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Tuesday, December 14, 2010

Sou dos mato lá de Minas,
Coração tamanho trem,
Não me importo com ninguém,
Solto a rédea, voam crinas.
Meu cavalo segue em frente
Direção já nem me importa,
Se eu meu peito está contente,
Não respeito trinco ou porta.
Sou filhote do demônio,
Primo-irmão deste capeta,
Como disse Zé Antonio
Que se dane a carrapeta,
Sem ter olhos no passado,
Já não tenho mais futuro.
Não atendo mais recado,
O meu céu pra sempre escuro.
Se eu te pego deste jeito
Que o diabo diz que quer,
Beijo a boca, meto os peito,
Venha ser minha mulher
Que depois da meia-noite,
Os teus medos logo somem,
Os meus lábios são açoite
Coração de lobisomem.
Fecho a porta, abro a janela,
Deixa a saudade chegar.
Minha estrela, a mesma dela,
Entra logo e faz brilhar.
Roubo a sela do corcel
Beijo o vento e a tempestade
Sem medo de coronel,
Arrebento qualquer grade,
Liberdade, o mais quero,
Sem ter presos os meus pés,
Com asas de quero-quero
Olha a terra de viés.
E te vendo ali deitada
Convidando para a festa,
Vou rompendo a madrugada
Boto fogo na floresta
E depois não quero nada,
O que faço? Isso não presta....
Publicado em: 02/10/2008 18:11:29


ISSO VAI DAR MERDA...
Iam 4 pessoas num vagão de um trem.
Uma mulher, o namorado, um velho, e um bêbado.
Quando o bilheteiro avisou que iam passar por um túnel.
Aí a mulher pensou:
-Aí, se esse bêbado me apalpar meu namorado vai dar-lhe uma bofetada.
E o namorado:
Humm. esse bebum vai apalpar minha garota, mais ela vai se irritar e vai lhe dar um tapão.
O bebum:
-Vou passar a mão nessa gostosa.
O velho:
-Isso vai dar merda.
O trem entra no túnel, fica escuro, houvesse um grito seguido de um estalo de
AHHHHH!!!!!!!POF
O trem sai do túnel.
O velho:
- Sabia que ia dar merda!
O namorado:
-O bebum se engraçou com minha garota e ela deu-lhe um tapa.
A moça:
-O bebum me apalpou!!! Mais meu namorado deu-lhe um soco!
O bebum sorridente:
-Apalpei a dona, e dei uma porrada no velho.... hic!
Publicado em: 09/10/2008 08:09:54


INVERNO TEMPORÃO

Vida nada mais é do que caminho sem fim,
Vão marcando-a acontecimentos amargos,
Se não abrimos os olhos pensamos o ruim,
Sem nunca avançar a passos firmes, largos.

Eu vi a juventude atordoada, sem rumo,
Numa sociedade semimorta e lasciva,
Vi mendigos pedindo piedade e insumo,
E todos perguntando onde achar a saída.

Nos porões do marasmo constante,
Solidão faca de dois gumes alienante,
E o que tens, é o que vês e sentes.

Mas, somos o que vemos, ou dementes?
O que vemos é o que nos tenta e trai,
Inverna à toa, só ver verão quando sai.

WalterBRios


O que dizer do que se chama vida?
Repúdio, lágrimas, martírio, dor?
Não poderia conceber amor,
Nunca tive remansos. Vi, perdida,

A juventude, alheio, sem saída...
Quisera piedade, por favor...
Sentira simplesmente tal pavor
Que só pensava, enfim, na despedida...

Conheci os salões da solidão,
Num marasmo, inconstante. Coração
Dizendo nada, nada repetindo...

Vieste, mansamente, tempestade...
N'outono temporã felicidade.
Mas, triste, meu inverno já vem vindo...

Marcos Loures
>
Publicado em: 08/09/2006 10:25:46



Inverno e Primavera

"Por muito frio que seja o inverno, é sempre seguido pela primavera."

Eddie Vedder


Quando partiste, amor, me deixaste perdido...
Minha manhã vazia, a vida em desatino...
Maldisse a vida tanto, o mundo e meu destino...
Seria bem melhor, é certo, ter morrido!

Nessa ferida aberta, um pranto desvalido,
Um lamento cruel, coração assassino!
A morte, em plena vida, um canto em desafino...
Como se para a treva, em vida, tivesse ido...

Mas hoje, ao ver distante, o templo desta dor,
Amor que fora gelo, agora me traz flor
Brotada desse adubo: a morte da quimera!

Do frio deste inverno, a solidão, surgiu
Florida e perfumada. A vida que era vil,
Se transforma, um segundo, em bela primavera!
Publicado em: 21/11/2006 18:53:59
Última alteração:10/12/2006 16:22:41



INUTILIDADES...
As coisas que não voltam
O tempo que se foi
A perda inevitável
O gosto do vazio
Cerzindo uma ilusão...
Sem vento, o que fazer?
Seguir a esmo
O mesmo passo
O traço o tema
Sem lema,
Algema nos meus olhos,
Esgarçando a fantasia.
Inútil minha queixa
Decifro teus sinais,
Mas sem vento,
Jamais eu verei cais...
Publicado em: 15/03/2008 16:33:34
Última alteração:22/10/2008 14:35:46



Inspirado nos teus versos
Vai liberto o coração
Ultrapassa os universos
Tomado por emoção...
Publicado em: 01/03/2008 22:41:38
Última alteração:22/10/2008 13:39:58



Inteiro pra mim // Todo o sonho

Livre do tempo // Abrindo as asas

para sempre // procurando

meu... // sentimento

Mara Pupin // Marcos Loures
Publicado em: 02/04/2007 19:30:47
Última alteração:28/10/2008 06:07:34


Chuva de prata/ Melodiosa serenata/Banha minha alma

XAMA

Intensa claridade
Tomando toda a cena,
Beleza que me invade
Delírio em lua plena

Queria, na verdade,
O que este corpo acena,
Tanta felicidade
Delícia que serena.

Na mão da poetisa
Destreza de um buril
Que encanta quem a lê

O verso suaviza
De forma tão sutil
Perfumes de um buquê...
Publicado em: 19/01/2009 17:17:40
Última alteração:06/03/2009 07:17:32




Amor nos engrandece e traz façanhas
Às vidas que se fazem desejosas.
As horas sem te ter são tão estranhas,
Ao lado teu se tornam fabulosas.
Vontades de reter-te são tamanhas,
Que excedem outras sendas maviosas.
Amor se faz sutil e verdadeiro
No canto que traçamos, costumeiro.

Erguido sobre pés que foram feros,
Jamais o nosso amor foi movediço.
Tu és o sonhei e o que mais quero,
Em ti o meu sorriso ganha viço.
Atados pelos laços que eu espero,
Amor em nossa vida, bom feitiço.
Tratando com carinho a quem sempre ama
A vida nos traz glória, paz e fama...





INSENSATEZ /



Estava sozinho e triste
Mas de repente eu vi-te
Estava pomposa e leve
Naquele vestido neve
Eu quase enlouqueci
Tu percebeste tão logo
Que pôs-me em mim um fogo
Difícil de apagar -
Tristeza foi-se ao ar...

Ao ver-te bela assim,
Amor dentro de mim
Tomando-me de assalto
- Andara tão incauto-
Sem tempo de pensar,
Depressa eu me entreguei
E quando mergulhei
Na areia movediça,
Recomeçou a liça...

Desejo, amor paixão,
Ou será só tesão? -
Não sei minha sereia
A força inteira? - Meia!
Me finjo rijo - forte
Me abraças - fico fraco
Tão frágil, mole - um caco,
E é grande essa ferida -
A raiva qu'é fingida...

O fogo que me abate
Convida pro combate
Na cama e na batalha
Cortando qual navalha
O dente que me morde.
A língua da menina
Vencendo, me domina
E traz uma certeza
De amor e sobremesa


Ao derramar o leite -
Tal qual um bom azeite,
Se delicia e diz:
Estou muito feliz
E quero um pouco mais
Mal viro para o lado -
Já muito esgotado -,
Depois de duas, três
Estou na escassez

Porém mulher sedenta
Com muito não contenta
Por mais que enfim pareça
Que nada me obedeça
Depois de fazer muito.
Querendo novamente,
Não há quem isso agüente
Querer uma outra vez
Parece insensatez.

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 11/08/2007 20:47:07
Última alteração:05/11/2008 16:20:10

Nas danças e contradanças
Não me sobrou quase nada...
Guardado em minhas lembranças.
A minha infância adorada...
“hoje tem marmelada...”
Publicado em: 13/10/2006 16:26:31
Última alteração:30/10/2008 10:35:59



Nas horas senhoras sem senso,
Penso e não compensas.
As ofensas caricias...
Os meus olhos
Molhos
Folhas de papel,
Correnteza, faço barcos.
O pião entrou na roda o pião entrou na roda, o pião...
Publicado em: 27/09/2007 19:13:25
Última alteração:29/10/2008 15:11:16



Amanhã é outro dia alguém me disse
Por mais que tu queiras a esperança
Renasce como a fênix e a dança
Da vida, continua com meiguice...

Perdôo-te querida a criancice
Que tu fizeste em triste contradança
Amar não é besteira nem tolice,
É verbo que conjugo e não me cansa.

Quem vive por viver, e se faz crente
Que assim a vida segue mais contente,
Não sabe discernir qualquer romance;

Então eu resolvi dar uma chance
A vida não é um jogo nem um lance
E o sol sempre me diz bola pra frente.

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 16/08/2007 21:43:50
Última alteração:05/11/2008 15:43:02

Interessante, quantas vezes a gente sonha e nada mais acontece, somente o frio vem como resposta a tantos desejos que nos flambavam.

Sonhei em voar, pássaro sem rumo, por estrelas que não conhecerei jamais.

Luas, sombras e eternidade.

As nuvens claras se transformando em imagens fantásticas e fantasmagóricas.

Os braços abertos do céu e nada de asas.

Mas o pensamento levando-me ao infinito passa por tua casa.

Teu quintal, a sala, o quarto,

E, ao te encontrar quase nua desmaiada sobre a cama, pára e, atentamente observa.
Inquieto, muitas vezes inquieto e mutante; percebo que nada tenho a não ser essa ânsia de encontrar a mim mesmo.

Deitada na cama, blusa entreaberta, os seios aflorando sob a transparência e um sorriso preguiçoso nos teus lábios me dão a sensação plena de desejo.

Mas nada me dirás, tenho certeza e, observando-te; as asas abro e vôo.

Em busca das estrelas que nunca serão minhas.

Em busca do amor que, descansando noutro universo, se esqueceu de bater à minha porta.

Hora morta, sonhos mortos, apenas a noite que se anuncia e os últimos raios de sol.

Aquecem minhas asas e mergulho, impávido, rumo ao infinito...
Publicado em: 14/12/2006 12:34:33
Última alteração:27/10/2008 21:26:18

Sim! Desde aquela noite, os meus sonhos deixaste.
Eu nunca imaginei, um dia em esquecer-te.
Por tanto que te quis jamais pude entender-te;
Amor que já morria; em vão, não renovaste.
No mundo caminhando, apenas sou um traste.
Por certo não consigo o prazer de entreter-te.
Desculpe se, talvez, eu venho aborrecer-te;
O certo é que não amo, e por isto, magoaste.

Nesta noite passada, em perfeita harmonia,
Dormi sem ter problema, a noite não foi fria.
No manto que me cobre a alvura dum lençol.
O mar que já não tempesta. A mansidão da paz.
Um vento tão macio, a noite sempre traz...
Olhar que me queimava agora é um farol...

Que faz com que esta vida, um sonho tão bonito,
Esteja, enfim, querida, aos braços do infinito.
Publicado em: 09/02/2007 15:00:58
Última alteração:30/10/2008 07:53:29

Queimando como brasa em meu colchão
Sentindo o teu desejo em explosão
Bebendo no teu corpo inebriante.

Vivendo nosso amor sem ter juízo
Salvando minha pele em paraíso
Dormito no teu corpo amado, amante...

Roçando minha boca, devagar,
Lambendo todo o mel. Não vou parar.
Eu quero ser fiel; tuas vontades

Onde me ordenas sempre e te obedeço,
Ser tão feliz, meu Deus, enfim mereço?
Não conhecer final, saciedades...

A noite inteira assim, todas as noites,
Escondo-me em teus braços dos açoites
Que a solidão prepara pra depois.

Por isso não me deixe. Vem comigo,
Fazendo do teu corpo meu abrigo,
Neste infinito amor que é o de nós dois..

Publicado em: 31/03/2007 12:37:50
Última alteração:29/10/2008 17:40:55


Nas horas senhoras sem senso,
Penso e não compensas.
As ofensas caricias...
Os meus olhos
Molhos
Folhas de papel,
Correnteza, faço barcos.
O pião entrou na roda o pião entrou na roda, o pião...
Publicado em: 28/09/2006 20:25:27
Última alteração:30/10/2008 19:30:49



Indas e vindas
Visitas meu coração
A cada semana.
Finge que fica
Fica mas finge
Esfinge
Tu vais
No primeiro trem que passa.
-Breve voltarei.
Nova ameaça
Outra mordaça
A cachaça disfarça
Mas não alcança.
A vida avança
E a mesma contradança.
Finge que fica
E sempre vai embora.
Amor tem hora?
Amor tem tempo?
Respeito a liberdade
De chegar quando quiser.
De ir embora e, se puder
Voltar.
Mas estou cansado
Ameaça e não resiste,
Voa.
Amor moleque.
Tomara que se arrebente.
Depois a gente sente
E fica a ver navios...
Que vão para outro porto
Que vão para outro cais
E a gente?
Jamais!
Publicado em: 29/11/2006 19:27:26
Última alteração:30/10/2008 19:12:54


Indiferença
O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente. Mário Quintana

Quando a vi percebi que não notara
Nos olhos que seguiam cada passo...
Mudando meu olhar logo disfarço
Embora é tão difícil, jóia rara...

Cada vez que procuro pelas ruas
Não deixa nem sequer uma esperança.
Sei, ao chegar em casa, nem lembrança
As vozes da verdade são bem cruas

Mas devem ser ouvidas, com certeza...
Me sinto tão sozinho, abandonado...
Quem sabe se terei num novo fado
Um mundo mais repleto de leveza...

Qual flor que sempre fica no jardim
Esperando o carinho de quem passa
A morte já me ronda e me desgraça,
Indiferença mata. Estou no fim....
Publicado em: 23/11/2006 18:54:35
Última alteração:30/10/2008 18:57:50


Indulto de amor... // Desejo imenso,

Coração me perdoe// Estou feliz

perdi a razão// pois me encontrei

amei!// em paz...

Mara Pupin // Marcos Loures
Publicado em: 22/04/2007 10:41:25
Última alteração:28/10/2008 06:04:42


Não posso mais
Sem cais ou porto
Aborto o sonho
E sigo exposto
Aos corriqueiros vendavais.
Vendas de indulgências...
Que falta faz Lutero...
Espero a paz
Que redima
E nos transforme
Disformes arremedos
Do que fora semelhança...
Publicado em: 16/01/2010 10:17:46
Última alteração:14/03/2010 21:08:36

Incêndios e Demônios
Todo menino é um rei, rei das suas ilusões, de seus fantasmas e de suas reinações.
Gilberto não era exceção, moleque correndo solto pelas ruas estreitas de terra batida da Santa Martha de João Polino...
Um dos brinquedos favoritos das crianças da zona rural é a confecção de caveira de abóbora. Quem nunca morou em cidade pequena, provavelmente não conhece a alegria que dá em assustar as pessoas, principalmente com as ditas caveiras, numa alegoria parecida com a dos dias das bruxas, um dia das bruxas acaboclado.
Pega-se uma abóbora, retire todo o seu miolo, corte a casca de forma que pareça um rosto e coloque uma vela dentro e é só esperar o resultado.
Estávamos em pleno mês de agosto, mês de cachorro doido.
A seca se arrastando há longos dois meses e o mato seco, totalmente esturricado. Nem sombra de nuvens no céu, uma verdadeira seca.
Pois foi nesse cenário que Gilberto resolveu fazer a sua caveira de abóbora, escondido de dona Rita, obviamente...
Um adendo, não se soltam tantos balões no interior quanto nas grandes cidades, eu mesmo fui ter maiores contatos com os balões riscando os céus no Rio de Janeiro, apesar de ser mineiro do interior. As queimadas são assustadoras e os balões, justamente por esse motivo, são evitados.
Mas, voltando ao nosso causo, encontramos com a meninada de Santa Martha capitaneada por Gilberto, em pleno alvoroço com os preparativos das estripulias daquele dia.
Catar uma vela de dona Rita foi fácil, já que a mesma, como toda boa devota, tinha sempre uma vela de estoque, além do fato da energia elétrica, recém chegada a Santa Martha não era muito confiável.
Pois bem, noite alta, e a caveira pronta.
Pronta e assustadora. Realmente os meninos tinham caprichado na confecção do artefato.
Entre os moradores de Santa Martha, tínhamos alguns que já nem ligavam mais para essas brincadeiras mas, dona Ziquinha estava com visitas em casa, uma prima do Rio tinha chegado há alguns dias e trouxera a tira colo, uma amiga carioca, desacostumada, pois, com as traquinagens interioranas.
A tal amiga era uma senhora assustadiça e neurótica, estava até fazendo tratamento com um psiquiatra e fora aconselhada por este a passar uns dias num local tranqüilo.
Esse era o principal motivo que a levara a Santa Martha, onde o cheiro do mato, o gosto da broa de milho, o café de guarapa, a paçoca, a galinha ao molho pardo, os ovos caipiras e a comidinha feita no fogão a lenha eram reconfortantes.
Acontece que, apesar do silêncio interrompido somente pelos grilos, corujas e sapos, a nossa visitante não estava tendo os resultados desejados.
Passando alguns dias, dona Ziquinha aconselhou a sua amiga a dar umas voltas, quem sabe o ar da noite poderia ter algum efeito sobre a melancolia que atingia Maria das Graças.
Estava Gracinha caminhando serena e calma pelas ruas quando, de repente avistou a imagem fantasmagórica de uma cabeça sem corpo brilhando e rindo para ela.
Assustada, pegou uma pedra e atirou contra a escultura dos meninos.
A caveira caiu ao chão imediatamente, levando a vela acesa com ela.
Vela acesa em mato seco, imaginem o mafuá.
Corre corre para cá, o fogo alto invadindo os quintais das casas, dona Rita e João Polino com baldes de água na mão.
Ritinha chorando e rezando, Oracina, por outro lado orando e "amarrando" o demônio do incêndio, um alvoroço absoluto!
Enquanto isso, Gilberto, meio sem graça, se escondeu num beco onde encontrou a desesperada Gracinha.
A partir daquele dia, Beto arranjou uma defensora sem igual, pois nada tirava da cabeça da pobre senhora que o culpado dessa confusão era o próprio demônio que, disfarçado de caveira, ao ser atingido pela pedrada disparada por ela, se vingou ateando fogo no matagal.
O psiquiatra da pobre mulher se arrepende até hoje da péssima idéia de mandar a paciente ir para o interior a procura de paz e descanso...
Publicado em: 22/10/2008 18:12:33
Última alteração:29/10/2008 12:39:13


Amor,
Tu, somente tu sabes porque minha alma é triste, como o canto distante do pássaro ao entardecer.

Bem sabes que, em nenhum momento de minha vida, deixo de pensar em nosso amor, no eterno amor que enfeitava os meus dias, em tempos de outrora.

Mesmo após tua partida, vejo-te a meu lado, nas lembranças imorredouras de um tempo feliz e, ao recordá-lo, sinto a mesma angústia que se abateu sobre mim, logo após nossa separação.

Não, amor!

Eu não posso e nem devo lembrar o quanto te amei e o quanto lutei pelo nosso amor. Mas não consigo me livrar, um só momento, destas recordações que teimam em me sufocar.

Impossível deixar de te amar! Mais impossível ainda é imaginar que eu possa voltar a ser feliz, longe dos teus olhos, de teus carinhos, desse corpo que, um dia, foi meu, somente meu...

O tempo que se conta nos meus dias, parou, no instante em que te perdi.

Talvez tivesse sido melhor não ter te amado tanto assim, ter te esquecido, de uma vez por todas, a fim de que pudesse voltar a ser feliz.

Sim, amor.

Eu preciso esquecer que te amei, mas não consigo!

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 04/02/2007 19:49:07
Última alteração:28/10/2008 10:38:54

Amor:

Ninguém, neste mundo, é capaz de avaliar a imensa falta que você tem feito, em minha vida...

Não é possível que exista ou tenha existido um amor tão intenso, um amor tão bonito quanto o que eu tenho por você e, talvez por isso, seja impossivel acreditar que tudo se acabou.

Muitas vezes, chego a pensar que tudo não passa de um pesadelo, de um sonho mau mas, quando olho em volta, à procura de seus olhos, descubro que tudo mudou, pois não encontro você.

A dura realidade de sua ausência penetra fundo em minh’alma, trazendo-me a angústia de viver, no vazio que você deixou.

A vida sem você não vale nada e, a cada instante, morro um pouquinho mais, sufocado pela dor da sua ausência.

Ah! Amor!

Antes que seja tarde demais, eu lhe peço que volte para mim.

Por favor, venha correndo me dizer que tudo não passa de um pesadelo, antes que o desespero tome conta de toda a minha vida, destruindo o mundo de nós dois...
É impossível, amor, é impossível saber que perdi você...
Publicado em: 09/12/2006 10:24:37
Última alteração:24/10/2008 13:53:16



Impossível te esquecer// Te tatuei

No meu corpo,// Maravilhosamente

na minha alma// dentro em mim,

você presente.// eternamente

Mara Pupin// Marcos Loures

Publicado em: 29/04/2007 19:18:12
Última alteração:28/10/2008 06:04:24



IMENSO AMOR /

Se achegue mais amor, quero senti-la
Me aconchegar em ti, em ti somente
Como é gostosa a brisa alvinitente
Minh'alma à tua então se rejubila...

A vida agora não se enquizila
Vamos gozar a juventude ardente
Dá-me tua fonte; eu meu mel quente,
Gozemos pois a hora está tranqüila...

Ergamos neste gozo logo um brinde
Em taça magistral, corpo moreno,
Um céu maravilhoso se deslinde,

Vendo em tua nudez um mar imenso
De amores e carinho intenso e pleno,
Além do que sonhara e jamais penso...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 06/09/2007 21:59:24
Última alteração:05/11/2008 06:54:56



Num mar de amor imenso
Imensa claridade
Imersos nos delírios
Nos sonhos, realidade.
Vencendo mil galáxias,
Adentro nebulosas,
As noites plenilúnios,
Nas chamas mais fogosas.
Um alazão liberto
Ganhando um infinito
Concerto das estrelas,
Nos céus em belo rito
Aplaudem nosso amor
Viceja em lume e brilho.
Seguindo pelos céus
Nos rastros, claro trilho...



Viajo em nosso amor, cedo e constante
Acendo meu desejo em teu prazer.
Meu pensamento busca, a cada instante,
Delírio tão gostoso de se ter.
Tua nudez se mostra deslumbrante
Na pele tão morena, quero ser
Teu companheiro lúbrico, bacante.
Fazendo deste amor paradisíaco
A minha fonte orgástica: prazer!
Amor: nosso maior afrodisíaco!
Publicado em: 13/09/2007 21:51:49
Última alteração:29/10/2008 15:30:58


Padre e pastor
Rebanho um só
Coitada da ovelha...

Publicado em: 19/03/2007 12:44:38
Última alteração:28/10/2008 05:43:10


Iludido, eu não me canso
Vou seguindo o meu caminho
Poesia é meu remanso
Sou tão só, mas não sozinho...
Publicado em: 18/08/2008 21:57:48
Última alteração:19/10/2008 20:19:24



Na tinta dessa caneta,
Percorrendo esse papel,
Brilhando, vivo cometa,
Iluminando esse céu!
Publicado em: 26/04/2007 15:42:22
Última alteração:28/10/2008 01:05:05



Ilusões
Ilusões transformadas nos jardins
Que tento semear nesta esperança.
O vento que te trouxe já me alcança
Lembrando dos tropeços e dos fins...

Meu triste sol morrente sem futuro,
Furtando a claridade de uma lua
Parece que a tristeza continua
No templo das promessas, mais escuro...

Porém as ilusões, asas partidas
Esperam mais um dia pelo vôo.
Que nada... Tanta dor que não perdôo
Morando em nossas casas divididas.

O mar que se arrebenta feramente,
Em todas as falésias dos meus sonhos.
Repete esses momentos mais tristonhos
E quebra em suas ondas totalmente
As ilusões que teimam resistir.
A vida, mais teimosa, não quer ir
E dorme em minha cama, tristemente...
Publicado em: 30/11/2006 19:00:01
Última alteração:30/10/2008 19:11:54


Incendeio em louca chama,
Boto fogo todo dia,
A fornalha em nossa cama,
Em delícias já se ardia...
Publicado em: 22/10/2008 17:40:34


Incendiando tudo, chama intensa
________________Desse Fogo./
Lembrar-te é atear incêndios na pele/
É mirar-me nas labaredas que das tuas retinas/
Em combustão apaixonada aquecem nossas pupilas./
Resgatas-me das geleiras do descaso, ocos frios/
Aqueces-me em carinhos desdobrados/
São longos e candentes esses teus aguerridos braços./
Apraz-me o vernáculo que tua alma profere/
Apetece-me o poder desse teu olhar em mim desmedido/
Alumia minha jornada este nosso fogaréu, delicioso desvario./
Não pressuponhas que tuas ausências por vezes/
Esfriem meu corpo desejoso desse teu candente verso/
Sou brasa volátil, incessante, ardorosa do teu universo./
KARINNA__.

Incendiando tudo, chama intensa

Que ateias no meu corpo, estrela guia,
A minha noite outrora foi tão fria
E agora a chama ardendo, assim, imensa.

Além do que minha alma sonha ou pensa
Tu és o fogaréu que sempre ardia
Fomentando em nós esta ardentia
Que é para o trovador, a recompensa.

Mantendo assim aceso este braseiro,
Num incessante jogo corriqueiro
Aonde não existe um vencedor,

Em ti, o meu sustento, a minha luz
Que a imagem da fogueira reproduz
Na terna sensação de pleno ardor...
Publicado em: 02/03/2009 19:47:47
Última alteração:06/03/2009 01:37:46



Juramento



Amando quem não amava
Amado por quem amei
Tanto tempo assim passei
E nada me completava.

Um dia quis ter Maria
Mas Maria não me quis
Com Renata fui feliz
Mas não durou nem um dia.

Maria vendo Renata
Agora Maria quer!
Eu não entendo a mulher
Quanto mais ata, desata.

Vou fazer um juramento
De não tentar entender
O siso quero manter,
Se não vai perdido, ao vento...
Publicado em: 03/12/2006 00:18:36
Última alteração:30/10/2008 10:20:18



Juro que não saberia
Consertar cada remendo
Que a saudade agora cria
Solidão vai me envolvendo...
Publicado em: 19/01/2009 17:52:55
Última alteração:06/03/2009 07:16:00


Eu espero e nunca nego,
Dentro de mim só carrego
Nos mares que tanto navego,
Desde o tempo de criança;
E te canto neste verso,
Um sentimento diverso
Que transcorre no universo
E minha alma sempre alcança.

Sonhando felicidade,
Vivendo tranqüilidade
O sonho da mocidade
Minha mais forte aliança!
Transbordando em alegria,
Revigora a fantasia,
Invade essa poesia
Que te faço. Uma lembrança

Que carrego no meu peito,
Me dando todo o direito
De me sentir satisfeito
E de me dar confiança.
No novo dia que vem,
Deitadinho com meu bem,
Que tanto bem sempre tem
O sabor duma esperança!
Publicado em: 12/09/2008 13:16:14
Última alteração:17/10/2008 15:00:08



Na fornalha do meu peito
Acendi divina chama
Coração bate de um jeito
Que batendo já te chama,
Vou vivendo satisfeito
Tem alguém que assim reclama
A presença no seu leito
De quem gosta, em louca trama,
Não enfrento, meu direito,
Mais terror, pavor ou drama,
Tudo o vier aceito
Da formosa e bela dama
Meu viver anda perfeito,
Bem juntinho de quem ama...
Publicado em: 17/01/2010 10:23:29
Última alteração:14/03/2010 20:33:41




Os raios deste sol vão celebrando
A glória de um amor que não tem fim.
As horas sem notarmos vão passando
O mundo se encantando, sempre assim,
O quanto te desejo se mostrando
Nos brilhos deste sol dentro de mim.
Paixão que nos tomando é sentimento
Que traz o mundo inteiro num momento...
Publicado em: 01/04/2008 20:49:55
Última alteração:21/10/2008 16:47:58



Jogaste esta serpentina
Por cima do meu chapéu,
Pierrô sem colombina,
Fez carnaval no bordel...
Publicado em: 12/08/2008 13:59:16
Última alteração:19/10/2008 19:51:21


Jogo a sorte nestas cartas
E decerto me dou mal,
Dos meus braços quando apartas
A tristeza é sem igual...
Publicado em: 17/01/2010 16:05:59



jogo a rede pego o peixe
e depois é só fritar,
meu amor nunca me deixe
eu só quero é namorar...
Publicado em: 17/01/2010 10:59:05
Última alteração:14/03/2010 20:30:11


Jogo bola e sou goleiro,
Meu azar é por aí,
Todos chamam de frangueiro
Mas do amor me defendi...
Publicado em: 13/01/2009 17:43:47
Última alteração:06/03/2009 07:31:41


Jogo de amor


O jogo de amor tem perde e ganha
Tem vencedor e tem também vencido
Só dá empate, se for correspondido.
Amor que muito bate, também apanha. jrpalácio

É necessária, sempre, muita manha,
Senão já no final sou esquecido,
Quem faz do amor somente uma barganha,
Termina mal, o jogo está perdido. marcosloures

As cartas sobre a mesa com franqueza,
Assim não correrás qualquer perigo,
Ouvindo o que te falo meu amigo, marcosloures



Dentro da manga, então, não esconda o Ás.

Senão vai ter gemido, muito ais...

Jogo de amor, aberto, é uma beleza... jrpalácio
Publicado em: 06/11/2008 12:21:52


Baralho jogo às vezes mexe- mexe
E assim eu mexo as cartas da vizinha
Ela senta nesta mesa sem calcinha
E o dedão do pé logo se aquece.

Às vezes grita Ás, se o pé remexe
Quase dando mancada, a danadinha
Na sacanagem assim toda noitinha
E no melhor do jogo grita: Vixe!

JRPALÁCIO

Em plena jogatina eu me perdi,
Deixando para trás quem tanto amara,
A vida se tornando então amara,

Apenas o vazio eu conheci,
Aquele que se entrega na sarjeta.
Há tempos imbatível na roleta...
Publicado em: 07/01/2010 20:42:40
Última alteração:15/03/2010 08:49:20


Jogo sem jugo
Jogo sem jugo
Julgo ser assim
O enfim sós
Que tanto nós
Sem nós quisemos.
Enlace sem laços
Lances sem linces
Abraços sem aços
Nem cortes nem cardos.
Apenas assim
Ser eu ser tu
E sermos ermos e tão próximos...
Acidulando e adoçando
Ternura sem tramas
Brandura sem amos.
Esgotadas as saídas
Que nos resta?
Publicado em: 15/04/2009 15:58:06
Última alteração:17/03/2010 20:48:33

Exposto às intempéries
As nuvens em série se riem de mim.
Um servo dos sonhos
Não sirvo pra nada.
Adio meus planos
Anos e anos após.
Aposto no quanto
Talvez fosse tanto,
Mas nada no fim.
Procuro por flores
Que outrora plantei.
Plantel de esperança
Ranços e traças
Não deixaram nada.,
Nada
Mesmo nada
Que há tanto me persegue.
Ergo os meus olhos
E molhos destroçados,
Violentados,
Sem alento e sem perdão.
Exponho meu peito
Extremas unções
Monções.
Da vida, o mister,
Mistérios e mortes.
Sem Norte, capoto.
E busco nas mãos
Do Mestre o apoio.
Porém sendo joio,
Matei meu trigal.
Publicado em: 27/11/2008 07:01:36
Última alteração:06/03/2009 16:35:30


Jorrando dentro da alma as ilusões
Jorrando dentro da alma as ilusões
Das quais já nada mais posso sentir
O quanto poderia resumir
Marcando com terrores, explosões,
E sei das horas vagas que propões
E nada persistindo num porvir
Distante do que tanto pôde vir
Em várias e inconstantes emoções,
Vislumbro os meus caminhos noutro rumo,
E apenas cada instante trama o fim
Do quanto quis e nada mais sentisse
Senão a mesma dor nesta mesmice
Toando o meu caminho sempre assim.
Publicado em: 19/09/2010 08:42:38



Jorrando sem medo
Olhando pro nada
Aonde esta estada
Por vezes concedo
E assim se procedo
Buscando esta alçada
Por tanto tocada
Ausente segredo,
Resumo o meu fardo
Enquanto resguardo
Meu mundo no vão
Entrego-me ao tanto
E quando me espanto
Esqueço o verão.
Publicado em: 23/05/2010 16:59:12



Jesus Cristo, nesse mundo,
Era um simples carpinteiro.
Agora tem vagabundo,
Querendo ganhar dinheiro...
Publicado em: 22/08/2006 18:38:17
Última alteração:30/10/2008 11:04:24



Jesus
Descoberto
Desde a infância
Criança ama e perdoa.
Depois vem catecismo,
Depois vem cataclismo
E o Paraíso?
Eu vi que estava nu.
A serpente em nós
Amadurecer
É o prenúncio
Da podridão...
Publicado em: 16/01/2010 09:57:11
Última alteração:14/03/2010 21:02:01



João Polino e a Caixa de Cedro
Aquela caixinha de madeira era uma das coisas mais importantes que João Polino tinha.
Uma das mais não, a mais importante. Guardada a sete chaves não mostrava para ninguém a não ser para a sua amada Rita, mesmo assim depois de que essa jurou por todos os santos que não iria nunca revelar a existência de tal tesouro.
Não era muito bonita nem apresentava detalhes e nem entalhes, era uma pequena caixa feita de cedro, de forma quadrada com mais ou menos um palmo de altura.
Dentro dela nada havia sendo, por assim dizer, uma caixa rústica e comum; mas raríssima, ao mesmo tempo.
Não pela qualidade ou pela beleza da caixa, nem pela caixa ao menos, o que transformava tal objeto em peça única será explicado a seguir:
Nos idos de 1940, João Polino se tornara caixeiro viajante como pudemos relatar anteriormente.
Nas suas andanças pelo interior de Minas e do Espírito Santo, conhecera um turco, conhecido como Salim, embora seu nome provavelmente fosse outro, que vendia roupas e tecidos para as mocinhas curiosas e elegantes desse interior afora.
Um dia, por uma dessas desventuras que atingem-nos de vez em quando, a vida se tornara extremamente difícil para Salim. Envolvido em dívidas impagáveis, precisava urgentemente de dinheiro. E isso não era fácil, pois estamos falando de uma região decente, mas pobre, muito pobre...
Ao saber que João estava economizando dinheiro para comprar uma casinha onde iria compartilhar o amor de sua vida; Salim resolveu chorar suas mágoas com o velho amigo e pedir algum dinheiro emprestado.
João, como tinha um coração extremamente suscetível e gostava, realmente, do amigo turco, não pestanejou e emprestou cinco contos de réis a Salim.
Essa quantia era extremamente vultosa para os parâmetros da época e do lugar. Uma verdadeira fortuna!
Passados quase dois anos do empréstimo, nada de Salim falar em pagamento e, pelas vestimentas usadas por ele e, principalmente depois da compra de um carrinho, usado é verdade, pelo caixeiro, João começou a ter vontade de cobrar a dívida.
Quando falou em pagamento, Salim desconversou e alegando novas dívidas se disse impossibilitado de pagar o que devia.
João, ao perceber que tinha sido passado para trás, esperneou e falou mais alto, prometendo que iria receber o dinheiro a qualquer preço.
Sabendo da fama de brigão e bom de sela do companheiro, Salim fez uma proposta:
Já que não tinha dinheiro iria pagar com a coisa mais importante que possuía na vida, herança de seus antepassados libaneses: uma caixa.
Mas não era uma caixa qualquer, era uma caixinha de cedro feita pelo maior carpinteiro de todos os tempos.
Ele, Ele mesmo, Jesus Cristo!
Ao saber disso, sem pensar duas vezes, nosso herói aceitou tal objeto sagrado e único como forma de pagamento do empréstimo.
E, todas as noites, rezava defronte àquela relíquia com toda a fé e devoção.
Passou-se o tempo, recomeçou a ajuntar dinheiro, casou-se, mobiliou a casa e teve os filhos, um após o outro até completar seis com o nascimento da caçulinha Ritinha e a adoção do sétimo, nosso amigo Gilberto, a imagem espelhar de João Polino.
Gilberto era muito curioso e não respeitava nada dentro da casa, ainda mais que, por ser mais novo que os netos mais velhos de João e Rita, tinha os privilégios que somente os netos têm.
Um dia, sem mais nem menos, Gilberto pegou a caixa, semi apodrecida pelo tempo e corre pela sala mostrando a todos a sua nova descoberta.
A caixa de madeira, orgulho de João Polino. Ao ver o menino com aquele objeto na mão, dona Rita gritou para que ele a desse antes que João chegasse pois, senão a coisa ia pegar.
Gilberto, assustado com o grito inesperado de dona Rita deixou a caixa cair. O estrago foi imediato, com uma enorme fratura na madeira, deixando uma rachadura de ponta a ponta no objeto sagrado.
Dona Rita entrou em desespero, o que iria dizer para o marido, como impedir que esse desse uma sova em Gilberto, o que iria fazer?
Até que, num momento de serenidade, Loza, sua cunhada, teve uma brilhante idéia.
Levar a caixa até um carpinteiro conhecido em Iúna, cidade próxima, que daria jeito em dois tempos.
Combinaram que levariam a caixa para ser consertada no dia seguinte.
Chegando à carpintaria do “Seu” Juca, tiveram uma decepção gigantesca quando esse disse que não adiantaria tentar consertar o que não tinha mais conserto, devido ao fato de que a madeira estava totalmente apodrecida e não agüentaria nem uma meia sola.
Dona Rita, então, num gesto desesperado, contou a história da aquisição do objeto por João sem omitir sequer os detalhes da origem e raridade do mesmo.
Ao que, Juca não pestanejou e respondeu rápido:
“Dona Rita, o carpinteiro que fez essa caixa pode ser até Jésus mas, jamais Jesus”.
“Repare aqui no canto inferior da caixa”.
Ao que, entre decepcionada e aliviada dona Rita leu : “Fabricado em Ubá MG”.
Publicado em: 31/08/2006 15:44:53
Última alteração:26/10/2008 22:41:40



João Polino e as Tanajuras

Nos idos dos anos 40, uma das maiores pragas que assolavam Santa Martha eram as saúvas.
Houve quem disse que “ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil”. Na verdade, saúva é nome quase estranho por aquelas bandas, a danadinha é conhecida como “formiga cabeçuda” e é dessa forma mais irônica que irei tratar as famosas destruidoras.
Na época das primeiras chuvas da Primavera, principalmente após um dia muito quente, ocorre uma festa nos pequenos vilarejos Brasil a fora.
As fêmeas e os machos da espécie resolvem sair dos formigueiros para executarem o sacrossanto ato da fecundação e cumprir a norma divina do “crescei e multiplicai-vos”; nesses dias as crianças entram em total reboliço. É um tal de sair correndo atrás das fêmeas, as famosas tanajuras, e dos machos, conhecidos como bitus.
As pobres fêmeas das formigas cabeçudas, são caçadas pelos mais diversos motivos. Me recordo, até hoje, que meu pai pagava alguns trocados para quem levasse algumas guardadas num pote, é uma excelente isca para pescar.
Outras vezes, a criançada faz uma brincadeira um tanto quanto agressiva com as pobres fêmeas bundudas. Introduzindo um palito ou um pedaço de pau na “bunda” de uma tanajura alada, essa começa a bater desesperadamente suas asas, fazendo um barulho peculiar e dando voltas em torno do palito, parecendo um helicóptero tentando levantar vôo, mas com uma espécie de âncora presa na parte inferior.
As pobres tanajuras, depois de fecundadas, iam ao solo já sem as asas, se tornando presas fáceis, mesmo quando conseguiam cavar as tocas onde iriam construir um novo formigueiro.
Acontece que, por seleção natural, uma gigantesca parcela dos animais são devorados ainda no vôo pelos passarinhos ou no solo pelas esfomeadas galinhas, repasto de primeira; outras vezes, vão parar em uma farofa enriquecida com as “nádegas” fritas, servindo como um prato de raro paladar.
Conheci um colega, médico, que não perdia uma revoada de tanajuras. Fazia um dos melhores tira gostos da região!
Pois bem, a cada ano se renova a vida no mundo das formigas, com a possibilidade da criação de novos e temíveis formigueiros.
Os famintos e vegetarianos insetos, com sua capacidade de cortar qualquer tipo de folha, causam destruição ímpar nas lavouras, qualquer uma delas, não respeitando nada.
O uso de defensivos agrícolas faz com que se controle a população desse terrível animalzinho, voraz e destruidor.
Em Santa Martha não era diferente, os lavradores entrando em desespero a cada novo formigueiro criado.
Numa época em que os venenos eram de difícil acesso e de efeitos colaterais muito graves, João Polino, com seu espírito ecológico e inventivo criou uma maneira para que, sem uso de tóxicos, conseguir acabar com os famigerados formigueiros.
A fama do invento correu mundo, até chegar em Vitória, onde um engenheiro agrônomo resolveu ir a Santa Martha para que João lhe mostrasse sua engenhosa descoberta.
Encontrar João Polino não foi muito fácil, pois estávamos em plena primavera, época da reprodução dos insetos.
Mas, depois de vários quilômetros e horas de procura, o nosso engenheiro encontrou João em plena atividade, num dos sítios mais afetados pela peste.
Por mais que João tentasse disfarçar, não teve jeito, o engenheiro vendo o nosso amigo com uma caixinha na mão, perguntou o que era,
João respondeu rápido: rapé!
-Rapé? Perguntou o engenheiro.
-Sim, faz parte do meu invento.
-Como assim?
-Simples, coloque um pouco de rapé na porta do formigueiro.
-E aí?
- Coloque uma pedrinha próxima ao rapé.
-E depois?
-Seu moço, é só a formiga cheirar o rapé e espirra, e quando der o espirro, bate a cabeça na pedra e morre. Assim é que eu acabo com os formigueiros!
Publicado em: 03/09/2006 10:25:20
Última alteração:26/10/2008 22:41:45


João Polino e Jimico
Naquela tarde, João Polino não queria fazer mais nada, a não ser descansar e olhar para as nuvens.
Aos oitenta e quatro anos, dera para olhar para as nuvens e tentar adivinhar os desenhos que elas, porventura, faziam.
Já se ia muito distante o tempo em que corria atrás dos passarinhos, armando arapucas e alçapões.
Menino ainda, tivera que trabalhar, mas a delícia do correr livre, dono de todas as artimanhas e estradas, sabia todas as manhas dos bichos do mato.
Sabia a luta do tatu pela sobrevivência, cercado pelos cães, cavando rápido o buraco na terra e se tornando inatingível.
Sabia o canto dos passarinhos em busca de fêmeas, encontrando muitas vezes o estilingue certeiro de João Polino.
Quantas rolinhas e inhambus viraram almoço para o moleque descalço que corria pelas cercanias de Santa Martha...
Trazia, do lado, a garrucha velha e quase sem serventia, a não ser valentia. Mas valentia boba, sem necessidade, simples falácia e farsa.
Fora sempre de paz, as confusões em que se metera, foram simples invencionices de menino falastrão.
O vilarejo crescera, nesses quase oitenta anos; já contava com quase cem moradias. Algo extraordinário para quem vira, praticamente, nascer o povoado.
As primeiras casas de pau a pique, com teto de sapé, ( eles insistem em chamar de sapé, embora o dicionário diz ser sapê), sem luz, por onde a cobra entrava para mamar na mulher e deixar a criança mamando, faminta, o rabo; ludibriando, assim, a boa fé da pobre mãe da criança.
O sapo cururu cantando no rio e pulando de frio...
Frio, a casa fria sem luz, sem móveis, sem conforto.
Mas, as crianças cresceram ali, sem luxo mas com dignidade.
A missa aos domingos representava o banho na véspera e os pés tinham que se adaptar aos sapatos.
Sapatos cobertos com as galochas, para não se enlamearem, nos dias de chuva, nem para ficarem empoeirados, nos dias de sol.
O fogão a lenha fazia as delícias que sua mãe e sua irmã, Oracina, tão bem sabiam fazer.
A batata doce assada, o café de guarapa, a lingüiça de porco, a carne de lata, guardada na banha. A broa de fubá quentinha, de manhã, antes de ir para o trabalho.
Delícias que o tempo levara para nunca mais.
Agora, o conforto da eletricidade e do calçamento das ruas, aposentaram a serpentina e a galocha.
João sabia que o tempo era outro, que a vida era outra, mas a saudade insistia em bater na porta.
Saudade da mulher, nova e bonita, a menina que esperara crescer para poder ser sua. Sua mulher, mãe de seus oito filhos.
Seis vingaram e cresceram fortes e trabalhadores.
Mas todos tinham aquele ar de liberdade que João cultivara desde menino.
Nos idos dos anos sessenta, quando os guerrilheiros resolveram invadir o Caparaó, a casa de João serviu de abrigo para aqueles moços que falavam em liberdade.
Do palavreado deles restou o “camarada”, repetido a toda hora pelo velho libertário.
Aprendera a ser, teimosamente, da oposição. A qualquer um, desde que fosse governo.
Nunca se cansava de dizer que tempo bom, “era o tempo de antes”, mal percebendo que falava não do mundo, mas do seu mundo, saudoso dos seus vinte, trinta anos...
Mas, com o nascimento de seu neto caçula, dera para se transportar para a doçura da infância.
O João valentão, temerário, sonhador, dera lugar ao avô extremamente dedicado, apaixonado por aquele menino lourinho, ruço, que andava pela casa a fazer todas as artes possíveis e imagináveis.
O pai do menino, Marcos, permitia uma liberdade absoluta para o garoto, o que trazia, na lembrança de João, seus dias de menino criado pelas irmãs e pela mãe, já quase idosa.
Temporão, avô aos oitenta e dois anos. Tragando de novo, a infância livre nos olhos e gestos do “Jimico”, forma carinhosa que chamava o garotinho.
Agora, não sabia bem porquê, dera de olhar para as nuvens e tentar adivinhar as formas que elas desenhavam no céu, mal sabendo que ali estava o resgate da felicidade escondida, num tempo distante e reacendida pelo moleque ruçinho que anda correndo, solto, pela casa...
Publicado em: 06/08/2006 04:21:09
Última alteração:26/10/2008 22:30:42


João Polino e o Lobisomem
A lua em Santa Martha tem uma beleza ímpar. À época dessa historia, então, era de uma claridade ofuscante, ainda mais se fosse cheia.
Lua cheia inspira todos os poetas, ainda mais quando não há além dela, senão as bruxuleantes luminosidades que vêm dos candeeiros a querosene.
Isso era o que acontecia na década de quarenta, quando a iluminação tanto pública quanto nas residências era somente uma utopia.
João Polino, nesse tempo um jovem de pouco mais de vinte anos, dono de uma invejável valentia e de uma força inigualável, um verdadeiro sertanejo, acompanhado de uma indefectível garrucha, para o caso de ter que usar contra cães do mato, onças pintadas ou jagunços, reis da emboscada.
João era de boa paz, mas nada impedia de que houvesse alguma tocaia, por quaisquer motivos, ou mesmo sem.
A terra era sem lei, não tinha ninguém para coibir a violência que campeava, ainda mais por que a sede do município, Alegre, distava mais de cinqüenta quilômetros de terra batida e, muitas vezes, intransitável.
Noite de lua cheia, numa sexta feira, não tinha erro: lobisomem na certa.
E, em Santa Martha não era diferente. O lobisomem local era um jovem estranho: calado, ensimesmado, não se dando com nenhum morador do vilarejo, exceto João Polino, pois esse não tinha medo de nada e de ninguém.
Nos últimos meses, começaram a aparecer sinais da presença do Lobisomem. Durante a madrugada, várias vezes se ouvia um uivo longínquo, acompanhado do grito desesperado das galinhas e do gado.
No dia seguinte, a constatação: algumas cabeças de gado desaparecidas e muitas penas de galinha com o sangue espalhado sobre o chão, sinal da passagem do bicho.
Todos os habitantes começaram a olhar desconfiados para o pobre Joaquim, o nosso suspeito de lobisomagem.
Este, acuado e tímido, não respondia a nenhuma insinuação que fizessem, conversando somente com João Polino, a quem negava qualquer participação nos acontecidos.
João, entre preocupado com o gado que mantinha numa pequena propriedade próxima ao distrito e com o pobre Lobisomem, resolveu tentar tirar a limpo a história.
Corajosamente, resolveu amarrar seu amigo Joaquim numa pilastra, dentro de sua casa, e esperar pelo que aconteceria.
Naquela noite, ao ver que seu amigo mantinha-se acorrentado e ouvindo, distante os sons costumeiros, chegou a uma conclusão. Realmente, seu amigo não era lobisomem.
Mas, se não fosse ele, quem seria e como descobriria?
Astuto como ele só, João resolveu armar uma arapuca para descobrir o malfeitor e o malfeito.
Durante um mês, espalhou que tinha comprado umas vacas holandesas para leite, que eram campeoníssimas, tendo vencido exposições de gado até na longínqua São José do Calçado.
O assunto em Santa Martha não era outro, quando é que vinham as vaquinhas, quanto custou, etc.
João, perspicaz, ao ver na folhinha que a próxima lua cheia seria em cinco de agosto, deu a data do dia cinco, como a da chegada do gado.
Na data marcada, em conluio com o seu amigo Joaquim Lobisomem , ficou de tocaia à espera do maldito lobisomem.
Para sua surpresa, o que viu o deixou de queixo caído.
Um dos mais importantes coronéis de Santa Martha, seu Leôncio, estava chegando, disfarçadamente, com mais dois jagunços, na sua propriedade. Traziam algumas facas e, ao começarem a uivar alto, um deles foi até o galinheiro e matou algumas das mais gordas galinhas de João Polino.
Com o alvoroço formado, correram até ao curral, onde principiaram a laçar as vacas, pobre vaquinhas...
Nesse ínterim, João Polino, abismado com o que vira, partiu em direção ao curral e, garrucha em punho, começou a xingar e desafiar o coronel trambiqueiro.
Sem perceber, João foi agarrado e amarrado pelos jagunços do Coronel, que se preparava para esfaquear nosso herói.
Mas, subitamente, se ouviu um gemido assustador. Quando olharam para trás, puderam perceber, um lobo gigantesco, de pé, uivando e babando.
Em pânico, largaram João e saíram correndo, em desabalada carreira.
Quando João ficou a sós com o lobisomem, sem apresentar nenhum sinal de medo, chamou-o, carinhosamente, pelo nome.
Surpreendentemente, Joaquim se abaixou e começou a lamber, carinhosamente, as mãos de seu amigo.
E partiu, para nunca mais voltar, nas noites de sexta feira de lua cheia em Santa Martha...
Publicado em: 13/08/2006 11:05:21
Última alteração:26/10/2008 22:30:53


João Polino e o Mar Azul
O mar é azul, e isso ninguém pode negar. Acontece que, em Santa Martha, distante do mar e próximo da montanha, essa realidade traz fantasias maravilhosas sobre o tamanho, a cor e o sabor salgado da imensidão marinha...
João Polino ,meninote ainda, resolveu ir sozinho ao Rio de Janeiro. Coisa quase impossível àquela época, nos anos trinta. Estradas de terra sem nenhuma pavimentação, teria que ir a cavalo até Alegre e depois pegar um ônibus que o levaria à cidade Maravilhosa.
Mas nada é impossível quando os sonhos são grandes e a força de vontade maior ainda, e esse era o caso do nosso herói.
Num dia de domingo, nos idos de março, montou o seu cavalo, prometendo trazer a água do mar, pelo menos um cantil, para a sua amada irmã e quase mãe Oracina...
Dias longos e difíceis nas costas de um cavalo cansado e envelhecido, um verdadeiro rocim quixotesco, iam os dois, o jovem cavaleiro e o velho animal descendo a serra do Caparaó.
Dinheiro? Quase não levava, o bastante para pagar as passagens de ônibus entre Alegre e o Rio de Janeiro. Coragem muita, dono dos fantásticos e irresponsáveis dezesseis anos de idade.
A noite trazia as suas armadilhas e era melhor dormir, deitado sob a luz da lua e ouvindo a sinfonia de grilos, sapos e corujas. Claridade, somente a dos pirilampos que povoavam os sonhos do nosso amigo.
Passa-se o primeiro dia, o segundo e no terceiro dia da aventura, o imprevisível aconteceu. O cavalo, cansado da viagem, deitou-se e não mais se levantou.
O que fazer? Como poderia seguir adiante?
Para sua sorte, estava próximo de Alegre, deixara Celina para trás e a serra agora estava acabando, numa descida cheia de curvas e desesperanças...
Voltar atrás seria a decisão de qualquer um mas, quem disse que João Polino era qualquer um?
Herói que se preza não pode temer intempéries nem dificuldades e, promessa feita era para ser cumprida.
Faltavam poucos quilômetros para chegar em Alegre e isso era o bastante.
Mas, o dinheiro que levava não daria para a volta, já que teria que comprar ou, pelo menos, alugar um outro corcel.
A decisão cruel, embora a única possível, se apresentou. Teria que comprar um cavalo em Alegre e reiniciar a viagem, de volta...
Mas, pensamento rápido como o de João era raro e, teve uma brilhante idéia.
Água azul, mar azul, água salgada e mar salgado...
Oracina não perdia por esperar!
Numa vendinha no centro de Alegre, João resolveu os seus problemas.
Comprou um tablete de anil e um quilo de sal.
A água poderia ser do rio Norte mesmo, o cantil esperava a água marinha...
Não deu outra, três dias depois, Oracina tinha em suas mãos a mais legítima água azul e salgada do mar nas suas mãos...
Publicado em: 30/08/2006 19:43:03
Última alteração:26/10/2008 22:41:35



João Polino e os Morcegos
A noite, na roça, tem mistérios que justificam a afirmativa de Shakespeare de que “há mais mistérios entre o céu e a terra do que imagina nossa vã filosofia”.
Esse famosa frase do maior teatrólogo de todos os tempos, nunca chegou aos ouvidos de João Polino mas, o seu significado, era compreendido pelo mesmo que sempre dizia; “ nesse mato tem coelho”...
Vez em quando, na época em que começara a namorar sua amada Rita, João era obrigado a viajar por quilômetros e quilômetros a pé ou a cavalo para encontrar-se com sua amada.
A noite de Santa Martha era iluminada pelos candeeiros acesos e pelas lamparinas de querosene que deixam um certo aspecto fantasmagórico no povoado.
Bruxuleante, isso, bruxuleante, de bruxos e bruxas.
Bruxas como a Zefina Capadócia, famosa pelas curas e feitiços, desde amarrar o futuro de uma pessoa até abrir os caminhos de outra.
Dona Rita, católica fervorosa, não acreditava em nada disso mas, João Polino, que acendia uma vela pra Deus e outra pro diabo, não tinha dúvidas; a mulher era feiticeira mesmo, e das brabas...
Um dia, muito tempo depois disso, já com três filhos e esperando o quarto, dona Rita apareceu com um quadro esquisito.
Tossia e tossia, vez em quando chegava a vomitar. Aquela catarreira toda, denunciando um quadro pulmonar ligado ao excesso de poeira. Não chovia faziam alguns meses e a situação estava ficando calamitosa.
João, depois de ter ido à Igreja e pedido as bênçãos do Padre, sem resultados, resolveu, escondido de dona Rita, procurar a feiticeira.
Essa, esperta como ela só, e sabedora da baixa umidade que estava afetando o distrito e sabendo que, em situações parecidas, na capital emergente do país, Brasília, as pessoas resolviam o problema colocando uma bacia com água debaixo da cama, explicou a João o que teria que fazer para melhorar o quadro alérgico de Dona Rita.
Obviamente, não cobrava nada pelas consultas e pelos conselhos mas, como o caso era de difícil solução, explicou a João o que precisava ser feito.
Teriam que conseguir uma bacia repleta de urina de morcego para ser colocada por cima do guarda roupa , disfarçadamente, sem que dona Rita soubesse, para que funcionasse a magia.
João, entre crédulo e desesperado, já que tudo o que tinham ensinado não tinha adiantado, aceitou a sugestão e foi à caça dos morcegos.
Até que encontrou uma quantidade razoável dos mamíferos voadores, mas encher um balde de urina de morcego, convenhamos, é difícil até para o nosso engenhoso herói.
Dona Zefina, entendida dos assuntos extra terrestres e para normais, disse ao nosso amigo que, por uma módica quantia, poderia conseguir um pouco da tal urina, que era o último balde que ela possuía, essas coisas...
João, aceitou imediatamente tal oferta e retornou para casa, escondendo o pequeno balde e, sem que ninguém percebesse, escondeu-o em cima do guarda roupas, atrás de umas peças do enxoval de Maria, sua filha mais velha...
Passa um dia, passam dois, três, uma semana...
O cheiro da urina estava impregnando o quarto todo, e a casa começara a sentir os efeitos do “trabalho” ordenado pela bruxa...
Dona Rita estando nos últimos dias da gravidez, não poderia fazer nada, cabendo aos meninos, Maria e Joãozinho, o trabalho de limparem a casa...
E lava pra cá, esfrega pra lá e a catinga não desaparecia de forma alguma.
Claro que ajudada por uma frente fria que trouxe uma semana de chuvas contínuas e salvadoras, a “gripe” de dona Rita melhorou mas, a fedentina continuava, piorando a cada minuto que passava.
Até que, a vida tem suas coincidências que são, deveras, salvadoras, uma amiga de infância de dona Rita apareceu para visitar a família.
Após os preparativos e metade de um vidro de perfume gasto, a visita quis ver o enxoval de Maria.
Seu João tentou disfarçar mas dona Rita foi incisiva. Nessas alturas do campeonato, Joãozinho já tinha pego uma cadeira e estava subindo para pegar as peças do enxoval.
João Polino, preocupado, resolveu tentar impedira a ação do filho mas, era tarde demais.
Quando Joãozinho estava puxando os lençóis, fronhas e colchas, ao ouvir o berro de Seu João, assustou-se.
O balde veio junto e foi um festival de xixi caindo sobre todo mundo, principalmente sobre a visita curiosa.
Xixi não, urina fermentada e devidamente concentrada.
João Polino, mais que depressa, saiu do quarto e tentou se esconder da ira de Dona Rita; Maria, por outro lado, ao ver as peças do seu enxoval empapuçadas com aquela substância asquerosa, começou a chorar e xingar, xingar e se maldizer, se maldizer e chorar...
Joãozinho, todo molhado, com os cabelos grudados, passava a mão na cabeça e lamentava-se.
A visita foi embora jurando nunca mais voltar àquela casa de loucos...
E a morcegona, digo, Dona Zefina, pagava as contas na vendinha do seu Joaquim, feliz da vida...
Publicado em: 03/09/2006 21:42:26
Última alteração:30/10/2008 19:32:20




Jogado nas ruas
Jogado nas ruas
Entregue às rapinas
Corpos de meninas
Bonitas e nuas
Aonde cultuas
As dores fascinas
Também exterminas
As carnes mais cruas
Recebo em desdém
O quanto convém
A quem mais pudesse
Sentir a promessa
No corpo tropeça
Rezando uma prece.
Publicado em: 23/05/2010 16:58:51


Jessica



Menina loira dos olhos verdes
O que fizeste com meus prazeres?
Acabastes com todos sem perdão,
Quando em um momento de paixão
Encheste de esperança meu coração.
Ele aguarda seco outro beijo
Para realizar seu desejo
De não estar mais seco não.

RENATO LOURES LOUREIRO
Publicado em: 05/09/2007 12:16:06
Última alteração:29/10/2008 15:33:42



Quero viver feliz, morrer em paz
Nos braços da pantera desdentada
Que finge que ressona e não quer nada,
Vivendo por viver, mas aqui jaz.

Feliz sem ilusão, estrela morta,
O ranço da saudade é pura cena.
Tua mão, um adeus, já me acena,
Querida, por favor, feche essa porta.

O vento que chegou ali do lado
Gargalha e não ecoa sentimento.
Esqueça que vivemos esse vento
Até por que me encontro resfriado.

Nada mais versejei nem mais versejo
A lua sem ter brilho, fecha o ciclo.
E cada novo dia me reciclo
De velho, continua meu desejo.
Que pede, sem ciúme ou ironia
Que tranque essa janela quase aberta.
O brilho no teu corpo, esteja certa,
Ainda me provoca a fantasia.
E nada do que sei nada resiste
Ao medo de não ser e nada fui
Castelo que não vivo, morre e rui
O sonho de te amar, jamais existe.
Apenas sortilégios dessa sorte
Que trouxe tua vida em minha, exposta.
Amor quando abortado cria crosta
Nem deu pra dedicar a minha morte.

Agora que a janela está fechada,
Não vejo mais sentido em procurar
A lua que negou o seu luar,
Amor que não brotou, sem alvorada...
Publicado em: 14/12/2006 15:43:48
Última alteração:30/10/2008 08:45:28

Jararaca tem veneno,
Mas não tem porque ela quer,
Eu não resisto ao aceno
Dos olhos de uma mulher...
Publicado em: 07/08/2008 16:00:11
Última alteração:19/10/2008 22:20:23



Embora não consigo disfarçar
A alegria que invade minha noite,
Temendo por final e duro açoite
Nas horas mais difíceis de sonhar
Esqueço que jamais, felicidade
Esteve do meu lado, por um dia,
E toda minha louca fantasia
Espera por temível crueldade!

As dores em minha alma, vil colméia
Aguardam pelas flores, doce mel,
Porém o meu destino tão cruel,
Só fez brotar carnívora dionéia!
Publicado em: 29/11/2006 18:17:44
Última alteração:30/10/2008 19:13:18


Jardim sem flores
Minha esperança morreu
Na curva de teu desejo
Minha vida virou breu
Onde encontrarei teu beijo?
Minha pobre alma, avezinha
Agora canta sozinha...

Me recordo de teu beijo,
Nas sombras dessa mangueira
O que fazer do desejo
Te esperei a vida inteira...
Hoje meu amor findou,
Me responde o quê que sou?

Meu jardim já não tem flores,
Cadê a flor do desejo?
Onde estão nossos amores,
Morreram... Faltou teu beijo,
A lembrança traz saudade
Teu amor quis liberdade!

Meu passarinho voou
Da gaiola já fugiu
Pouca coisa ele deixou
Tanta dor ele pariu...
Amor me dê o teu beijo,
Vem matar o meu desejo...

Não deixaste nem meu sonho,
Nas estradas vou sozinho,
O meu barco, aonde eu ponho?
Eu já morri, passarinho...
Amor me dê o teu beijo,
Vem matar o meu desejo...
Publicado em: 22/10/2006 12:33:17
Última alteração:30/10/2008 19:28:55

jardineiro sabe bem
jardineiro sabe bem
destas flores que cultiva
regando como convém
florescendo a sempre-viva
Publicado em: 17/01/2010 13:24:45
Última alteração:14/03/2010 20:21:49

JARDINS DAS ILUSÕES
eu plantei uma roseira
nos jardins das ilusões,
as saudades costumeiras
impediram florações....


Publicado em: 27/08/2008 21:03:17
Última alteração:19/10/2008 20:36:12



JAMAIS TE ESQUECEREI
X
Eu quero te dizer da eternidade
De todo sentimento que carrego,
Amor demais assim, eu nunca nego;

Trazendo, para mim, felicidade!
Te espero numa curva do caminho
Braços abertos, pronto pra te ter...

Amor que tanta tenho me faz crer
Que tem a qualidade do bom vinho
Com o tempo, aumentando sempre mais!

É nobre sentimento que domina,
Espero teu amor minha menina,
Eu não vou te esquecer, amor, jamais!
Publicado em: 28/05/2008 09:31:42
Última alteração:21/10/2008 15:25:23

Jandira


A vida nunca mais seria a mesma!

Ele sabia bem disso e tentava, de qualquer jeito, recomeçar.

Um novo começo era muito difícil, mas se fazia urgente e inevitável.

Recebera um último aviso de seu avô, morto há quase vinte anos.

Era vital para todos, a sua mudança.

O avô era forte, impressionantemente forte e, por isso, respeitado.

Todas as entidades o tinham como um espírito de luz, um guerreiro.

Filho de Xangô, não admitia injustiças, nem perdoava-as.

Vander fora criado pelas tias, duas solteironas frágeis e magricelas, quase tísicas e pelo avô, forte e marcante.

Na mansão de Botafogo, na rua São Clemente, brincava entre as árvores do pomar.

A velha mangueira e a jabuticabeira eram as prediletas.

Doces frutos e sabor de infância.
Mas, com a morte de seu avô, a situação econômica da família foi por água abaixo.

Da mãe, somente as notícias, vagas lembranças de um contato no final da tarde de um sábado e a foto, bela foto de uma mulher com os olhos perdidos.

No Hospital, o nome dela estava arquivado para sempre: esquizofrenia.

De resto, a proximidade do verão trazia as moças bonitas e as suas saias... Adolescente tímido, sem amigos, ensimesmado. “Outro esquizofrênico”,pensavam as tias.
Mas não, era tímido, somente isso.

Daquela timidez voraz que impede o contato com estranhos e limita a monossilábicos diálogos com os mais próximos.
Timidez confundida com incapacidade, mas o tempo provaria o contrário.

Recebera de herança da mãe, um enorme desejo de liberdade, olhando para o céu, onde a imaginava, deu para caminhar a esmo pela praia.

A enseada de Botafogo, lá pelas cinco, seis horas da manhã, tinha um fiel companheiro.

As ondas quebrando nas pernas secas, magras, ossudas.

Morto o avô, nada restou de Botafogo, somente as lembranças.

Quintino, o trem, a estação..
.
A escola Quinze, onde outros meninos, abandonados e órfãos faziam companhia a Vander.

O temperamento mudava pouco a pouco.

Excelente aluno, começara a sobressair-se entre os outros. Isso gerava admiração e revolta.

Ambas eram motivos para aprender a se defender. Os pescoções e os tapas, os pontapés, a navalha percorrendo a carne, o colega morto.

A vida seguindo entre as grades e a necessidade. Fome e espancamento.

Dezoito anos, hora de sair.

Só, sem mais ninguém, resolveu conhecer a mãe e se reencontrar com o avô.

Paulo, colega de escola, irmão de Jandira, bela Jandira.
Com eles, passou a freqüentar um Centro Espírita em Cascadura.

O avô e a mãe, volta e meia apareciam, em meio a um turbilhão de espíritos de diversos matizes.
Mãe louca, mãe boa, mãe.

Agora o avô, não. Esse era altivo e rabugento.

Não gostara de saber que o rapaz estava envolvido em pequenos furtos, quando soube do assassinato de Paulo e o porquê, o velho resolveu intervir.

Bastava já de tantas e tantas besteiras. Precisava recomeçar a vida.

Recomeçar onde e como?

As tias estavam numa quase mendicância, parece que no interior de Minas, Minas não há mais e agora?

Agora restava Jandira, ignorante nas causas e no autor da morte do irmão.

Jandira, companheira, primeiras experiências, as dele, pois ela já se doutorara nas artes e desastres dos prazeres.

Noites quentes, calor embrasador e a boca de Jandira percorrendo todo o corpo, arrepios e prazer, muito prazer.

Pegar Jandira e partir para o mundo, mundo vasto, vasto mundo, Vander e Jandira, estrada comprida...

Cumprira a primeira etapa da viagem, chegou a Espera Feliz, cidade na Zona da Mata mineira.

Pequena e hospitaleira, Espera Feliz acolhera a ambos, sem mais delongas e perguntas.

Começara a trabalhar na colheita do café, ele e Jandira, ambos fortes e sem medo.

Entre os pés de café, a jararaca, o bote, a quase morte.

Soro salvador, quase mata: doença do soro.

Salvo pelo Dr. Ben Hur, médico afamado por aquelas bandas.

Jandira, agora com dois filhos, dois morenos chorões e catarrentos que traziam alegria e medo.

Medo do futuro, mas Deus é bom, dizia Jandira.

Os primeiros sintomas da doença apareceram em pouco tempo.
Cabeça doendo, corpo doente. Intoxicação por agrotóxico.
A vida não poderia ser mais cruel.

Maldita a hora em que Jandira fora pedir a um pai de santo local a ajuda para curar a doença do companheiro.

Paulo, com todas as palavras, dizia através do cavalo onde se incorporara.
-Assassino!
Quem?
-Vander, assassino!
Como?

A perplexidade tomou conta de todos os que estavam no Centro, todos, menos Jandira.

A cura fora completa, o avô interviera com Xangô e tudo parecia estar bem.

A machadada foi perfeita.

Nem o milagroso Dr. Ben-Hur conseguiu dar jeito...
Publicado em: 09/12/2006 16:40:42
Última alteração:10/12/2006 10:48:50

Jamais pude me esquecer
Da morena tão faceira,
Sem amor e sem prazer
Venha morte, mais ligeira...
Publicado em: 19/01/2009 13:51:55
Última alteração:06/03/2009 07:17:56



Helianto que se entrega ao sol luzente
Recebe tal calor que o sustenta.
À noite em solidão, tristeza sente,
Sua beleza imensa não ostenta.
Também assim minha alma já pressente
O fim desta paixão tão violenta.
No frio de um inverno vai morrendo,
Final que prenuncia, ledo, horrendo...

Os olhos da saudade, desumanos,
Tomando dia a dia seu assento.
Banhando em dores, medos, desenganos,
Eu juro que procuro, busco e tento,
Mas nada do que dizes, tantos planos,
Deixa meu coração, triste, a contento.
Se fomos bons amantes, eu não sei,
Só sinto é que jamais te esquecerei...
Publicado em: 26/05/2007 15:05:16
Última alteração:29/10/2008 17:46:23





Menino no banheiro
sola um sonho só de gozo
entre a mão e o chuveiro.


Anibal Beça

-Já vou! Grita o menino que já fomos.
A mãe impaciente não descansa.
A foto da modelo, seios, pomos,
A gruta desejada não se alcança.

As mãos tão ocupadas fazem festa
E a mãe vai insistindo lá de fora.
A coxa da morena é só o que resta
Espera mais um pouco. Vou agora...

E nisso, sua prima está chegando,
Com fogo de moleca aborrecente.
De novo recomeça imaginando

Aquilo que se vê, mas não se sente.
- Espere mais um pouco, tô saindo.
( Pois a felicidade já vem vindo )
Publicado em: 16/08/2007 10:12:06
Última alteração:14/10/2008 12:33:32



Jacaré nada de costas
Onde houver muita piranha,
Eu te gosto, mas não gostas,
Quando o desejo te assanha...
Publicado em: 06/01/2009 18:56:04
Última alteração:06/03/2009 12:11:53

Jacaré no seco anda?
Me disseram que ele atola
Coração pesa de banda
Se a morena não der bola...
Publicado em: 13/01/2009 17:47:13
Última alteração:06/03/2009 07:31:25


Um filhote de jacu
Que fugiu do velho ninho
Todo mundo procurando
Pelo pobre jacuzinho.

Ah Jacu fujão
Que tremenda confusão
Este bichinho provoca
Se escondendo sob a saia
Vai subindo igual lacraia
Quer entrar na sua toca...

Um filhote de jacu
Que fugiu do velho ninho
Todo mundo procurando
Pelo pobre jacuzinho.
Publicado em: 26/08/2008 21:28:14
Última alteração:17/10/2008 17:12:51


Já não tenho mais coragem
De seguir assim sozinho,
Prosseguindo esta viagem
Retornando ao velho ninho...
Publicado em: 17/01/2010 13:52:36
Última alteração:14/03/2010 20:17:13



Já não vejo outra saída
Para quem amou demais,
Esquecer a própria vida,
Destruir seu porto e cais...
Publicado em: 13/01/2009 17:59:54
Última alteração:06/03/2009 07:31:08

já não durmo mais sozinho
encontrei quem me quisesse,
aquecendo então meu ninho,
fiz valer a minha prece...
Publicado em: 17/01/2010 10:30:25
Última alteração:14/03/2010 20:33:36



Já não faço mais um verso
Que não fale da saudade,
Todo sonho é tão perverso
A tristeza então me invade...
Publicado em: 19/01/2009 17:51:40
Última alteração:06/03/2009 07:16:03



já não falo que é sandice
este amor que jamais deixo,
quanto sonho ele me disse
deste amor nunca me queixo...
Publicado em: 17/01/2010 15:30:04

Já não perco tanto tempo
Com alguém que não me quer
Eu não sou, pois, passatempo
só procura se quiser?
Publicado em: 17/01/2010 13:01:20
Última alteração:14/03/2010 20:22:27

Já não posso mais sonhar
Com quem foi e não voltou,
A saudade a maltratar
Quem demais sempre sonhou...
Publicado em: 19/01/2009 18:05:16
Última alteração:06/03/2009 07:14:35

Já não posso nem lembrar
De quem foi pra nunca mais,
A saudade a provocar
Mostra cenas sempre iguais.
Publicado em: 19/01/2009 17:49:31
Última alteração:06/03/2009 07:16:11

Já não quero mais quem tanto
Desejei noutro momento,
Se o amor traz desencanto,
Solidão? Nem mais lamento...
Publicado em: 13/01/2009 18:01:36
Última alteração:06/03/2009 07:31:04



Já não quero tanto medo
Vou vencer este cansaço
Coração acorda cedo
Para deitar no teu braço...

Publicado em: 05/01/2009 17:34:15
Última alteração:06/03/2009 12:32:46


Quando quisermos obter alguma coisa, devemos pensar nas nossas limitações e na nossa capacidade de luta e de trabalho.

Sem muito esforço, as nossas conquistas perdem o valor, mas os nossos sonhos não podem se prender à realidade que conhecemos.

Eu sonho alto e sigo em frente, na busca do meu objetivo.

Se eu cair, sei que poderei levantar e prosseguir na caminhada.

Se eu morrer, outros encontrarão o brilho que deixei, na minha escalada por um mundo melhor, onde a PAZ e o AMOR sejam nas maiores ambições de todos.

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 23/02/2007 13:53:40
Última alteração:27/10/2008 19:46:28



Lute e, se preciso, lute. Não relute!
A cada novo dia uma disputa,
Na luta que não finda-se no dia.
Em cada novo sonho, rebeldia,
Viver é transformar a pedra bruta.

Teus sonhos são um campo de batalha
Não deixe, simplesmente de luta,
E Faça o teu jardim neste luar,
A força de vontade em tudo espalha.

Não deixe que esse medo te domine,
Nem mesmo solidão cessa teu brilho.
Amar completamente, um estribilho
Não há dor, neste mundo, que alucine

E não deixe vencer, se tu quiseres.
Perceba em cada guerra, tua gana.
Em tudo brilhará é soberana.
E sempre que lutar, teus caracteres...

Amigo, és vencedor não se esqueça.
Perceba que jamais nada derrota
Aquele que não perde sua rota.
E na dificuldade, sempre cresça!

Assim, depois de toda caminhada,
Quando a noite chegar em tua vida.
Não falarás jamais em despedida.
Apenas continua tua estrada...
Publicado em: 27/11/2006 16:05:30



Luvas de pelica
Luvas de pelica?
Convenhamos pode ser até educado,
Mas que é aboiolado, é...
Publicado em: 10/09/2008 21:44:41
Última alteração:17/10/2008 14:47:42


Lua que se deu
Em clara florescência
Dolência inesquecível
Nos ócios deste amor.
Cintila enquanto toma
Meu sonho totalmente.
Toando de repente
O quanto que se sente
Amor que é feito em soma...

ML
Publicado em: 23/02/2008 19:46:16
Última alteração:22/10/2008 17:30:13



A lua no sertão, meu amor sertanejo...
Abrindo essa janela a lua, intensa brilha.
Promete a minha vida imensa maravilha.
A lua se esbaldando, espelha meu desejo...
Vem cá minha morena, espero por teu beijo.
A lua faz o claro, então vamos na trilha.
As urzes no caminho, espreita e armadilha;
Um sonho cristalino; olhar brilhante vejo!

A lua, companheira, anseia pela aurora.
Estrela tão formosa, a cena se decora!
Ó lua do sertão! Meu sonho e minha luz!
A noite em minha vida decerto quer a lua
Que sempre que nasce, tão bela continua,
Olhando a minha amada, a lua se seduz.
Amor que me deixou, roubou a claridade.
A lua que carrego, a lua da cidade...
Da lua do sertão, ficou só a saudade...
Publicado em: 11/12/2006 22:35:43
Última alteração:30/10/2008 09:13:21


LOUVAÇÕES / AO MEU POETA GONÇALVES REIS

LOUVAÇÕES

Mais uma vez celebro-te amigo
Ah versos esses tão inebriantes
Ricos de imagens sons – que eu persigo
Canções que entusiasmam em instantes
Outrora sem élan – e sem abrigo
Sorrisos, perfeições tão inconstantes
Vivendo aquele sonho já antigo...
Agora escrevo, outrora, como antes
Ler-te diariamente é como um prêmio
Eu fico impressionado com seu gênio
Rimando e escrevendo em abundância
Imerso em cada eu – em cada ânsia –,
Os seus versos celebram variedades
Milhares são as personalidades...



AO MEU POETA

Ao contemplar a letra que floresce
Não adianta não se impressionar
Na sua lavra o pólen pelo ar
Aterriçando ao coração que aquece
Relendo e lendo até não enjoar
Imensos... Quem os lê jamais esquece
Nos versos de saudade e de prece
Os sons e cadência a eternizar...
Louvar a lavra linda e leda letra
Ouvir a musicalidade que penetra
Um dia alcançarei a minha meta
Reconhecer que estou pelo caminho
É bom e satisfaz como um bom vinho
Seguir-te quero! E ser qual tu poeta!


OBRIGADO QUERIDO AMIGO





Publicado em: 03/09/2007 20:33:53

Lua esverdeada

Na noite fria, o vento passando pelas gretas da porta, assoviando como a tosse da mãe, dolorosa tosse.
A morte rondando a cidade, à bala e à fome, armas constantes apontadas sobre o morro.
Os irmãos, todos os nove, dormem abraçados e seminus. O cobertor não dá para todos, os menores sofrem mais, descobertos.
A irmã mais velha, barriga grande, esperando mais um para completar a dezena, mas desta vez outra geração será inaugurada.
Nova geração, miséria antiga, fome constante.
A garrafa de cachaça pela metade denuncia que o pai está em casa. Ainda bem.
O pai em casa, coisa rara, é sinal de comida amanhã.
O arroz e o feijão no prato, minguado prato do dia-a-dia, poderia com certeza estar acompanhado de algo mais, quem sabe um naco de carne ou de frango.
Vida dura, durando muito para quem mais teima que vive.
Barriga d’água, cheia das lombrigas de sempre, os cabelos amarelados pela fome, contrastando com as pernas finas, perebentas.
O cheiro podre de vala e de suor, misturados no único cômodo do barraco.
A porta parcialmente trancada, a tramela não adiantava mais.
A polícia, na última vez que viera nada encontrara, mas a porta não resistira.
Os pontapés assustaram, ninguém sabia dizer por que tinha que ser assim.
A mãe tuberculosa, a cada dia ia minguando. Remédio até que tomava, mas a comida pouca; amor de mãe é fogo, das parcas colheres, nada colhia. Alimentar os meninos.
A morte talvez resolvesse os problemas. Mas a luta era diária e o medo maior que tudo. Agora ia ser avó, precocemente envelhecida, os trinta anos batendo na porta. A filha de treze agora era duas.
A magreza dos meninos assustava.
Os meninos, ao revirar o lixo, muitas vezes se saciavam com as podres delícias.
Um dia, o mais velho encontrara um lote de iogurte vencido. Delicioso, coisa de rico.
Como poderia esperar algo, além disso?
Invejara, muitas vezes, os urubus. Esses tinham colheita certa e comida abundante.
Num local onde a morte é lugar comum; fartura de alimento somente para eles.
O rosto dos meninos, sem direção, sem nexo nem sentido, denunciava a luta voraz destes para chegar o dia seguinte, e assim por diante.
Ano passado, quase que o Mariozinho morreu. Não fossem as rezas da vizinha, adeus!
Comida, saúde, escola, essas coisas que todo mundo promete, ilusão.
A fome é cruel, muito cruel. Não se pode falar de fome se não a conhecer.
Não é essa fome de madame querendo emagrecer ou a ocasional, a de um dia, não.
A fome de uma vida, de uma vida após outra vida, nessa semi-morte que arrasta a todos para o lixão.
Outro dia, sem que ninguém soubesse por que, o dono do morro pediu a casa “emprestada” para esconder uns camaradas que vieram de outra favela. Fazer o quê?
Levaram o rádio de pilha e a televisão, últimos contatos com a vida no asfalto.
É difícil essa vida entre o bem e o mal, entre a polícia que quebra a porta e o traficante que leva a televisão.
Fazer o quê?
Voltar para Minas, uma boa idéia, mas cadê Minas?
A fome na roça também era terrível. Aqui pelo menos tem o lixão. A comida é mais farta, embora rala.
Sua mãe tivera quinze, sobraram quatro. Dos quatro era a mais velha.
Pelo que soube dos outros três, um estava preso, a menina caiu na vida e o outro enlouquecera, o sortudo.
A mãe morreu ano passado. Da velhice que carrega aos 50 depois de ter morado mais de 20 nas costas do cidadão.
Marido bom até que era, batia pouco, bebia muito.
De vez em quando sumia. Falam que tem outra, a velhice precoce a tornara feia.
A outra deveria ter a carne ainda dura, os peitos mais rijos e os dentes na boca.
Além de tudo, não devia estar tísica. Danada dessa tosse, dessa febre, o sangue espalhara no colchão tantas vezes que colorira de vermelho o amarelado do mijo das crianças.
Emagrecendo e se esvaindo, o frio daquela noite estava de lascar.
A tosse de Joãozinho estava denunciando que a tísica estava criando raízes no barracão.
Levar para o médico, marcar ficha, mês que vem se ainda estiver vivo ou se não tiver curado.
Curado?! Doce ilusão, mais fácil ter morrido que se curar.
Joãozinho, menino sempre foi fraco dos peitos, ao contrário da mais velha, peitos grandes para os treze anos. Agorinha mesmo mais um. Depois outro, outro... contagem mórbida, triste...
O silêncio da noite é interrompido pelas balas, balas e mais balas.
As balas de confeito estão nos sonhos dos meninos, a de aço perfura as paredes de zinco e de compensado. Barraco todo furado, chuva traz lama e goteiras. Vida complicada.
O marido está sobre ela, as pernas confundidas depois de uma noite de sexo. Coisa que foi boa, hoje suplício. É melhor que ele fique com a outra.
As costas doem muito e o prazer é impossível. Tem que fazer preventivo.
As doenças do mundo estão brigando por espaço pra poderem crescer no corpo miúdo. A mãe do corpo está toda sangrante, numa eterna regra.
De repente, percebe que as balas estão mais fortes que sempre.
Um barulho arromba a porta. O namorado da filha, menino ainda, entra na casa.
Transtornado pela cocaína e pelo álcool.
As balas se aproximam e procuram lugar macio. Barriga grávida, local macio. Fácil de entrar, penetram, abortando o futuro e o presente. De uma vez só.
Quem sabe foi melhor assim?
O companheiro se levanta e xingando o namorado da menina morta, empurra-o para a saída. Saída do barraco. Saída da vida, saída.
Mal sabe ele que não há mais saída.
Mas a teimosia, logo o dia nasce, o corpo sepultado, a teimosia sobrevive.
No céu, uma lua avermelhada a tudo assiste, e comovida abraça todo o barraco, inundando o barraco, a favela, a cidade e o país com uma estranha luz esverdeada e avermelhada.
Quem sabe essa seja a saída?
Uma lua vermelha, uma luz esverdeada e um brilho descomunal sobre tudo e sobre todos...
Publicado em: 02/12/2006 22:18:05
Última alteração:28/10/2008 06:13:12

Lua que ao brilhar derrama prata

No céu a lua brilha encantada
A luz que dela emana é colorida
Certeza de estar apaixonada
Amor que existirá por toda vida

Estrelas também surgem iluminando
São muitos os casais apaixonados
Que seguem, tão felizes, caminhando
Acompanhados por seres alados

Que a nova lua surja agora linda
Com este sentimento encantado
A sua emoção será bem vinda
Amar, enfim, jamais será negado

A quem ama de forma verdadeira
A lua brilhará sempre altaneira ...

GLAUCE TOLENTINO

Lua que ao brilhar derrama prata
Por sobre este arrebol, ganha a janela
E quando em forte lume se revela,
Acendendo o clarão por sobre a mata

Distante da saudade que maltrata,
Explode em maravilhas sobre a tela;
Eu lembro neste instante: foi para ela
A minha derradeira serenata...

Agora a lua dorme atrás dos montes,
As trevas dominando os horizontes,
Paisagem desbotada, o que restou.,

Que faço sem poder sequer dizer
Àquela que em momentos de prazer
Qual lua, meu caminho iluminou?
Publicado em: 19/01/2009 14:05:17
Última alteração:06/03/2009 07:17:36



Tua beleza desnuda
Sob os raios desta lua.
Meu amor também flutua
E pede, aos céus uma ajuda,
Para que possa sonhar
Na delícia do luar...

O luar que te ilumina.
Testemunha o sofrimento
Que traduz o sentimento
Mavioso que domina...
Tanto amor que me fascino
Neste luar cristalino...

Amiga pr’a que tortura?
Amor tarda mas já vem...
E nos braços do teu bem
Num delírio de ternura,
A noite clareia a tez
Alvejando esta nudez...
Publicado em: 05/12/2006 21:57:52
Última alteração:30/10/2008 19:09:53



longe de teus olhos
Mas longe de teus olhos
A vida não teria
Sequer esta alegria,
Floradas em abrolhos?
Os medos e os temores
Jazendo sobre a terra
Ao longe se descerra
Daninha sobre as flores,
E quando no horizonte
O teu olhar desponte
Gerando este farol,
Jardim em cores raras
Manhãs sobejas claras,
Domadas por tal sol.
Publicado em: 07/07/2010 07:21:10


Louca paixão/ Imensa loucura

Ressoa meu corpo / Sedenta paixão

desatina meus sentimentos / puro êxtase

por você. / sedução e prazer...

Mara Pupin // Marcos Loures

Publicado em: 28/03/2007 13:40:24
Última alteração:28/10/2008 05:49:19


Louca sedução // À flor da pele
Doces olhares// Calor intenso,
um desejo alucinado// invadindo tudo;
de puro gozo.// nossa nudez

MARA PUPIN// Marcos Loures
Publicado em: 17/05/2007 17:56:59
Última alteração:28/10/2008 05:35:20


LOUCO AMOR /

Então quando eu te vi que alegria!
Nos abraçamos muito - com vontade,
Aquele beijo com lubricidade
As mãos chegando à gruta que ardia...

E um tremor então que contagia
No falo um beijo com voracidade
Nos coroando com Felicidade
O êxtase após aquele dia...

Assim eu percebi não ser à toa,
Palavra que disseste em destemor,
A noite se promete insana e boa,

Moldada em maravilhas se quiser,
Deitar neste jardim, perfume e flor
Na forma extasiante de mulher...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 27/08/2007 22:12:07
Última alteração:05/11/2008 12:53:02


Loucura!
Indefeso perante esta beleza,
Por onde quer que vais, eu acompanho...
O brilho que irradias, é tamanho
Que sempre dá inveja à natureza.

Eu temo que este amor logo alucine
E deixe-me em completo e bom torpor,
Num êxtase divino e sem pudor,
Força descomunal que me domine

E não deixe sequer seguir meus passos.
Aos poucos vou perdendo todo o chão,
Distante já percebo que a Razão
Deixa-me, com ciúme dos teus braços.

- Não deves prosseguir nesta aventura!
Avisa-me, a Razão, amedrontada.
Mas minha alma, na tua voa atada,
Intrépida, nos rumos da loucura!
Publicado em: 28/11/2006 19:34:35
Última alteração:30/10/2008 19:16:05



Mas o campo esgueirando tato e festa
Refestela-se tanto que não resta
A margarida solta dos meus olhos.
Tampando meus olhares, nos antolhos,
Vestido de sedenta valentia
O campo das estrelas, poesia
Vivendo sem ter paz não se alimenta.
Recebe com carinho a poeirenta
Saudade que passou sem ter cuidado.
Coberto de palavras, meu pecado,
Esgarça toda a graça que não teve.
Se nada mais fixar a vida, em breve
Irei por tantas ruas sem sentido.
Marcado por meu canto, decidido,
A mansa solidão não mais me abriga
E toda lucidez já desobriga
E deixa essa loucura dominando.
Saber que por ventura esteja amando,
As partes e metades já se fundem
E todos os sentidos se confundem.
Abrigo mil metades e um sonho:
Amor que me contenha mais risonho
É tudo o que mais quero e me proponho
A não jamais viver amor tristonho.
Publicado em: 14/12/2006 19:33:31
Última alteração:30/10/2008 09:11:54




LOUROS A LOURES DE GONÇALVES REIS

LOUROS A LOURES


A Demétrio Sena

Contesto seu contexto de repente,
Pois, sei meu mestre e mostro a verdade
No gene a genealidade
No cérebro os versos do repente...

Enquanto me encontro simplesmente
No posso seu; eu posso - com vontade,
Amor, dedicação e humildade -,
Não mais escravo - escrevo mais contente...

E alegre alergia da palavra
Eu sinto vir mais solta e livre a lavra
E dá-se um doce à alma e para as dores.

O cérebro celebra... Seus sonetos
Não frustam; são-me frutos prediletos
Você merece os louros caro Loures...
Publicado em: 15/08/2007 13:01:19



Logo que chegas, vindo de onde vens,
Procuras ao entrar, a fechadura...
A chave introduzindo... Parabéns!
Acertaste sim, mesmo noite escura

Não impediu tal glória! Sei que tens
A mansidão divina da brandura...
Mas, irado, ferido nos teus bens
Ou no brio feroz, tal armadura

Demonstra tua raiva sem sentido!
O que fora brandura se transforma,
A mansidão, deixaste pelo olvido...

Com tanta estupidez, de bruta forma,
Tu tentas penetrar, estás perdido,
Pois logo, sem porque, tudo deforma...

Aquele “bravo” sujeito,
Mais calmo, fica besteiro...
Diz, lá no fundo do peito:
Meu reino por um chaveiro!
Publicado em: 25/11/2007 09:55:23
Última alteração:10/10/2008 16:36:15


Óia...
Eu num queria falá
Mas ocê, tão distraido
Oiando prá lua cheia
Parecendo inté viajá
E num notando estes brios
A luzí nos meu olhá
Só sobrô prá mim fazê
Prá ocê eu declará
Tudo um imenso amô
Que já tá a me sufocá!

Dizem qui muié qui fala
Di amô, prá quarqué ome
Tá condenada no mundo
Sê muié di lobisome...

Mas ocê, é diferente
Outra gente, mi falô
Só tô memo é istranhando
Que ti falando di amô
Nesse riso, ocê gostando...
Mas continua oiando
Lá pro arto, a lua cheia...

Acho qui falei bestera...
Já tô indo, fui mi embora...
E se ocê for lobisome?
Qur vai sê o fim da história?

Minha amada, um lobisome
Só vem numa sexta feira
Adispois o bicho some
Uma temporada intêra.
Mas eu vivo te buscando
Todo dia sem parar,
Nois já tamo namorando,
Cum vancê eu vô casar...

Toda noite do meu lado,
Vai drumi moça fermosa,
Se eu avévo apaxonado,
Vancê deve ser vaidosa,

Minha rosa,meu amor
Por favor preste atenção,
Perciso do teu calor,
Dentro do meu coração.

Pur favor moça bunita,
Eu nunca fui lobisome;
Mas se vance num credita,
Na sexta feira o pau come.

Vamo fazê bacurinho,
Uns oito ou nove tá bão,
Se vié mais um cadinho
É farta de inducação!

ANNE MARIE
Marcos Loures
Publicado em: 18/03/2007 14:51:33
Última alteração:06/11/2008 12:15:31


lobisomem sexta feira
lobisomem sexta feira
arruaça faz, eu sei,
se pensar que é brincadeira
não sou quem mostrarei...


Publicado em: 16/01/2010 18:33:13
Última alteração:14/03/2010 20:42:18

LOBISOMENS


Quando o brilho dessa lua
Clareia todo sertão
A verdade surge nua
Em forma de assombração.
Correndo pelas estradas
Acompanhando o luar
No meio das madrugadas
Num grito de apavorar,
Ao longe se ouve distante
O latido doloroso
Esse ladrar inconstante
Assustando, pavoroso
Quem cruzasse no caminho
Quem tentasse andar sozinho
Pelas trilhas dessa terra,
Travando sempre essa guerra,
Entre vivente e defunto
Nessa luta, tudo junto
Se confunde na batalha,
Mesmo que você atalha
Por outro rumo ou estrada
Não adiantará de nada
Você não pode escapar.
Se não vier lobisomem
Outro poderá chegar
Meio bicho meio homem.
Nessa mata sem ninguém
Mula sem cabeça vem
Procurando devorar
A quem puder encontrar.
Mas, me contam e acredito
No meio de tanto maldito
Outra coisa perigosa
É gente cheia de prosa,
No meio desses fordunços
Trabalha prá coronel
Sem pena, manda pro céu.
Essa turma de jagunços.
O povo do meu sertão
Vive toda ameaçada
Bastar dizer um só não
Ou então precisa nada.
Na ponta de uma peixeira
Ou na mira de um fuzil,
De sangue, mancham a bandeira
Envergonham o Brasil.
Publicado em: 25/09/2007 17:33:36
Última alteração:30/10/2008 13:40:49





Locomotiva
Vasculhei minha gaveta
Procurando tua foto.
Amarelada pelo tempo,
Esquecida em algum canto.
Amassada...

A vida é mesmo engraçada.
Por causa desta foto
Chorei léguas de saudade...

Coração é moleque
E não guarda recado.
Vai trem, vem trem, vai trem, vem trem...
Fica a estação!
Publicado em: 18/11/2006 23:18:28
Última alteração:30/10/2008 18:59:50



Lobo bobo não sabia
Lobo bobo não sabia
Do que quis a chapeuzinho,
Tanto em sonho ele comia,
Que acabou no fim, sozinho.
Publicado em: 27/08/2008 21:40:13
Última alteração:17/10/2008 14:18:24



LÓGICA DE MINEIRO
O caipira entra no cartório para registrar o filho:
- Pois não - diz a atendente (até parece que eles são tão educados, só em piada, mesmo). - Qual o nome da criança?
- Ebatata de Souza!
- Ebatata?
- Sim! Ebatata de Souza!
- Desculpe-me, senhor! Mas com esse nome eu não posso registrá-lo.
- Por que não?
- Porque Ebatata não é nome de gente! Aliás onde o senhor arranjou esse nome escroto?
- É que eu sou plantador de batatas!
- E daí?
- É que o meu vizinho é plantador de milho e colocou o nome do filho dele de Emilho!
Publicado em: 19/09/2008 16:53:42
Última alteração:02/10/2008 21:07:27


Lições de Amor Marcos Coutinho Loures

Uma das mais antigas lembranças do passado leva-me à primeira infância, em Mirai.

Morávamos numa casinha, bem próximo ao Rio Muriaé e esta vizinhança era motivo de constantes preocupações de minha mãe, assoberbada com os serviços domésticos e a criação de quatro filhos, todos menores.

Ao anoitecer, costumava ela nos reunir a todos para contar histórias, sem deixar de repetir aquela em que um cavaleiro, para ir á cidade, pela manhã, tinha atravessado um riacho mas que, ao voltar, pela tardinha, havia sido surpreendido por uma grande chuva e uma inundação imprevista.

Gostando de enfrentar desafios e confiando nas firmes patas de sua montaria, o homem resolveu atravessar a enchente, naquele mesmo ponto em que havia passado, pela manhã.
Revoltadas águas, no entanto, não permitiram a tranqüila travessia e levaram cavalo e cavaleiro na enxurrada, matando os dois...

No seu jeito macio de convencer pelas palavras, dona Carmita Loures, nossa mãe reforçava os argumentos e narrava muitas histórias de valentões, homens grandes e temidos que, no decorrer do tempo, haviam sido mortos por outros, tidos como fracos e covardes...

Desta forma, ela ia nos ensinando as lições da vida e, talvez por isso, tenha eu o costume de respeitar forças aparentemente inferiores às minhas, numa autodefesa plenamente conhecida por aqueles que tiveram a oportunidade de viver a deliciosa vida de uma pequena cidade do interior.

E é quase certo que fatos assim, fizeram de mim um pacifista, incapaz de entender a razão das guerras nem de aceitar que o direito da força suplante a força do direito...

Mais que pelas palavras, minha mãe procurava dar o exemplo de dignidade, de respeito humano e de preocupação, em relação à correta formação do caráter dos filhos, nos mais ínfimos detalhes.

Um deles – lembro-me muito bem -, era o cuidado com que, nas frias manhãs de inverno, ela acordava mais cedo, colocando brasa no ferro de passar roupa e, com ele, esquentava as blusas dos uniformes escolares, minha e de minhas irmãs, para que, ao vesti-las, não sentíssemos o desconforto do frio intenso.

Lembrar dessas coisas é, sem dúvidas, voltar ao passado com emoção, com saudades do tempo que não volta mais e de uma mulher, em tudo, especial!

Há, em mim, a certeza de que, se todos os homens tivessem ouvido, na primeira infância, a história do riacho e dos valentões que haviam sido mortos por pessoas aparentemente fracas e covardes, certamente haveria paz no mundo!

Estaríamos formados para a vida pois teríamos aprendido a respeitar as fraquezas aparentes ou momentâneas e não haveria lugar para atitudes belicosas, como as que vemos, no dia a dia de nossas vidas.

Reinaria a paz, nem que fosse motivada pelo instinto de autodefesa mas seria pedir muito, querer que todas as mães do mundo fossem iguais àquela que orientou meus primeiros passos, na “aurora de minha vida”...
Publicado em: 09/12/2006 12:33:22
Última alteração:30/10/2008 09:35:37



Lions Clube Muriaé homenageia Marcos Coutinho
Notícias
Lions Clube Muriaé homenageia Marcos Coutinho


10/11/2008

Merecidamente o cult Marcos Coutinho Loures, recebeu no dia 30 passado uma bonita homenagem do Lions Clube Muriaé Barra, pelos seus relevantes serviços prestados a educação e a cultura de nossa cidade. Atualmente, com muita honra, somos colegas de redação, pois professor Marcos é também colaborador deste semanário.

A entrega da homenagem foi feita em jantar festivo na sede do Lions, na Barra, com visita da Governadora do Distrito LC-12, Maria José C. Silva.

Nascido em 27 de março de 1936, em Miraí, registrado como professor em Ciências Físicas e Biológicas, pelo MEC e formado em pedagogia, o professor Marcos Coutinho, "Leão fora da Jaula", é ex- membro do Lions Clube de Muriaé - Centro e sócio-fundador do Lions Clube Barra, membro efetivo da Sociedade Mineira dos Poetas Vivos e detentor da comenda "Clóvis da Cruz Reis", outorgada em 23 de Dezembro de 2006, ex-diretor da E. E. Professor Orlando de Lima Faria, de 1964 a 1975, ex-professor do Colégio São Paulo, da Escola Normal Santa Marcelina, da Escola Técnica do Comércio "Ferreira Leite", do Ginásio Muriaé e outras instituições de ensino de 2º e 3º graus.

Coutinho também é criador da SOS (Sociedade de Obras Sociais), na década de 60 e , na mesma época dos "Jogos Olímpicos da Primavera" Mário Filho, atuais "Jogos Estudantis de Muriaé".

No meio da comunicação, foi colaborador de várias emissoras de rádio e televisão, aqui, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte: TV Copacabana (RJ), TV Cidade (Muriaé), Rádio Muriaé (como comentarista esportivo e produtor de Rádio/teatro, na década de 50, o grande teatro D2), Rádio Jornal de Minas (BH), Rádio Continental AM e Rádio Tupi AM.

Colaborador de vários jornais e revistas: Revista semanal "O Cicerone", de Governador Valadares; Jornal "A Flâmula", Correio Muriaense, A Notícia, O Farol, Gazeta de Muriaé, Folha Esportiva, Jornal de Muriaé, O Pirilampo, Muriaé Jornal e O Corujão.

Marcos Coutinho também é co-autor do livro de Mãos Dadas, trovas e contratrovas, com a poetisa baiana Maria Feijó, editado pela Gráfica do Senado Federal.

O Correio Muriaense e todos da imprensa de Muriaé parabenizam ao Professor Marcos Coutinho pela homenagem.

Fonte: Correio Muriaense

Autor: Elias Santos
Publicado em: 26/11/2009 19:11:58
Última alteração:17/03/2010 15:52:13


LIBERTO CORAÇÃO
Dos cárceres que herdei,
Métodos e tendas
Liberto coração
Corsário da ilusão
Esgota-se em si mesmo.
Sem ter sequer saída.

Arguto embora nulo,
Osculo estas pegadas.
Arcando com os erros
Arranco o meu olhar
E vejo, finalmente
O que tentei não ver..
Publicado em: 26/08/2008 19:35:30
Última alteração:17/10/2008 17:08:58



Levo a vida de mansinho
Sem saber de confusão,
Tanto amor tanto carinho
Só faz bem ao coração...
Publicado em: 15/01/2010 17:07:18
Última alteração:14/03/2010 20:59:14


levo a vida satisfeito
com amor e com carinho,
tendo alguém dentro do peito
e nas mãos, toco o meu pinho.
Publicado em: 17/01/2010 10:29:14
Última alteração:14/03/2010 20:31:09


Li no livro da saudade
Um capítulo sem fim.
Teu amor se é de verdade,
Não se cansa e diz que sim...
Publicado em: 17/06/2008 22:15:55
Última alteração:20/10/2008 01:16:04




"Liberdade sem socialismo é privilégio, injustiça; socialismo sem liberdade é escravidão e brutalidade." (Mijaíl Alexándróvich Bakunin)

A liberdade morre sem justiça
Por isso é que concebo em nossa luta
Além de exterminar qualquer cobiça
Abolir qualquer força extrema, bruta
Publicado em: 30/03/2007 14:45:19


Liberdade e Servidão
Amar o nosso amor, tão simplesmente
Que nada se compare com seu brilho.
Que invada nossa vida, docemente
E traga em cada dia manso trilho...

Amor, em perfeição, mais absoluto.
Caríssima vontade, e tal firmeza
Que impeça nossa dor na correnteza
Que leva com certeza ao triste luto.

Não me deixe estar só, um só momento,
Somente sem ter luzes, me embaraço
E tropeço, te peço que este laço
Nunca afrouxe!Remoce o pensamento.

Amar o nosso amor, é ter o mundo.
E não saber de perdas nem enganos.
Amor que já nos torna soberanos,
Libertos e vassalos, num segundo...
Publicado em: 30/11/2006 19:45:20
Última alteração:30/10/2008 10:23:35



Liberdade é tudo o que se almeja
Liberdade é tudo o que se almeja
E disso faço fé, quebro correntes,
Sorriso que se mostra sem os dentes,
Mesmo em tristeza ainda relampeja.

Um homem de moral jamais rasteja,
Nas costas leva as cruzes, penitentes,
Sem medo do que trazem, entrementes,
As horas sob a lua sertaneja.

E mesmo que distante, erguendo os olhos,
Abrindo o coração, quebra os ferrolhos
Enfrenta as tempestades, destemido.

Do sofrimento faz seu alimento,
Na seca ou tempestade, no tormento,
Não solta nem sequer algum gemido.
Publicado em: 14/12/2008 22:14:51
Última alteração:06/03/2009 14:10:53



LIBERDADE
Ao poeta
Tudo é permitido
Até fazer poesia.
Amar e desamar
Sorrir e magoar
Ferir e consolar.
Só não vale
Fazer da poesia
Algema e corrente.
Sinônimo da Musa
É liberdade...
Aliás, nunca tente calar
O que alma diz...
Vulga meretriz
Dama sectária,
Secretária de Deus...
Publicado em: 16/01/2010 11:44:25
Última alteração:14/03/2010 21:07:10


Levo a solidão em minha boléia.
24

Mote

Levo a solidão em minha boléia.

O dia todo, inteirinho,
Pela cidade ou sertão;
Eu nunca “toco” sozinho,
Vai comigo a solidão...

Marcos Coutinho Loures

Teu retrato na boléia,
A distância me maltrata,
Uma abelha sem colméia
Se perdendo em plena mata...
Publicado em: 19/11/2008 16:52:11
Última alteração:06/03/2009 18:59:26



levo a vida como quem

levo a vida como quem
sabe muito o que deseja
a presença do meu bem,
é o que o coração almeja
Publicado em: 17/01/2010 15:28:07

Levo a vida de gaiato,
Nada levo mesmo à sério
Pois o mundo anda tão chato
E o final é o cemitério...
Publicado em: 17/01/2010 12:59:49
Última alteração:14/03/2010 20:22:32



Levo a vida de mansinho
Sem saber de confusão,
Tanto amor tanto carinho
Só faz bem ao coração...
Publicado em: 15/01/2010 17:07:18
Última alteração:14/03/2010 20:59:14

levo a vida satisfeito
com amor e com carinho,
tendo alguém dentro do peito
e nas mãos, toco o meu pinho.
Publicado em: 17/01/2010 10:29:14
Última alteração:14/03/2010 20:31:09


Li no livro da saudade
Um capítulo sem fim.
Teu amor se é de verdade,
Não se cansa e diz que sim...
Publicado em: 17/06/2008 22:15:55
Última alteração:20/10/2008 01:16:04


Fumo e aço,
Filme e passado
Assado na cozinha
Tinha um cheiro
Beira de fogão...
Curva coração
Cura e me remete
Comete
Cometa
Que se perdeu...
Publicado em: 02/10/2007 21:21:56
Última alteração:29/10/2008 15:09:47



LEMBRANÇAS
Melancolia vem
E toma toda a casa,
A sorte se defasa
No olhar do antigo bem
E quando vejo alguém,
Reacendendo a brasa
Saudade não embasa
E a queda o sonho tem.
Viver do meu passado
Um prédio derrubado
Medonho e caricato,
Enquanto a vida segue
O meu cantar se negue
Nas sombras me maltrato.
Publicado em: 17/06/2010 11:58:29




Montanhas de Minas.
Mares de Minas, distantes...
Montanhas e mares,
Mares mineiros são utópicos.
Típicos de salgada lagoa.
Pampulha, pampas mineiros...
Mares e luas
Só te faltam mares...
Nas montanhas os segredos,
Monásticos segredos.
Medos e senzalas.
Café com pão,
Pão e leite.
Broa.
Milho.
Montanhas
Queijo.
Desejo de mares.
Mares de minhas manhãs.
Minhas manhas mineiros mares.
Montanhas entranhas.
Lagos e afagos,
Teu fado é sem tino
Destino dos nossos mares...
Mares mineiros são meus sonhos...
As lágrimas que me deste
Encheram o rio de sal.
Meus mares mineiros
Estão no meu quintal!
Publicado em: 27/09/2007 19:11:40
Última alteração:29/10/2008 15:11:21




Tu foste embora, sombra do que fomos,
Deixando tão somente o vaso quebrado,
A fonte seca, a casa abandonada.
Muitas vezes quis crer em tua volta,
Mas nada do que sonhei se realizou
Somente uma recordação cada vez
Mais distante e incompleta.
Não posso negar que tenha sido feliz.
Algumas vezes creio ter sido,
Embora em outras vezes o negue.
O fato é que o regato secou,
A flor desmilinguida no canteiro
Demonstra com os espinhos residuais
O que, num retrato soberbo, foi o nosso caso de amor.
Penso em que talvez nada tenha ocorrido.
Simples sonho que o despertar nublado matou.
Morto o sonho, resta o vazio.
Porém a tua foto sorridente
Na parede demonstra o contrário.
Vieste e deixaste este sorriso amarelado
Pelo tempo.
Último templo que me aplaca
E me tortura.
A porta entre aberta
Noites a fio,
Continua assim,
Uma exposição peremptória
Do que sobrou de mim.
Uma porta entre aberta
Uma janela sem ferrolho
E os olhos distantes
Na procura do nada.
Simplesmente nada.
Espelhando o que restou
De meu coração...
Publicado em: 08/10/2007 20:58:51
Última alteração:29/10/2008 14:44:53


LENORA
Tem coisas que ninguém explica, e aquela era uma delas. Como é que eu tinha dormido ali?
Não me lembro de nada vezes nada. Só sei que tinha saído de casa para ir até o cinema.
Do cinema me recordo um pouco, acho que o filme, espera aí. Filme, mas qual filme?
O telefone tocara; bem, disso eu me recordo telefone maldito, sempre tocando nas horas mais estranhas e incômodas;
Ela estava dormindo do meu lado, ela e o telefone.
Mas daí em diante, o vazio, não total porque tinha o cinema e o filme.
Desses dois e mais nada.
A cabeça girava e eu estava ali.
Na casa, bem naquela casa.
O amor tinha sido antes e distante.
Naquele instante ficara o vazio.
Somente o vazio do que não fora, aborto total.
Gigantesca roda da vida dando voltas e mais voltas.
Mariana estava longe, perdida em seus casarios.
Mas retornara em Mariana, moça bonita e tresloucada.
Casamento marcado, alianças compradas e o vazio. A morte do amor, segundo ela, foi difícil entender, aceitar e nem perdoei bem ainda.
Recebi outro beijo, desejo à flor da pele e Renata, é renée, renascida, renata.
Esperanças e Renata são sinônimos.
Mas o telefonema e essa cama desarrumada me confundiram.
Nessa confusão, quem sou o que sou, e o que significa isso tudo?
Bêbado não estava, nem beber estava bebendo, somente fumava fumaça e fumaça, tosse e cansaço. Mas álcool, nada.
E como chegara até esse quarto?
De repente, o barulho do chuveiro me alertou.
Não estava sozinho e nem poderia estar, que imbecilidade!
A vaca devia estar se lavando, tomando um daqueles banhos demorados que tanto me irritavam.
Vaca, piranha, pilantra, safada. Mariana!
Mas o cheiro não era familiar, era um daqueles perfumes estranhos que não conseguia identificar.
Coisa nova, perfume novo, cama antiga, desilusões idem.
O relógio de sempre, marcava 8 horas da manhã. E o meu trabalho?
Caramba, essa vadia me fez perder a hora, tudo bem, me arrumo e vou embora.
Procuro minha roupa, cadê roupa?
No chão, por baixo da cama, sobre a poltrona da sala, nada de roupa.
Não, eu não viera nu para cá, ninguém vai ao cinema nem sai de casa nu.
Isso estava muito confuso.
O celular toca, vou atender, Renata.
Fala-me de coisas que não consegui captar direito, algo assim como espera para jantar, minha ausência, essas coisas.
Onde estivera?
Francamente respondo que não sabia, acho que tinha ido ao cinema, mas acho.
Qual filme? A resposta vaga deixou um tchau como fim de papo e, talvez, fim de romance.
Mas, fazer o quê?
O chuveiro continuava aberto, tento levantar, a cabeça roda. Ressaca sem ter bebido.
Noite comprida, dia também. As recordações giram junto com a cabeça.
Realmente Mariana tinha sido meu grande amor, mas, que vá para o inferno!
Tenho vontade de xingar a vagabunda e começo a gritar. Ou pelo menos, é o que penso fazer. A voz sai baixinha, lenta, como um gemido seco, contido.
Recordo-me das noites em vão, esperando Mariana, compensada pelas noites maravilhosas em claro.
Noites regadas a muitos e raros prazeres.
Dane-se, isso passou, acabou...
O chuveiro foi desligado.
O barulho cessa, mas o coração dispara taquicárdico.
Sabe-se lá o que se fazer nesse instante.
Sinto o gosto estranho de ferro e de estanho, trincando os dentes e arranhando a garganta.
A porta está se abrindo, Mariana, sua cadela, vou acabar contigo!
Quando a vejo nua, começo a entender o que vivera.
Quão forte fora esse sentimento. Amor regado a rancor e ódio,
Gosto violento de tristeza e desamparo misturado com o prazer inesquecível.
Mas, ao vê-la, de súbito a força perdida ressurge e, num átimo me atiro contra a porta, abro-a e saio correndo.
Na portaria do prédio, confusão e voz de prisão.
Nada entendo, não compreendo o porquê.
Homicídio. Mas de quem e como?
As mãos algemadas são arrastadas e, sem resistência, sou levado de volta ao quarto.
Agora percebo a cena terrível. O quarto todo revirado, o corpo ensangüentado na cama, a cabeça inerte pendendo para o meu lado.
Os olhos de Mariana abertos, e o vazio no olhar.
Vejo minhas mãos, agora reparo no sangue, nas marcas de sangue na minha roupa.
E aquela sensação estranha me acompanhando, rumo ao cárcere.
Onde a voz de Lenora repete num cruel solilóquio: “never more, never more”...
Publicado em: 13/08/2006 19:44:12
Última alteração:26/10/2008 22:33:19


LEONEL SERTANEJO
João Polino tem uma característica de personalidade muito interessante;
Hay gobierno, soy contra. Qualquer que seja esse, mesmo o eleito com seu voto.
A capacidade de radicalizar-se contra tudo e contra todos que é vista em alguns políticos nossos, de tal forma está entranhada em João que isso se torna, muitas vezes hilário.
Na pequena cidade onde morava, João era de uma atuação efetiva, mas totalmente contraditória.
Nas eleições para a prefeitura do local, João se esmerava em discutir contra os que não apoiavam o seu candidato, chegando a discutir e praguejar contra todos, amaldiçoando mesmo os filhos se esses, porventura votassem ou fizessem campanha para outro candidato.
Nas cidades pequenas, muitas vezes um cargo qualquer, da faxineira da escola até a direção dessa, passam pela mão do prefeito de plantão, essa dura realidade tem que ser modificada, mas demonstra o grau de subserviência a que têm que se submeter para conseguir ou manter seus empregos.
Pois bem, se a “vítima” de João fosse um candidato que ganhasse as eleições, esse fazia tanta balbúrdia que, mesmo que um parente seu tivesse apoiado o candidato vencedor, provavelmente a situação para o pobre ficava difícil de se sustentar.
Mas, se o candidato de João ganhasse, ainda assim estava complicado, pois passando alguns meses, lá estava João se transferindo para o outro lado; e quem era endeusado, de uma hora para outra estava “ardendo no inferno político” do inventivo e contraditório Leonel sertanejo.
Com a última eleição para presidente não foi diferente não, se João foi Lulista de primeira hora, da noite para o dia, Lula ficou sendo culpado pela Greve de Ônibus em Vitória, pela invasão do Iraque e até pela torção no tornozelo do velho João.
A última agora é a paixão de João por certa candidata alagoana; é pensando bem faz sentido...
O que temo é que, se um dia ganhar a eleição, vai começar a achar tantos defeitos na moça que, no mínimo ela vai dar as audiências de praxe, nas palavras de João, somente de calcinha e sutiã...
Publicado em: 13/08/2006 19:33:54
Última alteração:26/10/2008 22:32:38


LÉSBIA / LASCÍVIA 23240
LÉSBIA

Cróton selvagem, tinhorão lascivo,
Planta mortal, carnívora, sangrenta,
Da tua carne báquica rebenta
A vermelha explosão de um sangue vivo.

Nesse lábio mordente e convulsivo,
Ri, ri risadas de expressão violenta
O Amor, trágico e triste, e passe, lenta,
A morte, o espasmo gélido, aflitivo...

Lésbia nervosa, fascinante e doente,
Cruel e demoníaca serpente
Das flamejantes atracões do gozo.

Dos teus seios acídulos, amargos,
Fluem capros aromas e os letargos
Os ópios de um luar tuberculoso...

Cruz e Souza

Enlanguescida estende-se a serpente
Vestindo-se de nua insensatez
Na brônzea e bela pele; esta nudez
Letárgica entorpece qual demente.

Voracidade em êxtase eloqüente
Nefasta maravilha em que se fez
Aguarda atocaiada a sua vez
E o bote se perfaz de forma ardente.

Nos seios e nos lábios tal veneno
Qual fora dos delírios um aceno,
Numa opulência rara e desejosa,

Expressando em aromas fartas ânsias
Sorvendo de seu corpo tais fragrâncias
Lasciva criatura esplendorosa...
Publicado em: 21/01/2010 21:20:44
Última alteração:21/01/2010 21:25:52



Legado da esperança, pleno amor,
Meu amor é verdadeiro Forte inteiro e te afianço Colunata em forte
esteio Não se macula com ranço...// Terno meigo e paciente No clamor
ou no silêncio Te venera tão contente Flui generoso em meu seio...///
Não se cansa, não desiste De colher um riso teu O tempo todo te
assiste// E faz teu o que for meu É amor... Verdade atesto Eis do amor
o manifesto!

EMANUELA

Legado da esperança, pleno amor,
Que a vida não macula, nem consegue,
Sem ranços, sem perguntas nem pudor,
O fato é que o desejo te persegue

E molda um novo dia encantador,
Aonde uma alegria já nos regue,
Gerando com ternura cada flor,
Que eternidade nunca mais se negue...

Erguendo um brinde em taças de cristal,
Vagando o pensamento pelo astral,
Singrando espaços tantos, universos.

Delírios de total insensatez
O amor que magistral, assim se fez,
Merece muito além de simples versos...
Publicado em: 09/01/2009 21:28:14
Última alteração:06/03/2009 07:35:20



Leiloando um coração
Não escuto nem um lance,
Vou viver na solidão,
Pois o amor não me deu chance
Publicado em: 07/08/2008 15:07:10
Última alteração:19/10/2008 22:19:13

leio no noticiário
as mentiras que tu contas
eu não sou teu adversário
na verdade, tu que aprontas...
Publicado em: 17/01/2010 13:56:51
Última alteração:14/03/2010 20:16:51



Querida, olhando pela janela deste apartamento, no silêncio entrecortado pelos pingos da chuva que cai e pelas luzes que passam, fico a pensar em nosso amor.

Sem pedir licença , seu vulto vai entrando em meu quarto e posso vê-lo a sorrir, como nos tempos de outrora.

Faz tanto tempo...

Contudo nem o vagaroso passar de hora amargas modificou o seu rosto e posso ver, no meu delírio, as curvas delineadas de seu corpo, tantas vezes explorado por meus lábios...

Sim, amor...

Apesar de tanto tempo, posso sentir a tua presença, sobre aqueles mesmos lençóis macios, à espera de meus carinhos..

Leves transparências refletem seu sorriso e o barulho da chuva faz-me procurar os seus beijos, eternizando esse momento de indizível prazer.

Mais além, sobre a poltrona silenciosa e fria, nossas roupas se misturam e, naquela blusa jogada no chão, posso ver as delicadas formas de seus seios, macios e sensuais.

Uma lembrança suave e uma saudade imensa, foi tudo o que restou do nosso amor.

E agora, ao olhar pela janela deste apartamento, escuto os acordes daquela canção que fala de uma blusa jogada ao chão e que traz as marcas dos seios macios e perfumados que, tantas vezes, beijei com sofreguidão em nossos momentos de amor...

Momentos que estarão pressentes, em minhas lembranças, por toda a vida!

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 17/02/2007 20:45:52
Última alteração:26/10/2008 20:26:29



Lavo os olhos de saudade
Nestas lágrimas de dor,
A lembrança que me invade
Adubando cada flor...
Publicado em: 19/01/2009 17:36:39
Última alteração:06/03/2009 07:16:53


Lavo os olhos na saudade,
Meu caminho segue o mar
No mote que eu encontrar,
Minha sorte de verdade
É saber da claridade,
É não poder mais ver morte,
Nem cruzar o pólo norte,
Nem sanar essa ferida,
Nem cuidar da despedida.
Nem reclamar dessa sorte...

Minha lida foi marcada,
Pela curva desse vento,
Meu maior, grande provento;
É não saber mais de nada,
Não ser boi nem ser manada,
Nem usar cabeça baixa,
Tanto amor, a gente acha,
Na serra dessa esperança,
Que maltrata essa criança
Cuja morte não se encaixa...

Quero sentir teu perfume,
Acalentar o teu pranto,
Esconder-te em meu recanto,
Não quero mais teu queixume
Não cabe mais teu ciúme...
Quero te dar, namorada,
A minha mão cansada,
Para poder descansar,
A vida inteira, te amar,
Sem ter mais medo de nada...

E quando, enfim, a saudade,
Bater forte sem descanso,
Pensa então nesse remanso;
No lago azul, claridade,
Que te amei, com tal verdade,
Que nunca, alguém amaria,
Te desejei todo dia,
A cada instante sem medo.
De Deus já sei o segredo,
Tanto bem que te queria...
Publicado em: 01/09/2006 10:51:18
Última alteração:30/10/2008 19:33:04



-LANGUIDEZ
LANGUIDEZ

Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de portugal, as tardes de Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar...

Florbela Espanca


Nas tardes mais amenas, primaveras,
As horas são tão puras e suaves,
Ausente dos temores, dos entraves,
Mantendo bem distante, frias feras...

E enquanto o anoitecer, calada esperas,
Ouvindo o gorjear de belas aves,
Construo meus palácios das taperas,
E os pensamentos voam como naves.

Fechando assim meus olhos, imagino,
O tempo mais feliz, onde, menino,
Corria pelas tardes, nas veredas

E campos desta terra em que nasci,
Retorno e num instante estou aqui,
Sentindo tuas mãos, suaves sedas...
Publicado em: 18/12/2009 08:27:54
Última alteração:16/03/2010 11:32:32




Seu moço, vou lhe contar
Uma história diferente,
Nem vai dá pra acreditar,
No que me conta essa gente.
Gente de muito saber;
Dos lado da capitá.
Eu vou contar pra você
O que que eu ouvi falar.

Me contaram e é verdade,
Que esses tal de deputado;
Para um monte de cidade,
Mandaram, com muito agrado;
Pra levar gente doente
Das roças pros hospital,
Carregando muita gente;
Das que anda passando mal.

Indicaram, nos projeto,
Para o governo comprar,
Uns carro desses completo,
Pra mode de transportar,
Com rapidez e presteza,
Sem reparar na distância.
Pra sarvar; vê que beleza,
Esses tár carro ambulância...


Esses carro são bacana,
Viajando pela estrada
A gente vê, não se engana,
É coisa das bem montada.
Tem uma tár luz vermeia
Piscando quar vaga-lume,
Fais zuera nas oreia,
Não é pra ter azedume.


Se esses carro nas viagem
Nois topa pelo caminho,
É percizo dar passage,
Pois carrega, com carinho,
Só gente necessitada,
Percizando de dotô,
Descendo pelas estrada...
É coisa de muito valô.


Nóis tudo fica contente
Com a atenção dos políticos
Quando se lembram da gente
Nesses momento mais críticos;
Como em caso de doença,
Que nóis tamo mais sofrendo
Essas coisa tem valença,
Ajuda a nóis ir vivendo.


Aqui mesmo, nesse canto
Um deputado mandô,
Pra alegria e nosso encanto,
Um desses carro, sinhô.
Apois bem fiquei sabendo
Nas notícia dos jornal;
Eu só acredito vendo,
Eu juro inté pasei mal,


Quando sube das notícia
Que o nome desse dotô,
Nos recorte das polícia,
Pelos investigador,
Foi chamado de ladrão.
Isso me causou espanto.
Esse dotô é tão bão,
Pro povo tem feito tanto...


Mandou essas assistência
Pra essa nossa região,
E, falo de experiência
Que aqui no nosso sertão,
Elas faiz um bem danado
Pro nosso povo pobrim...
Agora ta explicado,
Tanta “bondade”, pra mim...


Ao preço que eles pagava
De uma, comprava mais,
A grana que eles levava,
De adivinhar sou capaz.
Roubava mais que podia,
Inda passava por bão.
Os votos pois, recebia
Nos tempo das eleição.


Apois essa história triste
Já me trouxe essa lição:
Milagre já não existe,
Eta povinho ladrão!
E favor dessa cambada,
A gente não pode crer:
LARANJA BOA, NA ESTRADA?!
BICHADA... LOGO SE VÊ!
Publicado em: 13/02/2007 18:05:56


LARANJA MADURA...
Verdade, não existe almoço grátis.

Se te oferecem, amigo, abre os olhos

Cabeça nunca coça sem piolhos

Grátis só água de chafariz. josérobertopalácio



Laranja, se madura pela estrada

Depressa desconfie, vá sem fé

Decerto, meu amigo, está bichada

Ou marimbondo existe no seu pé. marcosloures



O santo desconfia de uma esmola

Quando ela é demais, não faz milagre,

O pastor ao passar sua sacola marcosloures



Desdobra-o, com a conversa fiada.

Na taça deste vinho, só vinagre

E a vida a cobrar caro a empreitada. Josérobertopalácio
Publicado em: 06/12/2009 08:39:19
Última alteração:16/03/2010 18:08:50



LATINO AMERICA

Na fumaça do cigarro
Que se queima entre meus dedos
Nessa penumbra me agarro
Vou fugindo de meus medos
Quero a sensação perfeita
De poder seguir em frente
A felicidade é feita
Do sangue e carne de gente.
Como a liberdade é flor
Quer precisa pra brotar
De suor sangue e terror,
Pois senão ela não dá.
Meu canto de liberdade
Tem mais lágrimas que riso
Atravessando a cidade
Traz muito pouco sorriso,
Reflete a melancolia
Que se fez neste país
Trazendo pouca alegria
Quase morrendo por triz;
A vida essa fantasia
Essa pobre meretriz
Que tampouco poderia
Sonhar em ser mais feliz.
Não podendo mais arcar
Com essa dor que apavora
Nessa luta por lutar
Bem antes e mais agora.
Nossa luta é tão constante
Vem de tanto tempo atrás
Transformando esse gigante
Que aprende a ser tão capaz
Quanto os velhos continentes.
Trazendo nas mãos cansadas
Sonhos de seres contentes
Pela lua, iluminadas.
As marcas de todos nós.
Caminhamos de viés,
Trazendo essa dor atroz
Cortados, sangram os pés.
Nossa luta mais certeira
Da guerra que não engana
Essa batalha altaneira
Da latino americana
Vida, como essa bandeira,
Que carregamos sem jeito
De todas és a primeira,
Pesando forte no peito.
Terra de tantas batalhas
Das antigas injustiças
Trazes nos olhos mortalha
Vítima dessas cobiças
Que sangraram os teus sonhos
Em troca de prata e ouro
Transformaram em medonhos
Tua carne, pele e couro.
Estropiaram teu povo
Exterminaram teus cantos
Extorquiram-te de novo
Tenazes foram teus prantos.
Agora, que tentas ser,
De novo esse amanhecer
Um amanhecer mais justo,
Mãe que acalanta no busto
Teus filhos mais sofredores
Buscam todos teus amores
Procuram beijo da paz
Lutam pra serem bem mais
Que simples melancolia
Quiçá nesse novo dia
Nessa brisa que acalenta
Nesse canto que se assenta
Sobre tuas mãos feridas
Possamos nós teus meninos
Esquecer das despedidas
Cantando de novo esse hino,
Um hino de amor a ti
Terra onde sempre vivi
Onde nasceram meus filhos
Por onde seguem meus trilhos
Iluminados ao sol
Que traduz tua esperança
De ser de novo a criança
Dona do teu arrebol.
Brincando nas cordilheiras
Nas tuas florestas tantas
Fazer dessas brincadeiras
Ungindo tuas mãos santas.
Surgindo de novo a vida
Onde sangraste, ferida.
América mãe de todos
Que Deus ouça nossos rogos
E te permita viver
Sem ter que filhos vender
Sem ter que, prostituída,
Expor-se tão nua em vida.
América, nosso lar,
Nossa casa verdadeira.
Que o brilho do teu luar
Ilumine a terra inteira.
Que nunca mais te maltrate
Nem nunca mais te destrate
Quem nunca te conheceu
Quem jamais te concebeu
Povo de terra estrangeira
Que suga tanto teu sangue
Atolando-te no mangue
Te escarrando por inteira.
Publicado em: 20/08/2006 06:40:41
Última alteração:30/10/2008 19:32:36



LAUTO DO AMOR, DO MEU GRANDE AMIGO RONALDO RHUSSO

Assunto: espero que gostes
Nome: Marcos Loures
E-mail: marcosloures@yahoo.com.br
Mensagem:

Das palavras; ourives que eu invejo
Um nobre sonetista em versos belos.
Usando em maestria teus rastelos
Talento sem igual em ti eu vejo.

Ao ler os teus poemas um lampejo
De intensa claridade, passo a vê-los
Tesouros valiosos que ao contê-los
Encontro a perfeição que tento, almejo.

Servidos num banquete, as iguarias
Que trazes em sublimes poesias
Saciam os que sabem degustar.

Amigo; me permita esta heresia
Que a mão de um repentista agora cria
E em versos tão banais a te louvar....

PARA O GRANDE SONETISTA RONALDO RHUSSO.

MARCOS LOURES
18/09/2008



LAUTO DO AMOR!



Sinto as bênçãos jorrarem em palavras gentis!

Se em repente deixarem que eu seja aprendiz,

Algo diz que a harmonia eu sorvo tão somente

No que eu quis, de alegria, afagou-me: latente...



De bel’ ente que é rei em numeral e talento!

D’um outro “ás” d’outra grei, ou de outro fundamento,

Sim, portento, ele em nada ficará lá atrás.

Num momento se enfada e compõe muito mais!



Se eu assaz, em laudare, alço a voz, maestria!

Pois lhe bebo o talento, magistru poesia!

Dia a dia ele pari e acende vera luz

Que produz belo tento: perfeição faz é jus!



Já induz meu versar a lhe dar meu fervor

Em louvor meu cantar pr’esse lauto do amor!

EM RECONHECIMENTO AO GRANDE ÍCONE DA POESIA MUNDIAL, MARCOS LOURES: MESTRE!

Ronaldo Rhusso
19/09/2008.
Publicado em: 19/09/2008 14:18:10


Lava a roupa todo dia
Não pára de reclamar
Tanta roupa, uma agonia
E depois tem que passar...
Publicado em: 16/01/2010 22:22:55
Última alteração:14/03/2010 20:35:33

lava os olhos de quem ama
a tristeza da saudade,
vai mantendo a mesma chama
que diz dor; felicidade...
Publicado em: 17/01/2010 10:32:15
Última alteração:14/03/2010 20:30:56


LAVANDO A ÉGUA
O dia estava lindo, um sol maravilhoso num céu de brigadeiro.
O rio convidava a nadar e, como sempre fazia desde menina, ela resolveu ir até a prainha que se formava numa curva do rio, em sua fazenda.
Colocou seu biquíni e foi, aproveitando as férias escolares que se iniciavam naquele dezembro abrasador.
Sabia que, naquela hora, os meeiros e campeiros estavam trabalhando e, filha de coronel, ninguém ousaria perturbar o seu banho de sol.
Bastava uma palavra para que o pai resolvesse o problema do bisbilhoteiro.
Deliciosamente deitada, com aquela preguiça salutar e reconfortante, olhava a esmo, como que namorando a interminável corrente que trazia e levava as águas do rio, nesse suave escoar...
Lembrara-se de seu aniversário, maioridade atingida, agora era dona do nariz.
Aliás, sempre fora. Amazona aos doze anos, cavalgava maravilhosamente bem, com os lindos cabelos louros soltos, montada a pelo sobre o seu cavalo manga-larga. Bela cena que a memória do vilarejo fez questão de registrar no único foto da vila.
Dezoito anos, faculdade próxima, ano que vem vestibular. Medicina era o sonho, poderia fazer, o pai garantiria tudo.
Vida boa, liberdade.
Quando, ao longe, na estradinha de lavoura que cortava o morro mais próximo, sentiu um movimento estranho no bambuzal.
Reparando bem, percebeu que o movimento se repetira algumas vezes.
Pegou o binóculo e, para sua surpresa, reparara nos vultos de uns meninos, adolescentes e quase crianças lá no alto.
Pensou logo que estavam observando-a, presa da curiosidade e da sensualidade que aflora na adolescência.
Isso era o cúmulo. Ia dar o flagra nos meninos e entregá-los ao pai e que se danassem estes pestinhas.
Silenciosamente, se levantou e como se fora nadar, mergulhou no rio.
Exímia nadadora, sabia como fazer para surpreender os moleques.
Após ter nadado uns cem metros e sumido do campo visual dos meninos, voltou à margem e, subindo célere o morro, se preparava para repreender os safados.
Qual o quê, para sua surpresa não era nada do que imaginava.
Parada, quieta submissa, uma mulinha estava na estradinha.
Passiva, recebia os carinhos de um moleque de mais ou menos treze anos.
E, depois dele, uma fila se formara.
Cada um aguardando a sua vez...
Ao ver tal cena, sua ira redobrou e, tomando um pedaço de pau na mão, começou a espancar a esmo, todos os meninos, aleatoriamente.
Pior do que ser observada e desejada pelo bando dos moleques, era isso.
Quando viu os meninos desejando a mulinha, sentiu um enorme vazio no peito e uma terrível sensação de menosprezo e de traição!
Publicado em: 07/01/2009 15:50:50
Última alteração:06/03/2009 12:02:57


Lavando em segredo
O peso da vida
No quanto é sofrida
Temor e degredo
Vivendo procedo
E tento a saída
E quando surgida
Eu vejo e concedo
Algum manso alento
E quanto mais tento
Perdido me encontro,
A sorte não nega
O vento carrega
Fatal desencontro.
Publicado em: 23/05/2010 18:07:34



Lavando os teus pés
Olhando este solo,
A vida sem dolo,
Razão sem galés
Os dias viés
O quanto me assolo
Na ausência de colo,
Buscara outras fés,
A roda do tempo
Vital contratempo
Não pára sequer
E tento outro rumo
Porém já me esfumo
Se nada vier.
Publicado em: 23/05/2010 17:01:07



Lagos Profundos


Profundos lagos
Que transbordam
Solidão...



Publicado em: 03/08/2008 20:42:59
Última alteração:19/10/2008 22:11:56


Lágrima?
Dos cadáveres que levo algum me pesa tanto
Que não consigo crer como agüentei o pranto
E a dor da perda. Não pretendo mais falar
Das mulheres, do medo e da fatal espera
Que sempre me acompanha. Esqueço do luar,
Da casa pequenina e até desta tapera.

Fui tantas vezes frio, outras queimei no estio,
Em verdade omiti as curvas deste rio
Onde afoguei o verso, imerso sem ter dó.
Também eu não pedi nem vou pedir mais nada;
Apenas que me deixe. Eu prefiro estar só,
Sem ter preocupação se vem a madrugada!

Uma saudade estranha: o medo que não tive;
Mistérios deste templo onde a quimera vive.
Vive e me traz vergonha, estou meio cansado.
Estou na idade em que os sonhos são mais mansos.
Não devo mais beber; me deixe aqui do lado
E pode ir procurar os seus belos remansos...

Depois de tanto disse, e não disse, e dirá,
O que não sei aqui, eu nunca serei lá.
Lá, onde as manhãs que jamais eu sonhei ter,
Acordarão do medo, eterno medo do nada,
Do vazio, do que sei que nunca irei saber.
Algo assim como beijo e carinho de uma fada.

A safada não veio e nunca mais notícias.
Aliás estou só, e sonho com carícias,
Nem que sejam assim tortas ou insinceras
Das mulheres que sei que jamais me amariam...
E por falar de amor, onde estão as panteras
Que prometeste, vida? Eu sei que não viriam.

O gosto da saudade: um chocolate amargo,
Dá prazer e maltrata. O mundo é longo e largo,
Embargo a voz, um trago e depois a ressaca.
Meu barco corroído em plena tempestade
É um naufrágio certo, a culpa é sua, craca,
Assim como também é culpa da saudade...

Música e botequim, mistura corrosiva...
Depois de certo tempo, uma mulher é diva,
Pouco me importa, sou o que sempre desejo,
Pirata, submarino, olho cego e viseira,
Cataclismo irreal, amor me dê teu beijo.
Na cauda do cometa, espreito a terra inteira.

Depois, peço desculpa e se não me der; tchau!
Viajo pela noite, espaço sideral!
E volto para casa, amargo e tão sozinho...
A lua é companheira, o copo de conhaque...
Espero tua mão, em vão, cadê carinho?
Mas não repare não, a lágrima é de araque!
Publicado em: 19/11/2006 15:18:50
Última alteração:30/10/2008 18:58:45



Lagrimando com estrambote
Lagrimando saudades prateadas,
Às expensas das loucas intempéries.
Os vates já previram madrugadas
Em silêncio e amores vindo em séries...

Não mereço, por certo que pilhéries
Destas dores nefandas, vãs, caladas,
Corações pirilampos depaupéries
Bem antes das manhãs mais orvalhadas...

Sentindo este coral venal, harmônico,
Esperava por certo, um novo acorde.
Mas ao nascer, amor resta mecônico,

Não há luz nem carinho que o acorde.
Viverei tão incerto, pois afônico
Não ouvirás um canto que discorde.

Coração desespera e bate manso,
O teu colo podia ser remanso,
Em meu sonho sem paz, nunca te alcanço!
Publicado em: 11/11/2006 08:00:48
Última alteração:13/12/2006 19:34:35



As lágrimas ocultas que carrego,
Venero e tanto quero quanto minto.
Verdades e saudades do que sinto,
Ao mesmo tempo afirmo e quase nego.

Chorando sem sentir que não me queres
Sentindo o teu amor já se esvaindo.
Depressa, de mansinho, vou saindo,
Em busca d’outros colos de mulheres
Que nada podem dar senão prazer
E sinto, mesmo assim que vou morrer...

Lágrimas que ocultando, não percebes,
São falsas, mas me doem verdadeiras.
Estrelas dos amores, as primeiras
Que nascem corações em minhas sebes.

Amando poder vir sem ter pecado
Temendo tuas pernas entreabertas
As dores que prometem os poetas
De tanto que pesaram, triste fado,
Entornam nos meus versos que te faço.
Resumindo: pretendo teu abraço!
Publicado em: 12/12/2006 19:50:21
Última alteração:30/10/2008 09:32:13




Quero te falar seu moço
Como pode esse alvoroço
Em troca desse colosso
Que pendura no pescoço
Suga portanto até o osso
E traz de novo esse preço
Que custa minha cabeça
Que me traga assim, à beça,
Que me pega e nem confessa
Deixando-me pelo avesso
Pelo medo dessa lida
Sangrada e sempre curtida
Numa espécie de malgrado
Meu coração safado
Perdido nessa loucura
Que morde tampouco cura
E transforma essa bravura
Em bravata loroteira
Que na vida por inteira
Goles bebe mais sedenta
Que prende, mata, arrebenta
Que nem fosse água das benta
Das beatas que arremete
A vida na bola sete
Que não luta quem compete
Nem jogando mais confete
Nem alenta nem repete
Apenas me traduzia
A cota da valentia
Das setas com que feria
Os tentos dessas Maria
Que tanto foram poesia
Jazendo num canto novo
Criado feito esse povo
Costume de embriagar
A noite inteira tragar
Nas fronteiras desse bar
Na sombra desse luar
Nas matas do meu sertão
Arremete toda luta
Vencendo, sem força bruta,
Quem teima em relutar.
Trago no peito, cativo,
Meio morto, meio vivo,
Num somar bem mais ativo
Que permite, sobrevivo,
Resistir à ventania
Que transforma meio dia
Em noite escura de breu
Que foi e que fora meu
Modo mais silencioso
De dizer ao Poderoso
Quanto me causa alvoroço
O ter que ser mais fogoso
Num modo mais salutar
De converter minha guia
De saber viver serventia
Sem ter medo do viria
Nem do vindo perceber
O que foi já esquecer
Nesse nunca mais ter sido
Que me traz o ter perdido
O que jamais conquistei
Se perdi ou se ganhei
Ficaram sombras no chão
Do que mais temo ou venero
De tudo quanto eu mais quero
Doce veneno singelo
Do valor que mais espero
Dos goles o mais bitelo
Na ponta do meu cutelo
No corte dessa saudade
Que me traz a novidade
De saber que não há de
Nem perdão peço direito
O sabor desse confeito
Desmancha na minha boca
Vivendo de muita ou pouca
Nessa voz muito mais rouca
Que bobagem seja então
A rima dessa canção
Por tanta vadiação
Das cordas do violão
Que repetem sem parar
Falando que vai voltar
A sensação de friagem
Voltando dessas paragem
Feitas dessa forte aragem
Que entra pela garagem
Das portas do coração
Trancando toda bestagem
Que me fez fazer bobagem
E nunca me disse o não
Nesse sentido comporto
As luzes desse meu porto
Nas vezes em que me importo
Retirando meu conforto
Revirando minha cama
Ardendo na tua chama
Que queima tão devagar
Permitindo minha lenta
Sensação de quem não tenta
De quem perde o que se inventa
Nessa tarde que se aumenta
A vida que se lamenta
Ardendo feito pimenta
Estourando toda farsa
Naquele velho comparsa
Que tenaz, sempre disfarça,
O bote dado na praça
E matando mais amassa
O sentido dessa massa
A que vai, tenta e não passa,
Manipulando essa massa
Transformando na cachaça
Gosto de rebelião
De tremer o nosso chão
Meu peito vai ao contrário
Sendo revolucionário
Não pode ser funcionário
Nem pode bater cartão
Tem amanhã por divisa
Sabe tudo que precisa
Sabe da hora precisa
De espalhar nesse chão
A luta sempre altaneira
Sempre em busca verdadeira
Do que seja liberdade
Do que quer dizer verdade
Sem ter pingo de saudade
Sem ter frases de perdão
Quero molhar meu sertão
Com certezas e paixão
Das lágrimas sem maldade
Paridas do coração!
Publicado em: 13/02/2007 23:49:09
Última alteração:30/10/2008 16:36:08

Lambari bom é pescado,
E fritinho, uma delícia,
Meu amor vem pro meu lado,
Com sorriso de malícia
Publicado em: 17/01/2010 10:58:18
Última alteração:14/03/2010 20:33:31




Oh, minha amada
Enfeitei a nossa estrada
Com palmeira e passarinho
Pra que surjas de mansinho
Só vestida de luar

Taiguara


Ladrilhei de esperanças o caminho
Prontinho para amada vir passar,
Passarinho cantando pede ninho,
Esperei meu amor, pelo luar...

Sozinho meu amor já me deixou,
Bem sei que com certeza, voltará,
Usei aquela estrela que brilhou,
Carinho que meu bem logo dará...

Vestida de luar, a minha amada,
Parceira deste sonho tão querido,
A lua não surgiu, envergonhada,

Deixando minha noite em solidão,
Agora estou sozinho e vou perdido,
Guardando nosso amor no coração..
Publicado em: 08/04/2007 20:52:40
Última alteração:10/10/2008 13:33:14



Lá do Sul, o chimarrão
Cá de Minas trago o queijo
Desta prenda, com paixão
Quero sempre o doce beijo...
Publicado em: 04/03/2008 22:00:13
Última alteração:22/10/2008 15:04:15


Lá dos pampas bela prenda
Veio vindo de mansinho,
Meus segredos; já desvenda
Deixa eu ser teu passarinho...
Publicado em: 01/03/2008 20:22:03
Última alteração:22/10/2008 17:09:04



Lá fora, chove, aqui pinga.
36

Mote

Lá fora, chove, aqui pinga.

Se chove, devo parar,
Tirando o meu da seringa;
Não posso me lamentar,
La fora chove, aqui pinga...

Marcos Coutinho Loures

Vai chovendo esta saudade,
“Você passa e eu acho graça”
Meu amor, mas na verdade,
O que salva é a cachaça...
Publicado em: 20/11/2008 08:26:14
Última alteração:06/03/2009 18:50:57


Lá na praia de Iracema A morena em plena areia


Lá na praia de Iracema
A morena em plena areia
A cearense da gema
Desfilando: uma sereia.
Publicado em: 01/03/2008 21:33:56
Última alteração:22/10/2008 13:31:16



lá no brejo, o sapo boi
lá no brejo, o sapo boi
cantoria, seresteiro.
diz que foi o que não foi,
um tremendo fofoqueiro...
Publicado em: 17/01/2010 10:38:08
Última alteração:14/03/2010 20:30:30

Lá pros lados da Bahia
Lá pros lados da Bahia
Encontrei a minha sina,
No teu corpo, esta magia,
Teu sorriso de menina...

Publicado em: 17/06/2008 22:22:12
Última alteração:19/10/2008 22:23:33


lá pros lados das Gerais
lá pros lados das Gerais
conheci velho sujeito,
se o amor não quero mais
arranquei de vez o peito...
Publicado em: 16/01/2010 13:30:57
Última alteração:14/03/2010 21:06:03


LAÇOS DA AMIZADE

Ternuras que carrego tão antigas,
Resquícios de um bom tempo num passado;
Os olhos embotados em fadigas,
Demonstram quantas vezes vou cansado
Porém palavras simples, mas amigas,
Permitem calmarias em manso prado.
Dos dias que encontrei; porto nefando;
Os laços da amizade, amenizando...
Publicado em: 02/11/2007 08:13:08
Última alteração:29/10/2008 14:30:53



LAÇOS DE TERNURA

Contigo, nada importa
Pois vôo em largo espaço
Deitada no teu braço
Vivendo amor infindo...

Sonhando o sonho lindo
Vivendo a alegria
Magia do amor...
Contigo, sei que vou...

Contigo,terno afeto
Meiguice que me cura
Meu pote de ternura
Refaço o meu viver...

Teu corpo que me aporta
Num gozo, me transporta
Sem véus, até o céu!

Meu sonho me transporta
Aos braços de quem amo.
Sonhando a noite inteira
Querida eu tanto chamo

Contigo naufragando
Desejo sem igual,
Depois ir passo a passo
Caminho sensual.

Na boca que promete
Um êxtase tão terno,
Um gosto prazeroso
Se torna enfim eterno.

Vem logo e não discuta
Amor eu já te disse
Perdido em maravilhas,
Encontro esta meiguice

Que mostras em sorrisos,
No fogo que nos guia,
Acendo uma certeza
De toda esta magia.

Amor não tem pecado,
É sempre salvador
Recebo com afeto
Teu beijo encantador

E quero sempre mais
Não canso de dizer
Que a vida vale pena
Somente por prazer.

Num hedonismo insano
Meu verso te procura,
Fartando-se do mel,
Em laços de ternura...

ANNE MARIE
Marcos Loures
Publicado em: 07/07/2007 21:18:08
Última alteração:05/11/2008 20:12:44

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