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Sunday, December 12, 2010

Os meus versos andam contentes
Continentes e conteúdo
Sempre e tanto,
Através das paredes dos sonhos.
Vindo da cálida manhã,
Roça a juventude esquecida
Em algum canto da vida.
Vivendo nada mais que isso,
Tentando nó corrediço
Algemas é que me deram
Os sonhos envelhecidos.
Se sou o que não pretendo
E pretendo ser quem sou
Vagando em meus versos vou
A partir do quase nada
Que em tudo se fez muito.
Embriagado do ar que respiro
Tonteio e tateio pela vida
Quase tropeço;
( queda na minha idade é fogo )
Mas não nego mais o jogo
E afogo nessa verdade
Uma última rebeldia.
Venha logo poesia
Que toda minha alegria
Está numa fantasia
Que nasceu sem se contar.
Vivendo o novo canto
Que de pranto deu sorriso.
Se navegar é preciso,
Amar é muito mais...
Publicado em: 14/12/2006 19:16:08
Última alteração:28/10/2008 20:32:32


É. MEU AMIGO..

Passeio pelas ruas do subúrbio
Observando as promessas de janelas
Entreabertas e moças descuidadas.
A sordidez do dia a dia se perde
Nas esquinas e bares lotados.
Eu vim e sempre serei passageiro do nada
Do nada a ter, do nada a sonhar e do quase nada ser.
Estrutura idêntica a qualquer que reparo e
Sinto nas roupas dependuradas nos quintais.
A bala perdida, o corpo encontrado
E o vazio a gritar em palavras sem sentido.
Ah! Vida. Que fizeste de mim, de nós, de todos...
Ainda bem que o bar está aberto.
Na roda de samba, na rodada de cerveja.
Veja: dançamos....
Publicado em: 30/11/2007 21:00:04
Última alteração:28/10/2008 12:13:58





É amigo...
A vida tem disso
É perigo, castigo e
Depois...
Voltamos de novo ao princípio...
Amor é jogo que queima
É fogo que teima
E nada adianta...
Amar é ser.
Apenas isso.

Bem sei que ela se foi
E daí?
Recomeçar
Remoçar
Ser e estar.

Apenas isso...
O mundo volta
Revolta
Astuto e passageiro.
Remoto
Próximo.
Cimo e vale...
Não vale a pena....
Publicado em: 30/08/2007 22:34:37
Última alteração:28/10/2008 17:02:54




É, MEU AMIGO... /

Estou contigo
Nessa jornada
Não a hora
A madrugada.

Não tenha medo
De enfrentar
Os seus demônios
A atormentar...

A companheiro
A vida ensina
Que Arrogância
Que nos dizima

É feita em luz
Que já se apaga
E traz a dor
Em dura paga,

Assim amigo
Caminhos traço
Sem ter temores,
Buscando o laço

Que me assegure
Um passo forte
Perene e firme
Que nos suporte...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 06/09/2007 20:17:16
Última alteração:05/11/2008 06:54:10



Meu companheiro sincero
Nesta amizade que quero
Tanta luz que sempre espero
Com valor e galhardia,
Vou cantando nestes versos
Os sentimentos diversos
Por mais de mil universos
De verdade ou fantasia,

A lua se avarandando
Uma viola chorando
A vida vai disfarçando
A dor que sempre nos trouxe,
Meu amigo predileto
Tenho por ti tanto afeto
De caráter puro e reto,
Bravura em coração doce.

Te agradeço, meu amigo,
Tanta coisa fiz contigo
Nessa vida em que o perigo
Sempre prepara a tocaia.
Depois de tantos janeiros,
Nossos passos caminheiros
Amigos tão verdadeiros,
Não deixam que a casa caia.

Vou te pedir um conselho
Nesse meu olhar vermelho,
Na retidão deste espelho,
Eu te peço compaixão,
A mulher por quem tu choras
Cada carinho que imploras
Neste adiantar das horas,
Amigo preste atenção...

Eu sou mesmo amigo ingrato
Pode queimar meu retrato,
Se me matar nem destrato
Tá no seu direito amigo.
Acontece que a morena,
De mim não precisa pena,
A danada da Açucena,
Agora mora comigo...

Publicado em: 01/03/2007 19:51:24
Última alteração:28/10/2008 17:24:01



É TEMPO DE AMAR
Quando à tardinha as nuvens te levaram,
Achava que jamais eu poderia
Viver de novo encanto e poesia,
Ah! Meu grande amor...
Mas logo após a chuva, já raiaram,
De novo em belos raios de alegria,
As plenas ilusões da fantasia.
Raiou novo amor!

Querida; sei que assim, a vida passa.
Não posso aqui ficar como finado,
Vivendo tanto tempo abandonado.
Sem um grande amor!
Saudade no meu peito é qual fumaça
Entenda, meu amor, esse recado,
O que passou em mim, só é passado.
Preciso de amor!

Se toda triste noite, em frio inverno,
Arder nos olhos meus uma tristeza,
A vida se desloca em correnteza
Trama novo amor.
Saudade no meu peito faz inferno,
Amar demais é sempre uma grandeza.
Levando minha dor, tanta leveza,
Escravo do amor!

Mas saiba que te gosto muito e tanto.
Contigo eu aprendi uma verdade.
A vida não permite mais saudade,
É tempo de amor.
Não deixo de por ti, ter tanto encanto,
Amar é conhecer a liberdade.
Quem sabe conheci felicidade,
Nesse nosso amor!
Publicado em: 18/09/2008 16:23:25
Última alteração:03/10/2008 13:53:53


É UM BRUGUELO
Doutor essa menina tá inchando
Faz dias que a barriga dela cresce
Andou faltando aula, gazeando,
Brincando pelas noites nas quermesses.

Vive dizendo que está pesada
Seus pés já nem cabem no chinelo
Ando desconfiado. É um bruguelo?
Se for! Vou dar uma peia na safada.]

jrpalácio

Pior é o namorado, este pamonha,
Safado, este pilantra sem vergonha
Um vagabundo ser beligerante

Andando em minha casa provocante,
Cabra se enriqueceu, o traficante
Vendendo cocaína crack, maconha...
Publicado em: 22/09/2008 11:15:15


É veloz qual pensamento
É veloz qual pensamento
O bater do coração
Que encontrou enfim alento
Nas asas de uma paixão...

SOBRE VERSO DE FIORE CARLOS
Publicado em: 06/01/2009 18:38:13
Última alteração:06/03/2009 12:13:10



Cada semente tem sua época própria de plantio, sem o que corre-se o risco de se perder a lavoura.

Assim as Leis da Natureza determinam mas as sementes espirituais não obedecem ao calendário.

Por isso é que se diz que, “é sempre tempo para amar” e a melhor forma de demonstrarmos nosso amor é lançar ao solo árido dos corações, as sementes de bondade, alegria, coragem sabedoria e , acima de tudo, de fraternidade.

Assim fazendo, estaremos plantando para a colheita final.

Esforcemo-nos para colher uma generosa safra, a fim de que, o Criador possa se alegrar, ao fim dos tempos
.
É hora de semear, lembre-se disso!

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 09/02/2007 05:57:53
Última alteração:27/10/2008 21:17:28



É SÓ SOLTEIRA
Só tem solteira
No Forró do Seu Quindim
É só solteira
Foi por isso que eu vim...

Rebola a bunda
Quebra os quadris
A gente gruda
Fica feliz.

Se liga nessa
É bom à beça

Melhor sem pressa
Senão assusta
A solterinha
Está na minha
De saia justa.

Não tem bagunça
Nesse furdunço
Quem ronca e fuça
Vira jagunço...

Publicado em: 15/08/2008 14:43:04
Última alteração:19/10/2008 20:14:21



Eu quero tua pele veludosa
Sentindo teu perfume qual de rosa,
Inebriando todo o meu jardim.

Quero em tua boca o doce sumo
Que já me fez perder sentido e rumo
Uma mar de amor imenso, dentro em mim...

Quisera que viesses, minha amada,
Minha alma te procura, enamorada,
Não vês não existo sem te ter...

Escuta este meu canto apaixonado,
Vivendo sem saber se isso é pecado,
Apenas quero ter o teu prazer...

Pressinto que virás ao fim do dia,
Trazendo todo amor e fantasia
Que minha poesia já previu.

Aguardo cada toque desta boca
Que quero transtornada e quase louca
Beijando mais macia e tão sutil...

Bem sabes quanto eu quero o teu desejo
Envolto no carinho do teu beijo,
Com gosto de garapa e pão de mel...

Amada como é bom saber que tenho
O sonho mais bonito de onde venho
Trazendo para a terra o belo céu...
Publicado em: 26/02/2007 20:42:26
Última alteração:28/10/2008 17:25:45



É TÃO BOM TE AMAR!

Sentindo um manso vento na janela
Não sei por que lembrei-me logo dela
Que fora há tanto tempo e não voltou.

Abri. Um vento fresco e tão gostoso
Trazendo um perfumar delicioso
Sem cerimônias, pela casa entrou...

Não era um vento forte. Bem macio,
Causou-me, neste instante, um arrepio
Que há muito tempo, eu juro, não sentia...

Foi me tocando aos poucos e, invadindo,
Me abraçou num prazer quase que infindo
Num sentimento imenso de alegria...

Aos poucos é que pude perceber
Que o vento parecia-me dizer
Que tudo será como o que bem quis...

Agora que te sinto todo dia,
Mulher, amada, amante em poesia,
Eu digo: finalmente eu sou feliz!
Publicado em: 29/08/2007 18:15:00
Última alteração:28/10/2008 17:02:59



A vida passa, brusca; e , nela, a sensação
Desoladora e triste, o gosto mais amaro.
Deixa-me, então, decerto, o desejo mais raro.
O de percorrer, livre, espaço e amplidão!
Nunca despreze a dor, nem negue o seu perdão.
Amor belo, de outrora, a morte sente o faro
E em menos d’um segundo, está no desamparo!
Amor é qual semente, a rega brota o grão.

Não despreze a mulher mesmo que não a queira.
Amor nunca permite afronta nem cegueira.
O vaso que se quebra, não precisa colar.
Ele jamais será igual depois da queda.
Amor sempre se paga, o beijo é a moeda,
Com o desejo louco, amada, de te amar.

Não deixe que a saudade, em vias de sangrar,
Invada cedo ou tarde, o tempo vai mostrar.
Se tens felicidade, importa-te em cuidar.
Nem toda claridade é luz deste luar.
Amor vira maldade, evite maltratar.
No campo ou na cidade, é tão gostoso amar!
Publicado em: 09/02/2007 22:08:21
Última alteração:28/10/2008 18:31:32



Quando eu chamava, Amor pelo teu nome,
Sabendo que por vezes vai e some,
Esgueira-se depressa e não mais vejo,

Queria te tocar, fazer carinho,
Mas sabes como estou aqui, sozinho,
E foges; zombador, do meu desejo...

Se pulsas no meu peito, logo ris,
Amor que me propõe ser mais feliz
Escapa sorrateiro, nem dá bola,

Se esconde no quintal faz-se de morto,
E quando nos percebe assim,absorto,
Nos pega no pescoço, e que degola!

Amor moleque sonso e bem vadio
Fingindo-se de morto, entra no cio,
E cria a sensação duma impotência,

Depois vem com quem nunca quis nada,
Com cara mais lambida e mais safada
Zombando já nos pede por clemência...
Publicado em: 24/02/2007 22:55:27
Última alteração:28/10/2008 17:26:45



Lareira que não tive,
A neve que não vi.
Praia que não ousei
Nem lua que desconheço
Em sua plenitude errática
E erotizante.
Talvez seja por ter visto
O homem pisando
E desmascarando suas magias
E mistério.

Mas do amor...
Da paixão sem resultados
Ou dos resultados da paixão.
Disso eu sei.

Do seio da morena,
Da boca umedecida
E do gosto de morango
Brilhoso e delicioso!
Ah! Disso eu sei!
Publicado em: 02/06/2007 18:44:36
Última alteração:28/10/2008 17:03:55


E O AMOR...

O tempo passa
E mostra o quanto o nada
Serviu para cerzir
Nossa esperança
Atada e desatada
Em laço frouxo.

Sementes esquecidas
Não vingaram
Restaram abrolhos,
Óleos malditos,
Ditos esquecidos
Pelos cantos do quintal.

Agora, refazer a plantação
Demanda tempo.
Viver é contratempo
E amor? Um passatempo?
Publicado em: 01/09/2007 18:16:05
Última alteração:05/11/2008 12:23:23


E perdendo vou me achando Num braseiro que não cansa, Meu amor estou te amando, Lambuzado a noite avança

E perdendo vou me achando
Num braseiro que não cansa,
Meu amor estou te amando,
Lambuzado a noite avança
Publicado em: 22/10/2008 17:42:08


É pimenta demais pro vatapá Saudade que maltrata um sonhador, Vontade de trazer meu bem pra cá,
É pimenta demais pro vatapá
Saudade que maltrata um sonhador,
Vontade de trazer meu bem pra cá,
Vivendo a sensação do intenso amor.
O dia mais brilhante nascerá
Nos braços deste sonho encantador.

Amor que vem chegando em correnteza
Trazendo inundação e tempestade,
Refaz a nossa vida da incerteza,
Tramando ao fim do dia, a claridade.
Permite que se veja esta beleza
Redimindo a tristeza na verdade.

Abraços e carinhos sem ter fim,
Amor que vem nascendo dentro em mim...
Publicado em: 03/11/2008 18:41:28
Última alteração:03/11/2008 18:59:43


É PLANTANDO QUE... NÃO SE DÁ..

Ao contrário de alguns bem falantes, o Chico Bento era homem de poucas palavras. O máximo que os vizinhos arrancavam dele era um Bom dia, falado entre os dentes.

Um dia, na sua roça, apareceu um visitante que se dizia do IBGE, a fim de fazer as estatísticas da terra.

Depois de medir a propriedade, o homem do censo iniciou o interrogatório:

- Seu Chico, aqui no seu sítio, dá arroz?

- Dá não!

- E, por acaso, dá muito milho?

- Dá não.

À medida que ia ouvindo a resposta, o homem ia anotando em uma grande folha de papel.

- E café? Tem dado muito café aqui?

- Tem não!

- E por acaso, legumes, frutas, verduras?

- Também não!

- Quer dizer que aqui não dá nada, que sua terra não presta, que não adianta plantar?

- Num disse isso não. Respondeu Chico.

- Mas foi o que eu ouvi! Se não dá nada aqui, nem adianta plantar, não é verdade?

- Não Senhor! Se a gente plantar nasce de tudo.

Foi aí que o homem do IBGE verificou como era difícil entrevistar pessoas como o Chico Bento que, por falar muito pouco, gostava das coisas bem diretas, bem objetivas.

Com ele era assi: Pão, pão; queijo, queijo!

( De preferência com goiabada cascão )...

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 16/10/2007 16:35:32


É por amar demais...
O fardo que eu carrego
É por amar demais
Querida isto eu não nego
E quero muito mais
Que a vida passa breve
E o tempo nunca pára
Um coração se atreve
Ao ver quem tanto ampara
A fazer nova festa
De tudo o que me resta
Não levo quase nada
Somente a voz amada
De quem pretendo amar.
Voando em liberdade
Sem lastros que me prendam
Palavras que me atendam
Gostosas de escutar.
Vencer a realidade
Tão dura e mais amarga
Vivendo sempre à larga
Sem medo de sofrer.
Vem logo e não discuta
Contigo amor e luta
Que cedo se executa
Em busca do prazer...
Publicado em: 01/08/2008 16:05:11
Última alteração:19/10/2008 22:09:32


E POR FALAR DO AMOR... /

Aquele beijo ardente e tão ardido
Os nosso corpos numa seculsão
Sussurros e canções ao pé d'ouvido
Um descansar depois da explosão...

Morangos há, também um chocolate,
Degusta-se, degluti-se iguarias
E recomeça, então, novo combate
E vai-se a noite em gozo e fantasias...

Banquete de sentidos bem servido
Na cama de uma deusa em pleno cio.
A cada novo espasmo recebido,
Sabores variados me vicio

E quero repetir em overdoses
Querendo, novamente que tu gozes...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 23/08/2007 20:42:20
Última alteração:05/11/2008 13:09:22


E POR FALAR DO AMOR...

Amor quero a delícia deste beijo
Como macarronada pede o queijo,
Com gosto de garapa e doce mel.

Amor eu peço logo que me aceite,
No peixe que fritaste com azeite
Com todo esse dendê, sarapatel.

Bebendo o tão suave e doce vinho,
Tragando teu amor bem de mansinho,
Me embriagar contigo, deste absinto

Que trama nosso amor com tanta fome
O dia todo amor que nos consome
É tudo o que eu preciso e quero e sinto.

Eu quero o nosso amor que é vinho e pão,
É broa e chocolate, uma emoção
Que toma e nos entorna de bandeja.

Lambuza com certeza o corpo e a alma
Somente o teu carinho é que me acalma
É toda a sobremesa... e com cerveja!
Publicado em: 18/08/2007 15:07:04
Última alteração:28/10/2008 16:37:10


E POR FALAR EM AMOR /

Unindo mil fonemas mais dispersos
Eu tento transudar algo bonito
Mas sinto-me um grão quando eu fito
E imagino os outros universos...

Procuro ouvir os sons qu'estão imersos
Que ninguém ouve - e a mim traz faniquito;
Me chamam de lunático - esquisito,
Mas, de repente, lendo os meus versos

Percebo que em verdade insensatez
Encontra-se distante e não aqui.
Escuto mil estrelas me chamando

Num mundo em que do amor quem se desfez
Não sabe com certeza o que senti
Com plena sanidade e sempre amando...

GONÇALVES REIS
Marcos Valério Mannarino Loures
Publicado em: 03/08/2007 20:42:03
Última alteração:05/11/2008 17:13:52


E POR FALAR EM AMOR /


Cortando nos perfuma, espinho e flores
A vida é uma senda masoquista
Seguir nós precisamos nessa pista
Deixar os nossos sangues e suores...

O quê vem fácil vai - são sem valores
Não há fruto melhor qu'o da conquista-
Uma satisfação quando se avista,
Que vale os vilipêndio e as dores..

Amor sendo insensato dá sentido
A toda sensação que a vida adota.
Em luzes, maravilhas travestido

Em plena mansidão se faz algoz,
Amor nem mesmo em morte jaz, esgota.
Esfuziante, cala nossa voz.

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 20/08/2007 19:31:42
Última alteração:05/11/2008 14:20:40


E POR FALAR EM AMOR ... -/

Vivendo a juventude novamente
Vergonha não tivemos de ninguém
Que deixe-nos xingarem - é desdém
Quem diz que já é tarde, como mente

Estar na mocidade está na mente
E ter moderação, claro, também
E foi passando as horas e nós nem
Ligávamos pra aquele sol tão quente

Teu corpo passeando em minha cama
Desnudo e tão macio, já me chama
Pro jogo que me doma e satisfaz

Refaço em teu desejo, a mocidade,
Que enfim me revigora e com vontade
Recebo o teu carinho mais audaz

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 08/08/2007 22:19:55
Última alteração:05/11/2008 17:07:08



Não posso te negar
Quanto que te desejo.
Roçando tua pele,
Roubando cada beijo.

Morena como eu quero
A voz audaciosa
Mostrando quanto a vida
Já pode ser gostosa,

Fazendo em cada verso
Um êxtase sem par,
Sonhando toda noite
Vontade de tocar

Roçar a tua tez,
Lamber a tua boca,
A noite vai passando
Nesta ternura louca

Sorriso de menina
Mulher se dando inteira
Encontro na morena
A deusa e feiticeira

Que tanto desejei
Trazendo a juventude
Perdida há tanto tempo
Em fome em atitude...

Por isso amada, eu sei
Do quanto vale a pena
Roubar-te do cenário
Trazer-te em minha cena...


Publicado em: 23/07/2007 18:09:28
Última alteração:05/11/2008 18:26:40



Tantas voltas vida dá
Vida nunca se repete
Tempo nunca voltará
Tanta dor que te compete
Tanto amor que sempre irá
Serpentinas e confete
Minha amada brilhará
Depois pintamos o sete
Nossa cama rodará
Nosso amor é canivete
Que sempre nos ferirá.

Meu amor foi sobremesa
Do jantar do sofrimento.
Deitando amor nessa mesa,
Matando qualquer tormento
Minha rainha, princesa,
Meu amor galopa o vento
Vem amor, tanta beleza,
Não te esqueço um só momento
Meu amor tenha a certeza
Como é grande o sentimento
Descendo essa correnteza.

Invadindo nosso rio
Que corre para esse mar.
Eu não sinto nem mais frio
Teu amor vai me esquentar
Meu coração tão vazio
Agora vai completar
O peito que foi vadio,
Nos teus braços sossegar.
Nunca mais perco esse fio,
Eu sempre irei te encontrar.
Seja inverno ou seja estio...

Eu vejo tanta ilusão
Que me trouxe desamor
Às portas do coração
Meu amor pedindo amor
Não me poupe essa emoção
Ela é todo o meu calor.
Que me invade a plantação
Acaba qualquer temor.
Causando revolução,
Meu amor é salvador,
Ele é minha solução.
Publicado em: 01/02/2007 19:54:50
Última alteração:28/10/2008 18:25:51


E POR FALAR EM AMOR..

Por que não sei falar dessa maneira,
Usando os verbos vagos, virulentos,
É que perdi meu tempo, uma bandeira,
Desfraldada por sobre os excrementos
De quem tentou ferir sobremaneira
A quem amara, em todos os momentos.
A vida me ensinando não temer,
Eu vou correndo sempre, mas por quê?

Quis tragar melodias e senzalas,
Não pude mais conter esse chicote.
Mas as costas lanhadas onde exalas,
Não me deixam sinal, quebrei o pote...
Traduzindo seara, levo malas
Em busca da saída, vou a trote.
Mas queria viver teus novos dias,
Nas nocivas franquezas que medias...

Num ato de belíssima vontade,
Misturando, sagaz, novas cantigas.
No que não poderemos crer saudade,
Eram senão pedradas mais antigas.
Coram, cegam, feroz realidade.
Queimando como fosses tais urtigas,
As que n’alma repetem cantinelas,
As mesmas que quisemos, serem delas...

No meu karma sei pétrea solidão,
Onde navegaria tantos portos.
No dizer sim, queria tanto o não,
Carregando por certo, velhos mortos.
Na melhor melodia que verão,
Perderei tantos rumos, que sei tortos.
Minha lança, lanceta e confraria,
Nos bares e botecos; dê sangria...

Capuccino, cachaça, chá e mate,
Novos sabores, fluidos paladares;
Da vida sempre torta, um arremate.
Nos teus olhos repletos dos altares,
Brilham loucos fantasmas do combate...
Revejo minha triste lucidez
Quem me dera perder a minha vez...

Pus e sangue, mistura delicada,
Que, emanando de todos os meus dedos;
Fazem-me saber, como está errada
A vida que criei de meus segredos.
Quando permiti noite, madrugada,
Deixei armazenados os meus medos...
Num quero nem concebo liberdade,
Vagando pelos parques da cidade...

Nascido nessas terras das Gerais,
No que pude sentir, foi tudo a esmo.
Não temo nem tempestas, vendavais,
Criado, de cedinho, com torresmo.
Em meio a cercanias sem jornais,
Aos olhos dessa noite, sou o mesmo...
De pequeno, nutrido com coragem,
Desse rio, conheço fundo e margem...

Fui ninado com sangue e com melaço,
Rasguei no mundo berro e valentia.
Peito duro, mineiro, ferro e aço,
Criado a tapa, restos, serventia...
Força nos olhos, pernas e no laço,
Por onde acordei, vida sem valia.
Traquinagem, comer sem saber faca,
Beber da fonte, tetas dessa vaca...

Orgasmos madrugada, tua saia...
No canto, no curral, em pleno mato,
Nem sei de mar, vivendo minha praia
Na beira doce, peixes no regato...
Em plena confusão, rabo d’arraia,
Na morte fiz carinho, sei dar trato...
Quebrando minha perna, sem ter pena,
De longe, traz as pernas da morena...

Vadio violão foi meu resgate,
No colo dessa serra, serenata...
Saudade faz que mata, dá empate,
Menina, levantei a tua bata...
Preciso, cafuné, qu’alguém me trate,
Eu quero te lavar nessa cascata.
Jogando nessas pedras da ribeira,
Teu corpo, penetrando-te, mineira...

Costeleta da Serra D´Espinhaço,
Fiz cabelo, bigode e barba, tudo...
Eu quero me deitar no teu cansaço,
Guardando meu diploma, meu canudo,
Em meio a tuas pernas, teu regaço...
Entrando mais calado, saio mudo.
Talvez me guardes todos os mistérios,
Nem temo teus amores, nem venéreos...

Cresci sofrendo tapa e pescoção,
Na lida atroz, enxada e cavadeira.
Nos brejos, sem temer por podridão,
A vida foi completa escarradeira.
Vacina de menino, de peão,
É feita de porrada, a vida inteira...
Das vespas que mordiam, fiz meu mel,
Da lida mais difícil trouxe céu...

Meu medo foi ter medo de lutar,
Não quis compressa, quero bisturi.
Cada ferida nova que brotar,
Capítulo relido que vivi...
Somente meus, serão; velho luar,
Os olhos dess’amor que já perdi...
Capricho sem temer, por resultado,
Os cortes que sangrei, apaixonado...

Recebendo a herança mais maldita,
O traste que pariu minha cadeia;
Não queira meu Senhor, que se repita,
A bosta que transcorre em minha veia...
Minha mãe, talvez, fosse mais bonita,
Se não tivesse sido uma sereia...
Que o boto mais pilantra desse mundo,
Safado caboclim, um verme imundo...

Criado sem ter beira nem paragem,
Escravo desd’o dia de nascido.
A vida preparou a sacanagem,
Bem no olho dessa serra, fui cuspido.
Quase que me perdi na traquinagem,
Mas, embora isso tudo, fui crescido...
Vômito de mendigo esfomeado,
Coragem coração, fez cadeado...

Meu cigarro da palha mais curtida,
No milharal da vida, colhi nada.
Serei por certo, servo e despedida
Nunca saberei sorte e tabuada,
Mas não reclamo nada dessa vida,
Estou vivo, e se dane essa embolada.
Na poeira joguei nome e meu futuro,
A morte me espreitando ‘trás do muro...

Fiz cósca em cascavel, minha tapera,
Tem as portas abertas para a morte.
Não temo solidão, nem bicho fera;
Eu queimo, em toda curva, a minha sorte.
Cachaça com limão, vida tempera,
Bem no meu coração, de grande porte,
Cravei as verdadeiras, duras, garras.
Não quero mais saber dessas amarras...

Veloz, eu fugirei dessa saudade,
A saudade de nunca mais ter sido.
A saudade feroz, felicidade,
Que nunca mais terei, nem conhecido.
Oprime o peito, face essa verdade,
A de não ter, jamais, nem ser nascido...
Queria, por momento simplesmente,
Um segundo sequer, me sentir gente...
Publicado em: 25/09/2007 23:12:58
Última alteração:28/10/2008 15:37:33


A vida é um arremedo
Que cedo não completo,
Se travo meu segredo,
Nem sempre amor poeto...

Amor se recomeça
Na peça que me prega
Amor velha remessa
Depressa já se nega

E trama com a morte
O risco que pressinto.
Com esse roxo forte
Da dor que sempre pinto...


Publicado em: 26/01/2007 12:54:44
Última alteração:06/11/2008 11:54:58


Desejo à flor da pele,
Em novas descobertas,
Caminho que revele
Sendas ora abertas
Peles que se tocam
Bocas que se molham,
Orvalhos emanados.
Sonhos conjugados
Soma inesquecível...
Publicado em: 06/03/2008 20:03:02
Última alteração:22/10/2008 15:26:5


E O AMOR?
O tempo passa
E mostra o quanto o nada
Serviu para cerzir
Nossa esperança
Atada e desatada
Em laço frouxo.

Sementes esquecidas
Não vingaram
Restaram abrolhos,
Óleos malditos,
Ditos esquecidos
Pelos cantos do quintal.

Agora, refazer a plantação
Demanda tempo.
Viver é contratempo
E amor? Um passatempo?
Publicado em: 28/05/2008 17:18:10
Última alteração:20/10/2008 19:30:07



É mais fácil a flor deixar de ser flor do que um homem, traidor.
115

É mais fácil a flor deixar de ser flor do que um homem, traidor.

É mais fácil uma azaléia
Deixar de ser uma flor,
Do que um homem, na boléia,
Deixar de ser traidor...

Marcos Coutinho Loures

A mulher quando traída,
É pior do que serpente,
Se chifrada, na saída,
Taca chifre então, na gente...


Publicado em: 21/11/2008 09:40:29
Última alteração:06/03/2009 17:04:01


É MEU ANIVERSÁRIO... VAMOS COMEMORAR!

Eu venho te convidar
Pois é meu aniversário
Nós vamos comemorar
Eu marquei no calendário

Tua presença, amiguinho,
É o meu maior presente
Eu te espero com carinho
Tô alegre, tô contente!

É mais um ano que faço
Que alegria! Minha gente.
Um beijinho e um abraço
Já vai me deixar contente.

Peço a toda gente grande
Que também venha prá cá,
Pois é meu aniversário
Vamos lá comemorar!

São algumas trovas que fiz na comemoração do primeiro aniversário do Marcos Valério, meu segundo filho.
Há 10 anos.
Hoje, aos 11 anos, é um motivo de muito orgulho para mim...
Pena que é vascaíno...
Publicado em: 13/03/2007 06:46:55
Última alteração:27/10/2008 19:05:55


Vancê disse ansim pra mim,
Eu li juro acreditei,
Dispois de sofre ansim,
Pensei: agora sou rei!

No começo até foi bão,
Munto amor, munto carim,
Eu tocando o violão,
E dispois, o butiquim.

Vancê nem areparava
Que doçura de muié,
Toda noite namorava,
Desse jeito eu levo fé...

Mas porém ansim contando
As coisa comprica no fim,
Vancê já tá me falando:
Num é Quezão, é Quezim...



Publicado em: 16/03/2007 22:37:03
Última alteração:06/11/2008 11:24:42



Brilhando eternamente
Estrela que me guia
Nascendo no poente
Não morre como o dia
Eterno brilho traz
Estrela em fantasia
Perene, em tanta paz...

Estrela traz meu nome
É nova e renovante
A lua que não some
Renasce a cada instante
Mal sabe que em seu lume
Amor que se retome
Na rosa, em seu perfume...

Estrela que versejo
Em cada verso meu
Estela que desejo
De amor já se perdeu
Mas sabe que este trilho
Do amor que é meu e teu
Nos trouxe nosso filho...

O filho que te quero
Na grávida esperança
É nosso e dele gero
Estrela, a tarde avança
Com luz forte e solar
Estrela nossa dança
Na luz de tanto amar!
Publicado em: 26/01/2007 14:01:00
Última alteração:28/10/2008 18:24:28


É na estrada que eu sinto o peso da saudade.
120

Mote

É na estrada que eu sinto o peso da saudade.


A minha carga pesada
Eu levo, contra a vontade,
Pois vou sentindo, na estrada,
Todo o peso da saudade.

Marcos Coutinho Loures


A saudade pesa tanto
Quanto pesa a minha carga,
Eu te vejo em todo canto,
A viagem fica amarga...
Publicado em: 21/11/2008 10:25:44
Última alteração:06/03/2009 17:02:58

É NATAL!


Exposto nas lojas e magazines
Nos shoppings e nos botecos
Até nos puteiros e motéis,
O menino parece que sorri.
Os olhos claros e os cabelos
Encaracolados demonstram
A paternidade.
Claro, árabe não pode ser Deus,
Somos todos alvos e de olhos claros,
Norteamericanizados,
E preferencialmente anglo saxões.
Deus não poderia ser diferente.
Um menino moreno e do terceiro mundo?
Isso seria ofender ao Pai, com certeza.
Menino sorridente, com pais igualmente sorridentes,
Até os bois, cavalos e bodes sorriem.
Apenas Cristo sangrante e hemorrágico
Deve estar chorando neste momento,
Liga não, daqui a alguns dias
Eles vão transformar o teu cadáver
Em um coelhinho risonho e, ovíparo...
Publicado em: 09/12/2007 11:12:43
Última alteração:23/10/2008 09:28:02

É NATAL...

Meninas expostas
Costas rasgadas
Olhos sangrando
O gozo da vida.
Na nau dos meus sonhos
Medonhos naufrágios
Em frágeis serventias.
Na bala perdida
Confeitos de morte
A sorte esquecida
Nas injustiças da vida.
O viço não veio
A rosa morreu.
Apenas restou
A simples figura
Da mão estendida
Mendigando a paz.
Agora é Natal
Depois carnaval
E o homem boçal.
Até quando?
Tudo igual...
Publicado em: 08/12/2007 17:04:30
Última alteração:26/10/2008 23:11:59


O amor e querer-bem
são dois pontos delicados;
Os que namoram são muitos,
os que amam são contados.


Meu amor, meu bem querer
Tanto quero o teu amor,
Que sem ele o que é viver?
É morrer sem ter calor.

Quando beijo a tua boca,
Lambuzadinha de mel
Minha alma ficando louca
Sente que chegou ao céu

Sei que sou um ciumento,
Sei que sou um egoísta,
Mas meu amor não agüento
Nem gosto de dar na vista.

Namorei muita menina,
Mas bem poucas eu amei,
Tua presença alucina,
Em ti, amor encontrei.

Não és minha namorada
Tão somente, és muito mais,
Tu és a mulher amada,
Não te deixarei jamais.

Tanto quero o teu querer,
Como te dou meu também,
Não consigo te esquecer
Venha cá, vem ser meu bem.

Estrelinha quando cai,
Risca o céu, e vai pro mar,
Da cabeça, ocê num sai,
Como é gostoso te amar!

A trova inicial é da região Central de Minas

Publicado em: 22/03/2007 18:18:39
Última alteração:28/10/2008 16:58:27


É de saudades que choro...
30

Mote

É de saudades que choro...

Sem parar, eu vou tocando,
Pela vida onde moro,
Enquanto em ti vou pensando,
É de saudades que choro...

Marcos Coutinho Loures

A saudade é matadeira,
Faz estrago no meu peito,
Se a paixão é verdadeira,
Neste pranto não dou jeito...
Publicado em: 19/11/2008 17:15:18
Última alteração:06/03/2009 18:58:48



Somos como os gomos,
Somas tantas.
Comas vários
Rumos mesmos.
Temos tanto
Teimas poucas
Risco zero.
Arisco
Quero o petisco
E estico meus olhos
E mãos.
Publicado em: 05/03/2008 20:07:14
Última alteração:22/10/2008 15:21:43


É FATO
É FATO



É fato e se passa despercebido

O amor que eu te proponho, só tu não vês

Só me falta propagar pelas TVs.

Bilhete? Já não faz nenhum sentido. josérobertopalácio



És surda, ou por acaso faz-te de?

Por vezes me pareces meio burra

Ou finges. Te procuro, mas cadê?

No fundo eu merecia alguma surra. marcosloures



Gostar de quem não gosta mais de mim.

Pareço na verdade, um masoquista,

Mas teimo e vou lutar até o fim. marcos loures



Sou duro e muitas outras, já ganhei.

Pra te ganhar já conheço uma pista.

Sei do teu fraco. Um carro zero já comprei. josérobertopalácio
Publicado em: 10/10/2008 16:46:51


É FESTA! VAMOS NESSA...
A festa no condomínio
No playground tanta dança
Coração vai sem domínio
Prometendo uma aliança
Eu quero comemorar
Mais um ano a se passar...
Publicado em: 20/03/2008 18:03:48
Última alteração:21/10/2008 22:21:45



É A VIDA
É A VIDA



Não veja a vida assim, farta e bela

Como se a visse passar de uma janela

És jovem, não conheces seus mistérios

Deixando o ninho, verás que falo sério. jrpalácio



Viver sem ter juízo nem critério,
Fugindo da esperança, um monastério
Aonde a solidão já se revela
Na moça que segura mais que vela marcosloures

Fazendo reboliço no meu peito,
No gueto da ilusão, ao ser aceito,
Eu visto uma terrível fantasia. marcosloures



Saindo cedo do ninho, não se cria,

Vovó cantava essa ladainha

Encare a vida de forma bem certinha. jrpalácio
Publicado em: 20/10/2008 21:38:15



E agora???/ O que farei?

Amor abandonou / Fiquei

em fragmentos / em mil pedaços

meu coração. / quem vai colar?


Mara Pupin /Marcos Loures

Publicado em: 24/03/2007 13:49:43
Última alteração:28/10/2008 05:45:48



Mesmo indo de vento em popa,
Tem azar o pobretão,
Se algum dia, chover sopa,
Vai ter um garfo na mão...

Essa verdade eu não nego
Isso aconteceu contigo,
Na terra que só tem cego,
Quem ficar toma o castigo.

Eu me lembro companheiro
Da mulher que namorou.
Todo o povo zombeteiro
A tua cara gozou.

A moça tão perfumada
Bem cheirosa e bem faceira,
Dava cada rebolada,
Que tremia a terra inteira.

Era prendada e bonita,
Quase dois metros de altura,
Andando a bunda arrebita,
Parecia tanajura.

Parecia uma sereia,
Na verdade era um tesão,
Era demais essa areia,
Pro teu pobre caminhão.

Acontece que a Maria,
Que é o nome da tentação,
À noite quando dormia,
Voltava a ser o João!

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
Publicado em: 24/03/2007 07:25:30
Última alteração:06/11/2008 10:19:35


É bom falar // Melhor sentir

com coração aberto // livre de amarras

sem ser cativo nunca // isento de medos

eu te amo! // simplesmente...

Marcos Loures // Mara Pupin
Publicado em: 03/04/2007 16:52:10
Última alteração:28/10/2008 06:06:46




Em versos e palavras passo a crer.
Ao vê-los que trazem alegria
Que amenizam a dor e dão prazer
E fertilizam a vida e fantasia...

Estímulos mais doce quem precisa?
Ao ver um bom sorriso pelo rosto
E ver que o desespero tranqüliza
É melhor que o vinho que um mosto...

Também uma esperança feita em luz
Aos olhos benfazejos, um colírio.
O sonho noutro sonho reproduz
E forma assim um tipo de delírio

Quem sabe da importância de um amigo
Encontro na poesia um bom abrigo.


GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 29/08/2007 21:50:15
Última alteração:21/10/2008 23:03:19



Sem leme
Sem rumo,
Aprumos? Talvez.
A vez é de ser
Somente
Prazer...
Publicado em: 12/05/2008 08:15:42
Última alteração:21/10/2008 14:35:28




Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos,
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.
...........................

ADALGISA NERY


Em todos os aspectos que se forje
Com sensibilidade, amor e encanto,
Carrego dentro da alma como alforje
Uma esperança audaz em riso e canto.

Mesmo depois de alguma tempestade,
Querendo expectativa de bonança,
Fluindo com total imensidade,
A par do que me toca e assim me alcança

Nas lágrimas ferinas e vorazes,
Restituindo um sonho outrora inglório
Embora renegasse luz que trazes,
Sou quase mesmo ingênuo até simplório,

Mas digo e não me farto de sonhar,
Eu te amo, e creio até no teu amar...
Publicado em: 25/08/2007 20:46:19
Última alteração:14/10/2008 06:36:35


Em toda poesia que pretendo
Fazer qual fora um canto mais sutil,
Nos versos que te faço vou vivendo
O sonho que inebria mais gentil.

Às vezes eu me perco não te tendo,
Às vezes o meu verso sai tão vil,
Talvez uma esperança vá morrendo,
No canto que propunha e sai senil.

Escrevo como vejo e como espero
Que o mundo seja um dia mais feliz.
No sal da vida sempre me tempero,

Eterno sonhador, um aprendiz.
Desculpe mas meu verso manso ou fero
Traduz em mim bem mais do que eu já quis...

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 11/02/2007 11:54:26
Última alteração:16/10/2008 08:39:17

Em teu corpo divinal, Adentrando a noite inteira, Penetrando o matagal Hasteando uma bandeira
Em teu corpo divinal,
Adentrando a noite inteira,
Penetrando o matagal
Hasteando uma bandeira
Publicado em: 22/10/2008 17:41:39





Lésbia nervosa, fascinante e doente,
cruel e demoníaca serpente
das flamejantes atrações do gozo.

Dos teus seios acídulos, amargos,
fluem capros aromas e os letargos,
os ópios de um luar tuberculose...

CRUZ E SOUZA

Em teus seios, dois pomos delicados,
Romãs em raro tom, roséolas claras.
Meus dedos e meus lábios bem treinados
Numa sucção audaz que contemplaras

Cruel quase mordaz e sem pudores
Vontade de saber desta nudez
Exposta no dossel; recende a flores
Em cujos cheiros perco a lucidez...

Depois da empreitada em letargia
O sono se aproxima, mas quem há de
Dormir se encontro ali a fantasia
Se o sonho é mais dorido que a verdade...

Mal sabes que teu corpo me alucina,
E nele encontro o vício, uma morfina...
Publicado em: 14/08/2007 18:30:47
Última alteração:14/10/2008 13:27:05


EM TI


Línguas
Ligas.
Lânguidos
Sentidos
Ângulos expostos
Rostos compondo
O mesmo retrato,
Num átimo,
No ato,
Reato estes nós.
Expresso dos sonhos
Expressões que componho
Venho num segundo
Agudo momento
Afundo meus olhos
E bebo de ti.
Publicado em: 26/04/2008 17:39:21
Última alteração:21/10/2008 13:36:16

em nome da nossa amizade
Amigo, tantas vezes é difícil
Erguermos a cabeça, se caímos.
Parece tantas vezes impossível
Desta cilada toda, nós sairmos...

Mas tente perceber quanto podemos
Com força e com vital intensidade
Se enfim recomeçarmos sem ter medo,
Encare assim qualquer adversidade...

Resolva seus problemas sem demora,
Amanhã com certeza outros virão...
Não tema se cair, meu companheiro.
Os pés apoiarás no mesmo chão...

A dor que se promete não virá
Se tudo tenazmente resolver.
Nem sempre conseguimos, mas escute.
Querer, em tantas vezes, é poder!
Publicado em: 05/09/2008 16:56:32
Última alteração:17/10/2008 14:31:55


Após a luta intensa; um aconchego
Que encontro nos teus braços, mostra a paz
Que em nome deste amor, enfim, carrego
Mostrando quanto amor se faz capaz.
Num mundo mais sincero em que navego
A vida em esperança, amor me traz.

Eu quero o teu desejo e tua sina,
Eu quero a maciez de teus cabelos.
Bebendo meu amor em ti, menina
Meus braços nos teu corpo são novelos.

Eu quero ser eterno namorado
Desta morena bela e sedutora,
Estar o tempo inteiro do teu lado,
Num vôo sem cansaço, a vida afora..




Em nosso corpo a fornalha

Em nosso corpo a fornalha
Que se faz em fogaréu
A chama que já se espalha
Nos garante o pleno céu...
Publicado em: 03/03/2008 23:00:23
Última alteração:22/10/2008 14:26:21




Eu comprei umas terrinha
Num recanto muito bão
Eu pensei que fosse minha,
Descobri: não era não.
O problema era a vizinha
De futricas a rainha
Fofoqueira de mão cheia.
Outro dia ela caiu,
Parecia um pesadelo,
Manda à puta que pariu,
Mas é dor de cotovelo
O danado tá rachado,
Disse um moço, seu doutor
Que o negócio era mais feio
Do que foi apresentado.
Reclamando tanta dor
Pôs a minha mãe no meio
Você sabe num agüento
Mais ofensa de ninguém,
Encontrando um pé de vento,
Não perdi de novo o trem,
Se a vizinha quer ficar
Lá pras banda do recanto,
Que ela vá já se danar
Que seus óio dê quebranto
Que se foda o cotovelo,
Rolo por rolo eu prefiro,
Enrolado do novelo.
Rapo fora da terrinha,
Vou vazar no capinado,
Não vou criar mais galinha
Nem jumento e nem veado...



Em meio a tantos vates, eu sou mero

Sejas menestrel, vate ou fanfarrão,/
que tenhas murcha flor, vergôntea débil;/
que sejam os teus versos pudibundos,/
trarão sempre os eflúvios, o coração/
desse teu canto em escarcéu; hábil,/
almo, tanto mais egrégio que profundo.


Chaplin, FRC

Em meio a tantos vates, eu sou mero
Aprendiz de versos tolos e banais,
Viver a poesia é mais que eu quero,
Pois nela encontro bardos imortais.

Mas sei que ao escrever procuro esmero,
E ao lado destes vários magistrais
Usando da palavra, sou sincero,
Expresso ora o que sinto e nada mais.

E quando me aprofundo, enfim concebo
Que aquém do que pretendo, sempre bebo
Das águas cristalinas que porejas

Com teu raro talento e maestria;
Entre as belezas todas que alma cria
As minhas fantasias vãs e andejas...
Publicado em: 27/02/2009 14:22:15




Não cruzei o mar em vão
Nas aventuras vulgares
Só conheci tempestade
Que mora no meu coração

GERALDO AZEVEDO



Em meio à tempestade tanto amei,
Vagando noite e dia pude ver
O quanto neste amor me dediquei
E nada recebi. Quero saber:

Onde foi, meu amigo, que eu errei?
Talvez por ser enorme o bem-querer.
A vida nos mostrando a dura lei:
O fim de quem adora é o sofrer!

Vagando pelas ruas, pelos bares
Buscando em qualquer boca uma ventura,
Nas ânsias tenebrosas tão vulgares

Vivendo tão somente; sem paixão...
Fazendo amor sem gestos de ternura,
Amigo; o que restou do coração?
Publicado em: 02/04/2007 15:38:24
Última alteração:15/10/2008 22:06:56



Em casa que mulher manda, até o galo canta fino.
19

Mote

Em casa que mulher manda, até o galo canta fino.


Em casa que mulher manda,
Anda de saia, o menino;
O marido anda de banda,
Mesmo o galo canta fino...

Marcos Coutinho Loures

Coisa pior; não conheço,
Tanta verdade se aninha
Mas garanto, eu não mereço,
Esporada de galinha...
Publicado em: 19/11/2008 16:37:04
Última alteração:06/03/2009 18:59:51





O prazer que na orgia a hetaíra goza
Produz no meu sensorium de bacante
O efeito de uma túnica brilhante
Cobrindo ampla apostema escrofulosa!

Augusto dos Anjos

Em lúbricos volteios me enredando
Os seios desafiam gravidade.
Orgástico momento enveredando
Numa explosão que traz sensualidade.

Bacantes se misturam, transparências
Em sedas, rendas, linhos, organdi.
Comparsas em sutis malemolências
Meus lábios vão vorazes sobre ti

Num átimo desnudo-te e devoro
Com ânsias e volúpia inesgotável.
Caminhos escondidos eu defloro,

E sorvo cada gota, sangue e gozo.
Na senda que noutra hora impenetrável
Adentro com prazer tempestuoso...
Publicado em: 13/08/2007 21:51:35
Última alteração:14/10/2008 13:24:37




Em chamas // Acesas

Corpo que arde // Brasas, me levando

desejo que ascende // à loucura.

paixão! // nossos desejos...

Mara Pupin // Marcos Loures
Publicado em: 31/03/2007 09:39:31
Última alteração:28/10/2008 06:08:41



Em chamas // Acesas//Iluminadas


Corpo que arde // Brasas, me levando//Caminhos longínquos


desejo que ascende // à loucura//de um único momento



paixão! // nossos desejos...//sedução!



Mara Pupin // Marcos Loures// MariSaes

Publicado em: 31/03/2007 17:32:00
Última alteração:28/10/2008 06:08:13



Quanto terror latente
nesse mar gelado
que desde sempre
levamos na alma.

António Castañeda



Em duros pesadelos, a noite passa
Expondo estas que verdades que eu carrego.
No dia, a claridade já disfarça
E oculto de mim mesmo, mudo e cego.

Porém o que fazer? Expor-me em praça
Pública? Meus temores, quando os nego,
Guardados na gaveta, exposta à traça;
Em falsa sensação à qual me apego,

Ressurgem toda noite a me assombrar.
Latentes, estas dores latejantes
Explodem num gelado e imenso mar.

Tomada sem ter tréguas por terror
Minha alma nas procelas perturbantes
Demonstra-se refém deste pavor...
Publicado em: 31/05/2007 11:33:37


Em casa de pobre, quem grita é o cachorro.
99

Mote

Em casa de pobre, quem grita é o cachorro.

Em casa rica ou de nobre,
Todos mandam, dão esporro,
Mas no casebre de pobre
Quem grita mais é o cachorro.


Marcos Coutinho Loures

A verdade se descobre,
Isso é coisa que não mata,
Lá no barracão do pobre
Latindo alto, o vira-lata...
Publicado em: 20/11/2008 16:20:18
Última alteração:06/03/2009 17:06:27



Em baile de cobra, o sapo fica de fora...
95

Mote

Em baile de cobra, o sapo fica de fora...

Conheço sua manobra,
E não vou cair, agora.
Como este baile é de cobra,
O sapo fica de fora...

Marcos Coutinho Loures

Sou um sapo cururu,
Que sonhou com perereca,
No meio do sururu
Bobeou a gente peca...
Publicado em: 20/11/2008 15:20:56
Última alteração:06/03/2009 17:06:46






Onde encontrarei, podes me informar?
Nos olhos da morena, de esperanças,
Nos cantos da memória, nas lembranças,
Nas ondas, nas areias, pleno mar,
Em todas essas festas, tantas danças,
Em paz e nestes lagos, águas mansas...
Nos raios desta lua, no luar...

Estrelas divinais, cometas raros,
Estrelas lá do mar, todas as flores,
Matizes mais suaves, tantas cores,
Essências tão gentis, perfumes caros,
A tarde que declina em estertores
Manhã na aurora bela, nos albores,
Nos olhos da morena, verdes, claros...

Onde encontrarei este pendor
Que traduzindo a dor em tal beleza
Produz e reproduz na natureza
As jóias mais divinas, traz valor
De toda uma verdade, uma certeza,
Faz de toda mulher uma princesa
E nela encontrarei enfim, amor!
Publicado em: 13/12/2006 13:33:21
Última alteração:28/10/2008 20:31:45



EFEITO COLATERAL

Tanta cirurgia plástica
Fez-lhe a pele tão elástica
Que ela não mais me contesta,
( E cito como destaque )
O umbigo subiu-lhe à testa
E o pentelho ao cavanhaque

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 02/07/2007 22:52:15
Última alteração:28/10/2008 17:03:46



Efeito da paixão // Alucinante vontade

Tremor no corpo // Tomando tudo

coração vibra forte// apaixonadamente,

desejo / o nosso amor...

Mara Pupin // Marcos Loures

Publicado em: 31/03/2007 14:59:20
Última alteração:28/10/2008 06:08:36


EFEITOS COLATERAIS DO UÍSQUE
O rapaz num bar para uma mulher:
- A senhorita aceita um uísque?
- Não posso. Me faz mal para as pernas.
- As suas pernas incham?
- Não! Abrem.
Publicado em: 12/09/2008 16:32:29
Última alteração:17/10/2008 13:25:29



EI, EU AMO VOCÊ
Eu só quero seu tempero,
Misturado na panela.
Meu amor é verdadeiro,
Tanto amor tenho por ela...

Tem a delícia do sal,
No tempero do churrasco.
Bolinho de bacalhau,
Por essa moça eu me lasco...

O sabor de cheiro verde,
Temperando essa morena;
Depois deitado na rede,
Da saudade tenho pena...

Um maço de cebolinha
Temperou o nosso amor,
Depois ela vem, s’aninha,
Esquentando meu calor...

Da salsinha que tempera,
Dá sabor para a comida;
Coração batendo fera,
Temperando nossa vida...

Alho com beijo na boca,
Não combinam na verdade,
Amor al dente, faz louca,
Aquela tranqüilidade...

A cebola no meu bife,
Dá um gosto especial,
Não me chame de patife,
Esqueça esse carnaval...

Noz moscada é o seguinte,
A comida fica boa,
Tem mulher pra mais de vinte,
Tem menina e tem coroa...

Pimenta deixa arretada,
Qualquer comida baiana,
Meu amor, de madrugada,
É gostoso, se sacana...

Erva doce dá tempero,
Na broa fica um encanto.
Amorzim, me dá um chêro,
Senão vai rolar meu pranto...

Mostarda na minha pizza,
Naquela de quatro queijos.
Meu amor vê se m’atiça
Na delícia dos teus beijos...

Catchup tem seu gosto,
Por demais adocicado;
Me deixa beijar teu rosto,
Deixando, fico empolgado...

Um limão cai bem no peixe,
Dá um sabor delicado;
Meu amor nunca me deixe,
O resto deixa de lado...

Se quiser, coentro, te trago;
Ajuda no temperar,
Quero a paz desse teu lago,
Aprender, nele, nadar...

Pimenta do reino traz,
Sabor a mais no salame;
Meu amor vou ser capaz,.
De tudo desde que m’ame...

Se tempero enfim, faltou,
Perdão te peço, querida.
Tanto amor que temperou,
Temperando minha vida...

Publicado em: 26/06/2008 20:44:17
Última alteração:19/10/2008 22:23:00



Muitos sabem que, para cada neto meu, tenho um cofre onde, de maneira democrática vou colocando moedinhas, como várias pessoas fazem.

Como tenho seis netos, junto seis moedas de igual valor e coloco uma em cada cofre, a fim de que, no frigir dos ovos, todos fiquem com a mesma “fortuna”.

Mas, ao nascer meu sexto neto, o Marcos Vinícius, no dia 2 de fevereiro último, fui procurar um cofre igual aos outros cinco e, depois de muito andar entrei numa papelaria na Rua Barão de Monte Alto.

Uma das meninas, tão educada quanto as outras, aproximou-se e ouviu o meu pedido:
-Estou procurando um cofrinho, daqueles de criança. Você tem?
-Temos sim, cofrinhos de todos os tamanhos e tipos.

Diante da resposta indaguei em voz alta, já interessado na compra:
- EU POSSO VER O SEU COFRINHO?

Ao ouvir a pergunta, as outras atendentes não conseguiram conte o riso e, só então, eu percebi a besteira que tinha falado...

Felizmente a loja não tinha o modelo que eu queria, ou seja o cofrinho da moça era muito grande...


Marcos Coutinho Loures

Publicado em: 04/04/2007 22:45:52
Última alteração:30/10/2008 06:15:10


EIS O AMOR... /

Amor, doce recato em que se atreve
A ousadia nele penetrar -
Por isso tanto jogo pra qu'o enleve,
Tornando-o depois naquele dar

Já sem pudor agora é até mais breve
Aquele desespero pra voltar
Então é brasa é gelo é fogo é neve,
Na movimentação - no cavalgar...

Amor ressuscitando a primavera
Mesmo no duro inverno faz estio.
Acende e queima a vela qual pavio

Corrói abrindo o peito uma cratera.
Ao rude transtornando em pura graça
Num átimo transforma fera em caça.

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 21/08/2007 21:57:22
Última alteração:05/11/2008 14:23:21

Minha amada, meus amô
Tanta coisa se passô
Só num isquici vancê,
Seu zóinho taum bunito
Como posso mi isquecê?
Si contá eu num credito...

Vancê foi fulô férmosa
Cum seu pérfume de rosa
Conquistô meu bem querê
Toda veiz quando é noitinha
Me aprepáro prá dizê
Da muié sumentes minha

Qui se foi prá num vortá,
Dá vontade di chorá,
De sodade do meu bem,
Vem cumigo, caprichosa
Dêxa di sê orguiosa
Vem comigo, agora vem...

Te do o sór di presente,
Mostro meu cantá contente
De mãos dada passiá,
Dibaxo da lua crara
Meus amô qué namora
Entonces vem, se prepara,

Que essa noite num é nada,
Quano chegá madrugada,
Vem matá a minha sede
De tanto que quero assim,
Deitadinho nessa rede,
Cum vancê perto di mim!




Publicado em: 05/03/2007 21:55:04
Última alteração:06/11/2008 11:31:01



Ela é quem quis , mas sou eu quem paga o parto
149

Ela é quem quis , mas sou eu quem paga o parto.


Culpado do que fiz,
Eu dessa vida estou farto,
Foi ela quem sempre quis,
Mas agora, eu pago o parto.

Marcos Coutinho Loures


Bicho otário, deste jeito,
Em qualquer papo ele cai,
Mas me deixa satisfeito,
Na verdade eu sou o pai...
Publicado em: 21/11/2008 13:34:17
Última alteração:06/03/2009 16:57:55



ELA ME DEIXOU
Ela me deixou
Que mulher danada
Eu agora vou
Tomar uma cachaça.
Vou beber até
O sol nascer na praça...

Volta pra mim
Volta depressa
Que faço da vida,
A dor recomeça
Batendo no peito
A saudade machuca
Saudade do amor
Da moça maluca

Que ela me deixou
Esta desgraçada
Tudo o que restou
Já não vale nada
Eu estou chorando
Com saudades dela
Ela me deixou.
Meu nariz já mela...

Volta pra mim
Mas volta depressa
Que faço da vida
A dor recomeça
Batendo no peito
Saudade tão maluca
Saudade do amor
Ainda machuca...
Publicado em: 15/08/2008 14:11:47
Última alteração:19/10/2008 20:13:22


Ela que se revela

Ela que se revela
Audaz e tão gulosa,
Enquanto majestosa
Cavalgando já me sela
Atrela-se comigo
Estrela soberana
Gostosa e tão sacana
Xaninha. Vem ser minha
Que ao fim desta viagem,
Na doce sacanagem
Molhando esta paisagem
A toca que se estoca
E brota em doce fonte.
Pois monte o teu cavalo,
Potranca generosa
Nas ancas quando gozas
Remelexos e prazeres.
Lambendo o teu portal
Fazendo um carnaval
Fudendo a noite inteira...
Publicado em: 14/08/2008 12:15:06
Última alteração:07/10/2008 15:19:37



ENVOLTO NOS TEUS BRAÇOS - sextina


Envolto nos seus braços, vou seguindo,
Procuro no teu colo, um acalanto,
Amor feito disforme é sempre lindo,
Rebenta em emoção, inunda em pranto,
Na lábia do menino, vou fluindo,
Entregue sem limites, amo tanto.

A força em que se emana amor que é tanto
Deixando rastros que eu irei seguindo
E o dia nos teus braços vai fluindo
Toando no meu peito este acalanto,
Secando em riso franco qualquer pranto
Mostrando alvorecer divino e lindo.

No rosto desta deusa, calmo e lindo,
Certeza de que um sonho se faz tanto.
Reféns de uma amargura feita em pranto
Estrela que esparrama, irei seguindo
No canto mais sublime um acalanto
Aos poucos dia-a-dia está fluindo.

O rio mansamente assim fluindo,
Descendo para o mar divino e lindo,
Cascatas vão cantando em acalanto
Nos sons que imaginei e quero tanto
As margens deste rio estou seguindo
Atrás de cada gota do meu pranto.

O medo de viver formando em pranto
Estrelas constelares que, fluindo
Espalham tantas luzes, vou seguindo
Caminho que enobrece raro e lindo
Depois de procurar decerto tanto
Encontro a paz em forma de acalanto.

Ouvindo o vento em forma de acalanto
Deixando esmorecer antigo pranto
Esqueço o sofrimento que foi tanto
Envolto na esperança, assim fluindo
Encontro finalmente amor tão lindo
E cada passo seu quero ir seguindo.

O som que vou seguindo, um acalanto
Deveras raro e lindo, seca o pranto
E nele vai fluindo amor que é tanto...
Publicado em: 17/01/2008 20:37:12
Última alteração:22/10/2008 16:44:27

EPIDEMIA
Sabia que restavam poucas horas, poucos minutos, era uma questão de tempo. Favas contadas, sabia que não tinha mais escolha.
Recebera a notícia havia muito pouco e essa era a sua última manhã.
Fora a vida inteira um pragmático. Sabia que a morte era inevitável.
Até a desejava, no íntimo.
Daria tempo para arrumar o quarto? Mas, para que arrumar se nunca mais seria seu, se nunca fora e não mais dormiria naquela cama.
Tudo seria incinerado, tudo.
Tinha consciência disso, inclusive fora um dos principais lutadores para que fosse assim.
Seu sacrifício seria a salvação de muitos, mas não de todos. A mulher já tinha ido embora, graças a Deus!
Levara pela mão o filho, única esperança que restava, nada mais.
A cidade estava infestada e sua batalha fora necessária, um sacrifício que, para muitos seria estúpido, mas inevitável.
Contabilizavam-se mais de milhão de vítimas fatais, isso sem contar às milhões e milhões contaminadas.
O homem ainda venceria, como sempre fez, desde tempo imemoriais.
Mas agora, nada mais a dizer nem a fazer.
Tinha que ligar para o centro de controle e sabia o telefone de cor.
Daí para a incineração de tudo e, principalmente, a dele.
Parecia cruel que, em pleno século 21, isso acontecesse. Mas era inevitável.
A morte seria inevitável, morte dolorosa e sem ar, com uma falência múltipla de todos os órgãos e funções.
Morte extremamente dolorosa, melhor seria uma aplicação venosa de cloreto de potássio. Ardia, mas era melhor que a agonia.
Depois, a incineração, o corpanzil reduzido a cinzas. Seus livros, memórias e suas músicas, tudo agrupado numa sacola e enterrada.
Junto com tantas biografias, seria estranho se pudesse entendê-las, ou as conhecer.
Ali, ao contrário dos cemitérios convencionais, não haveria nenhum resquício das diferenças de classe.
Todos sepultados em profundas covas, sem nome, sem identificação.
O telefone tocara e isso o despertou, faria sua última ligação, suicida. Necessária.
A noite trouxe a hemoptise e a epistaxe, a cama ficara rubra, totalmente inundada.
O suor denunciava a febre e o medo apoderara-se.
O laboratório já o havia prevenido, sabia bem o que tinha que fazer.
O antes portador era agora doente e, portanto ativamente contaminante.
Ao atender a chamada, não pode deixar de engasgar.
A mulher e o filho, como sempre, perguntando como estava.
Preferiu mentir, de nada adiantaria a verdade, de nada.
Tudo bem, estou ótimo, cada vez mais forte...
Assim que desligaram, não teve escolha.
“Sim, doutor, sabemos como agir.”
“Espere um pouco, sim, estaremos aí em meia hora.”
Meia hora, tempo para nada, nada...
Tomou um banho e sorriu.
Olhou para cada metro do quarto, numa inútil e insensata despedida.
A porta abriu-se, reconheceu o enfermeiro.
“Vamos lá, sem piedade.”
O fogo ardeu tudo.
Nada restou, nada.
Vazio...
Publicado em: 20/08/2006 06:25:07
Última alteração:26/10/2008 22:33:46



Entre estrelas te encontrei,
Entre estrelas te encontrei,
A mais bela e mais brilhante,
Nos teus braços mergulhei
Lapidando um diamante...

Publicado em: 13/08/2008 19:30:45
Última alteração:19/10/2008 20:01:52




ENTRE NÓS DOIS
entre nós dois
eu não sabia
que havia alguém
que tomaria
o teu amor...

pensei poder
ficar aqui
mas percebi
que sem prazer
perdi você...

não posso mais
já me cansei
barco sem cais
eu me entreguei
aos temporais

volte pra mim,
não fique assim,
eu juro mudo
minha conduta,
mas não me iludo
porém contudo
não sobrou nada
entre nós dois

levaste a melhor parte
daquilo que sonhei
amor não se reparte
jamais partilharei

se ainda fosse um
deixava pra depois
mas não vou te dividir
com mais de dois...

amor não faça dengo
com a torcida do Flamengo
não dá para encarar
tem Paulo, Joaquim,
Francisco e Genuíno,
mineiro e nordestino,
é tudo flamenguista
e eu: sou vascaíno...
Publicado em: 15/08/2008 17:17:02
Última alteração:19/10/2008 20:16:18

Entregando o coração
Entregando o coração
Pra morena sem juízo,
Ao perder a direção,
Encontrei o Paraíso...
Publicado em: 16/12/2009 14:29:32
Última alteração:16/03/2010 12:32:25


Eu me lembro, amor, eu me lembro...

Foi numa tarde fria que me deixaste sozinho, saindo por esta mesma porta, sem nada dizer...

A bem da verdade, nem era preciso, pois já tinha lido em teus olhos, que o amor havia terminado e não seria justo te pedir para ficar.

Quis avisar-te dos perigos, mas em vão... Nada quiseste ouvir. Estava tudo terminado.

-Ah! Amor!

Como esta casa ficou triste e sombra, desde tua partida! Um frio intenso se apossou de meu coração e não sei como pude resistir, longe de teus carinhos...

Uma febre intermitente incorporou-se a mim e em meus delírios eu te imaginava sofrendo e acordava, chorando a tua ausência, no leito da solidão...

Parecia que nada daquilo estava acontecendo de verdade, que era um simples pesadelo... foram dias, meses, anos de uma dor imensa e de um frio intenso congelando toda a minha alma.

Em nenhum instante eu deixava de lembrar do nosso amor pois tudo falava de ti: a escova de dentes, o sabonete, o resto de perfume e aquela cadeira vazia.

O tempo se encarregou de secar minhas lágrimas e hoje, cansada e ferida, bates à minha porta em busca de abrigo e me olhas, de um jeito estranho que machuca o coração; e eu te digo:

Entra, minha amiga! Ainda resta um pouco de perfume naquele frasco e tua cadeira está vazia...

Tudo que aqui está é teu também. Só não posso te dar de volta aquele amor, pois ele começou a morrer naquela tarde fria em que me deixaste sozinho, saindo por aquela porta, sem nada me dizer!

Entra! A casa é tua!

Marcos Coutinho Loures

Publicado em: 07/04/2007 09:25:20
Última alteração:27/10/2008 19:11:12



Entrando no teu quarto e te sentindo,
A carne dura,o corpo tão macio...
Teus lábios num sorriso me pedindo
Calor que te proíba tanto frio...
Na cama com meus braços te cobrindo,
Lá fora o minuano, aqui estio...

As tuas costas belas, lindas, nuas
A mão te percorrendo devagar,
Na claridade intensa de mil luas...
A cútis, doce mar a navegar...
Comigo neste sonho tu flutuas
E a noite vai passando assim, sem par...

E somos, de repente, um só sorriso,

Publicado em: 26/04/2007 11:56:33
Última alteração:23/10/2008 11:31:47



Hipnotiza-te
com seu guizo
envolve-te
em seus anéis
corredios
beija-te
a boca em flor
e por baixo
com seu esporão
te fende te fode

e se fundem
no gozo

FERREIRA GULLAR



Entranho um falo ardente em tua toca
E meto este esporão com fome e fúria
Na louca transgressão desta piroca,
Promessa tão insana de uma incúria.

E mexes teus quadris, divinas ancas,
O gozo compartilhas com imagens
De mais de uma dezena de potrancas
Que invadem com mil mágicas miragens

Rebolas sobre mim, abertas fendas
A língua me mordisca no galope
E enfim orgasmos múltiplos desvendas
A sede não permite nem quer stop

Quando a serpente em leite então poreja
A boca mais faminta bebe e beija...

Publicado em: 14/08/2007 19:43:13
Última alteração:14/10/2008 13:27:00



entre a loura e a morena prefiro as duas...
167

entre a loura e a morena prefiro as duas...

Trova MCL

Sejam grandes ou pequenas,
Vestidas ou quase nuas,
Entre as louras e as morenas,
Eu sempre fico com as duas...

Contra trova ML

Camarada meu amigo,
É melhor fazer exame,
Se chorar, depois não ligo,
Gosta de passar vexame!
Publicado em: 23/11/2008 20:31:05
Última alteração:06/03/2009 16:49:03


Então vamos nessa agora

Então vamos nessa agora
Deixa pra lá o seu pai,
Romaria, amor, demora
É hoje que a casa cai!
Publicado em: 14/08/2008 07:19:38
Última alteração:19/10/2008 20:39:16


Ensina-me a Te Esquecer!

Não me ensinaste nesta dura vida
Como poder viver sem teu amor.
A vida passará tão dolorida,
Ensina-me, te peço, por favor...

Em cada amanhecer, procuro o sol,
O mesmo sol que sempre te encontrava
Nessa cama, onde a gente tanto amava,
E nada, nada tenho por farol...

No vento que espalhando teu perfume
Agora nem as flores mais resistem,
Pois sabem que partiste e já desistem,
Nas pétalas sem cores, um queixume...

Nas águas das cascatas que banhavam
Teu corpo divinal, a seca veio,
Saudades do teu alvo e belo seio.
Por onde meus carinhos penetravam...

Não me ensinaste a amar! Tanto sofrer...
Saudades que deixaste, minha amada.
Pedindo, de joelhos, quase nada:
Apenas que me ensines te esquecer!
Publicado em: 08/12/2006 18:25:45
Última alteração:28/10/2008 20:54:54


ENERGIZADO
qüinquagésimo aniversário de casamento.
Mesmo cansados pelo tempo, resolveram comemorar as Bodas de Ouro, de maneira diferente.
A esposa sugeriu que os dois repetissem os mesmos passos dados há 50 anos, quando se amaram pela primeira vez e ela recordou.

- Iam os dois em direção à Igreja para o casamento quando, movidos pela paixão e pelo desejo, o noivo abraçou a noiva e, sob uma frondosa mangueira, encostada numa cerca de arame, ele a possuiu.

Segundo ela, aquela foi a primeira vez do casal e a data teria que ser comemorada.

Bem mais rápido do que imaginavam, o dia chegou e o casal começou a repetir todos os passos do dia do casamento, ocorrido há 50 anos.

E lá foram eles, de mãos dadas, pela longa estrada que levava à Igreja do distrito.

Logo após, avistaram a mangueira e o esposo, abraçando a mulher, encostou numa cerca de arame e começou a abraçá-la, como fizeram amor, de maneira surpreendente.
- Foi incrível- disse a mulher! E completou:


- Lembro-me muito bem que nem aquele dia você estava, com tanta energia, com tanto fogo como hoje, 50 anos depois.

O marido, quase morto de cansaço, um palmo de língua para fora, explicou:

- Resta saber qual foi o desgraçado que colocou choque elétrico na cerca de arame...


MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 18/11/2008 12:41:32
Última alteração:06/03/2009 19:05:23





Encontro um ideal
Distante das sombrias
Noites onde o mal,
Transita em agonias,

A dor em funeral
Morrendo em mãos tão frias
Lágrima sepulcral
Já não terá magias.

Nem cravos sequer lírios,
Somente uma grinalda,
Quem teve tais martírios,

Por certo já se escalda,
No encanto, mil delírios
Teu mel, um doce em calda...
Publicado em: 06/07/2007 22:48:36
Última alteração:14/10/2008 16:40:44





Encontro meu prazer andando do teu lado,
Ventura deslumbrante, em versos mais felizes.
Deixando para trás as dores do passado
Percebo em nosso céu os mais belos matizes.
Meu canto se mostrando assim, apaixonado
Permite que eu me esqueça antigos; maus deslizes
Quebrantos eu não temo, o tempo clareou
A vida já sorriu; pranto não mais rolou...

Publicado em: 01/12/2007 17:08:16
Última alteração:10/10/2008 15:01:41


ESTUPRA... MAS NÃO MATA...

Mais uma vez, com a chacina de Ponte Nova, ficou demonstrada a precariedade do sistema carcerário brasileiro.

Em qualquer país civilizado do mundo, o fato seria considerado uma tragédia, mas aqui entre nós, a maior preocupação que traz é o DESGASTE POLÍTICO. O fato de terem morrido 25 ou 199 ou 115, pouco importa, pois a vida humana passou a ser uma coisa de pouco valor, dentro ou fora de uma cela.

As estatísticas mostram que nosso trânsito mata tanto quanto as armas de fogo, da mesma forma que muitos morrem vítimas de balas perdidas ou na porta dos Hospitais Públicos, sem atendimento médico, ou nas calçadas numa disputa de vaga para dormir com os cães vadios.

E os cães de guarda continuam atacando crianças e idosos, dilacerando suas carnes, pelos crimes de passarem perto das mansões que protegem, sem que nada seja feito em defesa das vítimas.

Morre-se por muito falar e mais gente morre ainda, por não saber dizer nem pedir os seus direitos.

Somos mortos por bandidos nos sinais de trânsito, por termos ou não celulares, por estarmos ou não armados, por motivo ou sem motivo e nada é feito.

Violentam nossas filhas e saem zombando das leis, ao afirmarem que, pelo menos não as matam, com o aval do Paulo Maluf que dizia: ESTUPRA, MAS NÃO MATA...

Com o acontecido em Ponte Nova, pelo menos de uma coisa ficamos certos. Lá dentro, há tanta segurança quanto aqui fora.

Se serve de consolo...

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 10/11/2007 16:09:39
Última alteração:24/10/2008 14:31:50


Estrela guia Meus passos leva
Estrela guia
Meus passos leva
Espaços, ganha,
Em fantasia
Amor me enleva
A poesia
De ser assim,
Guardar em mim,
Amor imenso
Aonde penso
Me redimir.
Quero teu colo,
Estrela guia
Voar liberto
Sem agonia
Numa utopia
Que não tem fim..
Publicado em: 15/10/2008 20:01:20



No tabuleiro da serra
Seguindo pelas estradas
Vou trilhando pelas terras
Nas noites enluaradas.
Estrelas por companhia
Em busca do meu descanso
As três marias por guia
Em Maria o meu remanso...

Amar Maria me trouxe
O peito novinho em folha
Tanta tristeza acabou-se
A vida permite escolha
Por isso que eu quero tê-la
O mais depressa comigo
Com Maria, a boa estrela,
Eu não corro mais perigo.

Vou correndo tão ligeiro
Procurando seu carinho
Coração sempre matreiro
Encontrou o seu caminho.
No colo dessa morena
Que não me deixa mais só
O final da estrada acena,
Minha alma cheia de pó.
O pó de tanto sofrer...
Maria sabe varrer!
Publicado em: 09/12/2006 08:04:47
Última alteração:28/10/2008 20:27:11




Estás em cada sonho
Adentras cada verso,
O mundo mais risonho
Percebo no universo
Que encontro no teu corpo,
Estrela que me guia,
Decerto o belo porto
Que aporto em poesia.
Beijando calmamente
Teus lábios poderei
Saber o que ora sente
Quem faz do amor a lei.
Nos mares de prazer
Que em ti, quero e procuro,
Na sorte de sentir
Cabeça em rodopio,
Estendo o meu porvir,
Nas mãos que fantasio,
Vencendo esta distância
Num átimo eu encontro
Amor que em elegância
Renega o desencontro.
Estrela que me guia,
Em meio aos vendavais,
Do amor em alegria
Eu bebo e quero mais.
Estrela que me guia,
Me leve para o sul,
Nos braços da guria,
A vida sempre azul.
Publicado em: 08/03/2008 17:14:27
Última alteração:22/10/2008 15:28:59

ESTOU TE ESPERANDO, AMOR!

Não vejo se vais ou ficas
Apenas quero teu mar
Nas luas que edificas
Nos raios deste luar
Vencido pelo cansaço
Espero noite chegar
Deitando no teu abraço
Até de novo, sonhar.

Não quero teu gesto amargo
Nem lendas que não contei
Amor avança num trago
No canto que escolherei
Na cama te peço afago,
Se me deres, viro rei...
Amor invado teu lago
Tanto amar, a nossa lei...

Cativas e não percebes
Que quanto mais me cativas
Mais carinho tu recebes
As flores são sempre vivas
Viajando nossas sebes
Por tantas noites altivas
Amor tu nunca concebes
Em nossas doces salivas...

Mas se quero o teu amor,
Teu amor eu necessito,
Vivendo tanto calor
Se não vier, estou frito!
Publicado em: 19/12/2006 19:11:23
Última alteração:28/10/2008 20:34:16



Eu quero teu amor, sou jardineiro,
Que cuida com esmero o tempo inteiro
De todo esse jardim que eu encontrei.

Eu venho com carinho de manhã
Fazendo meu ofício com afã
Amor demais a ti eu dediquei.

Tu sabes não demoro por que quero
Amor igual ao teu sempre venero
Espero que tu venhas logo, logo,

Eu canto este meu canto tão sincero
Meus braços nos teus braços sempre espero,
Em todo essa ternura eu já me afogo

O teu olhar decerto enternecido,
Precisa deste amor tão bem querido
Que faz com que eu consiga, enfim, voar.

Amada como é bom te amar demais,
Em ti, eu percebi que toda a paz
Precisa de É bom te amar!









Amor que
Se de
rra
ma
Em nossas vidas
Fazendo a festa
Trazendo o sonho
Abrindo a fresta
Do coração.

No gozo pleno
Do amor sereno
Um gosto ameno
Felicidade
Que assim invade
Deixando a dor
Já bem distante...

Publicado em: 09/04/2008 20:50:14
Última alteração:21/10/2008 18:20:19




Você diz que amor não dói?
Dói dentro do coração.
Queira bem e viva ausente,
veja lá se dói ou não...
Tô com saudade, meu bem,
Do teu beijo e do teu cheiro,
Sem você não sou ninguém
Perco até meu paradeiro...

Vontade de te beijar
Vontade de te querer
Vontade de namorar
Vontade de me perder...

A saudade maltratando
Não pára de latejar,
Meu amor tô esperando
Quero logo te encontrar...

Meu amor quando estou perto,
De alegria vou vivendo,
Mas distante... Que deserto!
O que era bom vai doendo...

Mas espero minha flor
Que nasceu lá no cerrado,
Eu te tenho tanto amor,
Pois estou apaixonado!

Observação: a primeira trova é da região de Ouro Fino Minas Gerais

Publicado em: 10/03/2007 12:07:02
Última alteração:28/10/2008 17:22:12



Amigo, tantas vezes é difícil
Erguermos a cabeça, se caímos.
Parece tantas vezes impossível
Desta cilada toda, nós sairmos...

Mas tente perceber quanto podemos
Com força e com vital intensidade
Se enfim recomeçarmos sem ter medo,
Encare assim qualquer adversidade...

Resolva seus problemas sem demora,
Amanhã com certeza outros virão...
Não tema se cair, meu companheiro.
Os pés apoiarás no mesmo chão...

A dor que se promete não virá
Se tudo tenazmente resolver.
Nem sempre conseguimos, mas escute.
Querer, em tantas vezes, é poder!
Publicado em: 22/01/2007 11:28:42
Última alteração:28/10/2008 19:14:15


ESTOU FELIZ


Sentindo que a alegria se assenhora
De todos os sentidos, pensamentos.
O dia recomeça e me decora
Nos brilhos em que encharcas meus momentos.
Felicidade? Quero e quero agora!
Calando totalmente os meus tormentos.
Numa alegria assim, tão rara e plena
Um dia mais brilhante já me acena...
Publicado em: 23/11/2007 09:55:05
Última alteração:28/10/2008 12:15:52


Estou sendo verdadeiro
Estou sendo verdadeiro
Pago com mesma moeda
Quanto maior o coqueiro,
Bem pior, garanto, a queda...
Publicado em: 07/08/2008 15:05:37
Última alteração:19/10/2008 22:19:06




Felicidade chegando
Sem sequer bater na porta,
Meu amor estou te amando,
Na verdade isso é que importa!
Publicado em: 02/09/2008 15:57:06
Última alteração:08/09/2008 04:57:23



Ser feliz? Tudo o que quero
Seja do jeito que for,
Mas eu te juro que espero
Que seja contigo, amor...

És a dona dos meus versos,
A rainha dos meus dias,
Todos os sonhos dispersos
São completas fantasias

Se não vens aqui comigo,
Se estás assim tão distante.
Necessito deste abrigo
Do teu corpo irradiante.

Lua bela que sonhei,
Nessa noite, apaixonado,
No teu corpo mergulhei
Meu amor extasiado...


Publicado em: 28/04/2007 16:54:08
Última alteração:06/11/2008 08:35:16



Quanto tempo na saudade
Quanto tempo sem te ter.
Viver é ter liberdade
Liberdade de querer...

Quero o gosto da morena
De canela cravo e mel.
Na tua boca pequena
Morena, encontrei o céu.

Quero o cheiro de capim
Nosso amor, terra molhada,
Quero o teu amor em mim,
Meu bem querer, minha amada...

Meu amor quero viver
Sempre, sempre ao lado teu.
Numa casa de sapê
Nosso amor sempre se deu.

Recebi o teu recado
Nas asas do passarinho,
Eu estou apaixonado,
Já não vivo mais sozinho...
Publicado em: 13/02/2007 16:57:02
Última alteração:28/10/2008 18:06:06


Eu canto este meu canto
A quem desejo tanto
Se encanta em meu cantar.
No canto que te canto
Se tanto encanto tem
Vontade de ficar
E de ser teu, meu bem...

Na lua do sertão
Deixei meu coração,
Batendo como o quê,
Te dei meu coração
Nos versos que te faço
Mas não vejo, cadê?
Fugiste do meu laço.

Morena do cerrado
Estou apaixonado
És todo este meu sol
No canto apaixonado
Que faço para ti,
Me sinto um girassol,
Meu rumo já perdi...
Publicado em: 17/02/2007 12:11:15
Última alteração:28/10/2008 18:05:09



Amor que assim desejo
Em cada verso teu,
Mostrando que o caminho
Jamais norte perdeu.

Cantando alegremente
Tanto prazer que sonho,
Na boca mais gostosa,
Amor que a ti proponho.

Beijar teus belos seios,
Dourada e amada lua,
Não tenho mais segredos,
A noite continua.

Tua nudez se mostra
Em rara limpidez,
Eu quero recompor
Em tal insensatez

Um canto sem discórdias,
Um gesto mais ousado,
Pois saiba, que por ti,
Estou apaixonado!
Publicado em: 31/03/2008 21:35:38
Última alteração:21/10/2008 20:15:46



Nas sendas luminosas
Caminhos mais floridos
Encontro as belas rosas
Que um dia já sonhara
Ternura que sei rara
Encerras no teu peito,
Do jeito que vieres
Irei sempre contigo,
Beber de tua boca,
Deitar em teu abrigo
Paixão que invade louca,
Já todos os sentidos.
O teu perfume invade
A casa, a cama, o quarto,
Te ver desnuda aqui,
Na transparência, os seios,
A tez amorenada,
Teus lábios, tua pele,
Provar cada sabor
Do doce feito em sal
Suor e mel trocados.
Ouvir a tua voz
Sereia que domina,
Tocar a maciez
Da fera que alucina.
Em todos os sentidos
Tocar, provar e ver
Ouvir, cheirar beber,
Prazeres garantidos...
Publicado em: 07/04/2008 12:24:45
Última alteração:21/10/2008 19:59:51


Num mar de estrelas
Vê-las
Tocá-las
Senti-las
Roçar o teu corpo
Imerso em constelações
De desejos e sonhos.
Atento a cada toque,
Num rito interminável
Arável emoção.
Atado a teus caminhos
Sendeiro coração
Galopo pelo espaço
Cavaleiro liberto,
Tatuando o teu nome
Eternizado sentimento.
Vento solar
Causando tempestade...
Publicado em: 31/07/2008 12:53:02
Última alteração:19/10/2008 22:03:25


estou apaixonado por você
Ao vértice de um sonho me elevando
No enfoque tão sublime da alegria.
Um novo amanhecer mais calmo e brando
Se faz em nosso mundo, uma alquimia
Que traz em flauta doce, uma avezinha
O amor que em nossos versos já se alinha.
Publicado em: 03/09/2008 16:56:06
Última alteração:08/09/2008 04:45:01


estou apaixonado por você
Que tua vida traga a mansidão
E também a loucura e o sofrimento
Que te faça ter paz e ter tormento
Elementos que formam a paixão.

Alegria em um dia, a dor, tristeza,
Pois sem elas jamais serás feliz.
Todo o contraste forma esse matiz
E na diversidade está beleza.

Somente em sofrimento cresceremos
Esta é uma verdade inquestionável
Pois toda a maravilha é ser mutável
Mas acima de tudo, nos amemos,

Quando ele se refaz se fortalece,
Não deixe que saudade te domine
Ela nunca terá luz que te ilumine
Se encontra na penumbra; estão, esquece.

Mas deixe a fantasia renascer
Nela está o teu sonho, companheiro,
Mas não se esqueça; amor só verdadeiro,
Senão em pouco tempo irás sofrer.

Aceite todo o brilho de quem amas,
Poderá clarear a tua estrada
Mas não fique na sombra, iluminada,
E saiba que produzes tuas chamas.

São tuas não apague-as jamais.
Pois amanhã terás teu próprio dia
A noite, sem teu lume, será fria.
E mostre que também tu és capaz.

Não deixe que esperança te atormente
E te impeça de ver a claridade,
Mas não a deixe morta. A liberdade
É feita em tentativas, sempre tente.

Porém nunca desistas deste amor
Que guia e que transforma nossa vida,
Lembre-se que de toda despedida
Nos traz um novo encontro, traz calor.

E tente ser deveras humorado
Mau humor contagia e fere fundo.
Por vezes se espalhando num segundo
Não deixa que ninguém fique ao teu lado.

Terrível solidão, tão importante.
Quando estamos sozinhos, nós crescemos,
Pensamos, torturamos, conhecemos
E talvez não erremos adiante.

Saiba que dessa treva faz-se a luz,
Deste tempo nublado, em tempestade
O mundo nos trará fecundidade.
Das lágrimas celestes se produz.

Não há nada nocivo totalmente
Nem nada que não seja tão benéfico
Com certeza, benéfico e maléfico,
Se encontram no veneno da serpente,

Até na doce abelha em favo, mel,
A morte pode estar a nossa espreita.
Nenhuma criatura nos foi feita
P’ra nos satisfazer. Deste pincel,

Aprenda que o conjunto nos revela
A beleza final de toda essa obra.
E se nunca cuidares, a vida cobra,
Não deixe que destruam esta tela,

És dela, personagem e como tal,
Também irás morrer se não cuidares,
Das águas, das florestas e dos ares.
De todo vegetal e do animal.

Ânima, animado, alma, como a tua.
Receba a doce brisa deste amor,
Incorruptível, mágico senhor,
Que traz toda a beleza da alma nua.

Também deixe que a música te invada,
Ela amenizará os teus tormentos,
Com ela uma certeza d’outros ventos,
Descansa nossa vida tão cansada!

A cada flor que nasce um novo tempo
De vida que refaz em própria vida
Da morte muitas vezes dolorida.
Este ciclo não deixa contratempo.

A tua própria morte é necessária
Senão como teremos nossos filhos?
O trem que descarrila dos seus trilhos
Deixa toda a viagem temerária.

É preciso seguir sempre, não canse;
Não deixe este desânimo vencer.
Embora preguiça é bom de ter,
Seja hoje ou amanhã, teu sonho alcance,

Mas, se não conseguires, não desista.
Depois, prorrogação, se Deus quiser!
E venha, sabe Deus, o que vier.
viver a cada dia e ser artista.

Todas as promessas são de paz.
Em todas as discórdias, o bom senso.
O mundo é tão pequeno e tão imenso,
Acaba num segundo e nunca mais!

Por isso, companheira, por favor,
De tudo que eu já disse nos meus versos,
De tudo que houver nos universos,
O que nos salvará? Somente amor!
Publicado em: 09/09/2008 15:02:26
Última alteração:17/10/2008 14:35:18



estou apaixonado por você
Do teu caminho conheci segredo
Dos mansos passos luzes, brilhos, paz...
Penas que foste embora logo cedo,
Deixando apenas a lembrança audaz
De uma guerreira impávida, sem medo.
Tanta tristeza minha noite traz!
Na vida eu merecia um outro enredo.
Será que prosseguir, eu sou capaz?

Pois quando enfim chegar o triste inverno,
O coração vazio, quieto e triste.
Amor que merecia ser eterno;
Jóia entre tantas jóias, a mais rara,
À dor da punhalada não resiste
A ausência deste amor que se foi para
A mais brilhante estrela do universo
E surge, renascendo em cada verso...
Publicado em: 10/09/2008 15:03:50
Última alteração:17/10/2008 14:37:33

ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ
Se este meu cantar versejo
Com trovejo e com vontade
Meu amor é realejo
Que me deu tanta saudade.
Se te quero como queres
Se me queres como eu quero,
Nunca vão faltar talheres
No banquete que eu espero...
Na lua botei a rede
Noutro lado presa ao sol.
Deste amor morro de sede,
Sou teu louco girassol.
Sol nasceu no firmamento
Eu firmei meu coração.
Te afirmo a todo momento
Confirmo minha paixão...
Publicado em: 11/09/2008 18:01:08
Última alteração:17/10/2008 14:57:01


Nas penas que me causas, sem pudor,
Apagas belos lumes das estrelas,
E matas esperanças, minhas velas,
Naufragas meu saveiro em desamor...

Não podes traduzir as tempestades
Que foram, cada dia, mais potentes.
As dores se tornaram envolventes,
Sem o brilho estrelar, obscuridade!

Com o tempo, essas penas desbaratam,
E não restam sequer mínimos traços.
Estrelas voltarão aos seus espaços
E as tramas dolorosas se desatam.

Aguardo feramente tais mudanças,
Numa aspereza tal que já me estanho,
Pois depois desta perda virá ganho,
E os ares venenosos das vinganças!
Publicado em: 15/09/2008 18:48:52
Última alteração:17/10/2008 13:33:42



Amor que de novo
Trazendo saudade
Aos olhos me salta
Qual força bendita
Que sempre tão prosa
Me lembra essa rosa
A rosa bonita
Que quis liberdade
Porém não sabia
De tal claridade
Que a tarde já traz
A felicidade...

Que faço da flor
Que nada queria
Aos olhos sinceros
Sem ter falsidade
A rosa orgulhosa
De tudo vaidosa
Por toda a cidade
Mas nunca se ria
Matou colibri
Que sempre pedia
Um pouso sereno,
Mas nunca teria...

Amor tão ameno
A noite renasce
Fazendo da vida
Um sonho risonho
Saudade ardorosa
Colibri perde rosa
Vivendo tristonho
Com tal desenlace
Morreu colibri
Sem ter o disfarce
Em duro veneno
Amor que se embace.

Não cabe tal sorte
Ao pobre coitado
Que sempre sonhara
Com rosa bonita
Que em tudo medrosa
Não sabe que rosa
Também tanto agita
Neste sonho alado
Qual um colibri
Viver sem pecado
Criando essas asas
Mudando seu fado...

Amor não discute
Nem trama sozinho
Amor jóia rara
Que vale esse sonho
Da rosa teimosa
Que sempre tão prosa
Jamais revoara
Colibri não tem ninho
Em nada se ampara
Morrendo sozinho
Sem rosa que amara!
Publicado em: 20/09/2008 20:20:04
Última alteração:02/10/2008 20:25:25


Se não fosse uma tristeza
Meu amor qual a beleza
Que teria, com certeza,
Uma alegria, afinal?
Todo o contraste da vida
Valoriza assim, querida,
Uma beleza incontida...

Sei que trago no meu peito
Amor que não satisfeito
Acha-se com o direito
De fazer-me tanto mal.
Mas também sei que se brilha
Na escuridão; maravilha;
Servindo de guia trilha;
Valoriza o carnaval...

Vivendo sem sentir dor
Nada mais terá valor;
Se frio requer calor,
Todo o doce serve ao sal.
Tristeza e melancolia,
A noite fria e vazia,
Servem para uma alegria
Como referencial!
Publicado em: 21/09/2008 20:12:32
Última alteração:02/10/2008 20:22:21



Meus dias não serão iluminados
Distante da presença soberana
Na qual eu deposito, sinas, fados,
Mulher que me domina, doidivanas,
Meus passos iludidos, enganados,
Percebem esta força desumana
Da fera à qual meus sonhos se entregaram,
E apenas ilusões, o que encontraram..
Publicado em: 23/09/2008 12:52:17
Última alteração:02/10/2008 19:23:28



Encontro nos teus braços majestade
Maior beleza, como um raro templo.
Vivendo tão sublime liberdade,
Servindo para todos como exemplo,
No corpo que mergulho, na verdade,
Sublime maravilha que eu contemplo.
Teus olhos, meu amor, maravilhosos,
Convidam para sonhos mais gostosos.

Meu canto pelos olhos vai movido,
Na sensação de ser, enfim eterno,
Mantendo o coração tão aquecido,
Faróis que me iluminam neste inverno
Da vida em que me sinto revivido
Pelo carinho doce, meigo e terno
Desta mulher, decerto reluzente,
Fazendo-me sentir, de novo, gente...
Publicado em: 25/09/2008 10:46:13
Última alteração:02/10/2008 14:23:11



Nos braços deste sonho tão ditoso,
Vencendo qualquer torpe correnteza,
Amor que se mostrou em pleno gozo
Demonstra dia a dia tal beleza
Num mundo tão diverso e caprichoso,
Amor que traz sorriso dá a tristeza.
Amar em liberdade, nossa lei,
Um sonho que, decerto eu procurei.
Publicado em: 28/09/2008 19:58:43
Última alteração:02/10/2008 14:45:26



Amor entre lendas
Em tendas, nos pampas
Nos sonhos no frio,
Aquece demais.
Sentir minuano
Chegando com força
Na moça eu encontro
Calor e desejos.
Anseios diversos
Complexos caminhos,
Carinhos sem par,
Amar é poder
Nas noites vencer
Os medos e as tramas,
Sabendo de tudo
O quanto preciso,
Amor sem aviso
Perdendo o juízo
Me fez prisioneiro.
O tempo inteiro
Te ter junto a mim,
A sina que eu quero
Em tenro caminho.
Jamais vou sozinho,
Contigo ao meu lado.
Alados os sonhos
Somando contigo,
Multiplicação...
Publicado em: 30/09/2008 18:58:43
Última alteração:02/10/2008 14:55:32



Bruxuleante luz que me transtorna tanto...
Me embaço em teu olhar, são minhas esperanças
Do dia que trará um novo e belo canto...

Cansado de viver somente em duro pranto;
Buscando no teu mar augúrios das bonanças,
Um brado do meu peito; amor... Alto, levanto!

Profano sentimento envolve-me no espanto
Rompendo em minha dor antigas alianças
Trazendo um sentimento onde, enfim, me agiganto!
Nas fúnebres saudades onde escondes
As luzes das promessas, velhas frondes,
Encontro a solidão, manto de treva.
Mesquinho sentimento de vingança
A noite dos amores, triste neva,
Levando nos seus braços, a esperança...

No pássaro canoro, um bom parceiro,
Também aprisionado num viveiro,
Procura pela luz e claridade.
Meus olhos vagueando pelos céus,
Buscando tão somente claridade,
Envoltos na penumbra destes véus!

As vastas amplidões obnubilaram
Desejos tão sutis que te esperaram.
Não vieste, sequer deste notícia,
Não pude compreender tua saída.
A noite me açoitando traz sevícia,
O mote que deixaste, despedida!

Ataste nos meus punhos a corrente
Com a qual me tornaste teu cativo.
O frio tão soturno e envolvente
Dormita em cada canto aonde vivo...

As noites inflamadas de desejo
Em passos miasmais traz o relento.
A boca onde derramo o manso beijo
Se esparsa no universo. É a do vento...

Quem fora, noutros tempos o meu cais,
Degeneradamente se destrói.
Promessas de viver, nunca, jamais...
A vida sem futuro; como dói!

Vieste na promessa não cumprida,
Viveste em profundezas colossais.
Na porta da chegada, a de partida,
Meu barco, naufragando, cadê cais?


As cartas que legaste, testemunho
Dos sonhos já desfeitos. Fecho o punho
Em lutas com fantasmas que não vejo.
As ânsias mais ferozes de outra sorte
Destroem-se, infelizes, num lampejo
Tão fantasmagórico, de morte.


Versejo procurando meu espaço
Por entre siderais constelações
Embalde, não encontro meu regaço,
As dores me devoram, borbotões.
Dos sonhos que já tive; sequer traço,
Em plena tempestade, confusões...
A vida que já fora minha fonte,
Desmaia-se, chorosa, no horizonte!


Mergulho as esperanças neste açude
Das águas que lacrimo sem descanso...
A dor é companheira e amiúde
Me espreita e não permite mais remanso.
Nem olhos suplicantes, nada ilude,
Trôpegos passos, pernas, pernas, tranço...
A mansidão farsante não me engana
Das cruzes do meu peito já se ufana.

Não posso desculpar quem não me quis,
Embora tantas vezes fui feliz,
Mentiras, sedimentos de esperança?
O gosto da tortura sangra lábios,
Penetra, destrutiva, venal lança.
Amor, jamais achei, meus alfarrábios.


II

Estrelas refulgentes, brilho esparso,
Em tantas solitudes me desfaço
À beira deste rio enluarado.

Escaras e profundas cicatrizes
Herdadas qual noturnas meretrizes
Denotam este amor des’perançado...


Canto que cantaste,
Lua que me deste
Rasga a bela veste
Morre sem luar
Negando esperança
Morre e não avança
Não sobra fina haste
Nem luz a brilhar.

Rasgo meu cometa
Disfarço ciúme
Esqueço o perfume
Mato a doce rosa
Perco meu jardim
Aborto o jasmim
Perco essa luneta
Morro sem luar...

Eu já busquei primavera
Minhas noites do sertão,
Encontrei a solidão
E beijei esta pantera
Acariciei tal fera
Disso não faço segredo
Minha herança? Meu degredo.
O gosto amargo do fel,
O meu barco de papel,
Naufragou, morreu de medo...

Vestido de lua clara
Buscando por claridade,
Eu carrego esta saudade,
Jóia bela e muito rara
Com a qual não se compara
Nem o raio deste sol
Nem o belo girassol
Nem o verde desta mata
Nem o véu, minha cascata,
Nem o brilho do farol!


Vestido de tanta lua
Encontrei um novo amor
Espinho recende flor
Ladrilhei de novo a rua
Minha vida continua
Não quero mais minha morte
Me revigoro, estou forte,
Meu caminho vai ao mar
Essa noite de luar
Já é meu rumo, meu norte...
Publicado em: 01/10/2008 20:22:29
Última alteração:02/10/2008 13:44:29



Quem, nesta vida, sempre imerso em pleno lodo
Espera pelo mar em noite maviosa,
Aguarda na esperança o perfume da rosa
Não sabe que será simples parte do todo

Que formando um conjunto esparso em todo espaço
Faz parte como tudo em volta, natureza.
Não sabe conhecer sequer uma beleza
E perde todo o tempo em vôo cego e baço.

E tudo que aprendeu esquece totalmente
Não sabe que esta vida esboça a forma santa
Da natura tão febril, dessa alegria tanta
De ser uma fração de tudo, simplesmente...

Pois neste vasto mundo a força mais robusta
Não sabe seu caminho, espera seu destino
Na lua que nasceu a vida de um menino
Não sabe se será ou não será augusta.

Não há sequer quem viva em total claridade
Assim caminha a vida em luta desumana,
A luz que nunca brilha em pouco tempo emana
Aquele que não sabe e perde essa verdade

E acha que desse mundo é parte mais imensa
Um dia saberá imerso em turbilhões
Que fora mera parte, uma gota em bilhões
Felicidade então será t'a recompensa.

Pois todo esse universo em margem infinita
Circula num caminho estranho e sem final
No rumo que não traço imenso e sideral
Apenas uma coisa em todas é bendita

E sempre se trará no rosto mais feliz,
O gosto da conquista, o louro da vitória
Por mais que maiorais não trazem toda glória.
Na opressão de minha alma, o medo me desdiz.

Quem dera se tivesse o rumo que esperei
Por mares sem sentido em busca da verdade
Nas luas que vasculho a mera claridade
Não trazem o que quero, e não serão a lei.

Com meu olhar mais fixo espreito meu futuro
A porta que se fecha, abertos meus umbrais,
Deixa-me nessa espera, aguardo e quero mais
Da vida que não tramo o chão que piso, duro...

A mão do meu destino espera sem demora,
A prece que não fiz, o manto que me cobre
Na noite que não traz o sino que se dobre,
E tudo que não pude o sonho rememora.

Se fiz minha cantiga aguardando alvorada
Que jamais terá sido aquela que esperava,
Talvez sem ter carinho a noite me tragava
E depois me deixava exposto sem ter nada.

Marcadas pelo açoite em busca desta serra
Que pode me levar aos campos que desejo,
A parte que me cabe, em lágrimas, não vejo
Esconde-se ferina e matando desterra...

Por mais que sempre tento esbarro sem resposta
Na dor que não se cala, o gozo e a saudade.
Não sei mais ir liberto, em tal disparidade
Que faz do meu futuro uma simples aposta.

No sonho que propus um pouco de esperança
Espera sem demora o fim desta tristeza
A mágoa e a mentira, o laço da riqueza
Que trava e não perdoa e nem a vida alcança;

Busquei felicidade, essa libertação,
Nas mesas do banquete em festas e navios,
Saveiros, mansos cais, orgias loucos cios,
No rosto da promessa em toda vastidão.

Nas jóias, no castelo, em tudo com fervor,
Por mais que procurasse um sonho tão risonho,
A cada dia via um olhar mais tristonho
Em cada novo rosto expressão de pavor...

Nesta alegria falsa, o riso sem motivo,
Na festa que termina e nunca determina
Nos céus que imaginei, em nada se destina
A tal felicidade, o meu sonho mais vivo.

Depois de, já cansado, esperar pela resposta
Por mundos viajar fiquei decepcionado
E resolvi dormir, exposto ao duro fado.
Nunca serei feliz! Eu perdi minha aposta...

Porém, na noite calma, um suave calor,
Em sonhos, de repente ouço uma mansa voz
Que fala bem baixinho: o mundo é bem atroz
Mas a felicidade? É simples, está no amor!
Publicado em: 22/10/2008 19:10:24
Última alteração:02/11/2008 21:47:04



Eu te amo. Simplesmente és minha vida!
Tantas vezes eu sofri,
Minha noite, por vezes, vã, perdida...
E tu estavas aqui.
Caminheiro sem rumo, sem estrada,
Mas hoje vivendo em festa,
Pensava tantas vezes, não ter nada,
Na expectativa que resta
De poder ser, enfim, bem mais feliz,
E chegaste, como em sonho!
Tu és, da minha vida, o que mais quis.
O meu sonho mais risonho!

Agora que tenho
O amor que sonhei
Dos sonhos, a lei
Da felicidade
Que mata a saudade
Que traz o sorriso,
Vivo paraíso,
Meu mundo de paz,
Agora, capaz,
Viver, quero mais.
A morte, jamais.

Assim vou vivendo
Do mundo, aprendiz,
O tempo correndo,
Com claro matiz
Minha alma sorri,
Meu mundo é aqui
Ao lado desse anjo
O mais belo arranjo
Que Deus já criou!
Publicado em: 29/10/2008 12:27:50
Última alteração:02/11/2008 20:27:08



Na brisa da manhã tão docemente
Mostrando; para os sonhos, nova trilha,
Que formam nossos passos de repente

Na luz que se irradia em maravilha...
Amor que tanto quero não se engana
Contigo, minha amada, nunca é ilha...

Palavras com que a vida tanto explana
Gerando nosso amor em mansa imagem.
Que traz uma certeza que me ufana

De ter nos belos olhos a miragem
Do corpo da mulher que mais desejo
E faz com que de amor venha a coragem

Pedir de tua boca, mais um beijo,
Carinho em nossa cama, meu amor...
A brisa da manhã onde antevejo

As ondas mais gostosas de calor.
Imerso, com certeza no desejo.
Desejo de viver sem saber dor...
Publicado em: 25/11/2008 16:13:55
Última alteração:06/03/2009 16:42:16



Meu coração nos guizos da alegria
Se esbalda em tanto amor que te queria,
E mostras com sorriso toda a festa

que gesta um coração apaixonado,
num êxtase tão puro e delicado,
Entrando sutilmente pela fresta

Aberta por Cupido no meu peito.
Assim eu passo a vida, satisfeito,
Por ter o teu amor aqui comigo.

Não temo mais o frio desta noite
Nem sei de uma tristeza, vil açoite
Que corta e nos infesta e traz perigo...

Amor reinando sempre em nosso caso,
Impede que ressurja num ocaso
A dor que fora minha companheira.

Cupido com seu arco em boa mira
Me vendo tão sozinho cedo atira
A seta mais veloz e tão certeira...

Entraste pela fenda, de mansinho,
Com beijos tão gostosos, com carinho
Aos poucos me entornaste amor demais...

E vejo como é bom tal sentimento,
Não quero te deixar um só momento,
Não deixe de me amar,amor, jamais...
Publicado em: 04/01/2009 19:27:06
Última alteração:06/03/2009 13:25:59

Estrela matutina radiante
Estás dentro de mim, a cada instante.
Mulher de brilho raro e riso franco,
Eu quero o teu querer sem mais perguntas
O dia do teu lado, claro, branco.
As mãos que se procuram, almas juntas.
Publicado em: 06/01/2009 13:10:49
Última alteração:06/03/2009 12:28:43


Insaciável sonho
Que vem e me domina,
Querendo sempre mais,
Teu corpo me alucina,
Um mundo mais risonho,
Transborda em doce mina,
Amor onde componho
O verso em que perfaço
Viagem sem destino,
Seguindo em cada passo,
Futuro descortino,
Amada, em teu abraço,
Um sonho de menino
Que enfim, querida veio,
Bebendo desta seiva
Roubando de teu seio
O néctar desejado,
Sabores mais sutis,
No toque apimentado,
Fazendo-me feliz.
Publicado em: 05/01/2009 20:56:38
Última alteração:06/03/2009 12:30:29


Eu quero o teu colo, morena.
Colo de tantas dores passadas
Em busca do grande amor.
Que não veio, nem virá...
A mão cansada de carinhos inúteis
Respondida por insensatez imponderável...

Eu quero o suor de teu corpo
Tantas vezes à toa, sem recompensas.
Sem as delícias que imaginavas
Que não vieram, nem virão...
O peito cansado de amores inúteis
Respondido pela ausência absoluta.

Eu quero o gosto de tua boca
Salgada das lágrimas do vazio.
Em busca do pleno, pleno amor.
Que não veio, nem virá...
A boca a esmo, esquecida no canto
Do quarto, ausente e distante...

Eu quero a maciez de teus seios
Exposto e escondido nas noites
Esquecidos aguardando os carinhos
Que não vieram, nem virão.
A nova camisola nunca reparada
Pelos olhos que se guardaram para si mesmos...

Eu quero um pássaro que traga
A morena que se foi no mesmo
Na mesmice, e na estupidez.
Deitada na cama que nunca acolhe
Ao lado da sombra do que foi.
Tantas vezes vazia em meio a tantas coisas.
Da beleza sofrida e marcada,
Realçando mais e mais os olhos,
A boca e a delícia da nova virgindade
E da nova esperança.
Guardada num canto
Da alma, esquecida...
Pelos amores que vieram e se foram
E jamais retornarão...
Publicado em: 07/01/2009 07:26:20
Última alteração:06/03/2009 12:06:26


Espelhando no olhar o sentimento
Que move minha vida, em verso e sonho.
Querendo o teu amor, todo momento,
O paraíso em vida, eu te proponho.
Que os sinos, campanários, rebimbando
Tragam-nos alegrias sempre em bando.

Ressoam as palavras que disseste
No mel de cada olhar em brilho puro.
Do verde uma esperança que reveste
O bálsamo dos olhos que procuro
Reflexo da emoção que nos tomando
Os temores e as dores, aplacando...
Publicado em: 11/02/2009 17:12:09
Última alteração:06/03/2009 06:48:1



Todo dia de manhã
A vontade é te beijar,
Minha vida, que foi vã.
Vive pelo teu luar.
No teu frescor, hortelã,
Acho, vou me viciar...

Tenho a lua no meu peito,
Tens o sol dentro de ti.
Amar: estar satisfeito,
Me perdi de tanto amor...

Tenho o gosto da garapa
Na boca, lambuza o mel.
Minha amada, não me escapa,
Vou te levar pro meu céu...

Tenho o sol como meu guia,
Tenho a lua companheira,
Vou vivendo a fantasia,
Eu quero te ter inteira...

Roda a vida, não se pára,
Não se cansa de rodar.
Minha amada, flor tão rara,
Que sempre vou cultivar.

Carinho, tanto carinho,
Tanto amor tinha guardado,
Vem correndo pro meu ninho.
Eu estou apaixonado!
Publicado em: 09/02/2007 11:46:53
Última alteração:28/10/2008 18:30:58


Encontrei a flor bonita,
Hoje estou apaixonado.
Todo amor no peito grita:
Bela flor lá do cerrado!

Depois de tanto sofrer
Pelo mundo sem ter paz,
Eu agora vou viver
Todo amor que o vento traz.

Vento manso deste amor
Vem tramando seu perfume,
Todo perfume da flor
Com pitadas de ciúme...

Meu amor quando te chama,
Chama aquece no meu peito,
Se não vem peito reclama
Vai ficando insatisfeito...

Nessa flor que tanto canto
Canto tanto meu carinho,
Na primavera me encanto
Já não vou morrer sozinho!

Vou o vento do querer
Que me deu a montaria,
Meu amor pode saber
Vou chegar na flor do dia.

Trazendo tanto desejo
De contigo namorar.
Meu amor me dê seu beijo
Meu amor eu vou beijar...

Sinto o gosto desta boca
Neste vento que virá,
Uma doçura tão louca
Que encontrei, por certo lá...
Publicado em: 11/02/2007 12:43:07
Última alteração:28/10/2008 18:07:21



ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ
Na casa antiga, de telha,
Rede posta no quintal,
Roupa quara no varal,
Amor traz forte centelha
Trazendo a lua vermelha;
Fazendo brilhar o sol.
Tudo vai agindo em prol
Da felicidade ativa,
Dos meus olhos és cativa,
Nossa vida no arrebol...
Publicado em: 26/04/2008 09:16:20
Última alteração:21/10/2008 13:31:23



Quem percebe a beleza deste beijo
Nos lábios sempre sábios com que beijas
Das dádivas divinas que desejas,
As tramas que trouxestes com traquejo.

Quem sabe merecer o teu pecado
Tantos trôpegos passos mais incertos
Que nunca navegaram meus desertos
Em naves que concebes sina e fado.

Amor que se tivesses, eu daria
O mundo, mesmo assim não te bastava
O universo que em sonhos te entregava
O mar, a terra, o céu, a noite, o dia...

E Mesmo assim, querida, não seria
Bastante p’ra tão imenso amor.
Pois quanto mais te dou, sou devedor,
Se quanto mais te amar, mais te amaria!
Publicado em: 02/05/2008 20:51:20
Última alteração:21/10/2008 14:31:16


Trago esse amor sentido sobre a mesa,
Degustas sem ter pena cada gota...
Minha alma foi pro fundo caiu rota,
Nem lágrima, restou por sobremesa...

Tentei permanecer qual vela acesa,
O vento e tempestade foram vis,
Nos dias em que,tolo,cri feliz,
Foram os de maior, grande tristeza...

Não quero mais saber de sina e sorte,
Nem procuro mais luzes onde cria,
Amor sem ter certezas, fantasia;
Fantasmas que perseguem e sei morte...

Não sinto medo, cálice sem vinho,
Nem trafego tão trôpego, vacilo.
Da morte foste lívido bacilo,
Meu Deus porque me deixas tão sozinho!?

Não haverá perguntas sem respostas,
Tampouco tenho lúdicas manhãs,
Acolho restos, fétidas e vãs,
A vida retalhada nessas postas...

Cheguei a crer, estúpido que eu era,
Que foste minha métrica, meus versos,
Agora sei, restou dos universos,
Um só poema, lúbrica quimera...

Minha certeza, vaga e tão serena,
Não poderia lírica e fatal,
Acreditar n’amor tão abissal,
Mas que mal se descuida, me envenena...

Das carteiras, cigarros são tragados,
Num sem sentido, nexo faz falta,
A dor me inclui vazio, nessa malta,
Quem dera não tivesse abandonado...
Publicado em: 17/09/2008 12:11:53
Última alteração:17/10/2008 13:50:38



O meu coração delira
Com as nossas fantasias
Se minha alma já suspira
Vivendo tais alegrias

Os meus sonhos mais ardentes
Esquecendo todo engano
Nos nossos jogos mais quentes
Amor que se mostra insano...

Todas as noites felinas,
Noites de tanto sonhar,
Minhas mãos peregrinas
Quero teu corpo buscar...

Meus dedos em descaminho,
No caminho se perder.
No teu seio fazem ninho,
Caçando tanto prazer...

E depois destes momentos,
Onde encontro nossos cios;
No soprar doce dos ventos,
Superando desafios...

Te quero, nunca neguei.
Eu sonho com teu amor.
Nos teus braços me entreguei,
Eu estou ao teu dispor!
Publicado em: 20/11/2008 11:27:14
Última alteração:06/03/2009 18:47:47


A paixão que devora simplesmente,
Nunca traz a certeza de um amor.
Nem sempre do botão a bela flor
Desabrocha, pois morre de repente.

De tudo que, entretanto, forja a mente
O fogo nos queimando com ardor
Por vezes nos invade de pavor
E o rio não deságua mansamente.

Não falo que não deixe cicatrizes,
São elas inerentes a quem sofre
A chave que se esconde, deste cofre,
Torna-nos quase sempre em infelizes.

Mas nunca tenha medo de viver,
A dor que embalde traz nos purifica.
De cores, a paixão, é sempre rica,
Embora nos transtorne, dá prazer.
Publicado em: 03/12/2008 14:40:00
Última alteração:06/03/2009 16:08:03




Se saudade tira o prumo
E nos traz tanta tristeza
Eu vou perdendo meu rumo
Já me leva a correnteza

E me traz uma vontade
De contigo namorar,
Meu amor, por caridade,
Não me deixe te esperar.

Quero a flor deste desejo
No sorriso delicado,
Meu amor quando te vejo
Fico logo apaixonado!

Tens o gosto do ciúme
Tens o cheiro do pecado
Da alegria o teu perfume,
Ouça bom o meu recado.

Menina moça faceira
Que ensinou como se quer,
Vou querer a vida inteira,
Venha ser minha mulher!
Publicado em: 10/12/2008 12:25:23
Última alteração:06/03/2009 15:40:40



Meu amor se me garante
Que eu não perco o instrumento
Vou ficar todo elegante
Vou chegar neste momento.
Mas espere um só instante
Mais rápido que o pensamento;

Sou um cabra prevenido
Isso eu posso garantir
Embora vá decidido
É melhor me prevenir
Se me pegam distraído
Nem preciso repetir...

Sou teu primo, decorei,
Que veio lá das Gerais
Fortaleza eu encontrei
E querendo muito mais
Somente em ti encontrei
Priminha que satisfaz...

Se ele chega sem aviso
Eu despido e você nua
Estou treinando o sorriso
Pois a festa continua
Sem serpente, o paraíso
Fica brabo e nada atua

Meu amor já se desdobra
Isto é muito natural,
Paixão eu tenho de sobra,
Amor quente e sensual.
O brejeiro corta a cobra
Eu vou pro brejo sem pau...





Amor que assim desejo
Em cada verso teu,
Mostrando que o caminho
Jamais norte perdeu.

Cantando alegremente
Tanto prazer que sonho,
Na boca mais gostosa,
Amor que a ti proponho.

Beijar teus belos seios,
Dourada e amada lua,
Não tenho mais segredos,
A noite continua.

Tua nudez se mostra
Em rara limpidez,
Eu quero recompor
Em tal insensatez

Um canto sem discórdias,
Um gesto mais ousado,
Pois saiba, que por ti,
Estou apaixonado!





Quem dera se este encanto me tocasse
Formado em sedução, carinho e arte,
É como se meu porto se inundasse
Do amor que vem chegando em toda parte.
Mostrando em alegria a pura face,
Deixando para trás qualquer descarte.
Encanto deste amor que sei divino,
Nos braços da mulher, eu me alucino...
Publicado em: 27/10/2007 15:51:42
Última alteração:28/10/2008 13:18:21



O assombro que nos toma e não se aquieta
Fomenta um temporal em fogo e pranto
Sugando tua boca com meus lábios
Adentro o paraíso em louco encanto.

Refém deste carinho que agridoce
Lateja enquanto flamba uma ternura.
Artífice dos sonhos e dos gozos,
Acalentando rasga e me tortura.

Entranho com viril voracidade
Destilo teus suores e gemidos.
Recato que tu finges em malícia
Dominando entorpece meus sentidos...
Publicado em: 22/09/2007 14:29:32
Última alteração:28/10/2008 15:24:39


A deusa semi-nua qual bacante
Orgástica sereia que insinua
A fome que se mata num instante
Na divindade rara, bela e nua,
Sátiro em tropel vai galopante
E a sílfide real, ele cultua
Assim, sedento e longe do marasmo,
Reflito em tua carne cada orgasmo...
Publicado em: 02/01/2008 16:56:19
Última alteração:22/10/2008 21:28:48



Pela vida deixei caminhos claros,
Cansados velhos pés e tristes mãos...
Os medos se repetem não são raros...
Os dias se tornaram meus irmãos!

As dores, companheiras dessa estrada,
Não querem permitir tua visita.
À noite não me resta madrugada,
O coração destrói-se, dura brita...

Jardim morrendo, perco uma tulipa,
Já morta, não deixando a flor de lis.
A dor veloz, sorrindo me antecipa,
Irônica me diz: não és feliz!

Nas pontas das chibatas, desatinas...
O sangue que se escorre nunca estanca...
As praias no deserto minhas sinas,
A noite que sonhei, termina branca!

Perdido, me desfaço nos teus veios...
A lua não permite esse esplendor.
A mãe que me sustenta nega seios,
Estranhas tempestades, desamor!

Das rosas nunca tive seus eflúvios,
As portas que fechaste, são etéricas,
Os medos transformados em dilúvios,
As mortes são sinfônicas, histéricas!

Sonhara sempre ter comigo as graças,
Pensara tantas vidas imortais.
A vida me prepara tais desgraças.
Os sonhos que sofri, não quero mais!

Nas torpes caminhadas tantas eras,
As bocas escarrantes dos amigos...
As pragas meu castelo, velhas heras,
Não me protegerão desses perigos!

Num recôndito deixo o podre templo,
Não queira mais saber nem sei mais onde...
O resto dos meus laços, não contemplo.
Nos passos derrapantes perco o bonde...

Tantas vezes tentei saber segredos,
Muitas vezes perdi-me em teus ciúmes...
Nas portas da ambição velhos degredos,
Nos parques da emoção tensos queixumes...

Pois, como me deixaste em tenebrosos
Pesadelos, jamais vida circula
Entre os restos mortais, vis pavorosos...
A morte sanguinária traz dracula!

O meu desesperado tinto, sangue.
Vinícola fartura apaixonado...
No que me sobrar: podre, mar, mangue,
O passo que pensei descompassado...

As vísceras expostas, minha morte.
As pétalas rasgando o manso sonho...
Queimando-me venais expulsam sorte.
O karma minha herança, é mais medonho!

Nas vastidões perdido, pois sei frias,
Percebendo, ansiado, tal fluidez...
Nos pântanos nos pélagos, morrias.
Agora, percebi, é minha vez!

Quem me dera saber de teus mistérios!
Quem sempre fora amante, vai simbólica!
Dos tons que me dedicas, cemitérios,
Antenas minhas dores, parabólica!

Perdido, em desespero, olhos tão lívidos,
Bem sabes que legaste olhos mais frios.
Matando as sensações de serem vívidos,
Respingas teus venenos mais sombrios!

Muitas vezes perdido, sem ter rumo.
Adormecido em sarjetas velhas praças...
Jamais sobreviver, levantar prumo.
Servindo de isca viva para as caças.

Nas pontes, velhas fontes, nas Igrejas...
Dormindo pelas ruas da cidade...
Cansado das derrotas nas pelejas,
Buscando pela vida, claridade!

Resumo de fatal encenação,
Verdugo de mim mesmo, sem futuro.
Não sei de meus caminhos nem portão!
As cordas que salvam, salto o muro...

Vacinas e bacilos são venéreos
Espadas que me cortam, passageiras.
Os sons que me repetes nunca estéreos
Mordes-me com as presas verdadeiras!

Sorrateira manhã que não atrevo
A ponte que me deste, levadiça...
A vida sempre deixa um cruel trevo.
A morte me namora e me cobiça!!!

No meu quintal brotou urtigas, urzes,
A franja da ilusão raspando irônica.
Nas costas tanto peso, lenhos, cruzes...
Gargalha a gralha rindo-se histriônica!

Nos pontos de partida, sem destino.
As portas da saudade são ferozes.
Quem fora simplesmente esse menino,
As pernas nunca marcham, invelozes!

Só sei deste meu nada em nada creio,
Castelos de princesas desabados.
Não sou metade nunca tive um meio
Apelos que já fiz, desesperados!

Espero pela dor depois da curva,
A morte se prepara para a festa.
A vista que me deixa, fica turva
O lobo me devora na floresta!!!

Mereço ter meu mundo estropiado,
Rasgado pelas garras desta peste.
Os prêmios que perdi, paguei dobrado.
O fogo vem subindo em minha veste.

Cáspite! Merecia melhor sorte!
A dívida que tenho nunca acaba.
Quem sabe sorriria para a morte,
A noite no meu norte se desaba!

Vasculho nos meus bolsos, nada tenho..
Vasculho em minha cama, nem lençol,
Persigo meus defeitos de onde venho,
Não pude nem conheço nascer sol!

Nas catedrais silentes, velhos túmulos...
Homúnculos vestidos de quimera.
Nos altos dos meus sonhos, ledos cúmulos
Nas cartas que não fiz, parca e megera!!!

No parto que enfrentei, resta placenta.
A porca que engordei, morde ferrenha.
Resumos que não fiz, a noite venta,
Na mata sem saída a vida embrenha...

Nada mais tenho, nada mais terei,
Num canto, abandonado, fico mudo.
A vida me deixou u’a fatal lei.
O pássaro não voa, sou miúdo...

A bala engatilhada me responde.
Num revólver, resolvo meu problema.
Quem pensaria nobre, qual visconde,
Não deixa de cumprir esse dilema...

Da rapa do meu monte da lembrança,
Desperta, num momento essa aliança,
Vida, não sei se amor ou por vingança.
Num átimo reluz velha esperança!!!!
Publicado em: 03/01/2008 20:45:46



Amor que em esperanças se lançou,
Renova um coração outrora velho,
E busca uma alegria que encontrou,
Não quer da solidão sequer conselho,
Vestindo uma emoção se demonstrou,
Mais forte e mais sereno. Em seu espelho
Reparo a juventude ressurgida,
Ao renovar em brilho a minha vida...
Publicado em: 05/01/2008 14:16:25
Última alteração:22/10/2008 19:29:39



Gotas de rocio
Asas libertárias
Passos lineares
Fontes viram rio
Virão tempestas
Verão as festas
Verões a mais.
Versões diversas
Versos capotando
Veros companheiros
Ver o cais do porto
Vê o que não vi,
V diz da vitória
Que um dia concebi
Bebendo cada gota
Do rocio libertário
Em linear espaço
Pontes sobre rios
Viram onde esgotas
Amores e prazeres...
Publicado em: 25/03/2008 21:23:33
Última alteração:21/10/2008 22:05:44



Fartos seios,
doces lábios
sábias mãos,
teus recantos.
Alentos tantos,
tentos tramas,
trago afagos
magos sonhos.
Sou teu, repito
olhar reflito
nos olhos teus.
Espelhos meus
alquímica aliança.
Fonte de mel
cura e precipício.
Vício e absinto
sinto o teu hálito.
Beijo tua boca
a ronda se faz
audaz e precisa
princípio e começo,
alvoroçando o caminho.
Cabelos soltos,
dentes à mostra,
pernas abertas
entranhas expostas.
Gostas e esgotas
gotas e cotas,
amarras,
garras,
amarrotas.
Somos iguais
iguarias, farturas,
banquetes profanos.
Bacantes, vorazes.
Na soma que torna
de dois somente um.
Publicado em: 01/04/2008 14:54:17
Última alteração:21/10/2008 20:16:15



Amor igual ao nosso
Mesmo que a chuva caia
Mesmo que o tempo mude
E já não dê mais praia
Cinema e botequim
Na praça ou na calçada
No mato ou no motel
Ao céu sob as estrelas
Nas velas ou nos barcos
Nos Arcos lá da Lapa
Com capa ou na garoa
É tempo e vendaval
Quintal ou no jardim,
Atrás da moita ou monte
Sem pressa que esta fonte
Jamais irá secar...
Publicado em: 02/04/2008 16:55:46
Última alteração:21/10/2008 16:51:44



No canto
Que me encanta
Aposto
Que eu me enrosco
No teu pescoço
E danço
A noite inteira
Meu rosto
Com teu rosto,
Na valsa,
No bolero,
Sincero sentimento.
No gim ou no Martini,
Rondando
Roda a noite
E gira
Sem parar...
Os sinos
Badalando
Os pássaros
Cantando
E o mundo
Vai girando
Cabeça em carrossel.
A rosa dos ventos
Perdida nos teus braços
E a vida
Determina
O sonho
Não termina,
E sempre
Recomeça...
Publicado em: 03/04/2008 16:48:35
Última alteração:21/10/2008 16:57:19



Vontade de encontrar tua nudez
Na cama prazerosa dos meus sonhos,
Roçando tua pele, corpo e seios,
Com lábios tão vorazes e risonhos.

Depois dançarmos juntos, ritual,
Acasalarmos gozos e promessas,
Num sensual caminho em que me embrenho,
Aonde teus desejos me confessas,

E assim noites afora, sem limites,
Dando vazão a tantas fantasias,
Bebermos deste sonho afrodisíaco,
Amor que se promete em mil orgias...
Publicado em: 06/04/2008 20:22:53
Última alteração:21/10/2008 19:55:00



Canta uma voz no meu peito
Um canto de passarinho
Que procura dar um jeito
De encontrar um novo ninho;
Pois Nunca está satisfeito
Quem cantar assim, sozinho...

Minha voz é o meu guia
Que me leva pelo espaço.
Montado na fantasia
Esqueço até do cansaço.
Fazendo da poesia,
O meu mais perfeito passo...

Quero o canto que cantara
Passarinho mais bonito.
Meu amor é pedra rara
Se estende pelo infinito.
Não quero mais vida amara,
Este amor em mim, meu rito...

E cada vez que me encanto
Com teus olhos, meu amor,
Cada vez aumento o canto,
Espero por teu calor,
Não preciso mais de pranto,
Teu canto foi salvador...
Publicado em: 19/04/2008 10:56:48
Última alteração:21/10/2008 13:10:31



ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ
Quando a vi, envolvida na neblina
Das mágicas poções sempre conquistam,
Minha vida promessa, cristalina,
Ressurgia, em teu corpo que alucina!!!

Teus olhos, negros, belos como o breu...
Brilham como a buscar mais claridade,
Coração que decifra, camafeu...
Vida quimerizada em brevidade...

Não sei se me visitas ou se foge,
Não percebi distâncias que separem...
Carrego tanto amor no meu alforje,
Defesas esquecidas que anteparem...

Vistosas mãos carinhos prometidos...
Sestrosos dedos, lúdicos brinquedos,
Quem saga não reparte sãos sentidos,
Mestiços sentimentos mentem medos...

Vê-la envolta, neblina sensual.
Réstias, hóstias, segredos seculares...
Caminhas teu disfarce casual,
Simulas teres vindo dos altares!!!

Nas horas mais difíceis não conferes,
Constranges m’as fenícias invasões,
Pesadas consciências por halteres,
Conspiras contra tolos corações...

Neblina que me nega ver teu rosto,
Embalde procurei por teu retrato,
Nos jardins poluídos meu desgosto,
Nas partituras métricas, maltrato...

Trepido meus farsantes sentimentos.
Vasculho por um lápis, lapiseira,
Não consigo lembrar quais os momentos...
Te perdi, num segundo, a vida inteira...

Não foste pois, sequer a despedida,
Não tenho outra lembrança mais feliz.
Respondo a toda lua que convida
Amante nebulosa, meretriz...

Nas neblinas, garoas e nos fobs
Entrevi teus macios espetáculos,
Nas certezas que perco, não afobes,
A vida me negou não quero oráculos.

Acalmo-me, fantasma delirante,
Não verto mais as lágrimas vazias.
Repouso os sentimentos numa estante,
Ao mesmo instante, logram-me valias...

No cárcere saudoso teatral,
As pombas nunca mais retornariam,
Arquipélagos reinam meu astral,
Quiçá foram manobras que mentiam...

No cais que deveria ser meu porto,
Começam meus saveiros naufragantes
Perfazes tão somente um triste aborto,
Não pude mergulhar qual navegantes...

Restando tua ausência neste barco,
Que a vida nunca turve este teu céu.
No fulcro da discórdia, tinges arco,
A porta que entreabriste, dum bordel...

Amantíssima orgia que não pude,
Ambrosias me deste por engano.
Verdadeira sonata do ataúde
Que formam derradeiro, cego plano...

Nos surtos fantasias e complexos,
Nos cantos melodias e serpentes...
Mascate negocias trapos sexos,
Os beijos nas neblinas absorventes.

Tentei quitar as dívidas com Deus,
Eu quis me transbordar desse desejo...
Não tive nem promessas, himeneus,
As mãos vazias nunca se calejam!

Quando a vi, nebulosa, mascarada.
Sangrei por todos poros, hemorrágico.
Não pude concluir, te vi calada,
O que pensei romântico é tão trágico.

Mas beijo esse teu manto de princesa,
Não podes me surtir nenhum efeito.
Da morte, te forjei, a realeza,
És parte deste amor meu, contrafeito...

Fenestras que fechaste não refiz.
Nas frestas meus fantasmas buscam farpa.
Não me permitirão nem ser feliz...
A morte dilacera, corta, escarpa...

A moça emoldurada justifica
A dor de me saber velho e ignaro...
Nos lodos que freqüento se amplifica
Mortalhas me seguindo, torpe faro...

A podridão que invade, traz minha alma
De encontro a rapinais aves de agouro.
Não deixando enlutada uma vivalma
Não deixando sequer mapa ou tesouro!

Tu foste amortalhada mansidão.
Mirraste meus delírios de grandeza.
Pachorrenta andorinha sem verão.
Loteaste infortúnios com vileza...

Fui latifundiário sem limites,
Amei dissimulando tantas vezes...
Criei amores falsos, paixonites,
Mereço por mentir dias e meses...

A minha cicatriz não se consuma,
A parte que me cabe não consola,
Das leis que te omiti, formaste suma.
Hemorragicamente foi escola...

Me sinto tão cretino, não te nego.
Meu par enebriante foi um mito.
Dos olhos nebulosos que carrego,
Um grito emana, salta ao infinito!

Não vês que me embriago de luxúrias,
Não viste que fingi um ser errante.
As marcas no teu corpo são espúrias.
O beijo da pantera asfixiante...

Te deixo, sepultura minha, em vida...
Refaço meu caminho sem segredo.
Mecânicas as mãos na despedida,
Os hóspedes não fingem sequer medo..

O coração piloso, t’as melenas...
O peito analfabeto quer poemas...
Não deixo por querer as velhas penas...
Amor e sofrimento, os mesmos temas!

Espraio meus sentidos pelo norte,
Vasculho cada canto do meu ser...
A poesia farta-se de morte,
Partilhas vai fazer, depois morrer...

Amada, me perdoe não ter tido
O filho que jamais querias ver.
Amante mais boçal, mais distraído,
Irias nesse mundo conhecer?

A tua face escondes azul véu,
O velcro da saudade foi satânico.
Impede conceber viver o céu,
Não deixa refletir senão meu pânico!

Despeço-me de ti, ó fantasia!
Na névoa abençoada te criei.
A porta do barraco, permitia
Amar assim a quem jamais amei!
Publicado em: 24/04/2008 14:04:48
Última alteração:21/10/2008 13:24:50




Corpos
Portos
Expostos
E famintos.
Risos
Ritos
Riscos
Prosseguimos.
Rimas
Primas
Cismas
E tempestas.
Rios
Cios
Veios
Tantas festas.
Publicado em: 03/06/2008 20:16:38
Última alteração:20/10/2008 20:17:27



Vem logo com teu raio
Aqueça-me querida
Que o frio que me invade
Só tem a solução
No corpo da morena
Gostosa e sensual
Delícia em tentação.
Ateie então teu fogo
Balance toda a casa
Que a gente não disfarça
E mostra com clareza
Que amor já põe a mesa
Depois balança a cama
Traduzindo a beleza
Da noite que se espera
Imensa primavera
Sem chuva e sem garoa.
Depois, café com broa
Biscoito de polvilho
Seguimos mesmo trilho
Que a vida é muito boa
E a gente não sossega...
Publicado em: 04/08/2008 20:21:48
Última alteração:19/10/2008 22:14:22



Enigmas de signos
Em eclipses totais.
Estigmas que carrego
E jamais me depurarei...
Publicado em: 06/11/2008 08:18:09



Pensando no que fora e nunca volta
As horas não se passam sem te ter
Recebo uma notícia, vou saber
Se nada mais encontro, vem revolta.
A triste boca aberta espera o beijo
Que anda circulando noutras bocas,
Versejo tuas asas, sempre loucas
Nas bocas que não beijo, teu desejo.

Vivendo, pensativo, morro um lago
Silente e tão distante de esperanças.
Amor que sempre fora meu afago
Num trago se perdendo das lembranças.
Tão longe de teus lábios, mas aqui,
Não sei se te desejo ou se te quero,
Apenas mergulhando, sou sincero,
E cada vez que penso, te perdi.

Saudades de quem nunca fora minha
A mando de quem nada mais promete
Se vamos entedias teu confete
E voas oceanos, andorinha.
No fundo, o que desejo é ser feliz
Com olhos ou em modos, à vontade.
Tirando tua roupa, viajando,
Estrelas que morremos, todo dia.
Não posso mais viver de fantasia,
Preciso ir depressa. Estou amando!
Publicado em: 12/12/2006 19:42:26
Última alteração:28/10/2008 20:30:58


Estou apaixonado e não sou correspondido.
23

Mote

Estou apaixonado e não sou correspondido.

O sofrimento é meu fado,
Pois o meu caso é perdido;
Por você, apaixonado,
Eu não sou correspondido...

Marcos Coutinho Loures.

Nas estradas desta vida,
Eu procuro um cruzamento,
Mas distante, vai perdida,
Paralela; em sofrimento...
Publicado em: 19/11/2008 16:49:24
Última alteração:06/03/2009 18:59:29


Estou apaixonado por alguém
Estou apaixonado por alguém
Que não quer saber de mim
Coração desesperado quer um bem
Que não vem, que não vem...
Que não vem, que não vem...

Ela me trocou
Me deixou sozinho
Já nem sei quem sou
Morro de mansinho
Beijo a ilusão
E caio da cama,
Pobre coração
Já não tem quem chama

A gente tem na vida tantos sonhos
Medonhos
Risonhos
Tristonhos
Bisonhos
Depois só resta o pesadelo.

Ela me trocou
Me deixou sozinho....
Publicado em: 15/08/2008 17:31:29
Última alteração:19/10/2008 20:16:31



Ouvindo a tua voz
Chamando para amar,
Não posso me conter,
Apenas me alegrar.

Eu quero estar contigo
Na dança mais gostosa
Beber deste veneno
Que trazes orgulhosa,

Sabendo que não canso
Jamais me cansarei
De ter o teu carinho,
No amor que é nossa lei.

Amar é mais que tudo
Felicidade plena,
Eu quero ter menina,
Tua pele morena.

Deitada nos lençóis
De seda e de cetim,
Sem rumo e sem destino,
Somente para mim...

A boca sem demora
Precisa de teus beijos,
Querida, em teu carinho
Afogo meus desejos.

Por isso de mansinho,
Eu chego sem pedir,
E tomo de surpresa
E torno a repetir.

Querendo a sobremesa
Do beijo que te dei,
Na cama, chama intensa,
De tudo desfrutei.

Depois a recompensa,
Vem logo em pleno gozo,
O teu beijo de amora,
Querida é tão gostoso...

Eu quero o teu desejo
Molhado em minha boca,
Vontade mais profana,
Não vou dormir de touca,

A pele não se engana
E quer tua fogueira,
Incêndio que se faz
Em chama costumeira,

Amada, eu sou capaz
De rolar sem destino,
Derrubo estes lençóis,
Em ti eu me alucino,

Calor de vários sóis,
Sem medo do depois,
Prazer alucinante
Nascendo de nós dois

Eu quero a cada instante
O gozo em maravilha,
Amor num relampejo,
Aquece insana trilha...



Lambuzo a minha boca
No mel tão divinal
Bebendo quase tudo,
Teu corpo sensual.

Vestida de nudez
Em rara formosura
Mansinho, irei provar,
De tua gostosura.

Vem logo sem demora
Que eu quero desfrutar
Vencendo cada medo,
Chegando devagar,

Sabendo desde cedo
Que em corpo tão sacana
A noite se promete
Sem regra e mais profana.

Na fonte aonde brota
A seiva delicada,
Fazer muito carinho,
Até ficar molhada

E pronta pro banquete
De mel e de ambrosia,
Querida em mil talheres,
Comendo noite e dia,

Jamais matar a sede,
Nem mesmo a fome imensa,
Querendo em tanto amor,
Gozar da recompensa....


Meu corpo junto ao teu
No amor,que, sem limite
Não aceita palpite,
Despreza Prometeu...
Maçã de ouro existe
E no tempo resiste...
Com Páris e Afrodite...
O meu amor e eu...

Amor que prometeu
Em tantas fantasias
Viver além de tudo
Em rimas e alegrias,

Alagam-se vontades
E nada nos contém
A noite sem limites
Decerto sempre vem

Trazendo nesta lua
Mulher mais delicada,
Que borda de cristal
Em curvas desnudada

Forjando da beleza
Amor que se acredite
Mal sabe quanto é bela,
Uma nova Afrodite

Comendo esta maçã
O paraíso achei
Bendita esta menina
Por quem me apaixonei!
Publicado em: 12/09/2008 15:36:08
Última alteração:17/10/2008 13:24:28


Amor que me transcende sem queixume
Buscando em qualquer flor, o seu perfume.
É vaso que transpira uma esperança.

Abraça, carinhoso, minha musa.
É minha melodia mais difusa,
É doce que carrego na lembrança!

Um passageiro busca, de viagem,
Viver felicidade, bela imagem.
Retrata tantos brilhos de criança!

Jamais a solidão será seu fardo,
Em seu caminho, nunca mais um cardo.
A dor, em sua vida não alcança.

Um som que ao longe escuto, cantoria.
É pleno de verdade e fantasia.
Convida-me feliz à nova dança!

Brincando de poeta solto um verso,
Que sempre te procura no universo.
Será que encontrará em plena França?

Um lírico desejo, ser feliz...
Em toda minha vida, sempre quis...
Não temo sofrimento nem vingança!

A moça dos meus sonhos me renova.
É brilho nos meus olhos, nova trova.
É pacto divinal, linda aliança...

Teus olhos desfilando na cidade,
São lumes que me trazem claridade.
Trazendo a toda gente essa bonança!

Meu verso renitente, nunca pára.
A dor não se avizinha, já se apara.
Amor e alegria na balança...

Não tenho nem terei, na vida, medo.
Conheço seus caminhos, seu segredo.
A vida corre plena, na abastança.

A vida passageira sem ter pressa,
Amor venha correndo aqui, depressa.
Senão a poesia já se cansa!
Publicado em: 13/09/2008 21:21:19
Última alteração:17/10/2008 13:28:21



Que culpa poderias ter, ó flor?
Se sempre me inebrio com teus versos.
Procuro todo o mel e bom do amor,
Mergulhos que traçamos mais diversos.
Que o canto que me embala, sedutor
Jamais tenha seus sons assim dispersos.
És pura sedução, minha querida
O bálsamo que cura uma ferida.
Publicado em: 12/02/2009 13:40:25
Última alteração:06/03/2009 06:46:57




Meu amor quando se aninha
No amor dessa guria
Alegria é toda minha
Mando embora a noite fria..
Publicado em: 02/03/2008 22:13:31
Última alteração:22/10/2008 14:03:38


este pobre trovador,


este pobre trovador,
Um repentista qualquer
Ao tocar o bem do amor
Encontra um Anjo-mulher...
Publicado em: 03/03/2008 21:22:55
Última alteração:22/10/2008 14:16:07



este pobre trovador,
Um repentista qualquer
Ao tocar o bem do amor
Encontra um Anjo-mulher...
Publicado em: 01/10/2008 14:17:48
Última alteração:02/10/2008 13:48:42




Este vento que me traz
As notícias da guria,
Amor que nele se faz
Alimenta todo dia...
Publicado em: 03/03/2008 20:01:30
Última alteração:22/10/2008 14:09:38



Eu quero
O fero
Gosto
Do gozo
Deste amor..
Publicado em: 25/11/2008 15:21:12
Última alteração:06/03/2009 16:42:28


Eu te amo
Em versos
Prendas
Risos fartos.
Sentidos à flor da pele,
Bocas olhos pele ouvidos e narinas.
Não vejo mais fronteiras
Somos um.
Mergulho em ti
E me encontro
Espelhando
Nosso amor.
Publicado em: 06/03/2008 17:49:55
Última alteração:22/10/2008 15:26:13


Esta chuva é um desafio,
Tá chovendo pra valer,
Seu amor sentindo frio,
Venha logo me aquecer...
Publicado em: 19/12/2009 19:30:48
Última alteração:16/03/2010 10:34:41



esta gente é linguaruda
um vizinho assim não dá,
vou buscar galho de arruda
saí pra lá tamanduá...
Publicado em: 17/01/2010 13:58:46
Última alteração:14/03/2010 20:16:39


Primavera trazendo flores,
Flores que me perfumam.
Primaveris amores...

Marcos


ESTAR CONTIGO/


Estar assim absorvendo a vida
Que evola da canção da tua alma
A traz-me alegria, traz-me calma
A minha estrada fica colorida...

Estar contigo, então, na dura lida
É um bálsamo suave que ensalma
Esvai-se toda dor e todo mal na
Suave sensação já percebida

Do amor que se permite enquanto brilha,
Marcando com incrível maravilha
O gozo de poder ter meu abrigo.

Nos braços da manhã, perfeita trilha
De uma alma outrora triste, uma andarilha
Que agora regozija estar contigo...

GONÇALVES REIS
ML
Publicado em: 30/11/2007 19:15:06
Última alteração:31/10/2008 11:58:04




Caminhando lado a lado
Eu percorro o mundo inteiro
Coração apaixonado
Ê moleque quizumbeiro!
Publicado em: 01/03/2008 21:15:42
Última alteração:22/10/2008 13:27:56


Estarei sempre contigo,
Teu carinho? Inesquecível
Nosso amor eterno abrigo,
Te deixar é impossível...
Publicado em: 03/03/2008 21:26:12
Última alteração:22/10/2008 14:16:20


Esqueci de te dizer
Deste encanto que tu tens,
Tanto amor, tanto prazer,
Só encontro quando vens...
Publicado em: 19/12/2009 19:13:02
Última alteração:16/03/2010 09:57:11


Esqueci de te esquecer
79

Mote

Esqueci de te esquecer

Sempre me esqueço – é sabido,
Por isso vou te perder,
Mas eu sou tão esquecido
Que esqueci de te esquecer.

Marcos Coutinho Loures

Deste sentimento eu vivo,
Me alimento e não me canso,
Esquecer? Se sou cativo,
Na saudade o meu remanso.
Publicado em: 20/11/2008 14:24:22
Última alteração:06/03/2009 18:42:39



esquina
Um minuto a mais
Somente isso.
Depois disso, esquece;
A vida tem pressa e não despreza
Compensa.

Na porta deste bar uma frase que não esqueço
O tempo não tem dono e nem tem tempo.
Apenas existe.
Assim como nosso amor
No começo festa e fantasia
Agora ...
Tudo bem que nos amamos muito
Aliás excedemos na dose, aí o porre é certo.
O duro é a ressaca amanhã;

Agora vou indo,
A esquina fica logo ali
Qualquer coisa, dobre-a
E quem sabe?
Publicado em: 26/11/2006 15:32:49
Última alteração:29/10/2008 12:09:41



ESQUIZOFRENIA
O medo a acompanhava desde menina, medo cruel e tenaz, medo de tudo e de todos.
A voz não a largava nunca, voz intensa e repetitiva, uma voz que, desde seus tempos de adolescente nunca se calava.
A mãe já tinha levado-a a todas as benzedeiras, pais de santo, pastores, enfim a todos os que eram indicados pelos vizinhos e amigos.
Nada adiantava nada; o doutor tinha passado uns remédios, mas também sem efeito.
O efeito máximo que consguia com os medicamentos, era dormir, mas os sonhos repetiam todos os fantasmas do dia.
Nada mais podia fazer. O simples fato de andar já a estava deixando em pânico.
Um caso de possessão demoníaca, por certo, dizia a tia religiosa, o caso mais claro que tinha visto na vida.
As excomunhões se repetiram, a voz parara, mas, agora, não era somente uma, era uma legião de demônios que tomavam conta da pobre endemoniada.
A tia, vendo que as coisas estavam mudando, apavorada com a legião de demônios que, a partir daquele momento, tomaram conta da pobre sobrinha, resolveu consultar um conhecido, autoridade máxima em assuntos de possessão, respeitado até por outras designações religiosas.
A vinda dessa autoridade mexeu com todos na pequena cidade, a ponto de virem pessoas até das cidades vizinhas para presenciar o milagre do pastor.
Esse, ao perceber que o caso era muito complicado até para ele, principalmente pelo fato de que, a menina, ao falar grunhia e gemia incorporando outras vozes e idiomas diversos, incompreensíveis mesmo, além de resistir a qualquer intervenção dele. Então, diante da sensação de impotência, resolveu consultar outra autoridade no assunto.
Essa "autoridade" era um verdadeiro estelionatário, vivia da fama adquirida por “espetáculos” pré montados com "artistas” regiamente pagos para suportarem os tapas e tabefes soltos à revelia.
Vivia da fama adquirida por esses “milagres” e mantida pela divulgação bem feita, principalmente nas cidades menores.
O pastor, de boa fé, obviamente, contactou esse trambiqueiro que, a peso de ouro, se dispôs a ir para “curar” a pobre adolescente.
Ao vê-la, uma coisa o assustou, os trejeitos da menina eram os mesmos de Amélia, o amor de sua adolescência, e a sua primeira vítima.
Do amor impossível ao estupro e desse ao assassinato foi um pulo.
Amor frustrado, o corpo jogado no rio, encontrado poucos dias depois, ninguém suspeitou nem suspeitaria dele, menino tímido e quieto, incapaz de “fazer mal a uma mosca”.
Entretanto, o tempo passara e Melinha tinha sido esquecida e ocultada num canto qualquer de um passado longínquo.
Mas o andar manso da menina e, principalmente o nome dessa o fez ressuscitar essa lembrança;
Amélia esquecia de dizer seu nome, mas agora que tenho a imagem de tudo que aconteceu viva na memória, não posso mais ocultá-lo.
A pobre menina estava exausta, vítima tanto dos demônios quanto dos exorcistas.
Nenhuma lucidez restava mais naquela mente conturbada, doente, sem compreensão e ajuda a não ser o misto de agressões verbais e físicas.
Porém, os olhos parados e resignados, ao verem o milagreiro se transtornaram e um gemido formidável ecoou pelo vilarejo.
Com fúria, passou a xingar e ofender o exorcista, aos gritos de: Assassino! Assassino!!!
Este ficou assustado com tal manifestação associada com a lembrança do passado, recém acordada por uma associação estranha entre aquela Amelinha e a sua, o deixou em alerta.
O que queria dizer isso?
Quando a menina, não sei se por acaso ou se por uma força estranha, entre dentes disse-lhe “Amélia, Amélia”, esse se postou de joelhos e numa atitude surpreendente, beijou-lhe os pés e pediu perdão.
Todos ficaram assustados com a cena, o exorcista havia se rendido ao demônio?
Beijara-lhe os pés e pedia-lhe perdão, o que queria dizer isso tudo!?
Num átimo, para desespero de todos, a menina pulou sobre ele e agarrou-o pelo pescoço.
Não iria mais tirar suas mãos, até que, numa atitude insólita, sua mãe, a mesma mãe que amava-a tanto, pegando no machado que pendia na cozinha, desferiu golpes a esmo.
De imediato, os dois corpos quedaram-se sobre o chão ensangüentado.
Juram que viram os dois abraçados, com as bocas, coincidentemente postadas uma na outra, num enigmático beijo.
Publicado em: 13/08/2006 19:43:00
Última alteração:26/10/2008 22:33:09


Essa moça é tão bonita,
Nela tenho o que persigo,
Porém o que sempre irrita
Não quer mais nada comigo...
Publicado em: 07/08/2008 16:05:18
Última alteração:19/10/2008 22:20:54



Essa moça não se cansa
De falar tanta besteira
Sem limites enche a pança
E o saco da terra inteira.
Publicado em: 01/03/2008 19:57:54
Última alteração:22/10/2008 17:07:47



Resta um pouco de perfume
Nas minhas mãos tão cansadas,
Essa mulher, meu queixume,
Tantas noites, recordadas...
Publicado em: 26/04/2007 16:20:39
Última alteração:28/10/2008 01:04:4


Essa prenda que é tão guapa
Já não pode andar sozinha.
De tocaia não me escapa
Ela um dia vai ser minha...
Publicado em: 01/03/2008 20:46:04
Última alteração:22/10/2008 17:12:04


ESPIRAL DE SONETOS - SOBRE O PROFÉTICO SONETO DE GREGÓRIO DE MATTOS GUERRA EM QUE ESTE DESCREVE UM DIA DE TEMPESTADE. HOMENAGEANDO O GENIAL POETA
ESPIRAL DE SONETOS - SOBRE O PROFÉTICO SONETO DE GREGÓRIO DE MATTOS GUERRA EM QUE ESTE DESCREVE UM DIA DE TEMPESTADE. HOMENAGEANDO O GENIAL POETA
Descreve um horroroso dia de trovões

Na confusão do mais horrendo dia,
Painel da noite em tempestade brava,
O fogo com o ar se embaraçava
Da terra e água o ser se confundia.

Bramava o mar, o vento embravecia
Em noite o dia enfim se equivocava,
E com estrondo horrível, que assombrava,
A terra se abalava e estremecia.

Lá desde o alto aos côncavos rochedos,
Cá desde o centro aos altos obeliscos
Houve temor nas nuvens, e penedos.

Pois dava o Céu ameaçando riscos
Com assombros, com pasmos, e com medos
Relâmpagos, trovões, raios, coriscos

Gregório de Mattos

2


“Relâmpagos, trovões, raios, coriscos”
E a Terra em convulsões leda bramia,
Deixando um ar terrível de agonia,
Os sonhos fugidios, mais ariscos.

E em maremotos, trêmulo planeta
Dos Céus nuvens espessas, tempestades,
Assisto á derrocada das cidades
Ao nada do depois nos arremeta

A sorte desairosa cultivada
Por mãos tão agressivas e insensatas
Imensos fogaréus tomando as matas,
Depois de tudo vejo o simples nada.

Ocaso se demonstra no horizonte,
A fera, raça humana, fim e fonte.

3

A fera, raça humana, fim e fonte
Momento apocalíptico desnudo,
E quieto observo tudo e sigo mudo
Aguardo alguma luz que inda desponte.

Mas nada. Só percebo este revolto
Mar que adentra praias, casas, ruas.
As faces do planeta, agora nuas,
É como se um demônio eu visse, solto

E o fogaréu se espalha sobre todos,
Ardendo em fartas chamas corpos nus,
Dos Céus se percebendo então a cruz
Que emerge sobre o charco, podre lodo.

Ao ver tal turbilhão memória grava
“Painel da noite em tempestade brava.”


4


“Painel da noite em tempestade brava”
Cenário demoníaco se vê
E quando se pergunta como e o que
Uma alma da verdade sendo escrava

Percebe nossa culpa e não domina
A voz que lancinante solta em brado.
De tudo me percebo tão culpado
Deveras da hecatombe sou a mina.

Esgotam-se esperanças, vago inferno,
Corruptas ilusões, chagas imensas,
E mesmo que do fato não convenças
Realidade em fúria, logo externo

Já generalizada esta agonia
E a Terra em convulsões leda bramia.


5

E a Terra em convulsões leda bramia
Gerando o desespero em cada face
Destino que profético se trace
E dele desairosa fantasia.

Dos píncaros aos vales mais profundos,
Tempestas e borrascas, nas procelas
Estrelas desabando em turvas telas
Galgando o fim de todos, vários mundos

Nefasta paisagem se percebe
E nela reproduzo os meus temores,
Cenários demoníacos e horrores
Invadem sem limite toda a sebe

Vulcânica expressão em fúria e lava
“O fogo com o ar se embaraçava.”

6

“O fogo com o ar se embaraçava”
Em erupções diversas sofrimento
Gerado pela insânia do tormento
Que a tudo sem descanso dominava.

Na inglória caminhada pela Terra
A raça humana em dívida venal,
Percebe neste estranho ritual
Sua jornada agora já se encerra

Gargalham-se satânicas figuras,
Voando como corvos sobre todos,
Emergem mais demônios destes lodos
Algum remanso inútil; crês. Procuras.

Mas nada neste inferno ainda havia
Deixando um ar terrível de agonia.


7

Deixando um ar terrível de agonia
Em pandemônio vejo o nosso fim,
A morte se espalhando e mesmo assim,
A face do terror inda sorria.

Irônicos fantoches que satânicos
Embebem-se do sangue em profusão,
E deles novos seres se farão
Gerando sobre todos, outros pânicos.

Vendavais assolam; chuva intensa,
O solo vai se abrindo e devorando,
As esperanças fogem; torpe bando,
Não há que do futuro se convença

No universo em completa rebeldia
“Da terra e água o ser se confundia.”

8


“Da terra e água o ser se confundia”
Insondáveis mistérios concretizam
Enquanto tantos seres agonizam
A noite desabando espessa e fria.

Os mares em terríveis ondas tomam
As ilhas, as calçadas e edifícios
Abrindo sob os pés os precipícios
Enormes pesadelos já se somam,

A neve sobre escombros se acumula,
Multidões vagando em procissão,
Não tendo mais destino ou direção,
Demônio satisfaz imensa gula.

Das carnes decompostas, seus petiscos,
Os sonhos fugidios, mais ariscos.

9


Os sonhos fugidios, mais ariscos
Percebo agonizante a Terra inteira,
E a morte de outra morte mensageira
Eternizando a dor, trovões, coriscos

E as ânsias de uma vida bem melhor
Agora sepultadas neste Inferno,
O que pensara ser suave e terno,
Tragédia vai se impondo, tão maior.

Carcaças devoradas por rapinas,
Não resta sequer pedra sobre pedra,
O olhar mais corajoso já se medra,
Não sobram nem sequer becos e esquinas

E ainda sobre o nada que se cria
“Bramava o mar, o vento embravecia.”

10


“Bramava o mar, o vento embravecia”
A vida que com luzes foi criada,
Agora totalmente destroçada
Enquanto toda a Terra enegrecia.

Partícipe do caos; nada mais posso
Somente me levar pela torrente,
Por mais que tal cenário me atormente,
Nenhuma reação, ainda esboço.

Insetos, vermes sendo então herdeiros
Fazendo dos escombros a partilha,
Alguma criatura ainda trilha
E avança sobre corpos, garimpeiros

Por mais que o vento ainda se arremeta
E em maremotos, trêmulo planeta.

11

E em maremotos, trêmulo planeta
Não suportando mais tanto terror,
Desaba a tempestade e neste horror,
Esperança se torna uma falseta

Vivenciando o fim da nossa história
Cumprindo-se deveras o que oráculo
Dissera há tanto tempo, um espetáculo
Horrendo em tez terrível, merencória

A Terra expondo em dor suas entranhas
Devora gigantesca engenharia
E o nada após o nada se recria,
Não há mais cordilheiras nem montanhas

E após a tempestade feita em lava
“Em noite o dia enfim se equivocava.”


12

“Em noite o dia enfim se equivocava”
Estúpido final da raça humana,
Que outrora se pensando soberana
Por toda esta extensão, tola, reinava.

Em gestos de ganância destroçando
O que talvez eterno se fizesse
Tentando amenizar com rito e prece,
Porém jamais agira em fogo brando.

E a fúria gera fúria, nada mais,
Repasto para as últimas fornalhas,
Riquezas são deveras meras tralhas,
Poderes emanados de boçais

Criando como fossem frias grades
Dos Céus nuvens espessas, tempestades.


13

Dos Céus nuvens espessas, tempestades
Rolando sobre os vários elementos,
E nelas se refazem os tormentos
Por mais que ainda tentes, grites, brades

Silêncios absolutos pós a fúria
Deixando esta convulsa Terra nua,
A noite não terá estrela ou lua,
Somente e plenamente farta incúria.

Penúria se mostrando em face escusa,
Na candidez do nada exposto o vão,
E fendas abismais tomando o chão,
Resíduos tornam cena mais confusa

Nem sombra do terror que se espalhava
“E com estrondo horrível, que assombrava.”


14


“E com estrondo horrível, que assombrava”
Momentos tão convulsos sobre todos,
E toscas criaturas, podres lodos,
Uma onda gigantesca, imensa e brava

Derrama-se por sobre cada estrada,
Desabam cordilheiras, terremotos,
Os sonhos se tornando mais remotos,
A Terra sendo aos poucos destroçada.

Venais tormentos tomam meu olhar
E tudo o que pensara se desfaz,
Retrato tão terrível quão mordaz,
Percebo sobre nós se acumular

E bêbado de tantas tempestades
Assisto à derrocada das cidades.


15




Assisto à derrocada das cidades
Na face degradada e dolorida,
Ainda que restasse qualquer vida
Diversa das antigas realidades.

Estúpido fantoche ainda vê
Retrato do futuro e nada faz,
Lutasse tão somente pela paz,
Mas sobrevive apenas, sem por que.

Destroça a mãe que um dia alimentara
Matando o Pai que outrora em sacrifício
Já fora seu cordeiro, e desde o início
Se arrependera até do que criara.

Reflexo da voraz, tosca heresia
“A terra se abalava e estremecia.”


16

“A terra se abalava e estremecia”
Enquanto em palidez venal momento
Gerando totalmente o desalento
Matando e torturando em agonia.

Espúrio olhar ao longe regozija
Gargalha-se Mefisto, vaga sobre
O escombro que deveras já recobre
E nada após o tanto inda se erija

Deixando o caos completo como herança
Daquela que se fez autoritária,
Rainha sem escrúpulos, falsária
De torpe vaga e pútrida lembrança

Assim após o fim deste Planeta
Ao nada do depois nos arremeta.


17



Ao nada do depois nos arremeta
O quadro lacerado que ora vejo,
E quando se pensara em azulejo
Agrisalhada face se cometa.

Acinte repetido em gerações
Diversas espalhando esta aridez
Na qual toda uma história se desfez
Não escapando nem mesmo os grotões;

Exala-se este odor adocicado
De pútridas carcaças que se espalham,
Abutres entre os corpos já retalham
O que se percebera destroçado.

E a Terra desnudando os seus segredos
“Lá desde o alto aos côncavos rochedos”.

18


“Lá desde o alto aos côncavos rochedos”
Dos vales mais profundos aos abismos,
Depois dos mais terríveis cataclismos,
Assim se encerrarão nossos enredos.

Nefasta face expondo esta verdade,
Culpado e suicida, o ser humano,
Tomado tão somente por engano
Mesmo quando esta face se degrade

Desiste da esperança quando assola
Com fúria e destemor, a mãe gentil,
Que um dia insanamente assim pariu
O ser que de servil, ora controla

Do amor que foi parido, pari o nada
A sorte desairosa cultivada.

19


A sorte desairosa cultivada
Por mãos gananciosas nada traz,
Num ar tempestuoso e tão audaz
O que já fora vida se degrada.

Ilude-se em venal quinquilharia
Vendendo-se ao demônio pouco a pouco,
E quando ainda insurjo me treslouco
A sorte a cada passo se esvazia.

Partícipe da festa, vez em quando,
Não nego com certeza minha culpa,
Por mais que outro caminho já se esculpa
O quadro cada vez se deformando

Traçamos com terríveis, toscos riscos
“Cá desde o centro aos altos obeliscos”


20


“Cá desde o centro aos altos obeliscos”
Aspectos mais funestos da verdade,
Aonde se pudesse em liberdade
Os homens sendo sempre mais ariscos

Desviam cada vez a própria fonte
E matam o que resta do porvir,
Apodrecendo a vida, posso ouvir
Lamento desta mãe sem horizonte

Mesquinharia doma o que pudera
Ser mais do que talvez simples demônio,
Destrói com fúria o enorme patrimônio
E como fosse assim terrível fera

Avassalando insano, rios, matas,
Por mãos tão agressivas e insensatas.

21

Por mãos tão agressivas e insensatas
A derrocada expressa em sofrimento,
Não restando sequer algum momento
Imagens soberanas que retratas

Com toda insanidade contumaz
Aspectos tão diversos e uniformes
Os restos são deveras mais disformes
Apenas o final nos satisfaz

Medonha face exposta a cada dia,
Tornando-se impossível convivência
Aonde se pensara inteligência
A morte sem defesas perfazia

E em meio aos vendavais, terríveis medos
“Houve temor nas nuvens, e penedos.”






22

“Houve temor nas nuvens, e penedos”
Gigantes nuvens feitas de fumaça
E quando sobre a Terra já se traça
O fim tornando tétricos enredos

A sanha do Planeta desenhada
Por mãos toscas e torpes, violentas
Gerando após tormentas mais tormentas
Herança pouco a pouco sonegada.

Vingança? Não. Somente conseqüência
De nossa estupidez esteja certo
Que tudo redundando num deserto
Criado com terrível eloqüência

Resultando das vândalas bravatas
Imensos fogaréus tomando as matas.

23


Imensos fogaréus tomando as matas
Estúpido caminho eu adivinho,
E quando destroçamos nosso ninho,
Criaturas terríveis, pois ingratas

Não deixaremos nada após, por isto
Merecemos o fim que cultivamos,
E quando em voz audaz pensamos amos;
Servis dos nossos erros. Eu insisto.

E vendo esta faceta em garatuja
Traçada por demônios: nosso espelho,
Já não sabendo mais qualquer conselho
A face que se vê terrível, suja

Da verdade fugíamos ariscos,
“Pois dava o Céu ameaçando riscos”.


24

“Pois dava o Céu ameaçando riscos”
Avisos deste estúpido final,
E a face que se mostra tão boçal
Repete os arranhados velhos discos

Não vês quão necessário ter um fim
Ganância após ganância gera o caos
Sem ter ancoradouro, pobres naus
Vagando em oceano segue assim

À beira do naufrágio inevitável,
Riscando mares turvos, podres águas
E quando na verdade tu deságuas,
Palavra sendo franca e não potável

Demonstra a escuridão anunciada:
Depois de tudo vejo o simples nada.


25


Depois de tudo vejo o simples nada
E sinto a derrocada mais feroz,
Sabendo do vazio logo após
A sorte há tanto tempo foi lançada.

Escombros do que fora outrora vida
Nefasta imagem traz desolação
Sabendo que depois não sobrarão
Sequer resquícios, leda despedida.

Algozes de nós mesmos, os demônios
Que um dia perfilaram sobre a Terra
Assim este capítulo se encerra
Nos mais terríveis fatos, pandemônios.

Desenha-se o final de tais enredos
“Com assombros, com pasmos, e com medos”.

26

“Com assombros, com pasmos, e com medos”
Sintomática imagem do futuro,
E quando se percebe tão escuro
Momento em que traçamos os degredos

Aos quais nos submetemos sem saída
Esgotam-se os caminhos, vejo assim
Que quanto mais terrível nosso fim,
Maior a percepção disto sentida

E inerte sobre a Terra a raça humana,
Destrói com fúria tudo o que existira
Acende com terror última pira
E bebe a podridão que assim se emana

Negando a realidade que se aponte
Ocaso se demonstra no horizonte.


27

Ocaso se demonstra no horizonte
E tudo o que talvez pudesse ser
Transfigurando a faca do poder,
Matando em aridez a imensa fonte.

O trágico caminho em tempestade
Acida uma existência que é venal,
E tendo já noção deste final,
A cada passo mais alto se brade

Putrefação gerada pela audácia
E dela se traçando o nada vir,
Assim se desenhando este porvir,
Marcado por soberba e por falácia

Nos Céus se traçam fortes, grandes riscos
“Relâmpagos, trovões, raios, coriscos.”


28


“Relâmpagos, trovões, raios, coriscos”
Explodem num momento terminal,
Aonde se pensara germinal,
Destroços que carrego, são confiscos

Do quadro desenhado há tantos anos,
Medonhas as figuras que ora vejo.
Assim ainda creio e até almejo
A solução, mas sei dos desenganos

E enquanto não se vê nem atitude
Tampouco se terá uma saída,
Caminhando sem rumo e já perdida
Bem antes que a verdade crua mude

O fim sem horizonte já desponte
A fera, raça humana, fim e fonte.
Publicado em: 16/03/2010 11:02:59


ESPIRAL DE SONETOS PARTE 01

Quem teve uma esperança como guia,
Adentra o mar imenso feito em luz,
O vento da mais pura poesia
Beleza de teus olhos reproduz.

De todo sonho, o bem que eu te propus,
Semblante extasiado em alegria,
O canto feito em glória me conduz
Aos braços deste amor que me enfim me queira.

Somemos nossos cantos, primavera,
Ergamos belas taças de cristal
Ao bem que se mostrando sem igual

Amor fazendo amor, prazeres gera.
Em minhas mãos contendo a maravilha
Um novo alvorecer, meu canto trilha.


2

Um novo alvorecer meu canto trilha
Seguindo cada rastro que deixaste,
Abrindo no meu peito uma escotilha
Amor faz com tristezas um contraste,

Minha alma que antes fora uma andarilha
Bebendo esta esperança que legaste
Os uivos das saudades em matilha
Não rompem da alegria esta dura haste.

Eu vou seguindo a vida simplesmente,
Levado pela luz numa torrente
Chegando depois disso aos braços teus.

Encanto em profusão, nossa aliança
Entorna sobre nós rara esperança
Deixando à solidão, somente o adeus.


3

Deixando à solidão somente o adeus
Vencemos nossos medos, simplesmente,
Tocado pela luz dos olhos teus
Meu rumo se transforma totalmente.

Não quero mais seguir rumos ateus,
Ao ver amor tão puro claramente
Não quero ser vassalo nem ser deus,
Vontade de te amar se faz urgente.

Sentindo o sol brilhando sobre nós,
Não temo o que virá depois, após,
Contendo em minhas mãos esta esperança;

Quem ama de verdade não se cansa
Sabendo transformar a dor em riso,
Adentro ao mais sublime paraíso.

4

Adentro ao mais sublime paraíso,
Teu corpo iluminando a nossa cama.
Amor que veio vindo sem aviso
Acende em brasa imensa, a velha chama.

Meu verso se tornando mais conciso
A cada nova estrofe sempre exclama,
Falando deste amor calmo e preciso,
Negando a dor solene, amargo drama.

Tendo a minha sina nos teus passos,
O coração imerso em belos paços
Fartura de esperança e de emoção.

Toada de um caboclo enamorado,
Nos raios deste céu iluminado
Vivendo, com certeza esta paixão.


5

Vivendo com certeza, esta paixão,
Eu sigo cada rastro que tu deixas,
Sentindo este perfume, sedução,
Não tenho mais na vida quaisquer queixas.

Tocado pelo amor, louco tufão,
Afago com carinho esta madeixas
Jamais em minha vida digo o não,
Decifro teus desejos, tuas deixas.

A par do sonho raro que vivemos,
O amor toma nas mãos o leme, os remos,
Levando para a praia o meu saveiro.

Quem tem dentro de si amor profundo,
Já sabe conquistar, decerto o mundo,
Olhares num só brilho, verdadeiro...

6

Olhares num só brilho, verdadeiro,
Seguimos pareados pela vida;
Usando em mesma cor, nosso tinteiro
A sorte derradeira e prometida.

O mundo se mostrando alvissareiro
Percebo, neste amor, uma saída
Matando o medo algoz e feiticeiro
Entorno uma esperança tão querida.

Martírios que vivi já não concebo;
Carinhos mais gentis; dou e recebo
Vagando a noite, imerso nos teus braços,

Estrelas multiplicam farto brilho,
Não vendo mais sequer um empecilho
Entrego-me, cativo, nestes laços...

7

Entrego-me, cativo, nestes laços,
Sentindo a brisa mansa me tomando,
Aos poucos, infinito penetrando
Bem firmes meus caminhos e meus passos.

Nos céus de nosso amor, claros espaços
Meu barco nos teus mares navegando,
Não quero e nem pergunto aonde e quando,
Só quero em minha noite os teus abraços.

Verdugo de meus dias, solidão,
Deixada para trás no rés do chão,
Jogada na gaveta do passado,

Numa esperança viva, ela agoniza,
Manhã vem renascendo em mansa brisa,
Sentindo esta presença aqui do lado.

8

Sentindo esta presença aqui do lado,
O vento me levando para a areia
Ouvindo o canto belo, enamorado,
Percebo com clareza uma sereia

Pensara que já fora derrotado,
Ao ver a claridade em lua cheia
Amor vem devagar e me incendeia
Mostrando ao fim da estrada um raro prado

Enchentes de florais na primavera
Teu néctar vou sorvendo com vagar,
Agora que encontrei o bem de amar.

Esqueço a solidão, temível fera,
Já tendo uma esperança como guia,
Entrego-me a mais bela fantasia.

9


Entrego-me a mais bela fantasia
Ao ter o teu perfume junto a mim,
O mundo num instante me diria
Do quanto é mavioso o meu jardim.

Nas mãos de quem adoro; a poesia
É meu princípio, trama, rumo e fim.
De tudo o que mais sinto; o que eu queria
Encontro aqui, contigo, amor enfim.

Uma esperança feita em fortaleza,
Derrama sobre nós farta beleza
Vagando nos meus sonhos, nos meus versos.

Atando nossos nós, irei contigo,
Recolho cada rastro que persigo,
Sentimentos perfeitos e diversos...

10


Sentimentos perfeitos e diversos,
Um louco viajante encontra o lume
Depois de dias duros e perversos,
Adentra o infinito em seu perfume.

Não deixa que esperança assim se esfume
Em vagas ilusões, cantos dispersos,
Permite que meu passo, enfim se aprume
Trazendo algum sentido pr’os meus versos.

A dor que latejara no meu peito,
Ao ver o seu caminho contrafeito
Nos olhos da esperança vai vencida.

O frio em minhas mãos, tremores tantos,
Sintomas que demonstram tais encantos
Prenúncios de prazer em minha vida.

11


Prenúncios de prazer em minha vida,
Deixados no caminho em que prossigo,
Quem sabe tanto amor nunca duvida,
Andando passo a passo, estou contigo.

A dor em esperança convertida
Prepara ao fim da noite o nosso abrigo,
Minha alma se encontrava, antes perdida
Agora até sorrir em paz, consigo.

Teu corpo a mais divina das molduras,
Repleto de prazeres e ternuras
Espelha esta beleza sem igual.

Tentáculos da sorte nos tocando,
O dia em alegria vem raiando
No lume deste amor fenomenal.

12

No lume deste amor fenomenal
Teus olhos espelhando a claridade,
Desejo mais profundo e sensual,
Recebo deste olhar, felicidade.

Uma esperança em paz, mansa e vestal
Promete para amor, fertilidade,
Subindo calmamente este degrau
Aos céus vai penetrando e logo invade.

Galopa em liberdade o meu corcel,
Bebendo nesta boca o doce mel,
Sentindo uma esperança aqui chegar,

Brindando à nossa glória fartamente,
Amor mudando o rumo, de repente,
Adentra num momento a praia e o mar.

13


Adentra num momento a praia e o mar
Quem faz da claridade o seu poema,
Sabendo quanto é bom, decerto amar,
Não vê mais no caminho algum problema,

Não tendo mais sequer qualquer algema
Recolhe cada fruto do pomar,
Mostrando em paz profunda um raro tema
Espreita esta alvorada a debruçar.

No sol que nos bendiz quando ilumina,
Felicidade imensa descortina
Uma esperança imersa em nosso peito.

Vivendo o nosso amor, raro e profundo,
Permito ao coração ser vagabundo
Fazendo do luar seu claro leito.


14

Fazendo do luar seu claro leito,
Espreito o teu sorriso de menina,
Vivendo plenamente satisfeito,
Beleza sem igual se descortina.

Adoro com certeza esse teu jeito
Rainha que tão mansa, me domina
A sina de ser teu; agora aceito
E bebo o meu prazer na doce mina.

No quanto que te quero e nunca nego,
Ao bem de tanto amor, eu já me entrego,
Não tendo em minha vida urze nem cruz

Minha esperança afeita ao teu abraço
Numa explosão extrema em cada passo,
Adentra o mar imenso feito em luz.

15


Adentra o mar imenso feito em luz
O sonho de quem ama e te deseja
A brisa da esperança é benfazeja,
No beijo que alegria reproduz.

Nos corpos que se tocam quando nus,
Felicidade e gozo, amor almeja
Não tendo vencedores na peleja
Ao bem supremo, amor sempre conduz.

No quanto nada somos sem amor,
Cerzindo um céu imenso em claridade
Negar o nosso amor, não há quem há-de

Em jade e diamante a se compor,
Unida solução feita em contraste
Seguindo cada rastro que deixaste.

16

Seguindo cada rastro que deixaste
Adentro ao paraíso num instante,
Teu canto; com encanto, me mostraste
Num doce seduzir inebriante

Desejo louco, insano, tu legaste
A quem se fez comparsa mais constante
O tempo não nos deu qualquer desgaste
A vida continua deslumbrante.

Meu mundo no teu mundo se entranhou
Tu vens comigo, amada aonde vou
Sabendo o que mais queres, claramente.

Unidos encontramos o infinito
Fazendo deste amor, divino rito,
Vencemos nossos medos, simplesmente.

17

Vencendo nossos medos, simplesmente
As dores se tornando mais escassas,
Persigo os rastros claros quando passas,
Estrela que domina plenamente.

De todo este prazer que a gente sente
Fluindo meu desejo enquanto abraças
Bebemos com prazer nas mesmas taças,
Vontade se fazendo mais urgente.

Estrelas, companheiras de viagem,
Ao ver tua nudez, uma miragem
Tomando em claridade, vem e chama

Num sonho delicado e mais profano,
Um astro que se mostra soberano,
Teu corpo iluminando a nossa cama.


18

Teu corpo iluminando a nossa cama
Estrela que surgiu em forma humana,
Fulgura divinal, perfeita chama,
Rainha de meus dias, soberana.

Tocado pelo brilho desta trama,
Amor quando em meu peito já se ufana
Permite vislumbrar divina e insana
Mulher que a fantasia sempre aclama.

Tua beleza rara, diamantina,
Decerto, esse cenário já domina,
Derrama sobre mim negras madeixas.

Qual fora um viandante sem destino,
No coração uma alma de menino,
Eu sigo cada rastro que tu deixas.


19

Eu sigo cada rastro que tu deixas
Estrela que se deita sobre o mar,
Nos sonhos que trouxeram outras gueixas
Mergulho, simplesmente, e quero amar.

Não ouço mais antigas, duras queixas
Pois tenho com quem possa já contar,
Entendo meu amor quando tu queixas
Se o pensamente eu deixo divagar

Mas volto a mais sublime realidade
E sei que em tanto amor que agora invade
Está decerto a sorte perseguida.

E vamos, sem temores mundo afora,
Já tendo uma alegria que se aflora
Seguimos pareados pela vida.

20


Seguimos pareados pela vida
Buscando a maravilha deste cais,
Percebo o quanto estás mais decidida
Sabendo que te quero assim, bem mais.

Por mais que a solidão peça guarida
No peito de quem ama os temporais
Aos poucos já se vão para jamais
Vencidos pela paz embevecida.

Eu quero estar contigo em plena chuva,
Amor que nos servindo feito luva
A cada amanhecer nos decorando,

Do vento que fez um furacão
Prevejo em calmaria esta emoção,
Sentindo a brisa mansa me tomando.

21

Sentindo a brisa mansa me tomando
Entrego-me à total felicidade.
O dia mansamente vem raiando
Trazendo o suave encanto, liberdade.

No céu as andorinhas formam bando
E o amor aos poucos chega e já me invade,
O sol que no horizonte vem raiando
Transborda a mais completa claridade.

Ser teu é o mais quero; o que pretendo,
Sentir o teu abraço me envolvendo,
Envolto com prazer em tua teia

Sereia que domina com encanto,
Tocado pelo belo do teu canto,
O vento me levando para a areia.


22

O vento me levando para a areia
Nas ondas mais sutis do sentimento,
Amor que em fogaréu, contigo ateia
Delícia me invadindo o pensamento.

Eu amo-te demais, por isso creia
Não deixo de querer um só momento
O manso acalentar que em minha veia
Transfunde esta emoção e toma assento.

Dos fardos que carrego do passado,
O medo de te amar, abandonado,
Agora que percebo amor sem fim,

Canteiro de esperanças vou aguando
E um novo amanhecer me transformando.
Ao ter o teu perfume junto a mim.


23

Ao ter o teu perfume junto a mim
Estendo o coração nesta varanda,
Na boca o mais suave carmesim,
Meu peito enamorado anda de banda.

O vento se espalhando traz em fim
Amor que em tanto amor já não desanda
Na dança mais sublime sinto enfim,
O gosto de dançar nossa ciranda.

Além do que quisera há tanto tempo,
Não tendo mais, na vida, um contratempo,
Não trago nem sequer algum queixume,

Na noite tão escura que enfrentara
Ao ver maravilhosa jóia, rara,
Um louco viajante encontra o lume.

24

Um louco viajante encontra o lume
Nos olhos de quem ama, o seu farol,
Amar, além de tudo, um bom costume,
Trazendo para tantos, belo sol,

Nos braços deste sonho atinjo o cume
Seguindo qual um manso girassol,
Não deixe que este encanto, enfim se esfume,
Pois trazes farta luz para arrebol,

Eu quero estar contigo, esteja certa,
A porta se mostrando sempre aberta,
Vislumbra a maravilha feita abrigo.

Persigo cada rastro que deixaste,
Nos brilhos com os quais iluminaste,
Deixados no caminho em que prossigo.

25

Deixados no caminho em que prossigo
Os passos de quem sinto ser além
Do simples desejar, do querer bem,
Seguindo o tempo inteiro aqui comigo.

O medo se esvaindo, sem abrigo,
Eu sinto que enfim, encontro alguém
E o vento da esperança, manso vem,
Felicidade imensa, eu já consigo.

Vislumbro na penumbra raro brilho,
Falena enamorada, agora eu trilho
Demonstro, num momento ansiedade.

Faróis iluminando o negro céu,
Das nuvens tenebrosas surge o véu,
Teus olhos espelhando a claridade.

26


Teus olhos espelhando a claridade
Refletem num lampejo uma esperança,
Amor que se moldando em liberdade,
Lega o gozo pleno como herança.

Tomado por hedônica vontade
Quem ama, com certeza não se cansa,
Contra o bem do amor não há quem nade,
Pois sabe imensidão que logo alcança

Aquele que se mostra decidido,
Deixando a solidão em triste ouvido.
Meu corpo te procura em piracema,

Desejo triunfante feito em glória
Já muda num momento a sua história
Quem faz da claridade o seu poema.

27


Quem faz da claridade o seu poema
Escreve com firmeza uma emoção,
Da pedra preciosa, rara gema
Transita no meu peito, a sedução.

No céu de nosso amor, um diadema
Nos brilhos constelares da paixão,
Amor é nosso sonho, um caro emblema
Portando em sua sina a redenção.

Afasto qualquer pedra e sem espinhos,
Deitando meu prazer em teus carinhos,
O amor que me conquista e me domina.

Olhando de soslaio, de tocaia,
Em meio a tantas luzes nesta praia.
Espreito o teu sorriso de menina


28

Espreito o teu sorriso de menina
Sentindo o bom bafejo da esperança,
De todos os meus sonhos, bela mina,
Na fonte desejosa, clara e mansa.

Esta alquimia chega e me domina,
Formata a vida feita em aliança
Sabendo ser só teu, a minha sina,
A perfeição completa enfim alcança.

Transmudo, num segundo o pensamento
E galgo eternidade no momento
Em que me entrego fundo à fantasia.

Sentindo-me tão manso a me roçar,
Em meio ao doce encanto do luar,
O vento da mais pura poesia.


29


O vento da mais pura poesia
Trazendo a sensação de liberdade,
O quanto e tanto bem que se queria,
Transforma toda dor em amizade.

A brisa matinal abranda o dia
Promessa de total tranqüilidade,
Tua alma de minha alma, senhoria,
Contigo vencerei a adversidade.

Saber quanto é possível ser feliz,
Tramando a luz suprema que se quis
Mudando num repente antiga trilha.

Depois da tempestade uma bonança.
E o vento bem mais forte da esperança
Abrindo no meu peito, uma escotilha


30

Abrindo no meu peito uma escotilha
Acendo da esperança, o fogo intenso.
Na sina que se fez uma andarilha,
No vago logo após às vezes penso,

Carrego dentro em mim tanta mobília,
Escombros do que fui. Mergulho tenso
E nada se percebe além da trilha
Vazia que sobrou de um mar imenso.

Erguendo um brinde à vida, morro aos poucos,
Os gritos incontidos saem roucos
Prenunciando apenas um adeus.

Porém ao ver de novo o meu porão,
Vislumbro a derradeira solidão,
Tocado pela luz dos olhos teus.

31

Tocado pela luz dos olhos teus
Penumbras adentrando noite afora,
Esqueço destas trevas, ganho os breus,
E o quanto desejei, o nada implora.

Preparo a cada instante o meu adeus,
Vontade de partir, seguir agora
Na busca dos anseios tolos meus,
Na areia movediça o pé se escora

Esvaio em cada verso que te faço,
Traçando o meu destino a cada passo
Soçobro em tempestades de granizo

Naufrago nesta luta tão inglória,
Mascando o meu revólver, muda a história
Amor que veio vindo sem aviso.

32

Amor que veio vindo sem aviso
Na lousa escreve a dor em claro giz,
Do quanto desejei e nada fiz,
Apenas um irônico sorriso.

Promessas se perdendo em solo liso
O chão caracachento corta e diz
Que o tempo que passamos impreciso
Não serve como apoio, é por um triz.

Veleja o pensamente e chega ao nada,
A praia dos meus sonhos isolada,
Repete o tempo inteiro a negação.

Mas sigo qual falena em plena luz,
Carrego em minhas costas, leda cruz
Sentindo este perfume, sedução.

33


Sentindo este perfume, sedução
Aproximo meus olhos de teus olhos,
Estendo o meu tapete em urze, abrolhos
E bebo o teu veneno, lambo o chão.

Às turras entre beijo e bofetão
Janelas arrombadas sem ferrolhos,
As flores e os insetos vêm nos molhos
Ferrenhas tais batalhas, turbilhão.

E somos duas faces da moeda,
Amparo enquanto empurro para a queda,
Tramamos a vingança o tempo inteiro.

Se eu somo e já divido, vários elos,
Seguimos nossos rumos paralelos
Usando em mesma cor, nosso tinteiro.


34


Usando em mesma cor, nosso tinteiro
Fazemos multicor uma esperança
No barco a se perder, o timoneiro
Durante a tempestade não avança;

Sorriso tantas vezes tão matreiro
Esconde no bornal uma aliança
E o tempo necessita temperança
Mas nada do que tive é verdadeiro.

No moto que perpétuo nunca morre,
Beijo sanguinolento não socorre
E segue dia-a-dia nos matando.

Se eu quero o que tu negas, vou em frente
E o passo que se busca, num repente,
Aos poucos, infinito penetrando.

35


Aos poucos, infinito penetrando
Rompendo a nossa carne expondo entranhas
Quem sabe e reconhece suas manhas
Não deixa mais o inverno vir chegando.

Amor quando em desordem segue em bando
E foge para terras mais estranhas,
Não quero nem saber se tu me ganhas,
Apenas não irei mais desabando.

Resíduos espalhados, meus escombros,
O peso que carrego nos meus ombros
Já deixo por aí, abandonado.

Esqueço vez em quando o meu destino,
E sigo enquanto amor eu descortino
Ouvindo o canto belo, enamorado.

36


Ouvindo o canto belo, enamorado
Escuto em tua voz um eco a mais
Do quanto percebi no meu passado
A ausência pura e simples deste cais.

O fardo que carrego é tão pesado
Nadando entre procelas, temporais,
Entendo e decifrando o teu recado
Percebo a liberdade do jamais.

Parceiros deste jogo, perco e ganho,
Não quero mais saber do bem tamanho
Vendido sempre à parte- fantasia.

Se amor é na verdade um ledo abismo
Forrado pelo fogo em fanatismo,
O mundo, num instante me diria.


37


O mundo num instante me diria
De todo o sentimento que represo,
A vida muitas vezes solta o peso,
E mata quem dourava a fantasia.

O medo se transforma em agonia,
Eu tento prosseguir, e vou ileso,
O fogo da esperança segue aceso
E nisso vou singrando um novo dia.

Mimetizando assim o sentimento,
Numa metamorfose o pensamento
Adentra por caminhos tão diversos.

Eu quero prosseguir de peito aberto,
Aguando de ilusões este deserto,
Depois de dias duros e perversos.


38


Depois de dias duros e perversos
Vagando pelas noites, botequins,
Aguando com saudade os meus jardins,
Sangrando plenamente em frios versos,

Olhares sem destino, vãos, dispersos,
Buscando dias calmos, noites cleans
Vestindo uma esperança feita jeans
Jazendo nos caminhos tão diversos

Eu calo a melodia que não fiz,
Meu pranto feito imenso chafariz
Banhando em sortilégio a nossa vida,

Amor que não se aprende no colégio,
Ditando o mais sublime privilégio,
Quem sabe tanto amor nunca duvida.


39

Quem sabe tanto amor nunca duvida
Do sentimento imerso em águas calmas,
Porém ao carregar antigos traumas,
Esboço nos teus braços, a saída.

Montando esta esperança tão querida,
Entrego o coração, buscando as almas
Saveiro que em tempesta logo acalmas,
Palavra entre remendos dividida.

Esgarça os meus olhares, firmamento,
No cálice dos sonhos, pensamento
Galgando espaço livre, sideral.

Tua nudez, delito insano e claro,
Sentindo o teu perfume, eu já disparo
Desejo mais profundo e sensual.


40


Desejo mais profundo e sensual
Roçando o nosso corpo, devagar,
Não tendo sequer pressa de chegar
Adentro este caminho sem igual.

Quem dera se pudesse um imortal
Tivesse eternidade a me tocar,
Voando em liberdade até chegar
O gozo mais perfeito, triunfal.

Sementes espalhadas pelo chão,
Causando ao reflorir, revolução,
Tomando num momento, céu e mar.

Arando com carinho cada lavra,
Usando o dom do sonho e da palavra
Sabendo quanto é bom, decerto, amar.


41


Sabendo quanto é bom, decerto, amar
Eu quero ter o gozo feito em glória,
Mudando novamente a minha história
Eu singro uma esperança com vagar.

Nas ondas que eu pretendo navegar
Esqueço do que fui, simples escória.
Amor virá pagando a promissória
Depois de tantos olhos a mirar.

As farpas que trocamos, corte fundo,
A bêbada esperança deste mundo
No canto em que me encanto, o mais perfeito.

Os ossos fraturados dos meus sonhos,
Em meio a risos francos e medonhos,
Vivendo plenamente satisfeito.

42


Vivendo plenamente satisfeito
Lambuzo com meu mel tua esperança
Não tendo solução nem mais fiança
Eu sigo o meu caminho do teu jeito.

Lembrando de teus olhos quando deito
Um fardo sem limites não me alcança,
Na mão carrego seta, flecha, e lança
E faço de um prazer, antigo pleito.

No canto cada ritmo se faz tétrico
Distante do que forma encanto métrico
O verso sem caminhos já me abduz

E mesmo que não saibas do que falo,
O gozo deste fogo em nosso embalo
Beleza de teus olhos reproduz.


43

Beleza de teus olhos reproduz
O encanto do divino amanhecer
Roubando da alvorada a plena luz
Espalhas no arrebol raro prazer.

O sonho duradouro que propus
Entranha em perfeição, meu bem querer,
Se a noite irá voltar, eu não me opus,
Apenas tua boca a me beber.

Não quero na verdade amor apático
Tampouco refletir um automático
Caminho que me leve a tal desgaste.

Somando cada passo, vamos longe
Bacante misturando-se com monge
Amor faz com tristezas um contraste.


44

Amor faz com tristezas um contraste
Reflui e volta sempre à mesma mesa;
Comendo no princípio a sobremesa
Já tem a força toda de um guindaste.

Na carta de alforria que negaste
Senti o gosto frio da incerteza
Amor que com saudade se reveza
Não preza e morre aos poucos, afunda a haste.

Afundaste meus barcos. Morto o cais,
Eu volto o meu olhar para o jamais
E vejo errôneo passo em minha frente.

Conhecendo de perto quem amei,
Perversamente sinto o quanto errei,
Meu rumo se transforma totalmente.


45


Meu rumo se transforma totalmente
Depois de cada chuva em tempestade,
O bêbado nas ruas da cidade
Vagando sem destino, qual demente,

Intrépida jornada pela mente,
No quanto que não tive e já me invade
A trama se perdeu em quantidade
E o fim do nosso caso se pressente.

Mas tendo o teu corpinho assim desnudo,
Chamando para a festa, vou com tudo,
Adentro o festival, macia a cama,

Os planctos e as sementes, plantas, gozo,
Do emaranhado louco e caprichoso,
Acende em brasa imensa, a velha chama.


46

Acende em brasa imensa, a velha chama,
Macabros versos solto em profusão,
Fazendo a mais completa confusão,
Na combustão dos sonhos, minha trama,

Não sendo teu escravo ou teu patrão,
Irmanado contigo, céu e lama,
Quem ama, na verdade não difama,
Nem mesmo que repita a negação.

Patrolas estas rotas podres, rotas,
Carinho que me dás em conta-gotas
Deixando vez em quando o que não deixas,

Soprando sobre nós o mesmo vento,
Usando esta cangalha, o sentimento,
Não tenho mais na vida, quaisquer queixas.


47

Não tenho mais na vida, quaisquer queixas
E cato os meus cavacos espalhados,
Carpindo os risos tolos, desfraldados,
Encontro em ti, à noite, divas, gueixas.

Soubesse te dizer, faria endechas
Em versos tão sutis, transfigurados,
Porém ao vislumbrar terríveis prados,
Recebo de teus olhos novas deixas.

Havendo o que não tive e sem tempero,
Acendes toda noite o meu isqueiro
Na chama da fornalha repartida.

Repatriando antigos firmamentos,
Eu sinto pelo menos por momentos
A sorte derradeira e prometida.

48

A sorte derradeira e prometida
Jogada nos beirais desta janela,
No suicídio salvo a minha vida,
E tramo uma esperança sem tramela.

Quem ama na verdade se congela,
Escravo desta inglória mais querida,
Acendo toda noite a mesma vela
Capaz de incendiar qualquer saída.

Marco o corpo inteiro em tatuagem,
Sorvendo com prazer qualquer bobagem
Capacho em garatujas; erros crassos,

Divido o que somei há tanto tempo,
E mesmo que me entregue ao contratempo,
Bem firmes meus caminhos e meus passos.

49


Bem firmes meus caminhos e meus passos,
Pegando uma carona no cometa,
Vagando por satélite e planeta
Arranco as maravilhas, risco os traços.

Prazeres na verdade são escassos,
A cada novo engano que eu cometa
Espero corrigir errônea seta
Juntando os cacarecos, meus pedaços.

Minha alma mergulhada no mecônio
Coração fustiga em tanto hormônio
Vai preso e necessita desta teia.

Num instantâneo mar, qual mergulhão
Parido pelo bom da tentação.
Percebo com clareza uma sereia.


50

Percebo com clareza uma sereia
Alcoólatra e sedenta de prazeres,
Desnuda nessa cama me incendeia
E como este banquete em mil talheres.

Sorrisos derramando a lua cheia
Divindades em forma de mulheres,
Quem vaga pelas tramas não receia
E sabe na verdade o que mais queres.

Em todos os momentos magistrais
Roubando o bom perfume dos rosais
Eu sinto uma explosão de amor em mim.

No rum que tu destilas todo dia,
Respostas à pergunta que sabia
Do quanto é mavioso o meu jardim.

51

Do quanto é mavioso o meu jardim
Em pétalas diversas, coloridas,
Recebo o benfazejo vento em mim,
E as horas sempre passam distraídas.

As cordas se rompendo até o fim,
Farturas em palavras decididas,
Nas cores tão diversas, vou assim,
Somando as nossas contas divididas.

E esboças num sorriso com fartura,
Um gesto em sincronia, uma ternura,
Fazendo com que a vida, enfim, se arrume.

No cume deste olhar tão emblemático,
O gozo do prazer cego e temático
Adentra o infinito em teu perfume.

52

Adentra o infinito em teu perfume
O quanto decidira no passado,
Não tendo a vaidade por costume,
Eu sinto o vento imenso, adocicado,

De tudo o que transporto do passado,
Ainda levo aqui, teu claro lume
E mesmo que se perca de ciúme
Caminho o tempo inteiro lado a lado.

Esgarço os meus lençóis, rasgo o meu peito,
E vamos prosseguindo desse jeito
Sabendo que virá qualquer perigo.

Minha alma que é da tua siamesa,
Refoga com tempero uma tristeza,
Andando passo a passo, estou contigo.

53




Andando passo a passo, estou contigo
E venço um medo arcaico, envelhecido.
Toando a fantasia num sentido
Diverso do que fora o que persigo,

Dizendo o que deveras nunca digo
Eu vejo o meu futuro descabido.
Sorriso por ventura desabrido
Não mostra o quanto eu quero, tão antigo.

Partimos para o nada, o tempo inteiro,
Apenas não vou ser mais corriqueiro,
Querendo a tão sublime variedade

Não sentes o que eu sinto e nem percebes,
No jeito como miras estas sebes,
Recebo deste olhar, felicidade.


54


Recebo deste olhar, felicidade,
Eclipsando os temores que eu sentia,
Na prática esperando um novo dia
Que mostre ser plausível liberdade.

Saprófita ilusão vaga a cidade
Nas barbas da cruel melancolia.
À noite embriagado em falsidade
Estendo o meu tapete da ironia.

Capacho que derruba, de tocaia,
Olhando para cima sob a saia
Encontro um diamante em rara gema.

E a mesa quando posta não se nega,
A fome de prazer falsária e cega
Não vê mais no caminho algum problema.


55

Não vê mais no caminho algum problema
Quem teve um par de esporas como guia.
O merencório gozo de uma orgia
Transforma-se decerto num emblema.

Amor que se inundou em piracema,
Vagando pelos mares da agonia
Espera transformar o que eu queria
Em algo que não seja um velho tema.

Só sei que te tocando com carinho,
O medo não faz troça nem quer ninho,
Apenas bebe o riso da menina,

E sabe que a nudez traz evidências
E envolta nas suaves transparências,
Beleza sem igual se descortina.


56

Beleza sem igual se descortina.
Fazendo reboliço em minha mente,
Não tendo na verdade uma semente
Não posso mais plantar, eis minha sina.

O quanto que se quer quem extermina
O vergalhão penetra de repente
E corta o pé mais frágil, nada sente
Quem tem estupidez como cortina.

Assim não adiantam mais palavras
Esqueces o que fiz de antigas lavras,
Escorre em tua boca um doce pus.

Desconhecendo um gesto de amizade,
Ignoras com total sinceridade,
De todo sonho, o bem que eu te propus.

57

De todo sonho, o bem que eu te propus
Ferrenhas emoções vão me inundando,
Não tendo mais sentido quanto e quando
Eu sigo os rastros teus e chego à luz.

Fartura que ao divino amor conduz
Faturas de esperanças vêm cobrando,
Fraturam estruturas, desabando
O canto mais audaz se reproduz.

Acácias espalhadas na alameda
Dos sonhos, um divino bulevar
Almíscares invadem, ganham o ar

Permitem que alegria então se ceda
Mostrando em tons sutis tal maravilha.
Minha alma que antes fora uma andarilha


58

Minha alma que antes fora uma andarilha
Vagando bar em bar pela cidade,
No grito solitário da novilha
Espreita o fim da tarde com saudade.

O par que se perdeu renova a trilha
E vence com carinho, a tempestade.
Andando nos espaços cada milha
Seguindo busca a tal felicidade.

Parceira dos detalhes que negaste,
Entalhes nestas pedras, no desgaste
Diário molda a noite em vários breus.

Depois de ser vencido, sigo só,
Voltando novamente ao ledo pó
Não quero mais seguir rumos ateus.


59

Não quero mais seguir rumos ateus
Que façam das mentiras, a bandeira,
Deitando uma ilusão sobre a liteira
Escondo os meus olhares já dos teus.

Nos arremedos todos, teus e meus,
Vendidos em barracas nesta feira
A morte talvez seja corriqueira
Ribeiras encarnando nosso adeus.

Barrancas de minha alma desabando
Enchentes inundando em turbilhão,
O parto em que geraste foi em vão

Os olhos da esperança, o mesmo bando
Tocando na ferida mais preciso,
Meu verso se tornando mais conciso.

60

Meu verso se tornando mais conciso
Batuca no teu peito sem parar,
Vertendo em nossa cama traz luar
Na manta feita em puro paraíso.

Eu quero cada gota e sempre biso
Bebendo a vida em goles, farto mar,
Serpentes vão chegando devagar
Venenos em fartura sem aviso.

Vou ávido de ti prazer insano,
Transformo a brisa calma em minuano,
E a tempestade vira furacão.

Cabelos esvoaçam, cavalgadas,
Vagando mil estrelas, madrugadas,
Tocado pelo amor, louco tufão.

61

Tocado pelo amor, louco tufão,
Meu barco segue em mar tempestuoso
Às vezes malfadado e belicoso,
Vagando segue o rumo da paixão.

No peito um berimbau dá a marcação
E o porto mais distante e perigoso,
Olhar se mostra quase bilioso
E volta assim depressa pro porão

Porém ao porem freio nos meus sonhos,
Os dias talvez sejam mais risonhos,
E o tempo enfim se acalme mais ligeiro.

Na caça em que me faço tua presa,
Ao fim deste safári, com surpresa,
O mundo se mostrando alvissareiro

62

O mundo se mostrando alvissareiro
Traz em tabaco e álcool risos tantos,
Quadris multiplicando os teus encantos
Transfundem para o peito cada cheiro.

Dos sonhos mais sutis, gentil parteiro
Espalha a fantasia pelos cantos,
Não vejo mais peçonhas ou quebrantos.
Amor que é da alegria o meu viveiro.

Um peito tartamudo não se cansa
De ver ao fim da curva uma esperança
Cigarros, vou tragando em fartos maços,

Prazeres que me encharcam em monções
Sublimes temporais, revoluções,
Nos céus de nosso amor, claros espaços


63


Nos céus de nosso amor, claros espaços
Abrindo em leque imenso, as esperanças.
Nos olhos penetrantes, frios aços,
Licores inebriam. Festas, danças.

As penitências geram feras mansas,
Os olhos se tornando bem mais baços,
Enquanto os altos cumes; cedo alcanças
Os corpos remoídos deitam; lassos.

Os laços que nos unem sendo frágeis,
Embora em plena fuga sejam ágeis,
Rompendo no momento mais azado,

Permitem que eu me esgueire pelas ruas,
E vendo estas paredes negras, nuas,
Pensara que já fora derrotado.


64

Pensara que já fora derrotado
Depois da luta intensa, resta o nada,
O vaso em que esperança foi plantada
Está em algum canto, abandonado.

Não quero descobrir se no meu fado
Estrela se tomou em derrocada,
No tumor que cultivo, uma tragada
Espelha o rio inerte do passado.

Nos cárceres privados dos meus sonhos,
Olhares que me miram são bisonhos
Matando uma alvorada em agonia.

Um resto de esperança soerguida
Permite vislumbrar alguma vida
Nas mãos de quem adoro; a poesia


65


Nas mãos de quem adoro; a poesia
Exprime a mais fantástica emoção,
Guardada fielmente a proporção
É nela que se entranha, estrela guia.

Numa partenogênese, a magia
Explode num momento, evolução,
Erguendo o patamar, retorna ao chão
Revolta o mar em plena fantasia.

Meu desjejum é feito nos teus lábios,
Marujo; encontro em ti meus astrolábios
E bebo cada gota de perfume.

A força tão feroz e delicada,
Tramando um intenso, na alvorada
Não deixa que esperança assim se esfume


66


Não deixa que esperança assim se esfume
Bafejo de teus sonhos sobre mim,
À parte coletando o teu perfume
Recebo estas essências de jasmim,

Voando em liberdade um vaga-lume
Holofote entranhado no jardim.
Os sons da noite aumentam seu volume
E a vida se derrama sempre assim.

As térmitas formando mil casais,
A terra já molhada e acolhedora,
Nos jogos sedutores, sensuais,

Renovação à vista segue a vida,
E sinto neste instante, desde agora,
A dor em esperança convertida


67


A dor em esperanças convertida
Batalha por um riso mais audaz,
O vento que nos toca e satisfaz
Permite vislumbrar a nova vida.

Levando a solidão já de vencida
O quanto te desejo a noite traz
Caminho repartido volta atrás
O jogo decidido de saída.

Mas tenho uma reserva de alegria,
Jogando para longe a fantasia,
O prazo não se vence, é sempre igual.

Teimosa, vai seguindo sem cansaço
No verso em desafio logo traço
Uma esperança em paz, mansa e vestal


68

Uma esperança em paz, mansa e vestal
Apascentando a fera que me doma,
Renascendo alegria outrora em coma,
Eu vejo depois disso, o carnaval

Dos sonhos que cultivo, sol e sal,
Quebrando o que já fora uma redoma,
Colando nossos corpos nesta goma
Trazendo mil estrelas no embornal.

Assim, a liberdade vem e toma,
Fazendo de dois corpos mais que soma,
Reverso da medalha é nosso tema.

Depois de aprisionados pelos sonhos
Futuros com certeza mais risonhos,
Não tendo mais sequer qualquer algema

69

Não tendo mais sequer qualquer algema
Iremos mais libertos pelas ruas,
Enquanto tantas vezes já flutuas
Distante da mentira e sem problema

Eu faço da alegria o meu emblema
Estendo na varanda várias luas,
Estrelas vão surgindo belas; nuas
Não há nem mais fantasmas que se tema.

Tu és de toda a glória, a responsável
No amor que é muito mais que imaginável
Sabendo da esperança o seu trejeito.

Feitio deste terno? Desde cedo
Guardado sob a forma de segredo:
Adoro com certeza esse teu jeito.


70


Adoro com certeza esse teu jeito
Fazendo tempestade em copo d’água,
Felicidade imensa quando trago-a
Expondo sem temores, o meu peito.

O que vier de ti, decerto aceito,
Não guardo mais a dor sequer a mágoa
Meu lago se inundando com tanta água
O rio ultrapassando qualquer leito.

E nesse temporal meu barco segue,
Minha alma transparente já consegue
Saber vencer o medo e a agonia.

Depois de tanta luta; braços lassos,
A vida rememora em mansos traços,
Semblante extasiado em alegria

71

Semblante extasiado em alegria
Esplêndida explosão que assim nos toca,
A maquiagem da alma se retoca
Esconde a corriqueira fantasia.

Nos olhos lagrimados a agonia
Uma esperança viva não se estoca,
Saudade vai saindo de uma toca
E espalha sobre nós a noite fria.

Imagem que ficou no meu passado,
O tempo ganha o jogo, lança o dado
Mostrando em meu olhar, duro contraste,

Restando tua foto na parede,
Eu mato vez em quando a minha sede
Bebendo esta esperança que legaste.


72


Bebendo esta esperança que legaste
Entorno os sentimentos aos teus pés,
Atado com prazer, doces galés,
Colhendo o que decerto semeaste.

Não quero ser somente qual um traste
Pesado que tu levas de viés,
Enfrento qualquer forma de revés
Fazendo na alegria o meu contraste.

O jeito de te amar me faz assim,
Metade te adorando até o fim
Enquanto outra metade já reclama,

Disparatado jeito de querer,
A vontade final de poder ter
A cada nova estrofe sempre exclama


73





A cada nova estrofe sempre exclama
O coração decerto doentio,
Ao suportar o duro e forte frio
Procura no teu corpo, acesa chama.

Cobrindo minha pele com a lama
Na chuva que anuncia um novo estio,
Não vejo nosso amor mais por um fio,
Sabendo que o carinho já nos chama.

Mergulho cada beijo em tua pele,
A sensação do gozo me compele
A ter o teu amor mais plenamente.

O rumo se extravia, mas retorna
Meu coração de ti nunca se entorna
Ao ver amor tão puro, claramente.





74



Ao ver amor tão puro, claramente
Esboço um movimento de defesa
Por mais que não consiga e sempre tente
Eu quero esta nudez de sobremesa.

Carcaças que me invadem, corpo e mente,
Contrastam plenamente com pureza,
O parto em que se fez farta torpeza
Merece um novo rumo, mais contente.

Dementes caminheiros, noite afora,
Sem hora de saber ou ir embora,
Não ouvem mais delitos nem tais queixas

Preâmbulo da festa continua,
Enquanto aguardo a pele inteira e nua,
Afago com carinho estas madeixas


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Afago com carinho estas madeixas,
Ronronas como gata em pleno cio,
Olhar bem mais guloso, até vadio,
Enquanto se acarinho e nada queixas.

Prometo de mansinho, mas não deixas.
A noite vai passando em pleno frio,
O amor que a gente sente por um fio,
Prometes e me negas, ninfas, gueixas.

A roupa transparente chama à festa,
Maldosa, tu me fechas qualquer fresta
Fingindo, tudo mostra; distraída.

Eu quero ter prazer; a gata mia,
E num momento feito em poesia
Percebo, neste amor, uma saída.


76

Percebo neste amor, uma saída
Que possa permitir sobrevivência,
Não tendo nesta vida coincidência,
Minha alma já não segue distraída.

Invado tua praia mais querida
E bebo tua boca em transparência,
Amor que represando uma demência
Fascina enquanto trama a despedida.

Às vezes me pergunto sem respostas,
Se as mesas do banquete foram postas
Ao ver tua presença iluminando.

Por mares nunca dantes explorados,
Com olhos e sorrisos mais safados,
Meu barco nos teus mares navegando.


77


Meu barco nos teus mares navegando
Enfrenta os temporais com gargalhadas,
As mãos que foram sempre bem atadas
Agora em liberdade acarinhando.

Às vezes pelos cantos hibernando
Esqueço que possuo tais escadas
E perco o rumo em meio a barricadas
Enquanto a solidão vem nos tocando.

Marchando para os braços de quem amo,
Do quanto que perdi já não reclamo,
Pois sinto o teu amor em minha veia.

Assim se a noite chega amarga e fria,
O coração depressa já se estia
Ao ver a claridade em lua cheia


78





Ao ver a claridade em lua cheia
Serpenteando brilhos na calçada,
Quem veio de um vazio e traz o nada,
Ao ver tanta beleza se incendeia.

Eu quero ter o verso em que se creia
Deixando a solidão ali, jogada,
Porém uma saudade disfarçada
Invade em ondas tantas, minha areia.

Matando o que não fora proveitoso,
O céu se mostra menos tenebroso,
O tempo passará em vinho e gim.

E tendo o que pretendo e sempre penso
Amor que se mostrando forte e denso
É meu princípio, trama, rumo e fim.


79

É meu princípio, trama, rumo e fim
O muito que transportas num olhar,
O quanto te desejo, sempre assim,
Divina transparência a nos tocar.

Artemísias, gerânios, meu jardim
Na febre que transtorna a se entregar
Bailando uma esperança sobre mim
Em ondas gigantescas, belo mar.

Navego tua pele, solto as velas,
Desenho o paraíso em aquarelas
E traço a fantasia com meus versos,

Jogado em tempestade o meu saveiro,
Percebe o sonho livre e derradeiro,
Em vagas ilusões, cantos dispersos.


80

Em vagas ilusões, cantos dispersos
Galgando a liberdade sem igual,
Na cama, um verdadeiro festival
Permite estrelas tantas. Universos...

Desejos em desejos quando imersos
Transbordam num divino ritual
Sem ter um vencedor, a triunfal
Beleza contagia assim os versos.

Românticas sonatas noite afora,
O corpo que se entrega e me decora
Fartura de emoções vivo contigo.

E o gozo repetido em glória insana,
Na voz uma deidade soberana,
Prepara ao fim da noite o nosso abrigo.


81

Prepara ao fim da noite o nosso abrigo
O gozo da alegria sem limites.
Eu peço meu amor, jamais evites
O franco riso intenso que persigo.

Às vezes quando negas, nada eu digo,
Apenas aceitando os teus palpites
Embora a culpa inteira me debites
Não vejo neste jogo mais perigo.

Transformas brisa em forte tempestade,
Distante da mais pura realidade,
Suporto, com certeza, a falsidade.

Deixando para trás fatalidade,
Eu sinto que este riso, na verdade
Promete para amor, fertilidade.

82


Promete para amor, fertilidade
A mansidão gentil de quem afaga,
Não pedindo carinho como paga
Estende sua mão, dá liberdade

Usando de total sinceridade
Não quero a tua boca feita em draga,
Água demais? A planta já se estraga
E morre sem saber felicidade.

Porém quem se mostrando eficiente
Não teme a chuva forte ou inclemente
Depois de certo tempo é desfrutar

A mão que acaricia e nunca cobra,
Não tendo uma procela, não soçobra,
Recolhe cada fruto do pomar.


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Recolhe cada fruto do pomar
Quem sabe cultivar com maestria,
Um jeito agricultor trama alegria,
Decerto colherá o bem de amar.

Arando então a terra com vagar,
Cevando pouco a pouco e todo dia,
Usando de toda arte que sabia
Chegaste à minha vida, devagar.

Depois de certo tempo eu percebi
O quanto eu necessito assim de ti,
De todos os prazeres, bela mina.

Redimes com carinho, os erros tolos,
Nos gestos sempre calmos, aras solos,
Rainha que tão mansa, me domina


84

Rainha que tão mansa me domina
Já sabe conquistar, não necessita
Da força muitas vezes mais maldita
Na qual todo o prazer se desatina.

Numa alma transparente e feminina
Beleza sem igual, rara pepita
No olhar que mansamente assim me fita
Uma certeza firme determina

O rumo que se busca em nossa vida,
A cada novo dia, uma saída,
Trazendo à tempestade, calmaria.

Apascentando enfim, qualquer batalha,
Bafeja em calma brisa que não falha
O vento da mais pura poesia.

85

O vento da mais pura poesia
Tocando a minha face faz a festa,
De tudo o que já tive nada resta
Senão alguma gota de ironia.

Quem sabe e reconhece não confia,
Fugindo o mais depressa da floresta,
Se a queda agora corta, amor testa
E mente muito bem: eu não queria.

Depois que foste embora, que partiste,
Eu juro não fiquei tampouco triste
A vida transformada em maravilha.

Porém se a lua vem em noite bruta
Ao longe, bem de longe, inda se escuta
Os uivos das saudades em matilha


86

Os uivos das saudades em matilha
Adentram minha casa invadem quarto
Mesmo que eu tente, deles não me aparto
Entranham cada cômodo ou mobília.

A noite preparando uma armadilha,
Deixando quem amou decerto farto,
Refaz em agonia, antigo parto
Um fugitivo busca nova trilha...

Cansado de viver tanta tristeza,
Distante de uma fera nego a presa,
Apenas vou tentando sem adeus

Amor que seja leve e companheiro,
Sabendo deste sonho, por inteiro:
Não quero ser vassalo nem ser deus!



87

Não quero ser vassalo nem ser deus,
Apenas navegarmos lado a lado,
Reflexos que se espelham teus e meus,
Num sonho que se faça delicado.

Não posso mais ouvir falar de adeus,
Já tendo aqui comigo um raro fado
Carinhos desfrutados, todos teus,
No olhar que é pelo amor abençoado.

A melodia invade a nossa casa,
Saudade, nunca mais. A vida abrasa
E mostra ser mais crível, paraíso.

Eu tenho que dizer quanto eu te quero
No canto mais sublime que venero,
Falando deste amor calmo e preciso.

88


Falando deste amor calmo e preciso.
Não quero me perder sem teu carinho,
Aguardo cada gota deste vinho
E bebo em calmaria o paraíso.

Amor que tocou fundo e sem aviso
Fez do meu peito agora, rumo e ninho,
Chegando toda noite de mansinho,
Eu dele quero sempre e até repriso.

Cevando a vida inteira, na colheita
A vida em harmonia quando é feita
Provoca a mais suave convulsão.

Eu quero recolher felicidades
E mesmo que inda venham tempestades,
Jamais em minha vida digo o não.


89


Jamais em minha vida digo o não
E caço a noite inteira estrela e lua,
Deitando em minha cama a deusa nua,
Provoca a mais completa perdição.

O vento que se faz em turbilhão
Abrindo uma janela expõe a rua,
Minha alma transparente assim flutua
E bebe a tempestade, o furacão.

Chegando de mansinho, fez estrago
O turbilhão tomando o calmo lago
Promete um gosto bom, queima o cinzeiro.

Chacoalham-se quadris, louco balanço
Prazer vem galopante quando avanço,
Matando o medo algoz e feiticeiro

90
Matando o medo algoz e feiticeiro
Apegos bem mais firmes, nosso jogo,
Queimando sem juízo, acende o fogo
E mostra este desejo por inteiro.

Do quanto que te quero, sinto o cheiro
E tramo esta ventura em que me jogo,
Da forma mais sutil quando me afogo
Eu vejo que este amor é verdadeiro.

Penetro tais defesas, abro frestas,
Aparam-se sutis velhas arestas
E o tempo sem limites, vai passando.

Na rua, na calçada ou no motel,
Ao desvendar vestígios deste céu,
Não quero e nem pergunto aonde e quando.


91


Não quero e nem pergunto aonde e quando
Somente vou mais fundo no mergulho,
Não temo mais espinho ou pedregulho,
As matas deste amor, sigo explorando.

Se a terra vai depressa desabando
Apenas vou falar do meu orgulho
De ter bem junto a mim concha e marulho
Delicias que eu prossigo desvendando.

No mote repetido muitas vezes,
Os olhos caçadores viram reses
No pão bela fornada que se anseia.

Chegando à minha cama, soberana
No vento que depressa a chama abana
Amor vem devagar e me incendeia

92

Amor vem devagar e me incendeia
Não deixa mais sobrar sequer defesa,
Comendo com vontade a sobremesa,
Aranha decidida faz a teia.

A lua que nos cobre sempre é cheia,
Maré que inunda e cala esta tristeza,
O bem do amor em forte correnteza
Adentra em reboliço minha veia.

Na cheia destes rios piracema,
Deixando para trás qualquer problema
Nas mãos da timoneira poesia,

O barco de meus sonhos se repete
Sabendo navegar já se acomete
De tudo o que mais sinto; o que eu queria



FINAL DA PRIMEIRA PARTE


Creio ser essa a primeira ESPIRAL DE SONETOS publicada na História da Literatura Universal já que, ao contrário da COROA de sonetos que se encerra no primeiro verso do primeiro soneto, esta prossegue no segundo, depois no terceiro até chegar ao último verso.
Espero que gostem.

Publicado em: 27/01/2008 22:40:26
Última alteração:22/10/2008 16:49:32



ESPIRAL DE SONETOS PARTE 02


93


De tudo o que mais sinto; o que eu queria
É ter o teu sorriso aqui comigo,
O resto na verdade, nem mais ligo,
Apenas eu desejo uma alforria

Libertação se faz a cada dia
Cevando a poesia joio e trigo
Misturas que demonstram que o perigo
Às vezes bem mais perto que podia.

Persisto com meu passo, sem descanso,
Não me importando, juro, se eu alcanço
Ou perco a flor, matando o seu perfume,

Porém ao pôr meu peito mais exposto
O esgar que se demonstra no meu rosto
Permite que meu passo, enfim se aprume.


94


Permite que meu passo, enfim se aprume,
O verso mais liberto e sem conchavos,
Mil mares naveguei, calmos e bravos,
Se eu tenho ou se não trago mais queixume

Não me deixo levar por teu ciúme,
Apenas coletando estes centavos
Carrego em minha morte, lírios, cravos
Até que com meu cheiro se acostume

Aquela que se fez a companheira,
Legando a solidão mais corriqueira,
Sabendo o quanto livre é minha vida.

Agora que encontrei mais claro o rumo,
Os erros cometidos eu assumo:
Minha alma se encontrava, antes perdida


95


Minha alma se encontrava, antes perdida
Beijando qualquer boca no caminho,
Bebendo com vontade amargo vinho,
Vencido pela sorte distraída

De toda esta ilusão foi abstraída
Até morrer sem dó, ledo e sozinho.
Chicote me cortando de mansinho,
A noite sem vigia está perdida.

No pé de manacá eu me estrepei,
Verrugas quando estrelas apontei,
Amor deu seu sorriso mais boçal.

Despido dos desejos meu prazer
Agora é tão somente já me ver
Subindo calmamente este degrau.


96

Subindo calmamente este degrau
Eu vejo que encontrei a cobertura,
Na boca feita em mel, uma amargura
Fazendo a gente sempre passar mal.

Da tua capoeira o berimbau,
O manto que te cobre não me cura,
Volumes de um compêndio sem brochura
Gaivota disfarçada em bacurau.

No matagal de versos me perdi,
Em incontáveis vezes abstrai
E vi o quanto a vida é ruim sem lema

Na cama uma donzela em reboliço,
Acende o coração renova o viço,
Mostrando em paz profunda um raro tema.


97


Mostrando em paz profunda um raro tema.
A fonte não se esgota e traz de novo,
Veneno tão gostoso quando provo
Uma ambrosia rara, bela gema.

Querida; só te peço: nunca trema,
Senão a gente quebra a casca do ovo
E o verso que sair trazendo estorvo
Decerto causará qualquer problema.

Não quero baboseiras tão românticas,
Nem teorias tolas, meras, quânticas,
Apenas o que sirva ao meu proveito.

Demônios recebidos fui Mefisto,
Sabendo que ao amor nunca resisto,
A sina de ser teu; agora aceito.

98


A sina de ser teu; agora aceito
E falo da vontade de te ter,
Recendes à ventura e ao bel prazer
Deitando bela e nua sobre o leito.

O jogo que começa a ser refeito
Regido pelas fontes do querer
Somando não concebe mais perder
E vive sem limites dá seu jeito.

Depois das ratoeiras espalhadas,
As caças passam ser ludibriadas
Jogando para as traças, fantasia.

Não sendo mais sequer um velho príncipe
Apenas me entregando, um vil partícipe,
Aos braços deste amor que me queria.


99

Aos braços deste amor que me queria
Que fazem do meu corpo o seu joguete,
Não quero nesta vida mais confete
Apenas destruir esta agonia.

A noite vai passando em mão vazia
E o tempo ao qual amor já me arremete
Fazendo o que bem quer logo promete
Manhã que tão distante não viria.

Aborto de ilusões, a noite vaga,
A boca que me morde enquanto afaga,
Uma draga pedindo que eu me afaste,

Mas mesmo com sarcasmos, sigo rindo
Nem mesmo as tempestades prosseguindo
Não rompem da alegria esta dura haste


100


Não rompem da alegria esta dura haste
As dores e as tristezas reunidas.
Andando sem tropeço, nossas vidas
Não têm, eu te garanto, mais desgaste.

Amor quando se mostra num contraste
Revela e não releva mais saídas,
Num toque delicado, um novo Midas
Não deixa que de ti eu já me afaste.

Barganhas que fizemos no passado,
Jogadas neste canto malfadado
Não são sequer problemas para gente.

Eu vejo que nasci quando te vi
Ao matar a memória eu percebi:
Vontade de te amar se faz urgente.


101

Vontade de te amar se faz urgente
E forma rara plêiade de sonhos,
Repartem pensamentos mais risonhos
E ganham todo o espaço num repente.

O quanto em puro amor já se pressente
Dias melhores onde houve tristonhos,
Não quero perseguir gozos bisonhos,
Apenas que prossiga o amor da gente.

Um velho caminheiro sem descanso,
Fazendo da esperança o seu remanso
Num ato benfazejo, sempre exclama

E mostra ser possível liberdade
Enquanto cultivar felicidade,
Negando a dor solene, amargo drama.

102

Negando a dor solene, amargo drama
Avanço sem temores, ganho o cais,
Estrelas derramadas, sensuais,
Decoram todo o quarto, nossa cama.

Desejo que atendamos quando chama
Em movimentos loucos, divinais,
Não quero te perder, amor, jamais,
À noite uma vontade nos inflama

E o jogo continua sem descanso,
Depois a calmaria de um remanso
Sentindo o bom perfume das madeixas

Que tocam o meu rosto- tentação,
E entregue a tais desígnios da paixão,
Decifro teus desejos, tuas deixas.

103


Decifro teus desejos, tuas deixas
E sigo em noite insana. Madrugada
Em meio a tempestades, velhas queixas,
Já deixam perceber uma alvorada

Além do quanto queres, mas não deixas.
Ao ter em sol imenso nossa estada,
Rainha se desnuda invoca as gueixas
E molda uma vontade disfarçada.

Nos seixos espalhados, mesmo rio,
Encontro em cachoeiras, desafio
E sigo peneirando o bem da vida.

E tendo esta nudez maravilhosa,
Ao perceber perfumes desta rosa
Entorno uma esperança tão querida.

104

Entorno uma esperança tão querida,
Caminho entre estas fontes deslumbrantes
E penso em paraísos por instantes,
Minha alma enamorada e distraída...

Há tanto que buscara nesta vida
E nunca percebera interessantes
Momentos sensuais e provocantes,
Na força desta sanha concebida

Açoda-me a alegria, eu alço os céus
E a noite derramando raros véus,
Estende-se em luar, regendo os passos

De um venho caminheiro apaixonado,
E agora que te tenho aqui do lado,
Só quero em minha noite os teus abraços.


105


Só quero em minha noite os teus abraços.
Que servem de acalanto e proteção,
Vencido pela força em sedução
De quem eu procurei seguir os passos.

Recolho minhas luzes nos teus braços
E vejo ao fim do túnel, redenção.
Agora que encontrei a solução,
Não quero cometer mais erros crassos.

Sou teu e tudo eu faço para ter
Felicidade boa de beber
Seguindo cada rastro abençoado

Que deixas quando passas por aqui
Sentindo o puro amor que descobri,
Mostrando ao fim da estrada um raro prado



106

Mostrando ao fim da estrada um raro prado
Prossegue a companheira de viagem,
Amar é uma eterna aprendizagem,
Às vezes é melhor ficar calado.

Enfrento a calmaria e mesmo o enfado
Sabendo que virá em nova aragem
O dia desejoso e tão sonhado,
Prazer tendo em teu corpo uma estalagem.

Se díspares buscamos mesmo senso,
Diverso do que queres quando penso,
Procuro coordenar até o fim

Sabendo ser possível a unidade
Vivendo plenamente em amizade,
Encontro aqui, contigo, amor enfim.


107

Encontro aqui, contigo, amor enfim.
E bebendo desta água eu não me canso,
O vento vem trazendo em seu balanço
O jeito de viver gostoso assim.

Tu és o que melhor existe em mim,
Certeza que apascenta o meu remanso
E traz em gesto alegre, vivo e manso
O cheiro da esperança. Quero assim

A vida que se dá pra quem se deu,
Estrela em fantasia se verteu
E trama em minha noite os universos

Longínquos de meus olhos, mas à mão.
No amor que é todo nosso, a comunhão
Trazendo algum sentido pr’os meus versos.


108

Trazendo algum sentido pr’os meus versos
Enfrento vigorosas tempestades,
Ouvindo plenamente tais verdades
Os dias com certeza vão dispersos...

De todos os meus sonhos, os seus berços
Cobertos pelas flores das saudades
Promete ao final, tranqüilidades,
Em gozos e prazeres mais diversos.

Nas mãos eu trago espinhos, pedregulhos,
Mas tendo a sensação de outros mergulhos
Afasto qualquer forma de perigo.

Depois que conheci amor perfeito
Matando a tempestade, e desse jeito,
Agora até sorrir em paz, consigo.

109

Agora até sorrir em paz, consigo,
Sabendo que enfrentei revoluções,
Os duros temporais, mil furacões,
Dormindo em mais completo desabrigo.

Colhendo bem mais joio do que trigo
Deixando para trás as plantações.
Nos olhos do amanhã, feras, leões
Na curva sempre em forma de perigo.

Amiga, amante, irmã e companheira,
Na mão que agora ampara mais ligeira
A paz toma lugar da tempestade.

A brisa costumeira que me acalma
Tomando num momento o corpo e a alma,
Aos céus vai penetrando e logo invade.


110


Aos céus vai penetrando e logo invade
Tomando cada rua e cada beco,
Arrebenta as represas e ganha eco
Espalha-se depressa na cidade.

Toando em explosão, felicidade,
Alaga um coração outrora seco,
E neste emaranhado, eu quero e peco
Bebendo até total saciedade.

No intenso fogaréu, uma esperança
Avança e não se cansa desta andança
Que trama um gosto raro; adentra o mar

Derrama no infinito tanta luz,
E o sol que farto brilho reproduz,
Espreita esta alvorada a debruçar.


111

Espreita esta alvorada a debruçar
Por sobre as flores todas do jardim,
O sol ao ver beleza, vai enfim
Deitar a maravilha sobre o mar.

Em cores tão diversas, decorar
O mundo que guardei dentro de mim,
Na tela que se mostra, sigo assim,
Sentindo o quanto é raro e belo amar.

Quarando uma esperança no varal,
O riso delicado e sensual
Convida e a festa, eu sei, nunca termina.

Na dança que se faz revolução
Eu verto sobre ti, com devoção
E bebo o meu prazer na doce mina.


112


E bebo o meu prazer na doce mina
Depois da dura seca que passei,
Agora que este oásis encontrei
Vontade de um mergulho me domina

E sigo no teu corpo a minha sina
De ter farto prazer que eu já busquei
Em terras tão diversas, só eu sei...
A lua em fantasias me alucina

E mostra novamente as nossas flores
Com pétalas diversas, multicores,
Suave melodia, sonhos gera.

O quanto eu te desejo, assim confesso
Emoldurado em luz, em versos peço:
Somemos nossos cantos, primavera,

113


Somemos nossos cantos, primavera,
Estrela que se fez em céu e mar.
Ao aprender o gosto de te amar,
Apascentei a dor, temível fera.

De tudo o que sonhei, em farta espera,
Percebo que encontrei sob o luar
O brilho que me embebe devagar
E em louca sedução vem e tempera.

Tocado por estrelas tão diversas,
Vagando pelo mar luzes dispersas
Sentindo uma alegria qual torrente.

Do céu aos mais profundos abissais,
Do mar aos infinitos sóis astrais,
Eu vou seguindo a vida simplesmente.



114


Eu vou seguindo a vida simplesmente.
Fazendo meus repentes sobre amor,
O coração se mostra sonhador
E deita sobre um sonho inconseqüente.

Aos borbotões palavras em torrente
Nadando neste mar: computador,
Às vezes passam ágeis, com vigor,
Brotando em turbilhão desta vertente.

Nascentes e cascatas, fontes tantas,
Palavras são profanas, mesmo santas
E fazem deste amor, caminho e foz.

As frases vão girando na ciranda,
Deitando o meu lirismo na varanda,
Sentindo o sol brilhando sobre nós.


115

Sentindo o sol brilhando sobre nós
Percebo quanto é boa a nossa vida.
Na boca sinto o gosto da bebida
Roubada num desejo mais feroz.

Mantendo bem distante a dor algoz,
A solidão há tempos esquecida
Jogada n’algum canto, envelhecida,
Autofágica morre em frios nós.

Assim, dois andarilhos tão unidos,
Destinos e desejos parecidos,
Tramando nesta vida comuns traços

Já sabem do prazer de tanto amar,
Eclipsando o meu sol em teu luar
Tendo a minha sina nos teus passos.



116


Tendo a minha sina nos teus passos
Esqueço o que passei, ergo a cabeça,
O sonho de viver já recomeça
Deixando os medos pálidos e lassos.

Respeito teus caminhos, teus espaços,
Mas peço, meu amor nunca me esqueça
Não tendo mais na vida tanta pressa
Caminho par a par; estreitos laços.

Somando o que nós somos, eu vejo um,
Não quero te perder de jeito algum
No barco da existência nossos remos

Unidos demonstrando que união
Permite que se encontre a solução
A par do sonho raro que vivemos.


117


A par do sonho raro que vivemos
Sentindo todo o visgo deste amor,
Percebo este poder transformador
E vago pelo rumo que escolhemos.

De toda a luz que em glória recebemos,
Mosaico de alegrias a compor
Um mundo mais sublime ao meu dispor
Além do céu imenso que nós vemos.

Ao ter nos olhos brilho da esperança
A gente vai dançando a mesma dança
No brilho que te entrego e que recebo

Dos olhos desta bela namorada,
História que passei; abandonada,
Martírios que vivi; já não concebo.

118


Martírios que vivi; já não concebo
Nem deixo mais a dor me conquistar,
Tristezas vão em bando, volto ao mar,
No fogo do prazer que ora recebo.

Um novo amanhecer, enfim percebo
Depois de tanto tempo a divagar,
Aflora no meu peito o bem de amar,
Teu néctar mavioso; agora bebo.

Quem fora simplesmente um sonhador,
Ao ver amanhecer a recompor
Estrada que trazia o mesmo não,

Não pode mais deixar de agradecer
Ao ver em belos dias perecer,
Verdugo de meus dias, solidão.


119



Verdugo de meus dias, solidão
Do sofrimento faz sua alegria,
Matando pouco a pouco, a cada dia
Impede que se veja a redenção.

Repete eternamente o mesmo não,
Trazendo a tão voraz melancolia,
Não tendo do meu lado quem queria
O vento transformado em furacão.

Porém ao ter comigo esta presença
Que traz nas mãos consigo a recompensa
Depois de tanto tempo assim de espera.

Teus olhos me remetem ao futuro
E sinto que virão do céu escuro,
Enchentes de florais na primavera.


120

Enchentes de florais na primavera
Certeza de um perfume inesquecível,
Amor quando se mostra indivisível
Já torna bem mais mansa a louca fera.

Deitando o seu luar sobre a tapera
A lua traz no amor o seu fusível
E mostra, na verdade ser possível
O sonho que se quer e que se espera.

Temperos que encontrei nos lábios teus,
Adoçam ilusões, matam adeus
E põem tal fartura em nossa mesa.

De tanto que te quis e te esperei
Agora grito ao mundo que encontrei
Uma esperança feita em fortaleza.


121


Uma esperança feita em fortaleza
Não pode ser calada ou destruída,
Pois sendo a cada dia, construída
Expressa com vigor, farta beleza.

Nos olhos de quem amo tal grandeza
Ao ver uma esperança refletida,
Percebo que encontrei em minha vida
Depois da negação, esta certeza

De ter já concebido o meu futuro
Moldado em sentimento bem mais puro,
Depois da dura queda estou refeito;

Ao ter uma alegria como cais
Eu sinto que se foi pra nunca mais
A dor que latejara no meu peito.


122



A dor que latejara no meu peito
Aos poucos se esvaindo lentamente,
Ao ver que posso amor tão plenamente
O meu prazer em ti; querida, eu deito.

Vanglória que me ufana a cada feito,
Invade com desejos minha mente,
Entorno esta vontade que é da gente
E tudo o que fizeres é perfeito.

Na sílfide divina e colossal,
O riso desejado e sensual
Encharca de vontades e ternuras...

Uma escultura rara em puro encanto
Permite-me dizer que eu quero tanto
Teu corpo; a mais divina das molduras.


123




Teu corpo; a mais divina das molduras
Espalha em minha cama mil prazeres,
Ao ter a mais perfeita das mulheres
Esqueço antigas dores, amarguras.

Enquanto a noite é plena de ternuras
Marcada pelo gozo dos quereres
Misturas que se fazem de dois seres
Promessas mais sublimes de loucuras.

No encanto que irradias; sol profano,
O tempo de viver vai soberano,
Permite vislumbrar, da terra o Céu.

E sinto o quanto quero o teu querer,
Enovelando os corpos, posso ver:
Galopa em liberdade o meu corcel!



124

Galopa em liberdade o meu corcel
Sentindo este bafejo da esperança,
Nas mãos que se procuram já se alcança
O gozo da ventura em carrossel.

Vertendo em tua boca puro mel,
A noite vaga intensa em louca dança,
A dor ludibriada enfim se cansa
A fantasia cumpre o seu papel.

E vejo, depois disso, renascer
O dia claro, envolto no prazer
Que a cada novo toque em gozo mina.

Imerso na beleza desta trama
A vida em profusão; sinto, se inflama
No sol que nos bendiz quando ilumina.


125


No sol que nos bendiz quando ilumina
Persigo cada rastro que deixaste,
O brilho que eu bem sei, tu entornaste
Há tempos com certeza, me fascina.

Desfilas o sorriso de menina
Que traz tanta pureza por contraste,
Sabendo das ternuras que encontraste
No amor em perfeição, sublime mina.

Perdoe se te falo num soneto
Que em ti, e tão somente eu me completo,
Não quero caminhar sozinho e cego.

Apenas que me escutes, eu te quero
Desejo tresloucado mostra esmero
No quanto que te quero e nunca nego.

126


No quanto que te quero e nunca nego
Eu moldo o meu futuro antes incerto,
Pois tendo o teu carinho aqui por perto
Um mar de imensos sonhos eu navego.

À vida refazendo antigo apego
Trazendo uma esperança em meu deserto
Carinhos e desejos que eu te oferto
E a cada poesia; amor, entrego.

Eu tento disfarçar, mas não consigo,
No quanto eu te desejo e tenho abrigo
Apenas no teu corpo sensual.


Numa homenagem justa ao deus amor,
Num brinde à poesia a te propor
Ergamos belas taças de cristal.


127


Ergamos belas taças de cristal
Iremos, depois disso ao infinito,
Fazendo da emoção o nosso rito,
Navego espaço aberto, sideral.

O beijo que transforma, sem igual,
Ao ter o teu carinho, o céu eu fito,
Derretes a dureza do granito,
Tu és da minha vida, sol e sal.

Eu tenho os olhos tristes de quem teve
A vida num inverno feito em neve,
Porém a primaveras se pressente

Ao ver nos olhos claros, meu farol,
Tocado dentro da alma, um girassol
Levado pela luz numa torrente


128

Levado pela luz numa torrente
Invado o amanhecer de uma esperança.
Traçando o meu futuro, na lembrança
Passado vai morrendo, felizmente.

Por mais que a solidão, audaz, já tente,
Eu tenho uma alma livre de criança
Fazendo com meus sonhos a aliança
Que sempre me permite estar contente.

Farrapos esquecidos, nem resquícios,
Consigo ultrapassar os precipícios,
Pois tenho o pensamento mais veloz

Saltando simplesmente, ignoro o muro
Trazendo o coração sincero e puro
Não temo o que virá depois, após.

129

Não temo o que virá depois, após
O tempo em que passamos tão distantes,
O rio se perdendo em variantes
Diversas do que fora, outrora, a foz.

O pensamento livre é mais veloz,
Mas segue por caminhos inconstantes.
Alvoreceres vários já garantes,
Porém a solidão se torna algoz.

Revendo os erros todos cometidos
Vontades vão roçando os meus sentidos
E entrego-me na força de teus braços

Sabendo que depois de tanto tempo
Encara novamente um contratempo,
O coração imerso em belos paços


130


O coração imerso em belos paços
Invade qualquer rua ou quarteirão,
Nos jogos tão difíceis da paixão
Errando, muitas vezes, perco os passos.

Desejos e prazeres mais devassos
Enfurnam-se no fogo em sedução,
Causando enfim, em nós, revolução,
Adentra as nossas carnes. Firmes aços.

Partindo do que fomos – seres sós,
Nas asas deste sonho, mais veloz,
No intenso vendaval que recebemos;

Depois de conhecermos o naufrágio,
Qual velho timoneiro, sábio e ágil,
O amor toma nas mãos o leme, os remos.


131


O amor toma nas mãos o leme, os remos
Enfrenta os vendavais, cabeça erguida.
Mudando assim o norte em nossa vida
No quanto em dor, prazer; nós recebemos.

Nos céus quando nublados, percebemos
A luz que, eu sei, virá mais decidida
A dor em esperança convertida
E nela, amanhecer que inda teremos.

Vagando em turbilhão, nos apascenta,
Na calmaria plena e violenta
De um gêiser refrescante aguardo e bebo

Ancoro uma alegria em turbulência
Tomado pelo doce efervescência
Carinhos mais gentis; dou e recebo.

132

Carinhos mais gentis; dou e recebo
Embora muitas vezes tenha o não
Como resposta a tal proposição,
Um dia bem melhor, sempre concebo.

Do imenso sentimento eu já percebo
O seu poder maior: transformação.
E mesmo quando encontro a negação,
O gozo da esperança eu quero e bebo.

Nos olhos de um amigo, de um amor,
Eu creio em outro dia a se compor
Deixando no passado, a solidão.

Querendo deste bem à saciedade
Amor vem soerguendo a liberdade
Deixada para trás no rés do chão.
Publicado em: 27/01/2008 22:43:29
Última alteração:22/10/2008 16:49:02


ESPIRAL DE SONETOS PARTE 03

133


Deixada para trás no rés do chão
Rasteja pela casa a vil serpente,
Do quanto que se fez tão envolvente,
Morrendo pouco a pouco, a solidão.

Ao ter em novo amor, a redenção,
Um dia mais feliz já se pressente
E o corpo entregue ao lume incandescente
Do fogaréu imenso da paixão.

Sentindo em teu perfume esta evidência,
Na tua tez morena, a transparência
Do gozo sem limites, desfrutar.

Qual colibri que voa enamorado,
Chegando mansamente do teu lado,
Teu néctar; vou sorvendo com vagar.

134

Teu néctar; vou sorvendo com vagar
Até sentir-me pleno e saciado,
Do amor que tu me entregas, lambuzado,
Vontade de invadir e de ficar

Posseiro de teu corpo a me embrenhar,
Meu barco nos teus portos, ancorado
No mar do amor imenso, naufragado
Viagem sem limites e sem par.

Sem cercas ou fronteiras, somos um,
No gozo que se explode, um bem comum,
Não tendo qualquer forma de defesa

A lua dos amantes, sem juízo,
Ao pratear insano paraíso
Derrama sobre nós farta beleza,


135

Derrama sobre nós farta beleza
Constelação de cores mais diversas,
Unindo sensações antes dispersas,
Traz raras iguarias para a mesa.

E o quarto se transborda em correnteza,
Voando o pensamento em belos persas
Tapetes maviosos, gozos versas
E deitas fabulosa uma certeza

De ter as soluções nos frágeis frascos
Quebrando dos temores os seus cascos,
Eu sigo em tal magia, satisfeito,

A solidão distante e já sem prumo,
Sem norte ou direção, perdendo o rumo
Ao ver o seu caminho contrafeito


136


Ao ver o seu caminho contrafeito,
A dor em solidão nos abandona,
De todos os desejos és a dona,
Domando a rebeldia que em meu peito

Tornara em rumo incerto e insatisfeito
O vago que voltando sempre à tona
Enquanto a fantasia inda ressona
Incorpora a tristeza enquanto deito.

As farpas que trocamos vez em quando
Deixaram cicatrizes. Mas voltando
Os olhos para estrelas bem mais puras

Pudemos vislumbrar, com alegria
Um novo amanhecer que enfim seria
Repleto de prazeres e ternuras.



137


Repleto de prazeres e ternuras.
Que encontro tão somente em ti, querida,
Alvíssaras invadem nossa vida
Tramando o doce alento das loucuras.

Cerzindo com belezas emolduras
Em nós a maravilha pressentida
No quanto a luz se fez e foi vertida
Nas plêiades, fantásticas molduras.

Qual fora um beija-flor enamorado,
Vagando flor em flor, sinto ao meu lado
Depois de tanto vôo, cego, ao léu

Permito-me dizer do quanto é belo
Este mundo noviço que revelo,
Bebendo nesta boca o doce mel.


138



Bebendo nesta boca o doce mel
Que traz uma fartura feita em gozo,
O tempo de viver é caprichoso
E às vezes nos parece mais cruel.

Sentindo esta vontade em fogaréu,
No mar que se faz farto e melindroso
De uma tranqüilidade sou esposo
Galgando em tua pele ascendo ao céu.

A vida prosseguindo assim, suave
Não tendo mais tristeza que me entrave
Embarco nos teus sonhos de menina

Castelos que criamos. Fantasias,
E um mundo todo pleno em alegrias,
Felicidade imensa descortina.

139


Felicidade imensa descortina
Sorvendo cada gota de prazer,
O canto em que me sinto embevecer,
A cada novo instante determina

O rumo ao qual amor já nos destina,
Um deslumbrante e clara alvorecer.
No corpo enlanguescido eu posso ver
Beleza sem igual, diamantina.

Decifro os teus sinais e sigo os rastros,
No amor que me extasia tenho os lastros
E com toda certeza, assim trafego

Sem medo de encarar quaisquer tempestas,
Sabedor dos caminhos – curvas, frestas,
Ao bem de tanto amor, eu já me entrego.


140

Amor fazendo amor, prazeres gera
E nisso se refaz nova esperança,
No trilho que prossigo a cada andança
Acalmo toda dor, esmago a fera.

No peito de quem sofre; uma cratera
Destrói em solidão a confiança
Apenas no amor, tenho a fiança
De ver nascer mais forte a primavera.

Entrego cada passo, rumo certo,
Aguando em alegria o meu deserto,
Tocado pelo intenso vendaval.

Felicidade imensa se revela
Quando minha alma calma já se atrela
Ao bem que se mostrando sem igual.


141

Ao bem que se mostrando sem igual
O coração se faz doce e cativo,
Nas tramas deste sonho eu sobrevivo
E bebo cada gota, triunfal

O amor faz da alegria um ritual,
Do quanto sou feliz jamais me privo,
Erguendo o meu olhar, prossigo altivo
Já sei desta aventura o seu final.

Após perambular a vida inteira
Na busca sem limites, verdadeira
Cansado da mesmice de um adeus,

Depois de conhecer o duro inverno,
Atravessei os pórticos do inferno,
Chegando depois disso aos braços teus.





142


Chegando depois disso aos braços teus
Após os erros todos cometidos,
Enganos que já foram esquecidos
Percebo o quanto é triste um vago adeus.

Alegrias se dão em himeneus
Deixando os meus terrores destruídos,
Os dias mais felizes pressentidos
Invadem os sentidos, nossos, meus...

A par do que sentimos nada temo,
Nem toda a aleivosia, nem o Demo,
O mal adormecido não me alcança.

Ao ter tanta certeza aqui comigo,
No passo mais audaz sempre prossigo
Contendo em minhas mãos esta esperança.



143



Contendo em minhas mãos esta esperança
Menina bem travessa faz a festa,
O quanto que eu já tive, a vida gesta
Deixando o bom sabor de uma festança.

Uma esperança a mais amor alcança
E adentra qualquer pântano ou floresta
Loucuras de prazer, amor atesta
E a noite se permite vir mais mansa.

Joguete dos sentidos, riso e pranto,
Do quanto necessito, eu não me espanto
Escravo consciente da paixão.

Na força imorredoura deste sonho,
A cada novo verso eu te proponho
Fartura de esperança e de emoção.




144

Fartura de esperança e de emoção
Coloco a fantasia em cada verso,
Não quero mais saber de andar disperso,
Encontro finalmente a direção

Cansado de enfrentar o mesmo não
Eu quero abrir o peito ao universo,
Nos braços de quem quero, vou imerso,
E a vida agora mostra a perfeição.

Depois de tanto tempo, sendo frágil,
Após colecionar queda e naufrágio,
Encontro o meu destino verdadeiro.

Singrando os oceanos da loucura
Percebo o fim de toda esta procura
Levando para a praia o meu saveiro.


145


Levando para a praia o meu saveiro
Encontro no teu corpo, ancoradouro,
O derradeiro porto, o meu tesouro,
Meu sol de intenso brilho, alvissareiro.

Muito além de um prazer mais corriqueiro
Nas ondas de teus mares eu me douro,
E sinto finalmente o bom agouro
Roçando os meus lençóis, meu travesseiro.

Estampas num sorriso o quanto queres
Além deste desejo que conferes
A quem se fez cativo destes laços

Eternidade feita em atitude
Eu sinto renovar-me em juventude,
Vagando a noite, imerso nos teus braços.


146

Vagando a noite, imerso nos teus braços
Adentro pelas praias da loucura,
Estendo o meu navio na procura
De ter a plenitude dos espaços

Deixados no caminho, sigo os passos
De quem se fez distante da amargura,
Numa explosão sem par, farta ternura
Amenizando a vida, cala os aços.

Não quero mais amor em solilóquio
Seja em Paris, em Roma, Rio ou Tóquio
Eu quero estar contigo lado a lado.

Melancolia outrora uma vizinha,
Abandonada morre tão sozinha
Jogada na gaveta do passado.

147

Jogada na gaveta do passado
Lembrança que se fez um duro algoz,
A noite vem trazendo a sua voz
Deixando o coração desesperado.

O grito da esperança em alto brado
Socorre o pensamento e vem veloz,
De novo uma promessa traz os nós
Do amor que em pleno se fez atado.

De sentimentos frios e servis,
Marcando em ferro frio, a cicatriz
Não deixa uma alegria transbordar.

Porém ao ter aqui tua presença
Espero finalmente a recompensa
Agora que encontrei o bem de amar.


148



Agora que encontrei o bem de amar
A par do que sentimos vou em frente.
Meu peito ao se mostrar assim contente
Já sabe do prazer que irá chegar.

Partilha tão gostosa de tramar
Ao ter quem com carinho nos alente
Num toque mais suave a gente sente
O mundo em esperanças mergulhar.

Na dança a contradança se garante
E tudo se transforma ao mesmo instante
Em que nossos sentidos vão imersos

Trazendo à flor da pele a sensação
De quem já descobriu a direção
Vagando nos meus sonhos, nos meus versos.


149


Vagando nos meus sonhos, nos meus versos
Palavras multiplicam sensações,
Estrelas mergulhando aos borbotões
Medos vagalumeiam, vãos, dispersos.

Não quero mais rancores tão perversos
Nem mesmo em minha vida os turbilhões,
Bebendo da alegria tais poções
Adentro os mais incríveis universos

A sorte está lançada nestes dados,
Mudando com certeza, velhos Fados,
Prenúncios de alegria em minha vida.

Tristeza tão amarga de tragar,
Sumindo no horizonte devagar,
Nos olhos da esperança vai vencida.



150


Nos olhos da esperança vai vencida
Amarga solidão, temível fera.
Ao ter quem tanto quis em larga espera
Percebo um novo tom em minha vida.

Por mais que a noite venha a ser doída
Tua presença agora me libera
Ao mesmo tempo a luz se regenera
Aponta ao fim de tudo, uma saída.

Olhando o meu reflexo no teu rosto
Eu vejo o quanto quero estar exposto
Nesta vitrine imensa e magistral.

Reluzes com raríssima ternura
E a vida ao se mostrar plena ternura
Espelha esta beleza sem igual.

151

Espelha esta beleza sem igual
O rosto da mulher que me encantou,
Reflete num sorriso angelical
Aquilo que o amor proporcionou.

Na boca tão carnuda e sensual
O beijo da alegria se entornou,
Bebendo o teu prazer suor e sal
Concebo o que meu sonho em ti buscou.

Na tua morenice mais matreira
Explorador perfaz sua bandeira
E sabe o que deseja desbravar.

Amor que não permite uma fronteira
Percebe uma alegria verdadeira
Sentindo uma esperança aqui chegar.



152

Sentindo uma esperança aqui chegar
Eu faço de meu verso um estandarte
Podendo mansamente enfim, amar-te
Tocado pelo sonho, invado o mar

E sinto que é preciso navegar
Além de um infinito irei buscar-te
Teus rastros; espalhaste em toda parte,
Pressinto a imensidão a me tocar.

Não temo mais batalhas, labirintos,
Vulcões da solidão eu sei extintos,
E sinto a calmaria quando deito

Trazendo em nosso amor esta certeza,
Vencendo em destemor qualquer surpresa:
Uma esperança imersa em nosso peito.


153

Uma esperança imersa em nosso peito
Aos poucos vai mudando o meu caminho,
Pois quando em teu amor eu já me alinho
Felicidade mostra-se um direito.

O rumo para a glória é bem estreito,
Não permite sequer sonhar sozinho.
Arranco com firmeza cada espinho
Enquanto o meu destino, agora aceito.

Luzindo no vigor de uma manhã
Encaro com destreza cada afã
E a doce fantasia amor conduz.

Vencendo os temporais que eu encontrar
A vida com certeza irá brilhar
Não tendo em minha vida urze nem cruz.


154

Não tendo em minha vida urze nem cruz
Estendo o coração neste varal,
Enfrento qualquer medo ou temporal,
Sabendo que contenho imensa luz.

Ao vento da saudade eu já me opus,
E desta luta insana, triunfal,
Fazendo do teu corpo a catedral
Que imensa fantasia reproduz.

Ao ver depois de tudo, um horizonte,
A vida vai cessando o seu desmonte
Depois de tanto tempo em dura espera

Renasço e vou feliz, sabendo disto.
Repito novamente – sempre insisto-
Amor fazendo amor, prazeres gera.



155



Amor fazendo amor, prazeres gera
Círculo vicioso e benfazejo,
Extrema sensação, louco desejo,
Aflora a insanidade da pantera.

Rasgando no meu peito a primavera
Entranha as maravilhas que eu almejo,
Floradas sem igual; quero e prevejo,
Sem ter o sofrimento feito espera.

Felicidade é feita a cada dia,
Tocando pelo vento que queria
Transforma a tempestade em brisa mansa.


Alucinadamente, eu me inebrio,
Vertendo em doce insânia, este pavio,
Encanto em profusão, nossa aliança


156


Encanto em profusão, nossa aliança
Pressupõe risos francos, fartos gozos,
Trafego por espaços prazerosos
E à terna fantasia, amor alcança.

Olhar enamorado por léguas trança
Invade os arvoredos mais frondosos
Grileiro enfrenta os riscos tenebrosos
Até chegar à senda bela e mansa.

Caminhos que desvendam meus segredos
Permitem vislumbrar novos enredos,
Pujantes esplendores da esperança.

Envolto pela luz em que tu brilhas,
Por mais que sejam duras nossas trilhas
Quem ama de verdade não se cansa.



157

Quem ama de verdade não se cansa
Decifra todos os signos que encontrar,
Não teme mais distância, enfrenta o mar
E segue, peito aberto, com pujança.

Nas ruas e luares, a lembrança
Permite o que se quer rememorar,
Fazendo de teu porto o meu altar,
Numa alegria imensa de criança.

O coração de um triste sertanejo,
Entregue à sensação – calmo desejo,
Escuta um canto amargo do passado,

Mas tendo o plenilúnio de um amor,
Compõe num verso breve e sonhador,
Toada de um caboclo enamorado.


158

Toada de um caboclo enamorado
Espalha no sertão um canto leve,
A lua extasiada já se atreve
E chega com fulgores ao seu lado.

Distante de outro verso rebuscado
Espalha uma emoção sincera e breve,
A cada novo acorde já descreve
O quanto é bom estar apaixonado.

Na lírica explosão dos sentimentos,
O coração liberto exposto aos ventos
Encarna a divindade num segundo,

O simples sertanejo sabe bem
Que todo este universo já contém
Quem tem dentro de si amor profundo.

159


Quem tem dentro de si amor profundo
É quase um semideus, conhece a glória,
Não sabe mais da dor tão merencória,
Permite-se num sonho, novo mundo.

De toda esta alegria eu já me inundo
E sinto vir no vento uma vitória,
Estrada antes deserta, agora é flórea
Secando o pantanal, outrora imundo.

A lúdica emoção de ser criança
Na qual a fantasia enfim descansa,
Amor não mais se perde, um andarilho.

E tendo o raro lume que me invade,
Numa bonança após a tempestade,
Estrelas multiplicam farto brilho.


160


Estrelas multiplicam farto brilho
Espalham sobre a Terra diademas
Nos olhos sonhadores, seus emblemas
Vencendo qualquer forma de empecilho.

Atalho meus caminhos, sigo o trilho
Deixando bem distantes os problemas,
Querida, não há nada que tu temas
Nas sendas deste amor que eu engatilho.

A solidão que fora duro algoz,
Ao ter a percepção dos nossos nós
Aos poucos se apascenta e vira brisa.

Varrida para sempre dos caminhos,
Vencida pela força dos carinhos,
Numa esperança viva, ela agoniza.

161

Numa esperança viva, ela agoniza,
E morre pouco a pouco, lentamente,
Quem fora sempre sórdida, inclemente,
Transforma-se num vento manso, em brisa.

Às vezes um sorriso mimetiza,
Retrato que se mostra opalescente,
Porém amor já deixa transparente
E o sentimento em paz à glória visa.

Ao vê-la padecendo, eu regozijo
De todos os temores já me alijo,
Recebo o bom frescor da primavera.

Ao ter do manso amor clara certeza,
Levado por divina correnteza,
Esqueço a solidão, temível fera

162



Esqueço a solidão, temível fera
Ao ter tua presença aqui, comigo,
O quanto que passara em desabrigo
Na espreita, de tocaia, numa espera.

Aberta no meu peito, uma cratera
Exposta a qualquer forma de perigo,
O sentimento amargo e tão antigo
Durante a vida inteira me tempera.

Porém ao perceber tua atitude
Vencendo assim qualquer vicissitude
Recebo o vento amável que persigo.

Refazes com carinho a juventude,
Desta alegria imensa, faz-se açude.
Atando nossos nós, irei contigo.


163

Atando nossos nós, irei contigo
Cercado pelos brilhos deste sonho,
O quanto eu te desejo e te proponho
Um mundo mais feliz; quero e consigo.

Teus passos pela vida, agora eu sigo
E vejo amanhecer calmo e risonho,
Não tendo mais segredo vil, medonho
Enfronho meu destino em nosso abrigo.

Durante o duro inverno que passamos,
Frondosas esperanças, fortes ramos
Mostraram mais possíveis tais encantos,

Mudando num momento esta estação
Aquece-se na força de um verão
O frio em minhas mãos, tremores tantos...

164

O frio em minhas mãos, tremores tantos,
Enrijece meus dedos, corta fundo.
Atravessando o tempo num segundo
Eu busco a primavera em seus encantos.

Procuro os teus sinais vasculho os cantos,
Vagando sem descanso pelo mundo.
Em vértices diversos me aprofundo
E colho tão somente, dores, prantos.

Quisera poder ter a claridade
De ter sempre comigo a liberdade
E nela o pleno amor já se entranhando.

E quando sinto enfim o teu sorriso,
Percebo como fora algum aviso
Tentáculos da sorte nos tocando.



165


Tentáculos da sorte nos tocando
Exprimem o que sempre desejei,
Fazendo deste sonho a nossa lei,
Eu sinto o nosso amor me libertando.

As dores e tristezas sempre em bando
Depois de certo tempo, naveguei,
Porém no amor imenso eu me entreguei
E o mundo de repente foi mudando.

Mundanas fantasias, fátuo fogo,
Agora em luz sublime já me afogo
E vejo um claro dia, de repente.

Fazendo a ti, querida, uma homenagem,
Meu peito vai se abrindo em nova aragem,
Brindando à nossa glória fartamente.


166


Brindando à nossa glória fartamente
Inebriado sonho ao qual me entrego,
Prazer que em fonte rara não renego,
Expressa o que desejo plenamente.

O quanto é necessário que contente
Um coração outrora vago e cego,
Permite-se dizer que em raro apego
A vida transbordada em tal torrente.

Sagrando cada verso que eu te faço
Ao novo amanhecer sem embaraço,
Nas águas da monção do amor me inundo.

Na bela alegoria em claro véu,
Eu toco num momento imenso céu,
Vivendo o nosso amor, raro e profundo.


167


Vivendo o nosso amor raro e profundo
Estendo as minhas mãos ao infinito,
Amolecendo em paz, duro granito,
O tempo vai mudando, giramundo.

Um coração que outrora vagabundo
Não tinha uma esperança como rito,
Ao ter o teu sorriso tão bonito
Transforma a sua sina em um segundo.

Agora ao perceber rara ventura,
A noite que virá não mais escura
Trará a eternidade a cada passo.

O vento transformado em mansa brisa
Audaz e com certeza mais precisa,
Minha esperança afeita ao teu abraço.


168


Minha esperança afeita ao teu abraço
Não quer desvincular-se nunca mais,
Agora que encontrou seu manso cais
Recebe o vento calmo a cada passo.

Atados lado a lado não desfaço
Os nós que nos uniram, magistrais,
Vencendo os precipícios abismais
Um novo alvorecer contigo, contigo eu traço.

Qual fora um privilégio inesquecível
A força que nos une, indestrutível
Impérios constelares segue e trilha.

Sentindo finalmente esta magia:
O quanto a vida em paz já se anuncia
Em minhas mãos contendo a maravilha.


169


Em minhas mãos contendo a maravilha
De um dia mais feliz que procurara
Deixando bem distante a senda amara,
Adentro o puro amor, e sigo a trilha

Da luz que tantas vezes, andarilha
A minha redenção desamparara.
Cortando bem mais fundo, em dura escara,
Fechando dos meus sonhos a escotilha.

Em cântaros meus olhos se verteram,
Até que finalmente perceberam
Estrela matutina que se alcança

Apenas num segundo, em pensamento,
E o brilho desta estrela num momento,
Entorna sobre nós rara esperança



170



Entorna sobre nós rara esperança
O brilho em carrossel do amor que trazes,
Não tendo mais palavras sequer frases,
Apenas este amor que agora alcança

Minha alma que guardara na lembrança
Distantes ilusões, longínquas fases
De dias tão doridos quanto audazes
Matando o que restou de uma criança.

Das farpas que trazia em ironia,
A mansidão na voz demonstraria
A força deste amor, claro e preciso.

Mulher maravilhosa, bela e sábia
Trazendo na doçura, tanta lábia,
Sabendo transformar a dor em riso.


171


Sabendo transformar a dor em riso
As tuas mãos mitigam sofrimento,
A vida vai tomando enfim assento
Trafego esta ilusão, vou sem aviso.

Metamorfoseado eu me matizo,
Seguindo até o fim, nego o tormento,
Enquanto estou contigo eu me apascento
E em cada novo dia, mais conciso.

Por vezes me escondera e numa espreita
Sentindo uma alma livre e satisfeita,
Eu quis estar contigo lado a lado,

Sorvendo cada gota da esperança
Que imerso em pleno amor, a glória alcança
Nos raios deste céu iluminado.



172



Nos raios deste céu iluminado
Eu vejo refletido um raro sol,
Inunda em claridades o arrebol
Deixando um rastro imenso e bem traçado.

O pensamento audaz prossegue alado,
Seguindo cada brilho, girassol,
Refém da magnitude do farol
De toda esta beleza, enamorado.

Quem sente a maravilha de poder
Decifrar os enigmas do prazer
Adentrando o nirvana num segundo,

Ao ter a força imensa de um amor
Não é mais tão somente um sonhador,
Já sabe conquistar, decerto o mundo.


173


Já sabe conquistar, decerto o mundo
Aquele que se mostra por inteiro,
Amor que é benfazejo e verdadeiro,
Um sentimento raro e tão profundo.

Nos braços deste sonho eu me aprofundo
E sinto o vento manso e lisonjeiro
Que trama num sorriso, mais matreiro,
Atando um coração que é vagabundo.

Adentro as doces sendas da emoção,
Tocado pelo lume em sedução,
Amor dispara assim, o seu gatilho.

E tendo a claridade que sonhara,
Meu passo com firmeza já se ampara,
Não vendo mais sequer um empecilho.


174

Não vendo mais sequer um empecilho
Afasto os pedregulhos do caminho,
Adorno em fantasias este trilho,
Priorizando a rosa, mato o espinho.

Não quero a solidão de um triste exílio,
Por isso no teu colo – amor – me aninho
Das tramas da esperança, como um filho
Eu bebo cada gota, esgoto o vinho.

Meus olhos procurando o firmamento
Percebem nos teus olhos este ungüento,
E a sorte num momento já me avisa

Do quanto eu sou feliz em te querer
Raiando em bela aurora – eu posso ver -
Manhã vem renascendo em mansa brisa.


175


Manhã vem renascendo em mansa brisa
Depois da tempestade que passamos.
Das árvores do amor, quebrando ramos,
O sol que agora nasce nos avisa

Do quanto é necessária a mão precisa
Na qual, felicidades encontramos,
Ao mesmo tempo em que nos aparamos
A dor vai fugidia, assim desliza

Por entre os descaminhos; solitária,
Palavra benfazeja é necessária
E mostra ser possível novo dia.

Assim iremos juntos, solidários
Decerto não seremos solitários
Já tendo uma esperança como guia.



176

Já tendo uma esperança como guia
Enfrento a solidão com destemor,
O quanto se faz claro que este amor
Derrama sobre nós a poesia.

Da voz que tanto tempo me dizia
Que a cada novo obstáculo a transpor
O sentimento encontra mais vigor,
Mostrando em plena paz tanta alegria

Eu sinto o toque calmo e soberano,
Cerrando para sempre o desengano,
Condenado ao eterno desabrigo.

Qual lavrador que um sonho cultivara,
Numa colheita amena, bela e rara
Recolho cada rastro que persigo.



177


Recolho cada rastro que persigo
Deixado pelos cantos da cidade.
Separo na colheita joio e trigo,
Encontro o que mais quero; a liberdade.

Partilha que se faz leva consigo
Princípios da total fertilidade,
Além de simplesmente ser amigo
Eu quero o teu amor, eis a verdade.

Num átimo percorre o pensamento,
Levando para longe num momento,
Invade sem porteiras, outros cantos,

Nas mãos frias, suadas, passo a ter,
E aos poucos já começo a perceber
Sintomas que demonstram tais encantos.


178


Sintomas que demonstram tais encantos
Diagnosticam amores incontidos,
Sussurros misturados com gemidos,
Sorrisos invadindo calam prantos.

Dos corpos que se buscam feitos mantos
Temores são deveras já vencidos
Numa explosão sem par, nossos sentidos
Entregues à loucura sem espantos.

Numa explosão divina, pois atômica,
A intensa confusão se faz harmônica
Revolução do gozo, insano bando.

E em meio a tanta insânia, alucinante,
Surgindo em claridade deslumbrante,
O dia em alegria vem raiando.


179


O dia em alegria vem raiando
Invade com seus brilhos nossa casa,
Fagulhas antevendo intensa brasa
Que aos poucos todo o sonho vem tomando.

Sinais que amor nos mostra, decifrando
A sorte nos sorri e não se atrasa
O pensamento, enfim vai criando asa
E não pergunta mais aonde e quando.

Apenas se deixando navegar,
O velho timoneiro adentra o mar
E o gozo da alegria já pressente.

Captando a luz intensa deste sol,
Seguindo o brilho insano de um farol,
Amor mudando o rumo, de repente.



180



Amor mudando o rumo, de repente
Por mares poucas vezes navegados,
Recebe da alegria os seus recados
E sabe convergir completamente.

Atalha por um rumo diferente
E imerso em maravilhas, calmos prados
Olvida num momento os duros brados
E o vento em mansidão, agora sente.

Liberto das algemas que trouxera,
Refaço a mais sublime primavera
De toda a calmaria enfim, me inundo.

Ao ter tal percepção, águo o deserto
Depois de tanto tempo e já liberto,
Permito ao coração ser vagabundo.


181


Permito ao coração ser vagabundo
Vagando, colhe estrelas, rasga o céu,
Galopa sem limites meu corcel
Persegue em pensamentos, novo mundo.

Destinos tão diversos que confundo
Estradas sem destino, vou ao léu,
A vida vai girando em carrossel,
E a cada nova volta me aprofundo.

Invado as negritudes abissais,
Em meio a teus carinhos sensuais
Desenho o meu desejo traço a traço,

Minha rosa dos ventos eu perdi,
Mas bebo do prazer que achei em ti
Numa explosão extrema em cada passo.


182

Numa explosão extrema em cada passo
Caminho entre os espinhos, pedregulhos,
Ouvindo nas marés, loucos marulhos,
Meu peito vai se abrindo e cede espaço

Um novo amanhecer, agora eu traço,
Deixando para trás velhos entulhos,
Enterro o que guardara, meus orgulhos
Fortalecendo assim, os nossos laços.

Aprendo estas lições que me ensinaste,
Contendo uma erosão, cessa o desgaste,
Atada em nossos pés a mesma anilha.

Fomento uma alegria renovada,
Depois da dura e fria madrugada,
Um novo alvorecer, meu canto trilha.





183


Um novo alvorecer, meu canto trilha
E espalha além do amor, boa vontade,
Chegando a cada canto da cidade
Na voz da poesia, uma andarilha.

Depois de consertar, do barco, a quilha,
O pensamento abarca e agora invade
O quanto eu desejara em liberdade,
Não quero ser na vida, simples ilha.

Unindo nossos versos, companheira,
Da vida, a mais perfeita mensageira
Formada pelos brados, teus e meus.

Na força da amizade, amor se insere
Portando amanhecer que um sonho gere,
Deixando à solidão, somente o adeus.


184

Deixando à solidão, somente o adeus
Estendo o meu olhar ao infinito,
Alçando em liberdade, solto o grito
E encontro os teus sorrisos sobre os meus.

Nos sonhos embolados, dois Morfeus,
Decifram cada sonho já descrito
Toando em comunhão, no mesmo rito
Do amor que nos transporta e leva a Deus.

Nas mãos entrelaçadas, igual prece,
Aos meandros do amor já se obedece
E nisso o caminhar se faz preciso,

Pareado contigo eu não me canso,
E enquanto a cada dia assim avanço,
Adentro ao mais sublime paraíso.


185

Adentro ao mais sublime paraíso,
Constelações; encontro a cada passo
O pensamento alçando o livre espaço
Espalha em meu caminho, o teu sorriso.

A sorte que se fez sem um aviso
Espelha no teu rosto cada traço
E a cada amanhecer de novo eu faço
Andanças tão fantásticas que biso.

Com toda esta esperança, aberto o peito,
Felicidade plena, agora espreito,
Prossigo sempre nesta direção.

Recolhendo as estrelas que espalhaste
Percebo quanto em mim tu perfumaste
Vivendo, com certeza esta paixão.


186


Vivendo, com certeza esta paixão
Eu sinto que terei num novo dia
O bem que na verdade já queria
Trazendo à nossa vida uma emoção.

Cansado de encontrar a negação
Pensara tão distante uma alegria,
Porém ao me embrenhar na fantasia
Percebo a mais total transformação.

Uniformes vontades junto iremos
Chegando ao que sonhamos e queremos,
Nas tramas deste amor que é feiticeiro

Vislumbro um belo e claro amanhecer,
No espelho da esperança eu posso ver
Olhares num só brilho, verdadeiro...


187



Olhares num só brilho, verdadeiro
Norteiam com amor a direção
Além do que prediz uma ilusão,
Recolho raras flores no canteiro

Recebo o teu perfume, sei teu cheiro
Afago os teus cabelos, tentação.
Mergulho no teu corpo em cada vão,
Persigo cada rastro, vou inteiro.

Enquanto a noite chega e a vida passa
A lua com seus raios nos abraça
E eu sinto o teu calor, quero teus braços.

Unidos adentramos madrugada,
Durante esta fantástica caçada
Entrego-me, cativo, nestes laços...



188


Entrego-me, cativo, nestes laços
Qual fora na caçada, a tua presa,
Sem medos, sem pudores ou defesa
O peito exposto aos loucos, firmes aços

Recolho cada qual dos meus pedaços
Hipnotizado, imerso em tal beleza;
Quem sabe desta sorte sempre a preza
E deixa-se prender pelos teus braços.

Uma alegria é rara nesta vida,
A sorte se mostrando decidida
Permite um novo tempo, renovado

Felicidade plena agora vejo
Sorvendo cada gota do desejo
Sentindo esta presença aqui do lado.



189

Sentindo esta presença aqui do lado
De quem eu procurei a vida inteira,
Eu sinto uma alegria alvissareira
E deixo bem distante o meu passado.

Um dia que se faz iluminado
Ao ter o puro amor como bandeira
Ao ver esta alegria verdadeira
Encontra o rumo certo e procurado.

Sabendo desta glória, agora sigo
Aberto o coração junto contigo,
Recebo o doce alento em poesia

E tendo esta certeza vou em paz
Vivendo esta ilusão que amor nos traz
Entrego-me a mais bela fantasia.




190

Entrego-me a mais bela fantasia
Deixando-me levar, caminho ao léu
Conheço em teus carinhos claro céu
Vislumbro a maravilha em novo dia.

A vida vai rodando em carrossel
Às vezes com tristeza ou alegria
Renova-se decerto com magia
Por vezes benfazeja ou mais cruel.

Quem ama na verdade sente medos,
Conhece dos prazeres os segredos
E perde-se em caminhos mais dispersos.

Se a nada ou a ninguém ele obedece
Amor velho travesso sempre tece
Sentimentos perfeitos e diversos...



191


Sentimentos perfeitos e diversos
Dominam minha vida de poeta,
Escrevo de maneira mais direta,
Sem ter mirabolantes, raros versos.

Adentro os mais distantes universos
Andando em linha quase nunca reta,
Felicidade plena é minha meta
Porém os meus caminhos são dispersos.

Amor faz molecagem com meu peito
Às vezes vou feliz e satisfeito,
Mas vendo uma palavra distraída

Num vício que me fez ser trovador
Eu sinto nestas letras, MEU AMOR,
Prenúncios de prazer em minha vida.



192


Prenúncios de prazer em minha vida
Encontro nas manhãs de primavera,
O vento que me toca vem e gera
De todo labirinto, uma saída

A mão que se permite decidida
Enfrenta em destemor amarga fera,
Se eu tenho uma alegria que tempera
A dor de vez em quando, já duvida.

Fazendo um reboliço sem limites,
Às vezes não quer mais quaisquer palpites
E bate na janela, em temporal.

Porém escuridão não mete medo,
Sabendo usufruir, sei o segredo
No lume deste amor fenomenal.


193


No lume deste amor fenomenal
Vejo tuas pegadas, sigo cada.
Depois de perceber a derrocada
Enfrentei mais temível vendaval.

Às vezes me estrepei fui muito mal
Em outras a vitória anunciada
Não deu depois de tudo, quase em nada.
Porém agora eu sigo; triunfal,

Os rastros dos teus olhos fonte rara
Da luz de uma esperança, forte e clara,
Capaz de toda história transformar,

Meu barco que se fez sem timoneiro,
Tocado pelo vento mais ligeiro,
Adentra num momento a praia e o mar.



194





Adentra num momento a praia e o mar
Saveiro dos meus sonhos, triunfante,
Caminha por um rumo mais constante
Até que em manso cais possa chegar.

Eu quero em calmaria naufragar
Ao ver tanta beleza num instante,
Vencer a correnteza provocante
Beber até o dia clarear.

Chamando para a festa esta incansável
Parceira que se mostra mais amável
Deitando o seu carinho no meu peito.

O rio que decerto me convinha
No peito sonhador, logo se aninha
Fazendo do luar seu claro leito.



195



Fazendo do luar seu claro leito,
Meu verso se entregou a tanto encanto,
Ouvindo em espiral o belo canto,
De todos os meus sonhos, satisfeito.

A cada novo dia eu me deleito
E vejo o claro amor por todo canto,
Se assim, somente assim, agora eu canto
Encontro rara estrela quando deito

No teu sorriso manso de criança
Um acalento eterno da esperança
Em toda magnitude reproduz

O brilho deste amor que nos inflama,
Causa revolução enquanto em chama
Adentra o mar imenso feito em luz.
Publicado em: 27/01/2008 22:48:50
Última alteração:22/10/2008 16:48:56




ESPIRAL DE SONETOS


Homenageio ao Poeta Marcos Valério Mannarino Loures que escreveu uma ESPIRAL DE SONETOS, com 150 sonetos, que deve ser a primeira da História da Literatura Universal, pois ao contrário da Coroa de Sonetos, simples, que se encerra no primeiro verso do primeiro soneto, essa Espiral chega ao segundo verso, depois ao terceiro até se encerrar no último verso do décimo quarto soneto. Realmente inédito, uma obra sem igual e, sempre, dentro da impecável técnica que caracteriza o trabalho desse poeta maior. Com certeza, Marcos Loures está entre os nossos melhores poetas, atuais.





Espiral de Sonetos



O Marcos, o que é Loures, grã poeta,

Merece com certeza este epíteto.

Completa, nosso mestre, grande meta: -

Com cento e cinqüenta seus sonetos.



Sonetos em Espiral sem ter rival!

Ao Guiness deve ir este recorde.

Jamais uma façanha, que igual,

Estamos nisto, assim, todos acordes!



Sonetos se iniciam por vez, cada,

Com versos que compõem anteriores

E, dentro de uma métrica em rigores.



O Marcos com a espiral já se consagra,

É obra p’ra ficar entre as maiores.

Cativo, nosso Loures, entre os melhores!



Manoel Virgílio

EXTREMAMENTE EMOCIONADO EU AGRADEÇO TÃO BELA HOMENAGEM,
MUITO OBRIGADO MEU QUERIDO AMIGO
Publicado em: 30/01/2008 15:34:37



ESPIRAL DE SONETOS SOBRE 3 SONETOS BÁSICOS
ESPIRAL DE SONETOS SOBRE 3 SONETOS BÁSICOS
1

Aonde se fizesse uma esperança
Não pude conseguir felicidade
E quando se percebe a tempestade,
Aos poucos se perdendo a confiança

Uma alma segue livre, ganhando ares
E teima sem destino na amplidão,
Exposta aos temporais, ledo verão
Traçando a fantasia em vãos altares.

Não posso e nem pretendo ser assim,
A imensa sonhadora do passado,
O gosto do prazer dita o pecado
E o mundo desabando dentro em mim.

Percebo muito além do simples fato
E quando não consigo, me retrato...

2

E quando não consigo, me retrato
E deixo para trás qualquer desejo,
O mundo bem melhor já não prevejo,
Somente nos meus olhos o maltrato.

Anteriormente eu via alguma luz
Aonde a turbulência se fez plena,
Nem mesmo a fantasia me serena
O corpo sendo exposto. Imensa cruz.

Anseio por caminhos bem diversos
Dos que tentara crer serem possíveis.
E quando se percebem impossíveis
Alheios, sem sentidos, os meus versos.

Assim encaminhando para a morte,
Não tendo quem ainda me conforte...


3


Não tendo quem ainda me conforte
Aguardo algum momento aonde possa
Depois de conhecer a dor e a fossa,
Ter sob o meu olhar um novo Norte.

Austeridade é tudo o que pretendo,
Não poderia ser assim liberta
Quem sabe que a verdade é tão incerta,
E nela não percebe dividendo.

O gosto do passado ainda vivo
Atordoando assim meu paladar,
Vontade de talvez ter e levar
Um mundo mais tranqüilo, mas me esquivo

Anseio tão somente algum momento
Aonde não encontre tal tormento...

4

Aonde não encontre tal tormento
Apenas o caminho se desfaz
E tudo que pensara mais audaz,
Diverso do que invade o pensamento.

A voz de um coração enamorado,
Audaciosamente se perdeu
E quando se percebo imenso breu,
Mergulho no vazio deste prado.

Matizes tão complexas, grises céus,
E neles os meus dias se perdendo,
Aonde se pensara em estupendo
Momento se entranhando sob os véus,

E quando a fantasia em vão me invade
Não pude conseguir felicidade


5

Não pude conseguir felicidade
Tampouco inda desejo um novo tempo,
Aonde se percebe o contratempo,
Não posso deslindar após a grade.

E o jeito é caminhar mesmo que em vão,
Atrocidades vejo nesta estrada,
Palavra libertária encarcerada
Mudando minha história e direção,

Vestindo esta mortalha que inda trago
Depois de tanto inverno em minha vida,
Percebo quão difícil e imerecida
A falta de carinho, de um afago

Vivendo este terror o fim prevejo
E deixo para trás qualquer desejo.

6

E deixo para trás qualquer desejo
Após me perceber tão iludida
Aonde se aportasse a minha vida
Com trevas e delírios, já negrejo.

O peso do passado enverga quem
Pensara ser possível liberdade,
Mas quanto mais terror, mais alto brade
O coração daquela sem ninguém.

Na ausência de outro rumo vou em frente,
Lutando contra tudo e contra todos,
Os pés enlameados nestes lodos.
O fim já se aproxima e uma alma sente

Sair desta terrível, podre fossa
Aguardo algum momento aonde possa.

7

Aguardo algum momento aonde possa
Viver com mansidão que desconheço,
O mundo se fazendo em adereço
De vez em quando amarga enquanto adoça.

Vencida, a caminheira não percebe
Ainda a claridade que envolvente
Ao mesmo tempo nega e já desmente,
Tornando mais dorida a velha sebe.

O preço de uma falsa alegoria
Não vale mesmo quando se faz pouco,
No encanto e desencanto me treslouco,
Viver uma alegria? Uma utopia...

Rotina só termina em dor que invade
E quando se percebe a tempestade.

8

E quando se percebe a tempestade
Um tempo mais nublado se anuncia,
A sorte se perdendo em noite fria,
Deixando como herança a dor que brade

Estímulos diversos? Nem um deles,
Amor não poderia me trazer
Sequer a menor sombra de um prazer
Momentos que pensei sobejos, reles.

E o pêndulo traçando o meu destino,
Na inconseqüente luz fascinação,
Mergulho neste abismo feito em vão
E a força necessária não domino,

Usando esta mortalha de um desejo
O mundo bem melhor já não prevejo.

9

O mundo bem melhor já não prevejo
E sinto a derrocada do meu sonho,
Não vejo mais futuro se, medonho,
Caminho onde alheia perco o ensejo.

O risco de quem ama se transforma
Na imensidão da dor que não me larga,
E quando não suporto mais a carga,
A vida pouco a pouco me deforma.

E aonde se pensara em um carinho
Não tendo outra resposta senão essa,
Terrível temporal que recomeça
Deixando o meu destino mais sozinho.

Sobreviver então não há quem possa
Depois de conhecer a dor e a fossa.

10

Depois de conhecer a dor e a fossa
Jamais imaginara alguma luz
E quando ao nada ser amor conduz
Enquanto seduzindo nos destroça.

E o vendaval expondo esta ferida
Rondando a minha casa, a morte expõe
A face desnudada em que compõe
O fim da longa estrada dita vida.

Abandonada e sem sequer sonhar,
O beijo que recebo, traição,
Momento onde me iludo, sendo vão
Não deixa sequer rastro do luar,

E assim quando ao vazio uma alma lança
Aos poucos se perdendo a confiança.



11

Aos poucos se perdendo a confiança
Já não consigo ao menos discernir
Se ainda ao meu alcance algum porvir
E nele a tempestade sempre avança

Repondo com desdém o que não trago,
A saga de uma louca poetisa
Que tanto se propõe e não matiza
Sequer uma impressão de manso lago.

Atrozes os desníveis que ora encontro
E neles se traduz minha amargura,
Pudesse transformar minha procura
Diverso deste eterno desencontro;

Futuro mentiroso se diz grato
Somente nos meus olhos o maltrato.


12


Somente nos meus olhos o maltrato
Desejo que se fez em falsa luz,
Apenas refletindo reproduz
O vendaval que agora sei de fato.

Vivenciara ao menos um segundo
Aonde poderia em paz viver,
E tendo em minha vida o desprazer
Nas mágoas mais profanas me aprofundo.

Expondo a minha face aguardo o tapa
Medonha realidade se afigura,
Aquele a quem amei, vã criatura,
Das mãos de quem procura sempre escapa.

Uma ilusão deveras me conforte:
Ter sob o meu olhar um novo Norte.

13

Ter sob o meu olhar um novo Norte
Talvez ainda mostre à caminhante
Um dia pelo menos mais constante
Que traga com prazer algum suporte.

Esqueço dos meus erros, teus enganos,
E tudo recomeça bem ou mal,
Amar e desamar, vil ritual
Mudando num instante ritos, planos.

Não pude caminhar contra esta imensa
Força que traduzindo mera dor,
Pudesse cruelmente decompor
Gerando ora mormente a dor intensa

Distante dos meus medos, teus altares
Uma alma segue livre, ganhando ares


14

Uma alma segue livre, ganhando ares
E vaga sem destino em pleno ocaso,
Da sorte quando amarga, me defaso
Ainda me afastando dos Palmares

Que tanto disseminas vida afora,
E quando se mostrando mais inglória
Distante do que outrora quis vitória
Mergulho no vazio e vou embora.

Perceba quão dorida a caminhada
De quem ao se propor não percebia
Imensidão da dor, feito agonia
E nela se presume nova escada.

Na treva que me mundo reproduz
Anteriormente eu via alguma luz.

15

Anteriormente eu via alguma luz
Aonde se percebe totalmente
O inútil caminhar que se pressente
E ao mesmo nada sempre nos conduz.

Descrevo com carinho cada passo
E nele são mesquinhas as falácias
Terrível solidão calando audácias
E tudo o que quiser já desfaço

Não posso me calar perante à dor
Tampouco me entranhar da podridão
No amor que tanto eu quis, a negação
Permite o nada além a se propor.

E quando me mostrara ledo adendo
Austeridade é tudo o que pretendo.

16

Austeridade é tudo o que pretendo
E não mais saberia prosseguir
Sabendo do vazio no porvir
Depois dum caminhar tão estupendo.

Bebendo a solidão não posso mais
Tentar a solução em novas sendas,
E quando as minhas ânsias tu desvendas
Prepara esta armadilha em vendavais.

Mordaça em minha boca, não comporta
A sina de uma tola caminheira,
Que mesmo entre estas pedras já se esgueira
Tentando adivinhar se existe porta.

A furiosa dor explode num senão
E teima sem destino na amplidão.

17



E teima sem destino na amplidão
Quem tanto se pensara mais feliz
A vida se deveras me desdiz
Traçando novo rumo ou direção

Não pode nem sequer trazer com ela
O sonho mais audaz, pois sinto morto
E quando procurara um simples porto
Imensa solidão já se revela.

Vagando como fosse algum cometa,
Depois de tantos anos sem ninguém
Apenas o vazio me contém
E nele uma alma amarga se arremeta

Melhor do que viver a fria cena
Aonde a turbulência se fez plena.

18


Aonde a turbulência se fez plena
Jamais encontrarei a calmaria
O mundo a cada sonho não veria
Sequer uma emoção que me serena

Nefasta tal imagem que conduzo
E nela me espelhando nada vejo,
O quanto se pensara em vil desejo
Configurando agora tanto abuso.

Usar com maestria uma palavra
E dela perceber a qualidade
Enquanto o nada ser ainda invade
Destroça-se em verdade minha lavra

Quem tenta e da ilusão já não deserta
Não poderia ser assim liberta.


19


Não poderia ser assim liberta
Uma alma sonhadora que se deu
Durante a tempestade em pleno breu
Vagando pelo mundo quase incerta.

Servil e sofredora não consegue
Vencer os seus anseios, sofre tanto
E quando se percebe em desencanto
Por mais que uma esperança inda navegue

Alvissareiras luzes, dores tantas,
Mergulhos num vazio dentro em mim,
Pudesse crer na força de um jardim,
Mas como se não restam flores, plantas...

E sigo sem defesa ou direção
Exposta aos temporais, ledo verão.

20


Exposta aos temporais, ledo verão
Não sei se poderia crer na luz,
Que tanto me maltrata e me seduz
Trazendo em si deveras negação.

Poeira se transborda a cada passo,
E não consigo mais outra esperança,
A sorte se transforma enquanto lança
Vazia sensação e me desfaço.

Vencer estas tormentas e seguir
Devendo ter no olhar bem mais sombrio,
Veneno que ora sorvo inda porfio
Traçando tão medonho o meu porvir

E quando a tempestade se faz plena
Nem mesmo a fantasia me serena.



21

Nem mesmo a fantasia me serena
Sabendo quanto traz ansiedade
O medo que este sonho se degrade
Mudando num repente toda a cena

Não deixa alguma chance para aquela
Na qual a poesia ainda entranha,
A vida se tornando muito estranha,
Destino incoerente já se sela

O peso do viver arcando as costas
E nada poderia dar alívio,
Quem teve tanta dor em seu convívio
Deveras retalhada em finas postas

O amor constantemente já deserta
Quem sabe que a verdade é tão incerta.

22


Quem sabe que a verdade é tão incerta
Não pode mais trazer algum momento
Aonde se mostrasse tal tormento
Enquanto a dor aos poucos se desperta.

Tentara a qualquer preço outro caminho,
Vestida de ilusões, pobre menina,
A morte muitas vezes me fascina
E dela com certeza me avizinho

Ao terminar cansada a minha lida,
Deixando-me levar pelo terror
E quando se pensara em novo amor,
Memória na verdade dolorida

Vagando sem destino, ruas, bares
Traçando a fantasia em vãos altares.


23

Traçando a fantasia em vãos altares
Jargões tão corriqueiros não serenam,
Momentos em que as dores cedo acenam,
Destroçam meus jardins e meus pomares.

A bêbada que outrora fora gente,
Agora uma indigente, quase pária,
A sorte muita vezes necessária
A cada amanhecer, sonhos desmente

Não deixa sobrar nada do que fui,
Mesquinhas ilusões são quais quimeras
E quando em tantos medos tu temperas
Castelo que criara aos poucos rui

Ao longe este cenário reproduz
O corpo sendo exposto. Imensa cruz.

24


O corpo sendo exposto. Imensa cruz
Aonde em holocausto já me dei,
O amor ao transgredir assim a lei
Fatalidade imensa reproduz.

O tempo não suporta algum disfarce
Da sorte que deveras me atormenta,
A morte se aproxima violenta
Sem ter sequer momento em que disfarce

Com atos mais audazes soberanos,
Fomenta-se o terror em quem outrora
Vivendo a poesia sem demora
Encontra pela vida desenganos.

Aos poucos a emoção estou perdendo
E nela não percebe dividendo.

25


E nela não percebe dividendo;
Da sorte desregrada e sem juízo,
E quando precisava sem aviso,
O mundo em minhas mãos se desfazendo.

Custava pelo menos ter no olhar
Razão que permitisse um novo sonho,
E quando pouco a pouco decomponho
A vida que pensara navegar.

Bisonhos os desejos mais ardentes,
Tentando alguma luz já não consigo,
Condenando-me então ao desabrigo,
Que tanto quanto eu mesma tu pressentes.

Fantasma do que houvera dentro em mim
Não posso e nem pretendo ser assim.

26


Não posso e nem pretendo ser assim
A leda passageira da ilusão
E quanto os novos dias me trarão
Somente poderei saber no fim.

O corte que jamais se cicatriza,
O medo que se estampa em minha face,
Realidade ainda que me embace
Traduz no meu olhar tempesta e brisa.

Assídua navegante sem destino,
Amante sem carinho perco o sono,
E quando me entregando ao abandono
Percebo amanhecer mais cristalino,

Vagando pelos vários universos
Anseio por caminhos bem diversos


27


Anseio por caminhos bem diversos
Daqueles que esperança preconiza,
E quando a realidade é mais precisa
Ausente dos meus olhos, lassos versos.

Imensa caricata não consigo
Saber do quão possível ser feliz,
E tendo demarcada a cicatriz
E dela tão somente algum perigo,

Rasgando o coração já não se vê
Tampouco quem permita a caminhada,
Depois de tanto tempo ora cansada
Não tendo nem sabendo de um por que.

No sonho, um pensamento tão cativo,
O gosto do passado ainda vivo


28

O gosto do passado ainda vivo
Por mais que isto pareça uma bobagem.
O amor ao desbotar tal paisagem
Mostrara-se soberbo ou mais altivo.

Descrevo com carinho cada passo
Na busca por algum lugar sereno,
E quando solitária me enveneno,
O sonho num segundo já desfaço.

Perfaço este caminho rumo ao nada,
Somando nossas forças, minha e tua,
Uma alma se encontrando outrora nua,
Agora no vazio demonstrada.

O fardo que carrego; ter por Fado
A imensa sonhadora do passado.

29


A imensa sonhadora do passado
Jogando sua sorte sem destino,
Aonde encontrarei este menino,
E o coração em trevas disfarçado.

Pereço quando ausente dos seus braços.
Menina que jamais se fez contente,
Por mais que uma esperança se apresente,
Os dias sempre iguais, doridos, lassos.

Amparo-me na falsa sensação
De segurança torpe que me trazes,
O amor se permitindo em várias fases
Jamais acerta o rumo e a direção.

Acalentando os dias mais terríveis
Dos que tentara crer serem possíveis.

30

Dos que tentara crer serem possíveis
Momentos desairosos são constantes,
E mesmo quando em luzes agigantes
O corte se percebe em tons horríveis

Por que vieste agora após a chuva?
Já não comportaria um novo encanto,
E quanto mais presente em mim o pranto,
Na sensação dorida, uma viúva

Vivendo do passado agora vê
No olhar de um velho amigo, o companheiro,
E quando isto parece verdadeiro,
Procuro tuas sombras, mas cadê?

Ao mesmo tempo é nuvem e luar
Atordoando assim meu paladar.



31

Atordoando assim meu paladar
As noites embaladas no vazio
Amor quanto podia noutro estio
Morrendo num inverno secular.

Aprendo a navegar por mar revolto
E teimo contra pedras sem a praia
Por mais que a realidade ainda traia
Vivendo em liberdade sigo solto.

E tenho vez por outra esta vontade
De ser além do nada que hoje entranho
O ser que mesmo tendo perda ou ganho
Concebe no cantar tranqüilidade

Não creio neste tom apregoado:
O gosto do prazer dita o pecado?

32


O gosto do prazer dita o pecado?
Não posso acreditar em tal mentira,
O amor quando nos sonhos já se atira
Ao sofrimento e a dor está fadado.

Descreves cada dia com ternura,
Mas quando se aproxima nada dás,
Aonde poderia ter a paz
Se mesmo uma alegria não me cura.

Eu quero a liberdade no meu canto
Jamais suportaria alguma algema
Ausência de futuro já se tema,
Porém acostumei-me ao desencanto

Vencer batalhas duras, mesmo incríveis,
E quando se percebem impossíveis.

33


E quando se percebem impossíveis
Os ritos mais comuns do amor mundano,
Percebo a cada passo que eu me engano,
Delírios são deveras implausíveis.

Os dias se repetem, nada faço,
Somente este vazio em minha mente,
E quando me disfarço tolamente
A vida vai perdendo seu espaço.

Pedisse ao caminheiro algum momento
Aonde eu mergulhasse sem defesas,
Já não suportaria correntezas
Tampouco merecia o sofrimento

E a vida em que desejo caminhar,
Vontade de talvez ter e levar.

34

Vontade de talvez ter e levar
A sorte desta forma bem tranqüila,
E quando a realidade me aniquila
Não tendo outro caminho, bebo o mar.

E sei quanto salgada a fantasia
Deveras em medonha garatuja,
Minha alma se sentindo imunda e suja,
Aos poucos sem defesas se esvaia.

E o gesto intempestivo de quem ama,
Mudando a direção de um vendaval
Atravessando o mundo em frágil nau,
Mantendo a qualquer custo acesa a chama.

Só sei que nada tenho e sigo assim,
E o mundo desabando dentro em mim.


35

E o mundo desabando dentro em mim
Transcende à própria sorte e me sonega,
Bebendo todo o vinho desta adega
A morte se aproxima, até que enfim...

O gesto mais audaz de um ser temente
Não pode superar qualquer impasse,
E quando a fantasia me ultrapasse
Jamais cultivaria esta semente.

Jogada pelos cantos sem destino,
Sarjetas são meus lares corriqueiros,
Aonde semeasse se os canteiros
Há tanto destrocei em desatino

Por isso seguem tolos e dispersos
Alheios, sem sentidos, os meus versos.

36

Alheios, sem sentidos, os meus versos.
Falando sobre amor que não percebo,
E quando se conhece qual placebo
Momento entre carinhos tão dispersos,

Eu singro por caminhos mais complexos
Vagando feito em luz parca e sombria,
Não tendo da esperança quem me guia,
Os dias se perdendo sem os nexos

E vendo o terminar da torpe vida
Nos ermos de uma insólita paixão,
O traço que queria, de união,
Há tanto tendo a corda já rompida

Promessa deste encanto vão, cativo:
Um mundo mais tranqüilo, mas me esquivo.

37

Um mundo mais tranqüilo, mas me esquivo
Depois de conhecer as suas manhas
E quando noutro rumo tu te entranhas,
Meu peito não se torna mais altivo,

Espero algum momento mais feliz,
E disso desenhando caricata
Figura que deveras me maltrata
E toda a realidade contradiz.

Assisto aos meus minutos derradeiros
Alheia aos sofrimentos mais banais,
Pudesse desfrutar dos roseirais,
Mas como se não tenho mais canteiros.

E quando esta verdade assim destrato
Percebo muito além do simples fato.

38


Percebo muito além do simples fato
Decerto muitas vezes mais comum,
E quando me encontrando sem nenhum
Caminho, com certeza eu me maltrato.

Amputo as ilusões e morro só,
Vasculhos estas gavetas e nada encontro,
O amor quando se dá em desencontro
Desmoronando a vida, resta em pó.

Escombros do que fomos inda trago,
E deles não refaço um novo mundo,
Somente no vazio me aprofundo,
Observo com temor um velho estrago

E sem ter mais alguém que me suporte
Assim encaminhando para a morte.

39



Assim encaminhando para a morte,
Não via senão dores, tanto espinho,
E um velho coração se faz sozinho,
E dele não percebo mais aporte.

O mundo se destroça claramente
E o beijo que recebo, o de um falsário,
Amar e ter aquém do necessário
Jamais eu pensaria, mesmo ausente

Das ânsias mais comuns da adolescência
E agora quando sei maturidade,
Delírio de menina vem e invade
Domando toda a minha consciência,

Da paz que já perdi neste tormento
Anseio tão somente algum momento.

40

Anseio tão somente algum momento
Aonde decifrar os meus enredos,
E neles coletando velhos medos
Somente o que me resta, um vão lamento.

Ouvisse pelo menos um instante
A voz de quem vivera a dor outrora,
Mas quando a realidade vai embora
Sobrando a fantasia delirante,

Não tendo solução, mergulho e cismo
Vagando sem saber sequer destino,
Ensandecida logo me alucino
Sabendo do final em cataclismo,

Percebo quanto amor é vil e ingrato
E quando não consigo, me retrato...

41


E quando não consigo, me retrato;
Falando dos anseios e das dores,
Deixando no jardim carinhos, flores,
Apenas tão distante algum regato

Aonde poderia esta sedenta
Saciar desejos entre luzes,
Sabendo que ao vazio me conduzes,
Nem mesmo a fantasia me apascenta.

Morresse pelo menos não teria
Terrível decepção que tu causaste,
A vida se condena a tal desgaste
Deixando demarcada esta sombria

Verdade que traduz no fim a morte,
Não tendo quem ainda me conforte...


42



Não tendo quem ainda me conforte
Jamais eu poderia crer no todo,
O amor ao se entranhar em lama e lodo
Transforma totalmente a nossa sorte,

E sigo desairosa pela vida,
Tentando algum momento feito em paz,
E quando a realidade é tão mordaz,
Decerto já me encontro então, perdida.

Qual fora navegante do não ser,
Morrendo a cada tempo mais um pouco,
Deveras sem ninguém eu me treslouco
E sinto se esvaindo o meu prazer

Quem dera um novo e nobre sentimento
Aonde não encontre tal tormento...
Publicado em: 16/03/2010 06:06:38




Espírito sem fé é espírito doente
171

Mote

Espírito sem fé é espírito doente

Se eu cair, caio de pé,
Pois meu Deus está presente!
Um espírito sem fé
É um espírito doente

MCL.

Vou dizendo nos meus versos
Da razão do meu destino,
Espíritos? Nem perversos
Muito menos de suíno...
Publicado em: 17/12/2008 16:04:47
Última alteração:06/03/2009 14:04:14




ESPIRAL DE SONETO - VANDALISMO - HOMENAGEANDO AUGUSTO DOS ANJOS
Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos ...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

Augusto dos Anjos


2


“Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos”
Ao perceber inúteis as luzernas
Adentrando terríveis vãos, cavernas
Retratos de momentos tão medonhos.

Expondo à minha face tais paragens
Cenário distorcido em vagas luzes,
Arrebatando em mim diversas cruzes,
Soturnas e temíveis paisagens.

Das ânsias cintilantes fluorescências
E impávidas figuras caricatas
Em meio às gargalhadas e bravatas
Convites para os ermos das demências.

Afetam meu olhar e inebriantes,
Fulguram quais bisonhos diamantes.


3

Fulguram quais bisonhos diamantes.
Olhares que me espreitam desta fera,
A solidão enquanto destempera,
Tranqüilizando ao menos por instantes.

Verdugos de nós mesmos, muita vez,
Alheios ao que possa ressurgir,
Ouvindo uma esperança além bramir,
Em novo dia, ainda, mesmo crês.

Adentro nos mistérios de minha alma
Masmorras, catedrais e ancoradouros,
Diversos caminhares, ritos mouros
Do quanto já vivera, medo e trauma

E quando me percebes arrebatas
“Templos de priscas e longínquas datas.”


4


“Templos de priscas e longínquas datas”
Encontram no meu peito o esconderijo
E quanto aos meus anseios me dirijo
As dores se revoltam em cascatas.

E nesta turbulência mal convivo
Com todos os espectros que se hospedam
Caminhos usuais quebram, depredam,
E assim em meio ao caos eu sobrevivo.

Mortalhas entre pútridas carcaças
Somente me rondando pesadelos,
A cada nova noite revivê-los
Enquanto ao largo sei que ainda passas

E mesmo se presente; não me internas
Ao perceber inúteis as luzernas


5

Ao perceber inúteis as luzernas
Estranho quando a luz em lusco fusco
Entranha muito além do que ora busco,
Traçando procissões raras, supernas.

Heréticos demônios coexistem
Com anjos muitas vezes mais profanos,
E os erros cometidos, meus enganos,
Ainda mesmo após, vivem, persistem.

Esboço reações, mas não prossigo
Etéreas maravilhas e abissais,
Nefastas hedonistas magistrais,
Ambígua sensação de caos e abrigo.

Insólito momento; desbaratas
“Onde um nume de amor, em serenatas.”

6

“Onde um nume de amor, em serenatas.”
Ouvia-se deveras percebi
Esdrúxulos caminhos vêm a ti
Presenças tantas vezes mais ingratas.

Ascendo aos mais diversos elementos,
Na fúria deste vento, águas profundas
Incêndios invadindo quando inundas
Gerando paz em forma de tormentos.

Antíteses comuns de um sonho tosco,
A par destes incríveis contra-sensos
Os medos e os prazeres são imensos,
Luar mesmo que pleno, segue fosco;

E quando necessárias noites ternas
Adentrando terríveis vãos, cavernas

7


Adentrando terríveis vãos, cavernas
Não pude perceber saídas, fugas
E quando ao enfrentar também refugas
Diverso da loucura que ora externas,

Incríveis vendavais, tormentas várias,
Estúpidas quimeras ancestrais
E nelas os diversos rituais
Mostrando faces torpes, temerárias.

Assiduamente entranham suas garras
E deixam cicatrizes tatuadas
Nas almas que circundam, destroçadas,
Enquanto as minhas pernas tu agarras

E incrível carpideira em vozes tensas
“Canta a aleluia virginal das crenças”.


8


“Canta a aleluia virginal das crenças”
Espantosa quimera incendiando
Num panorama outrora bem mais brando
Gerando mais terríveis desavenças.

Assassinos, ladrões, répteis humanos
Arrastam-se entre fogos e demônios,
Explode emanação de seus hormônios
Alastram-se terrores, desenganos.

Fomentam temporais em vento forte,
Um bêbado funâmbulo caminha
E podre sensação que se avizinha
Prenunciando assim tortura e morte

No meio dos espectros mais bisonhos
Retratos de momentos tão medonhos.


9

Retratos de momentos tão medonhos.
Asquerosas figuras, gargalhares,
Na cúpida ilusão, podres altares,
Arfantes emoções, terríveis sonhos.

E em meio às trevas surge esta satânica
Beleza que seduz e tentadora,
Dos males e dos gozos, genitora,
Em convulsão feroz, quase tetânica.

Esbarram-me cadáveres do anseio
Negado há tanto tempo, desde a infância,
Caminham com soberba e elegância
Não tendo dos espectros mais receio.

E o Demo fabuloso em tais bravatas
“Na ogiva fúlgida e nas colunatas”.

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“Na ogiva fúlgida e nas colunatas”.
Nefastos, gigantescos corvos vêm
Num crocitar constante, como alguém
Que risse destas cenas insensatas.

Vergastas soltas cortam todo este ar
E algozes em masmorras, cadafalsos,
Os pés em carne viva estão descalços
Ao longe sobre as trevas o luar

Num lusco fusco entranha este cenário,
Insanos os espectros de minha alma,
Que incrivelmente sinto bem mais calma,
Além do que pensara necessário

Especulares ritos quais miragens
Expondo à minha face tais paragens.

11


Expondo à minha face tais paragens
Uma fantasmagórica impressão
Demarca a minha pele em abrasão
Fomenta o desespero; falsos pajens

Adentram o salão aonde a festa
Explode em cores fátuas e vulgares,
Diversas meretrizes, lupanares
Resultam tentações árduas, funestas.

Eclodem de crisálidas gigantes
Falenas que medonhas bebem luzes,
Os crânios entre adagas, ferros, cruzes
Em tons bem mais profícuos, radiantes

E sobre estas cabeças, vãs e imensas
“Vertem lustrais irradiações intensas”.


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“Vertem lustrais irradiações intensas”
E entranha nos meus olhos tal fascínio
Perdendo das vontades, o domínio
As horas em tempestas, festas, tensas...

Estrídulos distantes, chibatadas
Açoites entre carnes laceradas,
Dos restos do que fui sequer pegadas,
Jamais imaginara as alvoradas.

Brumosa madrugada em pesadelos,
A turba, imunda súcia, velhos párias
Deitando sob as várias luminárias,
Assim posso melhor, decerto, vê-los

E emaranhando ao longe ledas cruzes
Cenário distorcido em vagas, luzes...

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Cenário distorcido em vagas luzes
Novelos de cadáveres, zumbis,
E incrível que pareça estou feliz,
Bebendo cada fonte em que reluzes

Apátridas bastardos, desdentados
Profanas criaturas fartos risos,
Sensações de infernos, Paraísos,
Demônios com arcanjos misturados.

E o gozo prazeroso da tortura
Esvai em sangue intenso sacrifício,
E como fosse outrora o Santo Ofício,
Percebo que o terror ajuda e cura.

Disformes fantasias em que pensas:
“Cintilações de lâmpadas suspensas”


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“Cintilações de lâmpadas suspensas”
Espalham-se nos antros mais imundos,
E os olhos demoníacos, profundos,
Sanguíneas emoções são recompensas.

Hedônicos fantoches histriônicos
Gerando abortos fetos e embriões,
E nesta orgia, louca, tu te expões,
Em danças, atos bruscos desarmônicos.

Fétida e sulfurosa madrugada,
As ânsias estampadas neste rosto,
Melífero terror amansa o gosto
Da imagem ora pútrida e encarnada

E como fossem pedras, foices, urzes
Arrebatando em mim diversas cruzes.

15


Arrebatando em mim diversas cruzes
Esdrúxulos demônios me rondando,
E o mundo num instante desabando
Terrível profusão de grises luzes.

Vertiginosa imagem quando eu abro
Os olhos tudo gira, corpo e mente,
Qual fosse um festival torpe e demente
Num ar empesteado em tom macabro

Fulgura entre os espectros áureo brilho
Argênteas, brônzeas flores, rubros olhos,
Pisando sobre brasas, sobre abrolhos
Vagando sem destino, teimo e trilho

Incêndios devorando céus e matas
“E as ametistas e os florões e as pratas.”..


16


“E as ametistas e os florões e as pratas”
Entranham ardentias, fogaréus,
Satânicas imagens douram céus,
A lava se derrama em vis cascatas

Vulcânicos eflúvios em clarões
Expondo esta volúpia incontrolável,
Delírio se tornando inevitável
Enquanto tuas carnes; decompões.

E gêiseres explodem vêm à tona,
Histriônicos ritos, corpo nu,
Gargalha-se deveras Belzebu,
Uma esperança tola me abandona

Na vívida impressão, várias imagens
Soturnas e temíveis paisagens.


17


Soturnas e temíveis paisagens
Tornando este cenário deslumbrante
Envolto pelos brados lancinantes
Confusas e diversas as mensagens

Entranho cada vez mais pela furna
Figuras demoníacas, dantescas,
Catedrais gigantes, nababescas
Numa ânsia tresloucada em tez noturna

Adentram num instante em seus corcéis
Grotescos cavaleiros esqueléticos,
Com seus esgares lúgubres e herméticos
Girando nestes toscos carrosséis

Montando em seus soberbos animais
“Como os velhos Templários medievais.”


18

“Como os velhos Templários medievais.”
Estranhas criaturas uniformes,
Nas fácies caricatas e disformes,
Perfazem seus diversos rituais

Brumosa madrugada em tons sombrios,
Espectros em hedônicas orgias,
E tu entre os cadáveres sorrias
Deitando sem pudor, lúbricos cios

Em holocausto vejo uma criança
As garras dos demônios no seu rosto,
O solo putrefato, decomposto
Uma ninfa desnuda ao longe, dança

Voluptuosa luz nas excrescências
Das ânsias cintilantes fluorescências


19

Das ânsias cintilantes fluorescências
Eclodem quais falenas constelares,
Misturam aos sanguíneos lupanares
Corpos desnudados, penitências.

Clamor de vozes dúbias e insensatas
Demônios, querubins, anjos mordazes,
E em meio a tal loucura inda trazes
Nas mãos terríveis fogos e chibatas

Explodem vez em quando os artifícios
Em multicores tantas, maviosas,
Azulejando o solo, várias rosas
Dos céus entre os infernos, precipícios

Lembrar que há tempos entre vendavais
“Entrei um dia nessas catedrais”.

20

“Entrei um dia nessas catedrais”
Aonde se expressando cadavéricas
Imagens quase lúbricas e histéricas
Toando sons edênicos, venais.

Assisto ao vandalismo que em meus mitos
Transforma com diverso tom, matizes
Sombrias entre as luzes que desdizes,
Sonoras emoções, diversos gritos.

Adagas e chicotes, orações,
Mesquinhas ilusões, medos diversos,
E quando transfiguro para os versos,
Demonstras com sarcasmo outras versões

Descendo entre satânicas cascatas
E impávidas figuras caricatas.


21


E impávidas figuras caricatas
Dançando nesta imensa catedral
Gemido sem sentido gutural
Partícipe das loucas serenatas.

Esgueiro-me entre corpos lacerados,
Bebendo desta insânia me transmudo,
E quando me percebo quase mudo
Também entranho em ritos tresloucados.

Medonhos magos, loucos ancestrais,
Alquímicos cadinhos, carpideiras,
Tremulam entre tantos as bandeiras
Momentos de terror são magistrais

Adentro por confusos, ledos sonhos
“E nesses templos claros e risonhos ...”

22



“E nesses templos claros e risonhos
Demoníaca figura angelical,
Misturam-se deveras, bem e mal,
Ao mesmo tempo belos e medonhos.

Esqueço-me de tudo que aprendi,
Visão de um Paraíso deturpado
Inferno, limbo, céu quase nublando,
E neste pandemônio estás aqui.

As roupas já puídas pelo tempo,
A carne decomposta, olhos sombrios,
E enfrento meus temores, desafios,
A cada passo, medo ou contratempo

E ris enquanto o senso desacatas
Em meio às gargalhadas e bravatas.


23


Em meio às gargalhadas e bravatas
Encontro minha face estropiada,
Refletindo esta espúria madrugada
Marcada por açoites e chibatas.

Satânicas imagens pululando
Açoites entre fúrias e risadas,
As costas já sanguíneas, laceradas,
Abutres me rondando em tosco bando.

Em meio às preces, velas e serpentes,
Vagando sem destino pelas sendas,
Qual fossem multidões de ritos, lendas,
Hedônicas lascivas e dementes

Satã com seu comboio; traz vergastas
“E erguendo os gládios e brandindo as hastas.”

24


“E erguendo os gládios e brandindo as hastas”
Em vândalos e párias transformados,
Momentos tão brumosos e nublados
Vagando pelos ares, tu te afastas

E trançam sobre nós alados seres
Diversas garatujas, gargalhares,
Altares entre fogos, lupanares,
Mostrando os seus anseios e poderes.

Bisonhas caricatas, demoníacas,
Deidades desfilando uma nudez
E quando sobre a cena tu me vês
Imagens tão sutis e afrodisíacas

Assim entre terríveis penitências
Convites para os ermos das demências.


25

Convites para os ermos das demências
Fatídicos tormentos entranhados,
Revivem mitos mortos, vãos passados,
Esgotam os limites das decências.

Ecléticos fulgores luz fugaz
Caleidoscópios vários em mosaico,
Hermética volúpia em ar arcaico
E nisto tu te ris, te satisfaz

Energúmenos seres, débeis faces
Escravizando cortes em taperas,
Aonde imaginasse primaveras
Com nuvens invernais, tu logo embaces

Quebrando imagens toscas com vergastas
“No desespero dos iconoclastas.”

26


“No desespero dos iconoclastas”
Cultuam-se imagéticas figuras,
Em meio às claras luzes, vãs e escuras
Satânicos arcanjos, cruas pastas.

Decomposição mostra destroços
Carcaças eclodindo das masmorras
Por mais ainda tentes e socorras
Só restam dos demônios, frios ossos.

Cadáver insepulto ri-se irônico
E cadafalsos vejo entre estes tronos,
Representando assim os abandonos
Num ato genial, porquanto hedônico

Danças sensuais por instantes
Afetam meu olhar e inebriantes.


27

Afetam meu olhar e inebriantes
Momentos entre fúrias e prazeres,
Diversas profusões de vagos seres,
Enquanto em tal cenário te agigantes.

Mesquinhas e rasteiras serpes vêm
E lambem minhas pernas, mordiscando,
Aos poucos cada parte devorando
Depois de certo tempo, mais alguém

Explode em gargalhadas, dança nua
Orgásticos demônios, anjos nus
E em meio ao festival, vejo urubus
Vagando sobre nós, tampando a lua

Reconhecendo em ares tão medonhos
“Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!”


28

“Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos”
Qual fosse algum espelho que mostrasse
A verdadeira e imunda, turva face
Num misto de terrores enfadonhos

Astutos querubins, seres satânicos
Vestindo uma alva e rota maravilha
Enquanto ao longe imagem tosca brilha
Disseminando risos entre pânicos

E neste vandalismo entre promessas
Divinas emoções num temor farto,
Falenas adentrando então meu quarto
Nos sonhos, pesadelos recomeças

Estrelas invadindo deslumbrantes
Fulguram quais bisonhos diamantes.
Publicado em: 16/03/2010 06:04:15


ESPIRAL DE SONETOS - Enquanto quis Fortuna que tivesse HOMENAGEANDO LUIS DE CAMÕES
ESPIRAL DE SONETOS - Enquanto quis Fortuna que tivesse HOMENAGEANDO LUIS DE CAMÕES


Enquanto quis Fortuna que tivesse
esperança de algum contentamento,
o gosto de um suave pensamento
me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor que aviso desse
minha escritura a algum juízo isento,
escureceu-me o engenho co tormento,
para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
a diversas vontades! Quando lerdes
num breve livro casos tão diversos,

verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
tereis o entendimento de meus versos!

Luis de Camões


2


“tereis o entendimento de meus versos,”
Assim quando notardes os caminhos
Por vezes são fugazes e sozinhos,
E quando estou distante; mais dispersos.

E tendo-vos amado mais que posso
Verdades incontidas sobrevêm
Andando da esperança mui aquém
Percebo quão constante ando assim, vosso.

Encanta-me o saber do Vosso Amor
Vencendo os mais diversos sofrimentos,
Adentrando-me então meus pensamentos,
Saber-vos com carinho é qual louvor.

Das águas cristalinas, pura fonte,
O Amor que nos conforta, a foz aponte...

3


O Amor que nos conforta, a foz aponte
E adentre Mar imenso em belas sendas
Distante dos receios, fujo às lendas
Envolto em rara luz neste horizonte.

Servir-vos e poder seguir adiante
Com passos destemidos, vigorosos,
Sabendo quão diversos, caprichosos
Caminhos condizentes; diamante.

Ao enfrentar tempestas e procelas,
Navego em águas frias e sigo ausente
Do siso necessário, e se pressente
Atado às vossas mãos, sublimes celas.

Selando com prazeres raro Amor
Nesta esperança clara que se assoma,
E toda esta magia assim nos toma,
Traçando algum caminho redentor.

Invade-me e controla o pensamento
“esperança de algum contentamento.”


4

“esperança de algum contentamento”
Domina cada passo rumo ao Norte
Aonde se sanando dor e corte,
O Amor trazendo enfim, suave alento.

Ser-vos-ia demais pedir num sonho
Belezas entre tantas, mais perfeita,
O meu olhar em vós, já se deleita,
Enquanto um Paraíso, enfim componho.

Por ter-vos tão somente nos meus olhos,
Sabendo-vos Senhora dos meus dias,
Espalham-se sobejas alegrias,
Deixando no vazio tais abrolhos.

Iremos dois libertos passarinhos
Assim quando notardes os caminhos.


5


Assim quando notardes os caminhos
Erguer-vos mui além do que pensara,
Uma ânsia delirante, bela e clara,
Domina as cercanias, nossos ninhos.

E sendo-vos fiel, lacaio e servo
Num sôfrego desejo a vós me rendo
Momento que deveras estupendo
Guardado dentro d’alma inda conservo.

O Amor em ardentias convertido,
Comporta os sonhos meus, amada Dama,
E quando esta vontade vos reclama,
Nos medos contumazes de um olvido

Sentindo assim liberto, solto ao vento
“o gosto de um suave pensamento.”

6


“o gosto de um suave pensamento”
Tomando a direção de antigos dias,
E nele se espalhando fantasias,
Encontro finalmente o meu alento.

Viver em vossos sonhos mais felizes,
Singrando os oceanos mais distantes,
Olhares tantas vezes radiantes
Já não comportam mais medos, deslizes.

E sendo-vos servil, Senhora Minha,
O Amor que trago em mim nunca descansa
E vive tão somente esta esperança
Que dos vossos quereres se avizinha

Os dias sem vos ter, tão pobrezinhos,
Por vezes são fugazes e sozinhos


7

Por vezes são fugazes e sozinhos
Momentos em que vós não percebeis
Amor normatizando suas leis
Sorvendo em vossos lábios raros vinhos

Açoda-me a vontade de vos ver
E quando vos ausenta, a vida inglória
Tornando toda a noite merencória,
Ausente de meus olhos, o prazer.

Sentir-vos num instante de ternura,
É tudo o que minh’alma já deseja,
E quando mais sublime é mais sobeja
Trazendo a imorredoura luz da cura

O Amor por mais que nunca o merecesse
“me fez que seus efeitos escrevesse.”


8


“me fez que seus efeitos escrevesse.”
O Amor ao dominar meu pensamento
Deixando no passado o sofrimento
Aonde do prazer não sei a messe.

E vendo em vossos olhos farto brilho,
Ao ter tanta Fortuna em vos saber
Ao lerdes meus destinos posso ver
A senda incomparável que ora trilho.

Pertenço-vos Senhora e nada além
Do sonho de ser vosso me sustenta,
Navego em vã procela e na tormenta
Uma esperança audaz aos olhos vem

Momentos radiosos ditam versos
E quando estou distante; mais dispersos...



9

E quando estou distante; mais dispersos
Os dias em que tento desvendar
Segredos que permitam caminhar
Por mais que os dias sejam tão perversos.

Alheia aos meus propósitos, Senhora
Jamais vos perceberdes quão me engano
No encanto que é deveras soberano
E a cada novo verso mais aflora.

Pudesse ter nas mãos a direção
E o Norte aonde possa ter a paz,
Somente esta Fortuna satisfaz
Mostrando os belos tempos que virão.

Dos sonhos entranhando rito e prece
“Porém, temendo Amor que aviso desse”.





10


“Porém, temendo Amor que aviso desse”
Navego entre procelas mar adentro
E quando nos quereres me concentro
Ausente de meus olhos rara messe.

Do Fado, ao perceber soberania,
Não sendo vosso ainda me pergunto
Se aonde merecia estar bem junto
De quem domina o passo e sempre guia

Trazendo nos meus olhos a esperança
Chegando aos vossos dias e podendo,
Viver momento mágico, estupendo,
Aonde o coração voraz se lança.

Não trago do temor qualquer destroço
E tendo-vos amado mais que posso.


11


E tendo-vos amado mais que posso
Não vejo solução senão vos ter
Além de qualquer sonho de prazer,
Vontade incontrolável; quero e endosso

Não pude navegar contra a corrente,
E encontro em vós a praia em que ora aporto,
Temor da solidão agora é morto,
E sinto-me deveras mais contente.

Vencendo os dissabores chego a vós
Fortuna desejada e tão querida,
Do Amor que me domina a sorte urdida
Ouvindo finalmente a minha voz.

E assi ao me tomar o pensamento
“minha escritura a algum juízo isento.”


12




“minha escritura a algum juízo isento.”
Não pode se conter; então vos digo
Que em vossos braços vejo o meu abrigo,
Distante dos carinhos me atormento.

Seguir-vos pareado vida afora,
Não posso me furtar a tal desejo
E um dia mais feliz ora prevejo,
Que a bela fantasia me decora.

E sendo de vós, mesmo qual lacaio
Esquivo-me das dores que de antanho
Viviam nestas águas em que banho
O sonho, pelo qual em vós me espraio.

E quando dos meus sonhos vivo além
Verdades incontidas sobrevêm.


13

Verdades incontidas sobrevêm
Na audácia em que caminho pela vida,
De quem tanto desejo não duvida
Uma alma que se entregue e sabe bem

Dos vários descaminhos percorridos
Nas ânsias de um Amor que tanto estime,
Um fato prazeroso e sei sublime,
Destroçando as angústias dos olvidos.

Ascendo aos mais perfeitos caminhares,
E vendo em vossos olhos os meus olhos,
Supero quaisquer urzes, sem abrolhos,
Percebo quão soberbos os pomares

Sabendo quando outrora o sofrimento.
“escureceu-me o engenho co tormento.”



14


“escureceu-me o engenho co tormento”
O Amor quando se ausente percebi
Estando em vossos braços, mas aqui
Deveras tão somente sofrimento.

Na ausência dos carinhos vos perdendo,
Alheio aos dias claros de verão,
Não vendo nem tampouco direção,
O sonho não produz mais dividendo.

Em vosso caminhar, Senhora amada,
O tempo desafia tantos Fados,
Não suportando mais velhos enfados
A sorte sem vos ter; queda adernada

E quando a noite escura sobrevém
Andando da esperança mui aquém.

15


Andando da esperança mui aquém.
Percorro sendas várias sem abrigo,
Sabendo ser cruel, venal castigo,
Apenas o vazio me contém.

Amor com suas hastes; amparara
Os passos deste vago sonhador,
E agora sem caminho a se propor
A noite com certeza, nunca é clara.

Fortuna renegando alguma luz
A quem se fez em vós amante e escravo
Vencendo um oceano imenso e bravo
Ás ânsias mais vorazes me conduz

Amor com sábias mãos futuro tece
“para que seus enganos não dissesse.”

16

“para que seus enganos não dissesse”
O Fado muitas vezes se disfarça
Vontade se tornando então esparsa,
Louvando em vossos olhos, rara prece.

Mudasse a direção dos ventos quando
Em vossas mãos pudesse deslindar
Maravilhosa sorte de encontrar
Um mundo bem tranqüilo, suave e brando.

Quisera em vossos dias me perder,
Amor não poderia ter outrora
Caminho mais seguro que d’agora
Seguindo a bela trilha do prazer.

E tendo mais Amor do que inda posso
Percebo quão constante ando assim, vosso.


17


Percebo quão constante ando assim, vosso
Alvissareiros dias entranhados
Diversos dos terrores já passados,
Fortuna em bela senda agora endosso.

Vivenciando em mares mais bravios
Anseios de momento solitários,
Os dias se tornando temerários,
Invés de calmaria, desafios.

E os olhos no porvir, quem poderia
Traçar se não volvesse a ter em si
O quanto deste encanto já perdi,
Em vós ao renovar-se a fantasia

Fazendo em vosso encanto brados, pleitos
“Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos!”

18

“Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos!”
Momentos discordantes e venais,
E enquanto em meu caminho derramais
Desejo, o satisfaço em vossos leitos.

Na angústia em que professo a solidão,
Discórdias entre medos e terrores,
Assim ao se encontrar os dissabores
Decerto novos dias mostrarão

O rumo em que vos tendo como guia
Pudesse transformar a caminhada,
E tanto se percebe em rara estrada
Além do que talvez uma utopia

E tendo-vos deveras com louvor
Encanta-me o saber do Vosso Amor

19

Encanta-me o saber do Vosso Amor
E ter esta Ventura em farto brilho,
No encanto em ser tão vosso maravilho,
Divino caminhar em esplendor.

Os Fados me guiando aos vossos passos,
E neles antevejo o meu futuro,
Outrora um mundo amargo, frio e escuro,
Agora não restando mais nem traços.

Em ser-vos mais fiel, suprema glória,
Viver com a alegria de quem sonha,
Por mais que a vida mostre-se medonha
Saber já desvendar rara vitória

Submeto-me somente por quererdes
“a diversas vontades quando lerdes”.

20


“a diversas vontades quando lerdes”
O quão se fez Amor mais necessário,
Ainda sendo o mundo temerário
Caminhos quando em vós, os creio verdes.

Na senda sempre flórea que ora vejo,
Além da mais perfeita imensidão,
Meus olhos com certeza seguirão
As trilhas que em vós dizem do desejo.

Senhora de Minh’alma ama e dona,
O Fado nos trazendo em par constante
Momento que é deveras deslumbrante
Do pensamento então ele se adona.

Convosco desconheço os vãos tormentos
Vencendo os mais diversos sofrimentos.

21

Vencendo os mais diversos sofrimentos
Não tenho tais temores que noutra era
Ao impedir florada e primavera
Trouxeram tão somente desalentos.

Supero os maus momentos com sorrisos,
E tendo os dias claros vejo o sol
Qual fora um helianto, um girassol,
Em ritos mais sobejos e concisos.

A vida se mostrando em pleno Amor,
Não deixa que se pense noutras cores,
E quando se espalhando em nós as flores
Eu vejo a nossa história recompor.

E traço com carinho e tantos versos
“num breve livro casos tão diversos.”


22


“num breve livro casos tão diversos”
Perfaço com Amor em alma pura,
E quando a noite fosse mais escura
Marcada por caminhos vãos, perversos

Em vós eu poderia desvendar
A clara maravilha deste Fado,
Há tanto pelos sonhos, alentado,
Trazendo cada raio de um luar

Alvissareiros dias, mar tranqüilo,
E nele uma certeza em que se fez
Ao expressar Fortuna e lucidez,
Uma esperança além, ora desfilo

E sinto então, sobejos sentimentos
Adentrando-me então meus pensamentos.


23

Adentrando-me então meus pensamentos
Os brilhos fartos todos de um Amor
Dos passos e dos sonhos, o Senhor,
Apascento assim tantos tormentos.

Eu ao ver-vos dama amada em luz suave
Percebo quão divina a maravilha
Na qual uma esperança agora trilha
Fazendo deste encanto sua nave.

Atrevo-me a pensar em novos dias
E neles outras sendas mais floridas
Unindo então deveras nossas vidas,
Negando ao caminheiro noites frias.

Eu sei que com certeza meus direitos
“verdades puras são, e não defeitos...”


24


“verdades puras são, e não defeitos”,
Sobejas qualidades e as procuro,
Por tanto seja o dia mais escuro,
Das luzes, vossos olhos sendo feitos

Espelham claridades tão diversas
Matizes que florescem primaveras
Sabendo desde antanho em priscas eras
Jamais as nossas noites são dispersas.

E tendo-vos Senhora é como outrora
Pudesse crer na fonte que irradia
Traçando em vossos passos fantasia,
Na qual toda a verdade se decora.

E quando me entregando ao vosso amor
Saber-vos com carinho é qual louvor.

25


Saber-vos com carinho é qual louvor
E dele me espraiando em vossos braços
Estreitam-se deveras firmes laços
Traçando cada passo com fervor.

Senhora tanto amor quanto vos tenho,
Jamais se conhecera alguém, portanto
À nossa fantasia então vos canto
E nisto, com denodo, meu empenho.

Seguir-vos qual falena segue a luz,
E ter-vos ao meu lado, Fado e sina,
No brilho deste olhar que me fascina,
Certeza de um Amor que me condiz

Em vós tanta beleza quando crerdes
“E sabei que, segundo o amor , tiverdes”



26




“E sabei que, segundo o amor , tiverdes”
Momentos tão felizes e sobejos,
Florindo em nossos passos os desejos,
Seara feita em campos todos verdes.

Augustas emoções em vós; percebo
E delas teço um tempo mais feliz,
No Amor o coração de um aprendiz
Perfaz esta paisagem que concebo.

Usando da palavra posso crer
Num tempo alvissareiro em luzes feito,
E quando deste encanto sei o pleito,
Deveras reconheço o meu prazer

E tendo-vos no dia que desponte
Das águas cristalinas, pura fonte


27

Das águas cristalinas, pura fonte
Espalham alegrias pelos mares
E quando em vossos olhos meus altares
Um raro sol percebo no horizonte.

Fortuna desejando que eu tivesse
Certeza de um momento feito em paz,
Amor quando do Amor se faz capaz
Trazendo ao navegante rara messe.

Escuto a voz do vento a me clamar
Traçando com ternura a maravilha
Que agora o coração deveras trilha
Chegando aos claros reinos do luar

E assim ao perceber-vos universos
“tereis o entendimento de meus versos!”


28


“tereis o entendimento de meus versos”
Ao conceber em vós tanta beleza,
O quanto se vencendo a correnteza
Encontram-se caminhos mais diversos.

E tendo sob os olhos rara luz
Enfrento as tempestades mais venais,
E quando em vossas mãos já me afagais
Imagem tão sublime reproduz

Da fonte aos grandes rios, belos prados,
Marginam redentores emoções
E nelas maravilhas, seduções,
Deixando os dias claros, bem traçados

E assim após saber da rara fonte
O Amor que nos conforta, a foz aponte...
Publicado em: 16/03/2010 06:01:24



ESPIRAL DE SONETOS - FANATISMO - HOMENAGEANDO FLORBELA ESPANCA
ESPIRAL DE SONETOS - FANATISMO - HOMENAGEANDO FLORBELA ESPANCA
SONETO BÁSICO

FANATISMO – FLORBELA ESPANCA

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!"

2

“Que tu és como Deus: Princípio e Fim,"
E tomas minha vida em tuas mãos,
Os dias sem te ter; concebo vãos
O mundo desabando dentro em mim.

Percorro noites frias, sem ninguém
Vagando na procura por quem tanto
Mostrando a fantasia em raro encanto,
Buscando inutilmente, nada vem...

Somente o frio intenso, madrugada,
E nela se percebe este granizo,
Diverso do que quero e que preciso,
Depois de tanto amar, não resta nada,

E o quanto te desejo, como um Deus,
Deixando em cicatriz a dor do adeus...

3

Deixando em cicatriz a dor do adeus
Não pude imaginar outra saída
A sorte temerária sendo urdida
Vazio dominando os rumos meus...

Percebo quão doridos os meus dias
Na ausência de quem tanto desejei,
O amor que poderia ser a lei
Diversa realidade, tu me guias.

Apelos, brados, lágrimas não bastam,
Os dias são idênticos, banais,
Felicidade dita o nunca mais,
As trevas mesmo em sol frias contrastam.

E assim sem ter na vida algum prazer
“Meus olhos andam cegos de te ver!”


4

“Meus olhos andam cegos de te ver!”
Ainda que pudesse ter a sorte
Do amor em luz imensa que conforte
Não poderia o brilho perceber.

Cansada de tentar seguir meu rumo,
Perdida, alucinada em vagas tantas,
E quanto mais terrível, desencantas
Maior o meu amor isso eu assumo.

Aonde te encontrar amado meu,
Se tudo não passou de fantasia?
Sonhando com o sol em noite fria,
Meu mundo há tanto tempo escureceu

Nos sonhos caminhamos sem os nãos
E tomas minha vida em tuas mãos.


5


E tomas minha vida em tuas mãos.
Devastações imensas, tempestades,
E quando me dominas, tanto invades
Deixando tantos rastros, dias vãos

E neles a esperança se transforma,
O medo me fascina e me seduz,
Qual fosse uma falena em plena luz
Amor já não respeita qualquer norma

E furiosamente enamorada
Bebendo do fulgor que tu me trazes
Momentos de delírio mais audazes,
Tomando a cada dia mais a estrada

E nela minto às vezes ao dizer:
‘Não és sequer razão do meu viver”.


06

‘Não és sequer razão do meu viver”.
Além da minha vida, eternidade.
Por mais que volte enfim à realidade,
Sem teu amor não posso nada ver

Além do mar azul, deste oceano,
Vivendo etéreo sonho: ser feliz,
Imensidade em tu tudo me diz,
Amor suprema luz, dom soberano.

Escravizada uma alma se acorrenta
E abençoando assim esta prisão,
No encanto muito além da sedução,
A força da paixão tão violenta

Tu és das esperanças, nobres grãos
Os dias sem te ter; concebo vãos


07

Os dias sem te ter; concebo vãos
Vazias esperanças, nada além
Do quanto sobrevivo sem alguém
Repetem-se deveras tantos nãos.

Não deixe que esta história chegue ao fim,
Não quero e nem consigo perceber
O que será, Meu Deus, do meu viver
Se tudo terminasse o que há de mim?

Apenas respirar e nada mais,
A morte então seria a redenção
Vazio e sem destino coração
Exposto aos mais terríveis vendavais.

Sem rumo uma alma solta, vã, perdida
“Pois que tu és já toda a minha vida!”

08

“Pois que tu és já toda a minha vida”
Não posso mais negar o quanto quero
O verso se mostrando mais sincero
Uma alma solitária está perdida.

Revejo cada toque, louca espera,
Delírios de uma amante sonhadora,
Por onde, em que caminho ainda fora
Quem tanto refloriu a primavera

Depois do duro inverno que passara,
Apenas entre trevas, breus e medo,
Ao grande amor então se me concedo,
A vida se tornando bem mais clara

Porém se houvesse seca em meu jardim,
O mundo desabando dentro em mim.


09

O mundo desabando dentro em mim
Se tudo o que sonhei fosse mentira,
Minha alma sem defesa em ti se atira
E traz toda a ternura, sendo assim

Não posso imaginar nova quimera,
Nem mesmo me entregar a um novo amor,
A solidão com todo o seu furor
Sanguínea tempestade feita em fera.

Ao caos direcionando a caminhada,
Nefastas emoções, insânia vil,
Terrível pesadelo o que se viu,
Tomando toda minha madrugada

É como me encontrasse sem saída,
“Não vejo nada assim enlouquecida...”

10

“Não vejo nada assim enlouquecida...”
Vagando pelas noites, bar em bar
A sorte; não consigo deslumbrar
Perfaço a madrugada entorpecida.

Amarga penitência pra quem ama
Viver sem ter destino, ser vazia,
Bebendo tão somente a fantasia,
Matando pouco a pouco, o sonho e a chama,

O peito lacerado desta que
Durante a vida inteira quis teu colo,
E agora vou perdendo o chão, meu solo
Numa aridez terrível, já se vê.

Sabendo que o vazio me contém
Percorro noites frias, sem ninguém.

11


Percorro noites frias, sem ninguém
E quando me percebo em dor imensa,
Ainda que pudesse a recompensa
Somente outro castigo sinto e vem.

Pudesse acreditar num amanhã
E nele o sol tomando este horizonte,
Mas quanto mais a vida desaponte
Maior esta esperança, tolo afã.

Não vejo nem sequer sombra de ti,
E os rastros que percebo nada dizem,
Por entre tais ladeiras já deslizem
Caminhos onde a sorte eu nunca vi,

Ensandecida o livro do sofrer
“Passo no mundo, meu Amor, a ler”.

12

“Passo no mundo, meu Amor, a ler”
Enigmas que não posso decifrar,
Aonde se escondeu nosso luar
Que nada nem um rastro posso ver?

Perdida, tão somente eu adivinho
O quanto é necessário ser feliz,
Se a vida com terror tudo desdiz,
Sem rumo desvendando este caminho

Que traz a cada passo, um pedregulho,
E nele se resume minha história,
A sorte caprichosa e merencória
Deixando para além, mar e marulho.

Portanto canto amor em desencanto
Vagando na procura por quem tanto...

13


Vagando na procura por quem tanto
Sonhei durante a vida, rumo e cais,
E enfrento tempestades, vendavais
Colhendo no final somente o pranto.

Esqueço dos meus dias, sigo só
E teimo navegar contra a maré,
A cada novo passo outra galé
Do sonho só restando, amargo pó.

Não pude decifrar os teus segredos,
E assim sem ter a chave, vou sozinha,
Somente a solidão inda se aninha
Aonde quis ternura em vãos enredos.

Pudesse aprender cedo logo a ler
“No misterioso livro do teu ser.”

14

“No misterioso livro do teu ser”
Jamais conseguiria ter nas mãos
Além dos costumeiros, tristes nãos,
Alguma forma nobre de prazer.

Não sei se ainda resta a luz e o brilho
Do todo que pensara ser só meu,
Se tudo em minha vida escureceu
E apenas o vazio ainda trilho,

Não quero outro caminho senão este
Aonde poderei ter teu carinho,
Cansado deste mundo vão sozinho,
Depois que outro desejo concebeste

Somente uma ilusão ainda canto
Mostrando a fantasia em raro encanto.

15

Mostrando a fantasia em raro encanto
O Amor abençoando e maltratando
Quimera se fazendo em ar mais brando,
O riso se transforma em dor e pranto.

Matiza-se deveras minha senda
Nas luzes e nas trevas que me trazes,
Mudando com freqüência tantas fazes,
Segredo deste todo não desvenda

Uma alma sonhadora em tal mosaico
Perdendo qualquer nexo, prismas vários
Enquanto radiantes temerários
Enquanto renovasse, mais arcaico

Porém durante a noite em ti perdida:
“A mesma história tantas vezes lida”...

16

“A mesma história tantas vezes lida”
E mesmo assim inédita pra mim,
O amor que se tornou princípio e fim,
Enquanto me alivia, tudo acida.

O gosto da melífera esperança
Durante a tempestade modifica,
E quanto mais feroz, mais mortifica
Quebrando com a vida uma aliança.

Estranhos pesadelos, noite turva,
A cada passo vejo outro problema,
E quando ao grande amor o sonho algema
Minha alma se perdendo, leda, curva

Vagando na procura deste alguém
Buscando inutilmente, nada vem...


17


Buscando inutilmente, nada vem
E quando me percebo solitária
A sorte tantas vezes necessária
Do sonho permanece muito aquém.

Cadenciando o passo rumo ao fim,
Vestígios não deixando nesta estrada,
Herdando do vazio o imenso nada,
Retorno ao descaminho de onde vim,

Pudesse pelo menos ter a chance
De ver sob meus olhos a ternura,
Que tantas vezes quis, leda procura,
E nela finalmente em paz, descanse...

Mas quando me reparo qual fumaça
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."


18

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa",
Somente o sofrimento não me deixa,
Vivenciando a dor, terrível queixa
A sorte se mostrando tão escassa...

Fingindo vez em quando algum momento
Aonde poderia ser melhor,
Porém a minha história sei de cor,
Traduz eterna dor e sofrimento.

Perceba meu amado, quanto dói
Saber que estás aqui e não estás,
Presença tão bendita quão mordaz,
Aos poucos esperança se corrói

A noite num luar tão impreciso
E nela se percebe este granizo.

19

E nela se percebe este granizo,
Numa alma delicada enquanto pena,
A sorte poderia ser amena,
Diversa do que agora em vão, diviso.

O beijo deste amado vive ainda
No peito de quem tanto desejou,
O mundo de repente, desabou,
Somente a solidão já se deslinda.

Vencer os meus anseios, ser feliz...
Quem dera, mas não posso e sigo alheia,
Apenas a saudade me incendeia
Realidade chega e contradiz.

“Tu és bonita”, e a sorte leda traça,
“Quando me dizem isto, toda a graça...”


20


“Quando me dizem isto, toda a graça”
Perdendo algum sentido e sem noção,
O mundo se mostrando sempre em vão,
Apenas tempestade então já grassa,

“Tu tens no teu olhar imenso brilho”
Quem dera ele mostrasse então minha alma,
Mas quando se percebe com mais calma,
Das lágrimas, reflexo do que trilho.

Mesquinhas ilusões povoam sonho,
E tudo não passando do vazio,
No verso aonde o mundo já desfio
Percebo este retrato tão medonho

E nele concebendo um triste aviso
Diverso do que quero e que preciso.

21


Diverso do que quero e que preciso
Um áspero caminho é o que me espera
E nele a solidão, terrível fera
Estraçalhando o solo aonde piso.

Das farpas, dos espinhos que espalhaste
Negando a minha sorte benfazeja,
Por mais que novo tempo se preveja,
Somente acumulando este desgaste,

As cordas arrebento e nada tenho,
O medo transfigura o meu olhar,
Cansada deste inútil procurar
Já não valeu à pena tanto empenho.

E o resto que percebo, ledo fim
“Duma boca divina fala em mim!”


22

“Duma boca divina fala em mim”
As ânsias de quem tanto desejou
E nada se mostrando aonde vou,
Ausência de alegria em meu jardim.

Mortalha da esperança sou aquela
Que tanto se entregou e nada tendo,
Queria algum momento que estupendo,
A solidão impede e não revela.

E quando mal percebo já me calo,
Não tendo mais sequer o que dizer,
Pudesse no final só perceber
De uma alegria tola, algum regalo.

Titubeando em turva madrugada
Depois de tanto amar, não resta nada.

23


Depois de tanto amar, não resta nada
Nem mesmo algum momento de alegria,
Sem ter sequer estrela que me guia
Escura e em trevas feita madrugada

Pudesse acreditar no amanhecer
Em raros claros sóis maravilhosos,
Os dias são deveras caprichosos
Somente uma neblina, pude ver.

Pegadas do que amei em lua cheia,
Não vejo nem tampouco alguém me diz,
O olhar se mostra triste e a cicatriz
Deveras retornando me incendeia.

O mundo se perdendo sem seus lastros
“E, olhos postos em ti, digo de rastros.”


24

“E, olhos postos em ti, digo de rastros”
Perdidos nos meus vários descaminhos,
Aonde poderia sem carinhos
Viver sem ter decerto, em ti, meus mastros.

Meu barco navegando sem destino,
Ancoradouro ausente e morto o cais,
Apenas enfrentando temporais,
E neles solitária me alucino...

Penetro nas entranhas do vazio,
A cada dia eu vejo em minha frente
O olhar tempestuoso em que se sente
Amarga solidão que desafio

Pudesse ouvir ao menos, prantos meus
E o quanto te desejo, como um Deus.

25


E o quanto te desejo, como um Deus.
Não pude sufocar esta vontade
Imensa sensação de dor invade,
Olhando para trás, momentos teus

Aonde junto a mim tu caminhavas
Constelações divinas, mil estrelas,
E agora não consigo nem mais vê-las,
Somente a cada passo, novas travas.

O jeito é prosseguir sabendo o quanto
O amor em luzes fartas conheci,
Beleza incomparável que há em ti.
E quanto mais distante, mais eu canto

Sabendo que estes cantos nos teus rastros
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros”


26

"Ah! Podem voar mundos, morrer astros”
Os desejos que tu sabes muito bem
Traduzem tanto amor que amor contém,
E nele as ilusões são falsos mastros.

Ausente de meus olhos, o teu brilho,
Mascaram-se vontades com promessas
E quando noutros rumos tu tropeças
Diverso deste mar aonde eu trilho

Buscando inutilmente te encontrar,
Na lassidão imensa do não ter,
Vivenciando a fúria em desprazer
Na insânia de temer, mas procurar

E quando me percebo invado breus
Deixando em cicatriz a dor do adeus...


27

Deixando em cicatriz a dor do adeus
Deveras poderia crer que um dia
A sorte de repente mudaria,
Sanando os sofrimentos, todos meus.

Cansada de lutar inutilmente
Traduzo num soneto este não ser
E nele mergulhando em desprazer
A sanha de quem sonha não desmente...

Vivesse pelo menos um momento
Aonde com teus lábios possa em paz
Saber do Amor que a vida ainda traz
E nele tão somente encontro alento.

Podendo então bradar, quem sabe enfim:
“Que tu és como um Deus: Princípio e fim!”
Publicado em: 16/03/2010 06:05:17


ESPIRAL DE SONETOS - MÚMIA HOMENAGEANDO CRUZ E SOUZA
ESPIRAL DE SONETOS - MÚMIA HOMENAGEANDO CRUZ E SOUZA
MÚMIA

Múmia de sangue e lama e terra e treva,
Podridão feita deusa de granito,
Que surges dos mistérios do Infinito
Amamentada na lascívia de Eva.

Tua boca voraz se farta e ceva
Na carne e espalhas o terror maldito,
O grito humano, o doloroso grito
Que um vento estranho para és limbos leva.

Báratros, criptas, dédalos atrozes
Escancaram-se aos tétricos, ferozes
Uivos tremendos com luxúria e cio...

Ris a punhais de frígidos sarcasmos
E deve dar congélidos espasmos
O teu beijo de pedra horrendo e frio!...

Cruz e Souza


2


“O teu beijo de pedra horrendo e frio”
Explode-se em meu rosto, gelidez,
Num tétrico momento se desfez
Quimérica loucura onde desfio

O gozo em histriônica loucura,
Espasmos entre luzes, medos, sombras,
E quando se deitando nas alfombras
Diversos os delírios, dor e cura.

Etéreas maravilhas entre farsas,
Ecléticos prazeres divinais
Iridescentes primas em cristais
Enquanto me seduzes e me esgarças

Meteoros vagando pelo espaço
Ourives da emoção, teu corpo traço...




3



Ourives da emoção, teu corpo traço
Em lúbricos delírios, luzes fartas,
E quando dos meus olhos tu te apartas
Seguindo feito um louco cada passo,

Esgueiras entre becos, vilas, ânsias
E tramas com sorrisos gozos vários
Moldando prazerosos, teus cenários
Gerando as mais diversas discrepâncias.

Estrídulos noturnos, vagas ondas,
Marulhos entre risos; bebes lua
E vendo a tua imagem clara e nua,
Enquanto meus desejos buscas, sondas.

Nefasto sonho em gozo assim descrito:
“Podridão feita deusa de granito.”

4

“Podridão feita deusa de granito”
A deusa que em lascívia se acomoda
Na cama delirante enquanto roda
Girando em carrossel este infinito.

Atravessando os céus, cometas, luzes
Imersos entre as nuvens, cintilantes
E teimo ver deveras por instantes
Belezas com as quais, reinas, seduzes.

E lúbrica deitada sobre a cama,
Abraço-te demônio ensandecido,
Num ato de terror, fúria e libido,
Insensata mulher, doce, me chama

Na fugaz maravilha em que se fez
Explode-se em meu rosto, gelidez.

5



Explode-se em meu rosto, gelidez,
Eflúvios de um momento em sonhos vários
E quanto mais além dos necessários
Carinhos em que uma ânsia se desfez

Sidéreas fantasias, loucas vagas
Mergulho em abissais, intensidade...
Tenazes maravilhas quando brades
E ao mesmo tempo lúdica me afagas

Ferozes luzes, mantras, ecos, hinos
Decifro no teu corpo teus enigmas
Marcantes cicatrizes quais estigmas,
Ao mesmo tempo gozos, desatinos,

E sinto num momento audaz e aflito
“Que surges dos mistérios do Infinito”.

6

“Que surges dos mistérios do Infinito”
Em meio aos turbilhões sei e pretendo
Num ato tresloucado ou estupendo
Em fúrias, transtornado anseio e grito

Infames os delírios de um profano
Hedônico demônio; em ti me entranho
E bebo cada gota deste estranho
Veneno pelo qual luto e me engano.

Ferrenhas ilusões, vagos receios,
Espúrias fantasias, ares frágeis
Os dedos te percorrem, buscam ágeis
Caminho entre coxas, boca, seios.

E toda esta estupenda insensatez
Num tétrico momento se desfez.


7

Num tétrico momento se desfez
Ensandecida audácia em noite imensa,
Orgástico delírio é recompensa
De toda esta fatal estupidez.

Edênicos caminhos percorridos,
Vacâncias entre vértices e vagas,
Adentro sem temor, sobejas plagas
E bebo destas ácidas libidos

Constelares anelos; ondas várias
Etéreas excrescências, sombras, luzes,
Por tantas paisagens me conduzes,
Em ânsias muitas vezes temerárias

Assim ao perceber-te, louca ceva,
“Amamentada na lascívia de Eva.”

8


“Amamentada na lascívia de Eva”
Insana criatura me fascina
Dos gozos mais mordazes, doce mina,
Ao mesmo tempo luz e imensa treva.

Sedenta, me sacia e mais voraz
Adentra os meus delírios com ternura,
Enquanto me maltrata e me tortura
Intensamente vem e satisfaz.

Espectros do passado me rondando,
Cadáveres das dores renascidos,
Momentos muitas vezes divididos,
Um ar tão tormentoso ou mesmo brando

Emaranhada luz em tom sombrio
Quimérica loucura onde desfio.

9

Quimérica loucura onde desfio
Os meus delírios tantos e fugazes,
Enquanto meus prazeres satisfazes,
A cada anoitecer, um desafio.

Bebendo cada gota do teu gozo,
Explodes feito louca em minhas mãos,
Adentro sem perguntas, furnas, vãos
Momento de prazer maravilhoso.

Excêntricos caminhos desvendados,
Nesta lubricidade que nos doma,
Multiplicando além de simples soma,
Tremores, cataclismos provocados

No solo dos delírios, morta a treva
“Tua boca voraz se farta e ceva”.

10



“Tua boca voraz se farta e ceva”
De todas as vontades satisfeitas
E quando do meu lado tu te deitas,
Delícia se mostrando então longeva.

Excêntrico delírio, insensatez,
Volúpia se entornando sobre a cama,
Teu corpo insaciável já me chama,
Penetro mansamente, e agora crês

No quanto se faz sempre necessário
Fulgor ensandecendo nossas vidas,
Nas fráguas, labaredas percebidas
Adentro teus tesouros, qual corsário

E assim se concretiza esta procura:
O gozo em histriônica loucura.


11


O gozo em histriônica loucura
Levando ao céu e ao limbo ao mesmo instante
Num ato tresloucado e fascinante,
Prazer que tantas vezes me tortura

Lascívia envolvendo nossas peles,
Anseios satisfeitos. Imensidão...
Momentos delicados mostrarão
Delírios com os quais, clamas, compeles.

Num êxtase supremo te idolatro,
Ao mesmo tempo em dores, medos fartos,
Na incrível maravilha destes partos
Ao mesmo tempo diz altar, diz atro.

Explodes em prazer doce e bendito
“Na carne e espalhas o terror maldito.”

12

“Na carne e espalhas o terror maldito”
Enquanto me seduzes com sorrisos,
Inferno matizando paraísos,
Imerso em tais loucuras, nosso rito.

Nefastas maravilhas noites raras,
Ferrenhas emoções em tom tranqüilo,
Se pelo Céu deveras eu desfilo
A porta dos Infernos me escancaras.

Dicotomia gera insanidade,
E teimo em vasculhar cada segredo,
Numa ânsia incontrolável logo cedo,
E a fúria de um desejo assim me invade,

E lânguida me expondo nas alfombras
Espasmos entre luzes, medos, sombras.


13


Espasmos entre luzes, medos, sombras
Enquanto me dominas com fulgor,
Ao mesmo tempo sinto este amargor
Terrível caricata tu me assombras,

Espalhas pela casa o teu perfume,
Sedento em avidez, descontrolado,
Vagando sobre escombros do passado,
Sentindo o teu calor, imenso ardume.

Ascendo assim aos vértices do sonho
E vago entre as estrelas, cordilheiras,
Vontades satisfeitas, corriqueiras,
Ao fundo espectro turvo e tão medonho

Derrama sobre a Terra em tom aflito
“O grito humano, o doloroso grito.”.


14


“O grito humano, o doloroso grito”
Invade estas searas mesmo flóreas
Entranho por estradas que, marmóreas
Transcendem à beleza do granito.

E o quadro se repete novamente,
Esdrúxulos caminhos percebidos,
Arquejo com a força das libidos,
E o gozo tão premente não desmente.

Afetam-se deveras os desejos,
Arquétipos de tempos tão terríveis
E a sombra dos fantasmas mais temíveis
Explodem no meu céu, raros lampejos

Na cama em languidez tu sempre assombras
E quando se deitando nas alfombras.


15

E quando se deitando nas alfombras
Pensara no teu corpo sobre mim,
Delírio desenhado; chego ao fim
Enquanto vejo vivas tuas sombras.

Abraço-te em sidéreas ilusões
E vago qual cometa por espaços
Momentos prazerosos são escassos
Além do que desnuda ainda expões

Nos sonhos e nas ânsias mais audazes,
Mergulho em tuas sendas e desvendo,
Em glorioso anseio em que estupendo
Caminho dos delírios já perfazes

Entretanto distante vejo a treva
“Que um vento estranho para és limbos leva.”

16

“Que um vento estranho para és limbos leva.”
Deixando o Paraíso entre nós dois,
Vivendo sem temor do que depois
Ainda possa ser terror e treva.

Audaciosamente te persigo,
Vagando pelas sendas infinitas.
E quando me aproximo então me excitas
Deitando sobre ti, prazer e abrigo.

Os fardos que ainda trago já não pesam,
Extraio de teu néctar a delícia
Bebendo cada gole com malícia
E os medos e temores se desprezam,

Assim em plena luz, brilho e tortura
Diversos os delírios, dor e cura.


17




Diversos os delírios, dor e cura”
Abismos que cavamos num mergulho,
A cada queda espinho e pedregulho,
Ao mesmo tempo insânia em vã loucura.

Abençoadas noites em que vês
O brilho destes astros entre nós,
Amor que é salvador, venal e algoz
Levando para sempre a lucidez

E adentro em tuas carnes desejosas,
Penetro os teus segredos mais profanos
E mesmo que inda veja desenganos
Sorrindo no momento em que tu gozas

E assim em precipícios mais ferozes
“Báratros, criptas, dédalos atrozes”

18



“Báratros, criptas, dédalos atrozes”
Transfigurando a face desdenhosa
De quem ao me ofertar jardim e rosa,
Mudando com terror, traçando algozes.

Esgueira-se a venal caricatura
Daquela que se fez deusa e rainha,
Enquanto a divindade se avizinha,
A boca mais sedenta, me tortura.

Apalpam-se desejos incontidos,
Incontinentes traços, pesadelos.
Sentindo algum prazer ao revivê-los
Afloram sem segredos os olvidos

É quando vejo em luzes mais esparsas
Etéreas maravilhas entre farsas.


19


Etéreas maravilhas entre farsas
Desejos desvendados e profanos,
A sorte molda acertos entre enganos
E nesta insensatez logo disfarças

E ris dos meus demônios incontáveis,
Terríveis ilusões, medos vorazes,
E quando dos meus sonhos tu desfazes
Traçando outros caminhos impalpáveis

Eu beijo tua boca em arrepios
E teimo em vasculhar cada segredo,
Do gozo que recebo e te concedo,
Refeitos feito em ciclos nossos cios

E em meio às ânsias fartas vis algozes
“Escancaram-se aos tétricos, ferozes...”


20

“Escancaram-se aos tétricos, ferozes”
Delírios luzes fartas, sonhos vãos,
E neles espalhamos nossos grãos
Vagando por espaços, gritos, vozes.

Eclodem nebulosas e quasares
Vestígios planetários, astros vários
E quando se mostrando temerários
Fazemos dos dosséis nossos altares.

Fulguras sobre mim ensandecida,
Deidade, rara sílfide, profusa,
A fome se sacia e se lambuza
Alheia à própria vida que se acida

E tendo no teu corpo raro cais,
Ecléticos prazeres divinais.

21


Ecléticos prazeres divinais
Rastreio teus anseios mato a fome,
E a fúria que deveras nos consome,
Pedindo cada vez e muito mais.

Ascetas caminhantes noutra sebe
Não vêm o delírio que se espalha,
A cama sendo um campo de batalha,
Unidos vencedores, se percebe.

O caos entrelaçando um infinito,
Augúrios variáveis e proféticos,
Momentos prazerosos são ecléticos
E neles refazemos todo o rito

Enquanto num desejo propicio
“Uivos tremendos com luxúria e cio...”

22


“Uivos tremendos com luxúria e cio”
Somando nossos corpos, florescências
E bêbados de luz, vitais essências
Vencendo qualquer fúria ou desafio.

Esgueiras pela cama e te procuro,
Enlanguescida deusa aqui desnuda,
Em serpe esta figura se transmuda,
Dourando com ternura o quarto escuro.

Ansiosamente encontro na nudez
Suprema maravilha, raro encanto,
E tanto quanto quero, mais te canto
Além do que pretendes, mesmo vês

Momentos deslumbrantes, magistrais
Iridescentes primas em cristais.


23

Iridescentes primas em cristais.
Fenômenos, luzernas, brilhos tantos,
Envolta por neblinas, frágeis mantos
A lua com seus raios divinais

Encontra-te em marmórea fantasia,
Argêntea insanidade nos domina,
E toda a profusão da rara mina,
Tomando-me de assalto já sacia.

Irônicas manhãs, noites sedentas
Sacrílegos caminhos descobertos,
Adentro por portais que agora abertos,
Enquanto tu me engoles me apascentas

E assim em correnteza, mil orgasmos
“Ris a punhais de frígidos sarcasmos”.




24

“Ris a punhais de frígidos sarcasmos”.
Envolve-me com pernas, as tenazes
Ao mesmo tempo tragas e me trazes
Momentos divinais, loucos espasmos.

Assim nesta fantástica viagem
Percebo os descaminhos prazerosos,
Herméticos fulgores caprichosos,
Mudando num segundo a antiga aragem.

Ao fundo se percebe a plena lua
Deitando sua prata sobre nós
E o vento se aproxima em tom feroz
Tocando tua pele, bela e nua

Ao mesmo tempo ris em toscas farsas
Enquanto me seduzes e me esgarças.

25


Enquanto me seduzes e me esgarças
Arrancas meus segredos, minhas peles,
Às ânsias e aos delírios me compeles
Com a beleza e graça destas garças

Ao mesmo tempo expões tua rapina,
Emanas os desejos em lascívia
Por mais que uma esperança viva. Prive-a
Durante a insanidade que fascina.

Espreito cada bote preparado,
Alheia aos meus temores, tu te ris,
E sinto-te deveras mais feliz,
Ao ver o sonho enfim despedaçado

Preparas para lúbricos sarcasmos
“E deve dar congélidos espasmos”...

26

“E deve dar congélidos espasmos”
Algozes maravilhas me preparas
Cevando meus prazeres entre escaras
Matando com fulgor velhos marasmos.

E o tempo não se permite outra falácia,
Galgando noites tépidas, insone
Por mais que uma esperança me abandone
Tu trazes num olhar feroz audácia.

E tramas entre chamas, camas, luzes,
Fartura mesmo em trágica aridez,
No quanto ainda vejo que tu crês
Desvendas meus anseios e seduzes

Olhando-te desnuda em sonhos traço
Meteoros vagando pelo espaço.


27


Meteoros vagando pelo espaço.
Adentrando este quarto, seus umbrais
Momentos muitas vezes eternais
Nos quais por vezes sonhos eu desfaço.

Degraus tão variados desta escada,
Delírios entre fogos e geleiras,
E quando pela cama tu te esgueiras
Às vezes adentrando a madrugada,

Alheia aos meus quereres, meus anseios,
Vagando por caminhos que não sei,
Talvez ainda creia noutra grei,
Enquanto acaricio belos seios,

Percebo no mistério que desfio
“O teu beijo de pedra horrendo e frio.”.


28

“O teu beijo de pedra horrendo e frio”
Por vezes me maltrata, mas depois
Na fúria que te entranha; eu vejo, pois
Momento deslumbrante em desafio.

Da gélida explosão, doce quimera,
Verão que se invernado vez em quando
Jamais se reconhece em fogo brando
Incêndio que no incêndio regenera

Astuciosa fera me devora,
Insaciável deusa, voz e gozo.
Caminho tantas vezes caprichoso,
Sabendo desde sempre quando é hora

E assim mesmo que morto de cansaço.
Ourives da emoção, teu corpo traço...
Publicado em: 16/03/2010 06:03:04



ESPIRAL DE SONETOS - PÁLIDA À LUZ DA LÂMPADA SOMBRIA HOMENAGEANDO ALVARES DE AZEVEDO


Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti nos sonhos morrerei sorrindo -!

Álvares de Azevedo



2


“Por ti nos sonhos morrerei sorrindo”
Após tantos momentos mais sombrios,
Enfrento meus temores, desafios
Enquanto um novo tempo; em ti deslindo

Vagando por tormentas, mares tantos,
Distante de teus braços, teus carinhos
Perfaço os dias tristes e sozinhos
A cada amanhecer, mais desenganos.

Pudesse ter enfim concretizado
Desejo que domina e não permite
Viver além do frágil, vão limite
Calando no meu peito, o sonho, o brado.

Pudesse ter aqui bem junto a mim,
O amor que tanto quero e não tem fim...







3

O amor que tanto quero e não tem fim
Tomando o coração de um sonhador,
É como se cevasse a bela flor
Tornando mais sublime o meu jardim.

Mas quando a noite chega solitária
E tudo o que eu queria não consigo,
Percebo tão somente o desabrigo
E a vida se transforma. Temerária...

Não tendo mais sequer algum momento
Aonde possa ver a paz que quero,
O amor se torna então, terrível, fero
E traça a dor imensa, o desalento.

No sonho te imagino, em alvorada
“Sobre o leito de flores reclinada.”


4



“Sobre o leito de flores reclinada”
Trazendo em teu olhar doces lembranças
Ao longe, no horizonte já te lanças
Vagando por distante e flórea estrada.

Percebo quanto és bela enquanto sonhas
Num átimo também sonho contigo
E tento vislumbrar suave abrigo
Nas sendas mais tranqüilas e risonhas.

A lua se declina sobre ti
E beija tua pele mansamente
E nesta maravilha se pressente
O amor que há tanto tempo; eu já perdi.

E ao vê-la enfim concebo desafios
Após tantos momentos mais sombrios.


5

Após tantos momentos mais sombrios
Encontro o grande que tanto quis
E sendo por instantes, tão feliz
Refaço o meu caminho em tais estios

E teimo contra a força dos enganos
De tantos desafetos conhecidos,
Os dias em tempestas já vencidos
Agora me entregando aos novos planos

E tendo esta alegria de poder
Sentir o teu perfume junto ao meu
Quem tanto sem defesas já se deu
Começa neste instante então a crer

Na sorte pela angústia contrastada
“Como a lua por noite embalsamada.”


6

“Como a lua por noite embalsamada.”
Encontro o meu olhar embevecido
E bebo a claridade, enternecido
Sabendo que depois vem a alvorada

E o sol que nos abrasa num segundo
Azulejando o céu outrora prata,
E a sorte benfazeja desacata
O medo do passado, vão profundo.

E assisto ao renovar de uma esperança
Após a imensidão de um tempo escuso
O amor que tanto quero, reproduzo
Trazendo ao caminheiro uma mudança

Deixando para trás sonhos vazios
Enfrento meus temores, desafios.


7


Enfrento meus temores, desafios
E sei do quanto amor se faz capaz
Carinho que deveras satisfaz
Serena dias áridos, sombrios

Estando junto a ti eu me permito
Saber da farta luz que nos guiando
Tornara o meu caminho bem mais brando
E o tempo de viver bem mais bonito.

A deusa feita em pálida figura
Sonhando com momentos mais felizes,
Sanando dos meus medos cicatrizes
Trazendo para mim alento e cura

Descortinando o Paraíso então eu via:
“Entre as nuvens do amor ela dormia!”


8

“Entre as nuvens do amor ela dormia”
E alçando raros céus em claridade,
Enquanto a fantasia assim me invade
Tornando bem mais belo o dia a dia,

Senti-la é como ter no firmamento
Um sol que se irradia em arrebol,
No olhar tão deslumbrante este farol
Por onde este caminho eu oriento

Não deixe que este amor termine, pois
Sem tê-la minha vida nada vale,
Não deixe que esta voz um dia cale,
Não haverá sequer nada depois

Mergulho neste encanto belo e infindo
Enquanto um novo tempo; em ti deslindo.



9


Enquanto um novo tempo; em ti deslindo
Adentro os oceanos do meu sonho
E a cada temporal a paz proponho
Sabendo deste instante amável, lindo.

E quando me percebo em tuas mãos,
Teus braços me enlaçando com ternura,
Tomado tão somente por brandura
Os medos se tornando bem mais vãos.

Mergulho nos teus olhos, sinto em ti
O amor que tantas vezes procurava
Ainda sob uma onda forte, brava
A paz que eu necessito, descobri

E quando uma esperança se perdia:
“Era a virgem do mar na escuma fria.”

10


“Era a virgem do mar na escuma fria”
Tocando mansamente a clara areia
No canto maviosos da sereia
Uma alma se entregando desafia

Os medos e temores de Odisseu
Traçando com seus sonhos novo cais,
Momentos que bem sei são magistrais
E neles todo amor me ensandeceu.

Vestígios do que fora no passado,
Somente solitário navegante
Agora ao perceber tal diamante
Também por ele sou iluminado.

Depois de tantos grandes desencantos
Vagando por tormentas, mares tantos.

11


Vagando por tormentas, mares tantos
Encontro quem deveras eu queria,
Depois da noite amarga dura e fria,
Enfrentando temores e quebrantos

Decifro em meu caminho nova senda
E beijo tua boca em carmesim,
Aonde se fizera o meu jardim
A flor mais bela agora se desvenda.

E ao florescer permite que eu conceba
Supremas maravilhas, fabulosas
A mais perfeita rosa dentre rosas,
Deixando que seu cheiro se perceba

Assim como a sereia desejada
“Pela maré das águas embalada!”

12

“Pela maré das águas embalada”
Trazida à branca areia feita em sonho,
Cenário tão fantástico eu componho
Depois da dura noite ultrapassada.

Traçando na alvorada um raro brilho,
Distante das tempestas mais ferozes,
Ouvindo dos prazeres suas vozes,
Na senda mais sublime agora trilho.

E vejo ser possível novo dia,
Aonde em poesia me desfaço,
Depois de tanta luta e do cansaço,
O coração em paz, enfim sorria.

Não quero mais seguir toscos caminhos
Distante de teus braços, teus carinhos.


13

Distante de teus braços, teus carinhos
Não posso mais saber felicidade
E o medo do tormento que ora invade
Deixando os pensamentos mais sozinhos.

Audaciosamente busco então
Quem possa me trazer alento, pois
Sem nada no momento nem depois
A vida se perdendo em direção.

Nefastas ondas feitas desencantos
Atordoando assim, meu caminhar
Depois de tantas noites sem luar
As nuvens escorrendo turvos mantos

Pressinto maviosa esta chegada:
“Era um anjo entre nuvens d'alvorada.”

14


“Era um anjo entre nuvens d'alvorada”
Trazendo enfim alento a quem sofria,
A vida se mostrara outrora fria
Agora poderia estar mudada.

Vencendo as minhas ânsias mergulhei
Nos braços desta deusa feita em luz,
Amor quando demais sempre conduz
À mais inglória e triste, dura grei.

Não pude perceber quando deveras
Finda-se o caminho benfazejo
E toda a solidão que ora prevejo
Transforma mansidões em cruéis feras

E ao ter em minha frente descaminhos
Perfaço os dias tristes e sozinhos.

15


Perfaço os dias tristes e sozinhos
Amaldiçoada noite em que pensara
Ter minha vida agora mansa e clara
Envolto por amor em teus carinhos.

Depois o tempo trouxe a tempestade
E tudo desabando dentro em mim,
O amor foi devagar, chegando ao fim,
E a solidão terrível já me invade.

Pedindo então clemência, quero a paz.
E tudo o que vivera está desfeito,
A dor invade e assola então meu peito
E nem sequer o sonho satisfaz

Matando pouco a pouco a fantasia
“Que em sonhos se banhava e se esquecia!”


16

“Que em sonhos se banhava e se esquecia”
Jamais imaginara ser plausível
Que o mundo de repente, imprevisível
Tornara a noite quente agora fria.

Medonhos pesadelos me açoitando
Aonde poderia ser feliz
Se a própria realidade me desdiz
E as esperanças fogem como um bando

E deixam tão somente esta tortura
Longe de ti não vejo mais o brilho
Da lua nem deveras quando trilho
Cansado de lutar, tanta procura

E assim se revelando noutros planos
A cada amanhecer, mais desenganos.


17


A cada amanhecer, mais desenganos
Jamais eu poderia imaginar
Ausente dos meus olhos o luar,
Momentos de prazer agora danos.

Aguardo alguma luz que ainda venha
Mudar a realidade e nada vem,
A noite se repete e sem ninguém
Do Amor já não conheço nem a senha.

Cevara com ternura em solo agreste
Semente algum enfim ali brotara,
A vida que pensei tão mansa e clara
Diversa da verdade que me deste

A vida que pensara em dia brando
“Era mais bela! o seio palpitando...”


18


“Era mais bela! o seio palpitando”
A divindade em vida que julgara
Ser minha em noite imensa bela e rara,
Porém o meu caminho desabando

Já não comporta mais felicidade
São tantos os enganos que carrego
Andando em senda amarga, sigo cego
Somente o medo teima, adentra, invade...

Não pude ser feliz. Ah quem me dera
Viesse alguma estrela e me trouxesse
O amor que se fazendo então a messe
Traria novamente a primavera

E o sonho que pensara no passado
Pudesse ter enfim concretizado


19

Pudesse ter enfim concretizado
O sonho que deveras me tortura,
A vida não seria tão escura
O amor já não seria malfadado,

Percebo quão divino deve ser
Sentir uma presença que se espera,
Somente a solidão, cruel pantera
Tomando já de assalto o meu viver.

Não quero e nem consigo mais sentir
As ânsias de um amor mais que perfeito,
Porém qualquer carinho é meu direito
Ditando alguma luz no meu porvir

Ter de manhã num sonho quase infindo
“Negros olhos as pálpebras abrindo...”

20

“Negros olhos as pálpebras abrindo”
Depois de noite em pleno temporal,
Momento na verdade triunfal
Ternura em ar mais manso e bem mais lindo.

Talvez seja possível crer no dia
Aonde isto se torne realidade,
Rompendo do silêncio algema e grade,
Uma alma feita em luz já se faria

Liberta e tendo os olhos no horizonte
Vagando por clarões, raro desejo,
O amor ensandecendo assim prevejo
Bem antes que este mundo desaponte...

Porém a dor cerceia em vão palpite
Desejo que domina e não permite


21


Desejo que domina e não permite
Que a vida assim prossiga em plena paz
Do quanto amor se mostre mais capaz
Não respeitando então qualquer limite.

A sorte desairosa toma a sala
E quando se percebe mais tranqüila
A solidão deveras se perfila
Fazendo da esperança uma vassala.

Tempestas entre nuvens grises vejo
E sinto que talvez não haja mais
Além destes diversos temporais
A realização de algum desejo.

Apenas nos meus sonhos vislumbrando
“Formas nuas no leito resvalando...”


22


“Formas nuas no leito resvalando”
Numa ânsia de prazeres incontida
Assim me prepara para a vida,
Sem perguntar sequer aonde ou quando.

O tempo desfiando este novelo
Não deixa mais espaço para o sonho,
E tudo o que eu pensara mais risonho
Medonho, como um triste pesadelo.

Vencido sem poder nem reagir,
Morrendo dia a dia percebendo
Distante do que fora um estupendo
Momento, tão vazio o meu porvir

Realidade atroz já não permite
Viver além do frágil, vão limite

23


Viver além do frágil, vão limite
Já não consigo mais pensar em nada
Uma alma que se sente desprezada
Jamais aceita alguém que delimite

O sonho que é talvez o que me reste,
E tudo se perdendo, menos ele,
Por mais que novo tempo se revele,
O solo permanece assim agreste.

Vieste então em forma de ternura
Trazendo em teu olhar uma esperança
O meu amor agora a ti se lança
Depois de tantos anos de procura,

Por isso meu olhar tolo se abrindo
“Não te rias de mim, meu anjo lindo!”

24


“Não te rias de mim, meu anjo lindo”
A vida jamais fora justa e enfim
Agora que floresce em meu jardim
A rosa mais bonita já deslindo

Um dia mais tranqüilo, até quem sabe
Podendo então dizer que sou feliz,
A sorte muitas vezes contradiz
E o tempo já não serve nem me cabe.

Vencido pela angústia do não ser,
Terríveis noites feitas solidão,
E tendo de repente enfim meu chão,
Mergulho sem defesas no prazer.

Depois de tanta dor no meu passado
Calando no meu peito, o sonho, o brado.

25


Calando no meu peito, o sonho, o brado
Não pude perceber quanta beleza
Trazida pela própria natureza
Mudando com certeza o velho fado.

Estrelas desabando sobre nós
Traçando com seus brilhos poesias,
Além de qualquer dor, temor, me guias
Matando o sofrimento vil algoz.

Serenas minha vida com sorriso,
E tendo cada passo assim descrito,
Jamais me percebendo mais aflito,
Adentro devagar o Paraíso.

Bem antes de viver tal sonho brando
“Por ti - as noites eu velei chorando.”

26


“Por ti - as noites eu velei chorando”
E agora que percebo, estás comigo,
Entendo como ausente o desabrigo
E o tempo pouco a pouco transformando.

Vivera solitário caminheiro,
Buscando qualquer porto que abrigasse
Depois de tanto medo, dor e impasse,
Agora me entregando por inteiro.

Sabendo desde já o que mais quero
Ninguém pode conter meu canto em paz,
Amor quando em amor se satisfaz
O mundo se tornando mais sincero,

É como se o mais belo querubim
Pudesse ter aqui bem junto a mim.


27

Pudesse ter aqui bem junto a mim
O amor que tantas vezes me guiara
A vida cicatriza a velha escara
E o mundo encontra a paz, até que enfim.

Vencido pelos medos do passado,
Há tanto desejara algum momento
Aonde se pudesse ter no alento
Divino pensamento abençoado.

E tendo esta certeza que me trazes
Não posso me calar, sigo contente,
A vida noutra vida se pressente
E assim pressentimentos são audazes

E vejo num instante claro e lindo
“Por ti nos sonhos morrerei sorrindo -!”

28


“Por ti nos sonhos morrerei sorrindo ”
E tendo tal certeza poderei
Seguir sem ter tormentas nesta grei,
Sabendo do final em flor se abrindo.

Mesquinhas noites frias do passado,
Insanas e terríveis tempestades,
Enquanto com carinho tu me invades,
Deixando o coração apaixonado

Jamais se permitindo outra ilusão
Tampouco o sofrimento me tomando,
Viver este momento imenso e brando
Certeza das belezas que virão.

Floresce em maravilha no jardim
O amor que tanto quero e não tem fim..
Publicado em: 16/03/2010 15:25:03


ESPIRAL DE SONETO - ÚLTIMO FANTASMA EM HOMENAGEM A CASTRO ALVES
8a SOMBRA - ÚLTIMO FANTASMA

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso,
Que te elevas da noite na orvalhada?
Tens a face nas sombras mergulhada...
Sobre as névoas te libras vaporoso ...

Baixas do céu num vôo harmonioso!...
Quem és tu, bela e branca desposada?
Da laranjeira em flor a flor nevada
Cerca-te a fronte, ó ser misterioso! ...

Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?
És o ser que eu busquei do sul ao norte. . .
Por quem meu peito em sonhos desespera?

Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte!
És talvez o ideal que est'alma espera!
És a glória talvez! Talvez a morte!

Castro Alves


2


“És a glória talvez! Talvez a morte!”
Anseios tão terríveis, luz imensa
Aonde se pudesse em recompensa
Talvez ainda reste um rumo e um norte.

Saber dos meus propósitos e ter
Nas mãos o meu futuro ensandecido,
Mergulho no passado e até duvido
Ainda existiria algum prazer?

Quem és que ao mesmo tempo traz a dor
Alenta e me tortura, frágua e frio
Sentido algum; decerto em ti desfio,
Admiração gerando enfim pavor.

Adentras nos umbrais das minhas portas
Sorris enquanto o sonho em vão deportas.


3

Sorris enquanto o sonho em vão deportas
Ao mesmo tempo trazes ilusões
E quando a realidade não me expões
Momentos de alegria logo abortas

Assim entre o não ser e o ser além
Percorro descaminhos entre as urzes,
Por mais diversas sendas me conduzes
Nem sempre num caminho que convém,

Escuto a tua voz em consonância
Com todos os anseios, vez em quando,
Mas logo toda a história transmudando
Trazendo tão somente discordância

Qual fora esta aridez já disfarçada
“Que te elevas da noite na orvalhada?”


4

“Que te elevas da noite na orvalhada,”
Momento ainda vivo na lembrança
Enquanto esta seara já se alcança
Percebo quão distando uma alvorada.

Ascendo ao quanto quis e não podia,
Tampouco imaginara ser ainda
Possível o que a vida ora deslinda
Imagem soberana e tão bravia.

Angustiadamente o tempo passa
E traça novas luzes, cruzes várias
Tentando protelar as procelárias
Ao menos se percebe uma fumaça

Minha alma proferindo em voz intensa
Anseios tão terríveis, luz imensa.




5


Anseios tão terríveis, luz imensa
E todo o pensamento se desvia
Traçando tão somente esta agonia
Diversa do que uma alma ainda pensa.

Vestindo a mansidão já não consigo
Saber do que tu queres nem desejas,
As alegrias mesmo se sobejas
Traduzem aos meus olhos o castigo.

E o peso do não ter qualquer aporte
Que possa me trazer tranqüilidade
Ainda uma esperança viva e brade,
Não vejo solução, apenas corte

E vendo-te sonhando, imaculada
“Tens a face nas sombras mergulhada...”


6


“Tens a face nas sombras mergulhada”
O olhar procura em vão qualquer caminho
E o coração deveras tão sozinho
Aguarda qualquer luz de uma alvorada

Distante neste imenso pesadelo,
Arcando com enganos do passado,
O beijo muitas vezes sonegado,
Momento tão cruel inda revê-lo...

Sentir em nuvens feitas a manhã
E crer na claridade do futuro,
Vagando por um prado sempre escuro,
Já sabe quanto a vida é mesmo vã

O sol por sobre a treva que adensa
Aonde se pudesse em recompensa...


7


Aonde se pudesse em recompensa
Saber de algum momento mais feliz,
Num céu que se mostrasse menos gris
Sublime claridade agora imensa.

Mas quando se percebe a realidade
Vagando por espaços siderais
Apenas o vazio sendo o cais,
O medo nos tomando, tudo invade.

E o peso da esperança verga as costas
E tendo por final esta ilusão,
Ausente dos meus olhos o verão
No inverno se fazendo m’as apostas

O sonho, meu amigo, este andrajoso
“Sobre as névoas te libras; vaporoso ...”


8


“Sobre as névoas te libras; vaporoso”
Pensamento que tanto me fascina
Enquanto ao mesmo tempo em leda sina
Sonega algum prazer, imenso gozo.

A sorte tantas vezes traz e nega
O encanto que deveras dói e traça
Qual fora num segundo uma fumaça
E nela a realidade não navega.

Augustas esperanças, tristes fins,
Escravizando uma alma que se deu
E tanto se promete luz e breu,
Demônios disfarçados, querubins,

Em meio a tal vazio sem suporte
Talvez ainda reste um rumo e um norte.


9

Talvez ainda reste um rumo e um norte
Depois dos temporais mais corriqueiros,
E quando enfim florisse em meus canteiros
A paz que me envolvendo já conforte.

Escuto a voz macia de quem tanto
Se fez em luzes fartas, bela amante,
Agora numa ausência torturante
Apenas resta em mim cruel quebranto.

Serenas noites, dias tão suaves,
Anseios satisfeitos, gozos plenos
Aonde se pensaram mais amenos
Decorrem nas terríveis, frias traves

E quando o sonho fora pavoroso
“Baixas do céu num vôo harmonioso!...”

10



“Baixas do céu num vôo harmonioso”
Traçando os mais sublimes, belos ritos
E os dias que passara tão aflitos
Agora num perfil maravilhoso.

Andando sobre espinhos, carne viva
Cicatrizando agora após notar
Que finalmente em ti vejo ao luar
Uma esperança em paz, mansa e cativa.

Das farpas e dos cortes nem lembranças
E sinto nova aragem se espalhando
Traçando amanhecer mais claro e brando,
E nele todo o amor que agora lanças

Da ausência que reclamas de prazer
Saber dos meus propósitos e ter.


11

Saber dos meus propósitos e ter
A chance de viver felicidade,
Se tudo o que desejo ainda invade
O coração cansado de sofrer

Não tendo mais coragem de seguir
Durante as tempestades e procelas,
As noites constelares são mais belas,
Mas nelas não encontro o meu porvir.

A sorte se transforma a cada instante
E nesta instável luz, sigo sombrio
Meus erros e caminhos desafio
Sabendo quanto o amor se faz farsante.


Pergunto em vão ao vê-la enamorada
“Quem és tu, bela e branca desposada?”


12

“Quem és tu, bela e branca desposada?”
Jamais encontraria uma resposta,
Minha alma solitária assim exposta
Não vê mais solução, somente o nada.

E quando me inundando esta tristeza
Vazio se espalhando em fria senda,
O quadro em terror já se desvenda
E sigo nesta forte correnteza

Ao mar onde salobra água me espera
Espúrias madrugadas, medos tantos,
E neles os diversos desencantos
A vida desfilando-se em quimera

E tendo tão somente, embrutecido,
Nas mãos o meu futuro ensandecido.


13

Nas mãos o meu futuro ensandecido
Impede qualquer luz que ainda venha,
A frágua se desfaz na pouca lenha
Jamais inverno em mim sendo aquecido.

Pereço a cada passo um pouco mais,
E teimo contra tudo e contra a vida,
Que sinto sem encontro, em despedida,
Sorrisos que recebo são formais.

Assédios tão somente os da tristeza
Medonha caricata sorte amarga,
A solidão jocosa não me larga,
No amor é necessária uma destreza

A sorte trouxe em tépida alvorada
“Da laranjeira em flor a flor nevada.”


14


“Da laranjeira em flor a flor nevada”
Somente o que restou ao sonhador,
Que tendo no jardim ausente flor
Percebe que somente ceva o nada.

Um jardineiro estúpido e boçal
Durante a vida quis alguma rosa,
Mulher entre as mulheres, maviosa,
Mas quando viu vazio o seu bornal

Não pode mais pensar numa colheita,
Granando tão somente uma daninha,
E quanto mais sonhava, mais continha
A dor na qual agora se deleita

Do amor e deste encanto ora sentido
Mergulho no passado e até duvido.


15


Mergulho no passado e até duvido
Que possa ainda ter alguma chance
E mesmo quando o sonho em paz alcance
O amor traz em si próprio um ledo olvido.

Escassas emoções durante a vida
Não pude imaginar inda possível
Viver um sonho audaz neste terrível
Caminho que prepara a despedida.

Ascendo ao Paraíso só por que
Eu pude pressentir imensa glória
De ter no teu olhar minha vitória
Sobeja poesia que se lê

E assim um ar diverso e mavioso
“Cerca-te a fronte, ó ser misterioso!”

16

“Cerca-te a fronte, ó ser misterioso”
Um ar que ao mesmo tempo me ternura
Enquanto se traduz em amargura
Delírio feito em dor, prazer e gozo.

Servido num banquete como fosse
Uma iguaria rara, o farto amor,
Dos sonhos meu vassalo e meu senhor,
Momento incomparável, agridoce.

Esbarro nos meus erros e temores,
E teimo contra a força de uma luz
Falena morre enquanto se seduz,
O céu se transformando em tantas cores

Pergunto sem respostas poder ter
Ainda existiria algum prazer?

17



Ainda existiria algum prazer
Na insânia onde trafego em dupla mão
Por vezes imagino solução,
Mas noutras o vazio posso ver.

Estúpida quimera, amor e tédio
Misturam-se deveras e entontecem
E quando se percebe agora tecem
Ao mesmo tempo a dor e o bom remédio.

Assisto aos meus enganos neste encanto
Que seduzindo Marca a minha pele,
Ao mesmo tempo atrai e me repele,
Por isso sorte traça algum quebranto

E ao ver-te doce amada, imensa fera
“Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?”

18


“Onde nos vimos nós? És doutra esfera ?”
Ambígua fantasia gera o medo
E nela se mostrando em manso enredo
Caminho com o qual já se tempera

Salgando enquanto amarga e tanto adoça
Estende-me o teu braço e me abandona,
Trazendo lavas, fúrias, vêm à tona
Enquanto se propaga em riso e troça.

Aprendo e desaprendo o bem de amar,
Não posso caminhar, se é movediça
A face que se mostra e se cobiça
Enquanto se é neblina, diz luar.

Vassalo se mostrando imperador,
Quem és que ao mesmo tempo traz a dor.


19



Quem és que ao mesmo tempo traz a dor
Enquanto algum alento; ainda dizes,
Momentos delicados e felizes
Em meio ao mar terrível, multicor.

Sedento dos desejos mais vorazes
Ausente dos meus braços quando estou
Vagando pelas noites, só restou
Do todo; alguma luz em várias fases.

Aprendo com teus passos, novas sendas,
Errático deliro em falsas trilhas,
E quando me entonteces, armadilhas
Preparas e depressa já desvendas

Assim mesmo que insana não conforte
“És o ser que eu busquei do sul ao norte”...


20


“És o ser que eu busquei do sul ao norte”
Vencendo os mais complexos desafios
Ainda que pudesse mais estios,
Outono também traz algum aporte

Deste calor imenso que me dás,
Mas sei quando invernas, nada resta
A luz imensa então trama a funesta
Aurora feita em dor, mesmo mordaz.

Dicotomias ditam nosso caso,
E trazem para mim sorriso e medo,
Por mais que tanto amor; a ti, concedo,
O sol termina sempre em turvo ocaso.

E assim amor supremo, mas vadio
Alenta e me tortura, frágua e frio


21

Alenta e me tortura, frágua e frio
Anseio que se torna medo e gozo,
Caminho sorridente ou pedregoso,
Decifrar nosso caso, um desafio.

E peço mesmo ajuda quando só
Encontro em desencontros nossos passos,
Os dias sobretudo morrem lassos
E neles se percebe do ouro, o pó

Perpetuando enfim o quanto quero
E nada ou mesmo tudo, vez em quando,
Deveras me domina atordoando
Nem sempre verdadeiro, ou mais sincero

Presente em ti querida, a bela e a fera
“Por quem meu peito em sonhos desespera?”

22


“Por quem meu peito em sonhos desespera?”
Já não consigo ao menos decifrar
Caminho onde pudesse desvendar
Segredos que me mostrem primavera.

Essencialmente vejo o quão possível
Amar e ser amado, mas não posso
Fazer desta esperança algum destroço
Tocando com paixão mesmo implausível.

Espero pela luz que nunca veio,
Aguardo finalmente alento, pois
Sabendo deste encanto em que nós dois
Vivemos com delírio, sem receio.

E tendo em teu olhar, pleno e vazio
Sentido algum; decerto em ti desfio.


23


Sentido algum; decerto em ti desfio
E nessa insensatez prazer e dor
Intensa claridade me compor
Porém em turbulência vejo o frio.

Arcando com enganos e delírios
Espero a luz que tanto desejara,
E nela se reflete medo e escara,
Gerando insensatez, tolos martírios.

Esgarçando a alegria e num só tempo
Angústia e paz se tornam mais freqüentes
E quando dos meus olhos tu te ausentes,
Encontro o mais terrível contratempo

No todo que maltrata e me conforte
“Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte!”


24

“Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte!”
Negando a sensatez encontro em ti,
O todo que deveras percebi
Criando do vazio um novo norte.

Assisto aos meus momentos terminais
E neles outras vidas poderiam,
E quando os meus olhares se desviam,
Ainda buscam ledos outros cais

Estranhas turbulências, tempestades,
Angustiadamente até sorrio,
E o tempo sendo assim um desafio,
No todo que geraste e que degrades,

E nesta instável luz chamada amor
Admiração gerando enfim pavor.


25

Admiração gerando enfim pavor
Distorcem-se caminhos entre trevas
E quando uma esperança ainda cevas
Percebo algum momento redentor,

Esbarro nesta vã dicotomia
E teimo entre as estrelas e as neblinas
Portanto me apavoras e fascinas
Terror se transformando em alegria.

Ausente da razão, não mais consigo
Discernir brilho farto deste escuro,
Enquanto me adoeço e já me curo,
Ao mesmo tempo alento e vão perigo.

Sabendo em ti a gata e a pantera
“És talvez o ideal que est'alma espera!”


26


“És talvez o ideal que est'alma espera!”
Uma força que move o pensamento
Tormenta traduzindo em manso vento,
Palácio transmudado na tapera.

A cândida emoção, terríveis fúrias,
Amante delicada e mais feroz,
Voz apaziguadora, fria algoz
Riquezas transformadas em penúrias

Estranhas atitudes, atos claros,
Mascaras o que ainda em vão proponho,
Olhar tão fascinante quão medonho,
Doces delírios, sonhos mais amaros

Enquanto me transtornas e confortas
Adentras nos umbrais das minhas portas.

27

Adentras nos umbrais das minhas portas
Trafegas por instantes mais diversos
E tomas com terror, meiguice os versos,
Palavras se tornando vivas, mortas,

Escapo destas garras e me entrego
Às presas afiadas da pantera,
E vendo em pleno inverno a primavera
De tanta claridade sigo cego,

Apraza-me saber que sou tão teu,
E temo qualquer tom do amanhecer,
Aonde desfiando dor, prazer
O senso há muito tempo se perdeu

Quem és que me maltrata e me conforte
“És a glória talvez! Talvez a morte!”


28

“És a glória talvez! Talvez a morte!”
Escravo de teus braços, me liberto
Bebendo destas águas num deserto
Caminho sem ter rumo, esqueço o norte.

E beijo tua boca ensangüentada
Vasculho no teu corpo os meus sinais,
E vejo em formidáveis, magistrais
Delírios uma angústia desfraldada.

Ecléticos anseios, luz sombria,
Acordos desvendados, descumpridos,
Momentos delicados repartidos,
Terrível dor em brilho e fantasia

E quando te pensava em cores mortas
Sorris enquanto o sonho em vão deportas.
Publicado em: 17/03/2010 17:59:08



Deixei meu barco no cais
E encontrei somente os restos
Naufragados do que fomos.
Cansado de esperar,
Espreitar e nada além.
Também não posso fazer
Disso um cavalo de batalha
Já que sou a falha

Meu verso se perde na realidade
Do primeiro botequim aberto.
Mas, assim mesmo insisto.
Fazer o que se isso é corriqueiro
E parece uma predisposição natural
De quem veio para o vazio desde sempre.

Solilóquios repetidos em frente ao espelho
Relembram o que fui
Amores que fluíram
E o oásis seco
Aumentando este deserto
Inerente e interminável...

Sorrindo, sourindo, soul rindo
Ironicamente de mim mesmo...
Publicado em: 02/06/2007 18:30:01
Última alteração:28/10/2008 17:03:59






Esperanças e saudade



Minha espera, atrás da porta
na espreita, observando
cada momento, o bote
o norte perdido, meus medos e segredos
minha gula e sensibilidade.
Procuro, cidades e vales
quanto vale a espera?
Na caça da luminosidade
dos olhos da madrugada.
Nada mais quero, nem desejo
talvez teu beijo, talvez num átimo,
um último desejo, sem nexo
sem sexo, apenas abraço
cansaço e manhas, artes e manhas,
artimanhas da saudade.
Saudade do já pensado, sonhado;
nunca vivido. Sempre na espera;
da vésper estrela, cometa errático
que cometa todos os erros e acertos.
Mas que prometa todos as esperanças
para essa criança coração.
Minha nunca, sempre não...
Publicado em: 03/12/2006 19:53:54
Última alteração:28/10/2008 20:47:58


Toda esperança perdida
Não se encontra mais; amigo
No caminho desta vida...
Publicado em: 19/03/2007 10:39:45
Última alteração:28/10/2008 05:42:34


Esperar por alguém, co'ansiedade,
procurando esquecer que o tempo passa,
na dor imensa e fria da saudade,
é consumir-se a um fogo, sem fumaça...

A vida :ssim é luz, sem claridade
e esse existir nos fere e despedaça,
pois quem vive de sonhos, na verdade,
espera apenas e, a esperar, fracassa.

Tal esperança, às vezes, alimenta
a dor imensa que, severa e lenta,
nas nossas vidas, mais e mais se avulta!

E quem leva, no peito, tal ferida,
vai aprender, afinal que nesta vida,
"a saudade não mata, mas sepulta"


Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 05/03/2007 10:50:29
Última alteração:02/11/2008 21:54:57


Deixe a janela aberta
Que à noite vou chegar
Entrando no teu quarto
Querida, e devagar
Vou sem fazer barulho
Ninguém vou acordar.
Fique de camisola
Aquela transparente
Vermelha, que, morena
Te deixa bem ardente,
Depois, é só deixar
A gente ir desfrutando
Desta pimenta boa
Que logo vem queimando.
Te juro, vai gostar,
Não vou deixar-te à míngua
Assim vais conhecer
Poder que tem a língua...
Publicado em: 01/08/2008 21:30:04
Última alteração:19/10/2008 22:10:26



ESPERANÇA... COROA DE SONETOS

1


Não quero mais comigo a vida insana, amarga.
Tocado pelo vento do imenso e puro amor,
A sorte enfim se mostra, e com maior vigor
Nossos caminhos vis, por vezes ela alarga.

No momento seguinte uma voz já se embarga
Imersa totalmente em pálido torpor,
Quem fora mais risonho afoga-se na dor...
Neste peito sofrido a marca de uma adaga

Que penetrantemente, esmaga o coração.
E nos traz, quase sempre, a triste solidão!
Quem fora feito amor, esvai-se no tormento...

Nos gumes desta faca, a cicatriz medonha.
Em lágrimas termina a promessa risonha...
A dor sempre acompanha um grande sentimento!

2

A dor sempre acompanha um grande sentimento
E traz; a cada dia, um novo desengano,
Por mais que seja nobre o sofrimento humano
O tempo quando em dor, demora-se e vai lento.

Não tendo na verdade, o bem de um novo alento
Quem sabe e reconhece, invoca em outro plano
O dia que virá cobrindo com seu pano
Porém em cada rasgo, invade forte vento.

À parte do que sinto, eu bebo uma esperança,
E dela faço meta. A luta, porém cansa
E tendo na batalha o fim como certeza

A solidão retorna e volta bem mais forte,
Trazendo em sua mão, adaga fina e corte
Arrasta-me depressa, a dura correnteza.


3


Arrasta-me depressa, a dura correnteza
Mostrando minha sina, eterno perdedor,
Farrapo a me cobrir, frágil aquecedor
Expõe a minha face, e nela uma certeza.

O dia que virá, imerso em tal tristeza
De novo me fará um mero sonhador.
Catando o que me resta um corpo exposto em dor,
Jogado friamente aos mares da incerteza.

Somando o que eu já tive; eu vejo muito pouco,
Andrajos que carrego, um riso insano, louco,
Gargalho como um rude em vagas ilusões,

Afago em ironia, os olhos da serpente
E bebo a fantasia em risos de um demente
Sentindo o frio intenso em vagas tentações...

4


Sentindo o frio intenso em vagas tentações
Acendo o meu cigarro e trago com vontade,
E vejo na fumaça a face da verdade
Fatal redemoinho entre as ondulações.


Da vida coleciono as mesmas negações
Negando a cada passo a luz, a claridade.
Jamais reconheci qualquer felicidade.
Na noite que sonhara, explodem-se trovões.

Rastejo pela rua, alcanço na sarjeta
O rumo que traçara, e nela encontro a meta
Que rege o meu caminho, expondo a minha face.

No aborto da esperança um trágico final.
Vestido de tristeza; encontro-me afinal.
Apenas solidão, permito que me abrace.


5


Apenas solidão, permito que me abrace
Entranha cada garra e rasga mais profundo.
O quanto que já fui; outrora, vagabundo
Prevê depois de tudo, o triste desenlace

Uma agonia intensa expõe em sua face
O rosto que se mostra agora nauseabundo,
Molambo maltrapilho, o coração imundo
Esgota qualquer chance e causa neste impasse

Certeza em que trafego o medo como guia,
Matando pouco a pouco, a leda fantasia.
Nas farpas eu me corto, e nisso vejo a glória

De ser um quase nada, um resto perambula
Nadando no vazio, a morte que me oscula
Talvez seja em verdade, a única vitória.


6




Talvez seja em verdade, a única vitória
De quem sonhara tanto e agora já se esvai
Dos céus tão de repente, uma alma assim descai
E mostra-se desnuda, amarga e tão simplória

Trazendo uma lembrança apenas na memória
De um dia que se foi, a mente sempre trai,
Um riso de criança agrada quem se vai
E rouba da esperança um traço de vanglória.

A noite se mostrando em águas mais profundas,
Da lama que me cerca horas nauseabundas,
Esgoto cada mangue e bebo a podridão.

Um sórdido futuro esperando por mim
Depois da tempestade aguardo pelo fim,
No oráculo predito, agônica explosão.


7


No oráculo predito, agônica explosão
Forrando o meu caminho, afagos desta fera
A solidão que guia, às vezes me tempera
E mostra a cada dia o rosto em negação.

Sentindo que perdi há tempos o meu chão
Matando tão depressa a minha primavera
Eu tenho bem distante, o cheiro do verão
E a vida vai passando em dura espera.

Felicidade existe? Eu sei destas mentiras,
A pele corroendo, o coração em tiras
Apenas restará em último desejo

Um resto de amargura adormecendo o peito
Estrada feita em curva, a morte quer o eleito
Dorido ritual no fim que ora prevejo.


8


Dorido ritual no fim que ora prevejo
Sangrante tempestade açoda um velho triste.
Apenas o vazio imenso ainda insiste
E mostra-se cruel, temível e sobejo.

Aproveitando assim, não perde um só ensejo,
Do nada que carrega; eu sei que ele resiste
Embora trague o vago, expressa o quanto existe
Da solidão completa, à qual jamais almejo

Mas é a companheira, amiga inseparável.
A vida vai passando- amargura intragável,
E deixa tão somente um rastro feito ausência

Quem dera se eu pudesse alçar este infinito,
Liberto então soltar aos céus um forte grito
Teria ao fim de tudo, alguma condolência...


9


Teria ao fim de tudo, alguma condolência
Que fosse mesmo falsa, um último suspiro.
O mundo vai rodando e em cada novo giro,
Maior o sofrimento, imensa penitência.

Quem foi durante a vida, apenas excrescência
Não sabe discernir aquilo que eu prefiro,
Subindo ao belo altar, de súbito me atiro
E sinto finalmente, um pouco de clemência

Nas chagas que encontrei num corpo exposto em cruz,
Um velho companheiro ao qual amor conduz
Fazendo do perdão seu mote preferido.

Que por amar demais sofreu até a morte,
Sabia de antemão, seria a sua sorte,
Destino há muito tempo, outrora decidido.


10


Destino há muito tempo, outrora decidido
Eu sigo o meu caminho envolto em treva e dor.
Uma ilusão me acossa e mostra em tal vigor
Melhor seguir em frente, e mesmo que iludido

Recebo alguma luz, destino a ser cumprido.
E mesmo que inda venha a chama do pavor,
Eu posso enfim dizer, eu conheci o amor!
No canto que ora faço um mundo repartido.

Bebendo desta fonte eu vejo renascer
Num brilho ao fim da noite um claro alvorecer.
E faço deste brilho, apoio para os passos

Que firmes, eu darei, na busca da verdade,
Sentindo este calor que é feito em amizade
Encontro finalmente a luz em finos traços.


11


Encontro finalmente a luz em finos traços
Estrada benfazeja ao fim de uma tempesta.
O coração se faz, inteiro em plena festa
Alçando num momento os mais altos espaços.

Tocado pelo vento, eu sinto os fortes braços
De quem há tanto tempo, uma alegria gesta
Um riso mais audaz, a vida então atesta
E muda num momento o rumo dos meus passos.

Sacrílego passado, em traumas tão diversos,
Deixando eternamente, estilhaços nos versos,
Emparedado, agora, aos poucos agoniza

Diamantina luz expressa o quanto eu sonho
Buscando refazer um rumo mais risonho,
Da dura ventania, apenas resta a brisa.


12



Da dura ventania, apenas resta a brisa
Tocando na janela aberta do meu peito.
O bem que eu procurara; agora, já me avisa
Que o rio voltará depressa pro seu leito.

E vejo em plenilúnio, o céu quando me deito
Nas luzes desta lua, a vida se matiza
E a cada novo dia, amor aromatiza
Trazendo a mansidão me deixa satisfeito.

Aos poucos aprendi que a dor é necessária,
Pois mostra que alegria é sempre temporária
E toda a maravilha existe num contraste

Fazendo-nos sentir, mais forte a correnteza
Que trama ao fim de tudo, a luz que me embeleza
Sanando em redenção o mais duro desgaste.

13


Sanando em redenção o mais duro desgaste
Uma esperança borda um novo amanhecer,
E nela reconheço o mais forte poder
De nossa resistência é com certeza uma haste.


Amigo, com certeza eu sei que triunfaste
E reconheço sempre o quanto é bom viver
Sabendo desta glória, eterno renascer.
Amor que quando em dor muitas vezes rimaste

É mais do que percebo, a rima que é tão pobre
Permite que se veja o sentimento nobre
Que trama a cada verso, um pouco de esperança.

Deixando para trás, o medo de encontrar
Depois da tempestade o mais claro luar
Distâncias sem igual, meu canto então alcança.



14


Distâncias sem igual, meu canto então alcança
E traz felicidade a quem sempre sofrera
Mostrando amanhecer em flórea primavera.
Num bafejo gentil, agora vai mais mansa

A dor que me tomava; esta temível fera.
Voltando num momento, a ser uma criança
Que faz de cada dia a mágica festança,
E toma cada estrela, e dela sempre espera

Um dia que será de eterno e calmo brilho,
Selando com amor o rumo do andarilho
Que ao ver a sua estrada, agora bem mais larga

Já sabe discernir, felicidade e luz,
Pois tendo em amizade, amor que me conduz,
Não quero mais comigo a vida insana, amarga.
Publicado em: 28/01/2008 23:29:28
Última alteração:09/10/2008 14:06:33



Eu trago a sensação do esmo e do ermo,
Perdido hermeticamente fechado
Dentro de mim mesmo.
O verso se faz faca e se flameja
No desejo mais cruel de ser liberto.
Abrindo a concha eterna dos medos
Ancestrais,
Que se são mais,
Somenos
Serão meus...
Ao menos não sou hipócrita
Na cripta de minha alma
Ama anima animal,
Mal e mal sei o teu nome,
Esperança...

Na disforme caricatura
Qual uma garatuja
Qualquer do que fui
E do que não exponho.
Dentes ausentes
Olhos perdidos
E vida esquecida num
Vaso sanitário pelas rodoviárias
Da vida.

Vestido deste esgoto onde esgoto
Meus dias,
Falsos sentimentos
Como o gosto do sangue
Explodindo
Garganta adentro.

Adentro cada parte de mim mesmo
E me sinto, ermo, esmo,
O mesmo miasma
Que se foi
No primeiro gole,
Na gola apertada
Me aparto de mim
E sinto o vento
Longínquo
De uma esperança
Cada vez mais tímida
E ineficiente.

Mas é a última corda,
A última gota
Da única cerveja
Que sobrou...

Publicado em: 03/03/2007 20:08:50
Última alteração:28/10/2008 17:23:27



Expresso esperança
Saindo mais cedo
Arremedos de sorte
Debulha no caminho.
Da promessa nem sempre executável
Execráveis momentos entremeiam-se
Com risos e paradoxais lágrimas.
O que germinará?
Tampouco sei quanto interessa.
A pressa muitas vezes gera mutações
Ou pior, abortos.
Absortos olhos
Procuram pelo céu incólume
Mas os lumes são diversos
Num mosaico de matizes.
Caleidoscópio de cores,
Nem sempre verdejantes.
Dardejantes ilusões
Encetam diversidades.
Os olhos da menina
Com certeza; furta-cores.
Publicado em: 10/03/2008 21:56:37
Última alteração:22/10/2008 15:40:43


Esperança de Amor

Não leves esta esperança
Que trouxeste; meu amor.
Eu quero poder viver
As minhas horas mais belas
Nas tuas mãos carinhosas
Debaixo destas estrelas
Que escondeste; minha amiga,
Assim consigo, enfim,
Tanta noite que persiga
Cravejando amor em mim.
Não deixe velha tristeza
Tão faminta e desdentada
Se sentar à nossa mesa.
Não deixe que esta mortalha
Vestida pela saudade
É tanta dor que ela espalha
Nas ruas dessa cidade
Nas praças e nos motéis
Nas bocas e nas promessas
Nas noites em tantos pés
Que invés, já são avessas...

Traga o sorriso macio
De quem nada mais queria
Se não viver nosso trilho
Em busca do novo dia.
Em busca da claridade
Vivendo felicidade
Sem nada mais perguntar
Sem o gesto da demora
Sem o tempo de ir embora
Nascendo em nosso luar.
Do gesto manso da noite
Com bilhões de pirilampos...
Estrelinhas que busquei
Pra iluminar os campos
Os belos campos que andei
Procurando meu amor.
De tanto amor que te dei.
Nas horas que te busquei
Fazendo do frio, calor.
No fio desta esperança
Desta esperança de amor...
Publicado em: 02/01/2007 15:37:32
Última alteração:28/10/2008 20:53:07


Voltar
A ser
O que
Se quis
E o tempo negou.
Restando
Os olhos
Promessas
Fartas
Cartas na mesa.
Vida e surpresa
Sou presa de ti.
Apressa essa lua
Tão minha tão tua
Trazendo esperança...
Publicado em: 14/05/2008 09:49:31
Última alteração:21/10/2008 14:38:50



Esperança não pode ser atriz,
Nem pode desfilar qual fosse puta.
Nos olhos do meu povo, a meretriz,
Não pode se esquecer de tanta luta...

Esperança não pode ser vendida,
Nem pode ser deixada sob a mesa.
Reflete tantas vezes, nossa vida,
Não pode ser envolta por tristeza...

Esperança acordando molemente,
É melhor que matar nosso futuro...
A vida se aproxima mansamente,

Esse chão que percorre é muito duro...
Esperança levanta calmamente,
Nosso céu inda está, por certo, escuro...

Mas a luz aparece devagar,
Não temos o direito de matar,
A esperança que acaba de acordar!
Publicado em: 03/11/2007 20:47:50
Última alteração:13/10/2008 07:43:24


Esperança não se cansa
De tocar meu coração,
A saudade quando alcança
Do passado, uma ilusão...
Publicado em: 07/08/2008 15:48:37
Última alteração:19/10/2008 22:19:52


Esperança Virando Realidade Cantos I, II, III , IV ,V , VI ,VII e VIII
Canto I

No sertão do Brasil, a fome impera,
Devora mais solene, nada resta...
O sol que se transforma na quimera
Que traga, maltratando toda festa,
A miséria cruel, qual fosse fera
Não deixa nem sequer abrir a fresta
Da esperança sutil. Porta fechada,
A vida transcorrendo desgraçada!

Amor pernambucano, sertanejo,
As dores são sentidas sem ter pena,
A chuva salvadora traz desejo.
Mas tanta chuva assim, tudo envenena,
Nos céus a tempestade, relampejo...
Enchentes vão roubando toda a cena!
Nasceste neste chão bem brasileiro,
Misturas infernais, dor e braseiro...

Cruel fome imperando sobre a terra,
Nada mais restaria por fazer...
Descer, subir, procuras outra serra;
Onde enfim poderias lá viver...
A noite tenebrosa, grita, berra...
A luta é por poder sobreviver...
Sertanejo, homem forte de verdade,
Procura novo canto: liberdade!

Irmãos são tantos, todos sonhadores.
A terra amada fica para trás,
Poder saber jardins, colméias flores,
A rapadura doce satisfaz...
A terra seca, guarda seus rancores,
Noite escura promete ser capaz
De trazer esperanças de melhora.
A vida necessita aqui, agora!

O cachorro latindo, a casa fica,
Os olhos marejados, sofrimento.
Estrada mais comprida, longa, estica...
A dor cruel, terrível, do momento...
A mãe tão pobre, sempre muito rica
Do que importa na vida. Toma assento
No pau d’arara pobre nordestino,
Abandonando tudo, vai menino!

A morte que rondava cada casa,
Nos filhos desses pobres lutadores,
Injustiça cruel, vem, tudo arrasa,
Não deixando senão os seus horrores...
O chão queimando, mata, velha brasa,
A vida recordando seus valores:
Amizade, carinho ao companheiro,
A sina desse grande brasileiro!


Foi, pelas mãos d’Eurídice saber,
Conhecer a verdade dessa vida,
Que mais importa a luta que vencer,
A dor cruel, que corta, despedida...
O mundo inteiro iria poder ver,
Das terras do sertão vir, ressurgida,
As lendas dos caboclos corajosos,
Os mal vestidos, pobres, andrajosos...

Dos oito que nasceram, oito filhos,
Sétimo. Tinha sete anos, quando,
Das terras sequiosas, andarilhos,
Partiram para o Sul, lá procurando
Caminhos para a vida, novos trilhos.
A sorte, sobrevida, já raiando...
Deixando as marcas: fome, sede, pranto.
Nas tardes, nas auroras, novo canto!

Treze dias, viagem complicada,
Cruel fome espreitando cada curva,
Sete anos, menino pensa em nada,
Cada noite, visão ficando turva.
A vida se parece com estrada,
Quem dera meu Senhor, viesse chuva!
Nunca precisaria se mudar,
Do sertão brasileiro, seu luar!


A miséria campeia, traga tudo,
A fome que vagueia, tudo mata,
No peito do moleque dói. Contudo
Uma nova esperança qu’arrebata,
Esse menino forte, parrudo.
A vida não seria mais ingrata.
Poder ajudar mãe, vencer os medos,
Conhecer dessa vida, seus segredos...

Ao chegar em São Paulo, o nordestino,
Encontra, nas promessas renegadas,
Outra luta cruel pelo destino,
A vida não deixara nem pegadas,
Arregaçando as mangas, o menino,
Procura, nas esquinas, nas calçadas,
A forma de melhor sobreviver.
Trabalhando, laranjas prá vender!

Para muitos, parece muito fácil,
Para quem nunca a vida foi cruel.
Um menino pequeno, forte, grácil,
A distância d’inferno até o céu,
Logo deu-se a saber. Luiz Inácio,
Garoto inteligente, perspicaz,
Soube, bem cedo a luta que se faz,

Para poder viver nesse Brasil,
Cantado em versos prosas, desumano...
Num hino que sugere varonil;
Enluta, ao transformar-se num engano.
Seu brilho entre milhares, outras mil,
Se perde na miséria. Noutro plano,
As riquezas levadas dos mais pobres,
Fizeram os palácios... Ouros, cobres...

País de tantas lutas, liberdade,
Buscaram teus antigos sonhadores,
Nos campos, pelas ruas e cidade,
Torturas que geraram sofredores...
A lua que enebria de saudade,
Vermelha, testemunha nossas dores...
Nordeste, valentia nos sertões,
Canudos, virgulinos Lampiões!

Brasil, da escravidão todas as raças,
No cárcere da fome e da miséria.
Os olhos marejados, todo embaças,
Latejas vais pulsando cada artéria.
Nas crianças famintas, nossas praças,
Decompostas são frágeis, na matéria,
Mas as almas sedentas de justiça,
Sobrepõem-se por sobre essa carniça!

Um novo nordestino, velha sina.
As bocas procurando uma saída,
A morte, se renova, severina.
Quem dera converter em nova vida,
Quem olha, nem sequer pensa, imagina.
O futuro fará da dor contida,
Esperança feliz de novos tempos,
Sobrepujando, assim, os contratempos!

História, nas memórias mais antigas,
As guerras, foram marcos, velhas lutas...
Sorrisos de crianças, nas cantigas,
As dores escondidas nessas grutas
Da alma, que tenta brilho. Nas intrigas
Dos poderosos, nada mais escutas;
A não ser essa sede de poder.
Tantas vezes restou sobreviver!

“N’ auriverde pendão de minha terra,”
Tanto sangue inocente avermelhou!
Gado, povo marcado, o rico ferra
Cravando as suas marcas. Já roubou,
Matou, trucidou. Nossa terra encerra
Somente a esperança que restou.
Novos mundos, antigas tempestades.
Brasil, vivem em ti, desigualdades...

Era preciso, estava escrito assim;
Que, nascido do povo, um operário,
Trouxesse a esperança para, enfim,
Moldássemos da dor, um relicário.
Tivéssemos dureza do marfim,
Na beleza gentil de ser contrário
Ao rumo percorrido no passado;
Por um povo sofrido, abandonado!


CANTO II



Nas vilas periféricas, favelas,
A vida se demonstra mais cruel,
Quem pintou dos subúrbios belas telas,
Não tem noção sequer desse escarcéu.
Tantas pessoas boas moram nelas,
Porém se distanciam deste céu
Cantado por poetas e cantores...
Coexistindo as flores, muitas dores...

Injustiças parecem muito fortes,
Distâncias gigantescas entre vidas,
Parecem bem distintas várias sortes.
Caminhos tortos levam despedidas;
São diferentes rumos, sinas, nortes,
As lágrimas iguais são bem sortidas...
Se morre baleado, ou prisioneiro,
D’outra forma, escraviza o brasileiro...

Nossas grandes cidades são infernos!
Na discriminação, o nordestino,
Vestidos pobremente sem ter ternos,
Soam como se fossem desatino,
Famintos sertanejos... Dos modernos
Prédios, os escultores. Um menino,
Sete anos, já conhece muito bem
Como é dura essa vida... Ser alguém,

Pensava esse moleque sonhador.
As laranjas vendendo na cidade;
Vicente de Carvalho, sim senhor,
Logo o trazem de volta à realidade...
Estudar, trabalhar, ser um doutor.
Poder subir, viver na claridade...
Mãe está esperando lá me casa...
Mas, quando acorda, a vida tudo arrasa!

Jogando futebol, sonho acalenta.
Quem sabe jogaria no seu time.
Mas um corintiano, tudo agüenta,
Não há nada no mundo que se estime
Mais que a vitória firme nos noventa
Minutos. A derrota é como um crime,
Teimosamente nunca campeão,
Assim vai se treinando um coração!

Periferia, fera que devora;
Os sonhos são perdidos na poeira.
A morte violenta que se aflora
Em cada esquina. A gente brasileira
Pobre, vai conhecendo assim nest’ hora,
O quanto que é cruel, triste bandeira...
Iguais, no sofrimento, aos do sertão,
São irmãos nessa mesma escravidão!

As laranjas maduras do menino,
Vendidas pelas ruas, dúzias, centos...
Muitas vezes azedam o destino;
Outras tantas, trazendo ensinamentos,
Demonstrando que a vida, sol a pino,
Pelas lutas se transforma, novos ventos...
Nessas mãos tão pequenas, tanta luta.
No caderno, no lápis, força bruta!

Nas batalhas do pai, estivador;
Nos carinhos da mãe mulher zelosa,
A vida acaricia, traz o odor
De alegrias cheirando a flor, a rosa...
Aprender, conhecer que só o amor,
Uma força maior, misteriosa,
É capaz de vencer dificuldades.
Dar, ao final do túnel, claridades...

No Rio de Janeiro, capital
Do país, bem distante do menino,
Em meio aos festejos, carnaval,
Um homem batalhava seu destino...
Trazia nos seus olhos, brilho tal,
Legando ao nosso povo novo tino.
Serpentes perseguiam o velhinho,
Espremiam, deixando-o sozinho...

Quem lutara feroz, estava só...
O poder se tornara uma desgraça,
Quem fora bem mais forte dava dó,
O povo ia perdido pela praça...
Pouco a pouco apertavam forte nó,
Aumentavam criavam nova farsa.
O Brasil, choraria com certeza
A perda de quem fora fortaleza!

Encurralado como fora um cão,
Não vê outra saída mais honrosa.
Aquele que passara, furacão;
Deixando a vida, passa a ser u’a rosa
A brilhar. Verdadeiro coração
Batendo fortemente. Dolorosa
História... Nosso herói, Getúlio Vargas,
As minhas emoções, vozes... Embargas...

Outro herói, Tiradentes... Temos poucos;
Na verdade, esperanças são bem raras...
Liberdade traz gritos belos, roucos,
As nossas lutas sempre foram caras.
Alguns sangrados vivo; outros loucos,
As noites mais escuras serão claras,
A mensagem virá do nosso povo.
Do nosso sofrimento, vem o novo!

Zumbi lá dos Palmares. Liberdade.
O negro, nordestino, índio e pobre,
Nos trarão, com certeza, a claridade.
De tanto sangue e lutas, terra cobre,
Sabermos, bem de perto, essa verdade.
Pois antes que, de novo, o sino dobre,
É preciso lutar, sem descansar.
A vitória final, irá chegar!

Canto III




Brasil, em teus contrastes, tanta luta...
A mão que acaricia é logo morta,
Em teus sonhos, polui a força bruta.
Calam sempre quem tenta abrir a porta.
Conselheiro, Canudos. Funda a gruta
Onde enterram teus sonhos, vida torta...
Trucidaram Getúlio, esses farsantes...
Só o tempo revela tais gigantes!

De Minas aparece um sonhador...
D’outras terras famintas das Gerais,
Um médico, mas também um cantador,
Peixe vivo não canta nunca mais...
No Planalto central plantou u’a flor,
Ninguém esquecerá dele, jamais...
Tantas vezes maldito para os vermes,
Nas batalhas, surgia um novo Hermes!

Elites brasileiras são gulosas;
Não permitem ao pobre nem um sonho...
Não querem ver nascer jardins e rosas,
Onde sempre viveu povo tristonho.
As plagas brasileiras maviosas,
Divididas serão sonho medonho!
Matam, destroem, colhem sem plantar,
As roças dos famintos. Explorar!

Nosso sangue só serve: transfusão!
Nossas filhas só servem para a cama,
As mulheres sagradas, sem perdão,
Acendem todo dia nova chama;
A chama desse forno, do fogão...
De resto, só nos resta então a lama...
Analfabetos, simples brasileiros,
Para eles, somos palha nos palheiros!

Deus, permita em tua glória, meu Pai,
Que nosso massacrado povo tenha,
Algo mais que essa chuva que descai.
Que não seja madeira, pó e lenha,
Acesos nos porões onde se trai
As lutas que marcaram. Ó Pai, venha
Dar alento aos sofridos pequeninos,
Nas mãos desses meninos, desatinos...

Não permita que matem o botão,
Não deixe que torturem quem não fere,
A marca da pantera, solidão...
As noites que surgiram, dor confere,
As luas que brilharam no sertão,
Não deixe que se morra nem que espere,
Os humildes precisam de comida,
Trabalho dignidade, enfim, de VIDA!

O povo que escolheste para a glória,
Não pode perecer sem esperanças,
As mortes que sofremos, velha História,
Não podem macular nossas crianças,
Que nunca mais percamos, na memória,
As dores que curtiram as lembranças...
Nos passos desses velhos sofredores,
Derrame tua glória, tuas flores!

Brasil, filho do branco, índio e do preto,
Num povo glorioso, vira lata,
Das festas, carnavais e do coreto,
As costas já lanhadas na chibata,
No sonho de igualdade que me meto,
Um Eldorado novo, d’ouro e prata!
Traduzo em pão e vinho, nossa luta,
Onde estás meu Senhor, que não me escuta!

O menino nordestino engraxate,
As dores por herança, mas não cansa,
Tanta fome rondando, faz biscate,
Para ver se a miséria não alcança...
Um coração pequeno, teima e bate,
Sem nunca desistir dessa esperança!
Cresce menino, o tempo não irá
Deixar de seguir, nunca vai parar...

Escola, mãe zelosa, traz futuro,
Emprego necessita profissão,
Tão difícil transpor um alto muro,
Faculdade? Doutor? Uma ilusão...
Melhor do que tentar salto no escuro,
Não podendo voar, os pés no chão...
O que fazer então? Um brasileiro
Se forma, metalúrgico torneiro...

Enquanto isso, Brasília a capital,
Dos sonhos dum mineiro diamantino,
Construída, Planalto bem central,
Coração do Brasil, d’outro menino,
É possível, falaz, isso é real!
As mãos tão delicadas do destino,
Iriam transformar a realidade.
Esperança traduz felicidade!

Porém, a vida trouxe tempestades,
Piores que pensavam pessimistas,
Nos campos, pelas ruas e cidades,
Mataram, torturaram, sequer pistas;
Tantos breus esconderam claridades,
A voz calada, sangram os artistas...
Esperança brotava no começo,
Mas a dor salpicou, criou tropeço...

O Brasil que pensava, enfim, sonhar,
Reformas necessárias planejadas,
Brilhava, enfim, um belo, bom luar,
Esperanças parecem vir raiadas,
O povo pensava enfim em cantar,
O sol a percorrer novas estradas...
Mas a mão das elites é pesada,
Destrói feroz, não deixa quase nada!

Elegeram um louco presidente
Que, tentando tornar-se ditador,
Num dia, sem porque, nem que se tente
Explicar, tal boçal conservador,
Deixando a todo mundo, toda gente,
Boquiabertos; renúncia traz torpor!
Os mesmo que mataram velho Vargas,
Novamente detonam suas cargas...

E tentam impedir essas mudanças,
Que poderiam dar uma igualdade.
Tentaram proibir as novas danças,
Lutaram contra a nossa liberdade,
Fizeram tantas torpes alianças,
Vedaram desse céu a claridade...
Fizeram plebiscito pra calar,
Mais forte, nosso povo foi gritar!

Os tanques invadiram nossas praças,
As ruas se transformam num deserto,
Montaram diferentes, velhas farsas,
Mentiras inverdades, longe e perto,
As vozes duma treva nas trapaças,
A noite devorando, o chão aberto,
Tragando quem pensava e não queria,
Satanás delirava nessa orgia!

CANTO IV


As trevas carcomendo todo sonho,
As noites tenebrosas sanguinárias.
Pesadelo vivido tão medonho...
As ruas que perderam luminárias.
Um grito tresloucado mais medonho;
Expõe a carne podre, dores várias...
Das fúnebres prisões um só lamento...
A vida se tornando sofrimento...

As marcas da chibata, do fuzil,
As costas tão lanhadas, cicatrizes...
O peito que antes fora varonil,
Carrega descoradas tais matizes.
A noite se quedou sobre o Brasil.
As esperanças foram meretrizes.
Os corpos nos galpões da ditadura.
Testemunhas cruéis da noite escura!

Os generais perdidos, tresloucados.
O povo amordaçado num segundo...
Os pobres outra vez abandonados,
Nosso povo, alimária desse mundo...
Os sonhos mais gentis, despedaçados.
O corte penetrou, largo e profundo.
Vivíamos penumbras e fantasmas,
Dos corpos emanavam os miasmas...

Estudantes cantando liberdade,
As elites defendem os carrascos;
Onde houvera esperança, crueldade.
A revolta contida sob os cascos:
Dos cavalos, dos donos da verdade.
Aos céus subindo o nojo, vergonha, ascos...
Só tínhamos certeza da vingança.
A liberdade, nunca que se alcança!

Nas mortes de meninos sonhadores,
Orgulho para tétricos verdugos.
Nos sorrisos cruéis, torturadores.
Para o povo sequer restos, refugos.
Nossa pátria perdida sem amores,
Submetida, “gentil”, a podres jugos!
Fagulhas explosivas dor remove,
Um resto de esperança nos comove...

Vertiginosamente tudo cai.
As tropas derrubando sem perdão;
A lágrima caída, o peito trai
As sobras do que fora coração.
A noite intransigente, nunca sai...
Ao povo não restando solução.
Uma mancha tenaz cobre a bandeira,
O sangue dessa gente brasileira!

“Pelos campos a fome”, plantações,
Nas escolas fuzis tomando assento...
Nas ruas, as elites, procissões.
Nunca mais pararia tal tormento?
A quem sonha só restam decepções.
Decepados os pés, cessado o vento...
Lutadores se exilam poucas ilhas,
Alguns tentam lutando nas guerrilhas!

Em São Paulo, o menino atento assiste,
Frei Chico, seu irmão; um comunista.
Um sonhador que nunca mais desiste,
Por mais que a noite venha, que se insista.
Um resto de esperança ali resiste;
Esta vida, altaneira, deixa pista.
Com olhos perspicazes um portal,
Na batalha da luta sindical.

O menino, já moço, inteligente,
Percebe bem profunda essa esperança.
Nas lutas vai buscando outra vertente;
Da justiça mantida na lembrança...
A sua mão cortada em acidente,
Trabalho, metalúrgica Aliança...
Aliança também trouxe Marisa,
A mansa companheira, doce brisa...

Nascia assim, o líder brasileiro.
Testemunha real das injustiças.
Nas veias corre sangue verdadeiro
Das vítimas mais frágeis das cobiças.
No peito avermelhado, tal braseiro;
Que não teme sequer batalhas, liças...
Mais forte então, surgia a esperança.
Mais alto, no horizonte, a vista alcança!

No país, atolado até o pescoço,
Nas injustas carcaças do poder;
Cada vez aumentando o triste fosso...
O pobre mais faminto, quer comer!
As balas explodiram Calabouço,
O Sangue de estudantes a verter...
Em Brasília distantes da verdade;
As ordens que chegavam: crueldade!

Nas matas d’Araguaia, a resistência,
Caparaó, montanhas lutadoras.
Não deixam nem sequer pedir clemência,
As balas detonadas, matadoras.
Os cães perderam toda a paciência;
Cravaram suas presas sangradoras!
Esperança manchada de vermelho,
Mas o povo jamais dobra o joelho!

Nos exílios, torturas, “suicídios”;
Nas mães desesperadas, nos seus filhos,
Em tantos vergonhosos homicídios.
Nos olhos embaçados, parcos brilhos;
Venenos de serpentes, maus, ofídicos.
O sangue esparramado nos ladrilhos!
Nosso povo sangrado, analfabeto,
Estropiado, agônico, incompleto...

Tantas farsas montadas nas cadeias,
Tantos mortos deixados ao relento...
O sangue percorrendo nossas veias;
Levado por abutres, vai ao vento...
Tantas luzes acesas nas candeias.
Refletem agonia e sofrimento.
Liberdade, pedia-se na rua.
Dos sertões, avermelha-se a lua!

CANTO V


A ditadura trouxe a tempestade,
Deixando muitos órfãos e viúvas,
Nos campos pareciam com saúvas,
A morte destruindo a mocidade,
Não restando sequer felicidade.
Em São Paulo, crescia um operário,
Amante dessa vida, libertário,
No sangue que corria em suas veias,
A chama alimentando essas candeias.
Lutando por justiça e por salários.

Tristes anos setenta, representam
As lutas desse povo varonil,
As dores não calaram o Brasil,
Brados fortes com raça se levantam,
Nos abraços, fantasmas já se espantam...
Resistência mais forte deste povo,
Nossa vida não pode ser estorvo
As gargantas unidas soltam grito,
Deus onde estás? Pergunta o povo aflito.
Liberdade, podemos ver de novo?

A mão pesada quebra toda lei,
Os coronéis submissos do Nordeste,
A vida transformando-se na peste,
Monarquia terrível sem ter rei,
Desse país mais justo que sonhei,
Nada resta senão caricatura,
Essa noite cruel por ser escura,
Não permite sequer benevolência,
Impera Norte Sul, tal violência,
Comum em toda torpe ditadura...

Resquícios de justiça são bem raros,
Prisões se transformando em cadafalsos,
A todos são vendidos dados falsos,
Os corpos esquecidos são bem caros,
Os cães que torturavam, finos faros...
Esgoto cloacal por um momento,
Verdade se perdeu no esquecimento,
As mortes dos meninos sonhadores,
Rasgando, destruindo tantas flores,
De balas de tortura, empalamento...

Nas portas, nos jardins da nossa casa,
As rosas se tornaram puro espinho,
Não resta nem sequer um pedacinho.
As tropas invadindo, tudo arrasa,
A terra que se queima sol e brasa,
Não deixa nem sequer sobreviver,
As plantas que teimavam em nascer.
As mãos dos generais são abortivas,
As pedras atiradas destrutivas,
A vida quer, teimosa renascer...

Vivíamos AI cinco vergonhoso,
As celas entupidas por crianças,
Que tinham ideais e esperanças,
Pensar era um rito perigoso.
O clima que se via, sulfuroso.
Completa dissonância de valores,
A terra que dizia ter amores,
As portas que se fecham para a vida,
Os jardins sem as flores. Distraída
A pátria convivia seus horrores.

Jorrava iniqüidades qual vulcão
Queimando toda forma de esperança,
Realidade morta... Na vingança
O gesto que maltrata sem perdão.
Na boca o sangue jorra podridão,
Brasil não tem sequer uma saída...
Distante, bem distante passa a vida.
Chorando a nossa pátria, mãe gentil,
Deteriorando todo o meu Brasil...

Nas mortes nas cadeias, “suicídios”,
Nas rimas amputadas dos poetas,
As pontas com veneno dessas setas,
Os corpos escondidos, homicídios,
Nas greves começando seus dissídios,
Nas portas das escolas e dos sonhos,
Quem dera se pudessem ser risonhos,
Os dias de tempestas sem futuro...
Jogados violentos, contra o muro,
Os déspotas por certo são bisonhos!

Luis Inácio trava forte luta,
Pelo respeito ao povo e seu salário.
A vida desse cabra, um operário,
Acostumado a glória da disputa,
Não teme nem a dor e nem a gruta.
Na saga dum valente nordestino,
O mundo não lhe nega seu destino,
As portas do futuro estão abertas,
A vida preparou os seus alertas,
Abrindo seus caminhos pro menino!

A lua que brilhava avermelhada,
Do sangue que corria em nossas veias,
Destino preparando suas teias,
Da mancha desta gente torturada,
Os píncaros celestes, madrugada,
Carregam tantos corpos, vão pesados,
Os olhos que choraram marejados,
Os dedos que perdemos nas batalhas,
Segredos se perderam nas navalhas.
O rosto desse povo desgraçado.

A lua vai virando de mansinho,
Vê Surgindo uma estrela em seu lugar,
Mais forte refletindo luz solar,
Estrela vem surgindo do carinho,
Da luta desse povo pobrezinho,
Dos sonhos que fizeram liberdade.
As portas vão se abrindo, claridade.
D’uma estrela vermelha como o sangue,
Nas praças nas estradas, campos, mangue
Esperança conhece realidade!

CANTO VI



A noite escura tantas vezes matou,
Tantas vezes torturas e lamentos,
Nas sangrias terríveis e tormentos,
Que um belo dia a noite clareou.
O povo adormecido, levantou
E viu que a noite nunca seria eterna.
Liberdade renasce cria perna
E começa de novo a sussurrar,
Num gemido; difícil segurar
A manhã renascendo, mansa terna...

Em São Paulo, o menino aparecendo...
Presidente sindicato, liberdade!
Gritando o nosso povo, na cidade
As flores vencerão! De novo tendo
A possibilidade renascendo,
O sol que já raiou brilhando forte.
Não temendo dor, guerra nem a morte,
Acorda a nossa pátria mãe gentil.
De novo a liberdade no Brasil!
Os dados são jogados com a sorte...

Os que se foram, voltam...São heróis,
O povo num só canto nas diretas,
Nas lutas por justiça, velhas metas.
Unidos representam u’a só voz!
Quem dera não voltasse noite atroz...
Quem já sofreu não quer essa tormenta!
Coração solidário não agüenta
A dor de se saber sozinho assim...
A noite que morreu, fugindo enfim,
Novos brilhos o céu tão belo ostenta!

As greves por melhores condições,
Trabalho e salário fábricas fechadas,
As mãos pesadas forças mal amadas,
Armadas não conseguem, nos portões,
Conter voz operária. Multidões
Andando pelas praças reivindicam
Direitos esquecidos, modificam
Relações de trabalho escravagistas,
Nos palcos os cantores e artistas,
Nas escolas, vitórias se edificam...

As bandeiras de luta são vermelhas...
Estrelas no céu voltam a brilhar.
A multidão cansada de esperar
Nas ruas e nas fábricas, centelhas...
Cansados de tais lobos, as ovelhas
Resolvem, simplesmente ir para a luta.
Não temem nem sequer a força bruta.
O povo já prepara sua couraça.
A mesma voz que cala, se amordaça,
Não se omite mais, entra na disputa!

O menino lutando então é preso...
Garras apodrecidas o pegaram,
Amordaçar o povo enfim, tentaram...
Mas o povo não cede, vai coeso.
Quem se sentia frágil, indefeso,
Não teme mais nefastas, más chibatas
Nas novas circunstâncias, novas matas,
Vida raiando bela, esperançosa,
A ditadura podre, vergonhosa,
Morrendo aos poucos, restos, lixos, latas...

Eurídice, menino está na cadeia,
Teu guerreiro, Luis, aprisionado...
Um passarinho livre, engaiolado.
A noite escurecendo já preteia
O horizonte na brasa que incendeia!
Eurídice, seu Lula, seu garoto...
Jogado pelos ratos desse esgoto
Vergonhoso que fede, ditadura.
Eurídice mãe, zelo de ternura,
As dores que vieram, não suporta.
A noite prendeu Lula, deixou morta
Guerreira maltratada, vida dura!

Olhos fechados, noite violenta...
A guerra começando, não termina.
A vida do menino, sua sina.
As correntes ferozes, arrebenta.
Na luta que não pára, sempre aumenta.
No dia que promete renascer,
As batalhas difíceis de vencer.
Lutando todo dia, a liberdade,
Parece inda distante realidade.
O novo dia tarda, vai nascer!

Igreja, sindicatos, estudantes.
A luta na harmonia se fez santa.
Vontade de mudar, o povo canta!
Os tempos que não param são mutantes.
Os livros reaparecem nas estantes!
Vermelhos são os olhos que choraram
Vermelho o sangue que já derramaram!
Vermelhos nossos sonhos de vingança;
Vermelha passa ser a esperança!
Vermelhos nossos dias se contaram!

Estrelas no céu, brilhos mais fortes...
Estrelas no mar, belas e sensíveis.
Estrelas nossos sonhos impossíveis.

Estrelas guias, rumos, metas, nortes...
Estrelas divinais nos darão sortes...
Estrelas radiantes lá do céu.
Estrelas nos cobrindo, doce véu.
Estrelas envolvidas de ternura,
Estrelas representam a bravura.
Estrelas avermelham meu dossel!

Nasce nova esperança, um novo sonho!
Noites nunca jamais serão iguais.
No fundo dessa noite brilha a paz!
De novo poderemos ter risonho
O dia que passamos, tão medonho!
Num novo canto, belo amanhecer,
Num novo dia, novo alvorecer.
Estrela avermelhada, nosso guia.
Estrela ressurgida, poesia!
Nascendo nova estrela no PT!


CANTO VII


Depois das tempestades mais cruéis,
Estrela brasileira quer brilhar...
Estrelas lá do céu, refletem mar...
Distantes generais e coronéis,
Os sonhos ressurgiram seus corcéis...
O povo pelas ruas exigente,
Espera ver nascer, tão de repente,
O sonho que sonhara todo dia...
Renascer no Brasil, democracia!
O dia clareou tão envolvente!!!

Nas ruas, batalhões procuram paz.
Diretas eleições prá presidente;
Gritava nosso povo, nossa gente...
Tempos negros, sangrentos, nunca mais!
O povo quer mostrar do que é capaz!
Nas ruas, batalhões foram frustrados,
Últimos estertores, des’perados,
Os donos do poder, podres servis,
Calaram nossos sonhos juvenis...
Os últimos grilhões foram mostrados!

Eleições indiretas novamente...
As portas semiabertas já mostravam,
Que os dias mais felizes,já chegavam
Mas essa ditadura renitente,
Não queria sair impunemente...
Nos plenários eleito foi Tancredo,
Mas a morte mistura-se com medo
E não deixou mineiro governar.
José Sarney entrou em seu lugar,
Estrela começava seu enredo!

Nesses anos confuso presidente,
Momentos belos, triste seu final.
As elites preparam festival.
Criando com sotaque diferente,
Um ser extraterrestre: Minha gente!
Crescia d’outro lado um operário,
Um nome com sentido libertário,
Estrela começando, quer brilhar,
Mas a podridão não quer deixar...
O rio procurando outro estuário!

Imprensa brasileira, tão servil...
Lacerda deixou muita tradição.
Dos nossos jornalistas, traição!
Jornais se transformando num covil.
Os submissos covardes do Brasil,
Criaram criatura mais infame,
Os jornais foram feitos de reclame.
Os vermes vendilhões interessados,
Trafegam com gravadores empunhados,
Estrume cultural há quem declame!

Esses mesmos pilantras de hoje em dia,
Vendidos pra vender uma revista,
Espelham na verdade essa golpista
Visão. Tentam lamber a burguesia...
A verdade? Pra quê? Essa se adia...
Tentam roubar do povo o coração...
Se escondem disfarçados qual ladrão.
Imprensa brasileira, me envergonha!
Tentando distorcer, rouba quem sonha.
O povo que te deu a concessão!!!

Nossa imprensa calhorda e tão safada;
Forjando tempestades num só lado,
Visando destruir sem ter plantado,
Maltrata nossa terra mãe amada,
Ocultando essa faca bem guardada,
Nas mãos que maltrataram, sem afago,
Tubarões e piranhas neste lago,
Empapuçam de sangue essa alvorada!!

Roubada por mentiras e patranha,
Estrela nunca mais irá dormir!
O seu tempo não tarda mais a vir...
Mesmo contra essa gente tão estranha,
Os ladrões e falsários... Arrebanha
O povo mais simplório mais sofrido...
Um país tão cruelmente dividido,
A fome se espalhando pelas ruas...
As lutas verdadeiras são as suas,
Estrela avermelhada do menino...
O Brasil buscará o seu destino..
Nas nossas lutas, bela, continuas...

O boneco criado pela imprensa,
Em flagrante delito já foi pego...
Pelo poder elite tem apego,
Muitas vezes o crime, sim, compensa...
Os jornais não puderam fechar prensa,
O nosso povo, saiu para a praça,
Nas escolas meninos... tal fumaça
Assustou poderosos e canalhas...
Escondidos, os ratos, velhas tralhas,
Disfarçados, misturam-se na massa!!!


CANTO VIII

Nosso povo sofrido, brasileiro;
Espera pelo santo salvador.
Nossa terra, vencido o seu valor,
Precisa desse sonho verdadeiro.
Poder gritar ao grande mundo inteiro.
Que somos orgulhosos deste chão!
Que esse nosso desejo não foi vão!
Que temos novidades para o mundo.
Que nosso país, belo e tão fecundo,
Nele posso viver uma nação!

Nas horas mais difíceis nossa luta!
Nos campos a faminta mocidade,
Nos olhos sem temor, a claridade.
Outra voz diferente não se escuta
A esperança vencer a força bruta!
Brasil, de vossos filhos novo canto!
Nossa terra encerrando tanto encanto!
Nosso povo mais simples varonil!
Orgulho desta audaz terra Brasil!
Nunca mais ouvirás o nosso pranto!

Entretanto, ladrões se apossariam
De teus bens de teu solo e teu orgulho!
Prostitutas soturnas, sem barulho,
Riquezas de teu povo venderiam,
Da nossa mãe gentil se perderiam...
Tais vândalos hipócritas audazes
Usando de disfarces bem mordazes,
Dilapidaram tudo que se tinha!
Bando de ave safada erva daninha,
Roubaram pobre povo sofredor.
Esquecendo qualquer ato de amor...
Nosso dia sonhado nunca vinha!!!

Quatro anos era pouco, querem mais!
Se preciso compram vil consciência!
No país em frangalhos a decência!
No governo tais víboras boçais,
Estropiam destroem, animais!
Oito anos de cruel destruição!
O povo tão faminto deste chão,
Procura pela estrela salvadora
A vida se precisa redentora.
As flores que nasceram no sertão!

Os vendilhões vestidos do poder
Rasgaram nossa terra nas entranhas.
Nossos bens pr’ essas gentes tão estranhas,
Foram cedidos. Roubam o querer,
Esperança jamais amanhecer!
A vergonha estampada em nosso peito,
O Brasil se transforma, sem direito,
Nosso povo faminto não tem chance,
Nossa vista perdendo todo alcance,
Nossa pátria parece não ter jeito!

Escândalos calados no Congresso,
A voz de nosso povo anda distante...
Um povo espoliado a cada instante..
Tanto erro cometido e não confesso,
A fome transtornando põe do avesso
As mentiras contadas pelos crápulas,
Nas nossas carnes marcas dessas máculas,
Os olhos esperando novos dias,
Por tempos de cantar de poesias,
Mas nosso sangue exposto a tais vermes, dráculas!

Sivam, telefonia, vale, tantos...,
Desmandos dessa corja vil, canalha...
As mentiras seus campos de batalha,
Ocultando os seus roubos pelos cantos,
Não se importam com todos nossos prantos.
A pátria prostituta foi criada,
De tal forma a riqueza foi roubada
Nosso solo esgotado por safados,
Brasileiros jamais foram roubados
Desta forma, sedenta e esfomeada!

Oito anos de total insensatez,
Nos engavetadores da justiça,
Nossa esperança velha e sem cobiça,
Reduzida a pó, nunca tem a vez.
Quando será? Terá enfim talvez?
Nos desfalques banqueiros sem igual,
Mas nunca tem problema, não é mal,
Nosso povo faminto paga a conta...
Por mais que a burguesia vil apronta
Nosso governo pensa: é natural!!!

Bilhões de reais foram roubados,
Nós Pagamos bem caro as roubalheiras.
As cores que pintaram as bandeiras,
Desse negro cruel dos enlutados,
Nos destinos do povo: esfomeados!
Na certeza de nunca mais ter glória.
O sangue respingando em nossa história.
Da terra prometida somos nada,
Até nossa cor verde foi roubada...
A marca da pantera na memória!


Canto IX

Nosso povo cansado desta liça
De tantas falcatruas e desvios.
A marca que domina, a da cobiça,
Os olhos dos ladrões, mirando frios.
Esperança que nunca foi noviça
De novo percorrendo nossos rios.
A mão desta criança esfomeada,
Que se senta na beira da calçada...

O medo reunido nesta elite,
Não quer que nosso povo tenha luz.
Não há mais coração que não palpite
No meio dessa plebe já reluz
Estrela avermelhada sem limite,
É força que nos guia e nos seduz!
Aurora que vivia envergonhada
Já surge na manhã tão estrelada!

Quem fora tempestade já não manda,
Os rastros se demonstram mais seguros.
Amor de juventude não desanda,
Os dias se prometem sobre os muros,
A lua que nos brilha, de Luanda
Nos trouxe tantos lumes nos chãos duros.
O Brasil carregando esta criança
Acende seu luzeiro de esperança!

Da boca da criança quase um riso,
Promessa de viver um novo canto.
O sangue derramado foi preciso
A noite que virá terá encanto,
Amor incendiado em paraíso
Espalha-se por certo em cada canto.
A vida se mostrando liberdade,
Distante vive a dor e a falsidade...

As tempestades chegam, se dissipam,
Os olhos do país miram p’ra frente.
Os laivos das vergonhas já se extirpam
O rosto da criança é envolvente,
As luzes que virão já se antecipam,
Um povo que se achava mais doente
Estrela avermelhada clareou.
O deus que é da esperança, enfim, vibrou!
Publicado em: 14/09/2006 22:30:30
Última alteração:29/10/2008 12:12:23



ESPERANÇA VIRANDO REALIDADE
No sertão do Brasil, a fome impera,
Devora mais solene, nada resta...
O sol que se transforma na quimera
Que traga, maltratando toda festa,
A miséria cruel, qual fosse fera
Não deixa nem sequer abrir a fresta
Da esperança sutil. Porta fechada,
A vida transcorrendo desgraçada!

Amor pernambucano, sertanejo,
As dores são sentidas sem ter pena,
A chuva salvadora traz desejo.
Mas tanta chuva assim, tudo envenena,
Nos céus a tempestade, relampejo...
Enchentes vão roubando toda a cena!
Nasceste neste chão bem brasileiro,
Misturas infernais, dor e braseiro...

Cruel fome imperando sobre a terra,
Nada mais restaria por fazer...
Descer, subir, procuras outra serra;
Onde enfim poderias lá viver...
A noite tenebrosa, grita, berra...
A luta é por poder sobreviver...
Sertanejo, homem forte de verdade,
Procura novo canto: liberdade!

Irmãos são tantos, todos sonhadores.
A terra amada fica para trás,
Poder saber jardins, colméias flores,
A rapadura doce satisfaz...
A terra seca, guarda seus rancores,
Noite escura promete ser capaz
De trazer esperanças de melhora.
A vida necessita aqui, agora!

O cachorro latindo, a casa fica,
Os olhos marejados, sofrimento.
Estrada mais comprida, longa, estica...
A dor cruel, terrível, do momento...
A mãe tão pobre, sempre muito rica
Do que importa na vida. Toma assento
No pau d’arara pobre nordestino,
Abandonando tudo, vai menino!

A morte que rondava cada casa,
Nos filhos desses pobres lutadores,
Injustiça cruel, vem, tudo arrasa,
Não deixando senão os seus horrores...
O chão queimando, mata, velha brasa,
A vida recordando seus valores:
Amizade, carinho ao companheiro,
A sina desse grande brasileiro!


Foi, pelas mãos d’Eurídice saber,
Conhecer a verdade dessa vida,
Que mais importa a luta que vencer,
A dor cruel, que corta, despedida...
O mundo inteiro iria poder ver,
Das terras do sertão vir, ressurgida,
As lendas dos caboclos corajosos,
Os mal vestidos, pobres, andrajosos...

Dos oito que nasceram, oito filhos,
Sétimo. Tinha sete anos, quando,
Das terras sequiosas, andarilhos,
Partiram para o Sul, lá procurando
Caminhos para a vida, novos trilhos.
A sorte, sobrevida, já raiando...
Deixando as marcas: fome, sede, pranto.
Nas tardes, nas auroras, novo canto!

Treze dias, viagem complicada,
Cruel fome espreitando cada curva,
Sete anos, menino pensa em nada,
Cada noite, visão ficando turva.
A vida se parece com estrada,
Quem dera meu Senhor, viesse chuva!
Nunca precisaria se mudar,
Do sertão brasileiro, seu luar!


A miséria campeia, traga tudo,
A fome que vagueia, tudo mata,
No peito do moleque dói. Contudo
Uma nova esperança qu’arrebata,
Esse menino forte, parrudo.
A vida não seria mais ingrata.
Poder ajudar mãe, vencer os medos,
Conhecer dessa vida, seus segredos...

Ao chegar em São Paulo, o nordestino,
Encontra, nas promessas renegadas,
Outra luta cruel pelo destino,
A vida não deixara nem pegadas,
Arregaçando as mangas, o menino,
Procura, nas esquinas, nas calçadas,
A forma de melhor sobreviver.
Trabalhando, laranjas prá vender!

Para muitos, parece muito fácil,
Para quem nunca a vida foi cruel.
Um menino pequeno, forte, grácil,
A distância d’inferno até o céu,
Logo deu-se a saber. Luiz Inácio,
Garoto inteligente, perspicaz,
Soube, bem cedo a luta que se faz,

Para poder viver nesse Brasil,
Cantado em versos prosas, desumano...
Num hino que sugere varonil;
Enluta, ao transformar-se num engano.
Seu brilho entre milhares, outras mil,
Se perde na miséria. Noutro plano,
As riquezas levadas dos mais pobres,
Fizeram os palácios... Ouros, cobres...

País de tantas lutas, liberdade,
Buscaram teus antigos sonhadores,
Nos campos, pelas ruas e cidade,
Torturas que geraram sofredores...
A lua que enebria de saudade,
Vermelha, testemunha nossas dores...
Nordeste, valentia nos sertões,
Canudos, virgulinos Lampiões!

Brasil, da escravidão todas as raças,
No cárcere da fome e da miséria.
Os olhos marejados, todo embaças,
Latejas vais pulsando cada artéria.
Nas crianças famintas, nossas praças,
Decompostas são frágeis, na matéria,
Mas as almas sedentas de justiça,
Sobrepõem-se por sobre essa carniça!

Um novo nordestino, velha sina.
As bocas procurando uma saída,
A morte, se renova, severina.
Quem dera converter em nova vida,
Quem olha, nem sequer pensa, imagina.
O futuro fará da dor contida,
Esperança feliz de novos tempos,
Sobrepujando, assim, os contratempos!

História, nas memórias mais antigas,
As guerras, foram marcos, velhas lutas...
Sorrisos de crianças, nas cantigas,
As dores escondidas nessas grutas
Da alma, que tenta brilho. Nas intrigas
Dos poderosos, nada mais escutas;
A não ser essa sede de poder.
Tantas vezes restou sobreviver!

“N’ auriverde pendão de minha terra,”
Tanto sangue inocente avermelhou!
Gado, povo marcado, o rico ferra
Cravando as suas marcas. Já roubou,
Matou, trucidou. Nossa terra encerra
Somente a esperança que restou.
Novos mundos, antigas tempestades.
Brasil, vivem em ti, desigualdades...

Era preciso, estava escrito assim;
Que, nascido do povo, um operário,
Trouxesse a esperança para, enfim,
Moldássemos da dor, um relicário.
Tivéssemos dureza do marfim,
Na beleza gentil de ser contrário
Ao rumo percorrido no passado;
Por um povo sofrido, abandonado!


CANTO II



Nas vilas periféricas, favelas,
A vida se demonstra mais cruel,
Quem pintou dos subúrbios belas telas,
Não tem noção sequer desse escarcéu.
Tantas pessoas boas moram nelas,
Porém se distanciam deste céu
Cantado por poetas e cantores...
Coexistindo as flores, muitas dores...

Injustiças parecem muito fortes,
Distâncias gigantescas entre vidas,
Parecem bem distintas várias sortes.
Caminhos tortos levam despedidas;
São diferentes rumos, sinas, nortes,
As lágrimas iguais são bem sortidas...
Se morre baleado, ou prisioneiro,
D’outra forma, escraviza o brasileiro...

Nossas grandes cidades são infernos!
Na discriminação, o nordestino,
Vestidos pobremente sem ter ternos,
Soam como se fossem desatino,
Famintos sertanejos... Dos modernos
Prédios, os escultores. Um menino,
Sete anos, já conhece muito bem
Como é dura essa vida... Ser alguém,

Pensava esse moleque sonhador.
As laranjas vendendo na cidade;
Vicente de Carvalho, sim senhor,
Logo o trazem de volta à realidade...
Estudar, trabalhar, ser um doutor.
Poder subir, viver na claridade...
Mãe está esperando lá me casa...
Mas, quando acorda, a vida tudo arrasa!

Jogando futebol, sonho acalenta.
Quem sabe jogaria no seu time.
Mas um corintiano, tudo agüenta,
Não há nada no mundo que se estime
Mais que a vitória firme nos noventa
Minutos. A derrota é como um crime,
Teimosamente nunca campeão,
Assim vai se treinando um coração!

Periferia, fera que devora;
Os sonhos são perdidos na poeira.
A morte violenta que se aflora
Em cada esquina. A gente brasileira
Pobre, vai conhecendo assim nest’ hora,
O quanto que é cruel, triste bandeira...
Iguais, no sofrimento, aos do sertão,
São irmãos nessa mesma escravidão!

As laranjas maduras do menino,
Vendidas pelas ruas, dúzias, centos...
Muitas vezes azedam o destino;
Outras tantas, trazendo ensinamentos,
Demonstrando que a vida, sol a pino,
Pelas lutas se transforma, novos ventos...
Nessas mãos tão pequenas, tanta luta.
No caderno, no lápis, força bruta!

Nas batalhas do pai, estivador;
Nos carinhos da mãe mulher zelosa,
A vida acaricia, traz o odor
De alegrias cheirando a flor, a rosa...
Aprender, conhecer que só o amor,
Uma força maior, misteriosa,
É capaz de vencer dificuldades.
Dar, ao final do túnel, claridades...

No Rio de Janeiro, capital
Do país, bem distante do menino,
Em meio aos festejos, carnaval,
Um homem batalhava seu destino...
Trazia nos seus olhos, brilho tal,
Legando ao nosso povo novo tino.
Serpentes perseguiam o velhinho,
Espremiam, deixando-o sozinho...

Quem lutara feroz, estava só...
O poder se tornara uma desgraça,
Quem fora bem mais forte dava dó,
O povo ia perdido pela praça...
Pouco a pouco apertavam forte nó,
Aumentavam criavam nova farsa.
O Brasil, choraria com certeza
A perda de quem fora fortaleza!

Encurralado como fora um cão,
Não vê outra saída mais honrosa.
Aquele que passara, furacão;
Deixando a vida, passa a ser u’a rosa
A brilhar. Verdadeiro coração
Batendo fortemente. Dolorosa
História... Nosso herói, Getúlio Vargas,
As minhas emoções, vozes... Embargas...

Outro herói, Tiradentes... Temos poucos;
Na verdade, esperanças são bem raras...
Liberdade traz gritos belos, roucos,
As nossas lutas sempre foram caras.
Alguns sangrados vivo; outros loucos,
As noites mais escuras serão claras,
A mensagem virá do nosso povo.
Do nosso sofrimento, vem o novo!

Zumbi lá dos Palmares. Liberdade.
O negro, nordestino, índio e pobre,
Nos trarão, com certeza, a claridade.
De tanto sangue e lutas, terra cobre,
Sabermos, bem de perto, essa verdade.
Pois antes que, de novo, o sino dobre,
É preciso lutar, sem descansar.
A vitória final, irá chegar!

Canto III




Brasil, em teus contrastes, tanta luta...
A mão que acaricia é logo morta,
Em teus sonhos, polui a força bruta.
Calam sempre quem tenta abrir a porta.
Conselheiro, Canudos. Funda a gruta
Onde enterram teus sonhos, vida torta...
Trucidaram Getúlio, esses farsantes...
Só o tempo revela tais gigantes!

De Minas aparece um sonhador...
D’outras terras famintas das Gerais,
Um médico, mas também um cantador,
Peixe vivo não canta nunca mais...
No Planalto central plantou u’a flor,
Ninguém esquecerá dele, jamais...
Tantas vezes maldito para os vermes,
Nas batalhas, surgia um novo Hermes!

Elites brasileiras são gulosas;
Não permitem ao pobre nem um sonho...
Não querem ver nascer jardins e rosas,
Onde sempre viveu povo tristonho.
As plagas brasileiras maviosas,
Divididas serão sonho medonho!
Matam, destroem, colhem sem plantar,
As roças dos famintos. Explorar!

Nosso sangue só serve: transfusão!
Nossas filhas só servem para a cama,
As mulheres sagradas, sem perdão,
Acendem todo dia nova chama;
A chama desse forno, do fogão...
De resto, só nos resta então a lama...
Analfabetos, simples brasileiros,
Para eles, somos palha nos palheiros!

Deus, permita em tua glória, meu Pai,
Que nosso massacrado povo tenha,
Algo mais que essa chuva que descai.
Que não seja madeira, pó e lenha,
Acesos nos porões onde se trai
As lutas que marcaram. Ó Pai, venha
Dar alento aos sofridos pequeninos,
Nas mãos desses meninos, desatinos...

Não permita que matem o botão,
Não deixe que torturem quem não fere,
A marca da pantera, solidão...
As noites que surgiram, dor confere,
As luas que brilharam no sertão,
Não deixe que se morra nem que espere,
Os humildes precisam de comida,
Trabalho dignidade, enfim, de VIDA!

O povo que escolheste para a glória,
Não pode perecer sem esperanças,
As mortes que sofremos, velha História,
Não podem macular nossas crianças,
Que nunca mais percamos, na memória,
As dores que curtiram as lembranças...
Nos passos desses velhos sofredores,
Derrame tua glória, tuas flores!

Brasil, filho do branco, índio e do preto,
Num povo glorioso, vira lata,
Das festas, carnavais e do coreto,
As costas já lanhadas na chibata,
No sonho de igualdade que me meto,
Um Eldorado novo, d’ouro e prata!
Traduzo em pão e vinho, nossa luta,
Onde estás meu Senhor, que não me escuta!

O menino nordestino engraxate,
As dores por herança, mas não cansa,
Tanta fome rondando, faz biscate,
Para ver se a miséria não alcança...
Um coração pequeno, teima e bate,
Sem nunca desistir dessa esperança!
Cresce menino, o tempo não irá
Deixar de seguir, nunca vai parar...

Escola, mãe zelosa, traz futuro,
Emprego necessita profissão,
Tão difícil transpor um alto muro,
Faculdade? Doutor? Uma ilusão...
Melhor do que tentar salto no escuro,
Não podendo voar, os pés no chão...
O que fazer então? Um brasileiro
Se forma, metalúrgico torneiro...

Enquanto isso, Brasília a capital,
Dos sonhos dum mineiro diamantino,
Construída, Planalto bem central,
Coração do Brasil, d’outro menino,
É possível, falaz, isso é real!
As mãos tão delicadas do destino,
Iriam transformar a realidade.
Esperança traduz felicidade!

Porém, a vida trouxe tempestades,
Piores que pensavam pessimistas,
Nos campos, pelas ruas e cidades,
Mataram, torturaram, sequer pistas;
Tantos breus esconderam claridades,
A voz calada, sangram os artistas...
Esperança brotava no começo,
Mas a dor salpicou, criou tropeço...

O Brasil que pensava, enfim, sonhar,
Reformas necessárias planejadas,
Brilhava, enfim, um belo, bom luar,
Esperanças parecem vir raiadas,
O povo pensava enfim em cantar,
O sol a percorrer novas estradas...
Mas a mão das elites é pesada,
Destrói feroz, não deixa quase nada!

Elegeram um louco presidente
Que, tentando tornar-se ditador,
Num dia, sem porque, nem que se tente
Explicar, tal boçal conservador,
Deixando a todo mundo, toda gente,
Boquiabertos; renúncia traz torpor!
Os mesmo que mataram velho Vargas,
Novamente detonam suas cargas...

E tentam impedir essas mudanças,
Que poderiam dar uma igualdade.
Tentaram proibir as novas danças,
Lutaram contra a nossa liberdade,
Fizeram tantas torpes alianças,
Vedaram desse céu a claridade...
Fizeram plebiscito pra calar,
Mais forte, nosso povo foi gritar!

Os tanques invadiram nossas praças,
As ruas se transformam num deserto,
Montaram diferentes, velhas farsas,
Mentiras inverdades, longe e perto,
As vozes duma treva nas trapaças,
A noite devorando, o chão aberto,
Tragando quem pensava e não queria,
Satanás delirava nessa orgia!

CANTO IV


As trevas carcomendo todo sonho,
As noites tenebrosas sanguinárias.
Pesadelo vivido tão medonho...
As ruas que perderam luminárias.
Um grito tresloucado mais medonho;
Expõe a carne podre, dores várias...
Das fúnebres prisões um só lamento...
A vida se tornando sofrimento...

As marcas da chibata, do fuzil,
As costas tão lanhadas, cicatrizes...
O peito que antes fora varonil,
Carrega descoradas tais matizes.
A noite se quedou sobre o Brasil.
As esperanças foram meretrizes.
Os corpos nos galpões da ditadura.
Testemunhas cruéis da noite escura!

Os generais perdidos, tresloucados.
O povo amordaçado num segundo...
Os pobres outra vez abandonados,
Nosso povo, alimária desse mundo...
Os sonhos mais gentis, despedaçados.
O corte penetrou, largo e profundo.
Vivíamos penumbras e fantasmas,
Dos corpos emanavam os miasmas...

Estudantes cantando liberdade,
As elites defendem os carrascos;
Onde houvera esperança, crueldade.
A revolta contida sob os cascos:
Dos cavalos, dos donos da verdade.
Aos céus subindo o nojo, vergonha, ascos...
Só tínhamos certeza da vingança.
A liberdade, nunca que se alcança!

Nas mortes de meninos sonhadores,
Orgulho para tétricos verdugos.
Nos sorrisos cruéis, torturadores.
Para o povo sequer restos, refugos.
Nossa pátria perdida sem amores,
Submetida, “gentil”, a podres jugos!
Fagulhas explosivas dor remove,
Um resto de esperança nos comove...

Vertiginosamente tudo cai.
As tropas derrubando sem perdão;
A lágrima caída, o peito trai
As sobras do que fora coração.
A noite intransigente, nunca sai...
Ao povo não restando solução.
Uma mancha tenaz cobre a bandeira,
O sangue dessa gente brasileira!

“Pelos campos a fome”, plantações,
Nas escolas fuzis tomando assento...
Nas ruas, as elites, procissões.
Nunca mais pararia tal tormento?
A quem sonha só restam decepções.
Decepados os pés, cessado o vento...
Lutadores se exilam poucas ilhas,
Alguns tentam lutando nas guerrilhas!

Em São Paulo, o menino atento assiste,
Frei Chico, seu irmão; um comunista.
Um sonhador que nunca mais desiste,
Por mais que a noite venha, que se insista.
Um resto de esperança ali resiste;
Esta vida, altaneira, deixa pista.
Com olhos perspicazes um portal,
Na batalha da luta sindical.

O menino, já moço, inteligente,
Percebe bem profunda essa esperança.
Nas lutas vai buscando outra vertente;
Da justiça mantida na lembrança...
A sua mão cortada em acidente,
Trabalho, metalúrgica Aliança...
Aliança também trouxe Marisa,
A mansa companheira, doce brisa...

Nascia assim, o líder brasileiro.
Testemunha real das injustiças.
Nas veias corre sangue verdadeiro
Das vítimas mais frágeis das cobiças.
No peito avermelhado, tal braseiro;
Que não teme sequer batalhas, liças...
Mais forte então, surgia a esperança.
Mais alto, no horizonte, a vista alcança!

No país, atolado até o pescoço,
Nas injustas carcaças do poder;
Cada vez aumentando o triste fosso...
O pobre mais faminto, quer comer!
As balas explodiram Calabouço,
O Sangue de estudantes a verter...
Em Brasília distantes da verdade;
As ordens que chegavam: crueldade!

Nas matas d’Araguaia, a resistência,
Caparaó, montanhas lutadoras.
Não deixam nem sequer pedir clemência,
As balas detonadas, matadoras.
Os cães perderam toda a paciência;
Cravaram suas presas sangradoras!
Esperança manchada de vermelho,
Mas o povo jamais dobra o joelho!

Nos exílios, torturas, “suicídios”;
Nas mães desesperadas, nos seus filhos,
Em tantos vergonhosos homicídios.
Nos olhos embaçados, parcos brilhos;
Venenos de serpentes, maus, ofídicos.
O sangue esparramado nos ladrilhos!
Nosso povo sangrado, analfabeto,
Estropiado, agônico, incompleto...

Tantas farsas montadas nas cadeias,
Tantos mortos deixados ao relento...
O sangue percorrendo nossas veias;
Levado por abutres, vai ao vento...
Tantas luzes acesas nas candeias.
Refletem agonia e sofrimento.
Liberdade, pedia-se na rua.
Dos sertões, avermelha-se a lua!

CANTO V


A ditadura trouxe a tempestade,
Deixando muitos órfãos e viúvas,
Nos campos pareciam com saúvas,
A morte destruindo a mocidade,
Não restando sequer felicidade.
Em São Paulo, crescia um operário,
Amante dessa vida, libertário,
No sangue que corria em suas veias,
A chama alimentando essas candeias.
Lutando por justiça e por salários.

Tristes anos setenta, representam
As lutas desse povo varonil,
As dores não calaram o Brasil,
Brados fortes com raça se levantam,
Nos abraços, fantasmas já se espantam...
Resistência mais forte deste povo,
Nossa vida não pode ser estorvo
As gargantas unidas soltam grito,
Deus onde estás? Pergunta o povo aflito.
Liberdade, podemos ver de novo?

A mão pesada quebra toda lei,
Os coronéis submissos do Nordeste,
A vida transformando-se na peste,
Monarquia terrível sem ter rei,
Desse país mais justo que sonhei,
Nada resta senão caricatura,
Essa noite cruel por ser escura,
Não permite sequer benevolência,
Impera Norte Sul, tal violência,
Comum em toda torpe ditadura...

Resquícios de justiça são bem raros,
Prisões se transformando em cadafalsos,
A todos são vendidos dados falsos,
Os corpos esquecidos são bem caros,
Os cães que torturavam, finos faros...
Esgoto cloacal por um momento,
Verdade se perdeu no esquecimento,
As mortes dos meninos sonhadores,
Rasgando, destruindo tantas flores,
De balas de tortura, empalamento...

Nas portas, nos jardins da nossa casa,
As rosas se tornaram puro espinho,
Não resta nem sequer um pedacinho.
As tropas invadindo, tudo arrasa,
A terra que se queima sol e brasa,
Não deixa nem sequer sobreviver,
As plantas que teimavam em nascer.
As mãos dos generais são abortivas,
As pedras atiradas destrutivas,
A vida quer, teimosa renascer...

Vivíamos AI cinco vergonhoso,
As celas entupidas por crianças,
Que tinham ideais e esperanças,
Pensar era um rito perigoso.
O clima que se via, sulfuroso.
Completa dissonância de valores,
A terra que dizia ter amores,
As portas que se fecham para a vida,
Os jardins sem as flores. Distraída
A pátria convivia seus horrores.

Jorrava iniqüidades qual vulcão
Queimando toda forma de esperança,
Realidade morta... Na vingança
O gesto que maltrata sem perdão.
Na boca o sangue jorra podridão,
Brasil não tem sequer uma saída...
Distante, bem distante passa a vida.
Chorando a nossa pátria, mãe gentil,
Deteriorando todo o meu Brasil...

Nas mortes nas cadeias, “suicídios”,
Nas rimas amputadas dos poetas,
As pontas com veneno dessas setas,
Os corpos escondidos, homicídios,
Nas greves começando seus dissídios,
Nas portas das escolas e dos sonhos,
Quem dera se pudessem ser risonhos,
Os dias de tempestas sem futuro...
Jogados violentos, contra o muro,
Os déspotas por certo são bisonhos!

Luis Inácio trava forte luta,
Pelo respeito ao povo e seu salário.
A vida desse cabra, um operário,
Acostumado a glória da disputa,
Não teme nem a dor e nem a gruta.
Na saga dum valente nordestino,
O mundo não lhe nega seu destino,
As portas do futuro estão abertas,
A vida preparou os seus alertas,
Abrindo seus caminhos pro menino!

A lua que brilhava avermelhada,
Do sangue que corria em nossas veias,
Destino preparando suas teias,
Da mancha desta gente torturada,
Os píncaros celestes, madrugada,
Carregam tantos corpos, vão pesados,
Os olhos que choraram marejados,
Os dedos que perdemos nas batalhas,
Segredos se perderam nas navalhas.
O rosto desse povo desgraçado.

A lua vai virando de mansinho,
Vê Surgindo uma estrela em seu lugar,
Mais forte refletindo luz solar,
Estrela vem surgindo do carinho,
Da luta desse povo pobrezinho,
Dos sonhos que fizeram liberdade.
As portas vão se abrindo, claridade.
D’uma estrela vermelha como o sangue,
Nas praças nas estradas, campos, mangue
Esperança conhece realidade!

CANTO VI



A noite escura tantas vezes matou,
Tantas vezes torturas e lamentos,
Nas sangrias terríveis e tormentos,
Que um belo dia a noite clareou.
O povo adormecido, levantou
E viu que a noite nunca seria eterna.
Liberdade renasce cria perna
E começa de novo a sussurrar,
Num gemido; difícil segurar
A manhã renascendo, mansa terna...

Em São Paulo, o menino aparecendo...
Presidente sindicato, liberdade!
Gritando o nosso povo, na cidade
As flores vencerão! De novo tendo
A possibilidade renascendo,
O sol que já raiou brilhando forte.
Não temendo dor, guerra nem a morte,
Acorda a nossa pátria mãe gentil.
De novo a liberdade no Brasil!
Os dados são jogados com a sorte...

Os que se foram, voltam...São heróis,
O povo num só canto nas diretas,
Nas lutas por justiça, velhas metas.
Unidos representam u’a só voz!
Quem dera não voltasse noite atroz...
Quem já sofreu não quer essa tormenta!
Coração solidário não agüenta
A dor de se saber sozinho assim...
A noite que morreu, fugindo enfim,
Novos brilhos o céu tão belo ostenta!

As greves por melhores condições,
Trabalho e salário fábricas fechadas,
As mãos pesadas forças mal amadas,
Armadas não conseguem, nos portões,
Conter voz operária. Multidões
Andando pelas praças reivindicam
Direitos esquecidos, modificam
Relações de trabalho escravagistas,
Nos palcos os cantores e artistas,
Nas escolas, vitórias se edificam...

As bandeiras de luta são vermelhas...
Estrelas no céu voltam a brilhar.
A multidão cansada de esperar
Nas ruas e nas fábricas, centelhas...
Cansados de tais lobos, as ovelhas
Resolvem, simplesmente ir para a luta.
Não temem nem sequer a força bruta.
O povo já prepara sua couraça.
A mesma voz que cala, se amordaça,
Não se omite mais, entra na disputa!

O menino lutando então é preso...
Garras apodrecidas o pegaram,
Amordaçar o povo enfim, tentaram...
Mas o povo não cede, vai coeso.
Quem se sentia frágil, indefeso,
Não teme mais nefastas, más chibatas
Nas novas circunstâncias, novas matas,
Vida raiando bela, esperançosa,
A ditadura podre, vergonhosa,
Morrendo aos poucos, restos, lixos, latas...

Eurídice, menino está na cadeia,
Teu guerreiro, Luis, aprisionado...
Um passarinho livre, engaiolado.
A noite escurecendo já preteia
O horizonte na brasa que incendeia!
Eurídice, seu Lula, seu garoto...
Jogado pelos ratos desse esgoto
Vergonhoso que fede, ditadura.
Eurídice mãe, zelo de ternura,
As dores que vieram, não suporta.
A noite prendeu Lula, deixou morta
Guerreira maltratada, vida dura!

Olhos fechados, noite violenta...
A guerra começando, não termina.
A vida do menino, sua sina.
As correntes ferozes, arrebenta.
Na luta que não pára, sempre aumenta.
No dia que promete renascer,
As batalhas difíceis de vencer.
Lutando todo dia, a liberdade,
Parece inda distante realidade.
O novo dia tarda, vai nascer!

Igreja, sindicatos, estudantes.
A luta na harmonia se fez santa.
Vontade de mudar, o povo canta!
Os tempos que não param são mutantes.
Os livros reaparecem nas estantes!
Vermelhos são os olhos que choraram
Vermelho o sangue que já derramaram!
Vermelhos nossos sonhos de vingança;
Vermelha passa ser a esperança!
Vermelhos nossos dias se contaram!

Estrelas no céu, brilhos mais fortes...
Estrelas no mar, belas e sensíveis.
Estrelas nossos sonhos impossíveis.
Estrelas guias, rumos, metas, nortes...
Estrelas divinais nos darão sortes...
Estrelas radiantes lá do céu.
Estrelas nos cobrindo, doce véu.
Estrelas envolvidas de ternura,
Estrelas representam a bravura.
Estrelas avermelham meu dossel!

Nasce nova esperança, um novo sonho!
Noites nunca jamais serão iguais.
No fundo dessa noite brilha a paz!
De novo poderemos ter risonho
O dia que passamos, tão medonho!
Num novo canto, belo amanhecer,
Num novo dia, novo alvorecer.
Estrela avermelhada, nosso guia.
Estrela ressurgida, poesia!
Nascendo nova estrela no PT!


CANTO VII


Depois das tempestades mais cruéis,
Estrela brasileira quer brilhar...
Estrelas lá do céu, refletem mar...
Distantes generais e coronéis,
Os sonhos ressurgiram seus corcéis...
O povo pelas ruas exigente,
Espera ver nascer, tão de repente,
O sonho que sonhara todo dia...
Renascer no Brasil, democracia!
O dia clareou tão envolvente!!!

Nas ruas, batalhões procuram paz.
Diretas eleições prá presidente;
Gritava nosso povo, nossa gente...
Tempos negros, sangrentos, nunca mais!
O povo quer mostrar do que é capaz!
Nas ruas, batalhões foram frustrados,
Últimos estertores, des’perados,
Os donos do poder, podres servis,
Calaram nossos sonhos juvenis...
Os últimos grilhões foram mostrados!

Eleições indiretas novamente...
As portas semiabertas já mostravam,
Que os dias mais felizes,já chegavam
Mas essa ditadura renitente,
Não queria sair impunemente...
Nos plenários eleito foi Tancredo,
Mas a morte mistura-se com medo
E não deixou mineiro governar.
José Sarney entrou em seu lugar,
Estrela começava seu enredo!

Nesses anos confuso presidente,
Momentos belos, triste seu final.
As elites preparam festival.
Criando com sotaque diferente,
Um ser extraterrestre: Minha gente!
Crescia d’outro lado um operário,
Um nome com sentido libertário,
Estrela começando, quer brilhar,
Mas a podridão não quer deixar...
O rio procurando outro estuário!

Imprensa brasileira, tão servil...
Lacerda deixou muita tradição.
Dos nossos jornalistas, traição!
Jornais se transformando num covil.
Os submissos covardes do Brasil,
Criaram criatura mais infame,
Os jornais foram feitos de reclame.
Os vermes vendilhões interessados,
Trafegam com gravadores empunhados,
Estrume cultural há quem declame!

Esses mesmos pilantras de hoje em dia,
Vendidos pra vender uma revista,
Espelham na verdade essa golpista
Visão. Tentam lamber a burguesia...
A verdade? Pra quê? Essa se adia...
Tentam roubar do povo o coração...
Se escondem disfarçados qual ladrão.
Imprensa brasileira, me envergonha!
Tentando distorcer, rouba quem sonha.
O povo que te deu a concessão!!!

Nossa imprensa calhorda e tão safada;
Forjando tempestades num só lado,
Visando destruir sem ter plantado,
Maltrata nossa terra mãe amada,
Ocultando essa faca bem guardada,
Nas mãos que maltrataram, sem afago,
Tubarões e piranhas neste lago,
Empapuçam de sangue essa alvorada!!

Roubada por mentiras e patranha,
Estrela nunca mais irá dormir!
O seu tempo não tarda mais a vir...
Mesmo contra essa gente tão estranha,
Os ladrões e falsários... Arrebanha
O povo mais simplório mais sofrido...
Um país tão cruelmente dividido,
A fome se espalhando pelas ruas...
As lutas verdadeiras são as suas,
Estrela avermelhada do menino...
O Brasil buscará o seu destino..
Nas nossas lutas, bela, continuas...

O boneco criado pela imprensa,
Em flagrante delito já foi pego...
Pelo poder elite tem apego,
Muitas vezes o crime, sim, compensa...
Os jornais não puderam fechar prensa,
O nosso povo, saiu para a praça,
Nas escolas meninos... tal fumaça
Assustou poderosos e canalhas...
Escondidos, os ratos, velhas tralhas,
Disfarçados, misturam-se na massa!!!


CANTO VIII

Nosso povo sofrido, brasileiro;
Espera pelo santo salvador.
Nossa terra, vencido o seu valor,
Precisa desse sonho verdadeiro.
Poder gritar ao grande mundo inteiro.
Que somos orgulhosos deste chão!
Que esse nosso desejo não foi vão!
Que temos novidades para o mundo.
Que nosso país, belo e tão fecundo,
Nele posso viver uma nação!

Nas horas mais difíceis nossa luta!
Nos campos a faminta mocidade,
Nos olhos sem temor, a claridade.
Outra voz diferente não se escuta
A esperança vencer a força bruta!
Brasil, de vossos filhos novo canto!
Nossa terra encerrando tanto encanto!
Nosso povo mais simples varonil!
Orgulho desta audaz terra Brasil!
Nunca mais ouvirás o nosso pranto!

Entretanto, ladrões se apossariam
De teus bens de teu solo e teu orgulho!
Prostitutas soturnas, sem barulho,
Riquezas de teu povo venderiam,
Da nossa mãe gentil se perderiam...
Tais vândalos hipócritas audazes
Usando de disfarces bem mordazes,
Dilapidaram tudo que se tinha!
Bando de ave safada erva daninha,
Roubaram pobre povo sofredor.
Esquecendo qualquer ato de amor...
Nosso dia sonhado nunca vinha!!!

Quatro anos era pouco, querem mais!
Se preciso compram vil consciência!
No país em frangalhos a decência!
No governo tais víboras boçais,
Estropiam destroem, animais!
Oito anos de cruel destruição!
O povo tão faminto deste chão,
Procura pela estrela salvadora
A vida se precisa redentora.
As flores que nasceram no sertão!

Os vendilhões vestidos do poder
Rasgaram nossa terra nas entranhas.
Nossos bens pr’ essas gentes tão estranhas,
Foram cedidos. Roubam o querer,
Esperança jamais amanhecer!
A vergonha estampada em nosso peito,
O Brasil se transforma, sem direito,
Nosso povo faminto não tem chance,
Nossa vista perdendo todo alcance,
Nossa pátria parece não ter jeito!

Escândalos calados no Congresso,
A voz de nosso povo anda distante...
Um povo espoliado a cada instante..
Tanto erro cometido e não confesso,
A fome transtornando põe do avesso
As mentiras contadas pelos crápulas,
Nas nossas carnes marcas dessas máculas,
Os olhos esperando novos dias,
Por tempos de cantar de poesias,
Mas nosso sangue exposto a tais vermes, dráculas!

Sivam, telefonia, vale, tantos...,
Desmandos dessa corja vil, canalha...
As mentiras seus campos de batalha,
Ocultando os seus roubos pelos cantos,
Não se importam com todos nossos prantos.
A pátria prostituta foi criada,
De tal forma a riqueza foi roubada
Nosso solo esgotado por safados,
Brasileiros jamais foram roubados
Desta forma, sedenta e esfomeada!

Oito anos de total insensatez,
Nos engavetadores da justiça,
Nossa esperança velha e sem cobiça,
Reduzida a pó, nunca tem a vez.
Quando será? Terá enfim talvez?
Nos desfalques banqueiros sem igual,
Mas nunca tem problema, não é mal,
Nosso povo faminto paga a conta...
Por mais que a burguesia vil apronta
Nosso governo pensa: é natural!!!

Bilhões de reais foram roubados,
Nós Pagamos bem caro as roubalheiras.
As cores que pintaram as bandeiras,
Desse negro cruel dos enlutados,
Nos destinos do povo: esfomeados!
Na certeza de nunca mais ter glória.
O sangue respingando em nossa história.
Da terra prometida somos nada,
Até nossa cor verde foi roubada...
A marca da pantera na memória!


Canto IX

Nosso povo cansado desta liça
De tantas falcatruas e desvios.
A marca que domina, a da cobiça,
Os olhos dos ladrões, mirando frios.
Esperança que nunca foi noviça
De novo percorrendo nossos rios.
A mão desta criança esfomeada,
Que se senta na beira da calçada...

O medo reunido nesta elite,
Não quer que nosso povo tenha luz.
Não há mais coração que não palpite
No meio dessa plebe já reluz
Estrela avermelhada sem limite,
É força que nos guia e nos seduz!
Aurora que vivia envergonhada
Já surge na manhã tão estrelada!

Quem fora tempestade já não manda,
Os rastros se demonstram mais seguros.
Amor de juventude não desanda,
Os dias se prometem sobre os muros,
A lua que nos brilha, de Luanda
Nos trouxe tantos lumes nos chãos duros.
O Brasil carregando esta criança
Acende seu luzeiro de esperança!

Da boca da criança quase um riso,
Promessa de viver um novo canto.
O sangue derramado foi preciso
A noite que virá terá encanto,
Amor incendiado em paraíso
Espalha-se por certo em cada canto.
A vida se mostrando liberdade,
Distante vive a dor e a falsidade...

As tempestades chegam, se dissipam,
Os olhos do país miram pra frente.
Os laivos das vergonhas já se extirpam
O rosto da criança é envolvente,
As luzes que virão já se antecipam,
Um povo que se achava mais doente
Estrela avermelhada clareou.
O deus que é da esperança, enfim, vibrou!
Publicado em: 01/10/2008 18:57:01
Última alteração:02/10/2008 13:45:04




Todos nós temos na vida
dor, tristeza, desengano...
Entende isto querida:
eu sou apenas humano

Tanta dor que nos maltrata,
Tanta tristeza que vem.
Desengano quase mata,
Que saudade do meu bem...

Toda noite, amor, te espero,
Com vontade de te ver.
Se não vem, me desespero,
Dá vontade de morrer...

Mas se estás, quanta alegria.
Felicidade divina.
Meu amor, a fantasia
Mais feliz, se descortina...

Depois de tanto viver,
Tanto amor, tanta lembrança
O que posso te dizer?
O remédio? Uma esperança!

HLuna

Marcos Loures


Publicado em: 08/02/2007 22:27:00
Última alteração:06/11/2008 12:09:35



O tempo célere, voa

E tudo vai me ensinando;

Se essa vida fosse boa,

Ninguém nascia chorando.


Mas uma coisa eu garanto,

No momento mais preciso

Assim que se seca o pranto

Aprendemos o sorriso.


A festa que a vida traz

Todo dia, nova dança,

É preciso ter a paz

Amiga de uma esperança.


Não se deve relembrar,

Deixe a tristeza de lado,

De que vale se chorar

Sobre o leite derramado?


Meu amigo, nessa vida,

Temos dor, temos prazer.

Uma sina a ser cumprida,

É bom aprender viver.


Toda dor que nos atina,

Às vezes é solução,

Somente ela nos ensina,

É só prestar atenção.


E partir depois da festa

Deixando muita saudade,

Viver o tempo que resta

Plantando felicidade!


Marcos Coutinho Loures

Marcos Loures


Publicado em: 09/06/2007 11:24:07
Última alteração:05/11/2008 21:44:02



Pela vida deixei caminhos claros,
Cansados velhos pés e tristes mãos...
Os medos se repetem não são raros...
Os dias se tornaram meus irmãos!

As dores, companheiras dessa estrada,
Não querem permitir tua visita.
À noite não me resta madrugada,
O coração destrói-se, dura brita...

Jardim morrendo, perco uma tulipa,
Já morta, não deixando a flor de lis.
A dor veloz, sorrindo me antecipa,
Irônica me diz: não és feliz!

Nas pontas das chibatas, desatinas...
O sangue que se escorre nunca estanca...
As praias no deserto minhas sinas,
A noite que sonhei, termina branca!

Perdido, me desfaço nos teus veios...
A lua não permite esse esplendor.
A mãe que me sustenta nega seios,
Estranhas tempestades, desamor!

Das rosas nunca tive seus eflúvios,
As portas que fechaste, são etéricas,
Os medos transformados em dilúvios,
As mortes são sinfônicas, histéricas!

Sonhara sempre ter comigo as graças,
Pensara tantas vidas imortais.
A vida me prepara tais desgraças.
Os sonhos que sofri, não quero mais!

Nas torpes caminhadas tantas eras,
As bocas escarrantes dos amigos...
As pragas meu castelo, velhas heras,
Não me protegerão desses perigos!

Num recôndito deixo o podre templo,
Não queira mais saber nem sei mais onde...
O resto dos meus laços, não contemplo.
Nos passos derrapantes perco o bonde...

Tantas vezes tentei saber segredos,
Muitas vezes perdi-me em teus ciúmes...
Nas portas da ambição velhos degredos,
Nos parques da emoção tensos queixumes...

Pois, como me deixaste em tenebrosos
Pesadelos, jamais vida circula
Entre os restos mortais, vis pavorosos...
A morte sanguinária traz dracula!

O meu desesperado tinto, sangue.
Vinícola fartura apaixonado...
No que me sobrar: podre, mar, mangue,
O passo que pensei descompassado...

As vísceras expostas, minha morte.
As pétalas rasgando o manso sonho...
Queimando-me venais expulsam sorte.
O karma minha herança, é mais medonho!

Nas vastidões perdido, pois sei frias,
Percebendo, ansiado, tal fluidez...
Nos pântanos nos pélagos, morrias.
Agora, percebi, é minha vez!

Quem me dera saber de teus mistérios!
Quem sempre fora amante, vai simbólica!
Dos tons que me dedicas, cemitérios,
Antenas minhas dores, parabólica!

Perdido, em desespero, olhos tão lívidos,
Bem sabes que legaste olhos mais frios.
Matando as sensações de serem vívidos,
Respingas teus venenos mais sombrios!

Muitas vezes perdido, sem ter rumo.
Adormecido em sarjetas velhas praças...
Jamais sobreviver, levantar prumo.
Servindo de isca viva para as caças.

Nas pontes, velhas fontes, nas Igrejas...
Dormindo pelas ruas da cidade...
Cansado das derrotas nas pelejas,
Buscando pela vida, claridade!

Resumo de fatal encenação,
Verdugo de mim mesmo, sem futuro.
Não sei de meus caminhos nem portão!
As cordas que salvam, salto o muro...

Vacinas e bacilos são venéreos
Espadas que me cortam, passageiras.
Os sons que me repetes nunca estéreos
Mordes-me com as presas verdadeiras!

Sorrateira manhã que não atrevo
A ponte que me deste, levadiça...
A vida sempre deixa um cruel trevo.
A morte me namora e me cobiça!!!

No meu quintal brotou urtigas, urzes,
A franja da ilusão raspando irônica.
Nas costas tanto peso, lenhos, cruzes...
Gargalha a gralha rindo-se histriônica!

Nos pontos de partida, sem destino.
As portas da saudade são ferozes.
Quem fora simplesmente esse menino,
As pernas nunca marcham, invelozes!

Só sei deste meu nada em nada creio,
Castelos de princesas desabados.
Não sou metade nunca tive um meio
Apelos que já fiz, desesperados!

Espero pela dor depois da curva,
A morte se prepara para a festa.
A vista que me deixa, fica turva
O lobo me devora na floresta!!!

Mereço ter meu mundo estropiado,
Rasgado pelas garras desta peste.
Os prêmios que perdi, paguei dobrado.
O fogo vem subindo em minha veste.

Cáspite! Merecia melhor sorte!
A dívida que tenho nunca acaba.
Quem sabe sorriria para a morte,
A noite no meu norte se desaba!

Vasculho nos meus bolsos, nada tenho..
Vasculho em minha cama, nem lençol,
Persigo meus defeitos de onde venho,
Não pude nem conheço nascer sol!

Nas catedrais silentes, velhos túmulos...
Homúnculos vestidos de quimera.
Nos altos dos meus sonhos, ledos cúmulos
Nas cartas que não fiz, parca e megera!!!

No parto que enfrentei, resta placenta.
A porca que engordei, morde ferrenha.
Resumos que não fiz, a noite venta,
Na mata sem saída a vida embrenha...

Nada mais tenho, nada mais terei,
Num canto, abandonado, fico mudo.
A vida me deixou u’a fatal lei.
O pássaro não voa, sou miúdo...

A bala engatilhada me responde.
Num revólver, resolvo meu problema.
Quem pensaria nobre, qual visconde,
Não deixa de cumprir esse dilema...

Da rapa do meu monte da lembrança,
Desperta, num momento essa aliança,
Vida, não sei se amor ou por vingança.
Num átimo reluz velha esperança!!!!
Publicado em: 03/10/2006 19:24:30
Última alteração:29/10/2008 12:03:19



Presa
Fera
Atada.
Acorrentada
Ferida.
Na altivez
A esperança...
Publicado em: 23/05/2008 11:27:37
Última alteração:21/10/2008 06:38:58


Esperança determina
Nosso rumo, nosso Norte,
Se o amor nos ilumina
Eu não temo nem a Morte...

Publicado em: 27/08/2008 12:03:03
Última alteração:17/10/2008 17:13:



Esperança não pode ser atriz,
Nem pode desfilar qual fosse p...
Nos olhos do meu povo, a meretriz,
Não pode se esquecer de tanta luta...
Esperança não pode ser vendida,
Nem pode ser deixada sob a mesa.
Reflete tantas vezes, nossa vida,
Não pode ser envolta por tristeza...

Esperança acordando molemente,
É melhor que matar nosso futuro...
A vida se aproxima mansamente,
Esse chão que percorre é muito duro...
Esperança levanta calmamente,
Nosso céu inda está, por certo, escuro...
Mas a luz aparece devagar,
Não temos o direito de matar,
A esperança que acaba de acordar!
Publicado em: 10/09/2008 20:01:56
Última alteração:17/10/2008 14:38:57



Não tenho sete faces
Gastei as sete vidas
E ando nu
E exposto
Carne viva
Dói e cicatriza..
Publicado em: 16/01/2010 09:34:16
Última alteração:14/03/2010 21:02:2


Esperança. Tortura e Salvação.

Esperanças

Embora talvez seja, realmente, o último sentimento que nos acompanha, muitas vezes pode ser o pior deles...

Para alguns é estranho que a esperança tenha sido colocada junto com os sentimentos dolorosos e terríveis dentro da caixa que estava aos cuidados de Pandora.

Mas a esperança É UM SENTIMENTO, muitas vezes, EXTREMAMENTE DOLOROSO E CRUEL.

Salutar? Sim! Claro que a esperança é saudável quando o sonho é possível e deve ser alimentada. COM TODA A PARCIMÔNIA POSSÍVEL.

Senão, vira um tormento. Tormento com cara de tsunami!

Quando a esperança é acompanhada da expectativa, então se torna avassaladora.

Não mate a esperança. Sossegue-a.
Saiba que o que sonhas pode não se tornar nunca realidade pois, muitas vezes é irrealizável.

Mantenha a serenidade e saiba que o futuro não se adivinha e nem se prevê, mas que está intimamente ligado ao teu presente e ao teu passado.

Portanto, plante a semente da boa esperança que terás uma grande chance de realizar os teus sonhos.

Mas, se não conseguires, não sofra por isso.
E, pelos menos tentes.

Nos momentos mais difíceis de tua vida a esperança, sem a adição da expectativa, te ajuda a superar as dificuldades.

AJUDA. Mas, isoladamente, não faz com que consigas.

A esperança é a vara que ajuda o saltador a passar por cima do obstáculo.

Somente isso. Sem a força do atleta e a flexibilidade e resistência da vara, nada feito...

Olhe, mineiramente, para a esperança.

Confie, desconfiando.

E não deixe que ela te impeça de ser feliz.

Principalmente isso, ela não te trará felicidade por si mesma.

Mas a use como aliada, não como base.

A casa construída sobre a esperança tem grandes chances de desabar.

Esperança é areia movediça.

Mas vale a pena cultivá-la com o devido carinho e a devida atenção.

Não é o caminho, mas ajuda a gente a chegar.

Não mata a sede, mas melhora o paladar.
Publicado em: 02/12/2006 11:33:30
Última alteração:27/10/2008 21:23:53



Ouvi-te a falar sobre a felicidade?
Pergunto meu amigo, o que é isso?
Porção de ópio, taça de vinho?/
Embriaguez d´alma,sentimento lindo?
Ah! nada sei sobre ela...
Vivo entre os escombros deixados por astutos políticos...
Moro numa ruela da favela...
Do humano existir, eu só pressinto,
Uma agonia vasta...
A casta da sociedade moderna...
Desgraça da plebe que sequer são gente!
Como ser contente...
Escorregando do monte da esperança...
Rumo ao abissal desengano em toda crença?
Ah! Essa tal felicidade...
Para mim não passa de uma falsidade!
Palavra bonita a criar ilusões...
Em destroçados e amargos, tristes corações!

Felicidade é sonho, isso eu bem sei,
Não vivo de ilusões, tu sabes disso.
Da vida, as injustiças que encontrei
Tiram toda beleza e todo o viço.
Mas tenho, bem no fundo, uma criança
Que sonha haver um dia, uma mudança.

O verso que imagino mais perfeito
Já passa pelas mãos de quem sonhou
Num mundo tão cruel, falta o Direito,
Amor, palavra vã que me restou.
Só tenho, no meu peito, em temperança
Resquícios tão pequenos da esperança!

ANNE MARIE
Marcos Loures
Publicado em: 31/05/2007 22:30:15
Última alteração:05/11/2008 21:47:13



O brilho salutar de uma esperança
Penetra n'alma e chega ao coração
E apaga aquela chama de ilusão -
Parece perto; mais ninguém alcança.

E temos que viver conforme a dança
Que traz-nos o destino pois se não
Sonhar demais traz grande depressão
Deixando muito amarga a lembrança...

Mas aprendemos todos os momentos
E dominar as sensações, os ventos
E todos outros tipos de demônios

Os meus sonhos são rústicos campônios
Em cujas mãos calejadas sempre havia
Um gesto de fantástica alegria...

GONÇALVES REIS
Marcos Valério Mannarino Loures
Publicado em: 07/08/2007 22:56:13
Última alteração:05/11/2008 16:54:09


A minha volta a vida continua
E eu sentado aqui observando
O Tempo - um larápio - só roubando
O viço d'alma e leva na falua

Também a juventude verde - crua
E a vida antes da hora - vez em quando
Não quero mais ficar me lamentando
Na solidão da noite para a lua

Persigo então um sonho mais distante
Que fora companheiro em juventude
Tomando com vigor uma atitude

Rompendo com temor, e neste instante
Encontro-me contigo, uma esperança
Que mostra o meu caminho com pujança...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 16/08/2007 16:45:14
Última alteração:05/11/2008 15:44:27

Esperança de Amar

Nas esperanças que trouxe ontem
No embornal, carregado e cheio.
Tantas coisas que não contem
Senão já se perde pelo meio.

Olhos cansados, mãos machucadas,
Pés feridos e peito pesado.
Às horas todas, nos vários nadas,
Por onde andava, estropiado.

Coloquei o embornal no lado esquerdo
Que fica mais fácil de carregar,
Não pude esconder todo o meu medo,
Esperança adora abrir bornal e voar.

Mas, estava bem fechado com linha
Daquelas de saco, que minha vó costurou.
Com agulha de tricô, a mais grossa que tinha.
Desse jeito, escapa não senhor.

Tanto engano! Foi só dar uns passos e trupicar.
As danadas começaram a fugir,
Pelo rasgão que foi cismar de dar
Na parte de cima do embornal, ali.

Na hora eu tentei segurar as esperanças.
É trabalho difícil, trabalho de estivador.
No meio de tantas dores, danças, contradanças,
Só sobrou uma esperança, a do amor...

Essa inda restou no embornal rasgado,
Mas logo essa que tanta dor sempre causou.
Logo agora, final de estrada, todo machucado,
Sangrado, ferido, banguela, olha o quê que me restou!
Uai...
Publicado em: 02/01/2007 06:43:46
Última alteração:28/10/2008 19:10:47



Espelho // Reflexo Marcos Loures/ Mara Pupin


Procurando pelo espelho // do ser
Encontrei opacidade. // em mim
O que será da verdade? // inexistente!
Publicado em: 21/03/2007 14:46:55
Última alteração:28/10/2008 05:43:57


Espelho Distorcido
Se não tivéssemos defeitos não sentiríamos tanto prazer descobrindo os dos outros. Conde de La Rochefoucauld


Sei que não sou perfeito e não serei.
Eu trago um triste fardo e nunca nego
Dos ancestrais humanos e carrego
Com toda mansidão que sempre usei.

Quem sabe seus pecados dá um passo
Importante na busca do perdão
E mata, pouco a pouco, a solidão.
A mão que me desenha esquece o traço

Mostrado num espelho que destrói.
Não fale dos meus erros como sendo
Aqueles que condenam, mesmo crendo
Que conhecer-se sempre só constrói...

Mas sei por que sempre ages desta forma,
Te dá prazer saber: não sou perfeito.
Com isso também se achas no direito
De romper sem temor a regra e norma.

Teu regozijo, sinto, em minhas falhas.
Escute eu nunca quero o teu fracasso.
Mas serás mais feliz se romper laço
Atado nos meus atos que embaralhas

Com os teus. Pressentindo vou dizer;
Querida tu procuras teu disfarce
Tentando te encontrar na minha face;
E nisso desfrutar do teu prazer!
Publicado em: 23/11/2006 16:26:11
Última alteração:29/10/2008 12:10:29


Procurando pelo espelho
Encontrei opacidade.
O que será da verdade?
Publicado em: 19/03/2007 10:42:05
Última alteração:28/10/2008 05:42:38



Benfazeja essa cidade
Nas montanhas das Gerais
Onde toda claridade,
Brilha tanto, brilha mais...
Paraíso te pertence,
O teu próprio nome diz
Tudo em ti já me convence,
Pois és Espera Feliz...
Publicado em: 05/12/2006 08:24:48
Última alteração:26/10/2008 23:15:17


Esperança Marcos Coutinho Loures e Antonio Viçoso Magalhães

Se alguém disser, um dia: “Sê discreto,
Não ostentes a dor que te consome,
Pensa na angústia de um amor secreto
E, então a todos, tu dirás o nome

De quem merece o teu profundo afeto!
Depois, se a dor, o luto, o tédio e a fome
Se abrigarem debaixo do mesmo teto
Fica em paz, a esperar que o tempo dome

A fúria sanguinária da tristeza!
O sofrimento é gêmeo da beleza!
Talvez então aí, se abrisse a porta

Do cárcere de dor que assim te prende,
E a voz de Deus se ouvisse- que se entende-
Iluminado uma esperança morta...

Nota – Mais um soneto a quatro mãos: Os versos ímpares são de Marcos Coutinho Loures e os pares de Antonio Viçoso Magalhães.
Publicado em: 14/08/2006 19:29:38
Última alteração:16/12/2006 23:24:37


Canta o sabiá
Nas palmeiras poluídas..
Terá solução?
Publicado em: 19/03/2007 09:07:13
Última alteração:28/10/2008 19:26:43



Esmeralda ou turmalina
Não importa; meu amor,
O teu olhar me alucina
Nesse brilho furta-cor...
Publicado em: 06/01/2009 18:49:39
Última alteração:06/03/2009 12:12:40


Escutando a tua voz
Eu decerto me inebrio
Nossa chama em mesmos nós,
Tanto bem que assim, vicio...

Publicado em: 04/03/2008 22:26:55
Última alteração:22/10/2008 15:12:50

Amor
Que me importa que digam se o amor que te dedico uma loucura, um capricho, nada mais?
Por mais que eu tente explicar, ninguém é capaz de entender minhas razões, mas bem sei que o amor está acima da razão e não podemos entendê-lo e só senti-lo!
Aos que teimam em me censurar, repito as palavras que já te disse: esse amor é mais forte que minhas forças e é o que mais quero em minha vida!
Sim, amor:
É verdade que jamais ouvi de teus lábios quantas vezes por mim beijados, que e queres que me amas!

Dizes que teu amor é volúvel como pena solta ao vento, mas, que me importa se te quero?
Como escavo de teus olhos, de teus beijos, não quero nem posso me libertar deste amor! Sou como o pássaro cativo que se acostuma á prisão e, fora dela encontraria a morte!
Quem sabe se, um dia, teus lábios ardentes, tocados pela paixão possam ser somente meus, na realização de meus sonhos mais íntimos?
Esta é a esperança que me ajuda a viver, que alimenta a minha alma e me arrasta, na direção de teus braços sedutores!

Muito me dói pensar que na tua vida, seja eu apenas mais uma aventura

Mas não posso deixar de te amar, pois estou irremediavelmente preso a ti.

Mesmo sabendo que sou apenas mais um de teus caprichos, mais uma aventura, uma aventura a mais!

Marcos Coutinho Loures

Publicado em: 03/04/2007 16:16:43
Última alteração:23/10/2008 20:26:16



Ouço aboios da saudade
Ruminando estes desejos.
Não suporto a liberdade
Sou escravo dos teus beijos...
Publicado em: 26/08/2008 19:55:13
Última alteração:17/10/2008 17:09:03



ESCRAVO NEOLIBERAL

Como se desfazer do nó górdio
Embaraçando a esperança
Limitando o andar do amanhã
Inclinando-se sem capitular.

Maldizei o nó górdio
Que acorenta o escravo
Sem presente sem passado
A espera do futuro.

Tudo se repete
Até mesmo o dia
Que não cansa de surgir
Para que a noite repouse.

Neoliberais fazendeiros
Sem consciências
Riem da natureza
E das leis positivadas.

Nó górdio! Por que não libertas
Os escravos de hoje ?
Precisará de um facão de uma liderança Para cortá-lo ?

Castro Alves não está presente
José do Patrocínio ausentou-se.
Difusos e trapaceiros biodiseanos
Lambem o suor da força de trabalho.

Escravos de hoje batam o seu tambor
Algum dos deuses ouvirão seu gemidos
Unidos à força dos conscientes farão surgir a liberdade com a lua e o luar.

ÍTALO JOSÉ MANNARINO
Em 04-05-2007


Escrevi uma trovinha
Pra quem tanto desejei,
Eu pensei que fosses minha,
Sem respostas, me estrepei...
Publicado em: 12/08/2008 14:06:26
Última alteração:19/10/2008 19:52:11


Escondes no tapete o que decerto
Escondes no tapete o que decerto

É certo está na cara e se vê

Deixastes o pior acontecer

Não quero mais te ver aqui por perto. Josérobertopalácio



Pudesse o coração ser mais esperto,

Porém nisto que falo ninguém crê

Ao ver a minha vida sem por que

Eu volto novamente ao meu deserto Marcos loures



E quando imaginava a solução

A lua se escondeu na escuridão

E a moça deu risada na soleira Marcos loures



Dizendo que eu ganhei na loteria,

Do bolão a parentada quer fatia,

E viu, mulher, o que dá falar besteira? josérobertopalácio

Publicado em: 16/02/2009 20:12:51
Última alteração:06/03/2009 06:28:06


Errar duas vezes é bigamia.
108

Mote

Errar duas vezes é bigamia.


Repito aqui, não me engano,
O que você já sabia,
Se um erro é coisa de humano,
Dois erros é bigamia.

Marcos Coutinho Loures

Sem acertos nesta vida,
Eu vou dando o meu recado,
Nesta estrada tão comprida,
Meu caminho é sempre errado...
Publicado em: 20/11/2008 17:47:53
Última alteração:06/03/2009 17:05:25



Erros da medicina, a terra cobre.
16

Mote

Erros da medicina, a terra cobre.

O Doutor nem examina,
Se o doente é muito pobre,
Os erros da Medicina,
Bem depressa, a terra cobre.

Marcos Coutinho Loures

Companheiro, nego o aval,
Isso é coisa do passado,
Pois na porta do hospital,
Faz plantão o advogado...
Publicado em: 19/11/2008 14:40:46
Última alteração:06/03/2009 19:00:42

ERVA VENENOSA... É PIOR DO QUE COBRA CASCAVEL....
Nem só de flores vive o canteiro,
Há também as tiriricas e as ervas daninhas...
Abrolhos que se espalham nos recantos
Fazendo com que a gente se machuque
Jardins que transmitiam raros cheiros
Agora podridão em outras linhas
Causando em todo mundo desencantos...


REGINA COSTA E MARCOS LOURES
Publicado em: 19/01/2010 20:48:34
Última alteração:14/03/2010 20:02:06



Somo a sombra do que fui
Com teu brilho, estrela guia,
Minha vida agora flui
Entre as tramas da alegria.
Dói saber quanto distante
Dos teus braços eu me vejo,
Num anseio galopante
Vens matar cada desejo
Deste insano sonhador,
Deste pobre aventureiro,
Que pensando em teu amor
Molha em lágrima, o tinteiro.
Publicado em: 05/05/2009 21:50:46
Última alteração:17/03/2010 19:58:21


Ergo os olhos para o Céu
Na procura desta estrela,
Quando a nuvem tira o véu
Maravilha! Posso vê-la...
Publicado em: 03/11/2009 13:18:54
Última alteração:17/03/2010 16:22:29

Encontro no teu corpo o meu amparo,
Um gosto muito raro em amor pleno
Anseio por poder estar contigo
Obedecendo assim a cada aceno.

Desejos que se mostram na penumbra,
As sombras que se movem, vão unidas.
Entranham, se misturam viram uma
Atando numa só, as nossas vidas.

Eu sou o que tu és, tenha certeza,
Tal parte indivisível de nós dois.
Formando um elo firme, inseparável,
Bem antes, no durante e no depois.
Publicado em: 07/04/2008 18:43:39
Última alteração:21/10/2008 20:01:39



Contigo eu estarei
Da forma mais sincera
Amor que tanto eu quis
Em fogo e primavera
Gerando uma aliança
Da qual sempre se espera
Momento inesquecível
Que vem e logo volta
Nossa imaginação
Querida, andando solta
Nos leva ao infinito
Na faina de saber
Aonde exista o rito
Num grito de prazer
Que arrasta nossos olhos
E toca meus sentidos,
Vasculho no teu corpo
Ouvindo os teus gemidos
Aonde encontre o porto,
Que em passos decididos
Mergulho a noite inteira
Sem tréguas... Nunca olvido...
Publicado em: 09/04/2008 19:12:10
Última alteração:21/10/2008 18:19:48



Recebendo da noite tais bafejos
Do prometido amor,
É como se formasse uma esperança
De viver sem ter dor.

Nos braços desejosos da menina
Que tanto procurei.
Misturo uma alegria com tristeza
Não sei se mais terei...

De tanto que busquei te respirar
Não sei mais se virás.
De tantas incertezas pela vida
Será que voltarás?

Eu quero me encharcar em teus perfumes
Minha flor tropical
Dormir embriagado de teu corpo,
Prazer fenomenal.

Sugando toda a sorte que puder,
Em todos os segundos...
E descansar depois, assim tranqüilo,
Viajar tantos mundos...

Saber que poderei beber a lua
Sem jamais ser sozinho...
Deitando em teu prazer o meu também,
Fazer de ti meu ninho

Gritando por teu nome, minha amada,
Minha alma é toda tua.
Na sombra deste amor, gozar a vida...
Tão leve assim, flutua...
Publicado em: 20/02/2007 00:17:02
Última alteração:28/10/2008 18:04:33



Vou vagando vaga-lume;
Vagas, vastas vastidões.
Vou vestindo teu perfume
Trago vastos vergalhões,

Dos amores tantas dores
Que se fores não mais sou,
Se tu flores teus olores
Para Loures eu já vou...

Tanta vida assim à toa,
Tanto tom a vida traz
Teu navio pra Lisboa
A minha alma vai atrás...

Navegando este oceano
Sem ter medo do naufrágio,
Meu amor sem desengano,
Mas bem sei o quanto é frágil..

Coração vai tão sofrido,
Encharcado neste sal,
O meu amor dividido
Foi parar em Portugal...

Nesta trova caipira
Tanto amor quero dizer.
Meu amor, amor transpira,
De tanto amor, vou morrer...

Quero o gosto destas fontes
Que encontrei no meu caminho,
Se não for a Trás os Montes
Vou ficar aqui sozinho...
Publicado em: 11/02/2007 13:48:51
Última alteração:28/10/2008 18:32:02



O verso quando traz
O riso franco
Do amor que nos desbanca
Enquanto ferve.
É manso.
Na verdade, quer remanso
E quando em ti alcanço
O todo desejado; sublima-se.
Estima?
Muito além.
Necessidade.
Publicado em: 25/09/2008 15:36:30
Última alteração:02/10/2008 14:32:18



No gozo destas noites em luxúria
Na fúria de ser teu e seres minha,
Nas locas e nas tocas derramadas,
No corpo em meu gozo já se aninha.

Delírios e vontades que se buscam,
Não bastam, são ferozes, indecentes.
Porém nos contaminam e nos marcam,
Cravando em nossas costas, unhas, dentes.

Eróticos desejos são humanos
Embora sob a seta deste deus.
Prazeres que te entornam, na verdade,
São nossos, são tão teus quanto são meus..

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx



Verão tramando cores neste céu
Que cobre nossos corpos junto ao mar.
Prazeres vão rodando em carrossel,
Vontade de em teus braços navegar.
Alçando o paraíso num corcel,
Desejos se entornando, devagar.
Querência de vagar invade o peito,
E eu adormeço em paz, tão satisfeito...

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Encontro no teu corpo a sensação
De toda a plenitude que eu queria,
Tomado pelo fogo da paixão,
Fogueira em labaredas acendia,
Bebendo desta insana tentação,
Na chama mais intensa esta alegria
De ter a deusa nua em minha cama,
Na ardência deste jogo louca trama...

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx


Revestes tua pele com meu corpo,
Ancoradouro feito em brilho e gozo.
No porto que encontrei, perfeito cais,
Divino posto belo e fabuloso
Vontade de querer e sempre mais
Além do amanhecer, eternamente,
Na perfeição do amor, todo da gente...






Falar da placidez do amor profundo
Tocando a nossa pele, sensual.
Vagando por teu corpo sei do mundo
O mapa sem fronteiras, divinal.
De todas as vontades eu me inundo
E bebo gota a gota, canibal.
Devoro teus prazeres e desejos
Mergulhos nos teus gozos mais sobejos...




Atiro meus desejos nos teus braços
Uma alegria imensa me contunde,
Nos corpos estreitando doces laços
Prazer que com desejo já se funde
Permite que misturem nossos traços
Fronteiras tão unidas que confunde
Não sei mais quem eu sou, estou em ti,
Mosaico em que- feliz- eu me perdi...




Vagamos noites densas, libertárias,
Cobertos de poeira e de prazer.
As fomes que se matam, tantas, várias,
Na fonte que se entorna; eu posso ver
Distantes das tempestas temerárias
A lua em mansidão. E passo a crer
No amor que nos domina sem tortura,
Na frágil sensação de uma ternura...





Vejo estrelas
Recolho cada uma delas
E faço meus versos
Desta mistura
Que ternura
E tortura ao mesmo tempo.
Fujo de mim
Encontro a mim mesmo
Guardado dentro em ti.
Em teus colares de estrelas
Lunares e marinhas.
Entre os seixos e as algas
As horas se passam
Os sonhos se enlaçam
E o amor continua...





Quem dera se eu pudesse, do teu lado,
Ficar o tempo todo, meu amor.
Bebendo do luar, extasiado,
Em versos a alegria recompor.
Legando estas tristezas ao passado,
Vivendo tão somente ao teu dispor.
Amor: a mais perfeita sinfonia,
Trazendo para a vida, a fantasia.





.. Fogo fátuo jogo árduo
Riso farto cardos longe
Amar cada marca
Cada karma amarrar...
Sertão quanto não ser
Apenas por ser tão
Certezas insensatas
Atadas lado a lado
Alçado nossos sonhos
Calçadas e planetas
Em tetas, alfas a ômegas.
Completa sintonia
Tom a tom atômico desejo...




Esboço o meu retrato
Em outra dimensão
Seguindo um canto livre
Liberto o coração.
E beijo a tua boca
Em fome e solução
À nova fantasia
Um brinde à emoção!
Caminho do teu lado
E chego na amplidão
Aonde o sonho vive
Em plena tentação.
O gosto se faz pleno
De viva sedução...





Amor que nos consola enquanto cura
E traz analgesia ao sofredor.
Um raro sentimento em que ternura
Invade com seu ar alentador.
Viemos do que fomos, na ventura
De termos finalmente o vero amor.
Sabendo deste bem que nos guiou
O sol de uma esperança já raiou.





Viajo num segundo, ao meu passado,
Do nada que encontrara, tão somente
Tristezas caminhavam ao meu lado,
Jardim já se abortando sem semente.
Sentindo-me por ti, acarinhado,
A vida se refez bem mais contente.
Amor assim demais não se condene,
Só peço que isto seja então, perene.





. Por que não sei falar dessa maneira,
Usando os verbos vagos, virulentos,
É que perdi meu tempo, uma bandeira,
Desfraldada por sobre os excrementos
De quem tentou ferir sobremaneira
A quem amara, em todos os momentos.
A vida me ensinando não temer,
Eu vou correndo sempre, mas por quê?

Quis tragar melodias e senzalas,
Não pude mais conter esse chicote.
Mas as costas lanhadas onde exalas,
Não me deixam sinal, quebrei o pote...
Traduzindo seara, levo malas
Em busca da saída, vou a trote.
Mas queria viver teus novos dias,
Nas nocivas franquezas que medias...

Num ato de belíssima vontade,
Misturando, sagaz, novas cantigas.
No que não poderemos crer saudade,
Eram senão pedradas mais antigas.
Coram, cegam, feroz realidade.
Queimando como fosses tais urtigas,
As que n’alma repetem cantinelas,
As mesmas que quisemos, serem delas...

No meu karma sei pétrea solidão,
Onde navegaria tantos portos.
No dizer sim, queria tanto o não,
Carregando por certo, velhos mortos.
Na melhor melodia que verão,
Perderei tantos rumos, que sei tortos.
Minha lança, lanceta e confraria,
Nos bares e botecos; dê sangria...

Capuccino, cachaça, chá e mate,
Novos sabores, fluidos paladares;
Da vida sempre torta, um arremate.
Nos teus olhos repletos dos altares,
Brilham loucos fantasmas do combate...
Revejo minha triste lucidez
Quem me dera perder a minha vez...

Pus e sangue, mistura delicada,
Que, emanando de todos os meus dedos;
Fazem-me saber, como está errada
A vida que criei de meus segredos.
Quando permiti noite, madrugada,
Deixei armazenados os meus medos...
Num quero nem concebo liberdade,
Vagando pelos parques da cidade...

Nascido nessas terras das Gerais,
No que pude sentir, foi tudo a esmo.
Não temo nem tempestas, vendavais,
Criado, de cedinho, com torresmo.
Em meio a cercanias sem jornais,
Aos olhos dessa noite, sou o mesmo...
De pequeno, nutrido com coragem,
Desse rio, conheço fundo e margem...

Fui ninado com sangue e com melaço,
Rasguei no mundo berro e valentia.
Peito duro, mineiro, ferro e aço,
Criado a tapa, restos, serventia...
Força nos olhos, pernas e no laço,
Por onde acordei, vida sem valia.
Traquinagem, comer sem saber faca,
Beber da fonte, tetas dessa vaca...

Orgasmos madrugada, tua saia...
No canto, no curral, em pleno mato,
Nem sei de mar, vivendo minha praia
Na beira doce, peixes no regato...
Em plena confusão, rabo d’arraia,
Na morte fiz carinho, sei dar trato...
Quebrando minha perna, sem ter pena,
De longe, traz as pernas da morena...

Vadio violão foi meu resgate,
No colo dessa serra, serenata...
Saudade faz que mata, dá empate,
Menina, levantei a tua bata...
Preciso, cafuné, qu’alguém me trate,
Eu quero te lavar nessa cascata.
Jogando nessas pedras da ribeira,
Teu corpo, penetrando-te, mineira...

Costeleta da Serra D´Espinhaço,
Fiz cabelo, bigode e barba, tudo...
Eu quero me deitar no teu cansaço,
Guardando meu diploma, meu canudo,
Em meio a tuas pernas, teu regaço...
Entrando mais calado, saio mudo.
Talvez me guardes todos os mistérios,
Nem temo teus amores, nem venéreos...

Cresci sofrendo tapa e pescoção,
Na lida atroz, enxada e cavadeira.
Nos brejos, sem temer por podridão,
A vida foi completa escarradeira.
Vacina de menino, de peão,
É feita de porrada, a vida inteira...
Das vespas que mordiam, fiz meu mel,
Da lida mais difícil trouxe céu...

Meu medo foi ter medo de lutar,
Não quis compressa, quero bisturi.
Cada ferida nova que brotar,
Capítulo relido que vivi...
Somente meus, serão; velho luar,
Os olhos dess’amor que já perdi...
Capricho sem temer, por resultado,
Os cortes que sangrei, apaixonado...

Recebendo a herança mais maldita,
O traste que pariu minha cadeia;
Não queira meu Senhor, que se repita,
A bosta que transcorre em minha veia...
Minha mãe, talvez, fosse mais bonita,
Se não tivesse sido uma sereia...
Que o boto mais pilantra desse mundo,
Safado caboclim, um verme imundo...

Criado sem ter beira nem paragem,
Escravo desd’o dia de nascido.
A vida preparou a sacanagem,
Bem no olho dessa serra, fui cuspido.
Quase que me perdi na traquinagem,
Mas, embora isso tudo, fui crescido...
Vômito de mendigo esfomeado,
Coragem coração, fez cadeado...

Meu cigarro da palha mais curtida,
No milharal da vida, colhi nada.
Serei por certo, servo e despedida
Nunca saberei sorte e tabuada,
Mas não reclamo nada dessa vida,
Estou vivo, e se dane essa embolada.
Na poeira joguei nome e meu futuro,
A morte me espreitando ‘trás do muro...

Fiz cósca em cascavel, minha tapera,
Tem as portas abertas para a morte.
Não temo solidão, nem bicho fera;
Eu queimo, em toda curva, a minha sorte.
Cachaça com limão, vida tempera,
Bem no meu coração, de grande porte,
Cravei as verdadeiras, duras, garras.
Não quero mais saber dessas amarras...

Veloz, eu fugirei dessa saudade,
A saudade de nunca mais ter sido.
A saudade feroz, felicidade,
Que nunca mais terei, nem conhecido.
Oprime o peito, face essa verdade,
A de não ter, jamais, nem ser nascido...
Queria, por momento simplesmente,
Um segundo sequer, me sentir gente.




Desejo de viver do desejado
Objeto do desejo que desejo,
Em versos que pretenso, te versejo
Eu vejo meu destino em ti traçado.

Se traço esses meus versos dos teus traços,
Por certo farei verso mais bonito.
Não creio no receio deste grito
Que solto, nos meus versos, nos espaços.

Embora temeroso que não gostes
Dos versos que desejo que tu leias.
São feitos desse amor que salta as veias.
E fazem meus desejos minhas hostes.

Se faço destes traços meu pedido,
Me perco no desejo de dizer
Em tudo nesse mundo posso crer
Sem medo de saber desiludido.

Se culpa já carrego, pois desejo,
Desculpas não consigo nem pretendo.
Nos versos que desejo ver-te lendo,
Desejo que me dês primeiro beijo!





EU AMOOOOOOOOOOO VOCÊ
Coração
Tremulando
Em vãs estrelas
Refém da fome
Da desilusão
Ou mesmo do vazio
Absoluto
se eu luto
ou não reluto
o luto que
carrego
é meu,
de ninguém mais.

Molhado por idéias
Buscando os ideais
Aldeias sobre postas
Em metas tão dispersas.
Nos persas de tua sala
Escarro o meu cadáver.

Brancas flores
Fores? Não seria
Ria-se
Gargalhe
Que o gargalo
Da vida
Trará toda a inclemência
Das nuvens
Dispersando
As níveas manhãs.

Rosas brancas
Avermelhadas pelo espinho
Na carne cravando
A realidade.

Meninos e fuzis
Moças e motéis.
Íris,
Arcaicos arcos
Iridescente esperança
Indecente serventia.

Servir ao cativo,
Ser teu ser altivo
Vivendo o que vivo,
Vencendo o temor.

A boca na espreita
Do riso quer beijo
O queijo, o desejo
Arcana vontade
Cigana expressão
Em verso e verão
Verdugos afasto.

Metodicamente
Amor chega à vista
E vence a partida.

A paz de um cristão
Perdoe meus erros,
Meus berros inúteis
Meus fúteis cometas.

A morte da morte
É a morte dos medos
Almas rudes
Pedras nem tanto
Encantos que encontro
Adentro, mansamente
Estrelas em manto.
Hoje eu sinto o coração
Batendo em desvario
Matando o nosso frio,
Tremulado em estrelas
E cavalos,
Terra céu e mar.
Amar semelhantes
Distintos semblantes
Bem antes de tudo.
Se eu cedo e segredo
Segredos e signos
Magmas e estigmas
Estímulos e temas.
Lemes e lemas
Algemas partidas.
Partilhas expostas
Na ceia derradeira.

Somos o que temos
E queremos,
Somente isso e nada mais.
O chão tantas vezes picotado
E nunca repartido.

A boca escancarada do faminto,
O tinto de nosso sangue
Nem sempre é o mesmo.
Anêmica ilusão
Vendida pela esquina
Panacéias diversas
Alquímica espera
Esferas concêntricas
Poder e paisagens.

Meu verso absurdo
Porém não vou surdo
Antes judeu, hoje curdo
Apátrida esperança.

Mas ceda-me um beijo
Teu lábio sacia
O quanto é vazia
Uma alma sem porto.
No curto circuito
De tantas promessas
Em vagas espessas
A noite se esvai,
Tocaias à parte
Amar nobre arte
Da vida um encarte
Que traz o roteiro
A ser perseguido
Por um saltimbanco.
Teatro mambembe,
Meu peito se interioriza
Bebendo da brisa
Já quer tempestade.

Do quanto se cria
Anote em diários
Agendas fichários
Irei te encontrar.

Na noite, na lua,
Nos bares, na rua
Em cada viração
Do mesmo minuano.

Enganos que trago
Da boca um trago
Afago em fagulhas
Agulhas e grampos.
Nos campos, coxilhas,
Nas ilhas dos sonhos.
As ondas do mar
Invadindo os pampas
As lâmpadas todas
Acesas no peito.
Pirilampos e estrelas cadentes.

Cadências e ritos
Ritmos tantos,
Danças encantos,
Canas e chamas
Repartidos sabores.

Desde que vou solito aos pés
Imagino esta prenda
Chegando de noite
Cevando o meu mate
Beijando minha boca
Apartando os demônios...

Seu moço, depressa
Que a moça é brejeira
E a vida começa
Quer queira ou não queira

Na boca da noite
Teus lábios meu rito,
Se o vento é açoite
Amor tão bonito...

Cabocla morena
Ponteio a viola
A lua faz cena
Não quer ir embora.

No trem dessa vida
O canto promete
A sina cumprida
Meu verso repete...
Publicado em: 24/09/2008 17:35:01
Última alteração:02/10/2008 14:07:04



Recordações me tomam totalmente
De um tempo mais feliz em nossas vidas...
Nas emoções guardadas e sentidas
Um mar de amor que volta; calmamente...

Por vezes me recordo deste adeus
Que agora percebi ser até já.
Em breve nosso amor renascerá,
Eu vejo no brilhar dos olhos teus...

Teu beijo, uma ternura, um doce afago
Pressinto nisto tuda, a calmaria,
Que chegou entranhada em alegria,
Soprando leve brisa em manso lago...
Publicado em: 28/08/2007 22:32:42
Última alteração:28/10/2008 17:03:06


Não conte pra ninguém do nosso caso,
A inveja vai fazer estardalhaço.
Depois de longo tempo tão sozinho,
Amor foi ocupando o seu espaço

E agora que consigo me acertar,
Não quero que isto acabe muito cedo,
Pois a alma de um negócio pra dar certo
Querida, eu te garanto é o segredo...
Publicado em: 29/09/2007 17:20:04
Última alteração:28/10/2008 14:34:34




A fantasia plena e mais formosa
Trazendo para o jogo toda a gente,
Embora tantas vezes belicosa,
O cheiro se transforma de repente
Roubando do jardim divina rosa,
O canto se demonstra mais contente,
Meu rumo nos teus braços se perdeu
Teu corpo se mistura com o meu...
Publicado em: 02/01/2008 16:12:53
Última alteração:22/10/2008 19:26:39


Na cama maravilhas e façanhas,
Repleta de magias mais gostosas,
Entrando devagar, tuas entranhas,
As carnes com certeza desejosas,
As fúrias que nos tocam são tamanhas,
E gozo, meu amor, quando tu gozas.
Eu quero te sentir, volúpia e cheiro,
E ter o teu amor, assim, inteiro.
Publicado em: 03/01/2008 13:02:34
Última alteração:22/10/2008 19:28:50


Marcando todo o ritmo de meus versos
Apalpo mil estrelas em teu corpo,
Desfilo uma emoção inesgotável
Adentro o paraíso quando quero.
Estâncias fabulosas, eu pressinto
Num pressuposto campo constelar
Arfando de prazeres e loucuras
Meu barco navegar neste oceano
Que à noite em minha cama se faz manso,
Remansos e baías, ilhas, céus,
Nos véus e nos lençóis, doces promessas
Sem farsas ou mentiras, puro amor.
E vago a noite plena entre teus braços,
Recebo o teu afeto, o teu sorriso.
E disso faço o mote preferido
Meu canto, minha sina e meu caminho.
Somando o que nós somos vôo eterno
De um néctar sem igual que sorvo assim
Jardim que foi ao homem prometido
Vertido nos teus braços, meu amor!
Publicado em: 07/01/2008 22:04:26
Última alteração:22/10/2008 21:27:19



Eu tanto me inebrio
Que perco meu caminho,
Sorvendo no teu corpo
Delícias de bom vinho.

Na adega preciosa
Que encontro em nosso quarto,
Desejos são tomados,
Até que eu fique farto.

Na taça em que ofereces
Bebida maviosa,
Cristal de qualidade,
Perfumada de rosa.

Assim a vida passa
Em hedonismo puro,
Vivendo em cada dia,
Felicidade, eu juro.

Sei quanto o que te quero
E nunca negarei.
E cada vez bem mais
Teu vinho eu beberei...
Publicado em: 03/02/2008 20:25:49


Há tempos que procuro por teus passos,
Teus rastros nas estrelas escondidos.
Vagando por longínquos céus, espaços
Distantes em meus dias esquecidos.
Amor que nos uniu em fortes laços
Permite perceber que, decididos,
Meus dias sempre irão estar contigo
Sabendo que em teus braços, meu abrigo...
Publicado em: 06/02/2008 08:08:32
Última alteração:22/10/2008 17:50:2


O teu caso, não tem cura,
Eu preciso te dizer
Quanto mais a gente acura,
Mais encontra onde perder.
Não quero sequer a jura
Nem semente pra colher,
Gosto de fruta madura,
No teu corpo a perceber,
Sorte que essa vida apura,
Misturando com prazer,
Vem comigo em noite escura,
Em minha cama a benzer.
Teu formato, tanajura,
Faz da vida um bem querer.
Na promessa de ternura,
Bom caminho a percorrer,
Se paixão traz amargura,
Morena eu vou te dizer
Decorando a belezura,
Tanta carne pra comer,
Esta sina não perjura,
Vou te ensinar a beber
Com certeza, esta mistura
Vai fazer nascer bebê!
Publicado em: 02/04/2008 12:45:18
Última alteração:21/10/2008 16:50:05



Tanta alegria, disfarce;
Tanta promessa, mentira.
Amor tanto que me embace,
Tanta dor que sempre fira...

Na verdade, tanto atira
Quanto mata, sem ter dó.
Meu coração tá na mira
Precisa dum tiro só.

Não poderei resistir,
Embora diga o contrário,
Eu nem penso conseguir,
Isso é conto do vigário...

Me pegaste, bem de jeito,
Não conseguirei fugir,
Amor batendo no peito,
Bate tanto até partir...

Quebrando o verso, sem pena,
Fazendo esse carnaval,
Amor, de longe m’acena,
Trazendo seu vendaval.

Querida, não vás embora,
O vazio que virá,
Sem ter dia nem ter hora,
Nada mais me restará...

Saudade, moleca triste,
Penetra bem de mansinho,
Matando tudo que existe,
Cortando, devagarinho...

Saberei sobreviver?
Pergunto-me todo dia,
Como poderei viver,
Sem a minha fantasia?

Por favor, minha adorada,
Não me dês a tempestade,
Não quero a vida sem nada,
Vou viver felicidade...

Caminho qual peregrino,
Procurando uma parada,
Quero ser o seu menino,
A primeira namorada...

Tenho medo, não te nego,
Da solidão, desamor,
És a luz, ficarei cego,
Se perder o teu amor!

Das cidades, capital,
Das montanhas és o cume,
Dessas festas, carnaval,
Nas noites, és vaga-lume...
Publicado em: 11/02/2007 21:02:31
Última alteração:28/10/2008 18:32:12



EU AMO VOCÊEEEEEEEEEEE


Amar
Demarca
Fronteiras
No mar
Embarcas
Saveiros
E barcas
Quando arcas
Com sonhos,
As Percas
Maltratam
Procelas
São celas
Que prendem
Gradeiam
Degradam
E matam.
Porém lua cheia
Depois deste vento
Amor incendeia
Não larga um momento.
Se eu tento e disfarço
Na farsa do riso
Espalho o meu guizo
E perco o juízo
No colo de quem
Recolhe o que tem
E debulha estrelas.
Publicado em: 30/07/2008 16:47:36
Última alteração:19/10/2008 21:59:28


Abstrato desejo de viver
Torna-se violento em meu outono
Causando a sensação dum abandono
Embora, com certeza irei morrer.

Ao ver a tua imagem traduzida
Em vários e espelhados desenganos.
Lembranças de outros tempos mais tempranos
Reforçam meus amores pela vida.

Ao ver teu corpo nu tão longemente
Nas páginas viradas do caderno
Que trago na gaveta deste inverno,
Em voltas desconexas minha mente

Retorna aos destinos pueris,
Dos sonhos que alimento, ser feliz,
E, vejo que não passo deste sonho,
Da vida refazendo uma ilusão.
Morrer é quase sempre a solução
De tanta dor que trago, mar medonho.

Prossigo sem rever tua nudez,
E sinto que jamais a reverei
Eternidade sei que não terei,
Porém na morte, a vida se refez...
Publicado em: 23/10/2008 08:45:20
Última alteração:02/11/2008 21:46:47



Eu quero teu amor aqui
Tão ternamente no meu colo.
Transbordando uma esperança
Na qual eu mergulho e consolo.

Quero teu amor nestas flores
Que brotam em meus jardins tão plenos.
Meus olhos sempre procurando
Por teus olhos mansos, serenos...

Quero te contar de onde vim
Palavras que transbordam mares
Em todos os carinhos sinto
A doce mansidão dos ares...

Nos signos, nas cores, na sina.
Vivendo na espera da sorte
Que te traga sempre querida,
'Té no final, na minha morte...
Publicado em: 05/11/2008 11:39:30
Última alteração:06/11/2008 11:58:15



Amor além do amor, imensidade
Tragando cada sonho vorazmente,
Na calma sensação da tempestade,
Confunde e no final, resta contente
Amar é conhecer a liberdade
Sangrante e ao mesmo tempo inebriante.
Amar em gozo e riso é ser liberto,
Embora; movediço, amor incerto...




EU AMO!!!

Resplandeceste cruelmente bela...
Nas tuas mãos, relíquias maviosas,
Pintores mais felizes buscam tela
Na alvura quirodáctila olorosa...

Tem delicada formosura, face...
A mansidão serena deste rio...
Não há nenhum pecado que disfarce
A brandura feliz do desafio.

Amor, cabedal frêmito, falácia...
Penúrias das canduras e dos medos...
Cortando friamente toda fáscia,
Percorre meus tendões, perfura os dedos...

Frenéticos sentidos se misturam,
Levedo com segredo simples rimas,
Amores sem desejos não maturam,
Laranjas para suco não são limas...

Estimas sem amores, amizades.
As luas sem luares vertem medo.
Primeiro Deus criou as claridades
Depois o sol, me conte esse segredo!

As mãos que me passeiam não são tuas,
Nunca acupunturaste tais agulhas,
As bocas que mordeste estavam cruas
Nos beijos que roubaste, nem fagulhas...

Antítese venal, amor doloso.
Recíproca fatal, versos em branco...
Amores carnaval, sou mais guloso,
Sangria vendaval que não estanco...

Mentores de favores flatulentos,
Não fazes curativos queres gazes?
Não pedes certidões nem documentos,
Bolívia proibindo tantos gases...

Marinha americana, Portobello,
Esquadra escravocrata traz a morte.
Defesas sertanejas num rastelo,
A América sanguínea vem do Norte...

Amores são perfeitos imbecis,
Esquecem de saudades e de medos...
Apanham vergonhosos pedem bis...
Pedradas atropelam os penedos...

Rasteja com idônea insensatez
Vasculha tantas coisas que se perde...
Respinga tempestade sem talvez,
Desfaz esperançosa luta verde...

Amores são palhaças ilusões,
Restolho do que nunca houvera sido.
Abrindo logo fecha os meus portões,
Repara disfarçado olho comprido...

Nas bocas o mau hálito disfarça,
Quem fora indiferente nem parece,
Quem já foi companheiro hoje é comparsa,
Amores infelizes quem merece?

Sisudo cavalheiro vira infante,
Mostrando mais sutil embasbacado,
Formigas se transformam elefante.
Difícil discernir se apaixonado!

Cigarros vou fumando, sem parar,
Cartelas e cartelas devorando...
A lua apaixonante num luar,
As horas demorosas vão passando

Escrevo meus sonetos faço versos,
Respiro mais custoso, quase morro...
Mirando las estrellas do universo,
Não há quase ninguém a dar socorro!

Amores criadores, tanto caso,
Não deixam respirar a criatura..
Do que me restará de vida, ocaso.
Faz parecer um corte, arranhadura...

Melindres se transbordam viram cena.
Sensíveis palavrões a boca rota...
Voando sem ter asas sequer pena,
A vida vai levando à bancarrota!

Disfarçado de rei se sabe reles,
Quem sonha ser princesa espera o sapo.
Amores disfarçados, tantas peles,
No final não dispensa nem sopapo.

Amor é cantilena sem refrão,
Depois de certo tempo, brotam filhos...
As rugas enraivecem coração.
Quem já sonhara esquece os estribilhos!!!

Amores verborrágicos patéticos,
São venais mestres na arte de enganar.
Começam serenáticos, poéticos,
Estrambóticos, bélicos, sem mar...

Martírios, marionetes são palhaços,
Delírios, apoplécticos, mortais...
Amores desfolhantes, visgos, traços;
São bem vesgos, estrábicos, banais...

Amores tartamudos tartarugas.
Canhões se disfarçando em mansidão.
Depois, inevitáveis, vêm as rugas,
A tropa se desfaz do pelotão.

Não quero tais amores, nem pretendo...
Siameses, telúricos, almáticos...
Nem esses lindos olhos, nego, vendo...
Amores que se quebram, são reumáticos...

Não quero misturar alhos com olhos,
Bagulhos nem bugalhos, nem cebolas...
Perdidamente louco nego Abrolhos,
Não quero essa Al Kaeda, nem Hizzbolahs...

Vertiginosamente não mergulho,
O mar já reconheço tempestades,
Distante das marés e do marulho,
Das pestes que me emprestas “veleidades”...

Vingativa virás hipocrisia.
Vastas visões vertigens são velórios.
Sedas sacras, senzalas sacristia,
Não pretendo suspeitos suspensórios...

Vou liberto, matando essas paixões,
Em cada nova ninfa vejo um Demo,
As flores que te dei boca leões,
As que fingiste negam crisantemo...

Nos cravos que entupiste um ataúde
Desejas bons sinais num idiota...
Se faço teus remendos viras grude,
Misturas fantasias, falsa rota...

Não cravo tantos dentes sou banguela,
Nem temo teus acintes, sou velhaco...
Não quero tantos cravos na capela,
Nem quero acompanhar o velho Baco.

Que fazes a chorar, sua imbecil?
Não quero teu amor, já o renego.
Não quero ter nenhuma, nem és mil,
Não posso desfazer se sempre prego.

Não chores por favor, não me comoves...
As lágrimas caídas, crocodilo...
Com sentimentos frágeis não me moves,
Não quero nem mais isto nem aquilo...

Não tentes disfarçar tuas mordidas,
Os beijos que prometes são venenos...
Serpente que se preza dá lambidas,
Depois a presa morta, nem somenos...

Não chores, te implorando por favor!
Não posso me enganar pois, novamente!
Quem fora já picado pelo amor,
Não morre envenenado por serpente!

Não chore assim, te peço caridade,
Os meus lábios secaram toda fonte...
A lua nunca entrega claridade,
A vida começou triste desmonte.

Vem cá, me dê teus braços num segundo,
Meus olhos já procuram pelos teus,
Que vou fazer meu Pai! Pare esse mundo,
Eu não suportarei a luz nos breus...

Não deixe que me leve essa vontade,
Não permita sequer que eu me enamore...
Quebranto vem quebrando a tal saudade
A boca inebriada te percorre!!!

Meu Deus, não me permita essa loucura!
Vem cá me deixe louco de prazer!
Afaste de mim Pai, tal criatura;
Mas se parares certo irei morrer!
Publicado em: 28/12/2007 20:11:02
Última alteração:22/10/2008 21:25:17


Quisera não falar de amores tantos,
Apenas da tristeza e da mortalha,
Embora a sorte tenha seus encantos
Já basta o duro corte da navalha,
O medo que me toma em ledos prantos
Na solidão terrível me agasalha
E deixa um gosto amargo da saudade,
Mas sonho com amor e liberdade...
Publicado em: 20/11/2007 20:57:00
Última alteração:28/10/2008 12:16:15


Lá no céu; um passarinho
Vai voando sem saber
Onde encontrará seu ninho.
Meu amor sabe por que
Toda noite ela me diz,
Só com ela eu sou feliz!
Publicado em: 23/04/2008 16:26:06
Última alteração:21/10/2008 13:23:43


Bonde
Improviso meu pedido
Meu sonido e desculpas...
As culpas foram deixadas
As asas, passarinhada.
Esfarinham minha sorte...
Não posso tentar meu rumo.
Assumo e me consumo
Sou sumo e não sumi...
Não toco e nem sou toco
Rouco...
Louco
É pouco a pouco
Meu foco e meu reboco...
Amo os temas
E as tremas.
Gemas e não mais claras
Faros e faraós.
Partos e parecidas.
Paciência...
Víspora de véspera é vespeiro...
Nada mais a dizer
Pego o meu boné
Para não perder o bonde
Da História...
Publicado em: 01/10/2008 17:52:56
Última alteração:02/10/2008 13:46:40



Sou seu sal, seu céu profano,
Salgo a terra em lacrimejo
Carregando um desengano,
Não concebo o que desejo
Do que cora coração
Coralíneas esperanças,
Revirando o turbilhão,
Pressentindo tais andanças
Por espaços que não sei,
Dos amores que conheço,
Tanto bem que desejei,
Nesta curva, o meu tropeço.
Peço à estrela que não veio
Perco o rumo, vou sozinho,
Da morena, cadê seio,
Tua boca sangra em vinho.
Mas eu amo, e disso faço
O meu canto, minha sina,
Mergulhando no teu braço,
Teu abraço me fascina...
Publicado em: 03/10/2007 21:52:58
Última alteração:28/10/2008 14:07:12



A vida que já fora amargurada
Renasce em noites claras, vaporosas,
Em bela fantasia deslumbrada
Nas níveas silhuetas tão formosas
De estrelas e da lua enamorada,
Prateia com carinho tantas rosas
Noctâmbula donzela apaixonada.
Entrego meus desejos nos teus braços
Alçando num segundo altos espaços...
Publicado em: 10/11/2007 12:29:15
Última alteração:28/10/2008 12:52:07



Qual dia que renasce a cada sol,
Amor se robustece em poesia.
Um sentimento nobre assim, de escol
Acolhe em cada verso esta magia.
Eu amo e não duvide deste fato
Em cada canto teu, eu me retrato.
Publicado em: 22/12/2007 07:26:45
Última alteração:22/10/2008 21:04:12


Quando eu chamava, Amor pelo teu nome,
Sabendo que por vezes vai e some,
Esgueira-se depressa e não mais vejo,

Queria te tocar, fazer carinho,
Mas sabes como estou aqui, sozinho,
E foges; zombador, do meu desejo...

Se pulsas no meu peito, logo ris,
Amor que me propõe ser mais feliz
Escapa sorrateiro, nem dá bola,

Se esconde no quintal faz-se de morto,
E quando nos percebe assim,absorto,
Nos pega no pescoço, e que degola!

Amor moleque sonso e bem vadio
Fingindo-se de morto, entra no cio,
E cria a sensação duma impotência,

Depois vem com quem nunca quis nada,
Com cara mais lambida e mais safada
Zombando já nos pede por clemência...
Publicado em: 27/05/2008 19:40:30
Última alteração:21/10/2008 15:22:57



Na dança que ronda
A mente que roda
O vento que açoda
O prazer que me dá
A boca fremente
O sorriso profuso
Olhar tão difuso
Encontra outro olhar
E a noite passando
No véu das estrelas
Brilhantes e belas
Amor me revelas
Velejo teu mar.
Encanto total
Gozo sensual
Do toque fatal
Que traz em delírio
Amor, um colírio
Matando o martírio
Riqueza sem par,
No gosto do beijo
Amor e desejo.
A nos entranhar...




Perder-me no teu amor
É saber que me encontrei
Sou agora um vencedor
Nada jamais temerei,
No teu colo encantador
Com certeza sou um rei,
Desfrutando cada gozo
Nosso amor é tão gostoso!

Vem comigo nesta estrada
Que conduz ao infinito
Nessa senda iluminada
O caminho mais bonito
Eu te quero minha amada,
Teu carinho eu necessito,
Vamos juntos noite e dia,
Rumo à nossa fantasia.





.. Mergulhando neste poço
Que tu trazes dentro em ti,
Expondo-se em alvoroço
No abismo que conheci.
Restos carregas contigo
Destes pântanos que abri.
Toda a sensação de abrigo
Estava em cada pedaço
Revestida por um aço
Que não protegia em nada...
Eu passei a conhecer
Sob a carcaça bonita
Que me deu tanto prazer,
Uma alma ferida e aflita.
Rancorosa e perfumada,
Sem espaço condizente
Aflorando em poucas vezes
Rasgando a pele encourada
E sorrindo em podridão,
Erguida da escuridão
Quase nua escancarada...

Tua capa não me fere
Agrada bem aos meus olhos.
Nos carinhos que desfere
Bazucas, metralhadoras
Escondidas nestas mãos.
Mas sinto que não te perco,
Se me perco dentro em ti.
Gosto disso, quase exposto,
Latejando e me mordendo.
Não quero um sorriso a esmo,
Perdido sem ter sentido.
Inutilidade sim.
A boca em vivo carmim
Também deseja por sangue.

Mas não consegue ferir
Refreando esse desejo,
Deixando tudo fruir
Na doçura do teu beijo...
Publicado em: 19/04/2008 17:01:17
Última alteração:21/10/2008 13:12:48



Nas voltas que demos
Não nos demos bem...
Amor que tivemos,
Sem paz, sem ninguém!

Dançamos sem medo
Sem medo da dor
Da dor sei segredo,
Segredos do amor.

Amor sem ter dor
Não sei se é amor.

As rosas que exalas
Perfumes que falas
Nessa alma que tens
Abertas as salas,
Na noite que vens
A porta escancaro
Pressinto teu faro
É caro o meu bem
É claro que tem
Amor que é tão raro,
Sem ele, ninguém.

Dançávamos valsas
Nas danças da noite
Açoites os ventos
Valsávamos tanto
Da valsa, esse encanto
Que encanta meu bem.
Sem ter o teu canto,
Meu pranto já vem...
Na dança que danço
Não canso da dança
Amor sempre alcanço
E nunca mais canso
No manso dançar.
Que mostra esta rua
E se continua
Estás toda nua
Tua alma flutua
Na alma que é tua
A minha se avança
E dança, tão mansa,
Nos braços da lua!
Publicado em: 29/04/2008 23:22:41
Última alteração:21/10/2008 14:28:31


Passarim leva no bico
A resposta desta carta
Meu amor, contigo eu fico,
Outro amor já se descarta,

Vou cantando alegremente
Tanto amor que não tem fim
A saudade não desmente,
Quer trazer você pra mim.

Venha logo, mais ligeira
Seja como Deus quiser,
Minha amada companheira,
Venha ser minha mulher.

Publicado em: 17/05/2008 13:34:59
Última alteração:21/10/2008 15:06:09


Estou a te esperar faz tanto tempo
Que nada impedirá de ser feliz
Nem tempestade, medo ou contratempo
Tampouco uma ferida em cicatriz.
Amar não é, querida, passatempo
É tudo o que sonhei e sempre quis...

Estar contigo agora, a vida inteira,
Ouvindo uma canção mais otimista,
A sorte e a fantasia companheira,
Querida, por favor, jamais desista.

Contigo noite e dia, sempre estou,
Por vezes te pareço mais distante...
Não foi um outro amor que me enlevou
Apenas teu olhar estonteante...






Falar da noite e do dia, do açoite e de Maria
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo, nada inundo
vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio
vagabundo rolando entre astros, entre tantos
entretantos e espreitando por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia
do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos
resquícios do início precipício e me lançavas a esmo
nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho
num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez.
A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima
e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas.
Minha mina mais cara, rara e companheira
te quero poesia amada, necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti,
sobrevivente.
Publicado em: 26/04/2008 08:15:19
Última alteração:21/10/2008 13:30:56



Amor quero a delícia deste beijo
Como macarronada pede o queijo,
Com gosto de garapa e doce mel.

Amor eu peço logo que me aceite,
No peixe que fritaste com azeite
Com todo esse dendê, sarapatel.

Bebendo o tão suave e doce vinho,
Tragando teu amor bem de mansinho,
Me embriagar contigo, deste absinto

Que trama nosso amor com tanta fome
O dia todo amor que nos consome
É tudo o que eu preciso e quero e sinto.

Eu quero o nosso amor que é vinho e pão,
É broa e chocolate, uma emoção
Que toma e nos entorna de bandeja.

Lambuza com certeza o corpo e a alma
Somente o teu carinho é que me acalma
É toda a sobremesa... e com cerveja!







Riscando espaços lua enamorada,
Vagando por estrelas, nebulosas
Florindo eternidade em bela estrada
Plantando nos seus rastros lírios, rosas,
Na prata de seus braços, minha amada
Perfuma-se em estrelas olorosas.
Assim bebendo a fonte deste espaço
Eu adormeço calmo no teu braço...
Publicado em: 10/11/2007 13:10:07
Última alteração:28/10/2008 12:52:01





Espero a sua volta
Aqui no meu pc,
Vontade de ficar
Juntinho com você
Porém o tempo urgindo
Não deixa namorar,
Trabalho vem surgindo
Também vou me mandar
Depois quando à noitinha,
De banho já tomado,
Você tão cheirosinha,
Perfume de pecado.
A porta ou a janela
É bom deixar aberta,
Que à noite qual novela
Não tem mais hora certa.


Aurora no meu peito, um novo amor,
Amar é meu direito e meu louvor
Viver tão satisfeito é ter calor.
Sabendo deste jeito sem temor.
Amor dentro do peito; o meu amor!

O murmurar do rio sabe o mar
O peito tão vazio quer amar
Vivendo por um fio de luar
Um jeito tão vadio de adorar.
Amar, calar o frio, cabe um mar!

No coração sereno, meu prazer,
Beber santo veneno e te querer.
Amar é ser tão pleno, assim viver,
Um gosto tão ameno; quero ter.
Um gesto tão sereno de prazer...
Publicado em: 12/02/2007 11:08:49
Última alteração:28/10/2008 18:32:21




Sentindo um manso vento na janela
Não sei por que lembrei-me logo dela
Que fora há tanto tempo e não voltou.

Abri. Um vento fresco e tão gostoso
Trazendo um perfumar delicioso
Sem cerimônias, pela casa entrou...

Não era um vento forte. Bem macio,
Causou-me, neste instante, um arrepio
Que há muito tempo, eu juro, não sentia...

Foi me tocando aos poucos e, invadindo,
Me abraçou num prazer quase que infindo
Num sentimento imenso de alegria...

Aos poucos é que pude perceber
Que o vento parecia-me dizer
Que tudo será como o que bem quis...

Agora que te sinto todo dia,
Mulher, amada, amante em poesia,
Eu digo: finalmente eu sou feliz!



Minha vida virou festa
Desde o dia em que te vi,
Agora o tempo que resta
Quero te ter bem aqui,

Minha casa é pequenina
Mas cabe nosso querer,
Toda chuva pequenina
Dá saudade de você.

Na varanda a lua cheia,
Vem clarear o sertão,
Minha morena incendeia
Taca fogo na paixão.

Recebi o teu recado,
Moreninha toda linda,
Coração apaixonado,
Batendo por ti ainda,

Toda vez que chega a noite
E não vejo mais você
O vento cortando, açoite
Me chamando pro sofrer.

Minha sorte é que a viola
Que ponteio sem parar
Toda noite me consola,
Diz que você vai voltar

Pra deitar na minha cama,
E me fazer cafuné,
O meu verso inda te chama,
Venha ser minha mulher!
Publicado em: 23/03/2007 21:31:08




Ah Morena que saudade
Que vontade de te ver,
Eu num quero liberdade
Em você vou me prender...

Depois de tanta tristeza
Que essa vida preparou,
Fui seguir a correnteza
O meu mundo se afogou,

Mas agora tô voltando
E não saio mais daqui,
Com o sol iluminando
Nos teus braços me perdi.

Deixa eu ser a sua abelha
Venha ser a minha flor,
Na sua boca vermelha
Eu vou ser seu beija flor.

Vou beber todo esse mel,
Que você me preparou,
Se eu quiser saber do céu,
Esse anjo já me encontrou.

Deitadinho no seu colo,
Bolo com bolo faz bem
Depois contigo me embolo,
Aí... Num tem prá ninguém!
-----------------------------------------------------------


Amar

Todos nós temos sonhos inconscientes, escondidos nas regioes mais profundas de nossa alma...

Eles fazem com que acreditemos nunca termos vivido, plenamente, nossos momentos de amor, causando-nos certo desconforto e até mesmo uma descrença com relação aos nossos sentimentos.

Talvez, por isso, de quando em vez, nós nos surpreendemos buscando respostas para certas angústias que surgem sem razão de ser.

Assim aconteceu comigo, em relação a todas as mulheres que enfeitavam meus dias, nos mais ardentes e doces embalos de amor.

Uma a uma, elas entravam e saiam de minha vida, sem deixar saudades, mágoas ou ressentimentos.

Um dia porém, uma mulher diferente apareceu em meu caminho.

Ao vê-la passar, algo de estranho aconteceu comigo: em seu olhar, no seu sorriso, na sua voz, em cada detalhe de seu corpo, fui descobrindo aquela mulher que minha fantasia criou e deixou arquivada durante tanto tempo, nas profundezas de minha alma...

À cada dia, o sonho foi se tornando realidade e aquela mulher-fantasia, foi se materializando, diante dos meus olhos, como saída das profundezas de minha alma.

Essa mulher por mim esculturada, em meus sonhos mais íntimos, estava ali, à minha frente, como dádiva dos Céus!

E como você me pergunta quem é essa deusa , eu lhe respondo:

-É VOCÊ, só você, meu amor...

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 07/04/2007 17:42:57
Última alteração:27/10/2008 19:11:19


Inda conversam saudades
Discutindo o bem querer
Não sabem dessas verdades
Que sempre fazem sofrer.

Saudade boa demais
Deste amor que quero bem.
Vem trazendo minha paz,
Como é bom lembrar de alguém...

Saudade tão dolorida
Deste amor que magoou
O que me resta da vida
Saudade já me levou...

Eu que não sou bobo assim,
Deixo as duas discutindo,
Tanto amor que tenho em mim,
Um novo amor vou sentindo.

Pra saudade dou adeus,
Já nem penso mais em ti.
Outra luz nos olhos meus,
A mais forte que senti.

A mulher que tanto quis
Já não quero nem dourada,
Venha me fazer feliz,
Chega pra cá minha amada!
Publicado em: 18/02/2007 13:03:28
Última alteração:28/10/2008 18:32:44


No meu barco procuro esta sereia
Que me encanta e convida para a areia
Em plena lua cheia, namorar...

O mar por mais bravio e perigoso
Parece nos teus braços, tão gostoso
Que dá tanto prazer em navegar.

Quem dera timoneiro deste amor
Pudesse oferecer ao teu dispor
Carinhos e desejos sem ter fim...

O sol vai nos queimando lentamente
A lua se promete, de repente,
Guardando este momento bom em mim...

Remando em direção ao paraíso,
Sabendo: navegar sempre é preciso,
Pros braços da sereia, sempre vou.

Quero a rosa dos ventos dessa vida
Guiada pela mão tão decidida
Da mulher que este amor já despertou...




Eu quero em nosso amor tantas fragrâncias
Que venham superar as minhas ânsias
Que trazem sofrimento pro querer.

Depois de tanto tempo iluminado
Meu rumo parecia destroçado
Sem ter onde chegar eu quis rever

Amor que em juventude foi meu guia
Trazendo para a vida uma alegria
E toda a fantasia mais bonita

Eu sinto que te quero mais e mais,
Amor quando é marcante sempre traz
Uma esperança amiga e tão bendita.

Meu verso enamorado te agradece
E o sonho que quiseres te oferece
Na prece deste amor que é divinal;

Minha alma se elevando já se esfuma
Ao ver tua alegria sempre ruma
Numa felicidade sem igual...

Por isso, meu amor te canto tanto
No mundo que prometo tanto encanto,
Que nada vai calar esta emoção.

Só peço meu amor a claridade,
Tu trazes para mim a mocidade,
Envolta nas promessas de paixão...
Publicado em: 26/02/2007 13:29:01
Última alteração:28/10/2008 17:25:59



Quem me dera ficar aqui contigo,
Porém o mar me chama; meu amor...
Meu coração, bem sei navegador

Afeito à tempestade e ao perigo,
Não consegue ficar num manso porto,
Procura conhecer novas areias,

Não tema, pois não quero outras sereias,
Se me deixar aqui, estarei morto...
Eu sei que vou voltar em calmaria,

Trazendo os oceanos no meu peito,
Melhor morrer no mar, tão satisfeito,
Do que morrer em terra, todo dia...

Publicado em: 28/02/2007 16:50:37
Última alteração:28/10/2008 17:25:13



Amada, como é bom sentir o vento
Soprando em meus ouvidos o teu nome
Tu vives já em cada pensamento,
Fazendo com que a sorte já retome

Caminhos que deixara de saber,
Por tanto tempo; eu sei, te procurei,
Agora que consigo perceber
Que amar é novamente sina e lei,

Eu quero mergulhar no teu regaço,
Sentir o teu perfume junto a mim,
E descansar dolente, no teu braço,
Gritando: Sou feliz! Meu Deus, enfim...

Eu quero ser teu par na contradança
Da vida prometida em belo sonho,
Preciso prosseguir nesta aliança;
Promessa de um futuro mais risonho...

Menina que Deus pôs em meu caminho,
Depois de tantos passos mais incertos,
Escute este cantar de um passarinho,
Oásis que encontrei em mil desertos!



Meu amor por ti é tanto
Que não canso de dizer
Cada verso, cada canto
Que eu fizer é pra você.

Meu amor tem o perfume
De mil rosas num buquê
Mas não deixe que o ciúme
Coloque tudo a perder.

Se te dou o meu carinho,
Todo dia, tem por quê
Eu te quero no meu ninho,
Que é coberto por sapê,

Nos jardins da minha vida,
Toda flor que já se alcança
Tem a cor sempre sentida,
Na colheita da esperança.

Mas bem sei que tu duvidas
Deste amor que tenho agora,
Só te peço que decidas,
É meu verso que te implora.

Toda rosa tem espinhos,
Disso eu sei, e muito bem,
Porém depois os carinhos...
Tanto bem que esse amor tem.

Nessa vida perigosa
Uma coisa ouvi falar,
Se queres cheirar a rosa,
Espinhos vai suportar....
Publicado em: 19/03/2007 15:03:24
Última alteração:28/10/2008 16:58:09


Nesse copo de aguardente
Vejo a imagem de quem amo,
Tudo muda, de repente,
Quando por teu nome chamo...

Quando chegas, me embriago
Com teu beijo e teu perfume,
Nesse grande amor que trago,
Vou matando esse queixume.

Tu és minha bem amada
A mulher por quem sonhei,
Toda noite na calçada
Por teu amor eu cantei

Vou fazendo serenata
Pra chamar tua atenção,
Tanta saudade me mata,
Mas é teu meu coração!-
Publicado em: 18/04/2007 20:32:13
Última alteração:28/10/2008 17:05:33



Desejo de beber em noite insana
O néctar encantador, inebriante,
A lua que se vai, louca cigana
Trazendo o seu luar, por um instante
Encharca de beleza soberana
O quadro que se mostra delirante
Dos corpos invadidos pelo amor,
Cenário tão sublime e sedutor...
Publicado em: 11/12/2007 18:42:17
Última alteração:23/10/2008 07:37:5





Vindo do canto que canto que canto que canto que canto
Vento que invento e que repito ecôo.
Sem mar sem amar sem amara sem amarra sem arma.
Sem rumo.
Sem prumo
Me aprumo e desarrumo tudo depois.
Arrimo que não rimo e nem rima
Apenas primo e prima
Primaz.
Primata.
Pré nata
Recém nato e depois desato e destrato. Abstrato.

Amor quero teu gozo
Amor quero teu gomo
Tua fome e teu sonho
Se tudo der certo
Amanhã não volto mais...

Quero o sentimento farto e frágil, ágil e grácil,
Que agrade e não congele.
Nas esquinas e nas galerias, vazias e distantes
Nos serões e nos sertões, nas certezas.
Letreiros e visão, invasão sem ter fim.
Posse e possessão fico possesso e não rimo, estimo...

Melindro e não meandro, apenas desando e me perco.
Somos gomos e pomos, sonhamos sofremos e nos danamos.
Te amo, amo demais e por isso, adeus.
Não consigo mais conter
E não deixo que o mundo me domine
Quero a liberdade e sonho com ela.
Entornas a poesia e cadê busca?
Noite brusca e tempestades
Tempos e temporais
Atemporais meus desejos
Ensejos e seixos
Apenas isso
Seixos e sexo.
Publicado em: 28/12/2007 22:05:43
Última alteração:22/10/2008 21:23:40


EU AMO VOCÊ, QUERIDA
Chegando em noite clara
Tão manso adentro o quarto
Encontro-te dormindo,
No mesmo instante eu parto

Mas ouço o teu suspiro
Mais forte, num momento
Eu tento resistir
Porém eu não agüento

E deito do teu lado,
Abraço-te e sorris...
Aí nós começamos...
Depois eu quero bis...

E assim vamos passando
As horas mais felizes.
No céu de nosso amor
Rebrilham mil matizes...
Publicado em: 05/04/2008 09:16:32
Última alteração:21/10/2008 17:00:52


Avesso
Do verso
Reverso
Do sonho
Risonho
Caminho
Ao ninho
Perdido.
Vencendo
O medo
Segredos
Além
Vivendo
Este enredo
Do bem
Que estendo,
Na sala
Na cama
No quarto
Cigarros
E cinzas
Amoras
E rimas
Brisas
E vento.
Tempestas
E riso.
O beijo
Na boca
A sorte
Lançada
A louca
Viagem
Miragens
Desertos.
Despertos
Desejos
Os seixos
Os rios
Cascatas
Os clivos
Da sorte.
Publicado em: 03/06/2008 21:59:43
Última alteração:20/10/2008 20:18:09


Morrer de tanto amor, bela ventura
Que não mais me fascina mas agita
O peito ritual de fato grita,
E pede sem saber que não há cura
Pr’amor que sempre sofre na ternura.

Depois de libertar nossos desejos
Na cama que não cabe de prazer
Sangrando meus pecados, posso crer
Na força deleitosa desses beijos,
Que morrem nos meus dedos, meus versejos.

Embora te conheça quase toda,
Não sei se tu desejas minha vida
Eu vejo quando a luz vai repartida
Depois de tanto tempo e tanta poda.

Nossas sementes soltas pelo mundo,
Em várias certidões de nascimento.
Amor que já fizemos, sem tormento,
Invade esse universo, num segundo!
Publicado em: 19/09/2008 12:15:11



Se sabes como em olhos nascem mágoas
Que tramam contra o peito sofredor.
Vencido pelas tramas deste amor
Meus dias se derramam sujas águas.

Agruras de viver sem ter espaço
Em passos desmedidos sem futuro
O canto que mais temo não depuro
Em versos desafio o meu cansaço.

Medonhas tempestades se aproximam
Mas tenho teu amor como defesa
Não posso prosseguir virando presa
Das dores mais cruéis que me dominam;

És forte e soberano, amor divino,
Que nada mais me traz sem que me cobre,
E pago com moedas de ouro ou cobre,

Amor que é tão vital e cristalino.

Amor que com amor sempre se paga,
Não cabe e nem contém desesperança.
Portanto toda noite fica mansa,
E o medo de viver já não afaga.

Elevo o pensamento a Afrodite
E peço proteção a cada dia,
Amor se revelando na alegria
Do amor, faz que no amor eu acredite!
Publicado em: 23/10/2008 12:11:41
Última alteração:02/11/2008 21:45:22



Vagando pelas ruas,
Alma exposta entre bancos,
Jardins, praças e promessas...
Estrelas e luares.
Na nudez dos astros
A resposta infinita
Ao amor que, profano
E santo se entorna
Em poesia...
Na força incomparável
De um sentimento motriz.
As flores se entregam
Os pássaros cantam
Assim como os grilos
Estrilando em nossos ouvidos
E relembrando a cada momento
O quanto amar é fundamental.
Por amor fiz versos,
Por amor morri e renasci em esperanças
E desilusões.
Publicado em: 27/10/2008 17:29:33
Última alteração:02/11/2008 20:34:59


O fogo ardendo trouxe a forte chama
Que refletida em tudo, acende amor
E faz com que essas ondas de calor
Reflitam nos olhares de quem ama.

Ao verem a beleza em minha amada,
Nos seu rosto, o reflexo das estrelas,
Em milhares de lumes, tantas velas,
Uma estrela, por certo, apaixonada

Mergulha no horizonte, lhe buscando.
Ao mesmo tempo, um raio de luar
Enciumado, se joga sobre o mar,
E toda a natureza se entregando...

De todo esse romance, os elementos,
Aos pés dessa mulher apaixonante;
Num sonho divinal, estonteante,
Misturam corações e pensamentos...
Publicado em: 29/10/2008 19:44:56
Última alteração:02/11/2008 20:27:57


De fome e sede nos matos
Sertanejo vai morrendo,
Na seca desses regatos
Nos dias que vai sofrendo.
Tal qual esse sertanejo,
Assim também meu viver,
Vai secando esse desejo,
Na fome de ter você.
Publicado em: 31/10/2008 14:33:10
Última alteração:02/11/2008 20:28:38



Mergulho
em abissais promessas
de saber de mim mesmo.
Esmo e sem sentido
vou à procura do que fui
e jamais soube.
A cólera inerente
o medo adquirido
o riso distraído
e o nada superposto.
Meu amor...
Restos de mim
escancarados em seu rosto.
Ferida não cicatriza,
nem avisa
vira brisa e vai-se embora.
Nas profundezas do que fui
apenas maremotos esporádicos.
Paixões e riscos,
ariscos sonhos
emoldurados na parede
do quarto de dormir
e de sonhar.
Nas fronhas, travesseiros
a última lembrança
de quem já foi
e me carregou com ela...
Publicado em: 04/11/2008 17:44:11
Última alteração:06/11/2008 11:58:37


Eu quero tua pele veludosa
Sentindo teu perfume qual de rosa,
Inebriando todo o meu jardim.

Quero em tua boca o doce sumo
Que já me fez perder sentido e rumo
Uma mar de amor imenso, dentro em mim...

Quisera que viesses, minha amada,
Minha alma te procura, enamorada,
Não vês não existo sem te ter...

Escuta este meu canto apaixonado,
Vivendo sem saber se isso é pecado,
Apenas quero ter o teu prazer...

Pressinto que virás ao fim do dia,
Trazendo todo amor e fantasia
Que minha poesia já previu.

Aguardo cada toque desta boca
Que quero transtornada e quase louca
Beijando mais macia e tão sutil...

Bem sabes quanto eu quero o teu desejo
Envolto no carinho do teu beijo,
Com gosto de garapa e pão de mel...

Amada como é bom saber que tenho
O sonho mais bonito de onde venho
Trazendo para a terra o belo céu...
Publicado em: 10/12/2008 16:11:21
Última alteração:06/03/2009 15:40:09

Tenha certeza, amor não te neguei
Nem posso imaginar, esteja certa.
Trazendo na minha alma de poeta
O brilho desta lua, negarei?

Amor em minha vida sempre esteve
Nos versos que te faço e que não lês
Em todos os meus dias, toda vez,
Fazendo com que a dor me seja breve.

Amor está nas preces que remeto
Aos céus, quando implorando teu perdão,
Nos dias onde a torpe solidão
Me cobra todas luas que prometo.

Estás nas minha noites mais vazias
Estás nos meus momentos de ternura
Estás até na minha desventura
E mesmo nas saudades vivas, frias...

Estás nas tempestades e nos ventos
Nos beijos da quimera e neste sol,
Na cama que não durmo, em meu lençol
Em todos os meus loucos pensamentos.

Amor, meu companheiro de viagem,
É força que me traga e me enfraquece
É rumo que se perde e me enlouquece
É medo que me dá toda a coragem!
Publicado em: 09/01/2009 16:14:33
Última alteração:06/03/2009 07:33:48




Querer o que tu queres
Servil aos teus prazeres
Ser o que o quiseres
Alhures ou aqui,
Química loucura
Versos espelhares.
Olhares convidativos.
Vivo os ávidos desejos
Sem eira nem beira.
Talvez ainda me queiras...
Quem sabe?
Desabo os meus delírios
Sobre os lírios que cultivas
Minha alma se estercando
Numa esperança movediça...
Peço outra chance
Estás ao meu alcance?
Mas antes que se canse
Só peço que retornes...
Publicado em: 12/05/2009 20:03:17
Última alteração:17/03/2010 19:33:56



Pudesse te trazer
A boca
Esfaimada
A pele arrepiada
E a noite
Entre luas e cometas
A estrela principal
Desnuda em minha cama.
Pudesse te trazer
As luas que pensara,
Planetas e anéis
De ouro, com certeza.
Nada de brincar em serviço
Bijuterias? Pelo amor de Santo Cristo...
Ah! Devo avisar que não sou machista,
Muito pelo contrário.
A mulher conquista quem ela quer
E o homem, simples vítima...
Depois quem não presta é ele,
E pra nós vocês são MARAVILHOSAS...
Sem machismo...
Mas voltando à poesia
Que isto é que interessa
A noite não tem pressa
E a gente se devassa
Devasta o céu inteiro...
Publicado em: 15/01/2010 13:10:48
Última alteração:14/03/2010 21:00:53



Assopro contra o vento
Catavento?
Bebo o vento
E dele invento
Vendaval...
Queria ter
E atento
Quando tento
Posso ver
Perder
Saber
E crer
Amar é fundamental.
Elementar
Alimentar
Êxtase
E fases
Estase?
Jamais
Mexa-se
Mergulhe e beba cada gota
Que a fonte não se esgota
E se renova
Feito o vento.
Vento
Catavento
E recomeça
Até que a morte nos separe...
Publicado em: 06/02/2010 11:51:14
Última alteração:14/03/2010 14:24:40



No canto em primavera deste amor
Cada palavra veste-se de flor
E forma a nova dança, uma ciranda.

Contente por te ser e ser só teu
No verso, esse compasso que se deu
Formado por uma alma que se abranda

Na poesia amiga e companheira
Vontade de dançar a vida inteira
Sem ter sequer descanso, só dançar.

O gosto deste mel feito garapa
Escorre livremente, já se escapa
E traz uma emoção tão singular.

O canto que fazemos tem perfume
Que mesmo que provoque algum ciúme
É lume que nos guia ao mar, sem medo.

Na lua que se encanta com o sol,
A solidão perpétua de um atol
Meu barco desvendado este segredo.

Querida, como é bom amor amigo,
Cantando, extasiado, vou contigo,
Por astros, nosso espaço sideral.

Perdoem outros versos combalidos,
Se noutros rumos seguem mais perdidos,
Se juntos nós cantamos, afinal...
Publicado em: 19/08/2007 19:18:24
Última alteração:28/10/2008 16:37:38



Inda me lembro do dia
Que te trouxe, minha amada;
Reparando nos teus olhos,
Clareando toda a estrada.

Estava decerto sozinho
Sem ninguém que me quisesse,
Pedindo tanto a meu Deus
Em tanta oração e prece.

Vencido pela saudade
Deste tempo que passou
Buscando uma companheira
Que a vida já me levou.

Minha alma vinha tristonha
Deste sonho quase incrível
Achando que novo amor
Seria quase impossível...

Nas estradas, nessas fontes
Sem as flores, primavera,
De nuvens meu céu florido
Por companheira a quimera.

Nos cerros que sei azuis
Nas terras do bem querer,
Procurando em teu castelo,
A princesa que quis ter...

Nos caminhos que buscava
Caminhos do adivinhar
Somente com muito amor
Eu poderia encontrar.

Mas no vento do querer
Que fiz minha montaria
Trazendo pr’o teu castelo,
Desvendando a fantasia...

Encontrei poucas caídas
Encontrei os passos teus,
Agora estou bem defronte
Depois da terra do adeus...

Minha amada, és a rainha
Que sonhei por toda a vida,
Com certeza te encontrei
Nos teus braços, vou, querida...

E me faças ser teu rei
E me faças seu escravo,
Nas águas deste regato
Minha culpa toda lavo

Estou aqui, minha amada,
No reino do bem querer;
E te peço nova vida,
Te darei amor, prazer.

Se venci os teus encantos
E por ti serei amado,
Quero a luz da lua cheia
Nosso amor testemunhado.

Amor para ser verdade
De tanto que se lutou
Esse vento do querer
Aos teus braços me guiou.

Nas margens do grande rio
Do São Francisco querido,
Teu castelo mais bonito
De tanto amor esculpido...

Não temo mais a saudade
Nem busco mais pelo mar.
Quero de noite, contigo,
Deitado neste luar.

Pelas terras do querer
Do bem querer, teu reinado;
Viver um canto feliz
Dum homem apaixonado.

E vamos para o futuro
Nada deixamos pra trás,
Meu amor, minha princesa.
Vivermos a vida em paz...
Publicado em: 21/01/2007 22:01:43
Última alteração:28/10/2008 19:14:05

Te espero mais um pouco
Se me queres,não demora
Tenho fome deste amor
Nós amaremos sem ter hora!

Amando sem ter hora de parar
Vibrando de desejo e de vontade.
Chegando sem limite à saciedade
Até o mel do pote se entornar

Deitar-te em solo quente, devagar,
Num gesto de total insanidade,
Vertendo em cada poro a deslumbrar
Enfim o que parece liberdade...

Nesta avassaladora tentação
Que faz de cada beijo uma erupção
Uma explosão de fogos de artifício...

Morena, nunca mais me deixe só,
As pernas que se tocam... Louco nó
Atado neste amor que é nosso vício...


Tudo o que tive de fazer, já fiz,
Para falar-te de um amor imenso!
Pensei que fosses crer mas hoje penso
Ser incapaz de amar e ser feliz...

Muitas vezes, o peito arfante e tenso
Deste amor te falar, buscou e quis;
Mas não levas à sério o que ele diz
E fazes meu sofrer, enorme e denso!

Não acho explicação! Por que preferes
Fugir dessa maneira, se é verdade
Que busca entender-me e se me queres?

Mas se me dá adeus, na despedida,
Eu viverei a dor desta saudade,
De uma mulher que amei, por toda a vida...

Mal sabes quantas vezes, delirando;
Chamava por teu nome e te esperava.
Amor de tão sublime, não sei quando
Eu te perdi. Querida, eu te adorava

Em cada novo dia, procurando
Toda alegria imensa que me dava
Amor que me levaste. Vou passando
E a vida me queimando como lava.

Eu quero novamente te sentir,
Minha boca procura pelos teus.
Por isso, nestes versos te pedir:

Não deixe que a saudade me domine.
Esqueça que me deste, um dia, adeus...
Vem logo, antes que a vida, enfim, termine...

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures

Publicado em: 26/03/2007 17:43:07
Última alteração:06/11/2008 10:33:15

Como o peixe que se ceva
Só quer saber de comer;
Co”a vida que a gente leva,
Tenho pena de morrer.

Encontrei o meu amor
Nesta curva do caminho,
Perdendo todo o temor
Já não vivo mais sozinho.

Minha amada por favor,
Venha me fazer carinho,
Tu tens o jeito da flor,
Perfumando o nosso ninho.

Me aqueço no teu calor,
No teu peito eu já me aninho,
Nosso amor tem mais valor
Deixa eu ser teu passarinho.

Cantando por onde for,
Sem parar nem um pouquinho,
Esse canto tentador
Supera qualquer espinho,

Eu só peço ao Salvador
Ficar aqui um cadinho,
Não me leve Meu Senhor,
Me deixe neste cantinho...

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures

Publicado em: 06/05/2007 21:51:55
Última alteração:06/11/2008 08:06:29

Não canso de cantar minha alegria
De ter tua alegria aqui, comigo,
Meu canto se envereda noutras sendas
Que trazem meu destino e meu abrigo.

Se falo com fervor da bela moça
Que fez revolução nestes meus versos.
Voando em liberdade uma esperança
Procura teus carinhos mais diversos...

Tu tens esta pureza que me encanta
Com doces melodias me inebrias.
O gosto que me mostra teu sorriso
Trazendo ao velho peito as fantasias...

Eu amo a suavidade que me trazes
Com tua mansidão e maciez.
Amar é ser bem mais do que ser forte
É ter toda ternura e placidez...
Publicado em: 12/02/2007 21:06:11
Última alteração:28/10/2008 18:06:23


Não deixe que agonize
O sentimento imenso
Permita que eternize
Que sempre paraise
Amor que recompenso.

Que supere as varizes
Das dores e dos medos.
Te peço que avalizes
Que trame essas raízes,
Sem lamas ou segredos.

Amor que é tanto céu
Amor que é barco e véu.
Não viva no revel
E traga num pincel
As cores. No cinzel
Amor, que é mar e mel...

Amor que não divise
Com dor nem com degredo
Amor sendo meu senso
De lume tão intenso
Costumes desde cedo
Sem medo de reprise..

Te quero, uma emoção
Na plena sensação
Se ser somente então
Amor que não sei vão
Na seiva da paixão,
Imerso coração...
Publicado em: 29/01/2007 20:11:25
Última alteração:28/10/2008 18:25:05



EU AMO VOCÊ, MORENA /


Menino que me nina sem parar
Afeita ao teu amor eu já navego
Nas ondas mais sublimes deste mar
Teu corpo, doce trilha onde trafego.

Amor-paixão por ti eu já não nego
Verás amor por ti em meu olhar
Nos gestos, mil carícias, meu apego
Delícias que me fazem delirar...

Ao ler perfeitos versos que me fazes
Percebo a poetisa maviosa
Na mão a flor tão bela que assim trazes

Em molhos que me encharcam de emoção.
Nascendo no jardim; divina rosa
Artista que se molda em perfeição...

ANA MARIA GAZZANEO
Marcos Valério Mannarino Loures
Publicado em: 03/08/2007 17:51:11



EU AMO VOCÊ, QUERIDA /

Estamos tão unidos nessa lida
Acordar de manhã tendo ao meu lado
Você falando "Acorda meu amado."
Dizendo-me "Qual fruta preferida"

Levanto-me; respondo assim: "Querida
Há desjejum melhor - mais cobiçado
Que receber seus beijos de bom grado?"
Pomar delicioso em minha vida

A pele qual um pêssego divino,
Na boca a tentação de uma maçã
Nos seios, maravilha da romã

Em tudo uma beleza em tal frescor
Que ao ver este pomar eu me alucino
E agradeço por ser fruticultor...

GONÇALVES REIS
Marcos Valério Mannarino Loures
Publicado em: 06/08/2007 21:17:21
Última alteração:05/11/2008 16:56:58


És fogo que incendeia os meus sentidos
És água que não canso de beber
És vento e faz subir os meus vestidos,
Remanso onde aqueço o meu prazer

Te amo com uma fúria insana e louca
Vulcão em violentas erupções
Me perco ao sentir a tua boca
Queimando em chama intensa das paixões

Te amo, meu amor, sem ter motivo.
Nem quero mais saber apensas sinto.
Por esse amor intenso, sempre vivo
Alucinadamente... Amor; não minto...

Eu quero nos teus braços me salvar,
Debaixo do vestido? É meu lugar...

HLuna
Marcos Loures
Publicado em: 31/03/2007 13:03:26
Última alteração:06/11/2008 10:02:4



As coisas que não voltam
O tempo que se foi
A perda inevitável
O gosto do vazio
Cerzindo uma ilusão...
Sem vento, o que fazer?
Seguir a esmo
O mesmo passo
O traço o tema
Sem lema,
Algema nos meus olhos,
Esgarçando a fantasia.
Inútil minha queixa
Decifro teus sinais,
Mas sem vento,
Jamais eu verei cais...
Publicado em: 30/09/2008 16:54:28
Última alteração:02/10/2008 14:53:38


EU AMO VOCÊ
Roubei da velha estrela cada brilho,
Talvez fosse preciso. Não devia.
Estrela morredoura, fria, amarga
Na draga que se fez em noite inútil;
Um fútil desfilar de falsas pedras,
Bijuterias fingem diamantes
Os dentes e os sorrisos já postiços
Os viços esquecidos no passado
Ao lado do cadáver, silicones
Em cones e carpetes multicores
Corbelhas esquecidas na ante-sala
A fala tartamuda e sem sentido.
O vidro se espatifa, canastrão
E cada caco mostra uma verdade.
Sem asco vou pisando o podre chão
Carrasco desta estúpida boçal.
Velhaco, num sorriso de ironia
Sarcástica impressão deixando à toa,
À tona numa orgástica expressão
A pedra se esfacela e já se mostra
Desnuda de qualquer satisfação
Espelha minha face enregelada,
As rugas de minha alma se aflorando
Queimando assim meu rosto em escaldante
Licor feito entre mágoas e mentiras.
Um simples mercador faz da ilusão
O seu melhor produto em farta venda.
Acendo o meu cigarro, assim cultivo
O câncer que será meu companheiro;
E a moça que se ilude em gargalhada
Aplaudirá meu último espetáculo.
Tentáculos tocando o que me resta
Na festa inesquecível, viperina
A noite se alucina e dança leve
Dizendo tão somente um: até breve!
Publicado em: 22/10/2008 17:24:04

Não me ensinaste nesta dura vida
Como poder viver sem teu amor.
A vida passará tão dolorida,
Ensina-me, te peço, por favor...

Em cada amanhecer, procuro o sol,
O mesmo sol que sempre te encontrava
Nessa cama, onde a gente tanto amava,
E nada, nada tenho por farol...

No vento que espalhando teu perfume
Agora nem as flores mais resistem,
Pois sabem que partiste e já desistem,
Nas pétalas sem cores, um queixume...

Nas águas das cascatas que banhavam
Teu corpo divinal, a seca veio,
Saudades do teu alvo e belo seio.
Por onde meus carinhos penetravam...

Não me ensinaste a amar! Tanto sofrer...
Saudades que deixaste, minha amada.
Pedindo, de joelhos, quase nada:
Apenas que me ensines te esquecer!
Publicado em: 19/05/2008 18:27:09
Última alteração:21/10/2008 15:07:25

Segredos, sonhos,
Mares risonhos
Marés serenas,
Nas noites plenas
Bocas que acenas
Prazer intenso.
Gemidos, risos
E paraísos,
Toques precisos
Sorriso e gozo.
Amor gostoso
Risco fogoso,
Quem, andrajoso
Fora andarilho,
Buscando o trilho
Adentra a festa
Rendido em frestas
Abrindo portas,
Janelas, muros.
Portos seguros,
Teus braços mansos,
Alcanço a glória
Nossa vitória
Que é peremptória
Já vangloria.
Sabendo disto,
Amor que listo
Não mais despisto
Eu aterrisso.
Publicado em: 17/05/2008 12:01:46
Última alteração:21/10/2008 12:47:16



Amar é necessário ter coragem,
Saber que muitas vezes nos magoam
E mesmo assim, sentimentos maus revoam
E impedem que façamos tal viagem.

Amar sem ter coragem, tanto medo,
Traduz-se em sofrimento no final.
Quem ama deve ter esse ideal
Não temer intempérie nem degredo.

Mas tanto que te amei, minha querida,
Que agora a vida mostra outro sentido.
Das forças deste amor fui dividido
E quase, nos teus braços, perco a vida...
Publicado em: 19/05/2008 22:53:17
Última alteração:21/10/2008 15:07:53



Olhos
Luzes
Claridade...
Deusa-Sol
Meu olhar
Girassol...
Publicado em: 23/05/2008 11:24:07
Última alteração:21/10/2008 06:38:52


Te quero meu amor, meu doce mel,
Viajo em teus carinhos, vou pro céu,
Pensando: como é bom te ter aqui!

Menina que plantei no coração
A flor já vem nascendo num botão
Perfume que roubou, meu bem, de ti.

Eu sinto que te quero a vida inteira,
Amada, namorada e companheira,
Caminho do prazer e da alegria.

Escute este meu canto delicado
Que vem do coração apaixonado,
Repito meu desejo todo dia.

Eu sei que a noite vem trazer teu rosto
Nos sonhos que proíbem meu desgosto,
Na boca que sonhei doce garapa.

Eu quero nosso amor cana caiana
Meu peito enamorado não se engana,
Morena, dos meus braços não escapa!
Publicado em: 28/05/2008 08:05:11
Última alteração:21/10/2008 15:24:56


Parece-me que foi numa outra vida
aonde uma esperança me trouxesse
um riso complacente, uma alegria,
que apascentasse o dia feito prece.

Qual rústica campônia tu vieste,
nas mãos tão calejadas pelas dores.
Rondando em minha cama, vagos lumes
vestidos transparentes multicores.

Mosaico de emoções, ardor e frio,
repentes em rompantes, beijo e gozo.
Mordias cada lábio com vontade,
num mundo em pleno amor, maravilhoso
Publicado em: 26/05/2008 22:14:01
Última alteração:21/10/2008 15:19:28


Minha alma te procura em tantos lagos,
Vivendo a sensação de ser só tua.
Por vezes esquecida vai embalde,
E sem amor sequer se rasga nua...

Querida tanto quis quanto fizeste
Tufão que me derruba e me transtorna.
Tu és a soberana que domina,
De tanto amor que tenho, a alma se entorna.

Mas sinto que depois de certo tempo,
Virás para os meus rios, cachoeiras.
E seguirás comigo para um mar.
Trazendo novas luas verdadeiras.

Cercado por carinho, então serei
O rei que tu quiseste amar, sereia.
E tanto amor enfim nos levará.
Deste pequeno lago; imensa areia.

E vamos nos salgar, tanto prazer,
Trazer para a lagoa, o grande mar.
Na imensidão insana e deliciosa
Que traz essa alegria de te amar!
Publicado em: 02/06/2008 18:23:15
Última alteração:20/10/2008 21:54:38


Um porto seguro
Encontro em teus braços
Vencendo o chão duro
Atando estes laços
Em sonhos serenos,
Querida te encontro
Amor bateu ponto
Em dias amenos.
Vem logo, eu não canso
De sempre querer
Amizade, amor
E um doce prazer
Na boca gostosa
Perfume de rosa
Matando o espinho,
Não vou mais sozinho
Seguindo meus passos
Atando meus laços
Em quem quero bem
Vem logo que a vida
Sem luta renhida
Se faz mais bonita
Se temos alguém...
Publicado em: 07/08/2008 09:05:54
Última alteração:19/10/2008 22:17:00



Eu me perco nos teus braços
Viajante da emoção
Penetrando nos espaços
Defenestro o coração...

Todavia a vida passa,
Simples sonho e nada mais.
Eu me perco na fumaça
O meu barco vai sem cais.

Nos jardins, nossos canteiros,
Eu colhi uma incerteza,
Ao pensar em pessegueiros
Vejo a doce framboesa...
Publicado em: 11/08/2008 20:33:21
Última alteração:19/10/2008 19:48:54



Recebi o teu recado
E estarei sempre contigo
Coração enamorado
Encontrou o seu abrigo...
Publicado em: 29/08/2008 12:52:21
Última alteração:17/10/2008 14:26:08

No viço destas folhas, primavera
Reflete-se nos raios deste sol;
Paramento divino, girassol
Altares catedrais, uma tapera.
Tudo reluz, paisagem, quem me dera
Pudesse percorrer, ser o farol.
A natureza orgástica... Na fera
Que repousa, reparo um triste rol.

As marcas tão profundas, dentes, garras.
Escondo-me, sou presa, neste arbusto,
Num átimo rompendo essas amarras
Reparo nos teus olhos, minha fada...
De frágil, num repente, sou robusto.
Na força que recebo em ti, amada.
São medos que acumulo pelos dias
Entornas, nos teus olhos, poesias...
Publicado em: 10/09/2008 19:16:37
Última alteração:17/10/2008 14:38:43

EU AMO VOCÊ
Quando de noite a lua traz seu brilho
E vejo a maravilha: ser feliz.
Eu pressinto essa aurora que virá
Pintando uma esperança para mim.
Ah! Eu amo você!

Quando o sol me entregar seus quentes raios
Deitando no meu quarto, uma alegria...
Iluminando cada canto, assim;
Com seu suave toque luminoso...
Ah! Eu amor você!

Quando as franjas do céu sobre as montanhas
Azuladas no fim deste horizonte
Formando com as nuvens bela cena
Eu estarei pensando em nosso amor.
Ah! Eu amo você!

Você que é toda a luz desta manhã
Você que é todo o brilho desta lua
Você que me irradia tanta paz.
Você que é essa certeza que buscava...
Ah! Eu amo você!

E cada vez que penso em seus olhares
E cada vez que canto uma canção
E cada vez mais tenho essa certeza
Vontade de gritar a todo mundo:
Ah! Eu amo você!!!!!
Publicado em: 11/09/2008 12:17:11
Última alteração:17/10/2008 14:52:49


Que eu consiga sentir o teu carinho
Em todos os momentos que puder
Sabendo discernir felicidade
Nos braços tão amados da mulher
Que sempre foi meu rumo e meu destino
Desejo de te ter ao lado meu.
Nas noites mais divinas desatino
Nas tramas de quem, louco, se perdeu...

Quero teu carinho em meu desejo
Desejo meu amor em teu carinho
Quem fora nessa vida tão sozinho
Espera pelo afago do teu beijo.
E sinto que esta noite não termina
E sinto que este amor já não se cabe
De tanta fantasia se alucina
De tanto que te quero e nada sabe.

Nos medos que vivemos, nos receios
Nas bocas que procuram seus recantos
Na maciez divina dos teus seios
Deitado no teu colo, teus encantos.
Eu quero desfrutar do teu perfume
Sem medo de sentir a tempestade
Vivendo nosso amor, sem ter ciúme
Sabendo que encontrei felicidade!
Publicado em: 11/09/2008 19:53:09
Última alteração:17/10/2008 14:57:40

Tigelinha d'água morna,
o que faz na prateleira?
Esperando o meu benzinho,
que chega segunda-feira.
Meu amor vê se vem logo
Eu espero por você
Na saudade já me afogo,
Tô doidinho pra te ver.

Todo final de semana
Meu amor vai passear,
Meu coração desengana
Esperando ela voltar,

No domingo tô sozinho,
Pé de cachimbo quebrou,
Volta logo pro seu ninho,
Passarinho avoador.

Minha casa não tem cama
A gente dorme é na esteira,
Coração ficando em chama
Chegando segunda feira.

Tô doidim pra dar um beijo,
Na morena mais formosa,
Tanto amor tanto desejo
Todo o espinho vale a rosa.
Publicado em: 12/09/2008 11:59:20
Última alteração:17/10/2008 15:00:59

Se queres alegria, a distribua.
A vida necessita do sorriso.
Pois a morte virá sem ter aviso
E quem sempre sorri, manso flutua...

A tua vida espelha a minha vida,
Estou feliz em ti e vice-versa,
O resto, neste mundo, é só conversa;
A lua que não se acha, vai perdida...

Espero teu carinho em ansiedade
Esperas meu amor tão calmamente,
Unidos, nos tornamos, de repente
Um elo que trará eternidade...

É bom saber que sempre estás feliz,
Embora tantas urzes nos caminhos.
Essas águas que movem os moinhos,
Nunca voltam jamais pedirão bis...

Mas seja, desta casa, a claridade.
Entregue teu amor manso e sincero,
De ti jamais desejo nem espero
Pois sei que tu trarás em liberdade.

De tua mocidade traga o brilho,
De minha sobriedade deixo a vela.
Do encontro divinal já se revela
O rumo que teremos, nosso trilho...

Eu sou feliz por seres sempre minha,
Nas horas mais difíceis, o meu porto.
Um dia, quando o sonho semimorto,
Irei para os teus braços, andorinha.

E fecharás os olhos de um poeta
Que amou e que sofreu demais na vida.
E mesmo assim na nossa despedida,
Saiba que nossa vida foi completa!
Publicado em: 13/09/2008 20:03:05
Última alteração:17/10/2008 13:26:41



Amor, destino
Caprichoso e tão menino
Traz conforto e desatino,
Faz roseira balançar.
Me descompensa
É muito mais que a gente pensa
Todo amor quer recompensa
Compensa recompensar.

Amor que inflama
Toda noite em minha cama
Fervilhando em nova trama
Faz a cama balançar.
Amor te quero
Eu por ti me regenero
Tanto amor que te venero
Tanto amor me faz gerar...

Amor sacana
Nossa vida se embanana
Se esse amor cedo me engana
Tenho ganas de esfolar.
Amor gemente
Toda noite, de repente,
Arrastando uma corrente
Faz a gente delirar...

Amor de fato
Eu guardei o teu retrato
Foi pro morro foi pro mato
Nesse trato quero estar.
De manhã cedo
Tanto amor, sem ter segredo,
Vou vivendo sem ter medo,
Nesse enredo vou ficar.

Amor de sonho
Um futuro tão risonho
Meu amor, a ti proponho;
Já me ponho, imaginar...
Amor que peço
Sem amor eu me despeço
Meu amor a ti confesso
Só me estresso sem amar...

Venha comigo
Perceber se tem perigo
Meu amor eu não consigo
Se te ligo quero estar.
Amor não corra
Se rodar feito piorra
Quero amor que me socorra
E não morra devagar.

Amor gigante
Te queria neste instante
Meu amor que se adiante
Neste instante namorar...
Amor salgado
Se ficar assim de lado,
Meu amor é bom bocado
Nosso estrado vai quebrar.

Te quero nua
Toda a vida continua
Nesse amor que se flutua
Onde a lua quer brilhar.
Amor marinho
Eu preciso do carinho
Meu amor não vou sozinho
Quero o ninho povoar.

Não falo nada
Vou seguindo minha amada
Toda noite e madrugada
Em cada cama cada olhar.
Amor meu verso
Procurando no universo
Tanto amor assim diverso
Que é o inverso de chorar...
Publicado em: 18/09/2008 21:58:43
Última alteração:03/10/2008 13:06:06


Somemos nossas forças, minha amada,
Entranhando universos belicosos.
Na doce sedução desta jornada,
Sentindo mansos ventos caprichosos,
Untando minha pele com teu mel,
Alcanço plenitude em fortes gozos,
Liberto, sem correntes, vou ao céu...
Publicado em: 24/09/2008 13:07:47
Última alteração:02/10/2008 18:13:13

Ame
Que a dor é tão moça
Que amor é tão triste
Que a vida é ilusória
Que o tempo é promessa
De um dia feliz
Mas jamais , não se esqueça do canto.
Que tramando as verdades, sonhando,
Nos trará outros dias de encanto...
E somente vivendo e amando
Nós seremos, quem sabe, felizes...

Ame
Que amor é tão moço
Que a dor é tão triste
Que o tempo é ilusório
Que a vida é promessa
De um dia feliz
Mas tramando as verdades, no canto,
E jamais nao se esqueça sonhando,
E trará outros dias de encanto
Nos, somente, vivendo e amando
Nós seremos, quem sabe, felizes...

Ame
que o tempo é tão moço
que a vida é tão triste
que a dor é ilusória
que amor é promessa
de um tempo feliz...
nos trará, nao se esqueça do canto
e somente as verdades sonhando
mas tramando outros dias de encanto
nos, somente, se esqueça sonhando...
nós seremos, quem sabe, felizes...

ame
que a vida é tão moça
que o tempo é tão triste
que amor é ilusório
que a dor é promessa
de um tempo feliz.
Publicado em: 28/09/2008 21:28:33
Última alteração:02/10/2008 14:47:02



Essa ferida exposta
Qual chaga em carne viva,
Trazendo uma esperança
De não mais ser cativa;

Eu quero o teu carinho
Em forma de desejo,
Chegar bem de mansinho
Te dando tanto beijo,

Fazendo desta vida
Uma alegria imensa,
Depois de tanta dor,
Já tenho a recompensa

Que sei que me fará
Do jeito que mais quis,
Cantando mais alegre,
E sendo tão feliz...
Publicado em: 29/09/2008 21:29:03
Última alteração:02/10/2008 14:48:23



Fui andando para o norte
Procurando o meu caminho,
Dei azar, nunca dei sorte,
Por isso estou tão sozinho,
Nas curvas do bem querer,
Eu me perdi de você...

Não quero saber mais nada,
Tenho minhas mãos cansadas,
Mulher, quanto mais amada,
Mais duras, as nossas estradas...
Quero saber de seu colo,
Lhe deitar, mansa, no solo...

Tenho calos nos meus pés,
De tanto que caminhei,
Fui em frente, de viés,
Meu caminho eu já errei...
Mas não passo de idiota,
Perdendo meu rumo e rota...

Vi nas travas do destino,
O olhar dessa quimera,
Meu amor é de menino,
Mas ela é uma pantera.
Tenho sede, um copo dágua...
Para aplacar minha mágoa.

Sei que não teria cento,
Por isso quis a dezena,
Meu amor o seu assento,
Com jeitinho, me envenena.
Quis ter beijo da mulata,
Seu ciúme me maltrata...

Nas bugigangas da vida,
Encontrei o seu retrato,
Minha dor na despedida,
Coração pagando o pato...
Vem pra casa meu amor...
Faz frio quero calor.

Batendo o queixo de frio,
Procurei por meu amor,
Coração bate vazio,
Esperando o cobertor...
Vem pra cá minha menina,
Coração bate em surdina...

No gole desse conhaque,
Vou acabar meu enredo,
Meu amor não é de araque
Sem você, vivo com medo...
Medo de ter solidão,
Sem você não vivo não...

Meu sapato já furou,
Minha calça está rasgada.
Seu amor foi que ficou,
Sem você não tenho nada,
Vi a curva desse vento,
No meio d’esquecimento...

Fui pescar lá no riacho,
Uma sereia peguei,
Bananeira já deu cacho,
Todo menino é um rei...
Quis saber de sua boca,
Acabou, dormi de touca...

Usei isca de primeira,
Pra pegar peixe mulher,
Mas caí, tomei rasteira,
Agora, ninguém me quer...
Não sei mais falar bonito,
Tanto sofro quanto grito...

Joguei rede pra pescar,
Agarrou no meio fio,
Quando a noite é de luar,
Coração bate de frio...
Nas curvas dessa saudade,
Eu só encontrei maldade...

Vou buscar um curativo,
Pra curar minha ferida,
Amorzinho, fica ativo,
Seu amor nem Deus duvida,
Amor bicho interesseiro,
Procura outro travesseiro...

Fiz a cama no terraço,
Esperando pela lua,
Meu amor me deu cansaço,
Minha luta continua...
Procurando por Maria,
Encontrei quem não queria...

Vendo espaço lá no céu,
Quem quiser pode comprar,
Deixa levantar o véu,
Espera o que vou mostrar...
De carroça capotei,
Duas pernas eu quebrei...

Procurei a minha chave,
Não achei nem fechadura,
Ciúme é como um entrave,
Tem gente que não atura...
Quero o gosto da maçã,
O perfume d’hortelã...

Minhas dores são do parto,
Meus amores são de fé,
Vou lhe propor mais um trato
Acho que esse vai dar pé,
Você canta seu bolero,
Eu imito o quero quero...

Quis um beijo me negou
Quis carinho, não me deu,
Andando por onde vou,
Não vai nem ela nem eu...
Meu amor me disse não,
Acabou todo meu chão...

Vou terminar essa joça,
Não tenho mais paciência,
Vou me deitar na palhoça,
O resto é coincidência...
Fiz um verso pra você,
Mas você não quis nem ler...
Publicado em: 01/05/2008 12:43:48
Última alteração:21/10/2008 14:30:23

Divago sobre sonhos e promessas
Invado os mais sublimes pensamentos
Arcando com desejos, sentimentos.

Dourando a poesia sob o sol
Ourives da alegria e da tristeza
Sorvendo todo o brilho do arrebol.

Nos olhos, o reflexo de minha alma
Amenizando medos e pudores,
Mergulho em turbilhão que já me acalma
O jardineiro ceva suas flores
Recebendo o perfume, a cor, o espinho
Almeja o Paraíso a cada passo
Deveras cultivando com carinho
Olvida a solidão, e ganha o espaço.
Sentidos aflorados. Namorados...


Publicado em: 06/05/2008 12:53:14
Última alteração:21/10/2008 14:31:59




Coração camponês e libertário
Arando com rastelo uma esperança,
Descendo pelo rio em estuário
Arcando com castelos na lembrança.
Coração camponês, mãos calejadas.
O sol por companheiro nas estradas.

Distante da presença de que ama,
Arar a terra em busca do futuro.
A cada novo dia, velha trama,
Árido solo; amor. Por vezes duro.
Ferrão promete doce e farto mel,
Esperança se faz em negro céu...



EU AMO VOCÊ

A noite que, extasiada,
Trama a noite em prazer
Tanto amor que a madrugada
Não se cansa de fazer.
Nos versos que concebemos
As luas, mares, sertão,
De tanto que nós vivemos,
Sem ter medo ou solidão.
Amor vencendo surpresas
Libertam as maravilhas,
Os dentes cravados, presas,
Nunca mais ser simples ilhas
Perdidas neste arquipélago,
Mergulhando no oceano,
Que sabes profundo pélago,
De tanto prazer que ufano.
Idos tempos sem enredo
Com medo que bem se diz.
Sem saber esse segredo,
Como é fácil ser feliz!
Publicado em: 11/08/2007 12:34:35
Última alteração:28/10/2008 16:35:40




Falando deste amor que, em si, se basta

Na noite tão profana quanto casta

Desejos se confundem livremente.


Te quero e te desejo, eu não minto

No furacão tão manso que eu me sinto,

Plantando em nosso amor sacra semente.


Que traga enfim a flor do desvario

Morrendo nasce em fruto, santo cio,

Qual fora uma crisálida desperta.


A borboleta nasce de uma larva

A vida que passou, deveras parva

Agora se ressurge em rosa aberta.


Eu quero mais que tudo poder ser

A divinal presença do prazer

Mesmo distante assim, amor platônico...


Que quer felicidade de quem ama

Que viver por poder roubar a chama

Deste desejo esplêndido e atômico...
Publicado em: 19/08/2007 06:25:08



Numa explosão divina do desejo
De ser e estar com quem queremos tanto,
Amor que nos recobre com seu manto

Permite uma loucura a cada beijo.
Falar do amor que cedo nos domina,
Transforma nosso sonho em maremoto

Por mais que nosso mar seja remoto
O simples existir nos alucina.
Proclamo nosso amor aos quatro ventos,

Em cada novo verso da canção
Que emana com poder de sedução
Comanda totalmente os pensamentos!
Publicado em: 24/08/2007 03:04:45
Última alteração:28/10/2008 17:03:15



Pensei que tu vieste
Em festa em gozo e riso.
A vida faz seu teste
E nega um paraíso
No vento sudoeste
O gosto mais preciso,
Amor cabra da peste,
Tomando o meu juízo.
Prazer que tu me deste,
Com toque mais preciso,
É sorte que se empreste
Depois, resta granizo.

Amor me repetia
Um gesto mais gostoso,
Adentra a cercania
Num vento furioso,
Quem dera uma alegria,
Prazer maravilhoso
Agora em fantasia
Em céu tempestuoso,
A noite vai vazia,
O tempo está chuvoso.
Quem dera voltaria,
Amor, prazer e gozo..
Publicado em: 29/08/2007 10:10:04
Última alteração:28/10/2008 16:39:59




Doce dança que alcança esperança
Em festas, frestas fendas e prazeres.
Quereres entre seres que se buscam,
Ofuscam os brilhares mais intensos.
E, densos, dentes bocas e promessas,
Festanças que fazemos noite afora.
Agora vamos nessa que não basta
Apenas reboliços sem desfrute.
Abutres invejosos podem vir
Que nada vai calar nem impedir
O gozo de quem ama, e não tem nojo
Do cheiro do suor de quem se adora...
Publicado em: 20/09/2007 19:37:13
Última alteração:28/10/2008 15:29:35




Quando quis viver contigo,
Bem sei que não me querias,
Meu amor, de tão antigo,
Traz em suas cercanias,
A certeza do perigo,
Desse medo que vivias.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Quis viver com muito luxo,
Quis meu tempo de reinar,
Carregando meu cartucho,
Bala de todo lugar,
Sou deveras, meio bruxo,
Nessa arte de magiar.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Da morte sei a sentença
E também sei o perfume,
Não há quem me convença,
Nem que meu revólver fume,
Não vai morrer de doença,
Carne irá virando estrume...
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Sei de tanta malvadeza ,
E também sei da saudade,
Tanta vida essa incerteza
Sua melhor qualidade,
Vivendo minha tristeza,
Amores; sei de verdade.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Bebi medo de serpente,
Comi carne de ururbu,
Minha sina, sei caliente,
Na pena preta d’anu.
Todo ser sobrevivente,
Fugindo qual inhambu.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Matei muitos, de emboscada,
Não sei mais quantos matei,
Dessa vida levo nada,
Nada da vida levei,
A não ser essa esporada,
Desse reinado sem rei.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Pois perdão; peço de fato,
Sei o quanto errei também,
Fiz de sangue, um regato,
Nunca respeitei ninguém,
Tanta morte por contrato,
Por real ou por vintém,
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

Eu sei, confesso o pecado,
Pequei, já não tenho cisma,
Bem sei quanto estou errado,
Não precisa cataclisma,
Nem me chamar de safado.
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...

No segredo dessa vida,
Nem precisa repetir,
Minha alma já vai perdida,
Foi tudo o que eu consegui,
Sei que a vida vai sofrida,
Perdão, não custa pedir...
No segredo dessa vida
Minha alma já vai perdida...
Publicado em: 24/09/2007 15:41:15
Última alteração:28/10/2008 15:34:12



Falando minha verdade,
Buscando novo cantar,
Procuro tanto teu mar,
Mares dessa saudade;
Reviver a liberdade...
Quero a boca que me nega;
Que nunca, jamais , sossega...
Quero tentar ter amor;
Desses prados sei a flor,
Flores que a lágrima rega...

Falta minha temporada,
A primavera da vida;
Onde não sei despedida,
Na mais feliz alvorada,
Por amores inundada...
Quero ser tua semana,
Uma esperança que emana
De cada novo cantar,
Horizontes por voar...
Minha luta mais temprana...

Turbilhão de sentimentos,
Não queria tempestade,
Mas tudo isso me invade,
Em todos novos momentos,
Tantos velhos tormentos...
A sombra do que já fui,
Nada mais tenho, se exclui
O que tive, o que passei;
Nos braços aonde errei,
Meu mundo se queda, rui...

Num silêncio vou solene,
Buscando por minha luz,
Carregando velha cruz,
Não há dor que não me empene;
Amor que sonhei perene.
Perante tanta vergonha,
Tudo de bom que se sonha,
Passa para pesadelo,
No frio que corta, gelo;
Restará só dor medonha...

Pus meu barco nesse rumo,
Sem leme, o barco virou;
Do nada que me restou,
A saudade dá seu prumo,
Minha vida virou grumo,
Recebi trato da morte,
Não quero ter essa sorte,
Nem quero mais solavanco,
Assisti tudo no banco,
Na arquibancada dei bote...

Fiz a casa desse barro,
Feito de sangue e pudim,
O que mais quero pra mim
É saber que, se me esbarro,
Nas tristezas qu’hoje varro,
Foi revés, mas eu reverto,
Minha dor vive em aperto,
Carteada do destino,
Se tem dor, logo me empino,
No final terei conserto...

Nas matas nos pinheirais,
Tudo que for machadada.
Tudo que suar enxada,
São coisas que pedem mais,
A violência que traz paz,
O corte dessa esperança,
A morte vem de criança,
Nos braços dessa parteira,
Sangrando essa terra inteira,
Engorda a pança se dança...

Desculpe tanta flechada,
Acenderei teu pavio,
Secarei esse teu rio,
Não terás mata fechada,
Não te restarás mais nada,
Nem sombra de natureza,
Quem sabe, sem ter beleza,
Sem ter água pra beber,
Poderá, pois, conceber,
Meu amor em tua mesa...
Publicado em: 26/09/2007 15:08:58
Última alteração:28/10/2008 15:38:22




Meu amor nos caminhos que tu fores,
Não esqueças jamais de nossas luas.
Das catedrais que fomos, velhas cores;
Das madrugadas bêbadas, nas ruas...

Os castiçais que sempre se acenderam
Nas velas que iluminam nossas noites
Penumbras que jamais nos esqueceram,
As cordas que latejam, vis açoites!

Da sorte que nos nega a fantasia,
Dos cortes que teimamos produzir,
Do parto que fingira essa alegria,
Dos olhos que mentiste sem luzir.

Os pútridos carinhos que me deste.
Nas pétalas murchadas desencanto.
O beijo tão satânico e agreste,
As lágrimas fingidas de teu pranto!

Não deixe que medonhas tempestades
Te levem o que resta deste cais.
Os parvos cantos lúbricas saudades,
As farpas que me deste, Satanás!

Não quero mais profanas juventudes.
Nem bacantes vorazes que me esfreguem.
Negar as tuas podres atitudes
Fugir de tuas mãos antes que peguem...

Não saio deste mar nem que me rogues,
Pretendo tais marés que sempre matam...
Nas ondas que produzem que te afogues,
De teus ciúmes loucos já se fartam!

Pélagos abissais e calabares
Jamais iriam ter tal paciência
Nem santos que profanas nos altares
Nem deuses pediriam por clemência!

Expulsas venenosa companheira,
A sorte que jamais, karma, deixaste.
A dor que me legaste, verdadeira.
Os meus destinos, víbora, mataste...

Não me restam sequer palavras mansas.
A mansidão sugaste num tormento.
Fugir para bem longe de tais lanças
Que rogas contra mim, cada momento!

A vida me negou a doce espera,
O tempo foi cruel, nem pestaneja.
Carpindo minhas dores morro fera,
Nos cânticos de paz, minha peleja!

Rugidos dos felinos assassinos,
Nos uivos de tais lobos na floresta,
Ouvindo na distância, dobram sinos,
A parte purulenta é que me resta!

Das pústulas que herdei, postulo paz,
Nas crápulas manhãs que me restaram.
Um canto certamente se desfaz,
As páginas felizes se acabaram!

Não posso prosseguir a tal viagem...
Não tenho forças perco leme e rumo.
A praga que rogaste minha imagem.
Não tenho nem sequer, eu me acostumo...

Vencido pelas mágoas, vou cansado.
Nem sei se tenho vida ou me desfaço.
As urzes me deixaram seu recado,
A morte vencerá pelo cansaço!

Rapéis nessas montanhas, sofrimento...
Eu mergulho em total insensatez.
A cada passo novo ferimento,
Jamais posso lembrar nem terei vez...

Plutão já me esperando, me traz sorte.
A boca que entreabro já não canta.
O ponto de partida, rumo norte,
Boneca embalsamada não me encanta!

Vestal fingiste, lúbrica te vi...
Nas transparências, tuas belas formas...
O que não conseguiste trago aqui,
Em porcelanas falsas, já transformas!

Tantas moscas bicheiras na tua alma,
Os bernes que me deixas, vil herança!
Nem o diazepínico me acalma.
Nem mesmo a mansidão da contra dança...

Se tento os barbitúricos, me canso.
Dilapidado fico sem caminho...
O que seria sonho nem alcanço
Mergulho enfim num pântano marinho...

Nas profundezas deste pesadelo,
Encontro com serpentes abismais...
Sorrindo, já me mostram como um selo,
A tua garatuja: Satanás!
Publicado em: 27/09/2007 20:12:42
Última alteração:28/10/2008 14:32:33



EU AMO VOCÊ

Amo você
Seus seios
E sisos
Sorrisos
E tramas
Traçados
E chamas.
Amo você
Fagulha e lareira
Monção e tempesta
Exposta e disposta
Mas nunca deposta.

Amo você.
Vadia e velhaca,
Boneca e safada
Sapeca e voraz.

Marulhos, mergulhos
Marés e mandingas.
Matreira e mortalha,
Marcante, tatua.
A lua que toca
Seu corpo flutua
E bebe da nua
Presença divina
Da louca menina
Que nina e que morde.
Que acode e que empurra
Precipício e delícia.
Vício e sevícia.
Amo você!
Publicado em: 06/10/2007 12:59:02
Última alteração:28/10/2008 14:12:33



Espalhas no meu mundo, tanta graça
Trazendo o teu perfume para mim,
Quando o vestido, leve, se esvoaça
Mostrando porque sou feliz assim.
Da rosa preferida, toda a graça
Explode a fantasia, até o fim...
No viço em que transbordas, o frescor
Dourando em alegria, o farto amor...
Publicado em: 07/12/2007 07:29:29
Última alteração:27/10/2008 17:35:59



EU AMO VOCê

-Perdão, se em pensamentos te magoei,
Pois este ultraje sei que não mereces.
-Perdão, se quando fiz as minhas preces,
Pela Santa, um instante, eu te troquei...

-Perdão, se nos meu sonhos, apareces
Nas formas em que mais te desejei...
-Perdão, se dos teus olhos eu me afastei,
Antes que deste afeto, tu soubesses...

-Perdão, pelos poemas que não fiz,
Falando deste amor com que sonhei!
-Perdão, mulher se as emoções febris

Guardei-as, para mim, em pensamento
E se busco olvidar-te – agora sei -,
Não consigo esquecer-te, um só momento!

Perdão se nos caminhos mais distantes,
Meu pensamento em ti, eu não tirei,
Se em tantas fantasias, delirantes,
Acima de mim mesmo, eu te adorei.

Perdão se sempre busco teu olhar,
Na noite mais tristonha e tão vazia.
Perdão se tantas vezes meu cantar,
Teu nome, só teu nome, repetia...

Perdão se não consigo mais conter
O sentimento imenso que me toma.
Só vivo por teu gozo e teu prazer.
Tu és os meus caminhos, tu és Roma.

E sangro uma saudade sem igual.
Distante de teu corpo sensual...

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
Publicado em: 29/12/2007 15:55:22
Última alteração:22/10/2008 21:21:01



EU AMO VOCÊ
Querida estou em brasa
Esperando por ti,
A gente não apaga
Amor que existe aqui.

Na chama que nos toma
Invade todo canto,
Bulindo devagar
Acendes com encanto.

Vem logo e não demore
Que a vida não espera
Eu quero ser a presa
Desta divina fera

Que prende-me com força
E crava suas garras,
Na noite que vieres
Verás que boas farras

Faremos noite e dia,
Por cima dos lençóis
Vencendo a madrugada
Trazendo novos sóis,

Em toda sensação
Profana, gozo intenso.
Menina como eu quero
Em ti somente eu penso...
Publicado em: 02/02/2008 16:13:11



De tanto escrever na areia,
O teu nome, minha amada,
E, depois, na maré cheia,
Não sobrar, dele, mais nada.
De tanto sonhar contigo,
Buscando teu colo amigo.

De tanto querer em vão,
Poder ter teu pensamento,
Vasculhando todo o chão,
Em busca d’um só momento,
Podendo estar a teu lado,
No final, desesperado...

Por acreditar em ti,
Por não crer mais, nem em mim,
No que fui, tanto perdi,
Queimando a dor, tão ruim,
Quero viver um segundo,
Em ti, o meu novo mundo.

São palavras que lamento,
São verdades que não digo,
Tanto ardor, tanto tormento,
Vida correndo perigo.
Minha sede, no teu beijo,
Matando mais que desejo...

Foi embora, mas, fiquei.
Esperando te encontrar,
Dessas dores, eu bem sei,
Não consigo nem lutar.
Quero afinal, meu descanso,
No mais sagrado remanso.

Teimando em nunca temer,
Achando, sem valentia,
Onde encontrar meu querer,
Seja noite ou seja dia,
Montado nesse alazão,
Que se chama: coração!
Publicado em: 01/01/2008 20:11:59
Última alteração:22/10/2008 19:24:47



Fogo chama
Noite chama
A vida chama
E ateia fogo.
Farta trama
Nossa cama,
Que se inflama
Trama chama
Que nos toma
Que nos doma
E nos anseia.
Sem receios
Seios bocas
Olhos, dentes,
Risos francos.
Branca lua
Nua em bronze
Prata em bronze
Onze e meia
Meia noite
Lua cheia.
Revelações
Ações insanas,
Sanas sombras
Ombros, pernas
Ternas cenas
Eternas manhas...
Sanhas senhas
Sinas somos
De nós mesmos.
Esmos ermos
Estios sinos
Sisos fátuos
Boquirrotos.
Rotas várias
Vagas ondas,
Óstios ósculos
Arcos coxas,
Insanidade
Ansiedade
Variedade
Quem não há de
Querer
Viver
Prazer
Tocar
Beber
Cheirar
Ardentias
Ardências
Dormências
E valentias...
Menina traz a chave
Que o segredo esconde
Mas nem mais onde
Tudo se mostrando
A tenda se desvenda
Atenda ao meu desejo
Que o ensejo já merece
Mercê de tanta prece
A comemoração.
Uma oração em glória
Profana sensação
De altares e pendão,
Catedrais desvendadas
Em tramas combinadas
Combinação no chão,
As roupas emboladas
Abalos cometidos
Sem passos comedidos
Medidas e mordidas,
Lapidam diamantes...
Publicado em: 19/03/2008 21:38:36
Última alteração:21/10/2008 22:19:55



Coração quando em inverno se vestiu,
Não poderia nunca imaginar
Que o canto tão amigo e mais gentil
Pudesse em primavera renovar,
O sonho que morrera, triste e vil,
Trazendo o sol de novo a clarear.
Amiga, eu te agradeço e te garanto,
Teu canto me curou de qualquer pranto...
Publicado em: 06/04/2008 19:09:50
Última alteração:21/10/2008 19:54:32



És a calção de amor que a brisa traz
Ao coração cansado de sofrer!
És sonho angelical, meu bem-querer,
Etérea fonte de prazer e paz.

Nem desta vida a dor mais crucial
Consegue apagar o teu sorriso!
Deves ter vindo, sim do Paraíso,
Pois és, em tudo, bela e divinal!

Amo teus olhos, límpidos, brilhantes
E de teu corpo, todos os caminhos...
Lírio do campo, rosa sem espinhos.

Tens a eterna pureza dos diamantes.
Mulher divina de beleza tanta,
Somente por te ver, minh’alma canta!

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 10/04/2008 13:51:32
Última alteração:21/10/2008 18:21:11


Dentro da névoa mal distingo a estrada
Que se abriu a meu passo vacilante;
E minha alma, de sonhos carregada,
Inda procura aquela luz distante.,

Estou sozinho nesta caminhada,
Nem mesmo em sonhos lembro o teu semblante,
E o coração mergulha-se no nada,
Por nem em sonhos ter a amada amante.

E na tristeza imensa que me invade,
Angústia milenar da humanidade,
Esta minha alma encontra-se perdida;

Ao ver que deste amor, puro e bonito,
Ao fim da caminhada, no infinito
Nem mesmo restará uma saudade...

ANTONIO VIÇOSO MAGALHÃES
MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 17/04/2008 17:03:12
Última alteração:21/10/2008 18:28:56



Tua beleza querida, tão amada.
Tu és minha esperança.
Alegras minha vida, tantos sonhos...
O bom desta lembrança.

Com teu carinho imenso, sou feliz...
Traz-me felicidade.
És meu sonho de alegria e de coragem...
Contigo; eternidade!

Meus caminhos transformas, paraíso...
Tuas mãos carinhosas.
Como é bom te ter perto de mim...
Teu perfume de rosas.

Encontro, em teu carinho, a solução;
Para essas dores tantas...
Tu és o renascer de minha aurora.
E tu sempre me encantas...

Amada, não permita que se acabe
O nosso belo sonho...
Viver felicidade, eternamente.
É isso que proponho.
Publicado em: 19/04/2008 08:12:48
Última alteração:21/10/2008 13:09:38


Meu amor, passageiro de minha alma,
Desliza entre fornalhas e braseiros...
Meu destino se prende à sua palma
Em sentimentos crus, mas verdadeiros...

Nos delírios, defeitos e recados,
Contrafeitos sentidos, se polvilha,
Buscando encontrar novos fados,
Amantissimamente, uma novilha.

Sai vagabundeante pelo astral
Deslizando entre estrelas e luares...
Tantas vezes proscrito e tão banal,
Esperançosamente traz olhares...

Mendigando carinhos e perdões,
Nos desérticos astros do universo;
Procura por temáticas versões,
Maltrata e dilacera cada verso....

Meu amor caçador pede tocaia,
Espreita pelos passos, minha amada...
Derrama-se solar, plena praia,
Amanhece tal gado na invernada...

Vem sorrateiramente, uma serpente,
Preparando finalmente seu bote.
Me cura e tantas vezes cai doente.
Repetindo fielmente seu mote.

Amor moleque, cais e tempestade,
Previne e tantas vezes vaticina.
Nas horas mais difíceis, na saudade,
Nunca se encontrará sequer vacina...

Nas lutas mais homéricas, refém...
Nas procelas, remédio e calmaria...
Maldito muitas vezes traz o bem,
É noite que amanhece em belo dia...

Tantas vezes pilantra, outras é santo,
Aguardente que mata, refresco que ajuda,
Mordida que alivia e traz encanto.
Passarinho sofrendo a dor da muda...

Na dor, prazer, perfeito equilibrista.
No medo e gozo, brinca qual funâmbulo.
Nos arados, natura, um vero artista.
Nas noites, vaga quarto é um sonâmbulo!

No plantio é semente fecundada,
Garapa desta cana adocicada.
Abelhas e zangões resultam mel,
Delícias gordurosas pedem fel...

Imortal sensação de desamparo,
Reflete escuridão trazendo o sol.
Na doçura promete ser amaro,
É ilha em arquipélago, um atol!

Fortaleza traduz fragilidade,
Infinito, termina num adeus...
Mentira que me trouxe essa verdade.
Demônio disfarçado, imita Deus!
Publicado em: 24/04/2008 14:45:08
Última alteração:21/10/2008 13:25:02



Ser feliz? Tudo o que quero
Seja do jeito que for,
Mas eu te juro que espero
Que seja contigo, amor...

És a dona dos meus versos,
A rainha dos meus dias,
Todos os sonhos dispersos
São completas fantasias

Se não vens aqui comigo,
Se estás assim tão distante.
Necessito deste abrigo
Do teu corpo irradiante.

Lua bela que sonhei,
Nessa noite, apaixonado,
No teu corpo mergulhei
Meu amor extasiado...
Publicado em: 20/09/2007 18:26:39
Última alteração:28/10/2008 15:29:28




Sua boca tão gostosa
Tem a delícia da rosa,
Traz em si o meu desejo...

Essa boca mais cheirosa,
Me deixando todo prosa,
Quando consigo seu beijo...

Moça bonita me dê
Seu amor pr’eu viver,
Sem ele não tem mais jeito..

Não consigo lhe esquecer,
Por onde anda você,
Saber isso é meu direito...

Nos caminhos lhe procuro,
Terra batida, é tão duro,
Passar a vida sozinho...

O fruto que está maduro,
É meu coração tão puro,
Procuro pelo caminho...

Estradas que já passei,
Nesse mundo triste lei,
Onde você se escondeu?

Nas estrelas procurei,
Neste reinado sem rei,
Meu amor já se perdeu...

Na manhã do nosso amor,
Não houve tarde, só dor...
A vida é meu desafio...

Como posso sem calor,
Perfume procura a flor,
Eu mergulho negro rio...

Nada encontro, seu segredo,
Tanta noite, tanto medo...
Onde posso procurar?

Na terra do meu degredo,
Meu mundo não tem enredo,
Persigo o belo luar...

A vida sem alegria,
Passando sem fantasia,
Traz a tristeza sem fim...

Não vejo raiar o dia,
Minha vida sem Maria,
O que será Deus, de mim?

Quando vejo esse vestido,
No varal tão esquecido...
Me lembro dessa mulher...

Todo amor que houvera tido,
Tudo que fui vai perdido,
Só a saudade me quer!

Volta pra mim, eu lhe imploro,
Se não voltar não demoro,
Logo, logo vou partir...

O meu céu já não decoro,
Tanta lágrima que choro,
Como posso resistir?

Minha viola plangente,
Pergunto pra toda gente,
Por onde anda meu amor...

Assim acabo doente,
Ou então fico demente,
Não suporto tanta dor...

Quero você nessa vida,
Não suporto despedida...
Vai me sobrar só a morte...

Volta minha querida,
Minha tristeza incontida,
Implora por melhor sorte...

Quem souber da minha amada,
Não precisa falar nada,
Só lhe mando esse recado...

A cama de madrugada,
Inda está toda arrumada,
Só falta você do lado..
Publicado em: 28/09/2007 21:54:49
Última alteração:28/10/2008 14:34:14


Nos meus olhos cansados de viver,
A morte se demonstra solução.
Não posso nem consigo te esquecer...
Quem sabe me darias o perdão!

Mas nada que passei demonstra tanto,
Pranteio com saudades meu passado,
Há quanto não consigo ouvir teu canto.
O pranto que rolei, desesperado...

Nas pontas do lençol onde me agarro,
Rastejo pela sala e te procuro.
Na fumaça que sobe, do cigarro,
Nas espirais encontro meu futuro...

O câncer que cultivo me amedronta,
Mas atrai penetrante sentimento...
A vida que julguei tanto me apronta,
Palavras se perdendo com o vento...

Nos campos que plantei sequer espinhos,
As urzes proliferam e me espantam...
Nas árvores maus tratos, pobres ninhos,
Cadáveres sedentos se levantam...

O manto não me cobre nem aquece,
Resumo minha dor neste poema...
Esperança não resta, e já fenece,
Viver sem poder ser virou meu lema...

Mentiste teus propósitos escusos,
Na sombra de teus passos me eclipsei,
Meus versos se tornaram mais obtusos,
Nas lendas esquecidas não fui rei...

Recebo teus recados sem sentido,
Concebo meus pecados, fantasias...
No livro que jamais houvera lido ,
As vozes nos corais, nas melodias...

Vestido de cruel maledicência,
Desnudo o meu âmago sem cortes...
Não pude conhecer as tais clemências,
Disponho tão somente dessas mortes...

A sorte me lancei nestas batalhas,
Não pude conhecer senão reveses,
Na ponta do punhal, corte e navalhas.
Me deste tão somente urina e fezes...

Crocitas palavrões que não conheço,
Vestida de vestal tanto me enganas...
Da vida conheci queda e tropeço,
Me mordes e depois mansa, me abanas...

Fingiste maciez, doce recato,
Não pude te entender, me deste bote...
Cuspiste tão risonha no meu prato,
Abriste venalmente o teu decote...

Os seios antevistos me enfeitiçam,
A boca mais carnuda já me engole.
Meus olhos catatônicos cobiçam,
Me embriagando assim de gole em gole...

Braseiro que incendeia corpo e alma,
Não deixas de tentar me seduzir,
A noite que me embota pede calma,
A lua de teus olhos a luzir...

Mergulho cegamente em teu delírio,
Não deixo de viver belo delito,
As marcas que me mordes, meu martírio,
Me enlouqueço demente, em tal conflito...

Se me queres, me dês mais atenção,
Mas foges tão somente surge o dia...
Espalhas e semeias tanto grão,
No fundo me transformas fantasia...

No mundo que me guias, um abismo...
No resto que percebo sem ter rumo.
Um dia, tarde ou cedo, me acostumo,
Por hora vou morrendo, fanatismo...

Não deixo de viver e não me farto,
A mão direita mostra uma roseira,
No peito a sensação dura do infarto,

Amar-te é ser assim a vida inteira.
Na mão esquerda trazes um punhal,
Que não respeita nunca uma armadura,
Espalha teu olhar no milharal,

Não me permite lume, a noite escura...
Que faço deste mar que não habito,
Que faço desta lua que me queima...
Os versos que te endeuso não repito,

Viver sem poder ter é simples teima...
Nos olhos verdadeira e louca chama,
Na boca uma ironia mais fantástica
Prometes diamante e me dás lama,

Me mobiliza inteiro e estás estática...
No ramo deste fruto traz espinho,
Na barca que navego, meu naufrágio,
Venenos espalhaste pelo ninho.

Meus versos que inventei, tu viste plágio...
Agora que te tenho nunca tive,
Agora que te foste és toda minha...
A morte que me deste é donde vive

A boca que me salva e é daninha...
Perfumes que me espalhas, afugenta,
Metade do que tenho não és nada...
A corda que prendeste me arrebenta,

Degraus que nunca subo desta escada...
Versículos componho em tua glória,
Canais que construímos nada servem,
Princípio e final de toda história,

Enigma que meus olhos não se atrevem...
Desculpa se te fiz este poema,
A noite não me impede de sonhar,
És clara enquanto vivo desta gema,
(És ria que me impede um grande mar...)

Não sei se te persigo pelos bosques,
Nem sei se te encontrei nas cordilheiras,
Vencidas as quermesses nos quiosques,
Mergulho por alturas altaneiras...

Bastardos os meus dias sem te ter,
Disparo meus canhões, atiro a esmo...
Nas páginas dos medos não sei ler,
Nas dores meus amores, sou o mesmo...

Não posso e concretizo um velho tema,
Metade do que sou tanto te quer,
Metade do que resta vive extrema
Vontade de esganar essa mulher...
Publicado em: 01/10/2007 07:32:00
Última alteração:28/10/2008 14:35:41


Noite e dia
Canto e silêncio
Espora e corcel
Lua e sol
Praia e montanha
Vento e proteção.
Relento e agasalho
Certeza e dúvida
Dívida e acerto
Concerto e conserto
Mata e cidade
Perdição e rumo...
As pontas opostas
Dispostas desta estrela
Trazendo um núcleo
Igual, repartido.
Elétron e próton
Platonicamente correto.
Politicamente nem tanto.
Encantos e recantos se misturam
Moscas pousam sobre os talheres...
Segredos com partilhas compartilhados...
Medos e modos distintos,
Distinta e indistinto
Instinto e razão.
Tinto vinho, veneno e verão.
Versos e solidez.
Avesso e reverso
Meu verso procura
A cura e ternura,
Na jura e na rima
Arrimo e contrasenso.
Estrito e imenso,
Imantados
Pólos opostos
Atos e apóstolos,
Postulas e não posso
Pústulas carrego
Nego e me pegas,
Corvos e pegas...
Percas e ganhos...
Enganos e ganas
Gerânios e gerúndios.
Como pode um peixe vivo...
Nas horas mais estranhas
Entranhas e temperos.
Seios e rodeios,
Cavalgada...
Vagas calvas dos montes.
Remontes e desmontes.
Pouso e gozo, órgãos e orgasmos.
Espasmo e espantos,
Contratos e contraltos
Remessas e conversas.
Discutir a relação!
Relatos e remédios
Rotas sem tédios
Temidas e terminais...
Tolas discussões
Sessões de culpa
Desculpa e me culpa
Culpa
Culpa
Quero lupa!
A pupa apupa e apóia
Quase que bóia
A jibóia me aperta.
O nó da gravata
Bravata e graveto.
Vate e barata
Barbatanas
De tubarão
São afrodisíacas!
Paradisíacas misturas, curas e chicotes.
Látegos e latejos.
Polens e pré-juizos.
Prejuízos?
Quem sabe
A porta se abre,
Se cabe ou se acabe não cabe!
Será?
Só sei que te amo!
Publicado em: 03/10/2007 22:24:16
Última alteração:28/10/2008 14:07:16


Tantas vezes a vida fecha a porta,
Pensamos, num instante, estamos sós!
Dos caminhos que temos, meros pós
Nos restam.Nossa estrada fica torta

Sem deixar solução ou mesmo rumo.
Ira nos dominando, nos impede
De tentar observar que a vida pede
Outra porta que traga novo aprumo...

Assim se deu comigo, estou sozinho...
Ao ter do teu amor me despedido,
Meu mundo sem saída, está perdido.
Sou ave que perdeu o doce ninho...

Ao ver-te noutros braços que não meus,
O medo de viver me transtornou.
E dentre o quase nada que sobrou,
Procuro pelas marcas desse adeus...

Vazio, sem sequer ter esperança,
Meu canto se transforma em agonia.
A noite que passei estava fria
Repete tantas dores na lembrança.

Amada, por que foste esta quimera?
Não sei se merecia este descaso,
O coração declina em pleno ocaso.
Ser feliz novamente, quem me dera!

Escuta minha lástima querida
Amiga, me desculpe, ao menos tente,
Se das dores, te faço confidente.
A porta está fechada em minha vida!

De tanto que chorei sem recompensa
Espero pela morte com frieza.
Se em tudo já não vejo mais beleza
Minha alma em minha morte, tanto pensa...

Vestido da mortalha que ganhei,
Não posso e nem devo ser feliz.
A lua que se mostra, em seu matiz,
Demonstra que na noite acinzentei.

Teus olhos tão amigos tão serenos...
Teu colo tão suave me acalenta.
Quando estás perto brisa tão lenta
Acalma e me salva dos venenos...

Amiga quem me dera fosses minha!
Talvez não precisasse mais sofrer.
Teria nova gana p’ra viver
Nos braços desta lúdica andorinha.

Minha boca roçando tua boca
Num beijo delicado e desejoso.
O mundo então seria carinhoso.
A vida não seria triste e louca...

Talvez a minha sorte já mudasse,
Em paz e calmaria, num segundo.
Nesta porta entreaberta, um novo mundo...
Se depois disso tudo, a mim, amasse!
Publicado em: 09/10/2007 21:04:01
Última alteração:28/10/2008 14:12:37

Nas tuas mãos alvíssimas, divinas,
Espelho meus fantásticos momentos...
Alvíssaras me trazes... Opalinas
As mãos que já guardei nos pensamentos!

Nos cofres onde esconde as obras primas,
Um Deus apaixonado te guardou!
Em um momento breve, trouxe rimas
Provando que, poeta, tanto amou!

Tens a doçura mansa de um poema
Tens a beleza viva duma aurora!
A mão que me passeia, já decora

A terra inteira fica mais bonita!
Amar-te então saber da piracema
Que me carrega procurando Rita!

Tens meiguice silente catedral...
Tu és, da santidade, meu portal,
Amor que se mostrou fenom
Publicado em: 12/10/2007 19:06:51
Última alteração:28/10/2008 14:15:28


A ceia predileta me ofereces
Num ritual profano e prazeroso,
Nas teias dos desejos quando teces
Prometes maravilha feita em gozo.

A deusa que se dá em louca orgia,
Retribuindo assim todo o carinho
Ao qual há tanto tempo merecia
Fartando-se de mel, garapa e vinho.
Publicado em: 13/10/2007 12:31:21
Última alteração:28/10/2008 14:15:07



Visto meus sonhos de lua,
Bela, rara, nova e cheia
Vejo quanto flutua
Minha alma
Em tuas palavras
São lavras
São aves
São salvas.
Alvas e leves.
Ser teu
Sou teu
Serei da sereia mais bela
Na praia dos anjos
Sonhos e prata
Nas marés
Nos marulhos....
Deixe-me ser teu marujo
Teu barco e naufrágio
Coração batendo frágil
Coração batendo ágil
Foi depressa e naufragou
Nos braços da moça bonita
Que deitada nesta areia
Rainha de todo o mar....
Publicado em: 22/10/2007 08:38:23
Última alteração:28/10/2008 13:10:17


Amorzinho, eu não me engano
Meu amor é soberano
E não canso de dizer
No sorriso uma alegria
No teu corpo, o meu prazer
Repetido todo dia.

Venha logo, amor,morena
Que a vontade logo acena
E te quero sem demora
Do jeitinho que nasceu,
Tua pele me decora,
Meu amor é todo teu.

Minha boca te procura
Com amor e com ternura
Neste beijo mais gostoso,
Eu te quero toda nua,
No teu corpo fabuloso
Encontrei estrela e lua...

Não permita que este amor
No meu peito sonhador
Se desvie do caminho.
Só desejo ter a rosa
Bem distante de um espinho
Na roseira tão cheirosa...
Publicado em: 03/11/2007 09:18:07
Última alteração:28/10/2008 13:20:00



Meus dias quando estão bem mais contentes
Percebem o nascer da bela rosa,
Tocada por encantos envolventes
Rainha do jardim, meiga e mimosa.
Desejos de prazer são mais prementes
Emoldurando o céu em luz formosa
Perfume que se exala, deslumbrante
Beleza feminina e radiante!
Publicado em: 09/11/2007 21:12:33
Última alteração:28/10/2008 13:21:23



EU AMO VOCÊ!



Leve...
A minha alma..
Sorridente...
Leva-me até ti....
Envolve-me no teu tempo...
Sinto-te...
Essa boca...suave...
Carinhosa...
Beija-me sempre...


Falar da noite e do dia, do açoite e de Maria
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo, nada inundo
vaga imundo, cora coração vadio, vai meu fio
vagabundo rolando entre astros, entre tantos
entretantos e espreitando por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia, do medo e da poesia
do meu último regalo, meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti, tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos, consertavas os velhos
resquícios do início precipício e me lançavas a esmo
nesse penhasco íngreme e inerente Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos, infinito espelho
num prisma de oculta chama, de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos, embriaguez.
A lucidez devora, a hora de ir embora nunca se aproxima
e, por cima de tudo, com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome, urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas, farsas e falhas.
Minha mina mais cara, rara e companheira
te quero poesia amada, necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo, mais vivo em ti,
sobrevivente.

MARTA TEIXEIRA
ML
Publicado em: 28/12/2007 17:54:23
Última alteração:22/10/2008 21:24:10

Olhares incisivos que trocamos
Em meio a tempestades, solidão.
E logo após, querida, nos amamos,
Na fome do desejo e da paixão.
Nesta vontade louca de te amar,
Meu mundo, nos teus braços, entregar.
Publicado em: 10/01/2008 15:56:25
Última alteração:22/10/2008 19:43:



EU AMO VOCÊ!
Perguntas se te amei, mas nada digo
Pois sempre duvidaste do que sinto;
Por isso se disser que não conigo
De todo te esquecer, dirás que eu minto!

Fosse eu, de ti, somente um grande amigo
Que se perdeu, no extenso labirinto
Da vida, em que a tristeza fez abrigo,
Estaria este amor, há muito extinto!

Assim, é bem melhor que hoje me cale,
Deixando que o silêncio, por mim, fale
Da Musa em que, na vida, me inspirei...

Talvez, mais tarde, ao fim da caminhada,
Relendo os versos que deixei na estrada,
Ver que foste a mulher que sempre amei...

Se falo deste amor, tu sempre calas,
Não pense que com isso, eu já desista.
Aberto o coração, janelas, salas,
Distante do que sentes, alma avista.

Percebo que não queres meu amor,
Somente uma amizade te interessa.
Desculpe se te cause algum terror,
A vida vai passando, eu tenho pressa...

Quem sabe, noutros dias, no futuro,
Amor sintas por mim, inda te espero.
No fino sentimento que eu apuro,
Às vezes, solitário, desespero...

Mas tenho uma certeza, minha amada,
Se tu não me quiseres, resta o nada!

Marcos Coutinho Loures

Marcos Loures
Publicado em: 30/12/2007 07:44:09
Última alteração:22/10/2008 21:19:01



Distantes os meus olhos te procuram
Ao ver tanta beleza te emolduram
E guardo esta lembrança dentro da alma.

Daquela que imagino me redima
Das dores que vivi sem ter estima,
Da noite que levou toda essa calma.

Eu vejo imaculada esta esperança
De ter uma alegria de criança
Brincando no play ground da ilusão.

Não vejo outra saída em minha vida,
Senão esta aliança enfim cumprida
Entre a razão e toda essa emoção.

Carrego o sentimento mais profundo,
De amor maior que tenho neste mundo,
Do canto que te quero oferecer.

Eu quero eternidade num momento,
Vivendo todo amor sem ter lamento,
Nos braços deste amor, meu bem querer...
Publicado em: 27/05/2008 16:10:58
Última alteração:21/10/2008 15:21:35



Minha esperança morreu
Na curva de teu desejo
Minha vida virou breu
Onde encontrarei teu beijo?
Minha pobre alma, avezinha
Agora canta sozinha...

Me recordo de teu beijo,
Nas sombras dessa mangueira
O que fazer do desejo
Te esperei a vida inteira...
Hoje meu amor findou,
Me responde o quê que sou?

Meu jardim já não tem flores,
Cadê a flor do desejo?
Onde estão nossos amores,
Morreram... Faltou teu beijo,
A lembrança traz saudade
Teu amor quis liberdade!

Meu passarinho voou
Da gaiola já fugiu
Pouca coisa ele deixou
Tanta dor ele pariu...
Amor me dê o teu beijo,
Vem matar o meu desejo...

Não deixaste nem meu sonho,
Nas estradas vou sozinho,
O meu barco, aonde eu ponho?
Eu já morri, passarinho...
Amor me dê o teu beijo,
Vem matar o meu desejo...

Publicado em: 04/09/2008 10:39:34
Última alteração:17/10/2008 14:29:39



Nas tuas mãos alvíssimas, divinas,
Espelho meus fantásticos momentos...
Alvíssaras me trazes... Opalinas
As mãos que já guardei nos pensamentos!

Nos cofres onde esconde as obras primas,
Um Deus apaixonado te guardou!
Em um momento breve, trouxe rimas
Provando que, poeta, tanto amou!

Tens a doçura mansa de um poema
Tens a beleza viva duma aurora!
A mão que me passeia, já decora

A terra inteira fica mais bonita!
Amar-te então saber da piracema
Tens meiguice silente catedral...
Tu és, da santidade, meu portal,
Amor que se mostrou fenomenal
Publicado em: 04/12/2008 16:57:03
Última alteração:06/03/2009 16:03:05


Eu vi o amor fugindo
Pela janela do teu quarto...
Saltou sobre o cavalo,
Correu em disparada...
Vou trocar a janela...
Publicado em: 02/01/2009 14:56:14
Última alteração:06/03/2009 13:29:0




Vou aproveitar a lua
Só para ir te visitar.
Tiro a roupa, fico nua,
para melhor eu te amar.

Eu te espero minha amada,
Do jeitim que Deus criou.
Na nudez enluarada,
O meu peito se encantou...

Venha logo sem receio,
Que eu vou te fazer feliz,
Na beleza do teu seio
Todo amor que eu sempre quis...

Do teu lado meu amor,
Minhas noites são eternas
No carinho sedutor
Na maciez destas pernas...

Nossa noite é bem gostosa
As horas passam mais frouxas,
Na sedução desta rosa,
Formosura destas coxas...

Todo o canto que eu fizer
Vai falar das maravilhas,
Seja lá o que Deus quiser
Minha mão, tuas virilhas...

O resto eu não vou contar,
Nem dizer eu não preciso.
Se quiser adivinhar...
É porta do paraíso...

HLuna
Marcos Loures
Publicado em: 14/04/2007 08:53:27
Última alteração:06/11/2008 09:58:08


EU AMO VOCÊ!!!!

Amor que me devora
Eu trago no meu peito
Então procuro o veio
Que mata a minha fome

No teu corpo veneno
Sacias com teu beijos
Carinhos, meus desejos
De amor, maná do céu...

E se amor, amor reclamo
Do pouco que me dás
Sei ser este maná
Preferência dos deuses...

Mas vá, deixa prá lá...
Esqueça e vem prá cá

Do maná que desfruto
No corpo de quem quero,
Comendo não descanso
Tens tudo o que eu espero.

Sabor mais delicado
Encontro insaciável
em teu perfeito colo
Tão gostoso e desejável.

Eu quero este veneno
Que trazes nos quadris,
Requebros e meneios
Fazendo-me feliz.

Qual deusa encantadora
Em febre me alucina,
Eu amo em cada verso,
Teu jeito de menina...

Acendo o meu cigarro
Te vejo na fumaça,
Vem logo, vem depressa
Senão a vida passa.

ANNE MARIE
Marcos Loures
Publicado em: 08/07/2007 19:31:08
Última alteração:05/11/2008 20:11:54



EU AMO VOCÊ!!!
Quando de noite a lua traz seu brilho
E vejo a maravilha: ser feliz.
Eu pressinto essa aurora que virá
Pintando uma esperança para mim.
Ah! Eu amo você!

Quando o sol me entregar seus quentes raios
Deitando no meu quarto, uma alegria...
Iluminando cada canto, assim;
Com seu suave toque luminoso...
Ah! Eu amor você!

Quando as franjas do céu sobre as montanhas
Azuladas no fim deste horizonte
Formando com as nuvens bela cena
Eu estarei pensando em nosso amor.
Ah! Eu amo você!

Você que é toda a luz desta manhã
Você que é todo o brilho desta lua
Você que me irradia tanta paz.
Você que é essa certeza que buscava...
Ah! Eu amo você!

E cada vez que penso em seus olhares
E cada vez que canto uma canção
E cada vez mais tenho essa certeza
Vontade de gritar a todo mundo:
Ah! Eu amo você!!!!!
Publicado em: 19/04/2008 11:51:48
Última alteração:21/10/2008 13:10:47




Arpoas meus sentidos,
Invades, e dominas
E quando a noite chega
Qual lua; me iluminas.

Chegando de mansinho
Pertinho de quem amas,
Inflamas com carinho
Em brasas, fartas chamas.

As bocas que se querem
Mergulhos em carícias
Amores que buscamos
Loucuras e delícias.

Estás já tatuada
No peito em cicatriz,
E quando a noite vem,
Enfim eu sou feliz...
Publicado em: 24/04/2008 16:14:21
Última alteração:21/10/2008 13:25:50

Mentiras e verdades
Jogo duplo
Amor e liberdade.
Nossa culpa.
Vencido pela culpa
Minando culpa
Me diz culpa
Me dês culpa
E me deixe ir seguindo.
Pesado, transformado
Em peso absoluto.
Luto e mendicância
Constância de sons
Ecos
E botecos.
Nada mais me sobraria
A não ser esta certeza
De que a culpa
É do coração,
Vadio e sem sentido.
Premido de esperança.
Curtido de tanto frio
Meu fio perdido
Entrelaça-se com o teu.
Temos algo em comum
O um.
O medo
A rima
E o final,
Sempre vago
E sem nexo.
Sexo é bom
Tanto foi
Quanto será
Mas há?
Não sei se te mostro
A culpa
Pegue tua lupa
E vamos dançar!
Publicado em: 26/09/2008 12:09:42
Última alteração:02/10/2008 14:40:23



Amar-te depressa
Querida, eu já vou,
A manhã nasceu
O sol já raiou

Não deixe que a vida
Te afaste de mim,
Tu és meu caminho
Feliz sou, enfim.

Tirar tua roupa,
Beijar devagar,
Com tanta volúpia
Prazer vou te dar.

E quero sem pressa
Sem medo de nada,
Na cama, no quarto,
Pele desnudada,

Vestida em desejo
Coberta de mel,
Vagando na cama
Encontrei o céu.

Calor que nos toma
Um sol sem pudor,
Com lubricidade,
Fazemos amor.



Quando percebo; o fim da noite vem,
Trazendo essa alvorada com o sol,
Manhãs tão radiantes, são promessas,
Da vida renascendo sem tempestas...
Meus medos são desejos não cumpridos.
A sorte nada faz senão mentir...
Me cabe nessa história ser poeta.
À parte do que sinto, nada falo...
Queria transformar os meus caprichos,
Mas omitindo, vou seguindo mudo...
Repito meus dilemas, num soneto;
A morte s’aproxima, mas me calo...
Revendo por rever os meus problemas,
Quem dera nada fosse tão difícil.
Em versos brancos, fiz sentidos vários...
Canários vão cantando, nessa mata.
Me mata essa saudade de você.
Você que me permite então sonhar.
Sonhar que é outra forma de viver...
Viver sem ter segredos, traz verdade;
Verdades são momentos de prazer;
Prazer dos beijos loucos que me deste,
Deste mundo jamais vou me evadir;
Evadir por quê? Sinto essa presença...
Presença mais vital, felicidade...
Felicidade brilha no horizonte.
Horizonte trazendo novo dia...
Dia mais feliz, quero, de fato...
Fatos novos são luzes sobre trevas...
Trevas que na minh’alma são tristezas;
Tristezas por saber que nada sei,
Sei somente do canto que ensinaste,
Ensinaste, depressa, a não morrer...
Morrer dessa saudade, dor cruel,
Cruel como a distância que guardaste,
Guardaste, sem saber a minha luz,
Luz dos teus olhos vão brilhando, cegam...
Cegam um coração vadio, louco...
Louco dessa vontade de saber.
Saber em que caminhos, te perdi...
Perdi na minha luta contra a morte.
Morte que se traduz, em não te ter...
Publicado em: 26/09/2007 22:43:15
Última alteração:28/10/2008 15:38:38

Nós somos passageiros da esperança
Que faz amor ser forte e destemido.
Nos olhos carregamos a aliança
Do sonho que queremos repartido.
Amor é como fosse uma criança
Precisa de carinho, não duvido.
Pois vamos, nesta vida sem ter medo,
Já que nós conhecemos o segredo.
Publicado em: 20/10/2007 17:38:30
Última alteração:28/10/2008 13:09:54


Revestes tua pele com meu corpo,
Ancoradouro feito em brilho e gozo.
No porto que encontrei, perfeito cais,
Divino posto belo e fabuloso
Vontade de querer e sempre mais
Além do amanhecer, eternamente,
Na perfeição do amor, todo da gente...
Publicado em: 28/08/2008 16:49:47
Última alteração:17/10/2008 14:24:54



Naquela noite eu dormia,
E nos sonhos pressentia
Amor que tanto pedi.
E com medo de acordar,
Não quis parar de sonhar,
Neste sonho me perdi.

No meu leito, adormecido,
Pensando no amor querido
Que sempre pensei ser minha,
Mas que nunca me tocara,
Apenas amor sonhara
Voando qual andorinha...

Como um luar recendendo
Meu amor foi crescendo
Perfume de linda flor
Que me deixa sequioso
Querendo esse amor gostoso,
Sentir o cheiro do amor...

Dormindo não me cansava
Toda noite imaginava
Como poderia ser
A tua respiração
Em meio a tanta emoção,
Em meio a tanto prazer...

Sonhei tanto em minha vida
Que te encontro aqui querida
Deitada no nosso abrigo...
Na cama que desejara
De tanto, amor eu sonhara,
Agora dormes comigo!
Publicado em: 15/01/2007 22:59:09
Última alteração:28/10/2008 19:12:46



Quando a noite me procura
Com seus raios de luar,
Minha amada bela e nua,
Fica sempre a me esperar.
Minha amada tão formosa
Beleza tão majestosa,
Sou colibri desta rosa...
Que tanto gosto de olhar...

Meu amor não silencia
Gosta sempre de sonhar.
Tanto amor nestas estrelas...
Tanta vontade de amar...
Em meu amor, tais carícias,
Nos toques, doces malícias,
Desfrutamos as delícias
Desta noite de luar...

Quero teu gozo comigo
Na viagem que proponho.
Amando sob as estrelas,
Nosso mundo tão risonho...
Sem ter medo nem pavor
Na plenitude do amor,
Não quero ser sonhador,
Se já vivo, em ti, um sonho!
Publicado em: 10/02/2007 11:57:36
Última alteração:28/10/2008 18:07:40

Na primavera sem termos
Em termos que não invento
No vento que te buscou
Amores no pensamento.
Se tento mas não consigo
Se prossigo e não me canso
Se em teus braços não alcanço
O tempo de ser feliz
Amor me fez aprendiz
De tanto que me beijou
Se tanto tempo passou
Andando em busca do vento
Que bebo e que não me farto
Vem morena pro meu quarto
Só terás contentamento.
Embriagado de ti
De teu corpo, meu ungüento,
Melhor ficar por aqui
Lá fora, aborrecimento,
Aqui em cada momento
A primavera de fato,
Com flores e com regato
Com regaço e com amores.
Irei contigo onde fores
Não temas nada querida
Tudo de bom nesta vida
Desemboca no teu mar.
Nessa vontade de amar
Que é tudo que mais sonhei.
Nas danças que já rodei
Nas cirandas que fizemos.
Tanto amor que já sabemos
O que vivemos sem fim
Amor que é maior em mim
Guardado em nosso jardim
Floresce na nossa cama
Aos poucos tudo se inflama
Amor demais que derrama
Que incendeia tudo assim...
Publicado em: 17/02/2007 18:19:27
Última alteração:28/10/2008 18:05:05




Meu amor, eu te procuro
Pelas ruas da cidade,
Seja no claro ou no escuro,
Tô morrendo de vontade

De saber onde se esconde
A mulher que eu desejei,
Pergunto e ninguém responde
Sofrimento é minha lei...

Por favor, moça bonita,
Venha ser minha mulher,
Pr’este lacinho de fita
Vou de a gosto, vou a pé...

Passarinho quando bica
A flor que se entrega inteira,
Vem amor, mas não implica,
Pára de pensar besteira..

Na estrada tem uma ponte
Que me leva ao paraíso,
Trazendo um belo horizonte,
Tanto amor eu já preciso.

Debaixo daquela ponte
passa boi, passa boiada.
Quero que você me diga
se vai ser a minha amada.

Observação: esta última trova é de domínio público...

Publicado em: 10/03/2007 11:30:23
Última alteração:28/10/2008 17:22:41



Dizer-te agora, aqui vou
E entenda com quiseres:
Ama-me assim como sou,
Pois não serei como queres!

Minha amada, eu te digo,
Com carinho e com amor,
Nossa vida assim prossigo,
Procurando o teu calor.

Mas te falo companheira,
Eu te quero assim como és,
Essa mulher verdadeira,
Que não vejo de viés.

Entretanto nunca tente
Me mudar, minha querida,
Se não tudo, de repente,
Nossa vida está perdida.

Eu tenho muito defeito,
Não sou perfeito, afinal,
Mas também tenho o direito,
Nasci torto e não sou pau,
Mas não quero o teu machado
Pra acertar, se estou errado.

Eu te adoro todo dia,
Não me canso de cantar,
Nosso amor em poesia,
Assim aprendei a amar.

Todo o bem que te desejo,
Foi como te conheci,
É da forma que te vejo,
E por ela me perdi.
Se mudares o que faço?
Vou ter que mudar meu passo...

É por isso minha amada
Que te peço esse favor,
Se mudar a nossa estrada
Me diga prá onde vou?

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures


A saudade é flor estranha
Que nasce sem se plantar...
A sua força é tamanha
Que já me fez retornar...

Só na distância pude perceber
O quanto necessito de teus braços.
Amada, me perdoe, mas te ver
É como renascer, rever meus traços

Deixados tanto tempo a se perder.
Depois de tantas dores e cansaços,
Retorno para ti; quero te ter
De novo me embrenhar em nossos laços.

Prepare nosso quarto, a nossa cama,
Incensos delicados... Meia luz.
Meu corpo te procura e só te chama

Vencendo todo o medo e os receios,
No fogo que nos arde, amor reluz,
Acolhe-me querida, nos teus seios...

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures

Publicado em: 26/03/2007 09:17:59
Última alteração:06/11/2008 10:26:00



Falando deste amor que é minha sina,
Fomento de esperanças no meu peito.
A vida do teu lado, a paz assina
E mostra ser possível o antigo pleito
De ter uma emoção que descortina
Um novo amanhecer sobre o meu leito.
Vencendo as intempéries, tempestades,
Percebo nos teus olhos, claridades...

No passo sempre firme deste sonho,
Vagando no amplidão, cada momento,
Num canto mais preciso eu te proponho
A força mais tenaz de um sentimento,
Que possa transbordar em mar risonho,
Trazendo para a vida um manso vento,
Capaz de transformar em harmonia,
O que se fez paixão e ventania.

Reféns do amor imenso que nos toma,
Fazendo desta vida, glória e paz,
Dois corpos multiplicam cada soma
E a vida nos propõe um canto audaz
Quebrando a solidão, já sem redoma,
O manto da alegria, a noite traz,
Constelação divina, rara e bela,
Deitando em minha cama, reina a estrela.

Meu verso vasculhando, ganha o céu,
Procura por pegadas, cada rastro
Deixado pelos passos de um corcel
Nos seios da mulher, puro alabastro,
Os olhos descortinam claro véu,
Quem dera se eu pudesse ser um astro
Ganhando a eternidade em manso beijo,
Num mundo mais gentil que em ti prevejo.

Após as dores tantas que passei,
Os medos que invadiram minha vida,
Agora que, feliz, eu te encontrei,
Do labirinto, encontro uma saída,
No mar de tanto amor, eu mergulhei
Deixando a dor distante e já vencida.
Eu quero que tu saibas deste encanto
Da noite constelada em claro manto...
Publicado em: 20/10/2007 11:26:28
Última alteração:28/10/2008 13:09:19

Recolho nos teus olhos as estrelas
Que iluminam meus sonhos, minhas noites
Nos meus sonhos eu fico a te mirar
Em meus versos sempre hei de te cantar
Faz parte do meu mundo, do meu dia
Em cada um dos versos da minha poesia
Amor que é que eu sempre quis
Faz meu sorriso bem mais feliz
Eu te procuro nas lindas noites de luar
Quem sabe em sonhos, só em sonhos, eu possa te amar...

Estrelas que emolduram nosso sonho,
Atingem nossos corpos, prateando,
Distante de teus braços sou tristonho,
Meus olhos lacrimejam pranteando
Amor que se mostrou e que proponho
A cada novo dia se entranhando
Tomando nossos versos e palavras,
Arando uma esperança em raras lavras...

GIANA GUTERRES
MVML

Publicado em: 06/11/2007 14:27:29
Última alteração:31/10/2008 17:39:21


EU AMO VOCÊ//


Contigo, em doce enleio, a alma grita
Sabendo do amor que solicita
Tua boca ,corpo, alma em desejos,
Meu corpo, ao teu encontro,em chama, ateio...
Se pensas que desejos, não os tenho,
Engana-te pensar em tal enredo...
Não vejo um ataque, teus anseios
Desejos, tais os teus, também os tenho!
Mas deixa de conversa , venha cá...
Me ama e me devora, sem parar!
Vencido está o medo de te amar!


Entendo os teus receios, minha amada.
Olhando com cuidado de quem sabe
Que a vida deve ser maravilhosa,
Não quero que este amor, um dia acabe.

No sabre dos desejos, ser audaz,
Às vezes nos traz dores e angustia.
Eu tenho a mansidão dos que se aquecem
Na fonte com doçura em calmaria.

Virei bem da maneira que quiseres,
E sou mais paciente que imaginas.
Embora nas centelhas eu me inflame,
Adentro calmamente ricas minas.

O medo não impede o puro amor
Que mostra-se em sorrisos e benesses.
Eu vejo em ti decerto uma mulher,
E adoro todo amor que me ofereces...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 22/09/2007 20:08:57
Última alteração:04/11/2008 14:16:29


Me matizo em tuas cores,
Com certeza isto traz brilho,
Rendendo-me aos teus amores,
Minha amada, maravilho,

Coração em disparada
Ponteando um violão
Namorar na madrugada,
E mostra minha paixão

Nos versos que faço a ti,
Minha moça tão bonita,
Se o meu medo eu já perdi,
Meu amor intenso grita

E te chama sem descanso,
Te convida para a festa,
Alegria logo alcanço,
Dançando nesta seresta

Feita à luz da lua cheia,
Do sertão do Ceará,
Felicidade incendeia
Tanto aqui quanto acolá..



Sentindo o teu perfume em meu jardim,
Recendes ao perfeito amor, querida.
Paixão vai entranhando dentro em mim,
Mudando todo o curso de uma vida,
Eu tenho tanto amor, e sei enfim
Da sorte neste amor já concebida,
Encontro nos meus dias, finalmente,
Motivos para estar bem mais contente.



Lembrando de teus olhos vejo a lua
E nela esta beleza inesquecível.
Deitando cada raio sobre a rua,
Na chama que me invade em luz incrível.

O pensamento alcança e assim flutua,
Felicidade, agora, enfim, possível.
Saber do nosso amor, estar liberto,
Sentir o paraíso bem mais perto.

Meu canto contemplando os belos versos
Que fazes, minha amada e companheira.
Depois de tantos passos mais dispersos,

Razão para viver se mostra inteira.
Os dias não serão jamais perversos,
Na lua deste amor, mais verdadeira

Razão para seguir em noite imensa,
Depois de tanta treva, a recompensa.



EU AMO VOCÊ - sextina
Mergulho no oceano de prazer
E bebo cada gota feita em mel
Ao ter esta alegria de viver,
Percebo ao fim da tarde um claro céu
Mostrando quanto é belo o bem querer,
Montando em liberdade este corcel.

Alçando um infinito, o meu corcel
Em cada novo trote um bom prazer
Guiado pelas rédeas do querer
Espalha em alegria farto mel,
Ganhando pouco a pouco o vasto céu
Ajuda e revigora o meu viver.

Sabendo da emoção de assim viver,
O pensamento livre qual corcel
Singrando com vontade, rasga o céu
E espalha em nosso amor tanto prazer.
A vida vai provando deste mel
Renova a cada passo, o meu querer.

Se tanto desejei o teu querer,
É nele que procuro o bem viver
Certeza de alegria em tanto mel,
Minha esperança audaz feito um corcel
Espalha sobre mim todo o prazer
Reflete em cada nuvem, imenso céu.

Olhando firmemente para o céu
O firmamento trama este querer
Moldando meu caminho em teu prazer
Fazendo bem mais livre o meu viver,
Voando libertário num corcel
Amor se lambuzando doce mel.

Na boca de quem amo sinto o mel
Penetro e calmamente chego ao céu,
Desejos me tomando, sou corcel
Entregue às fantasias do querer
Aprendo a maravilha de viver
Sabendo me fartar em teu prazer.

Sentindo o teu prazer, delícia em mel,
Só quero enfim viver, ganhar teu céu
Nos braços do querer, sou teu corcel.
Publicado em: 15/01/2008 22:52:05
Última alteração:22/10/2008 19:53:43




Nua, nua, toda nua
Te ofereço à luz da lua
O meu corpo sensual.
Toma aqui, um longo beijo
Para acender teu desejo...
É fogo no milharal!

Te desejo neste instante
Num amor tão delirante
Que não cabe mais em mim,
No teu corpo me sacio,
Num eterno e belo cio,
Como é bom te amar, assim.

Quando a lua te vislumbra
Na beleza da penumbra
Acendendo esta loucura
Que transtorna totalmente,
E me entrego de repente,
Nos teus braços, com ternura.

Tua nudez me seduzindo,
Tanto brilho reluzindo,
Alucinando, me chama,
Para amarmos, sem ter medo,
Conhecer cada segredo
Do teu corpo, brasa e chama...

HLuna
Marcos Loures

Publicado em: 24/08/2007 23:19:23
Última alteração:05/11/2008 13:07:43



EU AMO VOCÊ II


Meu canto te buscando já te alcança,
Enaltecendo sempre a liberdade
Aonde o meu olhara em esperança
Percebe num momento a claridade,
Nos braços de quem quero, amor me lança
Mostrando assim cabal felicidade,
Além do que meu sonho já me mande,
Encontro um mar intenso, belo e grande.

Jardim de uma alegria, florescente,
Deitando no meu colo, a minha amada,
O coração, feliz adolescente,
Escuta em tua voz, uma chamada,
E grita ao doce amor sempre presente,
Já dando em minha vida uma guinada,
A trama que em teus lábios se mostrou,
Em teu sorriso manso me entregou.

Amor não tem juízo e nem critério,
Invade o peito em sonho lisonjeiro,
Formado pelas sendas de um mistério
Amor se sublime companheiro,
Adentra o coração, sem vitupério,
Dos sonhos o perfeito cavaleiro,
Aquece um sentimento outrora frio,
E esvai em mansidão, plácido rio.


Amor é feito pária em majestade,
Tomando o nosso corpo como um templo,
Retorna na velhice, a mocidade,
Do poder absoluto um bom exemplo,
Reflexo de teus olhos, claridade,
No bojo deste amor, sonhos contemplo
E vejo meus caminhos mais formosos
Nos braços deste amor, maravilhosos...


Seu passo, pelos sonhos, vai movido,
Marcando em seu compasso, ritmo eterno,
Nos traços deste amor, vou envolvido,
Distante da tristeza de um inverno,
Seguindo pelo amor engrandecido,
Jamais em solidão, meu peito hiberno,
Amor, que me envolvendo mostra e sente
Um mundo mais airoso, e mais contente...
Publicado em: 18/10/2007 20:28:10
Última alteração:28/10/2008 14:38:50


Estrela tão distante, espero tua vinda...
Recebo um tíbio raio, aviso de chegada.
Na noite do meu sonho, é muito cedo ainda.
O resto da promessa aguarda a madrugada.
Vida de minha vida, a noite não se finda
Enquanto não chegar o fim desta jornada.
Espero toda noite, estrela jovem, linda.
Nas guias desta estrela os brilhos de uma fada!

Estrela graciosa, em vão tanto te quis..
Na graça do teu corpo, os mapas da esperança.
No iluminar deste astro, aguardo ser feliz.
Vazante deste rio, as águas em cascata.
O canto desta espera, a noite em serenata.
Ao som de tal folia, a natureza dança!

Sentindo essa alegria, o meu sonho feliz,
Imerso em poesia, abraçando-te diz
Que toda a fantasia, amor de um aprendiz,
Irá raiar no dia, o mais belo matiz...
Publicado em: 09/02/2007 22:43:28
Última alteração:28/10/2008 18:31:40



Contigo eu estarei
Da forma mais sincera
Amor que tanto eu quis
Em fogo e primavera
Gerando uma aliança
Da qual sempre se espera
Momento inesquecível
Que vem e logo volta
Nossa imaginação
Querida, andando solta
Nos leva ao infinito
Na faina de saber
Aonde exista o rito
Num grito de prazer
Que arrasta nossos olhos
E toca meus sentidos,
Vasculho no teu corpo
Ouvindo os teus gemidos
Aonde encontre o porto,
Que em passos decididos
Mergulho a noite inteira
Sem tréguas... Nunca olvido...






Eu amo teu sorriso, minha amada;
Certeza tão serena do descanso.
Em tantas tempestades, calmaria.
Trazendo a sensação de bom remanso.
Eu amo tanto...

Eu amo tuas mãos tão delicadas,
Certeza de carinho no depois;
Em tantas desventuras, meu abrigo;
Trazendo esse prazer para nós dois...
Eu amo tanto...

Eu amo teu olhar tão envolvente
Certeza deste brilho que procuro.
Em tantas incertezas pela vida,
Trazendo tanta luz, findando escuro...
Eu amo tanto...

Eu amo estes teus seios, meu regaço;
Certeza tão divina de acalanto.
Em tantos vendavais, meu manso porto,
Trazendo em doce gosto, meu encanto...
Eu amo tanto...

Eu amo tanto amor que vejo em ti.
Certeza de viver felicidade.
Em tantas ilusões que já passei.
Trazendo a sensação duma verdade!
Eu amo tanto...
Publicado em: 22/01/2007 21:18:09
Última alteração:28/10/2008 19:14:24


EU AMO TANTO...
Eu amo teu sorriso, minha amada;
Certeza tão serena do descanso.
Em tantas tempestades, calmaria.
Trazendo a sensação de bom remanso.
Eu amo tanto...

Eu amo tuas mãos tão delicadas,
Certeza de carinho no depois;
Em tantas desventuras, meu abrigo;
Trazendo esse prazer para nós dois...
Eu amo tanto...

Eu amo teu olhar tão envolvente
Certeza deste brilho que procuro.
Em tantas incertezas pela vida,
Trazendo tanta luz, findando escuro...
Eu amo tanto...

Eu amo estes teus seios, meu regaço;
Certeza tão divina de acalanto.
Em tantos vendavais, meu manso porto,
Trazendo em doce gosto, meu encanto...
Eu amo tanto...

Eu amo tanto amor que vejo em ti.
Certeza de viver felicidade.
Em tantas ilusões que já passei.
Trazendo a sensação duma verdade!
Eu amo tanto...
Publicado em: 05/01/2009 10:41:35
Última alteração:06/03/2009 12:35:42





Amando o teu amor só por amar,
Certeza de poder viver o mar
Que tanto traz beleza quanto o medo...

Abrindo o coração ao pensamento
Abrindo esta janela, vem o vento
E fala deste amor sem ter segredo...

Desfruto do prazer que tenho em ti
Receio de sofrer eu já perdi,
Imerso neste sonho sem tamanho.

Eu não tenho mais nada sem te ter,
Minha vida se perde sem prazer,
Mas contigo, meu bem, a sorte eu ganho.

Eu quero te fazer bem mais feliz,
Tu és minha promessa e cicatriz
Com risos e com gozos divinais.

Amada, meu navio te procura
Tu és o meu farol em noite escura,
Tu és porto seguro, és o meu cais...
Publicado em: 18/08/2007 18:01:04
Última alteração:05/11/2008 14:58:15





A vida faz a festa
Nos olhos de quem amo.
Amar, o que nos resta

Menina eu tanto clamo
A noite que virá
Regada com prazer
Impávida trará
A sorte de saber

Gravado na lembrança
As marcas da alegria
Zelando em temperança
Zarpando com magia
Atravessando o dia.
No olhar de quem eu quero
Esperança dizia
O verso que eu espero...
Publicado em: 13/12/2007 19:39:38
Última alteração:23/10/2008 08:25:41

EU AMO VC.
Vertendo em cada verso
Um sonho esperançoso
De ter neste universo
Prazer, desejo e gozo.

Eu quero te dizer
Do quanto amor nos doma,
Amor que multiplica
Enquanto o tempo soma,

Receba o meu amor
Sem medo de sofrer
Vencendo o vencedor
Não há por que temer.

Amor, sendo sutil,
Não deixa sobrar nada,
É forte, mas gentil,
Alma desgovernada

Na busca do infinito
Encontra aqui abrigo,
Teu corpo tão bonito
É tudo o que persigo...
Publicado em: 30/10/2008 10:51:23


Não deixe que eu magoe quem eu amo,
Nem mesmo que das mágoas faça canto.
Amor sem ter certezas, sofre tanto,
Por isso das tristezas não reclamo...~

Bem sei que tantas vezes duvidaste
Do que sinto em minha alma, só por ti,
Depois de tanto mal que já sofri,
Amor que tanto sinto, virou haste.

Mas nada disso sabes, com certeza,
Pareço, disso eu sei, tão inconstante.
Na vida sempre tive, por amante,
A marca tão feroz de uma tristeza;

Por isso não me deixe que magoe
Amor que enfim, recebo, sem cobranças,
Faremos deste mal, as alianças
E as asas, com as quais, nosso amor voe...
Publicado em: 02/11/2008 21:25:17
Última alteração:06/11/2008 12:11:26


Vou buscando nas cobertas
O teu corpo perfumado,
As entradas; sei abertas,
Percorrendo mais ousado.

Dos teus seios tão gostosos,
Sei a sede de meus beijos,
Teus carinhos fabulosos,
Acendendo os meus desejos.

Vamos ter festa, eu garanto,
Na verdade este é o começo,
Eu te quero tanto, tanto,
Já te encontro sem tropeço.

Adentrando a mata escura,
Não irei mais me perder,
Teu amor, querida cura,
Meu remédio, teu prazer.

Nossos rios, doces matos,
No banquete em serventia,
Vou lambendo belos pratos,
Dedilhando esta alegria.

No colosso desta festa
Dois bacantes com certeza
Sabem quando amor se empresta
Lambuzando em sobremesa.

Mas vem logo que esta noite
Quero ser o teu parceiro,
Minha língua como açoite,
Vasculhar teu corpo inteiro.



Esse vento é atrevido,
Curioso como o quê,
Fez voar o meu vestido
Só para alegrar você...

Pois te falo, minha amada,
Esse vento eu quero ser,
Debaixo da saia rodada,
Descobri o meu prazer...

Tuas coxas são bonitas,
Roliças, maravilhosas,
Eu te imploro que repitas,
Tô com saudade das rosas...

Esta visão é divina
Todo tempo penso nela,
Minha mente se alucina
Porta do céu amarela...

HLuna
Marcos Loures
Publicado em: 17/08/2007 17:14:41
Última alteração:05/11/2008 15:43:0

EU AMO VOCÊ /


Voz se cala...
E nessa sala
Só se ouve
Um suspiro...
Coração
Bate choroso
De saudade...
Tão dengoso
Lembra imagem
Tão garbosa
Do meu bem
Que na distância
Sequer sabe
Quando dói
Essa ausência
Que destrói
Belo sonho
De amor...
Dor que rói
Rouba um gemido
Dolorido
O pranto flui...
Um recado
Mando ao vento
Solução
Para o tormento
Prá que venhas
Sem demoras
Te espero
Vem agora!

Eu te quero
Nesta dança
Onde a lua
Nos alcança
E mostra assim
O paraíso
Dentro em mim,
Teu sorriso,
No festim
Que imaginei
Neste verso
Que sonhei
Boca e beijo
Rua e lua
Toda nua
Meu desejo
Te procura
Tanto quer
A beleza
Da mulher
Minha amada
Que eu convido
Para a dança
Nesta noite
Neste dia
Ronda o sonho
Fantasia
Vem depressa
A hora é essa
O tempo é nosso
E o colosso
Do momento
Onde posso
Ganhar vento
Todo o tempo
Que quiser.
Nunca é tarde
Sempre é dia
Vem comigo
Lua é nossa
Festa e riso
Traços, rostos,
Olhos postos
No infinito...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 13/09/2007 13:31:07
Última alteração:04/11/2008 17:08:04


Mares de mim mesmo
Exposto em ribeirão.
Alagamento à vista
Revistas no portão.
Não deixo de sonhar
Embora seja estúpido
O fato de sonhar
Num século imbecil.
Ser vil é ser servil?
Sevícias e carícias
Prostituta alma
Anda entre canaletas
E carpetes.
Jogada na área de serviço
Espera um par.
Partilha
Matilha
Mar que empilha a roupa suja
De nós dois...
Publicado em: 04/09/2008 13:24:27
Última alteração:17/10/2008 14:31:09



Eu amo teu sorriso, minha amada;
Certeza tão serena do descanso.
Em tantas tempestades, calmaria.
Trazendo a sensação de bom remanso.
Eu amo tanto...

Eu amo tuas mãos tão delicadas,
Certeza de carinho no depois;
Em tantas desventuras, meu abrigo;
Trazendo esse prazer para nós dois...
Eu amo tanto...

Eu amo teu olhar tão envolvente
Certeza deste brilho que procuro.
Em tantas incertezas pela vida,
Trazendo tanta luz, findando escuro...
Eu amo tanto...

Eu amo estes teus seios, meu regaço;
Certeza tão divina de acalanto.
Em tantos vendavais, meu manso porto,
Trazendo em doce gosto, meu encanto...
Eu amo tanto...

Eu amo tanto amor que vejo em ti.
Certeza de viver felicidade.
Em tantas ilusões que já passei.
Trazendo a sensação duma verdade!
Eu amo tanto...





Não quero te perder
Eu quero te prender
Em cada novo laço
Em todo meu abraço
Vontade de saber
Vontade de querer
O bem que sempre vem
Na noite do meu bem...

Eu quero me enlaçar
Nas asas revoar
Sem medo do cansaço
Amando em cada passo
Que juntos, vamos dar
Na noite, no luar.
Luar que sempre vem,
Na noite do meu bem...

Eu quero o doce fado
De ser iluminado
E preso no teu laço,
Deitando meu cansaço
Quietinho, do teu lado,
Meu peito apaixonado.
Que sempre volta e vem
Pro colo do meu bem...

Eu quero essa emoção
Te dou meu coração
O prendes no teu braço,
Depois do amor, cansaço.
Na boa sensação
Do mar de uma paixão.
Que todo o tempo vem
Pra noite do meu bem...
Publicado em: 11/09/2008 13:16:19
Última alteração:17/10/2008 14:53:43



No meu canto mais sereno,
Vontade de agradecer
Este amor deveras pleno
Que tanto ajuda a viver.

Encontro-me satisfeito
De saber deste carinho
Transbordando no meu peito
Não me deixa andar sozinho...

Minhas alegrias são poucas
A minha tristeza é tanta,
As minhas noites vãs, ocas,
A voz da saudade canta...

Mas depois que a alma lagrima
Amargando a solidão,
Eu relembro tua estima,
Meu porto de salvação...

Por isso não me abandone
Nunca mais querida amiga,
Não quero mais noite insone.
O teu colo, a vida abriga...
Publicado em: 11/09/2008 18:53:34
Última alteração:17/10/2008 14:57:15



Resposta branda e suave
quebra da ira o furor;
palavras duras excitam
ressentimento e rancor.
Meu amor, muito carinho
Só traz carinho pra mim,
Não quero viver sozinho,
Por isso te trato assim,

Quem semeia tanto vento
Colhe muita tempestade,
Tanto amor no pensamento,
Só traz amor de verdade...

Eu te beijo todo dia,
Toda hora se quiser,
Não há melhor melodia,
Pra se cantar pra mulher...

Meu amor, eu te amo tanto,
Nunca canso de te amar,
Tanto amor trazendo encanto
Tanto amor vou te cantar...

Toda manhã bem cedinho,
Antes de eu ir trabalhar
Não me esqueço do carinho,
Para sempre eu vou te amar!

A primeira trova é da região de Patos de Minas Minas Gerais
Publicado em: 12/09/2008 12:09:01
Última alteração:17/10/2008 15:00:51



Eu quero que tu saibas que eu resisto
Por mais que nossos rumos dispersamos
Por mais que tantas vezes nós erramos,
Desse nosso caminho eu não desisto!

Em meio a tempestades e desordens
Nas lutas que travamos, claros céus,
Outras vezes nos cobrem negros véus,
Ilusões: obedeço suas ordens.

Ao ver essas fantásticas estrelas
Que sempre irão trazer inspiração
Eu abro totalmente o coração
Às flores deste espaço, sempre belas!

Amor, tenha certeza, e monopólio
É como ter o mar sem ter areia,
Fria chama jamais nos incendeia.
É como misturar água com óleo.

Evite, nessa vida, tal abismo,
Entenda que jamais ninguém amou
Se dele e só por ele sustentou
Um sonho mais terrível: egoísmo.

Quando Deus nos criou, como modelo,
Poderia ter sido tanta estrela,
Ou outra forma astral também tão bela;
Porém à Sua imagem; posso Vê-lo

Em cada ser humano. Na verdade
Nos deu Seu sacrifício em fera cruz,
Só para nos mostrar – caminho e luz...
E, na ressurreição, a claridade!

A vida se demonstra e traz seus motes,
Aprenda a conviver com teus irmãos,
São deles e por eles tuas mãos!
Também neles estão teus sacerdotes!

Nos teus caminhos prendem-se teus mastros.
Saiba que a cada passo que for dado,
Mesmo devagar, lento, compassado,
Caminhas com milhões de belos astros...



Disponha deste céu é casa tua,
O sonho que te leva, bom porteiro,
Permite que conheças mundo inteiro,
Olhando para cima em tua rua.

A beleza que muda noite e dia,
Penetra por teus olhos tristes baços,
Mostrando-te que acima, nos espaços,
Há todo esse universo, em harmonia!

Os milagres se mostram em tua boca
Na palavra que transmite a doutrina
Também pode ferir, dura e ferina.
Outras vezes se perde, fria e rouca...

A mesma mão que cura, maltrata,
O mundo tão enorme, como um todo,
Também pode trazer-te ao podre lodo.
O chão que traz o pântano, traz prata.

Nunca fique assentada na cadeira
Que pode parecer assim, segura,
Mas que te levará à noite escura
A vida aqui te quer e por inteira!

Não mostres teu olhar assim altivo,
Olhando quase a esmo, p’ra ninguém.
Saiba que é no outro onde está teu bem.
Mantenha nos teus olhos, lume vivo!

Teu olhos são reflexos do céu
Aqui, que sejam veros missionários.
Mas sabendo que somos todos vários
Em cada um recobre um próprio véu.

Cada ser tem a própria consciência
Que pode ser até, à tua, alheia.
Mas a chama é igual, sempre incendeia.
Perceba em cada ser a sua essência!

Se todo julgamento nos desgasta
E em todo esse universo só irmãos,
Evite transformar as tuas mãos
Naquelas que, julgando, nos desbasta.

Caminhe para a frente, amor nos leva
Aos braços do Senhor. Amor estende
O tapete para onde alma se pende
E nos livra da triste e negra treva.

Permita que deslinde-se o futuro,
Semeie sem temer, a boa nova.
Somente em vida, a vida se renova.
A luz pode nascer do céu escuro.

E saiba que viver é para os bravos,
Deles, toda semente dá seus frutos.
Carinhosos, por mais que penses brutos,
Sabem que amor liberta. Sem escravos!

Somente amor aquece em noite fria.
Amar é conviver, é comunhão.
É se permitir sempre dar perdão,
É fazer dessa noite um claro dia..

Mesmo que todas dores, tristes molhos,
Invadam tua vida, duras chamas,
Te tracem dolorosas, negras tramas,
E ceguem não te deixem nem ter olhos,

Assim como as tristezas, podres laços,
As marcas dolorosas de uma guerra;
Várias pedras caindo de uma serra,
Os raios, trovões, riscando espaços,

As febres devorando corações,
A vida em carne viva, sofrimento.
As quimeras trazendo dor, tormento,
Os problemas todos, multidões,

Erupções de vulcões, incandescentes,
Que a tudo não perdoa e incendeia
O sangue congelando em tua veia,
Os sonhos, pesadelos envolventes...

As mortalhas doídas, canibais,
Os cortes tão profundos, dissecantes,
As noites do martírio, delirantes,
Os medos e as maldades tão fatais,

Saiba que dos céus sempre boas novas,
Os olhos que te miram, verdadeiros
Trarão em teu viver belos luzeiros
E todas as angústias, meras provas.

Não temas nem os braços algemados
Nas coisas que te trazem a saudade.
Lute e conseguirás a liberdade.
Na verdade são anjos disfarçados

Que trazem toda a prova que precisas
Para que tua vida não se faça
Em base que, no fundo, sempre passa.
Se vão e se esfarelam em plena brisa...

A vida nos prepara, esteja certa,
O medo que polui nosso futuro.
Pois não temas transpor esse alto muro;
Saiba que depois tudo se conserta.

A mesma mão que fere te levanta.
Por isso sempre erguidas para o céu
Com o Senhor, mantenha teu anel.
Para que, com Deus tenha a vida santa.

Tu és um grão de areia no areal
Por isso não proclame aos quatro ventos
As dores nem tampouco os sofrimentos
Quem te ouve com certeza tem seu mal.

Mas nunca negue apoio ao que precisa.
Mesmo na tua dor, estar contente
É forma de mostrar a toda a gente
Que alegria nos salva e ameniza.

Se todo o teu tormento não te cura,
Saiba que nele existe a mão divina.
Pois todo sofrimento descortina
Aurora da esperança em pura alvura.

Tua vida não seja um mar deserto,
A tua alma sozinha se descora
Precisa renascer a cada aurora,
O fim de nossa estrada é sempre perto.

O vento da existência não vai longe.
A vida não vacila e nunca espera.
Seja então uma eterna primavera.
Nossa felicidade é nosso monge.

Carregue tua vida em santa paz.
Não deixe nem suporte tanta mágoa.
Teus olhos nunca deixe rasos d’água
Amar a quem te odeia! És capaz?

Conheça o coração, palmo a palmo;
Ame teus filhos, todos os teus filhos.
Mas deixe que prossigam nos seus trilhos.
Cada um te trará um sonho calmo.

Respeite em cada ser, o vegetal,
Os animais. Refletem mesmo Deus.
Não são teus, nem são nossos nem são meus,
Quem os criou; o Pai Nosso, imortal,

Os fez para viverem liberdade
E em cada um seu brilho radiante.
É prova desse amor tão deslumbrante
Onde Deus nos mostrou Sua bondade.

E com certeza, todos são amados
Tanto quanto nós somos pelo Pai
E Saiba que a verdade nunca trai.
Ao contrário, confirma nosso fados.

Amor é sobre tudo, o soberano.
É fonte que nos mostra toda glória.
É Deus que nos demonstra, na memória
O quanto que Ele amou o ser humano.

Pois saiba que somente amor acende
O lume que nos livra das tristezas,
É fonte de invencíveis fortalezas
Que o perfume divino já recende!
Publicado em: 14/09/2008 19:46:11
Última alteração:17/10/2008 13:30:03



Acompanhando os passos deste amor
Por essas madrugadas mais distantes
Percebo que seremos bons amantes
Sem termos nem saudade nem temor.

Vencendo estas estradas dolorosas
Que sempre magoaram quem sonhou,
Encontro nos caminhos onde vou
Perfumes que deixaste em rastros, rosas...

Não posso mais seguir em solidão,
Minha alma reclamando a tua falta,
Nos tímidos espaços a alma salta
E espera por teus braços em perdão.

Resiste a toda sorte de presságios
Às tempestades vis, duras procelas,
Às dores mais temíveis e mazelas
Às pestes violentas seus contágios,

A tudo neste mundo, sem temor.
Aos ventos mais bravios, furacões,
Às secas, às enchentes aos vulcões,
Porém se fragiliza em desamor...
Publicado em: 15/09/2008 17:23:28
Última alteração:17/10/2008 13:33:12


Nos meus caminhos longos e tristonhos
As noites se fizeram revoltosas...
O rumo das estrelas nos meus sonhos,
Passam por essas sendas venenosas...
Deixaste tantas urzes nos medonhos
Rastros que irão levar às nossas rosas!
Por que essas duras sebes nos risonhos
Jardins de luas tão maravilhosas?

Nosso amor necessita dos espinhos?
Tão cruel essa lei que me legaste!
Das gaiolas vislumbro belos ninhos!
As dores nos amores têm limite!
Depois de tantas lutas, o desgaste...
São duros os caminhos , acredite,
Mas valem nossa estrada, podes crer,
Amor que nos uniu, nos faz vencer!
Publicado em: 18/09/2008 11:04:34
Última alteração:03/10/2008 13:57:05



Anjo?
Quero
Banjo?
Toca.

Eros
Troca
Meros
Arcos
Setas
Somos
Somas
Nunca
Menos
Sempre
Mais...

Anjo?
Quero!
Banjo?
Sangro...

Angra
Sigla
Cego
Sigo
Cetro
Centro.
Cedo
Cedes
Cedro,
Redes.

E a lua desfrutando do prazer
De sempre querer
Mais...
Publicado em: 19/09/2008 11:57:52
Última alteração:03/10/2008 13:04:17


Amor que veio do mar
Do mar de amor que carrego
No mar que sei amar
Amar que quero mais não...
Se tanto amor que não nego
Não posso mais navegar
No mar que nunca navego
Mas que me ensinou a amar...

Se tenho mar e sertão
Ser tão que nem eu sei.
Se amar seria tanto
Quanto amar eu consegui,

Meu mar está tão vazio
A maré que mal chegou
Carrega meu mar tão frio
Pras ondas que naveguei
Nas areias desta praia
Da morena mar e saia
Saia da praia morena
E venha de novo pro mar
Amar quem mais te queria.
Nas ondas frias do mar...
Publicado em: 21/09/2008 19:55:45
Última alteração:02/10/2008 20:22:31



Amor que eu tanto quis, belo e perfeito,
Tomando a minha vida totalmente,
Mudando o meu caminho do seu jeito,
Invade a minha vida plenamente.
Felicidade muda de conceito
Agora se permite mais urgente.
Passados sofrimentos destruídos,
Os medos tão terríveis já vencidos...
Publicado em: 22/09/2008 12:30:45
Última alteração:02/10/2008 19:47:3


Passarinho vai voando
Procurando pela flor
Adorando desde quando
Descobriu em ti, amor.

Beija flor não tem juízo,
Bate as asas, mas deseja
Desfrutar do paraíso
Tua boca benfazeja.

Quando eu bem te vi cantando,
Me encantei, esteja certa,
Coração vai disparando
Procurando em linha reta

A mulher mais generosa,
Milhas distantes daqui,
Mas o perfume da rosa,
Nos teus lábios conheci.

Sou escravo dos teus passos,
Sou cativo do teu mel,
Me entregando aos teus abraços
Vou em busca deste céu.

Verdejantes meus caminhos
Quando escuto tua voz,
Deixa pra lá tais espinhos,
Solidão é bicho algoz.

Muitas vezes me deixaste,
Mas por favor, pense um pouco,
Sem te ter, duro desgaste,
Vou ficar, querida, louco.

Tome em tuas mãos meus versos,
O meu beijo te procura.
Não andemos mais dispersos,
E sejamos só ternura...
Publicado em: 23/09/2008 16:25:09
Última alteração:02/10/2008 19:04:03



Na dança prometida,
Amor que em ti persigo,
Por toda a minha vida
Certeza de um abrigo
Neste louco bailado
A noite se ilumina
Um canto extasiado,
Que nunca mais termina
Do amor que consagrado,
É ouro em rica mina,
Vivendo do teu lado
Cumprindo a minha sina
Felicidade existe
Em cada novo dia,
No sonho em que persiste
Um mundo em alegria.
Eu quero estar contigo
O tempo que puder
Sabendo o meu abrigo,
Se encontra em ti, mulher...
Publicado em: 01/10/2008 16:30:39
Última alteração:02/10/2008 13:47:27


Quando a dor da saudade te machuca
Amor te espera aqui.
Eu tenho essa vontade de te ter
Eu vivo só por ti.

Não deixe que a saudade te machuque
Vem logo meu amor.
Eu quero saciar os teus desejos,
Vem logo, por favor.

Não quero o sofrimento de quem amo.
Amor; te quero o bem.
Que a vida não te deixe mais sozinha
Minha querida. Vem!

Eu quero esta delícia sem ter fim...
Amor, como desejo...
Sabendo que não posso te esquecer
Amada, quero um beijo...

Um beijo gostoso
Sem medo
Amor desejoso
Segredo
Eu quero teu gozo
Vem cedo...
Não deixe que a vida
Te doa.
Tua voz querida
Ecoa
Minha alma sofrida
Já voa.
Eu quero essa vida
Tão boa!
Publicado em: 02/10/2008 10:32:24
Última alteração:02/10/2008 13:39:45



Resplandeceste cruelmente bela...
Nas tuas mãos, relíquias maviosas,
Pintores mais felizes buscam tela
Na alvura quirodáctila olorosa...

Tem delicada formosura, face...
A mansidão serena deste rio...
Não há nenhum pecado que disfarce
A brandura feliz do desafio.

Amor, cabedal frêmito, falácia...
Penúrias das canduras e dos medos...
Cortando friamente toda fáscia,
Percorre meus tendões, perfura os dedos...

Frenéticos sentidos se misturam,
Levedo com segredo simples rimas,
Amores sem desejos não maturam,
Laranjas para suco não são limas...

Estimas sem amores, amizades.
As luas sem luares vertem medo.
Primeiro Deus criou as claridades
Depois o sol, me conte esse segredo!

As mãos que me passeiam não são tuas,
Nunca acupunturaste tais agulhas,
As bocas que mordeste estavam cruas
Nos beijos que roubaste, nem fagulhas...

Antítese venal, amor doloso.
Recíproca fatal, versos em branco...
Amores carnaval, sou mais guloso,
Sangria vendaval que não estanco...

Mentores de favores flatulentos,
Não fazes curativos queres gazes?
Não pedes certidões nem documentos,
Bolívia proibindo tantos gases...

Marinha americana, Portobello,
Esquadra escravocrata traz a morte.
Defesas sertanejas num rastelo,
A América sanguínea vem do Norte...

Amores são perfeitos imbecis,
Esquecem de saudades e de medos...
Apanham vergonhosos pedem bis...
Pedradas atropelam os penedos...

Rasteja com idônea insensatez
Vasculha tantas coisas que se perde...
Respinga tempestade sem talvez,
Desfaz esperançosa luta verde...

Amores são palhaças ilusões,
Restolho do que nunca houvera sido.
Abrindo logo fecha os meus portões,
Repara disfarçado olho comprido...

Nas bocas o mau hálito disfarça,
Quem fora indiferente nem parece,
Quem já foi companheiro hoje é comparsa,
Amores infelizes quem merece?

Sisudo cavalheiro vira infante,
Mostrando mais sutil embasbacado,
Formigas se transformam elefante.
Difícil discernir se apaixonado!

Cigarros vou fumando, sem parar,
Cartelas e cartelas devorando...
A lua apaixonante num luar,
As horas demorosas vão passando

Escrevo meus sonetos faço versos,
Respiro mais custoso, quase morro...
Mirando las estrellas do universo,
Não há quase ninguém a dar socorro!

Amores criadores, tanto caso,
Não deixam respirar a criatura..
Do que me restará de vida, ocaso.
Faz parecer um corte, arranhadura...

Melindres se transbordam viram cena.
Sensíveis palavrões a boca rota...
Voando sem ter asas sequer pena,
A vida vai levando à bancarrota!

Disfarçado de rei se sabe reles,
Quem sonha ser princesa espera o sapo.
Amores disfarçados, tantas peles,
No final não dispensa nem sopapo.

Amor é cantilena sem refrão,
Depois de certo tempo, brotam filhos...
As rugas enraivecem coração.
Quem já sonhara esquece os estribilhos!!!

Amores verborrágicos patéticos,
São venais mestres na arte de enganar.
Começam serenáticos, poéticos,
Estrambóticos, bélicos, sem mar...

Martírios, marionetes são palhaços,
Delírios, apoplécticos, mortais...
Amores desfolhantes, visgos, traços;
São bem vesgos, estrábicos, banais...

Amores tartamudos tartarugas.
Canhões se disfarçando em mansidão.
Depois, inevitáveis, vêm as rugas,
A tropa se desfaz do pelotão.

Não quero tais amores, nem pretendo...
Siameses, telúricos, almáticos...
Nem esses lindos olhos, nego, vendo...
Amores que se quebram, são reumáticos...

Não quero misturar alhos com olhos,
Bagulhos nem bugalhos, nem cebolas...
Perdidamente louco nego Abrolhos,
Não quero essa Al Kaeda, nem Hizzbolahs...

Vertiginosamente não mergulho,
O mar já reconheço tempestades,
Distante das marés e do marulho,
Das pestes que me emprestas veleidades...

Vingativa virás hipocrisia.
Vastas visões vertigens são velórios.
Sedas sacras, senzalas sacristia,
Não pretendo suspeitos suspensórios...

Vou liberto, matando essas paixões,
Em cada nova ninfa vejo um Demo,
As flores que te dei boca leões,
As que fingiste negam crisantemo...

Nos cravos que entupiste um ataúde
Desejas bons sinais num idiota...
Se faço teus remendos viras grude,
Misturas fantasias, falsa rota...

Não cravo tantos dentes sou banguela,
Nem temo teus acintes, sou velhaco...
Não quero tantos cravos na capela,
Nem quero acompanhar o velho Baco.

Que fazes a chorar, sua imbecil?
Não quero teu amor, já o renego.
Não quero ter nenhuma, nem és mil,
Não posso desfazer se sempre prego.

Não chores por favor, não me comoves...
As lágrimas caídas, crocodilo...
Com sentimentos frágeis não me moves,
Não quero nem mais isto nem aquilo...

Não tentes disfarçar tuas mordidas,
Os beijos que prometes são venenos...
Serpente que se preza dá lambidas,
Depois a presa morta, nem somenos...

Não chores, te implorando por favor!
Não posso me enganar pois, novamente!
Quem fora já picado pelo amor,
Não morre envenenado por serpente!

Não chore assim, te peço caridade,
Os meus lábios secaram toda fonte...
A lua nunca entrega claridade,
A vida começou triste desmonte.

Vem cá, me dê teus braços num segundo,
Meus olhos já procuram pelos teus,
Que vou fazer meu Pai! Pare esse mundo,
Eu não suportarei a luz nos breus...

Não deixe que me leve essa vontade,
Não permita sequer que eu me enamore...
Quebranto vem quebrando a tal saudade
A boca inebriada te percorre!!!

Meu Deus, não me permita essa loucura!
Vem cá me deixe louco de prazer!
Afaste de mim Pai, tal criatura;
Mas se parares certo irei morrer!
Publicado em: 22/10/2008 15:24:09
Última alteração:02/11/2008 21:49:17


Levo esse amor na minha alma
Veja tanta luz que trago
Podes ter a vida calma
Fada desse meu afago.

Pode levar o meu sonho
Se com grado assim quiseres
Mas recebe, te proponho
Minha vida em teus talheres.

Nas palavras mais distantes
Nos mundo que não conheço
Amores são navegantes
Tanto amor que já padeço.

Veja os versos que te faço
Com total serenidade.
Morena me dê teu abraço.
Repare: é felicidade.

Não temo mais nem o frio
Que embalou cada momento,
Deste coração vazio
Agora, no esquecimento...

Não quero mais um sorriso
Se não vier com desejo
Quero viver paraíso
Da delícia do teu beijo!
Publicado em: 16/11/2008 20:43:26
Última alteração:06/03/2009 18:54:39



Me perco, manso e safado, asco e desejo,
Arpejo e salamandra, enormes vagalumes...
Colibris e paraméceos, cios e senzalas...
Sou mar e marina, amaria e não amar
Rumar por ruas e aspas, métricas e rimas,
Cismas e sismos. Cinismos.
Me perco...
Nada mais posso dizer, viver é saber mar.
Mar que não freqüento, vento que não tenho,
Cenho já fechado, arado que não ara, ar, aragem...
Paragem, freno e fornalha, parafernália.
Meu último segundo, mundo que inibe, bélico...
Eólico, fatídico, fraternal e farsante.
Farsa andante, ando meio à toa. À tona. Átona...
Teimo com tremas e temas, átomos, tomos
E temeridades.
Temer idades.
Temer cidades.
Temer os hinos,
Termino
Término.
Termos e hinos,
Meninos...
Meus hinos e meus mimos, martírio.
Quero o gosto, gozo e gesto.
Vivo pro gasto, pro fausto e pro fastio
Pro afã, profano...
Giro por entre gestos incontestes com testes, contextos.
Com textos e texturas.
Puras peraltices.
Altas pernas, pernaltas, pernas longas...
Pernilongos, longos, logos, lagos, escunas
E lagunas.
Lacustre sonho, medonho me exponho e me ponho no mar...
Ar e medo, arremedo absoluto. Absurdo,
Surdo a soldo, sola, soldado...
Calo e refaço,
Farsa e cobrança
Aliança.
Mansidão....
Te amo e que se dane!
Publicado em: 13/02/2009 14:44:08
Última alteração:06/03/2009 06:38:20


Vencendo meus medos
Descasos, segredos
Enredos diversos
Em versos e prosa
A glosa se faz
Na paz que pretendo
Adendos a mais
Além muito além
Do cais que se mostra
Resposta desfeita
A vida se ajeita
Nos laços do encanto
Amor sem juízo
Um passo impreciso
Se traz paraíso
Também trama a dor,
As bênçãos que busco
Sem brusco desvio
Amor traz o rio
E bebe da foz,
Assim nestes nós
Adentrando o mar
Imenso sonhar
Disperso viver
Que tanto se quer
No amor que irei ter.
Publicado em: 06/02/2010 21:28:01
Última alteração:14/03/2010 14:23:24



Momentos seus
Momentos meus
Sem mentiras
Em tiras
Em tramas
Entranhas...
Sentidos
Estendidos
No colchão...

Publicado em: 11/06/2008 17:02:36
Última alteração:20/10/2008 21:13:45



Navego meus desejos no teu mar.
Mar de tantas marés.
Caracóis, conchas, praias... E te amar.
Quente areia nos pés.
Navego meus saveiros no teu mar.
Mar de tantas marés.
Delícias de desejos e sereias...
Andando nas areias.

Navego os horizontes de teu mar.
Mar de infinitos sonhos...
Nas conchas e nas praias, tanto amar...

Navego meus caminhos no teu mar.
Mar de tantos desejos.
Areias prateadas ao luar...

Navego nossas ondas, nosso mar...
Amar demais, sonhar
Com raios de luar...

Nos cavalos marinhos,
Vou buscar a sereia
Em todos os carinhos
Deitar amor na areia...

Quem me ensinou este mar
Quem me ensinou a sereia
Nesta noite de luar
De tanto amar, lua cheia...
Vem meu sonho te buscar
Deitada na fina areia...

Entre caracóis, conchinhas;
Ondas, mares e desejos.
Em todas as noites minhas,
Molhar a boca de beijos...

Quem me ensinou este mar
Quem me ensinou a sereia
Nesta noite, vou te amar,
Neste luar, lua cheia...
Vou minha amada buscar
Deitá-la na fina areia...
Publicado em: 20/11/2008 10:42:08
Última alteração:06/03/2009 18:48:21



Jazigos esquecidos
Jogados nos silêncios
Das noites ausentes.
Azeites,
Deleites
Em leitos
Diversos.
Abençoar
O suar dos corpos
O soar nos portos
De antigos saveiros
Que o vento levou.
Um silvo
Dois silvos
Vivo
Ainda vivo...
Sobre o cais
Sobrevivo...
Publicado em: 25/11/2008 18:55:13
Última alteração:06/03/2009 16:41:10

Nas cores deste amor, dourada e prata
Sentindo teu calor que me arremata
Esqueço toda a dor que já passei.

Numa altivez repleta de esperança
Amor quando é demais, jamais se cansa
É como fosse; em vida, a nossa lei...

Não quero mais as dores que sentira
No canto tão feroz, tanta mentira,
O gosto da saudade lembra fel.

Das cruzes que carrego nesta vida,
A solidão já morre adormecida,
Qual fera que se entoca; vil, cruel...

Amputo simplesmente suas garras,
Rompendo totalmente essas amarras
Que tanto me fizeram ser escravo.

Agora nos teus olhos já me entrego,
E tenho todo o bem que enfim carrego
Nas águas deste amor, eu já me lavo...
Publicado em: 26/02/2007 17:02:17
Última alteração:28/10/2008 17:25:54


Eu amo esta vontade de te ter
Em meio a tanta pedra e cardo rude.
Eu amo esta vontade de te amar,
Assim deveras tanto quanto pude
Eu amo esta vontade de encontrar
O meu amor tão pleno de saúde.
Eu amo esta vontade se falar
Do nosso amor, versar tão amiúde.
Eu amo esta vontade de sonhar
Que amor assim tão raro não me ilude.
Eu amo esta vontade de calar
No peito esta saudade, triste açude.
Eu amo esta vontade de contar
Com braço e com carinho que me ajude.

Eu amo essa vontade
Vontade de sonhar
Eu tenho esta vontade
Vontade de te amar!
Publicado em: 01/02/2007 02:40:43
Última alteração:16/10/2008 09:02:08



Não deixe que esta chuva
Caindo em nosso amor
Destrua qual saúva
Destrói a bela flor
Te quero assim menina
A vida nos destina...

Não deixe que o ciúme
Fantasma tão terrível
Iniba este perfume
Que sabes, é incrível.
Te quero assim amada,
Sem ti, a vida é nada...

Não deixe que esse tempo
Transforme-se em tormenta,
Não somos passatempo,
Paixão nos arrebenta.
Te quero aqui comigo,
É tudo o que persigo.

Amor que sempre sonho
No barco que navego.
Amor que te proponho,
Tu sabes, nunca nego.
Uma paixão tão rara,
M’a morena caiçara.

Eu quero o teu carinho
Carinho que te dou,
Destruir esse ninho,
Depois, o que restou?
Saudade de quem ama
Ser brasa, pede chama!
Publicado em: 26/01/2007 15:25:34
Última alteração:28/10/2008 18:24:33



Acordo e busco acordos
Acordes dissonantes
Daqueles que em instantes
Turbilhonando a vida
Açodam,
Agridem
Abrangem
Meus sonhos...
Amar e ser amado...
Quem me dera.
A boca desta fera
Solidão
Aberta em redemoinho
Mói cada fantasia.
Regurgita a lágrima
E o vento frio
Aonde agoniza-se a esperança...
Publicado em: 31/07/2008 16:31:14
Última alteração:19/10/2008 22:06:02


Rimas que, dispersas
Versam sobre cores
Cloros, caras, sismos,
Abrasando os sonhos.
Medos, livros, ervas.
Seixos, sombras, sortes.
Carnes, cernes, silvos.
Sobras, restos, tosas,
Lábios, hábeis, ávidos.
Úmidos, tépidos, túrgidos...
Timoneiro sem barco
Arcaico pesadelo
Contendo cada passo,
Atraso de vida,
Límpida manhã.
O amor prepara o bote,
Sem cota e sem recado.
Recobre cada espaço
Cobrando o seu pedágio
Pedagogicamente
Ensina que sem rima,
Espalha-se a fogueira
Ateando a esperança
Almoça a liberdade...
Publicado em: 14/08/2008 09:54:33
Última alteração:19/10/2008 20:07:38



O sonho que sonhaste também sonho
E nele vou inteiro sem defesas,
Se eu ponho os meus barcos, correnteza
Carregam os sentimentos para ti.
O sol que nos moldura eternamente
Permite que se cante mais contente
Embora tantas vezes na neblina
Disfarce fortes raios que contém...
Publicado em: 22/08/2008 13:32:25
Última alteração:17/10/2008 17:06:06



Amor
Beijos
Ferozes
E felizes
Entranhas
Descobertas
Aberto
O peito.
Do jeito
Mais audaz
Que for capaz
De ter
Prazer e gozo,
Riso solto.
A noite
Sem açoite
Simples vento
Batendo
Nas janelas
Nos umbrais
Nus corpos
Copos, copas
Roupas
Soltas.
Vontades
De querer
Sempre demais.
Assim
Ao conceber
Beber teu vinho,
Que traz
Embriagues
E enfim vicia,
Fazendo
De nós mesmo
Sinfonias
Que varam
Noite afora,
Ensandecem,
As bocas
Se procuram
E se mostram
Escancaradamente
Bem dispostas.
As costas
Descobertas,
Pernas, coxas.

Roçando
E se tocando
O tempo inteiro.
Tramando
Um verdadeiro
Paraíso...

Publicado em: 08/04/2008 19:33:54
Última alteração:21/10/2008 18:13:56



Amor que ao me ferir, também se fere
E sofre do veneno que envenena.
A sorte de te amar, calma e serena,
Ao mundo, o meu amor, cedo transfere.

E toda a correnteza vai ao rio,
E leva para o mar meu triste canto,
Netuno, apaixonado em tal encanto,
Abraça uma sereia, em desafio.

Perdido nos amores e delírios,
Netuno se entregando ao louco amor.
Em ondas gigantescas, esplendor,
Dos mares revolutos, os martírios.

Amor incendiando todo o mar,
Prepara uma armadilha em duro adeus,
Netuno, majestoso, viu que, amar,
Também traz sofrimento, ao velho deus...
Publicado em: 17/04/2008 16:45:37
Última alteração:21/10/2008 18:28:48



Lembranças do meu bem no meu jardim,
Em meio a tantas flores, primavera.
Saudade que machuca e desespera
Batendo tão solene dentro em mim...

Nas flores e perfumes, as delícias
Que nada, nem o tempo, apagará.
O vento que inventavas ventará
Em todas as lembranças de carícias.

Recordações de um tempo inesquecível
Onde viver o nosso amor era tudo
Que sempre desejara sem contudo,
Viver reconhecendo o impossível.

A lua te levando, minha amada,
Deixou o teu perfume toda noite
Em olorosa flor: dama-da-noite,
Encharcando a minha alma enluarada...
Publicado em: 17/04/2008 18:31:35
Última alteração:21/10/2008 18:29:20



O tempo traz contentes tentativas
De termos novos termos aos amores.
Olores mais profícuos destas flores
Dos amores perfeitos, sempre-vivas.

Agouros que me trazes, sempre bons,
E sorte que desejas, nas venturas,
Conformes e com formas de ternuras
Os sonhos que se sonham são seus sons...

Pressinto que te sinto aqui do lado
No fado que desenha meu futuro
Apuro que me curo no teu fado,
Abraço teu amor e me asseguro.

Se queres meu amor, sorte e fortuna,
Se queres vou viver como quiseres,
Por tanto que penei outras mulheres
Navego nossos mares, minha escuna.

Vivemos nos viveiros somos presos
Aos mesmos desencantos e fornalhas
Que forjam deste ferro as navalhas
Trazidas nas batalhas, nos defesos.

Amor trago a saudade de te ter
Embora tendo tanto tempo amado
Que o tempo que inda temos por viver
No tempo vá perdendo seu traçado.

De sorte que não posso me esquecer
Que aqueço meu amor em nosso sonho
Compondo meu futuro mais risonho,
Nos braços deste amor que quero ter!
Publicado em: 29/04/2008 13:40:48
Última alteração:21/10/2008 14:26:44



Metade do que sou
Mergulha no que resta
A festa
A sesta
A sexta
Noite plena
Lua cheia
A sereia
Não acena.
Mar invade
Tempestade
Ansiedade
Sei de ti.
Se tens o quanto
Amor encanto
Tanto canto
Cantochão.
Quero ter
Amor por manto
Sem quebranto
Coração...

Publicado em: 13/05/2008 19:39:29
Última alteração:21/10/2008 14:36:33



Decerto
Amor
Desperto
Tão perto
Que não vês.
Assim
No teu jardim
A fonte
Que não crês.

Saudade
Perde o bonde
Sabe aonde
Se escondeu.
O amor que
Não sabias,
Mas era, tolo,
Meu...
Publicado em: 15/05/2008 21:04:12
Última alteração:21/10/2008 12:46:43



Eu não quero sentir mais solidão,
Cansado de bater na tua porta
Bem sei que raramente isso te importa
Mas, quem sabe, talvez hoje, isso não.

Não gosto de pensar que te perdi,
Decerto não seria muito bom,
Os ecos se repetindo perdem som
Talvez o bom da vida esteja aqui.

Lembrando do que fomos, dá tristeza
Saber que destruí nosso castelo.
Por isso tantas vezes me revelo
Na foto que deixaste sobre a mesa.

Passado nunca move nem moinho,
Se fomos o que somos tenho chance
E quero renovar nosso romance,
Por isso, não me deixe mais sozinho...

Vais ter uma surpresa, te garanto!
Não sou aquele mesmo que deixara
A jóia preciosa, cara e rara
Abandonada e só, em qualquer canto.

A gente tantas vezes se perdeu
Em coisas tão sutis. Por que sofrer
Se tudo que carrego no meu ser
No brilho dos teus olhos renasceu?
Publicado em: 19/05/2008 22:03:38
Última alteração:21/10/2008 15:07:39



Cativo deste amor
Bebendo a tempestade,
Amando sem pudor,
Ardendo em liberdade
No sonho a te propor
Total felicidade,
Arquejos com fulgor
Chego à saciedade.
Vem logo sem temores,
Que a noite é toda nossa,
Teus beijos sedutores,
Além do que se possa,
Do corpo, teus pendores,
De tudo já se apossa
Sereia em teu encanto
Teu canto me conquista,
Ulisses se perdendo,
Seguindo cada pista
Deixada em mar profano,
Procelas, desengano,
Tomando do teu seio
O leite do prazer,
Vivendo sem receio
Sem medo de morrer...
Publicado em: 17/05/2008 15:09:46
Última alteração:21/10/2008 15:06:24



. dois corpos distintos
Que se tocam
Formando um só coração...
Una presença
Um só destino...
Voar...
Publicado em: 22/05/2008 13:21:56
Última alteração:21/10/2008 15:17:18



Ardendo no teu fogo
Entrando no teu jogo
A noite inteira passo
Em doce e louco amasso
Sem tréguas sem descanso
Prazeres sempre alcanço
E vibro quando vejo
Em teu pleno desejo
Fogueira nos tomando
A gente se entregando
E tudo recomeça
Que a vida já tem pressa
E nada mais importa
Abrindo a mesma porta
Entrando no teu quarto
Jamais ficarei farto.
Por mais que a gente goze
Ao repetir a dose
Curamos qualquer tédio
Amor: santo remédio.
Na noite quente e louca
Tirando a tua roupa
Morena deslumbrante
Fazemos deste instante
Inesquecível sonho,
Querida eu te proponho
Fazer desta viagem
Sem medo da abordagem
Incêndio sem juízo
Abrindo o paraíso
Encontro em teu portal
Caminho sensual
Que sempre se insinua
Na deusa toda nua
Deitada nesta cama,
Ao acender a chama
Num lânguido dossel
Estrada para o céu...
Publicado em: 01/04/2008 19:58:24
Última alteração:21/10/2008 16:47:24



EU AMO AMAR VOCÊ/

Tenho as mãos geladas
A ponta do nariz vermelha...
Ah, porque é que o sol...
nos confunde com os seus humores?
Encontras-me assim....
Quase escondida pela manta...
Mas o meu sorriso diz tudo...

Meu rumo nos teu passo é reluzente,
Estrela que guiando, toma assento,
Fomenta meu destino, e de repente,
Aflora mais intensa em pensamento.
Viver no teu caminho, claramente
É ter a sensação de manso vento
Tocando no meu rosto em noite calma,
Tomando em paz, sorrisos, a minha alma...

MARTA TEIXEIRA
MVML
Publicado em: 17/10/2007 21:41:09
Última alteração:03/11/2008 20:49:14



EU AMO AMAR VOCÊ/


Procuro-te sempre...
Corro atrás da brisa...
Quando te atrasas...
Olho sempre o horizonte..
Escuto as gaivotas...
Contorno a tua sombra...
Deixo que se funda com a minha...
Torno-me inteiramente tua...............

Encontro em tua sombra a minha imagem,
Reflexo de mim mesmo num espelho
Um toque de desejo, uma miragem,
Mosaico de emoções, caleidoscópio.
Sou teu, és minha e nada nos separa,
Sequer esta distância que é atlântica.
Vivendo nosso amor em plenitude.
Transformo cada sombra num desenho
Aonde eu possa ver nosso contorno
Sob esta imensidão, único sol...

MARTA TEIXEIRA
MVML
Publicado em: 30/10/2007 19:46:55
Última alteração:03/11/2008 18:24:03



Estrelas espalhando tantas luzes
Brilhando no caminho que escolhemos,
Distantes dos espinhos, velhas cruzes,
No mar de nosso amor, perfeitos remos.
Nos canteiros tiramos tantas urzes
Apenas os perfumes que queremos.
Amor que nos comanda e que nos guia,
Certeza derradeira de alegria...




Delírios multiplicam cada sonho
Neste caleidoscópio em fantasia
Amor além de tudo o que proponho
Vestindo intenso brilho, traz magia,
Meus barcos nos teus mares quando ponho
Pressinto renascer a cada dia
A dança inesgotável do prazer,
Amando como sempre, pra valer.




Somando o que nós somos, saberemos
Levar os nossos barcos mar a fora,
De todos os momentos que vivemos
A vida é bem melhor, decerto agora,
Nos braços de quem sempre nós queremos
Prazeres e desejos sem ter hora
Bebendo da alegria de viver
Vagamos noite afora com prazer.


Amar e ser feliz
Louvemos esta sorte
Que mostra quanto é bom
Ter o que sempre quis
Nas asas deste sonho
Um toque no teu corpo
O porto que preciso
Paraíso cearense
Amor logo convence
E faz a nossa festa
Abrindo simples fresta
O vento que chegar
Trará em tua cama
O toque tão macio
Dos lábios que te querem
Vencendo esta distância
Deitando-te despida
A mão mais decidida
Irá sem ter juízo
No toque mais preciso
Encontrando, decerto,
Rompendo a fortaleza
Descendo maus um pouco
Deixando em roçar louco
A pele arrepiada.
Assim sem ter limites
Verás quanto a desejo
E quanto quero ter
Teu corpo junto ao meu.

Roçando nos teus pelos,
Vasculho ponto a ponto
Até ficar bem tonto
Em santa embriaguez.
Abrindo tuas pernas,
Beijando as belas coxas,

Percebendo em gemido
Que o rumo estava certo.
Depois de certo tempo
Em lábios mais gozosos
Ao receber o gozo
Da festa prometida
A gente recomeça
Que a vida não tem pressa
E nada que é depressa
É feito em perfeição.
Passar o dia inteiro
E a noite que virá
Sem ter por que parar.
Desligue o telefone
Esconda o celular
Daqui estou partindo
No vento caprichoso
Que leva mais fogoso
Aonde te encontrar.
Somente abra a janela
Retire tua roupa
E deixe o vento entrar..





Fui feliz e não sabia
Mas agora sou bem mais,
Se toda paz e alegria
Nosso amor somente traz,

Tu és mais do que divina,
És rainha pra valer,
Tua glória me ilumina
Teu amor me dá prazer.

Vamos sempre caminhando
Sem pensar no que deixamos
Lado a lado te adorando.
Como é bom saber que amamos...
Publicado em: 16/10/2007 19:09:56
Última alteração:28/10/2008 14:14:34


Estrela que me guia em noite bela,
Rainha dos meus sonhos, primavera.
Querendo para sempre a clara estrela,
Vivendo a poesia, amor impera,
E em luzes divinais já se revela,
Delícias e carícias, louca fera
Que ao mesmo tempo morde enquanto afaga,
Mudando a minha vida e minha saga...
Publicado em: 26/10/2007 15:31:07
Última alteração:28/10/2008 13:17:32




Do jeito que esta vida me parece
Às vezes bem pilantra, até ladina,
O brilho de um olhar quando aparece
Decerto delirante, me domina.
Amor que se entregando sempre tece
Um dia mais feliz se descortina.
Por isso minha amada, passo a crer
Na chama deste amor feito em prazer..
Publicado em: 24/11/2007 16:42:11
Última alteração:28/10/2008 12:15:03



Tecido entre nuvens
O sonho se mostra
Em tramas diversas.
Na nebulosidade
Encontro a partilha
E dela, se empilham
Meus risos e gozos.
Seguido para o mar
De imensa fantasia
Adornas minha praia
Com laivos de sereia.
Serei o que quiseres.
Estátua castelos de areia,
Mergulhos em ondas,
Surfando a esperança.
Imagens superpostas
De sonhos diversos
Permitem o vislumbre
Do sol que virá.
Crianças se banham
E brincam princesas
Torres e reis.
Cavaleiros perdidos
Buscando um recanto.
Encanto de bocas
Há léguas daqui.
Os rios não param
A foz se anuncia
Entranham os mares
Engravidados de ilusões,
Parindo fantasias
Em caracóis e cavalos marinhos.
Assim,
Depois de estar contigo
Eu me renovo,
Embora saiba do sal tão próximo
Não mais temo as ondas
Que sei virão.
Sem servidão
Servirão
Sorvidas e sortidas,
Sentidas
Serenas em sirena
Sementes
Propagando
O bem supremo
Do amor extremo
Em extremados risos.
Avisos não me importam
A porta estando aberta
Aporto nos teus braços
Meu porto mais seguro...
Publicado em: 10/03/2008 21:39:50
Última alteração:22/10/2008 15:40:47



Procuro pelas portas do prazer
Guardadas em segredos dentro em ti.
Volúpias que não cessam se repetem,
Mostrando o labirinto em que perdi

Meu rumo, meu caminho, e me enalteço
De estar perdido assim, o tempo inteiro.
Eu obedeço às tuas ordens, todas.
Sou vítima do amor, um feiticeiro

Audaz que em alquimia me entontece,
E sangra nos meus poros e salivas.
Ogivas entranhando nas defesas
Porejam sêmen, sonhos, sem esquivas...
Publicado em: 24/09/2007 19:22:29
Última alteração:28/10/2008 15:37:04



Suavemente repouso sobre o seio
Da doce criatura que desejo.
Das águas do passado, turvas, frias,
Encontro o teu fulgor num relampejo

Vasculho tuas sendas, semeando
Aguando e recolhendo cada bago
Do trigo da esperança faço o pão
Forjado com carinho e com afago.

E como deste pão em lauta mesa
Bebendo doce vinho do prazer.
Servido na bandeja da ventura,
Promessa renovada: amanhecer!
Publicado em: 25/09/2007 20:05:54
Última alteração:28/10/2008 15:37:20



Procurei as frases feitas, as festas e frestas...
A noite me nega um novo dia...
A poesia, a posse, o poço e o fosso, são fósseis.
As asas e os corcéis.
Os meus dias, mel e mal, mãe...
A trama desanda, a vida anda andor e dor. Condor!
Conforto e carinho, ninho e certidão.
Bodas, cordas, colas, compras, colméias...
Mesas, salas, copas, berços, filhos...
Ilhas filhas, milhas e milho. Manhas e manhãs...
Cãs, cães, chão, repouso e pouso, fossa e conversa.
Aço penetra, aço corta, corta a luz, a água, mágoa, penso
Pensão.
Parto, marte, morte, sorte ressurreição...
Natação, menino, hino, escola, cola, bola, fome e tráfego.
Moto, carro, escola, cola, estrada, fado, sina, tino, barba.
Namoro, filho, neto, remeto e não comento.
Espero e não desminto, belos velos, velozes os triciclos,
Os ciclos se refazem. Refazendo a fazenda, a velha lenda.
Cordas, pescoço, imensas prendas, velhas rendas,
Mentiras e verdades, sangue e corte.
Suor, andor,
Amor
Ar
A vida recomeçará.
Conforto e carinho, ninho e certidão....
Publicado em: 27/09/2007 18:17:57
Última alteração:28/10/2008 14:41:25



EU AMO AMAR VOCÊ


Vivendo amor sem perdão,
Sem ter o que perdoar,
Dedilhando essa canção,
Apaixonado, ao luar...

Vou bebendo a lua cheia,
Me inundando de prazer,
Na viola que ponteia,
Tanto amor para dizer.

Colibri encontra a flor
E carinhos, espalhando,
Ao tocar no meu amor,
Beija flor, vou te beijando.

Sou teu par que nesta dança
Toda noite não me canso,
Nosso amor, nossa aliança
Nos teus braços, céu alcanço.
Publicado em: 03/10/2007 18:05:21
Última alteração:28/10/2008 14:06:07


A lua desnudada sobre as praias,
Beijando a areia ardente, lambe o mar,
O vento bisbilhota sob as saias,
Tocando cada perna devagar,
A cama bagunçando estas cambraias,
Com toda fúria, vem testemunhar
O gozo deste amor tão insensato,
No qual em louca insânia eu me retrato...
Publicado em: 10/11/2007 10:47:50
Última alteração:28/10/2008 12:52:39]




Sentados num banquete em mesma mesa
As dores e as paixões se misturavam,
Fazendo do meu peito a sobremesa,
Aos poucos os meus sonhos devoravam,
Cegando pouco a pouco com beleza
As esperanças tolas revoavam.
Na festa que a saudade preparou
A dor de uma paixão não me deixou...
Publicado em: 22/11/2007 15:32:10
Última alteração:28/10/2008 12:16:35



Quem fora simplesmente já não passa
Olhando para trás vejo teus olhos.
O quanto que eu te quis vira fumaça,
As dores em espinhos vêm aos molhos.
Cingindo-me, entretanto, uma luz mansa,
Depois de tanto tempo inda me alcança...
Publicado em: 13/12/2007 11:10:41
Última alteração:23/10/2008 07:53:11


Eu já fiz minha varanda
Olhando pra lua cheia
Meu amor, louca ciranda
Que decerto me incendeia
Coração quando desanda
Morre na praia, na areia,
Mas, pesado, anda de banda,
Isso é culpa da sereia
Que na varanda surgiu,
Como a lua iluminando,
Roseiral então se abriu,
Tanto amor chegando em bando
Já não sei o que fazer
Da sereia tão bonita
Que matando de prazer,
Todo amor já ressuscita...
Publicado em: 25/12/2007 20:11:08
Última alteração:01/01/2008 12:30:09


Vulcão que em nosso amor, é a fiança
De toda esta explosão perfeita em glória,
Meu corpo tão sedento já se lança
Tocando o teu prazer, refaz a história,
E o gozo tão sublime que se alcança
Sem par, eternizado na memória.
Adentro em teus castelos, cavaleiro,
Guardando dentro em mim, aroma e cheiro.
Publicado em: 02/01/2008 18:11:02
Última alteração:22/10/2008 19:27:00



Sempre quero teu sabor
De doce cana caiana,
Na sutileza da flor
Tanta pureza que emana.

Quero o gesto mais sereno
De carinho e de loucura,
Meu amor, doce veneno,
Que me mata e que me cura...

Quero o vento delicado
Na brisa do teu carinho
Meu viver extasiado
No teu colo, de mansinho...

Quero me embrenhar nas matas
Mais fechadas deste amor.
E descer nestas cascatas
Me aquecer em teu calor.

Quero poder te dizer
Toda noite sempre chamo,
Procurando, enfim, te ver
E gritar ao mundo: eu te amo!


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX



EU AMO AMAR VOCÊ

Fantasmas de amores...
Assombras meus sonhos.
Fantasmas de amores...
Nas noites me dramaste
Me fizeste me mataste
Me supriste e não me deste.
Fantasmas andam sem paragem...
Sem visagens, sem viagens.
Fantasmas são pajens
E pajés...
La luna que me deste
A pluma que não veio
A fome de legaste.
A festa que não tive
A fresta que fechaste.
As horas que negaste
As hastes que quebraste
Quero tua parte
Mas nada, partes...
Lã e tosquio.
Arrepio.
Frio.
Rio
Nos tais fantasmas me desfio!
Publicado em: 03/01/2008 16:59:18
Última alteração:22/10/2008 19:31:13


EU AMO AMAR VOCÊ


Pendula uma esperança sem destino,
Revela-se fornalha e fogo fátuo,
Flutuo nos meus versos, qual pingente
Vou preso no vazio de teus olhos,
Espalho este verdejo pelos campos,
A seca que chegou... Nada me empresta
Senão a voz contida que me resta
No brilho da esperança-pirilampo...
Publicado em: 05/01/2008 19:06:07
Última alteração:22/10/2008 19:35:15



Amor tanto machuca após prometer cura.
A noite na minha alma é sempre tão escura.
Não tendo teu carinho, espero teu perdão.
A lua no meu peito aguarda a escuridão.
Meu verso te dedico, espero teu carinho.
Não posso mais ficar nem quero ser sozinho...

A vida me deixou num canto, tão sozinho.
Na boca que me morde aguardo minha cura;
Eu que jamais esqueço um ato de carinho;
Por mais que seja estranho, espero a noite escura.
Sou como pirilampo, adoro a escuridão.
Por isso minha amada, entregue-se ao perdão!

Quem passa pela vida em busca do perdão,
No fim de seu caminho, encontra-se sozinho.
Quem busca neste sol, imensa escuridão,
É como quem procura a dor pensando em cura.
A luz tanto incendeia a noite mais escura
Quanto esta alvorada, imersa em teu carinho.

Eu quero o teu amor, em forma de carinho,
Aguardo assim, querida, um laivo de perdão.
A profundeza da alma está, sem ti, escura.
Cansado desta estrada, andando tão sozinho,
Espero pela amada, a certeza da cura...
Quem sabe inda tenha, a luz na escuridão?

A tempestade chega em plena escuridão.
A lua vai embora, esperava um carinho
De estrela enamorada, a dor negou a cura.
A noite nebulosa, em raios, sem perdão,
Avisa à pobre lua. Um cometa sozinho,
Passa, qual fora um raio, em plena noite escura.

Assim é meu amor, saudade tão escura
Em busca do teu beijo, encontro escuridão.
Melhor morrer assim, sem nada, tão sozinho...
Sem sonho que me traga, amor, calor, carinho.
Eu sei nunca darás, o dom do teu perdão...
A minha lua morta, esparsa-se, sem cura...


Cura é um mero sonho, a vida é breve, escura...
Perdão simples palavra em plena escuridão.
Carinho nunca tive, agora vou sozinho...
Publicado em: 08/01/2008 17:48:42
Última alteração:22/10/2008 19:37:11

O gozo deste fogo que não cessa
E faz dos nossos corpos um só corpo.
A pele sutilmente nos apressa
E a noite vai passando em gozo pleno.
Bebendo cada gota que destilas
Porejas em delícias nos lençóis
O tempo não importa a noite é nossa
Além do que se possa conceber
Eu quero o teu prazer de qualquer forma,
Roçando minha língua em cada ponto
Até que uma explosão venha mostrar
O quanto é necessário e bom amar...





Em versos
Aços
Seios
E senões.
Somas
E sermões
Seremos
Remos
Na busca
Do mar.
Amar
Armar
Aroma.
Teu corpo
Um porto
Seguro.
Augúrio
E delícia.
Vício
Princípio
Remédio
Meio e
E
Fim.
Publicado em: 06/03/2008 19:06:33
Última alteração:22/10/2008 15:26:26




EU AMO AMAR VOCÊ/

Menina amada vou te dar meu colo,
Te quero deitadinha junto a mim.
Num acalanto manso noite afora,
Ninando nosso amor que não tem fim.

Ahhh moço, teu colo, aconchego.
No seu abraço, o melhor lugar.
Sua voz lança fora todo o medo
Esqueço à hora... Só quero sonhar.

Deitar tua cabeça e um cafuné
Fazer até que durmas, calmamente.
Beijando tua boca devagar,
Até que a manhã trague novamente


Com os fios do meu cabelo você brinca.
O toque leve dos lábios, faz-me sentir.
Sussurra baixinho em meu ouvido
Coisas que não me atrevo a repetir.


Teu riso, uma alegria que desejo.
Ser tua companheira inseparável.
Que uma alvorada trague em tua vida
Felicidade plena, insuperável...

Moço, vamos fingir que a noite dura.
Ficar mais um tempo juntinho assim...
Preservar ainda quente sua ternura
O princípio entranhado no fim

MVML
MARTHA CARBONIERI
Publicado em: 22/09/2007 14:38:43
Última alteração:04/11/2008 14:33:35



Vamos fugir eu disse a minha amada
O beijo dela a mim deixou-me élan
Vamos fugir enquanto é madrugada
Naquela brisa fresca de hortelã

E como é bom ti ter assim só minha
Beijar a tua boca de cereja
Meu coração ao teu como se aninha
Bendito o louco amor - que assim seja!

E assim seguindo entregue a tais vontades,
Vorazes sentimentos nos tomando.
Fomentos de emoções, saciedades,
Pergunto: meu amor, mas até quando?

Decerto respondendo na verdade,
Espero que penetre eternidade...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 15/10/2007 19:53:37
Última alteração:03/11/2008 20:54:05

Depois desta bonança a tempestade
Assim caminha toda humanidade
Começa no meu bem, vai “pros meus bens”

O gosto desta lua vira fel
Na boca de quem sonha em puro mel.
Da forma que eu te quero nunca vens...

Sorrias com carinho e com desejos
Só rias no final dos meus arquejos
Irados, incontidos, orgulhosos...

Meus versos que te davam tal prazer
Agora, no final, eu passo a crer,
Que não passaram nunca de jocosos.

Amada, como é bom poder te ver
Assim, esperneando, passo a crer
Que fui; em tua vida, mais além

Do que um simples sonhar mesmo histriônico
De tanto te cantar fiquei afônico,
Agora me permita se também

Eu penso num amor mais dedicado,
Cansado de somente ser cobrado
Por coisas que não fiz e sei, não devo.

Falar que te esqueci, isso é bobagem,
Muito bom ter te tido na viagem
E quero que tu voltes. Já me atrevo

A ver a paz reinando em nossa casa,
Pois nosso trem do amor nunca se atrasa
E vem com sutileza me dizer

Que aquela a quem desejo sempre e tanto
Um dia voltará para o meu canto,
Trazendo com encanto; o seu prazer...

Publicado em: 04/05/2007 21:55:44
Última alteração:28/10/2008 17:04:57



Se algum dia me amares,
grita-o aos sete ventos.
Não escondo os meus colares,
nem pretendo juramentos.
Mas, amor, se me quiseres,
serei a mais feliz das mulheres.

Amor gostoso se faz quietinho.
Mineiramente...
Que somente as paredes do quarto
Sejam nossas testemunhas
Bem que eu queria te fazer uma serenata.
Lua cheia...
Mas tenho medo de acordar
A vizinhança ,
A criança
A cobiça
E a inveja
Além do desejo
Do vizinho folgado
Da moça mal amada
Da comadre faladeira...
Deixa quieto
Bem quieto...
Abra o coração
E a janela...

O resto?
Deixa que a gente,
Na hora sabe o que fazer...

HLUNA
Marcos Loures
Publicado em: 02/06/2007 08:38:04
Última alteração:05/11/2008 21:46:23



E se ela não me quiser?
Cantarei assim a esmo
Sem ter rumo nem sentido.
O meu amor vai perdido...

E se ela já me esqueceu?
O meu canto sem ter rumo,
Meu amor perde o sentido
Vai a esmo, vai perdido...

Vou pedindo o teu amor
Perguntando no caminho:
Quem já viu a bela flor
Que me fez cantar sozinho?

Eu te peço sem demora
Que tu voltes para mim,
Tanto amor meu peito implora
Tanto mar de amor assim...

Não me faça tempestade
Nem chover no peito meu.
Procurando na cidade,
Meu amor que se perdeu...

Mas será que merecia
Teu amor quem tanto amou?
Amor morre fantasia
Neste amor nem sei quem sou...

Sou o canto da saudade
Que termina no meu peito.
Eu bem sei desta verdade
Ter amor é meu direito?

Mas espero que te façam,
Meu amor, meu bem feliz.
Minhas lágrimas disfarçam
O que me coração diz.

Eu te quero, nunca nego,
Tu és minha, vais voltar.
Mesmo distante navego
Cada porto do teu mar...
Publicado em: 14/02/2007 22:56:47
Última alteração:28/10/2008 18:05:25



EU AMO VOCÊ
Vencendo tantos medos chego a ti,
Para dizer do quanto que procuro,
Na vida ser feliz. Do que senti
Tão logo vi teus olhos sobre o muro.
Nesse momento mágico vivi,
A claridade vívida no escuro.
Sentidos fervilhando sem cansaço,
Meus braços mendigando teu abraço...

És maciez sonora , belo canto,
Embora nos acordes dissonantes,
Traduzem meus ouvidos, teu encanto,
Quisera concederes, cedo e antes,
Cristalina pureza, me agiganto
Quando mostras; canora voz, sublime...
Tua bela voz, lúdica, suprime...

Emanas um perfume delicado,
Qual rosas, num jardim celestial,
Bem quisera viver deliciado,
Minha dama da noite, vendaval
Fustigando a janela, vou; ceifado
De malícias, verter em bem, o mal.
Somente do suave olor que emanas,
Nos céus, vou construir nossas cabanas...

Tens o sabor dos lábios divinais,
Humana criatura não conhece,
Sentindo o paladar dos imortais,
Em ti, qual fosses deusa, numa prece,
Persigo tua boca, quero mais.
Devora-me e decifro, magistrais
Enigmas; soberana fantasia,
Poder sentir teu beijo, uma ambrosia...

Na pele delicada que te veste,
Sentindo a maciez dos teus cabelos,
Apalpo tantos rumos, leste e oeste,
Na maciez da cútis, são novelos
Feitos da pura seda, que reveste
Entre tantas, sublime em envolvê-los,
Teus seios recobertos de camurça,
Ao senti-los, meu tato tanto aguça...

Meus olhos, quando vejo tal beleza,
Insanos não conseguem enxergar,
Mais nada do que tenha a natureza,
Nem céu, nem as estrelas, nem o mar.
Escravos; são servis a ti, princesa,
Consegues a beleza embelezar.
Te vejo como náufrago sedento,
Sereia, tanto canto exposto ao vento...
Publicado em: 16/11/2008 20:31:25
Última alteração:06/03/2009 18:54:49



EU AMO VOCÊ
Tu fazes teu miché em cada esquina
Propinas que recebes quando vendes
Os ventres que vomitas, alucinas
Esplêndidas as carnes alugadas.
Verdugos são risonhos e canalhas,
Vestidos de polícia ou cafetãs
Nas sanhas arreganhas tuas pernas
Encharcam tuas coxas com obuses.
Nas luzes que entranhaste mil abortos,
Abertos os caminhos para o podre.
Nos odres e nos karmas risos, gozos,
Falácias e falsários sentimentos.
Mas amo tua pele que se esgarça
Rompendo com as velhas tradições
As gralhas que te lambem e devoram
Crocitam em sorrisos os jargões
Nas fardas e nas fodas fardos tantos.
Depois da tempestade, uma menina
Deitando em minha cama, riso franco
Moldando a nossa tela um quadro branco...
Publicado em: 27/11/2008 12:14:12
Última alteração:06/03/2009 16:34:21


EU AMO VOCÊ
Minha amada, meus amô
Tanta coisa se passô
Só num isquici vancê,
Seu zóinho taum bunito
Como posso mi isquecê?
Si contá eu num credito...

Vancê foi fulô férmosa
Cum seu pérfume de rosa
Conquistô meu bem querê
Toda veiz quando é noitinha
Me aprepáro prá dizê
Da muié sumentes minha

Qui se foi prá num vortá,
Dá vontade di chorá,
De sodade do meu bem,
Vem cumigo, caprichosa
Dêxa di sê orguiosa
Vem comigo, agora vem...

Te do o sór di presente,
Mostro meu cantá contente
De mãos dada passiá,
Dibaxo da lua crara
Meus amô qué namora
Entonces vem, se prepara,

Que essa noite num é nada,
Quano chegá madrugada,
Vem matá a minha sede
De tanto que quero assim,
Deitadinho nessa rede,
Cum vancê perto di mim!
Publicado em: 03/12/2008 08:34:49
Última alteração:06/03/2009 16:09:27


Fui andando para o norte
Procurando o meu caminho,
Dei azar, nunca dei sorte,
Por isso estou tão sozinho,
Nas curvas do bem querer,
Eu me perdi de você...

Não quero saber mais nada,
Tenho minhas mãos cansadas,
Mulher, quanto mais amada,
Mais duras, as nossas estradas...
Quero saber de seu colo,
Lhe deitar, mansa, no solo...

Tenho calos nos meus pés,
De tanto que caminhei,
Fui em frente, de viés,
Meu caminho eu já errei...
Mas não passo de idiota,
Perdendo meu rumo e rota...

Vi nas travas do destino,
O olhar dessa quimera,
Meu amor é de menino,
Mas ela é uma pantera.
Tenho sede, um copo dágua...
Para aplacar minha mágoa.

Sei que não teria cento,
Por isso quis a dezena,
Meu amor o seu assento,
Com jeitinho, me envenena.
Quis ter beijo da mulata,
Seu ciúme me maltrata...

Nas bugigangas da vida,
Encontrei o seu retrato,
Minha dor na despedida,
Coração pagando o pato...
Vem pra casa meu amor...
Faz frio quero calor.

Batendo o queixo de frio,
Procurei por meu amor,
Coração bate vazio,
Esperando o cobertor...
Vem pra cá minha menina,
Coração bate em surdina...

No gole desse conhaque,
Vou acabar meu enredo,
Meu amor não é de araque
Sem você, vivo com medo...
Medo de ter solidão,
Sem você não vivo não...

Meu sapato já furou,
Minha calça está rasgada.
Seu amor foi que ficou,
Sem você não tenho nada,
Vi a curva desse vento,
No meio d’esquecimento...

Fui pescar lá no riacho,
Uma sereia peguei,
Bananeira já deu cacho,
Todo menino é um rei...
Quis saber de sua boca,
Acabou, dormi de touca...

Usei isca de primeira,
Pra pegar peixe mulher,
Mas caí, tomei rasteira,
Agora, ninguém me quer...
Não sei mais falar bonito,
Tanto sofro quanto grito...

Joguei rede pra pescar,
Agarrou no meio fio,
Quando a noite é de luar,
Coração bate de frio...
Nas curvas dessa saudade,
Eu só encontrei maldade...

Vou buscar um curativo,
Pra curar minha ferida,
Amorzinho, fica ativo,
Seu amor nem Deus duvida,
Amor bicho interesseiro,
Procura outro travesseiro...

Fiz a cama no terraço,
Esperando pela lua,
Meu amor me deu cansaço,
Minha luta continua...
Procurando por Maria,
Encontrei quem não queria...

Vendo espaço lá no céu,
Quem quiser pode comprar,
Deixa levantar o véu,
Espera o que vou mostrar...
De carroça capotei,
Duas pernas eu quebrei...

Procurei a minha chave,
Não achei nem fechadura,
Ciúme é como um entrave,
Tem gente que não atura...
Quero o gosto da maçã,
O perfume d’hortelã...

Minhas dores são do parto,
Meus amores são de fé,
Vou lhe propor mais um trato
Acho que esse vai dar pé,
Você canta seu bolero,
Eu imito o quero quero...

Quis um beijo me negou
Quis carinho, não me deu,
Andando por onde vou,
Não vai nem ela nem eu...
Meu amor me disse não,
Acabou todo meu chão...

Vou terminar essa joça,
Não tenho mais paciência,
Vou me deitar na palhoça,
O resto é coincidência...
Fiz um verso pra você,
Mas você não quis nem ler...
Publicado em: 06/12/2008 20:21:37
Última alteração:06/03/2009 15:27:47


A vida sem você não faz sentido,
Eu perco o meu caminho, rota e rumo.
Amor que satisfaz, um bem querido,
Bebendo em sua boca o doce sumo.
Depois de tanto tempo andar perdido,
Ao lado de quem amo; acerto o prumo.
E sigo mais feliz; vivo contente,
No amor que já se deu completamente...
Publicado em: 06/01/2009 06:44:20
Última alteração:06/03/2009 12:29:38



Minha vida sozinha se passa
Nos meus versos que canto sem fim
Vou passando meu mundo sozinho
Só saudades restaram em mim.

Mas eu quero teu sonho comigo
Sem temer nem as dores nem frio.
Se vieres amor sou feliz,
Coração não será mais vazio...

Nas auroras que espero querida,
No desejo mais forte de paz.
Das roseiras cortei os espinhos
Toda noite alegria nos traz.

Das janelas abertas do peito.
Nossas flores brotaram tão belas.
Nosso amor que pediu liberdade
Nessas tantas belezas revelas...

Eu adoro te amar, não o nego.
Teu amor assim tudo o que quis.
Nos meus braços, um sonho carrego,
Em seus braços viver mais feliz!
Publicado em: 06/01/2009 14:13:51
Última alteração:06/03/2009 12:10:39


Com sede e mil vontades de te ter,
Em noite de carinhos, pleno amor.
Rondando nossa cama, o bom prazer
Nos mostra seu sorriso sedutor.
E bebo de teu corpo com fartura
Até chegar às raias da loucura.
Publicado em: 12/02/2009 12:58:15
Última alteração:06/03/2009 06:46:43


Alago-me do vinho que fizeste
Bebendo cada gota do rocio,
Seguindo cada passo que tu deste
Mergulho no oceano em que recrio
O mundo sem pecado dor ou peste
Distante do que fora mais sombrio
E beijo a tua boca, vinho farto,
Desejos que desnudas no meu quarto...
Publicado em: 20/02/2009 11:31:24
Última alteração:06/03/2009 01:59:24

Teu nome quase sai sem sentir
Como se fosse um lapso
Um átimo, um ultimato.

Eu sei que vou te amar
Em barcas e em bocas
Em núpcias e nos partos.

Nas partidas e nas chegadas
Mesmo às cegas, mesmo vãs.
Não valem as promessas
Nem mesmo os vales
Que serão descontados no fim
Da noite.

Teu nome quase me escapa
E não posso mais.
Não mais.
Sem ter término
Sem tempo.
De terminação.
Determina ação
Determinação
De te saber
Minha ação
Meu ato
E minha esperança
Encalacrada no peito.

Eu sei que irei amar
O amor que me trouxe
A ti nesta noite fria e tão vazia.

Onde nada mais poderia
Senão o gosto que ficou
Da maçã.

Viveremos assim, ao mesmo tempo
O que somos, imaginamos e sangramos.
Nessa total diversidade una e coesa.

Reflexos de nós mesmos
Multiplicados neste espelho
Que trazemos dentro de nós.

Desgraçadamente morreremos sempre
E renasceremos sempre
Num eterno amor
Numa roda viva
Num moto perpétuo.

Vítimas desse espelho
De nossas almas gêmeas
E disformes.
Publicado em: 05/12/2008 16:10:47
Última alteração:06/03/2009 15:59:35


Como é bom saber de ti,
Como é doce te querer,
Quando o mar, longe, se esfuma,
Tanta coisa por dizer;
Vendo, amor tua beleza,
Digo adeus à dor, tristeza,
Meu amor, tenho a certeza,
Da alegria de viver.

Tanto tempo procurara
Pelos campos, bela flor;
Espinhos me torturaram,
A saudade deste amor...
Não posso mais ir sozinho,
Sem teu amor e carinho;
Ficando no meu cantinho,
Somente a tristeza e a dor...

Mas agora que te encontro,
Depois de tanto buscar,
Não quero mais a saudade,
Eu quero de novo o mar,
Que me traga tantos cantos,
De sereias e de encantos,
Acabando assim, os prantos;
Estando pronto pra amar!
Publicado em: 07/01/2009 06:57:54
Última alteração:06/03/2009 12:06:50



EU AMO AMAR VOCÊ - SEXTINA

Há tanto que eu queria te dizer
Do brilho de teus olhos sobre o mar,
Vontade de partir e de ficar
Sabendo o quanto devo ao nosso amor.
Que é feito em primavera, sentimento,
Servindo para a vida qual farol.

Olhar que me ilumina, o meu farol
Decerto tendo muito por dizer
Tocando bem mais fundo o sentimento
Estende o brilho intenso, abraça o mar
E mostra ser possível nosso amor,
Deixando a fantasia aqui ficar.

Ao lado de quem amo, eu vou ficar
Falena que procura um bom farol,
Pois tendo, com certeza um grande amor
Meu sonho toda noite vem dizer
Da lua que se deitando em calmo mar
Explode em maravilha, em sentimento.

Tocando calmamente o sentimento,
Eu sinto esta emoção vir e ficar
Na imensidão da vida feita em mar.
Na noite sem estrelas, meu farol,
Teus olhos já têm muito por dizer
Nos rastros que me levam ao amor

Sentindo toda a força deste amor
Tomando com vontade o sentimento
Não tenho quase nada por dizer,
Somente este desejo de ficar
Deitado sob o brilho de um farol
Mergulho o coração, invado o mar.

E sinto a força imensa deste mar
Em ondas bem mais fortes, nosso amor
Guiado em duras trevas no farol
Do mais intenso e belo sentimento.
Sentindo tal prazer quero ficar
E todo o bem do amor irei dizer

Nos olhos vou dizer do grande mar
Contigo irei ficar, imenso amor
Que além de sentimento é meu farol.
Publicado em: 12/01/2008 19:56:54
Última alteração:22/10/2008 19:54:32


EU AMO AMAR VOCÊ/

Vem meu amor! Desejo ardente!
Estou com sede quero sua boca!
Vem minha ninfa!Vem muito louca!
A como quero ficar contente!

Vem logo! E vamos nesse repente
Quantos gemidos da voz já rouca
Me toque! Eu toco-te. Tira essa touca
Quantas loucuras meu ser pressente

Na boca, feito toca tão gulosa,
Que engole um furacão, faz um tsunami
Clamando com vontade por quem ame

Sorver deste veneno enquanto goza,
Fazendo um alvoroço, toca fogo,
Zoando o tempo inteiro, ganha o jogo...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 14/09/2007 23:36:09
Última alteração:04/11/2008 16:40:4


A cópula perfeita, prazerosa,
Em corpos que se adentram, se misturam
Lambidas e sussurros, fogo intenso
Profanas sensações de gozo pleno.
Acenas com hormônios sem controle,
Cabelos feitos crinas soltos, leves.
Derramas as vontades e os prazeres
Roçado que eu arando, já semeio
Em seios, sondas, selvas silvos, sons,
Acordes entoando breves cantos.
Nos cantos, camas, lamas, tramas, bocas,
No vão das ocas tocas, rumos remos...
E no êxtase sublime, climas, brasas.
Desfrutas de meu corpo, a tua casa...



Nem mesmo em sonhos, vejo o teu semblante!
-Ah! Misero mortal! Voltar ao Nada,
Sem ao menos te ver, por um instante!

Apenas solidão! Levar nos ombros
Todo o peso da minha humanidade,
Os medos, os receios, os assombros!

E ao final, na tristeza que me invade,
Descobrir que, no meio dos escombros,
Nem mesmo me restou uma saudade...

Apenas este gosto meio amargo
Que trago no meu peito, quase triste.
Na voz que vacilante, sempre embargo,
Lembrança da mulher que inda resiste

As névoas e as brumas da saudade,
Embotam a visão, penso que caio,
Mas logo vem à tona uma verdade
E da realidade, eu já me traio

E volto a te abraçar, neste momento,
Com as ânsias de um amor mal resolvido.
Queria te exilar do pensamento,
Encarcerar-te sempre num olvido...

Mas como, se de noite inda reclamo,
E digo aqui, sozinho: Eu inda te amo!

ANTONIO VIÇOSO MAGALHÃES IN MEMORIAM
MARCOS COUTINHO LOURES
Marcos Loures
Publicado em: 10/04/2007 17:21:27
Última alteração:06/11/2008 09:39:18



Refaço cada passo
Que andei atrás de ti
Vencido o meu cansaço
Percebo estar aqui
A perfeição do laço
Que um dia persegui
Nos braços de quem amo,
Amor mostra o compasso
Perfeito pr’esta dança
Que mostra que esperança
Se alcança num minuto
Quando esta voz escuto,
Em coração aberto
Bem perto do que sonho
Risonho amor proponho
E rego o meu deserto
Com toda devoção
Quem fora outrora incerto
Se acerta com paixão...




Amor que sabes lúdico
Jamais será pudico
Cantado sempre em público
Nos versos que publico
Amor se mostra exposto
Não tem medo de nada.
Moldura do teu rosto
No meu, emoldurada.
Espelhos nós já somos
Dois gomos, mesma fruta.
Combinam nossos cromos
Amor se faz sem luta.
Desejo vem no cio
Nas ânsias de te ter
Em ti amor, vicio
Meu vício é teu praze




EU ADORO VOCÊ!
Não se esqueça que o remédio
Tem a dose e o momento,
Não quero que vire tédio
A beleza e o sentimento.

Não se preocupe tanto
Com a falta deste vento,
Não é pra causar espanto,
Vou vivendo sempre atento.

Aos sintomas da doença
Que bem sei que traz tortura
Mas que boa a recompensa,
Quando o mal logo se cura.

O cuidado que se tem
Com a chuva e tempestade,
Ajuda muito também,
Precisa tranqüilidade.

Eu bem sei que a vida passa
E com ela esse perigo,
De virar tudo fumaça,
Mas tratamento eu prossigo,

Com toda essa paciência
Que parece uma maldade,
Mas faz parte da ciência
Gotas dessa tal saudade.

O que importa no momento,
É preciso que convença,
Não é o medicamento,
Mas a cura da doença...
Publicado em: 07/01/2009 11:00:22
Última alteração:06/03/2009 12:04:55



EU ADORO VOCÊ
Eu quero este banquete
Que guardas para mim,
Com fome e com deleite
Prazer que não tem fim,
Bebendo em tua boca
O gosto da saliva
Deixando ficar louca
A flor da sempre viva
Que encontra-se debaixo
Da saia tão rendada,
Amor eu quero um facho
Da toca bem molhada,
Deixando em alvoroço
Gostoso por demais,
Pois sei ser um colosso
O doce que me traz,
Balança doce mel,
Mexendo teus quadris
Irei decerto ao céu,
Prazer que eu sempre quis,
Rondando em carrossel
De novo quero o bis.
Amar no rela bucho
Roçar no bate coxa
Receba o meu cartucho
Eu quero a flor mais roxa
Que mostra que a paixão
Invade um coração
E deixa a sensação
De todo este tesão
Na fome insaciável,
Do jeito que quiser
Vem logo inesgotável
Vontade de mulher
Que quer tanto prazer
Sem nunca arredar pé,
De quatro ou já de quina,
Te quero amor, menina...
Publicado em: 04/11/2008 16:35:30
Última alteração:06/11/2008 12:10:50


De Floripa ouvi a voz
Da morena mais sestrosa
Coração corre veloz
E procura a brônzea rosa.

Que me nina toda noite,
Mas não sabe quanto a quero,
A saudade faz açoite
O teu amor eu espero.

Moça bela, assim trigueira,
Formosura divinal,
Minha flor de laranjeira
Venha comigo, afinal.

Vem dançar em noite clara,
Eu prometo uma alegria,
Tua palavra me ampara,
Pois é plena de magia.

Sou apenas seresteiro,
Faço trovas por fazer,
Venha logo que um mineiro
Nos teus braços quer viver!


--------------------------------------------


EU ADORO AMAR VOCÊ
Meus dias se escorrendo preciosos,
Tateiam nesta busca mais sossego.
Nas portas que criei, pedindo arrego,
Peçonhas inoculas. Perigosos
Os sorrisos que trazes... Sempre nego
As cores que não tenho. Melindrosos,
Os caminhos sofríveis que navego.
Meus dias e meus dedos são nodosos!


Renasci dessas cinzas que sopraste.
A pátria que pariu me abandonou.
As mortes que te dei, tu confrontaste;
E quase nada tive e me restou...
A não ser a certeza de que vou
Por esses mesmos rumos que negaste.
O vento sutilmente quebra uma haste ,
Essas hastes que ergueram quem amou!
Publicado em: 17/11/2008 19:58:55
Última alteração:06/03/2009 19:06:23

Palpita
O palpite
Que a pepita
Fora falsa
Fosse fossa
Fosse farsa
Poços.
Nossos aços
Novos laços
Vou descalço
Do percalço
Faço o calço
E mergulho
Nos teus braços...
Publicado em: 26/11/2008 22:21:49
Última alteração:06/03/2009 16:35:48



EU ADORO AMAR VOCÊ

Vontade de te amar, sentir-te inteiro
Entregue em mil desejos, frenesi
Mas dia que se faz tão sombranceiro
Na languidez remove-me em confins
Que sobra-me sonhar alvissareiro
Que a noite sob a lua, nua, enfim
Tu venhas, saciar-me ao travesseiro
E seja a nossa noite, céu sem fim...

AMG

Lagos, magos
Beijo, afagos
Lacrimejo.
Sei do quanto
Tanto quis
E sou feliz.
Matizes vários
Céus diversos
Versos soltos
Galopando
Esperanças
E valsas
Balsas
Alço sonhos
E recebo
Afeto,
Feto, colo,
Útero.
Mãe e irmã.
Mulher e filhos
Minha tribo
Belo clã.
Calço as sandálias
Da alegria
E caminho
Sobre cardos.
Publicado em: 27/11/2008 16:43:59


Minha vida sozinha se passa
Nos meus versos que canto sem fim
Vou passando meu mundo sozinho
Só saudades restaram em mim.

Mas eu quero teu sonho comigo
Sem temer nem as dores nem frio.
Se vieres amor sou feliz,
Coração não será mais vazio...

Nas auroras que espero querida,
No desejo mais forte de paz.
Das roseiras cortei os espinhos
Toda noite alegria nos traz.

Das janelas abertas do peito.
Nossas flores brotaram tão belas.
Nosso amor que pediu liberdade
Nessas tantas belezas revelas...

Eu adoro te amar, não o nego.
Teu amor assim tudo o que quis.
Nos meus braços, um sonho carrego,
Em seus braços viver mais feliz!
Publicado em: 19/01/2007 22:00:12
Última alteração:28/10/2008 20:35:00

Ética Política e Ética judaico Cristã
Uma coisa que tem me chamado a atenção nestes dias é a tentativa desesperada de alguns setores ligados ao PSDB de se desvincular da pecha de privativistas ou privateiros ou qualquer coisa que lembre privatização.
Falar sobre a possibilidade de que, se eleito, o Bacharel em Medicina, Dr. Geraldo Alckmin faça as mudanças inerentes ao pensamento neoliberal que norteia o PSDB e seu aliado, o PFL não é especular, é simplesmente acompanhar a coerência programática ligada historicamente ao neoliberalismo.
Nada contra a coerência, simplesmente não se pode esconder esse aspecto da população. O fato de se esclarecer os eleitores com relação à este aspecto não é terrorismo, a ocultação disto pela candidatura neoliberal é que representa uma fraude. Isso, uma fraude eleitoral.
Temos, num mundo globalizado, realmente alguns aspectos que fazem com que o socialismo bruto e utópico sejam vistos de uma maneira diferente dos ideais dos jovens que, ou envelheceram ou envileceram...
Obviamente temos que pensar sobre as éticas judaico cristã e política, são diversas e, muitas vezes, contraditórias.
Religião e política quando se misturam criam absurdos como os aiatolás, ou excrescências como Anthony Garotinho.
A religião não admite outros aspectos senão o bem ou o mal. A política não, se tem aliados e adversários que podem se colocar ora de um lado ora do outro.
A candidatura utópica de Heloisa Helena, por exemplo, apresentava um contraditório em si mesma.
Se eleita, teria que fazer composições e isso seria, obviamente, anti-ético, religiosamente falando. A única forma de governo baseada em religião é o despotismo e isso é, por si só, anti-ético.

Os erros cometidos por alas do PT relembram os erros sistemáticos do governo anteior.
Quem mora em cidade pequena vai se lembrar dos valores estrambóticos das verbas para reformas de postos de saúde, de prédios públicos ou liberadas para construção de matadouros, pronto socorros, etc...
Eram uma demonstração explicita de desvio de verbas ou superfaturamento de obras, valores exagerados para obras pequenas, o que permite ilações com relação ao desvio de verbas.
Isso era sistemático e explicito.
O que temos hoje é uma série de trapalhadas de alguns imbecis que morderam uma isca muito bem colocada por setores da oposição, visando a eleição de São Paulo.
A posição do bacharel em Medicina, Dr. Alckmin, de dizer que a tentativa era de prejudicar sua candidatura, mostra a capacidade de inverter e deturpar uma notícia o que, para os bem intencionados, diz claramente da condição de amoralidade que cerca-o.
Falar sobre ética religiosa é muito complicado quando se tem denúncias de doações de terrenos públicos para uma parte da Igreja Católica ligada a setores mais conservadores.
Quando vejo pastores pedindo dinheiro para a compra de terreno e construção de obras, me lembro de que, em São Paulo, esta prática foi feita pelo Governo Estadual com benesses do católico fervoroso Dr Alckmin e com patrimônio público fico a pensar se há ou não relação de estado/religião e se isso é constitucional.
Outra coisa que me chama a atenção é a posição do Ilmo Bacharel em Medicina com relação ao AVIÃO PRESIDENCIAL, venalmente chamado de aerolula. Pelo que me consta a compra de um carro é mais barato que a sistemática locação de outro.
Aliás é patrimônio público sim, e quem fala em PRIVATIZAR um avião não pode reclamar de quem acusa-o de tentar privatizar qualquer bem do Estado.
Como se diz na roça, pelo dedo se conhece o gigante...

Com erros e trapalhadas de um lado e a corrupção sistemática e às claras do outro, fico com a primeira. Tem cura.
Por outro lado, uma coisa me chamou a atenção nestes últimos dias.
O Kibeloco é um blog de humor que atira para todos os lados e está presente na Internet há mais de um ano. O fato da senadora Heloisa Helena querer imputar a brincadeira, de mau gosto, mas brincadeira que fizeram com ela ao “vagabundo” presidente mostra o despreparo para enfrentar a crítica e o contraditório.
Não é por aí, querida Senadora. A senhora tem um carisma inerente e é de uma sensibilidade e pureza inigualáveis.
Agora, a ética religiosa é diferente da política sim. E isso não justifica os erros mas, os torna quase impossíveis de serem evitados.
Ah! Falando nisto, desde que me entendo por gente, a corrupção é, em todos os níveis administrativos, endêmica.
Não só no Brasil mas em todos os países do mundo e em toda a História da humanidade.
Querer imputar a este ou a qualquer governo um halo de santidade é ser cínico, ou imbecil...
Prefiro poder dar a oportunidade de defesa aos acusados e punição aos criminosos do que crucificar inocentes ou deixar passar ileso os verdadeiros corruptos e corruptores.
Quem pensar de outra forma está sendo venal ou conivente.
Publicado em: 15/10/2006 10:39:13
Última alteração:23/10/2008 13:14:47



ÉTICA
Versos fúteis
Dias tanto
Medo pranto
Acaso
Ocaso
Caso
Venha
Senha
Assanha e lanha
Costas
Castas
Ideologia?
Ideia
Aldeia
E nada mais pudera
Ao ver a face
Disfarce
Embace
Abrace
Alce
Realce
Revele.
Estrela ao vê-la
Permito
Finito caminho
Desejo sincero
E quero
Esmero
A cara da fome
O tanto que tome
A santa
Hipocrisia.
Caquética
Hermética
Herética?
Ética...
Aonde andará?
Publicado em: 09/10/2010 15:10:39


Eu abri esta porteira
Para o meu amor passar,
Vai ser minha a vida inteira
Se quiser me namorar...
Publicado em: 15/01/2010 20:52:41
Última alteração:14/03/2010 21:03:41


Quando sozinho dormia
A lua andava vazia
A noite estava tão fria,
A minha cama sozinha...
No meu leito adormecida
Metade da minha vida,
Partindo sem despedida,
Minha amada, nunca vinha...

As horas eram quimeras
Tanta dor nestas esperas
Os sonhos virando feras,
Aos poucos me despedindo
Da vida que sempre quis
Do sonho de ser feliz,
No meu palco sem atriz,
Qual roteiro irei seguindo?

Chegaste em plena manhã
Com promessas do amanhã
Minha vida, outrora vã,
Agora já vê saída...
Não me deixe mais, amada,
Vem comigo em nossa estrada,
Traga a noite enluarada,
Vamos logo de partida

Em busca duma esperança
Que nossa alegria alcança
Sorrindo feito criança
Sem tristeza e sem maldade,
No nosso amor se pressente
Que essa alegria da gente
Me faz um homem contente
Que ganhou felicidade!

Publicado em: 07/03/2007 18:04:46
Última alteração:28/10/2008 17:22:52


Minha menina morena
Que saudade de você!
Quando o coração acena
Te procuro, mas cadê?

Passarinho então me disse
Que quando morena veio
Trazendo tanta meiguice
Sem maldade e sem receio

Meu coração disparado
Batendo tão apressado
Neste forte batucar,
Me deixando apaixonado
Todo, todo arrepiado,
Vontade de namorar...

Morena que eu amo tanto
No seu canto meu encanto
No seu riso minha paz.
Vou vivendo satisfeito
Morena dentro do peito
Tanto amor serei capaz?

Quero morrer no teu colo,
No teu cabelo me embolo
E mergulho sem querer.
Deitadinho nesse solo,
Juntinho contigo rolo,
Numa explosão de prazer!
Publicado em: 14/02/2007 13:28:07
Última alteração:28/10/2008 18:05:52



EU ADORO AMAR VOCÊ

Nosso amor que é fantasia
De intenso sonho e prazer,
Borbulhando em alegria,
Nos teus braços, vai ferver.
Minha alma te procurando,
Vai, aos poucos, se entregando.

Na conjunção destes astros,
Neste encontro sensual,
Vou seguindo estes teus rastros,
Dos sentidos, festival,
No teu mar, meu barco avista,
Um novo amor, hedonista.

Que te quer aqui do lado,
Sem temores ou vergonhas,
No cantar mais encantado,
Com as noites mais risonhas,
Feitas de desejo e mel,
Traz estrelas, nosso céu.

Vestindo nossa nudez
Do tecido mais bonito,
Decorando nossa tez
Refestelar-se no rito
Desse amor sem ter juízo,
Porta aberta ao paraíso....
Publicado em: 22/08/2007 15:44:23
Última alteração:28/10/2008 16:38:54


Olhos cerrados, penso no teu vinho
Venho devagar, livre dos temores
Bebendo cada gota até chegar
Extasiante gozo em plenitude.
Felicidade é fênix, renova-se
Nos lábios e nos sonhos mais audazes.
Fartura de prazeres, vou liberto
Na bêbada emoção desta alegria.
Contemplo cada festa em teu olhar
E a dança interminável dos prazeres...


Publicado em: 24/11/2007 12:08:32
Última alteração:31/10/2008 12:12:00


Amor e eternidade se confundem
Na doce confusão de nossas pernas,
Eternas madrugadas que passamos.
Inesquecíveis dias, nossos dias...
Do mel de tua boca não me olvido.
Derramas mil estrelas quando passas.
As Graças louvarão cada momento
Aonde, Musa bela; me tocaste.
Desgastes? Não! Jamais os conhecemos,
Estamos cada vez bem mais unidos
Em lábios sem fronteira, corpos, poros.
Respiro em tua boca um ar mais puro.
Seguro tuas mãos e me liberto
Rasgando o coração. Aberto o peito...
Publicado em: 12/06/2008 13:14:09
Última alteração:20/10/2008 21:41:53


Ouvindo teus passos
Fantasmagoricamente pela casa afora
Subindo as escadas,
Tomando-me de assalto
E raiando em minha cama...
Ouvir, no canto do vento
A tua voz perdida
Entre noites vazias
E copos de gim...
Achava difícil te perder,
Pensei mesmo ser impossível...
Banalidades te levaram
Algo como ciúmes,
Sonhos desfeitos
E vontades contrafeitas...
Porém enquanto eu existir
Tu estarás em cada ruflar do vento,
Em cada estalido da porta
Em sobressalto...
Publicado em: 02/06/2007 15:53:04
Última alteração:28/10/2008 17:04:03



A boquinha vai descendo
Eta boca curiosa.
Pouco a pouco se prevendo
Uma noite mais gostosa...
Publicado em: 02/03/2008 08:38:15
Última alteração:22/10/2008 13:43:50

O Dimitri só faz manha
Todo dia sem parar,
Na chinelada que ganha
Mais motivo pra chorar,
Vizinhança já reclama
O menino não se emenda
Mal levantando da cama,
Lá vem outra reprimenda.
A mamãe já não agüenta
Tanta birra do menino,
Com carinhos ela tenta,
Recomeça o desatino.
Quando a mãe vai trabalhar
Escondida, já se viu,
É motivo pra birrar:
- Por que não se despediu?
Publicado em: 10/11/2007 11:49:46
Última alteração:28/10/2008 12:52:10


Além deste horizonte se permite
Vislumbre de espetáculo sem par,
Parelhos corpos buscam sem limites
Aonde e com que força desfrutar
Dos gozos e prazeres insensatos,
Clamando por carinhos mais exatos.
Publicado em: 25/09/2008 17:13:20
Última alteração:02/10/2008 14:37:34

ETERNAMENTE APAIXONADO


Elisângela


Fortuitos sentimentos são ferozes
São facas que machucam com dois gumes.
As mãos que acariciam são velozes,
Amor que não se cuida, sem costumes...

Os cantos que não trazes perdem vozes
Meus dedos não procuram por estrumes
As ruas dos silêncios são atrozes
Nas noites dos meus sonhos cadê lumes?

Singelos meus defeitos são completos
Completam-se nos erros que não fiz.
Amores são meus pratos prediletos,

Embalde nesta vida sou feliz
Violas quando plangem serenata
De amores Elisângela é a nata!


Elisângela: Amor leal


Eloisa

Nas guerras e nas camas peço paz!
Meus medos são remédios e doença.
Por vezes me percebo tão capaz
Mas quase não conheço quem convença.

Quem dera ser assim, um bom rapaz,
É coisa que não quero e vou sem crença.
Batuca no meu peito um capataz,
No fundo não me cabe nem compensa...

A noite se refresca em plena brisa,
O manto das estrelas me cobriu.
Nos versos dessa amada poetisa

Meus erros se acumulam, mais de mil.
Desculpe se machuco-te Eloísa,
Amores do meu jeito, mais viril.

Eloisa: Combatente gloriosa



Elza


Das águas surge bela e calma ninfa,
Seus olhos refletindo todo o céu
Das festas e dos cantos paraninfa
Beleza que emoldura, traz no véu.

Ao vê-la, o coração entra em vertigem,
Dispara como fosse carrossel
No corpo dessa amada e linda virgem,
Amores e promessas no papel.

Pergunto aos deuses como te fizeram
Respostas não ouvi nem ouvirei.
A fórmula, por certo não me deram,

Nem eles mesmos sabem com certeza
Amar essa mulher me fez um rei.
És Elza, destas ninfas, a princesa!


Elza: Virgem das águas


Emanuele


Deus existe? Pergunta que repito,
Invariavelmente a cada dia...
Por vezes imagino que acredito,
Por outras me respondo: é fantasia!

Ateu, de vez em quando faço um rito,
Escrevo tantas vezes, poesia.
Nas noites que não durmo, mais aflito,
O frio me trazendo pneumonia...

O medo me refaz desta coragem
Que tantas vezes vem e prejudica
Não quero imaginar sequer bobagem,

Amor que não concebo me repele.
Rainha dos meus sonhos foi tão rica
Quando acordar te encontro Emanuele...


Emanuele: Conosco está Deus


Emilia


Beleza que não tem nenhuma igual
Passeia pela sala, vai desnuda,
É fogo que se alastra, é carnaval.
É pássaro que canta em plena muda.

Doçura tal? Achei canavial,
Meu Deus, eu necessito Sua ajuda,
Me dizes onde andaste neste astral,
O que é que faço Pai? Vem e me ajuda!

Amores quando muitos são terríveis
As brigas e discórdias invencíveis.
Voando meus talheres e mobília

A casa se transforma num segundo!
E tudo se desaba acaba o mundo!
Amor da minha vida és tu, Emília!


Emilia: Rival enciumada


Érica


Teus olhos tão soberbos não encaro!
A vida não me deixa solução,
Quem fora amor mordendo fica caro,
Ajoelhado estou, peço perdão!

Se imaginasse assim, tivesse faro,
Por certo preferia a solidão.
Vagando pelas ruas sem amparo,
Lambendo estes teus passos sou um cão.

Não maltrate quem te ama, minha amada!
A vida sem amor é quase nada,
É rio que se perde do seu leito.

Não precisa gritar assim, histérica,
Nem tudo nesse mundo é tão perfeito.
Mas, por favor, não me abandones Érica!


Erica: Aquela que é sempre poderosa



Estefânia


Minha princesa eu vivo, sou plebeu,
Por certo nunca soube quem eu era
No mundo que vivemos restou eu,
O resto do reinado não espera.

Fingindo ser verdade já morreu,
O tempo que vivemos na tapera,
O manto que te cobre escureceu,
O peito de quem ama, dilacera...

Fagulhas incendeiam toda a mata,
Remates e remendos ficam feios
O tempo que passamos na cascata,

Talvez tenha mudado teus anseios...
Os corações embalde querem meios,
Pois quem ama, Estefânia, não maltrata!


Estefânia Coroa, realeza



Estela


Olhando para o céu vi uma estela!
Estrela de raríssima beleza
Brilhando neste breu fiz uma tela
Que mostra toda a sua realeza.

Princesa das estrelas me revela
O mundo que trouxera com certeza
Nos pântanos e charcos sempre sela
Corcéis de fina estirpe da nobreza.

Vasculho pelo céu e nada vejo.
Sumiste sem sequer deixar sinal.
Agora o quê que faço do desejo,

A vida vai morrendo sideral.
Do brilho que trouxeste sequer vela.
Somente nos teus olhos, minha Estela!



Estela: Estrela





Ester


Nas noites mais distantes, a quimera
Procura no meu peito seu abrigo.
O tempo que se passa, traz a fera,
O medo não resolve este perigo.

Amar quem nunca amei, enfim, quem dera!
O fogo que me queima já nem ligo...
A língua que me lambe, da pantera...
Temor que me domina tão antigo...

Amor não é servil nem é qualquer.
Sentimento nobre que existiu.
Procuro insanamente esta mulher,

Ninguém sabe, ninguém fala nem viu;
Num momento deparo com Ester
A vida, sem quimera, ressurgiu!



Ester: Estrela


Eugenia



Bem sabes que não tenho mais futuro,
Meu tempo de existência já se acaba.
O mundo que terei será escuro.
Não posso te entregar vida nababa,

A sorte me deixou, pulou o muro,
A casa que prometo é simples taba,
Colchão, onde dormimos de chão duro,
O teto, se chover quase desaba!

Nascida com certeza em berço d’ouro,
Não sei como consegues ser feliz.
Jaqueta que vestias puro couro,

A vida que te entrego é por um triz.
Eugênia eu te corôo te dou louro,
Receba, com carinho, a flor de lis.

Eugenia: Nobre, nascida em berço de ouro.


Eunice

Nas várias tempestades e batalhas
Os campos que pretendo não resistem.
O corte mais profundo das navalhas,
Os medos de viver, loucos assistem.

Amores não se fecham nas mortalhas
Invadem tantas lutas e persistem,
As roupas que vestimos, puras malhas,
Teimosas, nossas dores inda existem...

Nas roupas e nos medos, nossas lutas,
Comportam sem querer final e rumo...
As dores, entretanto, são astutas

Não deixam nem sequer qualquer aprumo.
Amor quando ressurge traz a glória,
Nos teus braços, Eunice esta vitória!






Eva


Revelas relvas ervas e valores,
Vaticino futuro glorioso!
Nas almas e nos âmagos amores,
Nos olhos tantos óleos. Oloroso

Perfume que me encharca, raras flores.
Decoro com coragem, caloroso,
Os templos que se ergueram sonhadores.
Meu peito me maltrata tão idoso.

A fome de viver já me domina.
Não quero conhecer eterna treva.
Um brilho deste olhar cedo alucina,

Os olhos de quem morre e já se neva.
És último estertor, bela menina,
Primeiro e derradeiro amor, és Eva...


Eva: Vivente, viver, vida


Evelyn


Um canto triste vive na gaiola,
Não posso nem ouvir que não resisto.
Amor e liberdade minha esmola,
Nas lutas que travei nunca desisto.

Tortura sem igual matando, imola;
Não posso me calar defronte disto.
Maus tratos tão cruéis fazendo escola,
São coisas pertinentes a Mefisto!

O pássaro que canta a liberdade,
No vôo que procura traz encanto.
Amor p’ra ser amor-felicidade,

Busca compartilhar-se em cada canto.
Esqueço minha agrura e meu tormento,
Com Evelyn voando, livre vento!


Evelyn: Pássaro


Fábia


Passeias pelo campo mais florido...
Os bosques e pomares, a lavoura...
Um belo olhar, puro azul, decidido,
Sob uma cabeleira trigal, loura.

O sol fica feliz por ter surgido
E em raios carinhosos já se estoura.
Nas pastagens, o sol amanhecido,
O gado, aos belos raios, também doura.

A dona desse olhar vai distraída,
Mal percebe meus olhos sonhadores.
Encontro noutros olhos, minha vida.

A natureza absorta, mansa e sábia,
Respeitando esta cena, manda as flores
Perfumarem teus passos, bela Fábia!


Fábia: Aquela que planta favas


Fabiana

Lua sobre esse pampa mavioso,
Eu ando procurando por amores.
O meu tempo passando doloroso,
Horas celestiais, campos, flores...

O céu iluminado por leitoso
Cobertor divinal, tragando as dores
No seu mata borrão mais vigoroso,
Derrama sobre o campo seus pendores...

Na guaiaca repleta, sentimentos
Mais sonhadores, levo essa esperança
Na espreita de que venham os bons ventos.

No meu coração vibrando campana
A me trazer a doçura, esta lembrança,
Tempo em que nos amamos, Fabiana...


Fabiana: Fava que cresce




Fabíola


Olhos distantes, mares que não tenho...
Amores que passaram sem perdão.
Os ventos, as procelas, meu empenho
Em tentar conquistar teu coração,

Está tudo tão longe... De onde eu venho,
De terras mais longínquas, d’outro chão ,
Saudade de tudo me fecha o cenho
Causando no meu peito uma erupção...

Fomos felizes? Certo que fugiste
E levaste contigo as esperanças
Deixando aqui um homem morto, triste.

Por onde andas, pergunto ao velho mar...
Saudade desses tempos, nossas danças...
Ah! Fabíola, Fabíola! Onde buscar?


Fabrícia


Ah! Como dói o amor quando distante...
As horas não se passam, vida voa...
O mundo se desaba num instante
Quem dera ser feliz... Rei e coroa...

Nos olhos derramados deste amante
As lágrimas se secam. São à toa,
Jamais renascerá o radiante
Sol... Mas um girassol louro destoa...

Floresce mais teimoso neste prado.
As cores e os brilhos são farol...
Promete ressurgir vital delícia...

Quebranto e solidão meu triste fado,
Mas, entretanto a vida, um girassol;
Promete renascer, loura Fabrícia!







Fátima


Beija-me! Necessito teu carinho!
Meus mares e saveiros onde estão?
Meu mundo desabando, estou sozinho,
As luzes, esperanças vão ao chão...

Meu canto, engaiolado passarinho,
A noite me promete sempre o não.
Encharco meu amor, cálice, vinho...
Promessas? Só me fez a solidão!

Nos teus olhos a vida me protege,
Últimas esperanças de viver!
Destrua tal tristeza, a vil herege

Que teima em devorar meu sentimento!
Eu não tenho sequer tempo a perder
Ah! Fátima, me beije... Calmo, lento...


Fátima: Donzela esplêndida



Felícia


Equilibrando dores, alegrias
Respiro sentimentos diferentes.
Coração escraviza-se em folias.
Meus medos e quimeras são urgentes...

No picadeiro trago as fantasias,
Dançando sobre luas e vertentes.
As ruas prometem cantorias,
Amores sais refletem tantas gentes...

Palavra e pensamento vêm à tona.
Rodopiar da saia da morena,
A vida me promete não ter pena.

O canto que te trago, de carícia,
Nem medo nem quimera falastrona
Felicidade a se explodir: Felícia!


Felícia: Feliz


Espero tua chegada há tanto tempo.

Por mares e montanhas procurando os teus passos, rastros, cheiro.
E nada.

Quando vieres, acariciarei teu dorso desnudo e deitarei minha cabeça em teu colo.

Com a certeza de estar sendo feliz.

De uma felicidade ímpar que somente o amor pode nos trazer.

Da noite que se emoldura misturando melancolia e prazer.

Prazeres doridos e tristonhos, com o gosto do encontro e da despedida.

Morrendo a cada segundo por não se saber eterno.

Saudoso de si mesmo,

Fazendo flutuar e temendo a queda, imaginando céus e temendo o vôo, mas mesmo assim voando de encontro ao infinito prazer.

Infinitamente momentâneo, intensamente vago e adormecido.

Depois de tudo, o silêncio e o olhar a esmo procurando o nada, vasculhando o nada.
E teus braços calmos e serenos.

E nossos desejos saciados,
Olhamos sem sentir para o amanhã que talvez não venha.

Sabendo que o muito que vivemos hoje estará em todas as manhãs.

Mesmo nas manhãs solitárias.
Eternamente, amor.
Publicado em: 14/12/2006 13:12:56
Última alteração:27/10/2008 21:20:35



Eu te falo, minha amada,
Sei que jamais morrerás.
Tu seguirás nesta estrada
Caminhando amor em paz.

Quem ama, minha querida,
Sem temer dor ou prazer.
Na eternidade sentida,
Tão gostosa de doer,
Jamais terá, nessa vida,
A vontade de morrer!

Tua boca lambuzada
Deste mel, garapa doce.
Nossa vida açucarada
Que nosso amor, já nos trouxe
Vindo assim, sem querer nada.
Como se nem amor fosse.

Eu quero, minha menina,
Minha flor de primavera.
Teu amor que me domina,
Depois desta longa espera.
Tua luz já me alucina.
Ser teu amor... Quem me dera!

Meu amor, não tenha medo,
O que sinto: amor tão pleno,
Não cabe nenhum segredo,
Segredo é, no amor, veneno!
Publicado em: 08/02/2007 17:04:03
Última alteração:28/10/2008 18:30:36



Eternizar cada momento
Que tivermos, de amor.
Poder fazer de cada segundo
O primeiro e último
De nossos dias.
Viver as fantasias
Mais felizes e,portanto,
As mais difíceis.
Ser refém das alegrias
Sem esquecermos jamais
De que a vida não volta
O tempo não pára
E a felicidade dura um minuto
Mas vale por toda a nossa vida!
Publicado em: 05/12/2006 14:55:02
Última alteração:28/10/2008 20:48:44



ETERNIDADE
ETERNIDADE

Para muitos um conceito meramente filosófico
Que transcende o espaço e não se mede pelo tempo
Seu verdadeiro sentido é sublime e *acrosófico
Debatê-lo é envolver-se num terrível contratempo.

Ela é antes do princípio e seu fim é inexistente
Nada há que a supere, nem sequer por um momento:
Ela é da mesma essência que o Deus Onipotente
Pois, Ele é antes de tudo; e é maior que o firmamento.

Do infinito ela é a linha que flui de forma eterna
Sem sucessão de momentos, sem sofrer alterações
Atrelada ao próprio tempo, ela é mui subalterna.

Sobre o assunto eternidade, não cabe comparações
Pois o tema é mui profundo e de beleza superna
Que encanta nossas almas e os nossos corações.

*acrosófico: palavra derivada de acrosofia cujo significado é: a
suprema sabedoria, a sabedoria divina, portanto, no soneto traz o
sentido de ligado à suprema sabedoria; à sabedoria divina.
NATHANPOETA. Abraços


Nossa fragilidade expressa em lusco-fusco
Ausência de resposta e dúvida, deveras
Desde o nosso principio em belas primaveras
O mundo se mostrando aquém do que inda busco.

Por vezes mansidão esconde um ato brusco,
Ainda, na verdade eu sei que somos feras
A morte após a morte em morte degeneras
E neste ato contínuo, eternidade; ofusco.

A vã filosofia emana um ar sombrio,
E nela a fantasia, aonde eu me recrio
Permanecendo nua, a pele quase edênica.

Comemos desta fruta e nada respondemos,
Ciência não nos veste e assim permanecemos
A fé ou esperança, etérea ou ecumênica...



Amor eternizo
Enfrenta o granizo
Nevascas e guerras
Vagando em mil terras
Sorrisos promete
E sempre arremete
Aos tais Paraísos...

Publicado em: 16/01/2010 13:39:57
Última alteração:14/03/2010 21:05:42




Eterno amigo // Vejo a vida

Nas horas difíceis// ao seu lado

sinto você // no vento

presente.// da alegria.

Mara Pupin // Marcos Loures
Publicado em: 05/04/2007 14:26:01
Última alteração:28/10/2008 05:36:26



Tanto bem que quero a ti,
Companheira, minha amada,
Cada noite eu percebi
Nos teus braços, estrelada,
Vou vivendo esta alegria
De poder andar ao lado,
Desta luz que me alumia
O meu sonho, enamorado.
Perseguindo cada passo
De quem amo, pela vida,
Sofrimento andando escasso,
Pois te tenho, amor, querida.
Vem comigo, seja a lua
Que ilumina nosso quarto,
Da beleza imensa e nua,
Eu jamais me sinto farto.
Vivo a vida por saber
Que encontrei o meu caminho,
Nos teus braços, meu prazer,
Toda a noite: o teu carinho.




Dentro do meu peito trago
duas cartas por abrir.
Uma a de saber amar,
Outra a de saber sentir.

Meu amor eu não sossego
Nem me canso de querer,
A paixão que enfim carrego,
O nome dela é você!

Tanto tempo procurando
Sem saber onde encontrar,
Quando a noite vem chegando
Eu quero te namorar..

Eu te vejo em minha cama,
Nóis de noite só vadeia
Tanto calor que faz chama
Avermeia a lua cheia...

Dona do meu coração,
Meu amor vivo na lona,
Vou morrendo de paixão,
Toda noite pela dona.

A trova mote é da região central de Minas Gerais
Publicado em: 05/04/2007 20:32:27
Última alteração:28/10/2008 17:07:06



EU ESTOU APAIXONADO...


Na cama maravilhas e façanhas,
Repleta de magias mais gostosas,
Entrando devagar, tuas entranhas,
As carnes com certeza desejosas,
As fúrias que nos tocam são tamanhas,
E gozo, meu amor, quando tu gozas.
Eu quero te sentir, volúpia e cheiro,
E ter o teu amor, assim, inteiro.

O fogo do prazer, decerto fero,
Remoça a nossa vida, traz o viço,
Que tanto procurei, e agora eu quero,
Bem mais do que querer, até cobiço.
No sal de teu suor eu me tempero,
No fogo de teus lábios, eu me atiço.
Deitando enlanguescente em minha cama,
Bacante, sem limite, acende a chama...

FANTASIA SOBRE VERSOS DO CANTO I DOS LUSÍADAS
Publicado em: 16/10/2007 21:58:04
Última alteração:28/10/2008 14:38:35



Meus sonhos, relicários de um passado,
Aonde o coração sendo benquisto,
Tramou um novo canto rodeado
De uma esperança aonde, amor, resisto,
E falo de um desejo represado,
De ser o que planejo. Sei que existo,
E nisso o meu viver encontra a fonte
De um novo amanhecer, nosso horizonte...
Publicado em: 18/10/2007 18:23:49
Última alteração:28/10/2008 14:13:30



Tristeza de partir deixando o amor
Nas mãos desta saudade traiçoeira.
Os olhos embotados de poeira
No rumo da saudade, traidor.

Onde a dor se retrata mais tratante.
Destrata todo trato que tramamos
Momento em que por vezes nos amamos,
Ficando, nesta estrada, tão distante.

Os danos da saudade e da distância
Se podem destruir o sentimento,
Ao mesmo tempo trazem sofrimento
Que tento disfarçar com inconstância.

Fingindo que não quero quem eu amo
Esqueço que não posso te esquecer
Pois vivo meu viver em teu viver
E amo nosso amor, chama que chamo.

Pretendo que se fores, flores nego.
Beijando as flores belas do caminho,
Sabendo que se fores, o espinho
Em todas essas flores já carrego,

Mas medo de perder faz meu degredo
Na estrada que saudade me deixou.
Por isso meu amor eu tenho medo,
E não irei partir, aqui estou.
Publicado em: 29/04/2008 18:53:43
Última alteração:21/10/2008 14:27:12



Minhas cores prediletas
No pincel que foi me dado
Me inspirando nos poetas
Invadindo o coração
Com as asas do meu sonho...
No teu corpo aqui, despido,
De tanto amor já sentido,
Dessa faminta emoção.
Eu quero o gosto macio
De poder viver teu cio
Em meio a tantas promessas
Das vidas que não teria
Desse amor que não sabia
E quem tampouco confessas.
Minhas noites, nossas festas
Nossos sonhos esperanças.
Dos alertas que me emprestas
Do gosto de nossas danças
Das nossas velhas lembranças
Alcançando um novo mundo
De sentido mais divino
Desse amor que é mais profundo
Onde ondeia o peito meu
Nos versos que dediquei
A mando de quem queria
Vivendo toda a poesia
Que se traduz alegria.
E que faz desse meu canto
Prenúncio de uma união
Arrebata o coração
Levando-me para os braços
Da mulher que sempre quis.
Falando assim bem baixinho
Passarinho achando o ninho
Agora canta feliz!
Publicado em: 16/01/2007 14:03:16
Última alteração:28/10/2008 19:12:53



Fonte de mel, abelha soberana,
Forjando da beleza de uma flor
Doçura inigualável que inebria
E espalha entre estas flores, puro amor.

Na troca de carinhos, flor/abelha,
A natureza exprime sedução.
Do pólen que fecunda, a vida surge,
Trazendo enfim a frutificação.

Amar é se esbaldar em tal doçura
Bebendo desta fonte delicada,
Florescendo, granando e renovando,
A vida que se entrega, apaixonada.
Publicado em: 06/04/2008 22:11:43
Última alteração:21/10/2008 19:56:58




Ao semear amor neste canteiro,
Trouxeste um bom legado com certeza
Num tempo abençoado onde concebo
A vida se encharcando de beleza.

Teu canto com frescor primaveril,
Teu beijo delicado e perfumado,
Um toque sensual, maravilhoso,
Nas fronhas, travesseiros, sem pecado.

Rompantes dos desejos e dos ritos,
Que embalam toda a noite que passamos.
Carinhos mais sutis, bocas e lábios,
Molduram nossos sonhos. Nos amamos...
Publicado em: 07/04/2008 22:41:37
Última alteração:21/10/2008 20:02:09



Cativo deste amor
Bebendo a tempestade,
Amando sem pudor,
Ardendo em liberdade
No sonho a te propor
Total felicidade,
Arquejos com fulgor
Chego à saciedade.
Vem logo sem temores,
Que a noite é toda nossa,
Teus beijos sedutores,
Além do que se possa,
Do corpo, teus pendores,
De tudo já se apossa
Sereia em teu encanto
Teu canto me conquista,
Ulisses se perdendo,
Seguindo cada pista
Deixada em mar profano,
Procelas, desengano,
Tomando do teu seio
O leite do prazer,
Vivendo sem receio
Sem medo de morrer...
Publicado em: 10/04/2008 17:54:54
Última alteração:21/10/2008 18:22:58



Dos lagos onde, ninfa, se banhava
Beleza dessa deusa semi nua.
Num flerte delirante a bela lua
Em toda a densa mata repousava.

Os olhos comovidos e tão ternos
Emocionadamente todo astral
Descia deste espaço sideral
Em mágica beleza mais eternos...

A deusa não sabia deste encanto
E nem se dava conta da beleza
De toda apaixonada natureza
Nesta maravilha, um doce canto...

E Deus ao ver também a bela cena
Num momento de raro e louco amor,
Ao ver a bela deusa, cara flor,
Nos deu toda a beleza da açucena!
Publicado em: 17/04/2008 13:34:41
Última alteração:21/10/2008 18:26:25



Se este meu cantar versejo
Com trovejo e com vontade
Meu amor é realejo
Que me deu tanta saudade.
Se te quero como queres
Se me queres como eu quero,
Nunca vão faltar talheres
No banquete que eu espero...
Na lua botei a rede
Noutro lado presa ao sol.
Deste amor morro de sede,
Sou teu louco girassol.
Sol nasceu no firmamento
Eu firmei meu coração.
Te afirmo a todo momento
Confirmo minha paixão...

Publicado em: 19/04/2008 18:36:03
Última alteração:21/10/2008 13:13:15



Coqueiros ao largo
Um recife de corais
Magos sonhos
Olhos ponho,
Ilhas tropicais.
Teu corpo desnudo,
A praia
Sereia
A areia
Escaldante...
Verão
Meus olhos
Verões?

Publicado em: 22/05/2008 10:12:37
Última alteração:21/10/2008 15:16:02



O amor
Que supre
E supera.
Eleva-se
Além
Buscando o infinito.
Asas
Almas
Alamedas de nuvens
Flutuo...
Publicado em: 23/05/2008 12:16:18
Última alteração:21/10/2008 06:39:52


Tua presença amada já cintila
Trazendo tua imagem tão tranqüila
Reflexo do luar numa esplanada.

Te quero em cada verso que dedico
Amor que sempre foi de amor tão rico
E traz de manhã cedo uma alvorada.

Amor que perpetua-se em afagos
Na calmaria eterna destes lagos,
Pedra filosofal d’uma esperança.

Dourando meu caminho pela vida,
Curando toda dor, toda ferida,
Atando nossos sonhos, aliança.

No rio que se entrega em mansa foz
Aos braços deste mar que sei feroz,
E dorme descansando em fria areia,

Amor que sempre acalma, traz brandura,
Encanto verdadeiro de ternura
Deitando neste mar, em lua cheia...
Publicado em: 27/05/2008 15:45:37
Última alteração:21/10/2008 15:21:2


Diversas sensações
Estrela em fogaréus
Nos céus vagando nuas
Em luas, carrosséis.
Nos véus de cores várias
Amparos e guaridas
Guaritas penetradas
Atadas nossas mãos
Em vãos que mergulhamos
Sem amos nem correntes
Torrentes de emoção
Num misto de loucura
Argúcias e pelúcias
Insensata maciez.
Do amor que a gente fez
Agente de esperanças
As lanças, alvos, setas
Cometas entre metas
Metáforas e farpas.
Escarpas que escalamos
Entranhas; penetramos
E somos um só ser.
Saber de cada gota
E me embebedar de luz...
Publicado em: 31/05/2008 11:20:13
Última alteração:20/10/2008 19:45:40



Ao tomar os teus braços minha amada
Convites de alegria e de bailado
Repleto de emoção, a noite inteira
Que faz da fantasia a companheira
Tantas vezes querida e desejada!
Nos risos e canções, no peito aberto
Nas manhas e manhãs, eu quero sempre,
Matando em mil oásis o deserto
Que fora a minha vida antes de ter
O gosto mavioso do prazer
Sorvido em tua boca, gota a gota.
Amor que é belo e raro, delicado
Em mil canções te clamo, apaixonado!
Publicado em: 05/09/2008 16:58:15
Última alteração:17/10/2008 14:31:56



Decerto, o meu amor já saberia
Quem tanto desejei em luz tamanha,
Vibrando certamente de alegria,
A sorte- ser feliz, amor, nos banha,
E o canto da promessa me dizia,
Do encanto que se molda em nossa entranha,
Vivendo neste amor, perfeita glória,
O medo transformado na vitória.

Recebo cada beijo teu, amada,
Amiga de meus dias/tempestades,
A vida em outra lua vai raiada,
Repleta de desejos, claridades.
Minha alma de tua alma enamorada,
Procura no teu corpo saciedades.
Assim, dois caminheiros que se tocam,
Ao mesmo tempo acolhem, se provocam...

Sou teu e nada mais pode conter
Amor em amizade construído,
Meu rumo é procurar o teu prazer,
Meu passo se mostrando decidido
Permite que eu conceba amanhecer
Deitado no teu colo, distraído.
Eu quero ser teu par, a noite inteira,
Promessa de alegria verdadeira.

Assim, dois passarinhos se engaiolam,
Ao mesmo tempo livres, vão ao céu.
Meus braços nestas asas já decolam,
Adoço o paladar em rico mel,
Estrelas que nos guiam, céus assolam,
E trazem nos seus brilhos o corcel
De uma felicidade que é total,
Vagando pelo amor, ganhando o astral.

Amiga, amada amante e companheira,
Eu quero estar contigo o que me resta
Da vida na emoção que derradeira,
Reflete no meu peito plena festa,
Amor que procurei a vida inteira,
Uma esperança imensa agora gesta
De um tempo em que o amor feito amizade,
Denote aos dois cativos, liberdade...
Publicado em: 24/09/2008 14:45:13
Última alteração:02/10/2008 17:56:35


A minha alma, tristonha caminheira,
Buscando pelos passos de quem amo...
Nas endeixas perdida por inteira,
Nos braços de quem peço, triste clamo...

Como a criança sofre com os medos,
Os gozos que persigo atemorizam...
Nas vezes que persigo seus segredos,
As dores de minha alma traumatizam...

Pomba rola que voa sem destino,
O pântano que me deste de presente,
Causando em mim, perjuras, desatino,
O nada que se perde, nem pressente...

As noites sem sentido, são mundanas,
Os beijos que teimei foram ocaso,
Tais marcas de veneno que me empanas,
São formas de viver simples acaso...

A noite que mendigo é tão aflita,
Perdido nesta mata, neste bosque...
No peito silencioso a alma se agita,
Nas noites tanta perna que se enrosque...

Minha alma, empedernida, não se acorda,
Dos sonhos que alucinam meus sentidos...
A borda do que somos, perde corda,
Os montes que vivemos, dos olvidos...

Minha alma, procurando pelo alvor,
Destila toda cor de bela aurora,
Trepida, procurando por calor,
A vida que me deste foi embora...

Quebrado todo o pote, foi-se o doce,
As pombas que cantaram, seu arrulo,
Quem dera que restasse nunca fosse
Amor que me encantava, já não bulo...

Ouvindo toda noite tal soluço,
O canto das cigarras não se imita,
Nos trotes do cavalo, rocim, ruço,
O peito tartamudo louco, grita...

Procuro por passagem neste porto,
Espero conseguir um novo pouso...
Um resto de sentido queda morto,
Das tétricas saudades, sou esposo..

A porta que fechaste, gemedora,
Não pode nem sequer por isso chora,
A mão que me carinha, redentora,
Olhar que agora lanço, já te implora...

No meio de tristezas tudo somo,
No seio desta noite, pleno breu,
O mundo se ilumina deste assomo,
O tanto quanto amei já se perdeu...

Perdendo meu sentido e toda a calma,
Pressinto renascerem ilusões,
São falsas e disfarçam a minha alma,
Sentidos e promessas, ilações...

Quem dera tanto amor de duas vidas,
Não fosse de repente assim fanado...
As marcas que me mostram despedidas,
Percorrem sem destino os feros fados...

Quem duvida não pode nem quer crer,
Amar um triste jogo, perigoso,
Mesmo que ganhe, sempre vai perder...
A mão que te machuca te dá gozo...

Exclama tempestades sempre já...
Nunca espera nascerem novas folhas,
A lua que brilhou não brilhará.
As rosas que espreitaste não recolhas...

As páginas que tanto foram lidas,
São restos do que vida, já se foram...
Carinhos que me deste, despedidas,
Os medos qual foguetes, sempre estouram...

As dores que me urtigas são remotas,
As noites que me levas são chorosas,
De tanto que sonhei perdi as cotas,
Amar sempre traduz, maravilhosas...

Quem dera dedicar todo meu canto,
A vida se resume em gesto nobre,
Minha alma vai buscando teu encanto,
O medo da saudade já me cobre...

Num vale dolorido, amor desmaia...
Na pantomima mímicas venais,
A calmaria foge desta praia,
Os olhos embotados, nunca mais...

Não quero nem permito tantas queixas
Do coração que bate nova plaga,
Misturam-se desejos com as gueixas,
A forma de viver tudo, me alaga...

Amar que me pergunta sempre e quando,
As pétalas desfeitas nunca beija,
Nos sonhos que produzes, mergulhando.
A cama se demora e não deseja...

Levanta sutilmente a tua saia,
Sem perceber, audaz, a noite avança...
Deitados envolvidos nesta praia,
Amantes se desnudam, tanta dança...

A vida por tristezas vai banhada,
Nos medos que deixei restaram prantos...
A calma se transtorna, desolada,
Nosso sexo invadindo sob os mantos...

Amor que se delira com afinco,
Na mata penetrante mais escura,
Recebo com delícias o teu brinco,
Amar-te é consumir toda a ternura...

O medo de morrer já me levou
Às margens do que fora um triste rio...
Meu pranto que, de espanto, já nevou,
Derrama sobre tudo um canto frio...

Minha alma de ternuras ressuscita
Palavras que jamais compreendi,
Rompendo meus sinais, resume a fita,
Minha alma vai perdida em mim, sofri...

Minha alma de rancores violentos,
Por céus penetra, infinda, como o medo...
Os campos que conhece, são sedentos,
De tudo quanto tive, um arremedo...

Viscerais tempestades me envolveste,
Minha alma seduzida nunca está
Amar por tantas vezes, inconteste,
Um barco que jamais navegará...

Vasculho por sinais, felicidade,
Esmago qualquer forma de sofrer,
Não peço paciência, veleidade,
Minha alma, nos teus braços, quer viver...

Agora que não tenho solução,
Espreito meu caminho nos penedos...
Aberto sempre deixo o coração.
Carinhos que te faço com os dedos...

Mortalhas que vesti são meus delírios,
Os prados que visito são falsários...
No fundo o que resta são martírios,
Tal qual corvo imitando esse canário...

Nas fimbrias do vestido que desnudo,
Nos pátios destas casas que freqüento...
Não quero teu amor, mas quero tudo,
Montanha que resiste a todo vento...

Dedico minhas noites a minha alma,
O beco que te dei não tem saída...
A boca que me beija sempre acalma,
Resumo a minha alma em tua vida.
Publicado em: 23/10/2008 18:28:19
Última alteração:02/11/2008 21:42:51



Eu quero teu amor de qualquer jeito
Embora sempre exija qualidade,
Amor que me trouxer felicidade
Passando quase a ser um meu direito
De tanto que vivia insatisfeito...

Se falo deste amor com tanto mimo
A culpa é dessa lua que não veio.
Amando sem ter pena ou ter receio,
Sabendo que, decerto tanto estimo
Esse amor que em meus versos sempre rimo.

Eu quero esse amor mesmo moleque
Que sabe fazer cenas de ciúme
Meu medo é que depressa me acostume
E queira desse amor ter todo um leque.

Maria se quiser estou aqui
Sozinho com meu peito machucado.
Desculpe por eu nunca ter amado
Amor que em tanto amor eu me perdi.
Publicado em: 03/11/2008 22:20:57
Última alteração:06/11/2008 12:11:59


Eu cantarei meu amor
Se não vieres de tardinha
Esperando o teu favor
Que retornes, andorinha,
Sem te ter por onde vou?
A minha alma tão sozinha
Se quase nada restou,
A morte já se avizinha...

Mas te quero não te nego,
Do querer mais sem receio,
De tanto que eu já me apego.
O mundo perde recheio
Se não vieres, carrego
O sangue que nunca veio
Nos olhos onde me cego,
Na beleza do teu seio...

Amiga não vá embora
A manhã nem bem surgiu
Te esperando sem demora,
O meu céu descoloriu,
Tanto amor que me decora
Na estrela que já partiu,
Deixando o peito que chora,
Em toda dor que se abriu...

Mas amiga, te prometo,
O sol que inda nem nasceu
Tanto quanto me remeto
Ao escuro deste breu,
Te dedico tal afeto
Que na luta que sou eu
De todo amor, predileto,
No mundo, por certo o teu!
Publicado em: 26/11/2008 15:10:47
Última alteração:06/03/2009 16:38:10




Busco-te entre bruscos penedos
Segredos desvendo
Medos esqueço.
Alheio aos temporais.
Até chegar à placidez
Dos remansos que refletes...
Publicado em: 28/11/2008 11:21:25
Última alteração:06/03/2009 16:31:02




Ao tomar os teus braços minha amada
Convites de alegria e de bailado
Repleto de emoção, a noite inteira
Que faz da fantasia a companheira
Tantas vezes querida e desejada!
Nos risos e canções, no peito aberto
Nas manhas e manhãs, eu quero sempre,
Matando em mil oásis o deserto
Que fora a minha vida antes de ter
O gosto mavioso do prazer
Sorvido em tua boca, gota a gota.
Amor que é belo e raro, delicado
Em mil canções te clamo, apaixonado!
Publicado em: 01/09/2007 21:41:18
Última alteração:28/10/2008 16:41:04



Meus sonhos, relicários de um passado,
Aonde o coração sendo benquisto,
Tramou um novo canto rodeado
De uma esperança aonde, amor, resisto,
E falo de um desejo represado,
De ser o que planejo. Sei que existo,
E nisso o meu viver encontra a fonte
De um novo amanhecer, nosso horizonte...
Publicado em: 21/11/2008 11:30:52
Última alteração:06/03/2009 17:02:28



Nós somos testemunhas deste fato,
Pois tão somente amor é nosso guia.
Nos olhos de quem amo, eu me retrato,
No vértice da sorte, uma alegria
De sermos o que somos. Quero mais
Amar a vida inteira em plena paz...
Publicado em: 10/01/2008 19:56:39
Última alteração:22/10/2008 19:42:48


Prazer de amar você deusa serena
Acolho-te em meus braços, num compasso.
Felicidade imensa em noite plena
Vibrando nosso amor, galgando o espaço
Aonde a lua intensa nos acena
Carícias e desejos, doce abraço.
Assim em teus remansos, vou feliz,
Decifro teus enigmas, peço bis...
Publicado em: 01/04/2008 21:49:42
Última alteração:21/10/2008 16:48:48



Dona moça, dá licença
De eu falar o que eu quiser,
Meu amor quer a presença
Tão sublime da mulher
Que fazendo o que mais quer
Noutra coisa ela não pensa.

Eu sou pobre passarinho
Que se perde sem destino,
Procurando por meu ninho,
Vou vivendo em desatino,
Sem saudade da gaiola,
Coração já nem da bola
Se em teus braços me alucino.

Quero o gosto mais safado
Quero a boca mais audaz,
Venha amor, para o meu lado,
Teu amor me satisfaz,
Quero ter e sem demora,
Teu carinho revigora,
E me deixa agora em paz.

Publicado em: 13/08/2008 20:24:41
Última alteração:19/10/2008 20:03:44



Abrindo com ternuras estes botões
Desnudo-te completa e totalmente
Meus olhos se inundando em tentações,
Desejos e vontade mais premente.
Roubando de teu corpo as sensações,
No fogo que nos toma, tão ardente.
Detendo em cada parte de mansinho
Cobrindo o corpo nu, tanto carinho.
Publicado em: 27/08/2008 21:45:55
Última alteração:17/10/2008 14:18:55



Tantas vezes nos magoamos com palavras soltas
Sem sentido, mas com direção exata e constante
Ferirmos um ao outro sem por que
Sem saber que assim nos matamos
Naufragamos e morremos
Ao mesmo tempo em que nos vingamos
Do que não nos pertence
E do que nunca foi nosso: amor!
Publicado em: 21/11/2008 14:58:51
Última alteração:06/03/2009 16:57:14




Vibrante
Prazer
Açoite
Tesão
Que chega
Navega
Te pega
E joga
No chão.
Insumo
Fecundo
Teu sumo,
Meu mundo
Segundos
A mais.
Rondando
Cheirando
Bebendo
Demais
Da boca
Sementes
Espalho,
E louca
Desmaias
Espraias
Sem fôlego.
Apegos
E rogos,
Nos jogos
Safados
Atados
Alçando
Infinito....






Como é bom o teu sabor...
Me lambuzo no seu mel,
Delícias do nosso amor;
Nas texturas do pincel
Que me fez ser teu pintor...

Diabruras de criança
Danças, cirandas, sorrisos.
Revivendo uma esperança
Recriando paraísos...
Amor fazendo fiança;

Cabelos soltos ao vento
Vento que tanto cantava
Não me sai do pensamento
O tempo em que já te amava
Sem ter arrependimento.

Agora a casa distante
A saudade me maltrata
Te viver em cada instante
Tanta luz que me arrebata
Esquecida numa estante.

Deixada no coração.
Com bolor e com tristeza,
Encanto, desilusão,
No lugar dessa princesa,
Somente uma solidão...

Mas o vento ventará
O meu sonho renasceu
Neste sol que brilhará
Que é somente teu e meu
E nunca se esconderá!
Publicado em: 03/02/2007 22:04:00
Última alteração:28/10/2008 18:26:03




Deitada em minha cama, bem safada
Desnuda com vontades e desejos
Meus beijos decorando cada parte
Do corpo tão gostoso de provar.
Roçando a tua pele devagar,
Vagando cais em cais até que possa
Beber de teu prazer em doce poça
Vagando sem limites ou pecados.
Singrando pelo mar do amor demais.
Além do que pudera imaginar
Roubando cada raio de luar
Que adorna a brônzea pele em prata pura.
Teus seios, tua carne, tais anseios,
Nos veios destes rios me perder
Sangrando em doce fonte teu prazer
Na mesma sintonia dois famintos,
Voando paras os mesmos infinitos...
Publicado em: 13/11/2007 16:31:31
Última alteração:28/10/2008 12:53:04



Sou quase o que não fora se não fosse
Morena minha musa deusa, reina
Acena com sorrisos e mentiras
No fosso em que me atiro noite inteira.
Açoites, corredeiras, riso e gozo
Um guizo que sacode no seu rabo.
Acabo de ser nada e me consolo
Embolo neste bolo pernas coxas.
E as serpes passeando em nossa cama...
Publicado em: 13/11/2007 19:04:30
Última alteração:28/10/2008 12:53:08


As parcas, facas, medos, sonhos, gozos,
A mesma ladainha noite e dia.
Nos olhos dos palhaços, velhos guizos,
Os risos das piranhas e vadias.
O cálice de pus comemorando
Num brinde que fazemos por viver.
Meganhas e burgueses esporrentos
Batendo em nossos corpos, nos cuspindo.
Enquanto as nossas fêmeas ficam prenhas,
Vinganças prometidas no futuro.
A bala que saiu e te encontrou
Saiu de um coldre podre – tuas mãos.
De fato sou o teu próprio retrato,
Um Dorian Gray se mostra a cada cena
No peito de um pilantra disfarçado
Que bate na empregada ou no mendigo.
Narciso apaixonado não percebe
Que o rosto bexiguento que ele vê
Reflete simplesmente o que sua alma
A todos os famintos quer dizer...
Publicado em: 16/11/2007 16:47:05
Última alteração:28/10/2008 12:53:56



Belo sol transpassando essa janela
Trazendo, nos seus raios, meu encanto,
Os olhos que se foram, desencanto,
Deixaram esta dor que se revela
Em cada canto tímido que faço
E sempre que, sem alma, me esfumaço.

Cansaço de viver sem ter teu porto
Exposto a tantas dores e mazelas
As luas se apagaram, as estrelas
Testemunhando um sonho semi morto.

Das neves que me encharcas peço rosas
Embora sem certeza, sempre peço.
No pântano insalubre que tropeço
Encontro as estrelas maviosas...

Amor que me negaste, vivo engano,
No pântano em minha alma refugia,
E, claro, se alimenta em fantasia
À noite em fogo fátuo vai, metano...
Publicado em: 24/10/2008 17:29:38
Última alteração:02/11/2008 20:33:11



O meu canto tristonho, outono em primavera...
Promessas deste sol desfeitas num segundo!
Quem dera me esconder desta cruel quimera..
Do brilho da esperança, embalde, já me inundo...
O gosto desta boca, amor enfim, quem dera!
A vida que pretendo esgota num segundo;
Abre, no peito triste, a colossal cratera.
Rasgando o coração, um corte tão profundo!

Sem você, já me perco... O meu rumo deserto...
Sem você nada tenho, o que resta sou eu.
Sem você o meu canto, em pranto se verteu.
Sem você uma espera; o meu futuro incerto.
Sem você nada sou. Um céu em pleno breu...
Sem você... Pesadelo... Eu nunca mais desperto!
Sem você: ter um Deus no qual não crê
É triste seguir só, morrendo sem você!
Publicado em: 29/10/2008 15:46:27
Última alteração:02/11/2008 20:27:27



Vou fazer um dueto
Que prometo não demora
É rápido nem uma hora
Exige para ser feito.
E, mesmo contrafeita,
A parceira não se importa
Se não gostares.
Provavelmente nem eu
Irei gostar,
Mas, teimosamente,
Ela me aguarda
E não posso contrariá-la.
Vai que ela resolva ficar?

Aí, estou frito.
Não escapo.
Mas, por favor, paciência.
Eu tinha amores
Amadas e flores
Luares e rincões
Certezas senões
Mas era feliz.

Mas ela está, devagarinho se aproximando.
Vou ter que desligar um pouco,
Daqui há pouco eu volto,
Depois do dueto feito.
Eu sei que não tem jeito,
Espere até eu voltar.
Isso se ela deixar.
Que a danada é egoísta
Não há nada que resista
A um dueto com a solidão!
Publicado em: 31/10/2008 17:46:18
Última alteração:02/11/2008 20:25:49



No cigarro quando fumo
Meus remendos se desfazem
E depois de tanto tempo
Os amores não refazem
A verdade que perdi.
E se, eu tanto te pedi,
Não vieste me despeço
E andando sempre a esmo
Tento ser ainda o mesmo
Mas nada mais prometo
A não ser o arremedo
Do que fui em tua vida.
Aceito despedida
Mas sem aviso prévio....
Publicado em: 23/10/2008 18:53:52
Última alteração:02/11/2008 21:42:4



Eu escrevo em redondilhas
Tudo aquilo que eu quiser,
Só não sei das armadilhas
Pra prender bicho mulher...
Publicado em: 16/01/2010 13:36:34
Última alteração:14/03/2010 20:49:42



Mas nada que me impedisse
De ser feliz.
A não ser o vento triste
Que trouxe amor em bocados
E fazendo dos meus medos
Arremedos e disfarces.
Amor que tem mil faces
Embaça minha visão.
Não me peça mais perdão
Não há bem que se perdure
Mesmo alma que cure
Alma que não se procure.
No boteco da saudade
Tanto gole de conhaque
Vivendo mais de araque
Que da tal felicidade
Que traz sombra
Na verdade
Mas, sinceridade,
Quem não gosta?
Amor sempre se aposta
Embora tanto desgosta
No salto do vira-bosta
No pulo do coração.
Receite amor, seu doutor.
Vais ver quanto que cresce
A sua freguesia.
Amor é vida vadia
Mordendo, depois assopra,
Acalma e depois alopra.
Faz pecado e sacristão,
Na prancha que não surfei
Onde mares naveguei
Onde oceanos passei.
Mas eu não sei nadar!

Por falar em natação
A nada ação
Também dói.
Embora menos um pouco,
Receba a sorte miúda
E tenha a vida graúda
Nas asas dessa paixão.
Da cor de uma graúna
Dureza tem da braúna
Coloque a tua escuna
E parta para o vazio.
Quem sabe no novo cio
O ócio não se desfaça.
Amor é minha cachaça
Embora não saiba amar.
Também eu sou abstêmio!

No reverso da medalha
Amor não me atrapalha
Apenas compensa a pena
Que na pena da saudade
Bateu asas, avoou...
Publicado em: 16/12/2006 10:46:19
Última alteração:28/10/2008 20:51:32



Ah! Morena, tanto quero
Querer um solar amor.
Tu és meu rumo, meu clero
Com teu raio encantador.
Morena, mina primeira
Que dourou o meu caminho.
Tua luz é verdadeira
Passarinho quer o ninho...

Quero deitar mansamente
Na rede tão prometida.
Amor quando, de repente,
Muda toda a nossa vida.
No riso que eu antevejo
Se desejo o teu sorriso,
Vivendo tanto desejo
Descobrindo o paraíso...

Sentindo qual calafrio
A noite que sei, virá,
Não quero ser mais vazio,
Neste calor que, sei, há.
No recanto mais gostoso
Onde a vista vai, alcança,
No teu colo delicioso,
Da morena, uma esperança..
Publicado em: 26/01/2007 16:06:11
Última alteração:28/10/2008 18:24:37

Amor que tantas vezes procurei
Encontro nos teus olhos, meus faróis,
Na noite em que em teus braços mergulhei
Incríveis sensações de raros sóis,
De todo este prazer que eu desfrutei
Rolando meus desejos nos lençóis
Tocando a bela deusa, toda nua,
Deitando nosso amor sob esta lua...



Fonte de mel, abelha soberana,
Forjando da beleza de uma flor
Doçura inigualável que inebria
E espalha entre estas flores, puro amor.

Na troca de carinhos, flor/abelha,
A natureza exprime sedução.
Do pólen que fecunda, a vida surge,
Trazendo enfim a frutificação.

Amar é se esbaldar em tal doçura
Bebendo desta fonte delicada,
Florescendo, granando e renovando,
A vida que se entrega, apaixonada.



EU ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ - SEXTINA

A vida se mostrando em emoção
Permite que se tenha a sensação
De um dia mais feliz, tenho a certeza,
Seguindo em plenitude a correnteza
Percebo que não vou ser mais sozinho,
Pois tenho enfim, comigo o teu carinho.

Sabendo que encontrei tanto carinho
Eu trago no meu peito esta emoção
E sinto que jamais irei sozinho.
Eu agradeço a ti tal sensação
E deixo que me leve a correnteza
Até felicidade, com certeza.

Em toda a minha vida, esta certeza
Mostrando em cada andança este carinho
Trazendo a seu favor, a correnteza
Na garantia plena da emoção
Divina e fabulosa sensação
Matando o meu temor de andar sozinho.

Quem veio de um caminho mais sozinho
Já pode ter, decerto esta certeza
Singrando a mais perfeita sensação
De um tempo em que viver trague carinho
Mudando num segundo esta emoção
Do amor que vem em forte correnteza

A foz que apascentando a correnteza
Permite que este rio vá sozinho
Ao encontro da lúdica emoção
Já dá ao meu peito amante esta certeza
De um tempo em que a beleza de um carinho
Nos dê, da eternidade, a sensação.

Assim ao me entregar à sensação
De quem vai perseguindo a correnteza
Envolto pela fé, pelo carinho
Já sabe que não vai estar sozinho,
Pois tendo amor sincero, com certeza,
Reconhece possível a emoção

Emoção que me traz em sensação
Certeza de vencer a correnteza
Sozinho, pois imerso em teu carinho...



Publicado em: 08/01/2008 18:30:00
Última alteração:22/10/2008 19:37:19




EU ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ

Nessa diversidade a nossa maravilha.
Toda proximidade esboça certo espelho
Muitas vezes azul, outras, vermelho,
E nesta confusão, formamos nossa trilha...

Muito bom sonhar junto, os sonhos sendo vários.
Assim, nesta mistura, a vida faz sentido.
Mesmo no mesmo leito, o rumo é dividido.
Amor que já se anula é sempre temerário.

Importante é somar frações tão diferentes,
E, disso, transformar plenamente as vidas.
As dores são assim facilmente esquecidas.
Mas nunca devem ser vias incongruentes.

Há que haver liberdade e também respeitar
As diferenças. Disso é feito nosso amor,
Não sou espelho enfim. Porém por onde eu for
Eu te quero ao meu lado. O mesmo caminhar.

Cada qual com seu passo, e sempre solidários.
Para que não haja queda e, se houver, não nos lese.
Difícil carregar por isso nunca pese,
Difícil de sonhar os sonhos solitários.


Nesta soma que temos, felicidade.
Já que não invadimos espaços
Cada qual tendo a própria claridade
Estreitam-se sempre nossos laços,
Aprendemos viver com liberdade
E toda noite, juntos nos abraços
Que nos irmanam, fazem o futuro.
O chão, com nossa força, é menos duro...

As nossas diferenças sem segredo,
Enfrentam ilusões, desesperanças,
Esquecem, bem distante, nosso medo
Fortalecendo sempre as alianças
Que nunca deixarão que este degredo
Domine nossos dias e lembranças.
Nosso amor não transforma e modifica.
Na vida, esse somar nos edifica.

Eu não quero sugar todo o teu mel,
Apenas conviver com teu prazer.
Assim, como é difícil te esquecer,
No nosso sentimento um claro céu.

As nuvens que se chegam, logo espanto.
Vontade de fugir, bem cedo passa.
Não sou teu caçador nem sou a caça.
Nessa nossa harmonia, um belo canto...

Aliados diversos, mesma guerra...
Sem capitão, major ou general,
Na luta pela vida, tudo igual,
Planalto que não pede morro e serra.

Todo sonho em conjunto é mais possível
Também escuridão logo se aclara,
Sabemos o que somos, não se para
A caminhada, nada é impossível!

Mas se a dor se aproxima e nos maltrata,
Se a noite escureceu, a vida dói,
E nada nessa vida nos destrói
Tal firmeza do laço que nos ata!

Assim, com toda força e sem temor,
Vencendo tempestades sem degredo.
Nas nossas diferenças, o segredo,
A base que formou o nosso amor!
Publicado em: 28/12/2007 22:29:12
Última alteração:22/10/2008 21:23:36

EU ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ

Amor plenitude dos meus sonhos
Em busca da vital felicidade
Acordes que transitam realidade
Trazendo meus desejos mais risonhos.
Nas chuvas que consomem, pesadelo,
Revelo os meus momentos mais cruéis
Em volta de Saturno, nos anéis,
Nos arco-íris guardo meus novelos.
E nada do tesouro que sonhara,
Mas sigo perseguindo o que não tramo,
Amor que tanto faz, eu mesmo inflamo
E tento não sonhar com quem amara.
De nada que eu fizer, estou bem certo,
Amor não deixará um só momento.
Vencido pela dor do esquecimento,
A vida se tornou vasto deserto.

Sonhando com seus olhos, minha amada,
A voz que não escuta, segue aflita
Minha alma transtornada sem pepita
Espera seu calor, de madrugada.
Mas sei que não virá mas eu lhe espero,
Na cama tão vazia, meus lençóis
onde que já sonhei com nossos sóis,
mas solitariamente desespero.
Não vejo outra saída se não essa,
Amor não demorando volte agora.
Não posso resistir uma demora,
Nem quero mais ouvir outra promessa.
De amor se não soubesse quem reclama
Os mantras que entoava não seriam
Os rumos mais distantes sonhariam
Com toda a profusão tal qual a chama.

Não meço mais palavras pra dizer
O quanto nesse amor eu mergulhei
Deveras tanta dor que já passei
Não bastam se não sabe do prazer
Mas deixe, por favor, que eu vá embora,
Amor não saberia um só segundo,
Invado em desespero, perco o mundo.
O peito sem premissas, inda chora.
Não queira tanto mal a quem a quis.
No fundo não consigo mais o brilho
De ter essa alegria, ser feliz,
E vago procurando por um trilho
Que canto sem saber nem o porquê.
Agora não se importe, assim querida,
Amor que concebia em minha vida,
Morrendo neste canto p’ra você!
Publicado em: 29/12/2007 11:07:01
Última alteração:22/10/2008 21:22:00



Paraíso
Sonhos
E desejos
Amores
Que nos fazem
Mais felizes.
Ardores
E cantigas
Risos fartos,
Vontades
E prazeres
Desfrutados.
Nós somos
Quem queremos
No jogral
Da vida
Feita em doce
Fantasia.
Recebo de teus lábios
A promessa
Do amor
Que enveredando
Nos redime.
Sou teu
Jamais neguei
E assim te digo.
Querendo sempre mais,
De teu abrigo
Alcanço com meus sonhos
Eternidade.
Que é feita em nosso amor;
Felicidade!



Caminho à noite pela longa estrada
Ornamentada pela luz da lua
Que, solta, na amplidão, leve, flutua
Deixando a terra toda iluminada.

Ao ver tão bela a praça e bela a rua,
Fica minha alma logo, apaixonada.
Pois és , como esta lua, a minha Fada,
Que lá no céu se mostra, ardente e nua.

És como a lua, tímida e brilhante
Que ao se mostrar no céu, naquele instante
Para bem longe manda a escuridão.

E sendo assim, tranqüila e generosa,
És como a flor mais bela, és como a rosa,
Rainha dos jardins do coração.

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 17/04/2008 15:09:21
Última alteração:21/10/2008 18:28:13



A noite vem chegando de mansinho
Tomando já de assalto o coração,
Andei por tanto tempo sem ter rumo,
Agora encontro a senda da paixão,

Vivendo sem sequer saber de um beijo
Que fora prometido e nunca dado,
Seqüestro uma ilusão e morra além
De todo o desespero do passado...

O rio que transcorre em cachoeira
Encontra no oceano imensa foz,
Não vejo mais ninguém que um dia possa
Calar toda a potência desta voz

Que sai dentro do peito em verso livre,
Liberto das algemas da tristeza,
Meu canto sem limites sempre foi
A forma em que moldei minha defesa

Contra as agruras todas desta vida,
Contra as cruéis senzalas de emoções,
Assim não temo as rinhas de um deboche
Que não conhece a força das paixões...
Publicado em: 25/11/2008 08:04:43
Última alteração:06/03/2009 16:45:53



Carne e unha sim senhora;
Minha amada, sou assim.
Se meu peito inda te implora,
Não demora, vem pra mim...

Eu te quero todo dia,
Todo dia vou querer.
Meu amor quanta alegria,
Meu amor tanto prazer...

Eu sou pobre, pobre, pobre
Mas te quero aqui comigo,
Se virar não cai um cobre,
Se descobre? Que perigo!

Incendeio uma fogueira
Enxugo gelo, afinal.
Meu amor já deu bobeira,
Acabou meu carnaval...
Publicado em: 25/11/2008 14:35:27
Última alteração:06/03/2009 16:56:20



Nas estradas do castelo
Já capinei com rastelo,
Encontrei linda princesa
Que no Tororó deixei,
Dona de rara beleza
Por ela me apaixonei...

No rosto trazia a lua,
Quando andava tão nua
Tinha gosto de saudade
Tinha o brilho desse sol
Ao ver essa claridade
Eu virei um girassol!

A sua pele macia,
Só me trazia alegria
Era linda como poucas
Diamante era o sorriso,
As minhas noites tão loucas
Ao seu lado, o paraíso...

Os olhos dessa rainha
Brilhavam sempre à tardinha.
No seu olhar de brilhante
Eu plantei meu bem querer,
Eu me sentia um gigante
Tanta alegria viver!

Suas mãos tão delicadas
Pareciam mãos de fadas
No carinho que me dava
Tanta amor eu encontrei
Tanto que por fim achava
Nesse mundo ser um rei!

Nessa boca peço um beijo,
Vou matar o meu desejo...
A fantasia da vida
É a rosa mais bonita
Nunca viver despedida
Pobre coração agita!

No castelo essa donzela
Rosa vermelha amarela
Hei de amar até morrer,
Seus caminhos ladrilhei,
Como vou poder viver
O amor era nossa lei!

Como pode um peixe vivo,
Viver nesse mundo altivo
Sem a sua companhia
Sem essa bela princesa
Como vai nascer o dia
Como pode haver beleza?

Vamos todos cirandar
Nesse reino do luar
Em volta dessa rainha
Nos caminhos tão dourados
A saudade essa vizinha
Os meus olhos marejados...

Encontrei linda morena
O meu coração acena
Procurando por descanso
Nas asas dessa saudade
Vou encontrar meu remanso,
No reino da claridade!

Companheira de solidão
Brilhando nesta amplidão
Lua não me deixa só,
Iluminando essa mina
A vida não tem mais dó
Procurei essa menina...

Meu coração vagabundo
Já procurou pelo mundo,
Só tristeza ele encontrou
No jogo da cabra cega
Deste pouco que restou
O resto minha alma nega...

Persegui felicidade
No reino da claridade
Só encontrei meu sofrer,
Procurei a fantasia
Nos braços do bem querer
Me restou só poesia!!!
Publicado em: 26/11/2008 12:19:37
Última alteração:06/03/2009 16:38:33


Parceiros
Partilhas
Senzalas
Deixadas
Nas entranhas
Do tempo.
Arranco
As correntes
Rompendo as galés
Navego por mares
Distantes contigo.
Usando do verbo
Do verso e do riso,
Cerzindo esperança
Com fios dourados.
Publicado em: 02/12/2008 08:20:55
Última alteração:06/03/2009 16:27:31



EU E VOCÊ
Inda guardo as cartas
Mapas de um amor
Mesmo amareladas
São testemunhas vivas
Do quanto foste minha.
Cartas perfumadas
Jogadas na gaveta
Remontam ao passado
Aonde fomos livres
Libertos das algemas
Dos medos e das tramas.
Saúdam a saudade,
Emolduram tua face
Sem disfarces, sem mentiras.
Podaste nossos sonhos,
Mesmo que enfadonhos
Fados prometiam,
Fartas serventias
Falsas ventanias
Frágeis liberdades.
Cartas, cortes, curvas,
Crepúsculos, ósculos,
Músculos e máscaras.
Caras palavras
Caras diversas,
Dispersas palavras.
Algozes promessas
E festas depois,
Frestas abertas,
Matando nós dois...
Publicado em: 06/12/2008 22:29:23
Última alteração:06/03/2009 15:27:16



Minhas cores prediletas
No pincel que foi me dado
Me inspirando nos poetas
Invadindo o coração
Com as asas do meu sonho...
No teu corpo aqui, despido,
De tanto amor já sentido,
Dessa faminta emoção.
Eu quero o gosto macio
De poder viver teu cio
Em meio a tantas promessas
Das vidas que não teria
Desse amor que não sabia
E quem tampouco confessas.
Minhas noites, nossas festas
Nossos sonhos esperanças.
Dos alertas que me emprestas
Do gosto de nossas danças
Das nossas velhas lembranças
Alcançando um novo mundo
De sentido mais divino
Desse amor que é mais profundo
Onde ondeia o peito meu
Nos versos que dediquei
A mando de quem queria
Vivendo toda a poesia
Que se traduz alegria.
E que faz desse meu canto
Prenúncio de uma união
Arrebata o coração
Levando-me para os braços
Da mulher que sempre quis.
Falando assim bem baixinho
Passarinho achando o ninho
Agora canta feliz!

Publicado em: 08/12/2008 21:22:53
Última alteração:06/03/2009 15:23:26


As horas
Choras
Entre luas
E sertões
Sermões
E serões.
Será o que serei?
Seria muito bom
Se o som fosse suave
Se o tom tomasse tudo
E o mundo fosse em paz.
Nos olhos da moça
Sem poça, as poções
Inebriantes...
Antes ou depois,
Um virando dois
Dos dois seremos um.
Fim e firmamento.
Astros congruentes
Brilhos compartilhados...
Publicado em: 30/12/2008 07:11:41
Última alteração:06/03/2009 13:45:09

Muito alegre por tanto que te quis
E sempre procurei, em poesia
Cantar o nosso amor em sintonia;
Meu verso se mostrando mais feliz.

O vento me tocou suavemente,
Chamando por teu nome em meu ouvido;
Agora estou mais forte e decidido,
Vontade de te amar é mais urgente.

Que o vento que ventava vente agora
Chamando pro passeio nesta praça,
Trazendo uma emoção que nunca passa,
Na proporção exata em que te adora!
Publicado em: 04/01/2009 20:10:31
Última alteração:06/03/2009 13:25:33


Jogo a toalha
Perco o rumo
Jogo feito
Aonde deito
Velha mortalha
Que enfim, assumo
Quando estrume
De costume
Amor esfume
E deixe rastros
Sem seus lastros
Astros; vago
Afago a faca
E beijo o corte.
A corte, a sorte
A morte, o pote
Quebrado dos sonhos
Medonhos mergulhos
Marulhos
e perdas...
pedregulhos...
Publicado em: 08/01/2009 10:42:04
Última alteração:06/03/2009 11:48:17



Joguete em tuas mãos
Certeza do vazio
Que nada mais se cria
Após a tempestade.
Não pude evitar
Nem levitar
Apenas a queda.
Acidada a esperança
Resta a incerteza
Virá?
Será?
Servidão...
Publicado em: 23/01/2009 11:36:54
Última alteração:06/03/2009 07:04:30

A solidão aos poucos me domina,
E deixa o meu caminho tenebroso,
Vivendo do passado, seca a mina
Aonde o dia fora generoso.
O medo de sofrer tudo extermina,
Deixando tão somente o frio gozo
Da noite que se passa- eterno não,
Nos braços mais cruéis da solidão...
Publicado em: 11/02/2009 20:18:51
Última alteração:06/03/2009 06:47:22



Dançávamos
Corríamos
E o tempo mansamente
Percorria estrelas entre fogos de artifício.
No ofício de ser feliz
A juventude, a mocidade...
Sonhávamos países melhores
Justiça e solidariedade.
Penhores de almas pueris.
Na poeira ficamos
Somos o que dividimos
Jamais o que somamos...
Múltipla ação
Multiplicação...
Cansaço.
Acendo o cigarro
E me perco no gargalo do horizonte...
Publicado em: 13/05/2009 14:52:16
Última alteração:17/03/2010 20:43:28



Faço versos com carinho
E preciso deste afeto,
Já não posso ir mais sozinho
Neste rumo predileto
Pois sou como um passarinho
Que perdendo agora o ninho
Vive em busca de sossego
E por isso é que me apego
Nos teus braços, teu carinho.
Ando feito um cabra cego
Sem destino ou direção,
A saudade inda carrego
Dentro do seu coração
Mergulhando em cada espinho
Procurando a salvação
Nada tenho em meu caminho
Só desgraça e provação
Se não fosse este jeitinho
Provocando esta emoção
O seu pobre passarinho
Voando num vôo tão cego
Rastejava pelo chão...
Publicado em: 16/01/2010 15:53:36
Última alteração:14/03/2010 20:43:04



Geminares
Quereres
Querências
Iguais
Carências
Se completando
Num átimo
Otimizando
A vida
Ávida
De vida
Sem dúvida
Nem dívida
Jamais se divida
A vida
De quem
Irmana
Os desejos
E os passos
Também...
Publicado em: 24/04/2008 21:49:16
Última alteração:21/10/2008 13:30:42




Coração acelerado
Vai ouvindo a tua voz,
Quero amor,sempre a meu lado,
Bem juntinho em fortes nós
O meu rio, alvoroçado
No teu corpo quer a foz...

Publicado em: 14/05/2008 19:29:33
Última alteração:21/10/2008 14:41:35



eu e você, juntinhos
As nuvens vão vagando pelo céu,
Barquinho em correnteza, de papel,
O canto da ciranda cirandou.

Encontrei a morena amor sem dó,
Na terra que sonhara, em Tororó,
Nos braços da morena agora estou.

O anel que era de vidro se quebrou
O amor que era tão pouco se acabou
Apenas a lembrança inda ciranda,

Do bosque solidão achei o anjo
Num grupo sertanejo toca banjo,
Assim a minha infância já desanda.

O gato já fugiu de dona Chica,
Minha morena, agora ficou rica,
Foi de marré, marré, marré dici,

Sobrou essa morena em minha rede,
O resto? Pendurado na parede,
Morreu? Bem, na verdade, mora aqui!
Publicado em: 11/09/2008 19:34:17
Última alteração:17/10/2008 14:57:23




Cantando sonhos, ilusões fagueiras,
Os sons encheram os meus dias sós;
Notas sublimes, ternas e brejeiras,
À minha vida, sempre trazem voz.

Mas como as ilusões são passageiras,
Só me restou este silêncio atroz;
Sumiram do horizonte, nas esteiras,
Os sonhos meus, nas asas do albatroz!

E quando a tempestade deu lugar
Às virações das tardes mais amenas,
Nas lembranças febris, fui procurar

Aquele canto que a tristeza embuça;
E vi que me restou, do sonho, apenas,
Um coração tristonho que soluça...

Mas sinto que este canto que ouço agora,
Do vento da esperança verdadeira,
Chegando, meu amor, sem saber hora,
Mostrando tua face bela, inteira.

Nas lembranças que trago, na memória,
O rosto enamorado da mulher,
Que mostra, com sorrisos, a vitória
Daquele que te quis e que te quer.

Não deixe, meu amor, que isto se acabe.
A vida sem te ter, não mais me importa.
Não deixe que este sonho se desabe,
Nem deixe minha vida, quase morta.

Por isso, neste sonho em que te vi,
Um coração risonho, enfim, sorri...

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
Publicado em: 06/02/2007 21:59:42
Última alteração:28/10/2008 18:28:09



Mas nada que me impedisse
De ser feliz.
A não ser o vento triste
Que trouxe amor em bocados
E fazendo dos meus medos
Arremedos e disfarces.
Amor que tem mil faces
Embaça minha visão.
Não me peça mais perdão
Não há bem que se perdure
Mesmo alma que cure
Alma que não se procure.
No boteco da saudade
Tanto gole de conhaque
Vivendo mais de araque
Que da tal felicidade
Que traz sombra
Na verdade
Mas, sinceridade,
Quem não gosta?
Amor sempre se aposta
Embora tanto desgosta
No salto do vira-bosta
No pulo do coração.
Receite amor, seu doutor.
Vais ver quanto que cresce
A sua freguesia.
Amor é vida vadia
Mordendo, depois assopra,
Acalma e depois alopra.
Faz pecado e sacristão,
Na prancha que não surfei
Onde mares naveguei
Onde oceanos passei.
Mas eu não sei nadar!

Por falar em natação
A nada ação
Também dói.
Embora menos um pouco,
Receba a sorte miúda
E tenha a vida graúda
Nas asas dessa paixão.
Da cor de uma graúna
Dureza tem da braúna
Coloque a tua escuna
E parta para o vazio.
Quem sabe no novo cio
O ócio não se desfaça.
Amor é minha cachaça
Embora não saiba amar.
Também eu sou abstêmio!

No reverso da medalha
Amor não me atrapalha
Apenas compensa a pena
Que na pena da saudade
Bateu asas, avoou...
Publicado em: 02/10/2008 08:37:35
Última alteração:02/10/2008 13:40:55


Sei que não sou perfeito e não serei.
Eu trago um triste fardo e nunca nego
Dos ancestrais humanos e carrego
Com toda mansidão que sempre usei.

Quem sabe seus pecados dá um passo
Importante na busca do perdão
E mata, pouco a pouco, a solidão.
A mão que me desenha esquece o traço

Mostrado num espelho que destrói.
Não fale dos meus erros como sendo
Aqueles que condenam, mesmo crendo
Que conhecer-se sempre só constrói...

Mas sei por que sempre ages desta forma,
Te dá prazer saber: não sou perfeito.
Com isso também se achas no direito
De romper sem temor a regra e norma.

Teu regozijo, sinto, em minhas falhas.
Escute eu nunca quero o teu fracasso.
Mas serás mais feliz se romper laço
Atado nos meus atos que embaralhas

Com os teus. Pressentindo vou dizer;
Querida tu procuras teu disfarce
Tentando te encontrar na minha face;
E nisso desfrutar do teu prazer!
Publicado em: 03/11/2008 18:07:50
Última alteração:06/11/2008 12:11:30



Amor que me entregaste foi mentira
Do mesmo jeito trouxe vê se tira...
Quando te encontrei julguei sereia.
Agora que conheço me despeço
Não quero carregar na minha veia
Tal amor que, por certo, não mereço.
Não quero me enredar na tua teia
Nem quero despencar pois sei tropeço
O fogo que te queima me incendeia
O monte de tal Vênus desconheço.
Nas linhas que concebo verticais
A mão que me pediste foi-se embora.
Os cantos que me contas são banais
O medo do destino me tortura.
Teu quadro, na parede, não decora.
É muito mais bonita essa moldura...
Publicado em: 17/11/2008 15:36:18
Última alteração:06/03/2009 18:53:15



Caio a teus pés servil e delirante
Amando como nunca imaginei
Porém quando meu passo vacilante
Em tantas madrugadas que passei
Esperam pela lua que não veio,
Deitado no remanso do teu seio...

Como fui tão estúpido, querida,
Não sabes deste amor que é colossal.
Porquanto quanto tempo andei na vida
Em busca deste amor fenomenal.
Agora nas agruras que carrego,
Meu peito navegante, não sossego...

No brilho destes tantos pirilampos
Fugazes como amores e prazeres,
Passando por estradas, sendas, campos,
Espero, meu amor o que tu queres,
Eu vivo tão somente por pensar
Que a noite me trará novo luar...

As lágrimas que trago são febris
E cortam, latejantes os meus dias...
Será que inda mereço ser feliz
E ter uns poucos anos de alegrias
Ao fim desta jornada tão doída
Nos braços da mulher por mim, querida...

Amor que qual mortalha dilacera
E teima em queimar tão friamente.
A boca que me morde e me tempera
Nas horas mais cruéis tão firmemente.
Reveses que carrego se acumulam,
Amores que vieram me estimulam...

Mas nada do que penso será cedo,
A morte talvez seja meu castigo,
Quem teve nessa vida tanto medo,
Não sabe que viver é um perigo.
Agora que não posso mais fingir,
Perdoe meu amor se vou partir...

A porta da chegada é da partida,
O campo dos prazeres e das dores.
A morte se aproxima dolorida
Em vão, quero beijar divinas flores...
Não sabes do que trago no passado,
Amor que sempre foi meu triste fado....

Mas nada me impediu de te querer,
Embalde tantas vezes te perdi.
Sangrando desde sempre quero crer
Que sempre estiveste por aqui...
Mas cada vez que penso distancio,
O canto que te trouxe, duro e frio...

Não vejo mais saída, quero o cais,
Perdendo cada vez sempre distante,
Amor que não terei, enfim jamais,
Envolto nas saudades, delirante...
O sentimento queima, duro e forte.
Amada, te desejo boa sorte...
Publicado em: 18/11/2008 14:31:30
Última alteração:06/03/2009 19:04:28



Quantas vezes almas e perdões,
Mentes e sangria...
Boêmia, bares e cerveja.
Bares e mentes, sangue e garrafas.
Aspas e melodias.
MPB e rock, pedra vai rolar.
Amar e cachaça. Canalha e galhardia.
Novas mentiras e danças.
Mansas e agressivas culpas.
Desculpas.
Dez, dez para as duas...
Viva a revolução!!!!
Arroz, feijão, saúde...
Nada mais resta, presta ou investe.
O medo reveste. O filho o fio o medo...
Segredos de um botequim...
Choro e chorinho, esperanças...
Danças e mudanças.
Avanços e remansos.
Revoluções!!!

No fundo éramos felizes...
Publicado em: 19/11/2008 12:15:53
Última alteração:06/03/2009 19:02:1


Por que não sei falar dessa maneira,
Usando os verbos vagos, virulentos,
É que perdi meu tempo, uma bandeira,
Desfraldada por sobre os excrementos
De quem tentou ferir sobremaneira
A quem amara, em todos os momentos.
A vida me ensinando não temer,
Eu vou correndo sempre, mas por quê?

Quis tragar melodias e senzalas,
Não pude mais conter esse chicote.
Mas as costas lanhadas onde exalas,
Não me deixam sinal, quebrei o pote...
Traduzindo seara, levo malas
Em busca da saída, vou a trote.
Mas queria viver teus novos dias,
Nas nocivas franquezas que medias...

Num ato de belíssima vontade,
Misturando, sagaz, novas cantigas.
No que não poderemos crer saudade,
Eram senão pedradas mais antigas.
Coram, cegam, feroz realidade.
Queimando como fosses tais urtigas,
As que na alma repetem cantinelas,
As mesmas que quisemos, serem delas...

No meu karma sei pétrea solidão,
Onde navegaria tantos portos.
No dizer sim, queria tanto o não,
Carregando por certo, velhos mortos.
Na melhor melodia que verão,
Perderei tantos rumos, que sei tortos.
Minha lança, lanceta e confraria,
Nos bares e botecos; dê sangria...

Capuccino, cachaça, chá e mate,
Novos sabores, fluidos paladares;
Da vida sempre torta, um arremate.
Nos teus olhos repletos dos altares,
Brilham loucos fantasmas do combate...
Revejo minha triste lucidez
Quem me dera perder a minha vez...

Pus e sangue, mistura delicada,
Que, emanando de todos os meus dedos;
Fazem-me saber, como está errada
A vida que criei de meus segredos.
Quando permiti noite, madrugada,
Deixei armazenados os meus medos...
Num quero nem concebo liberdade,
Vagando pelos parques da cidade...

Nascido nessas terras das Gerais,
No que pude sentir, foi tudo a esmo.
Não temo nem tempestas, vendavais,
Criado, de cedinho, com torresmo.
Em meio a cercanias sem jornais,
Aos olhos dessa noite, sou o mesmo...
De pequeno, nutrido com coragem,
Desse rio, conheço fundo e margem...

Fui ninado com sangue e com melaço,
Rasguei no mundo berro e valentia.
Peito duro, mineiro, ferro e aço,
Criado a tapa, restos, serventia...
Força nos olhos, pernas e no laço,
Por onde acordei, vida sem valia.
Traquinagem, comer sem saber faca,
Beber da fonte, tetas dessa vaca...

Orgasmos madrugada, tua saia...
No canto, no curral, em pleno mato,
Nem sei de mar, vivendo minha praia
Na beira doce, peixes no regato...
Em plena confusão, rabo da arraia,
Na morte fiz carinho, sei dar trato...
Quebrando minha perna, sem ter pena,
De longe, traz as pernas da morena...

Vadio violão foi meu resgate,
No colo dessa serra, serenata...
Saudade faz que mata, dá empate,
Menina, levantei a tua bata...
Preciso, cafuné, que alguém me trate,
Eu quero te lavar nessa cascata.
Jogando nessas pedras da ribeira,
Teu corpo, penetrando-te, mineira...

Costeleta da Serra D´Espinhaço,
Fiz cabelo, bigode e barba, tudo...
Eu quero me deitar no teu cansaço,
Guardando meu diploma, meu canudo,
Em meio a tuas pernas, teu regaço...
Entrando mais calado, saio mudo.
Talvez me guardes todos os mistérios,
Nem temo teus amores, nem venéreos...

Cresci sofrendo tapa e pescoção,
Na lida atroz, enxada e cavadeira.
Nos brejos, sem temer por podridão,
A vida foi completa escarradeira.
Vacina de menino, de peão,
É feita de porrada, a vida inteira...
Das vespas que mordiam, fiz meu mel,
Da lida mais difícil trouxe céu...

Meu medo foi ter medo de lutar,
Não quis compressa, quero bisturi.
Cada ferida nova que brotar,
Capítulo relido que vivi...
Somente meus, serão; velho luar,
Os olhos desse amor que já perdi...
Capricho sem temer, por resultado,
Os cortes que sangrei, apaixonado...

Recebendo a herança mais maldita,
O traste que pariu minha cadeia;
Não queira meu Senhor, que se repita,
A bosta que transcorre em minha veia...
Minha mãe, talvez, fosse mais bonita,
Se não tivesse sido uma sereia...
Que o boto mais pilantra desse mundo,
Safado caboclim, um verme imundo...

Criado sem ter beira nem paragem,
Escravo desde o dia de nascido.
A vida preparou a sacanagem,
Bem no olho dessa serra, fui cuspido.
Quase que me perdi na traquinagem,
Mas, embora isso tudo, fui crescido...
Vômito de mendigo esfomeado,
Coragem coração, fez cadeado...

Meu cigarro da palha mais curtida,
No milharal da vida, colhi nada.
Serei por certo, servo e despedida
Nunca saberei sorte e tabuada,
Mas não reclamo nada dessa vida,
Estou vivo, e se dane essa embolada.
Na poeira joguei nome e meu futuro,
A morte me espreitando trás do muro...

Fiz cósca em cascavel, minha tapera,
Tem as portas abertas para a morte.
Não temo solidão, nem bicho fera;
Eu queimo, em toda curva, a minha sorte.
Cachaça com limão, vida tempera,
Bem no meu coração, de grande porte,
Cravei as verdadeiras, duras, garras.
Não quero mais saber dessas amarras...

Veloz, eu fugirei dessa saudade,
A saudade de nunca mais ter sido.
A saudade feroz, felicidade,
Que nunca mais terei, nem conhecido.
Oprime o peito, face essa verdade,
A de não ter, jamais, nem ser nascido...
Queria, por momento simplesmente,
Um segundo sequer, me sentir gente...
Publicado em: 21/11/2008 12:05:50
Última alteração:06/03/2009 17:02:00


Nos pomos de teus seios, as romãs
Que colho com desejos e prazeres.
Iluminando em paz minhas manhãs,
Banquetes desfrutados, mil talheres,
Amor em sedução, um louco afã,
Aonde te darei o que quiseres,
O beijo mais gostoso, o meu carinho,
O gosto de hortelã, maçã e vinho...
Publicado em: 14/05/2008 08:23:09
Última alteração:21/10/2008 14:38:33


Momentos diversos
De nossas vidas.
Enquanto buscavas
A luz
Eu mergulhava nas
Treva.
Foste um brilho,
Por um momento
Pensei ser eterno.
Publicado em: 23/05/2008 12:39:35
Última alteração:21/10/2008 06:39:57


Escancarando à luz tua nudez,
Ao detalhar teu corpo, uma magia
Que inebriando, abrindo a minha fome,
Narcoses em volúpia, fantasia...

Recebo teus fulgores, noite intensa
E neles adentrando, sou feliz.
Pretendo cada dose que ofereces
E peço, novamente, quero bis...

Sentindo cada gozo se espalhando
Na cama, nos meus lábios, nos lençóis,
Fornalhas e lareiras quando acendes,
Fulguras em milhões, bilhões de sóis...
Publicado em: 27/05/2008 12:34:45
Última alteração:21/10/2008 15:20:23



Estou dentro de ti
Adentro os teus caminhos
Achando eu me perdi,
Em loucos descaminhos,
Vencendo os teus temores
Pudores e receios,
Embarco meus amores,
Nos olhos, boca e seios,
Recendes ao prazer
Que nada mais importa
A vida a refazer
O sonho em que se aporta
O mundo em doce intenso
Delícias méis e risos,
Amor que sei imenso
Imanta os paraísos
E vamos vida afora
Agora e sempre mais
A vida rememora
Desejo imenso cais
Que é feito no torpor
De um toque benfazejo
Em ato, pleno amor,
Deságuo o meu desejo...
Publicado em: 25/06/2008 16:31:30
Última alteração:19/10/2008 21:30:24



Na mão viola
Paz e guerra.
Terras distantes
Gaiola aberta
Fascinantes hinos
Meninos
Soltos no quintal.
A lua qual espada
Corta a noite em raios
Claros.
Luta e vitória
Histórias do passado
Guerreiros que não vi
Amores estrelando
Fantasias...
Publicado em: 31/07/2008 11:48:37
Última alteração:19/10/2008 22:02:44


Alma e matéria
Distintos caminhos
Que a gente percorre
Por vezes sozinhos.
Jazendo uma saudade
Na margem de outro rio,
Querer felicidade
É mais que desafio.
Eu bebo o teu segredo
Segregas os meus sonhos
Amor não diz de medo,
Mergulhos tão risonhos
Metade diz que sim
Metade diz que não
Mas sigo sempre assim,
Nas rendas da paixão.
Cadenciando o passo
Chegando ao infinito
Ganhando cada espaço
Prazer sendo o meu rito.
Você bem poderia
Sentir quanto eu te quero,
Viver esta alegria,
No amor que tanto espero...
Publicado em: 05/08/2008 14:07:41
Última alteração:19/10/2008 22:14:43



Perder-me no teu amor
É saber que me encontrei
Sou agora um vencedor
Nada jamais temerei,
No teu colo encantador
Com certeza sou um rei,
Desfrutando cada gozo
Nosso amor é tão gostoso!

Vem comigo nesta estrada
Que conduz ao infinito
Nessa senda iluminada
O caminho mais bonito
Eu te quero minha amada,
Teu carinho eu necessito,
Vamos juntos noite e dia,
Rumo à nossa fantasia..
Publicado em: 14/08/2008 10:02:49
Última alteração:19/10/2008 20:07:52



-Perdão, se em pensamentos te magoei,
Pois este ultraje sei que não mereces.
-Perdão, se quando fiz as minhas preces,
Pela Santa, um instante, eu te troquei...

-Perdão, se nos meu sonhos, apareces
Nas formas em que mais te desejei...
-Perdão, se dos teus olhos eu me afastei,
Antes que deste afeto, tu soubesses...

-Perdão, pelos poemas que não fiz,
Falando deste amor com que sonhei!
-Perdão, mulher se as emoções febris

Guardei-as, para mim, em pensamento
E se busco olvidar-te – agora sei -,
Não consigo esquecer-te, um só momento!

Perdão se nos caminhos mais distantes,
Meu pensamento em ti, eu não tirei,
Se em tantas fantasias, delirantes,
Acima de mim mesmo, eu te adorei.

Perdão se sempre busco teu olhar,
Na noite mais tristonha e tão vazia.
Perdão se tantas vezes meu cantar,
Teu nome, só teu nome, repetia...

Perdão se não consigo mais conter
O sentimento imenso que me toma.
Só vivo por teu gozo e teu prazer.
Tu és os meus caminhos, tu és Roma.

E sangro uma saudade sem igual.
Distante de teu corpo sensual...

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
Publicado em: 04/09/2008 09:25:07
Última alteração:17/10/2008 14:29:02


Dos lagos onde, ninfa, se banhava
Beleza dessa deusa semi nua.
Num flerte delirante a bela lua
Em toda a densa mata repousava.

Os olhos comovidos e tão ternos
Emocionadamente todo astral
Descia deste espaço sideral
Em mágica beleza mais eternos...

A deusa não sabia deste encanto
E nem se dava conta da beleza
De toda apaixonada natureza
Nesta maravilha, um doce canto...

E Deus ao ver também a bela cena
Num momento de raro e louco amor,
Ao ver a bela deusa, cara flor,
Nos deu toda a beleza da açucena!
Publicado em: 09/09/2008 15:16:27
Última alteração:17/10/2008 14:35:23


Amor não perca tempo
Que o nosso passatempo
Se o tempo passa rápido
Esquece-se depois.
Nós dois em pleno ato
Retrato de um retrato
Espelho sem recato,
No fato consumado.
Agora sem demora
Que a noite vai embora
E assim amor aflora
Na flora e no quintal
Formando um elo eterno
Entre o que não mais quero
E o que já mascarei.
Não cobro o que não vem
Mas se eu perder o trem,
Nem mesmo Jaçanã;
Apenas amanhã.
Publicado em: 12/09/2008 14:39:06
Última alteração:17/10/2008 13:23:49



Amor que tanto mimo escusa-se de engano.
Minha alma feita seixo, em águas se lavava.
Qual alga neste mar, nos sonhos flutuava.
A noite que chegou, promete duro dano.

Quem sabe deste amor, se lava em desengano.
Em calmaria audaz traz vulcânica lava.
Na boca, mais mordaz, a faca, em costas, crava.
Amor sabe procela, embarca no oceano...

Vestígios de saudade, a tarde sempre traz.
O rumo do meu verso, a lágrima distrai.
A tarde em minha vida, ao meio dia cai,
De tudo que escrevi, só peço a minha paz.

Não sou mais controverso, aguardo teu recado,
O mar deste universo, espreito da janela.
A cor desta morena ou jambo ou canela.
O mote que me deste, escuro e maltratado

Peço-te não perdoe, espero teu castigo;
A mão anda cansada, estreita, dura, em prece.
Amor que tanto mimo, a lua não merece.
Depois de tanta coisa, eu quero estar contigo.

Um carro em disparada, a rua é tão deserta,
O manto da alvorada, estrelas são a linha.
Amor que se conteve, agora não és minha!
Depois de tanta luta, esqueces minha oferta.

Bendita claridade! Embora esteja escuro.
O vão já se desaba e caio desta ponte.
No meu olhar, distante, aguardo um horizonte.
O chão , depois do tombo, eu sei que é bem mais duro.

Vestígios do que fui, te trago na bandeja.
Da santa guilhotina, o resto sempre é teu.
Na faca que me lambe, o meu amor morreu.
Amor que nunca tive, o pranto não deseja.

Repare nesta estrela... O brilho é muito escasso.
Cometa repentino, espero um novo dia.
Agora, não se esqueça, a velha fantasia.
O mundo me carrega, aguardo um novo passo.

Em verso alexandrino, eu canto esta desdita.
O sol que não raiou, estrela que não veio...
O mundo que restou... Só quero ter teu seio.
A noite me embriaga... A cachaça é maldita!
Publicado em: 13/09/2008 20:33:33
Última alteração:17/10/2008 13:27:14



Estás em cada sonho
Adentras cada verso,
O mundo mais risonho
Percebo no universo
Que encontro no teu corpo,
Estrela que me guia,
Decerto o belo porto
Que aporto em poesia.
Beijando calmamente
Teus lábios poderei
Saber o que ora sente
Quem faz do amor a lei.
Nos mares de prazer
Que em ti, quero e procuro,
Na sorte de sentir
Cabeça em rodopio,
Estendo o meu porvir,
Nas mãos que fantasio,
Vencendo esta distância
Num átimo eu encontro
Amor que em elegância
Renega o desencontro.
Estrela que me guia,
Em meio aos vendavais,
Do amor em alegria
Eu bebo e quero mais.
Estrela que me guia,
Me leve para o sul,
Nos braços da guria,
A vida sempre azul.
Publicado em: 17/09/2008 18:56:33
Última alteração:17/10/2008 13:56:08



Cordilheiras gigantes, montes, cumes...
No salto extasiante da pantera,
Num laivo mais sutil, tantos ciúmes...
A febre desejosa da quimera...
Na mão que me açoitava, teus perfumes,
Os vértices, os prumos, minha espera,
Deliro mas não ouves meus queixumes.
Ah! Se tu fosses minha... Quem me dera...

Nos olhos vaticínios indefesos,
Traduzes as visões destes profetas.
Cativos meus amores morrem presos
Nos desejos ferozes, domadora...
Porquanto meus martírios quis ascetas,
A boca não sacia e te procura,
A cada novo beijo, nova cura,
E sempre que te quero mais inteira,
Os olhos revirando, amor aflora
Na noite onde te mostras verdadeira
Desmaias loucos gozos, redentora!
Publicado em: 18/09/2008 11:27:00
Última alteração:03/10/2008 13:55:56

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