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Monday, December 13, 2010

EU TE AMO!! coroa de sonetos 113
1569

Farrapos do que fui; o fogo queima
Deixando por resíduo um vão retrato,
Por mais que se emprestando a uma toleima
Tristeza quer comer no mesmo prato.

Das ânsias imagina a guloseima
Uma amizade vira desacato,
Sabendo desta antiga e mesma teima,
Nos mãos de uma amargura eu me debato.

Aguardo na esperança um bom causídico
Evitando talvez, jugo fatídico
Cansado de viver no amor qual réu.

Rompendo esses grilhões, aguardo a sesma,
Embora já sabendo ser a mesma
Guardada há tanto tempo em negro véu...

1570



Guardada há tanto tempo em negro véu
Imagem destroçada da esperança
Somente uma ilusão ainda amansa
O que restou de um sonho tão cruel.

O amor se fez da paz velho bedel
Arauto que anuncia a nova dança
Quem tem no amor imagem, semelhança
Já sabe desvendar chaves do céu.

Por vezes não entendo o seu intuito
E mesmo que ele venha assim fortuito,
Amor sempre tramando algum remendo

Estende suas mãos com galhardia,
Quem busca neste insano uma alforria
Acaba quase nada, ao final tendo...

1571



Acaba quase nada, ao final tendo
Aquele em quem o sonho deposita
Além do que em verdade amor nos dita
Diversas emoções; segue vertendo.

No quanto não preciso mais de adendo
Evito vislumbrar qualquer pepita
Que traga, de repente uma desdita
E tudo continue corroendo.

Benesses eu recebo quando entranho
O gosto de sonhar, mesmo que estranho,
Apenas tão somente por saber

O quanto nada além de uma ilusão
Permite que qualquer transformação
Não deixa mais a luz se perceber...

1572


Não deixa mais a luz se perceber
Montanhas de problemas que hoje trago,
Não quero da alegria algum afago
Nem mesmo seus carinhos receber,

O quanto é necessário converter
O trigo que apodrece cada bago
Se amor ou esperança eu sempre apago,
Matando a fantasia sei poder.

Nas ancas remelexos e senzalas,
Nos olhos e nos beijos, tantas balas
Revolvem dia-a-dia adiam sonhos.

Nas mãos da namorada esse fuzil,
Sorrisos na verdade tão medonhos,
Facetas desta trama mais sutil.


1573


Facetas desta trama mais sutil
Nas máscaras da sorte dão azar.
O beijo que se pode sonegar
Transporta um gozo estúpido e tão vil.

Embora nada tendo, amor pediu
Um preço tão difícil de pagar,
A lamparina teima em se apagar
No céu as cores várias de um abril.

Um hábil jogador sempre adivinha
Quanto seu adversário nunca tinha
Num blefe muitas vezes genial.

Penumbras desfilando na calçada
Não é decerto, amor, da minha alçada
Meu verso é fartas vezes mais banal.


1574


Meu verso é fartas vezes mais banal,
Eu sei que isso é talvez lugar comum,
De todos os meus sonhos sei nenhum,
A lua se perdeu em novo astral.

A par deste vazio em meu bornal,
Não tendo mais desejos eu quero um
Que tire da gaiola o cego assum
Deixando ouvir seu canto magistral.

Assim engaiolado tantos anos,
Tomando em goles fartos, desenganos
O tempo não descansa e sem limite

Avança enquanto rouba meus cabelos,
Fomenta a cada noite pesadelos,
Ainda quer que nele eu acredite...

1575

Ainda quer que nele eu acredite,
Moleque tão maroto o tal do amor.
Por mais que uma incerteza ainda agite
Desconjuro quem teima sonhador.

Não quero que essa treva inda me fite;
Nem mesmo com seu ar de benfeitor,
Amor que me iludindo, encantador
Não tem direito algum a dar palpite.

Às turras vou seguindo a minha sina
Bebendo a fantasia em grandes goles,
Mas saiba quando em fogo tu já boles

A sorte desdenhosa se declina
Vislumbra o fogaréu mais corriqueiro
Quando se bota a mão neste vespeiro...

1576



Quando se bota a mão neste vespeiro
Garanto que ninguém fica por perto.
Amor que tantas vezes é treteiro
Propaga a tempestade no deserto.

Revolução em fogo costumeiro,
Sem eira perde beira em campo aberto,
Espalha pela casa esse mau cheiro,
Tornando o meu caminho mais incerto.

Recolhe tão somente os meus pedaços,
Amor só deixa assim, restos bagaços
Depois de devorar tudo por dentro.

Nas tramas deste arqueiro eu me concentro
Mas nada do que vejo mostra um rumo.
Também se nem meus erros eu assumo...


1577



Também se nem meus erros eu assumo,
O que dizer de ti, moça avoada?
A carta deste jogo está marcada,
Depois de tanta falha, eu me acostumo.

Porém é necessário ter aprumo
Erguendo o peito em alma destroçada.
Sabendo que ao final, nova guinada
Trará de novo à vida o velho rumo.

Vencendo a tempestade, sigo alerta,
Estrada que pensara estar aberta
Agora não se deixa trafegar.

Da boca que eu beijei em lua mansa,
Apenas a mordida inda me alcança.
Agora ao prosseguir, vou devagar...


1578


Agora ao prosseguir, vou devagar,
As curvas se acumulam nesta estrada
Por vezes quando a tarde esta nublada
Desando o meu passado a recordar.

Aguando de esperança este lugar
Estendo o coração, abrindo entrada
Do peito, mas depois não tendo nada
É hora de partir e não voltar.

Mergulho neste mar em águas turvas
E vejo que retornam velhas curvas
Num ir e vir terrível sem saídas

Assim vendo o naufrágio bem mais perto,
Um timoneiro antigo e mais experto
Lança ao mar o seu bote salva-vidas...


1579


Lança ao mar o seu bote salva-vidas
Amor que não tem forças, na procela,
O quanto se deseja e se revela
Em bocas e carícias distraídas.

As honras ao amor são concedidas
Por quem imaginando raras telas
Liberta o pensamento, solta as selas
Esquece as horas tolas, já perdidas.

Batalhas engrenando são diversas
Palavras quase inúteis, vãs, dispersas
Espalham pelos céus, o sentimento.

Assim, ao ter o sonho em minhas mãos,
Os dias que se foram morrem vãos,
Aguardo ansiosamente os novos ventos...


1580


Aguardo ansiosamente os novos ventos
Que tragam boas novas para mim.
Dos sonhos que eu tivera, agora eu vim,
Entregue aos mais ingênuos sentimentos.

Vivendo com fervor falsos momentos
O nada disfarçado em tolo sim,
A praga destruindo o meu capim,
Os dias foram sempre vis tormentos.

Amanso o coração ao pressentir
Que agora tendo alguém pra repartir
A vida não me pesa, imensa cruz.

Espero tão somente convencer
Que se tiver na vida algum prazer,
Eu com certeza; amada, faço jus...


1581


Eu com certeza; amada, faço jus
Dos teus carinhos, gozos e promessas,
E sei que muitas vezes já tropeças
Deixando velhos sonhos, todos nus.

Amor que na verdade nos induz
Às vezes nos pregando muitas peças
Enquanto a caminhada, recomeças
Estende em cada trilha treva e luz.

Na soma do que somos e queremos,
Recolho os mais sublimes dividendos
Além de perceber os meus remendos

Em fartas emoções sobrevivemos
Rompendo tal corrente atada aos pés,
Remando contra a fúria das marés

1582



Remando contra a fúria das marés
Não quero ser joguete do ir e vir,
Acende a lamparina do porvir
O olhar meio de banda e de viés

Sabendo quem eu sou sei quem tu és,
Retrato tão igual a repetir
Acertos, erros, medos. Prosseguir
Vencendo estes grilhões, frias galés.

Reveses e mentiras disfarçadas
Senzalas e verdugos latejantes.
O quanto já soubera dos constantes

Dilúvios; escancara a nossa teima,
E mesmo em nossas barcas adernadas,
Farrapos do que fui; o fogo queima.
Publicado em: 12/03/2008 19:21:36
Última alteração:22/10/2008 14:32:55

EU TE AMO!! coroa de sonetos 111
1541

O vento do passado inda envenena
Rondando a minha casa em sentinela.
Saudade vai roubando toda a cena
Enquanto um dissabor já se revela.

Quem sonha com a vida mais serena
Com noite mais tranqüila à paz se atrela
Buscando uma emoção que seja amena.
O barco singra o mar em mansa vela.

Porém uma saudade não permite
Que a gente siga em frente. Sem os ventos,
A calmaria toma os pensamentos

E numa estagnação, sem ter limite
O tempo desandando nega a sorte,
Congela o dia-a-dia em semi morte.


1542



Congela o dia-a-dia em semi morte,
Lembranças que carrego de nós dois.
Por mais que uma esperança inda se aporte
Não vejo nem sequer se houve depois.

Saudade refletindo neste espelho
Imagens de momentos já passados,
E mesmo que sabendo estar mais velho
Os olhos no que fomos, congelados.

Sem ter mais ilusões, em nada creio,
Entregue e sem defesas, tolamente,
A bússola se perde, e noutro veio
O passo se tornando reticente.

Viver deste cadáver que ontem fui.
O tempo vai voando, mas não flui...


1543

O tempo vai voando, mas não flui,
Retorna novamente ao marco zero.
Nuvem de ilusão não se dilui,
Apenas o vazio; ainda espero.

Por mais que haja futuro, não prevejo.
Meus dias transcorrendo em ar tão denso.
A liberdade é tudo o que desejo,
E disso a cada fase eu me convenço.

Porém o que fazer se estou contido,
Correntes que se ataram aos meus pés.
Porvir que no passado decidido
Percebe a vida apenas de viés.

Melífera esperança, sonho tolo,
Semente perpetua antigo solo...

1544


Semente perpetua antigo solo
Aborto anunciado da esperança
Ao pouco que vivi ora me imolo
Difícil perceber que o tempo avança

Olhando pra mim mesmo eu percebi
As rugas e os cabelos já grisalhos,
Mas volta e meia chego então a ti
Na busca por antigos agasalhos

Fantasmas caminhando pela casa,
Arrastam seus grilhões, pesam demais.
A volta à realidade sempre atrasa
O barco vai seguindo e perde um cais.

Sabendo que é preciso navegar,
Quem sabe poderei me libertar?


1545


Quem sabe poderei me libertar
De todas as algemas que carrego
Às quais com devoção e raro apego
Meu corpo eu sinto, aos poucos se entranhar.

E nesta simbiose, devagar
De tanto que me dou e assim me entrego
Qual fora dentro da alma, um firme prego
Não deixa nem coragem de lutar.

Saudade de quem foi e não voltou
Revolta e volta e meia vem à tona.
Ferida que não sai nem abandona

Na luta tão insana o que restou
De um horizonte morre em cores gris,
Embora em agonia, eu sou feliz...


1546




Embora em agonia, eu sou feliz,
Um paradoxo expresso neste amor
Ao mesmo tempo brando; num torpor
Explode em emoções qual chafariz.

Carinhos que se fazem bons e vis,
Olhares traduzindo o sonhador
Titubeante passo a me compor
Negando enquanto traz o que mais quis.

Amor que sonegando faz a glória,
Ao mesmo tempo exclui numa vitória
Marulhos em deserto, em preamar.

Estrela que se deu em céu e mar,
Deste ostracismo surge a jóia rara,
Enquanto claudicante, me antepara...

1547


Enquanto claudicante, me antepara
A mão deste desejo inesgotável
No qual o peito amante já dispara
Encanto que eu queria interminável.

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Eu tenho esta certeza que me move,
Chegando mansamente vou ao fim,
Que a vida; da alegria farta, prove.

A luta que tivemos; sei, foi tanta,
Amor de qualquer jeito vale a pena.
No quanto a fantasia nos encanta
Floresce em perfeição jasmim, verbena...

Eu posso te falar e embaixo assino,
O bem querer mudou nosso destino...



1548





O bem querer mudou nosso destino
Trazendo uma alegria inusitada,
Enquanto nos teus braços me alucino
A vida se mostrando iluminada.

Sorriso em paz sobeja nos tomando,
O dia será sempre bem melhor.
O gosto de teu beijo alvoroçando
Prazer que tanto quero e sei de cor.

Das cores preferida da aquarela
Matizes de esperança em luz suprema.
A sina que em carinhos já se sela
Supera qualquer dor, qualquer problema.

Tu és o meu caminho, a minha senda,
Descrita há tantos anos, uma lenda...


1549



Descrita há tantos anos, uma lenda,
Falando de princesas e castelos,
Amor que tudo sabe, já desvenda
Arando uma esperança em bons restelos...

Na aduana da vida, não sonega,
Dedicação perfeita que se exige
No amor quando em verdade e paz se entrega
A um mundo mais sublime nos erige.

Ebúrneo sentimento intransigível,
Amor não tem limites, segue à risca
Embora tantas vezes intangível,
Um vôo cego decerto sempre arrisca.

Eterno renascer da juventude,
Nas horas mais difíceis, meu açude...

1550

Nas horas mais difíceis, meu açude
Matando a minha sede interminável
Na boca que se entrega; uma atitude
Permite um novo sonho mais amável.

Amando sempre além do que já pude
Flagrante de esperança afiançável
Vacância de emoções jamais ilude,
Porém amor, um feito imponderável.

Esgarça enquanto tece um novo tempo.
Transforma contratempo em passatempo
E ri-se da ironia desta vida.

Quem traz esta perfeita sincronia
Percebe quanto amor nos alivia,
Ao Eldorado em sonhos, dá partida...

1551


Ao Eldorado em sonhos, dá partida
O sentir que nos toma em noite imensa.
A barca da esperança de saída
Espera ao fim da vida a recompensa.

Se eu te amasse, a sorte distraída
Buscando em outra senda a luz intensa
Deixando uma ilusão na despedida
Sem glória ou fantasia que convença.

Ao contar as estrelas em que espalhas
Teus rastros pelas ruas e calçadas,
Adentro em alegria as madrugadas

E embora eu vá nos fios das navalhas
Sabendo deste amor, não temeria
Nem mesmo a solidão, barca vazia...

1552


Nem mesmo a solidão, barca vazia,
Impede aventureiro coração
Que busca o paraíso na amplidão
Deitado sob o sonho, a fantasia.

Contendo da tristeza uma sangria,
O vento se mostrando em turbilhão,
No fogo tresloucado da paixão
Projeto de esperança não se adia.

Ardendo nos teus braços, fogaréus,
Adentro com firmeza claros céus
E bebo cada gota deste orvalho

Enquanto em sedução gozos espalho
Tramando um novo tempo de viver
Hedônicos caminhos do prazer.


1553


Hedônicos caminhos do prazer
Vislumbro no teu colo, nos teus seios,
Descendo estes riachos sem receios
Sinto este gêiser raro a me ferver.

Aprendo a cada dia o que é querer
Vencendo em plenitude meus anseios,
Descubro sutilmente novos meios
De sendo tão sedento te beber.

Chegaste como uma onda gigantesca
Tomando toda a praia num segundo,
Numa explosão divina e até dantesca

Assim como um tsunami redentor,
De um jeito tão fantástico e profundo
Mostrou o que é, em verdade, um grande amor...

1554


Mostrou o que é, em verdade, um grande amor
O riso alucinante, sem motivos
Aparentes. Do amor somos cativos,
Nos elos deste sol libertador.

Um novo amanhecer a se compor
Trazendo para a vida os aditivos
Que possam nos manter em glória vivos
Fomentos deste bem encantador.

Porém quando lembramos de outros dias
Distantes de emoções e fantasias
A dor residual vem e se acena,

Bebendo desta fonte tão salobra
Na trama que infeliz, já se desdobra,
O vento do passado inda envenena.
Publicado em: 12/03/2008 15:06:31
Última alteração:22/10/2008 14:32:47


EU TE AMO!! coroa de sonetos 112
1555

Porém em teu amor, eu já me aninho
Presença feita em paz, consoladora,
Vencendo a solidão vil opressora
Que há temos vem chegando de mansinho

Tomando minha casa, rouba o ninho,
Voltando ao meu passado se assenhora.
Amor que tanto amansa quanto escora
Promete a mansidão plena em carinho.

A sorte transmudada me permite
Um dia mais sereno. Sem limite
A vida não trará seus girassóis.

As águas se expandindo, inundação,
E mesmo em torpes versos, ilusão
Ainda nos demonstra seus faróis...

1556


Ainda nos demonstra seus faróis
Amor alumiando toda a costa.
A força em claridade sendo exposta
Invade transformando os arrebóis.

A vida preparando seus anzóis
Na boa pescaria sempre aposta.
Ao sol de uma esperança amor se tosta,
Na noite destes sonhos, rouxinóis.

Alquímicas vontades pressupondo
Panacéias diversas, luzes fartas.
Da fonte dos desejos não te apartas

O mundo em harmonia se compondo
Nos braços entremeios e carícias.
Paixões não são somente assim, fictícias...

1557


Paixões não são somente assim, fictícias,
Palpáveis e volúveis, com certeza.
E mesmo que com força ou mais destreza
Às vezes nos sonegam tais delícias.

Enquanto nos dominam, em sevícias
Avançam e destroem, pondo a mesa,
A mão que me acarinha também pesa
Em meio a tantas ondas de malícias.

A qualquer preço tento um novo dia,
Aonde pelo menos a alegria
Não seja momentânea. Isso me cansa.

Amar em harmonia? Necessito.
Não acho necessário um plebiscito
No grito ou em concórdia a vida avança...

1558

No grito ou em concórdia a vida avança,
Melhor se tu topasses vir comigo.
Também se não quiseres? Nem mais ligo,
Deixei de ter amor como esperança.

A força que se mostra em confiança
Enfrenta sem temor qualquer perigo,
Mas quando o tempo passa e traz consigo
Apenas o que sobra na lembrança?

Desculpe se eu estou acostumado
A mimos e palavras mais sutis.
Resumo o que vivemos no passado

Em frases e promessas doidivanas
Enquanto vou dizendo: sou feliz,
Bem sei que mais marota, tu me enganas...


1559


Bem sei que mais marota, tu me enganas
Enquanto vai risonha pelas ruas,
Verdades que se querem sempre cruas
Traduzem, com certeza carraspanas.

E nelas; meus problemas? Cedo danas.
Não digo que meus sonho tu influas
Nem mesmo em fantasias seminuas,
Ou quando seca assim minhas fontanas.

Melindres? Não os tenho e nem terei
Apenas quero a paz que é de direito,
Carrego do passado, de outra grei

O canto em desafino, mas honesto.
Deitando toda noite em mesmo leito,
Concordo quando dizes que eu não presto.


1560

Concordo quando dizes que eu não presto
Que o verso que eu te faço e repetido,
Do quanto que eu desejo recebido,
O resultado eu sinto que é funesto.

Traduzindo decerto cada gesto
Eu vejo o que não tive repartido
Repatriado sonho diz olvido
Da nossa qualidade eu não atesto.

Se eu testo ou se esse texto vai sem nexo
O que me importa é ter o teu carinho,
Embora a solução de tudo: o sexo,

É mais complexo sempre se emoção
Mistura com amor nesse cadinho
Fazendo em alquimia uma explosão...


1561


Fazendo em alquimia uma explosão,
Temáticas diversas dizem nada.
A relação assim analisada
Permite tão somente a negação.

Amor quando nos infla qual balão
Promete a cada crise, a derrubada,
Na mata em que se deu nossa queimada
Ocorrerá desertificação.

Não que eu seja, amor, ecologista
Apenas por favor, vê se despista
E vamos prosseguindo, mesmo assim.

Estou apaixonado, não discuto,
Porém se amor não traz outro atributo,
Escuto a tua voz dentro de mim...


1562

Escuto a tua voz dentro de mim,
Num eco interminável que me esgota
Amor quando se trama além da cota
Encharca e não dá chances ao jardim.

Amor não é sequer um trampolim;
Aonde uma esperança é mais remota
Amor com poucas gotas tudo lota,
Porém quando demais, pressente o fim.

Eu quero tão somente a vida em paz,
No amor que mansamente satisfaz
Tempero na medida mais exata.


Não quero ser do amor, mero cativo,
Se dele e não por ele, sobrevivo
Excesso de cuidado enjoa e mata...

1563


Excesso de cuidado enjoa e mata;
Mas sem adubos morre cedo a planta
A luz que em calmaria nos encanta
Ao mesmo tempo em paz sempre arrebata.

A força da paixão tanto maltrata
Enquanto dá retira a mesma manta
Quem sabe disso tudo não se espanta
Segredos infindáveis? Desbarata.

Mecânicas diversas deste enredo
Provendo uma alegria que nos doma.
Além de simplesmente ter em soma

A chave do caminho em que enveredo
O gosto de viver a eternidade
Embora, com prazer e liberdade...


1564


Embora, com prazer e liberdade,
A vida não se mostra como eu quis.
Posso dizer que estou bem mais feliz,
Mas isso não comporta uma verdade.

A chama que se mostra em falsidade
Condena à leda treva. A sorte, atriz
Engana o coração, pobre aprendiz
Trazendo no final, a impunidade.

Parceiro do teu sonho? Não sou mais,
Eu sei que o pesadelo sobrepõe
E aos poucos nosso amor se decompõe

Perdendo pouco a pouco os seus sinais.
Angústia; eu sei, virá depois de tudo,
No amor que era de vidro, eu não me iludo...


1565


No amor que era de vidro, eu não me iludo,
Ciranda se perdendo na lembrança
Desilusão jamais contrabalança
O desencanto deixa o sonho mudo.

Um verso que se mostra mais agudo
Talvez venha negar a contradança,
O quanto se deseja em confiança
Não serve mais sequer como um escudo.

Eu tento e não consigo disfarçar,
Perambulando estrelas, sou cometa.
A cada novo engano que cometa

O coração batendo devagar,
Divago sobre o quanto que restou
No peito que entre trevas tanto amou...


1566




No peito que entre trevas tanto amou
Apenas o quer resta: uma lembrança
Quem tantas vezes teve por pujança
Um manto aonde em sonhos se entregou

Agora não sabendo mais quem sou,
O desespero vem e quando avança
Destrói o que sobrou de uma criança,
Espalha pedra e cardo aonde eu vou.

Cardumes de ilusões em piracema
Tentando suplantar a corredeira,
O amor quando propõe algum dilema

Não deixa outra saída senão esta,
Quem sabe da paixão mais verdadeira,
Em agonia leva a vida em festa...


1567

Em agonia leva a vida em festa
Imaginário gozo que se dá
Aonde o sol de novo brilhará,
Depois da noite amarga e tão funesta.

Ouvindo a melodia que em seresta
Trazendo uma alegria desde lá
Porém diapasão esquece o lá
E a vida ao desafino já se empresta.

Ao mesmo tempo o beijo e o bofetão,
A chuva se aproxima e em supetão
Transforma o que era seca em alagado.

Matreiras as razões do coração.
O jogo fartamente anunciado
Pendendo quase sempre pro outro lado...


1568

Pendendo quase sempre pro outro lado
Num pêndulo de eterna assincronia
O vento às vezes brisa ou ventania
Destrói tudo que encontra num enfado.

Amazônico rumo feito um prado
Trazendo a lua cheia ao meio dia
No quanto que em silêncio me dizia
O amor por vezes chega destroçado.

Facetas tão diversas, num mosaico,
Um pós moderno gosto quase arcaico,
Gaiola que seduz um passarinho.

Vagando tantas vezes, vário céu,
Delícias eu encontro quando ao léu
Porém em teu amor, eu já me aninho.
Publicado em: 12/03/2008 17:30:27




EU TE AMO!! coroa de sonetos 114
1583


“E deles vem surgindo um claro manto!”
Assim pensei um dia, em vão tormento,
Recebo como herança o desencanto
Toando este estribilho em desalento.

Coleto do que fomos; farto pranto,
Um resto de ilusão traz sofrimento,
O quanto se perdeu m frágil vento,
A noite vai restando em negro manto.

Há tempos eu sorria pelas ruas,
Tentando disfarçar antigos medos.
Imagens que carrego, amor são tuas,

Tentando relembrar tanta beleza,
Porém um amargura impõe seus dedos
Rasgando a minha pele esta tristeza...

1584


Rasgando a minha pele esta tristeza
Extingue qualquer forma de esperança.
Olhar sempre longínquo não descansa
Apenas no caminho, uma aspereza.

Dos sonhos da ilusão, outrora presa,
Agora sem ter paz e temperança
Da morte aguardo um riso em contradança
Não tenho mais vontade e nem defesa.

Noctâmbulo fantasma se anuncia
Derruba; com sarcasmo, ícones falsos,
Vislumbro tão somente os cadafalsos

Masmorras de minha alma em agonia.
Do fim eu adivinho os seus sinais
Macabros e temíveis rituais...


1585


Macabros e temíveis rituais
Florindo a minha noite em cardo, erica,
No abrolho recolhido já se explica
O gozo destes medos canibais.

No limbo as gargalhadas infernais
Fumaça se esvaindo me intoxica
Sulfúrica ilusão motes replica
Em meio a tempestades abissais.

Estendo em desespero minha mão
Alçando ao mesmo tempo Céu e chão,
Hedônica amargura já vem vindo

Um Eldorado feito em ar satânico,
Porém vou me entregando sem ter pânico
Formidável cenário atroz e lindo...



1586


Formidável cenário atroz e lindo,
Numa expressão talvez contraditória
Moldando com certeza a minha história
Enquanto em pesadelos vou caindo.

No quanto em fantasia, amor eu brindo,
Já não suporto assim tanta vanglória
A lua avermelhada e merencória
Aos poucos no horizonte vem surgindo.

Medonhas formações anunciando
A chuva que virá e não mais tarda,
Meu passo vendo o zênite retarda

No quanto em amor cego, desabando
Da vida outrora um pálido histrião,
Ressurge como um tolo falastrão...


1587


Ressurge como um tolo falastrão,
Eólica esperança em grave canto.
Professa com certeza o desencanto
Estampa em passaporte a negação.

Estrelas vão partindo em procissão,
Vazio se espalhando num quebranto
Regendo a nossa vida em tal espanto,
Não deixa que se saiba a direção.

Um sonho que em fronteira, aduaneiro
Buscando assim o trigo, traz o joio.
Tristezas vem trazendo em seu comboio.

Melífera ilusão de um jardineiro
Fazendo da colheita o seu troféu,
Permite mesmo em trevas ver o céu...


1588


Permite mesmo em trevas ver o céu,
O olhar esperançoso de quem ama.
Vestígios que encontrei da antiga trama
Aspergem fantasia em carrossel.

Nas mãos de um bom artista este pincel
Entrelaçando cores, belo exclama
Tiaras estelares fazem fama
Na arte que em sapiência tem troféu.

Augúrios propalados são incertos
E mesmo em olhares mais expertos
Por vezes se revelam falsidades.

Da pedra lapidada, nem sinal,
Diamantina sanha de um jogral
Legando ao velho circo amenidades...

1589



Legando ao velho circo amenidades,
Sorrisos tantas vezes estrambóticos
Em guizos, histriões decerto exóticos
Demonstram sem rigor, banalidades.

Rompendo do passado, velhas grades
Detalhes deste umbral, em arcos góticos
Em meio a gozos fartos, bens eróticos
Desejos tão iguais voracidades.

Apátrida emoção não quer escolha,
Expresso nos meu verso em cada folha
O quanto em placidez amor faz busca.

O amor que noite imensa já patusca
Bebendo o farto vinho em rara orgia,
Delitos e delírios; cedo cria.

1590


Delitos e delírios; cedo cria,
O gozo das paixões em luz profana.
A mão que acaricia mais humana
Estende nos dedos poesia.

O bem de farto amor nos propicia
Propícia solução que não engana
Nas ganas de prazer a alma cigana
Emana tão somente esta alegria

Segredos mais profundos, dizem mar,
Em abissal mergulho adentro em ti
Aonde tantas vezes me perdi

Vestígios do que sou vou procurar.
Entremeando luzes e matizes,
No amor nos tornaremos mais felizes...

1591


No amor nos tornaremos mais felizes
E sendo assim não busco outro caminho
Seguindo estas pegadas, de mansinho,
Supero nos teus braços velhas crises.

Por mais que encontre às vezes meus deslizes,
Decerto poderei frente ao carinho
Saber que se andei antes tão sozinho,
A vida se mostrou noutros matizes.

O verso que é reverso da medalha
Não teme com certeza outra batalha,
Pois tem no amor perfeito um trunfo a mais.

Balança a nossa rede, o doce vento,
Amor não quer desculpas nem lamento
Conhece desde sempre o velho cais...


1592


Conhece desde sempre o velho cais,
A barca da ilusão na qual navego,
Não tendo na esperança algum apego
Eu quero da alegria muito mais.

Os dias que passamos informais
Permitem que eu vislumbre enfim sossego,
A solidão pedindo então arrego
Não voltará, Deus queira, aqui jamais.

Conheço desse jogo, suas manhas,
Amor tem nas incríveis artimanhas
Uma arma que se mostra mais potente.

Porém quem reconhece o seu perfume
Acende em seu caminho, claro lume
Deixando-se levar pela torrente...


1593


Deixando-se levar pela torrente
Um sábio coração não teme nada,
A porta da alegria escancarada
Cravando em nossa pele cada dente.

O vento que se mostra de repente
Entrando em nossa vida, na rajada
Expressa uma paixão desenfreada
Que a bússola dos sonhos não pressente

A rosa do ventos se danando
O dia em convulsão se anunciando,
Trazendo a cada olhar perplexidade.

Enchente transbordando o ribeirão,
Nas braças deste amor, inundação
Mudando em temporal, tranqüilidade...


1594



Mudando em temporal, tranqüilidade,
Olhar que me bendiz em fogaréu.
Arcano querubim estende o céu
Tentando transmitir a sobriedade.

Porém amor insano, em liberdade
Indômito e frenético corcel
Galopa em ventania e mesmo ao léu
Espalha sobre nós felicidade...

Geleira que derrete; o amor corsário
Num vôo que se mostra temerário
Vislumbra do infinito este tesouro,

Cigano ao enfrentar mar revoltoso
Estende como rastro o pleno gozo,
Descobre no teu corpo; ancoradouro...


1595


Descobre no teu corpo; ancoradouro
Em doces aventuras juvenis,
Chamando por Tormenta o bravo mouro
Encontro nos teus lábios o que eu quis.

Em lutas tão diversas, meu tesouro
Está no teu olhar. Vou por um triz
No inclemente sol árabe me douro
Arabescos formando em bel matiz

Nos mares cipriotas, meu destino,
Voltando a ser de novo este menino
Que um dia imaginou tanta aventura.

Acordo e quando vejo tal beleza
Na vívida miragem, a princesa
Proporcionando enfim, rara ternura...

1596



Proporcionando enfim, rara ternura
O cântico profano enluarado,
Silenciando em glória a desventura
Mudando em luz soberba antigo Fado.

Embora a solidão trame amargura
O verso em pleno amor extasiado
Não traz sequer resíduos do passado,
Provê nosso caminho em tal fartura

Que nada impedirá gozo supremo.
Ao lado de quem amo; nada temo,
A vida se desdobra em raro encanto.

Estrelas e cometas seguem rastros
Do amor que se deslinda em belos astros
E deles vem surgindo um claro manto.
Publicado em: 12/03/2008 21:22:59
Última alteração:22/10/2008 14:32:59


EU TE AMO!! coroa de sonetos 115
1597



Às vezes um temor ainda teima
Fazendo estardalhaço do seu jeito.
Enquanto essa saudade volta e queima
Matreiro, no meu canto cismo e espreito.

Frases feitas não servem para nada,
Eu quero o teu momento que não vem,
A boca sem vontade, escancarada
Procura novamente por alguém...

Meu último suspiro foi à toa,
Agora não precisa mais voltar.
Uma esperança tola inda revoa,
Sem trunfos quem sou eu para jogar?

Dos pódios e troféus, nem notícia.
Amor é uma palavra vã, fictícia...


1598

Amor é uma palavra vã, fictícia
Cabeça vai rodando em girassol,
No quanto vou vivendo sem carícia,
A contramão me nega dia e sol.

Promessas de delírios em malícia
O peixe não escapa desse anzol.
Por isso tantas vezes a delícia
Transforma em área seca um arrebol.

Nas esquinas procuro o teu olhar,
E nas estrelas bebo a fantasia.
Guitarras entre lendas e desertos.

Vontade de tocar e de provar,
Trincheira da ilusão decerto adia
Os planos que eu pensara estarem certos...


1599


Os planos que eu pensara estarem certos
Na poeira da estrada, nunca mais.
Caminhos tantas vezes entreabertos
Mostraram velhos portos infernais.

Relógio que desperte, sem as pilhas
Titânica vontade que se esvai.
Distante dos extremos que tu trilhas
Perdido neste amor sem mãe ou pai.

Cabelos, caracóis, mares e praia.
O vento corrobora minhas senhas.
Lambendo por debaixo dessas saias,
Aguarda após a chuva que tu venhas.

Mas ao te ver passar pelas esquinas,
Descubro por que ganhas e dominas...

1600


Descubro por que ganhas e dominas
Os jogos sensuais que te proponho,
Bebendo fartamente dessas minas,
A vida vai passando como um sonho.

As rotas da esperança, peregrinas
Afastam qualquer dia mais medonho.
No quanto com meus lábios tu combinas
Um quadro mais sublime em ti componho.

Distante das ferrugens dos salões
Desfila em passo manso pelas ruas.
Sabendo conquistar sem ser esnobe.

O coração balão em festa sobe,
Vagando por espaços, ganha luas
Soltado pelas mãos feitas paixões...

1601


Soltado pelas mãos feitas paixões
Vestindo de ilusão e de promessa,
No quanto traz desejo se confessa
Fugindo, com certeza dos padrões

Amor paloma branca em amplidões
Gerando a fantasia, gozo expressa,
Porém é necessário não ter pressa
Que o tempo trama em paz, explicações.

Sem métrica ou sem rumo vai meu verso,
Beijando a madrugada quer o dia,
Antítese sublime à qual me lanço,

Rasgando num segundo este universo.
A sorte que se espalha prometia
A vida claramente qual remanso...


1602




A vida claramente qual remanso
Depois que esta alegria nos tomou
O amor que canto em versos, sem descanso,
Moldura em que minha alma se encontrou,

Vestido de esperança sempre avanço,
Buscando aonde estrela mergulhou
O coração feliz, batendo manso,
Já sabe o que procuro, aonde vou,

E segue este cometa enamorado,
Seguindo o que me resta, do teu lado
Na glória que se mostra sempre tanta.

A força deste amor nos conquistando,
Sublime fantasia derramando
A cada novo dia se agiganta.


1603

A cada novo dia se agiganta
O mar em que desejos aprofundo
O brado feito amor já se levanta
Espalha sobre a Terra um bem profundo,

A dor para bem longe, amor espanta,
Mudando a minha sorte num segundo.
Minha alma extasiada, assim se encanta,
Nas águas deste amor, enfim me inundo,

E canto meu futuro venturoso,
Tocado pelo amor em pleno gozo
Cevando um claro tempo deslumbrante.

Vivendo o que me resta em plena paz
Amor que nos domina e satisfaz
Nos olhos da morena provocante...





1604

Nos olhos da morena provocante...
A sorte doidivana está lançada
Do amor em plenitude, eu sou amante,
Caminho sem ter dúvida esta estrada

Que segue sem temores para diante,
E forte no meu peito sempre brada,
Mostrando uma alegria a cada instante,
E a vida já trazendo iluminada.

O canto deste amor me contagia,
Clareia em luz intensa cada dia,
Cevando essa semente em dura terra.

No adubo da esperança, um jardineiro
Trazendo com carinho o seu canteiro
A porta às armadilhas, cedo cerra.



1605

A porta às armadilhas, cedo cerra.
Quem tem um sentimento igualitário
Amor vai se elevando sobre a Terra,
Além do que eu pensara; imaginário

Sonho aonde esta glória assim encerra
Um canto mais audaz e necessário.
No amor a solução pra triste guerra,
Vencendo em calmaria um adversário

Que contra a sua força não podia
Entregue sem defesas, fantasia
Vislumbre mais sublime em alto plano.

Alegrias em vôos plenos benditos
Percebem mansos vales; tão bonitos,
Lançando-se sublimes, do altiplano.



1606


Lançando-se sublimes, do altiplano.
Condores libertários, belos Andes,
Amor não permitindo mais engano,
Nem mesmo a fantasia que desandes

Percebe da tristeza qualquer dano
Tornando-se maior em feitos grandes
Amor que se demonstra soberano,
Encantos permitindo que comandes,

Seguindo vai incólume adiante,
De todos os maiores, o gigante!
Amor que em mansidão nos dominou,

Embora reconheça esta potência
Que tantas vezes trama em inclemências
A luz em treva intensa ele espalhou...


1607

A luz em treva intensa ele espalhou,
E nele com certeza eu já me espelho
Amor que em esperanças se lançou,
Renova um coração outrora velho,

E busca uma alegria que encontrou,
Não quer da solidão sequer conselho,
Vestindo uma emoção se demonstrou,
Mais forte e mais sereno. Em seu espelho

Reparo a juventude ressurgida,
Ao renovar em brilho a minha vida
Em toda essa amargura dá seu jeito

Não tendo o que temer eu sigo manso,
Sabendo que depois de tudo alcanço
A paz em devoção, eterno pleito.




1608

A paz em devoção, eterno pleito
Que toma a nossa vida totalmente
Meu canto em teus encantos, satisfeito,
Transborda em alegria, calmamente,

Felicidade muda em seu conceito
Do amor vira sinônimo e pressente
Que o mundo em nova face, dê direito
A quem necessitar ser mais contente

Deixando o sofrimento já perdido,
Distante, sempre ausente, e sem sentido
Deixando a solidão assim de lado,

Eu tenho já comigo esta alegria
De ter a anunciada sintonia
Deixando o meu caminho iluminado.


1609


Deixando o meu caminho iluminado.
Contigo estarei sempre e desde cedo,
Amor que em meu caminho, muda o Fado
Tramando em alegria um novo enredo,

Meu canto se mostrando extasiado,
Percebe a solução deste segredo
Há tanto tempo e sempre demonstrado
Distante de temor, receio ou medo.

Minha alma na tua alma mergulhada,
Impede a solidão, fria cilada
E em lúdica alegria se oferece

Ardentes emoções se superpondo,
Um raro alvorecer vai se compondo;
O encanto feito amor rejuvenesce.


1610

O encanto feito amor rejuvenesce.
Trazendo ao desespero o seu descarte
É como se, querida eu já pudesse,
Alçar em pensamento qualquer parte

Do espaço em que o prazer assim se tece,
Alçando uma alegria, assim, destarte,
Agradecer a Deus, em louca prece,
Alvíssaras risonhas que reparte

Amor em nossos corpos, cada vez
Que a noite nos impele, insensatez
Sabendo que amanhã o sol nos queima.

E mesmo que vivemos esta sorte,
Resquício do que houvera em fundo corte,
Às vezes um temor ainda teima,
Publicado em: 13/03/2008 14:47:57
Última alteração:22/10/2008 14:33:41
]

EU TE AMO!! coroa de sonetos 117
1625

Funéreas tempestades vão embora
O quanto desejei e nada tinha,
Felicidade eu sei jamais foi minha,
Dos sonhos e quimeras, leda espora.

O quanto uma saudade rememora
O dia que em verdade nunca vinha,
Deitando sob o sol e sem sombrinha
O sol do meio dia me devora.

Do bronze que queria; queimadura,
Mas mesmo assim saudade cura,
Valendo cada dor que propicia.

Sem tempo de temer os temporais,
Se outrora desvendei segredo e cais.
Ao menos tive um pouco de alegria...


1626



Ao menos tive um pouco de alegria
E te agradeço o gozo de um momento
Que nunca mais saiu do pensamento
Justificando assim, a poesia.

A boca que em desejos não temia
Nem mesmo a força intensa desse vento;
Paixão. Ao se entregar ao movimento
Das ondas novo encanto percebia.

Amar e ser feliz? Tudo o que eu quero...
E mesmo que enfrentando um sonho fero
Não canso de tentar, seguindo em frente.

Quem sabe num minuto o tempo mude
O sol resolva vir em plenitude.
O amor chegando intenso, novamente...


1627

O amor chegando intenso, novamente
Causando em meu viver, revolução.
Eu sei que é necessário ter ação,
Ninguém vive em marasmo e é contente.

Amor às vezes tolo e delinqüente
Não deixa mais caminho ou direção.
No vento que chegando, supetão
Superação transforma num repente.

Ouvindo essa canção eu me recordo
Dos dias em que amor negou acordo
E a solidão batendo em minha porta

Não deixou mais caminhos a seguir.
O quanto novo amor fez ressurgir
Esta ilusão deveras quase morta...


1628

Esta ilusão deveras quase morta
Trafega nos meus olhos capotando
O sonho em que meu canto já se aborta
O vento num segundo vai mudando

O quanto em esperança amor aporta
Não deixa mais sequer vir deslumbrando
Um mundo em que a alegria anunciando
Arromba com destreza cada porta.

Uma tristeza imensa trama a sina
De um pobre trovador em noite fria.
Remendos do que fora poesia

Estendem seus vigores. Alucina
A voz de um menestrel enamorado,
Trazendo os meus escombros do passado.


1629


Trazendo os meus escombros do passado,
A noite que não passa em densa bruma.
Felicidade aos poucos já se esfuma
O céu eternamente assim nublado

Em lágrimas e trevas, decorado,
Por senda tão amarga, o sonho ruma
Deixando um sonhador sem paz alguma
O verso se espalhando agoniado.

Tentando vislumbrar velhas algemas
Fazendo da ilusão novos poemas
Já tive tanta coisa; mas perdi.

Um resto que caminha sem destino,
A cada nova noite mais nublino,
Buscando o que encontrara; amor, em ti...

1630

Buscando o que encontrara; amor, em ti;
Desabam num segundo, temporais.
A barca de esperança busca um cais,
Que um dia em fantasias, conheci.

Em sonhos, pelo menos, eu venci
As dores e tristezas ancestrais,
Em risos, pesadelos; transformais
Utópica manhã. Eu renasci.

Porém ao acordar, em solidão,
Voltando à mais cruel desilusão
Não tenho outra saída senão esta,

Deixando a porta aberta em esperança
Entrego o coração sem contradança.
A morte, o bem supremo que inda resta.


1631



A morte, o bem supremo que inda resta
A quem durante a vida só sonhou.
Jardim no qual a seca desandou
Apenas os abrolhos; inda gesta.

Janela se fechando sem ter fresta
Castelo de ilusões já desabou,
A boca que me morde é indigesta
O tempo em armadilhas revoltou.

Agarro uma esperança em furacões
Tentando vislumbrar as soluções,
Porém não tendo nada em arrebol,

Da tábua imaginada em tempestade,
Ao ver com ironia em claridade,
Deparo tão somente com anzol...

1632



Deparo tão somente com anzol
E preso no seu fio, perco o sonho.
A vida vai passando em ar medonho
Decerto não terei de novo o sol.

Ao longe, bem distante este farol,
Ao menos na esperança em que componho
Pensando ter nas mãos, sublime escol,
Porém o que me resta é tão bisonho.

Relendo cada verso que escrevi,
Percebo que; iludido, estava ali
Um mundo que queria em face amena.

Distante da verdade eu não sabia,
Que tudo fora apenas poesia.
A vida em realidade me envenena...

1633



A vida em realidade me envenena,
Cortando bem embaixo uma esperança;
A solidão tomando toda a cena,
Não deixa uma alegria em contradança.

Perdendo a cada dia a confiança
Minha alma solitária se apequena
Causando nos meus sonhos tal matança
À qual ledo vazio me condena.

Agonia ancestral, vil labirinto
Na trama da amargura eu já me tinto
Levando tão somente a velha cruz.

A par deste tormento num mergulho,
Encontro tão somente o pedregulho
Negando cada verso que compus...


1634




Negando cada verso que compus
Os dias vão em mágoas, desgraçados.
A mão que entediada me conduz
Expressa sentimentos torturados.

Legado que carrego, a minha cruz
Em dias mais cruéis, desventurados.
Negando a claridade, morta a luz,
Em trevas os antigos flóreos prados...

Apenas nos meus olhos, ansiedades,
Temíveis, doloridas tempestades,
A vida vai secando cada veio.

Os olhos se tornando rasos d’água,
A solidão no peito já deságua.
A morte se tornando o meu anseio...


1635


A morte se tornando o meu anseio
Inspiração suprema e mais perfeita,
No quanto em amor pleno já descreio
A trama feita em sonho está desfeita.

Outrora intempestivo e sem receio,
Agora uma amargura se deleita
De toda uma alegria sigo alheio
A solidão me aguarda em fria espreita.

De tudo o que pensara ter no mundo,
Um sentimento amargo e tão profundo
Deixando a minha sorte abandonada.

O céu que me iludira, imaginando,
Em tétricos sonhares desabando
Mostrando o que retrato, sempre o nada.

1636

Mostrando o que retrato, sempre o nada,
Minha alma insanamente vai perdida,
Numa expressão cruel e dolorida
A cada novo sonho, a derrocada.

Melodia infernal, agoniada,
Em fumo mais espesso esvaecida
Um mundo solitário, a paz acida
Uma esperança morre, desprezada.

O medo em meu caminho ninguém vê
Andando sem saber sequer porquê
Do quanto que pensei um dia ter

A sorte num momento desabou
Apenas o vazio, o que restou,
Tomando em agonia todo o ser...

1637


Tomando em agonia todo o ser
Minha alma percebendo o teu desdém
Na busca ensandecida por alguém
Não vejo nem sequer algum prazer.

Cansado de, entre trevas percorrer.
Espero a noite inteira e ninguém vem,
Tortura que em tristeza, a vida tem
Fazendo uma esperança fenecer.

Passando em agonia tantas horas,
As mágoas no meu peito são senhoras,
Os olhos que me cegam, canibais.

A morte que se entranha em minhas veias
Enquanto em fogo brando me incendeias,
Penumbras adentrando estes umbrais


1638



Penumbras adentrando estes umbrais
Tomando em agonia uma emoção
Transtorna num instante o coração
Trazendo as ilusões, duras venais;

Ouvindo em crocitar: o nunca mais
Que chega aqui em forma de oração
Quem sabe em novo sonho outra expressão
Permita que se veja, ao longe, o cais.

Unindo sentimentos tão dispersos,
Encantos percebidos em teus versos
Decerto a vida inteira revigora.

Nas mãos da redentora poesia,
Quando este castelo se recria,
Funéreas tempestades vão embora.
Publicado em: 13/03/2008 18:23:43
Última alteração:22/10/2008 17:10:08



EU TE AMO!! coroa de sonetos 116
1611


Mas quando em calmaria, amor eu canto
E nele vejo sempre a luz bendita
Minha alma em sedução, zênite fita
Bebendo cada gole deste encanto.

Nos braços deste sonho me agiganto
Meu mar em emoção logo se agita
Sabendo que encontrei rara pepita
Afasto dos meus dias medo e pranto.

Porém se o bem do amor me emociona,
Enquanto chega, atroz, logo abandona,
A seca deste rio; eu volto a ver.

Somente na amizade eu encontrei
A mansidão real em bela grei
Um rio em grato mar a se verter.





1612


Um rio em grato mar a se verter.
Permite que emoção em paz prossiga
Sabendo da alegria de poder
Dizer que tenho, em ti a grande amiga.

Emoldurando o céu neste prazer
Felicidade imensa já se abriga
Nos braços de quem sonho poder ter,
Na claridade intensa que prossiga

Sendo o farol da vida a me guiar,
Nesta amizade, um mar a navegar.
Amansa com carinho um duro cenho.

O quanto de alegria proporciona
A voz do coração se erguendo à tona
Expressa todo amor que enfim, contenho...




1613


Expressa todo amor que enfim, contenho,
Trazendo uma esperança de onde eu vim,
Não temo as tempestades, pois eu tenho
O braço de quem quero junto a mim,

De um mundo dolorido de onde venho,
Já vejo florescer no meu jardim,
Mostrando em plenitude o teu empenho,
Amor que em amizade eu sei sem fim,

Nos passos bem mais firmes, alegria,
Luzindo no meu céu, estrela guia
Mostrando todo o sonho que eu almejo,

Translada das distantes pradarias
A luz que vem tomando as cercanias
Traduz um sentimento em paz, sobejo.



1614


Traduz um sentimento em paz, sobejo.
Encantos deste sonho em alegria
Façanha feita em cantos num desejo
O mundo em mais completa sintonia.

Um canto mais suave eu já prevejo
Pra quem só espalhou tanta harmonia.
Receba cada verso como um beijo,
Certeza de calor em noite fria,

Amiga, tantas vezes percebi
O quão existe belo dentro em ti
Apascentando as dores, duras feras,

Entrego o pensamento à liberdade,
Vivendo o bem supremo da amizade
Encontro finalmente as novas Eras...






1615


Encontro finalmente as novas Eras
Após rondar vazio na cidade
Vencendo as tempestades e quimeras,
Ganhando com valor, tranqüilidade,

Recendes a milhões de primaveras,
Teu canto se espalhando em liberdade,
As horas solitárias foram feras,
Agora reconheço que a amizade

Mantendo o coração feliz e vivo,
É mais do que somente um lenitivo
Além do que meus olhos procuravam.

Percebo a claridade novamente
Tomando a minha vida totalmente
Bem mais do que palavras demonstravam...

1616

Bem mais do que palavras demonstravam
Amizades, delícias propiciam.
Meus braços com os teus se entrelaçavam,
E os passos benfazejos se faziam,

Os sonhos mais divinos se aclamavam,
E os dias, claridades acolhiam,
Os cantos de amizade que exaltavam
Os rumos bem mais firmes que traziam

Os ventos traduzindo calmaria,
Tramavam esperanças de alegria
Na paz em perfeição, divinos bens

Nas mãos tão carinhosas, camaradas,
Retirando os espinhos das estradas,
Mostrando esta magia que tu tens...


1617

Mostrando esta magia que tu tens
A vida em mansidão vem me tomar
Por vezes titubeio, mas tu vens,
E apóias cada passo que eu for dar,

Por mais que o céu se turve em negras nuvens,
Tu trazes emoção no teu olhar,
E assim ao demonstrar sagrados bens,
Tesouros da amizade a nos mostrar

Que o tempo: ser feliz se faz agora,
E a lua emocionada, o céu decora
Caminho mais sublime em que bebemos

Da glória que nos traz supremacia
Vencendo toda forma de agonia,
A chama que em carinhos convertemos.




1618

A chama que em carinhos convertemos
Felicidade trama; eu sei de cor.
De tantos sofrimentos que tivemos,
Sabemos escolher o bem maior.

Amigos pela vida nós perdemos,
Não posso te dizer qual o melhor,
O barco não caminha sem os remos,
Tampouco existe um canto a se compor

Sem ter nos traços firmes de quem sabe
O quanto desta glória inda nos cabe
Permite que se sinta este poder

De um sonho inesgotável feito em luz,
Nos braços da amizade, amor reluz
Trazendo à nossa vida, paz, prazer...



1619



Trazendo à nossa vida, paz, prazer
O medo com certeza está vencido
Amiga, não me esqueço de dizer
Do quanto sou a ti agradecido,

Eu sei o quanto é bom disso saber,
Pois dá pra nossa vida, algum sentido,
Estrelas quando passas; recolher,
Jamais deixar que caia em frio olvido

Esta emoção sincera que hoje sinto,
No vinho da amizade, eu já me tinto.
Vislumbro em alegria um novo prado

Aonde um caminheiro mais sedento,
Encontra com certeza paz e alento,
Certeza de outro tempo anunciado.



1620


Certeza de outro tempo anunciado
Na fonte da alegria já se abriga
E bebo cada gole, extasiado,
Feliz por te saber, querida amiga,

Depois que achei perdidos rumo e fado,
Agora ser feliz, talvez consiga,
Matando esta tristeza do passado,
Permite que meu passo, enfim prossiga,

Alvorecendo um mundo em liberdade,
Às custas deste amor feito amizade
Que em plenitude e paz, vencendo, avança.

Nos olhos deste sol que nos luzindo
Permite um amanhecer mais claro e lindo
Proporcionando a glória em temperança.


1621

Proporcionando a glória em temperança
Um sonho em calmaria concebido
Nós somos passageiros da esperança
Que faz amor ser forte e destemido.

Nos olhos carregamos a aliança
Do sonho que queremos repartido.
Amor é como fosse uma criança
Precisa de carinho, não duvido.

Pois vamos, nesta vida sem ter medo,
Já que nós conhecemos o segredo.
Num passo bem mais firme, pois coeso.

Da mão desta ventura maviosa,
Uma expressão atroz e dolorosa
Percebe, com certeza todo o peso.

1622


Percebe, com certeza todo o peso
A sorte que por vezes é teimosa
O brilho de teus olhos vai aceso,
Tocando a noite imensa e gloriosa

A vida tantas vezes num desprezo
Impede uma alvorada mais formosa,
O sentimento aflige e torna teso
Aquele que sonhara jardim, rosa.

Porém nossa amizade, neste instante,
Rebrilha como um raro diamante
Que em fonte luminosa tornará

A treva em que vivera o tempo inteiro,
Nas mãos de um camarada, companheiro
Vitória em plenitude chegará.




1623

Vitória em plenitude chegará
Nas mãos que proporcionam temperança
Permite a boa sorte que virá,
Depois da tempestade, esta bonança

O sol que eu imagino nascerá,
Forrado pelos ventos da esperança,
Nesta alegria imensa que sei cá,
A vida mesmo dura, sempre avança

E mostra num sorriso mais feliz,
Que um dia nascerá tal qual eu quis
Vencendo as amarguras contumazes,

Farturas de emoções são permitidas
A quem em amizades percebidas
Expressa os sentimentos mais capazes.



1624



Expressa os sentimentos mais capazes
Quem tem numa esperança a companheira.
A lua se mostrando em várias fases
Um dia voltará a ser inteira,

Quem tem numa amizade firmes bases
Já sabe desta glória verdadeira
Dos sonhos de alegria que me trazes,
Tomando uma alegria por bandeira.

Assim, amiga a noite não mais neva,
Tampouco em negritude, se faz treva.
E mesmo em tempestade eu vejo encanto.

Vencendo as intempéries do caminho
Amizade não deixa andar sozinho,
Mas quando em calmaria? Amor eu canto!
Publicado em: 13/03/2008 16:00:40
Última alteração:22/10/2008 14:33:50

EU TE AMO!! coroa de sonetos 119
1653


Moldando um dia claro; enlanguescente
Uma alvorada em rara magnitude
Trazendo; ao nosso amor, plena saúde
Belezas deste prisma iridescente.

Carinho que se pede é o que se sente
Buscando ao fim da tarde, a juventude.
Amando, com certeza mais que pude
É certo que andarei sempre contente.

Sem medo de mortalha, véu ou luto,
A voz desse desejo; agora escuto,
O coração batendo em disparada.

Buscando conhecer cada fronteira,
Desbravador fincando uma bandeira,
Exploro cada ponto de chegada...




1654



Exploro cada ponto de chegada
Da boca que se faz voraz, ardente.
Na noite tão sedenta, erotizada,
A lua já se entrega, plena e quente.

Depois quando aproxima a madrugada
Deitando num remanso mais contente,
A minha vida sente-se amparada
E um belo amanhecer já se pressente

Bebendo em tua fonte inesgotável
Eu vejo minha vida em convulsão,
Num fogo de artifício, uma explosão,

Do amor que a gente fez incomparável
As marcas espalhadas nos lençóis,
Renascem novos dias em mil sóis..

1655



Renascem novos dias em mil sóis
Num mágico momento fulgurante
Um vento que se mostra assim constante
Invade fartamente os arrebóis...

Ouvindo, da alegria, a mansa voz,
Uma esperança chega e num rompante
Inunda a nossa vida num instante
Sabendo do prazer que vem após...

Viaja o pensamento, vai liberto,
Do quanto eu te desejos, sempre alerto
Num canto em que me entrego por inteiro.

Amor, um estribilho renovado,
Concebendo; por fim, meu Eldorado,
Persisto neste sonho alvissareiro



1656


Persisto neste sonho alvissareiro
De ter uma alegria inesgotável,
Amor que percebendo um paradeiro
Encontra a fonte certa inquestionável

Tomando suas mãos, um seresteiro
Louvando a sorte quer inseparável
O canto mais feliz e verdadeiro
Atado nesta fonte imaginável

Além de um infinito, irei alçando
O risco de viver sem ter mais nada
Senão a glória personificada

Em lume que percebo desde quando
Chegaste à minha vida de repente,
E foste me inundando totalmente...


1657

E foste me inundando totalmente
Qual fora um maremoto, um furacão,
Incontida vontade em explosão
Tomando minha vida num repente.

Andando pelas ruas qual demente
Sem ter sequer nem rumo ou direção
Perdendo, num momento, todo o chão,
Não tendo ancoradouro que se invente.

Apenas a colheita prometida
Fartura feita em safra, ganha a vida
Causando no final, doce torpor.

Meu ópio ensandecendo enquanto cura,
Na fonte prometida em paz, ternura,
Há tempos conquistaste meu amor.


1658


Há tempos conquistaste, meu amor,
Um coração que agora, mais feliz,
Pressente a maravilha de um licor
Bebido nos teus lábios. Amor diz

Em versos e palavras, seios, bocas,
Que as horas do teu lado, inesquecíveis,
As mãos que se entrelaçam, tenras, loucas;
Carícias e delícias mais incríveis...

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Eu agradeço a Deus pelo rosal
Que fez nascer em paz no meu jardim,
Aroma tão sutil e sensual...

Singrando no oceano dos regaços
Gostosos, protetores, dos teus braços...


1659


Gostosos, protetores, dos teus braços;
Carinhosos desejos; entrelaces.
Cometas espalhando nos teus passos
Por onde em maravilhas; lumes grasses.

Amor fazendo em nós um arrastão
Tomando cada espaço, prolifera
O gozo da alegria, aluvião
Granando a mais sublime primavera.

Da outrora fantasia tão dispersa,
Unindo cada parte, plenitude.
Na foz maravilhosa, o rio versa
Atalho que em caminho se transmude,

Contigo, mulher bela e fabulosa,
Eu quero ter a noite mais gostosa...





1660

Eu quero ter a noite mais gostosa
Ao lado de menina tão sapeca,
A moça com certeza bem formosa
Com rosto e com jeitinho de boneca,

Ao mesmo tempo amor, a gente goza,
Come a maçã, sorrindo enquanto peca.
Depois de ter cheirado a bela rosa,
Defloro num segundo esta moleca.

Prometo, se quiseres, casamento,
Coloco no teu dedo uma aliança.
Garanto que vai ser tanta festança,

Não vamos nesta vida ter tormento,
Aproveitarmos tudo o que puder,
Poder assim chamar: minha mulher.



1661


Poder assim chamar: minha mulher
A quem se fez rainha e cortesã
Ao mesmo tempo Musa e até vilã
Do jeito que se sonha e que se quer.

Ouvindo cada sonho que disser
Do gozo dos sabores da maçã,
Não temo as tempestades do amanhã
Encaro, do teu lado, o que vier.

A cada brilho ou treva, vou em frente
Amor às vezes manso, outras ardente
Esfinge delicada, fera e nua.

Seguindo esta calçada vida afora,
Espreito de tocaia, desde agora
Do lado que me cabe desta rua



1662



Do lado que me cabe desta rua

Não há sequer no mundo que convença

Minha alma a desistir, e continua

Até que meu desejo enfim te vença.



As horas se passando, são eternas,

Os raios do luar, te possuindo...

Quisera ser um deles nestas pernas



Marcando de prazer minha morena

Distante, bem distante vou pedindo,

Abra as portas; te juro... Vale a pena!


1663


Abra as portas; te juro... Vale a pena!
Estrela matutina em luz tão pura,
Deitando sobre a terra pálida ternura
Estrada deslumbrante que se acena.

A vida sem te ver já se apequena
Um porto que a viagem assegura
Encanto que me toma e que depura
Tornando a caminhada mais amena.

Durante esta alvorada em matiz nobre
Beleza que em ternura nos recobre
Virá na melodia em que busquei

Teus olhos, tua pele, teus regaços,
Tomando devagar teus calmos braços
imperceptivelmente chegarei


1664


imperceptivelmente chegarei
E tocarei teu corpo, mansamente...
De tudo que na vida procurei;
Teu toque devagar, mais envolvente;

O melhor com certeza, que encontrei
Ao som deste teu canto, de repente
Fazendo deste amor a minha lei,
Amor que é redenção e faz contente.

Ao sentires um sopro da manhã
Entrando no teu quarto; um arrepio
Percorrerá teu corpo, amada minha.

A vida que parece ser tão vã
O dia que surgiu; antes vazio,
Imensa poesia já continha...



1665

Imensa poesia já continha
O olhar embevecido que buscava
A voz que assim cantava essa modinha,
Enquanto em paz a noite enluarava.

A boca que julgara ser só minha,
E em sonhos tão felizes eu beijava,
Agora em outros lábios; vã, se aninha.
O céu neste momento se nublava.

De tudo o que eu queria; o nada veio.
Só a desesperança aqui chegou
Tropeço nas estrelas; busco um meio

Que possa permitir; mesmo falsária
Uma ilusão que traga em luminária
O amor que a realidade sonegou...




1666

O amor que a realidade sonegou,
A fantasia, tola já prepara
Quando ilusão em sonhos, triunfara
O dia em esperanças se banhou.

O quanto que desejo e que não sou,
A mansidão é jóia sempre rara
A vida se desdobra tão amara
Apenas esperança o que restou...

Olhando este horizonte assim nublado,
Vejo tímido raio anunciado
Nos olhares de alguém que em paz pressente

Talvez um novo tempo de viver,
Aonde eu veja enfim, amor nascer,
Moldando um dia claro, enlanguescente.
Publicado em: 15/03/2008 09:51:06
Última alteração:22/10/2008 14:36:13


EU TE AMO!! coroa de sonetos 118
1639


A luz que é libertária, assim se aflora
Trazendo no seu bojo novas eras,
Alçando da esperança outras esferas
Sabendo discernir a qualquer hora

Encanto que em amor nos revigora
Eternizando em paz, as primaveras
Vencendo tempestades tão severas
Moldando a cada verso, nova escora.

Olhando no horizonte ledo e vago
Procuro a placidez de um brando lago
Ebúrnea fantasia que em marfim

Permite a solidez que eu necessito,
No amor sem sacrilégios e bendito
Fazendo o seu altar dentro de mim...


1640


Fazendo o seu altar dentro de mim,
Saudade, mesmo atroz é tão querida,
Embora tantas vezes dolorida
Recorda cada dia de onde eu vim.

Do quanto que eu já tive; chega assim
E não deixa distante ou esquecida
A sombra da lembrança de outra vida
Tomando mansamente o meu jardim...

Imagem da mulher que em fantasia
Na silhueta bela e tão esguia
Guardada eternamente, jamais muda.

O quanto é necessário perceber
Nas rotas da saudade, este prazer
Miragem que em tortura, nos ajuda...

1641


Miragem que em tortura, nos ajuda
Sangrando novamente o meu passado,
Saudade vem trazendo esse recado
Do quanto que passou minha alma muda.

O tempo num momento tudo muda
Num sonho em esperança transmudado.
A sorte se lançando em cada dado
Talvez essa ilusão inda me acuda.

Desejo que eu carrego e tu também
Enquanto esta lembrança sobrevém,
O gosto do que fomos permanece.

No templo imaginário, tua tez,
Encanto sem igual, o sonho fez
Marcante redenção do amor em prece...

1642


Marcante redenção do amor em prece
Expressa o sentimento mais perfeito.
No quanto nos teus braços me deleito
O amor em alegria, luzes tece.

Ao canto abençoado se obedece
Numa emoção que entranha no meu peito,
O verso em que se mostra satisfeito
Em cores tão sublimes transparece.

A barca dos meus sonhos segue em frente
Sabendo que no amor, bom timoneiro,
Encantos com certeza, ela terá;

No olhar abençoado, a luz se sente
Inundando arrebol rega o canteiro
Trazendo a fantasia para cá...

1643


Trazendo a fantasia para cá
Num gesto em que se mostra este ideal
De um canto tão sublime e triunfal
No qual amor supremo nos trará

Um renovar que em paz se mostrará
Fazendo da alegria um ritual,
Deixando bem distante qualquer mal,
Com força soberana inundará.

Toando em harmonia uma cantiga
Que fale deste amor que não sacia
E entranha totalmente a poesia

Figura sem igual, amante, amiga.
Capaz de demover qualquer espinho,
Entregue sem limites ao carinho...

1644


Entregue sem limites ao carinho,
Vagamos, pirilampos pela rua.
Tocados pela argêntea e clara lua,
Irmanados, seguindo este caminho

Que leva à fantasia feita em ninho,
No qual a nossa sanha continua
No encanto de minha alma que flutua
A Deus, neste momento eu me avizinho.

Um pássaro que sabe da gaiola
Da fria solidão que nos assola
Reconhece a janela, num instante.

No amor que prosseguimos sem entrave
A marca destes sonhos já se grave
Promessa de outro tempo; cativante...


1645


Promessa de outro tempo; cativante;
Domina o pensamento de quem ama.
Não quero uma ilusória e frágil fama,
Apenas teu olhar a cada instante.

A vida não se guarda numa estante
Necessário manter acesa a chama,
A poesia agora já nos chama
Tomando nossas mãos; em paz constante.

Dancemos, pois, a noite nos pertence
Quem persevera em sonhos, sempre vence
Realidade é feita pouco a pouco...

Às dores meus ouvidos são de mouco,
À luz que me inebria, qual falena,
Mergulho destemido, a cada cena...

1646


Mergulho destemido, a cada cena
Contando estas estrelas que me dás,
Amor que em fantasias já se encena,
Deixando uma tristeza para trás.

Colhendo em meu jardim, rosa e verbena
Canteiro da esperança segue em paz.
Certeza de outra história mais amena,
Amor em plenitude satisfaz...

Coração se abastece de esperança
Vencendo qualquer forma de intempérie
O sonho não se faz em larga série

Encanto sem limites nos alcança.
O verso em que traduzo amor que sinto,
Inebriado bebe, em ti, absinto...

1647



Inebriado bebe, em ti, absinto,
O gozo num prazer raro e supremo.
Contigo, com certeza eu nada temo,
Nas cores de teus sonhos eu me pinto.

Felicidade enorme; assim, pressinto
Amor, um beneplácito que extremo
Permite que se tenha barco e remo
Quem vive da alegria, tão faminto.

A par desta vontade soberana
Minha alma em fantasia não se engana
Pressente que terá tranqüilidade.

Um vento que decerto me abençoe
No canto em minha alma sempre ecoe
Amor me conduzindo à liberdade...


1648


Amor me conduzindo à liberdade
É mais do que palavra, é sentimento.
Por vezes outros rumos, teimo e tento,
A solidão deveras vem e invade;

Posseiro diz amor, não teme grade,
Arguto reconhece o sofrimento,
Mostrando com vigor o seu intento
Depois de temporal, tranqüilidade.

Cabeça vai girando em carrossel
Vislumbra num segundo o claro céu
Aonde amor professa o seu cantar.

Fazendo do teu corpo, amada amante
A cada novo intento, um fascinante
Desenho que demonstra o raro altar...


1649


Desenho que demonstra o raro altar,
No corpo de quem amo; tatuado
Incide num momento abençoado,
Matiza em maravilha, já sem par.

O quanto nosso amor sabe encantar
Respalda cada dia anunciado,
Qual fora amanhecer ensolarado
Mergulhos que perfaço no teu mar

De amores infindáveis, reluzentes,
Nas tramas sem igual, iridescentes
Legando ao meu passado um vil martírio.

Nas sanhas desse amor, garbo e delírio
Minha alma engalanada se extasia
Traduz, enamorada esta alegria...


1650


Traduz, enamorada esta alegria,
Palavra em que se forma este poema,
Do amor as emoções em piracema
Invadem com sublime poesia

O mundo em que a paz cedo regia
Rompendo da esperança cada algema,
Trazendo a fantasia como emblema
Prazer a cada verso se anuncia.

Vagando pelas teias deste amor,
Eu sinto renascer com mais vigor
Encanto vislumbrado há tantos anos.

Meus olhos te seguindo vida afora,
Imagem tão sublime e redentora,
Sanando em mansidão antigos danos...


1651


Sanando em mansidão antigos danos
Amor vai transformando a nossa sorte
Prevendo calmamente cada corte
Estende os sentimentos mais humanos.

Deixando para trás os desenganos
De uma alegria intensa traz aporte,
Permite com firmeza um claro norte
Corroborando assim, os nossos planos.

A par desta emoção, não mais descanso,
A cada novo dia mais avanço
Sonhando com teus braços, teu afeto.

Amor é com certeza o meu caminho,
Jamais me imaginando, enfim, sozinho,
Em ti amada amiga, eu me completo...

1652


Em ti amada amiga, eu me completo
Teimosamente nada me segura,
No colo em que percebo esta ternura
O laço, com firmeza, predileto.

A ti em plenitude me arremeto
Com lealdade em laivos de candura
Amor que em placidez já se perdura,
Expressa um bom caminho em paz, aberto.

A fonte inesgotável da esperança
Dessedentando uma alma em temperança
Ressalta uma alegria. E desde agora

Sabendo deste amor inigualável,
Na flama intensamente demonstrável,
A luz que é libertária, assim se aflora.
Publicado em: 13/03/2008 20:27:19
Última alteração:22/10/2008 14:34:01


EU TE AMO!! coroa de sonetos 120
1667

Vivendo o paraíso desde agora
Estendo minhas mãos a te buscar,
Chegando sorrateiro, devagar
A sorte em fantasia não demora.

Meu barco em ilusões fartas se ancora
A lua feita em braço a me dourar
Em conchas, caracóis; adentro o mar
E a poesia imensa nos decora.

Por tantas vezes tendo a liberdade,
Evaporando sonho em claridade
Não tinha simplesmente, quase nada.

Tocado pelo amor, sigo cativo,
Por que na servidão eu quero e vivo,
Às vezes me pergunto, minha amada.


1668



Às vezes me pergunto, minha amada,
por que tu foges sempre, tão esquiva
palavra que se encontra abandonada,
impede que este sonho a gente viva.

Eu tento te chamar, porém do nada,
escapas de minha alma que cativa,
encontra-se decerto apaixonada.
Por que desta atitude mais altiva?

Repito uma outra vez: eu te amo tanto!
Parece que não ouves ou não queres.
Com tua indecisão, querida, feres

causando, mal percebes, dor e espanto.
Eu vago sem destino e caço a lua
sonhando em poder ter-te bela e nua...


1669



sonhando em poder ter-te bela e nua
Perdido; eu não te encontro e sigo só.
Embora a vida siga, continua
De todos os desejos, nem o pó.

Entremeio vontades e vazios,
Olhares vãos, distantes sem destino.
Teares da esperança, ledos fios,
Do frio deste olhar; amor, declino.

Coração bandoleiro nas trincheiras
Esboça num momento, reação.
Perdido, noutros corpos quer bandeiras
Encontra sempre a mesma solidão.

Amor que em fantasia, a gente fez

Roçando tua pele. Insensatez...

1670


Roçando tua pele, insensatez...
Grilando cada parte do teu ser.
Bebendo do teu corpo a cada vez
Fazendo o nosso sangue, enfim, ferver...

Amar de se perder a lucidez
E ver todo esse sonho se verter
Sem medo do quem sabe ou do talvez
Passando todo o tempo a te reler...

Gozar intensamente cada trama
Singrando os teus desejos, nosso jogo,
Que nunca determina quanta chama

Nos corpos tão sedentos, entrelaces,
A cicatriz do gozo deste fogo
Marcada num sorriso em nossas faces...




1671


Marcada num sorriso em nossas faces
A lua prometida, clara e cheia.
Apenas o vazio me incendeia
Mudando num momento, os desenlaces.

Por mais que em outras luas sei que passes
Aguardo a chama plena em que se ateia
O fogo que tomando cada veia
Permita melodias em que traces

Um rumo bem distinto. Quem me dera...
A lua que se quer frustrando espera
Não vindo, deixa espaços, dias vãos...

O tolo coração ainda tenta
Em meio a tempestade tão violenta
Sentir o teu perfume em minhas mãos

1672




Sentir o teu perfume em minhas mãos
Depois de termos feito tanto amor...
Os dias sem te ter, deveras vãos,
São frios e vazios. Sem calor...

Meu vício predileto: estar em ti,
E ter o teu prazer, o teu suor...
Se tudo o que buscara eu conheci
Altar de meus desejos, deusa-mor.

Deus Amor sabendo que virias,
Fez festa e me deixou sorrindo à toa,
Um canto em que demonstro as alegrias
Depressa pro teu canto logo voa...

E mostra quanto é bom amar demais,
Não quero te perder ; amor- Jamais!



1673


Não quero te perder ; amor- Jamais!
Uma aquarela feita em mil matizes,
Singrando nossos mares, mais felizes
Momentos prazerosos, rituais.

Da conta de teus olhos, quero mais,
Deixando para trás, medos, deslizes,
A cada nova volta que me avises
Do gozo em jogos vários, sensuais.

Marcando em tatuagem, ferro e fogo,
Brindando com delírio em ti me afogo
Sortidas maravilhas correm dedos.

Da fonte, meus ribeiros buscam foz
No corpo tão voraz mares após,
O amor já guarda em si, tantos segredos.



1674


O amor já guarda em si, tantos segredos,
É feito de emoções, mas louca esfinge
Permite que se tenha veros medos,
Por mais que seja bela a cor que tinge

Os rumos de um amor/felicidade.
Eu quero te dizer nestas palavras,
Que amar além da vida, eternidade,
É como cultivar perenes lavras.

Amor, quanto maior, mais inseguro,
Em ti vejo a razão de minha vida.
O chão da solidão se faz tão duro,
Não quero ouvir de ti, a despedida.

Pois isso me traria em fundo corte,
A sensação terrível de uma morte...


1675


A sensação terrível de uma morte,
Arrasta em turbilhão meu pensamento,
O tempo em solidão passando lento
Trazendo esta amargura feita em corte.

O sonho engravidado que se aborte
Causando, sem defesas o tormento
Por vezes tanto luto e sempre tento
Coração imprudente perde o Norte.

Mas quando num chorinho bem marcado
O peito enamorado e tão chorão,
Transbordando alegria, traz esperança.

Mansamente num ritmo sincopado
Querendo essa gostosa sensação,
Convido-te, querida para a dança


1676


Convido-te, querida para a dança
Que é feita em fantasia e sempre traz
No bojo da alegria uma esperança
E torna a nossa vida em pura paz.

Sentir o paladar dos belos lábios
Além de teu carinho e teu afeto.
Encontro nos teus versos astrolábios
Levando ao rumo certo, o mais correto.

Eu enfatizo sempre que o amor
Que é nosso companheiro vida afora,
Moldado em amizade tem vigor
De eternidade intensa quando aflora.

Os passos, feitos versos; compartilhas
Trazendo para nós mil maravilhas...


1677


Trazendo para nós mil maravilhas
Delícias sem delitos ou pecados,
Pedaços entre sedas vislumbrados
Desejos em pequenas, belas ilhas,

Ilhéu dessa vontade, sigo as trilhas,
Chegando num momento aos raros prados
Durante a nossa noite anunciados
Abrindo do costado, as escotilhas.

A boca sem noção busca limites
No quanto que eu te quero, não limites
A lua que virá, desnuda e cheia.

Abrindo uma janela ao teu luar,
Tristeza não combina com amar,
Se amor é feito em chama e me incendeia.

1678


Se amor é feito em chama e me incendeia
Preciso de um cantinho em outra rede,
Toando com vontade, sangra a veia,
E mato no meu canto toda a sede
A lua se mostrando em noite cheia
Reflete bela imagem na parede.

Ao ver esta miragem refletida
Pressinto que talvez vague sozinho.
Andei já vasculhando pela vida
Em ávida esperança ter um ninho
Que seja para a seca uma saída.
Mas não camuflo a fome por carinho.

Cometa faz a festa em livre vôo
No braço de quem queira, um canto entôo..


1679

No braço de quem queira, um canto entôo,
Falando desse amor que me suprime,
Um verso em que esperança já se rime
Planeja em liberdade um novo vôo.

Vontade de quem sonha; o peito ecôo
Quem ama não comete nenhum crime
Na mudança dos ventos, tanto estime.
Os erros cometidos? Sobrevôo...

Não quero em nosso amor queda de braços
Assim fortalecendo os velhos laços,
Não teremos a crucificação

Que tontas vezes serve qual cordeiro
O que seria bom, se verdadeiro.
Mergulho num abismo feito em vão.


1680


Mergulho num abismo feito em vão
Se a ausência de quem sonho está presente.
Vagando pelas ruas qual demente
Perdendo a cada passo, terra e chão.

A luz em mais temida arribação
Descreve um espiral e de repente
A treva terminal, já se pressente
Tornando assim infértil, coração.

Mas quando o teu perfume se espalhando
Canteiros de meus sonhos encharcando,
Prenúncio amanhecido revigora

O gozo tão supremo da alegria
E o tempo em desvario, se anuncia
Vivendo o paraíso desde agora.

Publicado em: 15/03/2008 11:39:02
Última alteração:22/10/2008 14:36:10




EU TE AMO!! coroa de sonetos 121
1681

Percebo o quanto é bom o amor da gente
Em púrpura deslinda-se a paixão,
Espalhando as estrelas pelo chão
Vestindo a fantasia intensamente.

No quanto o sol brilhante se apresente
Fazendo eternidade num verão,
Meus olhos outras fonte não verão
Cruzando esse horizonte em luz plangente.

Na busca por teu corpo, gozo e riso,
Corcéis vencendo chuvas de granizo,
Sidéreas explosões, mares invento.

Vislumbro dos umbrais; plena e serena
Magnitude sublime em que se acena,
A lua desmaiando; o firmamento.



1682


A lua desmaiando; o firmamento,
Rompendo o sol trazendo o seu clarão...
Uma esperança acalma o sofrimento,

E aviva, borbulhando o coração.
O dia vai passando, calmo e lento,
Saudade dominando esta emoção...

Percebo que sem mágoas, criei asas;
Na espera que promete bom augúrio.
Fomenta uma alegria em vivas brasas,
Quem teve no passado, amor espúrio,

No augúrio deste sonho quer futuro
Que seja, pelo menos delicado,
Qual lume que ilumina céu escuro,
Quem sabe te terei sempre a meu lado?

1683



Quem sabe te terei sempre a meu lado?
A dúvida decerto me avassala
Minha alma de teu corpo qual vassala
Açoda cada passo vislumbrado.

Amor que não coleta mais enfado
Adentra o coração em larga escala
A voz que me inebria enquanto embala
Escreve em verso manso e delicado.

Capaz de sempre dar prosseguimento
À lenda que floresce em meu jardim,
Não guardo nem sequer ressentimento,

Bebendo a ventania que me alcança
Reflexo da mais nobre temperança,
Espelhas todo amor que trago em mim.


1684


Espelhas todo amor que trago em mim,
e neste refletir vejo uma imagem
meus olhos neste espelho que sem fim,
se perde no infinito, qual miragem.

Neste caleidoscópio vou assim;
um velho navegante faz viagem
por mares que entranhaste. Encontro, enfim
dentro em teu coração, mesma roupagem.

Nós somos quais reflexos que entrelaçam
dois rumos diferentes num só passo.
Parece que ocupamos mesmo espaço,

pois somos convergentes, companheiros,
metades que se encontram e se compassam
formando muito mais que dois inteiros...



1685


formando muito mais que dois inteiros;
amor nos multiplica em mais de cem.
Da força que decerto ele contém,
A proliferação toma os canteiros.

Desaguando oceanos nos ribeiros
Amor nos conduzindo sempre tem
Certeza de tramar no querer bem
Desejos entre furnas, bons mineiros.

Realces entre tons maravilhosos,
Verões nestes olhares invernosos
Transforma todo o gozo que se sente

Em bela catedral, divino altar
A cada novo sonho quero estar,
Entregue ao teu amor, completamente.

1686

Entregue ao teu amor, completamente,
Desejo ser teu ar, ser teu cativo...
Sentimento voraz que de repente
Me domina e por ele é que estou vivo...

Tu és mais que meu par, eu sou quem és,
Numa mistura intensa e tão completa
Usamos para andar os mesmos pés,
Tua alma de minha alma está repleta...

Mais que almas gêmeas, somos uma só,
Nesta irmandade louca que nos faz
Nascidos, ressurgidos, mesmo pó,
Somente nosso amor nos satisfaz...

Vivemos do prazer, dois hedonistas,
Nesse teatro Noh, somos artistas...



1687

Nesse teatro Noh, somos artistas
Saltimbancos apenas e não mais.
Resquícios do que foram vãs conquistas
Expressam nossa sanha: amar demais.

Amores que em promessas beijam cais
Passando velhas dores em revistas
Das ondas se perdendo, buscam cristas
Encontram nas areias, pantanais...

Insânia nos vestindo, cruamente
Aos pés ata grilhões, sangra em corrente,
Paixão morrendo aos poucos, merencória.

Embora num mergulho eu vá com tudo
Embate que perdemos; não me iludo,
Amor contra razão em luta inglória


1688



Amor contra razão em luta inglória
Não deixa nem sequer restar algum
Vestígio de quem fora merencória,
Vencendo par em par aumenta o zoom

E mostra quanto amor é soberano,
É força mais vital, indiscutível,
Vibrando sua força, sem engano,
Com seu poder intenso e infalível.

Ao perceber o fim desta batalha,
Razão já se perdeu em tempos idos,
No corte sorridente da navalha,
Amor vai dominando meus sentidos.

E tórrido ostentando a sensação
Incontrolável sina da paixão...


1689


Incontrolável sina da paixão,
O intenso fogaréu que nos domina,
Supera em claridade esta neblina
Estende a fantasia em turbilhão

Turíbulos dos sonhos; sedução
Galopa uma esperança, solta crina
Cordel que nos unindo, determina
A noite em mais completa tentação.

Embora a chuva caia noite e dia
O sol de tanto amor trama em mormaço
O corte mais profundo, lâmina, aço

Garoas espalhando a poesia
Força sublime, audaz; chama insensata.
Meu doido coração faminto se ata...


1690


Meu doido coração faminto se ata...
E bate sem sentido nem por que,
Adentra a sensação de densa mata
Que forma todo anseio em que se crê.

Vivendo enternecido pelo brilho
Da lua que invadiu esta alvorada,
Num mar de tanto amor me maravilho
E sigo teu caminho, nossa estrada...

Em alforjes que carrego dentro da alma,
Os víveres mais doces são teus lábios.
Não quero nem sequer o que me acalma,
Não quero nem prudência, nego os sábios.

Um sabiá sabia quanto amar
Valia muito mais do que voar...


1691

Valia muito mais do que voar
Apenas vislumbrar tal paisagem
Aonde o sonho faz cada paragem
Num raro e mais constante deslumbrar.

A boca que se entrega devagar,
Permite a mansidão dessa viagem.
Além do que talvez simples miragem,
Aragem sem igual vem nos tocar.

Matriz ou filial, amor constante,
Vibrando de desejo a cada instante
Não vejo em meu caminho; amor, mais nada.

Afinal que sou eu sem teu amor?
Em teus mares um bom navegador,
Um cais em tua pele amorenada...



1692


Um cais em tua pele amorenada,
Olhares percebendo, velhos crentes
Deitado em mãos macias, languescentes
Aguardo extasiado essa jornada

Os dias que se foram; penitentes
Minha alma tantas vezes tão cansada,
A cada novo passo, derrocada,
Carregando somente tais correntes

Distante de meus olhos, Paraíso,
Lembrança de teus lábios, beijo e riso,
Estrada abandonada, antes florida,

Saudade a cada dia se renova,
Legando à solidão a minha alcova
Tal calvário arrastando a minha vida...

1693



Tal calvário arrastando a minha vida
Trazendo o mais precoce anoitecer,
Fazendo o meu caminho estremecer,
Deixando uma esperança só; perdida...

Numa álgida expressão, vou sem saída
Sentindo uma ilusão já fenecer,
Jardim em pleno espinho a se verter,
Audácia há tanto tempo carcomida...

O luto desta noite bebe o mar,
Salgando uma alegria que não veio.
A dor de uma saudade entranha o seio

O canto se perdendo sem tocar
Os véus da fantasia que se foram,
Mortalhas da emoção, tudo decoram...

1694


Mortalhas da emoção, tudo decoram
Transbordam nas esquinas, botequins,
Colombinas namoram arlequins
E os velhos pierrôs, sozinhos, choram...

Antigos carnavais se rememoram
Estrelas namorando os querubins
Amores que perdi foram chupins
Distantes destes sonhos, não ancoram.

Ao ver o quanto eu tive em chão vazio,
Olhar que cultivara; tão sombrio,
Dorida sensação: ser penitente.

E vendo amor que agora se professa
Bem mais que uma ilusão, simples promessa,
Percebo o quanto é bom o amor da gente.
Publicado em: 15/03/2008 14:15:21
Última alteração:22/10/2008 14:36:06



EU TE AMO!! coroa de sonetos 122
1695

A paz que num momento se assenhora
Relembra uma esperança feita em luz,
A ponta desta faca adentra agora
Cortante, inebriando, bebe o pus.

Fiando a tempestade ao som da lira,
Na garganta restando a leda espinha
Que feita em agonia diz mentira,
Transparecendo o nada de onde vinha.

Os risos que se foram generosos
Tentando demonstrar qualquer ternura,
Aos poucos mostrarão quão onerosos
Os guizos mais insanos da procura.

Saudade do que fui e não bebi,
Trazendo um vão retrato, volto a ti...

1696


Trazendo um vão retrato, volto a ti;
A carne amaciada com pancadas
Feridas em mordidas demarcadas
O podre da esperança eu já perdi.

Anunciando a chuva, eu pressenti
As mãos entre grilhões espedaçadas.
As pernas tanta vez embaraçadas
No tombo inevitável, percebi,

A mata escurecida pelos medos,
A caça interminável não suprime
O gozo em fantasia expressa um crime

Não tendo sete chaves, nem segredos,
O cofre da ilusão velho falsário,
Expressa amanhecer tão solitário...


1697

Expressa amanhecer tão solitário
O que meu pensamento diz agora,
Distante do que ardia em vão, outrora
O vento nunca veio solidário.

O amor sempre foi ledo e temporário
A sorte que tentava, aborta, gora
A morte me brindando sem demora
Jamais se esquecerá do seu horário.

O tempo transformado em calafrio,
Os olhos tão somente vis ultrajes,
Mortalhas entre lutos, os meus trajes,

Apenas me sondando o vento frio,
Sorrisos são apenas espantalhos
Os passos prosseguindo, torpes, falhos...


1698

Os passos prosseguindo, torpes, falhos
Resumem tão somente o meu cansaço,
As trevas me servindo de agasalhos
Rompendo da esperança cada laço.

Um arvoredo em seca, mortos galhos
A cada amanhecer eu mais me esgarço
Nas costas entre ardências, cortes, talhos
Nos braços da ilusão eu me desgraço.

Seráfica emoção em meio a círios,
Certeza feita em cravos, morte, lírios
Sonega o que se quis perpetuidade,

Outrora em fantasia um ser liberto,
Agora ao perceber ledo deserto,
No cadáver, talvez, fecundidade...

1699




No cadáver, talvez, fecundidade
Depois de meus castelos corrompidos
Mordaça sonegando a liberdade,
Os sonhos em loucuras esquecidos.

Menção de fantasia diz saudade
Os passos sempre vãos seguem perdidos.
Olhar quer em cegueira a claridade,
Os dias entre as trevas percebidos...

Capota a cada curva uma emoção,
As luas vão seguindo em evasão
Apenas o vazio inda se atreve

As cores da esperança são tardias,
As bocas que se buscam, doentias,
A morte em redenção virá em breve...


1700

A morte em redenção virá em breve
Na luz que tantas vezes, cega impura,
O vento deslumbrando tal ventura
Trará ao pensamento frio e neve.

Por mais que uma esperança, tola ceve,
A mão da realidade nos tortura,
A liberdade morre em plena agrura
Amor em perfeição? Meu sonho em greve.

Fervendo olhares tolos, primitivos,
Medonhos meus delírios são cativos
Da falsa pedra em lume cintilante.

Na rua da ilusão, bosque em queimada,
De vidro cada estrada ladrilhada,
Tomando as tais pedrinhas de brilhante...


1701

Tomando as tais pedrinhas de brilhante
Os olhos entre sonhos reluziam,
O quanto desejei por um instante
Caminhos tão diversos percorriam.

No verso em que ilusão já se agigante
Os pés ensandecidos não sabiam
Das quedas que os deslizes pressentiam
Na falsa imagem, leda e triunfante.

Por mais que exista dádiva suprema
É necessário sempre que uma algema
Não marque com cruéis dominações

A sorte que em outra hora fora emblema
Dos sonhos e poemas luz e lema
Agora proferindo aberrações...



1702

Agora proferindo aberrações
O mal que nos assola em vão concreto,
Por vezes o meu verso predileto
Trazendo as mais terríveis ilações

Professo tantas vezes os refrões
Que buscam sentimento mais discreto
Parecendo ao amor um dialeto
Criando as mais temidas confusões.

Olhares entre escombros, imundícias
Purgando a podridão falsas delícias
Na morte encontrará seu sacramento.

Carinhos entranhados de sevícias
Das garras pontiagudas, as carícias,
Do riso de ironia, o sofrimento...


1703

Do riso de ironia, o sofrimento
No altar que se professa incandescência
A boca que se oferta em penitência
Transforma qualquer beijo em excremento.

Nos braços deste sonho eu me arrebento
E entranho o que pensara previdência,
A morte em mais sublime providência
Explode em fogo fátuo e violento.

A pele se desfaz; velha carniça
Amor qual fora areia movediça
Em claras ventanias furiosas,

As mãos da fantasia que se frustra
A podridão eterna assim se ilustra,
Nas tramas deste amor, impiedosas...

1704


Nas tramas deste amor, impiedosas
A boca que esfaimada em sangue incita
A fera predileta e favorita
Sem tréguas, em rapinas fervorosas.

Palavras sonhadoras, desastrosas
Ao mesmo tempo nega enquanto excita
Em trêmulos orgasmos, vã, palpita
Trazendo noites frias, tenebrosas.

Voando sobre nós, águias, Harpias
Matando em nascedouro as alegrias,
Exploram cada palmo deste chão.

As garras da pantera penetrando,
Em lanhos mais profundos me cortando,
Legando ao meu cadáver, podridão..


1705

Legando ao meu cadáver, podridão;
Embriagado sonho feito incenso,
Um pântano que adentro; ledo, imenso,
Da fantasia tola, rufião.

Negando a primazia desse pão
Macabro esse sorriso, céu mais denso
Enquanto tolamente, ainda penso
Na tábua em falsos brilhos, salvação.

Profanas tempestades, meus louvores
Da pele decomposta, dissabores
Estúpida esperança trama ritos.

Os olhos que me seguem numa espreita
A morte inevitável se deleita
Nos versos quais sabujos, cães malditos...


1706

Nos versos quais sabujos, cães malditos,
Meus sonhos te servindo de repasto,
A cada novo passo mais me afasto
Mumificadas tramas, sons aflitos.

Nas falsas pedrarias me desgasto,
Soltando pelas sendas torpes gritos,
Ainda bem que os dias são finitos
O canto que me excita, enfim, nefasto.

Apenas o que sobra, um vil bagaço
Esvai uma esperança a cada passo,
Figura que caminha nauseante.

A morte conduzindo à plena paz,
Um rito que profana e satisfaz
Dos mares um etéreo navegante.


1707

Dos mares um etéreo navegante,
Entranha a cada passo um vil receio,
Bebendo a solidão, quero e permeio
Meu verso com um riso delirante.

Eu sei o quanto o sonho é desgastante,
Realidade toma cada veio,
Da vida tantas vezes eu me alheio
Porém verdade chega num rompante.

A fantasia audaz já desafia
Das lágrimas insana romaria
Proclama em ironia amarga festa.

De toda uma esperança, deserdado,
Reflito cada sombra do passado,
A morte em sedução ora se empresta...


1708



A morte em sedução ora se empresta
Deixando o verso amargo e sem sentido,
O tempo de sonhar vai esquecido,
Apenas solidão decerto, gesta.

A boca que se beija em vão, funesta,
Meu riso aos poucos segue distorcido,
No corte aprofundado, desvalido
O fim que se aproxima já me atesta

O quanto é necessária uma esperança
Ao menos que permita ancoradouro
Enquanto a vida esvai, amor ancora.

Trazendo pelo menos temperança
Num sonho mesmo tênue em nascedouro,
A paz que num momento se assenhora.
Publicado em: 15/03/2008 16:06:30
Última alteração:22/10/2008 14:35:52


EU TE AMO!! coroa de sonetos 123
1709


E toma a nossa vida num repente
A festa em amor feita, em que se esbalda
O sonho mais gentil já se desfralda
No qual farta alegria a gente sente.

Amor que em gêiser arde enquanto escalda
Num verso que nos toma plenamente,
Um doce que se faz em farta calda
Encharca nosso sonho em fogo ardente.

Irei contigo amada aonde fores,
Colhendo no caminho raras flores
Extremas emoções são prometidas

A quem em verso e riso faz seu mundo
Vislumbro a maravilha em um segundo
Mudando todo o rumo em nossas vidas...

1710

Mudando todo o rumo em nossas vidas
Um velho timoneiro não descansa
Enquanto em mar imenso vê saídas,
Exibe a mais sublime confiança.

As cargas devem ser bem dividas
Trazendo a mais completa temperança,
Amor que nos transforma em novos Midas
De toda essa alegria, faz fiança.

A mansa sensação que traz poder,
A dura tempestade que nos toma,
Nos laços bem mais fortes do prazer

Amor é bem querer em rica soma,
Meu verso enamorado, assim, de ti,
Encontra o Xangrilá que em sonhos vi...

1711

Encontra o Xangrilá que em sonhos vi
O pensamento sempre enamorado,
Deixando a solidão lá no passado,
Adentro a perfeição que existe aqui.

O medo que deveras eu perdi,
À simples sensação de ser amado
A rota deste rio desviado
Desanda até chegar em foz, a ti,.

Teimando no meu peito esta emoção
Permite assim sonhar transformação
Poeira vai tomando em mim assento,

Amor traz em leveza tal encanto
Deitando sobre nós suave manto

Qual pluma; vai bailando com o vento


1712




Qual pluma vai bailando com o vento
Entregue a tais carícias envolventes.
Parando, recomeça, num momento,
Na dança e nos folguedos mais frementes,

Meu coração aos poucos toma assento
E esquece de outros dias, penitentes.
Querida, não me sai do pensamento
Inveja que causamos a outras gentes.

Anseio te tocar, mas te procuro
Em todas as palavras que eu disser
Em todos os meus sonhos, em meus versos.

A luz que me inebria neste escuro,
A silhueta bela da mulher
Em magnitude plena, os universos...



1713

Em magnitude plena, os universos
Desenham raras telas no meu céu
Beleza que se doura em raro véu
Cantando esta emoção, faço meus versos.

Outrora duros passos tão dispersos,
Buscando a cada noite um carrossel
Adentra por Saturno em cada anel
E vence os ventos duros e perversos.

De todos os meus sonhos, o mais puro,
O porto tão seguro que procuro
Depois deste oceano revoltoso.

Acima tão somente esta amplidão
Mostrando com intensa sedução,
Amor assim faminto e desejoso.


1714


Amor assim faminto e desejoso,
Nos toma e nos devora, num segundo.
Encharca nosso sonho em cada gozo,
Num toque delicado e mais profundo.

Teu corpo tão macio e tão sedoso,
De todo este prazer em que me inundo
Mostrando quão ardente, assim fogoso,
Amor que nos tomou, maior do mundo...

Num ardoroso encanto, uma magia,
Que sabes, ser mais forte, amiga amada.
Envolto em loucas asas da alegria

Deveras tão gostoso e sensual,
Fazendo cada noite desbravada
Inesquecível, quase que imortal...



1715

Inesquecível, quase que imortal,
A força desse sonho inebriante
Vivendo esta alegria em paz constante
Não quero em minha vida outro final.

O corpo dessa deusa sensual
Espalha em meu caminho, diamante,
O beijo que roubei, tão delirante
Encena a fantasia magistral

Andando junto a ti, a cada passo,
Amor vou desfilando pelo espaço
Em risos e delírios siderais.

As somas que buscamos nos completam,
Mostrando as maravilhas que repletam,
Teus sonhos em meus sonhos são iguais.
1716


Teus sonhos em meus sonhos são iguais,
E galgo, sem receios, altos cumes
Quando em realidade transformais
As esperanças plenas de perfumes.
Te quero, meu amor e digo mais,
Adoro quando gritas e me assumes.

Meus versos são completos em teus versos,
Nós somos as metades da maçã;
Juntamos velhos sonhos tão dispersos,
Fazendo renascer clara manhã;
Não somos nem contrários nem reversos
Trilhar num só caminho, nosso afã.

Vestidos de esperança, nossa guia,
Amor em paz é tudo o que eu queria!


1717


Amor em paz é tudo o que eu queria
Depois de ter vivido insana luta,
A mão que mansamente acaricia
Desfaz esta quimera, audaz e bruta.

A vida se encharcando em poesia
No gozo mais sublime se desfruta
O bem que farto amor nos propicia.
Prazer que se percebe na permuta

Dos sonhos e vontades, delicados,
Amor não necessita de altos brados
A mansidão suprema encontro em ti,

Belezas de castelos e jardins,
Na placidez de arcanjos; querubins,
Querida, nesse reino eu percebi

1718


Querida, nesse reino eu percebi
A força da paixão que não se cala.
De tudo o que sonhara encontro em ti,
Amor que a gente canta se faz gala.
Se estive tão distante por aí?
Tentaram coibir a minha fala!

No reino em que passeio simples versos,
Amar é coisa velha e degradante.
Lá vivem, bem distantes e dispersos,
A súcia incompetente e delirante;
Que pensa em outros rumos tão diversos,
Morrendo sem saber por um instante

Como beijar, amar é bom demais.
Nem deixam os amantes mais em paz...


1719

Nem deixam os amantes mais em paz,
Invejas de outra gente solitária
Distante da sublime luminária
Falenas se matando em fúria audaz.

Apenas a vontade satisfaz?
Decerto sei que é sempre necessária,
Porém a claridade temporária
Não mostra todo o bem que amor nos traz.

Faminto de teu cheiro, teu perfume,
Bebendo a cada dia farto lume
Um mundo mais perfeito descobrindo,

Imito em pensamento a bela lua
Que ao ver-te assim deitada seminua
Entrando no teu quarto te sentindo.


1720


Entrando no teu quarto; te sentindo,
A carne dura,o corpo tão macio...
Teus lábios num sorriso me pedindo
Calor que te proíba tanto frio...
Na cama com meus braços te cobrindo,
Lá fora o minuano, aqui estio...

As tuas costas belas, lindas, nuas
A mão te percorrendo devagar,
Na claridade intensa de mil luas...
A cútis, doce mar a navegar...
Comigo neste sonho tu flutuas
E a noite vai passando assim, sem par...

E somos, de repente, um só sorriso,
Imenso, imerso em paz, no paraíso...


1721


Imenso, imerso em paz, no paraíso,
O rito que professo não se engana,
A paz que se mostrando soberana
Deslinda o toque pleno e mais preciso.

Não quero na verdade algum juízo
Somente poder ter o mel da cana
Que esvai em cada poro. Noite insana
Que toma a nossa vida sem aviso.

Não nego este desejo imperativo
De ser, do nosso amor, servo e cativo
Vassalo deste gozo alucinante.

Tocando a tua pele devagar,
Descubro quão fantástico é te amar.
Um pouco a cada dia, em luz constante...


1722



Um pouco a cada dia, em luz constante,
Vasculho os teus sinais, vejo pegadas,
Tristezas nos porões emboloradas
Perdidas esquecidas numa estante

As cores deste amor tão fascinante
Entornam raras luzes nas estradas
Estrelas entre nuvens escaladas
No olhar feito farol da amada amante.

Intrépido caminho se assenhora
Trazendo imensidão a qualquer hora
Num sonho mais audaz e tão freqüente.

O quanto te desejo me alucina
Amor estende luz diamantina
E toma a nossa vida num repente.
Publicado em: 15/03/2008 19:53:47
Última alteração:22/10/2008 14:37:33



EU TE AMO!! coroa de sonetos 124
1723

Promete: não irá jamais embora,
Amor jamais resistiria assim,
O meu canteiro coração a fim
De ter a flor que meu sonhar decora

Essa vontade, ser feliz aflora
Tornando mais bonito o meu jardim.
Amor que vai tomando tudo em mim,
Já sabe meu desejo desde agora.

Felicidade, conviver contigo
Um sentimento muito além de amigo
Aonde uma saudade não se exila.

Vivendo a plenitude sonho,
Na terna sensação enfim componho
Olhar de bela deusa que cintila



1724

Olhar de deusa bela que cintila
Um sol que em plena terra assim já desce
Rebrilha nos meus olhos a pupila
Que encantando, estrelado, resplandece.

A beleza sem par, olhar destila,
Em toda noite escura fosforesce,
A tornando pacífica e tranqüila,
A dor e o sofrimento assim se esquece...

No brilho que me toma e se propaga,
Raiando a madrugada em raro sol.
Calor que me tocando sempre afaga

Caleidoscópio vário e multicor,
Olhar que com potência de um farol,
É guia principal do nosso amor...


1725


É guia principal do nosso amor
Felicidade imensa que carrego
Um sonho sem igual renovador
Aonde se demonstra o nosso apego.

Vivendo sem temer vicissitudes,
Almejo uma alegria verdadeira
Que é feita de carinhos e virtudes
Bem mais que a fantasia corriqueira.

Ser teu e tão somente, o que desejo,
Não posso mais calar, nem mesmo agüento
Aproveitando a sorte em cada ensejo,
Venero a cada dia, o sentimento

Não quero mais tormento ou dissabor
Distante de teu corpo sedutor.



1726


Distante de teu corpo sedutor
Distante desta boca encantadora
Procuro uma esperança recompor
Na força de uma luz que é redentora.
Vivendo a te buscar, ó meu amor,
A vida se passando e nada aflora

Somente uma saudade martiriza
O peito de quem soube amar demais.
O vento delicado nasce brisa
E morre tempestade sem ter paz.
A noite sem estrelas não me avisa
Do dia em claridade. Medo traz...

Mas sinto o teu perfume junto a mim.
Amor que nos tocou, chegou ao fim?


1727

Amor que nos tocou, chegou ao fim?
Pergunta o coração enamorado
O quanto de desejo existe em mim
Permite amanhecer anunciado

Que sinto ter chegado, amor; enfim.
Distante dos temores do passado,
O manto desses sonhos, consagrado,
Perfuma o meu canteiro, este jardim.

Não quero a solidão, nem a tristeza,
Das dores? Sequer traços ou resíduos,
Apenas mansidão feita em carinho.

Prazeres são comuns e mais assíduos.
Amor já me impedindo de ser presa
Dos cactos espinhosos do caminho...


1728


Dos cactos espinhosos do caminho,
Das urzes e das pedras, farpas, dores.
O pranto de quem veio tão sozinho
Recebe teus carinhos redentores.
Bebendo em tua boca o doce vinho
Que é feito em paz e sangue, pão, amores...

Eu quero ser teu servo e ser cativo
Em cada amanhecer, guia meus passos.
Se sinto esta emoção e nela vivo
Percebo toda a força dos teus braços.
Amor sem ser jamais quieto e passivo
Promessa mais perene destes laços

Que fazem nosso canto em harmonia
Nos nervos e nos olhos da alegria...



1729

Nos nervos e nos olhos da alegria
Tocando com firmeza e mansidão
Amor causando em nós revolução
Estrela que faz tempo reluzia

Nos olhos de quem crê na fantasia
O brilho traduzindo imensidão.
No fogo mais sublime da paixão
Um sol abrasador, verdades cria.

Em meio aos tais festejos da esperança
Trazendo a mais completa confiança
Um verso se tornando alvissareiro.

Contigo eu me permito perceber
A tenra plenitude do querer
Dançando nesta noite, o tempo inteiro.

1730


Dançando nesta noite, o tempo inteiro.
Nas noites do verão de uma existência;
O riso permanente e companheiro

No teu gesto mais brusco, impaciência
O tempo passará num verdadeiro
Martírio que jamais terá clemência...

Os olhos da menina se embaçaram,
Tuas pernas cansadas sem a dança
Os dedos carinhosos maltrataram
Matando o que se fora uma esperança

De toda uma mudança que não veio
Da noite que não trouxe uma alvorada.
A mão que deslizava sobre o seio
Encontra este vazio, o quase nada...


1731



Encontra este vazio, o quase nada
Após a tempestade em que se deu
Amor que há tanto tempo percebeu
Da vida a sorte grande, derramada.

Desejo que se fez somente teu
Morrendo enquanto mata; noutra alçada
Mudando num segundo nossa estrada
Estende na calçada, apenas breu.

Durante tua ausência eu percebi
Que todo este caminho leva a ti,
Nem mesmo uma esperança inda me abrasa,

Desculpe tantos erros e pecados
Durante os dias tensos noutros prados
Quantas vezes; pensei voltar pra casa


1732




Quantas vezes pensei voltar pra casa
Para a mesma casa onde nosso amor
Nasceu. Tão solitário... Sem calor
Que emana deste amor que nos abrasa;

Perdia sempre o rumo de meus versos
Jogados nas paredes da lembrança;
Amar se necessita confiança
Além de outros carinhos mais diversos...

Pedindo-te perdão, hoje eu regresso,
Depois de tanto tempo sem te ver..
Amada, me perdoa; podes crer,
Humildemente sou um réu confesso...

E venho te pedir nova guarida,
Te entrego, se quiser, a própria vida...


1733

Te entrego, se quiser, a própria vida,
Mas não me deixe assim tão solitário.
Estrela que guiava está perdida
Distante desse amor, vou temerário.

Carinho, com certeza é necessário
É nele que percebo uma saída
Não faça deste sonho um relicário
Estrada sem teus passos? Destruída...

Sabendo quanto eu quero o teu querer
Querência assim igual; jamais eu tive.
Eu quero a cada noite o teu abraço.

Beber em tua boca o doce mel,
Meu coração vazio vai ao léu...
Minha musa morrendo... O quê que faço?

1734


Minha musa morrendo... O quê que faço?
Não posso permitir que isso aconteça!
Sem a musa é possível que pereça
O sonho que me trouxe um velho traço.

Na morte desta musa, me desgraço,
Que em meu canto ninguém mais adormeça!
A vida só me dá dor de cabeça,
Sem musas meu poema foi pro espaço!

Velório destas musas pede rito.
Meu grito sem atrito no infinito.
Meu canto, seu quebranto, tanto manto...

Depressa, traz compressa tenho pressa!
Meu remo, meu remédio, outra remessa!
Ó musa vê se volta ao seu recanto!


1735


Ó musa vê se volta ao seu recanto!
Meu verso se perdendo sem ter nexo
Eu quero muito além de simples sexo,
Preciso de teu fogo e teu encanto.

E saibas que eu te quero e quero tanto,
Teus olhos dos meus sonhos o reflexo
Não és, isso eu garanto, um mero anexo,
Não quero em minha vida mais quebranto.

Permita que eu te fale com franqueza
Tua presença evita uma surpresa
Qualquer que me atrapalhe o caminhar.

Espinhos? Tive vários, não duvide
Por isso a minha vida se decide
No quanto em meu recanto quero amar...


1736

No quanto em meu recanto quero amar
Somente um desvario e nada mais.
A morte tem mandado os seus sinais,
Mas quero que ela chegue devagar.

Não posso simplesmente me calar,
Embora sem encantos, perco o cais.
Meus versos se fazendo rituais
Ninguém me impedirá de versejar

Há dias que eu me escondo e nada falo,
Também nunca pisei num outro calo
Se eu faço do amor a minha escora

Problema, se isso existe, eu nunca vejo
Mas antes de partir, eis meu desejo:
Promete: não irá jamais embora.
Publicado em: 16/03/2008 21:23:50
Última alteração:22/10/2008 14:39:37


EU TE AMO!! coroa de sonetos 125
1737

Deitando nos teus braços, tenramente
Encontro a mais sublime poesia,
Tocado pelas mãos de uma alegria
Um mundo abençoado se pressente

Alvorecendo a paz que num repente
Supera calmamente a aleivosia
Encanto em que minha alma se fremia
Mudando o meu destino, totalmente.

O colo que; aquecendo me transforma
Negando num momento qualquer forma
Que lembre o duro, audaz, atroz inverno,

Olhando à minha volta, a liberdade
Trazendo sem temor ou ansiedade
Um vento que me toca; sonho eterno.



1738

Um vento que me toca; sonho eterno
Roçando meus cabelos vem e fala
Do sentimento forte, lindo, terno
Que a um só tempo enrijecendo, abala.

Pensando nesse amor também fraterno
Que excita; sensual e nunca cala,
Vivendo em primavera nega inverno.
Eu quero, num momento; convidá-la

À festa da ternura e da libido,
Formada pelo toque e pelo sonho
Ao experimentar cada sentido

Iremos flutuando... Pensamento
Liberto e companheiro, eu te proponho
Matando; de tristeza, o sofrimento...


1739

Matando; de tristeza, o sofrimento,
Alegres emoções já nos tomando
Sabendo desta estrela desde quando
O amor trouxe o final deste tormento.

A sorte vai cumprindo o seu intento,
Enquanto uma esperança traz, raiando,
No tempo mais sublime abençoando,
No fogo da paixão, meu sentimento.

Portando o sol nos olhos, libertária,
A paz que; não duvido, é necessária,
Depois da ventania, assim, bendita,

Acende; no caminho, a lamparina
Na luz que se mostrando cristalina,
Bom dia minha amada, és tão bonita.



1740

Bom dia minha amada, és tão bonita;
Acordo com vontade de te ver,
Tu tens a maravilha da pepita
Mais rara que já pude conceber.

Minha alegria intensa se credita
À delícia de ter teu bem querer
Que o sol ao te tocar sempre reflita
Desejo tão intenso de poder

Tocar-te com meus lábios, minhas mãos,
Abrilhantando a vida, bem amada.
Quem fora prisioneiro de tão vãos

Momentos que passei em minha vida,
Já sabe como é bom saber que cada
Palavra em mansidão é proferida.


1741

Palavra em mansidão é proferida
Dizendo desse amor, rara promessa,
Sentido libertário não tropeça
Razão prioritária em minha vida.

A dor da solidão sendo vencida,
O tempo de viver já recomeça
A nuvem do passando, mesmo espessa
Deixada assim de lado, dissolvida.

No carrossel do sonho, volta e meia
A trama se faz plena em clara teia
O amor vem se estendendo em cada ramo,

Girando o pensamento eu não descanso,
Assim, felicidade imensa; alcanço
Brincando de ciranda com quem amo


1742

Brincando de ciranda com quem amo
Reclamo tua ausência nesta noite.
Da cama que sonhamos já te chamo
Vem logo que promete um bom pernoite,

O frio deste outono aqui inflamo,
E faço de meu beijo um doce açoite,
Buscando tua fonte que reclamo,
Em meio a tantas brenhas que me acoite

Os lábios desejosos e sedentos,
As pernas torneadas da morena,
Vibrando dentro em ti meus pensamentos,

Encontram o sonhado e sensual
Caminho que sorrindo já se acena
Depois de penetrar este portal...


1743

Depois de penetrar este portal
Recolho tanta estrela, ganho o sol,
Cabelos desfilando em caracol,
Visagem mais perfeita, sem igual.

Cenário, com certeza magistral
Ganhando em maravilha este arrebol,
No teu olhar magnífico, o farol
Beleza se espalhando, triunfal.

Prevejo conseguir realizar
Os sonhos que não canso de sonhar
Matando o que eu vivera, amargo e fero.

Só posso te dizer, falo e repito,
No encanto que se mostra mais bonito,
Eu tanto te desejo... Ah! Como quero

1744


Eu tanto te desejo... Ah! Como quero

Poder te dar um beijo, acarinhar...

Faz tempo, tanto tempo que te espero,

Eu quero o teu carinho desfrutar...



Sentindo um arrepio e me fartando

De toda essa delícia que é te ter.

Deitados num tapete ir flutuando

Nas mais divinas formas de prazer...



Não sinta mais tristeza, eu já te imploro,

Façamos nossas noites maviosas.

Teu corpo no meu corpo... Em ti decoro

As curvas, os caminhos, ninhos... Rosas...



Tocando tua boca, perna e seio

As tuas margens, louco, eu assoreio...


1745

As tuas margens, louco, eu assoreio;
Tomando toda a cena, amor suprime,
No quanto tantas vezes já te estime
Eu faço deste gozo um novo meio

Falando da vontade assim permeio
A sorte que se mostra mais sublime
E mesmo a fantasia em que se arrime
O mundo que, decerto, eu quero e creio.

Ternura nos tomando claramente,
No esteio desse amor tão envolvente
Que entorna maravilhas nesta grei,

Embora na paixão, meu desamparo,
Delicioso sonho doce e amaro,
O vento não protege; disso eu sei.



1746



O vento não protege; disso eu sei,

Até por que se, ciumento muda tanto...

A natureza guarda em sua lei

Verdades que nos mostram seu encanto.



O vento sempre muda a direção,

Levando para além o teu perfume,

Por isto eu gostei da sugestão,

Protege da vaidade e do ciúme...



O mar com suas ondas sempre vem,

E com certeza é bem mais confiável,

Notícias que eu espero de meu bem



Do mar, a carta chega, de repente....

Dizendo neste tom, que é sempre amável,

Vontade de te amar é tão urgente!



1747



Vontade de te amar é tão urgente
E nada impedirá, tenho a certeza
O quanto quero ser da fera, a presa,
Permite que eu me sinta mais contente.

A cada novo beijo se pressente
A força desse amor que em correnteza
Espalha todo o sonho que se preza
Tomando a nossa vida esta torrente.

Semeias em meus olhos a esperança
Semente que se mostra benfazeja,
Enquanto as alegrias já retornam

Cravando no meu peito a sua lança,
Eros trazendo o bem que se deseja:
Encantos deste amor que me transtornam


1748




Encantos deste amor que me transtornam
Em vestes delicadas, véus de seda.
Os olhos empolgados se contornam
Passeio por teus braços, noite enreda

E forma a bela tela dos anseios,
Numa aquarela imensa; mil matizes,
Deitando meus desejos nos teus seios,
Fazendo-nos amantes mais felizes...

Na poesia entorno meus desejos,
Que são bem mais reais do que imaginas,
Seguras meus cabelos, bocas, beijos,
Sou seu corcel, me prendes pelas crinas.

E galopamos nus pela cidade,
Mostrando o que é sentir felicidade...



1749


Mostrando o que é sentir felicidade,
Amor já se assenhora de meus versos.
Passando por momentos mais perversos
Das trevas renasceu a claridade.

Agora esta alegria que me invade
Tomando num clarão ganha universos
Em cores e matizes tão diversos
Permitem vislumbrar tranqüilidade.

Adentro num segundo, o raro altar
Aonde amor se fez iluminar
Com rara precisão e magnitude

Aporto ao infinito nos seus braços,
Sorvendo a fantasia em teus abraços
No gozo que se dá farto e amiúde...


1750

No gozo que se dá farto e amiúde,
Certeza de poder ser mais feliz.
Nem mesmo uma saudade contradiz
O bem que nos tomando em atitude

Expressa o renovar da juventude
Deixando bem distante um céu tão gris.
A sorte muitas vezes, velha atriz
Permite que esse sonho se transmude.

Porém uma certeza fortifica,
O sonho que somente amor explica
Gerando a fortaleza em nossa mente.

A boca que se dá em mansidão
Mostrando com certeza a direção
Deitando nos teus braços, tenramente.
Publicado em: 17/03/2008 04:57:11
Última alteração:22/10/2008 14:39:43

EU TE AMO!! coroa de sonetos 126
1751

Somamos nossos sonhos, sem temores
Numa alvorada em luz iridescente
Amor vai se mostrando mais urgente
Trazendo à nossa vida tantas cores.

Os olhos se mostrando sonhadores
Vivendo tudo aquilo que se sente,
Tomando nosso mundo de repente
Permite que se vejam tais alvores.

Na alvura deste céu que se aproxima,
Amor vai dominando todo o clima
Na força da alegria que se acenda,

Eu tenho esta certeza que não nego,
Do amor que em fantasias eu carrego,
Dançando nesta noite, minha prenda...



1752



Dançando nesta noite, minha prenda,
Colado com teu corpo, em teu carinho
A vida do teu lado se desvenda
Jamais eu voltarei a ser sozinho...

Saudade no meu peito, vira lenda,
Aberto o coração, um passarinho
Voando para o Sul, permite acenda
O brilho da esperança, de mansinho...

Dançando em nossas mãos um carrossel,
Desvenda estes mistérios da paixão.
O gosto desta boca, doce mel

O toque sedutor roça meu rosto.
Guria, mergulhando na emoção,
Deixando bem distante o tal desgosto..


1753


Deixando bem distante o tal desgosto,
Durante muito tempo em minha vida
Aos poucos aumentando esta ferida
No corte tantas vezes mais exposto.

Beleza inesquecível de teu rosto,
Imagem muitas vezes distorcida
Viagem que pensava já perdida,
Agora um novo sonho recomposto

Bebendo tantos goles, amargor
Da morte anunciada deste amor,
Morrendo em nascedouro a primavera

Mas tendo uma esperança como amiga,
Permita mesmo em vão que inda te diga:
Meu verso é tão romântica quimera,


1754


Meu verso é tão romântica quimera,
É dor que não consigo mais calar.
É templo da saudade, morte e fera,
É luz que sempre roubo do luar.

A cada novo canto a dor se esmera
Transborda no horizonte, seca o mar.
Meu verso de saudade reverbera
Supremo sentimento, louco amar!

Meu verso é tentativa de emoção.
É pélago que busco em alarido.
Mergulho totalmente da amplidão.

Espero um leonino manso afago...
É verso apaixonado de um vencido.
É resto deste copo, nenhum trago...


1755

É resto deste copo, nenhum trago
Apenas o vazio como herança,
Um espectro tão fúnebre: esperança
Ainda em ironia traz afago.

Do quanto nada tive, o resto eu trago
Tão somente, tristezas por fiança
Enquanto o vento frio nos alcança,
Procuro em vão um sonho audaz e mago

Que possa permitir um novo tempo
Distante do passado em contratempo,
Porém sem ter futuro, perco o sesmo,

E vago noutra grei, ledo destino,
No quanto em desespero, desatino,
Qual triste borboleta; vou a esmo...

1756

Qual triste borboleta, vou a esmo,
Nas gotas deste orvalho, sem paragem...
Amor que nunca mais será o mesmo,
Descansa, doce bálsamo, viagem...

Nas promessas divinas, me quaresmo,
Não quero nem permito estar à margem.
Por vezes, tão calado, me ensimesmo
É medo de trocar, nova roupagem...

Crisálida que dorme não se esquece,
A dor deste fantasma me persegue.
Não basta a conversão sequer a prece.

A mansa borboleta nunca nega,
Por mais que tantos mares eu navegue,
Como é pesado o fardo que carrega...

1757


Como é pesado o fardo que carrega
Aquele que se deu sem ter cuidados.
Amor que modifica nossos Fados
Ao mesmo tempo guia enquanto cega.

Tomado feramente em louca entrega
Lançando a minha sorte em falsos dados
Há tempos, com certeza viciados
À própria desventura; amor relega.

Mas vejo a calmaria de um semblante
Que chega num clarão e ao mesmo instante
A vida, em precisão, logo incendeia.

Talvez simples miragem, pode ser...
Porém esperançoso, posso ver
Nas amplidões; fantástica sereia.




1758

Nas amplidões; fantástica sereia
Recende todo o brilho sideral.
O canto que desfila forma areia;
Areia que penetra neste astral!

Na chama delicada que incendeia,
Esboça tanta forma colossal.
Embevecido deus nunca refreia
Os sonhos da sereia marginal.

Da cósmica poeira constelar,
Escultora sutil faz os planetas.
Netuno, tão vaidoso, vê do mar

As mãos habilidosas. Maravilha!
Embarca sutilmente nos cometas,
Persegue a bela artista e sua trilha!

1759


Persegue a bela artista e sua trilha
Imprudente esperança libertária,
Ao mesmo tempo sendo necessária
Tropeça a cada passo, essa andarilha...

Às vezes ilusão também nos pilha
Transformação decerto temerária
A voz por tantas vezes tão sectária
Espera a mais incrível maravilha.

E nada do que cremos surgirá
O céu que num momento nublará
Negando o que sonhara uma criança.

O vento tão soturno das paixões
Trazendo cedo aos nossos corações,
Promessa aterradora de vingança.

1760


Promessa aterradora de vingança,
A vida se perdeu sem diapasão.
As flores que não têm caramanchão,
Demonstram seu perfil: desesperança!

Recendem velhos cravos na lembrança,
São formas de total abnegação,
Os vasos que se quebram, nosso chão.
No fundo representam arco e lança.

Promessa desmedida, sem critério.
Não deixa que eu vislumbre sequer rumo.
Queima-me, me tortura qual cautério.

Vencido nas batalhas mais venais.
Desejo de viver! Tonto, me aprumo.
Em meio a tais promessas, peço paz!


1761

Em meio a tais promessas, peço paz.
Percebo que virás ao fim do dia,
Vivendo e revivendo a fantasia
Do todo que se mostra mais capaz

A gota que caindo, satisfaz
E molda uma esperança em poesia.
Do amor que a cada verso me dizia
O sonho que alegria, enfim, me traz.

Girando pelas noites, um cometa
Riscando o céu, trazendo a claridade
Deixando no meu peito, cicatrizes.

Ao quanto em brilho intenso se arremeta
Permitem reviver a mocidade,
Lembranças destes tempos mais felizes



1762

Lembranças destes tempos mais felizes
Da infância que se perde na memória.
Amores que vieram, aprendizes,
Os dias se passando em plena glória.

O rosto que me vem, de minha amada,
Deitada sobre as pedras, cachoeiras...
A tarde na promessa iluminada,
Das nossas esperanças, verdadeiras...

Mas logo tu te foste, solidão.
A vida se tornou quase que inferno.
As pedras em total revolução
Rolaram, destruíram, duro inverno...

Mas sei que tu virás, minha querida,
Nesse último estertor de minha vida!


1763

Nesse último estertor de minha vida
Refaço as minhas contas e te digo,
Ainda necessito deste abrigo
Do labirinto escondo uma saída.

Uma esperança tola e distraída
Afronta ao fim da tarde um vão perigo,
Embora já sem forças; quero e brigo
Buscando a mocidade assim perdida.

Na lida uma alma esquálida percebe
A luz que inda clareia noutra sebe
E tenta em salto inútil desvendar

Segredos do que foi e não voltou,
Trafego nos cadáveres que sou
Fazendo da alegria um doce bar...


1764


Fazendo da alegria um doce bar
Eu vejo o teu retrato no cristal,
O amor ao se expressar quer vendaval
E nada restará em seu lugar.

Vontade de fugir e de ficar,
Carpindo a fantasia em ritual.
A força mesmo vã, residual,
Permite neste sonho eu me embrenhar.

Por tantas vezes tendo o mesmo quase,
A vida se renova em cada fase,
Trazendo em fel, raríssimos licores.

Irmanados caminhos, companheira,
Na sorte que falsária é verdadeira,
Somamos nossos sonhos, sem temores.
Publicado em: 17/03/2008 05:55:40
Última alteração:22/10/2008 14:40:01




EU TE AMO!! coroa de sonetos 127
1765

O tempo se repleta nos amores,
Diamantes de raro, intenso brilho
Supera com vigor um empecilho
Tramando em nossa vida, belas cores.

Recebo de teus abraços, tais alvores
Fazendo da esperança um estribilho,
Na senda em que me entrego enquanto trilho
Decerto encontrarei divinas flores.

O anoitecer se mostra inesquecível
Na lua que se dá em lume incrível
Certeza deste amor abençoado.

Deitando nosso amor sem ter ressalva
Na imagem desta noite imensa e alva
Perceba nosso céu tão constelado.


1766

Perceba nosso céu tão constelado,
Perceba nosso amor, mansa cascata.
Perceba a nua lua, mar de prata.
Perceba todo o mundo iluminado!

Perceba como Deus apaixonado,
Nos trouxe a maravilha desta mata.
Perceba que a pupila se dilata
Na troca deste olhar enamorado...

Perceba refletir fosforescente
Nas águas teu olhar tão reluzente,
Estão plenas de lumes, de ardentias.

A lua se repete, tantas fases,
Perceba como amor repete frases,
A vida se repete em alegrias!

1767

A vida se repete em alegrias
Depois que conheci a liberdade
Encanto se espalhando na cidade,
Deixando para trás as noites frias.

Das mãos que se mostravam mais vazias
Fartura transformando a realidade,
Vivendo o que busquei, tranqüilidade
Escuto as mais sublimes melodias

Vencendo os meus temores, vou contigo
Sabendo de teu braço, amante e amigo,
Não vejo em minha frente contratempo.

Minha cabeça erguida, o peito aberto,
Contigo o meu caminho é sempre certo
Assim pensava, amada, já faz tempo!


1768

Assim pensava, amada, já faz tempo;
Julgava nunca encontrar o grande amor.
Pois de tanto encontrar só contratempo;
Espinhos deturpando cada flor...

O medo se apossava e não saía.
Os dias eram feitos solidão.
A chuva, na minha alma, só caía,
Viver sem ter sequer uma emoção...

Mas quando conheci minha princesa,
Trazendo com seu vento, primavera...
O mundo transformado em tal beleza,
Até na mansidão, quedou-se a fera...

Mas hoje, nesse dia iluminado,
Descubro; estou por ti, apaixonado!

1769


Descubro; estou por ti, apaixonado
Sentindo esta presença pela casa
Além de um simples sonho que me abrasa,
Um lago em mansidão glorificado

Andara em solidão; preocupado
Porém uma alegria não se atrasa
A vida finalmente já me apraza,
Sabendo que terei sempre a meu lado

A boca desejosa em lábios quentes,
Os braços em carinhos envolventes
Servindo como guia e bom suporte

Contigo eu já me sinto descoberto,
Nos laços desta trama em passo certo,
Eu não quero sequer medo de morte.


1770


Eu não quero sequer medo de morte,
A sorte de viver não mais me encanta.
Me encanta simplesmente minha sorte
O canto que trouxeste, me agiganta!

Garganta milagrosa, canto forte,
A força do teu mundo, na garganta.
Um forte sentimento me levanta,
Levantes que trouxeste, grande porte...

Comportas tantas portas e saídas
Sorvidas minhas sortes já confortas.
Compostas de respostas divididas,

As vidas que divides, vão ao norte.
Norteio meu amor por tuas portas,
Conforta-me não ter medo de morte!

1771

Conforta-me não ter medo de morte
Mas quero muito além de um simples verso.
O quanto que seguira vão, disperso,
Sem ter nem almejar um novo norte

Agora cicatrizo antigo corte
Do tempo mais audaz, porém perverso,
E sobre nosso amor, inda converso
Falando deste sonho sem aporte.

Quem sabe noutro espaço e dimensão
A sorte tome nova direção
Calando a sensação dessa amargura.

Assim, proliferando a fantasia,
Embrenhe em minhas tréguas a alegria
E poesia intensa, leve e pura.


1772


E poesia intensa, leve e pura.
Nos versos que me embalam, nosso amor;
Que em meio a tanta dor me traz a cura,
É vida que renasce em bela flor...

Falar do sentimento que te trago
Nas mãos tão machucadas por espinhos.
Embora calejadas, meu afago
Virá na mansidão dos meus carinhos...

Sentir o meu amor, viva explosão,
Tomando, sem segredo, todo o mar,
Alaga de esperanças, o sertão
Criado pelo medo de te amar...

Falar de amor... Meus versos não se cansam,
Os sonhos, liberdade, sempre alcançam...


1773

Os sonhos, liberdade, sempre alcançam
Porém em olhos tristes, servidão.
Mirando noutro rumo ou direção
Os pés mais solitários não avançam.

Numa ilusão meus versos vis se lançam
Repetem sempre este terrível não;
Causam naufrágio. Buscarei então
Refúgio. Cegos, os meus passos cansam...

Estupidez espalhará vazios
Da negação eu não verei estios,
Simples saudade o meu olhar pressente.

O que farei se continuo só?
Como irei desatar o antigo nó
Se toda essa tristeza é inerente.


1774


Se toda essa tristeza é inerente,
Eu sinto que jamais verei a cura.
Porém como te amar é tão urgente,
Meu coração, sem medo, te procura.

Assim, talvez, quem saiba, minha amada,
A dor que me devora peça paz.
Então, ao manso vento, a caminhada,
Não trará tais tristezas, nunca mais.

Eu sinto que é possível ser feliz,
Ao lado de quem sonho, todo dia.
Na vida, nosso céu, belo matiz,
Transmuda na tranqüila sintonia

Que une, nossos diversos corações,
No uníssono bater das emoções.


1775

No uníssono bater das emoções
Eu preparei cada momento nosso
Do amanhecer um raro sol esboço
Aonde eu possa perceber paixões

Encontro em ti, claros sinais, verões
E a cada dia mais feliz remoço
Ao recobrir do meu passado o fosso
Redescobrindo agora as direções

Que já pensei perdidas. Ledo tempo
Ao enfrentar terrível contratempo
Deixara enfim a sensação de frio.

Ao ver teus olhos assolando o céu
Galopo livre nesse amor corcel
E sinto o respirar doce e macio.

1776


E sinto o respirar doce e macio,
Da boca que desejo tanto, tanto;
Envolto nos teus braços, perco o fio,
E sinto teu amor, teu louco encanto...

As roupas esquecidas na cadeira,
Nessa espetacular nudez, belezas.
Paixão que nos assola, verdadeira,
Intensa pois coberta de certezas.

Eu quero descobrir cada detalhe
Desta divina deusa, escultural.
Na preciosidade deste entalhe
Perfeito na moldura sensual.

E vivo, meu amor, cada momento,
Todo o furor que traz o sentimento...

1777

Todo o furor que traz o sentimento
Numa expressão em que talvez perdure
A sensação que o sofrimento cure
Ao pressupor que enfim se tome assento

A poeirama que lançou o vento
Embora tanta dor, amor augure
Apaixonado eu encontrei quem jure
Que o fogo queima nos trazendo alento.

Não tendo luzes, seguirei meu rumo
Na escuridão procurarei aprumo,
Em novos braços beberei carinho.

A minha sorte se lançando assim,
Talvez encontre o que restou de mim,
Ao ver que tu seguiste outro caminho.

1778

Ao ver que tu seguiste outro caminho
Distante do que tanto desejei,
Prefiro prosseguir assim sozinho,
Mas saiba que em verdade eu tanto amei

Alguém que me marcando com carinho
Fazendo-me sentir tal qual um rei,
Depressa abandonou o nosso ninho,
E nessa solidão eu mergulhei.

Espero que tu sejas mais feliz
Ao lado de quem vives; minha amada,
Seguindo novo rumo, nova estrada,

Carrego inda comigo a cicatriz
De um tempo em que contente imaginara
Que um grande amor, enfim, eu encontrara!


1779

Que um grande amor, enfim, eu encontrara
Após lutar nesta total loucura,
Sorte tamanha; acreditei. Tão rara...
Porém amor se traduziu tortura.

Não saberei colher da vida amara
Sequer os grãos que me trarão fartura,
A redenção de quem a paz procura
Sonhar. Decerto uma esperança cara

Porém, vazio talvez venha agora
Um novo dia amanhecendo em glória
Que molde enfim a derradeira história

Na mão amiga a plena paz se escora.
Mudando o rumo enfrentarei o mar,
Quem sabe assim eu poderei sonhar.


1780


Quem sabe assim eu poderei sonhar
Beber a sorte em fartos goles, luz.
Em plenas trevas vivo amor conduz
Quem reconhece deixa o sol brilhar.

Na força do astro quererá banhar
No fogo insano que este amor produz
Cobrindo de ouro o que se fez em cruz
Decerto encontra o que buscou: amar.

O canto livre torna o peito aberto
E granará o que pensei deserto
Com toda força multiplica cores

Após tempesta enfim virá bonança
No encanto vívido que a luz alcança
O tempo se repleta nos amores.
Publicado em: 17/03/2008 08:44:10
Última alteração:22/10/2008 14:40:12



EU TE AMO!! coroa de sonetos 128
1781

Que a vida já nos trouxe há tanto tempo
Decerto além do que pensei outrora
Amor não é somente um passatempo,
Enquanto cura nos trará espora.

Porém não temo o temporal jamais.
Prosseguirei pelo caminho atroz
Enquanto houver uma esperança em cais
Eu lutarei sem temer nada após.

Quanto desejo finalmente o sonho
Vivenciando uma alegria imensa
Por isso sempre tanto amor proponho

Sentindo enfim o vento no meu rosto,
Amor que brinda quem em glórias pensa,
Janelas bem abertas, peito exposto.

1782

Janelas bem abertas, peito exposto,
Sem tréguas nem temores nas trincheiras
Deixando a sensação de estar disposto
A ter as emoções mais verdadeiras,

Sentindo todo o bem do doce gosto
Trazendo em suas mãos essas bandeiras
Moldadas em sorrisos no meu rosto.
Sem promessas escadas ou ladeiras.

Acolho o sentimento benfazejo
Que toma a minha casa sem licença.
Fazendo do seu sonho o meu desejo.

Numa ternura rara, pois imensa,
A sensação da boca aberta em beijo
Numa certeza plena em recompensa...
1783

Numa certeza plena em recompensa
Eu procurei reconhecer o amor
Em sua face mais cruel, propor
A nossa vida com certeza intensa.

A lua cheia que se fez imensa
Banhando a Terra num clarão, louvor,
Na claridade poderá compor
Um sonho lindo que do amor convença

Felicidade; um mero sonho em vão,
Tomando tudo, renegando o chão
As rosas em caminhos espinhosos,

Um vaga-lume poderá dizer
Dessa mistura feita em dor/prazer
Amores, sofrimentos ,risos, gozos...


1784

Amores, sofrimentos ,risos, gozos...
Em dias tão difíceis, solidão...
Noutros momentos somos andrajosos,
Mendigos que procuram por perdão...

Os dias sempre assim, tempestuosos
Maltratam um faminto coração
Que busca em mil amores belicosos
Caminhos bem distintos, solução.

Na dor da perda eterna sem ter sido,
Na dor de se saber somente resto.
Assim talvez, amor já não empresto

E sinto-me, por isso enfim vencido
Da dor deste desejo que é fatal;
A vida se passando... eu... filial...
1785
A vida se passando... eu... filial
Destes temores que percebo em ti,
Copo na mão; imaginei cristal
Porém do vidro no final bebi.

Às vezes minto em solidão fatal
Que finjo ter mesmo contendo aqui
A falsa festa que se mostra a tal
No fundo eu sou o que de amor perdi.

Sigo perdido procurando a lua
Que se escondeu de mim, porém flutua
Numa loucura que trará esgarce

Triste canção refletirá meu sonho,
Tendo o passado em urzes, vil, medonho,
Não creio em teu amor que quer disfarce.


1786

Não creio em teu amor que quer disfarce
Em outros corpos sempre que recorda
Mudando tão somente noutra face
Atando teu carinho em outra corda.

Não creio em sentimento que se embace
Quando teimosamente a vida aborda.
Não creio que a saudade logo passe
Nem que reste expectante em fina borda.

Tu tens outros amores, sensações;
E neles é que afogas tuas mágoas.
Depois ao perceberes ilusões

Culpando-me por ter nova paixão.
Se o rio vai correndo em outras águas,
A culpa é de quem não teve perdão.
1787

A culpa é de quem não teve perdão
Sabendo disso procurei abrigo
Nos olhos mansos de um amor amigo
Que traga sempre um verso em redenção.

Contigo, o medo; um sentimento em vão,
Jamais trará ao pleno amor perigo.
Demonstração do que em palavras digo
Num turbilhão de chama em paz, vulcão.

Há tanto tempo eu perseguia o riso
Insensatez que profanou o siso
Negando sempre o que busquei em méis

Da calmaria que nos mostra o cais;
Embora audazes e jamais formais,
Nós somos os retratos mais fiéis


1788

Nós somos os retratos mais fiéis
De tudo o que nos move, sentimento.
Andamos em conjunto, estes corcéis
Bebemos deste vinho, num momento

Sabemos da verdade destes méis
Voamos liberdade em mesmo vento.
Longe destes tormentos mais cruéis
Usando uma alegria como ungüento.

Levamos nossas mãos no mesmo andor,
Com corpos imantados bem unidos,
Fazendo de nós mesmos; refletor.

Enraizamos sonhos em conjunto,
Destinos num só rumo estão cumpridos,
Num mundo que se faz pra sempre junto
1789

Num mundo que se faz pra sempre junto;
Eu encontrei no teu desejo a luz
Na primavera desse amor conjunto
O brilho intenso que ao luar induz

O passo dado em soberana rota
Em tal mergulho desvendei o mar
Deixando a dor em solidão remota
É nesse encanto que eu desejo amar

O timoneiro saberá trazer
Dos temporais encontrará bonanças
Conhecedor das manhas do querer
Reconhecendo assim marés mais mansas

Também encantos deste sonho eu crio
Vagando por teu corpo, meu navio

1790

Vagando por teu corpo, meu navio
Na busca dos naufrágios e tormentas.
Invado com jangada cada fio
Nas trilhas delicadas, doces, lentas...

Vislumbro a maravilha de teu porto
E jogo meus sentidos sobre ti.
Vou manso e tão feliz, vou quase absorto
E sinto que em teus mares me perdi.

Apenas mergulhar e nada mais,
Bebendo cada gota labareda,
Recebo todo orvalho deste cais
Adentro devagar esta vereda

Que leva com carinho e com malícias.
Ao mundo deslumbrante em mil delícias...
1791

Ao mundo deslumbrante em mil delícias
Que Deus permita esta viagem mansa,
Ao semear em nosso amor carícias
Um lavrador colheita rara alcança

Assim também eu procurei fartura
Quando na ceva, mergulhei inteiro.
Mão delicada ao cultivar ternura
Colhe perfumes neste amor canteiro.

Ondas do mar, recifes de coral,
Na noite clara de luar, eu vejo
A tua imagem refletindo astral

Além das brumas claridade imensa,
Moldando assim, em plena luz, desejo
Encontrarei a névoa menos densa...


1792


Encontrarei a névoa menos densa
Ao aportar o meu saveiro em ti,
Desfrutarei em plenitude intensa
De tudo o quanto tanta vez; pedi.

Não temerei os vendavais audazes
Da solidão não sentirei o vento,
Sabendo o manso e puro amor que trazes
Meu verso canta o mais sublime ungüento

Trazido pelas mãos do bem querer
Abençoado, o teu encanto raro,
Que assim permite em alegrias ver
O amanhecer que nos trazendo amparo

Transforma em solução tal contratempo
Que a vida já nos trouxe há tanto tempo.
Publicado em: 17/03/2008 11:02:18
Última alteração:22/10/2008 14:40:18



EU TE AMO!! coroa de sonetos 129
1793


Ao suplantarmos, juntos, contratempo,
Nessa amizade poderemos crer
Suplantaremos com certeza o tempo
Demonstrará o quanto é bom viver.

O coração que se demonstra assim
Aberto a tantas emoções nos traz
Força sublime que permite a mim
Reconhecer a plenitude audaz

Que vencerá sem demonstrar temor
Os temporais aos quais eu enfrentei
Jogado contra as pedras hoje eu sei

Luz soberana em que viceja a flor
Após enfim vencer a tempestade,
Amigo, eu sei que é dura uma saudade


1794
Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanime, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro
1795


Um novo amor virá, mais verdadeiro
Após a dura sensação do corte
Ao refazer em nossa vida o norte
Doce mergulho ao qual me entrego inteiro.

Reconhecendo este pendor primeiro
Eu já concebo o principal suporte
Que possa ao menos nos fazer aporte
E em glória imensa me trazer teu cheiro.

Vencendo a dor e a solidão também
O meu olhar imaginando, vem
Trazendo assim novos verões, estios.

Permite o passo com firmeza e paz,
Vivendo o sonho que esse amor nos traz
Buscamos nossos eixos, nossos fios,


1796



Buscamos nossos eixos, nossos fios,
Atando nossos corpos; firmes laços.
Descemos correntezas, fontes, rios,
Em firmes, decididos, fortes passos.

No embalo deste sonho, vamos fundo,
Nós somos de nós mesmos, cobertor.
Não temos mais segredos, mesmo mundo
Que é feito sem ter medos, puro amor.

Das pernas tão cansadas de outras sendas,
Revigoramos lutas e esperanças.
Nos olhos não deixamos mais que vendas
Impeçam de tentarmos outras danças

Rompendo mil palácios ou impérios,
No amor/felicidade os ministérios...

1797

No amor/felicidade os ministérios
Que professamos com total carinho,
Eu não consigo mais andar sozinho,
O desamor não mostrará critérios.

Sem ter a paz de que me vale impérios
Avinagrando o mais sublime vinho
Neste vazio; a solidão; meu ninho
Torna meus medos com certeza, sérios...

De uma alvorada eu necessito luz
Na qual amor sonegará u’a cruz
Mudando em paz e em perfeição destinos

Num brinde a doce maravilha então
E finalmente ao encontrar meu chão,
Bebamos dos rocios femininos!


1798


Bebamos dos rocios femininos!
Nos cios os meus ócios são bem vindos.
Decifro na nudez meus desatinos
Duros tempos de seca já vão findos.

Nas ancas bem fogosas, meus anseios.
Requebros e maneios, montaria.
Meus lábios percorrendo belos seios,
Carnificina feita em euforia.

Na dança que se dane a louvação
Ação premeditada lavando a alma.
A boca sem saber premonição
Invade a toca, aloca e não se acalma.

Ao bagunçar assim este coreto,
Milhões de paraísos eu cometo!
1799

Milhões de paraísos eu cometo
Usufruindo desse amor sincero
Encontrei o que desejo e quero
No teu olhar em perfeição, dileto

O meu caminho se tornando reto
Sem estas curvas não será mais fero,
Apenas luz ao te encontrar, espero
Contigo amor eu conheci o afeto.

Agora os dias não serão bravios
A calmaria me permite assim
Chegar ao cais que desejei enfim

Quem no passado recebera os frios
Ventos; sabe que em mares tão revoltos,
Sargaços e bagaços: ossos soltos.


1800

Sargaços e bagaços, ossos soltos,
Expostos em meus olhos, fome e riso.
Meus versos contrafeitos vão revoltos,
Ascetas não adentram paraíso.

Nas metas que se encetam, amor/gozo,
Facilidade a prazo no cartão.
Vencendo o chato karma pedregoso,
Acendo a estupidez do coração.

Ao ver coxa morena e tão roliça
A flor do meu desejo já se ouriça
E vem fazer bagunça no meu peito

Dos bagos e bagaços faço desta
Palavra que bagunça e vira festa
Deixando para trás qualquer conceito.
1801

Deixando para trás qualquer conceito
Amor já sabe e reconhece a dor
Levando em prece com firmeza, o andor
Adentrará com braço forte o peito

Saber da luz é conceber direito
Dado a quem ama em proteção, calor
O quanto eu sinto mostrará que amor
Invade a vida penetrando o peito

Cravando setas proporciona o brilho
Do qual transformo num momento em vida
Franca vitória ao perceber saída

Traz solução e com carinhos trilho
Lançada a sorte que é sutil e arisca,
No coração selvagem que se arrisca


1802



No coração selvagem que se arrisca
E pula o precipício da paixão,
A faca que me toca e logo risca
Nas farpas produzindo a sensação

Que ao mesmo tempo salva e me confisca
Nos sons de uma temível explosão
Desejo na verdade se faz isca
Apascentando a fera coração.

Em tua cabeleira solta ao léu
Mergulhos no infinito de nós dois,
A chama permanece no depois,

Bebendo as tempestades vou ao céu
E nele navegando eternidade
No amor que desconhece saciedade!
1803

No amor que desconhece saciedade
Não sei limites nem tampouco os peço.
Reconhecendo o mais sutil tropeço
Caminho agora essa feliz cidade.

Ao perceber que tanto amor me invade
Em plena paz o amanhecer eu teço
Sabendo o quanto é merecido o apreço
Deixando a dor adormecer saudade.

Vencendo o medo não terei desgaste
Amor com agonia faz contraste
O riso em gozo servirá de tônico.

À solidão, permitirei assim,
Quando encontrar tal urze em meu jardim,
Eu quero meu melhor sorriso, irônico...


1804


Eu quero meu melhor sorriso, irônico...
Viver em teus desejos, os mais santos...
Rasgar, sem perceber, todos os mantos,
Poder sorrir contigo, amor platônico!

Longe de tua boca, vou agônico,
Não sei de abissais mares, celacantos,
Nem quero mais cobrir-te, seus quebrantos,
Por certo, ao te ver, resto catatônico.

As tuas mãos, centelhas são tenazes.
Cravando tuas garras mais vorazes,
Devoras, louva-deus, nada mais sobra...

Te quero, venerando teus engodos,
Penetras mais sutil, teus eletrodos,
Os teus olhos hipnóticos de cobra...


1805
Os teus olhos hipnóticos de cobra
Levando à fúria meus sentidos todos,
Na tempestade em pleno mar soçobra
Vitimizado sentimento, engodos...

Quem se perdeu a direção recobra
Embora enfrente os mais temíveis lodos
O que mais quero, a placidez desdobra
Tramando a paz em maviosos modos

Por vezes só, mas não serei sozinho
Tendo a certeza de ancorar meu ninho
Nos mansos braços companheiros meus.

Não quero inglória sensação de adeus
Nem mesmo o frio voltará, pois vivo
Amor tão pleno e sei jamais cativo.


1806


Amor tão pleno e sei jamais cativo
Permitirá que se conheça a vida.
Um sentimento em perfeição, altivo,
Concebe em luz a mansidão perdida.

No teu olhar o meu desejo crivo
Não deixará uma aflição de brida
Do nosso amor, eu nunca mais me privo
Sem ele a sorte se dará vencida.

Não tendo medo, seguirei em frente
E sendo assim, felicidade urgente
Não perderei com baboseiras; tempo.

Contigo sigo a caminhada em paz,
Cada vez mais me sentirei capaz,
Ao suplantarmos, juntos, contratempo
Publicado em: 17/03/2008 15:38:29
Última alteração:22/10/2008 14:40:26




EU TE AMO!! coroa de sonetos 130
1807

Lavramos na aridez de um duro chão,
E tantas vezes encontramos nada
Amor se transformando em barricada
Prenunciando em ultimato o não.

Quem sabe encontrarei a solução
Depois de tanto conhecer a estrada
Recebendo da vida outra lufada
Descubra enfim o que busquei em vão.

A sorte se mostrando doidivanas
Em meio a luzes tempestades tantas
Ao mesmo tempo beijas, desenganas

A vida vai passa e muitas vezes tensa
Em fartas trevas, cedo desencantas
Nunca ninguém que não conhece pensa.

1808


Nunca ninguém que não conhece pensa
Nas tuas cicatrizes, nos teus lanhos...
Éramos, sem sabermos, dois estranhos,
A quem a morte sorria; clara e densa...

Vivíamos em fuga, atroz ofensa,
Computando agonias como ganhos...
Embebido nos teus olhos castanhos,
colecionava a dor de uma descrença.

Minha alma se mostrando em tal fastio
Negando a correnteza, mata o rio.
Nas águas nauseabundas se afogavam

Tuas linfas, quais ninfas me excitaram,
E num jogo indecente me mostraram:
Criaturas insólitas se amavam!
1809

Criaturas insólitas se amavam!
Num turbilhão de necessários medos
Reconhecendo sempre os teus segredos
Os meus olhos, o teu calor; buscavam,

Por vezes tantas pedras encontravam
Reconstruindo sem ter paz, enredos
Angústias insolentes tramam dedos
Em temporais as solidões se davam.

Incrível sensação de poder ver
E a desdenhosa derrocada ter
Matando em aridez nosso jardim,

Mesmo sabendo que te quero tanto
Trouxeste simplesmente o desencanto,
Roubaste o meu sossego mesmo assim.

1810

Roubaste o meu sossego mesmo assim
Não deixo de querer tal tempestade
Matando do meu peito a liberdade
Ao latejar amor dentro de mim.

A vida que já fora, outrora, clean,
Num tormento que açoda e que me invade
Deveras esqueceu tranqüilidade,
Tormenta do começo até o fim.

Paixão me avassalando, faz estragos,
Delícias de carícias e de afagos,
Sombrio maremoto no meu peito.

Na paz que desde agora é movediça
Florada num esterco, forte viça
Maltrata me deixando satisfeito...

1811

Maltrata me deixando satisfeito
O sentimento que me marca em gozo,
Do dia em que pensei maravilhoso
A claridade sonegando o feito.

Amar talvez não seja meu direito
Quero, porém, o amanhecer fogoso
Nos braços da mulher, sonho gostoso
Tramando sempre um belo cais, perfeito.

No quanto fantasio e nada tenho,
Não vejo mais a tempestade insana
Mesmo perdendo no final o jogo,

Vivas estrelas; neste amor, contenho
Vivificado em luz tão soberana
Não temo mais o frio nem o fogo



1812


Não temo mais o frio nem o fogo
Não quero mais nem ódio nem rancor.
Acendo o quanto quis em nosso jogo
Ascendo à magnitude deste amor.

Não quero um simples lago em que me afogo
Um mar de imenso sonho, a te propor,
Sabendo desde sempre o quanto, logo
Meu corpo com teu corpo justapor.

E sem fronteiras, perto é o infinito,
À caça dos jardins celestiais,
Nos lúdicos passeios sensuais,

Teus seios, minha boca... Necessito
Dos olhos e dos lábios que navegam
Por óleos que; trocados, não se negam...

1813

Por óleos que; trocados, não se negam
Eu procurei insanamente em vão
A vida não trazendo solução
Sentidos vários fartas cores cegam.

Mas mesmo em mansidão elas sonegam
Trazendo sempre o mesmo vago não
Querendo vislumbrar transformação
Meus sentimentos, destemor alegam.

Na poeira perdido, sem ter rumo
Todos os erros- desamor; assumo.
E penso mais distante uma saída.

Simples marujo que buscou areia
Da lua que sem tréguas me incendeia
Jamais verei uma esperança em vida...

1814


Jamais verei uma esperança em vida
Cansado de lutar inutilmente
Desarmonia me tomando; mente
Mosaico em ilusão vã, distraída.

Reconhecendo no portal; saída
A vida se transforma totalmente.
Com tal vigor eu caminhei; demente
Sabendo desde já da despedida.

A minha sorte, insana tanto bole
E muda a direção da tempestade
A solidão aproveitando invade

Impede que minha alma siga leve,
Amor se mostra quando a luz se atreve
Na sede que se mata a cada gole.



1815

Na sede que se mata a cada gole
De amor e de carinho e de amizade,
O sonho de alegria nos engole
Deixando para trás a falsidade.

A pedra quando encara a pedra mole
Desfeita pela força de vontade,
É como uma esperança que decole
Trazendo para a vida qualidade.

Amiga é muito bom saber de ti,
A companheira exata na hora certa.
Que sabe quando deve, num alerta

Sanar os descaminhos que vivi.
Enfática palavra que reluz
Uma amizade em glória se traduz!
1816

Uma amizade em glória se traduz!
Ao mesmo tempo me amparando segue
Negando toda a força que a renegue
Ao superar qualquer fuzil e obus.

Uma amizade em paz se reproduz
Manso desejo feito em sol prossegue
Ao bendizer quem lume já persegue
Espalhará sobre quem ama; a luz.

Poder de uma amizade eu não discuto
Em calmaria vencerá um bruto
Renegando uma ação que seja brusca

Persigo sempre, um ideal divino,
Sublime perfeição toma o destino,
Os olhos sequiosos numa busca.




1817

Os olhos sequiosos numa busca
Em torno de milhares de falenas,
O quanto a luz dos olhos já se ofusca
Deixando entre as estrelas; luzes plenas.

O sonho mais simplório se rebusca
E as noites não serão jamais amenas.
Palavra antes sincera, hoje patusca;
Amarga quem queria amena cena.

Gotejo purulentas e baldias
Esperanças sem termos nem palavras.
Na seca que destrói as minhas lavras

As noites com certeza serão frias.
Talvez inda persista algum resquício
Que possa nos salvar do precipício.
1818

Que possa nos salvar do precipício
É tudo o que desejo deste amor.
Saber quanto é preciso recompor
Um sonho além que não permita um vício

Apenas vejo na beleza ofício
Tramando uma alegria com vigor
Num sonho sem igual encantador.
O meu amor nunca será fictício.

Não quero luz por ser somente luz,
Magia encontro em corpos seminus
Em viagens sutis, meta astronáutica

Dourando estrelas, te bebendo inteira.
Quando sozinha, insana e derradeira
Minha alma, dura, fria, atroz, basáltica.


1819

Minha alma, dura, fria, atroz, basáltica,
Lagrima, solitária, cisma errante...
Não fora, mais feroz a cada instante,
Minha alma, traduzindo cosmonáutica...

Vagueando os espaços, mares, náutica,
Espreita pela porta vai mutante.
Quebrando essa cadeira, mesa, estante...
Viaja pelos ares, astronáutica...

Alma, solfejo e sofrimento, pasmo,
Asco, frasco retrátil e marasmo...
Cúmulo tumular, tubular sonho...

Perfume e fuga, frágil como o nada,
Asperge vai desfeita, figurada,
Criando um formidável mar medonho.

1820

Criando um formidável mar medonho
Meu verso nega a sensação de estio
Ao emergir conceberei tal frio
Que mesmo em luz convergirá tristonho.

O quanto em ilusão não mais proponho
Traduzirá o que jamais eu crio.
Não quero nem saber se fantasio
Quando mergulho insanamente em sonho.

Meu passaporte para amor, vencido
Demonstrará o que pensei perdido
Na forma mais cruel de negação.

Agricultor que se perdeu da ceva
Contigo eu sei que mesmo em plena treva
Lavramos na aridez de um duro chão.
Publicado em: 17/03/2008 18:34:52
Última alteração:22/10/2008 14:40:34



EU TE AMO!! coroa de sonetos 131
1821

Colhendo as flores raras da emoção
Vislumbrarei em perfeição jardim,
Ao carregar resquícios de onde vim
Prosseguirei a procurar meu chão.

Eu não verei sequer algum senão
Emoldurando todo amor em mim,
Reconhecendo esta beleza enfim
Eu saberei tocar teu coração.

Dizer que te amo, é muito pouco, eu sei.
Se na verdade não consigo crer
Que em minha vida encontrarei prazer

Distante desta fabulosa grei.
Só sei que sem amor, não serei nada;
Eu te trago de tal forma entranhada.


1822


Eu te trago de tal forma entranhada
Perdendo os meus limites, sigo em ti.
É pouco te dizer que me perdi
Em teu corpo, seqüência demarcada

De rios, afluentes, foz e estrada,
Fronteiras? Com certeza as esqueci.
Tampouco se liberto eu já vivi.
De tanto que sou teu, não peço nada.

Na terra movediça em que vivemos,
Os olhos tão distantes seguem mares,
Desta água apodrecida que bebemos

Durante muito tempo foi servida
Matando em nascedouro meus pomares,
Tentando agonizar a nossa vida...

1823

Tentando agonizar a nossa vida
Saudade sempre mostrará tais garras
Ao entranhar em violência a lida
O corte mais cruel em cimitarras

A barca perde em solidão um cais
Nas tempestades não achei caminhos,
Mesmo em momentos tão comuns, banais,
Ela chegando e maltratando os ninhos

Não deixa nada além de um vago sonho.
Em ti, querida imaginei meu porto
Mesmo distante; tanto amor, proponho
Porém meu canto se calando morto

Desvenda a deusa que negou prazer,
Embora santa queiras parecer
1824
Embora santa queiras parecer,
Bem sei que esta guerreira, feminina,
Na mansidão enorme me faz ver
O quanto me conquista e me domina.

Sabendo que envolvido em tal prazer
A sorte que se fez tão cristalina
Não deixa outro destino se antever
Senão o que tão belo descortina...

A força delicada mostra assim,
Com calma este poder que nunca nego,
Dominas totalmente, tudo enfim,

És mais do que tu pensas, meu amor,
No mar de amor que junto a ti carrego,
Estampas toda a glória aonde for.
1825

Estampas toda a glória aonde for
O sol inveja a claridade intensa
Do olhar que refletindo o nosso amor
Aquece a minha vida em recompensa.

Teus olhos claros embelezam céus
E mesmo o coração frio derretem
Como cobrissem com tão belos véus
Meu horizonte e neles sorte vem

Tomando a vida e desfilando cores
Nesse jardim entre milhões de flores
A perfeição; encontro em teu olhar.

Minha alma em desconcerto, enfraquecida
Quando distante estás. Sem ter saída
Vagando o céu imenso a te buscar...


1826

Vagando o céu imenso a te buscar
Talvez eu seja simplesmente alguém
Que refletido neste espelho vem
A imagem da querência retratar.

Amor que não descansa vem mostrar
A mágica emoção que ele contém
Numa revelação demonstra quem
Espalha sobre o chão bom semear.

Eu só queria neste verso ao menos
Dizer de sentimentos mais amenos
Tão apascentadores que pudessem

Deitar sobre quem quero um acalento,
Trazendo para nós num calmo vento
Belezas que em delícias já se tecem...


1827

Belezas que em delícias já se tecem,
Demonstração de que na vida existe
Momentos em que embora esteja triste
As esperanças e as paixões aquecem

Nos erros cometidos que se esquecem
A força de um amor, firme, resiste
As emoções que em calma coligiste
Nas manhas deste amor depressa crescem.

Mergulho no teu corpo minhas sanhas
Brilho solar por sobre mil montanhas
Deitando no horizonte nossos Fados.

A noite se aproxima em lua cheia
Amor que maravilha se incendeia
Coberto de carinhos e cuidados...

1828


Coberto de carinhos e cuidados
O dia anunciado em paz e glória.
Conhecerei no nosso amor vitória
Encantos e delírios demarcados.

Os olhos tantas vezes enfadados
Tentando vislumbrar em nova história
Promessa resguardada na memória
De tempos com certeza abençoados.

Nas mãos que se procuram, mansidão,
Olhares que trocamos- emoção
Viver felicidade é nossa sina.

Caminho concebido com prazer
Permite a fantasia e faz viver
Na força feita amor que nos domina...

1829

Na força feita amor que nos domina,
Eu tenho esta certeza dentro em mim
Da luz que se aproxima e traz, enfim
O brilho que decerto me alucina.

No rosto bronzeado da menina
A flor que desejei em meu jardim,
A boca delicada e carmesim
Mudando a cada beijo a triste sina

De quem pensara sempre em ser feliz,
Porém o dia-a-dia que desdiz
Deixara tão somente uma esperança.

Agora que te tenho aqui, comigo,
Encontro todo o sonho que persigo,
Em teus braços desejo e temperança...


1830



Em teus braços desejo e temperança
Mistura que permite andar em paz.
Do quanto nosso amor me satisfaz
É feita a cada noite esta festança.

Amor que se promete em aliança
Felicidade e glória sempre traz
O beijo em tua boca, mais audaz
Expressa o nosso sonho riso e dança.

Não tendo em meu caminho uma ameaça
A vida em mansidão sublime passa
Mudando a direção torta dos ventos.

Agora que consigo vislumbrar
Ao fim da tarde um mágico luar
Solto as rédeas, liberto o pensamento...



1831

Solto as rédeas, liberto o pensamento
E deixo o coração comandar tudo.
Por vezes, eu confesso até me iludo,
Mas vivo com firmeza o sentimento.

Sabendo que talvez venha o tormento,
O rumo dos meus passos; cedo eu mudo,
Mas não posso ficar calado e mudo
Entregue aos dissabores deste vento.

Somando nossas forças, meu amor,
Eu sei que é necessário aguar a flor
Senão nosso canteiro não vigora.

E tento com carinhos conduzir
Estrada do futuro e no porvir
A vida se desenha desde agora...

1832



A vida se desenha desde agora,
A cada dia eu caminhando assim
Decerto irei saber deste jardim
Florido, na esperanças se decora.

Não deixe que este lume vá embora,
Colhendo cada flor sei de onde vim
Perfuma com certeza dentro em mim
A dona do destino se assenhora

Mostrando num sorriso delicado
A força deste amor abençoado
Por beijos e vontades satisfeitas.

Dos sonhos não pretendo arribação
Apenas transformar em emoção
Desejos que se ofertam quando deitas...

1833


Desejos que se ofertam quando deitas
Proliferam prazeres. Não me esqueço
Do quanto aos nossos sonhos obedeço
Enquanto com certeza já deleitas.

Carinhos em carícias tão perfeitas
Não deixam que se tenha algum tropeço
Se aquilo que tu dás eu te ofereço
As noites serão sempre satisfeitas.

Reflexos destes gozos repercutem
Por mais que nossos risos já se escutem
A vida nunca cessa de querer

Vibrar um paraíso que não cessa
Sabendo ser além de uma promessa
Encanto de uma vida, só prazer...

1834



Encanto de uma vida, só prazer,
Espalhas maravilhas aonde andas
A lua se deitando nas varandas
Em farta claridade a recolher.

O verso se encantado passo a crer
Em noites mais poéticas e brandas
Dançando fantasias em cirandas
Louvando a cada sonho o bem querer.

Cevando a minha sorte em teu abraço
Riscando em ilusão eu me embaraço
Nos pés de quem conheço a perfeição.

Cuidando do canteiro da esperança
Felicidade plena amor alcança
Colhendo as flores raras da emoção.
Publicado em: 18/03/2008 14:16:33
Última alteração:22/10/2008 14:40:38




EU TE AMO!! coroa de sonetos 133
1849

Tocando mais profundo o coração,
Dobrados da alegria num coreto,
Se um erro vez em quando inda cometo
Eu peço, encarecido, o teu perdão.

A vida não se faz como um balão
Nem mesmo em tanta festa eu me arremeto
Se eu tenho na falseta um bem dileto
Não posso reclamar quando ouvir não.

Só sei é que plantando a fantasia
Recolherei, quem sabe, uma alegria.
Menosprezando a dor eu sigo em frente.

Eu sei que na verdade é só fumaça,
Tristeza que chegou depressa passa,
Bonança após tempesta, eu vou contente...


1850

Bonança após tempesta, eu vou contente
Sentindo o teu perfume, moça bela,
Amor que em farta chamas se revela
É fogaréu na imensidão que atente.

Descubro a tua pele e de repente
O barco adentra o mar soltando a vela
Desenha nosso amor delícia em tela
Num toque de luxúrias envolvente.

Tua nudez promete maravilhas,
Amor ao desarmar as armadilhas
Expressa mil desejos e vontades.

Rapina dos prazeres; sigo intenso
Bebendo deste mel suave e denso
Encontrando afinal felicidades...

1851



Encontrando afinal felicidades
Depois de tanto medo que eu sentia
De perceber insanas claridades
Dourando nossa vida em fantasia.

Nos montes e nos campos, nas cidades,
O sol que em maravilhas irradia
Vencendo assim quaisquer dificuldades
Dois corpos se entrosando em alquimia.

As bocas que se querem, doces, rubras
Amor que tanto quero que descubras
Cobrindo de vontades nosso leito.

Sabendo deste jogo cada lance,
Menina venha logo e não descanse
Com coração fogoso. Amor, espreito.


1852


Com coração fogoso. Amor, espreito
A fim de me tornar conhecedor
Entendo necessário este calor
Que invade toda noite o nosso peito.

Eu quero na verdade é ser aceito,
No enredo que se faz encantador
E ao mesmo tempo vil torturador
Jamais se imaginou insatisfeito.

Amaras impressões que carregava
Do tempo que depressa se escoava
Nas mãos de um infeliz apaixonado.

Macabras as palavras proferidas
Por quem nem em bilhões de pobres vidas
Teve um desejo ao menos saciado...


1853

Teve um desejo ao menos saciado,
Aquele que pensou ser imortal,
Manchetes estampadas no jornal
Trazendo este final anunciado.

O rio em cachoeiras desabado
Encontra a sua foz, isso é fatal,
Por isso não concebo magistral
O dia em que me fiz enamorado.

Agora que morrendo o nosso amor,
Na capa das revistas, teu disfarce
Num escarcéu terrível tanto esgarce

Expressa o que se fez demolidor.
Desejo boa sorte. Não se esqueça
Amor em paz se dá a quem mereça...

1854


Amor em paz se dá a quem mereça
Ao menos descobrir os seus macetes
Bijuteria exposta que envelheça
Nas mãos da patricinha os braceletes.

Não quero e nem suporto tal soberba
A moça vai fingindo o que não é.
Por mais que a fantasia se assoberba
O calo não sossega em cada pé.

Depois de certo tempo eu percebi
Falsárias sensações não custam caro
Mentiras que carregas junto a ti,
Deixando uma virtude em desamparo.

A pose aristocrática descobre
Dourado que vendias, era cobre...

1855


Dourado que vendias, era cobre.
Não tive tanta sorte em minha vida,
Teu ar de soberana, sempre nobre
Escondia tão somente uma ferida.

Eu continuo alegre e mesmo pobre
Minha alma está lavada e bem curtida,
Prefiro uma aguardente em paz bebida
Do que um vinho caro que soçobre.

Acordo de manhã, lavando o rosto,
Sinal do que eu vivi ainda exposto
Demonstra que em verdade eu fui feliz.

Ao contrário daquela que se fez
Estúpida, boçal, sem lucidez,
Trazendo tão somente cores gris...

1856


Trazendo tão somente cores gris,
A tarde vem chegando de mansinho,
Distante deste alguém e sem carinho
Eu reconheço amor que cedo eu quis

E a cada novo dia se desdiz
Tramando a solidão para o meu ninho.
Aos passos da ilusão eu não me alinho
Prefiro a realidade em seu matiz.

De tanto que bebi e não sabia
Que era tão falsa a farta pedraria
Deitado no teu colo, embelezando.

No diamante falso da esperança
O brilho foi mudando e sem tardança
Apenas a tristeza decorando...

1857

Apenas a tristeza decorando
O olhar de quem pensara estar em paz.
O vento da ilusão já não me traz
Sequer o que sonhei, imaginando.

Alheio aos teus caminhos vou buscando
Apenas o que ainda satisfaz
Um passo tresloucado até, audaz
A senda da esperança desbravando.

Metade do que sou, eu já perdi
Transtorno que encontrei somente em ti,
Causando este soneto em vil lamúria.

Quem pensa ser amor alguma injúria
Não sabe desta fúria que me toma,
A solidão é o nada numa soma...

1858

A solidão é o nada numa soma
E desse nada eu quero uma distância
O verso que se faz sem elegância
Adentra na minha alma, ganha o estroma

O quanto a fantasia já me toma
Permite que se mostre em discrepância
Realidade e sonho em abundância
Causando em meu olhar um escotoma.

No gráfico da vida, descendente
No tráfico dos sonhos nada resta,
Trafego em solidão pela floresta

De amores e ilusões, um indigente.
A noite em tantas brumas vai espessa,
Apenas esperança se confessa...

1859

Apenas esperança se confessa
A quem já perdeu tudo e não sabia
Da noite que se mostra amarga e fria
Negando ao coração qualquer promessa.

O passo solitário que se engessa
Jamais permitirá um novo dia
A quem se deu sem trégua à fantasia
E aos braços da ilusão, já se arremessa.

Conversas entre mesas, botequins
Deixando bem distante os querubins,
Arcanjos e entidades protetoras.

Da trama sem qualquer clarividência
Amor vai se tornando penitência.
De todos sentimentos, assenhoras.

1860


De todos sentimentos, assenhoras,
Dominas cada frase que eu disser
A sílfide que, em forma de mulher
Chegou à minha vida sem ter horas.

A cada verso teu me revigoras
Do jeito e da maneira que vier
Eu quero a maravilha de poder
Saber o quanto em fogo me devoras.

Coração taquicárdico te espera
Eternizando em flor a primavera
A solidão malévola se espanta

Ao ver essa beleza sem igual,
Encanto feito amor, sensacional
Alavancando a vida, me agiganta..

1861


Alavancando a vida, me agiganta
Esta certeza imensa em que se dá
O amor que deseja e desde já
Domina cada passo enquanto encanta.

Tristeza, uma canalha sacripanta
Sacrílega vilã não voltará
Se eu trago amor que manso brilhará
Na solidez que cura e nos imanta.

Sou presa sem surpresas do que prezo,
Amor que não conhece um vão desprezo
Expressa a magnitude deste sonho.

Vivenciando a glória sigo assim,
Mostrando o que maior existe em mim,
Com dias bem melhores, sempre sonho...

1862


Com dias bem melhores, sempre sonho
Trafego pela vida simplesmente,
O quanto é necessário estar contente
Deixando o meu caminho mais risonho.

A sorte nos teus braços quando eu ponho
Traduzo a confiança plenamente
Felicidade em versos eu componho
Mudando o meu destino, num repente.

Teus olhos tão distantes trazem luzes
E a tantas maravilhas tu conduzes
A lava derramada na paixão.

Palavra que proferes, de carinho,
Chegando à minha vida de mansinho,
Tocando mais profundo o coração.
Publicado em: 18/03/2008 17:48:08
Última alteração:22/10/2008 14:40:47


EU TE AMO!! coroa de sonetos 132
1835


Fazendo uma corbelha divinal
Do corpo da mulher enamorada,
Minha alma na tua alma resguardada
Invade desejosa e ganha o astral.

Num toque de magia sensual
Tua presença aqui sendo aguardada
Ardência em mil vontades cedo brada
Querendo este prazer consensual.

Aromas que se tocam me inebriam,
Os gozos que me trazes já viciam
Assim prossegue nossa noite insana.

Ao espalhar lençóis, sutis desejos
Delírios, sonhos vários mil lampejos
A lua se aproxima. Soberana...

1836

A lua se aproxima soberana,
Tornando esse cenário inesquecível.
Nas mãos da bailarina, da cigana
A noite se transforma e segue incrível.

Percebo na distante serenata
Um trovador enamorado em sonho...
Beleza sem igual já se retrata,
Na fantasia, o verso que componho.

Ao refletir em maravilha os olhos
Da sílfide perfeita, iluminada,
Esqueço num momento dos abrolhos
E sigo com clareza a minha estrada.

Deslumbre em plenilúnio me tomando,
Um fabuloso dia se moldando...

1837


Um fabuloso dia se moldando;
Porém sem ter comigo quem desejo,
A claridade torna-se um lampejo
Felicidade aos poucos desabando.

Procuro ser feliz, mas desde quando
Partiste só penumbra ainda vejo
A morte em solidão ora prevejo
Fantasmas de mim mesmo desfilando...

O quanto te busquei e nada vinha,
A sorte; se ela existe, não é minha
Apenas o que resta: desengano.

O coração batendo devagar,
Quem sabe poderei um dia amar,
Somente o que sobrou: tristeza e dano...

1838

Somente o que sobrou: tristeza e dano,
Além dessa saudade inusitada,
Amar jamais será de minha alçada,
O coração em temporal, cigano.

Embora em dor de amores, veterano
Depois de tanto tempo, alma cansada
Procura e simplesmente não vê nada,
A vida sonegando cada plano.

Sem pieguice eu tento ser feliz,
E novamente como um aprendiz
Repito os mesmos erros do passado.

São tantos desenganos pela vida,
A sorte assim se mostra em despedida.
Já deveria estar acostumado...

1839

Já deveria estar acostumado
Às várias tentativas sem sucesso.
Porém de tanto amor eu te confesso
O peito não se mostra resguardado.

Amar demais será talvez pecado,
Mal terminando o jogo eu recomeço
E novamente, estúpido tropeço,
O coração decerto anda pesado...

Saudades de outros tempos? Eu nem sei.
De tanto que, teimoso eu já tentei
Meu barco naufragou sem ter um cais.

Mas quando me relembro de um carinho,
Refaço mesmo em sonho este caminho
Buscando os braços mansos, magistrais.

1840



Buscando os braços mansos, magistrais
Da moça que não quer saber de mim,
A flor que descorou o meu jardim
Sem dar uma alegria. Eu quero mais

Que os lábios com certeza sensuais
Dizendo finalmente um simples sim.
A vida detonando este estopim
Demonstra que serei dela jamais.

Não falo de desejos e loucuras
Apenas de carinhos em ternuras.
Amor tão simplesinho, arroz/feijão

Varanda em casa branca, na palhoça
Não falo em Casablanca nem paixão.
Saudade dessa moça, o peito roça...

1841


Saudade dessa moça, o peito roça
Fazendo tantas cócegas maltrata
Incendiando em mim floresta e mata
O que encontrar de frente já destroça.

A seca que se deu na minha roça
Aos poucos toda planta seca e mata
O nó de nosso amor quando desata
É lágrima/goteira que se empoça.

Eu quero simplesmente um cafuné,
Sem nada que me prenda, vou a pé
Atrás da bela prenda que não quis

Beijar a minha boca nem ser minha,
Lembrança sempre dói quando avizinha
Não deixa um coração bater feliz...


1842


Não deixa um coração bater feliz
Saber que noutros lábios tu sacias
Vontades. Tuas mãos sempre macias
Espalham mil carícias. Por um triz

Seguindo o meu caminho, amor me diz
Que tudo o quanto quero propicias
Trazendo para outrem as regalias
Que um dia, insanamente eu tanto quis.

Mas deixa estar que a vida é carrossel
Uma hora estou na terra outra no céu
Um dia há de chegar, isso eu garanto

Que a gente possa ter uma alegria
E mesmo que isso seja fantasia
Desfrutarei um pouco desse encanto...

1843

Desfrutarei um pouco desse encanto
Se tu quiseres ter uma alegria
Desejo que se quer cedo vicia
Tornando mais distante este quebranto.

Do gozo feito em festas eu me encanto
Além de todo bem que concebia
Quem vive muito mais que fantasia
Deitando o seu prazer no mesmo manto.

Plantando uma esperança no meu peito
Eu colherei o sim, talvez o não.
Mas sigo meu amor de qualquer jeito

Não deixo um só segundo de viver
O que me sobra em vida, em emoção
Querendo usufruir todo o prazer...


1844

Querendo usufruir todo o prazer,
Galopa o pensamento em liberdade.
Não tendo mais gaiola; serro a grade
Mergulho no infinito do teu ser.

O jogo que se joga pra vencer
Nem sempre é o melhor em qualidade,
O vento se espalhando na cidade
Telhado de sapê? Bom precaver.

Malabarismos tantos nesta cama
A gente de repente tudo inflama
E o jeito é se mostrar calar segredos.

Vazando em capinado, a solidão,
Encontra o fogaréu em meu colchão
Peneiro a fantasia entre meus dedos...

1845


Peneiro a fantasia entre meus dedos
O que sobrar decerto é ouro em pó
Não quero nesta vida andar mais só,
Debaixo do tapete antigos medos.

E mesmo nos momentos mais azedos
Ou quando uma esperança dá um nó,
Seguindo o meu caminho sem ter dó,
Nos lábios desta moça, rezo os credos.

O gosto feito em broa de fubá
Amanhecendo pão leite e café
Vontade que pra sempre mostrará

O quanto o nosso caso já deu pé.
O vento que dedilha os teus cabelos,
As pernas se misturam em novelos...

1846



As pernas se misturam em novelos
E fazem dessa noite um vendaval,
A prova neste amor que é mais cabal
Nos gozos que me dás ao recebê-los

Fantasmas do passado, quando tê-los
Não deixe de fazer o ritual
Do jogo mais gostoso e sensual
Beijando com carinho os teus cabelos.

Da lua tão redonda como um queijo
Eu sinto cada brilho no meu rosto,
Da boca da morena quero o beijo

O coração matreiro de um mineiro
Ao ver o nosso amor assim exposto
Da sorte e da alegria sente o cheiro...


1847


Da sorte e da alegria sente o cheiro,
Deixando esta mordaça já de lado,
Amor que a gente fez; anunciado,
Mudando a nossa vida por inteiro.

Entendo cada encanto verdadeiro
Não sendo mais decerto um estouvado
No corpo que desejo faço arado
Nas coxas e nas ancas meu canteiro.

Cavalo que se atrela em esperança
Bobeia, segue livre e o céu alcança
O tempo lança os dados, faz o jogo.

E a gente com vontade não se cansa,
Brindando com prazer esta aliança
Brincando sem descanso com o fogo...

1848


Brincando sem descanso com o fogo
Juntei meus cacarecos vida afora
Os sonhos em teus braços eu refogo
Sabendo do arvoredo cada tora.

Desejo o teu desejo e desde logo
Não tendo outra palavra, amor decora
O verso que te faço desde agora
Chamando para a festa sem ter rogo.

Se eu interrogo o pobre coração,
Respondo com final exclamação
Que tudo o mais quero é sempre igual.

Um beijo desfrutado em tua boca,
Paixão que mesmo muito não sufoca
Fazendo uma corbelha divinal
Publicado em: 18/03/2008 16:05:43
Última alteração:22/10/2008 14:40:42


EU TE AMO!! coroa de sonetos 134
1863

O amor vai se tornando sem igual
Dádiva mais sublime de uma vida,
Na senda imaginária e em paz florida
As luzes derramando em festival

Um sonho caloroso, um estival
Momento prenuncia a comovida
Palavra que trará a mão estendida
De quem pensou amor tão triunfal.

Das ácidas manhãs, nem mesmo a sombra,
Teu corpo no meu corpo qual alfombra
Delícias em delitos sem pecado

Da vida tão pacata, em um segundo
Deste arrebatamento eu já me inundo,
Num mundo entre delírios vislumbrado...

1864

Num mundo entre delírios vislumbrado,
A marca da pantera em minhas costas,
Dos jogos mais audazes que tu gostas
O gozo com certeza é contemplado.

De todo sofrimento do passado
Da dor que me cortava em frias postas,
As sortes com certeza estão repostas
O dia surgirá abençoado.

Palavra proferida em noite calma,
Limpando e desenhando, adentra alma
E mostra ser possível a alegria.

Amor revigorando o dia-a-dia
Retira do caminho abrolho, erica
É força que em si mesma o bem explica...



1865



É força que em si mesma o bem explica,
Uma amizade feita em plena luz.
Ao sonho realizado nos conduz
Trazendo a senda clara, amável, rica.

Amiga verdadeira não complica,
Um ouro soberano que reluz
A amada liberdade reproduz
E ao mesmo tempo do meu lado fica.

Por mais que à tempestade ela resista
Jamais permitirá ser egoísta
Aquela que se mostra companheira.

Em destemor permite cada passo,
Estreita cada vez mais forte o laço
Tornando uma alegria corriqueira...

1866


Tornando uma alegria corriqueira,
O bem de uma amizade perpetua
Enquanto nas verdades ela atua
Expressa com firmeza esta bandeira.

Embora em raridade verdadeira
A cada novo tempo continua
Traduz a realidade mesmo crua
Não é por falsidade, lisonjeira.

Durante a minha vida, poucas vezes
Eu percebi ao ter tantos reveses
O braço companheiro de uma amiga.

Por isso eu valorizo e sempre mais,
Certeza destes laços magistrais
Aonde a minha sorte já se abriga...


1867

Aonde a minha sorte já se abriga
Encontro todo o bem que desejara.
A mão que com firmeza me antepara
De toda a recompensa desobriga.

Companheirismo assim querida amiga
Uma luz valiosa por ser rara,
Curando quando a vida faz escara
Permite que meu passo em paz prossiga.

E quando em melancólica tristeza
Expressa o seu valor e traz leveza
A quem só carregara amarga cruz.

Sabendo perdoar a quem maltrata,
Amiga verdadeira não desata
O laço em que se deu meu Bom Jesus...

1868

O laço em que se deu meu Bom Jesus
De amor, farta amizade e no perdão,
Tocando bem mais fundo o coração
Impede em meu caminho; a dura cruz.

O brilho nos meus olhos reproduz
O brilho que se mostra em redenção
Negando desde sempre a servidão
Demonstração de paz em glória e luz.

Meu verso é muito frágil, disso eu sei,
Num mundo em que vingança vira lei
Cada homem sendo lobo, devora homem.

As esperanças, logo se consomem,
Não resta mais sequer fraternidade.
Quem sabe a solução feita amizade?

1869

Quem sabe a solução feita amizade
Permita amanhecer uma alegria
Que possa traduzir felicidade
Além do que em sonhos eu previa.

Numa expressão que mostre a liberdade
Meu verso de ilusões se fantasia
Ao perceber possível claridade
A noite se converte em belo dia.

Parâmetros diversos fontes várias
Moldando estas palavras necessárias
Trazendo a mansidão para os meus versos.

Juntando estes caminhos tão dispersos
Pressinto uma alvorada mais bonita,
Vencendo em pleno amor, tanta desdita...

1870

Vencendo em pleno amor, tanta desdita
Não temo mais sequer a solidão,
Nos braços de quem sonha, a redenção
Palavra prazerosa e tão bendita.

Quem sabe do caminho, espinho evita
E trama com real satisfação
Benesses da alegria em devoção
Apascentando uma alma antes aflita.

Afeto permitindo que se tenha
Um dia em que a glória já se empenha
Fazendo com fartura esta colheita.

Nas redes da emoção quando se deita
Amor sempre transmite a calmaria,
Louvando toda luz que se irradia...


1871


Louvando toda luz que se irradia
Dos olhos de quem sabe ser feliz,
Deixando no passado a cicatriz
Repara em mansidão velha avaria.

A barca feita em sonhos conduzia
Felicidade ao cais que sempre quis
O céu não nascerá em cores cris,
Revejo o sol que a nuvem recobria.

A par desta esperança eu canto amor
E sinto que ao nascer de cada flor
Perfumes no canteiro serão tantos

Que a vida mesmo insana, até descrente,
Trará um novo encanto que envolvente
Recubra a fantasia em claros mantos.


1872


Recubra a fantasia em claros mantos
O verso deste pobre repentista
Por mais que a solidão voltando insista
Eu tenho em minhas mãos, os teus encantos.

Quem dera um menestrel que em belos cantos
Pudesse vislumbrar olhar de artista
Vencendo uma palavra pessimista
Deixando para trás duros quebrantos

Assim talvez pudesse traduzir
Uma esperança audaz que no porvir
Mudasse a direção de antigos ventos.

Eu tenho uma impressão que não se cala,
Que a vida em liberdade e não vassala
Aplacará em paz estes tormentos...


1873


Aplacará em paz estes tormentos,
A força deste amor que nos domina,
Toando em alegria os pensamentos
Já sabem, reconhecem, cada mina

Os dias sem amor são sonolentos,
A glória de sonhar se determina
Realizando em todos os momentos
O que uma fantasia vaticina.

Eu tenho esta certeza inabalável
De ter esta emoção irrefutável
Trazida pelos braços em ternura.

O quanto eu te desejo e tu me queres
Nos gozos que te dou e me transferes
A vida sonegando uma amargura...


1874

A vida sonegando uma amargura,
Não deixa que a tristeza se aproxime,
Amor que tantas vezes nos suprime
Expressa com certeza uma ventura.

Viver sem ter amor, uma tortura,
Nas mãos enamoradas, bem sublime
As dores da tempesta ele dirime
O passo em perfeição amor acura.

Demarca cada passo em luz intensa,
Trazendo uma alegria em recompensa
Amor nunca se farta de saber

Que toda nossa história recomeça
Após o cumprimento da promessa
Da vida em harmonia e bem querer...


1875


Da vida em harmonia e bem querer
Eu traço o mote e expresso em poesia
O bom que tantas vezes se estendia
Mudando todo o curso do viver.

Não posso mais deixar de te dizer
O quanto que recebo em alegria
Palavra que decerto bendizia
A trama que escolhi, a percorrer.

Nas cinzas que carrego no meu peito,
Amor em mansidão já deu seu jeito
Agora nada temo, com certeza.

Seguindo a minha vida em calma e paz
Decerto a plenitude agora traz
A força que não teme a correnteza.


1876

A força que não teme a correnteza
Enfrenta as corredeiras, ganha a foz,
Escuto a claridade desta voz
Que trama em minha vida tal beleza.

Sabendo quanto a vida sempre preza
Aquele que se dá vencendo o algoz
Lega ao esquecimento a dor atroz
Deixando sempre farta a nossa mesa

Não creio ser possível desprezar
O sentimento nobre que sem par
Transforma o nosso dia, triunfal.

Aos poucos me domando o pensamento
Trazendo em glória cada bom momento
O amor vai se tornando sem igual.
Publicado em: 18/03/2008 20:01:12
Última alteração:22/10/2008 14:40:52
EU TE AMO!! coroa de sonetos 134
1863

O amor vai se tornando sem igual
Dádiva mais sublime de uma vida,
Na senda imaginária e em paz florida
As luzes derramando em festival

Um sonho caloroso, um estival
Momento prenuncia a comovida
Palavra que trará a mão estendida
De quem pensou amor tão triunfal.

Das ácidas manhãs, nem mesmo a sombra,
Teu corpo no meu corpo qual alfombra
Delícias em delitos sem pecado

Da vida tão pacata, em um segundo
Deste arrebatamento eu já me inundo,
Num mundo entre delírios vislumbrado...

1864

Num mundo entre delírios vislumbrado,
A marca da pantera em minhas costas,
Dos jogos mais audazes que tu gostas
O gozo com certeza é contemplado.

De todo sofrimento do passado
Da dor que me cortava em frias postas,
As sortes com certeza estão repostas
O dia surgirá abençoado.

Palavra proferida em noite calma,
Limpando e desenhando, adentra alma
E mostra ser possível a alegria.

Amor revigorando o dia-a-dia
Retira do caminho abrolho, erica
É força que em si mesma o bem explica...



1865



É força que em si mesma o bem explica,
Uma amizade feita em plena luz.
Ao sonho realizado nos conduz
Trazendo a senda clara, amável, rica.

Amiga verdadeira não complica,
Um ouro soberano que reluz
A amada liberdade reproduz
E ao mesmo tempo do meu lado fica.

Por mais que à tempestade ela resista
Jamais permitirá ser egoísta
Aquela que se mostra companheira.

Em destemor permite cada passo,
Estreita cada vez mais forte o laço
Tornando uma alegria corriqueira...

1866


Tornando uma alegria corriqueira,
O bem de uma amizade perpetua
Enquanto nas verdades ela atua
Expressa com firmeza esta bandeira.

Embora em raridade verdadeira
A cada novo tempo continua
Traduz a realidade mesmo crua
Não é por falsidade, lisonjeira.

Durante a minha vida, poucas vezes
Eu percebi ao ter tantos reveses
O braço companheiro de uma amiga.

Por isso eu valorizo e sempre mais,
Certeza destes laços magistrais
Aonde a minha sorte já se abriga...


1867

Aonde a minha sorte já se abriga
Encontro todo o bem que desejara.
A mão que com firmeza me antepara
De toda a recompensa desobriga.

Companheirismo assim querida amiga
Uma luz valiosa por ser rara,
Curando quando a vida faz escara
Permite que meu passo em paz prossiga.

E quando em melancólica tristeza
Expressa o seu valor e traz leveza
A quem só carregara amarga cruz.

Sabendo perdoar a quem maltrata,
Amiga verdadeira não desata
O laço em que se deu meu Bom Jesus...

1868

O laço em que se deu meu Bom Jesus
De amor, farta amizade e no perdão,
Tocando bem mais fundo o coração
Impede em meu caminho; a dura cruz.

O brilho nos meus olhos reproduz
O brilho que se mostra em redenção
Negando desde sempre a servidão
Demonstração de paz em glória e luz.

Meu verso é muito frágil, disso eu sei,
Num mundo em que vingança vira lei
Cada homem sendo lobo, devora homem.

As esperanças, logo se consomem,
Não resta mais sequer fraternidade.
Quem sabe a solução feita amizade?

1869

Quem sabe a solução feita amizade
Permita amanhecer uma alegria
Que possa traduzir felicidade
Além do que em sonhos eu previa.

Numa expressão que mostre a liberdade
Meu verso de ilusões se fantasia
Ao perceber possível claridade
A noite se converte em belo dia.

Parâmetros diversos fontes várias
Moldando estas palavras necessárias
Trazendo a mansidão para os meus versos.

Juntando estes caminhos tão dispersos
Pressinto uma alvorada mais bonita,
Vencendo em pleno amor, tanta desdita...

1870

Vencendo em pleno amor, tanta desdita
Não temo mais sequer a solidão,
Nos braços de quem sonha, a redenção
Palavra prazerosa e tão bendita.

Quem sabe do caminho, espinho evita
E trama com real satisfação
Benesses da alegria em devoção
Apascentando uma alma antes aflita.

Afeto permitindo que se tenha
Um dia em que a glória já se empenha
Fazendo com fartura esta colheita.

Nas redes da emoção quando se deita
Amor sempre transmite a calmaria,
Louvando toda luz que se irradia...


1871


Louvando toda luz que se irradia
Dos olhos de quem sabe ser feliz,
Deixando no passado a cicatriz
Repara em mansidão velha avaria.

A barca feita em sonhos conduzia
Felicidade ao cais que sempre quis
O céu não nascerá em cores cris,
Revejo o sol que a nuvem recobria.

A par desta esperança eu canto amor
E sinto que ao nascer de cada flor
Perfumes no canteiro serão tantos

Que a vida mesmo insana, até descrente,
Trará um novo encanto que envolvente
Recubra a fantasia em claros mantos.


1872


Recubra a fantasia em claros mantos
O verso deste pobre repentista
Por mais que a solidão voltando insista
Eu tenho em minhas mãos, os teus encantos.

Quem dera um menestrel que em belos cantos
Pudesse vislumbrar olhar de artista
Vencendo uma palavra pessimista
Deixando para trás duros quebrantos

Assim talvez pudesse traduzir
Uma esperança audaz que no porvir
Mudasse a direção de antigos ventos.

Eu tenho uma impressão que não se cala,
Que a vida em liberdade e não vassala
Aplacará em paz estes tormentos...


1873


Aplacará em paz estes tormentos,
A força deste amor que nos domina,
Toando em alegria os pensamentos
Já sabem, reconhecem, cada mina

Os dias sem amor são sonolentos,
A glória de sonhar se determina
Realizando em todos os momentos
O que uma fantasia vaticina.

Eu tenho esta certeza inabalável
De ter esta emoção irrefutável
Trazida pelos braços em ternura.

O quanto eu te desejo e tu me queres
Nos gozos que te dou e me transferes
A vida sonegando uma amargura...


1874

A vida sonegando uma amargura,
Não deixa que a tristeza se aproxime,
Amor que tantas vezes nos suprime
Expressa com certeza uma ventura.

Viver sem ter amor, uma tortura,
Nas mãos enamoradas, bem sublime
As dores da tempesta ele dirime
O passo em perfeição amor acura.

Demarca cada passo em luz intensa,
Trazendo uma alegria em recompensa
Amor nunca se farta de saber

Que toda nossa história recomeça
Após o cumprimento da promessa
Da vida em harmonia e bem querer...


1875


Da vida em harmonia e bem querer
Eu traço o mote e expresso em poesia
O bom que tantas vezes se estendia
Mudando todo o curso do viver.

Não posso mais deixar de te dizer
O quanto que recebo em alegria
Palavra que decerto bendizia
A trama que escolhi, a percorrer.

Nas cinzas que carrego no meu peito,
Amor em mansidão já deu seu jeito
Agora nada temo, com certeza.

Seguindo a minha vida em calma e paz
Decerto a plenitude agora traz
A força que não teme a correnteza.


1876

A força que não teme a correnteza
Enfrenta as corredeiras, ganha a foz,
Escuto a claridade desta voz
Que trama em minha vida tal beleza.

Sabendo quanto a vida sempre preza
Aquele que se dá vencendo o algoz
Lega ao esquecimento a dor atroz
Deixando sempre farta a nossa mesa

Não creio ser possível desprezar
O sentimento nobre que sem par
Transforma o nosso dia, triunfal.

Aos poucos me domando o pensamento
Trazendo em glória cada bom momento
O amor vai se tornando sem igual.
Publicado em: 18/03/2008 20:01:12
Última alteração:22/10/2008 14:40:52




EU TE AMO!! coroa de sonetos 135
1877

E mesmo que isso seja uma ilusão
Transporta o pensamento e nos liberta
Amor não reconhece uma hora certa,
Causando em nosso céu transformação.

A seca se espalhando no sertão
Caminhos da esperança; desconcerta,
Servindo tantas vezes como alerta
Adentra em sofrimento, a plantação.

Viola sertaneja canta à lua
Polvilha uma esperança. A madrugada
Ganhando em lusco fusco cada rua

Casais enamorados na calçada,
A fantasia volta e continua
Ponteios da viola enluarada...

1878


Ponteios da viola enluarada,
Fumaça de neblina sobre os montes,
A lua que se emerge em horizontes
Trazendo uma esperança desfraldada.

Na frágua da ilusão, uma alvorada
Ultrapassando os rios, margens, pontes
Palavras do passado que remontes
Não dizem muitas vezes quase nada.

Da boca dessa noite insaciável
O beijo da manhã se quer amável
Porém a tempestade se anuncia

Distante dos teus braços, meu amor,
O vento revoltoso com vigor
Nublando, mal começa; o novo dia...


1879


Nublando, mal começa; o novo dia...
Saudade de quem foi pra não voltar,
A solidão aos poucos, devagar
Matando toda sorte de alegria.

Amor que com seu nome se escrevia
Não quer nem mesmo agora me escutar
Em nuvens se escondeu o meu luar
Aurora vai perdendo a tal magia.

A cargo dos meus sonhos, nada fica,
A vida não será tão nobre e rica,
Apenas coração restando pária.

Só eu sei quantas vezes eu sofri
Ausência me transporta para ti,
Ao menos esperança é necessária...

1880

Ao menos esperança é necessária
A quem por tantas vezes vai sozinho.
O quanto de alegria e de carinho
Perdido nesta estrada temerária.

A luz da fantasia é tão primária.
Não tendo em ti espelho vira espinho
E quando da saudade eu me avizinho
Minha alma volta a ser celibatária.

Não quero em minha vida outra pessoa,
A chuva renitente qual garoa
Não deixa o sol nascer, a vida passa.

O tempo de sonhar já se esgotando
O barco sem ter porto naufragando
Amor vai se esvaindo na fumaça.

1881


Amor vai se esvaindo na fumaça
A barca dos meus sonhos naufragada
Não resta do que fomos quase nada,
Neblina matinal maltrata, embaça.

Vontade de gritar em plena praça
Falar desta alegria anunciada,
Perdida nesta noite demarcada
Por medos. A saudade nunca passa.

Desfraldo o lenço branco, peço paz
Porém o teu sorriso sempre traz
O gosto da ironia e do sarcasmo.

Tocado pelo anseio, sei marasmo.
O telefone chama. Um desengano,
Caminho em noite vaga, tolo, insano...

1882

Caminho em noite vaga, tolo, insano
Navego pelos bares e caladas.
Jogado pelos cantos e calçadas
Amor feito saudade é tão tirano.

Quem dera reviver cotidiano
Palavras entre sinas bem traçadas,
Porém as luas sempre disfarçadas
Demoram transtornando cada plano.

Queria a cor do mundo em meu olhar
O brilho esmeraldino da floresta.
Se apenas solidão é o que me resta

Apenas solidão; vou encontrar;
Amor porta-estandarte do vazio,
Promete em carnaval somente o frio...

1883


Promete em carnaval somente o frio
Inverno de minha alma sem juízo,
Apenas coletando o prejuízo
O nada versus nada sempre crio.

Andando minha sorte por um fio
Quem dera se encontrasse algum sorriso.
A vida se passando e sem aviso
O dia se transcorre no vazio.

A boca que procuro não tem tempo,
Não quero um vão amor por passatempo
Nem mesmo sou capaz de me entregar

A quem por tantas vezes não queria,
Joguete da tristeza e da alegria
Caminho em tempestade, devagar...


1884


Caminho em tempestade, devagar
Mineiramente venço os vendavais
Chegando calmamente em cada cais
Vejo o melhor momento de ancorar.

Na praia dos meus sonhos céu e mar
Em tons maravilhosos, sensuais
Fazendo desse todo um pouco mais
Num gozo esmeraldino azulejar...

Jogado pelas ondas barco segue
Sem blague, sem mentiras, peito aberto,
Aos braços e carinhos vou entregue

Vogando por errantes caminhares
Nos ventos, sem temores me liberto
Amor bem junto a mim, nos calcanhares...

1885


Amor bem junto a mim, nos calcanhares
Colado à minha pele, tatuagem,
Nos olhos de quem vê; simples miragem,
Fazendo do teu corpo, meus altares.

Do jeito mais sutil que tu sonhares
Eu juro que estarei, mesma viagem.
Embora não te queira minha pajem
Estou contigo em todos os lugares.

Não quero simplesmente confiança
É necessário além de uma aliança
Entranhar a presença em cicatriz.

Ser teu e tão somente viver isso,
Amor é muito mais que compromisso,
Somente desse jeito eu sou feliz...

1886

Somente desse jeito eu sou feliz,
Caçador de ilusões; já me perdi
Agora que encontrei amor em ti
Eu bebo me inebrio e quero bis.

Recebo em nosso céu tal diretriz
Trazendo e conduzindo, volto aqui
Sabendo todo o sonho que vivi
Amor sem filial morre matriz.

Não vejo outra saída, nem pretendo,
De tudo o que desejo convencendo
O dia se fará bem mais tranqüilo.

Passeio entre cometas, alvoradas
Andando sem espinhos, tais calçadas
O canto feito amor, é meu estilo...

1887


O canto feito amor, é meu estilo
E não renego o bem que isso me faz,
Se eu necessito e quero sempre paz
Nos braços deste sonho eu vou tranqüilo.

Nem quero saber disso ou mesmo aquilo
O quanto que coleto satisfaz,
Meticulosamente a vida traz
O mel que mesmo em fel no amor destilo.

De tanto que este tempo já se espraia
A solidão morrendo em minha praia
Transforma uma alva areia em movediça.

Na boca da bacante a festa é tanta,
Amor ao mesmo tempo desencanta
Enquanto o teu desejo ele cobiça.

1888

Enquanto o teu desejo ele cobiça
Minhas vontades trazem calmaria.
A barca que se mostra em alegria
Nos ventos deste sonho, amor se viça.

Embora em alegria vã, postiça.
O beijo em despedida me dizia
Do gozo que jamais se concebia
Depois de inglória luta e falsa liça.

Não quero o sofrimento do vazio,
E mesmo que não seja o que pensei,
Amor vai dominando a minha grei

E mesmo que insincero, nele eu crio
Um Eldorado tolo e sem proveito.
Na fantasia inútil eu me deleito...

1889


Na fantasia inútil eu me deleito
E sei da falsidade, mas não ligo,
Quem dera se eu tivesse o que persigo,
Porém sozinho eu juro não me deito.

Por mais que o temporal invade o peito,
Eu tenho dentro em mim meu próprio abrigo
Na raridade imensa desse artigo
Qualquer carinho eu fico satisfeito.

Agita o coração um verso breve
O gosto de teu beijo já se atreve
E muda toda a sorte de onde eu vim.

Plantando amor perfeito nada deu,
O quanto que sonhara e já morreu
Permite qualquer flor em meu jardim...


1890


Permite qualquer flor em meu jardim
Esta desesperança não me espanta.
A fome de ilusão, amada é tanta
Que qualquer chuva molha dentro em mim.

Viola sertaneja ou bandolim,
No tom que tu quiseres a alma canta
Apenas por falar amor me imanta
E faz um reboliço sem ter fim.

Eu bebo cada gole devagar
Deixando a lua cheia navegar
Vagando dentro em ti falsa paixão.

Do jeito que eu quisera não viria,
Amor da gente traz tanta alegria
E mesmo que isso seja uma ilusão.
Publicado em: 19/03/2008 14:17:53
Última alteração:22/10/2008 14:40:56



EU TE AMO!! coroa de sonetos 136
1891

Mergulho carinhoso e triunfal
Bem vindo caminhar em noite clara,
A lua nos chamando tudo aclara
Amor já se tornando um ritual.

A cargo deste sonho sem igual
A vida em alegria se declara,
A jóia do prazer embora rara
Espalha farto brilho magistral.

Benesses encontradas sem fastio,
O quanto de desejo em que vicio
Explica todo o bem que vejo em ti.

Estrela decorando a madrugada,
A rosa do querer iluminada
Floresce no perfume que senti...

1892


Floresce no perfume que senti,
A lua que acendi enamorado,
Teu corpo de meus sonhos bem amado
Demonstra todo o gozo que previ

Vivendo toda a glória vejo em ti
O tempo em ouro pleno emoldurado,
O gozo de ser teu; nega o passado,
Desejos que pensara encontro aqui.

E tendo em meu caminho a rara estrela
A vida se tornando assim tão bela,
Jamais eu poderia me esquecer

De cada beijo dado em plenitude
Trazendo eternidade e juventude
Bradando com certeza o bem querer.

1893

Bradando com certeza o bem querer,
Por toda a minha vida eu te esperei,
Sabendo quanto tempo, procurei
Percebo a maravilha de poder

Beber em tua boca, o meu prazer,
Singrando esta esperança em que tentei
Fazer de uma alegria a nossa lei,
E tudo se perdia, sem saber

Se a vida não podendo ser somente
Aquela que se busca de repente
Não adianta mais sequer sonhar...

Porém quando tu chegas traz luar
Clareia a minha vida num momento,
Transborda em cada verso, o sentimento...


1894

Transborda em cada verso, o sentimento
Não tendo mais saída vou assim,
Vibrando uma esperança dentro em mim,
Amor renegará qualquer tormento.

Legando à solidão, o esquecimento,
Dourando cada flor de meu jardim
Nas cordas de um plangente bandolim
A marca deste amor entregue ao vento.

Nas notas musicais e nos sorrisos,
A sorte vem chegando e sem avisos
Amor não mais sossega, toma tudo.

Destino que em teus braços sempre mudo
Deixando à minha dor, ledo vazio.
Um novo amanhecer, contigo eu crio...

1895

Um novo amanhecer, contigo eu crio
Estrela matutina em primavera,
Amor não pode ser simples quimera
Tampouco se entregar ao vento frio...

Amar e ser feliz, eu fantasio
E busco em tua boca o que se espera
De toda a solução que aplaque a fera
Embora o coração siga vadio.

Girando todo o mundo em carrossel
Estrelas que roubei do imenso céu
Decoram teus cabelos qual tiara.

Vagando sem destinos, um cometa
Trazendo ao sentimento do poeta
A rosa que te enfeita e tanto ampara...


1896


A rosa que te enfeita e tanto ampara
Espalha o seu perfume em nossa casa,
O tanto de prazer que nos abrasa
Tomando cada sonho nos aclara.

No incenso de minha alma, o que buscara,
A vida na verdade não se atrasa
Se amor em mansidão a glória embasa
Mudando os velhos ventos escancara

A porta da alegria e da esperança
Sabendo desde sempre da mudança
Não temo mais sequer velhos espinhos.

Bebendo da ilusão os caros vinhos
Não vejo após a curva desta estrada
A sorte qual pensara, destroçada...


1897


A sorte qual pensara, destroçada
Deixada em algum canto do canteiro
Agora ao me mostrar bem verdadeiro
Adentra uma emoção, enamorada.

A força a cada passo demonstrada
Estende na janela o mundo inteiro,
Usando uma ilusão como tinteiro
A moça dos meus sonhos desnudada...

Prelúdio desta noite que insensata
Aos poucos, dominando me arrebata
Incêndios prometidos no meu leito.

Em claras explosões os multicores
Caminhos entranhados por amores
Invadem em delícias cada peito...

1898


Invadem em delícias cada peito
Sentimentos sutis e dominantes
O quanto os meus desejos são constantes
A cada nova noite eu me deleito.

A vida se mostrando desse jeito
Em raios e vontades deslumbrantes
Não deixa que se perca por instantes
O rumo em que o amor vai satisfeito.

Um coração que sei ser vagabundo
Vagando num segundo todo o mundo
Espera a serventia do teu cais.

No porto feito abraço, ancoradouro,
No corpo da morena o meu tesouro,
Querendo deste gozo sempre mais...


1899

Querendo deste gozo sempre mais
Amor quando em cadência sempre vence
A vida deste sonho se convence
Mergulha em beijos plenos, rituais.

Sabendo que talvez amor demais
É fato que em verdade não pertence
A quem a vida às vezes recompense,
Embora sonegando os meus cristais

Eu quero ser apenas vento breve
Que manso tantas vezes já se atreve
E bebe dos licores com fartura.

Amor que não demonstra os velhos medos
Tecendo uma esperança com seus dedos
Promete ao fim de tudo essa ventura...


1900

Promete ao fim de tudo essa ventura
Que tanto procurei a vida afora
O bem que com carinhos me decora
Percebe nos teus lábios a brandura

Na fantasia plena que assegura
Deixando ao triste adeus lado de fora
E a cada novo passo quando escora
Já torna a minha vida calma e pura.

Guardando nos meus olhos teu olhar
Espelhas o que eu sempre e tanto quis.
Agora com certeza estou feliz

Enquanto a noite chega devagar
E a lua espalha em nós clara nudez
No amor inesquecível que se fez...

1901


No amor inesquecível que se fez
As marcas do que somos, entranhadas.
Sem medo caminhando tais estradas
Toando em cada passo insensatez.

De que me valeria lucidez
Se toda a glória está nas demarcadas
Estrelas que nos traz iluminadas
As sortes que procuro a cada vez.

Não vejo outro caminho, nem queria,
Se eu tenho em minhas mãos farta alegria
No corpo feito porto em cais dourado.

Assim, sem temer raio ou temporal,
Eu trago bem guardado em meu bornal
Um coração sem nexo, apaixonado...

1902


Um coração sem nexo, apaixonado
Cansado de bater inutilmente,
Vagando pelas ruas qual demente
Encontro a solidão, amargurado.

Sem ter tua presença aqui do lado,
A morte se tornando mais urgente
O quanto que alegria inda se tente
Negando o próprio céu, falso, estrelado...

Primavera nos dentes, alma em fogo,
O tempo vai passando e nele afogo
Desejo que se fez ingratidão.

Quem dera se eu pudesse recolher
As flores que plantei. Mal posso crer
A seca tomou toda a plantação.

1903

A seca tomou toda a plantação
De tudo o que cevei, nada brotou,
Apenas o vazio enfim restou,
Deixando este sabor de negação.

Abordo cada sonho e o mesmo não
Repete o que na vida se escutou,
O barco com certeza naufragou,
O cais se transformou, pura ilusão.

Mas tento novamente, não desisto,
Qual fora um insensato, inda resisto
E tento novamente ser feliz.

A boca que hoje beijo não me quer,
Desejos caprichosos de mulher,
Vontade de viver, vida desdiz...

1904


Vontade de viver, vida desdiz
E num momento busco outra paragem
Que traga finalmente alguma aragem
A sorte se mostrando meretriz.

Nas mãos que se fizeram imbecis
Amor passando a ser qualquer bobagem,
Apenas o que resta, uma visagem
De um tempo onde esperança foi atriz.

Carpindo cada lágrima que trago
Espero e talvez tenha algum afago
Nos mares da ilusão, mesmo fatal

Eu teimo a redenção desta palavra
Iludido, meu peito ainda lavra
Mergulho carinhoso e triunfal
Publicado em: 19/03/2008 15:46:28
Última alteração:22/10/2008 14:41:00

EU TE AMO!! coroa de sonetos 137
1905


Caminho que me leva à sedução
Meu canto é lírico, eu bem sei, mas tento
Usando da palavra como ungüento
Focar na fantasia esta emoção.

Por tantas vezes tão somente o não
Tomava o meu destino, sofrimento,
E quando escuto a tua voz então
Amor vai entranhando o pensamento.

A marca do teu beijo em minha boca
A força deste amor que já nos toca
Permite uma alegria sem limite.

Tristeza perde uma razão de ser
Enquanto vejo em nosso amor prazer
Estrela sensual não mais evite...

1906


Estrela sensual não mais evite
O brilho desta deusa em perfeição,
Saudade vem batendo no portão,
Sem nada que a impeça ou delimite.

Por mais que uma ilusão ainda grite
Entendo nosso amor qual provisão.
A estrela que mergulha em sedução
Não sabe e nem pretende algum limite.

Eu caço cada rastro feito em luz
Deixado em minha cama. Reproduz
A poesia imensa que trouxeste.

Rolando pelos astros, fantasia
A boca que eu beijara e bem queria
De todo este lirismo me reveste...

1907


De todo este lirismo me reveste
Palavra que me dizes, mansamente,
Além do que este vento em paz pressente
Amor não necessita qualquer teste.

Verdade que se quer e cedo ateste
Na chama tantas vezes inclemente
O tempo de viver tão plenamente
Em toda a fantasia que inda reste.

As rugas vão tomando a minha tez
São marcas de um amor que se desfez
Intensa sensação que não termina...

Afinal, quero o nosso amor de volta,
O peito se transtorna e se revolta
Distante do que outrora fora sina.

1908

Distante do que outrora fora sina
O medo transtornando cada passo.
Amar demais. Ao estender meu braço
A voz de uma esperança desafina

Um canto mais tristonho determina
Sentido em perfeição, já não mais traço
Perdendo pouco a pouco o meu espaço
Saudades sem limite me azucrina.

Os restos do que fomos pesam tanto,
A noite se cumprindo em desencanto,
Minha alma se perdendo em explosão

O vento da lembrança, sempre forte,
Mudando a direção, sonega o Norte
Deixando tão somente a negação...


1909



Deixando tão somente a negação
De tudo o que passamos, nada resta,
A sorte infelizmente nos atesta
O quanto em nosso amor sonegação.

A paz que se perdeu em turbilhão
Não deixa que pense em nova festa,
Aborto do que fomos não contesta
E deixa mais vazio, o coração.

Nem todos os quebrantos me diziam
Dos fogos que em mentiras acendiam
A treva que tomou o nosso dia.

O quanto desejava e nada vinha,
Mulher que outrora fora, em sonhos, minha
Tornando amargurada a poesia...

1910


Tornando amargurada a poesia,
Distância dominando nossa voz.
A vida tantas vezes, qual algoz
Provoca a cada verso, a rebeldia.

No amor que tantas vezes bendizia
Saudade vem chegando mais veloz
Se eu não consigo mais cortar os nós
O que será de mim na noite fria?

Na neblina da noite, um sonho oculto,
Trazendo tua imagem, qualquer vulto,
Confusos os meus olhos seguem vãos...

Apalpo este vazio e em minhas mãos
Apenas a garoa e nada mais.
Será que não terei amor jamais?


1911

Será que não terei amor jamais?
O vento vai batendo na janela.
Solitário eu pergunto: será ela?
O barco retornou ao velho cais?

De novo retumbando nos umbrais
A noite em agonia se revela
Parece arrebentar cada tramela
Uma esperança adentra os meus portais.

Depois de tanto tempo... nada veio,
A tempestade trama algum receio;
Porém esperançoso coração,

Ouvindo o repetido baque espera
A volta da sublime primavera.
Atrás da minha porta? Eterno não...

1912


Atrás da minha porta? Eterno não,
O vento da esperança não me alcança
Enquanto a solidão jamais descansa
Minha alma não encontra solução.

Vontade de sentir em redenção
A vida que sonhei; sincera e mansa.
Voltar a ser de novo uma criança
Que traz dentro do peito uma ilusão...

Brinquedos espalhados nas calçadas
Jardins entre mil flores, primavera...
Os restos de emoção que inda carrego.

Manhãs entre alegrias demonstradas
Nos olhos de quem quis e não me espera,
À falsa fantasia eu já me apego...

1913

À falsa fantasia eu já me apego,
A sensação de paz mais atrevida,
Mordendo devagar a minha vida,
Um caminheiro segue assim, tão cego.

Por vezes mais sedento, em vão me entrego
Na luz insanamente percebida
O amor que busco ofusca a despedida,
Amor que nunca veio; jamais nego.

Nos bares e prostíbulos, a luz...
A boca que me cospe me seduz
O leito amargurado de viúvo

Aos olhos deste sonho que me curvo
Serei tão simplesmente um idiota.
Felicidade existe? Tão remota...

1914

Felicidade existe? Tão remota...
A chuva vem caindo mansamente
Derruba as esperanças plenamente
Minha alma entregue ao tempo se amarrota

Penetro uma esperança em negra grota
Seguindo em noite fria qual demente,
Por mais que tantas vezes inda tente
A vida não terá decerto, rota...

Caçando cada rastro que deixei
No tempo em que talvez inda sorrisse.
Encontro tão somente um espectral

Desenho do que fomos noutra grei.
A sorte que buscara se desdisse
Tramando em agonia, o meu final...


1915


Tramando em agonia, o meu final
Irônica manhã em vento frágil,
O tempo em que buscara ser mais ágil
Perdido num temível temporal.

Um barco que se entrega num naufrágio,
Não tendo outro destino, a minha nau
Espalha nos meus passos, vil lacrau,
Da solidão recebe o vão contágio.

Uma excrescência em vida; volto à tona,
Até mesmo o vazio me abandona
Restando tão somente uma lembrança

De um dia, há tanto tempo onde talvez
Amor por um segundo em altivez
Mostrou algum resquício de esperança...


1916



Mostrou algum resquício de esperança
O olhar tão carinhoso que me toca,
Palavra em mansidão já desemboca
Nas fozes que o amor, em paz alcança.

Trazendo num momento a confiança
Que tantas vezes quis em minha boca
Num beijo solitário, a vida enfoca
A possibilidade de aliança.

E mesmo neste inverno que inda trago
O toque tão suave e quase mago
Das mãos que se procuram e se aquecem.

Tu tens a redenção, esteja certa,
Amor se aproximando, num alerta
Expressa as fantasias que se tecem...


1917

Expressa as fantasias que se tecem
O verso mais feliz que desejei.
Por tantas vezes tolo eu ansiei
Olhares que jamais em dor padecem...

Palavras que tu dizes não se esquecem,
Passando a serem, cedo, a nossa lei
Aguando o bem que tanto procurei
No inverno um novo estio; tanto aquecem.

Teu corpo junto ao meu, feliz momento,
Dançando noite afora... ruas, praças
Ousando ter além do sentimento

Em valsas, em boleros, tangos, risos...
Nas mãos tão delicadas, raras graças
Girando a noite imensa, paraísos...

1918


Girando a noite imensa, paraísos
Feitiços de desejos e vontades.
Amores seduzidos por verdades
Negando passos frágeis, indecisos.

Os dias do teu lado são concisos
E nisso justificam claridades
Pois quando busquei reciprocidades
Sabia dos encantos mais precisos.

Preciosidade se emprestando à sorte
Entregue à fantasia, pleno aporte
Cevando com carinho cada grão.

Eternamente frutificará
Enquanto em esperança nos trará
Caminho que me leva à sedução.
Publicado em: 19/03/2008 17:55:45
Última alteração:22/10/2008 14:41:04


EU TE AMO!! coroa de sonetos 138
1919


Do corpo mais perfeito e sensual
Vislumbra o coração com mais verdade
Embora seja vária a realidade
Eu teimo na viagem triunfal

No beijo e no carinho ritual
Percebo a mais sublime liberdade
Matando pouco a pouco uma saudade
Do amor eu faço um traço casual.

Amar-te em tal insânia, simplesmente
Não tendo qualquer forma de cobrança
Em ti eu mergulhando plenamente

Não vejo mais fronteiras, somos um.
Amor não se divide em modo algum,
Em ti encontro a minha semelhança...


1920


Em ti encontro a minha semelhança,
Reflexos que se perdem num espelho,
Tão grande a perfeição desta aliança
Ao teu olhar eu quero e me assemelho.

Amor não necessita de conselho,
Premissa de uma vida em aliança
O quanto em nosso amor, eu já me espelho
Expressará no que perdi; mudança.

Um verso enamorado já diz tudo,
Sentimento jamais será escudo
A par dessa verdade nada temo.

Vida que mostra o barco traz o remo
E assim caminharemos sem temores.
Sabendo dos espinhos, ganho as flores.


1921


Sabendo dos espinhos, ganho as flores,
Recebendo os aromas sigo em frente.
Enquanto a solidão não atormente
Trazendo os seus tenazes estertores

Estendo em nossas mãos fartos louvores
No sonho que se faz freqüentemente
Que os dias não se cansem de repente
Deixando amanhecer com seus alvores.

Não posso conceber estrada vã
Nem mesmo uma palavra que malsã
Possa nos machucar. Esteja certa

Que todo bem da vida se confessa
Nos olhos de quem sabe da promessa
Enquanto esta alegria nos desperta...


1922

Enquanto esta alegria nos desperta,
A porta do desejo escancarada
Permite que tenha alvoroçada
Tanta vontade que em verdade alerta.

Fazendo no teu corpo a descoberta
Da sorte que busquei, engalanada
Ultrapassando antiga paliçada
O sofrimento aos poucos nos deserta.

Partindo do princípio que te quero,
O verso que me fazes se sincero
Promete um novo tempo de partilha.

Palavra acalma a sensação de frio,
Deixando ao léu um coração vazio
Demonstrará em farto amor a trilha...

1923

Demonstrará em farto amor a trilha
A ser seguida um pouco a cada dia.
Abrindo destes barcos, a escotilha
Entenderei o que sonhar dizia

Amor não necessita de apostilha,
Demonstra por si mesmo a fantasia
Rezando com presteza essa cartilha
A vida bordará em poesia

A lavra que se trama em precisão.
Regando com carinho a plantação
Decerto rara flor em meu jardim.

Numa expressão que me traduza luz
Dois corpos neste idílio seminus
Traduzirão o que desejo enfim...

1924


Traduzirão o que desejo enfim,
Os sentimentos que carrego agora
Minha palavra um sonho comemora
Ao demonstrar o quanto existe em mim.

Um belicoso tempo mostra ao fim
Da tempestade, este temor que aflora
Ao procurar no nosso amor escora
Percebo por que tantas vezes vim

Buscar a boca delicada e farta
Da qual uma alegria não se aparta
Anunciando em glória plena a paz

Olhar farol me guiará decerto,
Trazendo o que era longe pra bem perto,
Mostrando o quão amor se faz capaz...

1925


Mostrando o quão amor se faz capaz
De transformar o descaminho em glória
Quem sabe assim ao festejar vitória
Eu saberei desta palavra audaz

O beijo que em desejos satisfaz
Tornando esta emoção mais peremptória
Ao impedir volúpia de vanglória
Permitirá uma era feita em paz.

A lua que se entrega em preamar
Deitando sobre a terra o seu luar
Prateia toda a cena farta em luz.

Quando se faz no nosso amor viagem,
Decerto encontrarei uma ancoragem
Além do que a saudade reproduz...


1926


Além do que a saudade reproduz
Eu necessito sempre o que há em ti
Não digo que meu rumo eu já perdi
Apenas o teu rastro me conduz.

Não quero carregar pesada cruz
E nem saber o que jamais eu vi,
Ao penetrar um sonho amargo aqui
Nas mãos que acarinhavam; um obus.

O tempo traz ciladas disso eu sei,
Palavras são as armas preferidas
Eu estarei contigo noutra grei

Mesmo sabendo que não queres mais
Encontro a claridade em nossas vidas
Embora eu saiba, não terei um cais...


1927


Embora eu saiba, não terei um cais
Persisto sempre na viagem tola,
Enquanto o vento em tempestade assola
Percebo o quanto eu não terei jamais.

O amor não traz as chaves dos portais
É necessária a mão que em vão controla
Uma alma audaz que num amor decola
E se perdendo em sonhos magistrais

Não poderá reconhecer a face
Da solidão que nos disfarces trace
Seus descaminhos penetrando em nós.

O solitário beijo diz pantera
A vida em dor ao postergar espera
Já sabe: não virá mais nada após

1928


Já sabe: não virá nada mais nada após;
Quem desistir duma esperança breve,
Um sonho vão decerto não se atreve,
A desvendar deste segredo os nós

À ventania que se mostre atroz
Numa inconstância, como pluma leve
Sucumbirá no sonho que me leve
Distante deste rio, perco a foz.

Enquanto busco ao menos a esperança
O vento descuidado já me alcança
Na dança das audazes ilusões.

Quem sabe uma ternura inda conceba
Amor que se mostrando noutra gleba
Expressa as mais doridas tentações...


1929


Expressa as mais doridas tentações
A vestimenta de um desejo insano,
De todos os meus sonhos, o decano
Em vários sentimentos, seduções...

Amor ao nos mostrar embarcações
Pernoita no carinho soberano
Do quanto que te quero eu já me ufano
Entregue às mais complexas sensações...

Perenizando o que em vontades crio,
Enfrentarei a ventania e o frio,
Com toda precisão, intemerato,

E assim ao me entregar com tal pureza,
Conquistarei com mais vigor beleza
O gozo que se mostra em fino trato...

1930


O gozo que se mostra em fino trato
Bebendo com fartura cada gole
Procuro o teu carinho que console
Curando com prestezas um maltrato.

Uma ânsia pela qual eu me arrebato
Enquanto a fantasia já me engole
Deixando o nosso corpo calmo e mole,
Tornando uma tristeza, desacato.

Depois de andar de ti distante,
Vontade me tomando, galopante,
Não deixa que eu sossegue um só segundo.

Agora que percebo estás por perto,
De toda a dor, em pleno amor, deserto
Neste mergulho intenso, eu me aprofundo...

1931


Neste mergulho intenso, eu me aprofundo
Ao relembrar belos momentos nossos,
Do que já fomos restam os esboços
De um tempo em que pensara ter o mundo

Contido em minhas mãos. Por um segundo
Revejo o teu olhar. Tantos destroços.
A chuva desabando em pingos grossos
Desta saudade insana eu já me inundo.

Que faço se te vejo em cada gota
Da chuva que não pára e não se esgota
Tornando mais remota uma alegria...

Quem dera se eu pudesse pelo menos
Sonhar com dias calmos, mais amenos.
Apenas me restando a fantasia...


1932


Apenas me restando a fantasia
Proporcionando um dia mais feliz,
O quanto uma emoção nos desafia
Traduz o que esperança não desdiz.

Ao desabrigo a sorte conduzia
Quem tantas vezes fora um aprendiz;
Porém ao perceber novo matiz
Ansiosamente aguarda o claro dia

Que possa permitir um sol intenso,
De um sonho mais incrível me convenço
Desejo que se faz consensual.

Perfaço nessa noite uma jornada
Que mostre cada cena desbravada
Do corpo mais perfeito e sensual.
Publicado em: 19/03/2008 21:19:03
Última alteração:22/10/2008 14:41:08



EU TE AMO!!

Olhar que, pelo amor, abençoado,
Na sorte em que meu peito já se ufana
Mudando qual farol, a sina e o fado
Além do que sonhara e não se engana
Um coração por ti apaixonado,
Rainha dos meus sonhos, soberana.
Teus passos com certeza edificaram
Os rumos que meus dias encontraram...


Memórias de outros tempos, gloriosas,
Aos poucos meu caminho vão mudando,
Espalham mil canteiros, belas rosas,
E as dores com certeza, devastando,
As horas ao teu lado, valorosas,
Do medo de viver me libertando.
Eternamente sei que irei amar-te,
Vivendo a plenitude em qualquer parte.


O coração lateja em sonho insano,
Distante das loucuras que fizeram
Os olhos de quem ama, em desengano,
Rumando por estrelas, já tiveram
Momentos de carinho, mas temprano,
Os medos/sofrimentos que vieram
Cobrindo de tristezas, negra manta,
O brilho das estrelas logo espanta.


Porém eu descobri, emocionado,
Que um sol de uma alegria mais ardente
Depois do canto triste demonstrado,
Promete ressurgir alegremente,
Matando esta tristeza do passado,
Mudando deste mar, fria corrente,
Quem sabe neste amor, firme e perene,
A sorte finalmente, enfim, se acene...

A sorte que já fora vaporosa,
Nos olhos de quem amo, logo muda,
Trazendo em noite clara e tão formosa
Dourada sensação de grande ajuda
Da flama que me invade mais fogosa
Que venha em noite clara e não me iluda.
Espalho o meu cantar pelo universo,
Cantando o nosso amor, a cada verso...
Publicado em: 18/10/2007 20:09:12
Última alteração:28/10/2008 14:13:21

EU TE AMO!! i

Permita que eu te conte dos meus sonhos,
Talvez tu penses ser estupidez
O gozo em que esta vida não se fez
Mortalha que carrego e não me larga.
Afago com carinhos teus sorrisos,
Aceito a cusparada como brinde.
Vasculho em tuas carnes, velhos mapas,
Encontro carrapatos e piolhos.
Mas como do jantar que me ofereces,
Sangrando toda noite, bacilar.
Quem sabe encontrarei um novo dia,
Embora na sarjeta se complica.
As putas e vadias, os ladrões,
Os cacos que carrego aqui comigo
Permitem tão somente agradecer
O amor que deus me deu por merecer...
Publicado em: 16/11/2007 16:39:12
Última alteração:28/10/2008 12:56:42

EU TE AMO!!! /


1

De tudo não restou nem amizade...
Ficou apenas sonhos e lembranças
E todas as bobagens de crianças
Que nós provamos com sinceridade
Não sei que gran loucura - insanidade
Aconteceu matando as esperanças
Também todas as bem aventuranças
Foi-se depois o amor e a lealdade...
Daquele amor que um dia foi sincero,
apenas tempestades por herança.
É tão duro admitir, mas eu te quero,
louca tenacidade assim me cansa,
porém de tudo aquilo eu não espero
nem mesmo o bom sabor de uma lembrança.

2

Nem mesmo o bom sabor de uma lembrança.
Transforma aquele tempo como outrora
Se escorre a vida, lenta, calma, mansa
Sabia qu'é uma flor cada uma hora?
Mas acontece, às vezes, que uma espora
Penetra fundo então e a alma alcança...
Saudades são - mortais como Leonora,-
Ess'elucubração a mente cansa.
Mas tudo bem, a vida se renova
A cada dia uma história nova
Aliviando vai toda canseira...
Liberta mais, também todo embargo
E deixa mais suave o gosto amargo
Devolve uma alegria verdadeira...

3

Devolve uma alegria verdadeira
Alguém que se demonstra altruísta
Que tem carisma, amor e que conquista
Até a bruxa má - a feiticeira...
Que incentiva de qualquer maneira
Nem cego ele se faz cobrindo a vista
Mas tenta te mostrar aquela pista
Que ajuda a evitar tanta besteira...>
Está lançada então essa semente
Procure ajudar um pobre ente
E ficará tu'alma mui faceira
Fazer alguém feliz - hoj'isso é raro
Mas quando faz-se é como um dia claro
Pois tudo é ilusão - vã, passageira...

4
Pois tudo é ilusão - vã, passageira...
há tantas armadilhas numa estrada.
Quem dera se esta sorte feiticeira
mostrasse solução que nunca é dada.
A vida se mostrando tão ligeira
se perde em desatino na alvorada.
Quem sabe do valor da companheira
percebe que sem ela a vida é nada.
Não deixe que se perca, minha amiga,
o rumo que traçamos já faz tempo,
por mais que sempre surja um contratempo.
Pois quem, tão temerário, desabriga,
é como retratasse uma esperança
Qual brinquedo quebrado da criança.


5



Qual brinquedo quebrado da criança
Eu fiquei muito triste de repente
Ao saber quem amava realmente
Foi-se embora deixando-me lembrança
Mas também eu fiquei nessa lambança
De durão - que não estava nem carente
Nesse orgulho medonho inclemente
Acabei te ferindo com a lança -
Aquela da impáfia e indeferença
E tudo tem retorno e uma sentença
A minha estou tendo por inteira:
A oportunidade qu'é perdida
À vezes não retorna; e, toda lida,
Em frangalhos - passando na peneira,

6
Em frangalhos, passando na peneira
fantasia deixada para trás.
Imaginei – tão ingênuo- ser capaz
de encontrar amizade verdadeira
ou quem sabe pudesse ter inteira,
alegria que, plena, satisfaz.
Porém o que seria mais audaz
terminou sendo simples brincadeira.

Tantas vezes meu rumo se perdeu
numa busca incessante, mas insana,
um lampejo, somente de esperança.
O meu mundo se fez eterno breu
quem pensei ser amiga, já me engana.
meu olhar tão distante, nada alcança.

7
Meu olhar tão distante, nada alcança
Uma ilusão perdida sendo o guia
Matando o que de outrora resistia
Tristeza me servindo de fiança.
Porém ao ver teu riso de criança
Amiga, renasceu a fantasia
De ser bem mais que lúdica lembrança
De um tempo tão distante que morria.
Meu coração, somente não entende
E teima em viver só do passado,
Ao mofo, à naftalina ele recende
Matando um embrião de uma esperança
Um velho sem futuro, abandonado,
Apenas no passado, ele descansa

8

Apenas no passado ele descansa
Pois sabe que ali era feliz
Achando-se a tal - sem diretriz,
Feiriu com seu orgulho e com pujança
Aquela que foi sua esperança,
Fazendo como Dante à Beatriz -
Camões à Dinamene também quis,
E o Corvo em seu monólogo que cansa,
Agora ele tenta em desespero
Investe sua alma à reconquista
Não adianta, às vezes, tanto esmero
Depois que alma jaz estraçalhada...
Invista amigo enquanto a tempo invista
Pra não perder a vida da amada...

9
Pra não perder a vida desta amada
Que vai agonizando pelas ruas.
Ao vê-la gorkiana, abandonada
Relembra destas carnes, belas nuas.

O coração burguês muda a calçada,
Porém sangue operário ao ver bem cruas
Verdade que se expõe, tão demarcada,
Impede, meu amigo, que já fluas
E traz na mão a força soberana
Que emerge com total disposição.
E o peito se levanta e assim se ufana
De enfim ter aprendido esta lição,
Mais forte que a nobreza, a vida humana
Mais nobre que a riqueza, uma paixão...

10
Mais nobre que a riqueza, uma paixão,
Por mais que ela se frustre pela vida.
Não há querida amiga, evolução
Sem ter uma paixão como partida,
É dela que se emana a solução
Para os problemas todos, a saída
É feita de total empolgação
Jamais se dá, decerto por vencida
Enfrenta as tempestades e as procelas,
Não teme nem a queda ou cicatrizes,
Pois os apaixonados são felizes,
São donos dos planetas, das estrelas,
Desconhecendo dores ou louvores,
Movendo cada passo sem temores.

11
Movendo cada passo sem temores.
O caminhar se torna um desafio
Não há trovão, calor nem chuva ou frio
Que matará os sonhos e as flores
E ter de suportar os perdedores
Ser tolerante e força ter e brio
Andando por um vale, então, sombrio
Não é fácil. Mas se corajoso fores
A vida te dará alguma chance
Ó por favor amigo não se canse
A tanto que apender - desista não
Quem disse que aqui seria fácil?!
A vida não é rascunho pra que amasse-o
Tentando um'outra história - que ilusão...



12

Tentando um'outra que ilusão
Não vive-se o que é pra se vivido
Quem nunca achou que tinha já perdido
Seus sonhos e ficou na depressão?...
A vida é um ciclo - uma união
Por mais que esteja firme - convencido
De que tudo acabou, nesse duvido
A alma entra numa combustão
Tornando-se uma ameba, um vampiro.
Eu vejo tanta gente e me admiro
Daquelas que reclamam e mais nada.
Culpando o sistema, e todo mundo,
A vida fica nesse olhar imundo
Igual medusa triste, envenenada


13
Igual medusa triste, envenenada
Aquela que me trouxe desenganos
Morrendo pouco a pouco, sobra nada
De todo este veneno que em teus planos
Formado dos desejos sobre-humanos
De ter a vida sempre desgrenhada
Assim a cada dia traz marcada
A tez em duros cortes soberanos.
Roubando toda a cena, esta saudade;
Esvai-se quando chega outra paixão,
Repondo em minha vida, a liberdade.
Quem fora tão vazio simplesmente,
Amando, vai matando esta serpente.
Imenso paradoxo da emoção.


14
Imenso paradoxo da emoção
O meu anseio fica perturbado
Olhando para um ou outro lado
O asco e o desejo em união
Faz de meu ser um gelo e combustão
Odeio-te estando apaixonado
E amando eu me sinto entediado -
Não sei como acabar com isso não...

Assim toda paixão tem seus limites
Nos ódios e nos ócios das conquistas
Não quero que em meus sonhos acredites,
Pois neles eu encontro os dissabores
Tão próprios dos que sonham ser artistas,
Domínio sem juízo dos amores.


15

De tudo não restou nem amizade
Nem mesmo o bom sabor de uma lembrança.
Devolve uma alegria verdadeira...
Pois tudo é ilusão - vã, passageira...

Qual brinquedo quebrado da criança.
Em frangalhos - passando na peneira,
meu olhar tão distante, nada alcança.
Apenas no passado, ele descansa

Pra não perder a vida desta amada...
Mais nobre que a riqueza, uma paixão...
Movendo cada passo, sem temores.
Igual medusa triste, envenenada
Imenso paradoxo da emoção
Domínio sem juízo dos amores...



GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 20/08/2007 15:15:20
Última alteração:05/11/2008 14:53:47

EU TE AMO!!! /

1

Domínio sem juízo dos amores
Paixão sedenta em brasa derretida
Temor que traz coragem para a vida
Fel de prazer melíferas as dores

Estando do seu lado os horrores
Que assalta-me, às vezes nessa lida
A torna suportável. E conferida
Após vê-se as sementes e as flores...

Na antítese absoluta nos perdemos,
E assim nos encontramos logo após.
Amores são metástases que curam,

Além que pensamos ou sabemos,
Nas horas de carinho se torturam,
É feito de esperança em laço algoz.


2

É feito de esperança em laço algoz
Aquele que diz amo e cegamente
Seguindo vai achando que essa foz
É sua única fonte à boca ardente...

O qu'é triste é saber que logo após
Aquela água era um aguardente
E alma presa, então, em tantos nós
Quer livre, solta finalmente.

Amor sendo perfeito vai errático
Em torno de si mesmo, aleatório.
Revoluciona e nunca fica estático

É mágico e por isso, seus olores
O tornam quase oculto, mas notório
Cortando nos perfuma, espinho e flores


3


Cortando nos perfuma, espinho e flores
A vida é uma senda masoquista
Seguir nós precisamos nessa pista
Deixar os nossos sangues e suores...

O quê vem fácil vai - são sem valores
Não há fruto melhor qu'o da conquista-
Uma satisfação quando se avista,
Que vale os vilipêndio e as dores..

Amor sendo insensato dá sentido
A toda sensação que a vida adota.
Em luzes, maravilhas travestido

Em plena mansidão se faz algoz,
Amor nem mesmo em morte jaz, esgota.
Esfuziante, cala nossa voz.


4

Esfuziante, cala nossa voz.
Um sentimento que nos contagia
Ond'alma fica plena de alegria
Trazendo a esperança e paz após...

É bom ter um apoio uma foz
Pois no momento de melancolia
Naquela escuridão gelada fria
Tendo uma ajuda a desatar os nós...

Em tiras se transforma em seda pura
Tão belo traz um circo em seus horrores
Açoita com gentil, rara ternura,

Realça tanto espinho quanto cores,
Se manso, muitas vezes nos tortura.
Profano em si carrega mil andores.


5

Profano em si carrega mil andores.
De corpos e carícias pervertidas
De beijos indecentes suicida
Cansado agora está desses amores...

Procura então viver esses primores
E vê-se quantas metas jaz perdidas
Tentando, em vão, curar essas feridas
Ressente-se de vender teus pudores...

Atado por estranhos, ledos nós,
Amor se mostra nu em dura face,
Perdendo lentamente o seu disfarce

Reage e provocante, doce e atroz,
É fera que se esfinge e que se cace
Deságua em pororoca, invade a foz.


6

Deságua em pororoca, invade a foz
Juntando-se às águas desde então...
Nessa mistura - nessa explosão-
A um gemido - um êxtase após...

Assim é o nosso amor... e quando a sós
As secreções se juntam na paixão,
E nesse incêndio - nessa combustão,
Em gozos desaguamos todos nós...

Das lágrimas que matam nossa sede,
Fulgores em terrível combustão.
Nas marcas deste quarto, nas paredes,
Amor se matizando em rudes cores,

Fornalha desditosa da paixão;
Apascentando, traz os estertores.


7

Apascentando traz os estertores
Essa canção suave envolvente
Que ataca coração qu'agora sente
Os desenganos junto aos dissabores

Querendo, então, pintar com outras cores
Essa crepitação quer ser silente
Tocada a alma então e eternamente
Ficará sonhos beijos e vapores...

Aumentando em sonantes fantasias
O gesto que se imanta em ilusões
Forrando com ternura, corações

Mostrando muito além do que dizias,
Com gracejos felizes, alma e voz.
Em sonho delirante e tão atroz.


8

Em sonho delirante e tão atroz.
Eu tenho-te querida; e de repente
Um zéfiro a rouba inclemente
Deixando uma saudade mui algoz...

Analisando o que houve entre nós
Foi tão ameno, doce, comovente
Estando longe assim , então, ausente
É como o se pondo logo após...

Assim é mesmo amor, frágil gigante
Que nasce de um pesar, viva alegria,
Que embora nos sufoque, seja leve.

Enlouquecendo a todos num instante
Delgado como a pluma que caía,
Poder que não resista a um vento breve.

9

Poder que não resista a um vento breve
Vaidade que se escoa na ampulheta
A mocidade é bela como a neve
E abraça a brasa pra que se derreta...

Depois que passa o viço quem se atreve
Peitar de frente agora toda seta?
É frágil a coragem é mais leve
Procura-se a estrada mais dileta...

Que possa perfazer sacro caminho,
Porém amor se mostra de veneta
E ao mesmo tempo curva em linha reta

Na ponta dos meus dedos, já se enceta
Vontade de encontrar, mas perco o ninho
Qual rosa que se perde em frio espinho.



10

Qual rosa que se perde em frio espinho
O amor vai se esvaindo desde agora
Por mais que alma sofra e implora
Desesperadamente esse carinho...

Há coisas que são como o puro linho
E uma mancha então triste o deflora
E já não é igual àquela hora
E nem mais agradável o caminho...

Amor traz a mortalha qual bandeira
Fazendo de meu verso um canto vago.
Se o sonho de outro sonho em sonho trago

Talvez palavra dura e verdadeira-
Razão por que da dor eu me avizinho
Encharca em aridez, sangrante ninho.



11

Encharca em aridez, sangrante ninho
Daquela vez que foi então primeira
É assim todo início meu benzinho
Não sinta-se então a derradeira

Se sangra agora e escorre como vinho
Depois só sorrirá toda faceira
Querendo novamente o menininho
Que fez-te então mulher - agora inteira

Percebe no teu rosto a dor e o gozo
Que embora seja assim paradoxal,
Um rito que se faz tempestuoso

Em noite que se mostra, dura e leve,
Demonstra num sorriso sensual,
Amor, doce recato em que se atreve.



12

Amor, doce recato em que se atreve
A ousadia nele penetrar -
Por isso tanto jogo pra qu'o enleve,
Tornando-o depois naquele dar

Já sem pudor agora é até mais breve
Aquele desespero pra voltar
Então é brasa é gelo é fogo é neve,
Na movimentação - no cavalgar...

Amor ressuscitando a primavera
Mesmo no duro inverno faz estio.
Acende e queima a vela qual pavio

Corrói abrindo o peito uma cratera.
Ao rude transtornando em pura graça
Num átimo transforma fera em caça.


13

Num átimo transforma fera em caça.
E assusta-se então aquela fera
Pensando acabada a espera
Naquela sesta então uma trapaça

Em vão tenta lutar - se desespera
Vencida cai depois cansada baça -,
Pro amor não há desengano nem desgraça
Nem rigidez qu'ele não vença e impera

Amores se completam se perdendo
Dois seres que se irmanam, num segundo.
Viagem ao redor de um vasto mundo

Complexos não permitem mais adendo
Quem ama sem destino mal disfarça
Num êxtase se encontra e se esfumaça.



14

Domínio sem juizo dos amores
É feito de esperança em laço algoz
Cortando nos perfuma, espinho e flores
Esfuziante, cala nossa voz.

Profano, em si carrega mil andores;
Deságua em pororoca, invade a foz,
Apascentando, traz os estertores
Em sonho delirante e tão atroz.

Poder que não resiste a um vento breve.
Qual rosa que se perde em frio espinho.
Encharca em aridez sangrante ninho.

Amor, doce recato em que se atreve
Num átimo transmuda fera em caça;
Num êxtase se encontra e se esfumaça...


GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 21/08/2007 22:36:14
Última alteração:05/11/2008 14:23:06



Teus olhos aos meus sonhos prometendo
Desejos de uma vida bem mais leve,
Contigo permaneço não temendo
A dor da solidão que inda se atreve
A me roçar a pele, corroendo
Tornando uma alegria bem mais breve.
Nas asas/ liberdade, a fantasia
Refaz em doces olhos, novo dia.


Sonhando com teu corpo junto ao meu,
Menina delicada e tão charmosa.
O tempo de viver é todo teu,
Guria, uma mulher maravilhosa,
Meu sonho tantas milhas percorreu
Até colher, do Sul, divina rosa.
Em toda a poesia deste amor,
A vida, num momento, recompor...



EU TE AMO!! coroa de sonetos 108
1499


Expõe em suas mãos, manso carinho
Quem tem e sabe a força da amizade,
Sabendo desvendar qualquer caminho
Não teme nem sequer a tempestade.

Felicidade é feita dia-a-dia
E nela quem conhece persevera,
A mão que se declina em alegria
Esquece a solidão, rude e severa.

Em atos e palavras mais sinceras
A glória se mostrando assim capaz.
Vencendo em placidez as várias feras
Alcanço do teu lado, amiga, a paz.

E nela deposito a confiança
Num tempo mais suave, em esperança.


1500


Num tempo mais suave, em esperança,
Meus olhos se entregando com ternura.
O quanto se deseja; amiga alcança
Espalhando entre nós farta brandura.

A noite tão escura do passado
Permite a lua mansa da amizade.
Um mundo assim sublime e delicado
Permite se dizer: felicidade.

Eu tenho em minhas mãos a rara glória
De ter uma pessoa sem igual,
E nela traduzindo uma vitória
O dia amanhecendo triunfal.

Eu agradeço enfim, à companheira
A sorte que se mostra verdadeira...

1501

A sorte que se mostra verdadeira
Estampando na face um bom sorriso.
Além de uma bonança corriqueira
O toque que se mostra mais preciso.

Vencendo quaisquer medos ou terrores,
Uma amizade diz ao coração.
Trazendo a perfeição feita em pendores
Poeira que assenta sobre o chão

Demonstra o quão de ti eu necessito,
Uma sublime forma de carinho.
Dobrando mesmo a força do granito,
Retira de meus passos um espinho.

Florada que se mostra em primavera,
Apascentando assim, temível fera...


1502


Apascentando assim, temível fera,
Eu sigo a caminhada vida afora.
Já tendo a sorte imensa que se espera
No quanto uma amizade se assenhora.

Encantos sem igual, eu te garanto,
Nos olhos desta eterna companheira,
Secando em calmaria qualquer pranto
Demonstra a solução mais verdadeira.

Miramos o destino que virá
Com olhos de bonança e mansidão
Eu quero o teu querer e desde já
Percebo desde o solo esta amplidão

Erguendo sobre nuvens, tantas, gris,
Eu posso te dizer que sou feliz...


1503


Eu posso te dizer que sou feliz
Sabendo do carinho que tu tens.
Quem fora do amor, um aprendiz
Reconhece e deseja fartos bens.

Nas bênçãos mais sublimes adivinho
Um Éden tantas vezes procurado.
Bebendo da amizade o doce vinho,
Encontro o meu caminho iluminado;

Não ando mais sozinho, disso eu sei,
Toando em harmonia, um belo canto.
Fazendo da alegria a nossa lei
Percebo num momento o raro encanto

Trazido pelas mãos tão camaradas,
Em noites mais perfeitas, estreladas...


1504

Em noites mais perfeitas, estreladas
Percebo a direção de mansos ventos.
Vontades e palavras demonstradas
Além de simples e ermos pensamentos.

Na dança que se faz em glória e riso,
Amiga, irei contigo aonde fores.
Por mais que a chuva chegue sem aviso
Em ti eu já concebo belas flores.

Sementes que plantamos e cevamos
Garantem a colheita que virá,
No quanto desejando respeitamos
A sorte sem limites brilhará.

Que a luz desta amizade nos persiga,
Podendo assim dizer: tenho uma amiga!


1505



Podendo assim dizer: tenho uma amiga
Eu me sinto, decerto mais feliz.
Vencendo a paranóia feita intriga
Do quanto se deseja já se diz.

A par desta vontade soberana
Que nada impedirá, tenha a certeza,
A mão que nos abriga não se engana
Percebe esta alegria com clareza.

Nem mesmo a correnteza assaz mais forte
Detêm o nosso barco e sua sanha.
Cicatrizando em paz temível corte
Amizade remove uma montanha

E sabe conquistar a cada dia,
Sabendo todo o bem que propicia...

1506




Sabendo todo o bem que propicia
Trazendo uma alegria como meta,
Nos braços da amizade, a poesia
Quem sabe salvará nosso planeta?

As luzes mais sublimes distinguindo
Emblemas mais divinos decoraram
O dia amanhecendo claro e lindo,
Carinhos tão perfeitos ancoraram

Em portos mais seguros, com certeza,
No encanto valoroso da amizade,
A vida não trará fria surpresa,
Na proteção imersa em liberdade.

Cantando este poder eu não desisto,
Relembro-me de ti, amigo Cristo.

1506



Relembro-me de ti, amigo Cristo
Exemplo de amizade, amor, perdão
Por isso, minha amiga tanto insisto
Falando com total dedicação

Se aos ventos e tempestas eu resisto,
Eu agradeço à força da união
E nela posso crer que em paz existo
Aprendendo decerto essa lição.

Aquele que se deu em sacrifício,
Morrendo num suplício em plena cruz
Emanuel na alcunha o bom Jesus

Fazendo da amizade o seu ofício
Tantas coisas nos disse e eu aprendi
No amor um Deus presente sempre aqui.


1507



No amor um Deus presente sempre aqui,
Espalhando entre nós uma esperança.
Trazendo em suas mãos o que pedi,
A força tão sublime da aliança

Perdão é necessário, nisso eu cri
Desde que ao perceber em temperança
O quanto de tão belo existe em ti,
Um ato de carinho com pujança

Mostrando num sorriso e com afeto
Que cada ser é sempre o predileto
No amor eternizado em duras chagas.

Meu verso se sublima ao conceber
O quanto é necessário este prazer
Enquanto em mansidão o irmão afagas...


1508

Enquanto em mansidão o irmão afagas,
Operas um milagre com certeza,
Por mais que assim se distem várias plaga
Na força da amizade, a correnteza

Que leva enquanto busca doces vagas
Capazes de trazer tanta beleza.
Desejo tão somente que me tragas
A cada novo tempo mais leveza

Sabendo o quanto quero estar contigo,
Meu verso se tornando mais amigo,
Sem servos e nem amos, pois iguais

Meu tempo de viver nossa aliança
Permite que se veja uma esperança
Forrando em alegria os meus bornais...


1509



Forrando em alegria os meus bornais
Em plena sintonia nada temo.
Do quanto na amizade eu vejo mais
Distante manteremos medo e demo.

Na plenitude imensa deste sonho,
Meu canto não descansa e tanto busca
A luz que me ilumina em céu risonho
Nem mesmo uma ilusão ainda ofusca.

Jamais irei carpir desesperança
Tampouco irei sofrer inutilmente.
Quem sabe, quer, deseja sempre alcança
E o gozo da vitória assim pressente.

Ao ter; junto comigo, os passos teus
Não temo mais trevas, bebo os breus...


1510


Não temo mais trevas, bebo os breus
Nos laços que traçamos, minha amiga.
Decerto desconheço um triste adeus
Em paz a nossa vida, assim, prossiga.

Os passos que se dão em vento incréu
Jamais nos levarão a conhecer
A perfeição que existe após o véu
Das nuvens que me impedem de saber

Do brilho que percebo deste sol,
Que mesmo que se esconda, eu sei virá.
O quanto é necessário aqui ou lá

Viver esta amizade qual farol,
Um dia mostrará com perfeição
A força que demonstra uma união..

1511


A força que demonstra uma união
Jamais permitirá que o mal nos vença
Quem tem este desejo em profusão,
Aqui terá decerto a recompensa.

Os medos em real arribação
Ao ver este poder em força imensa.
Deixando para trás desilusão
A vida em amizade é menos tensa.

O quanto em cada verso louvo a fé
Naquele que se fez simples cordeiro,
Amando com certeza o mundo inteiro

Jogado nas masmorras, na galé
Vencendo em mansidão dura tortura,
Ensinou o poder de uma brandura...

1512


Ensinou o poder de uma brandura
Quem fez do amor em paz o seu pendão.
As dores de minha alma vêm a cura
Na força tão sublime do perdão.

Durante tanto tempo em vã procura
Imerso na terrível solidão
Ouvindo essa palavra com ternura
Eu aprendi sem prece ou oração

Que o bem que nos foi dado em plena graça
Destino de quem sabe, logo traça
Mudando em paz e glória o seu caminho.

Num Pai que é nosso irmão, ao mesmo tempo,
Mesmo no mais temível contratempo,
Expõe em suas mãos, manso carinho.
Publicado em: 11/03/2008 17:36:34
Última alteração:22/10/2008 15:36:31


EU TE AMO!! coroa de sonetos 109
1513


A vida se promete agora plena
Embora o medo faça traquinagens
A boca que se dá temores drena,
Porém sonega às vezes as viagens.

Não tendo na verdade o que temer,
Errático; eu persigo o tempo inteiro
O insustentável peso do meu ser
Na força deste amor mais verdadeiro.

Carências que descubro sem alarde
Não deixam que eu te possa navegar.
Um dia acordarei, não será tarde,
Crisálida mudando devagar

Meu vôo em liberdade ainda vem
Nos olhos e nos braços de meu bem...


1514



Nos olhos e nos braços de meu bem,
Repouso o coração sem desenganos.
Sabendo deste amor que nos provêm
Meus passos não serão jamais insanos.

Eu necessito sempre ter alguém
Que possa desvendar, da sorte os planos,
Quem sabe viajar não perde o trem,
Eu sei dos teus caminhos soberanos.

Por anos e por décadas eu tive
Em dissabores tantos, minha sina.
Oráculo da vez já determina

O sonho que em delícias sobrevive,
Falando de teus lábios tão perfeitos,
Os dias transcorrendo, satisfeitos...


1515

Os dias transcorrendo, satisfeitos
Na fonte dos desejos, entrelaces,
Amores vou buscando em vários leitos
Às vezes em relances tu embaces.

Do gozo em que traçamos nossos pleitos
É como se em teus braços me tomasses
Podendo ser quem sabe um dos eleitos
Nas noites que sem nexo amor devasses.

Seguindo este caminho em embaraço
Tropeços repetidos, falso traço
Sabujo procurando a sua dona.

Nem mesmo a lua busca por varanda,
O coração em trégua se desanda,
A sorte mal te vê, já me abandona



1516


A sorte mal te vê já me abandona
Sabendo desde sempre quem tu és.
Vendendo a falsa imagem de madona
Tu queres meu amor sempre a teus pés.

Felicidade agora assim ressona
Olhando a minha face de viés
Navio naufragado volta à tona
Arrombamento enorme no convés.

Não posso mais tirar sequer pestana
Que a moça volta e meia faz das tuas.
Ao mesmo tempo adoça enquanto engana

Estrela que se fez simples cometa,
Em camas mais diversas tu flutuas,
A cada novo beijo, outra falseta...


1517


A cada novo beijo, outra falseta
E assim nós prosseguimos vida afora.
Quem mama, na verdade é porque chora
A sorte não se cansa em pirueta.

O quanto se prepara em nova meta
Menina de meus sonho se assenhora.
Vontade aqui ficou, não vai embora
Por mais que veja a morte pela greta.

Mergulho no vazio e quebro a cara,
A sorte em nossa vida é coisa rara
Prazer então? Apenas ilusão...

Vencido pelo tempo e por cansaço,
Deitando mansamente em teu abraço,
O rio não tem mais inundação...


1518

O rio não tem mais inundação
E desce calmamente para a foz.
Nas mãos do amor intenso, ouvindo a voz
Trazendo os seus acordes, coração.

E mesmo que vier a negação
Ou mesmo a solidão que é sempre atroz,
Mergulho o sentimento neste algoz
Torcendo que venha a viração.

Deixando já de lado a poesia
Eu sinto que preciso do carinho
De quem ao espalhar tanta magia

Conquista e logo chama para a festa.
Deixando para trás qualquer espinho,
Amor adentra a casa e desembesta.


1519


Amor adentra a casa e desembesta,
Aprontando das suas toma conta.
Do quanto que em ternura já se empresta
Ao mesmo tempo deixa a gente tonta.

Por tantas que ele sabe e nos apronta
Verdade vai sumindo pela fresta.
Aos tempos mais inglórios se remonta
Em troca a fantasia sempre gesta.

Menino sem juízo, o tal do amor
Não deixa ficar pedra sobre pedra,
Quem o conhece bem logo se medra,

Porém nada resiste aos seus encantos.
Nas tramas que ele gosta de compor,
Eu fico aqui penando pelos cantos.


1520


Eu fico aqui penando pelos cantos
Sabendo que quem vai não quer voltar.
Não quero derramar mais os meus prantos,
Preciso tão somente descansar.

Tomado pela força dos quebrantos
A vida vai passando devagar,
Em meio às ilusões e desencantos
Não tenho quase nada pra provar.

Somente o que se deu e não me quis,
Embora mesmo assim, seja feliz
E nada impressionando desde agora

Permito que se faça um novo teste,
Que mostre esta verdade e que me ateste
O medo que eu trazia? Joguei fora...

1521


O medo que eu trazia? Joguei fora,
Deitando toda noite em solidão
Uma ilusão decerto revigora
E mesmo que repita sempre o não


O gosto de vitória não demora.
Fazendo da esperança o meu refrão
Canção feita em delícia se decora
E mostra pra quem sabe, a direção.

Dançando nos botecos e motéis,
Bebendo dos teus vinhos mais cruéis
Recebo deste amor um novo impulso.

Enquanto em fantasia ainda pulso,
Embora tanta vez intempestivo,
Nas sombras deste encanto eu sobrevivo...


1522



Nas sombras deste encanto eu sobrevivo,
Mergulho dia e noite, sem segredos.
Dos gozos preferidos, arremedos,
Porém da vida farta eu não me privo.

O quanto amor me quer como cativo
Invade territórios antes ledos,
Metáforas não deixam que meus medos
Transformem nosso amor em raro Divo.

Metade do que somos, não conheço
Nem mesmo preconizo o meu tropeço
Sequer se tem granizo ou avaria.

Reveses encarados desde já,
Não sei se no final inda haverá
Um clima para nova melodia.


1523

Um clima para nova melodia.
Depois da tempestade e vendavais?
Embora eu reconheça a sintonia
Eu sinto que a resposta é nunca mais.

A boca que em verdade eu beijaria
Em goles tão sublimes, sensuais
Acorrentada em sonho e fantasia
Procura noutros lábios o seu cais.

A par do que senti que não mais tenho,
Nem mesmo o temporal sinto e detenho,
Deixando ao deus-dará, seguindo em frente.

Mas venha que uma noite não é nada,
Depressa que amanhã, numa alvorada,
O tempo de viver é diferente...

1524


O tempo de viver é diferente
Daquele eu pensara desabado,
Amar é necessário e tão urgente
Nos lábios deste sonho iluminado.

O rio que se entrega em afluente
Encontra em sua foz o desejado.
Na vida que pretendo amor se sente
Além de um novo encanto imaginado.

Beijar a tua boca, com certeza
Um ato mais sublime da beleza,
Vontade satisfeita,eu te garanto.

Tocando a tua pele com carinho,
Bebendo todo o mel, bem de mansinho,
Terei o que mais quero, tanto encanto....


1525



Terei o que mais quero, tanto encanto,
Jogando o nosso jogo sem temores,
Amor não quer jamais falos pudores,
As roupas espalhadas canto a canto.

A lua se emprestando em claro manto,
Realça em plena noite belas cores,
Irei contigo aonde tu propores
Sabendo que em teus braços me agiganto.

Pecado é na verdade não te amar
Deixar o sentimento sem cuidados.
Um jardineiro deve cultivar

Regando com carinho e precisão,
Amor não se conquista com mil brados,
É necessário fogo em mansidão...

1526

É necessário fogo em mansidão
Para desvendar o bem do amor.
Entranha em nossa pele a sedução
Depois vem outros gozos nos propor.

Amor não é um parque em diversão
Nem mesmo apenas quer o sonhador
Precisa sempre ter dedicação
Com ares de um perfeito agricultor.

Assim, sabendo disso, não descanso
Tomando em minhas mãos cada desejo
Amanhecendo a glória toma a cena.

Por isso esteja certa, já te alcanço
Fazendo da manhã um raro ensejo
A vida se promete agora plena.

Publicado em: 11/03/2008 19:31:03
Última alteração:22/10/2008 15:36:26




EU TE AMO!! coroa de sonetos 74
1037


A maciez das mãos sobre meu peito
Permite que se tenha algum alento.
A gente tantas vezes vai desfeito
Entregue aos dissabores, sofrimentos.

Do céu risonho apenas pesadelos,
Meus olhos procurando algum descanso
Encontram no horizonte, frios, gelos
Distante me afastando de um remanso.

De tanto que eu sonhei e nada tive,
Das esperanças restou arribação
Apenas teu carinho sobrevive
E nele algum resquício de ilusão.

Meu verso se perdendo em noite fria
A sorte pouco a pouco se esvazia...

1038


A sorte pouco a pouco se esvazia
Não restando sequer um riso franco
A solidão matando a fantasia
Corcel já não galopa; velho e manco.

O quanto que eu tentei e nada fiz,
E tudo o que eu temia, aconteceu.
Uma esperança, eterna meretriz
Levando o que restou do que foi meu.

Palavras que me dizes, de consolo,
Não servem para nada, me perdoe.
Durante tanto tempo, simples tolo
Que em vagas tempestades inda voe

A marca das angústias demarcada
Na pele pelas dores tatuada...

1039


Na pele pelas dores tatuada
A decomposição já se declara.
Do todo que sonhara, quase nada
Restando, a vida então me desampara.

Um coração audaz, aventureiro
Durante tanto tempo inda lutou.
Porém o sofrimento corriqueiro
Aos poucos, meu castelo derrubou.

Esgueirando em esgotos, galerias,
Arrasto estas correntes pela vida.
As noites solitárias, duras, frias,
Uma alma que vagando, vai perdida.

Assim, exposto aos ventos inclementes,
Entregue aos desatinos, penitentes...

1040


Entregue aos desatinos, penitentes
Carrego em minhas costas esta cruz.
Os olhos se perdendo sempre ausentes
Falena em desespero pede a luz.

Algozes, as correntes que me cortam,
Esfacelando a carne, expondo os ossos
As fantasias tolas já se abortam,
Restando tão somente os meus destroços.

O tempo de sonhar não mais existe
O canto que ora entôo é de agonia.
Seguindo pela rua, amargo e triste
Nublado, em névoas densas, o meu dia.

Mas mesmo nesta estrada tão deserta
Irei sobreviver, esteja certa!

1041



Irei sobreviver, esteja certa!
Juntando os meus escombros, vou em frente.
As dores já serviram como alerta
O tempo vai mudar, disso estou crente.

O céu desanuvia num momento,
Um azulejo exposto faz pensar
No fim abençoado do tormento
Promessa de uma noite de luar.

Meus olhos na procura que não cessa
Procuram algum lume que inda luza.
Porém a noite em trevas segue imersa
A vida segue em mágoas, tão confusa.

Não posso mais sonhar. Ah! Quem me dera!
De tocaia, espreitando, a mesma fera...


1042

De tocaia, espreitando, a mesma fera
Que há tempos não permite mais que eu ria.
Nas garras e nos dentes da pantera
A morte da esperança e da alegria.

Seria tão somente um pesadelo
Não fora o gargalhar da besta infame.
No quanto a nada ter, eu me enovelo
Mentiras, vis ardis que a sorte trame.

O quanto desejei e nada veio,
Apenas a vontade de morrer.
A solidão chegando sem receio,
A vida vai passando sem prazer.

O tempo de sonhar? Pra sempre ausente,
O fim em solidão já se pressente...

1043

O fim em solidão já se pressente;
O canto em fantasia preconiza
Mudanças nestes ventos, na corrente
Trazendo a calmaria feita em brisa.

Durante tanto tempo andei sozinho,
Carrego em minhas costas cicatrizes,
Uma amizade estende em doce vinho
Esperança de dias mais felizes.

Durante tantos anos, cego e só,
Vivendo por viver e nada mais.
A cada novo sonho, um novo nó
Deixando bem distante o ledo cais.

Enquanto as esperanças desabavam
Tristezas sem igual me maltratavam.


1044


Tristezas sem igual me maltratavam,
E o mundo consumido em fogo lento.
Porém aqueles pobres que inda estavam
Deitados sob a treva em pensamento,

Durante tanto tempo inda lutavam,
Cansados desta dor feita em tormento.
Em bando as esperanças já chegavam
Trazendo finalmente o manso vento

Caminhos para a dor e os desenganos,
Restando sofrimentos desumanos.
Uma ilusão aos poucos extorquida.

Mas vejo na amizade, num clarão
Tramando em novo dia sem senão
A sorte que me foi já concedida.


1045

A sorte que me foi já concedida,
Mostrando em mansidão um belo aceno,
Mudando de repente a minha vida,
Moldando meu futuro mais ameno.

A paz tão desejada e bem querida
Num toque mais gentil, suave, ameno
Numa amizade plena e recebida,
Antídoto real para o veneno

Da negra solidão que assim não cabe,
No peito de quem tanto amor já sabe
E agora não caminha mais vazio.

Deixando no passado esta lembrança
Na cena que se esvai já sem fiança
Um coração que morre, estranho e frio,


1046

Um coração que morre, estranho e frio,
Sozinho, sem ninguém, desfigurado,
Deixando tão somente este vazio,
Num canto mais cruel, desesperado.

Matando em duro inverno, um forte estio,
Vivendo do que fora no passado,
No quanto mais desejo; eu principio
Um canto em solidão, agoniado.

Não deixa mais sobrar sequer lembrança,
Morrendo em nascedouro da esperança.
Aquele que se entrega ao mesmo nada.

Amores se perdendo sem destino,
A mente se revolta em desatino
Não sobra nem o sonho, atroz morada.




1047



Não sobra nem o sonho, atroz morada.
Das doces sensações mais valorosas,
A vida que em promessa foi dourada,
Salvando os seus espinhos, mata as rosas.

Não deixa na verdade sobrar nada,
Senão as sombras frias, belicosas.
Matando em negras nuvens a alvorada
As horas se esvaindo, caprichosas.

Assim vai descartando a eternidade,
Cegando a luz em plena claridade
Cevando amanhecer mais torporoso

Relega à própria sorte o seu porvir
Cansado de sonhar e de pedir
Um dia que em promessas, luminoso.




1048


Um dia que em promessas, luminoso,
Da sorte de viver vai se apartando,
Um mundo mais sublime e glorioso,
Os medos e as tristezas vão cortando,

Um céu que se mostrara mais formoso,
Aos poucos sem ninguém vai se nublando
E o tempo muitas vezes caprichoso
Os sonhos e castelos derrubando

E um canto de um amor desesperado
Retumba como um eco do passado
Como fora uma espécie de lamento.

O quanto que tentei e nada existe,
Meu canto lamuria e mostra, triste
A vida se perdendo num momento,

1049

A vida se perdendo num momento,
Distantes dos olhares que desejam
Que mude num repente, o duro vento,
E as sortes redentoras já porejam,

Singrando com volúpia o pensamento,
Amores do passado inda trovejam.
Cortando a minha pele, sofrimento
Impede que outras sendas se prevejam

As horas aos amores consagradas,
Perdidas, noutros dias, maltratadas...
Vazio no meu peito vai reinando.

As andorinhas seguem migrações,
Distantes deste olhar, arribações,
Porém numa amizade irão voltando.



1050


Porém numa amizade irão voltando
As pombas que se foram noutro dia.
E aos poucos meus desejos retornando,
Mudando num momento a ventania,

Amiga, com teus braços, demonstrando
Que ainda é bem possível a alegria.
A fantasia surge decorando
O céu que em esperança se tingia

Meus olhos nos teus olhos refletidos,
E os dias mais felizes, percebidos
Permitem que eu caminhe satisfeito

Sentindo a mansidão já refletida
Na cena que se faz tão repetida:
A maciez das mãos sobre meu peito
Publicado em: 02/03/2008 09:20:55
Última alteração:22/10/2008 13:43:56



EU TE AMO!! coroa de sonetos 110
1527


Retira desta senda um duro espinho
Quem sabe quanto amor nos faz tão bem,
Seguindo passo a passo vou também
Usufruir contigo este caminho.

Nos beijos mais suaves eu me aninho
Enquanto a tarde passa e a noite vem.
A dádiva sublime é muito além
Da simples expressão feita em carinho.

Amor sendo um mergulho destemido,
Estende-se na insânia de um gemido
Deitando depois disso em plena paz.

Ser teu é tão somente o que desejo,
Contigo imensa luz sempre prevejo,
No amor que nos domina e satisfaz...


1528


No amor que nos domina e satisfaz
Eu tenho a mais profunda inspiração.
A cada novo dia uma lição
O sentimento em glória já nos traz.

Vencendo a inquietude mais voraz,
Amor não se teme fogo ou furacão,
Sabendo ser, na vida a solução,
Professa uma harmonia feita em paz.

Preconizando um dia mais tranqüilo
Amor tem em glamour o seu estilo
E fomentando a sorte sempre grata

Desejos e carícias fazem parte
Legando à solidão mero descarte.
No quanto me enamoro, amor bem trata...


1529


No quanto me enamoro, amor bem trata
E sabe conquistar quem tanto quis.
Nem mesmo a tempestade me maltrata
Felicidade brota em chafariz.

O laço deste amor ninguém desata,
É nele que me encontro e tramo em bis
Um novo adormecer em tons de prata
Deitando em plenilúnio este matiz.

Arcando com meus erros, nada temo,
A sorte em nosso amor segura o remo
E deixa que se veja um manso cais.
De tudo o que mais tive em minha vida
No corpo de quem quero, uma saída
Em tramas mais perfeitas, magistrais...

1530


Em tramas mais perfeitas, magistrais
Amor já reconhece uma saída.
Adentro por espaços siderais
E vejo em força plena decidida

A sorte de quem ama e quer bem mais
Que um simples sentimento em sua vida,
Mergulhos em vazios colossais
Impedem esta sorte concedida

A quem sabendo sempre da tristeza
Percorre em labirintos, solidão.
Tramando o renascer, amor então

Estende com vontade e mais firmeza
A corda que nos salva da tempesta,
Trazendo ao nosso peito, plena festa...


1531

Trazendo ao nosso peito, plena festa
Amor já nos domina e nos completa.
A mão que se mostrando mais dileta
Em tantas alegrias nos atesta

Que a força que se entranha em cada fresta
Aberta na clareira predileta
Permite que na lira de um poeta
Felicidade em paz, sorriso gesta.

Abarco com meus olhos e meus dedos,
Certeza de um caminho mais suave
Não tendo mais decerto algum entrave

Amor faz conhecer os seus segredos,
Desenho tua imagem com ternura,
Na noite enluarada, calma e pura...


1532



Na noite enluarada, calma e pura
Eu vejo muito além de uma miragem
A delicada forma que em visagem
Da glória mais sublime me assegura.

Distante do que outrora em desventura
Permeava meu sonho em triste aragem.
Perpetrando em delírios tal viagem
Esqueço qualquer dor, medo ou tortura.

Nas juras que trocamos posso ver
Iluminada senda ao bel prazer
Dos olhos em faróis iridescentes

Emblemático gozo em alegria,
Amor anunciando um novo dia
Envolto em cores raras, envolventes...


1533



Envolto em cores raras, envolventes,
Mergulho no oceano de teus sonhos.
Sentidos em delícias quando as sentes
Permitem novos cantos mais risonhos.

Amores, testemunhos de um bom dia
Encetam maravilhas nestas sanhas.
O quanto amor em paz nos propicia
Deixando estas etapas, todas ganhas.

Vertente imaculada, quase seita,
Adorna nossa vida em luz sobeja.
Luzindo mesmo quando a lua deita
Em mágica emoção brilhos poreja

Nos céus de nosso amor, bela tiara
Imagem constelar perene e rara...


1534


Imagem constelar perene e rara
No afã de se fazer bem mais que lixo,
A mão que ensandecida já dispara
Não sabe nada além de algum capricho.

Propaga tenazmente o mesmo nada
E pensa que com isso explica bem.
Fugindo em descontrole dessa alçada
Ousada quer a ossada de outro alguém.

Melindres de hipopótamo. Ironia...
A vespa pica o rabo em suicídio
Escorpiônica vontade cria
Causando de si mesma este dissídio.

No amor que tanto quer vender teus peixes
Decide se tu queres, mas me deixes


1535

Decide se tu queres, mas me deixes
Ao menos uma chance de poder
Beijar a tua boca. Não se queixes
Se em ti eu percebi o meu prazer.

Por mais que tantas vezes tu desleixes
Do sonho que não quer adormecer,
Amor ensandecido traz em feixes
Fartura de alegria em bem querer.

Falar quanto eu te quero, um pleonasmo,
Mas digo com total entusiasmo
Da força que domina o pensamento.

Distante dos rancores e dos ódios
Vencendo e se elevando a tantos pódios
Da glória que virá, pressentimento...


1536


Da glória que virá, pressentimento
Espalha-se em fantástica alquimia.
Beleza em que se dá tal sentimento
Há tanto que delícia já previa.

Abertos os caminhos, sigo o vento
E sei que nele encontro a poesia
Os elos das algemas; arrebento
Projeto: ser feliz, jamais se adia...

Desejos que trazemos; não etéreos,
Palpáveis com certeza. Em filigranas
As horas junto a ti são soberanas.

Momentos solitários e funéreos
Eu passo quando estás longe de mim.
Porém sinto que vens, até que enfim...

1537


Porém sinto que vens, até que enfim,
Depois de tantas lutas e batalhas,
Tornando a minha vida bem mais clean
Sabendo superar as minhas falhas.

Enquanto em maravilha, amor entalhas
Permite florescência em meu jardim,
A chama do desejo quando espalhas
O vento revolvendo tudo em mim...

Assim ao ter a sorte de sentir
O quanto amor nos pode resumir,
Eu vejo alvorecendo uma esperança.

Na vida que se fora em vagos lumes,
Agora que conheço os teus perfumes,
Eu vivo em plena paz e temperança...

1538


Eu vivo em plena paz e temperança,
A doce fantasia que me entranha,
Vencendo em mansidão qualquer montanha,
Proclamo em divindade esta aliança.

A vida do teu lado traz festança
E nela já percebo a sorte ganha
Amor que tantas vezes nos assanha
Em manhas nos transforma: sou criança.

Entronizado sonho que me guia
Realces espalhando pela vida.
A lua se derrama em poesia

E farta de desejo à preamar
Expressa intensidade conseguida
Num beijo em que se entrega ao grande mar...

1539


Num beijo em que se entrega ao grande mar,
A foz de imenso rio já se salga.
Vencendo mil sargaços a se dar
Supera com volúpia qualquer alga.

Assim, ao me encontrar enamorado
De ti, eu percebi a mesma liça
Sabendo que em dilema superado,
Na força que se ganha uma alma viça.

Das cracas que carrego no meu casco,
Eu faço meus troféus em farta glória
Não temo nem sublimo tal carrasco,
Mas sinto; estou mais perto da vitória

Tocando em tua pele, fina areia
O peito laureado se incendeia.

1540



O peito laureado se incendeia
Ao proclamar a glória sem vanglória
A força deste amor que nos norteia
Transforma num segundo nossa história

Farturas e venturas se repetem,
Na soma que traduz felicidade
A um tempo mais sublime nos remetem
As mãos que nos entoam liberdade.

Amor; soberania em si pacífica
Embora com potência quase atômica.
Nas mãos desta emoção mais específica
A paz em tempestade é sua tônica.


A vida que se dá em tal carinho
Retira desta senda um duro espinho.
Publicado em: 11/03/2008 22:03:10
Última alteração:22/10/2008 15:36:22

EU TE AMO!! coroa de sonetos 75
1051


Amor que assim domina toda a gente
Não deixa ficar pedra sobre pedra,
O coração batendo mais contente
Enfrenta a tempestade e nunca medra.

Assim no canto breve e mais suave
A vida vai passando sem tremores.
Não tendo quem impeça ou quem entrave
Estende na varanda os seus fulgores

Entendo o teu sorriso qual convite
À festa interminável em alegria.
O sentimento intenso e sem limite
Permite não somente a fantasia.


Supera em plena paz altas montanhas
Amor que se demonstra em tais façanhas.



1052




Amor que se demonstra em tais façanhas,
Deixando a nossa vida mais formosa,
Adentra sem limites as entranhas,
Acalentando a sorte gloriosa

Deixando para trás dores tamanhas,
A vida se transforma, fabulosa.
Trazendo luz intensa às velhas sanhas
A noite passa a ser maravilhosa

Amor é de quem sonha, o companheiro
Que levará ao canto derradeiro
O quanto em paz e glória eu sempre espero.

Defronte esta quimera temerária
Que Deus me dê a força necessária
Diante de um momento duro e fero.


1053

Diante de um momento duro e fero,
Amor vai nos tomando em seu feitiço,
É tudo na verdade, o que mais quero,
Refaço em nosso amor, o brilho e o viço,

Nos braços deste amor, eu me tempero,
E um mundo mais ameno, enfim, cobiço.
O sonho pelo qual me regenero
E ao mesmo tempo encanto e me enfeitiço

Amor se derramando em forte chama,
Mudando num segundo toda a trama.
Expressa em perfeição uma esperança

Benquisto pelos deuses, eu garanto
Tomado totalmente por encanto
Quem tem no seu amor toda a fiança

1054


Quem tem no seu amor toda a fiança
Reveste o seu caminho em plena glória,
Ao sonho mais sublime já se lança,
Mudando o rumo incerto desta história.

Voltando num momento a ser criança,
Garante para si toda a vitória,
Rompendo com a vida merencória
Agora com um Deus faz aliança

O amor torna mais brando um cavaleiro
E mostra um mundo novo e verdadeiro
Em vozes, pensamentos repartidos.

O trovador prossegue se mostrando
E mesmo em desafino vai cantando
Meus versos que serão sempre esquecidos.


1055

Meus versos que serão sempre esquecidos,
Falando deste amor em clara aurora,
Os medos e as tristezas dirimidos,
A luz em plenitude vencedora,

Meus cantos invadindo os teus ouvidos
Num sonho mais sutil, amor aflora,
Tocando mansamente os meus sentidos
Eu quero ser feliz e desde agora.

E o dia se refaz, deveras forte,
Vencendo qualquer medo, até da morte
Trazendo em nossa vida, este colosso

Do amor que se faz pleno em claridade.
E assim, ao perceber felicidade,
Falar de nosso amor, querida eu posso,


1056


Falar de nosso amor, querida eu posso,
Pois nele mergulhei em puro encanto,
Um sonho em liberdade, assim esboço,
Viver felicidade sem espanto.

Nos traços desta luz eu me remoço,
E de alegria, amada, aqui eu canto.
Além do que desejo e sei que posso
Eu te amo sempre mais, e tanto, tanto...

Cruzando na esperança de outros mares,
Encontro em cada espelho, os teus olhares...
Trazendo ao dia-a-dia, a confiança.

Depois de vagar cego pela rua,
O sonho em maravilha assim flutua
Meu canto te buscando já te alcança.

1057

Meu canto te buscando já te alcança,
Enaltecendo sempre a liberdade
Aonde o meu olhara em esperança
Percebe num momento a claridade,

Nos braços de quem quero, amor me lança
Mostrando assim cabal felicidade,
A noite vai surgindo sempre mansa
A calma em plenitude agora invade

Além do que meu sonho já me mande,
Encontro um mar intenso, belo e grande.
Tomando o coração, me faz contente.

Florindo em nosso peito, amor sincero
Expressa em fantasia o que eu mais quero:
Jardim de uma alegria, florescente.



1058

Jardim de uma alegria, florescente,
Deitando no meu colo, a minha amada,
O coração, feliz adolescente,
Escuta em tua voz, uma chamada,

E grita ao doce amor sempre presente,
Já dando em minha vida uma guinada,
O quanto ser feliz tão simplesmente
Na mágica emoção anunciada.

A trama que em teus lábios se mostrou,
Em teu sorriso manso me entregou
Deixando para trás qualquer mistério.

Assim, ao perceber tanta meiguice
Relembro de outro alguém que um dia disse:
Amor não tem juízo e nem critério.




1059

Amor não tem juízo e nem critério,
Invade o peito em sonho lisonjeiro,
Formado pelas sendas de um mistério
Amor se sublime companheiro,

Adentra o coração, sem vitupério,
Dos sonhos o perfeito cavaleiro,
Amor é na verdade um caso sério
Um deus que se fez mago e feiticeiro

Aquece um sentimento outrora frio,
E esvai em mansidão, plácido rio.
Ao cativar propõe a liberdade.

Equânime invadindo rico ou pobre,
Em plena insanidade se faz nobre
Amor é feito pária em majestade,



1060
Amor é feito pária em majestade,
Tomando o nosso corpo como um templo,
Retorna na velhice, a mocidade,
Do poder absoluto um bom exemplo,

Contemplo a maravilha que se estampa
Nos olhos divinais desta mulher,
A prenda mais bonita do meu pampa
Do jeito e da maneira que vier

E vejo meus caminhos mais formosos
Atados nos teus passos, flor do campo
Nos olhos deste amor, maravilhosos
Beleza sem igual de um pirilampo

Tristeza se despede em ledo olvido
Seu passo, pelos sonhos, vai movido.


1061


Seu passo, pelos sonhos, vai movido,
Marcando em seu compasso, ritmo eterno,
Nos traços deste amor, vou envolvido,
Distante da tristeza de um inverno,

Seguindo pelo amor engrandecido,
Jamais em solidão, meu peito hiberno,
Por Deus o sentimento foi urgido
Quem ama já se afasta de um inferno.

Amor, que me envolvendo mostra e sente
Um mundo mais airoso, e mais contente...
Reflexo deste sonho iluminado.

Eu vejo em teu semblante este farol
Numa expressão divina, traz o sol,
Olhar que, pelo amor, abençoado.


1062

Olhar que, pelo amor, abençoado,
Na sorte em que meu peito já se ufana
Mudando qual farol, a sina e o fado
Além do que sonhara e não se engana

Um coração por ti apaixonado,
Rainha dos meus sonhos, soberana.
Meu verso enamorado agora explana
O quanto em nosso amor sigo encantado.

Teus passos com certeza edificaram
Os rumos que meus dias encontraram
Nas sendas mais sublimes, maviosas.

Ao reviver assim a primavera
Apascentando assim temível fera:
Memórias de outros tempos, gloriosas.



1063


Memórias de outros tempos, gloriosas,
Aos poucos meu caminho vão mudando,
Espalham mil canteiros, belas rosas,
E as dores com certeza, devastando,

As horas ao teu lado, valorosas,
Do medo de viver me libertando
Encaro estradas sempre caprichosas
Meu canto a cada canto retumbando

Eternamente sei que irei amar-te,
Vivendo a plenitude em qualquer parte.
O tempo de viver é soberano.

Fazendo deste amor uma colheita
A sorte em berço esplêndido se deita:
coração lateja em sonho insano.

1064

coração lateja em sonho insano,
Distante das loucuras que fizeram
Os olhos de quem ama, em desengano,
Rumando por estrelas, já tiveram

Momentos de carinho, mas temprano,
Os medos/sofrimentos que vieram
Mudando a direção em outro plano
Carícias e delírios se esqueceram.

Cobrindo de tristezas, negra manta,
O brilho das estrelas logo espanta.
Porém tudo ressurge novamente

Nos beijos carinhosos de uma prenda
A vida em alegrias traz por prenda
Amor que assim domina toda a gente.
Publicado em: 02/03/2008 10:48:42
Última alteração:22/10/2008 13:46:39




EU TE AMO!! coroa de sonetos 76
1065

Invade qual posseiro, benfazejo.
O amor que não se cala e nos entranha
Vislumbra todo o sonho que eu desejo,
A sorte nos teus braços sem barganha.

Durante muito tempo eu procurara
Espelho de minha alma noutra face,
A vida que se fora assaz amara
Num novo amanhecer, destino trace

E deixe este perfume mavioso
De flores sem igual no meu jardim.
Amor, por tantas vezes caprichoso
Expressa esta vontade dentro em mim.

Pensara no amor como passado,
Porém eu encontrei, emocionado,


1066


Porém eu encontrei, emocionado,
Num sol de uma alegria mais ardente.
Depois do canto triste demonstrado,
Promete ressurgir alegremente,

Matando esta tristeza do passado,
Mudando deste mar, fria corrente,
Meu canto nos teus cantos ecoado
Já vê tranqüilidade, simplesmente.

Quem sabe neste amor, firme e perene,
A vida finalmente, enfim, se acene...
Deixando de ser tola e caprichosa.

Tornando mais palpável, sentimento,
Permite que se veja num momento
A sorte que já fora vaporosa,

1067


A sorte que já fora vaporosa,
Nos olhos de quem amo, logo muda,
Trazendo em noite clara e tão formosa
Dourada sensação de grande ajuda

Da flama que me invade mais fogosa
Que venha em noite clara e não me iluda.
Presença sem igual, maravilhosa
Deixando uma tristeza quieta e muda,

Espalho o meu cantar pelo universo,
Cantando o pleno amor a cada verso
E nele encontro rumo, acerto a rota.

Ao lado deste amor que nada cessa
Revivo muito além de uma promessa
Uma amizade imensa, mas remota.


1068

Uma amizade imensa, mas remota,
Precisa ser deveras bem cuidada,
Amor em amizade se denota
Paisagem tão divina e desejada.

Nos mares; mais unida a nossa frota
Enfrenta sem temor qualquer armada
Assim uma esperança sempre brota
No peito de quem tem por bem amada

Aquela cujos braços estendeu,
E a dor em alegria converteu
Calando em calmaria um vão tormento.

Torrentes de emoção que não se calam
Os olhos mais brilhantes já nos falam:
Uma amizade é mais que um sentimento.



1069

Uma amizade é mais que um sentimento,
É um pacto que fazemos pela vida.
Por mais que seja duro este lamento,
E a sorte se demonstre distraída,

O sonho se renova no momento
Cevado pela força concebida
Às vezes solitário em vão eu tento
Achar do labirinto uma saída.

Porém ao ter aqui a companhia
Daquela que transmite em harmonia
A paz olhando em mesma direção,

Nesta união perfeita em dois seres,
Dividem irmamente os seus quereres
Amiga nunca segue em solidão.

1070

Amiga nunca segue em solidão,
Tampouco se adianta numa andança
Ao lado na perfeita proteção,
Aonde o braço firme sempre alcança

Conhece o bom sentido do perdão,
Espelha em seu amigo uma esperança.
Garante com firmeza, a floração
Promessa de alegria e de mudança

Uma amizade feita em pulso forte,
Aponta com firmeza para o norte
Rompendo desde já velhas algemas.

Porém se caminhamos solitários
Em passos inseguros, temerários
Por vezes, encontramos os problemas.



1071

Por vezes, encontramos os problemas
Comuns do dia a dia, mas sabendo
Vencer com tanto apoio estes dilemas,
Palavras benfazejas recebendo,

Mostrando em nosso peito tais emblemas,
O mundo em segurança percorrendo,
As alegrias seguem piracemas
Vencendo as cachoeiras renascendo.


Podemos já falar de uma amizade
Cuja base se faz sinceridade
E em firmes fortalezas já nos ata.

Ao mesmo tempo em paz ela nos rege
Enquanto a sua mão sempre protege
Nos dias em que a vida nos maltrata


1072


Nos dias em que a vida nos maltrata
Ao termos a certeza benfazeja
De quem em nó mais firme o futuro ata,
Podemos alcançar o que deseja

O coração sincero, e assim resgata
O sonho bem mais puro em que se almeja
A sorte abençoada que arremata
Encanto que se quer, qualquer que seja

Felicidade plena e tão sincera,
Trazendo eternidade em primavera.
Tomando nossa vida plenamente

Deixando para trás qualquer tristeza
É necessária a rara fortaleza.
Não deixe que isto morra simplesmente

1073

Não deixe que isto morra, simplesmente
Tu morrerás também a cada dia,
Jardim que é feito em festa totalmente
Merecem bom cultivo em alegria.

Louvando esta esperança que contente
Encontro finalmente o que eu queria.
Num mundo tantas vezes vil, doente
Trazendo à vida paz feita harmonia

Uma amizade firme e verdadeira,
Permite que se encontre o que mais queira.
Vislumbre mais perfeito em claridade.

Plantando com ternura e com carinho
Percebo que recolho, sem espinho,
No coração amigo, uma bondade

1074

No coração amigo, uma bondade
Sincera que me deixa satisfeito,
Quem dera fosse assim humanidade,
O mundo poderia ter um jeito.

Trazendo para todos; liberdade,
Tocando bem mais fundo o nosso peito,
A calmaria encontro enquanto deito
Olhar que é feito em paz, tranqüilidade.

Mostrando ser possível a alegria,
Raiando em claridade, um belo dia.
A mão que nos protege e nos abriga

São poucas as pessoas que eu conheço
Capazes de amparar-nos num tropeço
Tu tens este poder, querida amiga.


1075


Tu tens este poder, querida amiga,
A luz de uma esperança brilha em ti,
Permite que, mais firme já prossiga
Caminho libertário aonde eu vi

A fortaleza imensa feita em viga,
Portando um sonho nobre. Percebi
Que além do que se quer e se consiga
É sempre bom poder estar aqui.

Pois nada se realiza nesta vida,
Se a força de lutar está perdida.
E temos tão somente uma inclemência;

A força que se emana nos teus braços
Estende com carinhos, com abraços
Nos laços da amizade, a consciência



1076


Nos laços da amizade, a consciência
De que tudo talvez seja possível,
É necessária toda a paciência,
O resultado eu sei, será incrível.

Perdão a quem nos fere e na clemência
Certeza de vivermos noutro nível
Aonde sem castigo ou penitência
O sonho- ser feliz- seja plausível.

Amor em perfeição, tão desejado,
Um mundo bem distinto do passado.
Aquece com ternura o nosso ninho.

Contigo minha amiga, em nova lei,
De peito aberto, agora eu sei que irei
Vencer as intempéries do caminho.


1077

Vencer as intempéries do caminho,
As pedras, sem sentido, vão rolar,
Deixando a flor vencer amargo espinho,
A vida em alegrias, perfumar,

Em cada coração, perfeito ninho,
Amor em plenitude a se encontrar
Que quando amadurece, como o vinho,
Só pode, dia-a-dia, valorar.

Nos rumos bem serenos da amizade,
Poder conceber solidariedade.
Na divisão perfeita destes remos.

Assim, olhos erguidos passo a passo,
Ganhando com firmeza cada espaço
Amigos, para sempre, nós seremos.



1078

Amigos, para sempre, nós seremos,
Ninguém nem nada pode mais fazer
Com que percamos norte, nossos remos
Serão a garantia do querer

Futuro em que por fim, nós poderemos
Gritar ao mundo todo que o poder
Nas mãos com alegria nós detemos
E nisso nossa glória em bel prazer

Quem tem esta alegria dentro em si
Já pode agradecer, pois tem ali
Suprema magnitude de um desejo

Que emana de um amor assim perfeito,
Trazendo a liberdade como pleito
Invade qual posseiro, benfazejo.
Publicado em: 02/03/2008 13:27:25
Última alteração:22/10/2008 13:48:39


EU TE AMO!! coroa de sonetos 77
1065

Invade qual posseiro, benfazejo.
O amor que não se cala e nos entranha
Vislumbra todo o sonho que eu desejo,
A sorte nos teus braços sem barganha.

Durante muito tempo eu procurara
Espelho de minha alma noutra face,
A vida que se fora assaz amara
Num novo amanhecer, destino trace

E deixe este perfume mavioso
De flores sem igual no meu jardim.
Amor, por tantas vezes caprichoso
Expressa esta vontade dentro em mim.

Pensara no amor como passado,
Porém eu encontrei, emocionado.


1066


Porém eu encontrei, emocionado,
um sol de uma alegria mais ardente.
Depois do canto triste demonstrado,
Promete ressurgir alegremente,

Matando esta tristeza do passado,
Mudando deste mar, fria corrente,
Meu canto nos teus cantos ecoado
Já vê tranqüilidade, simplesmente.

Quem sabe neste amor, firme e perene,
A vida finalmente, enfim, se acene...
Deixando de ser tola e caprichosa.

Tornando mais palpável, sentimento,
Permite que se veja num momento
A sorte que já fora vaporosa,

1067


A sorte que já fora vaporosa,
Nos olhos de quem amo, logo muda,
Trazendo em noite clara e tão formosa
Dourada sensação de grande ajuda

Da flama que me invade mais fogosa
Que venha em noite clara e não me iluda.
Presença sem igual, maravilhosa
Deixando uma tristeza quieta e muda,

Espalho o meu cantar pelo universo,
Cantando o pleno amor a cada verso
E nele encontro rumo, acerto a rota.

Ao lado deste amor que nada cessa
Revivo muito além de uma promessa
Uma amizade imensa, mas remota.


1068

Uma amizade imensa, mas remota,
Precisa ser deveras bem cuidada,
Amor em amizade se denota
Paisagem tão divina e desejada.

Nos mares; mais unida a nossa frota
Enfrenta sem temor qualquer armada
Assim uma esperança sempre brota
No peito de quem tem por bem amada

Aquela cujos braços estendeu,
E a dor em alegria converteu
Calando em calmaria um vão tormento.

Torrentes de emoção que não se calam
Os olhos mais brilhantes já nos falam:
Uma amizade é mais que um sentimento.



1069

Uma amizade é mais que um sentimento,
É um pacto que fazemos pela vida.
Por mais que seja duro este lamento,
E a sorte se demonstre distraída,

O sonho se renova no momento
Cevado pela força concebida
Às vezes solitário em vão eu tento
Achar do labirinto uma saída.

Porém ao ter aqui a companhia
Daquela que transmite em harmonia
A paz olhando em mesma direção,

Nesta união perfeita em dois seres,
Dividem irmamente os seus quereres
Amiga nunca segue em solidão.

1070

Amiga nunca segue em solidão,
Tampouco se adianta numa andança
Ao lado na perfeita proteção,
Aonde o braço firme sempre alcança

Conhece o bom sentido do perdão,
Espelha em seu amigo uma esperança.
Garante com firmeza, a floração
Promessa de alegria e de mudança

Uma amizade feita em pulso forte,
Aponta com firmeza para o norte
Rompendo desde já velhas algemas.

Porém se caminhamos solitários
Em passos inseguros, temerários
Por vezes, encontramos os problemas.



1071

Por vezes, encontramos os problemas
Comuns do dia a dia, mas sabendo
Vencer com tanto apoio estes dilemas,
Palavras benfazejas recebendo,

Mostrando em nosso peito tais emblemas,
O mundo em segurança percorrendo,
As alegrias seguem piracemas
Vencendo as cachoeiras renascendo.


Podemos já falar de uma amizade
Cuja base se faz sinceridade
E em firmes fortalezas já nos ata.

Ao mesmo tempo em paz ela nos rege
Enquanto a sua mão sempre protege
Nos dias em que a vida nos maltrata


1072


Nos dias em que a vida nos maltrata
Ao termos a certeza benfazeja
De quem em nó mais firme o futuro ata,
Podemos alcançar o que deseja

O coração sincero, e assim resgata
O sonho bem mais puro em que se almeja
A sorte abençoada que arremata
Encanto que se quer, qualquer que seja

Felicidade plena e tão sincera,
Trazendo eternidade em primavera.
Tomando nossa vida plenamente

Deixando para trás qualquer tristeza
É necessária a rara fortaleza.
Não deixe que isto morra simplesmente

1073

Não deixe que isto morra, simplesmente
Tu morrerás também a cada dia,
Jardim que é feito em festa totalmente
Merecem bom cultivo em alegria.

Louvando esta esperança que contente
Encontro finalmente o que eu queria.
Num mundo tantas vezes vil, doente
Trazendo à vida paz feita harmonia

Uma amizade firme e verdadeira,
Permite que se encontre o que mais queira.
Vislumbre mais perfeito em claridade.

Plantando com ternura e com carinho
Percebo que recolho, sem espinho,
No coração amigo, uma bondade

1074

No coração amigo, uma bondade
Sincera que me deixa satisfeito,
Quem dera fosse assim humanidade,
O mundo poderia ter um jeito.

Trazendo para todos; liberdade,
Tocando bem mais fundo o nosso peito,
A calmaria encontro enquanto deito
Olhar que é feito em paz, tranqüilidade.

Mostrando ser possível a alegria,
Raiando em claridade, um belo dia.
A mão que nos protege e nos abriga

São poucas as pessoas que eu conheço
Capazes de amparar-nos num tropeço
Tu tens este poder, querida amiga.


1075


Tu tens este poder, querida amiga,
A luz de uma esperança brilha em ti,
Permite que, mais firme já prossiga
Caminho libertário aonde eu vi

A fortaleza imensa feita em viga,
Portando um sonho nobre. Percebi
Que além do que se quer e se consiga
É sempre bom poder estar aqui.

Pois nada se realiza nesta vida,
Se a força de lutar está perdida.
E temos tão somente uma inclemência;

A força que se emana nos teus braços
Estende com carinhos, com abraços
Nos laços da amizade, a consciência



1076


Nos laços da amizade, a consciência
De que tudo talvez seja possível,
É necessária toda a paciência,
O resultado eu sei, será incrível.

Perdão a quem nos fere e na clemência
Certeza de vivermos noutro nível
Aonde sem castigo ou penitência
O sonho- ser feliz- seja plausível.

Amor em perfeição, tão desejado,
Um mundo bem distinto do passado.
Aquece com ternura o nosso ninho.

Contigo minha amiga, em nova lei,
De peito aberto, agora eu sei que irei
Vencer as intempéries do caminho.


1077

Vencer as intempéries do caminho,
As pedras, sem sentido, vão rolar,
Deixando a flor vencer amargo espinho,
A vida em alegrias, perfumar,

Em cada coração, perfeito ninho,
Amor em plenitude a se encontrar
Que quando amadurece, como o vinho,
Só pode, dia-a-dia, valorar.

Nos rumos bem serenos da amizade,
Poder conceber solidariedade.
Na divisão perfeita destes remos.

Assim, olhos erguidos passo a passo,
Ganhando com firmeza cada espaço
Amigos, para sempre, nós seremos.



1078

Amigos, para sempre, nós seremos,
Ninguém nem nada pode mais fazer
Com que percamos norte, nossos remos
Serão a garantia do querer

Futuro em que por fim, nós poderemos
Gritar ao mundo todo que o poder
Nas mãos com alegria nós detemos
E nisso nossa glória em bel prazer

Quem tem esta alegria dentro em si
Já pode agradecer, pois tem ali
Suprema magnitude de um desejo

Que emana de um amor assim perfeito,
Trazendo a liberdade como pleito
Invade qual posseiro, benfazejo.
Publicado em: 02/03/2008 13:39:11
Última alteração:22/10/2008 13:48:46



EU TE AMO!! coroa de sonetos 79
1093

Trazendo a paz sincera que eu desejo
O tempo de viver felicidade
Bebendo mais um pouco do desejo
Num ato em desacato, liberdade.

Amor que na berlinda encontra fresta
Do quanto que se fez quer sempre mais.
Apenas alegria é o que me resta
Na festa em que se gesta o porto, o cais.

A sorte é melindrosa; disso eu sei.
Ceifeiro que se fez um sonhador.
Em todos os cenários vasculhei,
Decerto nunca fui um bom ator.

Nas cores, aquarelas, que se pinte
Viver sem se entregar é um acinte!

1094

Viver sem se entregar é um acinte
Não poupe o bem querer e venha inteiro.
Do amor; eu na verdade qual pedinte
Aguardo como esmola, qualquer cheiro

Que venha da morena ao fim da tarde
Convite ao qual não posso recusar,
Sem guerras, sem barulho e sem alarde
Chegando mansamente, devagar.

Roçando pele a pele, boca a boca,
Barganhas entre danças sensuais.
Adoça com loucura qualquer toca
E pede, novamente muito mais.

Estrelas passeando pelo céu
Descerram constelares, cada véu...

1095


Descerram constelares, cada véu
Os astros que invejosos tanto admiram
Um bardo sonhador, um menestrel
Na lira usando versos que te miram

E falam da beleza sem igual,
Divina perfeição em brônzea tez
Na terra descoberta por Cabral
O porto mais seguro? Insensatez...

Desvendo tuas trilhas, bandeirante
E vejo um Eldorado ao meu dispor.
A fonte que se entrega, deslumbrante
Já tem no meu prazer, seu tradutor.

O nó que nos uniu; se corrediço
Não nega nem impede o belo viço.


1096


Não nega nem impede o belo viço
A primavera eterna que nos toma.
O quanto do prazer inda cobiço,
Permite o renascer mago do estroma.

Esfacelado o sonho de quem sofre
O desamor inerte e sem motivos,
Já tendo da emoção a chave e o cofre
Mantendo nossos sonhos sempre vivos

Descrevo com serena mansidão
O sentimento amigo e relevante
Que toma sem licença o coração
Nos olhos da morena provocante.

Mendigo deste olhar, eu quero bis,
Podendo declarar: enfim, feliz!

1097

Podendo declarar: enfim, feliz
Meu verso faz a festa e te conclama,
Deixando no passado este céu gris,
À dança em que se entrega a nova trama.

Eu sei que tantas vezes fomos tolos,
E nisso não deixo surpreender
Pelas sementes podres de outros solos
Cevadas sem desejo e sem prazer.

É claro que talvez ainda venha
A noite costumeira e nebulosa
Após nossa paixão queimar a lenha
Sendo a sorte assim, sempre caprichosa.

Mas saiba que decerto já valeu
O amor que quem encontra se perdeu...


1098


O amor que quem encontra se perdeu
Durante as loucas tramas da paixão
Que ao mesmo tempo mostra quanto teu
Deveras deve ser meu coração

Enquanto se entregando e nada tendo
Em troca, meu amor se faz sombrio,
Mas logo que percebo; enfim me rendo
Às chamas que renegam fome e frio.

Estrelas ouvirei, esteja certa,
Pois delas o reflexo sobre o quarto
Atravessando a janela agora aberta,
Expressa uma esperança, quase um parto.

Invade-me a certeza sempre de
Viver com plenitude, a claridade.


1099




Viver com plenitude, a claridade
De um sol que sempre mostra ser possível
O brilho sem igual. Não se retarde
Que o dia do teu lado é sempre incrível.

Ao desodorizar minha alma neste
Jardim de inesquecível perfeição,
Percebo quanto amor já nos reveste
Na mais sublime forma de expressão.

Aceite essas palavras muitas vezes
Escritas com a força do desejo
De ter o quanto quis, decerto há meses,
E agora bem mais próximo, aqui, vejo.

No par que nós fazemos noite afora
A liberdade em paz, cedo se aflora...


1100

A liberdade em paz, cedo se aflora
Nos olhos da morena que ao saber
Que eu quero vem chegando sem demora
Trazendo este delírio: o bem querer.

Na porta de chegada desta casa
Porteira sempre aberta da esperança
Dizendo que a vontade não se atrasa
Quando se perpetra em confiança.

É. Por vezes a estrada se interdita
Nos engarrafamentos da tristeza
Audaciosa chaga tão maldita
Estampada na fome sobre a mesa

Vazia, sem sequer uma iguaria.
Repasto que tu trazes: poesia...


1101


Repasto que tu trazes: poesia,
Banquete para os olhos com certeza.
O quanto cada sonho propicia
Atravessando a noite com destreza.

É certo que talvez ainda se possa
Falar de algumas nuvens em momentos
Aonde a fantasia vira troça
Em versos menos nobres, violentos.

Com toda pompa, expondo tanta fleuma
Que dissemine a paz, tranqüilidade,
Distante de qualquer luta ou celeuma,
Entendo a tão provável liberdade

Cadeiras espalhadas nas calçadas
Do tempo que se foi pra não voltar,
Estrelas em cantigas espalhadas
No chão acompanhando o bel luar,

Que ao furar com beleza o nosso zinco
Adentra o nosso peito já sem trinco...


1102



Adentra o nosso peito já sem trinco
Quarando uma esperança no varal
Do tempo em que se fez com todo afinco,
O sonho com certeza, magistral.

Metáforas à parte, eu sei o quanto
É necessário o sonho. Refazendo
O caminho que entranha pelo encanto
Da vida noutra vida se perdendo,

Eu posso perceber o quanto é belo
O sol que em nosso peito faz morada.
O corcel da alegria, quando selo,
Ao céu vai se elevando. Imensa estrada.

Imerso nos meus próprios sentimentos,
Expresso a força intensa destes ventos...


1103


Expresso a força intensa destes ventos
Em cada verso em que tento te falar
Traduzindo em palavras, pensamentos
Aonde possa amor desembocar.

Falar de tanto amor, sei que é tolice
De um pobre viajante em noite imensa.
Porém além de tudo o que eu te disse
Aqui. Vou procurando a recompensa.

Se o rio ao desaguar num oceano
Permite que se adoce tanto sal
Assim também o amargo e desumano
Sentimento se torna mais frugal.

A voz na qual meu sonho já se expressa
Ecoa pelos astros, mas sem pressa...

1104

Ecoa pelos astros, mas sem pressa
A verdade inegável e irrefutável
Sobretudo, na qual já se confessa
Um gozo outrora frágil e improvável.

Eu sei que; muitas vezes, eu menti
Ao falar sobre coisas que não sei.
Se em tantos descaminhos me perdi
Da rota, eu percebi a nova lei.

Estampada, em meu rosto, esta certeza
Buscada em arredios arrebóis,
Ao ver tua presença, com surpresa,
Deitada em minha cama, meus lençóis;

Sem titubear falo em destemor.
A verdadeira força vem do amor.

1105


A verdadeira força vem do amor!
Não tenho mais qualquer dúvida disso.
Se eu fui; em tua vida, um beija-flor
Refaço a cada beijo o compromisso.

No viço que se empresta à flor de lis
Plantada nos canteiros da esperança
Um velho jardineiro, este aprendiz
Retorna aos tempos belos de criança.

Amor, meu analgésico perfeito,
Na cura em que se dá o sofrimento
Estende os seus varais dentro do peito
Queimando em febre expressa o seu intento.

Dos erros, aprendi, eu te garanto,
Do amor, a mola mestra, luz e encanto...

1106


Do amor, a mola mestra, luz e encanto
Espalhados pela terra em noite mansa,
No quanto eu desejei já sem espanto
Permite imensidão na qual se lança.

É claro que um disfarce cai tão bem
Em momentos difíceis, eu não nego,
Mas sem esta presença, certo alguém
Caminha pela vida, amargo e cego.

A música que escuto; uma balada,
Falando dos amores impossíveis,
Paixão que é tantas vezes maltratada
Sob olhos bem mais duros, impassíveis,

Diversa do que canta o realejo,
Trazendo a paz sincera que eu desejo.
Publicado em: 03/03/2008 19:27:38
Última alteração:22/10/2008 14:04:33



EU TE AMO!! coroa de sonetos 78
1079


Felicidade plena é um direito
Do qual não abro mão. Por ela eu luto
No amor um sonho sendo satisfeito
Permite que se veja num minuto

O quanto em nossa vida se deu jeito.
Quem sabe num amor ser mais astuto
Entrega-se ao poder que dito e feito
Sonega a solidão, impede o luto.

Assim um passageiro vai liberto,
Trazendo o seu caminho sempre aberto
Chegado aonde amores se tocavam.

Alados pensamentos, liberdade
Na busca pela eterna claridade
Meus sonhos mais distantes me levavam.

1080

Meus sonhos mais distantes me levavam,
Tomando num momento os meus sentidos,
Os medos e as angústias me cortavam,
Deixando meus castelos destruídos.

As dores, cada passo, vigiavam
Vazios, os meus dias, mal vividos
Apenas as tristezas me entranhavam,
Em sentimentos sempre empedernidos.

Nem mesmo as esperanças me escutaram,
Dos olhos, tantas lágrimas rolaram.
Deixando minha estrada sem saída.

Assim ao me sentir abandonado,
Não tendo mais quem ande do meu lado
Vagando sem destino pela vida.


1081

Vagando sem destino pela vida,
Apenas solidão como estandarte,
Estrada em duro espinho, já perdida,
O frio se espalhando em toda parte.

Não tendo mais sequer uma saída
O futuro morrendo não reparte
A sorte que se fora distraída
Sobrando tão somente este descarte

Amiga em noite dura, tempestade,
Mostrando ser possível liberdade
Proclama em sonho nobre e mais bonito

Encantos que concebo sem igual
Que mostre ser possível, no final
Alçar meu pensamento ao infinito.


1082

Alçar meu pensamento ao infinito,
Fazendo bem mais livre cada verso,
Um dia em alvorada, mais bonito,
Deixando assim distante um mar perverso.

Ecoa bem mais alto cada grito,
Agora estou na sorte, enfim, imerso,
Fazendo deste sonho um mote; um rito
Já não prossigo só, nem mais disperso

E canto essa alegria de poder,
Ver, novamente o dia amanhecer
Trazendo uma alegria que em torrente

Espalha a fantasia sobre nós
Tramando em claro amor sinceros nós
No sol de uma alvorada reluzente.


1083

No sol de uma alvorada reluzente,
Prenúncio de uma vida mais feliz.
Seguindo o meu caminho, vou contente,
Não levo nem sequer a cicatriz

De um tempo em que passei qual penitente,
Encontro na amizade o que mais quis.
Rompendo quaisquer elos da corrente
Que em lágrimas atadas, contradiz

Um mundo tão seguro em plena paz
Que a força da amizade já me traz.
Ao qual felicidade se oferece

Depois dos temporais e vendavais
Ao adentrar enfim, o porto e o cais,
A luz de uma amizade permanece


1084

A luz de uma amizade permanece
Depois do duro golpe, desengano
A senda de um carinho, logo tece
O canto que se mostra soberano,

Vivendo deste sonho, favorece
A quem percebe amor como seu plano
Expressa em alegrias sua prece
Fazendo o seu viver bem mais humano

Toando uma canção em toda parte,
Trazendo um bom calor, sempre reparte.
Retira do caminho espinho e entrave.

Vencendo as urzes todas nesta senda
Na sorte que o mistério se desvenda
Um passageiro segue nesta nave.




1085

Um passageiro segue nesta nave.
A Terra, que capota todo dia,
Buscando a liberdade invejando a ave
Distante de uma estrela feita guia,

Tropeça em suas pernas, duro entrave,
Não vê no próprio rosto a fantasia
Retirando dos olhos qualquer trave
Permite que se enxergue esta harmonia

De um tempo mais airoso e mais feliz,
Vivendo tão somente por um triz
Trazendo o passo manso, sem espinho.

Amiga em tuas mãos a solução
Mantendo a mesma rota e direção
Não deixe que se perca este caminho,



1086


Não deixe que se perca este caminho,
Na glória de poder se libertar,
Quem anda o tempo todo tão sozinho,
Talvez não possa nunca mais achar

Faltando proteção, e sem carinho
Difícil, com certeza navegar,
Porém se nos teus braços eu me aninho
Encontro o que cansei de procurar

Do amor que nos encontra em claridade,
Trazendo no seu bojo uma amizade
Eu vejo a vida em paz e sem problema

Mas quando estou distante de teus braços
Num trôpego destino, errantes passos,
Por vezes eu me encontro num dilema.


1087

Por vezes eu me encontro num dilema,
Sabendo que talvez não venha nada,
A vida não permite que outro lema
Transforme a direção da bela estrada,

Apenas resolver qualquer problema
Não traz a garantia que foi dada
Rompendo em calmaria a fria algema
Em mãos que se procuram, sempre atada;

De uma felicidade esplendorosa,
Que exige mão mais firme e caridosa
Minha alma se aproxima e não deserta.

Falando da tristeza em solidão
Que aflora vez em quando em nosso chão
Meu verso é tão somente um triste alerta,

1088

Meu verso é tão somente um triste alerta,
O mundo necessita da amizade,
Uma alma solitária já desperta
O vago de uma individualidade,

Porém se ela se encontra mais aberta
Recebe sem limites claridade
Os erros do caminho ela conserta
Traçando aos poucos paz e liberdade.

E alçando outro caminho brilhará,
E a todos com certeza, guiará
Segredos que conheço e concebi

Nos olhos deste Deus que é pleno amigo
Que há tempos eu procuro e até persigo
Falando em amizade chego a Ti


1089

Falando em amizade chego a Ti
Senhor dos meus caminhos, Deus amado.
Com alegria enorme eu percebi
Que estavas, companheiro do meu lado,

Na luz de uma esperança, eu vim aqui
Dizer do sentimento mais sagrado
Trazendo esta esperança que vivi
No encanto a cada dia abençoado

Deixado pelo Pai pra quem quisesse,
Um ato de real, divina prece
Trazendo à nossa vida com louvor

O encanto mais sublime em liberdade
Mostrando um novo mundo em amizade
Exemplo mais perfeito feito amor



1090


Exemplo mais perfeito feito amor
Precisa na verdade do perdão,
Um novo mundo veio nos propor,
Aonde já reinasse o coração.

Assassinado e morto sem pudor,
Deixou pra quem ouvisse esta lição,
Trazendo uma esperança a recompor
História que se perde em negação

De que é possível ter felicidade,
Vivendo em sua glória, uma amizade
É tudo o que deveras se pressente.

As sombras doloridas que carrego
A história que se fez em cunho cego
no tempo que passou inda se sente



1091

no tempo que passou inda se sente
que a maioria ainda se maltrata
Matando seu irmão tão cruelmente,
E destruindo em fogo, toda a mata,

Do Deus que se fez homem/penitente,
Lembrança que restou já não retrata
O quanto que se deu eternamente
E apenas amizade inda resgata

Sentido que Ele deu à liberdade,
A verdadeira solidariedade.
Da qual em verdade eu não desisto

Lutando sem temores nem descanso
Buscando ao fim da vida algum remanso.
Desculpe companheiro se inda insisto

1092

Desculpe companheiro se inda insisto,
Falando deste peso feito cruz,
Eu na verdade tento, e assim resisto,
Mostrando este caminho pleno em luz,

Dizendo deste irmão, querido Cristo,
Aquele que chamaram de Jesus,
Por quem em desamor foi tão malquisto
E ainda depois disso me conduz

Marcado pelas chagas da vingança,
Trazendo para todos, esperança!
Fazendo da amizade o maior pleito

Em voz tão mansa a todos Ele disse
A vida sem amor, leda tolice.
Felicidade plena é um direito
Publicado em: 02/03/2008 21:47:03
Última alteração:22/10/2008 14:03:03



EU TE AMO!! coroa de sonetos 80
1107



Manhã vai renascendo em claro brilho
Testemunhando assim rara beleza
Na qual ao se entranhar esse andarilho
Encontra uma alegria, com surpresa.

A presa predileta da saudade
Que fora eterna caça, se liberta
Ao perceber a imensa claridade
Nesta manhã, divina descoberta.

Um menino vadio abrindo a porta
Do peito permitindo que se veja
A luz ressuscitando a quase morta
Esperança. Um sorriso se deseja.

Nos cabarés dos sonhos, um bolero
Traduz o que eu pretendo; o que mais quero...


1108


Traduz o que eu pretendo; o que mais quero
Depois de ter vencido as tempestades
Corriqueiras nas quais me degenero
Deixando em cicatrizes as saudades;

Esperança caminha em corda bamba
Nos espetáculos da vida. Nada
Do que fomos retorna. Já descamba
Entornando o farnel na longa estrada.

As lágrimas; coleto pelas curvas
Em capotagens tantas e freqüentes
Após as ventanias, várias chuvas.
Arrasto noite afora estas correntes.

Em noites tão ardentes e febris
Do amor eternamente um aprendiz.


1109

Do amor eternamente um aprendiz
Às vezes inda tenta algum remédio
Que possa permitir sem cicatriz
A vida sem rancores e sem tédio

Na cruz que inda carrego; os maus sinais
Prenunciando um dia tão nublado.
Mesmo que venham refletindo os ais;
Temporais. Sempre caminhei ao lado.

Sem novidades, a mentira basta
Alucinantes pesadelos voltam,
Do quanto fui; nesta diversa casta
As vagas e ondas, loucas, se revoltam

E no preciso instante sigo só
A vida agora retornando ao pó.


1110


A vida agora retornando ao pó
Ao demonstrar felicidade tinge
Meus olhos tristes sem perdão ou dó
Na solução que me propõe a esfinge.

Descendo uma ladeira sem frenagem
Encontro a capotagem como sina.
Ao perpetrar em sonhos tal viagem
Na curva amor derrapa e me alucina.

Partilhas enganosas se fizeram
Entre os mais corriqueiros sentimentos.
Apenas os meus olhos estiveram
Alertas. Recebendo em troco os ventos.

Analgesia às vezes enganosa
Demonstra a luz audaz e caprichosa.


1111


Demonstra a luz audaz e caprichosa
Espelho que inda teimo em carregar
Mesmo sabendo ser dispendiosa
A tralha dessa vida. Bar em bar...

Falar que na sarjeta encontro a paz
Talvez seja uma forma muito estúpida
De tentar enganar. Não sou capaz...
Amor se faz vontade voraz, cúpida.

Ao percorrer espaços sigo sem
Astrolábios, vagando em mar às vezes
Tempestuosos. Mesmo que inda alguém
Demonstre ser possível sem reveses...

Nos bastidores vejo a fantasia
Usada em noites falsas, de alegria...


1112

Usada em noites falsas, de alegria
Enganosa, sem nexo ou precisão
Esta fantasmagórica roupagem
Vendida nas quermesses da ilusão.

Bisando os velhos erros, sem encantos,
Estendo os meus olhos na procura
Por quem há tempos sigo pelos cantos
De minha alma, buscando paz e cura.

Ao nada ver, de novo eu me recolho
À insignificância costumeira.
Espelho refletindo este mesmo olho
Expresso no vazio, paz ligeira...

Operários e mestres pedem obras
Contento-me afinal, com suas sobras...

1113


Contento-me afinal, com suas sobras.
Por vezes eu tentei ter algo além
Calcando da esperança as suas dobras,
Mas nada veio e fico sem ninguém.

Os maremotos voltam, recomeçam,
Abalando demais esta estrutura.
Da escada as ilusões, quando tropeçam;
Em múltiplos pedaços, vã tortura.

Ruptura do que fomos e não veio
Nem mesmo pra poder nos redimir.
Reflexo desta angústia, o meu receio,
Por vezes inda volta a repetir

Os meus pecados. Tantos que não sei
Se ainda me iludir eu poderei...

1114


Se ainda me iludir eu poderei,
Pergunta que não cala e se repete
Nestas encruzilhadas que passei.
A sorte se comporta qual pivete!

Piquetes que fizemos, greves, guizos,
Granizos espalhados no meu peito
Atrás de outros momentos mais precisos
Não pude ter meu sonho satisfeito.

O amor sem paradeiro, o vento frágil
Levou para distantes cercanias.
O saldo que restou, queda e naufrágio
Sufrágio em que se foram alegrias.

O quanto representa o picadeiro
Demonstra o nosso caso por inteiro...

1115

Demonstra o nosso caso por inteiro,
As tantas tempestades que tivemos,
Inúteis totalmente. Eu me esgueiro,
Fugindo do reflexo em que nos vemos.

Dos píncaros ao solo. Simplesmente
Um retrato fiel do que nós somos.
Levados pelas mãos dessa corrente
Perdemos destes frutos sumo e gomos.

Os gnomos que protegem tal tesouro,
O amor, já sabem disso. Em zombaria
Permitem a visão do ancoradouro,
Que apenas em miragem, inda eu via.

Gargalhadas, mentiras, tanto engano.
Amor, bicho matreiro, algoz insano...

1116

Amor, bicho matreiro, algoz insano
Que não respeita o sonho de ninguém.
Entrando tantas vezes pelo cano
Espero no final o que não vem.

Se é tétrico o meu verso, e sem sentido,
Talvez o melhor mesmo; é me calar.
Mas digo, repetindo, não duvido
Que amor ainda possa ser meu par...

Sorrisos na platéia- eis a comédia.
Sem Bravos, sem louvores sem aplauso
Nas filigranas tolas da tragédia
Tentando disfarçar por vezes pauso.

Porém uma esperança é mais arguta
Fingindo-se feroz, foge da luta...


1117


Fingindo-se feroz, foge da luta
Que sempre recomeça dia a dia
A moça que se deu em força bruta
Estende sua mão audaz e fria.

Comedidas palavras, vou sozinho
Buscando o que não tive nem terei.
Às expensas do sonho; amargo vinho,
A sorte num momento avinagrei.

Nas greis que foram minhas tão somente
Encontro o que não quis. Velhacaria.
Da podre sensação de vil semente
Apenas a mentira eu colheria.

Colheres e talheres sobre a mesa,
Repasto que se faz; lauta tristeza...


1118


Repasto que se faz; lauta tristeza.
Irônicas palavras vão ao vento
Deixando como marca uma incerteza,
Aprofundando a dor e o sofrimento.

Armado de coragem, mas sem dentes,
A fera não terá bom resultado.
Estrelas coletadas são pingentes
O prédio da esperança desabado.

Mordendo o próprio rabo, uma saudade,
Abraça num carinho de jibóia
Fazendo em asfixia e falsidade
A sua mais audaz, cruel tramóia.

Deixando estas metáforas pra trás;
A vida não terá juízo e paz...

1119


A vida não terá juízo e paz
Senão para quem sabe do gargalo
Que afunilando os sonhos sempre traz
A morte e a solidão como regalo.

Ao cochilar se esquece da tocaia
Armada em arapuca pelo amor.
Por mais que uma esperança sempre traia
A tralha da ilusão do sonhador,

Eu teimo, inda persisto e quero briga
Se alguém fala da dor como destino.
Teimosamente o peito quer e abriga
O que restou nos olhos do menino.

No sorriso materno o velho apoio
A lágrima da ausência, em trigo é joio...

1120


A lágrima da ausência, em trigo é joio,
Somente o tempo irá poder dizer
Se é válido seguir este comboio
Que busca, insanamente por prazer.

Bem me quer, mal me quer, de que isso vale
Se no final da história eu vou sozinho?
Montanha valoriza qualquer vale
Assim, como na rosa, cor e espinho.

Mas deixa isso pra lá, venha comigo
Que o tempo sempre passa e não demora,
Escute e não releve o que eu te digo
Tudo na vida sempre tem sua hora.

Depois da tempestade: este estribilho:
Manhã vai renascendo em claro brilho.
Publicado em: 05/03/2008 19:19:54
Última alteração:22/10/2008 15:20:12


EU TE AMO!! coroa de sonetos 81
1121


A vida em mansidão; assim prevejo.
Pensara ser possível esta mentira.
Agora em agonia o meu desejo
Esgarçado se perde em cada tira.

Muitas vezes pensei que a vida fosse
Simplesmente um suave caminhar.
Às vezes meio amaro, meio doce
Mas nada que pudesse me espantar.

Ah! Como um idiota eu não sabia
Das intrigas sutis e descabidas
Que fazem ser fatal a fantasia
Ao fechar as porteiras, sem saídas...

Em meio aos mais diversos burburinhos
Antíteses espalho em meus caminhos...


1122

Antíteses espalho em meus caminhos
Muitas vezes fatais incongruências
Misturando torturas e carinhos
Traduzem nestas somas, as demências.

Estapafúrdio verso que eu te fiz
Falava da total insanidade
Expressada no quanto fui feliz
E agora não herdei sequer saudade.

Ouvindo estas estrelas de Bilac
Apenas refletindo o sentimento
Que agora percebi que borrará
Meu céu em nuvem, raio e forte vento

Se eu tento ou se não tento não detenho,
Detento deste sonho que inda tenho...


1123


Detento deste sonho que inda tenho
Teimosamente eu sigo sem ter lastro.
Voltando novamente de onde eu venho
Uma esperança inerte agora eu castro.

No basta que hoje eu dei às ilusões,
Um ato de coragem, finalmente.
Fechando com firmeza estes portões
Eu sinto na verdade que sou gente.

Não quero carregar pesada cruz
Jogada em minhas costas pela vida.
Desgaste que se deu em sangue e pus
Aumentando deveras a ferida.

Numa ácida palavra eu te repito
Não quero esta mortalha como rito...

1124


Não quero esta mortalha como rito
E faço de meus versos um emblema.
Cansado de viver neste conflito
Prefiro que se rompa tal algema.

Se mesmo assim tristeza não der tréguas
Desisto e tão somente vou embora.
Por mais que inda caminhe por mil léguas
Não quero solidão, nem mesmo agora.

De que adianta ter tanta vontade
Se o tempo em tempestade nunca muda.
Viver o que me resta em liberdade
Apenas da emoção alguma ajuda

Sem ter as ilusões tão mercenárias,
As dores serão sempre temporárias...


1125


As dores serão sempre temporárias
No dia em que sonhar seja possível.
As marcas que carrego; temerárias,
Expressam o momento mais temível.

Factível de mentiras enganosas,
Amor é quase a sombra desumana
Aonde se negando jardim, rosas,
A solidão deveras desengana.

Se é fúnebre o destino que hoje trago
Nas mãos. Apenas posso te dizer
Que vale, mesmo, assim, qualquer afago,
Uma demonstração de bem querer.

Ao abrir qualquer fresta no meu peito,
Eu já me dou enfim, por satisfeito...

1126


Eu já me dou enfim, por satisfeito
Se eu vejo ainda, amor, alguma chance
De ter sempre comigo e do meu jeito
Resquício do que seja um bom romance.

No alcance dos meus olhas nada via
Somente escuridão tão costumeira.
Porém o coração em poesia
Entende que ilusão é passageira

E faz desta emoção sua cangalha
Carregando nas cores em que pinta
A tela em que esperança já se espalha
Trazendo o verde intenso como tinta.

No aboio lamentoso, o meu refrão
A forma mais freqüente de expressão...


1127

A forma mais freqüente de expressão
Calando a força intensa da labuta,
Mudando de papel e opinião
Por vezes minha voz já não se escuta.

Do fardo carregado qual troféu
As marcas entranhadas, tão profundas,
Por mais que isso pareça ser cruel
Não quero que com mágoas tu confundas.

Eu sei que prosseguindo sempre aquém
Do que eu queria, eu vivo consolado.
Mas quando ao pressentir cheiro de alguém
Que venha e sempre esteja do meu lado

Ilusão imbecil repete a cena,
A solidão irônica me acena...

1128

A solidão irônica me acena
Falando da fazenda que não tive
Cumprindo em minha vida antiga pena
No karma que me doma e sobrevive.

Alívios vez em quando nos marotos
Beijos roubados, loucas heresias...
Os trajes da esperança expostos, rotos
Expressam realidade. Alegorias...

Seriam proveitosos os meus versos
Se ainda propusessem a saída.
Mal qual! Vivendo dias mais perversos
Expresso num poema a despedida...

Ao largo deste sonho, amargos goles
Não quero, até te impeço que consoles...

1129


Não quero, até te impeço que consoles.
Errei! E ao assumir minhas bobagens
Permito que tu digas onde boles
Abrindo das feridas, suas margens.

Não creio ser venal o sentimento
Que diz da mais perfeita realidade.
Aborto que se fez neste rebento
Demonstração fiel da falsidade.

A mocidade expõe os seus defeitos
Mudando muitas vezes de atitude.
Depois ao descansarmos, nossos leitos
Revolvem o que fora juventude.

No choro abençoado de quem luta,
Às vezes ironia é mais astuta...

1130

Às vezes ironia é mais astuta
E faz da poesia o que bem quer.
A mão que tantas vezes se faz bruta
Acaricia o corpo da mulher...

Melífero poema tanto em voga
Em togas e reais magistraturas,
A lei em que se impera, não revoga
Em faces tresloucadas, caraduras.

Estruturas diversas desabando
Nas mãos desta arquiteta irresponsável.
O cálice da sorte se quebrando
Uma ilusão jamais é dispensável.

Intransponível ponte da esperança
De tanto que se esconde já me cansa...

1131


De tanto que se esconde já me cansa
O jogo de prazer que quer revide.
Trapaça em que se faz qualquer lambança
Não há mais quem conteste ou quem duvide.

Incide sobre nós a luz tão frágil
De um vaga-lume sonho, noite afora.
Ao mesmo tempo a dor, deveras ágil
A cada esquina salta e comemora.

Memória se perdendo com os anos
Remodelando a face da saudade.
Se eu mudo, de repente velhos planos
A vida me retorna à realidade...

Na boca desdentada, olhos frios,
Meus versos são senis, ermos, vazios...


1132


Meus versos são senis, ermos, vazios.
Traduzem a amargura insuperável.
Os passos que se dão sempre sombrios
Demonstram este câncer intratável.

Se eu faço com sarcasmo, a poesia,
Permito que tu venhas com mil pedras.
Enquanto a noite segue vaga e fria
Eu sei que no final das contas, medras.

As perdas que acumulo pela vida
Demonstram quantas vezes negação
Foi a resposta dada em despedida,
Jogando o meu castelo, cedo ao chão.

E sempre renascendo, sobrevivo,
Algemas sempre abertas, mas cativo...

1133

Algemas sempre abertas, mas cativo
Não quero mais fugir, sou teu escravo.
Enquanto em esperanças estou vivo
Meus olhos em teus olhos quero e lavo.

Agravos são constantes, não os nego
Apenas os carrego qual troféu.
Não tendo na verdade, algum apego,
Liberto sem limites, terra e céu.

Mas masco quanto tento algum escape,
Traquejos repetidos forma vício.
Na mão mesmo que traga algum tacape
Mapeio com olhar, meu precipício.

Fictício caminhar sem ter destino,
Aos poucos, suicídio eu determino...

1134

Aos poucos, suicídio eu determino
Depois desse cansaço que me pesa
Não é somente um gesto em desatino
A lida já se deu sem ter defesa.

Se um dia a poesia me tocasse
Além da fantasia sempre fútil,
A sorte mostraria em outra face
Que posso, finalmente ser mais útil.

Velhice tem seus contras, mas tem prós
E deles faço a minha resistência.
Do quanto a juventude foi atroz
Em paz senilidade traz clemência.

Após o temporal cruel ensejo,
A vida em mansidão; assim prevejo.
Publicado em: 05/03/2008 19:20:12
Última alteração:22/10/2008 15:20:18




EU TE AMO!! coroa de sonetos 82
1135

No amor, doce refrão, belo estribilho;
Um rei anunciado demonstrou
Que assim se faz perfeito e belo trilho
De tanto que ao amor se dedicou.

O nascimento pobre do menino
Herdeiro de um reinado tão submisso
Profética palavra do destino
Libertação, decerto o compromisso.

A vinda para as tribos de Judá
Representando enfim a redenção,
Porém a sua estrela brilhará
Tomando a mais diversa direção.

Filho adotivo em lar abençoado
Perfaz do amor intenso o seu legado...

1136


Perfaz do amor intenso o seu legado
O carpinteiro, herdeiro de Davi,
Abrindo mão assim, de seu reinado
Percebe que bem mais havia ali

Aos sacerdotes trouxe em sapiência
Além do que julgaram ser possível.
Vibrando em sua voz farta clemência
Tornando amor um sonho divisível.

Deixando sua casa qual mendigo
Partiu numa viagem sem retorno.
Seu brado libertário e tão amigo
Contagiando tudo que há em torno.

A opção pelos mais pobres que ele fez
Aos olhos do poder: insensatez...


1137

Aos olhos do poder: insensatez
Falar de uma igualdade libertária
Do quanto se mostrando em altivez
A face desta gente audaz, sectária.

Andando pelas ruas, vai o rei
Exposto entre seus súditos mais pobres
No amor e no perdão a nova lei
Assustando decerto aqueles nobres.

Do vinho feito sangue, corpo em pão
Nos braços mais humildes de seu povo,
Abrindo com ternura o coração,
trazendo para todos, mundo novo.

Falando com parábolas, dizia
Do supremo poder de uma alegria.

1138



Do supremo poder de uma alegria
Festejos pela vida? Necessários.
No Deus que é feito amor já se recria
Momento mais sublime em lumes vários.

Andando nos bordéis, ruas vielas,
Distante dos palácios, das Igrejas,
Ao pensamento cede novas velas
Esperanças espalha; tão sobejas...

Mostrando em voz tão mansa o bom caminho
Que trama sem tropeço, o paraíso.
Ungindo com seu sangue feito em vinho
Trazendo em placidez calmo sorriso.

Lá vai este judeu um rei de fato,
De um Deus em perfeição, fiel retrato...


1139


De um Deus em perfeição, fiel retrato,
O filho de José da Galiléia,
Supera em calmaria, o desacato,
Expressa em pleno amor, a panacéia.

Da redenção de um povo em profecia
O verbo que se fez, foi muito além,
Enquanto em mansidão, tantos ungia
Para outros, decepção, deveras tem.

Milagres? Se ele fez não interessa.
Em palavras tão simples proferidas
Além do que se fora uma promessa
De todas as algemas, as saídas...

Aos poucos se espalhando a sua fama,
Ardil mais tenebroso, o poder trama...


1140



Ardil mais tenebroso, o poder trama
E as águias rapineiras numa espreita
Ao ver a poderosa e clara chama
Que sobre este deserto já se deita,

Aos poucos imbuídas de vingança
Preparam armadilha mais infame.
Escravo faz com amo uma aliança
E traz em agonia o seu ditame.

Cordeiro em sacrifício ao qual se deu
Numa barganha imunda foi vendido.
Do rei anunciado, este judeu
Num inimigo público vertido.

Por trinta dinheiros, traição.
Seria hoje, talvez, liquidação...

1141

Seria hoje, talvez, liquidação
Na porta das igrejas, nos altares
Aquele que pregava amor, perdão,
Entregue aos mais profanos lupanares.

O rei que dentre todos escolheu
Apenas miseráveis como amigos,
E nisso e só por isso se perdeu
Agora em vis irmãos, seus inimigos.

Areia que é vendida, uma água benta
Ofertas são pedidas por “milagres”
Que a corja sem limites tanto inventa
Mudando os vinhos todos em vinagres.

A mão que em ira santa se mostrou
Jamais tal farta incúria adivinhou...

1142


Jamais tal farta incúria adivinhou
Aquele que se deu em sacrifício
O corpo que o judeu crucificou
Agora por ganância em outro ofício.

Arrecadando assim, a dinheirama
Que entope os palacetes da canalha.
Nos bicos dos abutres se derrama
Fortuna descabida que amealha.

Nas músicas, batalha inconcebível
Onde amor raramente é declarado,
Numa cruzada insana, torta incrível
Eu vejo este judeu amortalhado.

Guerreiros de Jesus? Ah! Vão pro inferno!
O que ele nos mostrou? Perdão eterno!

1143

O que ele nos mostrou? Perdão eterno!
Amor sem ter fronteiras nem limites.
Verão que apascentando o frio inverno.
É nisso que ora peço que acredites.

Não banalize assim o ser supremo,
Não é um vil guerreiro. Estupidez!
Um ser ao qual eu amo, mas não temo
O resto? A mais completa insensatez!

Nas bancas de revista ou livrarias,
Encontrarás os discos mais recentes.
Cuidado com as vis piratarias
Percentagens revelam povos crentes.

A Bíblia que eu te vendo, a mais bonita,
De brinde levarás, da sorte, a fita!



1144

De brinde levarás, da sorte, a fita
Abençoada pelo Padre Bento
Garante a proteção quase infinita
Protege contra o raio e cessa o vento.

Se não tiver ainda satisfeito,
Eu tenho a medalhinha corta nós,
Encara um mau olhado, dando um jeito;
Redime o sofrimento, os nossos pós.

Na procissão dos santos milagreiros
A cura vem em gotas ou de enchente
Depende só da fé destes romeiros
Nos olhos imbecis de um penitente.

Também se tu quiseres muita grana,
A mão do salvador jamais engana.


1145

A mão do salvador jamais engana
Aquele que conhece o seu poder.
A mansidão se mostra soberana
E nela a salvação eu posso ver.

O peso que carregas; no perdão
Se mostra bem mais leve e mais suave.
O amor é verdadeira redenção,
Tirando quaisquer pesos que me entrave.

Os novos vendilhões colecionando
Canais de rádio, lotam as tevês
Agora não são poucos, vêm em bando
Comprando palacetes, como vês.

É duro perceber a hipocrisia,
No quanto é mais impune, mais vicia...

1146


No quanto é mais impune, mais vicia
Imensa ladroagem. Descarada.
Usar este cadáver? HERESIA
A boca do demônio escancarada

Aguarda depois disso, o seu banquete.
As carnes salientes dos pastores
Servindo de infernal, claro joguete.
O duro é agüentar podres odores!

Numa disputa assaz interessante
Qualquer discurso sempre vale à pena.
Barriga sensual de um elefante
Demonstra na verdade a crua cena.

Ovelha descuidada, num arroubo
Procura por pastor, encontra lobo...


1147

Procura por pastor, encontra lobo
Num disfarce venal, a boca aberta
Espreita tão gulosa, faz seu roubo,
Gritando num disfarce feito alerta.

O dízimo? Não basta. Quero mais
Eu quero estas ofertas benfazejas
Vencendo este diabo, o Satanás
Terás aqui comigo o que desejas

Porém, se não der certo, a culpa é tua.
Não tens a fé bastante para crer
Que a força de Jesus agora atua
É garantido, basta querer ver.

Curando até pereba de criança
Nos demônios que tens, farta matança!


1148


Nos demônios que tens, farta matança!
Amigo esqueça disso, vou ser claro
Aquele que nos deu tanta esperança
Aquele bom judeu, um deus preclaro

Falava bem mansinho e com clareza
Fazendo do perdão seu ponto forte,
Espalhando com brilho e sutileza
Cicatrizando em paz profundo corte.

Não creia nos diabos que te vendem,
Nem mesmo nos milagres “infalíveis”
As velas que decerto já se acendem
Escondem os desígnios mais terríveis.

E faça em calmaria o sacro trilho,
No amor, doce refrão, belo estribilho.
Publicado em: 05/03/2008 19:20:30
Última alteração:22/10/2008 15:20:25


EU TE AMO!! coroa de sonetos 84
1163


Perfaz este caminho que hoje eu trilho
A mesma sensação do nada ter.
Expresso uma esperança em cada filho,
Diversa do que eu pude e soube ser.

As marcas deletérias do que fui
Não deixam sequer dúvidas, um zero.
Por vezes o passado ainda influi,
Porém a salvação, teimoso, espero.

Não tenho mais a força de encarar
A fera que resiste dentro em mim.
Percebo ser possível novo mar,
Meus pés estão cravados no jardim

Aonde os malmequeres tão daninhos
Insistem em florir meus descaminhos...

1164

Insistem em florir meus descaminhos
Deixando o que talvez fosse um momento
Maior feito em delírios e carinhos,
Mas sonegados, mudam seu intento

E fazem de um espinho minha herança.
Embebido num sonho, ainda me iludo
E tendo por mortalha esta esperança
Mergulho de cabeça e vou com tudo.

Às vezes me queria mais contido,
Porém em falsos lumes, me perdi.
Fantasia me pega distraído,
Transtorna, mas retorna e chega aqui.

Migalhas, na verdade, até aceito,
Mentindo pra mim mesmo, e satisfeito...


1165

Mentindo pra mim mesmo, e satisfeito,
Enganosos momentos usufruo
Com quem não disse nada, por despeito
Já me encaracolando ensaio um duo.

Atuo nos palanques imbecis
Falando de mim mesmo como fosse
Eterno enamorado. Mas que fiz
Senão em amarguras forjar doce.

Palhaço! Neste imenso picadeiro
Estendo as minhas mãos à fantasia.
Desnudando esta pele, vou inteiro
E tenho do que faço, uma alegria

Ao menos, enganando, faço rir,
Sem nada que inda possa me impedir...


1166


Sem nada que inda possa me impedir
Exponho os meus segredos, mas falseio
Escondo e até censuro, eu sei mentir,
Mas nada disso faço por receio.

Um tanto por bravata ou ironia,
Quem sabe inda terei um novo cais?
Partícipe da sonho que historia
O quanto desejei e nunca mais...

Matando o que se fez real espelho
Quebrando e lacerando a minha pele,
Ao ver o meu olhar, um simples velho
Que à morte, em ilusões, tanto repele.

Pois quando me retrato sou distinto
Daquele que disfarça, sempre minto...


1167

Daquele que disfarça, sempre minto
Não posso me mostrar, eis a verdade.
Bebendo da alegria um farto absinto
Inebriado vendo a falsidade.

Compre se quiser, mas que se dane!
Decerto não terás qualquer problema
E mesmo que este sonho tenha pane
É fácil se livrar de alguma algema.

Basta tão somente destruir
Os versos que te fiz em noite clara.
Decerto não irei mais te impedir
Já que realidade se declara

Mostrando o velho audaz e desdentado,
Com crueza serena retratado...


1168

Com crueza serena retratado
Meus signos são bem fáceis de entender.
Por vezes mesmo que esteja consternado
Ainda procurando algum prazer.

Refazendo meus passos pela casa
Eu vejo de mim mesmo em cada rastro
Que a vida ao me escutar sequer se atrasa
Meu barco já não tem âncora ou lastro.

Um mísero noctâmbulo que se esconde
Atrás de cada gole de cerveja
Decerto há tanto tempo perdeu bonde
Não tendo quase nada, inda deseja

Num único clarão algum resquício,
Impedindo, quem sabe, o precipício...


1169


Impedindo, quem sabe, o precipício
As mãos que se fizeram em bonança
No quanto é necessário como ofício
O ritual insano da esperança.

Metralho meus escombros pelas ruas,
Nas sombras do que tive inda me amparo.
Imagens de mulheres seminuas
O cão perdeu as garras, vai sem faro.

Macabros estilhaços me atingindo
Penetram minha pele, chegam fundo.
Do nada que carrego me tingindo
Aos poucos no vazio me aprofundo.

Segundos mais parecem horas, dias.
Esgarçam o que resta de alegrias...


1170


Esgarçam o que resta de alegrias
As mortalhas que sempre me acompanham,
Estrelas tão diversas, velhas guias
Sorrisos sem lamúria ainda apanham.

Mesclando dor e riso, sigo em frente
Embora o peso seja insuportável.
Por mais que uma ilusão deveras tente
Eu vejo o meu caminho palatável.

Querências mais diversas coleciono
E nelas retratado esse amor próprio
Capaz de se entregar ao abandono
Mesmo que pareça mais impróprio.

Num improvável canto, se eu me iludo,
Decerto, envergonhado, estarei mudo...


1171


Decerto, envergonhado, estarei mudo
Ao ver o meu retrato assim exposto.
Falsa impressão eu crio e mesmo ajudo
Mudando tantas vezes o meu rosto.

Não sou sequer poeta; quem me dera,
Nem menos sei cantar o que não tenho.
Um trovador nascido na tapera
Somente pode ter um duro cenho.

Sombrio pelas ruas e calçadas,
Caminho em solitário ritual.
Partidas e partilhas malfadadas
Repetem esta ronda sempre igual.

Seguindo meus princípios, não são poucos,
Meus passos são bem mansos, nunca loucos...


1172



Meus passos são bem mansos, nunca loucos;
De uma rotina sempre cansativa
Ouvidos quase inúteis, surdos, moucos,
Da temperança uma alma mais cativa.

Privado de esperanças doentias,
Tampouco tenho as ânsias propaladas
As noites vão sem brasa ou ardentias
Mas não ouso dizer que são geladas.

Apenas vou seguindo quase morno,
Estrelas nem percebo se há no céu.
Da luva dos meus sonhos, o contorno
Representando um verso solto ao léu.

Mas deixa isso pra lá, eu me apresento
Pacato cidadão em passo lento...


1173

Pacato cidadão em passo lento
Expondo as suas vísceras? Pra quê?
Por vezes fantasias que eu invento
Ilusões e mentiras. Ninguém crê!

Fogaréu se tornando leda brasa
Que nada mais acende e já se extingue.
O todo que não tive inda me embasa
Sem ter uma mentira que me vingue.

Dos pântanos um fátuo fogo surge
E mostra num segundo que eu fui.
Se eu corro é que o socorro não mais urge
E tudo o que criei agora rui.

Metaforicamente até me engano,
Um pária se imagina um soberano!

1174


Um pária se imagina um soberano!
Estupidez em forma tão diversa.
Falar de cada noite, em novo plano,
Não passa de lorota e de conversa.

Avesso às multidões, um eremita
Esconde-se dos olhos curiosos,
Somente se acuada, esta alma grita
Caprichos sempre tolos, melindrosos.

Quisera ter do lago a placidez
Eterna sem distúrbio ou explosões.
Calando a minha voz, por sua vez
Omito e não emito opiniões.

Bebendo a vida assim, vou gole em gole,
Sabendo que o vazio já me engole...


1175

Sabendo que o vazio já me engole
Eu deixo-me levar pelo fastio.
Não faço na verdade, corpo mole
Apenas vou vivendo no que crio.

Castelos idiotas sem princesas,
Quimeras que gerei, são meu retrato.
Os dentes não suportam fartas mesas,
Só resta a sopa amarga no meu prato.

Preciso procurar algum protético
Que dê uma esperança feita em pão.
No plano tantas vezes hipotético
Rastejo mansamente ao rés do chão.

Cigarro que eu devoro por inteiro,
Expressão mais fiel de um companheiro...


1176


Expressão mais fiel de um companheiro
O lobo solitário não conhece.
Sentindo da matilha rastro e cheiro
Nem mesmo aos seus instintos obedece.

Aguardo a minha morte calmamente,
A redenção final que procurava.
Por mais que algumas vezes inda tente
Percebo nos meus pés grilhões e trava.

No ofício em que me entrego, mal disfarço
O quanto que não tive e nem terei.
O riso se tornando mais esparso,
Em raridade imensa, desprezei.

Coração esgarçado, um andarilho,
Perfaz este caminho que hoje eu trilho.
Publicado em: 05/03/2008 19:21:01
Última alteração:22/10/2008 15:20:33



EU TE AMO!! coroa de sonetos 83
1149

A vida aproveitando o raro ensejo
Que é dado pelo sonho em noite mansa.
Ao ter felicidade ainda vejo
O quanto foi possível esperança.

Um dia que se emerge em calmaria
Depois da tempestade que assolou
Sem dar nenhum descanso medos cria,
Porém a fantasia iluminou...

Relembro o que passei longe de ti,
Vencido por saudade inusitada,
Agora que refaço o que vivi,
Minha alma atravessando a madrugada

Permite que se raie um novo sol,
Trazendo a claridade ao arrebol.


1150


Trazendo a claridade ao arrebol
Os olhos de quem foi e agora volta
Qual fora em minha vida um bom farol
Contendo no meu peito uma revolta

Há tempos preparada por vingança.
Jagunço coração percorre trilhas
Aonde a sorte vaga não alcança
Distante da alegria, léguas, milhas.

Um lobo de tocaia não desvia
O olhar, compenetrado aguarda a presa.
O bote, num instante propicia
Banquete que trará bem farta a mesa.

Um prato que se come sempre frio,
Inverno que se fez em pleno estio...


1151


Inverno que se fez em pleno estio
Nevando dentro da alma já me impede
De prosseguir. Meu passo qual vadio
Em meio às ilusões, reluta e cede.

Procuro o remetente da mensagem
Recebida durante o temporal.
Por mais que inda tentasse uma viagem
Que me trouxesse paz, vencendo o mal

Não pude nem tentar, houve o naufrágio
Aonde me perdi, sem ilha ou cais.
Amor na corda bamba por mais ágil
Que seja não domina os vendavais.

A queda em que se espera alguma vez
Permite que se tente um novo salto,
Mas quando insiste em nós a insensatez,
O muro já se torna, assim, mais alto.

E nada do que eu faça, pense ou diga
Refaz a quebradiça e frágil viga.


1152




Refaz a quebradiça e frágil viga
Que um dia se partira em mil pedaços
A força que se mostra enquanto abriga
Estreitando afinal, antigos laços.

À margem dos meus erros, inda tento
Vencer os medos todos, desengano...
Entregue aos dissabores deste vento
Destino vai traçando um novo plano

E mostra ao fim da tarde, a lua cheia,
Exemplo de real perenidade.
Meu pensamento então, solto, vagueia
Tentando vislumbrar tranqüilidade.

Irônico cenário. Em noite clara
Minha alma; escuridão, logo declara...

1153


Minha alma; escuridão, logo declara
Após as tentativas já frustradas
De ter em suas mãos a jóia rara
As esperanças foram maltratadas.

Cansado de ilusões, eu inda tento
Usar da fantasia mais sutil
Como um álibi. Nego o sentimento
E nada, simplesmente o que se viu.

Perdido nos teus braços – sonho breve,
Urgindo dentro em nós real encanto.
Porém a solidão audaz se atreve
Mudando assim o tom de nosso canto.

Quem sempre em tom maior tentou a vida,
Agora em mi menor, faz despedida...

1154


Agora em mi menor, faz despedida.
A noite que seria do meu bem
Depois da caminhada já perdida
Em negras trevas chega e quando vem

Deixando como um rastro este vazio,
Pernoita bem aqui, junto comigo.
Do quanto que não tenho o vago eu crio
Mudando noutra senda o que persigo.

Fiz dos meus sonhos rumo e fantasia,
Vadio pelas noites busco o gozo
Mas tendo tão somente a noite fria,
Meu verso se esvaindo, melindroso.

Perpetuamente eu sei que vou te amar.
Quem dera em primavera... amor, buscar.

1155



Quem dera em primavera... amor, buscar.
Eu vim aqui dizer dos meus intentos,
Vencer a fúria intensa deste mar
Bebendo o temporal exposto aos ventos.

Mas nada do que tive inda persiste
Sob os olhos sutis de um sonhador.
O verso que hoje faço, amargo e triste
Transmite tão somente medo e dor.

Não creio ser somente paranóia,
Tampouco vejo nisso, o meu final.
Amor que se mostrando como bóia
Acolhe qualquer novo ritual

Aonde eu possa ter alguma chance
Ao ver da fantasia outro nuance...

1156


Ao ver da fantasia outro nuance
Que possa traduzir uma esperança
Eu tento refazer nosso romance,
Facetas tão diversas da aliança

Na qual a tentativa, mesmo falha
Já pôde demonstrar alguma luz.
Embora em tuas mãos veja a mortalha
Uma ilusão audaz se reproduz.

Prenunciando um dia talvez claro,
As nuvens vão-se embora, resta azul
O céu aonde eu vejo o meu amparo,
As dores se arribando para o sul.

Na roda viva eu sinto que terei
Aquilo que, insensato, eu desejei...


1157

Aquilo que, insensato, eu desejei
Traduzido somente pelos versos
Aos quais a minha vida eu dediquei
Secando os afluentes mais perversos.

Mas nada do que tenho, eu te garanto
Foi feito em placidez. Tanta batalha...
Vencendo sem dar tréguas, desencanto,
Andando sobre o fio da navalha.

Por favor não evites meu amor,
É tudo o que restou, nada mais levo,
Perdoe se eu pareço um sonhador
Cativo deste sonho, simples servo,

Estendo o meu olhar ao infinito,
As lágrimas repetem velho rito...


1158


As lágrimas repetem velho rito
Enfumaçando os olhos de quem sonha.
Na busca por um dia mais bonito
Apenas novamente, a dor medonha...

Curvando pela estrada da ilusão
Capoto e não pressinto algum resgate.
Idade vai chegando, a solução
Distante, mas minha alma inda combate;

Coração, o idiota samurai
Sem armas faz da luta a sua glória.
A vida tantas vezes já me trai
Não resta nem sequer vaga memória

Dos dias em que tinha em mocidade
A força que virou mera saudade...


1159



A força que virou mera saudade
Depôs as suas armas, fortaleza.
Arvorando somente insanidade
Sem dentes esta fera virou presa.

É duro perceber que o tempo passa
E não deixa sequer uma ilusão.
Meus olhos embotados de fumaça
Confundem simpatia e sedução.

Apenas gargalhando em ironia
O corvo que traduz a juventude
Por sobre meu retrato repetia
Jamais retornarás, secou o açude...

E nesse crocitar tão repetido,
O sonho se esvaindo, vai perdido...


1160

O sonho se esvaindo, vai perdido
E nada do que fomos poderá
Trazer de volta à tona. Amanhecido
O dia que jamais retornará

Destôo deste cenário, olhos baços,
Já tive meus momentos, eu não nego.
Porém quando a velhice adentra os aços
Percebo que fui vão, inútil, cego...

Na face carcomida pelas rugas,
Mergulhos sem sentidos, inexatos
Perpetro de mim mesmo novas fugas
Que faço se estão secos, meus regatos?

Apenas permitir que a vida leve
Meu barco um cruzeiro atroz e breve...


1161

Meu barco um cruzeiro atroz e breve
Não vê mais qualquer cais que se apresente.
O verso mais teimoso inda se atreve,
Mas a neve derradeira é mais freqüente.

Arranco do meu peito uma esperança
De um dia novamente em riso farto.
A morte paulatina da criança
Adentra violenta, no meu quarto.

Sedento de mim mesmo mal percebo
Os dentes que perdi, cabelos brancos,
Da foto do que fomos inda bebo,
A vida segue em trancos e barrancos.

As ancas da morena? Quem me dera...
Inverno faz distante a primavera...


1162


Inverno faz distante a primavera
Quem sabe inda terei algum sorriso
Mesmo que enganoso da pantera
Expondo no final o paraíso.

Juízo coração, mas não tem jeito
Quem fora tão moleque no passado
Jamais se demonstrando satisfeito
Nunca se calará; repete o brado.

E vendo as coxas belas da mulata
Que passa em direção ao verde mar,
Requebros tão gentis. Laço reata
Permite que inda possa imaginar

Num último suspiro ainda vejo
A vida aproveitando o raro ensejo.
Publicado em: 05/03/2008 19:20:57
Última alteração:22/10/2008 15:20:29



EU TE AMO!! coroa de sonetos 85
1177

E nele toda a glória que eu almejo,
Amor que sempre trouxe em voz tão mansa
Além de simplesmente algum desejo
Espalhando entre nós, doce esperança.

Tantas vezes pensara desse jeito,
E sorria sem nada perceber
Estando plenamente satisfeito
Entregue às maravilhas do prazer.

Porém eu não sabia que depois
De toda essa bonança a chuva forte
Caindo ininterrupta sobre os dois
Causasse o mais temido e duro corte

Nefasta sensação de um frio aborto
Negando ancoradouro, esconde o porto...

1178

Negando ancoradouro, esconde o porto
Deixando os barcos todos à deriva
É como se estivesse em vida morto
Embora em teimosia, eu sobreviva.

Por mais que me revolte em sedição
Eu sei que nada disso valerá.
Eu sei que condenado à solidão,
O nada que ontem tive, terei lá.

Entregue aos pensamentos inda tento
Alguma solução, um ledo engano.
Algemas que carrego em sofrimento
Não deixam que eu encete um novo plano.

Assim, um contumaz sobrevivente
Começa a ladainha novamente...

1179

Começa a ladainha novamente
O coração que é feito insensatez;
Por mais que em solidão é penitente
Nos braços da ilusão ele se fez.

Neste redemoinho interminável,
Os temporais não deixam mais espaço
Tornando a calmaria inalcançável,
Porém teimosamente eu me refaço

E volto sempre à mesma cantilena
Num recomeço audaz que me atormenta,
A dor se anunciando volta plena,
Desilusão do nada se alimenta

E faz da minha vida um vão sem nexo,
Do que carrego na alma é só reflexo...

1180


Do que carrego na alma é só reflexo;
Este vazio imenso, o meu retrato.
A solidão em volta, o nada anexo
E os nós de uma esperança; assim desato.

Quem dera se pudesse, enfim morrer,
Beber dos campos verdes da ilusão,
Singrar os mares calmos e poder
Saber que inda me resta a salvação.

Mas nada do que toco inda reluz
Espalho o pessimismo aonde vou,
Olhar que se traduz em pena e cruz
Do quanto que imagino, nada sou.

Restando tão somente este vazio,
O limbo inexpressivo, eu já recrio...


1181


O limbo inexpressivo, eu já recrio
Não deixo nem pegadas no caminho.
A sensação do vago, eterno frio,
Apenas na saudade inda me aninho.

Rastejo pela vida, simplesmente,
Um verme que na inércia se alimenta,
Sem Éden, Eldorado que se invente
A vida vai monótona e tão lenta.

Nas cinzas dos cigarros eu me vejo
O pouco que sobrou de algum prazer,
Meu fim em agonia neste ensejo
É o que me resta agora pra dizer.

Colecionando os erros e os fracassos
Titubeante, eu tento novos passos...


1182


Titubeante, eu tento novos passos
E perco o que tentara ser um norte,
Às vezes inda busco em outros braços
Algo que represente algum suporte.

Mas nada do que invisto traz retorno,
Expondo nestes versos o que eu sou
O vento da alegria num contorno
Aqui jamais um dia, ele voltou.

Num sôfrego lamento, me esvaindo,
Estendo o meu olhar sobre o horizonte,
E mesmo que este céu se mostre lindo,
Há tempos da esperança, seca a fonte.

Atravessando em sonhos universos
Os raios que me tocam, vão dispersos...


1183




Os raios que me tocam, vão dispersos
Constelações vagando noite afora.
Quem dera se eu pudesse com meus versos
Trazer-te junto a mim, aqui e agora...

Saudade te procura e nada vendo,
Mergulha em solidão e a noite passa
Apenas no vazio se envolvendo
Erguendo esta cortina de fumaça...

Amor que foi talvez um talismã
Perdido nos volteios desta vida,
Sem rodeios, aguardo esta manhã
Em que tu venhas, mesmo distraída

Trazendo o que levou: felicidade,
Matando o que restou desta saudade.

1184


Matando o que restou desta saudade.
Teus lábios poderiam, num retorno
Trazer o que pensei ser claridade
E um se perdeu num sol tão morno.

Adorno os pensamentos com teus olhos
E neles refletindo o meu olhar,
Secando no canteiro urze e abrolhos
Fazendo uma esperança, enfim raiar.

Mas tocas minha pele e logo vais
Apenas uma sombra aqui comigo
Relembra o quanto eu te amo e quero mais
Do que somente um vento em desabrigo.

Mesquinho sentimento, possessão,
Do amor e da loucura, tradução...


1185


Do amor e da loucura, tradução
O tempo de sonhar que não se esgota.
Entregue aos desalinhos da paixão,
O sofrimento chega além da cota.

Recordo cada dia que eu vivi
Em meio a fantasias e desejos.
Olhando este vazio, volto a ti
Realce se fazendo em mil lampejos...

Um ébrio que caminha pelas ruas
Bebendo desta lua cada raio,
Enquanto que, distaste, continuas,
Sem ter qualquer apoio, sempre caio

Mas volto e nada vendo, ainda ponho
O sentimento imerso em cada sonho...

1186


O sentimento imerso em cada sonho
Fomenta os pesadelos mais temíveis,
Certeza de outro dia tão medonho,
Estende sobre a luz, trevas terríveis.

Dedilho esta viola sertaneja
E nela alçando eterna liberdade
Restando a lua imensa, alma deseja
Ao menos um vestígio em claridade.

Diversas tempestades, temporais,
Resumo do que um dia foi remanso
Memória de momentos sensuais
Olhar nesta ilusão, farto, eu descanso.

Partícipe dos gozos, mesmo falsos,
Encontro invés de sonhos, cadafalsos...


1187


Encontro invés de sonhos, cadafalsos,
Penumbra que invadiu o claro dia.
Os pés de uma esperança vão descalços
Tentando ao fim de tudo, a fantasia.

Amor além do amor, qual fanatismo
Não deixa que se pense. Eu te idolatro,
Distante do que tive em otimismo,
Penetro tão somente em sonhos, o atro.

Desato o que inda fora uma ilusão
Correndo qualquer risco, sigo em frente.
Aberto e sem juízo, o coração,
Carrega suas cruzes, penitente.

Metade do que sou; ao te perder,
Jogada na sarjeta, eu posso ver...


1188


Jogada na sarjeta, eu posso ver,
Minha alma que se fez esperançosa.
Morrendo pouco a pouco me faz crer
Que espinho se entranhou matando a rosa.

Agonizando, tento algum remédio
E nada que encontrei promete a cura.
O tempo se passando, o mesmo tédio
Espalha em minha vida, esta amargura.

No cálice em cristal da fantasia
Eu tanto que bebi, mas nada veio
Senão esta expressão feita agonia
Deixando por legado, algum receio.

Carrego os meus fantasmas sem ter dó
Carreto da esperança segue só...


1189


Carreto da esperança segue só
Atravessando serras e montanhas,
Pegadas se perdendo em tanto pó,
Aguarda por diversas, belas sanhas.

Porém o que carrega como frete,
Tristezas, dores, mágoas, solidão,
Nas indas e nas vindas se repete
Um estribilho amargo, um mau refrão.

Quem sabe, logo após alguma curva
Encontre finalmente o seu descanso,
Porém ao enfrentar tempesta e chuva
Pressinto que esta foz feita em remanso

Esteja noutro tempo, em nova vida,
A carga da esperança, apodrecida...


1190


A carga da esperança, apodrecida
Pesando em minhas costas feito cruz,
O quanto recebi em despedida
Impede que se veja alguma luz.

Assaz impertinente uma ilusão
Nos olhos da morena ainda cisma
E mesmo que se faça em negação
As cores distorcendo a luz em prisma

Após esta viagem pelos sonhos,
Talvez ainda reste uma alegria,
Dos dias e caminhos tão medonhos,
Um novo amanhecer, eu sinto, cria,

Bafejando esperança, amor, desejo,
E nele toda a glória que eu almejo.
Publicado em: 05/03/2008 19:21:04
Última alteração:22/10/2008 15:20:37


EU TE AMO!! coroa de sonetos 86
1191


Da vida feita em paz, sem empecilho,
Eu quero e nem discuto, sempre mais
Os rumos da esperança quando eu trilho,
Esboçam sonhos raros, magistrais.

Enquanto muitas vezes o andarilho
Peito se desviando perde o cais
Felicidade estende o mago brilho
Que trama em maravilhas divinais.

Assim, posso dizer do amor que trago,
Reflexo em placidez de um manso lago
Nas mãos de uma mulher enamorada,

Não tendo nem sequer alguma queixa
Saudade, devagar, partindo deixa
Uma emoção sem par, glorificada...


1192


Uma emoção sem par, glorificada
Traduz tudo o que sinto; amor, agora.
Minha alma tantas vezes é tomada
Por sentimento imenso que assenhora

De todo o meu caminho, minha estrada,
Deixando bem distante e já sem hora
A lua que traria iluminada
O rumo, maltratando esta senhora

Que traz a claridade para a terra,
E a paz insofismável que descerra
Permite que se veja em claridade

O quanto a nossa vida se fez festa.
Apenas declarar, então me resta,
Em ti eu encontrei tranqüilidade:



1193

Em ti eu encontrei tranqüilidade
Deixando para trás o desencanto
Quem traz a dor cruel de uma saudade,
Distante de quem ama, sofre tanto,

Buscando achar talvez a liberdade,
Encontra este grilhão em cada canto.
A noite mostra em nebulosidade
Escuridão e treva como manto.

Fazendo de meu canto uma arma nobre,
Procuro retirar o que recobre
E impede que se veja de repente

A vida como deve e, sei, vai ser.
Sentindo em ti, deveras, meu prazer
Eu me entrego completa e simplesmente.


1194

Eu me entrego completa e simplesmente.
Num ato de perfeita lucidez
Meus olhos desta noite opalescente,
Certezas de um momento em limpidez,

Vencendo a tempestade, na corrente,
De toda uma esperança que se fez,
Trazendo com certeza mais contente,
Um sonho em que mergulho cada vez

Que a vida me propondo um novo obstáculo,
Encontro na amizade o meu tentáculo
Mostrando ser possível caminhar

Amor quando se faz em braço amigo,
Vencendo uma barreira, sem perigo,
Permite que se possa, enfim, sonhar...




1195

Permite que se possa, enfim, sonhar
Deixando para trás falsa ilusão
Com força sem igual, para lutar,
Contra estas intempéries, solidão,

Alando meus caminhos ao luar,
Voando na perfeita sensação
De ter tanta alegria a desfrutar
Quem sabe nisto eu veja a solução

Marcando cada passo com firmeza,
Nadando contra a dura correnteza.
Sabendo quais as pedras que se evite

Amor em plenitude, nosso amparo,
Um sentimento vivo, embora raro,
Recebe a luz que em glórias ele emite.


1196



Recebe a luz que em glórias ele emite
O sol que se faz pleno em aliança
Assim, um homem livre se permite
Seguir sem ter temores sua andança.

Lutando pelo bem em que acredite,
Usando do poder de uma esperança,
Não crê mais em fronteiras nem limite,
E a vida segue sempre calma e mansa

Pois sabe conhecer a liberdade
Ungida no poder desta amizade...
Seguindo, olhos abertos, o seu norte.

Percebe quanto vale um calmo abrigo
Nos braços mais sinceros de um amigo
Trazendo para a vida este suporte...


1197


Trazendo para a vida este suporte,
A dor em alegria se vertendo,
O vento da amizade, eu sei, é forte
E deixa que se sinta, assim, prevendo

Um novo amanhecer em novo norte
E toda uma emoção já vai contendo,
Mudando num momento a nossa sorte,
Distante de um caminho outrora horrendo

Em meio à solidão, dor mais extrema
Transforma em poesia um duro lema.
Transtorna totalmente a nossa vida.

Mas tendo um companheiro do meu lado,
O dia nascerá iluminado,
Reflexos desta luz já recebida.


1198

Reflexos desta luz já recebida.
Compondo a vida em paz, tranqüilidade
Sentindo a doce brisa prometida,
Em santa calmaria, uma amizade,

Não dando ao sofrimento uma guarida,
Permite que se tenha claridade,
Estrada solitária é tão comprida,
Caminho solidário é liberdade.

As forças que somadas, abrem frestas,
Permitem no final; sinceras festas
Na dança que em bonança, assim bendigo.

O mundo vai girando em carrossel,
Às vezes tanta treva, escuro véu,
Amigo reconhece o joio e o trigo...



1199
Amigo reconhece o joio e o trigo
E sabe num momento porque vim,
Meu verso enaltecendo o ser amigo,
Fomenta uma emoção que não tem fim.

Na proteção divina, este perigo
Afasta e vai distante já de mim,
Um homem que procura por abrigo,
Encontra na amizade o bom jardim,

Canteiro de esperanças bem plantado,
Caminho com destreza iluminado
Nas mãos de um Deus gentil se fez seu traço

O quanto tantas vezes fui sozinho,
Agora nos teus passos eu me aninho
Sabendo da amizade, o firme laço.

1200


Sabendo da amizade, o firme laço
Do quanto uma alma amiga é tão amada
Sinto o teu apoio a cada passo,
Não temo mais as curvas desta estrada,

Andança prometida agora eu faço,
Com força sem temer mais quase nada,
A voz soltando livre pelo espaço,
A noite a me levar, vai estrelada,

Numa amizade vejo a luz da lua,
E o passo rumo ao norte continua.
Buscando cada estrela em que prossiga

Na mansa caminhada em alegria
Do quanto na amizade amor se fia
Estende sobre nós eterna liga.


1201

Estende sobre nós eterna liga
Os raios mais incríveis de mil luas,
Estrelas esparramas, minha amiga,
Os rastros que tu deixas pelas ruas,

Permitem que nas trevas eu consiga,
Saber que em verdade sempre atuas
Teu colo, uma ternura que me abriga,
Demonstra aonde em sonhos continuas

Brilhando em cada passo, bendizendo
Caminho onde persisto percorrendo
Com sentimentos raros, belos, puros,

Assim sem mais temores, sigo em frente
Vivendo em doce afeto, felizmente,
Bem longe dos enganos, sem apuros.




1202

Bem longe dos enganos, sem apuros
Momentos tão felizes, derrotados...
Distante dos meus olhos, altos muros
Por sobre este concreto edificados,

Meus dias se passando tão escuros,
Na dor da solidão, já vão marcados,
Os solos da esperança são bem duros,
Não servem para ser mais semeados,

Não posso recolher as belas flores,
Deixando para trás sonhos, pendores.
Durante tantos anos, iludido.

O quanto que pensara ser feliz,
Uma esperança tola contradiz
Agora, em solidão, sigo vencido.


1203


Agora, em solidão, sigo vencido.
A morte redentora, chegará.
Vivendo em desenganos, vou partido,
Somente uma alegria poderá

Voltar a novamente dar sentido
A vida que decerto perco já,
Meu canto vai seguindo desvalido,
Não sei se novamente brilhará

A estrela de meus sonhos, fantasia,
Ninguém, somente a dor hoje me guia
Vazio decorando cada noite.

O quanto procurara uma alegria,
Apenas, tão somente fantasia
Aumenta o sofrimento no pernoite.


1204

Aumenta o sofrimento no pernoite
O vento da saudade tão doída,
Sentindo o frio imenso desta noite,
Percebo que não tenho outra saída,

Saudade me invadindo em seu açoite
Cortando as minhas carnes, despedida.
Quem sabe uma emoção inda me acoite
E mostre que esta paz não vai perdida,

Assim eu poderei cantar mais leve
E o mundo sorrirá, quem sabe, em breve.
Um canto em esperança eu engatilho.

Quem sabe no final de minha história
Ainda possa ter brilhos, em glória,
Da vida feita em paz, sem empecilho.
Publicado em: 05/03/2008 19:21:07
Última alteração:22/10/2008 15:20:41


EU TE AMO!! coroa de sonetos 87
1205



Vasculho pela casa e quando vejo
Desfilando a beleza seminua
Aumenta com certeza o meu desejo
E a alma incandescida já flutua.

Bebendo da vontade, neste ensejo
O coração delira e toca a lua,
Ao mesmo tempo eu vejo num lampejo
A rainha da noite dourando a rua.

Do quanto que eu te quero e não me farto
Reflexos deste brilho no meu quarto
Trazendo em plena noite, intenso dia.

Assim quando pressinto esta presença
A lua se tornando cheia, imensa,
Espalha sobre nós sua magia...




1206


Espalha sobre nós sua magia
A mão que gera luz, tranqüilidade
Muitas vezes, calado eu não sabia
De um novo amanhecer em claridade,

Forrando o duro chão com poesia,
Mostrando ser possível liberdade,
Fartando meu caminho em alegria,
Fomentos que conheço na amizade,

Sentimento profundo e redentor,
Estrada para a paz e o puro amor.
No qual o meu caminho agora eu teço.

Acolhe nos seus braços o eremita
Que outrora se perdera em noite aflita,
Sabendo que encontrou seu recomeço.


1207

Sabendo que encontrou seu recomeço
Uma alma, ser feliz, decerto almeja
Assim, querida amiga eu agradeço,
Tua palavra amada e benfazeja,

Amparo para a queda, e pro tropeço,
A mão que me sustenta e que me beija,
Além do que bem sei, sequer mereço,
Permite que outra senda inda preveja

Depois da tempestade, esta bonança
Já faz brotar em mim, toda esperança...
Mudando o meu destino, num repente.

Enquanto houver o brilho da amizade,
Eu posso te dizer: felicidade
Não é uma palavra simplesmente.



1208

Não é uma palavra simplesmente,
Enfrenta a dura sina caprichosa,
Sentimento que toca toda gente
Tornando a vida bem mais gloriosa,

Sem jogos, por si própria faz contente
Quem tantas vezes soube desairosa
A sorte mais cruel e penitente,
Encontra na amizade mais piedosa

Certeza de um momento deslumbrante,
Que deixa a nossa vida ir adiante
Vencendo qualquer urze de mansinho.

Exalando o perfume mais sublime,
Apascentando alguém que tanto estime,
Maturando com festa, o doce vinho.



1209

Maturando com festa, o doce vinho
Amiga, em teu carinho, tu me encantas
Vencendo as intempéries do caminho,
As pedras, os espinhos, urzes tantas,

Quem segue pela vida e vai sozinho,
Não sabe destas mãos sublimes, santas
Que aquecem com certezas e carinho
Cobrindo em duro frio, quentes mantas,

Agasalhando a quem se quer tão bem,
Em noite solitária, amiga vem.
Há tempos que esta paz nós conhecemos.

Por vezes, solidão se faz presente,
Porém quando tu vens tranqüilamente,
O dia; em alegria recebemos...


1210


O dia; em alegria recebemos
Numa esperança de óculos, de lentes
Somando nossas forças combatemos
Os males que se mostram renitentes,

Unindo nossos braços, mesmos remos,
Atravessamos mares permanentes,
Sabendo do poder que agora temos,
Seguimos pela vida mais contentes.

Na força tão sagrada da amizade,
Lavrada com total fidelidade.
Adentra em calmaria quaisquer cais.

Marcando a nossa vida em tal compasso,
Os restos de tristeza; eu logo amasso,
Traçando tão somente um mundo em paz.


1211


Traçando tão somente um mundo em paz
Felicidade insiste em nova dança.
Amigos reconhecem que jamais
Nós devemos trair a confiança

O barco desta forma, perde o cais,
Quebrando o laço feito em aliança.
Quem age desta forma é incapaz
De ter uma amizade em que se alcança

A total plenitude desejada,
Fazendo da alma outrora desbotada
Um manto tão bonito de se ver.

Cenário que demonstra ser possível,
De um mundo tanta vez imprevisível
A fonte inesgotável do querer



1212


A fonte inesgotável do querer
Decerto eu encontrei querida, aqui,
Por isso é necessário te dizer
Do quanto sou feliz por ter em ti,

Além de uma certeza de prazer,
Carinho que tão logo eu conheci,
Querida amiga, pude me render
Depois de tantas dores que eu sofri.

Toda a pureza imensa em que prediz,
Um dia alvissareiro e mais feliz
Distante do que outrora me diziam

As noites em angústia percebidas,
Trazendo tanto alento às nossas vidas,
Que as luzes da amizade propiciam.



1213

Que as luzes da amizade propiciam
Felicidade? Há tempos eu sabia
Meus olhos num instante percorriam
Os campos onde amor se esmorecia.

Em outros sentimentos já se viam,
O brilho redentor de um novo dia,
Sabendo das estrelas que luziam,
Eu resolvi cantar santa alegria

Que faz de uma amizade, puro encanto,
Motivo bem mais forte para o canto
Tocando com certeza esta emoção.

A sorte de poder estar contigo
Usufruindo sempre deste abrigo,
Permite que se creia em salvação.



1214

Permite que se creia em salvação.
Palavra em carinho anunciada
Nas vozes mais alegres, coração,
A melodia faz-se delicada,

Quem sabe da amizade sem senão,
Percebe a vida enfim, iluminada,
No braço de uma amiga a redenção,
Mostrando no final a bela estrada

Aonde vagaremos passo a passo,
Sem medo da discórdia ou do cansaço
Trazendo um bem além do imaginável.

Percorro em meus versos, paraísos
Sentidos e palavras mais precisos
Tornando o meu caminho agora, afável...

1215

Tornando o meu caminho agora, afável
Eu vejo nos teus olhos, a magia.
Falando deste bem inesgotável,
Que é fonte mais segura de alegria,

Formada em água pura e mais potável,
Fomento em segurança que me guia
A cada novo dia demonstrável,
Trazendo a fortaleza que eu queria.

Somando nossas forças, ninguém vence
E da felicidade nos convence
As frutas que se dão nestes pomares.

Amargura perdendo o seu espaço,
A sorte que se quis abre o compasso
Fazendo na amizade, os seus altares...






1216

Fazendo na amizade, os seus altares
Eu vejo a perfeição do deus amor
Sentindo esta fragrância pelos ares,
Perfume de um jardim repleto em flor,

Alçando mais liberto por lugares
Distintos onde eu possa recompor
Meus dias que já foram mais vulgares
Agora na amizade a se propor,

Percebo que terei completamente,
Comigo cada passo, mais contente
Calando uma tristeza amarga, antiga,

Deixando em seu lugar uma esperança
Demonstração sublime da aliança
Fazendo com que o luta, mansa siga.




1217

Fazendo com que o luta, mansa siga
A sorte se espalhando por inteira
Alvíssaras, encontro em ti, amiga,
Tu és a sorte feita lisonjeira,

Permita que pra sempre assim prossiga,
Numa amizade imensa, esta bandeira,
Nem mesmo a morte quebra a forte viga
De uma amizade eterna e verdadeira.

Sabendo que tu vens sempre comigo,
Eu sou, com muito orgulho: teu amigo!
E disso tenho toda consciência

Do quanto é necessária esta alquimia
Que traz a quem procura uma alegria
Bastando apenas ter plena ciência...



1218

Bastando apenas ter plena ciência...
Do quanto em amizade a paz se alcança
A vida me trazendo em providência
O braço que denota segurança,

Mostrando pra quem sofre tal clemência
Uma alegria imensa em confiança,
Embora tantas vezes a prudência
Impede que outro sonho trague a lança

Cruel da solidão que sem cuidado,
Permite que a tristeza surja ao lado
Porém em amizade algum lampejo

Clarão que nos permite um raro sonho,
À caça dessa luz, sempre me ponho:
Vasculho pela casa; quando vejo.
Publicado em: 05/03/2008 16:47:42
Última alteração:22/10/2008 15:19:15



EU TE AMO!! coroa de sonetos 89
1233


Acende logo a chama do desejo,
Carinho que explicita o que sentimos.
Deixando para lá temor e pejo
O quanto; em maravilha, descobrimos..

Em doses cavalares, prenuncio
A cura para os males. Desde então,
Fazendo tanto amor, horas a fio,
Encontro a procurada solução.

É claro que talvez a manhã nasça
E trague em novo rumo, outra promessa,
Porém ao traduzir em luz e graça
Amor não pregará nenhuma peça.

Porém enquanto a luz, farta brilhar,
Vem logo nesta andança ser meu par...

1234


Vem logo nesta andança ser meu par
Bebendo em fonte límpida do amor.
Nas noites delicadas de luar
Contigo eu posso ver tanto esplendor

A lua emoldurada é mensageira
Do artista genial que nos criou.
Outrora bem querer guardado em eira
Longínqua, mas amor tudo mudou.

De todos os mistérios e cabalas,
Paixão é com certeza o mais complexo.
Adentra em turbilhão, quartos e salas,
Na tempestade insana feita em sexo.

Depois; o tempo passa, a chama apaga.
Restando no meu peito, o frio, a chaga...

1235

Restando no meu peito, o frio, a chaga
Florindo no jardim, as violetas
Do trigo que plantei não sobrou baga
As horas em saudade, prediletas...

Permitem que inda beba deste gozo
Que um dia se mostrara inabalável.
O gosto de teu beijo tão mimoso
Persiste a cada sonho inigualável.

Quem dera se pudesse, novamente
Saber de teus carinhos e desejos.
Porém, por mais que na verdade ainda tente
Apenas restam medos tão sobejos.

Sabendo que jamais retornarás,
Saudade, tão somente, a noite traz...


1236


Saudade, tão somente, a noite traz,
Lâmpada da esperança segue acesa,
Embora tanta vez, ausente a paz,
No lusco fusco apenas a tristeza.

O quarto sempre, assim, ledo deserto,
Apenas o que resta, o meu sonhar
O chão que agora piso, tão incerto,
Ondas das emoções, areia e mar.

Pensando que inda houvesse sol e dia,
Pensamento tão distante. Pressenti
Que ainda novamente poderia
Viver o que em verdade não vivi.

Enredo que se fez em negação
Vagando no meu quarto uma ilusão...

1237


Vagando no meu quarto uma ilusão
Entre a sombra temível, frágil luz
Causada por talvez, desatenção
A um Eldorado falso me conduz.

Quem sabe, neste quarto tão silente,
Algum ruído estranho tenha ouvido.
Uma esperança alada, de repente,
Resquício preservado de um olvido.

O vento bate à porta, penso ser
Aquela que partiu pra nunca mais.
Ilusão... Porém, louco passo a crer
Que ainda adentrará pelos umbrais

Qual anjo em asas claras, a alegria.
Cismando a noite inteira. É fantasia...

1238



Cismando a noite inteira. É fantasia
Apenas o que bate na janela;
Subindo pela antiga escadaria
A sombra num momento me revela.

Despido de esperança, corpo e alma,
Em pedaços, deitado sobre a cama,
É necessário, eu sei, manter a calma,
Apenas solidão, temível chama

Resiste e não me deixa, persistente.
Paisagem desbotada adentra a cena,
Por mais que uma ilusão ainda tente,
Somente este vazio, ainda acena.

Meus passos se tornando bem mais lassos,
O nada agora ocupa estes espaços...

1239


O nada agora ocupa estes espaços.
De súbito uma esperança ainda bate
E traz em ilusão, magistrais laços.
Estrelas vão surgindo em toda parte.

Porém apenas vácuo. O fútil oco
Domina este cenário, e ao redor
O que sobrou de tudo, muito pouco
Prevejo a solidão inda maior.

Quem dera se pudesse ter um cais
Aonde desterrar minha tristeza,
Mas nada do que a vida inda me traz
Permite vislumbrar banquete e mesa.

Acesa a derradeira lamparina,
Entorpecido sonho me alucina...

1240


Entorpecido sonho me alucina,
Em perca paulatina, desatino.
Destino pouco a pouco, vai e mina,
Tornando o sentimento, um peregrino.

Meu barco abandonado num naufrágio
Há tempos desenhado em profecia.
Embora nunca cresse num pressagio
O tempo desfilou farta agonia.

O corpo se entregando sem vontade,
As cracas destruindo a sua quilha,
Retorna volta e meia na saudade,
Que vaga, em noite imensa, tanto trilha.

Sem força pra vencer os temporais,
Perdido, sem ver porto, esquece o cais...

1241


Perdido, sem ver porto, esquece o cais,
Em turbilhão procelas e tempestas.
Distante de horizontes magistrais,
As horas são temíveis e funestas.

A morte vem chegando e desde cedo
Amarguradamente já se atreve.
Felicidade? Apenas arremedo,
Quem dera se a agonia fosse breve...

Assim, após o leite derramado,
Sabendo que este cais não alcançou
O barco há tanto tempo naufragado,
Aos devaneios; tolo, se entregou.

Restando tão somente o rumo incerto,
No oceano interminável, mar aberto...

1242


No oceano interminável, mar aberto,
Por milhas; tantas milhas naveguei.
Insana maravilha de um deserto
Que dentro do meu peito, já salguei.

Farto desassossego é o que se espera
De quem sempre viveu quase dormindo
E pressentindo o fim da primavera
Pressente que o frio inverno já vem vindo.

Decerto que por perto inda terei,
Alguma fantasia, nova aventura,
Porém no exílio, eu vejo quem foi rei.
Caminho interminável, amargura.

Embora tão exausto não descansa,
Teimosamente entregue à esperança...

1243


Teimosamente entregue à esperança
Percorre por sublimes alamedas,
Olhar que em fantasia não alcança
Belezas em cetins, rendas e sedas.

Deitado sob a prata de um luar,
Relembra de um passado tão distante.
A flauta da ilusão já faz sonhar
A lira de um poeta delirante.

Ouvindo a sinfonia em paz noturna,
Crivando os seus ouvidos e sentidos,
Por mais que a solidão seja soturna,
Delírios deslumbrantes em ruídos

Permitem um sorriso que infantil,
Renova esse semblante já senil...

1244



Renova esse semblante já senil
Alguma sensação de poder ter
Ainda o teu frescor que juvenil
Não deixa o coração envelhecer.

Perdura então, assim, a mocidade
Que mesmo sendo falsa me alivia.
U’a réstia de alegria agora invade,
Embora eu mesmo saiba: é fantasia.

Eterna juventude propalada
Por mitos entre fontes e desejos.
A face pelas rugas já sulcada
Incrível que pareça, trai os pejos.

Por mais que seja só um sonho inerte,
Um riso nos meus lábios, calmo, verte...

1245

Um riso nos meus lábios, calmo, verte;
Trazendo para a vida algum proveito.
Vontade de poder sempre rever-te,
Deitando este prazer sobre o meu leito.

A vida fora inútil, com certeza,
Aflora em meu jardim a derradeira
Rosa que ao estampar tanta beleza
Expressa uma esperança, verdadeira.

Tuas mãos já sabem dos segredos,
Conhece destes cofres, sanha e senha,
Arrasta para longe velhos medos,
E em mata deslumbrante amor embrenha.

Castelos que criei, todos de areia,
Jamais resistirão à maré cheia...

1246


Jamais resistirão à maré cheia
Amores construídos sobre o nada.
Ao mesmo tempo a brasa que incendeia
Expressa a solidão anunciada.

Os dias que virão sombrios, frios,
Não deixam qualquer dúvida: acabou.
Da frota desmembrados os navios
Apenas o deserto, o que restou.

Olhar vai se perdendo no Levante,
Buscando algum resquício no oceano.
A sorte distraída e tão distante
Conclama num instante ao desengano.

Mas quando o teu sorriso, amada eu vejo,
Acende logo a chama do desejo.
Publicado em: 06/03/2008 09:37:34
Última alteração:22/10/2008 15:21:54



EU TE AMO!! coroa de sonetos 88
1219

Tua nudez divina e maviosa
Durante muito tempo foi meu mote
Preferido. O jardim perdeu a rosa
Desperdiçando o mel quebrei o pote

Pouco sobrou de toda esta delícia.
Na penumbra procuro o teu retrato.
Apenas solidão me traz carícia.
Decerto eu tenho culpa neste fato,

Mas tento disfarçar, dou um sorriso
Que sei se meio irônico, porém
É tudo que inda resta. Inda diviso
Com teu corpo desnudo. Nada tem.

Ilusão catastrófica decerto,
Que se faço se este peito cisma aberto?

1220

Que se faço se este peito cisma aberto
Depois de tudo aquilo que eu passei?
Resistência? Camelo num deserto!
A roupa que me cabe, eu não usei

Teimando pela vida, quero a sorte
Da morena desnuda que se foi.
Não digo que a saudade inda me corte
Embora ruminando como um boi.

Voltando aos velhos dias o que faço
Se aquilo não retrata mais quem sou?
Caricatura apenas, noutro traço
Eu mostro tão somente o que restou.

Nada do que fomos me interessa,
A vida nunca pára e vai depressa...


1221

A vida nunca pára e vai depressa
Não deixa às vezes rastro nem pegada.
Porém nem todo engano se confessa
Eu sei que noves fora; sobra nada.

Sem picuinhas sigo a correnteza,
Mascaro a minha dor completamente
Meu verso vai sem nexo ou beleza,
Importa é que se faça simplesmente.

A mente quando mente o peito sabe,
Tranquilamente eu beijo esta saudade.
Mas antes que o soneto assim acabe
Ainda vou buscar felicidade.

Se há de haver talvez nem sei mais quando
A boca escancarada, te esperando...

1222




A boca escancarada, te esperando
Repete a velha e eterna ladainha.
Não quero minha sorte se espalhando
Apenas que tu sejas sempre minha.

Não tendo ouro nem mirra, sobra a birra
De quem por teimosia não desiste,
Uma alma apaixonada tanto espirra
Que ao fim do expediente fica triste.

Nem tanto Maomé vai à montanha
Portanto desta sanha eu não padeço.
Partida que se joga estando ganha
Não vejo, eu te garanto, eu adormeço.

O gosto da batalha é que me excita,
O bom cordeiro, amigo, é o que grita!

1223

O bom cordeiro, amigo, é o que grita
Fazendo tal alarde assusta o lobo,
Por mais que uma verdade é tão bonita
Não quero mais fazer papel de bobo.

Bebendo os teus orgasmos, acredito
Que eu possa merecer também cuidados,
Os olhos revirados no infinito,
Prazeres repartidos e bem dados.

Os dados que disponho me permitem
Falar de uma provável recompensa.
Mas mesmo que pudores delimitem
A noite será plena e tão intensa.

Não há quem vença mesmo a nossa luta?
Raposa fica quieta, sempre astuta...


1224


Raposa fica quieta, sempre astuta,
Mas faz revolução no galinheiro.
Tatu reconhecendo antiga gruta
Esquece do outro galo no poleiro.

Vem logo que cordeiro se disfarça
Uivando num completo desafino.
Tua delicadeza bela garça
Já faz um cidadão perder o tino.

Macaco reconhece se a cumbuca
Parece não ter nada ou nada tem.
A sorte se perdendo, está caduca
Procuro por carinho, vem ninguém.

Quem sabe noutro dia a moça venha.
Acendo, numa espreita, fogo e lenha...

1225

Acendo, numa espreita, fogo e lenha,
O frio vem sem freio e toma a casa.
Não tendo mais algema que detenha
A solidão esperta não se atrasa.

Quem dera se a fogueira se espalhasse
Tomando assim a casa e o quarteirão
O vento da esperança revoltasse
E a moça não seria uma ilusão.

Barganhas eu não faço, isso eu garanto,
Apenas eu preciso te dizer
Do quanto procurei o teu encanto
E nada no final eu pude ter.

Meu verso num avesso se compondo,
O que me salva é o mundo ser redondo...


1226

O que me salva é o mundo ser redondo
Vento que venta ali ventará cá.
Nas várias emoções amores sondo
Buscando o que deveras, negará

Verdade inquestionável e inexata
Mergulhos em mim mesmo? Naufraguei.
Escravo enamorado da chibata
Há tempos que tentei. Não escapei.

Escalpelando os sonhos, a pantera
Sorri em ironia inquestionável.
Ainda vou caçar a moça fera
Na volta que eu pressinto inevitável.

Macacos não me mordam nunca mais!
Necessito beber os temporais...

1227

Necessito beber os temporais
Embora eu não garanta a digestão,
Comendo este banquete eu quero mais,
Não vim aqui somente pelo pão.

Eu quero esta nudez que tu mostraste
Há tempos sob os olhos mais famintos.
Em mim bateu mais forte este desgaste
Causado por estúpidos helmintos

Mas nada que afetasse o maquinário.
Ainda funciona mais ou menos.
De ti, pelo que eu vejo em mostruário
Os traços continuam sendo plenos...

Acampo se preciso no quintal,
Aguardo este cortejo sem igual...


1228


Aguardo este cortejo sem igual
Da moça desfilando tal beleza
Aberta uma janela, magistral
Cena que se mostra com certeza.

Simples expectador deste cenário
O que fazer senão, imaginar.
A vida de surpresa e sem horário
Entorna sobre ti, claro luar.

Argêntea e brônzea tela inesquecível
Tingindo de esperanças o meu peito.
Inadiável sonho que impossível
Apenas em relâmpagos é feito.

Reflexos de um desejo em noite mansa,
Uma ilusão sublime então me alcança...


1229

Uma ilusão sublime então me alcança
Fotografia feita em noite clara,
A moça há tanto tempo já sem trança
Em perfeição divina se declara.

O quanto esta visagem me alucina
Permite que eu componha algum repente
Sabendo desta fonte, quero a mina,
Embora nada chegue, simplesmente.

Eu sei que não se dá pra qualquer um,
Nem mesmo tive um dia esta ilusão.
Porém tua nudez merece um zoom
Causando no meu sonho um furacão.

O vento bate a porta, fecha o cerco,
Na tela em fantasia eu já me perco...


1230

Na tela em fantasia eu já me perco
E vejo que se espalham mil estrelas
Amor que em alegria tem esterco
Já sabe como ousar, vence as procelas.

Quem dera se eu pudesse novamente
Conter em minhas mãos corpo moreno
Que mágico me leva plenamente
A um mundo mais audaz e mesmo obsceno.

Celeiro de desejos em delírios
Descerra em alegria, fartos gozos.
Deixando para trás velhos martírios,
Promete novos dias , maviosos.

Assim, ao desfrutar tanta beleza,
A vida vai se dando em correnteza...

1231

A vida vai se dando em correnteza
A quem não titubeia e quer bem mais.
Não tendo mais sequer qualquer surpresa
Meu barco vai à busca deste cais.

Ourives da esperança, o coração,
Não deixa de tentar felicidade.
Durante tanto tempo andara em vão
Agora já vislumbra em liberdade

O sonho de poder se abrir ao vento
Sem mágoas e temores no caminho.
Tocado pelo imenso sentimento,
Do amor puro e sincero eu me avizinho.

No quanto sou teu par e tu és minha,
A gente lado a lado, assim, caminha...


1232


A gente lado a lado, assim, caminha,
Se bem que na verdade, eu sei flutua.
Do quanto que em desejo se continha
Eu posso te ver bela insana e nua.

Num misto de alegria e de torpor,
Ao ver a maravilha deste templo,
O coração de um pobre sonhador,
Procura e não encontra algum exemplo

Aonde possa ver um verso exato
Que seja tão perfeito que não tenha
Mais dúvidas. Comendo neste prato
A sobremesa rara; esqueço a senha

Tomando toda a cena, fabulosa,
Tua nudez divina e maviosa.
Publicado em: 05/03/2008 18:32:59
Última alteração:22/10/2008 15:20:02


EU TE AMO!! coroa de sonetos 90
1247

E o jogo recomeça em transparências,
A porta se fechando pra tormenta,
Nesta penumbra brilham florescências
Minha alma de teu corpo se alimenta.

Tomados por insânias e torpor
Revoltoso mar adentra o quarto,
Expondo depois disso no langor
Quebrantado, feliz, exausto e farto.

Problemas que enfrentei não vêm ao caso,
Apenas desfrutar deste direito
Antes que venha e chegue o duro ocaso,
Eu posso assim dizer que satisfeito

Vivi tudo o que eu tinha que viver,
Sabendo desfrutar cada prazer...


1246


Sabendo desfrutar cada prazer
Singrando sobre os medos, desenganos,
Aos poucos recomeço a perceber
Beleza desta nau sobre oceanos.

Ultrapassando o mar que sei imenso,
Desejos e vontade de existir
No amor que me ensandece, tanto penso
Que posso finalmente resistir.

Pois sei que nesta vaga que hoje vem,
Anunciando sempre a calmaria
Delícias e delírios; traz também
Aurora permitindo um claro dia.

Ouvindo entorpecido, sons de flauta,
A refeição servida é sempre lauta.


1247


A refeição servida é sempre lauta
Enquanto amor for regra, lei e norma,
Felicidade nunca sai da pauta
Um gozo interminável já se forma

Meu barco não espera capitão,
Apenas um teimoso timoneiro
Tomando desde sempre a direção,
Coração se mostrando por inteiro...

Os dias em carinho assinalados,
Superam qualquer treva desumana,
Os olhos nestes mares navegados
Permitem nova senda soberana;

Caminhos que distantes percorri,
Encontro o porto, agora. Está em ti...

1248

Encontro o porto, agora. Está em ti.
Deitando noites belas, gloriosas,
De tanto que pensara que perdi,
Manhãs vão renascendo caprichosas.

As rosas que plantei, brotando aqui,
Embora tantas vezes viciosas
Expressam todo amor que recebi
Em noites sem igual, tão valorosas.

Aos poucos da tristeza eu me liberto,
Encontro o teu carinho em toda parte,
Não tendo mais miragens, estou certo

Que o amor me conquistando em raro engenho
Mudando de bandeira e de estandarte
Expressa toda a luz que hoje eu contenho..

1249


Expressa toda a luz que hoje eu contenho
O canto mais sublime que se eleva
Distante do vazio de onde eu venho,
Negando a qualquer preço antiga treva

Nas tramas deste sonho eu já me embrenho,
Fazenda da esperança a minha ceva,
Jamais demonstrarei; de novo, o cenho
Entregue ao sentimento que me leva

Em passos sempre firmes, ao espaço
Libertário repleto de esperança.
A vida em tais fulgores segue, avança.

O quadro se permite em belo traço,
Deixando na distância uma amargura,
A solidão se faz caricatura...

1250


A solidão se faz caricatura,
A simples garatuja que se esquece,
O quanto me derramas de ternura
O peito enamorado te obedece.

A porta escancarada em noite clara
Permite que se encontre a rara lua,
Além do que pensara ou mais sonhara
A sorte em minha vida continua.

Contínuas emoções se revezando,
Num carrossel de gozo, alma se encanta,
Eternidade em paz se revelando,
Vontade se dourando em força tanta.

No corpo da mulher o ancoradouro
Nos lumes deste sonho, eu já me douro...

1251

Nos lumes deste sonho, eu já me douro
E tomo gole em gole o teu rocio.
Nossa explosão, manada que no estouro
Arrebenta as porteiras. Sonhos? Crio...

E deles bebo encantos, alquimias.
O sol que nos bronzeia nas manhãs
A lua que se deita em mãos vadias,
Prazeres, nossos loucos, bons afãs.

Resumos que buscamos em nós dois
Momentos de loucura, insana fúria
Na languidez divina do depois,
Persiste a maravilha da luxúria.

Lascívia nos domina e nos transtorna,
Orgástica emoção que assim se entorna...


1252

Orgástica emoção que assim se entorna
Tornando a nossa fonte incandescente.
Ateia fogo à noite; outrora morna,
A fome de prazer é sempre urgente.

No passo assim jamais cadenciado
A vida em vai e vem, redemoinho,
O dia que em delírio anunciado
Expõe a divindade do carinho.

Convulsas expressões de gozo e riso,
Fantástica explosão que nos domina,
Decerto quem conhece o paraíso
Não cansa de beber da insana mina

Vertendo sobre nós, farta delícia,
Na boca que sorri, santa malícia...

1253


Na boca que sorri, santa malícia
Expressão de pudica insensatez;
Sabendo deste sempre, nas primícias
Adivinhei sem medo do talvez.

A moça em timidez mal disfarçada
Chegando calmamente, se desnuda
Mostrando em provisão, ser abastada
Um pássaro que vi, em plena muda.

Agora em multicores, maravilha
E toma este cenário, sem perguntas.
Almas que se buscando encontram trilha
Aonde possam ir decerto, juntas.

No respiro ofegante sou corcel,
Viagem que fazemos rumo ao céu...

1254


Viagem que fazemos rumo ao céu,
Viajem sonhadores, pois, conosco.
Olhares desfilando sobre o véu
Das nuvens num profano e caro enrosco.

Encontro os meus pedaços no caminho,
Quebra cabeças monto neste instante.
Enquanto vou contigo e a ti me alinho
Percalços; ultrapasso, sigo avante.

Tolices são deixadas noutro plano.
Apenas emoção já no reveste
Do gozo que se espalha, então me ufano
Usando tua pele como veste.

Além do que eu sonhara, em ledo dia
Amor em fios de ouro, assim nos fia...

1255


Amor em fios de ouro, assim nos fia
E molda a maravilha em um momento.
Tomando de repente, o sentimento,
Espalha sobre nós farta alegria.

Permite que se tenha em novo dia
Além de um simples sonho, um alimento
Que trama com desejo e com magia,
A força inigualável deste vento.

A mais perfeita luz que num contraste
Expressa a maravilha em florescência
De toda esta emoção que me entornaste

Eu vejo o sol tramando um belo enredo
No amor que logo traz, clarividência
Prazer que nos consome desde cedo.

1256

Prazer que nos consome desde cedo
Entorna em nossa noite tal ternura
Que mesmo que ela venha, em treva, escura,
Seu brilho silencia e muda enredo.

Nos braços que em desejos eu me enredo
Descrédito trazendo pra amargura,
Encontro no teu corpo a luz que cura
Proteção contra os erros; cego o medo.

Mal me lembro daquele que em outra hora
Vivera tão somente solidão.
Ventura me tomando desde agora,

Deixando bem distante qualquer Parca,
O sonho em tuas mãos, amor abarca
Os gozos invadindo em procissão...


1257


Os gozos invadindo em procissão
Vestígios de castelos e princesas,
Reinados onde amor e tentação
Sentaram desfrutando insanas mesas.

Amor emoldurando a sensação
Além de simplesmente em incertezas
Divina e sensual transformação
Vencendo as mais temíveis fortalezas.

Não tente impor, querida, as tuas leis,
Amor não se permite qualquer trava,
Tampouco da ilusão te quero escrava

Falando das insânias dos poetas,
Nem mesmo imperadores, deuses, reis
Resistem ao Amor e suas setas.


1258

Resistem ao Amor e suas setas,
Apenas idiotas e imbecis.
Quem tem as alegrias como metas
Já sabe do que fala este aprendiz.

Em ritos tão comuns e consoantes,
Por toda a humanidade este estribilho.
Em plagas tão diversas e distantes
Amor vai desfilando o mesmo trilho.

Recebo como alento, esta presença
Um torvelinho belo de viver,
Pois nele se baseia qualquer crença
Não há quem possa a sanha subverter

Por mais que alguém procure, amor, negar,
O rio num momento; vê o mar...

1259

O rio num momento; vê o mar,
Na foz ao se entregar enfrenta o sal.
A força à qual se dá; descomunal,
Incrivelmente, faz-se navegar.

O quanto eu desejei e pude amar
Num rito tão fantástico, qual nau
Que adentra a fortaleza sem igual
Podendo calmamente desfrutar

De toda a maravilha assim exposta,
Nas águas e nas ondas do oceano.
Por mais que nas tempestas, desengano

A calmaria chega e por resposta,
Em mansa placidez se descortina
Sofreguidão que incita e me domina...


1260

Sofreguidão que incita e me domina
Não deixa mais pensar em outro rumo.
O quanto amor desejo, cedo assumo
Bebendo eternamente desta mina.

Morrer de amor, talvez a minha sina,
Querendo desta fruta todo o sumo,
Somente nos teus braços, eu me aprumo,
A mão que me comanda se declina

E toca o pensamento, não descansa.
Revivo cada sonho e na lembrança
Não vejo nem resquício de inclemências.

Um coração se faz em plenitude,
Trazendo novamente a juventude;
E o jogo recomeça em transparências.
Publicado em: 06/03/2008 12:00:47
Última alteração:22/10/2008 15:21:58


EU TE AMO!! coroa de sonetos 91
1261


Colhendo em minha cama, rara rosa
A divina expressão de formosura,
Àquela a que se busca e se procura
Rainha do jardim, maravilhosa,

Porém ao colibri, tão caprichosa
A rosa em seus perfumes me tortura,
Embora se mostrando sempre pura,
Decerto eu sei da flor tão vaidosa.

Deitando sob o sol do Amor, declaro
O quanto é necessário perceber,
Que a vida num segundo põe reparo

A seta desairosa de Cupido,
Embebida no mais raro prazer
Omite a direção, rouba o sentido...

1262

Omite a direção, rouba o sentido,
O Amor em sua força indescritível
Provoca em nossa vida tal desnível
Que ao final eu persisto combalido.

Dia após dia eu sigo distraído
Amor que torna um sonho sempre crível
Pois mesmo que se tenha um incabível
Destino; no amor sempre concebido.

Fecunda procissão de gozos tantos,
Entregue aos seus presságios sigo em frente.
Na eterna sensação de uma procura.

Vencido por Amor e seus encantos,
Na vida cada passo se pressente,
Tramando um doce sonho em amargura...

1263

Tramando um doce sonho em amargura,
Amor prepara o bote e nos domina,
Porquanto é necessária tal morfina,
Pressinto nesta dor, a minha cura.

O sonho em realidade se mistura
E torna a fantasia cristalina.
Enquanto na verdade desatina
Cravando em cicatriz a assinatura.

Arcando com meus erros, nada temo,
Sequer a força insana da paixão
Domínio sem limites do terror.

Sabendo controlar o barco e o remo,
Entrego-me à fatal navegação
Nos braços indiscretos de um amor...

1264


Nos braços indiscretos de um amor
Às vezes eu acerto o meu caminho,
Porém o desacerto faz seu ninho,
E toma todo o cais, estivador.

O peso que carrego em pranto e dor,
Enquanto na verdade em desalinho,
Nos colos de outros sonhos eu me alinho,
Resumos de um eterno sofredor.

Alvíssaras e augúrios tão diversos,
Prenúncio de um difícil caminhar.
Alvorecendo em névoas, solitário,

Estendo meu olhar por universos
Não tendo nem reflexo a contemplar,
Nos sonhos: pesadelos, medos vários...

1265

Nos sonhos: pesadelos, medos vários
Procelas em remansos tão antigos.
Os braços que se dão reais amigos
Vencendo desatinos temerários.

Embora tão distantes campanários
Mostrando em rebimbares, os abrigos
Na frágil proteção contra os perigos
Diversos. Posso crer; desnecessários

Se eu tenho do meu lado a companheira
Que traz em amizade o seu encanto,
Mudando o meu destino e me levando

À fortaleza nobre e verdadeira
Na qual posso prever suave manto
Nas mãos de uma amizade se mostrando...


1266


Nas mãos de uma amizade se mostrando
A força inusitada que protege,
A solidão; temível, frio herege
Na força de um carinho, se entregando.

O quanto é necessário andar em bando,
Aonde o bem comum sempre nos rege.
Caminho junto a ti, na mesma sege
Belezas noutras senhas vislumbrando.

Assim ao percebermos a ventura
Que sempre acompanhou uma amizade
Concebo a libertária previsão

De um dia, bem distante da amargura,
Alçar em voz comum, felicidade,
Traçada pelo amor. Pelo perdão...

1267


Traçada pelo amor; pelo perdão,
A trilha tão sublime que hoje sigo,
Vivendo a sensação do amor amigo
Que expressa com certeza esta união.

Vencendo em destemor, por provisão
Carrega no bornal o vinho e o trigo,
Contigo sempre tenho o que persigo,
Jamais enfrento a dor da negação.

Por mais que seja amarga a nossa andança,
Espinhos tão freqüentes; desconheço,
Seguindo peito aberto, em alma pura.

No bem que se produz a luz se alcança
Deixando para trás qualquer tropeço,
No campo de meus sonhos, farta alvura...

1268

No campo de meus sonhos, farta alvura
Espalhando belezas entre as sendas.
Amor vai prosseguindo sem emendas
Nos laços generosos da ternura.

Não tendo mais notícias de tortura
Espero que este amor; logo desvendas,
Permita se realize velhas lendas,
Tornando o nosso céu pleno em brandura.

Acuro meus sentidos, vou em frente
Não tendo o que temer, nada detém
O coração que é feito em tanta paz.

Por mais que uma tristeza ainda tente,
Sabendo que encontrei, enfim, alguém,
Somente uma bonança, a vida traz...


1269


Somente uma bonança, a vida traz
Depois dos temporais que se fizeram
Temíveis. Encontrando em sonho audaz
Palavras que meus medos detiveram

Numa expressão divina, concebendo
Um dia em claridade inesquecível,
Da sorte de viver, tanto bebendo
Mudando o meu destino desprezível.

Aqueço as minhas mãos em teu carinho,
Estendo o coração, sinto a lareira
Vislumbro embriaguez em farto vinho,
Sentindo esta emoção já costumeira.

Meu verso se entranhando em tua pele,
À eternidade em vida nos compele...


1270

À eternidade em vida nos compele
A plenitude feita em sentimento.
Sentindo o teu perfume em minha pele
O fogo da paixão queimando lento

O quanto eu te desejo se revele,
A cada novo sonho ou pensamento
Por mais que a noite fria venha e gele
Nos braços deste amor, gozos fomento.

Há tempos que eu tentara te falar
Do quanto é necessário ser feliz,
Adentro a fantasia e devagar,

No colo da mulher, fonte agradável,
Buscando recolher tudo o que eu quis
Navego no oceano imensurável.

1271



Navego no oceano imensurável
Dos sonhos que povoam minha noite.
Além do que pensara imaginável,
Vislumbro a calmaria no pernoite.

Janelas sempre abertas bebem ventos,
Trazendo em mansa brisa o nome dela.
Tocado por divinos sentimentos,
O quanto eu te desejo se revela

Em cada verso feito com carinho,
No toque de teus lábios sobre os meus,
A noite se passando, um burburinho
Chegando de mansinho, cala adeus.

O tempo de viver e de sonhar,
Tomando a minha vida, num vagar...

1272

Tomando a minha vida, num vagar,
Eu sinto esta presença divinal,
O quanto desejei poder te amar.
Delírio em fantasia sem igual.

Meus olhos percorrendo os infinitos
Vislumbra em cada estrela os olhos teus.
Encantos destes mantos tão bonitos
Mostrando que em verdade existe um Deus.

Tomado por matizes tão diversos,
Mosaico de emoções caleidoscópio,
Tocando por carícias, velhos versos,
Entregam ao poder do amor, meu ópio.

Ao léu; andara qual um giramundo
Coração sem cuidado, vagabundo...

1273


Coração sem cuidado, vagabundo,
De tanto que sofreu; tréguas já pede.
Mudando o seu caminho num segundo,
Às tramas da paixão, não se comede.

E tenta em desvario, um novo encanto,
Eterno adorador; vive em senzalas.
Ceifando a cada sonho um novo pranto,
A vida preparando as suas malas

Esquece que talvez ainda reste
Uma esperança após a ventania.
Quem teve no passado, a dor e a peste
Agora em ilusão sonha alforria.

Assim, vagando sempre sem destino,
O peito esfacelado, eu me alucino...

1274


O peito esfacelado, eu me alucino
E perco o rumo, sigo em noite imensa,
Diverso do meu sonho de menino,
Amor nunca me trouxe recompensa.

Na mão que com firmeza descortino
Um porto que se mostre em luz intensa,
O medo que me toma, repentino,
Prevê depois de tudo, a manhã tensa.

Mas tendo a fantasia por parceira,
Não deixo de lutar e de sonhar,
Embora a vida seja caprichosa.

Quem sabe no jardim que eu bem queria,
Ainda possa um dia me entregar,
Colhendo em minha cama, rara rosa.
Publicado em: 06/03/2008 15:27:50
Última alteração:22/10/2008 15:22:11



EU TE AMO!! coroa de sonetos 92
1275


Alçando ao infinito em fluorescências
Qual fora um fogo fátuo, uma esperança
Buscando da alegria providências,
Deveras persistente, não alcança.

Dos ais colecionados, luta e guerra,
Encontra os mais cruéis desfiladeiros.
O pensamento algoz cedo descerra
A seca que se deu neste ribeiro.

O mar que ensandecido não sossega,
Fazendo intempestiva, a natureza.
Uma alma desfilando quase cega
Impede que vislumbre-se beleza.

Distante da alegria se aborrece,
Nas mãos da solidão já se oferece...

1276


Nas mãos da solidão já se oferece
O sonho concebido em desencanto.
Ausência de ilusões nos entontece
Deixando em rastro amargo, farto espanto.

A mão que nos impele para cima,
A mesma que nos tomba e leva ao chão.
Calando o que seria alguma estima,
Percebo tão somente ingratidão.

Amar, um sentimento, sempre nobre,
Mas quando este vazio assim nos toma,
Saudade num instante nos descobre,
Causando este torpor, temível coma.

Na soma do que fomos; nada resta,
Tristeza sem limite nos empesta.

1277

Tristeza sem limite nos empesta
Trazendo este presságio tão funéreo,
Olhar que em fantasias já se empresta
Procura algum sinal, mesmo que etéreo.

Transborda numa enchente colossal,
Invade as mansas margens deste rio.
O pesadelo torna-se abissal,
Porém uma esperança eu fantasio.

A cova preparada como um porto,
Aguarda tão somente o ledo fim.
Aos dias mais felizes me reporto,
Mas sinto a seca imensa em meu jardim.

Desilusão se entorna em minha vida,
A morte prenuncia-se a saída.

1278


A morte prenuncia-se a saída,
Um derradeiro encanto para quem
Sonhando com a paz, em despedida
Encontra novamente este ninguém.

Quem sabe tantas vezes não duvida
Do quanto uma esperança sempre tem
De luz amenizando a dor da vida
Que inevitavelmente sempre vem.

Trazendo esta agonia como parte
Do todo que se esvai e só protela,
Procuro o teu retrato em cada tela

Desejo num vazio se reparte
Restando como fora um sacrilégio,
Sarcástico delírio, em privilégio.

1279

Sarcástico delírio, em privilégio,
Herança de amor que formidável
Tocando com seu braço algoz e régio
Tornou meu sonho quase que intragável.

Guardada em relicário, no signo Ânfora,
Etéreo sentimento se dilui,
O sonho naufragado sem uma âncora
Expressa numa ausência o que não fui.

Por mais que evite andar sobre cascalhos,
Não tendo outro caminho, o que fazer?
Os dias determinam atos falhos
Agonizante vida em desprazer.

Noctâmbulo vagando em noite fria,
O sonho em desencanto, medos cria.


1280

O sonho em desencanto, medos cria
Deixando por legado sempre o nada,
Nesta ausência absoluta, a poesia
Em fria cicatriz é tatuada.

O quanto que não vejo propicia
Ao ledo pensamento esta cilada
Aonde a clara estrela não mais guia
Na noite eternamente, em vão, nublada.

Acasos e mentiras falsos guizos,
Intrépido, inda tento um novo canto
Que possa desdizer amargo pranto

Em versos mais audazes e precisos.
Um ledo engano. A sorte se fez cega,
Meu sonho a um falso alpendre já se apega.

1281

Meu sonho a um falso alpendre já se apega;
Assim prevendo o tombo que virá;
Minha alma perfazendo em nova entrega
Procura solução, quem dera já.

O vinho avinagrando em minha adega
Mostrando que jamais rebrilhará
O sonho que meu canto inda navega
Distante da verdade morrerá.

Num vilipêndio audaz nada mais resta
Senão esta masmorra como herança,
Na frágil ilusão, noite indigesta

Perdido e sem destino, sigo assim;
Quem sabe dos escombros, esperança
Permita a mansidão dentro de mim...

1282


Permita a mansidão dentro de mim;
Ó noite enluarada do sertão.
Do sonho solitário de onde eu vim
Eu vejo tão somente arribação.

O corte se aprofunda a cada dia,
Tornando-se uma escara mais profunda.
Tocado pelas mãos da poesia
A vida em fantasias já se inunda.

Carcaças do que fomos, revolvidas,
Permitem se prever algum sucesso,
Em nós as esperanças vão perdidas.
Porém alguma luz inda te peço

E nela este cometa em carrossel,
Trazendo a calmaria ao nosso céu.

1283


Trazendo a calmaria ao nosso céu
A brisa que nos toca e nos enleva.
Restando neste pote um doce mel
Um vaga-lume dança em plena treva

Esmeraldino sonho que prediz
Um Eldorado. Talvez ilusão...
Mas mesmo que inda falsa faz feliz
A quem só recolhera o mesmo não.

Mendigo de esperanças, eremita
Aguarda pela estrela redentora
O peito em desalinho, agora grita,
Meu barco em ledo cais sonha e se ancora.

Partindo do vazio de onde venho,
A sorte mostrará seu raro engenho...

1284


A sorte mostrará seu raro engenho
E assim permitirá um riso franco.
E mesmo que inda mostre antigo cenho
O passo não será assim tão manco.

Restando disto tudo o que inda tenho
Guardado nos meus olhos, dia branco,
Meu rumo nestas sendas onde embrenho
Meus olhos, com certeza não estanco.

O canto em fantasia já se espalha,
Vencendo contra a dor uma batalha
Aguarda um novo dia, alvissareiro.

Sem medos nem tempestas, simplesmente
Vivendo por viver, mesmo descrente,
Mergulho neste sonho, por inteiro...

1285


Mergulho neste sonho, por inteiro
E nada temerei, esteja certa,
O canto em que se deu amor primeiro
Deixando esta porteira agora aberta.

Lembrando da delícia de teu cheiro,
Tristeza no meu peito se deserta.
Amor bendito seja, o feiticeiro,
Embora é necessário estar alerta

Não temo mais as curvas que virão,
Apenas quero o vento benfazejo
Tramando a mais perfeita solução,

Mudando assim o rumo destes ventos,
Felicidade plena então prevejo;
Mesmo que seja apenas por momentos..


1286

Mesmo que seja apenas por momentos,
Eu sinto que terei alguma chance
De ter em minhas mãos teus sentimentos,
Vivendo a maravilha de um romance.

Tocado pelos belos pensamentos,
Captando reticências num nuance
Percebo finalmente estes ungüentos
Por mais que a fantasia não se canse.

Eu quero poder ter o teu sorriso,
Pois nele já encontro este sinal
Do quanto ser feliz inda é possível.

Amor que chega sempre sem aviso,
Transforma um ser tão frágil e mortal
Num deus iluminado e imprevisível...

1287


Num deus iluminado e imprevisível
Que toma a nossa vida em fantasia,
Entrego-me sem medo e por incrível
Que pareça, percebo esta alegria.

Talvez inanidade: tu dirás.
Mas é o que inda resta dentro em mim,
Assim ainda creio ter em paz
A flor imaculada em meu jardim.

A par da luta intensa que não cessa,
Eu sinto a provisão se avolumando,
Nos olhos da esperança uma promessa
Calando qualquer forma de desmando.

Amargos sentimentos lá se vão,
Sobrando tão somente esta emoção...

1288

Sobrando tão somente esta emoção
Bastante pra viver um dia em paz.
Um gole de alegria satisfaz
A quem só encontrou desilusão.

Assim ao perceber a redenção
Que o gozo da alegria já nos traz
Eu sinto-me em verdade mais capaz
Enfrento, peito aberto, este tufão;

Sabendo da louvável temperança
Tramada nas divinas providências,
Eu vejo nos teus olhos, evidências

Capazes de trazer tal esperança
O paraíso em vida, o sonho alcança
Alçando ao infinito em fluorescências.
Publicado em: 06/03/2008 17:42:54
Última alteração:22/10/2008 15:26:05


EU TE AMO!! coroa de sonetos 94
1303



Sentindo a raridade das essências
Que espalhas nos canteiros, esperança;
A placidez imensa já se alcança
Deixando bem distante as penitências.

Depois das ventanias e inclemências
Encontro novamente a confiança
Na qual o amor se entrega e por fiança
Aplaca em mansidão as emergências.

Amar é poder ter além de um sonho,
Realidade em paz que persevera.
Infinito florir de primavera

Aonde além de tudo, eu te proponho
Um cais em harmonia em que se externa
A vida em alegria, calma e terna...


1304


A vida em alegria, calma e terna
Na procissão de luzes e de estrelas,
Na tenra fantasia, não hiberna
E deixa as nossas noites bem mais belas.

A força conclamada em paz interna
Permite que ilusões, que sempre ao vê-las
O barco sem tempestas não se aderna.
As horas; tão gostoso assim vivê-las.

Sorrisos já não são simples centelhas,
No mesmo brilho agora, tu espelhas
Raiar inesquecível, deslumbrante.

Mantendo sempre acesa essa lareira,
A chama além do sonho que se queira
Na duradoura flama de um instante...

1305


Na duradoura flama de um instante
Estendo os braços meus e te procuro,
Deixando bem distante o céu escuro
Encontro a fantasia, delirante.

Amor não se guardando em uma estante
Suplanta com vontade, espinho e muro,
De todas as tristezas, me depuro
E vivo finalmente em paz constante.

Amar é não temer vicissitude,
Bebendo em fontes claras, juventude,
Eternizando enfim quaisquer momentos

Aonde uma bonança já se expresse.
Amar é se entregar a Deus, e em prece
Cegar em luz pacífica, os tormentos...


1306


Cegar em luz pacífica, os tormentos,
Teimando em ser feliz mesmo que venha
A negra solidão. Mantendo a lenha
Acesa, enfrentar sempre fortes ventos.

A vida proporciona os seus proventos
Por mais que tanto medo, às vezes tenha,
Escrevo em mansidão minha resenha
Sabendo das feridas, sei de ungüentos.

Numa expressão audaz e flamejante
Amor em força intensa e deslumbrante
Estende a claridade em meu quintal.

Aguando com sorrisos, a alegria,
Um novo alvorecer me propicia
Retratos deste sonho sem igual...


1307


Retratos deste sonho sem igual
Numa moldura feita em ouro e prata.
Desejo de te ter já me arrebata,
E eu bebo deste raro ritual.

Amor que tantas vezes, triunfal
Toando a fantasia nos retrata
Na força que jamais algo desata
Vencendo em harmonia qualquer mal.

Atônicas tristezas lá se vão
Tomadas por gentil arribação
Jamais retornarão, tenho a certeza.

Assim, ao debruçar-me na janela
Eu vejo que este sonho se revela
Com olhos embebidos em beleza...

1308


Com olhos embebidos em beleza,
Inebriado bebo, gole a gole
O quanto esta alegria já nos bole
Tomando em nossa vida, com surpresa.

Sabendo ser de ti, apenas presa
Não quero quem dos medos me console,
Se a boca desta fera assim me engole,
Desejo me fartar à mesma mesa.

Amor, um vencedor neste escrutínio
Permite que se veja com fascínio
Manhã de eterno sonho em carnaval.

Não temo mais, da vida, uma tramóia
Sabendo que encontrei sublime jóia
Gozando essa ventura magistral.

1309


Gozando essa ventura magistral,
De ser teu companheiro e ser teu par,
Da fonte inesgotável quero estar
Ao lado e ser por isso, triunfal.

Decerto um ser sublime e divinal
Pôde em perfeição rara, transformar
Transportando do Céu feito luar
O brilho em maravilha sem igual.

A mãe, amante, amiga e camarada,
Decerto eu não te canto neste dia,
É pouco, na verdade, quase nada.

Pois para quem nos traz a vida e o gozo,
A vida inteira, enfim não bastaria,
Para cantar um ser tão fabuloso...

1310


Para cantar um ser tão fabuloso
Não tenho mais palavras, simplesmente
Por mais que o verso teime e ainda tente,
Embora algumas vezes melindroso,

Falar do quão sublime e caprichoso
Desejo que tomando a minha mente,
Permita que eu te fale num repente
Do quanto o nosso amor é tão gostoso.

A par do encantamento em que se dá
A mais perfeita forma de expressão,
Beijando a tua boca, desde já

Eu vejo a fantasia que me trazes
Tomando com certeza o coração,
Tornando nossos sonhos mais audazes...

1311


Tornando nossos sonhos mais audazes,
Mergulho nos teus braços, sem pudores.
Colhendo em profusão, as belas flores,
A lua se desnuda em várias fases.

Os lábios se procuram mais vorazes,
Em beijos e carinhos sedutores,
Misturas de vontades entre ardores
Na trama em que se dão; de amores, ases.

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Delego ao sofrimento, o descaminho.
Da glória feita insânia, eu me avizinho,

Desejo do começo até o fim
Estar junto contigo o tempo inteiro.
Amor além de tudo, verdadeiro...

1312


Amor além de tudo, verdadeiro;
Impulsionando a vida nos propõe
Um dia em que esperança recompõe
O passo mais altivo e alvissareiro.

O quanto em alegria se repõe
O tempo que se foi noutro viveiro,
A luz se decompondo num tinteiro
Dentro do peito, o brilho intenso põe.

Ações que nos permitam traduzir
A glória de poder estarmos juntos,
Na força inusitada dos conjuntos

Jamais alguém virá nos impedir
De termos dentro em nós; vital certeza
Vencendo calmamente, a correnteza...


1313


Vencendo calmamente, a correnteza,
Prossigo par a par com quem eu amo.
A vida proporciona tal defesa
Dourando no arvoredo, cada ramo.

Amor não quer senzala nem quer amo,
Apenas simplesmente com leveza,
Permite neste canto que ora eu tramo
Beber da fantasia, a realeza...

Vitória sempre régia de um amor,
Na imensidade bela, a rara flor
Estampa a divindade feita em glória.

Amor enaltecendo cada passo,
Adentra o coração e ocupa espaço
Deixando a solidão, tão merencória...


1314


Deixando a solidão, tão merencória,
Distante dos meus versos, sigo em frente,
No amor e no carinho tal vanglória
Enaltecendo a paz que se pressente.

Quem fora no passado, pária, escória
Um simples e tão frágil penitente
Mudando num momento, a minha história
Amor estava sempre aqui, latente.

Rondando o pensamento, tanta vez,
Amor ao traduzir-se insensatez
Pedia em cada noite a plenitude.

Roçando a nossa pele, em arrepios,
Eu desço em emoção, nascentes, rios
Volvendo a perceber a juventude...


1315


Volvendo a perceber a juventude
Deixada nos barrancos da existência,
A vida ao se mostrar em inocência
Permite que deveras já se mude

O curso deste rio, em atitude,
Trazendo ao velho a luz da paciência
E disso, meu amor; tenho ciência
Embora eu sei que sou, às vezes rude.

O quanto te querer sempre faz bem
E quanto a fantasia nos convém
Expressa num delírio esta ternura.

As bocas se atraindo num segundo,
Atando o coração tão vagabundo,
De sofrimento e dores, me depura...


1316



De sofrimento e dores, me depura
O sentimento calmo que me trazes.
Saudades que por vezes tão vorazes,
Estampam nos meus olhos, a amargura.

A vida é tantas vezes cruel, dura
A solidão me prende em vis tenazes,
Porém eu sei que mesmo em frias fases,
Derramas com carinho, esta ternura.

Alvorecendo o sonho indescritível
No qual o pensamento, imprevisível
Demonstra ser além de coincidências

As luzes em que brilhas sobre mim,
Emanas maravilhas no jardim,
Sentindo a raridade das essências.
Publicado em: 08/03/2008 12:56:36
Última alteração:22/10/2008 15:28:25


EU TE AMO!! coroa de sonetos 93
1289

Estendo; em nosso quarto, mil estrelas
Roubadas de teus olhos- fantasia
Na divina emoção de poder tê-las
Encanto sem igual, ilusão cria.

Fantástica emoção em raras telas,
O amor emoldurando esta alegria,
Do quanto eu te desejo e me revelas,
Guardada em meu olhar, fotografia.

Entregue a tal cenário eu adormeço
E sonho maravilhas multicores.
O céu antes grisalho se azuleja

Em versos e sorrisos agradeço
Ao deus que se fez guia dos amores,
Traçando essa beleza tão sobeja...

1290

Traçando essa beleza tão sobeja,
Meu sonho determina em ilusão
Além do que este oráculo preveja
Um mundo em mais sublime tentação.

A mão que em tantos brilhos já dardeja
Bem mais do que pensara, em devoção;
Felicidade extrema, ela deseja,
Permitindo real satisfação.

A lua sertaneja se derrama
Por sobre o quarto imerso em esperanças.
Mostrando um espetáculo sem fim.

Deitando nosso amor por sobre a chama
Causando um turbilhão em noites mansas,
Interminável festa dentro em mim...


1291


Interminável festa dentro em mim
Ao ter tua presença, amada amiga.
Vivendo esta alegria, sinto enfim,
Poder de uma ilusão, incrível viga.

Por vezes tão sozinho, nada via
Senão a mesma sombra transtornada,
Cansado desta inútil fantasia
Que traz, no dia-a-dia, o mesmo nada

No peito crocitando a sensação
Do agouro tão fatídico de um corvo
Repetindo deveras o refrão
Da negação estúpida em estorvo.

Imagem desdenhosa que se muda
No pássaro, ao chegar tempo de muda...

1292


No pássaro, ao chegar tempo de muda,
Promessa de outro tempo que virá
A sorte que tolhendo; dói aguda,
É véspera do sol que brilhará.

Poder que nos transforma; uma esperança,
Nem sempre prenuncia um tempo bom,
Mas quando benfazeja; tal mudança,
Expressa em nossa vida um raro tom.

Tomando tuas mãos, eu sigo em frente
Não temo tempestades, avarias
Em todo este delírio que se sente,
Certeza que virão benditos dias.

Porém quando se mostra uma ilusão,
A gente vai sem paz, perdendo o chão...

1293


A gente vai sem paz, perdendo o chão;
Ao ver que não restando quase nada,
A vida quando muda a direção
Adentra em solidão por outra estrada.

O brilho se ofuscou sem a demão
Necessária. Da sorte anunciada
E aos poucos destruída e sonegada
Eu vejo tão distantes vinho e pão.

Esperança, sem tréguas, carcomida,
Alegria fugaz segue sem rumo,
Deixando como rasto este vazio.

O quanto que sonhara em minha vida,
Esvai-se em noite fria, frágil fumo,
Fantasmas que hoje trago, eu mesmo crio...

1294


Fantasmas que hoje trago, eu mesmo crio,
Resíduos do que fomos. Nada mais...
O tempo transtornado em vento e frio
Impede que se veja um ledo cais.

Felicidade, um gozo que eu adio
Ao vislumbrar ao longe os temporais.
Porém o coração sempre vadio
Não cansa de lutar. Isso? Jamais!

Assim mesmo em descrédito; eu batalho
Tentando renascer das mesmas cinzas.
As tarde se refazem grises, cinzas,

Mas sei que mesmo após a poda, o galho
Trará com força plena, um novo fruto
Não desistindo nunca, então eu luto...

1295


Não desistindo nunca, então eu luto
Por mais que tenha apenas uma chance
Jamais carregarei em mim o triste luto,
Em cada nova cena, outro nuance

A voz de uma esperança; agora escuto,
Quem sabe ao fim de tudo, algum romance?
Embora uma ilusão com ar astuto
Durante a caminhada, nos pés, trance.

Somando os meus momentos de alegria,
São poucos, mas decerto inesquecíveis.
A cada novo verso se recria

Um mundo onde, talvez, fantasioso,
Os sons das emoções sejam audíveis,
Permitindo um cantar mais prazeroso...


1296



Permitindo um cantar mais prazeroso
Entôo em esperança um verso amigo,
Depois de um terremoto algum abrigo,
Aonde se vislumbre sorte e gozo.

Sabendo que o destino é caprichoso,
A paz que tanto quero e mais persigo
Separa na verdade joio e trigo
Fazendo este canteiro mavioso.

Do quanto a vida, amarga, já nos priva
Eu vejo num momento ser apenas
Prenúncio de bonança em novas cenas

Após da fantasia; ser cativa
Minha alma sonhadora, que sem meta,
Vagava tantas vezes incompleta...


1297


Vagava tantas vezes incompleta
Entregue às ilusões sempre frustradas;
Uma alma necessita estar repleta
De brilhos, em vontades demonstradas.

A fantasia torna-se concreta
Traçando em mansidão nossas estradas,
Felicidade, assim, mesmo discreta
Abrindo; do prazer, suas entradas.

Cansado de carpir em solidão,
Vencendo estas angústias tão cruéis,
Fartando em alegria, raros méis,

Encontro finalmente a solução.
Recebo deste céu, claro matiz,
Podendo enfim dizer: eu sou feliz!


1298

Podendo enfim dizer: eu sou feliz,
Depois deste infindável maremoto,
Carrego no meu peito a cicatriz
Do sofrimento, agora tão remoto.

Meu verso embevecido já te diz
Deste horizonte aberto, aonde eu boto
Meus olhos na procura de outro bis
Libertando-me em paz. Não mais vou roto.

Acordo entre teus braços, alegria,
E bebo em tua boca este porvir
De uma magnificência inenarrável.

Alegre sensação, incontrolável,
Sem nada que se mostre a impedir
Felicidade vem e aromatiza...

1299


Felicidade vem e aromatiza
Depois da longa espera que tivemos,
Do quanto em alegria nós bebemos,
A sorte com carinhos sempre frisa.

A voz que determina é mais concisa
E nela todo o sonho em que podemos
Seguir a nossa vida; pois contemos
O brilho em que esse amor se somatiza.

Helênica beleza do teu rosto
Deixando o sentimento assim exposto
Numa expressão de luz maravilhosa.

Uma espera feliz se torna, enfim,
Realidade em sedas e cetim.
A vida passa a ser deliciosa...


1300


A vida passa a ser deliciosa
No cálice perfeito em que mergulho
A boca mais audaz, maliciosa.
A senda sem espinho ou pedregulho.

Do quanto eu te desejo, e já me orgulho
De ter em minha vida; a fabulosa
Mulher que se entregando sem orgulho
Do mesmo gozo insano, se antegoza.

Assaz maravilhosa, a noite segue,
Sem blagues armadilhas ou rancores.
Não quero mais saber de uma mixórdia,

Vivendo em mansidão, plena concórdia
Acórdãos respeitados, bel prazer
Num sonho tão sublime de viver...

1301

Num sonho tão sublime de viver,
Ouvindo, em comoção, tal sinfonia
Que mostra a mais perfeita sintonia
Na qual eu quero, agora, me perder.

Entranha em convulsão todo o meu ser,
Imagem que se dá em maestria
Música se espalhando, amor porfia
E trama um novo tempo de prazer.

Partícipes do mesmo encantamento,
Não deixe que se esvaia tal beleza,
É nela que alegria se represa

O gozo que em delírios eu fomento
Perfaz a cada verso um bem supremo,
Nos laços de teus braços, eu me algemo...

1302


Nos laços de teus braços, eu me algemo;
E quero, necessito ser cativo
De todo este momento, em que me extremo
E nisso, só por isso, eu sobrevivo.

Amor quando se faz, assim, extremo
Não tendo mais segredos, segue vivo,
Olhar enamorado; não mais temo
Nem mesmos de emoções, ora me privo.

Estímulos diversos que encontramos
A cada novo dia, só fomentam
Amores que queremos. Tu revelas

Em gesto delicado o que buscamos,
Distante das tristezas que atormentam,
Estendo; em nosso quarto, mil estrelas.
Publicado em: 08/03/2008 10:53:51
Última alteração:22/10/2008 15:28:21



EU TE AMO!! coroa de sonetos 95
1317

Aromas sensuais que me revelas
Rolando em minha cama, desejosa,
De toda esta alegria que se goza
Jamais me fartarei. Abertas velas

Meu barco navegando sobre as telas
Criadas sobre a luz maravilhosa
Aonde a fantasia gloriosa,
Já rompe; libertária, antigas celas.

Voa livremente o meu corcel
Sem selas nem estribos nem arreios,
Minha boca tocando os belos seios

Sugando em maravilha, leite e mel.
Deste Atlas reconheço vales, montes,
Nascentes dos meus gozos, raras fontes...


1318


Nascentes dos meus gozos, raras fontes
Adentro qual intrépido turista,
A cada novo ponto que se avista
Amplio do desejo; os horizontes.

Em vales, cordilheiras, grutas, montes
Geógrafo em prazer passa em revista
E toda a maravilha cedo lista
Ecólogo não quer outros desmontes.

Apenas desfrutar esta beleza
Que é dádiva sublime, com certeza
Da mãe Natura em festa, em fantasia.

Orgásticas lições; vou aprendendo,
Enquanto este rocio, percebendo,
Sorvendo com total, farta alegria.


1319


Sorvendo com total, farta alegria,
Decerto eu me inebrio e quero mais,
Fartando-me do néctar, da ambrosia
Encontro os meus deleites divinais.

Entranho no teu corpo à revelia,
Tramando estes enredos sensuais,
No sonho qual bacante em plena orgia,
Espalhas teus segredos magistrais.

A par desta loucura, enlanguescente,
Deitada com esplêndida altivez,
Amor que a gente entorna a cada vez

Em que se demonstrando, sem limites,
O quanto te desejo, me acredites;
Num toque deslumbrante, iridescente...

1320


Num toque deslumbrante, iridescente,
Após a chuva intensa em sol brilhante
A gente se treslouca e de repente
Demonstra-se em audácia, provocante.

Sugando a sacra seiva qual demente,
Um gozo tão real e mais constante
Vontade não se afasta mais da gente
Na trama sem igual e inebriante.

Depois da tarde morna, em vão marasmo,
Um chafariz explode em tanto orgasmo,
Vibrando numa uníssona vontade.

Arrancas em suspiros e gemidos,
Caminhos tão gostosos percorridos,
Trazendo ao nosso amor; paz, liberdade...

1321



Trazendo ao nosso amor; paz, liberdade,
A corredeira feita em carrosséis,
Unidos pelos mesmos carretéis,
Alçamos com vigor, felicidade.

As pernas confundidas, na verdade
Expressam a delícia destes méis
Provados em delírios mais fiéis
Numa explosão de cores; realidade.

Num ato em que insensato, assim mergulho,
Dos burburinhos surge este marulho
Tomando a nossa cama em preamar.

A lua desdenhosa; segue ausente,
Ciúmes desta trama incandescente,
Na cama sem limite, a desfilar...

1322


Na cama sem limite, a desfilar,
Constelação de gozos mais profanos,
Os olhos se procuram, sem enganos,
Fartura que se mostra e quer ficar.

O gozo de um prazer faz levitar,
Desejos entre sendas soberanas,
Do tanto em que mergulhas, tenho ganas
Entremeando pernas; par em par.

A boca umedecida de vontades,
Os lábios sequiosos não se cansam,
Enquanto outros orvalhos não se alcançam.

Reflete em transparência e claridades,
A chama que incandesce e nos domina,
Enquanto jamais seque, o poço, a mina...


1323


Enquanto jamais seque, o poço, a mina,
Amor nos erotiza e nos protege,
No sonho que em loucura já se rege
Deslumbra, provocante e nos fascina.

A solidão de alguns, cruel herege,
Censura tão venal, nos determina,
Enquanto amor indócil nos elege
Um solitário estúpido alucina.

Adentro a doce furna inigualável
Encontro ancoradouro desejável
E sigo minha sanha prazerosa.

Sentindo o teu aroma sobre mim,
Perfume delicado que sem fim,
Expressa a delicada e rubra rosa...

1324


Expressa a delicada e rubra rosa
Rainha dos canteiros, deusa fêmea.
Amante dedicada e glamourosa
Decerto de Cupido uma alma gêmea,

Atrelo o meu desejo em seus perfumes,
E bebo cada olor, que cedo emanas,
Refletem nos meus olhos raros lumes,
Expressas maravilhas sobre-humanas.

Eu quero esta delícia, sempre à farta,
Tocando com meus lábios tal nudez,
Meus olhos de teu corpo; nada aparta,
Revolução em gozos que se fez

Mudando a minha sanha em flóreo sonho,
Meu barco nos teus mares; quero e ponho...

1325



Meu barco nos teus mares; quero e ponho
Naufrágio mavioso eu adivinho,
Em meio ao turbilhão feito em carinho,
Adentra em gozo e paz um mar medonho.

O quanto com delírios; vejo em sonho
Permite que se beba o farto vinho,
Licores nesta cena que componho,
Adega em fantasia onde me aninho.

A cérvice em desejo, arrepiada,
Sussurros entre jogos e carícias,
Palavras se vestindo com malícias

A noite segue assim, em cavalgada,
Derramas em goteiras, sem pecados,
Os mantras mais sublimes, entoados...


1326


Os mantras mais sublimes, entoados
Na harmônica vontade de se dar,
Em cítaras e liras, posso alçar
Extremos em destinos já traçados.

Os templos, catedrais, são profanados
Janelas vão se abrindo par em par
Adentro estes mistérios devagar
Orvalhos generosos derramados...

Na úmida fortaleza agora aberta
Eu vejo a deslumbrante descoberta
De estrelas e cometas, alabastro

Ateio em doce incêndio minhas lavas,
Enquanto em mil prazeres já te lavas
Bandeira tremulando em rijo mastro...


1327



Bandeira tremulando em rijo mastro
Chamado para a paz e para a guerra,
Seguindo cada passo encontro o rastro
Daquela que em desejo, amor encerra.

Do céu em maravilhas, como um astro
Olhar enamorado não mais erra
E vendo a branca alvura em alabastro
A resistência tola cai por terra.

Não posso mais negar quanto eu te quero,
Se é tudo o que eu preciso para ser
Feliz, é neste sonho que eu tempero

A vida em busca insana e fascinante.
Além do que eu pudera perceber,
Desejo o teu amor a cada instante...


1328


Desejo o teu amor a cada instante
E faço disso o mote preferido
Outrora um coração vago e ferido
Percebe este pendor belo, ofuscante.

Do sonho de viver, agora amante
Depois de tanto tempo carcomido
Nas tramas deste enredo, decidido,
Caminho rumo ao céu, passo constante.

Amor é tantas vezes tão matreiro,
Mas sabe da emboscada e numa espreita
Com gozo e fantasia se deleita,

Mergulha sem limites, vai inteiro.
Na pele da morena sensual,
Erijo argênteo altar luz colossal...


1329

Erijo argênteo altar; luz colossal
Adentra nos beirais, tomando a cena,
Desnuda em minha cama esta morena
Beleza iridescente, sem igual.

Diamantina taça de cristal
Aonde me inebrio em noite plena,
Levitação em gozo já se acena,
Na tenra sensação: ser imortal.

Deste banquete farto eu me extasio
Comendo sem parar, horas a fio,
Até que amanhecer trazendo o sol,

Esboce e recomece nosso afã
Café delicioso da manhã,
Profusa inundação ganha arrebol.


1330


Profusa inundação ganha arrebol
Tomando este jardim, invade a casa,
Seguindo cada passo um girassol
Deitando em teu prazer quer e se abrasa.

Tocado pela força do farol
Que emana em nossa cama, chama e brasa,
Jamais eu voltarei a ser atol,
A vida em outras tramas já se embasa

Não quero mais areias movediças,
Bebendo em teu olhar tantas cobiças
Canteiro dos desejos traz estrelas

E nelas adivinho, colibri,
Das flores mais divinas que sorvi,
Aromas sensuais que me revelas.
Publicado em: 08/03/2008 15:32:53
Última alteração:22/10/2008 15:28:33


EU TE AMO!! coroa de sonetos 96
1331



Delícia que se faz; doces ardências
Que adentram nossos jogos noite afora.
Amor não tem sequer conveniências
A cada novo instante mais se aflora.

Ganâncias e delitos, indecências,
Fugazes emoções a qualquer hora
Às vezes simulando em indigências
E florescência rara nos decora.

Demências disfarçadas, gozo pleno,
Mendicâncias em ritos e pedidos,
Urgências sobrevindo em mar sereno.

Os dedos adivinham seus espaços,
Tateiam e vislumbram claros traços
Entoas sinfonias em gemidos...

1332


Entoas sinfonias em gemidos
Trazendo pirilampos para a cama.
Tocando em profusão nossos sentidos,
Prazer que a todo tempo se reclama.

Decifro em signos, beijos repartidos,
De senhas e loucuras, farta gama,
Além dos velhos ritos percebidos,
O fogaréu intenso nos inflama.

Senhora tentação nos braços teus,
Desejo se assenhora e não descansa,
Enquanto a vida trama noite mansa,

Os olhos se devoram sem adeus,
Espalhas fulgurantes labaredas,
Nas teias e centelhas, já me enredas...

1333



Nas teias e centelhas, já me enredas
Fazendo deste encanto, meu farol,
Carinhos que eu desejo que tu cedas
Fagulhas que incendeiam o arrebol

Teu corpo envolto em rendas, cetins sedas,
Deitado provocante no lençol,
De gozos e delírios, alamedas
Debruça sobre amor, a lua e o sol.

Tanto tempo desfruto do sabor
De tua boca, beijos transtornantes.
Estonteante ronda em noite clara

Deixando para trás quaisquer problemas,
Rompendo com passado velhas algemas,
Amor que em plenitude nos aclara...

1334

Amor que em plenitude nos aclara
Negando escuridão, já tira o sono,
Angústia se legando ao abandono,
Tomando toda a vida, nos ampara.

O quanto que me entrego se declara
Mudando a direção do peito mono;
Trazendo a sensação de altar e trono,
Nesta emoção divina, pois tão rara.

Agônico passado que se esvai
Recebe o vento forte da esperança,
E nele em viva marca, a temperança

A sorte finalmente não me trai
E deixa que eu vislumbre um novo dia
No brilho ora sobejo da alegria...


1335

No brilho ora sobejo da alegria,
Dançamos noite afora, rito em valsa
Beleza sem igual amor realça
Expondo a mais sublime poesia

Na qual amor se faz em melodia.
Mulher que em meus anseios lumes alça.
Da vida que eu provara, outrora falsa,
Um Eldorado agora se recria.

Andando pelas ruas, bares, praças,
Estrelas sorrateiras e falsárias,
Destino diferente, eu sei que traças

As horas que eu vivera, solitárias
Jogadas nas masmorras da lembrança,
Expressam finalmente confiança...


1336




Expressam finalmente confiança,
Os versos que hoje trago para ti.
Pousando flor em flor, um colibri
Néctar maravilhoso agora alcança.

Amor que se faz sempre em temperança
Demonstra o farto bem que recebi,
Estando do teu lado, eu percebi
Vitória necessita de aliança.

Premente esta vontade soberana
De ter a tua boca, teus regaços,
Entregue à fantasia nos teus braços,

Minha alma em alegrias se engalana,
Encontra neste amor, mar infinito,
Derrete a solidão, duro granito...


1337


Derrete a solidão, duro granito,
Bonança que em amor se fez completa
De um sonho mavioso e tão bonito,
Minha alma, num momento se repleta.

Tocado por Cupido em flecha e seta
O quanto de desejo eu já reflito
Permite que se tenha como meta
O bem no qual, sincero, eu acredito.

Ser teu e tão somente, nada mais
Além de tudo faz com que eu me sinta
Um barco que encontrou um ledo cais.

Reflexo deste encanto incomparável,
Mudando o meu futuro em clara tinta
Expressa um sonho lindo, insuperável...


1338



Expressa um sonho lindo, insuperável,
O gosto delicado em que se dá
Amor que sem perguntas mostrará
A vida em belo tom, decerto, amável.

Um dia em harmonia, amor quiçá
Permita eternidade. Tão afável
Caminho que em vontades mudará
O rumo em nova senda inquestionável.

Descrevo um arco, insano bumerangue,
Voltando ao coração qual fora sangue
Numa vital, feliz, circulação.

Revendo cada verso que eu te fiz,
Eu posso enfim dizer que sou feliz,
A vida nos teus braços, solução...

1339


A vida nos teus braços, solução
Encontra para todos os problemas,
Fazendo destes sonhos os emblemas
Da glória, a mais real constatação.

Abrindo ao mesmo tempo o coração
Encontra a perfeição em raras gemas,
Vencendo em alegria estes dilemas,
Amor nos traz enfim consagração.

Ser teu e nada além, o que me basta.
Não tendo outro caminho, sigo assim,
Vivendo esta emoção dentro de mim

A lua sertaneja, em noite casta
Derrama em raios mansos, a esperança.
Trazendo ao nosso amor, paz e bonança.


1340


Trazendo ao nosso amor, paz e bonança,
Poeira calmante toma assento,
Outrora um sentimento violento
Agora em alegria uma alma amansa.

Nos jogos esquecidos na lembrança
O tempo se mostrando em novo vento,
Amor já não me sai do pensamento,
E a sorte em glória plena nos alcança.

A vida em promissores espetáculos
Cumprindo a profecia dos oráculos
Tentáculos tocando nossos sonhos.

Nos velhos tabernáculos, oradas,
Nas básculas da vida, antes bisonhos,
Desejos embrenhando outras estradas...

1341


Desejos embrenhando outras estradas
Estendem o tapete da alegria,
O quanto te desejo e já sabia
Das horas em prazeres entranhadas.

As formas deste sonho realçadas
Nos olhos de quem trama esta alquimia
Tocando a nossa vida com magia
Jamais as emoções são disfarçadas.

Amor um velho tema não se esgota,
Uma alma em desamor prossegue rota
Sem ter algum destino, peregrina.

No quanto amor sincero faz tão bem,
Eu sinto que em ternura a noite vem,
Nos olhos e nos braços da menina...


1342


Nos olhos e nos braços da menina,
Os signos de acalanto e de prazer,
Acolhedora senda que ilumina,
Emana sobre nós o bem querer.

Agora, finalmente eu posso crer,
No quanto amor em paz nos alucina,
Ao galopar permite em cauda e crina
Beleza incomparável de se ver.

Um cavaleiro errante encontra a sorte
Depois da tempestade, finalmente,
No canto em que se encanta e faz contente

Mudando com certeza, sina e norte.
Vivendo em destemor tal sentimento,
Aos céus entranharei por um momento...


1343

Aos céus entranharei por um momento
Matando a minha sede em manso lago.
Do quanto necessito cada afago,
Percebo estar liberto, o pensamento.

Por vezes, ao sentir tal nobre intento,
Eu bebo da esperança um farto trago,
Amor em força esplêndida, este mago
Transforma a fantasia em seu rebento.

Somando nossas forças, nada impera
Além desta infinita e magistral
Delícia que nos toma em ritual,

Trazendo a mais sublime primavera.
A fera se calando extasiada,
Nas teias deste amor, vai embrenhada...


1344

Nas teias deste amor, vai embrenhada
Intensa maravilha de saber
Que tanto maravilha em cada ser
Palavra que em amor foi empenhada.

Da força insuperável, entranhada
A glória amaciando o vil poder,
Permite que se possa perceber
A vida em alegrias emprenhada.

Trazendo para tantos, luz suprema,
Amor em harmonia não se extrema,
Encara em mansidão, vagas dolências.

Toando a melodia em plena paz,
Amor já se concebe enquanto traz
Delícia que se faz; doces ardências.
Publicado em: 08/03/2008 19:02:05
Última alteração:22/10/2008 15:32:42
EU TE AMO!! coroa de sonetos 96
1331



Delícia que se faz; doces ardências
Que adentram nossos jogos noite afora.
Amor não tem sequer conveniências
A cada novo instante mais se aflora.

Ganâncias e delitos, indecências,
Fugazes emoções a qualquer hora
Às vezes simulando em indigências
E florescência rara nos decora.

Demências disfarçadas, gozo pleno,
Mendicâncias em ritos e pedidos,
Urgências sobrevindo em mar sereno.

Os dedos adivinham seus espaços,
Tateiam e vislumbram claros traços
Entoas sinfonias em gemidos...

1332


Entoas sinfonias em gemidos
Trazendo pirilampos para a cama.
Tocando em profusão nossos sentidos,
Prazer que a todo tempo se reclama.

Decifro em signos, beijos repartidos,
De senhas e loucuras, farta gama,
Além dos velhos ritos percebidos,
O fogaréu intenso nos inflama.

Senhora tentação nos braços teus,
Desejo se assenhora e não descansa,
Enquanto a vida trama noite mansa,

Os olhos se devoram sem adeus,
Espalhas fulgurantes labaredas,
Nas teias e centelhas, já me enredas...

1333



Nas teias e centelhas, já me enredas
Fazendo deste encanto, meu farol,
Carinhos que eu desejo que tu cedas
Fagulhas que incendeiam o arrebol

Teu corpo envolto em rendas, cetins sedas,
Deitado provocante no lençol,
De gozos e delírios, alamedas
Debruça sobre amor, a lua e o sol.

Tanto tempo desfruto do sabor
De tua boca, beijos transtornantes.
Estonteante ronda em noite clara

Deixando para trás quaisquer problemas,
Rompendo com passado velhas algemas,
Amor que em plenitude nos aclara...

1334

Amor que em plenitude nos aclara
Negando escuridão, já tira o sono,
Angústia se legando ao abandono,
Tomando toda a vida, nos ampara.

O quanto que me entrego se declara
Mudando a direção do peito mono;
Trazendo a sensação de altar e trono,
Nesta emoção divina, pois tão rara.

Agônico passado que se esvai
Recebe o vento forte da esperança,
E nele em viva marca, a temperança

A sorte finalmente não me trai
E deixa que eu vislumbre um novo dia
No brilho ora sobejo da alegria...


1335

No brilho ora sobejo da alegria,
Dançamos noite afora, rito em valsa
Beleza sem igual amor realça
Expondo a mais sublime poesia

Na qual amor se faz em melodia.
Mulher que em meus anseios lumes alça.
Da vida que eu provara, outrora falsa,
Um Eldorado agora se recria.

Andando pelas ruas, bares, praças,
Estrelas sorrateiras e falsárias,
Destino diferente, eu sei que traças

As horas que eu vivera, solitárias
Jogadas nas masmorras da lembrança,
Expressam finalmente confiança...


1336




Expressam finalmente confiança,
Os versos que hoje trago para ti.
Pousando flor em flor, um colibri
Néctar maravilhoso agora alcança.

Amor que se faz sempre em temperança
Demonstra o farto bem que recebi,
Estando do teu lado, eu percebi
Vitória necessita de aliança.

Premente esta vontade soberana
De ter a tua boca, teus regaços,
Entregue à fantasia nos teus braços,

Minha alma em alegrias se engalana,
Encontra neste amor, mar infinito,
Derrete a solidão, duro granito...


1337


Derrete a solidão, duro granito,
Bonança que em amor se fez completa
De um sonho mavioso e tão bonito,
Minha alma, num momento se repleta.

Tocado por Cupido em flecha e seta
O quanto de desejo eu já reflito
Permite que se tenha como meta
O bem no qual, sincero, eu acredito.

Ser teu e tão somente, nada mais
Além de tudo faz com que eu me sinta
Um barco que encontrou um ledo cais.

Reflexo deste encanto incomparável,
Mudando o meu futuro em clara tinta
Expressa um sonho lindo, insuperável...


1338



Expressa um sonho lindo, insuperável,
O gosto delicado em que se dá
Amor que sem perguntas mostrará
A vida em belo tom, decerto, amável.

Um dia em harmonia, amor quiçá
Permita eternidade. Tão afável
Caminho que em vontades mudará
O rumo em nova senda inquestionável.

Descrevo um arco, insano bumerangue,
Voltando ao coração qual fora sangue
Numa vital, feliz, circulação.

Revendo cada verso que eu te fiz,
Eu posso enfim dizer que sou feliz,
A vida nos teus braços, solução...

1339


A vida nos teus braços, solução
Encontra para todos os problemas,
Fazendo destes sonhos os emblemas
Da glória, a mais real constatação.

Abrindo ao mesmo tempo o coração
Encontra a perfeição em raras gemas,
Vencendo em alegria estes dilemas,
Amor nos traz enfim consagração.

Ser teu e nada além, o que me basta.
Não tendo outro caminho, sigo assim,
Vivendo esta emoção dentro de mim

A lua sertaneja, em noite casta
Derrama em raios mansos, a esperança.
Trazendo ao nosso amor, paz e bonança.


1340


Trazendo ao nosso amor, paz e bonança,
Poeira calmante toma assento,
Outrora um sentimento violento
Agora em alegria uma alma amansa.

Nos jogos esquecidos na lembrança
O tempo se mostrando em novo vento,
Amor já não me sai do pensamento,
E a sorte em glória plena nos alcança.

A vida em promissores espetáculos
Cumprindo a profecia dos oráculos
Tentáculos tocando nossos sonhos.

Nos velhos tabernáculos, oradas,
Nas básculas da vida, antes bisonhos,
Desejos embrenhando outras estradas...

1341


Desejos embrenhando outras estradas
Estendem o tapete da alegria,
O quanto te desejo e já sabia
Das horas em prazeres entranhadas.

As formas deste sonho realçadas
Nos olhos de quem trama esta alquimia
Tocando a nossa vida com magia
Jamais as emoções são disfarçadas.

Amor um velho tema não se esgota,
Uma alma em desamor prossegue rota
Sem ter algum destino, peregrina.

No quanto amor sincero faz tão bem,
Eu sinto que em ternura a noite vem,
Nos olhos e nos braços da menina...


1342


Nos olhos e nos braços da menina,
Os signos de acalanto e de prazer,
Acolhedora senda que ilumina,
Emana sobre nós o bem querer.

Agora, finalmente eu posso crer,
No quanto amor em paz nos alucina,
Ao galopar permite em cauda e crina
Beleza incomparável de se ver.

Um cavaleiro errante encontra a sorte
Depois da tempestade, finalmente,
No canto em que se encanta e faz contente

Mudando com certeza, sina e norte.
Vivendo em destemor tal sentimento,
Aos céus entranharei por um momento...


1343

Aos céus entranharei por um momento
Matando a minha sede em manso lago.
Do quanto necessito cada afago,
Percebo estar liberto, o pensamento.

Por vezes, ao sentir tal nobre intento,
Eu bebo da esperança um farto trago,
Amor em força esplêndida, este mago
Transforma a fantasia em seu rebento.

Somando nossas forças, nada impera
Além desta infinita e magistral
Delícia que nos toma em ritual,

Trazendo a mais sublime primavera.
A fera se calando extasiada,
Nas teias deste amor, vai embrenhada...


1344

Nas teias deste amor, vai embrenhada
Intensa maravilha de saber
Que tanto maravilha em cada ser
Palavra que em amor foi empenhada.

Da força insuperável, entranhada
A glória amaciando o vil poder,
Permite que se possa perceber
A vida em alegrias emprenhada.

Trazendo para tantos, luz suprema,
Amor em harmonia não se extrema,
Encara em mansidão, vagas dolências.

Toando a melodia em plena paz,
Amor já se concebe enquanto traz
Delícia que se faz; doces ardências.
Publicado em: 08/03/2008 19:02:05
Última alteração:22/10/2008 15:32:42



EU TE AMO!! coroa de sonetos 97
1345



Culminam no prazer de assim contê-las,
Esperanças rondando quais falenas
Em procissão; constelam tais estrelas
Sidéreas emoções restam serenas.

Num sonho em fluorescências posso vê-las
Às vezes gigantescas ou pequenas
Revelam em seus mistérios, rotas, velas
Ao fundo, sorridente, tu me acenas.

No imenso tombadilho, a tua imagem
Reflete em multicores fantasias.
O barco ao engendrar esta viagem

Percorre este oceano, o pensamento.
Percebo: ao mesmo tempo em que sorrias,
Mais forte, com certeza, vinha o vento...


1346

Mais forte, com certeza, vinha o vento,
Trazendo para tantos o sinal
Da sorte se entranhando num momento
Numa transformação, seu ritual.

Durante a ventania, segue lento,
Da latitude sabe, ao menos, grau
Sem ter a referência visual,
Periga num naufrágio em sofrimento.

Porém o teu sorriso me persegue,
E nele sigo os rastros, timoneiro.
Por mares tão sombrios que navegue

Percebo mesmo às vezes temeroso,
Que ao ter o nosso amor por companheiro,
O dia raiará maravilhoso...

1347

O dia raiará maravilhoso,
Esta esperança sempre vem comigo,
E dela com certeza, o manso gozo
De quem enfrenta em paz qualquer perigo.

Ao menos inda guardo o fabuloso
Sorriso de quem amo e a quem persigo
Além da luta inglória, é caprichoso
O mar que inda carrego e creio amigo.

O barco que soçobra em fortes ondas,
À noite te procuro em tantas rondas
E vejo tua marca pelo chão.

A lua se entornando nas calçadas
Transitam ilusões tão maltratadas;
Aguardo para o fim, rebelião...

1348


Aguardo para o fim, rebelião;
O amor em tempestade dentro em mim,
Provoca nos desejos um motim,
Causando assim total sublevação.

A lua vendo tudo da amplidão
Demarca com seus raios de onde eu vim,
O porto se afastando até que ao fim
Só restem os resquícios da ilusão.

Apenas teu sorriso inda me guia,
Talvez desta esperança, a fantasia
Não deixe que eu perceba a realidade.

O mar que se fizera quase morto,
Negando ao navegante agora o porto,
Adentre os campos vagos da saudade...


1349


Adentre os campos vagos da saudade,
Meu verso sem limites ou fronteiras,
O mar que se fez cedo em falsidade,
Não tem mais seus emblemas nem bandeiras

Quem dera que eu pudesse em liberdade
Falar de outras notícias corriqueiras
As horas sem saber tranqüilidade
Decerto que serão as derradeiras.

Empedernido sonho que revolta
E traz em carrossel um rosto antigo,
As mariposas seguem numa escolta

Rondando a lamparina da esperança.
Olhando o meu passado, inda persigo,
A voz que há tanto tempo não me alcança...


1350


A voz que há tanto tempo não me alcança
Ainda ressoando na memória,
Convite descartado para a dança
Danando de uma vez a minha história.

Um canto que permita a temperança
Jogado pelos cantos, como escória,
Minha alma revolvendo, merencória
Apenas o vazio, passo trança.

Meu barco vai sem rumo, sempre ao léu,
Estrelas que se foram do meu céu,
Deixando a noite em trevas mais soturnas.

Adentro em ilusão, antigas furnas
E nada se revela neste instante.
Saudade mata a paz, beligerante...

1351


Saudade mata a paz, beligerante;
Estende suas minas no caminho.
Incansável, terrível, dominante
Arrasta um coração sempre sozinho.

Ouvindo nos porões o burburinho,
Correntes arrastadas; claudicante,
Não posso mais seguir o meu caminho,
Apenas do que fui; eu sigo amante.

Defronte de meus olhos, um sorriso,
Irônico permite ser aviso
Do quanto não terei vagando assim.

Buscando o meu remédio no vazio,
Do nada, simplesmente o nada crio,
Arrasto o que inda resta dentro em mim...


1352


Arrasto o que inda resta dentro em mim
Deixando pela casa velhas marcas.
Pegadas do que fomos; de onde eu vim,
Distante de teu mar, sigo sem barcas.

O quanto de desejos sempre abarcas,
Saudade inesgotável chega assim,
Revive; num momento, antigas Parcas
Amanhecendo ao som deste clarim

Procuro um lenitivo num sorriso
Guardado como forma de um aviso
Tomando toda a cena, visionário...

Assim como mostrasse em relicário
O quanto que eu perdi e não sabia,
Refaz do desencanto, a fantasia...

1353


Refaz do desencanto, a fantasia,
O verso sem os quês de uma esperança
Por mais que a noite surja clara e mansa
Saudade martiriza em agonia.

Ao mesmo tempo, maga, me inebria
Se num segundo volto a ser criança
Ao mesmo tempo falta a temperança
E a noite novamente assim se esfria.

Imagem de um sorriso, outrora oculto,
Este fantasmagórico e vil vulto
Caminha pela casa novamente.

Atando nos meus pés, velhos grilhões,
Causando do vazio, comoções,
Felicidade foge, totalmente...


1354



Felicidade foge, totalmente;
Deixando em seu lugar, saudade imensa.
Quem tem como esperança a recompensa,
Recebe por herança a vil corrente.

Por mais que tantas vezes inda tente,
Apenas num sorriso, sempre pensa,
A noite em amargura segue tensa,
Persisto como um tolo penitente.

Palavra lusitana, nega a soma,
Desta idiossincrasia do idioma
Eu sinto o meu destino já traçado.

A marca desta amarga nostalgia
Cravada no meu corpo a cada dia,
Impede o alvorecer iluminado...

1355

Impede o alvorecer iluminado,
A treva inesgotável que carrego,
Por mais que uma esperança trame um brado,
Meu passo assim prossegue; torpe e cego.

Sorriso tanta vez anunciado
Espreita o vendaval quando navego,
Num ato que decerto é tresloucado,
Ao mais temível sonho; assim me entrego.

Esfacelando o resto que inda existe
Voraz, embora amargo e mesmo triste
Prevendo em meu futuro um final trágico.

Meu verso no final quase autofágico
Explode em fantasias e ilusões,
Sangrando estas barragens, turbilhões...


1356


Sangrando estas barragens, turbilhões
Invadem pensamentos e desejos.
De tanto que enfrentei em negações
Momentos de agonia tão sobejos.

Saudades entranhando em borbotões,
Resíduos dos antigos relampejos.
Agora nos meus passos, medos, pejos.
Não vejo num sorriso, as soluções.

A par do que já tive e não mais tenho,
A vida vai cerrando amargo cenho
Na pétrea sensação do nada ter.

Apenas os resquícios que transbordam,
As manhãs tão grisalhas que me abordam,
Renegam qualquer forma de prazer...


1357



Renegam qualquer forma de prazer
As velhas ilusões já se esvaindo.
O que pensara ser um dia lindo
Apenas tempestades, posso ver.

Sentindo da saudade, o seu poder,
As chuvas mansamente vão caindo
Sorrisos de mulher me perseguindo,
Irônica expressão do nada ter.

O que restou de nós? Nem mesmo sei,
Apenas um retrato na gaveta,
Mas dói e corroendo, dia-a-dia

Volvendo eternamente à mesma grei
A sombra do vazio me completa
Inverno dentro da alma não se estia...


1358


Inverno dentro da alma não se estia
Num temporal que sei interminável.
A noite recomeça e sempre fria
Nas mãos de uma saudade insuperável.

Estrelas e falenas... Mas, vazia
A vida não permite um sonho amável,
Destroça em sortilégio a poesia
O tempo dentro da alma segue instável.

Quem dera se eu pudesse ainda ver
Sorriso mesmo irônico e sarcástico.
O sonho que se mostra assim espástico

Negando timoneiro, barco e velas,
Esperanças que ao menos penso ter
Culminam no prazer de assim contê-las.
Publicado em: 09/03/2008 08:38:56
Última alteração:22/10/2008 15:33:34


EU TE AMO!! coroa de sonetos 98
1359


Dos raios do luar, calmas dolências,
Trazendo a dor intensa de um vazio.
Nas marcas entranhadas, penitências,
Um sonho que eu vivi, ora recrio.

Na boca da mulher, claras ardências,
Momentos de emoção que fantasio,
Agora tão somente as inclemências
Mas tenho a sensação de um novo estio.

Relembro de seus olhos, seu sorriso,
Chegando mansamente e sem aviso,
Num átimo tomado em avidez,

Mergulho no passado e sua imagem,
Além de simplesmente uma miragem,
Em mágica alegria se refez...

1360

Em mágica alegria se refez
A vida num momento de prazer;
Tocados por total insensatez
Dois corpos num só corpo eu posso ver.

Sentindo a morenice dessa tez
Roçando a minha pele, passo a crer
Num Deus enamorado que te fez
Mostrando em farta glória o Seu poder.

Viajo por caminhos deslumbrantes,
Sorrisos em malícia provocantes
Sussurros delicados, mas audazes.

Fronteiras; desconheço, e num momento
Eu creio que entornando o sentimento,
A um tempo satisfaz e satisfazes...

1361


A um tempo satisfaz e satisfazes
Provocas e me tocas com desejos.
Nos jogos da alegria, tantos ases,
Carícias tresloucadas negam pejos.

A vida tem, decerto, suas fases
E nelas há momentos mais sobejos
De luzes e carinhos, pois me trazes
Prazeres muito além de relampejos.

Beijar a tua boca. Ser só teu...
Não quero simplesmente estar contigo,
Meu mundo nos teus braços se perdeu.

Sorriso inigualável em perfeição,
Embora cada canto diz perigo,
Nos braços da sereia, a perdição...


1362

Nos braços da sereia, a perdição,
“Amor sendo infinito enquanto dure”
Estrela divinal que se procure
Causando a mais sincera convulsão.

Cansado de ter sempre o mesmo não,
Da solidão sorriso, agora cure,
E mesmo que em verdade não perdure,
Expresse a mais sublime sedução.

Encontros pela vida, tantos tive,
Em desencontros tolos, me perdi.
Lugares tão distintos onde estive

Porém, felicidade existe em ti,
Mas quando a morte, um dia me calar,
Eu posso enfim dizer: eu pude amar!


1363

Eu posso enfim dizer: eu pude amar!
E mesmo sendo apenas virtual
Amor veio chegando devagar,
De um jeito tão gostoso e sensual.

Vontade de poder te namorar,
Carinho assim sublime e sem igual,
Na boca com prazer imaginar
O beijo que se faz quase real.

Assim, esta alegria eu quero e tento,
Perigo; sei que existe. O que fazer?
Mais forte do que tudo, o sentimento

No qual eu sem limites quero ter,
Felicidade ao menos num momento.
Tocado pelas ondas do prazer...


1364



Tocado pelas ondas do prazer
Sentindo um arrepio tão gostoso,
Vontade de chegar e de poder
Bebe em tua boca, o fabuloso

Néctar que por instantes vai prover
Um sonho delicado e mavioso.
No amor que se prevê voluptuoso,
Um rio em plenitude a percorrer...

Refém desta vontade eu te garanto
O quanto eu te desejo há tanto tempo.
Na vida não percebo contratempo

Apenas tão somente o raro encanto
No qual faço meu canto e minha sina,
Desejo de ser teu; bela menina...


1365

Desejo de ser teu; bela menina,
Na força soberana deste amor
Que espalha em nossos sonhos, mar e flor,
Ao mesmo tempo sangra e nos domina.

Intensa fantasia a se compor
Além do que a razão já determina.
Mudando a direção, transforma a sina,
Deixando uma emoção solta ao sabor.

Nos ventos que se fazem temerários,
Nos olhos que compõem uma alegria,
O quanto este querer demais se urgia

Demonstra quão possível ser feliz.
Buscando comum foz, mesmo estuário,
Contigo eu tenho tudo o que bem quis...


1366

Contigo eu tenho tudo o que bem quis,
Um velho trovador escuta a voz
Do amor que se mostrando dentro em nós
Transforma este marujo em aprendiz.

Grumete da esperança, eu sou feliz
Mesmo sabendo ser amor algoz
Retiro dos meus olhos ledos pós
Esqueço a mais temida cicatriz.

Maturidade traz experiência?
Eterna juventude não se cansa
Fazendo rebrotar a mocidade.

Por mais que alguém traduza por demência
O amor se renovando em confiança
Permite perceber felicidade...


1367


Permite perceber felicidade
Após a tempestade, o claro sol.
Rompendo, no meu peito, antiga grade,
Delícias em cetim, seda, lençol...

Na fúria delicada que me invade
Prevejo novamente este farol
Que trama ao mesmo tempo liberdade,
Matando estes abrolhos no arrebol.

Meus olhos procurando em cada lume
Encontram suas marcas, belos rastros,
Transitam nos espaços entre os astros,

Legando à solidão cada queixume
Colecionado em dias infelizes.
Amor já se esqueceu destes deslizes...

1368


Amor já se esqueceu destes deslizes
Tenha a certeza disso. Siga em frente.
Um novo amanhecer, querida, invente
Assim nós superamos quaisquer crises.

Do que tu mais desejas sempre avises,
Contigo não irei tão tolamente
Atados pelos nós dessa corrente,
Decerto nós seremos bem felizes.

Um tempo em libertária imensidão
Aclara-se, tomando este horizonte.
Olhando para o rumo em que se aponte

O vértice perfeito da emoção
Seremos bem mais fortes, estou certo.
Amor um vero oásis num deserto...


1369


Amor um vero oásis num deserto,
Fazendo ressurgir vida, esperança
Aonde o sonho leve, é que se alcança
O rumo procurado, outrora incerto.

O sentimento em paz, o peito aberto,
As mãos que se estenderam na aliança
Aos poucos transmitindo confiança
Permitem passo firme e aprumo certo.

Visceral que tenhamos dentro em nós
Esta força indelével de um amor.
Soberano poder transformador

Uma expressão de firme e clara voz,
O guia nos momentos imprecisos,
Colheita em que se tramam paraísos...

1370



Colheita em que se tramam paraísos
Percebo no jardim de nosso amor.
O quanto em sonho é sempre tentador,
Amor jamais nos manda seus avisos.

Permita que eu adentre teus sorrisos,
Chegando ao mais perfeito e encantador
Canteiro; aonde eu sei que em cada flor
Cuidados foram sempre tão precisos.

Botão quando roubado prenuncia
Encanto bem maior, disso eu sabia
Por isso minha voz se faz tenaz.

Paixões entre palavras reveladas,
Estampam estas flores que; roubadas,
Traduzem todo o gozo que amor traz...



1371


Traduzem todo o gozo que amor traz
Palavras benfazejas que trocamos.
Sabendo desde sempre o que buscamos,
Amor que nos traduza intensa paz.

A mansidão na qual ele se faz
Não quer e nem prevê servos nem amos.
Apenas entrelaces destes ramos
Mostrando o quanto um sonho é mais capaz.

A par destas promessas que eu te faço,
Amor vai estreitando cada laço,
Traçando um novo rumo em claridade.

Firmando a cada dia mais o passo,
Estendo o meu olhar aos firmamentos
Recebo o teu carinho em mansos ventos.


1372



Recebo o teu carinho em mansos ventos
Lembrando do que fomos. E não mais.
A vida ao sonegar âncora e cais
Eu sei que transtornou rosa dos ventos

Pensara ser um deus, loucos momentos,
Porém não me esqueci de ti jamais
Bonança substitui os vendavais
Os dias em saudade são mais lentos.

Mas gosto de poder dizer assim,
Do amor que inda reflete dentro em mim
Em brilhos mais sutis, tais florescências.

À noite em placidez, enamorado,
Recebo, sem fastio, extasiado,
Dos raios do luar, calmas dolências.
Publicado em: 09/03/2008 11:12:22
Última alteração:22/10/2008 15:33:38



EU TE AMO!! coroa de sonetos 99
1373


Permitem que se possa conhecê-las
Estrelas que vagueiam sobre nós.
Ao mesmo tempo sonho poder vê-las
Tocando num bailado a mansa foz

Aonde dos meus barcos, soltas velas,
Escuto da sirena a doce voz.
À sombra da ilusão, prevejo após
Um dia deslumbrante, ao recebê-las.

Qual fora um lavrador que se extasia
Ao ver a plantação que a cada dia
Proporciona o gozo de uma fruta

No sumo imaginável, me deleito,
Porém volta o vazio quando deito.
Paixão me devorando, audaz e astuta...

1376

Paixão me devorando, audaz e astuta.
Causando reboliço no meu peito.
O quanto que se entrega desse jeito
Permite vislumbrar se existe luta.

A voz de uma emoção quando se escuta
Tornando o meu caminho mais estreito,
Enquanto tantas vezes me deleito
Uma ilusão se mostra mais arguta.

E nisso ao ver meu dia se esvaindo
Em luzes tão distantes, sem um sol,
Angústia se espalhando em arrebol,

Embora em teimosia, prosseguindo,
Eu sei que não terei mais qualquer chance,
Amor se colocou fora do alcance.


1377


Amor se colocou fora do alcance
Apenas o meu sonho ainda o toca.
Com esperanças vida se retoca
Mas sinto que não tenho sequer chance

De ter o gosto intenso de um romance.
Um peixe se perdendo sem ter loca,
Entregue à correnteza que o desloca
É de se esperar, claro, que ele canse.

Porém meu coração se faz teimoso
E bebe deste sonho fabuloso,
Embora na verdade não preveja

Em plena tempestade, uma bonança,
Resiste demonstrando com pujança
O quanto é persistente quem deseja...

1378


O quanto é persistente quem deseja
Poder alçar enfim, felicidade.
Mesmo que esconda em si fatalidade
Amor glória maior e tão sobeja.

Quem luta e nas batalhas já dardeja
Uma ilusão que, mesmo em liberdade
Procura ver a paz, tranqüilidade,
E dela ser cativo, amor almeja.

A solidão se mostra dura fera,
Saudade em violência desespera
E deixa tão somente um vago imenso.

Por isso e tão somente é que procuro
A claridade em dia tão escuro,
No amor que assim espero e tanto penso...


1379

No amor que assim espero e tanto penso
Vislumbro algum momento de alegria.
Se a silhueta da sílfide inebria,
É nela que em verdade eu recompenso

O quanto que me perdi em mar intenso,
Toando sem remédios, poesia,
Em tom maior espero a melodia
Tomando em meu caminho, amor imenso.

Quem traz a solidão por estribilho,
Cansado de buscar feito andarilho
Algum momento manso em plena paz.

Já sabe valorar cada sorriso,
Amor que não combina com juízo,
Na insânia e na loucura é mais capaz...


1380


Na insânia e na loucura é mais capaz
O tempo de colheita se aproxima,
Amor que tantas vezes satisfaz
Mudando a velha trilha em farta estima.

Transformação dos ventos noutro clima
Especiarias várias o amor traz,
Ao mesmo tempo cega enquanto esgrima,
De um tímido ressurge a voz audaz.

Mestiços sentimentos, amor/ódio.
Vencidos, em lauréis, subindo ao pódio,
Das mágoas e das dores, nem sinal.

Um cântico louvando uma esperança,
Amor em passos trôpegos já trança
Um novo amanhecer em ritual...


1381




Um novo amanhecer em ritual
Diverso do que outrora fora a lei,
Do quanto tantas vezes desejei
E agora guardo estrelas no bornal.

A lua na varanda faz varal
Dos sonhos e delírios que busquei,
Castelos desenhados, reino e rei,
As frutas abundando no quintal.

Meticulosamente colho a sorte
Deixando o pesadelo adormecido.
As luzes em matizes tão diversos.

Amor cicatrizando qualquer corte
Expressa outro rebento concebido
Recolhendo os meus cacos mais dispersos...

1382


Recolhendo os meus cacos mais dispersos
Consigo ainda ver alguma luz.
Legando ao meu passado a dura cruz
Os sonhos não serão, assim, perversos.

Vagando em ilusão por universos,
Apenas fantasia me conduz,
O quanto que não tenho reproduz
Solidão inerente nos meus versos.

Mas mesmo que eu não possa caminhar,
Ao ver meus erros sinto em comoção
O quanto é necessária esta lição,

Aprendizagem sempre é devagar,
Distante dos prazeres e carinhos,
É feita em cicatrizes, descaminhos.

1383


É feita em cicatrizes, descaminhos,
A noite em solidão. Nos temporais
Bebendo avinagrado e amargo vinho
Encontro das tristezas, catedrais.

Ouvindo o antigo blues, peço carinhos,
Apenas dos acordes musicais,
Imagens percebidas, sensuais,
Perdidas entre os velhos burburinhos...

Meu corpo anda distante de minha alma,
Nem mesmo um beijo audaz, agora acalma,
Jogado nas calçadas, cão vadio.

Tantas vicissitudes recolhidas,
Esperanças revoam, vão perdidas,
Deixando em seu lugar, o medo e o frio...

1384



Deixando em seu lugar, o medo e o frio,
A mão que acarinhava se perdeu...
Do quanto que inda resta, nada é teu,
Somente a solidão negando estio.

Por vezes; solitário, eu fantasio
Nos olhos da ilusão, um camafeu
Mostrando que meu sonho renasceu.
Retorno e vejo em volta este vazio...

Minha alma quebrantada nada escuta,
Senão a força amarga, intensa e bruta
Desta desilusão que não se vai.

Carcaças do que fomos espalhadas,
Adentrando as insones madrugadas
A chuva em teimosia, sempre cai...


1385


A chuva em teimosia, sempre cai
Penetrando a minha alma, transtornando.
O sonho pouco a pouco desabando,
Até a fantasia já me trai.

Meus olhos procurando em Adonai
A paz anunciada. Tropeçando,
Eu sinto que as tristezas vêm em bando.
Nem mesmo a poesia me distrai.

Do quanto imaginara sou resumo,
Os erros na verdade, eu sempre assumo,
Mas nada mais me impele a prosseguir.

Talvez na morte eu tenha a recompensa.
Incenso se perdendo em noite imensa
O pouco que inda resta a se esvair...



1386

O pouco que inda resta a se esvair
Num gotejar insano e repetido,
Portanto nada irá mais me impedir,
Do nada que hoje sou, vou convencido.

De tanto que sonhei venho pedir
Apenas um só beijo, mas duvido
Que mesmo que ele seja enfim partido,
Alguém se lembrará. Eu preciso ir.

O tempo não demora e se aproxima,
A noite transtornado em chuva, o clima,
Negando a permissão de ouvir estrelas.

Mas tendo estes resquícios de uma insânia
Somando as fartos goles de Champanha
Permitem que se possa conhecê-las.
Publicado em: 09/03/2008 13:29:04
Última alteração:22/10/2008 15:33:42

EU TE AMO!! coroa de sonetos 100
1387

Assim caminha a terna madrugada
Até desembarcar no claro dia.
Deitando meu prazer em tua estrada
Entregue aos braços mansos da alegria.

Por mais que a vida venha desgrenhada,
Renasce no poder da fantasia,
A cada novo sonho se recria
Uma manhã sublime, iluminada.

Assaz intempestivos pensamentos
Moldando uma ilusão que não se aplica,
Nem mesmo uma esperança justifica;

A vida é feita em risos e lamentos.
Ungüentos aguardados? Pois, quiçá.
Nem sempre o redentor sol brilhará...


1388


Nem sempre o redentor sol brilhará;
Às vezes é preciso que se saiba
Nem tudo o que reluz, aqui ou lá
A palavra tesouro ainda caiba.

Errantes pensamentos; sigo só,
E nada poderá conter sangrias
Nem mesmo impedirá terrível nó
Atado em minhas pernas. Agonias.

Quimeras tão distintas vêm traçando
O caminho em que busquei felicidade.
Não sei e nem pergunte desde quando
Eu pude vislumbrar a realidade.

Apenas sei dizer que vou liberto,
Sem ter a fantasia aqui por perto...


1389

Sem ter a fantasia aqui por perto,
Com certeza meu rumo será manso.
Por mais que o peito esteja mais deserto,
Nas mãos de uma ilusão só dor alcanço.

A chuva que caiu neste deserto
Jamais transformará em um remanso
Aquilo que é vazio. Esteja certo
Minha alma necessita de descanso.

Por vezes iludido mergulhei
Em lagos bem mais rasos, movediços.
Amor perdendo rápido; os seus viços

Tristezas invadindo a minha grei.
Agora que sei disso, meu amigo,
Não faço da esperança algum abrigo...

1390


Não faço da esperança algum abrigo,
Sabendo que a ventura cessará.
O quanto procurei, mas somente há
Depois da tempestade, o meu jazigo.

Amor tão verdadeiro, um sonho antigo,
Daqueles que jamais se findará,
Mas tendo esta certeza, desde já
Encantos noutras sendas eu persigo.

Desdigo cada verso que já fiz
Sabendo: nunca mais serei feliz,
Rondando pelos bares da cidade,

Encontro mil fantasmas parecidos,
Nas mãos de uma ilusão, apodrecidos,
Morrendo de tristeza e de saudade...


1391


Morrendo de tristeza e de saudade,
Falena em lamparina é suicida.
O quanto desejei em minha vida
Viver algum segundo em liberdade,

Deixando para trás tranqüilidade
Na mão de um tenso amor, ensandecida,
Não vejo uma esperança, vai perdida,
Moldando em ilusão, felicidade...

Partícipe da orgia interminável
Nas mãos de uma mulher assaz afável
O bote preparado, do destino.

Ao mesmo tempo; amor, dando nos cobra,
Nos olhos desta sílfide uma cobra,
O sonho envenenado em desatino...


1392


O sonho envenenado em desatino,
Castelos de minha alma, em derrocada.
A porta da esperança está lacrada
Desde os meus tempos magos de menino.

Perdendo há tantos anos, senso e tino,
Pensei nesta loucura desfrutada
Nos braços da mulher tão bem amada
Um riso precioso e cristalino.

Cevei farta amargura em meu pomar,
Arando sobre terra fria e dura.
A noite renascendo sempre escura

Esconde em teimosia, algum luar
Que fora a redenção de um trovador,
Inútil devoção do agricultor...


1393

Inútil devoção do agricultor,
Traduzida na safra já perdida.
O quanto desejei em minha vida,
Aborto que se fez enganador.

Não tendo quase nada a te propor
Apenas o vazio, eu sei querida,
Sem portas ou janelas, a saída
Não tendo qualquer face, é sem valor.

O joio se espalhando no trigal
Impede uma colheita com certeza,
Não tendo assim mais nada sobre a mesa

Não quero e não suporto este bornal.
A vida que cevou desilusão,
Espalha por semente, a negação...

1394



Espalha por semente, a negação
Quem tantas vezes teve a dura seca
Como parceira. Sabe quanto é vão
O olhar de quem a vida já resseca

Mudando a direção torpe dos ventos,
Correntes tão diversas, vida passa.
Retendo nos meus olhos sofrimentos,
O tempo se perdendo na fumaça

Dos cigarros tragados um a um,
Na fila interminável das agruras,
De todos os meus sonhos, sei nenhum,
Invés de fantasias, amarguras.

Torturas em palavras e conselhos,
Os olhos se perdendo, estão vermelhos...


1395


Os olhos se perdendo, estão vermelhos,
A boca ressecada pede lábios.
Porém a minha face nos espelhos
Demonstra ausência clara de astrolábios.

Na vã caricatura que hoje eu trago,
A pele pelas rugas já sulcada,
Percebo quão difícil ter afago
A noite desabando não diz nada.

Encontro nas gavetas o retrato
Do tempo em que talvez inda pudesse
Pensar no amor além de um simples trato,
Mirada sem destino, alma padece.

Não tendo mais segredos, tento um norte,
Encontrei somente a paz da morte.


1396

Encontrei somente a paz da morte
Depois de tanto tempo em agonia.
Quem dera se restasse a fantasia?
Jamais suportarei um novo corte.

Andando sem sequer algum suporte,
A rua do passado em pedraria
Ladrilhada; demonstra em ironia
Estrada entregue agora à própria sorte.

Meus olhos embotados de tristeza
Na lama que se fez em correnteza
Mergulham seus descréditos inermes.

A pele se entranhando em podres vermes
Prepara este banquete derradeiro.
Meu único carinho verdadeiro...


1397


Meu único carinho verdadeiro
Recebido na vida sempre em vão,
Demonstra o quanto amor chega ligeiro
E traz dentro de si farta ilusão.

O quanto tantas vezes feiticeiro,
Espalha a seca sobre a plantação
Chegando se despede; derradeiro,
Deixando tão somente a negação.

A barca que partiu não voltará
Naufrágios da esperança neste mar.
Nem mesmo uma lembrança restará

Nos olhos que se foram pra outro cais.
Apenas a saudade vai ficar
Eu sei que quem partiu não volta mais...


1398


Eu sei que quem partiu não volta mais,
Deixando tão somente a nostalgia
Matando pouco a pouco a poesia,
Em cantos tão terríveis, abissais.

Quem dera em momentos triunfais
Soubesse desta trágica ironia,
Talvez alguma sorte restaria,
Além destas lembranças sensuais.

Acórdãos tantas vezes renegados,
Palavras que se vão, o vento leva
Meus olhos se entregando à mesma treva

Dos dias em torturas desfilados.
A lua se quebrando em ronda cega,
Apenas solidão o amor navega...

1399



Apenas solidão o amor navega,
Errando porto em porto, segue frágil,
Sabendo que terá fatal naufrágio,
As dores deste mundo ele carrega.

A qualquer esperança ele se apega,
Porém a vida cobra sempre em ágio
Por mais que seja audaz, a dor mais ágil
Felicidade plena, ela sonega.

Desprezos; acumulo em minha vida,
Labirinto enigmático escondendo
Com perfeição a porta de saída

Não deixa nem sequer a fantasia.
O medo pouco a pouco corroendo,
Ancoradouro manso, a dor adia...

1400

Ancoradouro manso, a dor adia.
Porém quando eu pressinto amanhecer
O sol vai se mostrando em fantasia
Trazendo, mesmo falso, algum prazer.

Nas mãos tão movediças da alegria
A vida inda permite conceber
A glória de um sorriso. Em ironia,
A pérfida ilusão não deixa ver.

O quanto em teimosia, o sonho chega
E nele um arremedo de esperança
Trazendo algum alivio, mesmo em nada.

Deitando noutros braços, numa entrega
Que embora sendo falsa, me descansa,
Assim caminha a terna madrugada.
Publicado em: 09/03/2008 15:11:28
Última alteração:22/10/2008 15:33:46



EU TE AMO!! coroa de sonetos 101
1401

Na espera de um sublime amanhecer
Escuto tais palavras mais benditas,
O quanto a vida empresta em bel prazer
Trazendo para o sonho estas pepitas.

Ourives lapidando passa a crer
Em noites e manhãs bem mais bonitas.
Quem dera nos teus braços me perder,
Buscando o teu olhar quando me fitas

E nele me embrenhando, ser teu par,
Vivendo tão somente por te amar,
Colecionando risos e venturas.

Entregue ao sentimento mais sublime,
No amor que em perfeição já me suprime,
Envolto em braços plenos de ternuras.

1402


Envolto em braços plenos de ternuras
Eu faço de meu verso o que bem quero,
O quanto coletando em desespero
Demonstra quem viveu somente agruras.

Palavras benfazejas sempre puras
Não servem pra quem sofre de tempero,
Na costumeira forma, este godero
Invadindo o trigal, tolas procuras...

Eu bem te vi tentando ser alguém,
Porém quem um vazio assim retém
Não pode, na verdade ser mais nada,

Senão uma pessoa amargurada
Reflexos tão cinzentos, constatados,
Em versos desconexos, malfadados...

1403


Em versos desconexos, malfadados
Distante de teus olhos me perdi,
Lançados com certeza, novos dados,
A sorte finalmente eu conheci

Caminhos maltrapilhos desviados
Encontro a plenitude sempre em ti.
Ao vislumbrar assim divinos prados
Decerto tanto amor estava aqui.

O amor faz necessária cada rega
Floresce então em rara maravilha.
A glória que essa luz ora engatilha

Por mares mais tranqüilos já navega
Ceifeiro da esperança, o verso agora,
Percebe quando amor intenso aflora...

1404


Percebe quando amor intenso aflora
O peito que se dá sem querer nada.
De tanto que eu te quero desde agora,
Primícias de uma sorte engalanada.

Vivendo esta alegria vida afora
Minha alma na tua alma retratada
Prazer que cada sonho revigora
Mudando com firmeza a velha estrada.

Espinhos, pedregulhos esquecidos,
Não tendo mais temores, vou em frente.
Caminho mais sublime se pressente

Após tantos atalhos percorridos
Nem mesmo uma saudade contradiz,
Eu posso finalmente ser feliz.



1405




Eu posso finalmente ser feliz
Sabendo que tu queres meu desejo
O quanto deste amor já se prediz
Permite que se encante neste ensejo.

Do beijo, na verdade, eu quero bis
A glória deste sonho, eu sempre vejo
Rondando minha noite outrora gris
Agora iluminada com traquejo.

Um colibri que pousa numa flor,
Reflete esta vontade insofismável.
Dizendo com clareza farto amor.

Estrelas espalhando em minha vida,
Prometem um momento inenarrável
Trazendo uma alegria já perdida...


1406

Trazendo uma alegria já perdida,
A boca que me encanta em voz e sonho,
Meus lábios no teu corpo quando ponho
Expõem esta explosão farta e querida.

Minha alma se encontrava distraída
E ao ver este caminho tão risonho,
Depois de tanto tempo andar tristonho,
Encontro enfim razões pra minha vida.

Roçando os teus sentidos, tua pele,
Bebendo cada gota, amor compele
Ao gozo em plenitude, farto imenso.

Teu nome no meu peito tatuado,
Em carne viva, espaço demarcado
A cada novo beijo em ti, mais penso...

1407


A cada novo beijo em ti, mais penso
No amor que se fez nosso e ninguém nega,
Decerto deste sonho eu me convenço
Enquanto alma deseja e assim se apega

Ao mesmo tempo aberta essa janela
Refestelado sonho me inebria.
O quanto eu te desejo se revela
E invade sem demora, a poesia.

A vida transcorrendo sem entrave,
Imersa em alegrias e prazeres.
Carinho delicado e tão suave
Do jeito e da maneira que quiseres.

Amor em perfeição puro e sincero,
Do mel de tua boca eu sempre quero...


1408



Do mel de tua boca eu sempre quero
Voraz, calmo, sereno, audaz... Perfeito.
Sentindo o teu perfume quando deito
Encontro a maravilha que eu espero.

A vida traz um vento às vezes fero,
Mas quando em regozijo eu me deleito
Aguardo que tu venhas ao meu leito,
Assim nesta alegria/amor prospero.

As roupas pelo chão são testemunhas,
Dos sonhos que comigo tu compunhas
Em ritos desejados e carnais.

Destino feito em êxtase divino,
Contigo meu amor eu me alucino
Querendo toda noite sempre mais...


1409


Querendo toda noite sempre mais
Desejo que infindável nos domina,
A pele transpirando em fartos sais
O gozo que se emana em cada mina.

Estrelas derramadas, corpo é cais
Amor tanto poreja quanto mina,
Fazendo de nós mesmos canibais,
E mesmo na manhã jamais termina.

Mergulhos que fazemos permitindo
A cada novo dia descobrir
O quanto o sentimento se faz lindo

E em tramas tão diversas incendeia.
Sem travas que nos possam impedir,
A lua nos abraça; sempre cheia...

1410



A lua nos abraça; sempre cheia
Trazendo a mais sublime claridade,
Quem ama de verdade não receia
Nem mesmo ventania ou tempestade.

Vontade sem igual não se refreia
E todo pensamento amor invade.
Presença que se quer e tanto anseia
Quem sabe desfrutar felicidade.

Mil beijos e carinhos; louca busca
Nem mesmo a lua intensa nos ofusca
Trazendo ao nosso sonho, a perfeição.

Meu pensamento encontra o teu sorriso,
Da boca que eu mais quero, perco o siso
Entregue ao teu poder de sedução...

1411


Entregue ao teu poder de sedução,
Teus olhos são decerto meus faróis,
Amor que sempre traz transformação
Estende em nossa cama, raros sóis.

As horas do teu lado são amenas,
O quanto que em desejos tu traduzes
Fazendo com que eu busque qual falenas
Atrás de claros lumes, belas luzes.

A marca que se entranha em minha pele,
Das garras e dos dentes da pantera
Ao teu prazer meu sonho já compele
Prazer que mil prazeres sempre gera.

Somando nossos passos: infinito.
Amor feito em bonança, em paz, bendito...

1412


Amor feito em bonança, em paz, bendito
Prenunciando um dia em festa e gozo.
Poder te amar é sempre tão gostoso,
Maravilhado quero e assim repito.

No bem desta emoção eu acredito
Vivendo um mundo nobre e prazeroso,
Recebo o teu olhar mais desejoso
E a noite recomeça; eterno rito.

Sentindo o teu perfume, vou em frente,
Felicidade então já se pressente
Gerando a poesia que me invade.

É tempo de saber reconhecer
E dar muito além de receber
Colhendo no final, felicidade...


1413


Colhendo no final, felicidade;
Depois de ter no amor, semeadura
A mão tão carinhosa me assegura
Trazendo farta paz, tranqüilidade.

Eu vejo em nosso caso intensidade
Maior que me permita em tal ternura
Saber do quão precisa esta procura
Que traz em mansidão, a liberdade.

O tempo de viver e ser feliz
Não deixa qualquer dúvida, é agora.
Amor que deste sonho se assenhora

Matando as vãs tristezas, cruéis, vis.
Refeito de um passado amargo e frio,
Prazer interminável, assedio...


1414


Prazer interminável, assedio
Fazendo deste amor um talismã
Bebendo da alegria na manhã
No brilho deste olhar eu me inebrio.

A cada novo gozo principio
Um sonho que se mostra quase afã.
Embora a sorte venha temporã
Encontro nos teus braços, meu estio.

Certezas vislumbradas no horizonte
Permitem que se veja a clara fonte
Aonde uma esperança vem beber.

A noite se deleita extasiada,
E vejo em mansidão a madrugada
Na espera de um sublime amanhecer
Publicado em: 09/03/2008 19:01:39
Última alteração:22/10/2008 15:33:59



EU TE AMO!! coroa de sonetos 102
1415

A lua tão serena enamorada,
Espelha a noite inteira esta beleza
Também de teus olhares, anda presa,
Tal qual um sol em plena madrugada.

O vento enciumado tanto brada
Roncando entre cascatas, correnteza
Amor que eu tanto quero e que me preza
Imagem para sempre resguardada.

Quem fora um cardo; amargo e desprezado
Ao ver a maravilha que tu és
Deitada em alegria do meu lado

Já vê que a sorte agora vem propor
Grilhões se desatando dos meus pés
Um canto inebriante feito Amor...

1416

Um canto inebriante feito Amor
Rondando os meus ouvidos me conclama
À festa interminável que se trama
Desejos incontidos, farto ardor.

Teu corpo em maestria vem compor
O pleno regozijo em que inflama
A vida, renegando qualquer drama
Num venturoso sonho a se propor.

Alçado a mais sublime perfeição
Não temo mais as urzes nem espinhos,
Percorro em maciez velhos caminhos,

Sentindo esta alegria em profusão.
Nas ânsias deste amor, tanta pureza,
Deixando a dor distante e sem defesa...


1417



Deixando a dor distante e sem defesa
Tua presença traz a mansidão
Florindo meu caminho em emoção
Tramando cada passo com leveza.

Da vida que se fora amarga e tesa
Agônica mortalha da ilusão
Tomando toda a cena. Negação
Dos sonhos que eu tivera em vã tristeza.

A chuva pouco a pouco assim se amaina,
Amor vem demonstrando em sua faina
Ser liberdade além de um vago sonho.

Contigo eu aprendi a ser feliz
Meu verso; a ti dedico, enquanto diz
Do Amor em plenitude que proponho...

1418


Do Amor em plenitude que proponho,
Eu quero usufruir a cada dia,
Se nele eu posso ver o que eu queria
É realização de antigo sonho.

Quem tanto, ultimamente, foi tristonho
Merece pelo menos a alegria
Que é dada com certeza na alquimia
Do jogo que contigo, ora componho.

Nas torres mais sublimes, catedrais
Erguidas com esmero e precisão,
Amor emite logo os seus sinais.

Quem ama, decifrando estes enigmas
Arranca do passado seus estigmas
Encontrando afinal, libertação...


1419



Encontrando afinal, libertação,
Entrego-me ao poder extasiante
Vivendo a nossa vida a cada instante
Percebo bem mais forte esta emoção.

Na soma em que se dá composição
De seres tão diversos na constante
Certeza, eu me sentindo um navegante
Que faz do amor a sua embarcação.

A música se espalha pelos ares,
Embalando decerto os meus sonhares
No peito harmonizando os batimentos.

Alvissareiro sonho em que se dá,
A força mais sublime que, quiçá;
Apascentará mares violentos...


1420


Apascentará mares violentos,
A mão de quem professa uma amizade.
Afugentando assim, a crueldade,
Os dias serão mansos, sem tormentos.

A par da violência e seus intentos,
Derramas sobre nós suavidade,
E nisso posso ver tranqüilidade
Tomando com firmeza os sentimentos.

Poderes que se encontram raramente,
A vida muitas vezes os sonega,
A quem em amizade alma se apega

Ajuda a ultrapassar qualquer torrente.
Por mais que a vida mostre-se indolente
Prossigo junto a ti, em mansa entrega...

1421


Prossigo junto a ti, em mansa entrega
Sabendo quanto a vida não transige,
A solidão se mostra amarga e cega,
O quanto nos levando nos exige.

O tempo em implacável sordidez
Aos poucos nos transforma e rouba o viço.
Porém o amor nos dá por sua vez
A mansidão sublime que eu cobiço.

Enquanto os meus cabelos quedam gris,
Os olhos amainados podem ver
No fundo, mesmo às vezes infeliz,
Eu posso vislumbrar algum prazer.

Enquanto a juventude já se esgota,
O barco em calmaria acerta a rota...

1422


O barco em calmaria acerta a rota
Depois de soçobrar em mar insano.
Seguindo qual falena a velha frota
Num cais bem mais tranqüilo faz seu plano.

Após reconhecer o seu destino,
Entrega-se por vezes à loucura.
Faz bem, eu te garanto um desatino
Em meio a tantas formas de ternura.

A fonte do prazer em chafariz
Explode vez em quando e traz consigo
A farta profusão que contradiz
O medo de sonhar, viver perigo.

No corpo de uma diva já desnuda,
A sorte num segundo se transmuda...

1423


A sorte num segundo se transmuda
Meus dedos engelhados, meus problemas,
Sem nada que proteja ou que me acuda
Ainda sinto a força das algemas

A dor de uma saudade é tão aguda,
Por mais que tu me digas que não temas,
Imagem do passado na alma gruda,
Fleumática, dorida cria emblemas.

A boca sem teus beijos, vã procura,
Esgueiro pela vida, simplesmente.
Enquanto este vazio atroz me invade.

A noite desenhada em amargura,
O tempo de viver, já não se sente.
Apenas tão somente, esta saudade...


1424


Apenas tão somente, esta saudade
A força corrosiva que não cessa,
No quanto amor em paz já se confessa,
Ao mesmo tempo trai tranqüilidade.

Olhar que me acompanha, na verdade
Mesmo que ausente sempre recomeça
Entranha em minha pele e já se engessa
Ao transtornar renega a liberdade.

Na comoção extrema que me traz,
Negando a cada instante a minha paz,
Sonega esta presença tão distante.

O quanto que sonhei e não te vi,
No espectro que aqui ronda; eu me perdi,
Seguindo esta miragem deslumbrante...

1425

Seguindo esta miragem deslumbrante
Arrasto nos meus pés fartas correntes,
Meus olhos solitários penitentes
Procuram tua imagem a cada instante.

Dos sonhos, um teimoso navegante
Entregue aos pesadelos tão freqüentes
Trazendo a solidão entre seus dentes
Não crê mais em destino triunfante.

Entranhas no meu corpo, um talismã
A vida sem te ter segue malsã,
Apenas tão somente assim me arrasto.

O quanto que te quis, eu descobri
Eu não resistirei sem ter em ti
A plenitude intensa em que me abasto.



1426


A plenitude intensa em que me abasto,
Encontro em nosso amor, força inaudita.
O quanto que tivera em vã desdita,
No olhar que se mostrara vago e gasto.

Amor em fantasia tem seu pasto
E aplaca qualquer sombra da maldita
Solidão. A esperança que me incita
Fazendo da alegria o seu repasto.

Eu sinto o teu perfume em cada flor
Regada pelos sonhos prazerosos,
Vivendas e canteiros; nosso amor

Em lúdica emoção, se faz presente.
Ao vislumbrar delícias, risos gozos,
Percorro a velha senda, novamente...


1427

Percorro a velha senda, novamente
Recolho antigas pedras, sem espinhos
Entendo serem flóreos os caminhos
Que uma alma enamorada enfim pressente.

Ciúme este temível delinqüente
Transtorna tantas vezes, belos ninhos,
Amores acoitados, pobrezinhos,
Arrastam cada qual sua corrente.

Por vezes em tão frágeis expressões,
Seus passos são em dores demarcados,
Sem força não se escutam mais seus brados

Apenas em gemidos, seus refrões.
Mas quando amor se dá em paz e glória,
Nos olhos carinhosos, a vitória...

1428


Nos olhos carinhosos, a vitória
Numa expressão pacífica e suave.
Não tendo mais tristeza como entrave
Nem mesmo a solidão, cruel escória.

Apenas tão somente na memória
A doce melodia em que se grave
O canto em liberdade que de uma ave
Arrebentando os elos traz a glória.

Deitando em nossa cama, a clara imagem
Além do pensara ser miragem
Argêntea fantasia debruçada

Tomando a tua pele, o teu sorriso,
Neste clarão intenso e mais preciso
A lua tão serena enamorada.
Publicado em: 10/03/2008 09:11:23
Última alteração:22/10/2008 15:35:15



EU TE AMO!! coroa de sonetos 103
1429


Abraça a tua tez; prata morena;
Reflexos desta lua em nosso quarto
De um pesadelo então, ora me aparto
Ao ver com emoção a bela cena.

Felicidade em paz enfim se acena
O medo e a solidão que já descarto,
Por mais amor que eu tenha, não me farto
A noite se promete mais serena.

Sem limites nem tréguas eu mergulho,
No porto feito corpo, ouço o marulho,
Retratos deste amor à beira-mar.

O quanto eu te desejo e persevero,
Vivendo finalmente o que mais quero,
Entendo finalmente o bem de amar...

1430

Entendo finalmente o bem de amar,
Na noite que em cruzadas descobrimos
Caminhos geniais que pressentimos
Na força inusitada a nos tomar.

A vida se mostrando devagar,
Tirando do passado velhos limos,
Estrelas percorrendo serras, cimos,
Momento deslumbrante, constelar.

Tiaras de esperanças e prazeres,
Percorrem nossos céus, olhos reviram,
Girando em carrossel, a noite passa...

Encontro em fantasia bens quereres
Os anjos vendo a cena já se atiram
A solidão, vazia, se esfumaça...


1431



A solidão, vazia, se esfumaça
Ao ter tua presença, mesmo ausente
Imagem que não larga a minha mente
E nem assim distante ela se esgarça.

Outro amor? Coração logo rechaça,
Saudade me procura novamente,
Um gozo tão sublime e mais freqüente
Melancólico riso não disfarça.

Embora tão amargas, minhas noites,
A pele se acostuma a tais açoites
E deles sente falta com certeza.

Nestes constantes sonhos não me largas,
E neles, num instante, tu me afagas
Dourando a madrugada em tal beleza...


1432

Dourando a madrugada em tal beleza,
Um sol em magnitude inebriante
Tomando a nossa noite num instante
Estende sua mão, açoda a presa.

Nas tramas deste amor, rara nobreza,
Trazendo um rumo em paz e mais constante.
Outrora a vida fora tão maçante
Agora, sinto a força em correnteza

Que emana das paixões ilimitadas.
A claridade espalha nas calçadas
Antecipando um dia inesquecível.

Esplêndidas grinaldas desfraldadas
Embora em sentimento perecível
Bandeiras da esperança desfraldadas...


1433


Bandeiras da esperança desfraldadas
Tremulam incessantes, sem descanso.
Ao caminharmos juntos, de mãos dadas
Decerto alcançaremos tal remanso.

Emoções nos dominam quando alçadas
Ao infinito plano aonde alcanço
Alegrias em ondas delicadas,
Encanto assim sublime em mar tão manso.

Enamorado, bebo eternamente
Dos lábios da mulher raros licores.
Um grande amor que enfim já nos contente

Desnuda nossa pele, estampa a sorte
De ter a cada noite teus fulgores,
De altares da esperança, um bom suporte...

1434

De altares da esperança, um bom suporte
Mostrado neste incêndio em noite plena.
Fosforescente gozo que envenena
E ao mesmo tempo entranha riso e corte.

A música que entornas, bem mais forte,
No corpo levitando em mão serena.
Porquanto te busquei a cada cena,
Sabendo desde então da minha sorte.

Estrelas rutilando em profusão,
Arcanjos, querubins, asas abertas,
Num frêmito fantástico, emoção

Chocalha em guizos fartos, a alegria.
Enquanto calmamente tu despertas,
Mal percebes a luz que se irradia...


1435

Mal percebes a luz que se irradia
Dos olhos de quem ama veramente.
Revelam com clareza o que se sente,
Entornam simplesmente poesia...

Distante da vaidade, eu bem queria
Beber de tua boca fartamente,
Vivendo um mundo em paz, pleno e contente;
Porém a noite segue tensa e fria.

Pairando sobre mim opacidade
Retrata tão somente o vão que existe,
Num canto amargurado, sigo triste

Nos olhos de quem amo? Falsidade...
Um diamante perde o seu valor,
Canteiro em dura seca, busca a flor...


1436

Canteiro em dura seca, busca a flor
A voz inebriante da saudade,
Suporte mais perfeito para o andor
Embora traga sempre a falsidade.

Abrindo estas janelas, sinto o ardor
Que em plena madrugada fria, invade.
Relembro num segundo, o nosso amor,
E nele bebo alguma liberdade.

Distante da verdade que omiti,
Retorno giramundo e chego a ti,
Estrela que se foi pra nunca mais.

Sonhando com teu beijo, o fogo brando
Aos poucos novamente vem queimando
Ritos fantasmagóricos, carnais...


1437

Ritos fantasmagóricos, carnais
Tramando a fantasia já nos tomam.
Chegando às noites vagas e venais
Desejos e delírios loucos somam

Formando os insensatos, canibais
Caminhos que em verdade sempre domam
Arcanjos e demônios que se assomam
Expressam nossos jogos sensuais.

Beleza que se expondo em transparências
Entranha nos meus olhos, não me larga,
Na tensa sensação, pesada carga

Demonstração de cura em penitências.
Desfruto cada gole do veneno
Exposto em minha cama, atroz, sereno...


1438


Exposto em minha cama, atroz, sereno
O vulto da mulher que eu tanto quis.
Orgástica ilusão me faz feliz,
Porém jamais me sinto farto e pleno.

A nostalgia às vezes, concateno
Revivendo o meu céu outrora gris,
Nesta melancolia, a dor atriz
Percebe que em verdade, eu mesmo enceno.

Na busca por mim mesmo, já me perco,
A solidão prepara a cada cerco
O bote que trará decerto o fim.

Por mais que estejas sempre do meu lado,
Final da imensa peça anunciado,
Invade e assim goteja dentro em mim...


1439

Invade e assim goteja dentro em mim
Intensa tempestade sem disfarce
Beligerante algoz se mostra assim,
Tramando a cada dia um novo esgarce.

Comparsa de meus risos, a agonia,
Demonstra o seu poder quando me cala,
A mão que me acarinha logo esfria
Da solidão minha alma, eu sei, vassala.

Por mais que eu tente algum sorriso inerme
No fundo eu sei que nada aplacará
A fome que se estampa em cada verme
A morte ao fim de tudo vencerá,

E o solitário corpo exposto à gana
Expressa a solidão, vil soberana...

1440

Expressa a solidão, vil soberana
O gosto da saudade em acidez.
Por mais que ainda tente em lucidez
A sorte se demonstra qual cigana.

Ao mesmo tempo atrai e desengana,
Nas tramas da ilusão ela se fez,
Rechaça a cada noite a sensatez
Destino em suas mãos logo se dana.

Marcado pelas sombras do que fomos,
Veneno e alegria em fartos gomos,
Quem dera se eu pudesse em liberdade

Voltar ao que tivemos e se foi.
Errante e tão distante, como Goi
Aguardo algum sinal: felicidade?

1441

Aguardo algum sinal: felicidade?
Talvez ainda veja os seus caminhos.
Bebendo a solidão meus descaminhos
Encontram tão somente falsidade.

O quanto quero em paz, tranqüilidade,
Sorvendo em taças claras, fartos vinhos,
Meus olhos em temíveis desalinhos
Não sabem discernir mais claridade.

Matizes em mosaicos e arabescos,
Procuram tão somente por afrescos
Que possam traduzir uma esperança.

Mas ledas emoções se dissipando,
O tempo em amargura vai passando,
Somente a fantasia inda me alcança.

1442

Somente a fantasia inda me alcança
Trazendo a tua imagem novamente.
O sonho se esvaindo tenuemente
Restando da alegria, vã lembrança.

Quem tem uma ilusão como fiança
Já sabe o quanto a vida nos desmente
E trama a decepção. Uma alma crente
Espera da emoção, clara aliança.

A noite que se faz enluarada
Deitando a claridade na varanda
Com esperança roda na ciranda

Volátil que em carinhos é formada,
A lua embevecida em tenra cena
Abraça a tua tez; prata morena.
Publicado em: 10/03/2008 11:28:03
Última alteração:22/10/2008 15:36:01



EU TE AMO!! coroa de sonetos 104
1443


E em meio a tantas ondas de prazer
Declino o meu olhar agradecido
Por vezes tão distante, vão, perdido,
Agora recomeço a perceber

Que toda a sapiência do viver
Expressa o tempo em paz amanhecido
No braço sempre calmo e concebido
Em momentos sublimes do querer...

As lágrimas deixadas para trás
Goteja tão somente em placidez
O lago aonde eu possa descansar

Meus olhos bem distantes da voraz
Paixão que se entornando vez em vez
Impede que o ribeiro chegue ao mar...


1444

Impede que o ribeiro chegue ao mar
O canto em emoções que se diluem
Porém eu posso agora vislumbrar
Os gozos que se tocam e confluem.

Despertas reais sonhos e desejos,
Na soma que se mostra instransigivel
De sentimentos plenos e sobejos
Felicidade é sempre mais tangível.

A sensibilidade aflora em cada toque
Sem medos nem rancores, simplesmente.
A vida se mostrando em novo enfoque
Permite o bom final que se pressente.

Meu verso que se farta em agonia,
Ao teu lado conhece uma alegria...


1445



Ao teu lado conhece uma alegria
Quem fora prisioneiro da tristeza,
Fartando-se e brindando se faz presa
Do amor que em noite escura já nos guia.

Um verdadeiro sonho que inebria,
Em taças cristalinas põe a mesa.
Rompendo em mansidão cada defesa
Inverno rigoroso, amor estia.

Fiando na divina transparência
Um gozo feito em seda, em organdi.
O quanto em maravilha eu antevi

Tocado pela maga florescência
Que emanas, em sorrisos e convites.
Amor que não dá tréguas, sem limites

1446

Amor que não dá tréguas, sem limites
Transforma a minha vida totalmente
Imerso em teus desejos, não me evites
Entregue ao nosso amor, completamente.

Assim acreditava piamente
Jamais aceitaria outros palpites
A cada novo gozo que me incites
Em teus braços a mágica envolvente.

Revejo tua imagem com saudade,
O tempo foi cruel ao relegar
Ao sonho a tão temida realidade.

De tudo o que nós fomos; nada resta,
A morte vem chegando devagar
À sombra da saudade, amor me infesta...

1447



À sombra da saudade, amor me infesta,
Trazendo a tua voz, longínquo sonho...
Distante deste porto, o barco em ponho
Em ondas, solidão, minha alma gesta.

Vagando em noite escura na floresta
Das esperanças nada mais proponho.
O dia; eu sei, virá sempre medonho.
A morte a cada curva; algoz, me testa...

Meu canto se esvaindo, assim, agônico.
Meu passo prosseguindo, vão, distônico
Apenas o vazio se aproxima.

Sentindo-me, deveras, histrião,
Recebendo em resposta o mesmo não
Apenas a saudade inda me estima...

1448


Apenas a saudade inda me estima,
E nela professando uma esperança
Encanto desejado não me alcança,
À noite a solidão feroz, esgrima,

Mudando em duro inverno, todo o clima
A vida se embaçando na lembrança
De um dia em mais perfeita temperança.
Não tendo uma esperança que suprima

A força inigualável da tristeza,
Carcaças do que fomos numa ronda,
Aguardam mais ferozes sua presa.

Cínicas ilusões ora crocitam,
Por mais que a lua surja tão redonda,
As luzes com certeza já me evitam.


1449


As luzes com certeza já me evitam,
Mata-borrão dos sonhos; nada tenho
Senão esta amargura no meu cenho,
As vozes da saudade sempre gritam

Por mais que em agonias se reflitam
Em meus olhos por vezes inda embrenho
Nos restos que carrego de onde venho
À morte os pensamentos vêm e incitam.

Por mais que em fantasias; a porta abra
Visagem que vislumbro tão macabra
Não deixa nem sequer algum sinal

De um tempo em alvorada, em nova luz.
Ao precipício agônico, conduz
A mão do meu destino, sepulcral...

1450

A mão do meu destino, sepulcral
Rasgando o que sobrara de ilusão
Rondando a solidão do mar astral
Impede qualquer forma de emoção

Que diste deste medo que ancestral
Transmite desde sempre a negação.
Nos sonhos quem outrora, magistral
Esboça pouco a pouco a podridão...

Somenos importante o que te digo,
Há coisas bem mais sólidas, eu sei.
Um verme aqui se expondo traz consigo

Antiga ladainha dos insanos...
Desculpe se te enfado, procurei
Noutras vertentes, trágicos enganos...

1451



Noutras vertentes, trágicos enganos,
Erráticos tormentos refletidos.
Estúpidos momentos concebidos
Tentando reverter temíveis planos.

Os olhos tantas vezes são ciganos
E buscam em vazios, coloridos,
Paraísos? Há tempos esquecidos
Os ventos da esperança, desumanos.

A vida em otimismo tantas vezes
Retrata o quão inútil cada verso.
Rondando bar em bar, procuro há meses

Os olhos que se foram sem segredos.
O canto em alegria é tão perverso,
Amores que engalano? Uns arremedos...

1452


Amores que engalano? Uns arremedos
Jogados sem destino contra o vento.
O fogo da tristeza queima lento
E trama com certeza outros enredos...

Meus olhos vão vagando em mares ledos
Tentando disfarçar o sofrimento.
Em falsas emoções por vezes tento
Negar os meus temores, tantos medos...

Esvaído em fumaças de cigarros
Tomado tão somente por escarros
Meu dia não trará felicidade.

O drama interminável que me invade,
Roubando toda a cena não se esgota.
Alegria? Distante e tão remota...


1453


Alegria? Distante e tão remota
Imagem que perdi pra nunca mais...
Uma esperança aos poucos se desbota
O barco em desvario. Cadê cais?

Tristezas vão tomando toda a frota
Prazeres encontrados são boçais
Por companhia párias tão iguais
Apenas urze, erica, ainda brota

Legando ao meu canteiro a seca eterna
A boca que, febril, não reconheço;
Seu beijo na verdade eu não mereço.

A mão se que se apresenta assim fraterna
Espinhos encontrando se retira
A luz inutilmente em ronda gira...

1454

A luz inutilmente em ronda gira,
As tochas da esperança se apagando...
O tempo em agonia destroçando
Desfaz o que se fez eterna pira.

Amor em cego vôo errando a mira
O templo da ilusão já desabando
O resto do que fui se derramando
A sorte sem resposta se retira.

Esboços do que sonho; desfiguras
E deixas tão somente em garatuja
Retrato de uma vida amarga e suja,

Entregue às marcas tantas das torturas
Entranhadas. Profunda cicatriz
Das garras rapineiras, fortes, vis...


1455



Das garras rapineiras, fortes, vis,
O corte que ensandece e se aprofunda.
A sorte desejada se desdiz
Do nada o simples nada já redunda.

A primavera morta em cores gris
Inverno, imagem torpe, vã rotunda
Em ciclo vicioso agora diz
Da mão da solidão que enfim me inunda

Cilada que esta vida preparou
Suprime desde sempre uma esperança
Resume na verdade o que restou

De um ser que andara em sonhos delirantes.
Resíduos de inocência da criança
Mágicas fantasias inconstantes...

1456


Mágicas fantasias inconstantes
Povoam meus sentidos e pensares.
Trazendo os gostos tantos dos lugares
Aonde visitei mesmo em instantes.

No quanto que em desejos tu decantes
Os erros e desvios tomam ares
De trágicos caminhos. Nos altares
Dos sonhos; entretanto, fascinantes...

Andando entre temíveis fogaréus,
Os olhos em amores, como réus
Na lua um testemunho passa a ter

Quem fora nesta vida, um trovador,
Andando de mãos dadas com amor,
E em meio a tantas ondas de prazer.
Publicado em: 10/03/2008 14:04:31
Última alteração:22/10/2008 15:36:05



EU TE AMO!! coroa de sonetos 105
1457


Felicidade imensa, enfim se acena.
A par desta ilusão tanto sofri,
Negando a flor se mata o colibri
Sem lume segue cega uma falena.

Porém quem sabe o jogo não faz cena
Distante dos teus olhos prossegui,
Agora ao fim da tarde chego aqui
Tardia sensação, agora amena.

No quanto que inda tenho por viver,
O que fazer se nada posso ver
Senão este vazio quase insosso.

Do quanto amor se fez raro colosso,
Partilhas não deixaram sobrar nada.
Velho lapidador com mão cansada...


1458

Velho lapidador com mão cansada,
Ourives sem talento, eu me encontrei
Vivendo tão distante do que sei,
A porta nunca esteve escancarada.

Não tendo outro remédio, alma fadada
Ao resto do que tive, e não busquei
Embora solitário; eu me criei
Ultrapassando assim, cada lombada.

Se trazes mais perguntas, não respondo,
Do nada muita vez me recompondo
Em verso ensandecido não me expresso.

Do canto que pensara ser harmônico,
Só resta um arremedo que histriônico
Convoca à mesma queda em vão tropeço...



1459

Convoca à mesma queda em vão tropeço,
O olhar desta morena inebriante.
Além do que confesso, não mereço
O véu se mostra sempre deslumbrante.

Amor tem na alegria um adereço
E muda a fantasia num instante.
O mundo eu vou virando pelo avesso,
Mas vejo este sorriso tão constante.

Constato que não tenho outro caminho
Senão a palidez do amor inglório.
Não acho mais carinhos neste empório

Empoeirada estrada se repete.
Quem dera se eu pudesse; passarinho,
O dia-a-dia cala e me arremete.


1460

O dia-a-dia cala e me arremete
Aos braços do marasmo em que me dou.
Reflexo de um vazio demonstrou
Felicidade a mim não mais compete.

Eu não suporto, enfim, jogar confete
Demonstro na verdade quem eu sou.
Se o sonho há tanto tempo desabou,
O amor que tanto eu tive não repete.

Se eu falo com terrível acidez,
A culpa é deste mar cotidiano.
Quem tem um coração quase cigano

Necessita de um ar de insensatez.
Amor já não reflete o pensamento,
Da morte em redenção, pressentimento...

1461



Da morte em redenção, pressentimento
A chuva na soleira quer entrar.
O tempo destroçando devagar
Queimando em fogo manso, sempre lento.

Às vezes um sorriso, finjo ou tento,
Mas nada poderá modificar
O rio caminhando para o mar,
A vida já tomou, decerto, assento.

Crianças vão correndo pela sala
Notícias repetidas nos jornais.
Os versos terminando sempre iguais

Apenas a saudade ainda fala,
Mas mostra a mesma boca no mormaço,
Do amor que sucumbiu, o mesmo traço...


1462


Do amor que sucumbiu, o mesmo traço
Repete a velha cena, riso e pranto.
Tomado pelo incrível desencanto,
Por vezes, falsamente eu me refaço.

Um gozo já perdido agora eu caço
E bebo do que fora um pouco ou tanto.
Amor que se tomou pelo quebranto
Aos poucos, sem remédio, eu me desfaço.

Porém se assim disfarço, vou em frente,
As contas pra pagar, o riso falso.
Mergulho neste mesmo cadafalso

Não tendo outro caminho que eu invente
Melhor é prosseguir, boca fechada.
Sabendo desde já, não terei nada...


1463



Sabendo desde já, não terei nada
Em fingimento esboço reações.
Nos trâmites comuns, as negações
Não sabem provocar nem enxurrada.

A boca que se fez bem mais beijada
Agora vai beijando as ilusões,
Calvário sepulcral das emoções
Cotidianamente o tempo enfada.

A fantasia dorme no porão
O tempo naufragou a embarcação.
Da forte ventania? Sequer brisa.

Olhando a nossa vida cara a cara
A solidão a dois já se escancara
A morte sorrateira vem e avisa...

1464


A morte sorrateira vem e avisa
Do pote que quebrando perdeu mel.
A boca em que se deu outrora um céu
Agora desdentada segue lisa.

Bolor que nossa cama aromatiza
Traduz o vento manso, até cruel.
Cabelos empapados pelo gel
O gol do campeonato se reprisa.

Malemolências? Nada. É só preguiça
O carro da esperança quando enguiça
Nem mesmo reza brava. Pois; danou-se.

Há tempos que sei disso e nada falo,
Engulo tanto em seco que me entalo.
A vida já perdeu o que era doce...

1465

A vida já perdeu o que era doce
Deixando o gosto amargo do jiló
Neste vazio triste de dar dó,
Sentimento que sobra? Só de posse.

Não tendo a fantasia que remoce
Nem mesmo voltarei ao velho pó,
As águas vão embora, resta a mó.
Não há nada que a vida não destroce

Na turgidez perdida, uma falência
Vislumbro tão somente uma impotência
E nela este vazio refletido.

A boca desdentada pede prótese
Amor nunca passou de mera hipótese
O tempo de sonhar? Está perdido...

1466


O tempo de sonhar está perdido...
Logrado pela insânia deste amor
Que pelo que eu bem sei, mutilador,
Recende ao pão já velho, amanhecido.

Às vezes procurando por sentido
Não tenho mais nem forças sequer dor.
Verão, inverno, o mesmo dissabor
Aos santos e mil deuses meu pedido.

Aniversários? Contam-se por bodas
As voltas desgastaram nossas rodas
O tempo enferrujou os sentimentos.

Porém se o coração inda resiste,
Deste mormaço sinto os meus tormentos,
Tornando o dia-a-dia bem mais triste...


1467


Tornando o dia-a-dia bem mais triste
A lua que se foi pra nunca mais...
Declino o meu olhar sobre os umbrais
Nem mesmo a sombra tua inda resiste.

Quem vive em esperanças não desiste
Enfrenta a solidão, seus temporais,
Procura por motivos mais cabais
Que possam me dizer: Ainda existe...

Macabros pesadelos me tomando,
A voz já tão distante se esvaindo.
O dia que sonhara, outrora, lindo

Somente se demonstra lacrimando
Em gotas cristalinas, no jardim,
Aguando cada flor dentro de mim...


1468


Aguando cada flor dentro de mim
Com gotas de esperança eu passo a crer
Que o tempo tão distante de onde vim
Talvez inda me trague algum prazer.

A boca da ilusão é carmesim,
E nela tanta coisa por dizer
Amor vai gotejando até o fim
Até que uma alegria eu possa ter...

Por mais que uma tristeza inda resista,
Deixando que se aflore uma emoção,
E nessa fantasia tanto insista

Percebo que terei como colheita
Os gozos da sublime perfeição
No olhar que sobre a lua já se deita...

1469


No olhar que sobre a lua já se deita
Reflexos da perfeita claridade
Que em paz e mansidão, a vida invade
E nela uma alma segue satisfeita.

Do quanto em profusão, o amor deleita
E mostra em solução tranqüilidade.
Sem nada que demonstre paridade
O amor encarna a glória, sem espreita.

Em vigorosas luzes, holofotes
Dos amores eu faço assim meus motes
E neles eu bendigo a sorte imensa

De ter junto comigo, o teu sorriso,
Passaporte que abrindo o paraíso
Permite a mais sublime recompensa...

1470


Permite a mais sublime recompensa
O olhar em que extasio o pensamento.
Amor que tantas vezes chega lento,
Deixa a nossa vida menos tensa.

Na força deslumbrante e mais intensa,
Encontro o bem supremo num momento
Mudando todo o rumo; o sentimento
Expressa em perfeição a fé e a crença;

Depois de me sentir qual eremita,
A vida novamente em mim palpita
Numa explosão divina, mas serena.

Vislumbro em alvorada, amanhecer,
E plenamente em paz, raro prazer,
Felicidade imensa, enfim se acena
Publicado em: 10/03/2008 16:16:53
Última alteração:22/10/2008 15:36:10



EU TE AMO!! coroa de sonetos 107
1485


A sorte que se mostra, tão serena
Permite que eu consiga contemplá-la;
Mulher em tal beleza, rara e plena
Fulgurante, ilumina toda a sala.

Intérmina ilusão em vão se acena
Com mistérios diversos da cabala
Enquanto traz a cura me envenena,
Mantendo com soberba pose em gala.

Uma esperança audaz, porém esquálida
Tramando a fantasia da crisálida
Em vã intensidade vai e avança.

Ainda espero o sol ao fim da estrada,
Clarão esplendoroso não diz nada.
Amor em tempestade quer bonança...

1486


Amor em tempestade quer bonança
Num eternal dissídio com razão.
Olhar que no horizonte não descansa
Inutilmente busca algum clarão.

Em ilusão inválida a aliança
Cravejada em inútil emoção,
Tentando sobrevir, mas nada alcança
Senão a velha e eterna negação.

Amor como se fora um fruto raro
Tocado por cristais e diamantes,
Vagando pelos céus quer que em instantes

Tornar-se, num momento um anteparo;
Porém a solidão exposta e nua,
Reinando soberana, continua...

1487

Reinando soberana, continua
A intrépida ilusão que nunca cessa.
Imagem desdenhosa amarga e crua
Parece aos olhos tolos, a promessa

Dos brilhos argentinos de uma lua
Deitando mansamente sem ter pressa
Por sobre uma mulher que bela e nua
Desejo mais audaz vem e confessa.

Um sonho que demonstre além do nada
Que sempre me acompanha dia-a-dia
Tomado por delírio e fantasia

Durante a noite invade a madrugada
Raiando tão potente em claro sol,
Iluminando em glória este arrebol...

1488

Iluminando em glória este arrebol
A lua se derrama em plenitude;
Musa que nua e ousada em girassol
Ao mesmo tempo atrai enquanto ilude.

No Forte da esperança, o meu farol.
Amor em força intensa, em atitude
Derrama sobre nós o imenso sol
No gozo que se dá, farto e amiúde.

Entrego cada sonho aos seus desejos,
Em ritos sensuais e tão sobejos,
E nessa suavíssima loucura

Os corpos se entregando, dois bacantes,
Nos ritos mais audazes, provocantes,
Extremamos delícias e procuras...

1489



Extremamos delícias e procuras
Nas ânsias delicadas de nós dois.
Sabendo dos delírios e ternuras
Vivemos plenamente antes, depois.

Audaciosamente eu te proponho
Um manso cavalgar pelas estrelas.
Delito sem pecado, trama ou sonho,
Estradas vislumbradas, sempre belas.

Poder estar contigo e ser teu par,
Vencendo quaisquer medos ou temores.
Alcanço a tempestade a tremular
Sem nexo, sem medidas ou pudores.

Aguardo ansiosamente uma resposta,
A mesa, a cama, a vida, sempre posta...

1490


A mesa, a cama, a vida, sempre posta,
Banquetes em divinas iguarias.
Nudez em maravilha, agora exposta,
Convite às mais sublimes fantasias.

Peregrinação feita em noite insana,
Num misto de loucuras e carinhos.
A mão que se demonstra audaz profana
As sendas mais diversas, teus caminhos.

Orgásticas lições são reveladas,
Fronteiras? Desconheço totalmente.
Os vales e montanhas inundadas
Nesta explosão voraz e tão premente.

A lua nos rondando embevecida,
Entranha cada raio em nossa vida...

1491




Entranha cada raio em nossa vida,
O desejo mais sincero e sempre intenso
Da sorte e da alegria repartida
Vivendo amor em paz e gozo imenso.

Dançando sobre estrelas e faróis
Arcando com meus erros e pecados.
Inundação divina em arrebóis
Cardumes de prazeres revelados.

Mergulhos em nós mesmos, riso farto,
Viagens por incêndios fogaréus,
Altares catedrais em nosso quarto
Trazendo os mais insanos, belos, céus...

No quanto eu te desejo, assim, demais
Corcéis entre brilhantes e cristais

1492

Corcéis entre brilhantes e cristais
Marcando cada noite que tivemos,
Enlanguescida em ritos sensuais
Do fogo e da luxúria, nós bebemos.

Teu corpo em minha tez já tatuado,
Em tua cútis vejo o meu retrato.
Ao Éden, nosso sonho agalopado
Transporta num momento mais exato.

A vida quando manda o seu recado
O faz por tantas vezes em enigmas.
Ao teu desejo sempre quando içado
Esqueço, abandonando outros estigmas.

Pendões e maravilhas; somos um,
Olhar que se reflete aumenta, zoom


1493

Olhar que se reflete aumenta, zoom;
Espelha tão somente o quanto eu quero,
Não tendo mais problema quase algum,
Nos seios de quem amo me tempero.

Nas delicadas formas da ilusão,
Mulher que me enfeitiça e me domina.
Crivado pela insânia, em emoção
Descubro do tesouro gruta e mina.

Percorro os labirintos, bebo a fonte,
Avanço por caminhos mais diversos,
Na convulsão percebo um horizonte
Além do que pensavam tolos versos.

Algemas e delírios, bocas, dentes,
Tortura a nos domar entre correntes...

1494



Tortura a nos domar entre correntes
Na festa interminável noite afora.
Carinhos mais gulosos e envolventes
A vida em fantasia se assenhora

E toma cada gole da esperança.
Neste bailado intenso, belas vias
No quanto de desejo nos alcança
Enquanto cada insânia percorrias.

Segredos deste mar em tempestade,
Verdades de bonança em calmaria,
Desejo em ventania nos invade,
Depois a mansidão farta a alegria.

Somando os somos quando vou além,
Amor que se resulta em gozos vem.

1495


Amor que se resulta em gozos vem
Depois do jogo feito, guardo os dados.
Meus medos; não confesso pra ninguém.
Os passos pelos sonhos, amparados.

Quem sabe deste jogo não arrisca,
E mesmo ao perceber algum perigo
Seguindo a velha regra, sempre à risca
No colo da ilusão, eu já me abrigo.

Mentiras e verdades, mil facetas
Às vezes é preciso disfarçar.
Prazeres e desejos são cometas
A vida segue eterno circular.

Se o tempo serenou na madrugada
A noite, com certeza foi nublada...


1496


A noite, com certeza foi nublada
E nisso meu saveiro se perdeu.
A boca que se deu não provou nada,
Apenas a vontade ainda ardeu.

Sou teu, mas o que faço se não queres?
Apenas repetir o mesmo mote.
Banquete necessita de talheres,
O doce que se foi procura o pote.

Meus olhos te buscando nada vêm,
A trama embaralhada vai sem rumo.
A boca com batom beija ninguém
Em sonhos, tão somente, eu me perfumo.

Amor aquém do gozo de costume,
Olhando desde o vale, quer o cume...

1497


Olhando desde o vale, quer o cume,
Sem asas pra voar, fazer o quê?
Aumente deste sonho o seu volume
Depois eu te procuro, mas cadê?

Torturas em goteiras são terríveis.
Mentiras disfarçando o que perdi.
Aqueles que pensaram invencíveis
Há muito já se foram. Nada aqui.

A quilo não se compra e nem se vende
Amor que tantas vezes- tonelada.
A roupa no varal quando se estende
Recebe como brinde só geada.

Do quanto desejei raros tesouros,
Apenas recebi os maus agouros...


1498


Apenas recebi os maus agouros
Num tolo crocitar que tu repetes,
Amores que se querem duradouros
Não querem tão somente tais confetes.

O quase não diz nada, quero tudo
A boca escancarada pede beijo.
Nas tramas deste sonho eu não me iludo,
O rato não se prende sem o queijo.

Mordaças não admito. Quando falo
Pretendo ser ouvido, pelo menos.
O jogo não se faz só por embalo,
Eu quero os teus carinhos, todos, plenos.

Quem quer amor em paz não envenena
A sorte que se mostra tão serena.
Publicado em: 11/03/2008 16:11:53
Última alteração:22/10/2008 15:36:35



EU TE AMO!! coroa de sonetos 106
1471

Depois da amarga curva do caminho,
Enganos coletados, tantos vários.
Ouvindo os mais diversos campanários
Andanças que já fiz, sempre sozinho.

Procuras incessantes, desalinho,
Em passos muitas vezes temerários
A solidão fazendo aniversários
O tempo sonegando um raro vinho.

Tua presença surge num repente,
Apascentando a dor que é inerente
A quem buscando amor já se perdeu.

A noite se promete em alvorada,
Ao ter tua presença anunciada
No sonho que se deu tão teu e meu...

1472

No sonho que se deu tão teu e meu
Bem mais do que um mergulho, eu me tatuo
No beijo em que este sonho se verteu
Jamais caminharei, ora flutuo.

Olhar que se pensara ser ateu
Unindo com teus olhos, mais que duo,
Único coração se percebeu.
Em ti, sem ter fronteira, eu continuo.

Sem sombras, caminhamos lado a lado,
Irmanados no amor, força suprema,
Minha alma junto à tua, mesma gema

Bem mais que monocórdio, geminado.
Olhando o mesmo rumo, tantas vezes,
Nos laços deste amor, dois siameses...


1473

Nos laços deste amor, dois siameses,
Fazendo deste sonho único mote
Na fonte que eu desejo não se esgote
Matando a mesma sede fartas vezes.

Vencendo no caminho estes reveses
De tanto amor que trago, cada lote
Que Deus permita em glória nunca lote
Teus passos com meus passos tu revezes,

Acere nossa força cada sonho,
No qual a fantasia, eu decomponho
E tramo a mais perfeita solução.

Em vozes irmanadas num coral,
Um gesto de carinho ritual
Trazendo em gozo extremo, uma emoção..

1474


Trazendo em gozo extremo, uma emoção,
As sendas da alegria, soberanas.
A vida se entregando às filigranas
Da sorte em mais completa perfeição.

Atento a qualquer forma de expressão
Palavras muitas vezes são ciganas,
No quanto fartamente desenganas
A fantasia traz compensação

A toda esta magia, eu sempre assisto,
Não deixo de apoiar um só segundo.
Depois, de camarote eu sempre assisto

Vitórias deste amor, tão prazeroso.
Nos laços deste sonho eu me aprofundo,
Ao abrigo de um mar maravilhoso...

1475


Ao abrigo de um mar maravilhoso
Vencendo mil tritões sonho sereias,
Enquanto em amor farto me incendeias
Cavalgas meu desejo em ar fogoso.

Amor por ser assim, tão caprichoso,
Invade a fortaleza por ameias
Só peço é que deveras sempre creias
Num sentimento nobre e melindroso.

Ao gozo da alegria de poder
Viver intensamente cada dia
Criando um novo tempo posso ver

O quanto é necessário descobrir.
Sentindo a mão suprema em poesia,
Amor; jamais alguém vai impedir...

1476

Amor; jamais alguém vai impedir
Tua vitória em tempos de batalhas.
Às vezes mesmo em fios de navalhas
A sorte te compele a prosseguir.

Estrelas tão diversas vão luzir
Acobertando assim as tuas falhas
E quando nas ilhargas vêm ferir
Tenazes, tuas mãos tudo estraçalhas.

Vencendo com soberba e galhardia,
Amor ao encetar a poesia
Demonstra-se em poder, o soberano.

Enquanto em resistência insuperável,
Teimosamente um sonho tão amável
Protege contra o medo e o desengano...

1477


Protege contra o medo e o desengano
Esplêndido cordel de estrelas raras.
Ao seduzir em mel vidas amaras
Amor já conquistando em bem temprano.

Ibérica emoção, saudade, às claras
Expressa o coração velho gitano
E mesmo em grito histérico inumano
Vontades mais diversas; escancaras.

Amor embora imerso em mil tramóias
Prepara qual crustáceo; raras jóias
Ascetas se perdendo sem tal brilho

Nos âmagos da glória se expressando
Antíteses diversas enfrentando
As tramas dessa teia eu quero e trilho...

1478


As tramas dessa teia eu quero e trilho
Recolho cada farpa, cada espinho
E quando da alegria eu me avizinho
Repito novamente este estribilho.

Não tendo mais sequer um empecilho
Dos passos pressentindo o burburinho
Adentro imensidades em carinho
E preso aos teus desejos eu me anilho.

Erguendo o meu olhar, assim deslumbro
Um mundo sem igual que ora vislumbro
Em claridade imensa e protetora.

Apraza-me viver exato sonho,
Meus barcos em teus mares- amor- ponho;
Minha alma em tantos lumes se decora...

1479


Minha alma em tantos lumes se decora,
Um zíngaro procura acampamento
Vivendo a cada vez todo momento
Eu quero e necessito disto agora.

Da boca que se dá na qual se aflora
O gozo que invadindo o sentimento
Não deixa mais espaço ao pensamento
Teimosamente sorve e revigora.

Luzindo sobre nós intensidade,
A par da soberana liberdade,
Soberbas ilusões já não resistem.

Enquanto em força intensa sempre existem
Espaços para amor mais atrevido,
A cada instante o sonho é revivido...


1480


A cada instante o sonho é revivido
Em viagens sensíveis, sensuais
Da festa e do banquete comensais
No pão e nos prazer bem dividido.

Do vinho em fartos goles, bem servido
Desejos tão profanos e carnais,
Eu quero desvendar raros florais
Altar em ar profético erigido.

Egrégia sensação em nobre incenso,
No quanto em reais sonhos recompenso
Com fartas emoções a quem me traz

A boca que em deidade me sacia,
Esplêndido cinzel que em alegria
Esculpe a maravilha erguida em paz...

1481


Esculpe a maravilha erguida em paz,
A mão que tem amor como instrumento
Da divindade emana o seu provento
Um gesto em perfeição, o sonho traz.

Mostrando-se deveras tão audaz
Um escultor se mostra em sentimento.
No mármore tão raro, o pensamento,
Expressa o que deveras satisfaz.

Um Fídias que em amor se esmera e prima
Eleva-se ao fulgor de tal estima
E nisso se permite a perfeição.

Num canto prazeroso, em escultura,
Amor de tantos males nos depura
Trazendo esta beleza em profusão...


1482

Trazendo esta beleza em profusão
Em cânticos profanos vida acresce
Momentos tão soberbos. Se eu tivesse
Ainda alguma força de expressão

Um dia entornaria a sedução
Na qual amor por vezes enlouquece
Embora em outras tantas; entristece
É nele que eu encontro a direção.

Espalho em meus canteiros, os antúrios
Sensuais que prenunciam bons augúrios
Deixando espúrios ventos mais distantes.

Injúrias ou incúrias de uma sorte
Impedem que se veja um claro norte,
Somente suas luzes, radiantes...

1483


Somente suas luzes, radiantes,
Em formas tão diversas, num mosaico
Surgindo deste mundo tão arcaico
Permite lumes raros e constantes.

Amor em suas sendas deslumbrantes
Em templos magistrais no mundo laico,
Fazendo a solidão um ser prosaico
Tomando em ares mansos, triunfantes.

Meu corpo no teu corpo sem fronteiras,
As bocas em mil ânsias, gula e festa.
Palavras provocantes alucinam.

O quanto vou entregue a tais bandeiras,
Desejos e fulgores, sonho gesta,
Teus lábios tão vorazes me dominam...


1484

Teus lábios tão vorazes me dominam
Ao espelharem lumes infinitos.
Especulares sonhos, mesmos ritos,
Diáfanos momentos determinam

Estrada em que teus passos me destinam
Na força e na dureza dos granitos,
Os dias com certeza, mais benditos
Ao mesmo tempo em gozos desatinam.

Ditames que se impõem a cada vez
Estames entrelaçam nossas tramas,
Dos lumes reconheço fartas gamas

Vencido por divina insensatez
Em teus laços, decerto eu já me aninho,
Depois da amarga curva do caminho.
Publicado em: 10/03/2008 21:05:13
Última alteração:22/10/2008 15:41:02


EU TE AMO!! coroa de sonetos 70
981



Já sabe valorar a redentora
Presença da amizade em nossa vida
Aquela que se dá sem ter nem hora
Não teme nem sequer a despedida.

Assim, ao te falar, querida, agora
Do quanto é necessária uma saída
O canto que se emana revigora
A paz que é tantas vezes distraída.

Lutando contras as forças oponentes
Enfrento as ventanias em torrentes
Mergulho neste sonho, e vou inteiro.

Tentando demonstrar em amizade
O quanto pode ter tranqüilidade,
Durante tanto tempo, amor guerreiro,


982


Durante tanto tempo, amor guerreiro,
Tomando o coração fez suas leis,
De todos os que eu tive, amor primeiro,
Levando a mais total insensatez.

Nas tramas deste sonho feiticeiro
Perdendo a mais completa lucidez
Ainda estou sentindo o doce cheiro
Daquela que se foi, e assim se fez

Meu último desejo, meu suspiro,
Saudade me cortando como um tiro.
Não deixa que eu respire calmamente

Ardendo sem sequer um lenitivo,
Agora eu me percebo qual cativo
Na chama da saudade, de repente.

983




Na chama da saudade, de repente,
Ardendo em mais cruel e quente fogo,
Meu coração se mostra renitente
E foge num momento deste jogo,


No qual não adianta qualquer rogo,
Nem mesmo uma palavra condizente
Assim tua lembrança, tão ardente,
Refaz o sofrimento e desde logo,


Marcando no meu peito tais feridas
Tatuam com imagens más, doridas
Matando o que se fora liberdade.

Na luta desigual, por toda a vida,
Desde o começo, a sorte já perdida...
Vencer esta saudade, quem há de?



984


Vencer esta saudade, quem há de?
Procuro pelos olhos, nada vejo,
Apenas refletindo a claridade,
Entregue plenamente a tal desejo,

Matando em teu retrato, esta saudade,
Mesmo que seja apenas relampejo
A mansidão aos poucos já me invade
Mudando em paz o rumo que eu almejo.

No vento da lembrança em mansa brisa,
A dor que me invadiu, já se ameniza
Transforma o meu destino por inteiro.

E agora caminhando lado a lado
Sou teu, amado, amante, enamorado
Cativo, teu senhor e prisioneiro.


985


Cativo, teu senhor e prisioneiro,
Vencido e vencedor da bela liça,
Bebendo o teu prazer sou teu inteiro,
No corpo sensual, santa cobiça,

Encontro no teu céu o meu tinteiro,
Vontade de te ter pra sempre atiça.
A vida que já fora tão mortiça
Esboça um canto alegre, alvissareiro.

E teu, somente teu, enquanto és minha,
Vassalo, sou teu rei, minha rainha
Estrela que se quer, o sonho alcança

Assim, sem fantasia ou adereço
Recebo muito além do que ofereço
Tomado pelo vento da esperança.


986

Tomado pelo vento da esperança
Bebendo amargo vinho da tristeza,
A voz de quem desejo já me alcança
Realça ao pôr do sol, sua beleza.

Quem sabe nosso amor, nossa aliança
Ainda venha à noite em sobremesa...
Trazendo para a vida a confiança
Que sempre nos ampara em fortaleza

Não fale mais, amor, na despedida.
Amor vai redimir a nossa vida!
Mudando num momento antiga cena.

Às vezes tão distante, outras, lendário
Introduzindo luz neste cenário;
Amor, mesmo que em versos vale a pena,


987

Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.
Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,

Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional
Perfume que entontece e que envenena
Delícia deslumbrante, magistral

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador
Canteiro tão sublime pleno em viço.

Vivendo em fantasia, um peito rude
Ao perceber refeita a juventude,
Não quero te perder, tu sabes disso.


988

Não quero te perder, tu sabes disso,
Cultivo em meu canteiro, nosso sonho.
Em ti encontro a rosa em pleno viço,
E um mundo mais feliz, eu te proponho,

Desejo que me toma, assim cobiço,
Viver eternamente um bem risonho
Felicidade expressa um compromisso
No mundo em fantasia que componho,

De ser teu companheiro e teu amado,
Estando o tempo inteiro do teu lado
Cansado de vagar, de léu em léu.

Não posso mais sequer aterrissar
Tampouco posso enfim recomeçar
Depois de ter tocado imenso céu.



989




Depois de ter tocado imenso céu,
Achado que era Deus por um momento,
Provado da ilusão, perfeito mel,
Ausência se tornando sofrimento.

Vagando sem destino o meu corcel,
Refaz esta ventura em pensamento
Felicidade? Um barco de papel
Que esvai e se destroça em fogo lento.

E; viva, uma saudade faz do afago
A tempestade imensa em calmo lago
Deixando como herança, ausência, o nada.

Marcado por lembrança algoz, ardente
Quem dera se eu pudesse, de repente
Viver o que perdi na longa estrada,

990


Viver o que perdi na longa estrada,
Sabendo que talvez não tenha mais
O brilho da mulher, divina amada,
Meu barco não encontra o velho cais,

Apenas minha vida, vai alçada
Ao sonho de saber que a noite traz
Uma esperança feita em alvorada
De um dia amanhecido em plena paz.

Lembranças do que fomos, e perdemos.
Unindo nossas forças, nossos remos.
No nada que se dá depois da curva

Talvez inda resista algum orvalho
Trazendo distraído em ato falho
O cheiro de uma terra após a chuva.

991



O cheiro de uma terra após a chuva,
O rosto da manhã em claridade,
Saudade já me cabe como luva
E traz de novo em sonho a liberdade.

Qual canto em tristezas de viúva
A vida ressuscita-se em saudade.
Uma esperança enfrenta na saúva
O verde destroçado que me invade

Mendigo cada toque do passado,
Tentando reviver, recuperado,
O dia que se foi em fino trato.

Porém nesta incerteza eu vago só,
E como se buscasse o mesmo pó
Meus olhos inda miram teu retrato,



992

Meus olhos inda miram teu retrato,
Espelhos de minha alma são só teus.
O dia se tornou cruel de fato,
Apenas me restando o triste adeus.

Na ventania imensa, o meu regato
Procura renascer momentos meus
Que foram sem destino e sem formato
Apenas refletindo olhos ateus

E assim, seguindo a sombra de mim mesmo,
Caminho e tantas vezes; vou a esmo.
Bebendo a lua vaga e merencória.

Olhando volta e meia o meu reflexo
A vida sempre traz sem rumo ou nexo
Recordações tão vivas na memória.


993


Recordações tão vivas na memória,
Marcantes os momentos que vivi.
Guardada fielmente em minha história,
Alçando o pensamento volto a ti.

Saudade se demonstra em plena glória,
De um tempo que jamais eu esqueci.
Relego ao sentimento, vil escória
O tempo em que sozinho eu me perdi

Marcando em cada gesto, volta à tona,
O que jamais morreu, tão só ressona
E mesmo em agonia trama flores.

Do quanto que sofri e não mereço
Promessas do sublime recomeço
Vieste dirimindo minhas dores.

994



Vieste dirimindo minhas dores,
Mostrando a nova vida, maviosa.
De todas as sonhadas, belas flores,
Rainha do jardim, divina rosa

Agora irei contigo aonde fores,
Estrela que me guia, radiosa.
Aurora da esperança em raras cores
Cegando a lua sempre caprichosa.

Amor, imenso sonho em plenitude,
Refaz no entardecer a juventude...
Decerto em raios claros se decora.

Olhando para a estrela que me guia,
Amor em plena paz e sintonia
Já sabe valorar a redentora
Publicado em: 01/03/2008 11:49:23
Última alteração:22/10/2008 17:05:03
EU TE AMO!! coroa de sonetos 70
981



Já sabe valorar a redentora
Presença da amizade em nossa vida
Aquela que se dá sem ter nem hora
Não teme nem sequer a despedida.

Assim, ao te falar, querida, agora
Do quanto é necessária uma saída
O canto que se emana revigora
A paz que é tantas vezes distraída.

Lutando contras as forças oponentes
Enfrento as ventanias em torrentes
Mergulho neste sonho, e vou inteiro.

Tentando demonstrar em amizade
O quanto pode ter tranqüilidade,
Durante tanto tempo, amor guerreiro,


982


Durante tanto tempo, amor guerreiro,
Tomando o coração fez suas leis,
De todos os que eu tive, amor primeiro,
Levando a mais total insensatez.

Nas tramas deste sonho feiticeiro
Perdendo a mais completa lucidez
Ainda estou sentindo o doce cheiro
Daquela que se foi, e assim se fez

Meu último desejo, meu suspiro,
Saudade me cortando como um tiro.
Não deixa que eu respire calmamente

Ardendo sem sequer um lenitivo,
Agora eu me percebo qual cativo
Na chama da saudade, de repente.

983




Na chama da saudade, de repente,
Ardendo em mais cruel e quente fogo,
Meu coração se mostra renitente
E foge num momento deste jogo,


No qual não adianta qualquer rogo,
Nem mesmo uma palavra condizente
Assim tua lembrança, tão ardente,
Refaz o sofrimento e desde logo,


Marcando no meu peito tais feridas
Tatuam com imagens más, doridas
Matando o que se fora liberdade.

Na luta desigual, por toda a vida,
Desde o começo, a sorte já perdida...
Vencer esta saudade, quem há de?



984


Vencer esta saudade, quem há de?
Procuro pelos olhos, nada vejo,
Apenas refletindo a claridade,
Entregue plenamente a tal desejo,

Matando em teu retrato, esta saudade,
Mesmo que seja apenas relampejo
A mansidão aos poucos já me invade
Mudando em paz o rumo que eu almejo.

No vento da lembrança em mansa brisa,
A dor que me invadiu, já se ameniza
Transforma o meu destino por inteiro.

E agora caminhando lado a lado
Sou teu, amado, amante, enamorado
Cativo, teu senhor e prisioneiro.


985


Cativo, teu senhor e prisioneiro,
Vencido e vencedor da bela liça,
Bebendo o teu prazer sou teu inteiro,
No corpo sensual, santa cobiça,

Encontro no teu céu o meu tinteiro,
Vontade de te ter pra sempre atiça.
A vida que já fora tão mortiça
Esboça um canto alegre, alvissareiro.

E teu, somente teu, enquanto és minha,
Vassalo, sou teu rei, minha rainha
Estrela que se quer, o sonho alcança

Assim, sem fantasia ou adereço
Recebo muito além do que ofereço
Tomado pelo vento da esperança.


986

Tomado pelo vento da esperança
Bebendo amargo vinho da tristeza,
A voz de quem desejo já me alcança
Realça ao pôr do sol, sua beleza.

Quem sabe nosso amor, nossa aliança
Ainda venha à noite em sobremesa...
Trazendo para a vida a confiança
Que sempre nos ampara em fortaleza

Não fale mais, amor, na despedida.
Amor vai redimir a nossa vida!
Mudando num momento antiga cena.

Às vezes tão distante, outras, lendário
Introduzindo luz neste cenário;
Amor, mesmo que em versos vale a pena,


987

Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.
Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,

Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional
Perfume que entontece e que envenena
Delícia deslumbrante, magistral

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador
Canteiro tão sublime pleno em viço.

Vivendo em fantasia, um peito rude
Ao perceber refeita a juventude,
Não quero te perder, tu sabes disso.


988

Não quero te perder, tu sabes disso,
Cultivo em meu canteiro, nosso sonho.
Em ti encontro a rosa em pleno viço,
E um mundo mais feliz, eu te proponho,

Desejo que me toma, assim cobiço,
Viver eternamente um bem risonho
Felicidade expressa um compromisso
No mundo em fantasia que componho,

De ser teu companheiro e teu amado,
Estando o tempo inteiro do teu lado
Cansado de vagar, de léu em léu.

Não posso mais sequer aterrissar
Tampouco posso enfim recomeçar
Depois de ter tocado imenso céu.



989




Depois de ter tocado imenso céu,
Achado que era Deus por um momento,
Provado da ilusão, perfeito mel,
Ausência se tornando sofrimento.

Vagando sem destino o meu corcel,
Refaz esta ventura em pensamento
Felicidade? Um barco de papel
Que esvai e se destroça em fogo lento.

E; viva, uma saudade faz do afago
A tempestade imensa em calmo lago
Deixando como herança, ausência, o nada.

Marcado por lembrança algoz, ardente
Quem dera se eu pudesse, de repente
Viver o que perdi na longa estrada,

990


Viver o que perdi na longa estrada,
Sabendo que talvez não tenha mais
O brilho da mulher, divina amada,
Meu barco não encontra o velho cais,

Apenas minha vida, vai alçada
Ao sonho de saber que a noite traz
Uma esperança feita em alvorada
De um dia amanhecido em plena paz.

Lembranças do que fomos, e perdemos.
Unindo nossas forças, nossos remos.
No nada que se dá depois da curva

Talvez inda resista algum orvalho
Trazendo distraído em ato falho
O cheiro de uma terra após a chuva.

991



O cheiro de uma terra após a chuva,
O rosto da manhã em claridade,
Saudade já me cabe como luva
E traz de novo em sonho a liberdade.

Qual canto em tristezas de viúva
A vida ressuscita-se em saudade.
Uma esperança enfrenta na saúva
O verde destroçado que me invade

Mendigo cada toque do passado,
Tentando reviver, recuperado,
O dia que se foi em fino trato.

Porém nesta incerteza eu vago só,
E como se buscasse o mesmo pó
Meus olhos inda miram teu retrato,



992

Meus olhos inda miram teu retrato,
Espelhos de minha alma são só teus.
O dia se tornou cruel de fato,
Apenas me restando o triste adeus.

Na ventania imensa, o meu regato
Procura renascer momentos meus
Que foram sem destino e sem formato
Apenas refletindo olhos ateus

E assim, seguindo a sombra de mim mesmo,
Caminho e tantas vezes; vou a esmo.
Bebendo a lua vaga e merencória.

Olhando volta e meia o meu reflexo
A vida sempre traz sem rumo ou nexo
Recordações tão vivas na memória.


993


Recordações tão vivas na memória,
Marcantes os momentos que vivi.
Guardada fielmente em minha história,
Alçando o pensamento volto a ti.

Saudade se demonstra em plena glória,
De um tempo que jamais eu esqueci.
Relego ao sentimento, vil escória
O tempo em que sozinho eu me perdi

Marcando em cada gesto, volta à tona,
O que jamais morreu, tão só ressona
E mesmo em agonia trama flores.

Do quanto que sofri e não mereço
Promessas do sublime recomeço
Vieste dirimindo minhas dores.

994



Vieste dirimindo minhas dores,
Mostrando a nova vida, maviosa.
De todas as sonhadas, belas flores,
Rainha do jardim, divina rosa

Agora irei contigo aonde fores,
Estrela que me guia, radiosa.
Aurora da esperança em raras cores
Cegando a lua sempre caprichosa.

Amor, imenso sonho em plenitude,
Refaz no entardecer a juventude...
Decerto em raios claros se decora.

Olhando para a estrela que me guia,
Amor em plena paz e sintonia
Já sabe valorar a redentora
Publicado em: 01/03/2008 11:49:23
Última alteração:22/10/2008 17:05:03


EU TE AMO!! coroa de sonetos 71
995

Presença de quem ama. A vida aflora
Qual fora redenção em noite clara,
O quanto que se quer nos revigora
E o passo com firmeza mais se ampara.

Bebendo esta alegria desde agora
A vida não será jamais amara.
Quem sabe quanto é bom não se demora
E a sorte com vigor, amor aclara;

Vivendo este momento inesquecível
Na força que me faz quase invencível
Beleza sem igual é o que se vê.

Tocado pela força deste encanto,
Deixando assim bem claro neste canto
Apaixonado eu sigo por você.



996


Apaixonado eu sigo por você,
A cada novo dia, mais feliz.
O meu olhar procura e sempre lê
Palavras que meu peito agora diz,

Do amor no qual meu verso vive e crê
Inspiração jorrando em chafariz
Num palacete ou casa de sapê
Amor já faz de tudo o que bem quis

Sabendo que sou seu, amada prenda
Segredos desta vida, amor desvenda
E todas as tristezas; ameniza.

O quanto que eu desejo o seu carinho,
Na calmaria expressa em nosso ninho
A sua voz escuto nesta brisa.



997


A sua voz escuto nesta brisa.
Que toca os meus cabelos mansamente.
O vento neste toque já me avisa
Do sonho que busquei, completamente.

A boca delicada e mais precisa,
Mostrando esta alegria, docemente
A sorte redentora aromatiza
Felicidade um sonho mais freqüente.

As estrelas que espalhas pelo chão,
Refletem num momento, esta paixão
Cobrindo este horizonte em claro véu.

Liberto, destemido e sem algemas,
Em meio a tantas crises e problemas
Meu verso vasculhando, ganha o céu


998


Meu verso vasculhando, ganha o céu,
Procura por pegadas, cada rastro
Deixado pelos passos de um corcel
Nos seios da mulher, puro alabastro,

Os olhos descortinam claro véu,
Quem dera se eu pudesse ser um astro
Rodando o firmamento em carrossel
Erguendo o pensamento sem ter lastro

Ganhando a eternidade em manso beijo,
Num mundo mais gentil que em ti prevejo.
Deixando-me levar em correnteza.

Assim, ao parearmos nosso rumo,
Bebendo da alegria o farto sumo
Não quero mais saber desta tristeza.


999


Não quero mais saber desta tristeza
Que um dia, foi sincera companhia,
Rompendo das paixões, cada represa,
Num mar de amor intenso, em ventania,

Transborda inundações, na correnteza
Voraz que me transporta em alegria
A vida não se poupa serve à mesa
Imensa variedade em iguaria

Encontro a solução para os meus ais,
No amor que me invadiu, meu porto e cais
Promessa de festanças raras, ternas,

Expresso neste canto uma vontade
De entrar e conhecer à saciedade
Fornalhas entreabertas, coxas pernas.



1000


Fornalhas entreabertas, coxas pernas,
Tocando com meus lábios as virilhas,
Paixões que nos devoram, são eternas,
Promessas de loucuras, maravilhas.

Carícias fulgurantes e tão ternas,
Entrando em cada loca, tuas ilhas.
Distante dos teus olhos quando hibernas
A vida sem destino, noutras trilhas

Sentindo o meu prazer já latejando
Enquanto o teu em mim, se derramando.
No escambo que me deixa satisfeito.

A soma em que se dá já multiplica
E o gozo desfrutado agora explica:
Amar e ser feliz: sonho perfeito.



1001


Amar e ser feliz: sonho perfeito,
Embora tantas vezes impossível.
Fazendo da alegria um grande feito,
Percebo a tua luz, mulher incrível

Mostrando que o amor é meu direito,
Felicidade é um sonho bem plausível.
Desejo desde agora satisfeito
Alçando os sentimentos noutro nível.

Eu quero te louvar a cada verso,
Jamais de teu caminho, irei disperso.
A chama que me guia e me conduz

Imerso em fantasias posso ver
Que,deusa da alegria e do prazer
Tu és a minha glória feita em luz.



1002


Tu és a minha glória feita em luz,
Palavras de carinho e de desejo,
Meu sonho a cada noite reproduz
Delícias que encontrei no doce beijo

De corpos que se entregam e vão nus
Na fúria dos prazeres. Num lampejo
Amor em si compensa qualquer cruz.

A noite se transforma em claro dia,
E entorna na alvorada, a fantasia
Cevando uma alegria dentro em mim.

A flor mais benfazeja que plantei
Castelo que em meus sonhos eu criei,
Tu és uma esperança sem ter fim,


1003



Tu és uma esperança sem ter fim,
A paz que eu tanto quis, encontro em ti.
Vibrando todo amor que sinto em mim,
Eu posso enfim, dizer, já recolhi

A flor maravilhosa em meu jardim,
O sonho mais bonito que vivi,
Da sorte e da alegria um estopim
Nos laços deste sonho eu me prendi

O mar de uma emoção que nunca cessa,
Amor não é somente uma promessa!
É lua que se dá tão gloriosa

Destino se forrando nestes laços
Eu traço eternidade nos meus passos
Bebendo desta fonte maviosa.


1004



Bebendo desta fonte maviosa,
Delícias e delírios: sou feliz.
Manhã se apresentando radiosa.
Meu canto te chamando sempre quis

O gozo desta vida fabulosa,
Marcando com divina cicatriz
Canteiro em que nasceu sublime rosa
De todos os meus ritos, aprendiz.

A pele que te toca em noite imensa,
Fadada a ter completa recompensa
Recebe com doçura a ventania

Que chega de teus lábios, ocas, minas,
Em forma tão perfeitas; femininas,
Tu és o canto livre da alegria.


1005

Tu és o canto livre da alegria,
Vestida de emoção, minha alma clama,
Envolta nos teus braços, já sabia
De toda a sorte farta de quem ama,

Rasgando todo o véu, na poesia
Ao renovar a vida, muda a trama,
Meu canto nestes sonhos se desfia
E invade um paraíso em branda chama

Nas teias de teus braços, adormeço,
Numa alvorada em paz, o recomeço
Trazendo uma esperança por bandeira

Distante das tristezas tantas léguas,
Das lidas mais temíveis nestas tréguas
Encontro em nosso amor a luz primeira...


1006

Encontro em nosso amor a luz primeira...
Em passos bem mais firmes, decididos,
De crer numa esperança derradeira,
As angústias e os medos já vencidos,

Mostrando ser a sorte lisonjeira
E os dias sem espinhos, percorridos.
Impedem que se perca em mil pruridos
Uma esperança além de corriqueira

Amor que se tornando mais prudente
Permite um novo encanto e doma a gente.
Transforma totalmente as nossas vidas.

Amor que em sua ausência, trama o vago,
Vivendo sem carinho e sem afago,
As horas, na distância, tão compridas.


1007


As horas, na distância, tão compridas,
Os barcos em tempestas, soçobrados.
Porém se aqui te encontro, nossas vidas
Em modo benfazejo, sobraçados,

Seguimos pelas sendas mais floridas,
Nos corpos que se buscam, imantados.
Secando as tempestades desvalidas
Impregnam em clareza e paz os prados

Nos mares deste amor vou navegando,
E os olhos se procuram, se tocando.
Espalham nevoeiro que malsã

Há tempos ocultara o claro sol,
No amor tão verdadeiro, o meu farol,
Recebo o brilho manso da manhã


1008

Recebo o brilho manso da manhã
No sol que já se emana, acolhedor,
A vida se permite em doce afã
Emoldurando em nós, o puro amor.

Não permitindo assim tristeza vã,
Um canto enfim bendito a se compor.
Expressa este desejo de maçã
No corpo desta musa, encantador.

Somando nossas forças, minha amada,
Promessas redentoras de florada
Do gozo em plenitude se assenhora.

Nas mãos de uma divina fortaleza
Sublime tradução de uma beleza
Presença de quem ama; a vida aflora.
Publicado em: 01/03/2008 14:10:16
Última alteração:22/10/2008 17:05:06


EU TE AMO!! coroa de sonetos 72
1009

Tornando o coração bem mais experto
Por mais que o temporal ainda venha
Deixando para trás qualquer deserto
A vida traz o fogo e trama a lenha.

Assim, o que se mostra mesmo perto
Às vezes em distância esconde a senha.
O amor no qual desejo enfim desperto
Proclama em esperança esta resenha.

O tempo de sonhar já se apresenta
Em meio à força crua e violenta
Fazendo deste amor o que bem quis.

Porém ao ver imensa claridade
Entregue à mais perfeita liberdade
Não temo nem o corte, ou cicatriz.



1010


Não temo nem o corte, ou cicatriz
Transforma-se em sublime tatuagem.
Outrora, simplesmente um aprendiz
Aprende a conhecer nesta viagem

O quanto se é possível ser feliz,
Vestindo este desejo. E na roupagem
Carrego a vida apenas por um triz
Negando quaisquer luzes: é miragem.

De nossos corpos nus e sem pudores,
Audazes, nossos sonhos tentadores.
No qual minha vontade enfim se aninha.

Fazendo desta história quase um hino,
O gozo mais sublime eu descortino
Pensando em tua pele junto à minha.


1011



Pensando em tua pele junto à minha,
Apaixonadamente num mergulho,
Meu mundo, num momento já se alinha,
Deixando para trás qualquer orgulho,

Da solidão que; um dia, à noite vinha,
Não resta nem espinho ou pedregulho.
Tristezas do passado eu já debulho,
Preparo o meu plantio, ceva e vinha.

Os dias tão terríveis do passado,
Renascem neste sol do amor, dourado.
Poder inusitado e redentor.

Arcando com meus erros sigo em frente
E em meio à fantasia se pressente
Amor em louca entrega, no furor


1012





Amor em louca entrega, no furor
Dos corpos imantados que se tocam,
Vestido de desejo e sem pudor,
Prazeres sem limites desembocam

Explodindo em orgástico torpor.
Os gozos misturados que se entocam
Estando o tempo inteiro ao teu dispor
Humores em mosaico já se trocam.

Nas grutas e nas locas, pedem bis.
Deixando o corpo amante então feliz
Às voltas com destino caprichoso.

O quanto que alimenta os nossos dias
Toando a cada dia fantasias.
Amor, um sentimento poderoso.



1013



Amor, um sentimento poderoso,
Às vezes violento, outras gentil
Amansa um coração mais belicoso,
Porém algumas vezes faz ser vil

Aquele quem outrora carinhoso
A quem domina faz então servil,
Da vida eu quero mais que um simples gozo
O toque tão suave, assim gentil

Tomando a nossa vida num segundo,
Mudando de repente, o nosso mundo
Encontra da alegria, fonte e mina.


Porém se tantas vezes vou sedento
Não tenho outro caminho, e neste intento
Amor festa cruel que nos ensina


1014

Amor festa cruel que nos ensina
Que nada nesta vida traz em deixa
Total perenidade, me alucina
E nada do que fomos ele deixa,

Na fúria das paixões, força divina,
Incontida transforma santa em gueixa
Enquanto ao mesmo tempo gozo mina
Escuto mesmo ao longe a mansa queixa,

Desfere manso golpe em nosso peito,
Não deixa solução nem outro jeito.
Destino em calmaria se cumprindo.

Assim nesta total insanidade
Em sofrimento, paz e claridade
Envolto nos seus braços, vou seguindo.


1015



Envolto nos seus braços, vou seguindo,
Procuro no teu colo, um acalanto,
Amor feito disforme é sempre lindo,
Rebenta em emoção, inunda em pranto,

Na lábia do menino, vou fluindo,
Entregue sem limites, amo tanto;
A lua que nos banha reluzindo
Expressa em fantasia cada canto.

E nada do que possas me dizer,
Trará além do amor, maior prazer
No céu que se ilumina em florescência

Nos olhos decorados por cobiça
Vontade sem limites vem e atiça,
Roçando os meus instintos, sem clemência



1016



Roçando os meus instintos, sem clemência,
Invade a madrugada em pesadelos.
Da moça que se mostra em inocência,
Sentir doce perfume em seus cabelos,

Sorvendo em sua pele a indecência
Enredo-me em seu corpo, bons novelos.
Esqueço o que sofri em tua ausência
Tocando os corpos, peles, bocas, pêlos.

Fazendo desta noite em euforia,
Volúpia enlanguescente, santa orgia
Trazendo em paz sublime o que eu almejo.

Meu barco da tempesta refugia
Buscando ancoradouro em alegria
Aporto neste cais cada desejo.


1017


Aporto neste cais cada desejo,
Avanço por limites mais audazes,
Usando sutileza, assim prevejo
Momentos de loucura, tão vorazes.

Nas pernas que em prendem, já latejo
Agradecendo a força das tenazes
Na festa que se faz em louco ensejo
O quanto satisfeita satisfazes.

E o gozo mais profano se revela
Na intensa maravilha que singela
Um lago em placidez bebendo a lava

Assim na ardência feita em calmaria
O sonho mais feliz usufruía
Amor que uma amizade sustentava.

1018

Amor que uma amizade sustentava,
Felicidade plena bendizia,
Uma esperança a mais sempre abrigava,
Trazendo claridade para o dia,

Meu mundo no teu colo se abrigava,
Formando uma ilusão em poesia,
Rompendo qualquer lacre, nega a trava
Contendo a mais sublime fantasia

Distante destas dores do passado,
Moldava um bom futuro do teu lado
Traçando este buquê, juiz, anel.

Assim num himeneu termina história
Tornando nossa estrada bem mais flórea
Nas tramas, nossa cama, feita em céu.


1019

Nas tramas, nossa cama, feita em céu,
Rolando a noite inteira em mil delícias,
Sorvendo cada gota do teu mel,
Tocando em tua pele, com malícias,

Rompendo a madrugada, rasgo o véu,
Desnudo-te e me entregas mais carícias,
A vida vai cumprindo o seu papel
Distante das loucuras e sevicias

Amor sem preconceitos perde o nexo,
Em Eros espelhado, louco sexo.
Inflama enquanto em ânsias já me abrasa.

Marcando nossa pele, tatuagem,
Trazendo para a vida mansa aragem
Tua nudez desfila pela casa.


1020

Tua nudez desfila pela casa,
Recebo o forte brilho que transbordas,
Tomado pelo fogo desta brasa,
Desejos mais audazes já me acordas,

Vontades e quereres, tudo abrasa,
Voracidade imensa, assim recordas
Rompendo velhos nós, esquece as cordas
E o tempo de viver jamais se atrasa

E volto à juventude num segundo,
De teu prazer intenso enfim me inundo.
Permitindo decerto uma guinada

A sorte procurando ancoradouro
Estampando promessas de tesouro
Reféns desta loucura, minha amada.



1021


Reféns desta loucura, minha amada,
Bebendo do teu corpo cada gozo,
A noite se entregando à madrugada
Fazendo o nosso amor bem mais gostoso,

Eu quero mergulhar de alma lavada,
Tocando cada ponto, bem fogoso.
Amor passando a ser da minha alçada
Fazendo este caminho fabuloso.

As chamas que se emanam de nós dois,
Fagulhas neste incêndio do depois
Provoca em temporais o relampejo.

Sentindo a perfeição de teu perfume
Da imensa cordilheira, além do cume
Acolho o teu carinho em meu desejo.


1022

Acolho o teu carinho em meu desejo,
Teus rastros pelo quarto, amor, persigo,
Querendo desfrutar de cada beijo,
Eterno companheiro, amante amigo,

A transparência exposta sempre vejo,
Servindo, com certeza de um abrigo
Momentos preciosos que eu almejo
Buscando o teu carinho, assim prossigo.

Quem fora um aprendiz amor declara
Mostrando que apreendeu a jóia rara
E traz a sua imagem sempre perto.

Amor que enlanguescendo, a paz expõe
Além do que procura e se propõe,
Tornando o coração bem mais experto.
Publicado em: 01/03/2008 17:30:09
Última alteração:22/10/2008 17:05:11


EU TE AMO!! coroa de sonetos 72
1023

No olhar de brilho farto, reluzente
Eu vejo refletido o coração
Por mais que a solidão ainda tente
Resiste no meu peito esta emoção

Que borda com beleza e maravilha
Os dias que virão- felicidades.
O quanto tantas vezes alma andarilha
Andando pelos campos e cidades

Buscando bar em bar sem nada ver
Senão esta vontade de ficar
Às vezes o desejo de morrer
Sem nada pra sorrir, comemorar.

De quem se fez inútil fantasia
Decerto, o meu amor já saberia


1024

Decerto, o meu amor já saberia
Quem tanto desejei em luz tamanha,
Vibrando certamente de alegria,
A sorte- ser feliz, amor, nos banha,

E o canto da promessa me dizia,
Do encanto que se molda em nossa entranha,
A vida sem amor e poesia
Decerto, sem motivos, vai estranha

Vivendo neste amor, perfeita glória,
O medo transformado na vitória
A cada novo tempo; conquistada.

Com ar de quem venceu dura batalha
Escapando do fio da navalha
Recebo cada beijo teu; amada.


1025

Recebo cada beijo teu, amada,
Amiga de meus dias/tempestades,
A vida em outra lua vai raiada,
Repleta de desejos, claridades.

Minha alma de tua alma enamorada,
Procura no teu corpo saciedades.
A sorte no caminho desfraldada
Estende as mais sublimes liberdades

Assim, dois caminheiros que se tocam,
Ao mesmo tempo acolhem, se provocam...
Nas lutas e batalhas do querer.

Mas somente de ti ando cativo
Do amor no qual resisto e sobrevivo
Sou teu e nada mais pode conter

1026


Sou teu e nada mais pode conter
Amor em amizade construído,
Meu rumo é procurar o teu prazer,
Meu passo se mostrando decidido

Permite que eu conceba amanhecer
Deitado no teu colo, distraído.
O sol em brilho forte, eu posso ver
No dia em perfeição já concebido

Eu quero ser teu par, a noite inteira,
Promessa de alegria verdadeira
Tempestas sensuais chegam e assolam

No quanto vamos juntos vida afora
Na fome de viver que revigora
Assim, dois passarinhos se engaiolam.



1027


Assim, dois passarinhos se engaiolam,
Ao mesmo tempo livres, vão ao céu.
Meus braços nestas asas já decolam,
Adoço o paladar em rico mel,

De uma felicidade que é total,
Encontro o que eu tanto procurara,
No toque delicado e sensual
A vida mansamente nos ampara

Ser teu é minha sina, o meu destino,
Não posso mais fugir e nem o quero.
O quanto te desejo e não domino
Porquanto tantas vezes eu te espero

Em ti a minha glória derradeira
Amiga, amada amante e companheira.


1028


Amiga, amada amante e companheira,
Eu quero estar contigo o que me resta
Da vida na emoção que derradeira,
Reflete no meu peito plena festa,

Amor que procurei a vida inteira,
Uma esperança imensa agora gesta
Abrindo no meu peito esta clareira
Felicidade intensa já se empresta

De um tempo em que o amor feito amizade,
Denote aos dois cativos, liberdade
Que a sorte de sonhar sempre prossiga

Tornando realidade o nosso sonho,
A paz sem falsidade eu te proponho
Amiga, o meu desejo já te abriga.



1029


Amiga, o meu desejo já te abriga,
Mulher em sonho claro manso e leve,
Meu peito em plenitude assim me obriga
Enquanto a voz audaz, cedo se atreve

Falar de uma emoção que é tão antiga,
Palavra de carinho se faz breve,
Estio dentro da alma que prossiga
Negando o duro inverno e a fria neve

Amor este moleque peregrino,
Na ceva da esperança um ser divino,
Que os olhos sonhadores procuraram

Porém quando me vi mais distraído
Olhar sempre distante, vão, perdido
As suas lanças, setas, me tocaram.


1030

As suas lanças, setas, me tocaram,
E assim me enlouqueceram, estou certo,
Os castelos mais firmes desabaram,
Meu coração se mostra então aberto,

O quanto de carinhos eu te oferto
Os sonhos não mentiram nem calaram
E velhos sentimentos se mostraram,
Apenas movediços. Mal desperto

E vejo nos teus olhos tal magia,
Amiga, transtornando o dia a dia.
Num rumo tão cruel e encantador.

Assim vou prosseguindo sem descanso.
Tranqüilidade e paz agora alcanço
Vencido pelo fogo deste amor


1031



Vencido pelo fogo deste amor
Recebo a fantasia feita em vento,
Tentando, num segundo recompor,
A audácia se fazendo sentimento,

Vontade de sentir o teu calor,
Mas nada dá firmeza ao meu intento.
Um novo enredo então; venho propor
Embora nele eu veja o sofrimento

E assim, apaixonado, passo a crer,
No amor em amizade, bel prazer
Mesmo que mude o tom, sou teu amigo.

Nos dias que virão tanto embaraço,
O quanto vai mudando o nosso passo,
Tentando disfarçar, mas não consigo.


1032



Tentando disfarçar, mas não consigo,
Se cada verso meu dirijo a ti,
Queria ser somente teu amigo,
Porém no emaranhado eu me perdi.

Quem sempre me acolheu em manso abrigo,
Agora reluzente brilha aqui,
Além do que em verdade eu já persigo
O quanto te desejo, descobri.

No peito de quem ama e não comporta,
A força deste amor, arromba a porta
Promessa de terrível desencanto

Amiga, me perdoe, na verdade
O quanto amor se fez numa amizade
Envergonhado, expresso neste canto

1033


Envergonhado, expresso neste canto
Uma maneira a mais pra te falar,
De toda esta loucura em puro encanto,
Trazendo uma amargura a desnudar

Meu coração, tirando o fino manto
Que tantas vezes pode disfarçar
Agora vai se expondo e neste tanto
Esboça um novo jeito de sonhar

O amor que eu já sentia e nunca quis
Admitir, mas me faz ser mais feliz...
Tomando minha vida, é um tormento

Podendo destruir, eu não espero,
Manter sempre mais forte, o que mais quero;
Uma amizade feita num momento




1034



Uma amizade feita num momento
Em que a vida se mostra em desengano,
Acalma com seus braços, meu tormento,
Aquece o coração e muda o plano,

Mostrando ser possível sentimento
Supremo sobre todos soberano,
O fogo me consome brando, lento
Deixando um rastro manso, mas insano.

Com a pureza imensa, um diamante,
Do amor feito sublime e mais constante
Espero andar contigo lado a lado,

Podendo nos trazer em redenção
Mudando finalmente a direção
Um passo quando firme e se bem dado.


1035


Um passo quando firme e se bem dado,
Permite vislumbrar amor divino,
Não deixa o coração jamais irado,
Promete um novo tempo cristalino,

Matando uma tristeza do passado,
Tornando o peito amargo qual menino
Que um dia se viu só e abandonado
E agora um bem maior já descortino

Chamados da alegria, enfim responde,
Exposto ao vento leve, não se esconde
Quem tem os olhos sempre abençoados

Bem diferente, eu falo e te asseguro
De um coração estúpido e inseguro:
Aquele cujos passos vão guiados.


1036

Aquele cujos passos, vão guiados
Pela amizade imensa que se sente,
Tem olhos nos espaços assentados,
E toda a glória o faz ser mais contente,

Seus dias com certeza são honrados,
E a voz do coração tão envolvente.
Expressa o que deseja em altos brados
Vivendo amor de forma previdente;

Não sabe de outro dia mais horrendo,
As flamas da alegria, recebendo
Mudando o seu caminho de repente.

A vida se transforma ao mesmo instante
Em que sinto o reflexo deslumbrante
No olhar de brilho farto, reluzente.
Publicado em: 02/03/2008 07:34:06
Última alteração:22/10/2008 13:42:22



EU TE AMO!! coroa de sonetos 38
519


Que entorna sobre nós felicidade;
O mar de imensidade em plena glória
Disso eu já sabia e na verdade
É nisso que eu prevejo uma vitória

Mergulhos delicados e profundos,
Os beijos se buscando, bandeirantes.
Naufrágio desejado, alguns segundos
Nos corpos desnudados, provocantes.

Paixão que nos inspira e se respira,
Aragem sem igual, sempre procura
Acende em nossa vida, fogo e pira
Na lira feita em versos, gozo e cura.

Marcando com delírio este compasso,
O quanto eu te desejo, não disfarço...


520


O quanto eu te desejo, não disfarço
Derrama sobre o mar de imensas ondas
Escandalosamente bebo cada passo
Deitando em poesia velhas rondas.

Trazendo os pedregulhos do passado,
Mergulhos proferidos, imprudências.
Em flores e fulgores, sigo atado
Sentindo o farto olhar, hipnotizado.

Enchentes, explosões e temporais,
As vagas penetrando cada praia.
Eu bebo cada gozo e quero mais,
A noite em convulsão logo desmaia

No todo sem limites, acredito
Espalho eternidade no infinito!


521


Espalho eternidade no infinito
Um simples amador decerto audaz,
Rompendo a solidão; frio granito
Apenas no demais se satisfaz.

A pedra que trazia no meu peito
Quebrada pelo riso da mulher
Chegando mansamente, desse jeito
Demonstra o que deseja, o que mais quer.

Mudando de conversa, simplesmente,
Amor assim se empresta em rebuliço,
A lua feita em mel, vem de repente
Prateia a minha sorte em novo viço.

Atiço os sentimentos, rasgo o verbo,
Matando o verso incréu, rude e soberbo.

522


Matando o verso incréu, rude e soberbo,
Um simples trovador canta esperança.
O que já fora outrora tão acerbo
Agora revigora a nova dança.

A trança da morena em minha pele
Jogando sobre mim, festa e confete
O quanto em avidez amor compele
O gozo que se bebe e se repete

Trazendo no bornal sonho impossível
Que aflora com encanto inexplicável
Fazendo qualquer lenda ser mais crível
Crivando em diamante o mundo amável

Provável solução em primavera
Potável tentação que nos espera.


523


Potável tentação que nos espera,
Reinando sobre nós, divina musa,
Expressa a solidão temível fera,
Recende tantas vezes à recusa.

Cristalizada voz que nos domina,
Emana a libertária fantasia.
E quando a vida em mágoas desatina
Saída a cada instante mostra ou cria.

Arrebentando em paz velhas fronteiras,
Adoça o coração, aplaca a dor.
Por mais que as vidas sejam traiçoeiras
Expressa um novo rumo, encantador.

Se nela toda a sorte já se encerra,
A poesia é o vero Sal da Terra!

524


A poesia é o vero Sal da Terra,
Traduz tanta alegria, ou dor imensa.
O quanto se percebe alma descerra
Na boca que hoje eu beijo, a recompensa.

Valsando entre as estrelas versos soltos,
Marcados os compassos desta dança.
Os mares que se foram já revoltos
Conhecem calmaria na esperança.

Não quero soluções definitivas
Nem mesmo a falsa luz de vaga-lumes
Do quanto tantas vezes dás e privas
Espalhas os diversos, vãos perfumes.

Apenas poesia não traiu
O sonho que se fez manso e gentil...


525


O sonho que se fez manso e gentil
Depõe uma alegria afiançável
No gozo em que amor reproduziu
A fonte de um prazer interminável.

Alçáveis; os caminhos que eu buscara
Apenas pelo sonho diamantino.
A vida quanta vez, escura ou clara
Negou brilho solar, mesmo que a pino.

Os barcos vão voltando sem faróis
Procuram pelos cais em mar terrível.
Na cama a solidão dos meus lençóis
Apaga a redenção, queima o fusível.

Quem sabe talvez tenha, em amizade
Encontro em que sonhei felicidade...


526


Encontro em que sonhei felicidade
Distante deste porto em que naufrago.
A par do que pensara liberdade
A vida renegando paz e afago

Quitando minhas dívidas, pensei
Que ainda fossem meus os teus jardins.
Metáfora sem luzes que eu criei
Abortam nos canteiros, os jasmins.

Celeiro de esperança já deu traça
Os grãos apodrecidos representam
O quanto se esvaiu, negra fumaça.
Apenas os vazios se apresentam.

Tentáculos diversos, descaminhos,
Fazendo em minha pele, seus carinhos...

527



Fazendo em minha pele, seus carinhos,
Saudade faz do gozo, desespero.
Vendendo uma esperança em armarinhos
Apenas o vazio por tempero.

Sonega-se alegria, amortalhando.
Cimitarras cortando a cada noite
Tristezas, no caminho, amealhando
Restando a solidão neste pernoite.

Acoita-se um sorriso de ironia,
Secando cedo a fonte, aborta arroio
Do vinho que em outrora eu me embebia
A vinha se transforma em ledo joio.

Comboios de serpentes já libertas
Enquanto o pensamento; não desertas...

528


Enquanto o pensamento; não desertas
Não posso prosseguir, eu te asseguro.
As horas vão passando sempre incertas
Proliferando em mim o céu escuro.

Eu juro, até com juros cada dívida
E pago se puder, ao fim do mês.
A noite solitária segue lívida
Vivida a fantasia morre rês.

Restando na parede o vão sorriso
Que um dia retratou felicidade.
Num vai e vem terrível, sem aviso
Eu sinto o cheiro amargo da saudade.

Quem há de condenar quem já sentiu
Amor que se fez muda e não pariu...

529

Amor que se fez muda e não pariu,
Aborto condenável, mal imenso.
Imerso no passado atroz e vil,
O quanto desejei, eu nem mais penso.

A vida se fazendo sem dispensas
Não sabe acumular as fantasias.
Depois de ter sangrado as desavenças
Saudade vai fazendo suas crias.

Poreja em incessante gotejar
Alveja em precisão o peito estúpido.
Secando o que se fez imenso mar,
Negando este desejo, mesmo cúpido.

Carcaça caminhando pela rua,
Saudade neste palco, cedo atua.

530


Saudade neste palco, cedo atua,
Atriz quase mambembe, inexpressiva
Avermelhando em lágrimas, a lua,
Matando no jardim a sempre-viva.

No beijo traiçoeiro, um louva-deus
A luz deste impotente vaga-lume.
Saudade prolifera em cada adeus
Negando o bom cultivo, cega o estrume.

No girassol da vida, um carrossel
Perdendo sempre o rumo, vai à toa.
O dia se mostrando em tom pastel
Sem remos, naufragando esta canoa

Quem bebe do saber de uma saudade
Quer do buraco negro, a claridade...


531

Quer do buraco negro, a claridade
Aquele que prossegue em solidão
Distante do poder de uma amizade
Não sabe cultivar a plantação.

Cevar um bem eterno em aliança
Colher e replantar sem cobrar juros;
Por mais que seja tola uma esperança
Permite que se tente em solos duros.

Apuros tantas vezes são comuns,
Porém quem persevera tem a chance
Mesmo que enfim colete só alguns
Já vale o quanto pesa o que se alcance.

Nuances tão diversos joio e trigo
Realçam o que se mostra em cada amigo.


532


Realçam o que se mostra em cada amigo.
As fontes luminosas, chafarizes
O quanto que desejo e já persigo
Expressa novos dias mais felizes;

A face carcomida da miséria
Nos olhos de quem cega a fantasia
Espalha sobre nós venal bactéria
Mortalha sem igual, deveras fia.

No fio da navalha traça o passo
Levando finalmente ao nada ter.
A morte num sutil, cruel abraço
Depressa, assim expressa o seu poder.

A remissão; percebo na amizade
Que entorna sobre nós felicidade!
Publicado em: 21/02/2008 18:11:28
Última alteração:22/10/2008 17:31:11



EU TE AMO!! coroa de sonetos 39
533

Tornando o nosso solo mais arável
A força da amizade determina
O tanto quanto vejo interminável
O gotejar sincero desta mina.

Não posso vislumbrar outro caminho,
Nem mesmo quero o lume de outra fonte.
O sol vem renascendo de mansinho,
Já prometendo assim, belo horizonte.

O quanto na amizade amor se ceva
Estampa na colheita sacrossanta.
As dores vão em bando, numa leva,
O brilho nos meus olhos se agiganta

A voz que se levanta entoa um brado
Calando o canto amargo do passado...


534


Calando o canto amargo do passado,
Lúgubre cantochão em ladainha,
Amor em nosso peito emoldurado
Permite uma colheita em rara vinha.

Se eu vinha de um destino traiçoeiro,
Agora em tom maior, a melodia
Adentra e modifica o cancioneiro
Perfaz pura emoção, nova harmonia.

A voz que se mostrara quase agônica
Expressa a fantasia de um tenor.
Mudando em alegria, antiga tônica
Recobre este cenário em farto amor.

Homérico caminho que deságua
No gozo do desejo, aborta a mágoa...

535


No gozo do desejo, aborta a mágoa
O verso ensandecido que permite
Estende sobre nós calor e frágua
Deflagra uma explosão já sem limite.

Jazendo toda a dor que um dia eu tive
Asperge com hissope, o meu canteiro.
Um helianto em paz agora vive
Bebendo o lume intenso e verdadeiro

Apátrida emoção tomando o globo,
Permite que o rebanho siga em paz.
Amor apascentando o fero lobo,
Esplêndido raiar a todos traz.

Jamais, deste caminho, que eu me afaste,
Apóia cada passo, dourada haste...

536


Apóia cada passo, dourada haste
Que ergueste com cuidado em noite mansa.
Do quanto tanto amor tu me entregaste
A sorte desejada já se alcança.

Amor que se assenhora dos meus versos,
Forrando a minha vida em calmaria.
Legando à solidão vento reverso,
Expressa tão somente poesia...

Talvez possas pensar ser pleonasmo,
Falar do amor da forma que eu bendigo
Embora repetido, sem marasmo
Telúrica expressão; sempre persigo.

Atrelado no amor vou a reboque
Usando cada verso qual bodoque...


537


Usando cada verso qual bodoque
Decerto acerto o alvo que eu queria,
O quanto em sentimento não se estoque
A sorte se fazendo senhoria.

Enfoques tão diversos, mesmo palco,
Atalhos; reconheço e meço bem
A dor que tantas vezes já recalco,
Teimosa ao fim da noite sempre vem.

Mantendo sempre acesa a nossa chama,
Vou sarcasticamente noutro rumo.
Apaixonadamente a vida chama
Depressa pros seus braços, sigo e rumo.

Meu passo nos teus laços, eu conserto
Preconizando ao fim, raro concerto.

538



Preconizando ao fim, raro concerto
Eu tenho esta certeza que não cala.
Depois deste caminho, agora aberto
A luz já vem tomando toda a sala.

No embalo destes versos, sigo assim,
Metade te adorando, outra também.
O quanto de melhor existe em mim,
Reflete todo amor que a gente tem.

A solidão viúva que se enluta
Não vê qualquer saída, segue só.
Vencendo com carinho uma árdua luta
Renasço totalmente deste pó.

O ocaso prometido? Esmorecido.
Temor soltando um último gemido...

539



Temor soltando um último gemido
Percebe quanto é belo o teu sorriso,
Meu canto tantas vezes combalido
Agora se tornando mais conciso

Estampa em decassílabos, os motes
Que embora repetidos; agraciam
Os sonhos mesmo estando em fartos lotes
Decerto me conquistam e viciam.

Teu rosto em que se espelha tal ventura
Nos lábios emanando intenso brilho,
Sorridentemente se procura
A sorte de sonhar sem empecilho.

Meiguice em formas belas e sutis,
Expressa o quanto agora, sou feliz...

540


Expressa o quanto agora sou feliz
O verso enamorado que poreja
Em minha pele e pede sempre o bis,
Além do que se sonha e se deseja.

Amor tão meteórico; é verdade,
Porém já me apascenta e me permite
Viver o quanto quero em liberdade,
Sem medo de aceitar qualquer palpite.

O coração que outrora se fez velho,
Agora não espelha mais tristezas.
Não quero e nem aceito mais conselho,
Somente irei seguir as correntezas.

No delta deste rio, maravilhas,
Estampam perfeição de raras trilhas...


541



Estampam perfeição de raras trilhas,
Palavras proferidas, tão serenas.
Distante dos teus braços, léguas, milhas,
Eu vejo no horizonte raras cenas.

Caminho para a sorte, em noites; abres
Tocando em maestria esta canção.
Cansado das feridas, velhos sabres,
Aberto está decerto o coração.

Ouvindo esta sonata benfazeja
Estendo os meus olhares para ti.
Permites que eu vislumbre e mesmo veja
Um eldorado em glória feito aqui.

Do tanto que eu te quero, já repito
Amor quebrando o medo, vil granito...

542

Amor quebrando o medo, vil granito
Espalha a mais perfeita redenção,
Outrora caminheiro sempre aflito
Perdendo o seu destino e direção.

Agora perfilado com a sorte
Adentra a senda clara e mais perfeita.
Amor que se permite ser suporte
Iluminando a casa enquanto deita

Seus raios sobre nós, dois viajantes
Em farta profusão de luzes, brilhos,
Se fossemos do amor, principiantes
Talvez não vislumbrássemos tais trilhos.

E assim um argonauta esquecendo ira
Aos braços deste sonho já se atira...

543


Aos braços deste sonho já se atira
O bem que tantas vezes fora fonte
Ouvindo a perfeição expressa em lira,
Eu sinto o sol tocando a minha fronte

E pronto para encantos meteóricos
Aberto o coração eu continuo.
Meus versos prosseguindo agora eufóricos
Procuram com delícias nosso duo.

Entregue a tais delírios, nada temo
Sequer o vendaval que, sei, virá;
Meu barco necessita de teu remo,
E quero navegar, contigo, já.

Quem sabe deste amor que não tem hora,
No encanto deste canto, revigora...

544



No encanto deste canto, revigora
O tempo que se fez em farta mesa.
Adentro uma esperança mundo afora
E bebo o que se mostra em tal clareza.

Recebo o gozo franco de um sorriso
Expressão divinal de um dia em paz,
Alcanço da alegria, último piso
Repriso todo o sonho que amor traz.

Na casa recoberta por sapê
Redemoinho insano nos espera.
No quanto que eu desejo o que se crê
Transforma em palacete esta tapera.

A fera solitária não resiste
Morrendo abandonada, amarga e triste...


545


Morrendo abandonada, amarga e triste
Quem fora solidão se leva ao léu.
De um pássaro esse amor se fez alpiste
Permite que se eleve e ganhe o céu.

A par desta vontade não me esqueço
Do quanto ser feliz é meu destino.
A vida muitas vezes cobra um preço
Maior que pensara ou imagino.

Talvez inda consiga transformar
Em parto o que se fez cruel aborto.
Entranho o pensamento, ganho o mar,
Só falta estar contigo, ter meu porto.

A porta em fantasias segue aberta
Enquanto amor deveras me desperta...

546


Enquanto amor deveras me desperta
Relembro desta rua abandonada
Deixada no passado, vã deserta
Aos braços da saudade malfadada.

Janela há tanto tempo descerrada
Impede que eu consiga penetrar
Nos braços da princesa imaginada
Jogada num terrível lupanar

A rua aonde amor, frágil, nasceu
Agora se transforma em simples beco
A voz que tantas vezes se perdeu
Distante não produz sequer mais eco.

Quem dera se eu tivesse um canto amável,
Tornando o nosso solo mais arável.
Publicado em: 21/02/2008 20:24:03
Última alteração:22/10/2008 17:31:03


EU TE AMO!! coroa de sonetos 39
533

Tornando o nosso solo mais arável
A força da amizade determina
O tanto quanto vejo interminável
O gotejar sincero desta mina.

Não posso vislumbrar outro caminho,
Nem mesmo quero o lume de outra fonte.
O sol vem renascendo de mansinho,
Já prometendo assim, belo horizonte.

O quanto na amizade amor se ceva
Estampa na colheita sacrossanta.
As dores vão em bando, numa leva,
O brilho nos meus olhos se agiganta

A voz que se levanta entoa um brado
Calando o canto amargo do passado...


534


Calando o canto amargo do passado,
Lúgubre cantochão em ladainha,
Amor em nosso peito emoldurado
Permite uma colheita em rara vinha.

Se eu vinha de um destino traiçoeiro,
Agora em tom maior, a melodia
Adentra e modifica o cancioneiro
Perfaz pura emoção, nova harmonia.

A voz que se mostrara quase agônica
Expressa a fantasia de um tenor.
Mudando em alegria, antiga tônica
Recobre este cenário em farto amor.

Homérico caminho que deságua
No gozo do desejo, aborta a mágoa...

535


No gozo do desejo, aborta a mágoa
O verso ensandecido que permite
Estende sobre nós calor e frágua
Deflagra uma explosão já sem limite.

Jazendo toda a dor que um dia eu tive
Asperge com hissope, o meu canteiro.
Um helianto em paz agora vive
Bebendo o lume intenso e verdadeiro

Apátrida emoção tomando o globo,
Permite que o rebanho siga em paz.
Amor apascentando o fero lobo,
Esplêndido raiar a todos traz.

Jamais, deste caminho, que eu me afaste,
Apóia cada passo, dourada haste...

536


Apóia cada passo, dourada haste
Que ergueste com cuidado em noite mansa.
Do quanto tanto amor tu me entregaste
A sorte desejada já se alcança.

Amor que se assenhora dos meus versos,
Forrando a minha vida em calmaria.
Legando à solidão vento reverso,
Expressa tão somente poesia...

Talvez possas pensar ser pleonasmo,
Falar do amor da forma que eu bendigo
Embora repetido, sem marasmo
Telúrica expressão; sempre persigo.

Atrelado no amor vou a reboque
Usando cada verso qual bodoque...


537


Usando cada verso qual bodoque
Decerto acerto o alvo que eu queria,
O quanto em sentimento não se estoque
A sorte se fazendo senhoria.

Enfoques tão diversos, mesmo palco,
Atalhos; reconheço e meço bem
A dor que tantas vezes já recalco,
Teimosa ao fim da noite sempre vem.

Mantendo sempre acesa a nossa chama,
Vou sarcasticamente noutro rumo.
Apaixonadamente a vida chama
Depressa pros seus braços, sigo e rumo.

Meu passo nos teus laços, eu conserto
Preconizando ao fim, raro concerto.

538



Preconizando ao fim, raro concerto
Eu tenho esta certeza que não cala.
Depois deste caminho, agora aberto
A luz já vem tomando toda a sala.

No embalo destes versos, sigo assim,
Metade te adorando, outra também.
O quanto de melhor existe em mim,
Reflete todo amor que a gente tem.

A solidão viúva que se enluta
Não vê qualquer saída, segue só.
Vencendo com carinho uma árdua luta
Renasço totalmente deste pó.

O ocaso prometido? Esmorecido.
Temor soltando um último gemido...

539



Temor soltando um último gemido
Percebe quanto é belo o teu sorriso,
Meu canto tantas vezes combalido
Agora se tornando mais conciso

Estampa em decassílabos, os motes
Que embora repetidos; agraciam
Os sonhos mesmo estando em fartos lotes
Decerto me conquistam e viciam.

Teu rosto em que se espelha tal ventura
Nos lábios emanando intenso brilho,
Sorridentemente se procura
A sorte de sonhar sem empecilho.

Meiguice em formas belas e sutis,
Expressa o quanto agora, sou feliz...

540


Expressa o quanto agora sou feliz
O verso enamorado que poreja
Em minha pele e pede sempre o bis,
Além do que se sonha e se deseja.

Amor tão meteórico; é verdade,
Porém já me apascenta e me permite
Viver o quanto quero em liberdade,
Sem medo de aceitar qualquer palpite.

O coração que outrora se fez velho,
Agora não espelha mais tristezas.
Não quero e nem aceito mais conselho,
Somente irei seguir as correntezas.

No delta deste rio, maravilhas,
Estampam perfeição de raras trilhas...


541



Estampam perfeição de raras trilhas,
Palavras proferidas, tão serenas.
Distante dos teus braços, léguas, milhas,
Eu vejo no horizonte raras cenas.

Caminho para a sorte, em noites; abres
Tocando em maestria esta canção.
Cansado das feridas, velhos sabres,
Aberto está decerto o coração.

Ouvindo esta sonata benfazeja
Estendo os meus olhares para ti.
Permites que eu vislumbre e mesmo veja
Um eldorado em glória feito aqui.

Do tanto que eu te quero, já repito
Amor quebrando o medo, vil granito...

542

Amor quebrando o medo, vil granito
Espalha a mais perfeita redenção,
Outrora caminheiro sempre aflito
Perdendo o seu destino e direção.

Agora perfilado com a sorte
Adentra a senda clara e mais perfeita.
Amor que se permite ser suporte
Iluminando a casa enquanto deita

Seus raios sobre nós, dois viajantes
Em farta profusão de luzes, brilhos,
Se fossemos do amor, principiantes
Talvez não vislumbrássemos tais trilhos.

E assim um argonauta esquecendo ira
Aos braços deste sonho já se atira...

543


Aos braços deste sonho já se atira
O bem que tantas vezes fora fonte
Ouvindo a perfeição expressa em lira,
Eu sinto o sol tocando a minha fronte

E pronto para encantos meteóricos
Aberto o coração eu continuo.
Meus versos prosseguindo agora eufóricos
Procuram com delícias nosso duo.

Entregue a tais delírios, nada temo
Sequer o vendaval que, sei, virá;
Meu barco necessita de teu remo,
E quero navegar, contigo, já.

Quem sabe deste amor que não tem hora,
No encanto deste canto, revigora...

544



No encanto deste canto, revigora
O tempo que se fez em farta mesa.
Adentro uma esperança mundo afora
E bebo o que se mostra em tal clareza.

Recebo o gozo franco de um sorriso
Expressão divinal de um dia em paz,
Alcanço da alegria, último piso
Repriso todo o sonho que amor traz.

Na casa recoberta por sapê
Redemoinho insano nos espera.
No quanto que eu desejo o que se crê
Transforma em palacete esta tapera.

A fera solitária não resiste
Morrendo abandonada, amarga e triste...


545


Morrendo abandonada, amarga e triste
Quem fora solidão se leva ao léu.
De um pássaro esse amor se fez alpiste
Permite que se eleve e ganhe o céu.

A par desta vontade não me esqueço
Do quanto ser feliz é meu destino.
A vida muitas vezes cobra um preço
Maior que pensara ou imagino.

Talvez inda consiga transformar
Em parto o que se fez cruel aborto.
Entranho o pensamento, ganho o mar,
Só falta estar contigo, ter meu porto.

A porta em fantasias segue aberta
Enquanto amor deveras me desperta...

546


Enquanto amor deveras me desperta
Relembro desta rua abandonada
Deixada no passado, vã deserta
Aos braços da saudade malfadada.

Janela há tanto tempo descerrada
Impede que eu consiga penetrar
Nos braços da princesa imaginada
Jogada num terrível lupanar

A rua aonde amor, frágil, nasceu
Agora se transforma em simples beco
A voz que tantas vezes se perdeu
Distante não produz sequer mais eco.

Quem dera se eu tivesse um canto amável,
Tornando o nosso solo mais arável.
Publicado em: 21/02/2008 20:24:03
Última alteração:22/10/2008 17:31:03



EU TE AMO!! coroa de sonetos 41
561



Rompendo estes grilhões que nos atavam
Aos dias infelizes que tivemos
Os olhos em delícias já se lavam,
Do gozo da alegria enfim sabemos.

Sem ter tua presença, o que serei?
Apenas um saveiro sem destino,
O quanto tantas vezes procurei
Deixado para trás em desatino.

A noite sem estrelas, mar desértico
A vida sem sentidos, dor imensa,
Enigma que se fez demais hermético
A luta sem vitória ou recompensa.

Um canto sem respostas vão; vazio
Inverno que se dá sem ter estio...



562


Inverno que se dá sem ter estio
Distante em meu passado foi à toa.
Vem à tona o desejo em que me fio
A noite do prazer de novo soa.

Tocando na vitrola um velho blues
Chamando para a festa dos sentidos.
Os olhos da vontade são azuis
Acendem meu amor, minhas libidos.

Energia que se emana nesta dança
O tempo de sonhar já não se acaba.
Vivendo o meu destino, uma esperança
Na mata, na tapera, casa ou taba.

Os signos se combinam, com certeza
Astros convidando cama e mesa...

563

Astros convidando cama e mesa,
Fazendo com que eu creia mais em mim,
A vida preparando uma surpresa
A presa se rendendo, perto o fim.

O inverno se entregando à primavera
Além do que eu esperava vi você
Deitando o seu prazer que me tempera
No quanto que eu desejo sem cadê;

Revigorando o tempo de sonhar,
Agora eu sou feliz e não sonego
O canto que chegando devagar
Trazendo o mar de amor que ora navego

Entrego de bandeja o coração
Envolto pelas teias da paixão...

564



Envolto pelas teias da paixão
Menina me embalando nesta rede
Carinho modifica a direção
Nos lábios vou matando a minha sede.

Menina que protege e me acalanta
Guiando cada passo, estrela guia
Vontade de ficar contigo é tanta
Que encanta com fervor e alegria.

Magia que se mostra no balanço
Da moça galopando o seu corcel,
Dançando no teu jogo eu não me canso
Alcança com prazer, invado o céu.

Menina que me guia; estrela e chama,
Rolando sideral invade a cama...

565


Rolando, sideral invade a cama
Estrela tão vadia e delicada,
À lua em fonte clara já me inflama
Deliciosamente alucinada.

Reféns desta loucura; vamos fundo
Girando em carrossel, prazer e gozo,
Vibrando um sonho audaz e vagabundo
O tempo vai passando tão gostoso

Libidos e vontades, mil desejos,
Nos cantos deste quarto, nossas vestes
Por cima dos lençóis, os relampejos
Delírios multicores que me destes

Tocando mansamente os meus sentidos,
Caminhos em loucura percorridos...


566


Caminhos em loucura percorridos
Seguindo esta jangada mar adentro,
Cervejas e prazeres embebidos,
Temperos em dendê mel e coentro

No centro do cenário a moça nua,
Rodando sobre a mesa dos meus sonhos,
O corpo ensolarado, agora sua
Encantos entre cantos tão risonhos.

Na praia, areia, gozos de sereia
Acendendo a fogueira no lual,
O fogo do desejo a lua ateia
Andança nesta dança sensual.

Balançando os seus seios e cabelos,
Das coxas a promessa de novelos...


567

Das coxas a promessa de novelos
Em becos e caminhos, à vontade.
Roçando as nossas carnes, bocas, pêlos
O dia nascerá tranqüilidade.

Liberta borboleta foi crisálida
Que há tempos cultivei no meu jardim,
Da moça que sem viço, feia e pálida
Refeita em maravilha chega assim

Causando um reboliço no meu peito
Domina toda a cena, costa a costa
No delicado porte, este trejeito
Do jeito que se quer e que se gosta.

Arromba em um segundo os meus umbrais,
Bebendo desta fonte eu quero mais...

568


Bebendo desta fonte eu quero mais
Embora a moça esteja tão aflita,
Os sonhos que se foram desiguais
Ainda te mostrando tão bonita.

Eu quero tacar fogo no cenário,
Deitar o que já fomos novamente,
Tirando a velha roupa deste armário
Cevar nosso jardim, plantar semente

Que brote em mesmo palco nova cena
Na transparência audaz, rebolativa,
A vida num vacilo se apequena
Mantenha então a chama sempre viva

Vem logo na colheita que é só tua,
De preferência chegue, agora e nua..


569



De preferência chegue, agora e nua
Alegria voltando em nossa vida.
O corpo que se quer, alma flutua
Levando esta tristeza de vencida.

No cheiro de café, cigarro e broa
No gole de cachaça, a boca espreita
A vida vai passando à toa e boa
Carinho que se pede e não se enjeita.

Do jeito que o diabo sempre quis,
Fazendo toda sorte de loucuras,
Comendo desta fruta eu sou feliz
Mentiras que se dão em tantas juras.

Na cura das mazelas tão antigas.
Deixando para trás as velhas brigas...


570

Deixando para trás as velhas brigas,
As águas vão passando em meu caminho,
Mandingas, galho arruda, rezas, figas
A chuva me tocando de mansinho.

No horizonte tão belo, sonho eu crio,
Crivando em azulejo nosso céu.
O quanto fora vago e até sombrio
Permite que ressurja um claro véu.

Verão vai terminando, chega outono
Eu lembro o triste inverno que passei
Pensara condenado ao abandono.
A solidão quimera feita em lei.

Nas previsões do astral meu signo e o teu
Combinação perfeita que se deu...

571


Combinação perfeita que se deu
Há tempos concebida sem remédio.
Do quanto que eu te quero; sonho meu,
A sorte vem fazendo manso assédio.

Sem tédio nem ressaltos, passo firme,
Cruzando todo o céu, vago cometa.
A cada novo enquanto que se afirme
Vigora cada gozo que eu cometa.

A nave vai seguindo sem tremores,
Diversas emoções riso sincero.
No céu feito em mosaicos multicores
O todo que desejo e sempre espero.

Na madeira de lei do pensamento,
Nosso amor estradeiro, solto ao vento...

572


Nosso amor estradeiro, solto ao vento,
Tijolo por tijolo faz promessa
De toda a liberdade em sentimento
A cada novo dia recomeça;

Pedra, pau, caco, vidro, pesca, anzol,
Conversa na ribeira, sol a pino,
Um cata-vento toca o girassol,
Voltando num momento a ser menino.

Neste hino que se faz em canto leve,
Amor não tem conserto, segue assim,
Às vezes sem juízo, ele se atreve
E bebe todo o rum, cachaça e gim,

Vai bêbado nas ruas da cidade
Gritando em seu louvor, felicidade...

573


Gritando em seu louvor, felicidade
Catando estes gravetos, faço a lenha.
Por tanto que queria na verdade
Amor que sem vergonha sempre venha.

Contendo este conjunto de emoções
Arpoa qualquer verso que virá.
No seio da morena, as seduções
Chamando para a glória desde já.

Jazendo uma saudade pelos cantos,
Do amor que a noite nunca, cega, fuja
Esmoler vai pedindo a tantos santos,
A solidão, apenas garatuja.

No quanto que se fez caricatura,
Agora uma obra prima, se emoldura...


574


Agora uma obra prima, se emoldura
Nos batuques do peito em desvario.
Telefone tocando em noite escura
Convida para a dança que hoje crio.

Retrato mais fiel – felicidade
Atabaque vibrando dentro em mim
Chamando ao ritual da liberdade
Clareia o que se fez tão lindo assim.

Ao passo em que a tristeza já se vai,
Amor trazendo o sol na madrugada,
A luz virando a mãe, o riso é pai
O sonho é o rebento desejado.

Os olhos da esperança faiscavam,
Rompendo estes grilhões que nos atavam.
Publicado em: 23/02/2008 10:11:45
Última alteração:22/10/2008 17:30:52



EU TE AMO!! coroa de sonetos 42
575

Nas mãos que há tanto tempo já mostravam
O gozo da alegria interminável
Estrelas radiantes que chegavam
Mistério desta mágica insondável.

A morte, eu sei; fatídico tormento
Por vezes torturando vem à tona
Grilhões que desde sempre eu arrebento
Às vezes me jogando contra a lona.

Fazer o quê? Sonhar o que me resta
Abrindo cada fresta desta porta.
Saudade de outro amor me desembesta
O fio da esperança, o medo corta.

Enquanto esta saudade me alucina
Meu peito necessita uma faxina...


576

Meu peito necessita uma faxina
Operário incansável acumulando
Caçando qualquer forma feminina,
Pesado, vai aos poucos desabando.

Cevando uma agonia quer o brilho
Do quanto que se faz, já nem destila,
Amores do passado quando empilho
Entopem de tristeza esta mochila.

Cochilo, e sem perdão, amor de novo,
Fazendo do meu peito um armazém.
Uma apostila antiga que reprovo
Às vezes nem perturba, mas já vem...

Na turba que se entranha eu me empaco,
Só peço, por favor, não encha o saco!

577


Só peço, por favor, não encha o saco;
O trem descarrilou, perdeu o rumo.
Do jogo que se fez, quebrando o taco
Em sinuca de bico, caço o prumo.

Assumo os meus pecados, erros, vícios,
Também o que fazer se sou à toa;
Os ossos fraturados, dos ofícios
Chuvisca me minha vida esta garoa.

Coroa que se fez em moça bela,
Vendendo com sarcasmo tal burrice,
Morrendo sem destino a pobre estrela
Não sabe nem sequer o que me disse.

Apenas vai rolando no porão
Pensando ser ainda a solução...

578


Pensando ser ainda a solução
A rosa pendurada na janela
Espreita o que se passa no colchão
E pensa que inda sou somente dela.

Congela a sua vida num retrato
Há tempos descorado na parede.
Rompido na verdade este contrato
Não quero e nem desejo sua sede.

Acende tão somente um fogo brando
E pensa em fogaréu, pobre coitada.
Um edifício arcaico desabando
Depois não sobra, saiba, quase nada.

Boneca que se fez em pano roto,
Jogando o sentimento em pleno esgoto...


579

Jogando o sentimento em pleno esgoto
Cadarço que se deu desamarrado,
Teu beijo traduzido em perdigoto
Apenas verso podre e descorado.

Não tenho mais coragem, te garanto
De beber uma água suja e tão salobra
Legando o nosso caso ao desencanto
Eu sinto o teu veneno, fria cobra.

Agora a vida cobra a solução
E nisso vou seguindo em peito aberto.
Apenas um bolor no antigo pão
Criando tão somente este deserto.

Não quero mais ouvir tuas mazelas,
Meu barco singra o mar em novas velas...


580

Meu barco singra o mar em novas velas
Do quanto que eu vivi, pragas, carunchos
Cavalo sem arreio e sem ter selas,
Na calma procurada em ervas, funchos

Os trunfos que inda tenho sob a manga
Permitem novo jogo em franca luta.
Não quero mais olhar esta baranga
Que finge ser esperta audaz e astuta.

Prefiro o cheiro doce da morena
Que atrás da velha curva vem surgindo.
Mostrando uma esperança que me acena
De um dia mais gostoso, calmo e lindo.

Ateia fogaréu e não se nega,
O vinho mais gostoso desta adega...

581


O vinho mais gostoso desta adega,
Eu sei, minha querida, é só você
No farto que produz a doce entrega
Eu sinto, enamorado, este buquê.

Ao crer na imensa sorte que hoje vem
Dourar o pensamento, feito em luz.
Certeza de que eu tenho agora o bem
Quem em mágicas palavras me conduz

Permite que eu me encante sempre mais
E tenha uma alegria sem igual,
O amor em noites quentes, sensuais
Inebriado sonho em festival.

No aval deste prazer que encontro enfim,
Eu bebo cada gota até o fim...



582



Eu bebo cada gota até o fim
Das águas em que banhas tua pele,
Entornas teus prazeres sobre mim
E ao jogo mais voraz, amor compele

Atrelo dentro em ti o fogo intenso
Pintando a tela rara em tal moldura,
No quanto sou feliz contigo eu penso
Refazendo, sutil, louca procura.

No embalo deste jogo em ziguezague
Fronteiras não mais vejo e nem as quero.
Que a chama deste amor jamais se apague,
É nela que decerto eu me tempero

E faço destas águas o meu mar,
Bebendo a noite inteira sem parar...



583


Bebendo a noite inteira sem parar
Do quanto te desejo e nunca nego.
Aos poucos vou chegando devagar
Vagando sem limites, eu me entrego.

O tanto que eu sofri, nem me dou conta
Asperges no meu corpo farto mel,
Destino tantas vezes nos apronta,
Permite a liberdade de um corcel

Nas asas deste Pégaso pressinto
O amor chegando ao máximo, apogeu
Na boca que se dá, divino absinto
O quanto tanto és minha, já sou teu.

Na linha do horizonte, a tua face
Sem nuvem nem tempestas que a embace...


584


Sem nuvem nem tempestas que a embace
A noite perfilada em mil estrelas,
Amor vai preparando em desenlace
A sorte de poder sempre contê-las.

Ao vê-las eu me lembro de teus olhos,
Divina criatura que me fez
Distante das ericas, dos abrolhos
Viver em fantasia, insensatez.

Derramas tuas luzes sobre mim,
Inundas nossa cama em gozo farto
Desejo que se deu; tão lindo assim,
No quanto que em prazeres eu reparto

Fazendo do meu lar um tabernáculo
A cada nova noite um espetáculo!


585

A cada nova noite um espetáculo
Marcado pela leve transparência,
Das mãos sempre vorazes um tentáculo
Procura com delícias a dolência

Do doce balançar de teus quadris,
Na gula em que voraz eu me vicio,
Orgástica loucura pede bis
Gerando e recriando eterno cio.

Perfaço com loucuras a viagem
Por entre tuas sanhas, belas sendas,
Na nudez encontra tal roupagem
Dois corpos vão atados, sem emendas.

A lua emoldurando da janela
A cena que em delícias se revela...

586


A cena que em delícias se revela...
Dos seios da mulher bela morena
Estende em minha cama a rara tela
Que em gozos e promessas já se acena.

Apenas a nudez que se desfralda
Formando tal cenário inesquecível,
O amor vai sem limites e se esbalda,
Fartura que se mostra além do crível.

Criando fantasias, jogos feitos,
Numa expressão divina e sem pecado,
Vontades e desejos são aceitos
Em cada novo rumo desbravado.

Assim, bisando audazes, nossos coitos,
Galopes que se mostram tão afoitos...

587

Galopes que se mostram tão afoitos
Pertuitos desvendados permitindo
Delicadeza feita em loucos coitos
Estrela em nossos corpos refletindo.

Audácia inesgotável, inclemências
Ardumes em cardumes de prazeres,
Deixando para trás falsas decências
Mergulhos que se dão em nossos seres.

No incrível balançar, intensidade.
Penetro pela furna umedecida,
Encharco meu querer em tempestade
A fonte que se dá; é recebida.

Assim nesta volúpia que não cessa,
Amor em fogo intenso se confessa...

588

Amor em fogo intenso se confessa
Permite um acalanto que sossegue
O coração que outrora foi promessa
E agora não existe quem mais negue.

Sonega-se a tristeza, cala a dor,
Um artesão da sorte já traduz
Um quadro que se mostra encantador
Raiado em plenitude, farta luz.

Os calos que trazia em cada palma
Do quanto eu desejei e nada tinha,
Desfeitos pela imensa e mansa calma
Mostrando que esta glória ainda é minha.

Caminhos encontrados me guiavam,
Nas mãos que há tanto tempo já mostravam.
Publicado em: 23/02/2008 12:20:58
Última alteração:22/10/2008 17:30:44


EU TE AMO!! coroa de sonetos 43
589




Quanto é possível ter tranqüilidade
O tempo segue em paz, por Deus ungido
O sonho mais perfeito nos invade,
Do amor que tanto dizes não duvido.

A vida se passando sem receios
No tempo que se faz, amante e amigo
Encontro em fantasia os belos veios
Prazer alucinante que eu persigo.

Eu quero essa morena soberana
À cada novo encontro outro convite
Tocando com carinho em noite insana.
Amor que a gente quer não tem limite.

Gostosa maravilha eu posso ver
No jogo de se dar e receber.



590


No jogo de se dar e receber
Eu quero esta manhã bem resolvida
No sonho em maravilha eu posso ver
Razão para beber intensa a vida.


No fogo deste beijo, o mel, a boca
Um sonho sem igual se prometendo
O gozo que se faz e se provoca
Aos poucos vem com calma me envolvendo


Com calma e com doçura, meu intento
A trama que jamais, decerto cansa,
Orgástico prazer tão violento
Causando um paradoxo em noite mansa.

Vem logo reflorir o meu jardim.
Eu quero só te dar amor sem fim...


591

Eu quero só te dar amor sem fim
Além deste infinito céu imenso.
Tomado em esperanças hoje eu vim
Falar tudo o que sonho, e agora penso.

No tenso amanhecer de minha vida,
O sol que me queimara num mormaço
Ao perceber no amor uma saída
Riscou meu horizonte me fino traço.

Zênite se mostrando em azulejo
Formando inesquecível e rara tela,
O quanto que eu te quero e mais desejo
A cada novo verso se revela.

Mulher que me domina e me cativa,
A flor que eu cultivei pra sempre viva...


592



A flor que eu cultivei pra sempre viva
Expressa a fortaleza de um canteiro
Estendo minhas mãos, a alma cultiva
Promessa de um amor mais verdadeiro.

O cheiro que entranhaste dentro em mim,
Decerto que jamais eu perderei.
Amor o mais perfeito espadachim
Defende com firmeza a sua lei.

O tanto que eu te quero não se mede,
Apenas se vislumbra no infinito.
Nem mesmo a solidão agora impede
O sonho mais audaz, sempre bonito.

De ter por companhia benfazeja
A luz desta mulher que se deseja...


593


A luz desta mulher que se deseja
Espalha pelos cantos desta casa
O fogaréu que intenso já lateja
No corpo de quem viva imensa brasa.

A cargo desta insânia sigo a vida,
Em via tão diversa acerto o prumo.
Primordial caminho, uma saída
Que a cada nova noite assim consumo.

No sumo de teus lábios me lambuzo
E bebo até fartar, mas peço mais,
O tempo vai perdendo rumo e fuso
Em meio aos mais divinos vendavais.

No cais eu desemboco os meus navios,
Criados pelos sonhos, loucos cios...


594


Criados pelos sonhos, loucos cios
Dourando nossos dias, ronda explícita
A vida se mostrando em vários fios
Da forma vezes sana outras ilícita

Pecados profanando cada altar
Do amor que outrora fora ingênuo e calmo
Agora que começa a maturar
Do corpo desta deusa cada salmo

Permite em louvação que se dedique
O quanto deste amor eu já desejo.
Rebenta com vontade cada dique
E o gozo sem igual cedo despejo

No corpo da mulher que é fonte e mina,
A fixação me toma e assim fascina...

595


A fixação me toma e assim fascina
Fazendo do sonhar monotonia.
O corpo tão perfeito da menina
Diversas emoções decerto cria.

Do quanto havia outrora em tristezas,
Agora se perfaz felicidade.
Tomando já de assalto tais defesas
Penetra com audácia e liberdade.

Agora não consigo disfarçar
Nem mesmo assim pretendo outro caminho.
Tocado pela força do luar
Argêntea solução, eu já adivinho

E bebo cada gota de suor,
No mundo que se faz sempre melhor...


596



No mundo que se faz sempre melhor
Depois de ter sentido o teu calor,
Um canto que se eleva bem maior
Expressa na verdade o nosso amor.

Compor os meus poemas junto a ti,
Decerto faz a vida sem liberta,
O quanto que busquei; reconheci
Na tua pele, rara descoberta.

Agora companheiros de viagem,
Sentindo a maravilha de se ter
No amor que se permite alunissagem
Prateando nosso céu em bem querer.

Pulsantes corações em harmonia,
Encharcam nossa vida em poesia...


597


Encharcam nossa vida em poesia
Os versos que compões, divina dama,
Se neles reconheço a maestria
Embevecido bebo cada trama.

Quasímodo que busca em Esmeralda
Beleza que já sabe não terá,
Meu peito enamorado assim desfralda
O encanto que procuro sempre e já.

Nas sendas mais divinas reconheço
O quanto a vida é nobre e disso faço
Após a caminhada sem tropeço
A força que se emana em cada traço

De todos os poemas que tu fazes,
A lua de meus sonhos muda as fases...

598




A lua de meus sonhos muda as fases
Desnuda, em plenilúnio, chega aqui.
Lirismo inevitável, tantas frases
Sagrando todo o amor que vejo em ti.

Atônito caminho pelas ruas,
Buscando a lua imensa que sonhara,
Ao ver estas estrelas belas, nuas,
Verdade se tornando bem mais clara.

Tua nudez entranha nos meus olhos,
Miragem que decerto já me ilude.
Colhendo a fantasia feita em molhos
Amor vai me inundando, sacro açude.

Espetáculo feito em várias cores
Caleidoscópio, eu vejo em tantas flores..


599



Caleidoscópio, eu vejo em tantas flores
Mostrando uma beleza interminável,
Por onde tu seguires, onde fores
Reflexos de um prazer inesgotável.

Ditando sobre nós a redenção
Teus passos me servindo como guias
A vida transportando em turbilhão
Eterna maravilha em melodias.

Nas ilhas que deveras foram tantas
Durante minha dura caminhada,
Agora que em verdade tu me encantas
Não temo nem soçobro em derrocada.

Deixando bem distante o meu calvário
Encontro o paraíso imaginário...


600

Encontro o paraíso imaginário
Na cama da mulher bela e morena.
A lua se derrama no cenário
Prazer inesquecível já se acena,

Plena satisfação em gozo imenso,
Reféns do mesmo ardor, nós vamos fundo.
Somente em teu deleite, sempre penso
Não deixo de querer nem um segundo.

Afundo o meu caminho em tuas tramas,
Bebendo cada gota do rocio
Por vezes carinhosa me reclamas,
E todo o jogo logo eu principio

Num ópio delicado e fabuloso,
Amor que a gente faz, sempre gostoso...

601


Amor que a gente faz, sempre gostoso,
Estampa em nossos corpos maravilhas.
De tudo o quanto eu tive, harmonioso
Caminho que me leva a belas trilhas.

Os vales percorridos, as montanhas,
Decoro com vontade a geografia
Enquanto tu provocas e me assanhas
O fogo novamente principia

E o incêndio não se acaba e nem se aplaca,
Devora o pensamento, num instante.
No cerne do desejo, fina faca
Que adentra o coração de um viandante.

Teu corpo provocante me convida,
À festa em que se gesta nova vida...

602


À festa em que se gesta nova vida
O peito já se abrindo não discute,
A noite vai chegando distraída
Verdade em cada sonho já se embute

Parelhos os caminhos de quem ama,
Refazem mocidade e juventude.
A sorte num momento vem e inflama
Mudando de conversa e de atitude.

Assim, um caminheiro antes sozinho,
Agora persevera e segue em frente,
No colo deste amor quando eu me aninho
Pressinto um novo encanto mais presente.

Vislumbro com firmeza e com vontade
Quanto é possível ter tranqüilidade.
Publicado em: 23/02/2008 14:35:48
Última alteração:22/10/2008 17:30:36


EU TE AMO!! coroa de sonetos 44
603


Deixando para trás e sem saudade,
Os erros cometidos no passado,
Talvez ainda veja a claridade
Chegando de mansinho pro meu lado.

Vivemos tantas vezes noutras vidas
O sonho feito amor em claro lume.
As horas vão passando distraídas,
Mas sinto ainda forte o teu perfume.

Correndo para a foz, o rio enfrenta
Diversas cachoeiras e cascatas,
Paixão que agora chega, violenta
Enquanto os meus caminhos arrebatas.

Tomando nossos versos, peito aberto,
Encontrarei o amor, disso estou certo...


604

Encontrarei o amor, disso estou certo
Batendo na janela do meu quarto,
Se quando do teu lado, amor desperto
Eu vejo o quanto o tempo se faz farto.

Não quero e nem me aparto deste rumo
Que é feito com certeza em luz divina.
Tocando no teu corpo eu sempre assumo
O quanto esta fornalha me alucina.

Tristezas são deixadas ao relento,
A vida se transforma e me entontece,
Sentindo a profusão em sentimento,
Na pele da mulher o sonho tece

Bordados em mosaicos, traduzindo
A perfeição do amor deveras lindo...

605


A perfeição do amor deveras lindo
Recende ao fogo ardente de um desejo
Que aos poucos nos entranha e vai fluindo
Causando intensamente o relampejo

No qual nós dois seguimos sem limites
Eterna procissão de gozos tantos,
Senhora de meus sonhos, acredites
Na força sem igual de teus encantos.

Intensa labareda a nos tomar,
Na força que não cede em fortaleza,
Nas ondas dos teus braços, bebo o mar
Seguindo passo a passo a correnteza

Deitando todo amor que existe em nós,
No gozo mais audaz, divina foz...

606

No gozo mais audaz, divina foz
O brilho que se mostra encantador,
O tempo que se fora amargo algoz
Agora se entregando ao bem do amor.

Na ponta dos meus dedos, luz intensa
Permite que se possa conduzir
Felicidade, maga recompensa
Eternamente sonho a reluzir.

Vencendo os meus temores mais antigos,
A velha lamparina a querosene
Em braços e carinhos tão amigos
Permite que em potência já se acene

O raio deslumbrante de um farol,
Tomando a nossa vida como um sol.

607



Tomando a nossa vida como um sol
Poder desta amizade virtual,
O quanto que de ti sou girassol
Permite um canto leve em doce aval.

Vestindo de ilusões, querida amiga,
A vida que é tão dura e nos maltrata.
Que toda esta certeza já consiga
Vencer a solidão que se arrebata

Nos corações que às vezes vão vazios
Distantes desta luz que se irradia,
Unindo nessa rede sem ter fios
Gerando tantas vezes a alegria.

No quanto mesmo longe, sei verdade
Toando em harmonia uma amizade...



608

Toando em harmonia uma amizade
Eu sigo sem temores meu caminho,
Ao ver e conceber tal claridade
Decerto não irei jamais sozinho.

Ao canto que se faz em harmonia
Louvores entoando a cada verso,
Contigo, minha amiga, encaro o dia
Aberto o coração, jamais disperso,

Olhando com firmeza este horizonte
Que se mostra decerto em amplitude,
Eu bebo com certeza a bela fonte
Que espalha pelo mundo a juventude.

Contigo, minha amada e boa amiga,
A vida se baseia em forte viga...


609


A vida se baseia em forte viga
E encara a tempestade ou vendaval,
O quanto se demonstra enquanto abriga
O bem desta amizade é sem igual.

Retendo nos meus olhos tua imagem
Depois de tanta luta em minha vida,
Agora uma esperança em nova aragem
Permite que se veja uma saída

No duro labirinto da existência
Que torna a caminhada mais perversa,
Não quero mais sequer tal penitência
O canto em alegria mostra e versa

Destino transformado, num instante
Expressa um canto alegre e triunfante...


610


Expressa um canto alegre e triunfante
Vigor que esta amizade representa
Dos sonhos, meu amor é debutante
E tantas armadilhas; logo enfrenta.

Não fosse o teu apoio, amiga minha
A vida com certeza não teria
O porte que decerto se avizinha
Trazendo este clarão a cada dia.

Subindo com firmezas tais escarpas
Não temo mais a queda nem o corte.
Caminho que entre pedras, urzes, farpas
Sonega com certeza, aborta o norte.

Porém quando contigo, eu nada temo,
Nos braços da amizade encontro o remo...


611

Nos braços da amizade encontro o remo
E o rumo que deveras procurara,
O quanto nosso trato, assim supremo
Permite que esta vida siga clara.

Vencendo as mais difíceis armadilhas
Que a vida nos prepara e nunca poupa
Reveste em alegrias nossas trilhas,
Uma esperança imersa em fina roupa.

Do quanto que na estopa do passado
Agora se bordando em fios de ouro
Futuro possa ser iluminado
E a paz nosso sublime ancoradouro.

Assim, amiga eu vejo a solução
Matando em nascedouro a solidão...

612

Matando em nascedouro a solidão,
O gozo da alegria determina
Que a fonte que se entorna de emoção
Permite no horizonte a rara mina.

A força cristalina deste amor,
Apaixonadamente já nos toma,
Dourando em meu canteiro a fina flor,
É multiplicação, bem mais que soma.

Amor um bem preciso, um dom eclético
Que faz de todo o sonho, realidade.
O quanto que te vi em tom profético
Agora vislumbrado em claridade.

Verdades estampadas no teu rosto,
O fogo da paixão se mostra exposto...

613

O fogo da paixão se mostra exposto
Incendiando tudo à nossa frente,
Sentindo em tua pele, raro gosto
O quanto de prazer já se pressente!

Sonhar tua nudez, clarividência
Caminho tão profano e desejado.
O sol que nos queimando em florescência
Estampa o gozo audaz e procurado.

Carícias que trocamos são promessas
De um dia mais feliz que eu sei, virá,
O quanto me desejas e confessas
Mostra minha vontade desde já.

Assim, dois viajantes da esperança,
Entranham com delírio a mesma dança...

614




Entranham com delírio a mesma dança
Meus olhos que te buscam nestes sonhos,
O gozo da alegria já se alcança
Deixando para trás dias tristonhos.

Realce que se mostra em cada verso
Denota todo o bem que eu também quis.
Viver em harmonia este universo
Demonstra o quanto quero ser feliz.

Contendo a cada olhar o teu retrato,
Reluz em nós um brilho inigualável.
A fantasia inunda este regato
Legando ao mar beleza incomparável.

Sentir o teu perfume junto a mim,
Demonstra quão divino este jardim....


615

Demonstra quão divino este jardim
Do jeito e da maneira que tu vês
Transborda o que melhor existe em mim,
Usando tantas vezes tais clichês

Nas colchas em crochês de uma esperança
Nas rendas ou cetins, seda, organdi.
Um tecelão em versos tenta e trança
O quanto de beleza encontra em ti.

O vasto mar aonde num naufrágio
Eu mergulhei desejos e vontades,
O amor velho avarento cobrando ágio
Com juros cobra sonhos, claridades.

Mas pago de bom grado, até repito,
Toando um libertário brado em rito...


616


Toando um libertário brado em rito
O peito que se fez enamorado
No qual, por tantas vezes acredito,
Mesmo que mude agora o enunciado.

Palavra que desejo o que tu queres,
Não tenho mais escolhas, sou só teu.
A festa já se fez noutros talheres,
O rio nos teus braços me verteu.

O mesmo cantochão repetitivo
Fazendo da tristeza um estribilho,
Tornou meu coração um seu cativo
Selando o meu destino de andarilho.

Caminho me afastando da ansiedade,
Deixando para trás e sem saudade.
Publicado em: 23/02/2008 16:35:40
Última alteração:22/10/2008 17:30:30


EU TE AMO!! coroa de sonetos 45
617


Os dias em que as horas não passavam,
Distantes de quem tanto eu desejara
Os olhos nos espaços procuravam
O rastro desta estrela bela e clara.

Ao ter tua presença em plenitude
Eu percebi o quanto sou feliz.
Renova-se deveras juventude
No encanto que teu verso já me diz.

Amado; eu vou seguindo, a fronte ereta
Olhando pro horizonte que deslinda
A fonte da esperança em que completa
Manhã que se anuncia, imensa e linda.

Agora que contigo vou em frente,
O mundo se transforma totalmente...


618



O mundo se transforma totalmente
Expondo o quanto quero e te desejo,
Chegando ao teu prazer completamente
Eu tramo o quanto sonho e assim prevejo.

Almejo cada gozo que virá
Rolando das entranhas, cachoeiras
Rocios preciosos desde já
Cevando nossas luas costumeiras.

Expondo tal nudez ou transparência
Ditando todo o rumo que eu proponho,
Amor não é somente coincidência
É toda a realidade exposta em sonho.

O beijo mais audaz e delicado,
O gosto tão sublime de um pecado.

619


O gosto tão sublime de um pecado
Convida a minha Musa para a dança
Quem vive esta esperança é consolado
A cada novo embarque na lembrança.

Meu rio desemborca neste mar
Amargas ilusões se esvaem em bando
As andorinhas chegam devagar,
O céu vai novamente clareando.

Andando por desérticas paragens
Durante tanto tempo eu esperei
Felicidade imensa nas aragens
Nas quais por ledas vezes me entranhei.

Distante das marés, da fina areia,
Ouvindo o canto nobre da sereia.

620




Ouvindo o canto nobre da sereia
Repito o que mais quero neste instante
Minha alma na verdade sempre anseia
Roubar o mais sublime diamante

Exposto em fortaleza inalcançável,
Tramando com certeza uma saudade,
A boca tão sublime, imaginável
Expressa dos prazeres, a vontade.

Coragem não preciso pra sonhar
Com o doce molejo da morena
Que chega de mansinho e vem falar
Do quanto este desejo toma a cena.

Colhendo cada beijo destes lábios,
Amores se mostrando sempre sábios...

621




Amores se mostrando sempre sábios
Não deixam que os sorrisos já se percam,
No rumo necessário em astrolábios
De toda a garantia sempre acercam,

Secando quaisquer mágoas que vierem,
Encanto sem igual se prometendo.
Do jeito e da maneira que quiserem
Em sonhos, solidões se convertendo.

Minha alma que em amor se desfalece
Encontra nos teus braços, seu abrigo,
Divina catedral entregue à prece
Estampa todo o amor que inda persigo.

Não vejo nossos rumos mais perdidos,
No amor que roça assim nossos sentidos...


622




No amor que roça assim nossos sentidos
Qual vento que se faz em mansa brisa,
Os olhos se procuram, percebidos
Do quanto em harmonia amor matiza

A vida de quem sonha e não se cala,
Deixando o coração de outrem já mudo.
Encantos entranhando quarto e sala
Adentram nossa vida, vêm com tudo;

Etéreas sensações, liberto vôo
Alçando os mais distantes pensamentos,
No canto que proferes sempre entôo
Tocado por tão raros sentimentos.

Permita que eu te fale num poema
Do quanto amor é nosso, raro emblema.


623


Do quanto amor é nosso; raro emblema
Que mostra a perfeição de um sentir puro.
Rompendo com vigor qualquer algema
Nos braços deste sonho eu me depuro.

A rosa que adentrara na janela.
Modinha que o poeta deslindou
Perfume que eu roubei da moça bela
Durante tanto tempo me entranhou.

Do quanto eu te agradeço Bittencourt
Toda a ternura feita em melodia,
No lusco fusco abaixo este abajur
E a noite vai singrando em poesia.

O sonho pequenino se agiganta
Minha alma enamorada, agora canta...

624


Minha alma enamorada, agora canta,
Ao ver chegar o Rio de Janeiro,
Descendo do avião, saudade tanta,
Entrego o coração me dou inteiro.

Lembrando de Ipanema, o Corcovado,
O jogo do Fogão, Maracanã
O tempo de viver dói um bocado,
A sorte inda resiste no amanhã;

Um gole de cerveja, um mexilhão,
As pernas das morenas pela areia,
Meu Rio vai mostrando na canção
Encantos da cidade, uma sereia.

Saudades da cidade, o mar sem fim,
Rio, você foi feito para mim!

625


Rio, você foi feito para mim,
Nas moças que passeiam pela praia
Na Rua do Passeio, no jardim,
O vento levantando a sua saia,

Vislumbre em morenice belas pernas.
Do Lido, em Ipanema, no Recreio,
As horas não se passam, são eternas.
A vida se promete sem anseio.

O quanto o Rio é belo disse Tom,
Concordo e não discuto, peço bis
Descendo pela praia do Leblon
Eu vejo o quanto posso ser feliz,

O vento vem chegando; mansa brisa,
O gozo de viver, depressa avisa...


626


O gozo de viver, depressa avisa,
Deitando no aconchego, meu carinho,
Galopa o meu cavalo em mão precisa
Vagando pelo espaço, passarinho.

Ao ver-me nos teus braços, liberdade,
Sentindo todo o mundo festejar,
Tocado pela imensa claridade
Encontro nos teus braços, o luar.

Vontade de voar, estar liberto
Ganhar toda a amplidão por um momento,
O rumo que procuro, estando aberto
Chegando de mansinho queima lento.

O vento que se espalha sobre nós,
Alçando o pensamento, vem veloz...

627


Alçando o pensamento, vem veloz
Erguendo o seu olhar sobre montanhas,
O tempo toma conta atando os nós
Transforma num segundo velhas manhas,

Manias que cultivo dia a dia,
Algumas; reconheço, são bisonhas,
Poeta que disfarça enquanto cria
As marcas que carrega; bem tristonhas.

Brincando com palavras, trovador
Não sabe discernir o que inda quer,
Cantando o mesmo mote, diz amor,
Pensando o tempo inteiro na mulher

Que é deusa, musa, ninfa e companheira,
Embora idealizada; verdadeira...

628


Embora idealizada; verdadeira,
A sensação do amor que tanto aflige,
Queria ser a loa derradeira,
E ter a perfeição que amor exige.

A noite tão distante do teu colo,
Expõe cada pedaço do que sou.
Arando tantas vezes, duro solo,
Apenas cardo, espinho, o que brotou.

Ternura que se dá e desabriga,
Pranteia o coração vagando ao léu.
De lágrimas minha alma já se irriga
Buscando um azulejo em cinza céu.

Meu canto se tornando, agora triste
Pergunta se esta estrela ainda existe...

629



Pergunta se esta estrela ainda existe
O sonho de quem tanto quis amar,
Uma esperança tola ainda insiste
E bebe cada raio do luar

Espreita que se fez deveras fútil,
Do nada que recebo; nada tenho,
Uma ilusão se mostra dura, inútil
Apenas nas tristezas eu me embrenho.

Saudade vem chegando de mansinho,
Não me deixa sequer um só momento,
A noite vai pesando em desalinho,
Restando tão somente este tormento.

Dizendo desta estrela que partiu,
Seu rumo, ninguém sabe, ninguém viu...


630

Seu rumo, ninguém sabe, ninguém viu,
Nem mesmo em suspeição eu posso ver
O quanto fora outrora mais gentil
O amor que se perdeu, matou prazer.

Restando na memória tão somente
Lembranças do que tive já faz tempo.
Aborto que negou qualquer semente
Gerando este vazio em contratempo.

Saudade dominando a minha noite
Tomando este cenário em luz opaca,
Negando a paz, transtorna o meu pernoite
Cravando no meu peito a fria estaca.

Ingênuas ilusões já desbravavam
Os dias em que as horas não passavam.
Publicado em: 23/02/2008 19:30:31
Última alteração:22/10/2008 17:30:20



EU TE AMO!! coroa de sonetos 46
631


As frias madrugadas não deixavam
Prever-se um claro sol, uma alvorada.
O quanto que meus olhos procuravam
Depois de certo tempo, o mesmo nada.

Retrato em preto e branco do passado,
Apenas focaliza eterno não.
Às vezes num olhar mal disfarçado
Ainda encontro luz neste porão.

Voando em lusco-fusco, um vaga-lume
Resiste e sobrevive dentro em mim,
E quem sabe por vício do costume
Lutando, solitário até o fim

Eu quero crer no amor, mau ladrilheiro,
Ladrão do diamante verdadeiro...


632


Ladrão do diamante verdadeiro,
O sonho saqueando a realidade.
Levando amor que eu tinha; derradeiro,
Deixando tão somente esta saudade...

Palavra que entristece quem a sente
Relembra o que eu vivi e foi tão bom,
Por mais que o dia venha para a gente,
Lembranças carcomendo em mesmo tom.

Monótona e difícil cantinela
Que insiste mal a noite vê chegar,
O amor que tanto eu quis ora revela
Apenas a vontade de voltar

E crer que inda é possível reviver,
Realçando somente o que é prazer...


633



Realçando somente o que é prazer
Saudade faz sorrir e faz chorar,
De todo bem que outrora pude ter
Às vezes eu começo a relembrar.

E quando nada vejo, a dor me invade
Trazendo uma tristeza inevitável.
Roubando toda a paz, tranqüilidade
Numa agonia amarga, interminável.

A mesma ladainha se repete,
Num sabor muitas vezes agridoce
Olhando para espelho tête a tête
A vida em carrossel, como se fosse.

Volátil sensação que determina
O retroalimentar da mesma mina.

634


O retroalimentar da mesma mina
Numa inerente força que não cessa,
Enquanto esta saudade me domina
A sorte não permite uma promessa

De um dia que seria em paz intensa,
Levando à calmaria, o vendaval.
Por mais que a gente lute, a vida é tensa
Causando uma agonia sem igual.

A par do que tivemos noutros tempos
Lembrança volta e meia vem à tona.
Gerando novamente contratempos
Teimosamente a paz nos abandona

Tal moto perpetua os sofrimentos
Meu barco já não tem rosa dos ventos...


635





Meu barco já não tem rosa dos ventos
Perdendo a direção, busca o naufrágio.
Envolto em tais cruéis pressentimentos
O coração se torna então mais frágil.

O dia silencioso em pleno caos
Levando o meu sorriso de vencida,
Quem dera se pudesse em novas naus
Saber aonde existe uma saída.

Perdido entre tempestas, vendavais,
Não tenho mais suporte, eu me perdi.
Encontro ao fim da noite um belo cais,
Mostrando a solução. E estava aqui

Nos sonhos e delírios, fantasia,
A eterna companheira: poesia...


636



A eterna companheira: poesia
Jamais me abandonou e está comigo,
Nos mundos mais diversos que ela cria
O quanto que desejo e até persigo.

De todas as mulheres que eu já tive
Durante a minha vida, um sonhador.
Apenas poesia sobrevive
Toando a melodia em puro amor.

Por mais que enfrente imensos vendavais,
Ou mesmo a calmaria chegue enfim,
Dos sonhos delicados, sensuais
Eu vejo a força intensa dentro em mim

Daquela que se faz eterna amante,
O par que é predileto e sei constante...

637


O par que é predileto e sei constante
Traçando eternidades ao meu lado,
Sorriso tão fugaz e provocante
Um gozo tantas vezes disfarçado

De quem em ironia leva a vida,
Sarcasmos dominando este cenário.
História que se faz mal resolvida
Promete um novo dia temerário.

Assim, querida amiga, eu te proponho
Quem sabe renovando o guarda roupa
Ainda eu possa crer que existe o sonho,
E a dor sendo enganada vai e poupa

O coração de quem amou demais
Levada num momento a outro cais...

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Levada num momento a outro cais,
Embarcação se mostra renitente
O quanto que sonhei noutros astrais
Naufrágio com certeza se pressente.

Potentes vendavais que nos tombaram,
Serenas praias nunca eu percebi.
Apenas ilusões afiançaram
O resultado encontro agora, aqui.

O vago que persiste no meu peito
Retrata o que não tive, mas busquei.
Quem sabe na amizade encontre um jeito
Mudando de cenário, reino e rei.

No palco das temíveis ilusões,
Os ventos em diversas direções...

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Os ventos em diversas direções
Redemoinho grave que nos toma,
No trama inaplacável das paixões
Percebo esta razão entrando em coma.

Numa explosão em fogo, ilimitada,
Incêndios indomáveis no meu peito,
Depois de cada curva, a derrocada
O tempo sorridente e contrafeito.

Afeito a tais loucuras, sonhador,
Não temo os resultados deste jogo,
Coloco sem juízo e sem rancor
As mãos neste temido, imenso fogo.

Embora chamuscado tanta vez,
Não quero e nem suporto a sensatez...


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Não quero e nem suporto a sensatez
Na pênsil ponte eterna da saudade,
No quanto amor maltrata; ele se fez
Num vai e vem de guerra e liberdade.

Desnudando minha alma intempestiva
Fazendo reboliço em minha vida.
Amor tanto repele e me cativa
Transtorna de repente toda a lida.

Na ávida sensação do nada ter,
Esfaimado jamais está contente.
Tocado pelas ondas do prazer
Naufrágio interminável se pressente.

Enquanto eu tento a fuga eu fico aqui,
Rendido totalmente, eu me perdi...

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Rendido totalmente, eu me perdi
Ouvindo este chamado, agora eu sigo,
Buscando toda a luz que existe em ti,
Legando ao dejà vu qualquer perigo.

Sentir quanto é possível receber
A luz do sol em plena claridade,
O bom da vida mostra que o prazer
Permite vislumbrar felicidade.

Olhando o que vivera; sonho algum,
A dor deste vazio inda remexe,
Porém do amor agora, em claro zoom,
Eu vejo o teu sorriso, como um flash.

Bebendo desta fonte inesgotável,
O amor se faz num brilho inexplicável...

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O amor se faz num brilho inexplicável
Tomando todo o palco da existência
Um rio totalmente navegável
Afável sentimento, sem dolência...

Cardumes de esperanças, piracemas,
Diversas emoções se multiplicam.
Rompendo com firmeza estas algemas
Os laços redentores glorificam.

Agora o que se fez outrora algoz
Estampa de soslaio algum sorriso.
Enquanto amor aumenta a sua voz
Criando um mundo claro e mais preciso

A solidão se esvai, sem rumo ou meta,
O peito de esperanças se repleta...


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O peito de esperanças se repleta
Não deixa mais espaços pra tristeza
A refeição, querida se é completa
Permite um bom banquete em cada mesa.

Decerto tantas vezes imagino
A dor ou a saudade como amiga,
Cansado de viver tal desatino
Permito que o amor sempre consiga

Vencer minhas defesas, velho dique,
Promessa de gostosa inundação.
Se o barco, no caminho for a pique,
Eu tive, pelo menos a emoção.

Assim eu não permito tais dilemas,
Há tempos que eu rompi tristes algemas...

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Há tempos que eu rompi tristes algemas
Seguindo passo a passo o meu caminho,
Por isso, companheira não mais temas
O tempo maturou o nosso vinho.

Sentindo este perfume, este buquê
Eu vejo finalmente, que acertei,
Olhando o meu passado o que se vê
São erros cometidos, noutra grei.

Durante muito tempo em minha vida
Meu passo se mostrou quase que errático,
A sorte tantas vezes distraída
Não tinha mais sentido, estava estático

Enquanto os sonhos chamas procuravam,
As frias madrugadas não deixavam.
Publicado em: 24/02/2008 08:52:54
Última alteração:22/10/2008 17:28:45

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