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Friday, May 5, 2006

Nas minhas mãos cansadas, a luta incessante da lida, os ouvidos atentos, espreitando o canto do amanhecer, refletido na lida distante e constante, na tímida fragilidade das esperanças acalentadas pelo gosto da aurora, brilhando por sobre os edifícios e barracos.
Minha vingança nunca tarda, retrata o tempo esgotado, o ardor mitigado da dor da contradança consumada num ato insensato de perdão.
Quero a pretensão de ser livre e morrer no mar, no amor e marte, na sorte dos destinos sem tatos e sem tinos, sentidos expostos e impressionantemente vagos.
Quero o vagão do trem passando pela porta da namorada, na amada alma, animada festa, pela fresta da porta entreaberta, na cidadezinha pacata, acatando o recato e o recado das meninas, que me ninam e me transitam, corpo e alma...
Quero o orgasmo da chama ardente no peito, no contrasenso imenso, imerso, às avessas, bailando a esmo por entre sentimentos e lamentos, meus momentos mais frágeis e cruéis.
Nos reveses, as lacaias dores, amores vencidos e passados a limpo, num timpânico reboliço, noviço e vicioso, contraposto e audacioso, num exposto e nevrálgico alento.
Quero ter o termômetro e o tormento, o acento e o incestuoso desejo de amar a mã terra, minha origem e meu ocaso, por acaso, companheira de tantos tempos e temores.
Na natureza soluçante de meu amante peito, perto e completo, complexo e sem nexo como o vai e vem das ondas, das vastas ondas do meu mar, marés e manhãs são, sobremaneira enfáticas nas mãos cansadas da tarde crepuscular da da existência.
Quero a clemência pelos pecados, pelos olfatos e carícias, pelas delícias algozes, vorazes e velozes que me conduzem ao orgasmo.
Quero o marasmo da vida o cansaço do depois, após o cio, o vazio do prazer satisfeito, do tudo feito e nada compreendido, no sarcástico sorriso preciso e necessário, dos vários modos de amores- perfeitos, mesmo contrafeitos, do feitio exato, do ato exalando o olor de todas as dores que o prazer proporciona.
Sei ser o não fui, nem sei nem serei, sei ser o calado, o mudo e sensato, mesmo que, na insensatez da tez que a vida apresenta, sei me conter no infinito, no rito mais melodioso dos cantos mais belos, nos vôos perfeccionistas das artistas borboletas.
Sei o amor da mãe, numa manhã, numa manha, numa sanha que assanha e debocha, desabrocha no outro colo, no solo do amor maior.
Do amor divino pelo atino e desatino, desalinhando cabelos e novelos da lã mais bonita, numa multicolorida esperança.
Falo do tempo, do tento, do invento e contrato, do cadarço do sapato que a surpresa desamarrou, no tropeço mais distante, num concerto mais vibrante, consertando o que fora erro e desterro de um sonhador.
Meu gesto tresloucado, atado a cada passo, num compreensível desgaste, num arremate fatal, trazendo a tradução do trabalho que atalha o complexo processo de batalhas pela sobrevida anunciada, com os medos e cantigas esquecidos no fundo da memória.
Marcho para o misto de broto e poda, num eterno ziguezaguear do parto e morte, arrematando-me integralmente para o futuro, escuro e vago da brisa e tempesta, da festa e sofrimento que acalentam e acalmam, que riscam, cometas e cometem as mesmas intransigências que nem as clemências nem as impotências podem traduzir mais corretas.
Por fim, tenho meu mundo nas mãos cansadas, mas soltas, arrematadas para o amanhã.
Ditos e mitos são meus cálices onde mergulho e naufrago, onde me embebedo nos tragos trazidos pelo transitar dos meus segredos, os medos e os cantos.
Meu pomar de carinho, meus ninho, aninho-me, te acarinho, mas morro, sozinho...

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