
Avesso e reverso
Meu verso procura
A cura e ternura,
Na jura e na rima
Arrimo e contrasenso.
Estrito e imenso,
Imantados
Pólos opostos
Atos e apóstolos,
Postulas e não posso
Pústulas carrego
Nego e me pegas,
Corvos e pegas...
Percas e ganhos...
Enganos e ganas
Gerânios e gerúndios.
Como pode um peixe vivo...
Nas horas mais estranhas
Entranhas e temperos.
Seios e rodeios,
Cavalgada...
Vagas calvas dos montes.
Remontes e desmontes.
Pouso e gozo, órgãos e orgasmos.
Espasmo e espantos,
Contratos e contraltos
Remessas e conversas.
Discutir a relação!
Relatos e remédios
Rotas sem tédios
Temidas e terminais...
Tolas discussões
Sessões de culpa
Desculpa e me culpa
Culpa
Culpa
Quero lupa!
A pupa apupa e apóia
Quase que bóia
A jibóia me aperta.
O nó da gravata
Bravata e graveto.
Vate e barata
Barbatanas
De tubarão
São afrodisíacas!
Paradisíacas misturas, curas e chicotes.
Látegos e latejos.
Polens e pré-juizos.
Prejuízos?
Quem sabe
A porta se abre,
Se cabe ou se acabe não cabe!
Será?
Só sei que te amo





Sina
Vergalhões e vergastas,
Gastos meus gestos e minhas graças...
Garças livres alvas voam.
Ventos e ventanas, vestes e ciganas
Se engana se pensa que não amo.
Amor meu moleque
Brincando de queimada
Se queimou...
Amor que quem dera não daria (faz cócegas)
Não vale a vela nem velório
Valeria?
Valério.
É, eu sou valério por isso vale e rio
Riso e resvale, velando meu cadáver
Cada ver cada via cada veio
Cada não valia.
Porcada por cada porcariada
Escrevo meus versos reversos e incertos.
Corretos e carretos. Sei de cor!
Enfaixas em gazes e faixas de gazas
Azares.
Azedos ácidos e ansiosos
Siso e seio. Parece...
Padeço e não expresso, expressão.
Palavra bonita boa fita boa broa, boda?
Deu bode!
Bodega e botequim
Química danada
Cachaça batizada!
Uísque?
Quem disse?
Cerveja e caninha,
No máximo um rum.
Rumo ruim e remoso.
Reinoso.
Reinado...
Menino malandro,
Urubu malandro
Pixinguinha. Pizindim...
Bateu amor em mim.
Que faço?
Recomeço ou tropeço?
Te peço ou me guias?
Mergulho ou orgulho...
Gorgulho!
Fio fosco e frio.
Fenestrado...
Mestrando e mostrado, amansado
Maestria...
Domesticado fica melhor que amansado.
Doméstico, do mestre, da maestrina.
Minha sina é ser assim?
Asmante.
Aos montes
Amante sem mares
Nem marés,
De viés
Sem fé.
A pé!



Elisângela


Fortuitos sentimentos são ferozes
São facas que machucam com dois gumes.
As mãos que acariciam são velozes,
Amor que não se cuida, sem costumes...

Os cantos que não trazes perdem vozes
Meus dedos não procuram por estrumes
As ruas dos silêncios são atrozes
Nas noites dos meus sonhos cadê lumes?

Singelos meus defeitos são completos
Completam-se nos erros que não fiz.
Amores são meus pratos prediletos,

Embalde nesta vida sou feliz
Violas quando plangem serenata
De amores Elisângela é a nata!


Elisângela: Amor leal




Elza


Das águas surge bela e calma ninfa,
Seus olhos refletindo todo o céu
Das festas e dos cantos paraninfa
Beleza que emoldura, traz no véu.

Ao vê-la, o coração entra em vertigem,
Dispara como fosse carrossel
No corpo dessa amada e linda virgem,
Amores e promessas no papel.

Pergunto aos deuses como te fizeram
Respostas não ouvi nem ouvirei.
A fórmula, por certo não me deram,

Nem eles mesmos sabem com certeza
Amar essa mulher me fez um rei.
És Elza, destas ninfas, a princesa!


Elza: Virgem das águas



Eloisa



Nas guerras e nas camas peço paz!
Meus medos são remédios e doença.
Por vezes me percebo tão capaz
Mas quase não conheço quem convença.

Quem dera ser assim, um bom rapaz,
É coisa que não quero e vou sem crença.
Batuca no meu peito um capataz,
No fundo não me cabe nem compensa...

A noite se refresca em plena brisa,
O manto das estrelas me cobriu.
Nos versos dessa amada poetisa

Meus erros se acumulam, mais de mil.
Desculpe se machuco-te Eloísa,
Amores do meu jeito, mais viril.

Eloisa: Combatente gloriosa




Emanuele


Deus existe? Pergunta que repito,
Invariavelmente a cada dia...
Por vezes imagino que acredito,
Por outras me respondo: é fantasia!

Ateu, de vez em quando faço um rito,
Escrevo tantas vezes, poesia.
Nas noites que não durmo, mais aflito,
O frio me trazendo pneumonia...

O medo me refaz desta coragem
Que tantas vezes vem e prejudica
Não quero imaginar sequer bobagem,

Amor que não concebo me repele.
Rainha dos meus sonhos foi tão rica
Quando acordar te encontro Emanuele...


Emanuele: Conosco está Deus



Emilia


Beleza que não tem nenhuma igual
Passeia pela sala, vai desnuda,
É fogo que se alastra, é carnaval.
É pássaro que canta em plena muda.

Doçura tal? Achei canavial,
Meu Deus, eu necessito Sua ajuda,
Me dizes onde andaste neste astral,
O que é que faço Pai? Vem e me ajuda!

Amores quando muitos são terríveis
As brigas e discórdias invencíveis.
Voando meus talheres e mobília

A casa se transforma num segundo!
E tudo se desaba acaba o mundo!
Amor da minha vida és tu, Emília!


Emilia: Rival enciumada


Érica


Teus olhos tão soberbos não encaro!
A vida não me deixa solução,
Quem fora amor mordendo fica caro,
Ajoelhado estou, peço perdão!

Se imaginasse assim, tivesse faro,
Por certo preferia a solidão.
Vagando pelas ruas sem amparo,
Lambendo estes teus passos sou um cão.

Não maltrate quem te ama, minha amada!
A vida sem amor é quase nada,
É rio que se perde do seu leito.

Não precisa gritar assim, histérica,
Nem tudo nesse mundo é tão perfeito.
Mas, por favor, não me abandones Érica!


Erica: Aquela que é sempre poderosa


Estefânia

Minha princesa eu vivo, sou plebeu,
Por certo nunca soube quem eu era
No mundo que vivemos restou eu,
O resto do reinado não espera.

Fingindo ser verdade já morreu,
O tempo que vivemos na tapera,
O manto que te cobre escureceu,
O peito de quem ama, dilacera...

Fagulhas incendeiam toda a mata,
Remates e remendos ficam feios
O tempo que passamos na cascata,

Talvez tenha mudado teus anseios...
Os corações embalde querem meios,
Pois quem ama, Estefânia, não maltrata!


Estefânia Coroa, realeza


Estela


Olhando para o céu vi uma estela!
Estrela de raríssima beleza
Brilhando neste breu fiz uma tela
Que mostra toda a sua realeza.

Princesa das estrelas me revela
O mundo que trouxera com certeza
Nos pântanos e charcos sempre sela
Corcéis de fina estirpe da nobreza.

Vasculho pelo céu e nada vejo.
Sumiste sem sequer deixar sinal.
Agora o quê que faço do desejo,

A vida vai morrendo sideral.
Do brilho que trouxeste sequer vela.
Somente nos teus olhos, minha Estela!



Estela: Estrela



Elisabete


Meus versos revelando velhos vícios
Vontade de viver, vera vertente.
Nas praças e nas poças, precipícios;
Nos vales e nas vias pertinente.

Se vago nunca deixo esses indícios
Vorazes véus velozes vivo urgente.
Amores que me moram são fictícios...
Nos campos de batalha inda sou gente...

Não vejo meus velórios sem confete.
Não tramo meus temores sem tropeços.
Nos ermos escrevi teus endereços,

Nos olhos criminosos, canivete.
Na festa dos amores, adereços;
Nos braços, minha amada Elisabete!





Elisa


Nas horas complicadas desta vida.
Comparsa e companheira, minha amiga.
Navegas por meus mares sem intriga
Minha alma se emparelha, repartida...

Não quero mais saber se vai perdida
Ou se encontra nos braços ou periga,
P’ras dores deste mundo: trago figa,
Nem quero mais ficar, venha e decida!

Meus olhos vagamundos vergalhões.
Vão vesgos vasculhando a decisão.
Embarco-me na toca dos leões;

Do mundo quero amor e mansa brisa.
Aguardas que me exploda o coração?
Te espero atrás da curva amada Elisa!



Alma sem juízo
Não me venha falar de minha alma
Ela precisa de um corpo, o meu não vale...
Esquecido pela sorte dos pintores
Pelo mote dos cantores
Pelos perfumes, flores
Se fores
Não contes com a volta;
Quem quis ás, morre curinga!
Não vinga...
Respingos de vela e mãos talentosas
Até que poderiam dar um jeito...
Mas parto sem partilha
Sou ilha quase vulcânica
Expiro a cada momento,
Não quero falar dessa alma,
Até que não é das piores,
O complemento é que mata.
Matas e cascatas, casas, casamatas.
São metódicas e trágicas retóricas
São fúnebres!
Meus modos e meus medos, medonhos!
Caídos os dentes, o alho inda continua...
A falha da fala o falo falava mas calou-se...
Recipiente sem pente, serpente sem dente...
Peço desculpas se te incomodo
Não tenho modos
Sou assim.
Início sem fim,
Final de feira
Xepa!
Fragatas e fragrâncias: flagrante!
Vísporas e vésperas ; vespeiro!
Não tente temores nem humores,
Sou vão vou vão vivo vão morro vão
Vadio...
Vazio.
Misturo meus mares e meus mundos
Nada sobra,
Sombras e escombros,
Dou de ombros
E vou.
Não me assombro nem somo,
Nem sou.
Restei...
Alma toma juízo e procura um novo porto!
Estou apaixonado pela sereia
Mas e daí?
Não veio nem virá
Nem que seja poente
Nem de repente,
Nem estrelares
Nem aldeias
Minhas veias?
Minhas vias?
Ser feliz!


Eva

Revelas relvas ervas e valores,
Vaticino futuro glorioso!
Nas almas e nos âmagos amores,
Nos olhos tantos óleos. Oloroso

Perfume que me encharca, raras flores.
Decoro com coragem, caloroso,
Os templos que se ergueram sonhadores.
Meu peito me maltrata tão idoso.

A fome de viver já me domina.
Não quero conhecer eterna treva.
Um brilho deste olhar cedo alucina,

Os olhos de quem morre e já se neva.
És último estertor, bela menina,
Primeiro e derradeiro amor, és Eva...


Eva: Vivente, viver, vida




Evelyn


Um canto triste vive na gaiola,
Não posso nem ouvir que não resisto.
Amor e liberdade minha esmola,
Nas lutas que travei nunca desisto.

Tortura sem igual matando, imola;
Não posso me calar defronte disto.
Maus tratos tão cruéis fazendo escola,
São coisas pertinentes a Mefisto!

O pássaro que canta a liberdade,
No vôo que procura traz encanto.
Amor p’ra ser amor-felicidade,

Busca compartilhar-se em cada canto.
Esqueço minha agrura e meu tormento,
Com Evelyn voando, livre vento!



Evelyn: Pássaro

Eunice



Nas várias tempestades e batalhas
Os campos que pretendo não resistem.
O corte mais profundo das navalhas,
Os medos de viver, loucos assistem.

Amores não se fecham nas mortalhas
Invadem tantas lutas e persistem,
As roupas que vestimos, puras malhas,
Teimosas, nossas dores inda existem...

Nas roupas e nos medos, nossas lutas,
Comportam sem querer final e rumo...
As dores, entretanto, são astutas

Não deixam nem sequer qualquer aprumo.
Amor quando ressurge traz a glória,
Nos teus braços, Eunice esta vitória!


Eunice: Vencer, boa vitória


Eva

Revelas relvas ervas e valores,
Vaticino futuro glorioso!
Nas almas e nos âmagos amores,
Nos olhos tantos óleos. Oloroso

Perfume que me encharca, raras flores.
Decoro com coragem, caloroso,
Os templos que se ergueram sonhadores.
Meu peito me maltrata tão idoso.

A fome de viver já me domina.
Não quero conhecer eterna treva.
Um brilho deste olhar cedo alucina,

Os olhos de quem morre e já se neva.
És último estertor, bela menina,
Primeiro e derradeiro amor, és Eva...


Eva: Vivente, viver, vida

Eugenia



Bem sabes que não tenho mais futuro,
Meu tempo de existência já se acaba.
O mundo que terei será escuro.
Não posso te entregar vida nababa,

A sorte me deixou, pulou o muro,
A casa que prometo é simples taba,
Colchão, onde dormimos de chão duro,
O teto, se chover quase desaba!

Nascida com certeza em berço d’ouro,
Não sei como consegues ser feliz.
Jaqueta que vestias puro couro,

A vida que te entrego é por um triz.
Eugênia eu te corôo te dou louro,
Receba, com carinho, a flor de lis.

Eugenia: Nobre, nascida em berço de ouro.



Ester

Nas noites mais distantes, a quimera
Procura no meu peito seu abrigo.
O tempo que se passa, traz a fera,
O medo não resolve este perigo.

Amar quem nunca amei, enfim, quem dera!
O fogo que me queima já nem ligo...
A língua que me lambe, da pantera...
Temor que me domina tão antigo...

Amor não é servil nem é qualquer.
Sentimento nobre que existiu.
Procuro insanamente esta mulher,

Ninguém sabe, ninguém fala nem viu;
Num momento deparo com Ester
A vida, sem quimera, ressurgiu!



Ester: Estrela
Marcos Loures




Estela


Olhando para o céu vi uma estela!
Estrela de raríssima beleza
Brilhando neste breu fiz uma tela
Que mostra toda a sua realeza.

Princesa das estrelas me revela
O mundo que trouxera com certeza
Nos pântanos e charcos sempre sela
Corcéis de fina estirpe da nobreza.

Vasculho pelo céu e nada vejo.
Sumiste sem sequer deixar sinal.
Agora o quê que faço do desejo,

A vida vai morrendo sideral.
Do brilho que trouxeste sequer vela.
Somente nos teus olhos, minha Estela!



Estela: Estrela
Marcos Loures

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